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UNIVERSIDADE TUJUTI DO PARANA
CHRISTIANE PETRELLI COELHO
METAFORA DA lMAGEM POETICA
ILlMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR
Curitiba2004
CHRISTlANE PETRELLI COELHO
METAFORA DA IMAGEM POETICA
UMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR
Monografia apresentada como requisito parcial it obtencrao do
grau de especialista do curso de Pos-Graduayao em Poeticas
Contemporiineas no Ensino da Arte da Universidadc Tuiuti do
Parana
Orientadora Pror MSc Andrea Cristina Lisboa de Miranda
Curitiba2004
Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada
Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias
Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor
Helena Kolody
Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao
(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua
tanlerna
sUMARIO
JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06
01 11
SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II
tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13
TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19
ZARIMAGENS 26
01 30
ADOR NA OBRA 30
34
38
43
N BAVeAR um olhar interceptivo
JSAO
NCIAS BIBLJOGRAFICAS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
CHRISTlANE PETRELLI COELHO
METAFORA DA IMAGEM POETICA
UMAREFLExAO SOBRE 0 PENSAMENTO CRIADOR
Monografia apresentada como requisito parcial it obtencrao do
grau de especialista do curso de Pos-Graduayao em Poeticas
Contemporiineas no Ensino da Arte da Universidadc Tuiuti do
Parana
Orientadora Pror MSc Andrea Cristina Lisboa de Miranda
Curitiba2004
Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada
Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias
Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor
Helena Kolody
Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao
(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua
tanlerna
sUMARIO
JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06
01 11
SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II
tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13
TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19
ZARIMAGENS 26
01 30
ADOR NA OBRA 30
34
38
43
N BAVeAR um olhar interceptivo
JSAO
NCIAS BIBLJOGRAFICAS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
Um sagaz ilusionistacria prodigios do nada
Malabarista de imagenstrapezista e damadorfaz destras acrobaciasem barras de alegorias
Voa entre 0 ceu e os abismoso eiticeiro inventor
Helena Kolody
Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao
(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua
tanlerna
sUMARIO
JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06
01 11
SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II
tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13
TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19
ZARIMAGENS 26
01 30
ADOR NA OBRA 30
34
38
43
N BAVeAR um olhar interceptivo
JSAO
NCIAS BIBLJOGRAFICAS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
Dedico este trabalho a tantos amigos e afetos pelos gestos e didogogt criativos Sao
(Jle~fgt~c6pios no mell horizonte Agradefto a milIla orientadora por me glliar na tllZ com sua
tanlerna
sUMARIO
JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06
01 11
SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II
tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13
TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19
ZARIMAGENS 26
01 30
ADOR NA OBRA 30
34
38
43
N BAVeAR um olhar interceptivo
JSAO
NCIAS BIBLJOGRAFICAS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
sUMARIO
JcAD bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 06
01 11
SA1lTNTO QUE fNVENTA intimas visibilidades II
tAR VISIONAruo a imagina~ao criadora 13
TA3 0 DUTRO OLHAR a metHora como imagem 19
ZARIMAGENS 26
01 30
ADOR NA OBRA 30
34
38
43
N BAVeAR um olhar interceptivo
JSAO
NCIAS BIBLJOGRAFICAS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
INTRODUltAO
A concepcaa de artc penneia infindaveis reflex5es sabre 0 sentido
bre 0 sensivel 0 simb61ico a criacao a interayao e afecyao dos
1tOS esleticos entre outras Imensunivel e a abrangencia da natureza
indo explicar a artc acabou por adenlrar no territ6rio da etica e de
ceitos fundamentais 0 proprio comportamento na relacao social epor ISiC vies Concebe-se hoje a conduta naa dissociada de urn fazer
arte c na vida senao subsidiada pel a interayao de uma estelica da
I conlrapondo e emergindo de uma sociedade alienada e desintegrada
tdor assim como 0 pensamento poetico sao reflex5es de dimensao
~spalodo pensamento inteligivel e sensivel no qual 0 artista 0 pacta
lve sc movimenta na dimlmica do pensamento criador Pensamento
c prlt~etado desbravador investigador observador onde se dinamizam
gt ccmplexas configuracoes de gestos e ac5es na busca do novo da
A terra que surge no horizonte nao e senao fruto da imaginacao
ima5cnSque se piasmam no espaco do pensamento criador - alterando
de significacfio e fonna nesses gestos e acoes
A experiencia como acao criativa se di num carater multifuncional
IIS d) lOmem com a realidade E na funcao estetica que se reflete a
Jeia dimensao dos senti dos sentimentos Iinguagem afetiva E nesses
rceptos que se da peio pensamento criativo criac6es poeticas e vis6es
Iteragipdo entre si provocando uma atualizayao na visibilidade pelas
~ctuais que a nrte promove Segundo Mukarovsky a razao de ser da
nto de vista fllTIcionaie libertar a capacidade humana da descoberta da
esqllcmatizante e Iimitativa da pritica da vida e ievar a hom em a
sciencia da flexibilidade de atitudes ativas diante da realidade (1994
arte ~rovoca assim lima outra fonna de se ver essa realidade constitui-
a vj~1iode Ortega como ideologia da intimidade e afetividade onde aslolilic IS transfonnam-se em psicol6gicas assim como mediroes deda relaraosocial como capacidade de mimelizar de reproduzir necessidadesol6gkas dos indivlduos envolvidos(Meira 2003 p2S)
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
ria pocticn onde 0 pensamenta criador processa novas configura~oes
10 ql ai pela cria~ao inaugura novas universos do ser e do pensar
A arte e como 0 fio condulor de atualiza~oes e adequa~5es entre
nto criativo e 0 possivel concreto oa rela~ao existencial diante da qual
e arliculam nas sociedades Derdyk (2001) simboliza esse fio condutor
Q do horizonte linha que revela projeta reflete e propaga a for~a
imOJdiai do ser humano e onde no ata criador se desvenda 0 universa
0 falar sobre 0 ate intima da cria~ao Derdyk comenta Ele detecta a
ssurl pela qual se pode vialar 0 segredo das coisas ocultas 0 avesso de
oisa c a imensidao intima das pequenas caisas sao visitados (200 I
Intos artislas e pensadores tentaram decifrar esses sitios arqueol6gicos
do aher A natureza experimental da vida sempre se revelando tao
Nh busea de comprecnder 0 processo e os enigmas do pensamento
haveriio de ser consideradas as origens biol6gicas psicol6gicas sociais
ais de urn existente2 nao revelado mas consciente potencializado e
i pr)prio pelas contingencias existenciais E assim que nessa trama de
alujliL3~oes de pensamentos em revolu~oes a vida movida por for~as
lies e inteligiveis faz-nos artifices legitimos inventores da vida
A realidade sensivel ambiente aonde se produz e se articula
e pens amen to provoca peia observGao do munde interne e externo de
Ildo psiquico individualizado a configura~ao que caracteriza a
Jidad c que distingue a sensibilidade Paul ValeI) comenta acerca dessa
J dizendo Antes de abstrair e de construir observa-se a personalidade
lidos II sua docilidade diferente distingue e separa dentre as qualidades
IS ell1 massa as que scrao retidas c desenvolvidas pelo individuo
Y IRH8 p21)
A maioria das pessoas ve com mais freqUencia com 0 intelecto do
n m ulhos Em vez de espa~os coioridos tornam conhecimento de
dS (VALERY 1998 p32) J 0 pensador sensivel se distinguira pela
relatvo ao rato de existir de viver toda a realidade concrcta Existente emconhcimcnto alcanlYado nilo utilizado no presente potencial de conhecimcnlo
xistcne em transilo conhecimenlO que eSlii sendo construldo alcamado
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
de metiforas que articula pela sentido dado as coisas pela
de Iraduzir 0 sentimento numa aC80 simb61ica acao gerada
pela intencaoaparentemente pueril de ampliar seu dominio como ser
ir sobre a tipo de pensador que foi Leonardo da Vinci Valery relata
arua esse espfrito simb6lico a mais vasta colccao de formas urn
nprc claro das atitudes da natureza urn poder sernpre iminente e que
cordo com a extensao de seu dominio (VALERY 1998 p55)
Certos indivfduos na historia humana revelaram-se superando
1- red izacoescriativas a ponto de suscitar em nos inspiracaona busca
dar esse instrumento inventivo que e a complexa engenharia do
Iu ollde tudo que possamos conceber ali se encontra
Esta pesquisa visa conceituar e refletir sobre a linguagem
pocrica a partir do processo e do ato que permeia a criayao assim
nguagem afetiva que produz 0 pensar sensivel no mundo poetico esse
pcb imaginacao 0 pensarnento criativo associ ado a imagem poetica
inwje de urn processo complexo de observacoes investigacoes
E pda imagem poetica que a irnaginayao criadora utiliza-se da
sinlb6lica De maneira que quest6es referentes ao pensamemo e ato
lnto como a concep9ao criativa pelo dominio simb6lico foram temas
aran esta pcsquisa a penetrar nesse espacopelo qual se plasmam no
10 0 dominic do simb6lico e a partir do qual dinamizam-se processos
)s c complexos dentre os quais 0 pensamento poetico Indagacoes
layan entre realidade e percepciiodelimitacoes desses espacos de
Dc ~omo a emocaoconfigura 0 ato pmtico 0 que vern a ser como se
Jc que instrumentos se utiliza De qual e a dimensao do pmtico na
ist~ncial De qual e a linha que une a dimensao intima a morfologia do
l) coklivo ern face it composicao da visibilidade na cultura e no tempo
~OC ao acerca destas questOes que buscou-se compoI mais subsidios
nail res referencias para 0 entendimento da complexidade que envolve 0
do pensarnento criativo Processo no qual pela 6tiea estetiea 0
Ito projeta-se - espaco tridimensional onde 0 observador teni que se
rn illgLLiosdiversos - por frestas e arestas - rnodificando pontos de vista
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
10 IlaO esquecendo 0 deslocamento do olhar num antes nao visto
0 un middotmiddotdeja-vu Como uma vista aerea em que necessario se faz urn
a 0 )Ihar alga para transportar 0 corpo 0 pensamento ate urn mirante
nto aeima Como boiar na correnteza de urn rio que nos leva eleva
upoe uma vontade um laissez-faire que pode ser chamado segundo
( 91)4) de devaneio A intencao neste trabalho e focalizar 0 olhar na
nlCrlla do proeesso em que se da 0 pensarnento criador considerando
cOJlcebidas por estudiosos da estetica e da poetica assim como de
s in crpretativas acerca da simbologia e fenomenologia
1 linguagern poetiea e em si urn forte atrativo como objeto de
) dentrar esse ambiente provoca urn estado de concentracao e
mclnante a um laboratorio como se a objeto nao fosse ainda desvelado
ia Citetiea como se urn insight pudesse se dar a qualquer momento de
0 tltlvezporque ha pouco tempo somente camparado a aurras ch~ncias
imtnlo venha-se pensanda e verifieando esses conteudas 0 sentido da
Ollll imagem de sentido atualiza retlexocs de ambito social
NQrtearao essa pesquisa do pensamento de Vygotsky acerca da
10 niadora ao pensamento de Bachelard pensador da filosofia da
in Icstigador do pensamento estetico imanente das obras de arte
COl no filosofo da criacao tratarei das retlexoes de Paul Valery acerea
Iidadc de da Vinci Seguir-se-a uma rota a partir das proposicoes
licai da imagem poetica como a melflfora a propria imagem a poetica
lido liIosofico como tambem 0 uso das palavras como linguagem
xpressiva provocadora do imaginario Finalmente buscar-se-a uma
I COin 0 enfoque dessa pesquisa atraves do artista fotografo Bavcar que
smiddot intrigante e colaborador de fato na conceptyao do conceito
ullt)~icode Merleau Panty que sustenta que a percepcao e 0 proprio
usc-se assim contextualizar 0 olhar visto que aJem de subverter
s compoe uma reflexao tanto de seu processo criativo como da propria
JO (stetica onde 0 olhar e 0 mais depurado objeto de investigarrao
1rotiUZuma Iinguagern universal que atualiza e potencializa aspectos do
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
10
I po~(icoe cientifico de fonna a caminhar par territorios inexplorados
lllllal1a
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
II
CAPiTULOl
SAMENTO QUE INVENTA intimas visibilidades
) 11 remo do visfvel nao haveria ainda urn alem cutra caisa que ja naoI SIU dominic e cnde 0 espirito pode encontrar novos campos abertos aosncnt)s aos seus sonhos as suas aspira(joes que nunea serna capazes de os
Huyghe
La se cncontra 0 pensamento Urn estado de estar um espa90
Ijlta AbcI10 por arestas passando como num ecran irnagens rela90es e
~ que sc multiplicam - como num cstado de 50nhO cnde nossa
ia c invadida por simbolos A sensibilidade consente embora os
150 ontrolcm esse estado poetico E como se uma torrente de aguas
IS c sujas lavasse por baixo levando consigo os destro90S a sujcira
Jo t Jmando-se novo 0 espa90 cnde se plasma a imaginayao
Acerca da irnaginalaO Valery (1998) sugere ser urna faculdade
lite transformar uma energia potencial em atua Desmistifica a ideia da
u m icamente sensorio-intelectual como representarao mental onde 0
il1(dl1scienle compoe alegorias surgidas do acervo da nossa biblioteca
para dar ao jogo do azar remadas sem senti do visoes sem Iinhas do
Lin contraposicao considera 0 estado mental do pensamento como urn
rIllJl 0 objetivo integrante de uma imagetica de uma logica de um
I apontando ao longe apoiado por uma bussola que indica a direrao
nlido onde 0 organismo nurn estado entre perceprao e reflexao -
l ctvaneio ou poetico segundo Bachelard (1994) - pennite que a mente
c sm estar it deriva - deixa-Ia verter das profundezas A imagina9iio
ia portanto 0 ponto fundamental na criarao cientifica e poetica no
k iueias e conceituaroes
A paisagem da criarao como meta fora de urn lugar de urn esparo
C omentado por Derdyk (2001) ao sublinhar sua abrangencia 0
te b criarao nos contoma enos contem em tudo 0 que Jazemos em tudo
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
12
)smiddotmiddot (2001 pll) E do estado vaporoso do pensamento ao seu ingresso
13 amosfera material da vida cotidiana que a autora conceitua esse
ria~10 dizendo
Ienda em vista 0 horizonte da criarao afino a esc uta que capta as
nverbera~oes e os rurnares nascentes das pulsoes naturamente
humanas absorvendo ideias imagens percep90es observacoes
111cm6rias desejos intenroes necessidades anseios afetos revertidos em
IJfy3S materialmente palpaveis seja para a construrao de uma cadeira
llma poesia mna equariio rnatcmalica uma musica (DERDYK 2001
111)
Explorar espa90s de intimidade oode 0 pensamento criador
Iza fannas code tudo se relaciona e se move transgredindo
tole movido pela correnteza divagando em ventos de calmaria e
Jc ~ pensamento mergulha em profundas aguas alcan~a altos picos
1Ilslormatudo em possibilidades - pelo espa90 imaginario espa~o que
lVI1 vida
C nforme Duarte Jr (2001) ao contemplar a abrangencia do sensivel
J ollar sensivel como urn modo de envolvimento com 0 objeto sendo
odo prcitico de ver 0 mundo costuma orientar-se por questoes como 0
0 faler com isto e que vantagens posso obter disso ao passo que a
ttic( e estelico nao interroga mas deixa Ouir deixa ocorrer 0 encontro
scns bilidade e as fonnas que lhe configuram emo90es recordayoes e
A ~cnsibilidade e 0 elan 0 ponto em comum entre todos os pontos
ndo inhas ocupando espayos e vacuos fonnando urn raio de infinitos
prt~etando pela prisrna do ahar sens[vel elementos essenciais do
-010poetico a sensibilidade provoca urn outro olhar
Desta mane ira do tapo de uma montanha ao observar 0 rio que hi
embaixo serpemeia pelo vale 0 olbar poetico pode apreende-lo enquanto
metaJora da vida sernpre a COrTer num cemirio natural enquanto a modo
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
13
prttico de enxergar provavelmente se poni a investigar as possibilidades
de ali ser construfda urna barragem que alimentaria uma lucrativa usina
hiJreletrica (DUARTE Jr 2001 p98)
Valery (1998) considera haver um Dutro lipo de rela~ao onde se da
oetico ajustado ao gosto da sensibilidade cnde 0 conteudo se desloca
OITILiTIe vem compor um Dutro senlido run sentido musical num
harnonia - 0 universo poetico e wn universo correspondente entre 0
IS coias dos seres dos acontccimentos dos sentimentos e dos atos
o pensamento e ato criador sao contemplados pela ideia da
da mudanca por serem instauradores e inaugurarem sempre urn novo
urn novo senti do E por isso que as manifestacoes artisticas quando
CaliSaITI certa estranheza [ ]0 que seria aquilo que aparece como algo
mrcce estranho Aquilo que na presen9a faz-nos sentirmos estrangeiros
es ~ ausentes de nos mesmos Aquilo que nos invade e de nos evade
K 200 I p35)
A ideia da cria(jao esta associada a aspira9ao do artista a ser
que representa atraves da expressao singular as possibilidades nos
J~ SCI e fazer 0 processo de cria(j3ovem a ser a momenta mais feeundo
Ji a eiabora9ao alquimica do pensamento oode ele se torna urn magico a
a imagina(jao pelo inusitado inventando mundos imaginarios
