Modernismo Brasileiro - 1ª fase

Preview:

DESCRIPTION

 

Citation preview

A 1ª FASE (1922 – 1930) Combate - Ruptura - DestruiçãoA Fase Nacional > o nacionalismo crítico – um olhar sobre o passado. MODERNISMO > A ARTE SEM REGRAS

O Radicalismo

O Anarquismo – “Não sabemos o que queremos. Sabemos discernir o que não queremos.”

O Perfil Iconoclasta – a destruição de valores.

O Modernismo

A Presença do Cotidiano - a poética do dia-a-dia.

O Coloquialismo da linguagem – a elevação da fala coloquial brasileira à categoria de valor literário.

A Liberdade de Expressão - o uso dos versos livres e brancos.

A busca pela Originalidade.

A Paródia.

A Simplicidade.

A Primeira Fase Modernista

Poética

Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto expedienteprotocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionárioo cunho vernáculo de um vocábulo.Abaixo os puristasTodas as palavras sobretudo os barbarismos universaisTodas as construções sobretudo as sintaxes de exceçãoTodos os ritmos sobretudo os inumeráveisEstou farto do lirismo namoradorPolíticoRaquíticoSifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmoDe resto não é lirismoSerá contabilidade tabela de co-senos secretário do amanteexemplar com cem modelos de cartas e as diferentesmaneiras de agradar às mulheres, etcQuero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Evocação do Recife

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livrosVinha da boca do povo na língua errada do povoLíngua certa do povoPorque ele é que fala gostoso o português do BrasilAo passo que nósO que fazemosÉ macaquearA sintaxe lusíada

ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.A alma é que estraga o amor.Só em Deus ela pode encontrar satisfação.Não noutra alma.Só em Deus — ou fora do mundo.As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Mário de Andrade “Aliás, muito difícil nesta prosa saber onde termina a blague, onde principia a seriedade. Nem eu sei. E desculpe-me por estar tão atrasado dos movimentos artísticos atuais. Sou passadista, confesso. Ninguém pode se libertar duma só vez das teorias avós que bebeu; e o autor deste livro seria hipócrita si pretendesse representar orientação moderna que ainda não compreende bem. Pronomes? Escrevo brasileiro. Si uso ortografia portuguesa é porque, não alterando o resultado, dá-me uma ortografia.”

(Prefácio Interessantíssimo)

Oswald de Andrade Humor – paródia – deboche.

A crítica ao academicismo e à burguesia.

A busca pela “língua brasileira”.

O poema-piada e o poema-minuto.

A linguagem cinematográfica (flashes). 

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados

Infância

O camisolãoO jarroO passarinhoO oceanoA visita na casa que a gente sentava no sofá. adolescênciaAquele amor nem me fale

maturidadeO Sr. e a Sra. AmadeuParticipam a V. Exa.O feliz nascimentoDe sua filhaGilberta

velhiceO netinho jogou os óculos Na latrina

Erro de Português

Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuvaVestiu o índioQue pena! Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português.

Manifesto da Poesia Pau-Brasil

“A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”

“Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.”

Manifesto Antropófago

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.Tupi, or not tupi that is the question.Contra todas as catequeses. (...)Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Manuel Bandeira Influências parnasianas e simbolistas.

Concilia a agitação revolucionária com a herança tradicional.

Simplicidade temática.

Pureza da infância.

Amargura – tristeza – doença.

Auto ironia.

Evasão.

Pneumotórax Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.A vida inteira que podia ter sido e que não foi.Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico:— Diga trinta e três.— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .— Respire..........................................................................................................— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Mulheres Como as mulheres são lindas!Inútil pensar que é do vestido...E depois não há só as bonitas:Há também as simpáticas.E as feias, certas feias em cujos olhos eu vejo isto:Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha. Como deve ser bom gostar de uma feia!O meu amor porém não tem bondade alguma,É fraco! fraco!Meu Deus, eu amo como as criancinhas...És linda como uma história da carochinha...E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai(No tempo em que pensava que os ladrões moravam no

[morro atrás de casa e tinham cara de pau).

Profundamente

Quando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São JoãoPorque adormeciHoje não ouço mais as vozes daquele tempoMinha avóMeu avôTotônio RodriguesTomásiaRosaOnde estão todos eles?— Estão todos dormindoEstão todos deitadosDormindoProfundamente.

Poema só para Jaime Ovalle

Quando hoje acordei, ainda fazia escuro(Embora a manhã já estivesse avançada).Chovia.Chovia uma triste chuva de resignaçãoComo contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.Então me levantei,Bebi o café que eu mesmo preparei,Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.amei.

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra PasárgadaLá su amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra PasárgadaVou-me embora pra PasárgadaAqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconseqüenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive

E como farei ginásticaAndarei de bicicletaMontarei em burro braboSubirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar!E quando estiver cansadoDeito na beira do rioMando chamar a mãe-d'águaPra me contar as históriasQue no tempo de eu meninoRosa vinha me contarVou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudoÉ outra civilizaçãoTem um processo seguroDe impedir a concepçãoTem telefone automáticoTem alcalóide à vontadeTem prostitutas bonitasPara a gente namorar

E quando eu estiver mais tristeMas triste de não ter jeitoQuando de noite me derVontade de me matar— Lá sou amigo do rei—Terei a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada.