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Opinias Opinias UMA REVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTA O mundo é um quintal A velhice e a morte Ano I - nº. 5 Outubro - 2014 Mudar de país em busca de Mudar de país em busca de Mudar de país em busca de Mudar de país em busca de Mudar de país em busca de no no no no novas opor as opor as opor as opor as oportunidades ou viajar tunidades ou viajar tunidades ou viajar tunidades ou viajar tunidades ou viajar pelo mundo inteiro pode ser pelo mundo inteiro pode ser pelo mundo inteiro pode ser pelo mundo inteiro pode ser pelo mundo inteiro pode ser bem mais fácil do que se bem mais fácil do que se bem mais fácil do que se bem mais fácil do que se bem mais fácil do que se imagina imagina imagina imagina imagina A fome oculta Os vinhos de terroir

Revista OPINIAS - nº 05 - Outubro de 2014

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OpiniasOpiniasUMA REVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTA

O mundo é

um quintal

A velhice

e a morte

Ano I - nº. 5Outubro - 2014

Mudar de país em busca deMudar de país em busca deMudar de país em busca deMudar de país em busca deMudar de país em busca denononononovvvvvas oporas oporas oporas oporas oportunidades ou viajartunidades ou viajartunidades ou viajartunidades ou viajartunidades ou viajarpelo mundo inteiro pode serpelo mundo inteiro pode serpelo mundo inteiro pode serpelo mundo inteiro pode serpelo mundo inteiro pode ser

bem mais fácil do que sebem mais fácil do que sebem mais fácil do que sebem mais fácil do que sebem mais fácil do que seimaginaimaginaimaginaimaginaimagina

A fome

oculta

Os vinhos

de terroir

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Opinias - Outubro 2014

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Editorial Sumário

Expediente

A expressão já se tornou uma espécie de chavão esempre é utilizada quando se pretende transmitir a ideia davida globalizada de nossos dias: “este mundo é pequeno”.O conceito vem de um conjunto de transformações naordem política e econômica mundial visíveis desde o finaldo século XX, num fenômeno que criou pontos em comumna vertente econômica, social, cultural e política, e queconsequentemente tornou o mundo interligado, na chamadaAldeia Global. Isso permitiu a formação de novos mercadoscom possibilidades infinitas de interação entre pessoas,mercadorias, serviços e culturas.

Quando alguém diz que vai fazer uma viagem paraqualquer outro país, é como se estivesse informando quevai até o quintal de sua casa. Para almejar novas perspectivasprofissionais, já não se fala apenas em mudar de empregoou fazer um novo curso superior. A alternativa pode sertambém a de mudar de país, buscando alhures o que o seulocal de origem não vem atendendo satisfatoriamente. Asrelações de consumo para quem fica também sãoprofundamente afetadas. No mercado da esquina, pode-seadquirir produtos dos mais remotos pontos do planeta,especialmente daqueles com maior escala dedesenvolvimento industrial.

O mundo realmente é pequeno. A consciência dissonos leva também a repensar a própria vida, com toda aceleridade e efemeridade dos dias atuais. Se por um ladotemos cada vez mais benesses para usufruir neste mundinhopequeno em que vivemos, por outro é preciso refletir eencontrar meios de entender, solucionar e melhor convivercom suas mazelas. A consciência de que nossa passagempor aqui é breve e que há experiências necessárias pelasquais teremos que passar talvez possam nos propiciar umamaneira melhor de preservar nosso habitat, zelar por ele epor seus recursos e tirar de tudo isso o melhor proveito.

OPINIAS - ANO I - nº. 5 - Outubro 2014 - Publicação virtual mensal da Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. * Diretores: MarcosGimenes Salun, Luciana Gomes Gimenes e Naira Gomes Gimenes * Editor e Jornalista Responsável:: Marcos Gimenes Salun (MTb20.405-SP) * Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). *Redação e Correspondência: Av. Prof. Sylla Mattos, 652 - conj.12 -Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010 E-mail: [email protected] - Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815.BLOG: http://opinias2014.blogspot.com.br/ * Colaboradores desta edição: Carlos Augusto Ferreira Galvão (SP), Igor Diamantino (Sydney- Austrália), Adriano Dias Leite (Sydney - Austrália), Márcio Ribeiro Leite (BA), Helio Moreira (GO), Carlos Eduardo de Oliveira (SP), TalitaMiguel Pessoa (SP), Dalva Agne Lynch (SP), Luciana Gomes Gimenes (SP) e Andréa Lúcia Guarçoni (RJ). Matérias assinadas são deresponsabilidade de seus autores a quem pertencem todos os direitos autorais. PERMITIDA a reprodução dos artigos desde que citada afonte e mencionada a autoria.

MARCOS GIMENES SALUNJornalistaSão Paulo - [email protected]

Mundo pequeno

Participe!Envie seu artigo ou comentários eembarque nesta aventura:[email protected]

07 Volta ao mundo

23 Curiosa literaturaO editor Marcos Gimenes Salun coletoufatos pitorescos da vida e obra de algunsescritores famosos.

20 Poesia através dos temposA crônica da poeta Dalva AgneLynch aborda a importância dapoesia ao longo da história.

16 Vinhos de terroirA coluna de Carlos Eduardo Oliveira vemcom valiosas informações para osamantes de um bom vinho.

14Helio Moreira aborda a riqueza danarrativa de alguns autores ao criarambientes para suas histórias.

Escritores e ambientes

11 Envelhecer e morrerO médico e escritor Márcio Ribeiro Leiteanalisa e nos leva a refletir sobre oenvelhecimento e a morte.

03 LoucuraUma análise dos vários significados dessapalavra é o tema abordado pelo psiquiatraCarlos Galvão

04 Austrália, land of dreamsIgor Diamantino conta sua experiência demudar de país em busca de novasoportunidades de estudo e trabalho.

24 Sandália de Couro

19 A fome ocultaA nutricionista Talita Miguel Pessoa falasobre o que é certo e errado para umaalimentação adequada.

22 Dicas e links na netLuciana Gomes Gimenes vem com novasindicações de lugares interessantes paraconhecer na internet.

O fotógrafo Adriano Leite fez uma longaviagem junto com o Homem de Ferro enos mostra um pouco de sua aventura.

A beleza da poesia intimista da engenheiraAndréa Lúcia Guarçoni vem fechandoesta edição.

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PorCARLOS AUGUSTO GALVÃOPsiquiatraSão Paulo - [email protected]

Loucura é uma palavra que causa temor e fascina aomesmo tempo. Talvez aí a quantidade imensa designificados que ela gera. Lembro na década desessenta, quando um amigo, com ar de grandesatisfação, dizia sobre o festival de Wodstock apóschegar dos EUA: “Foi uma loucura”; no caso aloucura era uma coisa muito boa que ele tinhavivenciado. Vemos outros significados para estetermo: Algo muito bagunçado, atitudes impensadas,uma multidão em confusão e por aí vai. As pessoaspodem ficar “loucas de amor”, “loucas de raiva”,“loucas de alegria”... Podem “enlouquecer” defelicidade... Enfim, para várias situações do cotidiano,sempre aparece esta palavra.

Tem-se que atentar que, às vezes, a loucura pode seruma ofensa: “Vocêestá ficando louco”,ou um xingamento:“Seu maluco de umafiga”.

Mas, afinal, o que éa loucura? Todos osórgãos às vezesadoecem e ossintomas dessasdoenças estãorelacionadas com asfunções dos órgãosafetados; então se

uma doença acomete a bexiga, por exemplo, ossintomas serão no aparelho urinário: ardor à micção,dor no baixo-ventre (região da bexiga). Quando aafecção afeta o cérebro, veremos os sintomasexatamente no produto funcional dele: O pensamentoem suas percepções, afetos, lógica, memórias...

