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7/14/2019 Gilson Antunes Corrigido http://slidepdf.com/reader/full/gilson-antunes-corrigido 1/223 GILSON UEHARA GIMENES ANTUNES O violão nos programas de pós- graduação e na sala de aula: amostragem e possibilidades São Paulo 2012

Gilson Antunes Corrigido

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    GILSON UEHARA GIMENES ANTUNES

    O violo nos programas de ps-

    graduao e na sala de aula: amostragem

    e possibilidades

    So Paulo

    2012

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    GILSON UEHARA GIMENES ANTUNES

    O violo nos programas de ps-

    graduao e na sala de aula: amostrageme possibilidades

    Tese apresentada ao

    Departamento de Msica da

    Escola de Comunicao e Artes da

    Universidade de So Paulo como

    Requisito parcial para obteno

    do ttulo de Doutor em Msica

    rea de Concentrao: Musicologia

    Linha de pesquisa: Histria, Estilo e Recepo

    Orientadora: Profa. Dra. Flvia Camargo Toni

    So Paulo

    2012

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    Nome: Antunes, Gilson Uehara Gimenes

    Ttulo: O violo nos programas de ps-graduao e na sala de aula: amostragem e

    possibilidades

    Tese apresentada Escola de Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo, no

    programa de ps-graduao em msica, para a obteno do ttulo de Doutor em Msica

    Aprovado em:

    Banca Examinadora: _______________________________________

    Prof. Dra. Flvia Camargo Toni

    ________________________________________

    Prof. Dr. Edelton Gloeden

    _________________________________________

    Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles

    _________________________________________Prof. Dr. Gicomo Bartoloni

    __________________________________________

    Prof. Dr. Paulo Castagna

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    Para o meu filho Yuri, in memorian

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    Agradecimentos

    Gostaria de agradecer, primeiramente, minha orientadora Prof. Dra. Flvia

    Camargo Toni.

    Ao Edelton Gloeden e Paulo de Tarso Salles, por estarem na minha banca de

    defesa de doutorado.

    Ao Paulo Castagna um agradecimento especial, por me inspirar e me mostrar os

    caminhos da pesquisa, alm da amizade e integridade pessoal em todos os momentos.

    Ao Gicomo Bartoloni, Fbio Zanon e Robert Brightmore, por me guiarem no

    violo e pela amizade.

    minha amiga de sempre Teresinha Prada, por toda a ajuda.

    Aos coordenadores e professores da Universidade Federal da Paraba e da

    Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Aos mdicos, enfermeiros e funcionrios do Hospital So Camilo da Pompia

    em So Paulo, que acompanharam a escrita de boa parte dessa tese.

    Aos professores Sidney Molina, Albrgio Diniz, Alda de Jesus Oliveira, Ana

    Cristina Tourinho, Mario Ulloa, Daniel Wolff, Eduardo Meirinhos, Eugenio Lima,

    Flvio Barbeitas e Jos Daniel, pela ajuda e prontido nos momentos em que eu

    precisei.

    Um obrigado muitssimo especial ao Humberto Amorim, amigo de

    absolutamente todos os momentos, e sem o qual a escrita dessa tese teria sido muito

    mais difcil.

    Agradeo a toda a minha famlia, em especial aos meus pais, irmos e minha

    esposa Selma e meus filhos Liam e Yuri (in memorian). Eles so realmente meu

    suporte, minha inspirao e minha alegria diria.

    Finalmente, agradeo a todos os autores dos trabalhos aqui elencados, pelo envio

    das teses e dissertaes aqui estudadas, entre eles Rodrigo Carvalho de Oliveira, Mrcio

    de Souza, Robson Barreto Matos, Ricieri Carlini Zorzal, Joo Fortunato Soares Quadros

    Junior, Joo Raone, Fbio Scarduelli, Marcelo Fernandes, Eric Martins, Edilson Vicente

    de Lima, Fbio Bartoloni, Rosimari Parra Gomes, Flvio Apro, Marcelo Brazil, Paola

    Picherzky, Mrcio Pacheco de Carvalho, Luis Naveda, Sandra Alfonso, Carlos Chaves,Mario da Silva, Luis Ricardo Queiroz, Maria Haro, Bartolomeu Wiese, Nelson Caiado,

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    Clayton Vetromilla, Paulo Pedrassoli, Fernanda Maria Cerqueira Pereira, Marcos

    Kroning Correa e Aristteles de Almeira Pires. So muitos nomes, e eu j peo

    desculpas por algum eventual esquecimento de minha parte.

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    Aquele que deseja o conhecimento deve fazer, ele mesmo, os primeiros esforos

    para encontrar a sua fonte, para aproximar-se dela, ajudando-se com as indicaes

    dadas a todos, mas que as pessoas, via de regra, no desejam ver nem reconhecer.

    O conhecimento no pode vir aos homens gratuitamente, sem esforos de sua

    parte.

    George Ivanovich Gurdjieff

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    RESUMO

    Este trabalho visou localizar, ler e analisar teses e dissertaes de mestrado e

    doutorado a respeito do violo escritas e defendidas em universidades brasileiras entre

    os anos de 1991 e 2007. Procurou, tambm, observar as aplicaes didticas desses

    trabalhos como auxlio a professores, alunos e demais interessados a respeito do violo.

    Finalmente, conseguiu demonstrar que, a despeito da parca bibliografia impressa no

    Brasil referente ao violo, esses trabalhosmuitos deles passveis de serem obtidos em

    sitese bibliotecas de universidades servem como material de referncia e estudo aos

    pesquisadores e pblico em geral.

    Palavras-chave: Violo. Teses. Universidades. Bibliografia

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    ABSTRACT

    This paper intended getting, reading and to analyze the thesis of doctoral and

    master degree about the guitar written in Brazilian universities between the years 1991

    and 2007. Intended, also, to observe the didactic applications of this thesis as a source

    for teachers, students and any interested people about guitar subjects. Last, it goals to

    show that, despite the small number of books about the guitar printed in Brazil, this

    works in general not difficult to have access in websites and libraries of the

    universities are useful as material of reference and study for both researchers and

    public in general.

    Key-words: Guitar. Thesis. Universities. Bibliography.

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:

    mestrado, p.155

    Tabela 2: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:

    mestrado, p.155

    Tabela 3: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:

    doutorado, p.157

    Tabela 4: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:

    doutorado, p.157

    Tabela 5: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado, p.158

    Tabela 6: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado, p.159

    Tabela 7: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao, p.160

    Tabela 8: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao, p.160

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ANPPOM: Agncia Nacional de Pesquisa em Ps-Graduao em Msica

    CAPES: Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CBM: Conservatrio Brasileiro de Msica

    PROLAM-USP: Programa de Integrao da Amrica Latina da Universidade de So

    Paulo

    PUC-SP: Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

    TA: Trabalho Analtico

    TD: Trabalho Didtico

    TH: Trabalho Histrico

    UFBA: Universidade Federal da Bahia

    UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

    UFPE: Universidade Federal de Pernambuco

    UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina

    UNESP: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho"

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    UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas

    UNIRIO: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    USP: Universidade de So Paulo

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    SUMRIO

    Introduo,p.1

    Captulo 1.1 - A formao de um violonista no Brasil: uma experincia pessoal

    envolvendo aprendizagem e ensino, p.8

    1.1.1 Prembulo, p.8

    1.1.2 Formao, p.11

    1.1.3 Conservatrio, p.14

    1.1.4 Aula particular, p.18

    1.1.5 Universidade, p.19

    1.1.6 Curso de especializao, p.22

    1.1.7 Mestrado, p.24

    1.1.8 Atividade docente: atividades aplicadas e mtodos utilizados para os

    alunos, p.28

    1.2- Os Programas de Ps-Graduao, p.35

    1.2.1 Regio Centro-Oeste, p.381.2.1.1Universidade Federal de Gois (UFG), p.38

    1.2.2 Regio Nordeste, p.391.2.2.1 Universidade Federal da Bahia (UFBA), p.39

    1.2.2.2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), p.40

    1.2.3 Regio Sudeste, p.411.2.3.1Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), p.41

    1.2.3.1.1 Departamento de Msica, p.411.2.3.1.2 Departamento de Histria, p.41

    1.2.3.2 Universidade Federal de Uberlndia (UFU), p.42

    1.2.3.2.1 Faculdade de Cincia da Computao, p.42

    1.2.3.2.2 Departamento de Histria, p.42

    1.2.3.3 Conservatrio Brasileiro de Msica (CBM), p. 43

    1.2.3.4 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO),

    p.43

    1.2.3.5 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), p.441.2.3.5.1 Departamento de Msica, p.44

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    1.2.3.5.2 Departamento de Histria, p.45

    1.2.3.6 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP), p.45

    1.2.3.6.1 Departamento de Histria, p.45

    1.2.3.6.2 Departamento de Comunicao e Semitica, p.46

    1.2.3.7 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    (UNESP), p.46

    1.2.3.7.1 Departamento de Msica, p.46

    1.2.3.7.2 Departamento de Histria, p.47

    1.2.3.8 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), p.47

    1.2.3.9 Universidade de So Paulo (USP), p.48

    1.2.3.9.1 Departamento de Msica, p.49

    1.2.3.9.2 Programa em Integrao Latino Americana (PROLAM),

    p.49

    1.2.4 Regio Sul, p.50

    1.2.4.1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), p.50

    1.2.4.1.1 Departamento de Msica, p.50

    1.2.4.1.2 Instituto de Informtica, p.51

    1.2.4.2 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), p.51

    Captulo 2- O violo nas dissertaes e teses entre 1991 e 2007 , p.53

    2.1 Regio Centro-Oeste, p.53

    2.1.1 Universidade Federal de Gois PPG Msica Mestrado

    em Msica, p.53

    2.2 Regio Nordeste, p.562.2.1 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Mestrado

    em Educao Musical, p.56

    2.2.2 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Doutorado

    em Educao Musical, p.57

    2.2.3 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Mestrado

    em Msica, p.58

    2.2.4 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Doutoradoem Msica, p.65

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    2.2.5 Universidade Federal de Pernambuco PPG Cincia da

    ComputaoMestrado em Cincia da Computao, p.66

    2.2.6 Universidade Federal de Pernambuco PPG Cincia da

    ComputaoDoutorado em Cincia da Computao, p.68

    2.3 Regio Sudeste, p.67

    2.3.1 Conservatrio Brasileiro de Msica CPGPE - Mestrado

    em Msicarea de Educao Musical, p.69

    2.3.2 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG

    Comunicao e SemiticaMestrado em comunicao e Semitica, p. 69

    2.3.3 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG

    Comunicao e SemiticaDoutorado em Comunicao e Semitica, p.70

    2.3.4 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG

    HistriaMestrado em Histria, p. 71

    2.3.5 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG

    HistriaDoutorado em Histria, p.71

    2.3.6 Universidade Estadual de Campinas PPG Artes

    Mestrado em Artes, p.72

    2.3.7 Universidade Estadual de Campinas PPG Msica

    Mestrado em Msica, p.73

    2.3.8 Universidade de So Paulo PPG Artes Mestrado em

    Artes, p.77

    2.3.9 Universidade de So Paulo PPG Artes Doutorado em

    Artes, p.87

    2.3.10 Universidade de So Paulo PROLAM Mestrado em

    Integrao da Amrica Latina, p.882.3.11 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    PPG ArtesMestrado em Msica, p.89

    2.3.12 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    PPG HistriaDoutorado em Histria, p.90

    2.3.13 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    PPG MsicaMestrado em Msica, p.91

    2.3.14 Universidade Federal de Minas Gerais PPG Histria Mestrado em Histria, p.96

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    2.3.15 Universidade Federal de Minas Gerais PPG Msica

    Mestrado em Msica, p.97

    2.3.16 Universidade Federal de Uberlndia PPG Cincias da

    ComputaoMestrado em Cincias da Computao, p.99

    2.3.17 Universidade Federal de Uberlndia PPG Histria

    Mestrado em Histria, p.100

    2.3.18 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro PPG

    MsicaMestrado em Msica, p.101

    2.3.19 Universidade Federal do Rio de Janeiro PPG Histria

    Doutorado em Histria Social, p.105

    2.3.20 Universidade Federal do Rio de Janeiro PPG Msica

    Mestrado em Msica, p.105

    2.4 Regio Sul, p.120

    2.4.1 Universidade Federal de Santa Catarina PPG Engenharia

    de ProduoMestrado em Engenharia de Produo, p.120

    2.4.2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Cincia

    da computaoMestrado em Cincia da Computao, p.121

    2.4.3 Universidade Federal do Rio Grande do SulPPG Msica

    Mestrado em Educao Musical, p.121

    2.4.4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Msica

    Mestrado em Msica, p.122

    2.4.5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Msica

    Doutorado em Msica, p.127

    Captulo 3- Classificao, estatstica e anlise dos trabalhos de ps-graduao com temtica violonstica defendidos no Brasil entre 1991 e 2007 , p.129

    3.1Sobre a classificao das teses e dissertaes, p.1293.1.1 Trabalho Analtico, p.1303.1.2 Trabalho Histrico, p.1343.1.3 Trabalho Didtico, p.140

    3.2Classificao geral dos trabalhos, p.1463.2.1 Regio Centro-Oeste, p.1463.2.2 Regio Nordeste, p.147

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    3.2.3 Regio Sudeste, p.1483.2.4 Regio Sul, p.154

    3.3 Trabalhos acadmicos ao longo do tempo, p.156

    3.3.1 Mestrado, p.156

    3.3.2 Doutorado, p.158

    3.4 Estados onde os trabalhos foram realizados, p.160

    3.5 Universidades onde os trabalhos foram realizados, p.161

    3.6 Anlises dos resultados, p.163

    3.6.1 Regio Centro-Oeste, p.163

    3.6.2 Regio Nordeste, p.164

    3.6.3 Regio Sudeste, p.167

    3.6.4 Regio Sul, p.170

    Concluso,p.174

    Apndice: Lista de orientadores por regio e ano em que os trabalhos orientados

    foram defendidos,p.183

    Bibliografia,p.186

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    Introduo

    A bibliografia relacionada ao violo no Brasil sempre foi tida como escassa

    pelos prprios violonistas, apesar de todas as referncias desse instrumento musical na

    cultura brasileira. Poucos foram os livros publicados sobre o assunto, e estes se

    encontram quase que em sua totalidade fora de catlogo especialmente os mais

    antigosou possuem dificuldades para serem adquiridos como quando lanados por

    editoras pequenas. Em seus projetos, uma das opes que pesquisadores e interessados

    em geral possuam era a de procurar exemplares em bibliotecas ou sebos, porm,

    quando os temas se ampliavam, tais livros acabavam sendo de ajuda um tanto menor,

    pela especificidade e delimitao de determinado assunto estudado. Certas publicaes

    de assuntos como Histria do Brasil tambm fazem parte da bibliografia violonstica

    geral, porm alguns destes, como os dos viajantes estrangeiros no Brasil nos sculos

    XVIII e XIX igualmente possuem difcil acesso e difuso, e muitos sequer foram ainda

    fichados e pesquisados.

    No momento em que finalizamos esse trabalhoincio de 2012 a quantidade

    de teses e dissertaes sobre violo j desenvolvidas ou em andamento no Brasil

    bastante grande, comparando-se com o incio da dcada de 1990, quando os primeiros

    textos de ps-graduao com temas relacionados ao instrumento comearam a ser

    escritos. Desde 1991 ano da dissertao mais antiga que encontramos com tema

    especificamente violonstico defendido no Brasil at o incio da segunda dcada deste

    novo milnio, mais de uma centena de pesquisas desse tipo foram defendidas em nossas

    universidades, em pelo menos quatro das cinco regies do pas, alm do Distrito

    Federal.

    Acreditamos que tais trabalhos desenvolvidos nas universidades brasileiras,

    escritos, em geral, por violonistas profissionais (concertistas e/ou professores), alunosrecm-formados e pesquisadores, acabam sendo parte importantssima da bibliografia

    sobre temas relacionados ao violo no Brasil, o que aumenta de forma extraordinria a

    quantidade de assuntos a serem pesquisados.

    A tese que queremos defender a de que esses trabalhos de ps-graduao com

    temtica violonstica possuem vertentes que abarcam um conjunto de ferramentas

    auxiliares no desenvolvimento de pesquisadores, intrpretes e interessados em geral,

    sendo tais vertentes baseadas em aspectos histrico-biogrficos, analticos e didticos.

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    A ideia da nossa tese surgiu da necessidade de se organizar e estudar os

    primeiros anos de escrita desses trabalhos de ps-graduao em universidades

    brasileiras, observando o desenvolvimento dos mesmos a partir de uma srie de

    parmetros como: escolha do tema e da universidade, classificao do estudo realizado

    e nome do orientador do trabalho. Utilizamos alguns referenciais tericos para inserir

    cada uma dessas obras em vertentes especficas, com intuito de ajudar o leitor a buscar

    leituras direcionadas sua escolha.

    Jos Nunes FERNANDES1escreveu em um artigo publicado pela Associao

    Brasileira de Educao MusicalABEM, observando que:

    Alguns autores j discutiram a pesquisa em educao musical no

    Brasil, mas no fazem uma listagem e uma anlise de materiaisproduzidos, apenas comentam a produo do campo amplamente.Falar do estado da arte em educao musical e em msica complicado, uma vez que h, sem dvida, uma lacuna na produobibliogrfica no que se refere a isso. Talvez possa estar de acordo como que Alves-Mazzoti (2002) j questionava na rea de educao, ofato de os pesquisadores brasileiros no se interessarem pela produode tais estudos.

    Nosso trabalho procurou encontrar respostas a questionamentos como:

    1)

    Para qual funo, especificamente, essas teses e dissertaes contribuem nodesenvolvimento de msicos, professores e interessados?

    2) Quais as similaridades encontradas de temas entre esses trabalhos?3) Quais as relaes entre os programas de ps-graduao das universidades e os

    trabalhos escritos?

    4) H caractersticas especficas em cada uma das regies brasileiras, no que tange temtica e resultados dos trabalhos escritos na ps-graduao em termos de

    violo?

    5) Quais foram os temas mais abordados pelos pesquisadores, e por qu?6) H relao entre os orientadores dos trabalhos e os assuntos abordados pelos

    pesquisadores?

    Pensamos que nossa tese vem em momento oportuno, j que, como dissemos, a

    quantidade de trabalhos cresce a cada ano, e consideramos necessrio organizar e

    estudar essas teses e dissertaes. Muitas dessas pesquisas at agora no possuem

    1

    FERNANDES, Jos Nunes.Pesquisa em educao musical: situao do campo nas dissertaes e tesesdos cursos de ps-graduao strictu sensobrasileiros.Revista da Abem, n.16, 95-98, maro 2007, pg.96.

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    3

    verso digital, algumas no esto nem mesmo disponveis em bibliotecas e outras, por

    incrvel que parea, no esto nem em posse das prprias pessoas que as escreveram.

    Atualmente algumas instituies j esto pedindo para os estudantes colocarem suas

    teses e dissertaes em verso digital na Internet, o que acaba sendo importante para a

    difuso dos mesmos e para a pesquisa dos interessados.

    Observamos ento que foi apresentada uma amostragem, ainda que da forma

    mais substanciosa que pudemosj que no consideramos programas de ps-graduao

    importantes nos quais alguns trabalhos sobre violo poderiam ser encontrados,

    programas que muito tm contribudo para o desenvolvimento da Musicologia em que o

    violo se insere. Nosso estudo foi desenvolvido na Universidade de So Paulo USP,

    por exemplo, e ainda assim deixamos de considerar trabalhos defendidos nos

    departamentos de Histria, Literatura e Cincias Sociais. Apesar disso, coletamos mais

    de cem ttulos em universidades de quatro das cinco regies brasileiras (a regio Norte

    no foi includa por no termos notcia de programas de ps-graduao nas quais o

    violo poderia de alguma forma estar includo), alm do Distrito Federal. Alguns

    trabalhos podem porventura ter ficado fora das anlises, mas a totalidade no era o

    objetivo imediato, como nossa tese ir demonstrar adiante.

    Encontramos, ao longo de nosso projeto, alguns percalos que atrapalharam

    sensivelmente o desenvolvimento da nossa tese. Entre eles a falta de atualizao de

    alguns sites de universidades pesquisadas e a dificuldade de encontrar alguns desses

    textos nas bibliotecas das universidades em que foram defendidos, ou mesmo em outras

    universidades importantes.

    A delimitao do nosso estudo vai de 1991ano em que, como j dissemos, foi

    defendida a dissertao de mestrado mais antiga coletada por ns com relao

    especificamente ao violo no Brasil at 2007ano do incio de desenvolvimento da

    nossa pesquisa de doutorado na USP. Abordamos apenas os trabalhos de ps-graduaorelacionados a teses e dissertaes strictu senso, deixando em aberto para outras

    pesquisas aqueles de especializao. No enfocamos as teses e dissertaes defendidas

    fora do Brasil pela dificuldade em termos acesso a esses textos. No abordamos tambm

    as pesquisas sobre cordas dedilhadas que no possuem relao direta com o violo

    como trabalhos sobre alade nem aqueles sobre msicos populares em que o

    instrumento no seja o foco principal como, por exemplo, um estudo sobre o msico

    Hlio Delmiro e sua relao com a guitarra eltrica. Mas podemos dizer que alguns dos

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    trabalhos tangenciam o instrumento, tais como as dissertaes de Paulo TIN2 e

    Rosimari Parra GOMES3. Inclumos tambm um estudo relacionado ao msico popular

    Dori Caymmi4e outros a respeito da guitarra eltrica e sua relao com o violo em

    um concerto de Radams Gnattali - e da viola como acompanhante de modinhas elundus - no a viola de arco nem a viola caipira - pois os mesmos versaram sobre a

    tcnica do instrumento ou sobre o desenvolvimento do mesmo em termos histricos.

    Como procedimentos metodolgicos, utilizamos pesquisas em livros, revistas,

    pginas oficiais das universidades naInternet, dicionrios, enciclopdias, dissertaes e

    teses, alm de contatos com as pessoas que escreveram os trabalhos analisados.

    Nossa tese est dividida em trs captulos. O primeiro, cuja primeira parte est

    escrita em primeira pessoa, iniciado com o relato pessoal da minha trajetria de

    atuao como msico, desde o perodo inicial de estudos em um conservatrio musical,

    passando pelas diversas fases e etapas da minha formao musical na universidade, at

    minhas atividades didticas como professor numa universidade federal. Em seguida, o

    captulo disserta a respeito dos programas de ps-graduao das universidades em que

    foram desenvolvidos os trabalhos abordados. Fizemos um breve histrico desses

    programas, principalmente por meio das informaes colhidas nos sites dessas

    universidades, organizado por ordem alfabtica de regio e de universidade. A regio

    norte no aparece em nosso trabalho por no termos encontrado nenhuma tese ou

    dissertao que tenha sido defendida em alguma universidade daquela regio.

    A idia principal desse primeiro captulo foi a de contemplar o retrospecto de um

    violonista a partir de sua experincia musical, relacionando-o com os programas de ps-

    graduao. No caso, utilizamos o prprio autor dessa tese.

    O segundo captulo diz respeito especificamente aos trabalhos de mestrado e

    doutorado defendidos em universidades brasileiras. Fizemos uma pequena resenha de

    todos os que pudemos encontrar, em ordem alfabtica, iniciando ento primeiramente

    pela Regio Centro Oeste, depois Regio Nordeste, Regio Sudeste e, por fim, Regio

    Sul. Alguns desses trabalhos foram posteriormente publicados por alguma editora, mas

    2TIN, Paulo Jos de Siqueira. Trs compositores na msica popular no Brasil: Pixinguinha, Garoto eTom Jobim. Uma anlise comparativa que abrange o perodo do choro bossa-nova. Dissertao demestrado. USP. 2001.3 GOMES, Rosimari Parra: Cancioneiros Portugueses do Sculo XVI: Discusso e Metodologia daTranscrio de msica Polifnica vocal para Instrumentos de Cordas Dedilhadas. Dissertao de

    mestrado. UNESP. 2003.4SMARARO, Jlio Cesar Caliman. O Cantador: A msica e o violo de Dori Caymmi.Dissertao deMestrado em Msica. UNICAMP. 2006.

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    para a nossa anlise utilizamos sempre a verso original, ou seja, a dissertao de

    mestrado ou tese de doutorado defendida em universidade brasileira, para unificarmos o

    material de pesquisa.

    A organizao das teses e dissertaes desse segundo captulo foi realizada a

    partir das informaes contidas na capa dos prprios trabalhos, no que concerne

    separao por programas de ps-graduao, nomes dos pesquisadores e orientadores,

    universidades, ano de concluso e aos ttulos dos trabalhos.

    O terceiro captulo analisa e classifica as dissertaes e teses em trs vertentes:

    Trabalhos Analticos, Trabalhos Didticos e Trabalhos Histricos. Utilizamos como

    referencial terico deste captulo os autores j citados, para melhor enquadramento dos

    estudos em suas respectivas reas de aplicao. Finalizando o captulo, fizemos

    consideraes a respeito das anlises das teses e dissertaes pesquisadas e inclumos

    estatsticas dos locais e universidades onde foram desenvolvidos esses estudos. Tivemos

    como foco a quantidade de trabalhos realizados em cada ano, as universidades em que

    foram desenvolvidos, quais os tipos de trabalhos abordados e em quais estados

    brasileiros essas teses e dissertaes foram defendidas.

    Para a concluso, dividimos nossas consideraes entre aquelas que resultam das

    anlises dos trabalhos e aquelas em que falamos sobre as aplicabilidades dessas teses e

    dissertaes nas salas de aula ou na ajuda para pesquisas gerais de violonistas e demais

    interessados. Como os intrpretes na preparao de um recital ou professoresnas

    salas de aula podem utilizar esses trabalhos, por exemplo, e em que medida esses

    escritos podem ser teis para os seus estudos? Quais trabalhos podem ser indicados para

    os alunos?

    No apndice, inclumos uma listagem pelo nome dos orientadorespor regio,

    e os trabalhos que foram orientados por eles em cada ano especfico.

    Valemos-nos de fontes distintas para os referenciais tericos dos captulos datese.

    Para o primeiro captulo utilizamos inicialmente as pginas eletrnicas da

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) e dos

    Programas de Ps-Graduao das universidades analisadas para buscarmos as relaes

    entre os trabalhos apresentados e os objetivos assinalados por essa comisso de

    aperfeioamento educacional. Buscamos tambm apoio no trabalho de Cludia Helena

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    SISTE5, no qual ela fez um apanhado sobre a criao e desenvolvimento dos Programas

    de Ps-Graduao no Brasil. Como o assunto foi mais abordado por pesquisadores em

    artigos especficos, utilizamos algumas revistas cientficas impressas e eletrnicas

    desenvolvidas por universidades ou por outros rgos importantes como: Ictus, da

    Universidade Federal da Bahia; Per Musi(criada em 2000), da Universidade Federal de

    Minas Gerais; Opus (criada em 1989), da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-

    Graduao em Msica (ANPPOM);Brasiliana, da Academia Brasileira de Msica eEm

    Pauta, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Para o terceiro captulo, Maria de Lourdes SEKEFF6, Chris PHILPOTT7,

    Edward CONE, apud KERMAN8 e Huib SCHIPPERS9 forneceram importantes

    fundamentos sobre o que chamamos em nossa tese de Trabalhos Didticos em

    msica. Utilizamos trabalhos de Ricardo IZNAOLA10, Abel CARLEVARO11 e

    Henrique PINTO12, que fazem importantes referncias quanto ao estudo da tcnica e

    repertrio violonsticos, sendo que Cludio RICHERME13foi utilizado pelas questes

    gerais a respeito da tcnica instrumental. E Stefan KOSTKA14, Arnold

    SCHOENBERG15e Paul HINDEMITH16deram importantes contribuies no que tange

    a anlise musical, assunto bastante desenvolvido por estudantes especialmente na

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esses autores foram utilizados para fazer

    referncia ao que consideramos Trabalhos Analticos. A respeito do que chamamos

    Trabalhos Histricos, nos valemos especialmente de Joseph KERMAN17, Alfredo

    ESCANDE18e Nikolaus HARNONCOURT19como fontes principais.

    5 SISTE, Cluda Helena. A pesquisa em prticas interpretativas: estudos recentes nas universidadesestaduais paulistas.Dissertao de Mestrado em Msica. USP. 2009. 128 pg.6SEKEFF, Maria de Lourdes.Da Msica: seus usos e recursos. So Paulo. Editora UNESP. 2002.7PHILPOTT, Chriss. Learning to Teach Music in the Secondary School. Londres e Nova York.RoutledgeFalmer. 2001.8

    KERMAN, Joseph.Musicologia.So Paulo. Editora Martins Fontes, 1987.9SCHIPPERS, Huib. Facing the Music Shaping Music Education from a Global Perspective. Oxford.Oxford University Press. 2010.10IZNAOLA, Ricardo.KitharologusThe path to virtuosity.Mel Bay, 1997.11CARLEVARO, Abel.Escuela de la Guitarra.1. Edio. Montevido, Dacisa, 1978.12PINTO, Henrique. VioloUm Olhar Pedaggico.So Paulo. Ricordi Brasileira S/A, 2005.13RICHERME, Cludio. A Tcnica Pianstica Uma Abordagem Cientfica. So Paulo. Air MusicalEditora, 1996.14KOSTKA, Stefan. Materials and Techniques of 20th Century Music.University of Texas at Austin.1990.15SCHOENBERG, Arnold.Fundamentos da Composio Musical.So Paulo. EDUSP. 1991.16

    HINDEMITH, Paul. Treinamento Elementar para Msicos.So Paulo. Ricordi. 1975.17KERMAN, Joseph. Op. cit.18ESCANDE, Alfredo. Carlevaro: Um Mundo Nuevo em la Guitarra. Montevido. Aguillar, 2005.

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    Sabemos que a quantidade de desdobramentos que se pode fazer com nosso

    objeto de estudo bastante grande, e deixamos claro que nosso trabalho foi realizado

    com o intuito de ajudar futuras pesquisas, no pretendendo encerrar o assunto.

    Nossa coleta de textos foi realizada principalmente por meio das pginas

    eletrnicas das universidades, do pedido dos trabalhos usando mensagens eletrnicas e

    telefonemas ou mesmo pessoalmente aos autores de teses e dissertaes que no

    constavam nos sites das universidades, alm da busca de trabalhos acadmicos em

    bibliotecas. Alguns desses textos foram tambm descobertos nas bibliografias

    pesquisadas nesses prprios trabalhos.

    Esperamos, enfim, que essa investigao continue sendo desenvolvida e

    aprimorada com o passar do tempo, para que o violo tenha uma bibliografia com teses

    e dissertaes mais organizada, mais abrangente e de acesso menos restrito.

    19HARNONCOURT, Nikolaus. O Discurso dos Sons: Caminhos para uma Nova Compreenso Musical.Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1998.

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    Captulo 1.1 - A formao de um violonista no Brasil: uma experincia pessoal

    envolvendo aprendizagem e ensino.

    1.1.1 Prembulo

    Reflexes musicais sobre a carreira de um msico no Brasil em suas diversas

    vertentes (professor, concertista, escritor, pesquisador, organizador de festivais e

    concursos etc.) no so fceis de serem encontradas em textos acadmicos, restringindo-

    se quase que exclusivamente a biografias de artistas conhecidos, publicados por editoras

    especializadas, em geral com informaes mais voltadas a fatos e curiosidades ocorridas

    durante suas carreiras. O tema de interesse de muitos profissionais como os descritos

    acima, entre os quais eu acredito me encaixar, igual a muitos colegas que possuem um

    papel relevante para o desenvolvimento do violo no Brasil nesse incio de sculo vinte

    e um. Ao buscar mais informaes em trabalhos acadmicos sobre msicos assim, senti

    uma carncia de informaes, e ao mesmo tempo desejo de poder desenvolver o

    assunto, pois seria uma forma de avaliar a minha experincia (e a de meus colegas)

    frente a este momento de reflexo acadmica sobre o violo clssico no Brasil.

