Constituição Federal para Concursos (CF) - 5a ed.: Rev., amp. e atualizada (2014)

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Compre agora! http://www.editorajuspodivm.com.br/produtos/marcelo-novelino/constituicao-federal-para-concursos-cf---5a-ed-rev-amp-e-atualizada-2014/1146 Doutrina, jurisprudência e questões de concursos Atualizada até: - Emenda Constitucional nº 76/2013 - Súmula nº 502 do STJ - Súmula Vinculante nº 32 do STF - Informativo nº 531 do STJ - Informativo nº 726 do STF A coleção CÓDIGOS E CONSTITUIÇÃO PARA CONCURSOS foi pensada para auxiliar o candidato a alcançar o seu grande objetivo: passar em um concurso público. Para isso, reunimos professores renomados, experientes e, acima de tudo, didáticos, para compor o time de autores dessa coleção inovadora. A ideia era fazer algo que complementasse o estudo. Um material no qual o candidato pudesse confiar o seu tempo final de preparação e/ou dedicar o seu momento de revisão daquilo que foi estudado. Assim, definimos a didática que acreditamos ser a ideal: - Artigo de lei - Breves comentários - Súmulas do STF e do STJ referentes ao artigo - Informativos recentes do STF e do STJ referentes ao artigo - Questões de concursos referentes ao artigo O leitor, assim, tem à sua disposição, de forma organizada, um pouco de tudo o que ele precisa para passar no concurso desejado: lei, doutrina, jurisprudência e questões. Não bastasse isso, todos os livros possuem, além da cor básica, outra cor para destacar as principais partes dos comentários, proporcionando uma leitura mais agradável e ajudando a memorização do assunto. A cada edição aumentamos e melhoramos os comentários dos artigos e, principalmente, revisamos a jurisprudência e as questões de concursos, de forma a sempre oferecer ao candidato o material mais atualizado possível. Dada a receptividade dos leitores, acreditamos que estamos conseguindo obter êxito nessa empreitada. Boa sorte! Ricardo Didier Editor Editora JusPodivm

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

` PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma so-ciedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

1. BREVES COMENTÁRIOSO preâmbulo é parte integrante da Constituição, com todas as suas consequências, ape-

sar de não ser um componente indispensável, afirma Jorge MIRANDA. Dela não se distingue nem pela origem, nem pelo sentido, nem pelo instrumento em que se contém, podendo dis-tinguir-se apenas pela sua eficácia ou pelo papel que desempenha. O preâmbulo não é uma declaração de direitos; não forma um conjunto de preceitos; não pode ser invocado enquanto tal, isoladamente; não cria direitos nem deveres. Portanto, não há inconstitucionalidade por violação do preâmbulo.1

O STF adota a tese da irrelevância jurídica, segundo a qual o preâmbulo não se situa no domínio do Direito, mas da política ou da história, possuindo apenas um caráter político--ideológico destituído de valor normativo e força cogente, motivo pelo qual não pode ser invocado como parâmetro para o controle de constitucionalidade.

2. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (ECT – ANALISTA DE CORREIOS – ADVOGADO/2011) O preâmbulo constitucional estabelece as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da CF, razão pela qual pode servir de elemento de interpretação e de pa-radigma comparativo em eventual ação de declaração de inconstitucionalidade.

02. (Cespe/EBC/Advogado/2011) O preâmbulo da Constituição Federal não faz parte do texto constitucional propriamente dito e não possui valor normativo.

03. (Cespe – Procurador Federal/2013 – Adaptada) Considerando o entendimento prevalecente na doutrina e na jurisprudência do STF sobre o preâmbulo constitucional e as disposições constitucionais transitórias, julgue os itens seguintes.

I. As disposições constitucionais transitórias são normas de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. Por serem hierarquicamente inferiores às normas inscritas no texto básico da CF, elas não são consideradas normas cogentes e não possuem eficácia imediata.

1. Manual de direito constitucional. 4. ed. Coimbra: Coimbra, 2000. Tomo II, p. 240-241.

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Art. 1º tÍtulo i – dos pRinCÍpios Fundamentais .

II. A jurisprudência do STF considera que o preâmbulo da CF não tem valor normativo. Desprovido de força cogente, ele não é considerado parâmetro para declarar a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade normativa.

04. (Cespe – Procurador Federal/2013) Considerando o entendimento prevalecente na doutrina e na jurispru-dência do STF sobre o preâmbulo constitucional e as disposições constitucionais transitórias, julgue os itens seguintes.

I. As disposições constitucionais transitórias são normas de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. Por serem hierarquicamente inferiores às normas inscritas no texto básico da CF, elas não são consideradas normas cogentes e não possuem eficácia imediata.

II. A jurisprudência do STF considera que o preâmbulo da CF não tem valor normativo. Desprovido de força cogente, ele não é considerado parâmetro para declarar a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade normativa.

05. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administrativa – CNJ/2013 – Adaptada) Acerca de direito constitu-cional, julgue os itens a seguir: O preâmbulo da CF é norma de reprodução obrigatória e de caráter norma-tivo, segundo entendimento doutrinário sobre a matéria.

GAB 01 E 02 C 03 E C 04 E C 05 E

` TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

1. BREVES COMENTÁRIOS

República federativa do Brasil

Forma de Estado Federação

Forma de Governo República

Sistema de Governo Presidencialista

Regime de Governo Democrático

No caput do art. 1º estão consagrados princípios materiais estruturantes que consti-tuem diretrizes fundamentais para toda a ordem constitucional, a saber: princípio republicano; princípio federativo; e, princípio do Estado democrático de direito.

O princípio republicano vem sendo consagrado entre nós desde a Constituição de 1891, instituidora da República e do Estado Federal em substituição à Monarquia e ao

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988 Art. 1º

Estado Unitário adotados pela Constituição de 1824. A República, enquanto forma de go-verno associada às idéias de coisa pública e igualdade, tem como critérios distintivos a re-presentatividade, a temporariedade, a eletividade e a responsabilidade política, civil e pe-nal dos governantes. A representatividade está relacionada ao caráter representativo dos governantes, inclusive do Chefe de Estado. A temporariedade (ou periodicidade) impõe a alternância no poder dentro de um período previamente estabelecido, de modo a impedir o seu monopólio por uma mesma pessoa ou grupo hegemônico ligado por laços familiares. A eletividade está ligada à possibilidade de investidura no poder e acesso aos cargos pú-blicos em igualdade de condições para todos que atendam os requisitos preestabelecidos na Constituição e nas leis. A responsabilidade do governante decorre de uma idéia central contida no princípio republicano segundo a qual todos os agentes públicos são igualmen-te responsáveis perante a lei, porquanto em uma República não deve haver espaços para privilégios. A forma republicana de governo postula ainda que o debate de ideias na esfera pública seja sempre pautado por razões públicas, com o respeito e valorização das diferen-tes concepções ideológicas, filosóficas e religiosas

O princípio federativo tem como dogma fundamental a autonomia político-admi-nistrativa dos entes que compõem a federação. A federação é uma forma de Estado na qual há mais de uma esfera de poder dentro de um mesmo território e sobre uma mesma população. No Estado federativo os entes políticos que o compõem possuem autonomia, sendo o poder de cada um deles atribuído pela Constituição. Decorrente do princípio fe-derativo, o princípio da indissolubilidade do pacto federativo (“união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”) veda aos Estados o direito de secessão. Caso ocorra qualquer tentativa de separação tendente a romper com a unidade da federação brasileira, é permitida a intervenção federal com o objetivo de manter a integridade na-cional (CF, art. 34, I).

A noção de Estado democrático de direito está indissociavelmente ligada à realização dos direitos fundamentais, porquanto se revela um tipo de Estado que busca uma profunda transformação do modo de produção capitalista, com o objetivo de construir uma sociedade na qual possam ser implantados níveis reais de igualdade e liberdade.2 Na busca pela conexão entre a democracia e o Estado de direito, o princípio da soberania popular se apresenta como uma das vigas mestras deste novo modelo, impondo uma organização e um exercício demo-cráticos do Poder (ordem de domínio legitimada pelo povo). Outra característica marcante deste modelo de Estado é a ampliação do conceito meramente formal de democracia (parti-cipação popular, vontade da maioria, realização de eleições periódicas, alternância no Poder) para uma dimensão substancial, como decorrência do reconhecimento da força normativa e vinculante dos direitos fundamentais, os quais devem ser usufruídos por todos, inclusive pelas minorias perante a vontade popular (pluralismo, proteção das minorias, papel contramajori-tário do Poder Judiciário...).

2. STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: Uma exploração hermenêutica da construção do Direito. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 36.

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Os fundamentos devem ser compreendidos como os valores estruturantes do Estado brasileiro, aos quais foi atribuído um especial significado dentro da ordem constitucional, sendo a dignidade da pessoa humana considerada o valor supremo do nosso ordenamento jurídico. Os princípios nos quais esses fundamentos se materializam desempenham um im-portante papel, seja de forma indireta, atuando como diretriz para a elaboração, interpretação e aplicação de outras do ordenamento jurídico, seja de forma direta, quando utilizados como razões para a decisão de um caso concreto.

A soberania pode ser definida como um poder político supremo e independente. Su-premo, por não estar limitado por nenhum outro na ordem interna; independente, por não ter de acatar, na ordem internacional, regras que não sejam voluntariamente aceitas e por estar em igualdade com os poderes supremos dos outros povos.3 Portanto, a soberania deve ser analisada em dois âmbitos distintos. A soberania externa se refere à representação dos Estados, uns para com os outros, na ordem internacional; a soberania interna é responsável pela delimitação da supremacia estatal perante seus cidadãos na ordem interna. Por ser um instituto dinâmico, a soberania não possui atualmente o mesmo conteúdo de outras épocas. A evolução do Estado de Direito formal para o Estado Constitucional Democrático fez com que, no plano interno, a soberania migrasse do soberano para o povo, exigindo-se uma legiti-midade formal e material das Constituições. No plano externo, a rigidez de seus contornos foi relativizada com a reformulação do princípio da autodeterminação dos povos e o reconheci-mento do Estado pela comunidade internacional.

A cidadania, enquanto conceito decorrente do princípio do Estado Democrático de Di-reito, consiste na participação política do indivíduo nos negócios do Estado e até mesmo em outras áreas de interesse público.4 O tradicional conceito de cidadania vem sendo gradati-vamente ampliado, sobretudo após a Segunda Grande Guerra Mundial. Ao lado dos direitos políticos, compreendem-se em seu conteúdo os direitos e garantias fundamentais referentes à atuação do indivíduo em sua condição de cidadão.

Dentre os fundamentos do Estado brasileiro, a dignidade da pessoa humana possui um papel de destaque.5 Núcleo axiológico do constitucionalismo contemporâneo, constitui o valor constitucional supremo e, enquanto tal, deve servir, não apenas como razão para a decisão de casos concretos, mas principalmente como diretriz para a elaboração, interpre-tação e aplicação das normas que compõem a ordem jurídica em geral, e o sistema de direi-tos fundamentais, em particular. Como consequência da consagração da dignidade humana no texto constitucional impõe-se o reconhecimento de que a pessoa não é simplesmente um reflexo da ordem jurídica, mas, ao contrário, deve constituir o seu objetivo supremo,

3. CAETANO, Marcello. Manual de ciência política e direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2003. Tomo I, p. 132.

4. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 148.5. Sobre o tema, cf. NOVELINO, Marcelo. “O conteúdo jurídico da dignidade da pessoa humana”. Leituras

complementares de direito constitucional: direitos humanos e direitos fundamentais. 3. ed. Marcelo Novelino [org.]. Salvador: Juspodivm, 2008, p. 153-174.

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988 Art. 1º

sendo que na relação entre o indivíduo e o Estado deve haver sempre uma presunção a favor do ser humano e de sua personalidade. O indivíduo deve servir de “limite e fundamento do domínio político da República”, pois o Estado existe para o homem e não o homem para o Estado.6 A positivação constitucional impõe que a dignidade, apesar de ser originariamente um valor moral, seja reconhecida também como um valor tipicamente jurídico, revestido de normatividade: sua consagração como fundamento do Estado brasileiro não significa uma atribuição de dignidade às pessoas, mas sim a imposição aos poderes públicos do dever de respeito e proteção da dignidade dos indivíduos, assim como a promoção dos meios necessários a uma vida digna.