Existem várias doenças do pensamento que nãopodem ser classificadas como loucura: causa umsofrimento no portador, mas não o deixa louco. ALoucura, cujo sinônimo, um tanto eufemístico, é a

LOUCURALOUCURALOUCURALOUCURALOUCURA

psicose, não pode ser confundida com outros estadosmentais que provocam sofrimento como as depressões,as euforias, o pânico e a astenia psíquica.

Psicose é um termo genérico que se usa em todas asformas de loucuras como a esquizofrenia, a psicosebipolar e a psicose de Karl Kleist, embora estasdoenças tenham características próprias; mas todastêm, em comum, sintomas como delírios e oualucinações, e principalmente a dissociação darealidade; então o portador vive uma realidade que sóexiste em sua cabeça. O mais interessante é que àsvezes “pega”. Os franceses descreveram há muito umtipo de psicose que atinge duas pessoas ao mesmotempo: “Folie a deux”, quando dois seres humanospadecem juntos as mesmas alucinações e os mesmosdelírios. Lembro-me de um paciente em meuconsultório que se achava a nova encarnação de JesusCristo, e compareceu com os pais e duas “apóstolas”que acreditavam piamente no enfermo, e chegaram ame desacatar quando disse que se tratava de umapsicose.

Por isso estas doenças causam horror, fascínio e,muitas vezes, discriminação. Discriminação esta queatinge inclusive o psiquiatra. Hoje atuo num grandehospital paulistano que anteriormente não tinha culturade psiquiatria, em interação com as outras clínicas;mas, no início, quando dizia que fazia psiquiatria,sempre via um risinho meio blasè no interlocutor, atéquando conversava com colegas.

A discriminação maior quem recebe mesmo são ospacientes, talvez reflexo do tempo em que os insanoseram tratados como delinquentes e eram trancados emcelas para o resto de suas vidas.

A humanidade ainda busca as causas das doençasmentais, talvez a área mais estudada da medicina eparadoxalmente a que é a menos conhecida, emboradetenha perto de 50% de toda a literatura médica. Mashoje existem tratamentos e a medicina conseguereverter muitos quadros de psicose; em vista disso,esperamos que desapareçam algumas lendas e mitosque provocam medo social, sendo a principal, a quereza que o louco é violento. Existem formas de loucuraque, de fato, deixam o portador agressivo e algumasvezes violento, mas são formas raras.

Quem agride, fere e provoca assassinatos é a parte sãda humanidade; não é característica da loucura.

LOUCURALOUCURALOUCURALOUCURALOUCURA

Imagem:

Parte da Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino.

Wikimedia Commons

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Angelo_Bronzino_003.jpg

LOUCURALOUCURALOUCURALOUCURALOUCURA

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PorIGOR DIAMANTINOGerente de projetos e músicoSydney - Australia

[email protected]

AAAAAUUUUUSSSSSTTTTTRRRRRÁÁÁÁÁLLLLLIIIIIAAAAAterra do sonho

O termo existe mesmo: Austrália, land of dreams

“Os aborígenes australianos acreditam que o mundo dos sonhos é o verdadeiro mundo,

a fonte de nossos conhecimentos e de nosso ser mais profundo, onde todos os eventos e

padrões se manifestam na nossa vida real.” -Robert Moss, autor de Conscious Dreaming

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Eu sempre tive o sonho de fazer intercâmbiocultural, desde criança. Quando pensei pela primeiravez em ir para a Austrália, eu tinha por volta de 18anos. Naquela época eu estava prestes a entrar nafaculdade. Portanto, não era exatamente uma escolha,apenas uma vontade. Assim que terminei a faculdade,recusei uma segunda oportunidade de sair do Brasil,afinal como eu poderia largar um recém-conquistadotrabalho em um ambiente tão competitivo? Com opassar do tempo, as escolhas não se tornaram maisfáceis como eu esperava. Na terceira oportunidade, eujá estava com 30 anos, teoricamente tarde demaispara se fazer um intercâmbio. Mas sim! Eu decidi irmesmo com meus 30 anos e não me arrependi por umminuto sequer!