    O violonista Alexandre VIEIRA faz diversas indagaes em sua dissertao de

    mestrado, buscando conseguir respostas a questes como Como se forma um professor

    de violo? Quais so seus espaos de atuao? A quem atendem? Como atuam? Como

    se organizam no trabalho? Como definem o que fazem?. 20 Eu poderia acrescentar a

    seguinte indagao, que faz parte essencial da minha tese e da minha carreira como

    msico: De que forma os violonistas acompanham a produo intelectual ou a reflexo

    acadmica sobre o violo? Eles utilizam as teses e dissertaes sobre violo disponveis

    para seu enriquecimento artstico e intelectual, alm de material base a suas atividades

    didticas?A flautista Ana Lucia de Marques LOURO, em sua tese de doutorado21, parte da

    seguinte premissa: sendo professora de flauta (doce e transversa), como conjugar as

    aulas na universidade com todas as outras manifestaes que fazem parte da vida do

    msico, desde tocar em recitais, cuidar do departamento de msica e at mesmo a vida

    20VIEIRA, Alexandre. Professores de violo e seus modos de ser e agir na profisso: um estudo sobreculturas profissionais no campo da msica.Dissertao de mestrado em msica, UFRGS, 2009, pg. 11.21

    LOURO, Ana Lucia de Marques. Ser docente universitrio-professor de msica: dialogando sobreidentidades profissionais com professores de instrumentos. Tese de doutorado em msica. UFRGS, 2004,195 pg.

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    familiar? Essas questes so importantes, pois quantos msicos, de qualquer

    instrumento, no passam pela mesma situao no dia-a-dia? A identificao, em minhas

    reflexes, com a temtica dessa musicista foi imediata, assim como acredito que muitos

    outros na mesma situao tenham sentido o mesmo ao ler o seu trabalho. Pois, sobre a

    atuao dos professores universitrios, a mesma pesquisadora coloca:

    Suas atuaes so diversificadas, tanto na rea de msica, incluindo,alm da atuao instrumental, regncia, composio e organizao deeventos, como na academia, onde desenvolvem, alm do ensino doinstrumento e de outras disciplinas, atividades de extenso e pesquisae/ou exercem funes administrativas. Tal multiplicidade de papisest relacionada a muitos fatores. Entre eles, a escassez de pessoal nauniversidade pblica e uma viso (...) de que, hoje em dia, auniversidade busca um professor que exera outras funes alm dedar aula de instrumento e se apresentar em pblico.22

    Mas o tema de educao, ensino e aprendizagem musical direcionado a

    professores e alunos - nem sempre aos concertistas ou pelo menos aos descritos na

    citao acima - em geral foi desenvolvido por didatas como Chris PHILPOTT, Gary

    SPRUCE e Estello JORGENSEN, entre outros, que organizaram compndios voltados

    exclusivamente ao assunto. PHILPOTT, por exemplo, no separa o conceito de teoria

    musical sua prtica, mas utiliza a primeira como base racional segunda

    23

    . Spruce falaabertamente do incmodo de alguns professores quando devem adotar uma nova

    abordagem criativa e prtica educao musical, pois isso requer que os mesmos

    utilizem radicalmente novos mtodos de ensino 24. JORGENSEN, por sua vez, diz que

    tornar-se professor uma questo de comear a pensar que j se um professor25.

    No Brasil, durante o perodo colonial, os jesutas voltavam seus ensinamentos

    musicais aos ndios e negros, com um repertrio essencialmente europeu. Com a

    expulso dos jesutas, a funo de ensino musical recaiu sobre os mestres de capela, os

    quais eram organizados por iniciativas particulares e por irmandades e confrarias. O

    primeiro conservatrio musical brasileiro, contudo, seria criado apenas em 1841, por

    Francisco Manuel da Silva, o Imperial Conservatrio, que viraria posteriormente o que

    hoje a Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro 26. Com isto,

    22LOURO. Op. cit. Pg. 60.23PHILPOTT, Chris.Learning to Teach Music in the Secondary School.Routledge Falmer, 2001, pg. 1.24SPRUCE, Gary. Teaching Music. Routlegde Falmer, 1996, pg.1.25

    JORGENSEN, Estello R. The Art of Teaching Music.Indiana University Press, 2008, pg. X.26ESPERIDIO, Neide. Educao profissional: reflexes sobre o currculo e a prtica pedaggica dosconservatrios.Revista da ABEM, n.7, setembro de 2002, pg. 69.

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    atrelaram-se diferentes formas de ensino e tradio de sculos no Brasil, e que do

    margem a discusses at os dias de hoje, em simpsios, artigos e debates gerais.

    A Associao Brasileira de Educao Musical (ABEM) mantm anualmente um

    importante simpsio sobre o assunto, assim como uma revista com artigos relacionados

    ao tema, em especial sua relao com a realidade escolar brasileira. Fundada em 22 de

    agosto de 1991 na Bahia27, a ABEM lanou sua primeira revista em maio de 1992,

    dizendo-se um espao para o professor de msica. Os artigos seriam publicados em

    quatro subreas: histria da educao musical, teoria metodolgica, reflexo sobre a

    prtica da educao musical e atualizao bibliogrfica. Entre os artigos publicados no

    primeiro nmero, um deles referiu-se, de forma sinttica, sobre a histria da educao

    musical como um prembulo para a educao musical brasileira no sculo vinte. Neste

    artigo28o autor observa que os processos de pedagogia musical tiveram uma trajetria

    lenta e tortuosa, permeada por preconceitos e crendices29. Partindo desde autores

    gregos, passando por Guido DArezzo, perodo da Reforma - quando foram criadas as

    escolas pblicas, visando popularizar o ensino da msica -, Rousseau - que comps

    canes com o intuito de difundir e popularizar o ensino da msica - e Horace Mann -

    que via o ensino da msica como ligao entre a teoria e o contedo humano -, entre

    outros, o autor observou tambm os impasses entre as diferentes ideias sobre o ensino

    musical - o embate sobre Educao Musical e Musicalizao, j no incio do sculo

    vinte -, finalizando com o modelo de canto orfenico idealizado por Villa-Lobos na Era

    Vargas, e suas implicaes pelos anos seguintes. Este artigo praticamente mostraria

    exemplos de temas e problemticas a serem desenvolvidas nas edies seguintes, o que

    a ABEM vem mantendo at hoje (2012) de forma sistemtica.

    Sobre metodologia de ensino musical, Nicolau dos SANTOS, em artigo citado

    por Jusamara SOUZA30, j colocava na dcada de 1930, no Brasil, uma diferenciao

    entre mtodo e processo, sendo o primeiro a sistematizao e organizao do conjuntodas relaes de uma disciplina para o seu entendimento, enquanto que o segundo

    trataria da aplicao, diretamente relacionado com o contedo que ir aprender.

    O intuito deste captulo, excepcionalmente escrito em primeira pessoa, atrelar

    minha experincia pessoal aos trabalhos de ps-graduao escritos no Brasil, buscando

    27Revista da ABEM, Ano 1, n.1, maio de 1992, pg.5.28MARTINS, Raimundo. Educao Musical: uma sntese histrica como prembulo para uma idia deeducao musical no Brasil do sculo XX.Revista da ABEM, n.1, ano1, maio de 1992, pg. 6-11.29

    Idem, pg.6.30SOUZA, Jusarama. Funes e Objetivos da aula de Msica Vistos e Revistos Atravs da Literatura dosAnos 30.Revista da ABEM, n.1, ano1, maio de 1992, pg.12.

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    encontrar a importncia dessas teses e dissertaes para a formao de um violonista

    nesse pas. Como minha formao musical passou por diferentes campos de estudos,

    desde aulas particulares at a universidade, passando por conservatrios e escolas de

    msica, acredito que o paralelo de meus estudos com os escritos acadmicos possa ser

    realizado. Entre os questionamentos que busco encontrar, e que sero desenvolvidos nos

    prximos captulos, esto:

    1- Qual a importncia dos trabalhos de mestrado e doutorado sobre violo escritosno Brasil, em relao formao de um violonista nesse pas?

    2- A metodologia utilizada nos conservatrios, escolas de msica, universidades eaulas particulares possui algum vnculo com os trabalhos de ps-graduao

    escritos no Brasil?

    3- possvel se fazer alguma metodologia de ensino no violo baseada nessesestudos de ps-graduao? Em caso afirmativo, como fazer?

    4- Em que medida um msico-professor pode se beneficiar desses trabalhos de ps-graduao, sendo que o mesmo precisa se dedicar s aulas, recitais, atividades

    burocrticas na universidade e suas relaes familiares e cotidianas?

    Em busca dessas respostas, acredito que esse captulo possa servir como base

    para todo o restante da tese, sendo que nos prximos captulos sero atrelados os

    estudos desses trabalhos acadmicos minha formao musical. Sobre minha colocao

    em primeira pessoa, subjetiva, para este captulo, me valho de Liora BRESLER,

    segundo o qual

    Sem dvida, numa viso de mundo construtivista, examinar ainterao do eu mesmo do pesquisador com os dados essencialpara a interpretao. A pesquisa interpretativa comea com a biografiae o eu mesmo do pesquisador. Os tipos de conhecimento, valores eidentificaes que o pesquisador possui so considerados como a

    chave que modula interpretaes e compresses.31

    1.1.2 Formao

    A formao de um msico varia bastante no Brasil. Podemos dizer que no h,

    especificamente, uma seqncia definida na qual um violonista possa seguir em termos

    31 BRESLER, Liora. The Interpretative Zone in International Qualitative Research. Em Pauta, PortoAlegre, v. 12, n.18-19, pg.16, abril-novembro 2001.

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    acadmicos, e que sirva para uma atividade profissional futura. O que se passa na vida

    de um msico desse tipo, inicialmente, e o que ele ir ser num futuro prximo, pode ou

    no ter uma coerncia. Caso ele seja um futuro concertista ou um futuro professor

    universitrio (ou ambos), a somatria das experincias far diferena no momento em

    que ele se decidir. VIEIRA fala que a profisso do professor de msica parece marcada

    pela tenso entre as identidades de docente e de msico.32

    Em minha formao, cursei sete anos de conservatriotendo como professores

    de violo Carlos Fernandes e Levy Harzer -, quatro anos de bacharelado em msica

    tendo aulas com Gicomo Bartoloni -, um ano de especializao em violo erudito,

    onde tive lies com o professor Robert Brightmore e quatro anos de mestrado em

    musicologia, onde fui orientado pela pesquisadora Flvia Camargo Toni, alm de um

    ano de estudos particulares com o violonista Fbio Zanon. Antes disso, porm, houve

    um curto perodo em que busquei aprender violo de ouvido, observando meus irmos

    mais velhos e tentando tocar acordes bsicos para msicas simples. Creio que esse

    incio bastante comum na vida de muitos violonistas, e esta viso corrobora-a Ralph

    DENYER ao afirmar:

    Os primeiros passos no violo so, em geral, resultantes de um

    interesse repentino despertado, que leva a pessoa a passar algumashoras seguidas tentando repetir um ou dois acordes bsicos, arecolher-se com o violo para algum canto sossegado da casa paradescobrir, sozinho, a sonoridade do instrumento, ensaiar a melhorcolocao dos dedos, enfim, travar o primeiro contato mais ntimocom sua mais recm-descoberta paixo.33

    Segundo Marcos Krning CORRA, os trabalhos cientficos publicados sobre

    aprendizagem do violo fora do ambiente escolar, com jovens adolescentes no Brasil,

    ainda so escassos.34Maura PENNA observa que violo de ouvido uma forma de

    aprendizagem prtica da msica, caracterstico de pessoas que aprenderam por conta

    prpria, observando os outros tocarem: olho no brao do violo mais ouvido em

    ao.35 Para Keith SWANWICK, o aprendizado por intermdio da observao de

    32VIEIRA, Alexandre. Op. cit. Pg. 26.33DENYER, Ralph. Toque: curso completo de violo e guitarra.Rio de Janeiro: Rio Grfica e Editora,s.p., 1983.34CORRA, Marcos Krning. Violo sem professor: um estudo sobre processos de auto-aprendizagem

    com adolescentes.Dissertao de mestrado em msica. UFRGS. 2000. Pg. 4.35PENNA, Maura. O desafio necessrio: por uma educao musical comprometida com a democratizaono acesso a arte. Cadernos de Estudo: educao musical 4/5. Atravez/UFMG, 1994. P.15.

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    outras pessoas tambm bastante comum (sendo que minha diferena de idade para

    meu irmo de um ano e para minha irm mais velha de cinco anos):

    A aprendizagem em msica envolve imitao e comparao com

    outras pessoas. Somos fortemente motivados a observar os outros, etendemos a competir com nossos colegas, o que tem um efeito maisdireto do que quando instrudos apenas por aquelas pessoas as quaischamamos professores. (...) A imitao e a competio soparticularmente fortes entre pessoas da mesma faixa etria e mesmogrupo social.36

    Sobre os sete anos de conservatrio, eu os cursei por no saber exatamente o que

    fazer com a msica, e o conservatrio pareceu algo mais lgico e natural para uma

    criana com dez anos de idade. Esses sete anos foram cumpridos para obter um diploma

    que eu no sabia exatamente para o que servia ou para o que poderia servir no futuro.

    Como muitas crianas na mesma situao, a concluso e obteno de um diploma era

    algo natural, como um diploma de um curso de ingls ou de algum outro curso similar.

    Os quatro anos do curso de msica na Universidade Estadual Paulista, entre

    1991 e 1994, para mim e minha famlia, era algo esperado e necessrio. O

    encaminhamento dos meus estudos foi determinando o que, em tese, eu sou hoje como

    msico e como pessoa.

    O perodo de especializao na Guildhall School of Music and Drama foi

    tambm determinante para um rumo especfico da minha carreira, especialmente em

    termos do que eu poderia fazer com toda a bagagem que eu j havia visto, ouvido e

    estudado, tanto no Brasil quanto no exterior. O estudo na Inglaterra aconteceu por

    influncia de um dos meus professores, e por eu j ter algumas informaes sobre o que

    eu iria estudar na escola - em termos curriculares, diga-se, e no em termos de estudos

    no violo, especificamente -, e que era, enfim, o que eu achava que poderia ser til para

    minha carreira naquele momento e para minha carreira futura.

    Os quatro anos de mestrado em artes na Universidade de So Paulo foram

    importantes e determinantes para saber organizar um estudo e um projeto de forma clara

    e definida. Alm do mais, foi importante para eu terminar um projeto que havia

    comeado h quase dez anos, e que eu imaginava ser importante para a histria do

    violo brasileiro pois seria o resgate de obras e compositores que foram relevantes

    36SWANWICK, Keith.Ensino Instrumental enquanto ensino de msica. Trad. Fausto Borm. Cadernosde Estudo: Educao Musical 4/5. So Paulo: Atravez, 1994.

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    para o instrumento e que praticamente estavam ausentes das salas de concerto e do

    repertrio dos alunos de violoe para minha carreira como violonista.

    Alm desses estudos, outro fator decisivo na minha vida como msico: as aulas

    particulares, durante um ano - dez meses, especificamente - com o principal violonista

    paulista jovem daquela poca1990 -, Fbio Zanon.

    Farei, agora, um histrico de como foram meus estudos, apresentando a

    metodologia utilizada para cada caso. Tanto o estudo quanto a metodologia sero

    vinculados aos outros captulos da tese, buscando definir e justificar a importncia dos

    trabalhos de ps-graduao sobre violo escritos no Brasil.

    1.1.3 Conservatrio

    Meus estudos em conservatrio foram realizados durante sete anos seguidos

    (perodo da formao para obteno do diploma), entre 1982 e 1989 com um ano de

    iniciao para crianas inicialmente numa Escola de Msica (Curso Bsico) e,

    posteriormente, no Conservatrio Musical Mrio de Andrade (Curso Tcnico), sugerido

    pelo prprio professor da primeira escola, visando minha obteno de um diploma

    vlido. Ambas essas escolas se encontram na zona oeste da cidade de So Paulo.

    O primeiro local que estudei o que Marlia SILVA caracteriza como uma das

    escolas alternativas, aquelas que no possuem vnculo com a rede oficial de ensino 37,

    como muitas de iniciativas particulares, espalhadas nos bairros de pequenas e grandes

    cidades. Afirma a autora:

    De modo geral so escolas que apresentam currculo ou programa dedisciplinas flexvel e repertrios voltados para estilos musicaisvariados, vinculados aos instrumentos dos quais dispem, e tambm,

    ao interesse daqueles que procuram a escola para aprender msica,sem oferecer, contudo, a concesso de diplomas.38

    Luciana Pires REQUIO entende por escola de msica alternativa aquelas

    cujos professores que compem seu quadro no precisam ser concursados, e a

    37

    SILVA, Walnia Marlia. Escola de Msica Alternativa: sua dinmica e seus alunos.Revista da ABEM,vol.3, ano 1, pg. 51.38Idem.

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    legitimao de sua competncia docente est ligada diretamente sua atuao como

    msico.39

    A metodologia utilizada por professores de violo seguiu inicialmente o padro

    estabelecido pelo violonista uruguaio Isaas Svio. Este foi o primeiro professor a

    conseguir estabelecer o estudo do violo clssico em um conservatrio no Brasil (em

    1947, no Conservatrio Dramtico e Musical de So Paulo, sendo institucionalizado em

    1960), e foi tambm quem redigiu o contedo programtico desses estudos. O violonista

    e professor Maurcio Orosco escreveu uma dissertao de mestrado sobre Svio, onde

    colocou que:

    Com a criao do curso de violo no Conservatrio Dramtico eMusical de So Paulo, a escola violonstica de Isaias Savio ganhariauma ferramenta divulgadora que auxiliaria no processo de sua prpriaformao, que por sua vez estimularia o aprendizado formal e pormeio deste, a oficializao do curso treze anos aps sua criao.40

    Apesar da oficializao do curso de violo por Svio ter atravessado trs

    dcadas, desde o incio dos anos 30 o ensino musical era obrigatrio no Brasil, com o

    decreto 19890 de 11 de abril de 1931. Villa-Lobos, em 1932, trabalhou junto

    Superintendncia Educacional e Artstica (SEMA), e que teria uma transformao a

    partir de 1945 com a redemocratizao do pas41. Mas o violo no estava inserido nesta

    ao pedaggica, que era principalmente baseada no canto orfenico (ou canto

    coletivo). interessante notar que, j em 1932, PELAFSKY (apud SOUZA)

    diferenciava os conceitos de educao musical esta visando educao musical

    coletiva com o conceito de instruo musical esta ministrada nos institutos e

    conservatrios42.

    A metodologia de Isaas Svio inclua, entre outros, sete cadernos de Estudos

    violonsticos e sete cadernos de Peas de compositores violonistas dos perodos barroco,

    clssico e romntico, alm de um caderno com obras para crianas e alguns outros sobretcnica violonstica. Esses cadernos deveriam ser estudados em cada perodo especfico,

    para totalizar o contedo programtico estabelecido por esse professor. So eles:

    39 REQUIO, Luciana Pires de S. Saberes e Competncias no mbito das Escolas de MsicaAlternativa: a atividade docente do msico-professor na formao profissional do msico .Revista daABEM, n.7, setembro de 2002, pg. 63.40 OROSCO, Maurcio Tadeu dos Santos. O Compositor Isaas Svio e suas obras para violo.

    Dissertao de Mestrado. USP. 2001. Pg. 36.41SOUZA, Jusarama. Op.cit. pg.12.42SOUZA, Jusarama, op.cit. pg. 18.

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    16

    Vamos estudar violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 16 p.

    Estudos para o 1. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 15 p.

    Estudos para o 2. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 16 p.

    Estudos para o 3. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 20 p.

    Estudos para o 4. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 20 p.

    Estudos para o 5. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.

    Estudos para o 6. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.

    Estudos para o 7. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.

    Coleo de peas clssicas para o 1. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 9 p.

    Coleo de peas clssicas para o 2. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 10 p.

    Coleo de peas clssicas para o 3. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 15 p.Coleo de peas clssicas para o 4. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 18 p.

    Coleo de peas clssicas para o 5. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.

    Coleo de peas clssicas para o 6. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.

    Coleo de peas clssicas para o 7. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.

    Tcnica e exerccios para o aperfeioamento do violo; ex - tcnica diria do violo.

    So Paulo, Ricordi, 1972. 16 p

    No meu estudo violonstico naquela pequena escola, fiz inicialmente o caderno

    de estudo infantil para violo e, em seguida, integralmente os quatro primeiros cadernos

    desses Estudos e Peas editados por Svio, no perodo dos quatro primeiros anos (entre

    1982 e 1986). Alm disso, estudei tambm o citado caderno de tcnica diria do

    instrumento e algumas poucas composies do repertrio violonstico brasileiro, entre

    elas as msicasAbismo de Rosas, de Amrico Jacomino Canhoto e Sons de Carrilhes,

    de Joo Pernambuco.

    Em seguida, j no Conservatrio Musical Mrio de Andrade, meus estudos

    tomaram um rumo distinto e eu no mais utilizei regularmente a metodologia proposta

    por Isaas Svio, como havia feito anteriormente. Neide ESPERIDIO escreve que o

    conservatrio musical prioriza a prtica instrumental, j que ao aluno compete adquirir

    as habilidades necessrias para a execuo instrumental, em detrimento de uma

    educao musical que contemple o indivduo como um ser atuante, reflexivo, sensvel e

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    criativo.43Ao professor, por sua vez, competiria a responsabilidade de transmitir os

    conhecimentos durante o processo de aprendizagem.44J sem a necessidade formal de

    cumprir risca o contedo programtico estabelecido por Isaas Svio, o professor de

    violo deste conservatrio se ateve a msicas de um nvel similar ao proposto pelo

    violonista uruguaio, mas sem se utilizar dos cadernos de Estudos e Peas (como eu

    vinha seguindo at ento). Com isso, estudei basicamente obras do repertrio do

    violonista espanhol Andrs Segvia e alguns outros estudos e obras variadas. Entre as

    msicas que me dediquei estiveram obras de Mrio Castelnuovo-Tedesco (Tarantellae

    Tonadilla sur Le nom de Andrs Segovia), Federico Moreno Torroba (Preldio e

    Serenata Burlesca), Manuel Ponce (Sonatina Meridional), Johann Sebastian Bach

    (Fuga BWV 1000), Trrega (Recuerdos de Alhambra,Pavana,Maria,Marietta, Oremus

    e alguns Preldios) e Heitor Villa-Lobos (Preldio n.1e Choros n.1). Em meu recital de

    formatura, toquei Sevilla, de Isaac Albeniz, em transcrio de Andrs Segvia.