O reconhecimento dos valores sociais do trabalho como um dos fundamentos do Esta-do brasileiro impede a concessão de privilégios econômicos condenáveis, por ser o trabalho, enquanto ponto de partida para o acesso ao mínimo existencial e condição de possibilidade para o exercício da autonomia, imprescindível à concretização da dignidade da pessoa huma-na. A partir do momento em que contribui para o progresso da sociedade à qual pertence, o indivíduo se sente útil e respeitado. Sem ter qualquer perspectiva de obter um trabalho com uma justa remuneração e com razoáveis condições para exercê-lo, o indivíduo acaba tendo sua dignidade violada. Por essa razão, a Constituição consagra o trabalho como um direito social fundamental (CF, art. 6º), conferindo-lhe proteção em diversos dispositivos. A liberdade de iniciativa, que envolve a liberdade de empresa (indústria e comércio) e a liberdade de contrato, é um princípio básico do liberalismo econômico.7 Além de fundamento da República Federativa do Brasil, a livre iniciativa está consagrada como princípio informativo e fundante da ordem econômica (CF, art. 170), sendo constitucionalmente “assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei” (CF, art. 170, parágrafo único). Segundo a jurispru-dência do STF, “o princípio da livre iniciativa não pode ser invocado para afastar regras de regulamentação do mercado e de defesa do consumidor.” (STF – RE 349.686, Rel. Min. Ellen Gracie, 14.06.2005).

O pluralismo político, antes de ser uma teoria, consiste em uma situação objetiva, na qual estamos imersos. Nossas sociedades são pluralistas, isto é, são sociedades com vários centros de poder.8 Do ponto de vista normativo, o reconhecimento constitucional do plura-lismo como um dos fundamentos do Estado brasileiro impõe a opção por uma sociedade na qual a diversidade e as liberdades devem ser amplamente respeitadas. O pluralismo político deve ser compreendido em um sentido amplo, de modo a abranger não apenas a dimensão político-partidária (CF, art. 17), mas também a religiosa (CF, art. 19), a econômica (CF, art. 170), a de idéias e de instituições de ensino (CF, art. 206, III), a cultural (CF, arts. 215 e 216) e a dos meios de informação (CF, art. 220).9 Este fundamento é concretizado, ainda, por meio do reco-nhecimento e proteção das diversas liberdades, dentre elas, a de opinião, a filosófico-religiosa,

6. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição, p. 225.7. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 14. ed. Malheiros: São Paulo, 1997, p. 725.8. BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia, pp. 71-72.9. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 14. ed. Malheiros: São Paulo, 1997, p. 143.

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a intelectual, artística, científica, a de comunicação, a de orientação sexual, a profissional, a de informação, a de reunião e de associação (CF, art. 5º, IV, VI, IX, X, XIII, XIV, XVI e XVII).

O parágrafo único, do art. 1º da CRFB/88, reconhece e endossa a resposta democrática segundo a qual o povo é o autêntico titular do Poder Constituinte Originário, poder de na-tureza política encarregado de elaborar a Constituição de um Estado. A doutrina juspositivista aponta três características que o diferencia dos poderes constituídos. Trata-se de um poder inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima dele; autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na Constituição; e incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo. De outra banda, na concep-ção do Abade SIEYÈS, teórico de viés jusnaturalista, o Poder Constituinte se caracteriza por ser incondicionado juridicamente pelo direito positivo, apesar de sua submissão aos princípios do direito natural; permanente, por continuar existindo mesmo após concluir a sua obra; e inalienável, por sua titularidade não ser passível de transferência, haja vista que a nação nunca perde o direito de querer mudar sua vontade.

Ao lado do Poder Constituinte Originário, existem outras espécies de poder que, apesar de terem como fundamento a Constituição, também costumam ser denominadas de “cons-tituintes”.

O Poder Constituinte Decorrente é o poder conferido pela Constituição aos Estados-Mem-bros para que possam se auto-organizar (CF, art. 25 e ADCT, art. 11). Conforme a lição de Anna Cândida da Cunha FERRAZ, este poder tem “um caráter de complementariedade em relação à Constituição; destina-se a perfazer a obra do Poder Constituinte Originário nos Estados Federais, para estabelecer a Constituição dos seus Estados componentes.”10 Este poder, por ser instituído e limitado pela Constituição da República, possui características diametralmente opostas às do Poder Constituinte Originário. Trata-se de um poder de direito, limitado e con-dicionado juridicamente.