)LHIR VISIONAIUO a imagiDa~ao cridora
A imaginayao ou seja a fun930 criadora e combinat6ria depende
as cxperiencias sendo urn dos impulsos basicos de conduta hurnana Por
la p~ecisa ser nutrida par muitos e variados desafios Confonne a
ao de Vygotsky (1982) a imagina9iio humana possui uma fun9iio vital
do desenvolvirnento visto que deg cerebra e wn 6rgao combinat6rio capaz
l10rar e eriar a partir de elementos de experiencias passadas A atividade
a da imaginarfio se encontra em rela9aO direta com a riqueza e variedade
pcriencia acumulada pelo homem Ampliar a experieneia nutrir a
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
14
) sugcre-se haver urn material disponfve no caso referenciais a partir
ncia ]cUInuiada A atividade criadora3 parte das experiencias passadas
aos elementos da realidade criando assim novas configuracoes
J dcpendencia entre realidade e expericncia Tanto a imaginacao se
1 txperiencia quanta a experiencia se sustenta na imaginacao
Existem dais tipos basicos de impulsos na conduta humana
Vygotsky (1982) uma fumao reprodulora e outra criadora e
)ria A primeira e vinculada a memoria e tem como fundamento
a plasticidade da substancia nervosa cerebraL A segunda fumao
I primcira e e criadora de novas acoes Pela capacidade de ordenacyao e
_50 a partir de experiencias passadas e que atraves da imaginacao
reprcsentar situaroes que nao estao presentes as relatos alheios fazem
se alarguem os limites ajudam a absorver experh~ncias de epocas
Iias ~ociais a que faz da imaginarao condirao imprescindivel a toda
Ifcbra)humana
10 aspecto psiquico os sentimentos influenciam na imaginatao
mo cia influencia os sentimentos 0 sensivel denominado par Vygotsky
k siglo emocianal e resultante da combinarao de imagens baseadas em
tos (omuns ou de urn mesmo signa emocianal aglutinante de elementos
fleosmiddot1 que se vincuiam Sentimento e imaginat3o exercem urn papel
mal na expressao humana - 0 homem aprendeu a se rnanifestar diante
mgcllcias exlemas expressando sua afetividade e as imagens tomam-se
)5 fundamentais na representatlo de nossos sentimentos
Todo senrimento all emo~ao dominante deve concentrar-se ern ideia ou
imagem que the de substancia sistema scm 0 qual ficaria em estado
nebuloso Vemos assim que ambos as termos pensarnento dominante e
emorao dominante sao quase equivalentes entre si enccrrando urn e
ciJad de conceber a novidade depende ponanto de nossa bagagem deltI~ sellsoriais e intelectuais A pluralidade de conhecimentos annazenados emIbro permile por meio de seu confronto com dado problema perceber novosrelkilo ou ariloE importame ressa1tar que criarnos a partir de uma bagagemconhcimentos experiencias emDtOese projetos( Bouillerce 2004 pl4)
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
15
outro dais elementos insepanlveis e indicam somente 0 predornfnio de
un e de outro (VYGOTSKY 1982 p4S)
A imaginary80 criadora e a responsavei peJa renova~ao do nosso
I) produz uma flexibilidade entre 0 real e 0 imaginario renova e
sigllifica~ao da experiencia que habilualmente esta desvitalizada e
Ida Nao pode ser considerada como simples adi9ao de imagens retidas
1 d memoria senaa segundo Cunha (1998) como elemento que
nosslt pr6pria vida pessoal transformando-a tornando-a original
conteudos da vida intelectuaL
o processo de simbolizGrao e uma capacidade humana que requer
car acidade para transfonnar uma caisa em Dutra Criar ter ideias eqado lum proccsso de fOnnay80 de conceitos abstraidos ou criados ou
oll11ados em realiza~5es fonnais A exterioriza~ao de uma ideia - tanto
lonr a de imagem iconognifica som palavra gesto ou rnovirnento - e
Jcm simbolica secundaria ja que a primeira e a propria conceitual=ao
oiizanoos transportamo-nos para urn mundo imagimirio que funciona
na r roprio confonne regras proprias 0 que nao se pode fazer no
lL ja no mundo do jogo do faz-de-conta possibilita sentir como os
dos mtros como oa representa~ao teatral em que se utiliza 0 recurso
ll=aOpara expressar sobretudo 0 sentimento humane
capacidade de conceber coisas que nao estao presenles aos
crutial ao desenvolvimento do homem Ela pressupoe a existencia do
~prcscntando 0 que nao e visto ou percebido A fun~ao das palavras
lronjwski (1998) consiste em representar as coisas que nao sao
imdiatamente pelos sentidos pennitindo assim que a mente as
toisas como conceitos ideias tudo 0 que nao tern uma realidade
llC dt nos 0 autor destaca a impordincia da fun~ao simbolica dizendo
l~ lUIdele urn ser humane 0 uso de palavras ou simbolos nao apenas
por Iementos heterogeneos psicologicamente a diversidade de senlidos~mo porque as coisas mais simples da psique silo talvez as mais complexas
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
16
lIllUnicar com os outr05 mas para manipular suas proprias ideias
ki 1998 p23)
o proccsso simb6lico e urn dado fundamental e universal do
umana visivel em todas as culturas - e a partir dele que agregamos
egundo Dufrenne (1998) 0 simbol0 potencializa esse sentido
d qUI e na condi9ao de leitor do que faz leitura de mundo de uma
la 4u~ pcrcebe que se da 0 sentido que se enraiza na percep930
Leitura fortemente criadora nos nao pretendemos que 0 sentido que
habita as coisas ou as palavras estcja acabado e 56 espere por urn registro
rassivo ee nasce no ponto de enconlro do homem e do mundo pais 0
nundo 56 se adara a luz natural do alhar humana au da praxis humana
(Durrenne 1998 pIS3)
Cunha (1998) traz a ideia de que 0 problema do simbolo nao e seu
rHO mas 0 do valor imanente ao proprio simbolo Vista que cle
i a realidade ele vern constituido de uma fonte inesgotavel de
tocs resultado do processo de leitura do mundo Hoje e cada vez mais
iveado 0 que a autora chama de uma epoca de desveamento do
gra~lsa contribui90es da arte de trabalhos sobre a irnagina9ao poetica
tudo no campo das psicopatologias hoje conscientizadas da revela9aO
)ressao psiquica atraves da simbgia onde 0 processo difere das leis
do pensamento as rnecanismos que dao sentido ao simbolo por
IS psiquicas estudadas e relatadas por Freud (sonhos) Jung (arquetipos
Illscicnte colctivo) e Piaget (simboliza9ao no desenvolvimento da
lagclll) sao hoje considerados essenciais A medida que se contemplam
signific390es que 0 pensamento alcanlt3 complexidades a linguagem
La r~lletira nas contingencias culturais sinteses da imaginayao criadora
Jiizacas em simbolos estes geradores de sistemas de comunica9ao corn
) de integrar 0 homem ao todo do qual foi gerado
Finalmente ao se conceituar as simbolos estamos diante de urn
0 si Hema de intrincadas relatoes onde a represenlariio como funtao
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
17
I primordial processara significaroes e a imagina~ao criadora gerani
a re middotatualizay3o do sistema do conhecimento composiyoes intimas de
transfonnatoes Logo aqucJc que nao trabalha a imagina~ao fica na
do SeT nunea 0 atinge ern profundidade Jung (1998) prcssupoe que
do nossa mundo racional esta Deullo um Dutro mundo rico em estados
Ii como eslralos infra-humanos Cunha (1998) comenta sabre esse
lernu dizendo Nao sera demais enfatizar a importancia do Teino das
yllC ~e encontra submerso nas profundezas do SeT La esta a fonte de
ia~5c seja cia projetada exterionnente como mito sonho fantasia au
Irlistica (CUNHA 1998 p 151)
Conclui-se assim que 0 homem como ser simb6lico dlt signific3lt30
vivificando as imagens fla fantasia criadora Fora do pensar discursivo
sa () sirnb6lico A imaginaltao nesse espa~o e pessoal associativa
lin pc sta de afeto onde se dci0 conhecimento da experi(ncia emocional e
assim como a cognitiva
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
Quando olho e lao vejo
vejo 0 que nao e olhado
o que se passa
o que se possa
o que se dispa e dispare
a emea visao do artista
Olhar eld6cri1O secreto
10 rnotivo de lim gesto
sem dogma
sem doma
sem palavra que decrete
um nao da minha vista
Roberto Bittencourt
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
19
ETA EO OUTRO OLHAR A mehlfora como imagem poetica
0 pacta assim como a criancave 0 sol em sua densidade de brilho e
Juz ao inventar uma didatica em que ele se torna 0 pequeno circulo
(apaz de caber em sua paisagem afeliva assim como na tela do ceu
(Meira 2003)
Dc origem grega 0 lerma metifora signifiea transposi~ao (troea de
tranlalao (transporte) Segundo Chnaidennan (200t) na Grecia
-[mea a palavra metaJora refere-se a veiculo de transporte coletivo a
SCI de fato a sua fun~ao transporte coletivo de significacroes
bullinfinitas de significantes intercambiaveis Consiste no uso de alguma
lugal de Dutra por causa de certo ponto de cantata entre as duas
III estabelecer uma comparaao urn paralelismoGra~as a seu carater
parcel simultaneamente sob uma fanna 16gico-argumentativa (Iado
do lerebro) c como uma sintese intuitiva e evocadora (lado direito do
facilitando 0 dialago entre os dais hemisferias cerebrais
~icamente as metaforas nos transportam para alem da significa930
k ulHa palavra au conceito empregam portantoatalhos em nosso
tHOpodcndo agregar urn valor pedag6gico (lorna inteiigiveis fen6menos
gts)e heuristico(Chnaidennan 2004 p 98-99)
15 teorias que se dispoem a enlender a meta fora sao vastas sao
JS cnnceitua90es mas e de comum acordo sua importcincia para a
poetica Umberlo Eco (1999) define dentro do sistema lingOistico
c6digos que as definem dentro desses sistemas c6digos culturais
I partir de experiencias criando sempre novas possibilidades de jufzo A
segundo a autor e criatividade modificadora de regras dada pelo
de translaC5esde percursos de senlido que se abrem Pode-se entrar
livers) e em seguida de um ponto de dentro desse universo pode-se
ttrans de percursos multiplos e continuos como num jardim as veredas
durcam todos os demais pontos (1999 p86) Segundo Oliveira (1999)
lcnta9ao te6rica do simbolo como categoria de representariio possui
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
20
l) icnico a mettifora No estado eSletico se apresentaria como urn
llV0810 nao por signos Oll simbolos mas por jiguras entregando-se
10que aD pensamento esse estado estetico coleca para 0 interprete 0
) scnrir dianle da fala do textc aprescnta 0 silencio da configuracrao
nut~ante de guase-signos ao inves do discurso (OLIVEIRA 1999 p
Scm melafora naD ha poesia Metafora e pais a (mica fonna
expIessar a intuicrao poetica atraves da conotacrao A meta fora e a
presentacional do signa artistico Signos artisticos sao apresentacroes de
aos nossos sentidos 0 objetD artislico e ele proprio uma metafora e
sc faz imagem que mostra de urn outro modo aDs nossos sentidos 0
rHol ~enlimemo das caisas resgatando em nos uma surpresa aD ve-las
meta [ora a obra nao traz uma resposla mas provoca em nos uma
tJe plrguntas que nos faz extrair del a novos diferentes e rnais profundos
Idos do que IlOSSO olhar contaminado pelo cOlidiano ve sobre nos
0 mundo ou as coisas do mundo e e ai onde a arte exerce urn papel
l1Ial Na medida em que se desloca do espayo habitual esteriotipante -
Ii~altde estados sem designijicante da charnada banalizaltlio do real - e
Iocamento possibilita-se urn olhar mirante sobre as coisas ocorre 0 que
0v) considera como urna Dutra experiencia
( ) um instrumento com 0 qual os seres humanos podem desligar
parcialmente da experiencia corrente e recordar evocar imaginar jogar
simular Assim eles decolam para outros lugares outros momentos e
outros mundos Nao devemos esses poderes as linguas mas igualmente
as linguagens piisticas visuais musicais matcmaticas etc Quanto mais
as linguagens se enriquecem e se entendem maiores sao as
possibilidades de sirnular imaginar fazer imaginar urn alhures ou uma
aheridadc (LEVY 1998 p72)
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
21
A relaao da mettfora como figura de linguagem intrigou e
eSludiosos por milhares de anos Arist6teles5( 1998) considerou a
lim ~inal de genialidade acreditando que 0 individuo que fazia
lt1COll1unsera uma pessoa com dons especiais A partir dessa tradicr30
gill uma definicr30 pnitica de metafora a capacidade de perceber uma
~J entre elementos de dais dominios au areas de experiencia diferentes
em uma fanna iingUislicaTodo 0 processo metaf6rico pastula 0
I subtiluiriioAs metaforas podem possuir uma semelhancra fisica entre
1105 nu seja as metaforas baseiam-se nas propriedades perceptuais dos
Assim as metaforas podem lambem trazer uma ligacr30
tpressiva au psicol6gica Nao existem barreiras para a imaginacr30
IS caisas sugere estrategias complexas do pensamento Gardner (1999)
do desenvolvimento e da mente humana considera que ha um declfnio
la a idade adulta na utilizarao da linguagem metaf6rica Os recursos da
n p-ra expressar novos sentidos visam a confonnidade vista ser 0
llnento adulto mais governado por regras - categorias estas do
llenlO que sedimentam e desencorajam a violarao das fronteiras que se
I Em contraponto as regras as metaforas serao usadas se consideradas
rte de urn jogo Gardner exalta a irnportfincia dos processos metaf6ricos
lla incividuo dizendo
Podemos discemir metMoras nas prirneirissimas forruas de
aprendizagcm nas quais a criana busca por pontes comuns em objetcs
ou situaroes sabidarnente diferentes e entao passa a cornportar-se de
lonna scmelhante em reiarao a elementos comparaveis Tambern
cncontrarnos metaforas nas esferas mais altas de criatividade quando
110 de mctiifora na Iinha de cxtraCiJo aristolclica cxpoe 0 conccito de metMorann poetica e na ret6rica oscila entre 0 ornato e 0 conhecimento Segundo a m( tMora e 0 transportc a uma coisa de um nome que designa uma Dutra etranslerencia transposiCilo mudanCa de scntido proprio para 0 figurado1999 )120)
as so utilizam com muila espomaneidadc da linguagem mctaf6rica A tilha de Ires anos de idadc viu algumas ondas pequenas em uma praia empurrandorugas de areia para frente e para traz e obscrvou E como 0 cabelo de umaldo pentcado (Gardner 1999 p 142)
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
22
alguem eSla aniculando uma tcoria cientifica au descrevendo urn estado
de humor suti Ambas as situ3IJOeS apresentam a perceplJao de uma
semelhanca entre elementos (bern como uma percepyao de que os
ehmenlOS pertencem a dominios diferentes) 0 que constitui a marca
rc~istrada de todo 0 pensamento mctaf6rico genuino
(GARDNER 1999 p123)
Con forme 0 pensamento de Vygotsky (1982) quanta a linguagern
l os elementos que compoem essa linguagem trazidos pela realidade
113 nova organizaryao e ordenacao convertem-se em produtos da
10 pcmiddotlos quais voltam a realidade materialmente numa 3Jao e fory3
ilando 0 cfrculo da atividade criadora da imagina9ao humana
fruta da imaginaryaoa linguagcm mctaf6rica ajuda a explicar complexas
rdacoes pnilicas suas imagens iluminam 0 problema vital 0 que nao
poderia fazer a [ria prosa 0 fez a linguagem figurada A obm de arte
pode inl1uenciar enOImemente a consciencia social gra~as a sua 16gica
interna pois nao combina sem sentido as imagens da fantasia mas pelo
contnirio segue a 16gica interna das imagens (VYGOTSKY 1982 pA3)
J meta fora poetica pode ser exprcssa atraves das palavras de sua
li(aO c transronna~fio realizando-lhes urn sentido pr6pcioNa literatura
lsia fala-se sobre essa experiencia de encarna9ao do saber - a
ia (imagem) poetica corporiza-se mediante a palavra Segundo Cardella
CSS(I experiencia possibilita 0 confronto com a alteridade que
amcnle empurra para fora suspende mobiliza e promove 0 retorno a si
it experiencia poetica e a palavra que a corporifica (2002 p114)
197t) ao abordar 0 discurso cientifico diz que as palavras nao sao
instrumentos sao sim lan9adas como proje90es explosoes vibra90es
E necessario esse ingrediente 0 sal das palavras E esse gosto das
4ult JaZ 0 saber profundo fecundo Valery (1998) diz ser 0 poetico urna
umoniosa entre a expressao e a impressao operando entre a preseni3 e a
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
23
pais as fonas em a~ao no texto poetico produzem uma realidade
Ie viabiliza urna poetica do irnagimirio (1998 p189) A linguagern
rna-St a apreensao sensivel de uma realidade em con stante renov39ao
()V3930 recriamos de forma inovadora as imagens que as outras pessoas
~ntaIl1 0 que Bronowski (1998) sugere aD conceituar algumas
poetkas pel a imagem atraves da palavra
1( ) Reunida a palavra a imagem visual construimos urn simboio urn
emblema contendo em si a expressao completa com a qual 0 artista
pocta all pintar lenta fazer com que seu publico experimente urn
sentimento intima que 56 pode ser comunicado por uma nova
c)periencia
2( ) e a composiyao da palavra com a imagem visual que cria uma unidade
reconhecida como meio direto de acesso a comunica~ao
Hltl metaforas universais onde todos os seres humanos as entendem e
reconhecem imediatarnente
-+As imagens sao 0 elemento que uncm a experiencia imediata apresentada
pdo poema com os aspectos mais remotos da nossa experiencia Tra~a
analogias com 0 que esta diante de nos a partir do que foi nossa
ecperiencia passada A capacidade de fazer essas analogias e uma
caracteristica de pessoas criativas tanto na artc como na ciencia
JSao as palavras associadas mais intimamente ao grande annazem de
imagens que representarn a verdadeira maneira de pensar do poeta
6 Faz parte da essencia da poesia a comunica~ao que pennite atravessar 0
g~lfo que existe entre nos - comunicacao corn a qual uma meuifora
slbitarneme nos diz algo nao para compreendennos mas para
ncriannos na nossa imaginacao (BRONOWSKY 1998 p 23-31)