    Com relao ao estudo de tcnica pura, o professor de violo indicou um mtodo

    de violo de Mario Rodrigues Arenas, do qual realizei diferentes frmulas de arpejos,

    ligados e escalas.

    Em termos de msica de cmara, estudei algumas obras para violo e piano, que

    eram basicamente os dois nicos instrumentos musicais ensinados naquele

    conservatrio musical. Entre as msicas estudadas estiveram peas curtas de Anton

    Diabelli e Ferdinando Carulli.

    Alm dos estudos de violo solo e msica de cmara, na grade curricular

    constavam as disciplinas: Harmonia, Histria da Msica, Teoria Musical, Histria da

    Msica Brasileira e Canto Coral.

    Os conservatrios musicais brasileiros, especialmente os mais antigos,

    costumavam seguir o mesmo modelo europeu de ensino, visando basicamente a prtica

    instrumental. Entre as dissertaes de mestrado que questionam o papel de ensino dosconservatrios, h a de Levi Teixeira, segundo o qual:

    As entrelinhas do modelo conservatorial europeu se constituem deimposies de como deve ser a msica, e principalmente como amsica deve ser feita. O problema desse modelo a criao de umparadigma que preconiza o fazer musical como o necessariamentevirtuosstico da msica de concerto e isso no d conta do que fazermsica, bem como dos diversos empenhos e desempenhos dos

    43ESPERIDIO, Neide. Op.cit. pg.70.44Idem.

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    caminhos da msica. Sendo assim, a prtica conservatorial estpresente na medida em que o professor se fecha na sua viso demundo e desconhece outras possibilidades, em especial, aquelasapontadas pelo perfil a ser formado45.

    1.1.4 Aula Particular

    Em seguida aos meus estudos no conservatrio, fiz dez meses de aulas

    particulares com o violonista Fbio Zanon. Segundo REQUIO, msicos como este

    violonista apesar de possurem formao musical universitria se encaixam no

    quesito msico-professor, aquele que

    teve uma formao profissional voltada para o desenvolvimento deatividades artsticas na rea de msica, e que coloca a atividadedocente em segundo plano no escopo de suas atividades profissionais,apesar dessa ser, freqentemente, a atividade mais constante e comuma remunerao mais regular em seu cotidiano profissional.46

    Zanon, basicamente, no fez mudanas na minha tcnica violonstica, atendo-se

    ao estudo musical. J na primeira aula separamos as obras que iramos trabalhar durante

    o ano, optando por uma diversidade de autores e perodos, especialmente algo pouco

    tocado por outros violonistas. Foram estudadas, ento, as seguintes obras:

    Marcos Lopes: Trs Movimentos para Violo Solo

    David Kellner:Fantasia em R Maior

    Wenceslaw Matiegka: Grande Sonata em R Maior

    Heitor Villa-Lobos:Estudo n.10

    Miguel Llobet:El Noi de la Mare

    Em termos de tcnica pura, estudei apenas a base da tcnica de Abel Carlevaro,

    de forma rpida. Isso representou uma mudana ou pelo menos um contraponto ao

    estudo tcnico do violo que eu vinha praticando desde o incio, j que h diferenas

    radicais entre as vises violonsticas de Carlevaro e a tcnica de Isaas Svio, sendo que

    o estudo deste ltimo provinha de Trrega47, e o ensino da tcnica de Carlevaro

    significaria algo moderno ou pelo menos nunca antes visto no Brasil e Amrica

    45

    TEIXEIRA, Levi Trindade. Op.cit. pg. 52.46REQUIO, Luciana Pires de S. Op.cit.pg. 64.47Cf. OROSCO, Maurcio, op. cit.

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    Latina at a dcada de 1970. O violonista e professor Marcelo Fernandes escreveu uma

    dissertao de mestrado sobre Carlevaro, na qual traou as diferenas da tcnica desse

    violonista com a de Trrega48. Segundo Fernandes:

    (...) a tcnica considerada moderna para o violo continuava sendo atarreguianaforjada para um repertrio romntico, e os mtodos deestudo/aprendizagem tambm estavam muito aqum de instrumentoscomo o piano e o violino.O labor de Carlevaro vem justamente reparar essa anacronia doinstrumento, racionalizando a teoria e o estudo do violo e dotando-lhe de maiores possibilidades de atender s exigncias da msica e dasplatias modernas.49

    Da mesma forma, o estudo com Fbio Zanon me proporcionou uma mudana de

    viso do instrumento para algo mais em vigncia com os violonistas internacionais

    daquela poca50.

    1.1.5 Universidade

    Estudei na Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP)

    entre 1991 e 1994. O professor de violo desta universidade, Giacomo Bartoloni, focou

    basicamente na parte musical, tendo deixado o estudo da tcnica pura escolha de cadaaluno. Assim como Fbio Zanon, esse professor no seguiu nenhum mtodo

    violonstico nem se utilizou de uma metodologia especfica de ensino.

    Fernando GALIZIA, relata em seu artigo:

    (...) h um nmero relativamente pequeno de pesquisas sobre o ensinouniversitrio, e em especial sobre o ensino universitrio de msica noBrasil, bem como sobre os profissionais que a atuam e seu trabalho

    acadmico. Essa falta de pesquisa sobre esse nvel de ensino noreflete a importncia e complexidade do ensino universitrio demsica.51

    Sobre a grade curricular das universidades brasileiras, muito se escreveu e

    debateu em fruns, encontros e revistas especializadas, com posicionamentos distintos.

    48PEREIRA, Marcelo Fernandes. A Escola Violonstica de Abel Carlevaro.Dissertao de mestrado.USP. 2003.49Idem, pg. 213.50Esta refere-se ao ano de 1990 em So Paulo.51

    GALIZIA, Fernando Stanzione, AZEVEDO, Maria Cristina de Carvalho Cascelli e HENTSCHKE,Liane. Os professores universitrios de msica: um estudo sobre seus saberes docentes.Revista da ABEM,n.19, maro de 2008, pg. 33.

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    Magali KLEBER, por exemplo, observa que a necessidade de construo de modelos

    distintos do conhecimento musical e de novas metodologias e formas de avaliao,

    tambm nos provoca um desconforto quando nos deparamos com a realidade vivida

    hoje nos meios acadmicos diante das dificuldades para a concretizao de propostas

    inovadoras.52 Maura PENNA observa que o mito do virtuosismo ainda permanece

    como uma meta ideal na maioria dos bacharelados em msica 53.

    Nos quatro anos de universidade pude trabalhar uma diversidade de obras com o

    professor de violo, em geral msicas de um nvel j profissional, visando recitais em

    localidades distintas tanto na capital quanto no interior do estado. Como essa

    universidade possui campi em uma grande quantidade de cidades, eu pude me

    apresentar em quase duas dezenas de cidades distintas, alm da capital. Foi um perodo

    de treinamento e aprendizado muito grande, especialmente para testar repertrio,

    psicologia da performancee outros fatores de uma carreira j profissional. Ocorreu o

    que KLEBER observou sobre a

    ampliao dos textos e contextos musicais abordados como contedose saberes musicais, bem como a ampliao da sala de aula,normalmente centro do processo de ensino e aprendizagem, paraoutros espaos, quer sejam fsicos, geogrficos ou virtuais.54

    Entre as obras trabalhadas em sala de aula estiveram desde msicas do perodo

    renascentista (Allemandae Gallardade John Dowland,My Lord Willoughbys Welcome

    Home de William Byrd), at msicas de vanguarda (Canticum de Leo Brouwer),

    passando por sutes de Bach (BWV 996) e obras do perodo clssico (Variaes sobre

    um tema de Mozart opus 9, de Fernando Sor). Tive oportunidade tambm de estudar

    obras do prprio Giacomo Bartoloni, como o Tango Martes e obras referenciais do

    repertrio neoclssico ingls, como oNocturnalde Benjamin Britten.

    Outra caracterstica do estudo na Universidade Estadual Paulista foi a

    possibilidade de tocar repertrio de msica de cmara. Com isso, pude aprender e

    apresentar obras para violo e canto (soprano, mezzo-soprano e tenor), violo e flauta,

    violo e violoncelo, violo e violino, duos, trios e quartetos de violes, violo e piano e

    violo e orquestra de cmara. Tive oportunidade de tocar em duo com meu professor de

    52KLEBER, Magali. Qual Currculo? Pensando espaos e possibilidades .Revista da ABEM, n.8, marode 2003, pg. 58.53

    PENNA, Maura. No basta tocar? discutindo a formao do educador musical.Revista da ABEM, n.16,maro de 2007, pg. 53.54Idem, pg. 58.

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    violo e aprender bastante a forma como ele mesmo encarava uma carreira profissional.

    Toquei tambm com um quarteto de violes formado por ele, com o qual nos

    apresentamos em alguns projetos musicais importantes.

    Meu recital de formatura, em novembro de 1994, acabou sendo um retrato de

    meu perodo de quatro anos nessa universidade. O programa, em trs partes ( maneira

    de Andrs Segovia), foi moldado para apresentar primeiramente o repertrio tradicional

    do violo na primeira parte, o repertrio camerstico na segunda parte e, na parte final,

    uma obra referencial especfica do repertrio moderno do violo:

    Primeira Parte: violo solo

    -Melancholy Galliard/My Lady Hunsdon s Puffe(John Dowland)

    -Sonata em R Maior(Domenico Scarlatti)

    -Variaes sobre um tema de Mozart opus 9(Fernando Sor)

    -Torre Bermeja(Isaac Albeniz)

    Segunda Parte: msica de cmara

    -Ballata DalEsilio(Mrio Castelnuovo-Tedesco) com o tenor Milton Monte

    -Song for voice and guitar(Elliot Carter) com o mezzo-soprano Edinia de Oliveira

    -Preludio e Fuga em Do sustenido menor (Castelnuovo-Tedesco) com Giacomo

    Bartoloni

    -Serenata Al Alba del Dia(Joaquin Rodrigo) com a flautista Celina Charlier

    Terceira Parte: violo solo

    -Nocturnal(Benjamin Britten)

    Observando meus contemporneos de outras faculdades de msica, percebi queo estudo na Universidade Estadual Paulista me proporcionou oportunidades visando j

    uma carreira profissional em curto prazo. O estmulo dado pelo meu professor de violo

    - no apenas ministrando aulas, mas tocando com os alunos - tambm foi fundamental

    para o prosseguimento da minha carreira.