O Poder Constituinte Derivado é o responsável pelas alterações no texto constitucio-nal segundo as regras instituídas pelo Poder Constituinte Originário. Caracteriza-se por ser um poder instituído, limitado e condicionado juridicamente. A Constituição de 1988 estabe-leceu a possibilidade de sua manifestação por meio de reforma (CF, art. 60) ou de revisão (ADCT, art. 3º).

PODER CONSTITUINTE

ORIGINÁRIO DECORRENTE DERIVADO

Conceito

Poder que institui a Consti-tuição de um Estado. A po-sição dominante na doutri-na é que possui natureza política (ou de um poder de fato).

Poder que os Estados-mem-bros têm de elaborar suas constituições.

Poder de alteração da cons-tituição por emenda cons-titucional de reforma (P.C. Derivado Reformador) ou de revisão (P.C. Derivado Revisor).

10. Poder constituinte do Estado-membro, p. 19.

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988 Art. 1º

PODER CONSTITUINTE

ORIGINÁRIO DECORRENTE DERIVADO

Características

• Inicial – porque inaugu-ra uma nova ordem jurí-dica.

• Autônomo – porque so-mente ao seu exercente cabe estabelecer os pa-râmetros da nova consti-tuição.

• Ilimitado – porque é soberano e não sofre qualquer limitação pelo direito pré-existente. – Dignidade da pessoa hu-mana

• Incondicionado – por-que não se condiciona a nenhum processo ou procedimento previsto. É ele que, quando invo-cado, estabelece a forma como vai proceder.

• Permanente – porque não se exaure com o seu exercício.

• Derivado – porque é um poder derivado do PCO. Possui natureza de poder de direito e não “de fato”.

• Limitado – porque a constituição impõe limites ao seu exercício.

• Condicionado – porque só pode se manifestar de acor-do com as formalidades traçadas pela constituição.

OBSERVAÇÃO: o titular do Poder Constituinte é sempre o povo, mas o seu exercício se dá por meio de representantes.

2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – Súmula vinculante nº 11. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da auto-ridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

` STF – Súmula vinculante nº 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com com-petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

` STF – Súmula nº 70. É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo.

` STF – Súmula nº 323. É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.

` STF – Súmula nº 547. Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.

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3. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (FCC – Defensor Público – SP/ 2012) Emmanuel Joseph Sieyès (1748-1836), um dos inspirado res da Revolu-ção Francesa, foi autor de um texto que teve grande repercussão na teoria do Poder Constituinte. O re ferido texto é:

(A) Que é o terceiro Estado?(B) O poder do terceiro Estado.(C) Que pretende o terceiro Estado?(D) Que tem sido o terceiro Estado?(E) A importância do terceiro Estado.

02. (FCC – Defensor Público – SP/ 2012) A Constituição Federal de 1988, fruto do exercício do Po der Consti-tuinte Originário, inaugurou nova ordem jurídico-constitucional. Sobre o relacionamento da Constituição Federal de 1988 com as ordens jurídicas pretéritas (consti tucionais e infraconstitucionais) é correto afirmar:

(A) Normas infraconstitucionais anteriores à Constitui ção Federal de 1988, desde que compatíveis mate rial e formalmente com a ordem constitucional atual, continuam válidas.

(B) De acordo com entendimento dominante no Su premo Tribunal Federal, os dispositivos da Consti tuição de 1967 (com as alterações da Emenda no 1 de 1969), que não forem contrários à Constituição Federal de 1988, continuam válidos, mas ocupam posição hierárquica infraconstitucional legal.

(C) Por força de norma expressa do Ato das Disposi ções Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, houve manutenção da aplicação de determinados dispositivos da Constituição de 1967 (com as alterações da Emenda no 1 de 1969).

(D) A promulgação da Constituição Federal de 1988 revogou integralmente a Constituição de 1967 (com as al-terações da Emenda no 1 de 1969), inexistindo, dada a incompatibilidade da ordem constitucional atual com o regime ditatorial anterior, possibilidade de recepção de dispositivos infraconstitucionais.