Segundo Oliveira (1999) poesia e concentraao condensaao
sign ticados E a maximo de significaltao concentrado num minima de
ensidade informacional A linguagem poetica para Mukar6vsky (1988)
L scm pre para a significaltao nao diretamente expressa (associa90es de
ltlmplexos de sentimentos e de movimentos volitivos) na qual mesmo
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
24
Ija uma rela~ao direta pronunciada fortalece uma rela~ao concreta com
sigI1Jficativo A linguagem poetica - dada pelos elementos emocionais
laltrao - significani em confonnidade com os referenciais do espectador
IIll contexto ou obra de arte
A denominay3o poetica seoda caracterizada pela metafora e
Itltemente representada pelo equilibria dado entre as significac5es
figuradas 0 que the confonna urn earitter tanto objetivo como
cone ntrando em si uma funcao estetica ao ampliar as possibilidades
as Os recursos pmticos sao diversos no cntanto a inclusao da
lin contexto accntua 0 significado de mane ira a enriquecer 0 sistema de
ausado peJa composicao poetica 0 caniter de visualidade imagetica
sia possui faz com que 0 mecanismo da metafora erie uma imagem
19O tssa imagem estara associada pelo senti do pela forma ou pelo
Oliveira comenta sobre a forta da metafora como desencadeadora de
cks
SI a fonna enquanto disposiy3o plastica do poema ressaltava a
visualidade material do texto ele mesmo a urn so tempo palavra e
imagem se mostrando portanto objeto posto para ser apreendido pelos
olhos tambcm agora por forya da metafora que afeta a retina da mente 0
poema faz vcr as imagens do mundo transladadas para a poesia pela 6tica
transgressora e criativa do pacta (OLIVEIRA 1999 p 123)
A poesia hoje e considerada como arte da imagem e nao s6 do verso
middote de elementos sonoros e imageticos t 0 som e a imagem que daD
) pocma Com nossa imaginatao evocamos e produzimos a aparencia
Segundo Oliveira as imagens pintam objetos despertam emotoes e
lla linguagem que aspira a visualidade ( 1999 p123) Dufrenne (1889)
1 uma ideia que compactua com a citada dizendo que a poesia fala uma
imagens e que todo 0 sentido e dado ao poema pelo jogo entre imagens
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
25
Oliveira (J 999) considera que ha duas fonnas de se considerar a
Ila pelo sensorial e estetico - que Jiga poesia a musica e pintura - e
ligllla~ao - onde se da 0 discurso pela melafora E pela sua ordena~ao
rgmi~acaoque a poesia provoca uma estesia excita nossos sentidos
nossos sensores Conforme Bachelard (1994) a poesia recusa
melodos e provas recusa mesmo a duvida Tern necessidade de urn
c si I( ncio (1994 p 81) 0 poeta se1ecioDara - Dum alusivo jogo de
)Ill palavras urn sentido - contextos significativDs que absorverao 0
Ive] lm dirccaoa uma signific3C30 interativa Considerando que no
ll alO criador8 juntam-se numerosas simultaneidades destruindo-se a
Ide do tempo encadeado no ato poetico e no alo fruidor onde 0 autor
o instante poetico e complexo emociona prova - convida consola - eespantoso e familiar 0 instante poctico e essencialmente uma rela~ao
hi rmonica entre dois contrarios No inslante apaixonado do poeta existe
scmpre um pouco de razao na recusa racional pennanece sempre urn
pueo de paixao (BACHE LARD 1994 p 82)
A funcyao estetica determina a importancia do contexto na
11lt10 poetica As funcyoespniticas da lingua - representativa expressiva
1 - l1a poesia se encontram subordinadas a [uncyaoestetica que coloca
sig 10 no centro das atencyoes e e precisamente esse carater
Ilte da poesia que e comentado por Mukarovsky
Uma obra pmtica contem grande quantidade de valores e estes valores
sao muito variados Ela pode ser julgada e concebida do ponto de vista de
qualquer dos valores nela cantidos como valores existenciais (realidade
au jrrealidade dos fatos) valores intelectuais (exatidao au inexatidao
01 iginalidade ou nao de ideias) valores elicos sociais religiosos etc
bullcsthcsiacicncia da criatividadc silo quatro fases reconhccidas no proccsso criador (atoIlwmiddotariO illcuba~ao i1uminariio e verificariioJft em 1926 Graham Wallasia~ do fisiologista c fisico Herman von Helmholtz ( imagina~ilo e pensamento)hlgicl) (Kneller 1978 p62)
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ANEXOS
26
M lS a obra poetica nenhurn deles e indispensavel quanta 0 valor
eS1Clico(MUKAROVSKY 1988 p169)
A Metafora propicia a constrUfao de significados como feixes de
naomiddotlinearidade a multiplicidade de percursos possfveis a diversidade
i cOlIslitutivas de cada reixe 0 conceito de meta fora e abrangente
UtO de conexao e interarao - da metafora do entrever- gesticulam-se
Ihar de um olhar tico no qual se refere Duarle Jr (2002) dizendo ser
captura a vida naquila que se escondc ou sc camufla para 0 olhar
h coims simples e banais No mundo dos simbolos no qual 0 homem
lar s(llsivel decifrani os c6digos sutis dos sentidos das coisas
IIZAR IMAGENS
iltgcn do pacta que estimulam a nossa imagina-rao urn curto poerna deve dar
a visao do universo e 0 segredo de uma alma
Bachelard
A imagem constitui 0 ser mais profundo do hornern sua durayenao
sscnda criativa Somos habitados por imagens nos as vivemos nos as
dlllOS pelo lrabalho do intelecto e pela carga afeliva que elas suscitam
11cbs cmanam Elas se situam entre emoao c intelecto entre a
Ixtcriordas coisas e a realidade interior as pulsa5es Ternos em nos
I melltal que funciona continuarncnte e vc com os olhos da imaginaao
lt(ao pel a l3culdade de produzir imagens e urn instrumento vital
atra es dela que se projeta nessa tela mental a invenao experiencia
~gcnlradom do ser
Segundo Huyghe (1998) a arle uliliza 0 meio - as imagens -
mal c 0 fenncnto da liberdadc 0 poder do artista em criar uma nova
n sinal de que ao inves de empobrccer 0 mundo esteriotipando-o pelo
o enriquece diversiflcando-o A concepao da atualizaao do novo da
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
27
tl1cradorada arte e compreendida pelo autor quando ele comenta 8aril)
per encia estttica na co-participa~ao com a cbra
t-Ia arte a imagem e choque urn choque que desperta a consciencia de
cltJda urn e the exige uma alenrao intensa para ser penetrada apreciada e
julgada 0 seu conteudo s6 e partilhado pelo espectador quando este
ceonsegue elevar a sensibilidade a urn nivel indispensavcl de exaltarao de
si proprio (HUYGHE 1998 pII)
A arte aurnenta 0 dominic do homem quer sebre a natureza quer
roprio 0 terma vislio significa ao mesma tempo 0 que 0 nossa sentido
lora na natureza e 0 que se revel a sobrenatura1 Huyghe diz ser
que 0 adjelivo visionario designe apenas aquele que tern a revelaffao
lie cscapa aos olhos a arte tern 0 poder de nos expor aD alcance dos
c quase do toque da confinna~ao fisica do que e impossivel (1998
lara Bachelard a imagem poetica esta intrinsecamente vinculada a) de Ounda do poeta esse visionario
J- m sua novidade em sua atividade a imagem poetica tern urn ser
=r6prio urn dinamismo pr6prio O poeta fala no limiar do ser [ J 0
roeta nao me confere 0 passado de sua imagem e no entanto ela se
enraiza imediatamente em mim (BACHELARD 1989 ppI-2)
Cforme Oliveira (1999) a imagem conslitui a represenla~lio de
Insl eis correspondendo a repetilao na mente de uma sensaltao ou
I relacionando-se com urn simbolo uma rnetafora ou figuras de
llto (orno na pintura onde a irnagem nao e uma representalt30 pict6rica
ulo que apresenta urn complexo intelectual e emocional num instante
No pensamento articulado pelo processo de crialtao a imagem
Ja no imaginario a imagem poetica confonne Bachelard (1994) cria
lyaO entre 0 real e 0 irreal onde os objetos entre si e que se encarregam
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
28
11 vinculo e as imagens no sentido mesmo do devQneio - veem calher
gt brincar em torne dos objetos E assim que com reflexos 0 pinter
(1994 p81) Para 0 autor a imagem poetica se da no momento do
Ulnto considcrado como 0 momento privilegiado desse processo
( ) 0 que importa e seu aparecer instanlltineo imagem enquanto imagem
imagem nao mais que imagem cintila~ao de linguagem Acolhemiddotla assim
CHcolhe-Ja nurna atmosfera de felicidade como palavra feliz que ilumina
o olitario inslante da criayao e da doaltao do poetico A imagem poetica
existe sob 0 signo de urn ser novo (BACHELARD 1994 p 80)
o auler relata investigando E preciso estar prescote presente it
10 minuto da imagem adesao total a imagem (Bachelard 1994
gtsalta que esse atD dispensa urn saber previo que nega a imagem visto
[VeS da atitude do despojamento e do enfrentamento do novo e que se
anltar e compreender 0 processo de crialtao Bachelard(I994) trata a
d como uma transa~ao entre 0 real e 0 irreal onde compoe-se - numa
propria e complexa - os sentidos poeticos Para Valery (1998) 0
