A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida

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Sessão de esclarecimento para pais

Licenciatura em Educação

Psicologia do Desenvolvimento II

E-Folio A – 2014 Novembro 23

Susana Pereira - 1300125

A criança é a razão de ser do mundo e representa o futuro desse mesmo

mundo, sendo a vida familiar crucial para o seu desenvolvimento, bem

como para a sua sociabilização, dar resposta às suas necessidades e

prioridades estruturais.

Quando verificamos comportamentos anti-sociais como a violência, a negligência, a

vulnerabilidade e a disponibilidade para a infração, a vitimização, delinquência e abuso

de drogas (…) (Sousa, 2006), deveremos questionar-nos se o tempo que dedicamos a

passar afeto aos nossos filhos ou o modo como a criança se sente amada, na

construção da confiança e do respeito mutuo, bem como na construção da identidade

«eu» que resulta do processo de separação-individualização e a resiliência que se

traduz na resistência às contrariedades da vida.

Vinculação materna ao bebé, Klaus e Kennell (1976) iniciaram com o termo “bonding” (…) é uma

relação emocional única, específica e duradoura, que se estabelece de modo gradual, desde os

primeiros contatos entre a mãe e o bebé.” Esta relação de vinculação inicia-se durante os

primeiros contatos entre a mãe e o bebé, com ajuda do sistema hormonal da mãe e

estimulada pela presença do bebé, caracterizada como um período sensível, localizado

nos momentos imediatos ao parto. Atualmente vários investigadores são unanimes em

considerar que a ligação da mãe ao bebé se faz de modo gradual, tal como acontece durante a

gravidez ou no momento do parto, sendo que não é algo que acontece no primeiro contato.

Oxitocina – esta hormona é bastante importante para a questão da vinculação materna, pois estimula o

envolvimento emocional (Hazan & Zeifman, 1999). No caso da amamentação ao seio, tem um efeito

tranquilizante sobre a mãe e tende a aumentar o elo que tem com o bebé. Mães positivas – com relações

conjugais mais estáveis e com maior apoio dos companheiros, têm geralmente um envolvimento melhor com o

bebé. (e.g. Isabella, 1994). Roming – in – prática de manter juntos a mãe e o bebé a seguir ao parto,

constatou-se um aumento do vínculo maternal e autoconfiança e um decréscimo da incidência de práticas

parentais inadequadas, nomeadamente maus tratos à criança (O’Connor, Viezte, Shernod, Sandler & Altmeier,

1980). Parto normal versus parto por cesariana – a ligação afetiva da mãe ao bebé está favorecida no parto

normal, em relação ao que acontece na sequência de uma cesariana.

Atualmente, a transformação na sociedade é bastante, assistindo-se a um excesso de trabalho dentro das

famílias, colocando os pais muitas horas fora de casa, em que ambos por vezes ocupam dois trabalho por

dia, numa azafama para conseguir ter mais dinheiro, e uma hipotética «qualidade de vida», pois durante

muitos anos a mãe era a responsável por ficar em casa, chamada de “doméstica” para educar os filhos e

cuidar da casa, enquanto o homem dedicava o seu tempo nesse aspeto de sustento familiar.

Para que esta nova situação familiar e estrutural da sociedade se torne cada vez mais saudável, equilibrada,

sinal da evolução da espécie é necessário iniciarmos esta reflexão desde o início da criança, desde o

processo de vínculo pois se entendermos o que é uma criança será mais fácil nos adaptarmos a ela e

melhorarmos a nossa responsabilidade enquanto pais.

É necessário criar vínculos precocemente pois são funções básicas na evolução e estruturação normal do

psiquismo humano, essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo nos primeiros anos de vida. Se

os pais forem sensíveis às necessidades do bebé, criando um ambiente seguro à criança ela evoluiu na sua

capacidade de explorar o mundo, pois ela sabe que vai voltar para perto dos pais (Mahler, 1968,1975).

O sentimento de segurança e confiança no outro que reforça a autoestima e a autoconfiança criando

condições para separação física dos pais. Verifica-se que os primeiros anos de vida deverão ser marcados por

um ambiente seguro e rico, com bons programas de qualidade que incluem frequentes interações com pares e

com ambientes (…) (Katz, 2006).

A segurança da vinculação proporciona à criança uma maior competência no pré-escolar, maior

popularidade e maior egoresistência (Ainsworth, Blear & Wall, 1978; Main & Solomon, 1986; cit.

Meins, 2007).

Sabemos que uma melhor atenção na primeira infância significa oportunidades maiores de

sobrevivência, crescimento e desenvolvimento, e os primeiros anos são os mais críticos nodesenvolvimento ao nível da personalidade, inteligência e comportamento social.

As crianças que têm interações saudáveis com pessoas que cuidam bem delas, tornam-se

melhor preparadas, emocionalmente e biologicamente, para aprender e trabalhar situações

complicadas e stressantes. Com as dificuldades profissionais dos pais há menos tempo para

estas interações no entanto é essencial os rituais em casa, as refeições a horas, como ler uma

história antes de deitar, dormir cedo. É necessário impor limites à criança para que ela entenda

que em sociedade também há regras que é necessário cumprir, bem como aprender a lidar com

a frustração pois estimula a uma maior empatia com os outros, sabendo dialogar aumentando o

respeito mutuo.

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