Quando pisei na Austrália pela primeira vez, foi tãosurreal que eu cheguei a tocar o chão do aeroportocom as mãos, tentando me convencer de que aquilonão era apenas um sonho.

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A Austrália é mesmo um pouco daquilo que a genteimagina: praias paradisíacas, pubs, surfistas,churrascos e cangurus. Entretanto, onde a Austráliaverdadeiramente se destaca é na sua culturadiversificada e sua generosidade em acomodarpessoas de diferentes etnias, embora essa misturadeixe muitas pessoas confusas sobre como definir averdadeira cultura Australiana.

Estudos indicam que os aborígenes são descendentesdos primeiros Homo Sapiens a deixar a África, hácerca de 24 mil anos, antes mesmo de seussemelhantes europeus e asiáticos! Os anos sepassaram e a Austrália se tornou um dos países com amaior diversidade cultural do mundo.

Como esse contraste funciona nesse país ilha-continente? Surpreendentemente muito bem!

Como paulista e paulistano, mesmo acostumado a umacidade grande, eu nunca tinha imaginado o que eraexatamente um lugar multicultural. As comidas, asroupas, os sotaques e os estilos são tão variados quepara se adaptar é realmente preciso ter a mente aberta.Talvez este seja um dos segredos que fazem a Austráliaser um lugar tão especial.

Aqui nossas amizades são tão diversas que não é difícilestarmos em um churrasco em meio a Australianos,Italianos, Portugueses, Sul-Africanos, Checos, Russos,Tailandeses e Coreanos. Cada um em busca do seupróprio sonho e com uma história diferente paracontar.

Eu sonhava em sair do país para aprender, abrir amente e conhecer pessoas diferentes, por isso nãopensei duas vezes. Matriculei-me em uma escola deinglês, aluguei um quarto para mim e para minhanamorada em uma acomodação estudantil e voltamosà escola, o que se tornou uma das melhores escolhasque fizemos.

Voltar para a escola nos permitiu conhecer a Austráliado estudante, muitas vezes sem dinheiro, que vaitrabalhar no café ou na construção, nem que seja paraconseguir ficar algumas semaninhas a mais. Umestrangeiro aqui percebe rapidamente como aprenderinglês pode ser mais desafiador do que parece, entãotem que estudar. Também é verdade que com uminglês básico é possível se virar por aqui. OsAustralianos são em geral pessoas gentis que,acostumados com tanta gente de fora, não seimportam em perder alguns minutos para ajudaralguém perdidoou comdificuldades.Pelo contrário:eles ajudamcom muitoprazer.

Mas quando oinglês começa amelhorar é quea verdadeira jornada do conhecimento começa.Fazemos amizades mais facilmente, tanto deAustralianos quanto de pessoas de outros países e,assim, começamos a conhecer um mundo diferente.Trocar sonhos e experiências com pessoas do mundotodo é viciante.

Aprendemos que aquilo que nós achamos normalpode parecer estranho para alguns. Aqui aprendi quefeijão também se come com molho de tomate no caféda manhã, que beterraba combina com hambúrguer eque abacate fica delícioso na salada.

Quando o inglêscomeça a melhorar éque a verdadeirajornada doconhecimento começa.

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GELADA

Também aprendi que fofoca, preconceito ecorrupção são males evitados no dia a dia, pois cadaatitude individual conta para o bem-estar geral.Respeitar as diferenças é fundamental.

E aqui a gente também aprende a conviver com osentimento chamado saudade.

Quando a saudade bate forte, nós temos apenas nósmesmos para nos confortar, então os laços deamizades aqui se tornam muito fortes. De repente,aquela pessoa que você conheceu há apenas um mêsse torna o seu melhor amigo e isso é normal esincero.

Mas também descobrimos o desapego e que, o queo universo nos traz, ele leva quando bem entender.