a consigo visoes associando sua hist6ria a etas segundo ele sao seu
llnetrico E nesse espa~o que se dao as adivinha~6es fulminantes as
-Ie julgamento as inspira~6es os insights a ilumina~ao9 Einstein disse
har cientifico
Esse jogo combinatorio parece ser a fei~ao essencial do pensarnento
produtivo - antes de haver qualquer conexao com construrao 16gica
em palavras Oll outras especies de sinais que podem ser comunicados
a outras pcssoas ( ) As palavras ou outros sinais convencionais s6
scrao procurados laboriosarnente numa fase secundiuia quando 0 jogo
associativo antes mencionado se ache suficientemente estabelecido e
possa scr reproduzido it vontade Kneller 1978 p69 - citado por
Hadamard( pp 142-43)
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
29
Diversos momentos processam-se e estabelecem rela~oes ate
trem-se numa configurarao 16gica Certamente urn olhar despojado
m m)mcnto de profunda presenlijlcQriio enquanto que num gesto
rcscr a-se a interferencia do pensamento radonal conceitual
lando-a embalando-o para que naD interfira no momento da
no momento da intui9ao instante fotognifico que congela 0 tempo
rvar a remessa mandada a percepcao de conteudos internos
Ides pcJa nova composi(ao do momento criativo
com) a ultima fase do processo de criayao concebida pcla cicncia da~ con dderada como 0 momento do climax Surge a soluy110 do problemaK pM)
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
30
CAPiTULO 11
IADOR NA ORRA
Ah Tuda e paraiso para 0 olha que sabe ver que gosta de ver
Bachelard
Fl brinea afoita-se traduz com cJareza para essa linguagem universal
todos os seus sentimentos A abundancia de seus recursos metaf6ricos 0
plrmite Seu prazer em nao abandonar 0 conteudo do mais leve
fnlgmenlo 0 menor estilhayo do mundo Ihe renova a farya e a coesao de
SOJ ser (VALERY 1998 p 34)
o artista 0 criador no seu processo de criayao Aquele que OaD tern
) rabr senLir TlQvamente 0 estado poetica mas suscitar urn estado de
A visao do artista 0 possibilita ver alcm 30 considerar essencial 0
~nquanto Qutros ignoram Atento ao momento de percep9ao urn fluxa
abundante de sentidos pade surgir de uma simples gala dagua 0
ll cia produz pade gerar desde um alhar de admira~ao investigativo
~l1cxiva ate um olhar criativo E sabre olhar do artista que comenta
Nio basta contemplar urn tanque de agua para compreender a absoluta
nlllemidade da agua para sentir que a agua e urn clemento vital 0 meio
primitivo de toda a vida E preciso sonhar rnuito para se compreender
liMa agua tranquila (BACHELARD 1994 p29)
o poder de uma obra de arte esta no evento que ela produz na
do arrista Ao se fazer urn poema uma pintura uma foto urn tilme deglUll imagens se torna concreto visivel a partir das escollias que deg~aliz~lr uma fonna ou gesto Segundo Meira hA no ver alguma coisa
lue s ve alguma imagem em que se ere ou nao algum estado de
deSC1volver (2003 p 103)
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
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__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
31
I hi olhares sensiveis como 0 alhar observador e atento de
la Vinci onde numa ocasiao relatada por urn discipulo seu disse h~-10
ltI 1a~de parada debaixo da chuva numa viela contemplando
t um muro de pedra com manchas de umidade e que aparentemente
dign) de se observar Ficou assim horas e ao perguntar a ele 0 que
ldlu serem imagens dignas de urn mestre Com urn declo tra~ou na
-on101105da mancha e seu discipulo surpreso constatou as imagens de
Iva (1alery 1998 p34)
A~ formas de arte provocam urn elo entre uma materia que se
press iva junto a uma significa~ao poetica estetica e estetica imbufda
ientilo dianlc do qual Meira complementa 0 gesto se faz fanna e a
raduz em imagcns seminais que se multiplicam a cada vivencia (2003
Ilida J imagem visivel esta a imagem virtual aquela em que cada
singJianneIlle ~~constitui ao contracenar dramaticamente com suas
Icridas temidas interrogantes ou contestat6rias (Meira2003 p 10 1)
o artista 0 ser sensivel que Ie 0 mundo que vi 0 mundo na sua
il compondo conexoes com 0 meio c consigo atraves de experiencias
nao represenlara 0 mundo na sua obra mas fara uma reconslruriio
1bull1 sLlaconcep~1o de mundo
No que se refere ao instrumental do artista na cria~ao
H1o de seu pensamento e percepY3o - e na atividade estetica que ele
Illl1dodispers~ dos signos junto a sensa~oes e percep~6es processando
ntc lima sclcYao scnsivel de elementos que comp6em sua obra Para
(1997) embora haja sen sib iiidade nao e para 0 artista 0 seu elemento
to que ele nao e mais sensivel do que qualquer outro mas 0 fate e de
rassa essa sensibilidade em alo Esse alo toma-se objeto da poietica
L1pa da conduta humana na sua cria~ao Cria~ao conforme Deleuze
IlnO materia de ser em que se configura 0 criador como ser integral
IJo-se na conslru~ao de um plano intensivo e extensivo de intera~6es
liS Nao ha distancia entre a obra e 0 criador e segundo Maturana
Ida obra cultural e uma rela9ao entre observador e obscrvado rela930
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
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199~
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45
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I 1998
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__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
32
IIlS (nde se da 0 encontro entre hist6rias individuais Desta forma
1t1l1a
Elltre 0 ver do espectador e 0 ver do pintar esls 0 pr6prio seT do pintar 0
que 0 faz vel ou seja a condicao humana a visibilidade impessoal e
pcssoaJ que deixa marcas no pintar e que por urn processo ainda nao
compreensivel se expressa nos seus gestos ( MEIRA 2003 p 17)
A percepcao estetica diante de uma obra de ane - que se dil no
listico - pennite urn espa~o de acesso a abordagens sabre 0 ser
rcla~oes superficiais e segundo Cunha [ ]inaugura urn novo mundo
lhrc ~m direcoes irnaginarias que suspendem a monotonia e 0
no cOlidianos permitindo assim a passagem do plano ontico para 0
16gico do ser (1998 p159)
Esse espayO constituido por uma vivencia presente e chamado
Iinsanger (1998 p40) de espa90 humorado (do alemao gemut
da alma animo) au vivencial estetico Esse espa~o realiza urn
tina cssencialidade Ao se penetrar nesse espa90 de frui9ao e vivencia
ltorrcurn dialogo com a obra uma atra~ao magnetizante provoca 0
lt0111imagens primordiais1o do ser Tanto 0 artista como quem
1 penitra nesse espa~o simb6lico A visao que se tern faz parte de uma
1lt1 rClI nao importa seu conteudo cia constitui uma realidade
1 nac menos importante que uma realidade fisica 0 artista possui esse
icoJe modelar materialmente uma imagem correspondente na sua
bull Para Mukarovsky (1989) a leilura que se faz da obra depende das
s psi ol6gicas c das combina~oes semanticas juntas que sao diferentes
L10 a individuo e que talvez nada tenham a ver com as experiencias do
obra A atitude do autor para com a realidade gerarao rea~6es
leiS vitais em cada individuo Quanta mais forte for em rea93o tanto
I 0 conjunto de experiencias que a obra conseguira por em movimento e
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
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Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
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CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
II
podcrosa sera a influencia exercida pela obra sabre a concep~ao que 0
10ffilindo(Mukarovsky 1989 p183-184) exemplificando
Na tela de Mir6 tons de azul manchas de amarelo e preto iconizam
possibilidades interpretantes potencializam ambigUidades sugerem
devaneios No azul selvagem insolente eielrieo que por si 56 faz a tela
iJrar qualidades atribuidas a cor de Mire a presen~a de uma estranha
lonna que cruza a imensidao azul sugere os misterios e a propria
inlcnsidao do universo E uma possibilidade entre tantas outras
(CL1VEIRA 1999p57)
o ser humano no entanta vive em coletividade e de acordo com
alors valida nessa coletividade a obra exerceni uma influencia em
~ em quem frui a partir da concep~ao de mundo de certa sociedadc
A rela~ao entre poesia e realidade e muito forte ela se refere it
laO s6 do individuo mas de toda coletividade A obra de arte nesse
aria segundo Valery (1998) confonne sua simboiogia - se e mais
J mio se e mais energica ou nao - e na medida de sua compiexidade
llcntos tornados da realidade enquanto que e par uma especie de
pcla produ(fao de imagens menta is que as obras de arte sao
As composicoes criadas a partir de contextas na inser~ao do olhar
aiidade pela provocacao de uma intimidade no olhar e que faz do
criador urn condutor do imagimirio ao decifrar 0 secreto mundo
aparenles insignificancias das coisas