(E) Dispositivo da Constituição de 1946, que seja ple namente compatível com a ordem constitucional de 1988, com a revogação da Constituição de 1967 (com as alterações da Emenda no 1 de 1969), tem sua validade retomada.

03. (CEPERJ – Analista de Controle Interno/RJ – 2012) Nos termos da estrutura normativa estabelecida pela Constituição Federal de 1988, pode-se considerar princípio atinente à forma de Governo a:

(A) Solidariedade.(B) Dignidade(C) Justiça(D) República(E) Felicidade.

04. (Cespe/MP/PI/Analista/2012) O poder constituinte originário, responsável pela elaboração de uma nova Constituição, extingue-se com a conclusão de sua obra.

05. (CESPE – Procurador BACEN/2013) No que se refere ao poder constituinte, ao preâmbulo da CF e ao ADCT, assinale a opção correta.

(A) As normas do ADCT são normas constitucionais, com o mesmo status jurídico e mesma hierarquia das de-mais normas previstas no texto principal.

(B) De acordo com o entendimento do STF, o preâmbulo da CF constitui norma central que deve ser reproduzida obrigatoriamente nas constituições estaduais.

(C) As normas acrescidas ao ADCT pelo poder constituinte de reforma não admitem controle de constituciona-lidade.

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988 Art. 2º

(D) Para que o poder constituinte originário possa expressar-se validamente, mediante a instalação de uma nova ordem jurídica, é imprescindível a consulta prévia ao titular do poder.

(E) O exercício do poder constituinte derivado não deve obediência às normas de natureza procedimental es-tabelecidas pelo legislador constituinte originário.

06. (Cespe – Procurador Federal/2013 – Adaptada) Considerando os fundamentos do Estado federal brasilei-ro e o princípio da separação dos poderes, julgue:

I. São fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil, entre outros, os valores sociais do tra-balho e da livre iniciativa.

07. (UEG – Delegado de Polícia – GO/2013) O poder constituinte originário, segundo a teoria constitucional, é a força política capaz de estabelecer o vigor normativo da Constituição e tem por características precípuas

(A) pertencer a uma dada ordem jurídica e ser regido pelo direito por ela positivado.(B) esgotar-se com a edição da Constituição, não subsistindo para além dessa ordem.(C) ser a vontade política do grupo de poder, independente de valores culturais.(D) ter eficácia atual por constituir força histórica apta a realizar os fins a que se propõe.

08. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRT 10/2013 – Adaptada) Acerca dos princípios fun-damentais expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) e da aplicabilidade das normas constitucionais, julgue os itens a seguir: A dignidade da pessoa humana e o pluralismo político são princípios fundamentais da República Federativa do Brasil.

09. (Cespe – Procurador Federal/2013 – Adaptada) Considerando os fundamentos do Estado federal brasi-leiro e o princípio da separação dos poderes, julgue os próximos itens. São fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil, entre outros, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

10. (MPE-MS – Promotor de Justiça – MS/2013) Sobre o Poder Constituinte é incorreto afirmar:(A) o objetivo fundamental do Poder Constituinte Originário é o de criar um novo Estado.(B) o Poder Constituinte Originário é inicial, não autônomo (segundo a corrente positivista adotada no Brasil) e

ilimitado juridicamente.(C) o Poder Constituinte Derivado também é denominado de Poder Constituinte Instituído, Constituído, Secun-

dário ou de Segundo Grau.(D) o Poder Constituinte Derivado Decorrente tem como missão estruturar a Constituição dos Estados-Mem-

bros.(E) o Poder Constituinte Derivado é limitado e condicionado.

GAB 01 A 02 C 03 D 04 E 05 A 06 C 07 D 08 C 09 C 10 B

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

1. BREVES COMENTÁRIOSInspirado na obra de Locke, Montesquieu escreveu o clássico tratado L’Esprit des lois (1748).

Após constatar, com base na “experiência eterna”, que todo aquele que é investido no poder tende a dele abusar até que encontre limites, o escritor francês sustenta que a limitação a um poder só é possível se houver outro poder capaz de limitá-lo.11 A descrição da Constituição

11. CAETANO, Marcello. Manual de ciência política e direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2003. Tomo I, pp. 192-193.

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Art. 2º tÍtulo i – dos pRinCÍpios Fundamentais .

inglesa como exemplo de limitação do poder pelo poder, segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho pode ter tido a intenção oculta, em razão das cautelas exigidas pela época, de “recomen-dar a divisão do poder como remédio contra o absolutismo e como garantia da liberdade”, especialmente se assegurada a independência do Judiciário.12

No final do Século XVIII, este princípio transformou-se em dogma com a célebre consa-gração no art. 16 da declaração dos direitos do homem e do cidadão, na qual ficou estabelecido que “toda sociedade na qual não é assegurada a garantia dos direitos, nem determinada a se-paração dos poderes, não possui uma constituição”.

A doutrina liberal do início do século XIX preconizava uma rigorosa separação de funções a serem atribuídas com exclusividade a cada órgão da soberania. Esta rígida separação, base-ada na interpretação do esquema extraído por Locke e Montesquieu da prática constitucional britânica, todavia, mostrou-se inadequada.13

CANOTILHO constata que atualmente há uma tendência de se considerar que a teoria da separação dos poderes engendrou um mito, consistente na atribuição a Montesquieu de um modelo teórico reconduzível à teoria dos três poderes rigorosamente separados, no qual cada poder recobriria uma função própria sem qualquer interferência dos outros.

Todavia, prossegue o constitucionalista português, “foi demonstrado por ElSENMANN que esta teoria nunca existiu em Montesquieu [...]. Mais do que separação, do que verdadeira-mente se tratava era de combinação de poderes: os juízes eram apenas «a boca que pronuncia as palavras da lei»; o poder executivo e legislativo distribuíam-se por três potências: o rei, a câmara alta e a câmara baixa, ou seja, a realeza, a nobreza e o povo (burguesia). O verdadeiro problema político era o de combinar estas três potências e desta combinação poderíamos deduzir qual a classe social e política favorecida”.14

Atualmente a idéia de limitação da soberania por meio da repartição das competências distribuídas por diversos órgãos perdeu grande parte de seu valor. Hoje, o princípio não apre-senta a mesma rigidez, porquanto a ampliação das atividades estatais impôs novas formas de interrelação entre os Poderes, de modo a estabelecer uma colaboração recíproca.

Nesse sentido, José Afonso da SILVA ensina que “A ‘harmonia entre os poderes’ verifica--se primeiramente pelas normas de cortesia no trato recíproco e no respeito às prerrogativas e faculdades a que mutuamente todos têm direito. De outro lado, cabe assinalar que nem a divisão de funções entre os órgãos do poder nem sua independência são absolutas. Há inter-ferências, que visam ao estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, à busca do equilíbrio necessário à realização do bem da coletividade e indispensável para evitar o arbítrio e o desmando de um em detrimento do outro e especialmente dos governados”.15

12. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do processo legislativo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 61.13. CAETANO, Marcello. Manual de ciência política e direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2003. Tomo

I, p. 202.14. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 260.15. Curso de Direito Constitucional Positivo. 14. ed. Malheiros: São Paulo, 1997, p. 111.

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Constituição da RepúbliCa FedeRativa do bRasil de 1988 Art. 2º

Por seu turno, João Maurício ADEODATO identifica três fatores importantes e estreita-mente conexos responsáveis por tornar obsoleta a tradicional separação de poderes: “a pro-gressiva diferenciação entre texto e norma, a crescente procedimentalização formal das deci-sões e o aumento de poder do judiciário”.16

A Constituição de 1988, além de protegê-lo como cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4º, III), estabeleceu toda uma estrutura institucional de forma a garantir a independência entre eles, matizada com atribuições de controle recíproco. Nesse prisma, a separação dos poderes não impede o controle de atos do Legislativo e do Executivo pelo Poder Judiciário. A independên-cia entre os poderes tem por finalidade estabelecer um sistema de “freios e contrapesos” para evitar o abuso e o arbítrio por qualquer dos Poderes. A harmonia se exterioriza no respeito às prerrogativas e faculdades atribuídas a cada um deles.

Conforme destacado pelo Ministro Sepúlveda Pertence, para fins de controle de constitu-cionalidade é necessário extrair da própria Constituição o traço essencial da atual ordem, por não haver uma “fórmula universal apriorística” para este princípio.17

2. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

` AgRg no RE 634.643-RJ. Rel. Min. Joaquim Barbosa. Recurso extraordinário. Ação civil pública. Abrigos para moradores de rua. Reexame de fatos e provas. Súm. 279/STF. Ofensa ao princípio da separação dos po-deres. Inexistência. Agravo regimental desprovido. Incabível o recurso extraordinário quando as alegações de violação a dispositivos constitucionais exigem o reexame de fatos e provas (Súm. 279/STF). Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que não ofende o princípio da separação de poderes a determina-ção, pelo Poder Judiciário, em situações excepcionais, de realização de políticas públicas indispensá-veis para a garantia de relevantes direitos constitucionais. Agravo regimental desprovido. (Info 675)

3. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (FCC/TRE/SP/Técnico/2012) O mecanismo pelo qual os Ministros do Supremo Tribunal Federal são nome-ados pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pelo Senado Federal, decorre do princípio constitucional da

(A) separação de poderes.(B) soberania.(C) cidadania.(D) inafastabilidade do Poder Judiciário.(E) solução pacífica dos conflitos.

02. (Vunesp – Promotor de Justiça – ES/2013) Determinado Estado-membro da Federação brasileira editou lei ordinária que introduz a exigência de autorização prévia da Assembleia Legislativa para o licenciamento de ativida des utilizadoras de recursos ambientais consideradas efeti vas e potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Conside rando as normas constitucio-nais relativas ao tema, é correto afirmar que essa Lei Estadual é

(A) inconstitucional, porque a referida lei implica indevida interferência do Poder Legislativo na atuação do Poder Executivo e usurpação de competência da União.

16. “Adeus à separação dos poderes?”. Leituras complementares de constitucional: Teoria da Constituição. Marcelo Novelino [org.]. Salvador: Juspodivm, 2009, p. 283-292.

17. STF – ADI 98, rel. Ministro Sepúlveda Pertence.

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Art. 3º tÍtulo i – dos pRinCÍpios Fundamentais .

(B) inconstitucional, porque a espécie normativa adequada a veicular a referida matéria é a lei complementar e não a lei ordinária.

(C) constitucional, tendo em vista as disposições constitu cionais protetivas do meio ambiente, bem como aque-las que estabelecem as regras de repartição de competên cias entre os entes da Federação.

(D) inconstitucional, pois essa exigência não poderia ser feita por meio de lei, mas somente por meio de Decreto do Governador do Estado.

(E) constitucional, uma vez que está em sintonia com as normas da Constituição que visam proteger o meio am biente como bem essencial à sadia qualidade de vida, que impõe ao Poder Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

GAB 01 A 02 A

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

1. BREVES COMENTÁRIOSA Constituição brasileira de 1988, inspirada no art. 9º da Constituição portuguesa de

1976, inovou em relação às nossas constituições anteriores ao estabelecer os objetivos fun-damentais que visam à promoção e concretização dos fundamentos da República Federa-tiva do Brasil (CF, art. 1º). Diversamente dos fundamentos, valores estruturantes do Estado brasileiro consubstanciados em normas de eficácia plena, os objetivos fundamentais con-sistem em algo exterior a ser perseguido.18 Esses objetivos estão consagrados em normas--princípio que estabelecem finalidades fundamentais a serem promovidas pelos poderes públicos que, por sua vez, têm o dever de empreender todos os esforços necessários para alcançá-los.

A construção de uma sociedade justa e solidária (princípio da solidariedade) e a busca pela redução das desigualdades sociais e regionais estão associadas à concretização do prin-cípio da igualdade, em seu aspecto substancial (igualdade fática). Nesse sentido, legitimam a adoção de políticas afirmativas (ações afirmativas ou discriminações positivas) por parte do Estado.

A erradicação da pobreza é uma das muitas concretizações do princípio da dignidade da pessoa humana, por estar indissociavelmente relacionada à promoção de condições dignas de vida. Com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de sub-sistência, foi instituído pela EC 31/2000 o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, cujos recursos são aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saú-de, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social voltados para

18. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 149.

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