Aquele amigo que passou dois anos ao seu ladocomo unha e carne decide voltar para seu emprego

antigo. Aquela sua colega que tinha tantos planos hojeestá grávida a bordo de um avião em direção a suaterra-natal. Seu colega de classe decidiu que a Austráliajá não é grande o suficiente e, portanto, ele vai continuarsua jornada por outros países pelo mundo.

As pessoas e as histórias vêm e vão, tão incertoscomo... sonhos.

Talvez os aborígenes tenham razão. Devemos acreditarem nossos sonhos e manifestá-los na vida real. Nãosabemos o que o próximo dia vai nos trazer ou onde apróxima oportunidade irá nos levar. Mas, certos de queestamos seguindo o caminho trilhado pelos nossossonhos, o inesperado deixa de ser algo a temer, mas simalgo a se apreciar.

“Viver na Austrália continua sendo como viver em umsonho”. E eu ainda continuo a sonhar!

http://www.australiancentre.com.br/site/australia/default.asp

Saiba maisIntercâmbio: Trabalhar e estudarVárias agências de intercâmbio dão todas as informações efacilitam os trâmites para quem deseja se aventurar na Austrália,a terra dos sonhos e das surpresas. Consulte uma delas eprepare-se para descobrir esse novo mundo.

http://australiabrasil.com.br/

http://www.helloaustralia.com.br/

http://www.latinoaustralia.com.br/estudar-australia/intercambio-australia/cursos-intercambio

Embaixada da Austrália no BrasilÉ importante uma visita ao site da embaixadaaustraliana a fim de conhecer todos os trâmites legaise exigências para viajar

http://www.brazil.embassy.gov.au/brasportuguese/home.html

Informações turísticasE, claro, uma visita a este site de turismo, para sabertudo o que este país-continente tem para se visitare conhecer é sempre muito bom!http://www.australia.com/pt-br/

http://www.gooddayoz.com/

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VVVVVolta ao molta ao molta ao molta ao molta ao mundoundoundoundoundoem 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 cliques

Olá! Meu nome é Adriano Dias. Nasci brasileiro, mas tornei-me um cidadão domundo desde que me conheco por gente. Após trabalhar exatamente a metade deminha vida, refleti que era hora para tirar um tempo para descansar e repensar meurumo. Em julho de 2013, pedi as contas do trabalho e decidi dedicar um período deminha vida a duas de minhas maiores paixões: viagens e fotografia. Como iria fazeresta viagem sozinho, resolvi convidar um parceiro de aventuras que me acompanhoudesde que saí do Brasil em 2005. Ninguém menos que o poderoso Homem de Ferro!Em nossa saga, passamos por quatro continentes diferentes e registramos os melhoresmomentos de nossa viagem que agora compartilhamos com vocês, mostrando algumasdas mais de 8.000 fotos e registros dessa aventura. Bem-vindos a bordo!

PorADRIANO DIAS LEITEFotógrafo e cidadão do mundoSydney - Austrália (no momento)[email protected]

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Homem de Ferro observando o portão de embarque no Aeroporto Internacional deSydney (onde moramos) e pensando: “Aonde o Adriano tá me levando?”

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Nossa primeira parada depois de 14 horas de voo foi Dubai, nosEmirados Árabes Unidos, onde chegamos em pleno verão escaldante! Paracompletar a experiência, fomos na época do Ramadan, período em que osmuçulmanos se abstêm de comer e beber do raiar até o pôr do sol. A lei se

aplica a estrangeiros também e não nos era permitido comer ou beber emlugares públicos, o que pode parecer inconveniente, mas com certeza fez-nos

sentir como parte do lugar, ao invés de simples turistas.

Finda a nossa volta por Dubai,chegou a hora de voar para Praga,na República Checa, onde tive aoportunidade de morar por 5 anosanteriormente. Foi a hora de reveros amigos e minha filha, Clara Dias,que tinha ido para lá visitar os avósmaternos! Nossa visita a Praga foibreve, mas boa o bastante para oHomem de Ferro conhecer estacidade medieval considerada umasdas mais bonitas da Europa.Castelos e igrejas milenares e overão europeu nos deram a chancede tirar estas lindas fotos, mas logochegou a hora de continuar aexplorar o mundo.