ltlU como fonnas primordiais arquetipos que silo imagens que sc agrupam emem lemiddotrno de ccrtos nucleos energeticos que silo cOJlstGmes(Cunha 1998
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
34
I~ 11m olhar interceptivo
vilo e de imprecisas observa~oese de signos arbitrarios que se serviaLtonardo au a Giocondajamais teria sidofeita Uma sagacidadeperpeU(I 0 guiava
Valery
COllceber 0 ato criativo na sua intimidade e considerar seu
I COIl plexo em fun~ao de sua estrutura esta compondo configurayoes
rcaeoes tendo em vista 0 aspecto interativo no intercambio com a
Partindo do ponto de vista em que a realidade passa se dar pela visao
magi1ada - e nao vista no aspeclo 6tico - a interatao processara para
I como Bavcar aspectos de profundas sensatoes e reflexoes Evgen
ot6grafo cego nascido na Eslovenia em 1946 Viveu sua infiincia e
manuseando rnuniyoes que sobraram da guerra 0 que caUSOl a
It urn de seus olhos sendo que 0 outro ja era cego Essa condicao e
1I11cn10 na juventude 0 fez estudar muito Tomou-se wn pensador
1 liisl6ria Filosofia e Estctica Mora hoje em Paris onde atua como
Ilacar trabalha a fotografia com conteudos alusivos ao proprio olhar
COIllO elemento essencial da infonnarao atraves do mecanismo de
de imagens na pelicula do aparelho fotogrltifico sugerida pelo artista
d(xa da luz it que se refere em suas reflex6es onde concebe a luz como
J Deus e a imagem como urn vinculo com 0 Criador Bavcar pensa a
do oj lar referente ao ato este intrinseco e vinculado a uma concepcao
ilos6l1ca Como fot6grafo exprcssa os mecanismos de associacao entre
llrior imagimirio e 0 olhar expresso visual e fisico A escolha da
para Bavcar pcrpassa urn direito seu de imaginar e acrescenta Todo
I dire ito de dizer eu me imagino e se irnaginar e ter imagens (Bavcar
2)
No signo visual Bavcar busca converter a imagem em luz cria
1 sob~e a rclarao da apreensao da imagem como ate exclusivo Para ele
I~idera que nito se Iapla uma fOIO 0 que 0 diferencia de oUlros fOl6grafos 0 cria s~r feilO no real para ele e construido em sua mente eu imagino 0 que elou fotografando diz ele (Tessler 2001 p 31)
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
3S
) de criacao compoe-se de complexas associayoes e configuracoes
Ao classi ficannos a cbra de Bavcar entramos nurn territ6rio
11110~que nos dissociar da ideia de uma imagem convencional do
olhar e sobretudo movimento movimenlo de luz destacando-se
ontrasterigoroso de urn fundo negro 0 que lembra a obra phistica de
nas gradacoes sUlis de contraste quiaro-escuro obtendo uma forte
Iade Je urn vigor cenico peIa luz que irradia Segundo 0 proprio
Tcnho 56 uma pequena Jampada eslovena para iluminar 0 mundo
Na~ suas produroes fotogrMicas percebe-se que nao hoi fronteira
~rafiH e pintura Os movimentos graficos e 0 efeito da imagem em
) sugerem urn grafismo phistico que nos remelc a uma Dutra fonna de
(vid imagem em anexo) 0 discurso poetico de Bavcar e reflexo de
mento filosofico 0 fato de ser cego 0 levou na sua historia de vida a11 cOllceptao de mundo a discutir questoes como a aUlotnQfiio da
jSsimcomo a construy3o do pensamento e ato criativo que geram essa
)lmp~c num espirito crltico e contestatorio Bavcar contextualiza-se a
lIna forte estrutura reflexiva e intelectual ao provocar reflexoes acerca
ll1acia percepltaoPublica textos reflexivos utilizando-se de metaJoras
I l1litologia grega e outros mitos com referencias sempre simbolicas
erso Discute 0 olhar trazendo seu referencial na condiyuo de cego
UI para um cego e 0 corpo todo que se lorna 6rgao da vista 0 que lhe
lIna visuo tridimensional Atraves de suas imagens de memoria
IU as paisagens por si conhecidas da Eslovenia (sua terra natal) das
~ia a lodas as referencias de que precisa para entender a mundo fisico
a plrtir de sua memoria a imaginat~o Bavcar comenta acerca do
u da imagem equiparando sua conditao de cego a qualquer outra
lande diz As trevas e este lugar onde nasce a imagem 0 escuro do
ltlrcxtmpla pennile que a imagem aparea na lela (200 I p36)
Sua reflexao sabre a alhar e sempre vista sabre a enfaqueParCi Bavcar as sentimentos sao a subjetividade do olhar e este
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
36
Ie 111U ito a percep9ao 0 artista comenta Percepcao nao e aquila que
IS a maneira como abordamos 0 falo de ver (2001 p32) Essa
11do olhar singular sabre as caisas e 0 que detennina 0 rceortc de uma
em sintese 0 artista concebe Nao e passivel tudo ver au alcanyar
- artisticas sao concepyoes de um fragmento de uma fraccao da
estltl conectada ao imagimirio do artista Visoes poeticas sao
~oes atomicas geradas peJa substancia produzida entre realidade e
to g( radoras de energia articuladoras de processos criativos - sistema
mentJ 0 fluxo do pensamento poelico Transbordando por comportas
par oriricios vuldinicos em torrentes tempestiv3S 0 dinamico processo
l~ao Je uma visao perceptivo-expressiva do artista que se exalta e1 pda amplia9ilo da imagem pelo desvelamento do objeto - mero
de cxpressao intima - ao focar pontos de transcendencia para ahm da
A camera obscura - caixa negra inteiramente lacrada onde vaza
urn tmico orificio deixando penetrar em seu interior raios luminosos - e
car um dado sensorial Sua eondiyao de cego -metaforizando esse
lIgro de onde surgem imagens - determina profundamente sua poetica e
nas imagens produzidas par ele como urn espayo de onde emanam
luz refletidas nos objetos Na minha qualidade como fot6grafo tento
dr a camara cscura como espacyo infinito em que as imagens podem
I a obscuridade do momenta vjvido nao diz respeito somente aos cegos
uda humanidade em busca do infinito12 Suas fotografias revelam 0
I exr ressivo entre a luz e a negritude do espacyo Segundo 0 artista
Ir e escrever com a luz Justifieo meu trabalha neste dominio pelo
l) do progresso tecnico sirvo desta invel1caopara eriar imagens Bavcar
nenta dizendo antecipar mental mente atraves do espa90 do seu
Irio a imagem que sera captada pela rnaquina fotogratica e comenta []
ri)oc~ que se Connam dentro de mim e que enquanto lais se lomam urn
I)imltJgensde lranscendencia invisfvel
IwwwufrgsbrlbrfjomaVsetembro2001entrevistahtml
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
37
Bavcar concebe imagens captadas em seu momento de a~ao
I a rclevancia do instante da imagem como revelayao da fugacidade
lmrliltao do ato de crialt3o quanta da propria vida vista sua mobilidade
ctns ficam entre 0 instante e a etemidade sao como urn ponto de
l1cia - onde a luz deixa seu rastro na passagem criando urn espa90
no qual misturam-se corpos e cemirio surgem inusitadas formas au
uma (000ta930 surrealista imagimiria Multiplicam-se pontos de vista
lIleiJade de imagens que se misturam a luz lmagens multiplas surgidas
ldo negro vclocidade rastros de iuz tudo funde-se numa anarnorfose
l~ao com 0 movimento deslocando nosso olhar e fazenda a imagem
If um momento poetico code Bavcar ira transmutar seu pensamento
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
39
CONCLUSAO
o momento poetico exalta-se nas fonnas concentrando-se no
processo criativo todD urn vir-a-ser urn pensamento laborioso que
derellcias reflexivas como em Bavcar um olhar que ve a irnagem pela
ntica 0 que se ve segundo 0 artista e 0 que se quer vcr Desta forma
em(lifica pelas metaforas de suas imagens fotognificas seu
to critico atenla surpreendendo 0 salta do momento 0 momento
poctico Vindo das profundezas intimas do espayo do pensamento
III direrao ao territ6rio psicosocial nurn espmo em que a cultura veicula
lias de visibilidades e de code se daD as motivaryoes decorrentes -
da cultura visual - adentrou-se nesse espa90 em movimento code
afcgo de trocas leituras e produyoes se processam Oode irnagens sao
Igt e transmitidas Imagens que refletem a realidade onde 0 individuo
IUO se ve
Hoje a visibilidade contemporanea plasma com novas
~oes de realidades urn momento de saturayao 0 bombardeamento
de magens faz com que elas percam sua significarao em vias
Idas Jrovocando uma defasagem entre a proje9ao de fonnas-signo
iasr(~presentadas) e a percepyao - processo do pensar sentir e fazer
A atitude estetica nada mais e do que a conexao entre a
ll de ~entido da vida como valor e significayao junto a sentida pela vida
IS trocadas pelas sensaroes e emoroes E dessa composi9ao dessa
m lransfonna9ao que se da 0 sensivel e por conta disso 0 poetico OS
III os que operam nas fissuras por dentro de paisagens ins6litas em
ksbravados e depauperados pela insensibilidade dos outros (Cunha
-0) c que vale dizer que vivemos urn tipo de civiliza9ao desvinculada
ldadc natural humana necessidade essa que se da atraves da expressao
parti de vinculos significativos estes configuradores de sentidos De
0 0 v nculo afetivo projeta-se na coletividade pel a troca espontanea das
dtyOCS simb61icas aqui equivale dizer sobretudo na esfera estetica - de
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
40
n580 e de lim viver poetico que integre 0 homem profundamente aa vida 0 homem primitivQ nao se scOle isolado no cosmos ele esta
I um nunda que simbolicamente the e familiar [] essa familiaridade
m aj~livo-Senlimenlal (Meifa1998 p154) de maneira que se ele
ncuit) com 0 cosmo 0 universo toma-se hostil sem afetividade A
UgCI e a separa9ao entre 0 homem e a natureza e reverte-se no seu
Lundo no seu trabalho prodwao e reia90es
A estetica da existencia partanta enia93 aspectos os mais sutis
l~ii() cnvolve pensar 0 pensamento e as afetos na sua origem na sua
na fibrila por ande carre a seiva da vida para conseqUentemente
dcsdobramentos advindos dessas constru90es significativas de ande
I forntas e imagcns discursos poelieos a representar 0 mundo pensante
do qLal espelham-se como projecao ou distorcao as imagens Meira
) papdas imagens na eultura destaeando
o papel das imagens visuais e possibilitar viagens do pensamento fora
do corpo possibilitar configuraltjoes e relaltjoes para que 0 mundo
sendo redondo e desdobnivel em planas multifacctados possa pensar-
sc no pensamento em imagens e de modo intciro (MElRA 2003
p19)
Quando se sugere uma nova politica da visibilidade trazida par
s que vern refonnulando seus discursos aeerea de uma praliea estetica
isHllciaperpassam-se horizontes multiculturais fronteiras tomam-se
cor frontam-se panoramicas aercas - contrapondo visocs particulares
lent( do entendimento da divcrsidade da alteridade Vma profunda
~ CaL no contemponineo em relaCaoao ~outro visto que nao se pode
r complexas morfologias visuais advindas de culturas diversas sem
1 CSSftS culturas em sua integridade essencializadas na sua dimensao
1 qUL vale dizer numa interacao fisiol6gica de localidade valores
c dialogos existenciais com 0 meio
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
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REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
41
o dominic 0 poder revelam-se nas aparencias As imagens do
ntcmporaneo proscrevem horizontes perdidos imagens desconexas
~ a urn non-sense a profundos conflitos existenciais de
l~ao de solidao de saturaltyaode referenciais - imagem de urn individuo
JJo em peonanentes bifurca90es apavorado com uma bussola na mao
Indo urn norte inexistente - bussola fabricada pela industria de
dommantes sabre 0 imagimirio coletivo Meira nos traz a ideia de
incuLlda a llma inlenltyao a urn gesto que e comprometido peJa sua
Usar explicayoes metiforas parabolas imagens A etica nao pode ser
expressa em palavras mas as imagens nos mostram como os
comportamentos eticos se manifestam em gestos codificados
culturalmentc Entre ver e etica ha uma conexao urn entrever um
lugar magico que e 0 ponto cego que desaparece quando a percepltao
ou 0 sentirnento ou urn conceito prcenchem 0 vacuo de sentido criado
por ele ( MElRA 2003 p 131)
Ortega (2002) nos fala de urna possibilidade na elabora9iio de
lea d( imaginaltao de forma que traga novas imagens e metaforas para
lcnto para a sentimento de fonna a renunciar 0 poder da imagem
c no qual Meira salienta dizendo A pedagogia do acontecimento
a arte de pensar e uma nova maneira de inclusao dos afetos na
) do aqui e agora Envolve nova maneira de operar corn imagens de
ilO na a9iio pnilica (2003 pIS)
o papel da arte como produltao de imagens e sentidos eo objeto artislico seja ele em que linguagem for contem sentido
vistCi sua dimensao metaf6rica Ao conter em si sinteses da
Jade humana faz com que compreendamos alga da universalidade da
JL entre as hornens sobretudo par nos transportar na intimidade de uma
I tim entimento Segundo Bronowski Cada persanalidade humana elurqUe contern uma ordcnaltao particular de tudo aquila que
hamos como seres humanos [] 0 que faz a obra de arte e encontrar
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
42
lura que sirva de porta para esse reconhecimento (1998 p161) 0 ato
m a ser portanto confronto com a alteridade 0 que provoca no
a transcendencia da sua condhao Otavio Paz (1989) fala dessa
cncia como urn instante em que se abrem as fontes do ser onde se daIe fomos somas e seremos cnde nascemos e morremos ao mesma
lnde re-contiguramos nossas percep90es
o cerne da experiencia poetica no entanto se da pela
1lt1do pensamento 0 espfrito come93 a sua 3yaO na constrwao do
to traduz em linguagem concretiza em atos constr6i e altera a
(CRUZ 1997 p161) A imagem retrata a subjetividade co1etiva A
loetica simboliza todo urn processo que se instauroll urn processo em
n pensamento na sua etica de criwao validando 0 fato de nao tennos a
In U111dom mas como uma permanente constrwao individual e
I imlnsurlvel responsabilidade visto 0 que vemos na propagatao das
t se voltam a nos ao atingir os limites de espalto no qual estamos
E necessario na politica da imaginacao e em tudo que conceme
Jeslocanno-nos do espalto do espetaculo para 0 espalto existencial A
metaforas como instrumento de medialtao entre realidade e sentido
Ilica que proponha ampliar angulos de visao ao se compor uma etica de
dimcltadosno Ser - em seu beneficio em contraponto ao das coisas do
c em culturas que sc componham em liberdade de expressao
Idas por concep90es valorativas significantes e essenciais se fonnule
tonceito acerca do mundo Na democratizaltao de potenciais criativos
jiltllogos de vinculos afetos - de urn viver sensivel - somados a urn
ioso motivado compondo compiexidades ao gerar pela expressao
novos rnundos estes projetados num horizonte nao metaf6rico mas
1l0Ijme quer dizer considerando-se a possibilidade de mutalt5es de
h l11udancasdiante das quais deg homem evidenciara seu olhar atraves da
Iriuyiiopara pcnnanentemente reconhecer-se ern seu dominic pemnte a
trangredindo-a trincando seu espelho transforrnando-a Dum mutante
upio
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
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REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
43
Os espacros entre realidade e percepcao nas suas nuances
tspacos de dominic code se da a existencia code se fevela pelo
111novo eslar no existir Refletir acerca destas questoes naD finda em
las visibilidades de nossa tempo peJo contrario provoca rcarroes que
iam configurando inter-relacoes amplas Vislumbrar fcrmas poeticas
llIas pela imagem que materializa 0 pensamento criador e se transportar
lhos inusilados em paisagens mutantes de uma realidade hoje que se
kxa e que a meu ver necessita ser contempiada oa medida em que se
d nova politica pedag6gica face a crise contemponlnea e que espero
Lsta t de outras reflex5es possa-sc contribuir com uma parceJa de
Ide
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
44
REFERENCIAS BlBLIOGRAFICAS
LLAIo Gaston 0 Direilo de Sonhar 4ed Rio de Janeiro Bertrand
199~
LERCE Brigitte Saber desenvolver a Criatividade oa vida e no
Iho SIo Paulo Larousse do Brasil 2004
()WSKI Jacob 0 Olho Visionario cnsaios sobre Arte Literatura e
la Brasilia UnB 1998
JELLJ Beatriz H A ConstrUf30 do Psicoterapeuta um3 abordagem
Itica ~aoPaulo Summus 2002
Maury Rodrigues da Cadernos de Psicofonia de 1997 Curitiba
1991i
lA Maria Helena Lisboa Espa~o real espa~o imaginario Rio de
UAPE 1998
)YK Edith Linha do horizonte por uma poetica do ato criador Sao
Escuta 200 L
)USA Edson Luis Andre TESSLER Elida SLAVUTZKY Abrao A
11130 da vida artc e psicanalise Porto Alegre Artes e Oficios 2001
RTE Jr Joao Francisco 0 sentido dos sen lidos a educa~ao do
ncl CJritiba Criar 2001
RENIE Mikel Eslelica e Filosolia Sao Paulo Perspecliva 1998
1 llumbertoAs Formas do Contelido Sao Paulo Perspectiva 1999
rES Martins A Psicanalise do fogo Sao Paulo 1999
IES Martins A Poetica do Espa~o Sao Paulo 2000
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
45
)NER Howard Arte mente e cerebro Brasilia Artrned 1999
diE Rene 0 Poder da Imagem Sao Paulo Martins Fontes 1998
LER George F Arte e eioneia da critividade Sao Paulo IBRASA
Pierre A maquina universo Porto Alegre Artmed 1998
MarlyFilosofia da cria~ao reflexoes sobre 0 sentido do sensivel
Icgre Mediaao 2003
ROVSKY Jan Escritos sobre estetica e semi6tica da arte Lisboa
pa 1988
URJ Valdevino Soares Poesia e Pintura urn Diiilogo em tres
middotnsoes Sao Paulo UNESP 1999
RY Paul Introdu~ao ao metodo de Leonardo da Vinci Sao Paulo
I 1998
Variedades Sao Paulo Ilwninuras 1999
(rrSKY La imaginacion y el arte in la infancia Madri Akal 1982
__ Evgen Bavcar
___ httpllintervoxnceufrjBr-elizabeticornohtmttpwwwrevistapo
ICOI11 Brm-edicao-03cademo-cultural
ANEXOS
ANEXOS
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