Quadrinhos como fonte de pesquisa corrigido

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Slide apresentado no minicurso, na ANPUH de 2011.

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Os Quadrinhos como fonte de pesquisa: algumas

reflexões

Natania Nogueiranogueira.natania@gmail.comValéria Fernandesshojofan@gmail.com

Quadrinhos são gêneros discursivos multimodais - textos que conjugam simultaneamente múltiplos modos de significação, como imagens, textos, sons, entre outros.

Para Waldomiro Vergueiro, os quadrinhos são “uma manifestação artística autônoma, assim como são a literatura, o cinema, a dança, a pintura, o teatro e tantas outras formas de expressão” .

Definindo quadrinhos

Quadrinhos como fonte de Quadrinhos como fonte de pesquisa: acessopesquisa: acesso

As fontes de pesquisa em quadrinhos ou em artes gráficas podem ser encontradas em bibliotecas, arquivos e na internet na forma de periódicos (revistas e jornais) ou em textos avulsos.

É possível encontrar arquivos para download com acervos completos de periódicos. Neste sentido, a digitalização de acervos tem contribuído muito para o estudo de periódicos como a Revista Fon Fon, para citar um caso.

O interesse acadêmico O interesse acadêmico crescente pelo temacrescente pelo tema

O crescimento do interesse acadêmico pode ser confirmado, por exemplo, nos dados apresentados pela organização da I Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, evento a ser realizado em agosto de 2011.

Dos diversos eixos temáticos, a História ficou em segundo lugar no número de inscrições de trabalhos.

Há, também, a presença dos quadrinhos nas redes sociais de história.

No Café História, o grupo de discussão sobre quadrinhos e história, criado por Jefferson Lima, conta com a participação de 317 membros, entre professores, estudantes e pesquisadores que atuam na área.

As diversas possibilidadesAs diversas possibilidades

Quadrinhos são frutos de uma época e, portanto, carregam em si elementos importantes para se entender como funcionava a dinâmica social de determinado recorte histórico.

O historiador pode ir muito além da “História das Histórias em Quadrinhos”. Um estudo dos quadrinhos do ponto de vista histórico pode trazer à tona informações relevantes para o estudo dos mais variados temas.

Pode-se, por exemplo, construir um estudo sobre história cultural ou história política a partir das ilustrações, caricaturas e quadrinhos de Angelo Agostini, que exercitou uma crítica ferrenha sobre a sociedade e a política durante o II Reinado.

Quadrinhos de Quadrinhos de Angelo Agostini, Angelo Agostini, 1876, relatam 1876, relatam com humor as com humor as eleições durante eleições durante o segundo o segundo reinado.reinado.

A partir das caricaturas de Nair de Teffé, podemos fazer uma análise estética da elite carioca e petropolitana, ou mesmo um estudo de gênero, nas primeiras décadas do secúlo XX

A caricatura de Mlle. A caricatura de Mlle. E.R.M. (1910) mostra E.R.M. (1910) mostra uma jovem dama que uma jovem dama que se esconde embaixo se esconde embaixo de um enorme chapéu. de um enorme chapéu. Uma representação Uma representação interessante da interessante da mulher da elite, da mulher da elite, da qual se exige um qual se exige um discrição e uma discrição e uma distinção às quais as distinção às quais as mulheres de outras mulheres de outras categorias sociais categorias sociais podem, até certo podem, até certo ponto, serem ponto, serem dispensadasdispensadas..

A obra de Belmonte (1896 - 1947) abre um enorme leque de possibilidades, com sua crítica ao governo Vargas e às ditaduras totalitaristas.

Belmonte destaca o isolamento de Getúlio, no final do Estado Novo.

Belmonte teve nos líderes das nações do Eixo uma fonte de inspiração para suas obra

Os quadrinhos de ficção e a Os quadrinhos de ficção e a pesquisa históriapesquisa história

Os quadrinhos produzidos no último século com objetivos puramente comerciais, voltados a públicos específicos e considerados meramente uma forma de entretenimento, também podem ser usados como objeto de pesquisa.

Este tipo de produção reflete as tendências políticas e sociais de uma época.

William Moulton Marston criou a Mulher Maravilha em 1941, a primeira super-heroína.

Em tempos de guerra, ela representava a força das mulheres norte-americanas, que deveria trabalhar para que seu país se mantivesse firme e unido, enquanto os homens lutavam na guerra contra os nazistas e em nome da liberdade.

Uma personagem que se encaixava perfeitamente nas exigências do período da guerra, quando a mulher foi convocada a ocupar as colocações masculinas das fábricas, do campo e comércio .

Um ótimo objeto para um estudo de gênero ou mesmo sobre o papel da imprensa na propaganda de guerra.

Em 1975 a EBAL Em 1975 a EBAL publicou a publicou a Origem da Origem da Miss América – A Miss América – A Mulher Maravilha, Mulher Maravilha, em edição colorida. em edição colorida. Tratava-se da Tratava-se da aventura publicada aventura publicada nos Estados Unidos nos Estados Unidos em 1942, na revista em 1942, na revista Wonder Woman, n. Wonder Woman, n. 01. Nela a Mulher 01. Nela a Mulher Maravilha – chamada Maravilha – chamada de Miss América – de Miss América – era apresentada ao era apresentada ao público como uma público como uma campeã das forças campeã das forças do bem – do bem – representadas pelos representadas pelos Estados Unidos.Estados Unidos.

Os personagens da Disney oferecem, também, um material muito bom para se trabalhar vários aspectos da sociedade e da história norte-americanas e mundial.

Um exemplo é o Zé Carioca, criado durante a II Guerra Mundial como parte da aproximação dos Estados Unidos com os países da América Latina.

Zé Carioca é a imagem Zé Carioca é a imagem que os norte-americanos que os norte-americanos tiveram ao visitar o país. tiveram ao visitar o país. Ele é a síntese do Ele é a síntese do malandro brasileiro, malandro brasileiro, despreocupado com o despreocupado com o trabalho e pensando trabalho e pensando apenas em se divertir. apenas em se divertir. Misturando tudo isto e um Misturando tudo isto e um pouco mais, os roteiristas pouco mais, os roteiristas e desenhistas de Disney e desenhistas de Disney construíram um construíram um estereótipo do brasileiro, estereótipo do brasileiro, que ganhou o mundo.que ganhou o mundo.

O conteúdo desta apresentação pode ser usado, desde que seja dado crédito a quem produziu

o material.

Fontes:Fontes:

VERGUEIRO, Waldomiro, RAMOS, Paulo (orgs.). Quadrinhos na Educação: da Rejeição à prática. São Paulo: Contexto, 2009.

I Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos - Gráfico de distribuição dos resumos por eixo temático. Disponível em: http://observatoriodehistoriasemquadrinhos.blogspot.com/2011/05/i-jornadas-internacionais-de-historias_05.html, acesso em 22/06/2011.

Galeria das Elegâncias. Fon Fon! Rio de Janeiro, n. 40, ano IV, 31 de setembro de 1910, p. 17.