    Em termos de grade curricular, a UNESP apresentava, alm das aulas de

    Instrumento e Msica de Cmara, as disciplinas de Canto Coral, Harmonia, Histria da

    Msica, Histria da Msica Brasileira, Anlise Musical, Instrumento Complementar(Piano) e algumas matrias optativas (como Anlise da Msica Renascentista e

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    Metodologia da Pesquisa). Com exceo dessas ltimas, pouco acrescentou, em termos

    de grade curricular, ao que eu j havia estudado (de forma mais elementar) no

    Conservatrio Musical Mrio de Andrade. Com isso, o principal diferencial que pude

    observar entre o estudo na Universidade e o estudo no Conservatrio Musical foi o do

    aprofundamento do ensino de alguns tpicos - em especial, o da Histria da Msica - a

    prtica intensiva da msica de cmara e a possibilidade de apresentao musical em

    diferentes localidades do estado de So Paulo.

    Numa comparao entre Conservatrio e Universidade no Brasil, alm das

    possibilidades (reais e necessrias em termos acadmicos) proporcionadas pelo diploma

    superior de ensino, creio que h o aspecto do convvio musical mais intenso entre os

    estudantes. No caso da universidade, esse convvio mais focado em termos de

    profissionalismo, ao contrrio do conservatrio, que mais focado em termos

    amadores. Essa questo necessitaria de maior estudo, principalmente por causa da

    validade e abrangncia de um diploma de conservatrio no Brasil em comparao com

    o mesmo diploma na Europa, por exemplo, onde o estudo do violo nas universidades

    mais restrito ao mbito da pesquisa e do ensino. Pude perceber isso de forma mais clara

    quando do final dos meus estudos na Universidade Estadual Paulista em 1994 e durante

    meus estudos de especializao numa escola de msica na Inglaterra logo aps a

    concluso do bacharelado na UNESP.

    1.1.6 Curso de Especializao

    Meus estudos na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, Inglaterra,

    foram realizados no perodo letivo de setembro de 1995 at julho de 1996. Nessa escola,

    como em muitas outras do hemisfrio norte, o ano escolar estabelecido em trs

    perodos, correspondentes aos termos de outono (setembro a dezembro), inverno(janeiro a abril) e primavera (maio a julho), deixando o perodo de frias para o termo

    de vero (entre julho e setembro). A organizao da grade curricular, com isso, foi

    diferenciada do que eu havia visto at ento no Brasil.

    Ao pesquisar o currculo dos professores e a grade curricular percebi que o

    estudo era totalmente focado na performance musical, algo que poderia me

    proporcionar um aprimoramento das minhas experincias profissionais j testadas na

    Universidade Estadual Paulista. A meta do virtuose musical, assim como eu havia

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    observado na UNESP, novamente se apresentava, mas com ainda mais direcionamento,

    haja vista a grade curricular desta escola inglesa.

    Com Robert Brightmore, o professor de violo desta escola - e um discpulo de

    Julian Bream - novamente meu estudo do violo foi focado nas obras musicais. Ele

    jamais me falou de tcnica instrumental, no seguiu nenhum mtodo de violo nem

    utilizou nenhuma metodologia especfica de ensino. Com isso pude me aprofundar num

    repertrio bastante extenso, totalmente dedicado a obras referenciais do repertrio

    violonstico profissional. Entre as msicas estudadas estiveram a Elegy de Alan

    Hawsthorne, Sonata II (Eduardo Lopez-Chavarri), Acentuado e Compadre (Astor

    Piazzolla),Ritmata(Edino Krieger),Due Canzoni Lidie(Nuccio DAngelo),Petit Suite

    (Radams Gnattali), Suite BWV 996 (Bach), Sonatina (Federico Moreno Torroba) e

    Tarantos (Leo Brouwer), entre vrios outras. Em meu recital de formatura me

    apresentei tambm em duo com meu ex-professor Fbio Zanon (que na poca tambm

    morava em Londres), ocasio em que tocamos aPer Suonare a Due, de Leo Brouwer.

    Alm das aulas de violo solo, tive na grade curricular aulas de Msica de

    Cmara e Leitura Primeira Vista (com o alaudista David Miller), Interpretao da

    Msica Antiga (com o alaudista Nigel North), Tcnica de Alexander (com Elizabeth

    Waterhouse) e uma aula em conjunto denominada Recital Class(tambm com Robert

    Brightmore), na qual todos os alunos se reuniam s sextas-feiras para tocar e discutir

    assuntos pertinentes carreira musical ou ao violo especificamente. Hoje em dia, creio

    que aulas como essas se forem realizadas no Brasil podem ser beneficiadas com

    teses e dissertaes, em que se poderia discutir a respeito de algum desses trabalhos

    semanalmente. Essas aulas, em especial, representaram algo bastante diverso de tudo o

    que eu j havia visto, tanto no conservatrio quanto na universidade, e me mostraram a

    importncia do relacionamento e da troca de informaes entre os alunos e o professor.

    As mesmas tambm me deram ideias para algo similar na minha atitude enquantoprofessor na Universidade Federal da Paraba (UFPB), o que ser explicado mais

    adiante neste captulo.

    Na tese de LOURO, h uma importante parte em que a pesquisadora entrevista

    alguns professores de instrumentos musicais, e os relatos apresentam um panorama de

    ideias e reflexes a respeito do papel do professor dentro de seu contexto especfico.

    Essas entrevistas tambm falam a respeito da formao desses didatas, e as palavras de

    um deles (uma professora) revelam algo parecido com o que ocorreu a muitos msicosbrasileiros que foram estudar por certo perodo no exterior:

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    Quando fui aos Estados Unidos, a sim, eu estava no meio de umbando de gente que tocava e que tocava to bem quanto e mais, muitomais do que eu e gente que tocava menos que eu, ento, eu estavadentro daquele fervo... e aquilo foi muito, muito bom no sentido de

    ampliar um pouco os horizontes e conhecer mais coisas. A formaoaqui foi muito boa em termos instrumentais e meu professor deinstrumento deu muitas oportunidades e realmente a preocupao delefoi dar uma formao muito completa e eu reconheo que elerealmente deu isso. Ento, no me faltava nada, era s uma questo deampliar os horizontes, a experincia do exterior foi fundamental,tambm, como j disse, para ampliar os horizontes, para saber... queexistem outras coisas, para estar num meio onde existe mais prtica demsica, para ver outras coisas, ver boas orquestras, ter melhoresreferenciais de qualidade, de sonoridade, coisa que aqui quaseimpossvel de se ter a no ser por gravaes, CDs....55

    No meu caso, o fato de o curso da Guildhall School of Music and Drama ter

    durao de trs termos distintos, com dois pequenos recessos entre eles (e um perodo

    de frias mais prolongado no vero), faz com que o aluno tenha tempo de repensar sobre

    os estudos e se preparar para o perodo seguinte. Numa comparao entre conservatrio

    musical brasileiro, universidade de msica no Brasil e escola de msica na Inglaterra, a

    principal diferena que encontrei (alm da durao dos perodos) foi a de foco.

    Enquanto o Conservatrio trabalhou pensando em algo amador, e a universidade em

    algo profissional, a especializao foi um aprofundamento dos estudos da universidade,

    visando especificamente o estudo do violo solo.

    1.1.7 Mestrado

    Meu perodo de mestrado em musicologia ocorreu entre 1998 e 2002, na

    Universidade de So Paulo.

    A orientadora dessa dissertao de mestrado foi a professora doutora Flvia

    Camargo Toni, que organizou comigo o trabalho da seguinte maneira56:

    Introduo

    55

    LOURO, Ana Lucia de Marques. op.cit.pg. 71.56ANTUNES, Gilson. Amrico Jacomino "CANHOTO" e o desenvolvimento da arte solstica do violoem So Paulo. Dissertao de mestrado. USP, 2002.

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    Captulo IInformaes sobre a utilizao do violo no Brasil entre os sculos XVI e

    XIX

    I.1Primeiras manifestaes do violo no Brasil

    I.2 O novo ambiente violonstico em So Paulo com os estudantes da

    Faculdade de Direito do Largo So Francisco

    I.3O ambiente violonstico em So Paulo 19001930

    I.4Agustn Barrios em So Paulo1917/1929

    I.5Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil1917/1922

    Captulo IIAmrico Jacomino1889/1928

    II.1Nascimento de Amrico Jacomino

    II.2Primeira gravao de Amrico Jacomino1912

    II.3Em 1916, o primeiro grande recital de Amrico Jacomino. A mudana de

    opinio da crtica em So Paulo

    II.4Casamento de Amrico Jacomino e mudana para So Carlos

    II.5Em 1925, Amrico Jacomino retorna capital paulista

    II.6O concurso O que nosso 1927

    Captulo IIIPanorama do violo em So Paulo1904/1928

    III.1Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros

    III.2 Os violonistas nos estdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,

    Rogrio Guimares e outros

    Captulo IV O violonista Amrico Jacomino: O msico, a obra, o professor e seu

    instrumento

    IV.1Aspectos tcnico-interpretativos e recursos violonsticos empregadosIV.2 - Manuscritos e partituras impressas de Amrico Jacomino

    IV.3Lacunas no repertrio de Amrico Jacomino

    IV.4OMtodo de violode Amrico Jacomino

    IV.5 Comentrios a respeito do violo que pertenceu a Amrico Jacomino

    utilizado para a gravao do CD anexo

    IV.6Consideraes sobre a gravao do CD anexo

    Concluso

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    Bibliografia

    Anexo ITabela de gravaes realizadas por violonistas entre 1902 e 1928

    Anexo IIO repertrio dos violonistas e as salas de concerto em que se apresentaram

    Anexo IIITranscrio de obras de violonistas-compositores do incio do sculo vinte

    O perodo do mestrado foi de aprendizagem em termos de organizao das

    ideias e da metodologia de uma pesquisa musical. Aps um distanciamento de quase

    uma dcada, desde o momento em que escrevi essa monografia, numa autoanlise eu

    creio que a principal contribuio deste trabalho (que na minha catalogaocomo ser

    vista adiantese encaixa como Trabalho Histrico) foi a de mostrar a importncia das

    trs primeiras dcadas do sculo vinte para a histria do violo em So Paulo e por

    apresentar a biografia do principal violonista daquele perodo, Amrico Jacomino

    Canhoto, por meio de fontes primrias. At ento eram poucas as informaes sobre

    esse violonista, tanto em artigos de revistas e jornais quanto em artigos na Internet, esta

    ainda em desenvolvimento no Brasil (no ano de 2002). Este tambm foi um dos

    primeiros trabalhos a mostrar, com o apoio de notcias de jornal e programas de

    concertos, as atividades de importantes nomes do violo mundial e sua relao com o

    Brasil, ou mais especificamente com a cidade de So Paulo. Entre os violonistas citados

    estiveram o paraguaio Agustn Barrios, os espanhis Josefina Robledo e Sainz de la

    Maza, o cubano Gil Orozco e os brasileiros Mozart Bicalho, Levino Albano da

    Conceio e Joo Pernambuco, alm de Amrico Jacomino. Nenhum trabalho com essa

    especificidade havia sido feito no Brasil anteriormente.

    O curso de mestrado foi constitudo do cumprimento dos crditos acadmicos

    (com um mnimo de quatro matrias, no meu caso) e da escrita da dissertao, apslongas conversas com a orientadora e muitas horas de pesquisa.

    Esse estudo de ps-graduao me proporcionou o prazer da pesquisa (algo que

    eu vinha fazendo desde o perodo inicial de meus estudos na UNESP) e tambm me deu

    os requisitos bsicos para tentar realizar concursos para professor em alguma

    universidade pblica, algo que se tornou atualmente bastante comum entre msicos

    recm-formados nas universidades, e que ser discutido posteriormente nessa tese.

    Segundo o artigo 66 das Leis de Diretrizes e Bases (LDB) n.9.394 de 20 de dezembro

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    de 1996 (BRASIL, 1996), a preparao para o exerccio do magistrio superior far-se-

    em nvel de ps-graduao, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado57.

    A pianista Cludia Helena SISTE realizou uma dissertao de mestrado sobre o

    estudo na ps-graduao em universidades paulistas, que ser tambm utilizada em

    captulo posterior nessa tese58. Por ora, podemos considerar que o curso de ps-

    graduao em msica se deu por meio de um longo processo, assim como a implantao

    dos cursos de graduao em msica nas universidades (o que ser demonstrado em

    seguida, pelo exemplo da Universidade Federal de Uberlndia). SISTE afirma em sua

    dissertao:

    A chegada dos programas de ps-graduao em msica no se deu

    diretamente, seno que foi precedida de uma importante etapa.Primeiramente, foram introduzidos os programas de ps-graduaoem artes, nos quais a msica convivia com as outras reas artsticas, asaber, as artes plsticas, as artes cnicas e as artes corporais.59

    Uma discusso premente em termos de pesquisa, no caso de violonistas,

    pianistas e demais instrumentistas, relacionada quantidade de tempo necessrio para

    se fazer um trabalho de investigao nas universidades, o que faz com que esses

    instrumentistas por vezes se sintam isolados. Uma das entrevistadas da tese de LOURO

    faz um relato muito em voga com relao ao assunto:

    Eu acho que agora, j que as regras acadmicas cobram da gente, quea gente faa iniciao cientfica, para a gente se qualificar comopesquisador, para finalmente publicar, para finalmente a gente fazerparte de um grupo de pesquisa no CNPq. Se as regras do jogo soessas, ento ns podemos simplesmente comear a jogar dentro dasregras. Vou dar um exemplo: eu tenho um aluno que fez metodologiada pesquisa agora e como era uma cobrana do curso, ele escreveu umprojeto de pesquisa, e esse projeto de pesquisa foi sobre uma obra de

    um compositor brasileiro para o nosso instrumento que ele seinteressou em pesquisar; quais so os interesses dele? Ele gostaria dever se a obra considerada idiomtica, ento esse termo umadefinio que a gente tem que saber do que se trata, o que uma obraidiomtica para o nosso instrumento, alm do que uma obra que sexiste em manuscrito... Ento ns vamos agora colocar esse projeto nogabinete de projetos e vamos trabalhar em cima disso... Este trabalho

    57BRASIL.Lei nmero 9.394 de 20 de dezembro de 1996.58

    SISTE, Cluda Elena. A pesquisa em prticas interpretativas: estudos recentes nas universidadesestaduais paulistas.Dissertao de Mestrado em Msica. USP. 2009. 128 pg.59Idem. op. cit. pg. 9.

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    feito em tudo o que se faz dentro da minha sala de aula, ento, por queisso no uma pesquisa?60.

    E a discusso continua no relato de outro instrumentista:

    Essa atividade escrita contraditria com a atividade musical...porque no fazer msica, escrever sobre msica. Ento, ela no para msicos prticos, ela para quem no est no palco... tu nopodes escrever no palco... Enquanto tu ests escrevendo tu no estsno palco. Tu vais ver que minha atuao como escritor resumida,no que eu no escreva, porque eu prefiro estar no palco, a minhaproduo ligada ao palco, a minha viso universitria no sentido deampliar a magnitude da minha atuao.61

    Esse assunto chegou a ser discutido tambm em trabalhos violonsticos. APRO

    escreve a respeito em sua dissertao de mestrado, observando que

    Grande parte dos instrumentistas que se deparam com a perspectiva deenfrentar uma ps-graduao costumam lamentar o fato de ter deabandonar seus instrumentos, em vista das exigncias que umapesquisa demanda no mbito terico. Tal fato no ocorreu conosco,pois exploramos esse territrio sem prejuzo recproco. Pelo contrrio,procuramos demonstrar as vantagens colhidas nocontrabalanceamento entre teoria e prtica.62

    A equao que pretende combinar a dedicao pesquisa com a carreira solista

    por vezes tem se mostrado realmente sem soluo, inclusive entre os violonistas, uma

    vez que as duas atividades demandam muita dedicao e so igualmente absorventes.

    1.1.8 Trabalho docente: atividades aplicadas e mtodos utilizados para os alunos

    Minhas atividades docentes esto relacionadas de forma direta com minha

    satisfao profissional, tanto quanto a rea de msico-concertista. Financeiramente eu

    posso afirmar que a docncia no apenas a minha forma principal de sobrevivncia,

    seno tambm uma das mais importantes entre os violonistas clssicos no s no

    Brasil, mas em todo o mundo , j que esse instrumento no faz parte da orquestra

    sinfnica tradicional (outra importante forma de sobrevivncia de msicos eruditos).

    60LOURO, Ana Lucia de Marques. op. cit. Pg. 101.61

    Idem.62APRO, Flvio. Os Fundamentos da interpretao musical: aplicabilidade nos 12 Estudos para violode Francisco Mignone.Dissertao de mestrado em msica. USP. 2004. Pg. 9.

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    Sobre a satisfao profissional, Rod HARRIS privilegia fatores intrnsecos sua anlise

    a respeito do tema:

    Satisfao no trabalho uma rea muito estudada, ainda que complexa

    e com muitas variveis. Os trabalhos so freqentemente derivadospor fatores externos como salrio, meio ambiente, localizao e moral.Um trabalhador pode muito bem estar satisfeito com o trabalho se umnmero suficiente de fatores externos est no lugar. Satisfaointrnseca, por outro lado, derivada de uma satisfao do trabalho emsi mesmo.63

    Comecei a dar aulas muito cedo, num momento em que no tinha ideia exata de

    como era ser um professor. Meus ensinamentos se baseavam no que eu havia aprendido

    e no que poderia ser, de alguma maneira, funcional para aquele momento e lugar, mas

    certamente no era o ideal que eu iria observar no futuro. Isso, como eu pude observar

    depois, ocorreu da mesma forma com muitos outros colegas msicos. Luis Ricardo

    QUEIROZ e Vanildo MARINHO escrevem a respeito da atividade de professor de

    msica e que eu iria aprender posteriormente de forma mais direta, quando na

    docncia de uma universidadeque:

    Por experincias vivenciadas em toda a trajetria da educao

    musical, notrio que a formao do professor tem particularidadesque vo alm do perfil de formao do msico, exigindoconfiguraes que transcendem o domnio tcnico e estrutural damsica.64

    Levi TEIXEIRA, em sua dissertao de mestrado, coloca algo que eu sempre

    senti e tive conscincia desde o incio de minhas atividades didticas:

    O docente ciente de que o processo ensino-aprendizagem inconcluso

    contribui para desencadear um permanente movimento de busca e,como conseqncia, estar preparado e atualizado para astransformaes e reformulaes que a docncia superior exige nacontemporaneidade. Desse modo, no h docncia sem discncia: asduas se explicam e seus sujeitos no se reduzem a condio de objetoum do outro, ou seja, ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.65

    63HARRIS, Rod.Musician and Teacher: the relationship between role identification and intrinsic careersatisfaction of music faculty at doctoral degree granting institutions. Tese de doutorado. Denton:University of North Texas, 1991, pg. 03.64QUEIROZ, Luiz Ricardo Silva e MARINHO, Vanildo Mousinho. Novas perspectivas para a formaode professores de msica: reflexes acerca do Projeto Poltico Pedaggico da Licenciatura em Msica da

    Universidade Federal da Paraba.Revista da ABEM, n.13, setembro de 2005, pg. 84.65TEIXEIRA, Levi Trindade. Referenciais para o ensino do violo na formao do musicoterapeuta.Dissertao de mestrado em msica. Universidade Federal de Gois. 2005. Pg. 35.

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    Minhas atividades como professor de violo foram iniciadas em 1988, quando

    dei aulas de instrumento complementar (violo erudito) para pianistas no Conservatrio

    Musical Mrio de Andrade. Naquela poca eu utilizava os mtodos que conhecia e tinha

    estudado com meus professores, especialmente os lbuns j citados de Isaas Svio,

    tanto de tcnica quanto de estudos e peas progressivas.

    Em 1992 comecei a dar aulas no Conservatrio Musical de Santana, nesse

    mesmo bairro na zona norte de So Paulo, onde deixei de utilizar apenas os mtodos de

    Isaas Svio e passei a utilizar tambm mtodos variados de acordo com o nvel do

    estudante. Minhas atividades nesse conservatrio duraram apenas alguns meses, mas eu

    pude aplicar desde cadernos de tcnica de Abel Carlevaro66at pequenos Estudos de

    autores como Edelton Gloeden e Paulo Porto Alegre. No havia uma grade curricular

    especfica a ser seguida, nem mesmo aquela proposta por Isaas Svio, e o pouco

    perodo de atuao nesse conservatrio no foi capaz de me aprofundar em uma

    atividade docente mais intensa e organizada. Acredito, agora, que as teses e dissertaes

    j escritas no Brasil podem auxiliar os professores e alunos de conservatrios na

    construo dessa grade curricular, o que ser mostrado nos prximos captulos.

    Em abril de 1997, logo aps o meu perodo de estudos na Inglaterra, iniciei

    minhas atividades docentes na Escola Municipal de Msica de Ourinhos, onde

    permaneci por mais de sete anos consecutivos, at maio de 2004. Foi uma poca de

    aprendizado em termos de forma de didtica, pois pude aplicar uma quantidade

    considervel de mtodos, livros e obras para os meus alunos daquela escola. Caso

    houvesse maior facilidade em conseguir os trabalhos de ps-graduao j realizados no

    Brasil, certamente os mesmos tambm seriam utilizados nessas aulas.

    Desde julho de 2004, sou professor da Universidade Federal da Paraba. Este

    curso um dos mais antigos de violo dentro de uma universidade no Brasil, sendolecionado desde o final da dcada de 1970. Ainda h dvidas a respeito de qual seria o

    curso de violo mais antigo dentr