Homem de ferro no topo do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo! A vista do topo ésensacional e tivemos a oportunidade de assistir ao pôr do sol em pleno deserto!

Nesse momento a cidade inteira se ilumina e muda completamente o seuvisual. Uma experiencia inesquecível!

DUBAI

PRAGA

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Voamos da República Checa direto paraNova York, onde tivemos a

oportunidade de subir no topo doEmpire State, visitamos a Estátua da

liberdade, e até encontramos o Homemde Ferro de carne e osso pelas nossas

bandas na Times Square!Seguimos nossa viagem para Washington

DC, onde o Homem de Ferro e eutivemos a oportunidade de visitar a Casa

Branca, o Capitólio e muitos outroslugares famosos que vemos em filmes.

Para nossa surpresa, encontramos o SeuMadruga do seriado Chaves passeando

por lá e ele resolveu juntar-se ao grupo epassear um pouco com a gente!

Depois de explorar a costa Lestedos Estados Unidos, voamospara a região caribenha com oobjetivo de conhecer duas ilhasfantásticas: Curaçao e Aruba. Asilhas são colônias holandesas eeste é o idioma oficial; foi muitointeressante visitar uma regiãotão próxima do Brasil em que sefala uma língua totalmentediferente do português e doespanhol. As ilhas são realmenteparadisíacas, e encontramosmuitas pessoas maravilhosas quesempre enriquecem aexperiência.

NOVA YORK, WASHINGTON

CURAÇAO E ARUBA

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De volta aos Estados Unidos, desta vezpela costa oeste, decidimos alugar umcarro e conhecer as cidades de Los

Angeles, Las Vegas e São Francisco.Visitamos a Ponte Golden Gate, os

imponentes cassinos, as praias de LosAngeles e um dos bairros mais famosos domundo: Hollywood (terra natal do Homem

de Ferro). Mas o que mais nosimpressionou foram os parques nacionaiscom suas paisagens surreais. Sem sombrade dúvidas, os parques foram os lugaresmais impressionantes que visitamos em

nossa jornada!

Nossa última parada nessa volta ao mundo foi oHavaí, a capital mundial do surf,com suas praias eondas perfeitas. A beleza natural dessas ilhas remotasdo Pacífico me faz relaxar a mente toda vez quelembro dos bons (e tranquilos) momentos quepassamos por lá.

EUA

Bem, nossa viagem estava chegando ao fim.Depois de alguns meses rodando esse

mundão, chegou nossa hora de voar paracasa. Alguns dias depois de nosso retorno aSydney, o Homem de Ferro encontrou sua

parceira Barbie para começar um novo tour,desta vez pelo Brasil! E para nos surpreender

ainda mais, a Barbie convidou sua amigaClara Dias para fazer parte do grupo!

Vivaaaaaa! Iríamos passar mais algumassemanas viajando muito bem

acompanhados.Mas vou deixar essa históriapara uma próxima oportunidade!Um grande

abraço a todos, e lembre-se de sempre fazerdo mundo o seu quintal!

HAVAÍ

DE VOLTA PRA CASA

https://www.facebook.com/adrianoleitephotography

Adriano Leite Photographyhttp://www.adrianoleite.com/

CONHEÇA

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ENVELHECERENVELHECERENVELHECERENVELHECERENVELHECERe MORRERe MORRERe MORRERe MORRERe MORRER

(Experiências necessárias)

PorMÁRCIO RIBEIRO LEITEMédico e escritorSalvador - [email protected]

Tomando como ponto de partida este excerto do romance “O Momento Mágico”, que

aborda a questão da morte no hospital, portanto, distante do ambiente familiar, do

aconchego dos entes queridos, podemos inferir o absurdo nível de angústia gerado por

uma situação como essa. Além de questões idiossincrásicas – uma vez que a morte

advém a cada um de nós em momentos distintos de nosso desenvolvimento pessoal e de

maturação de tal questão – há a sobrecarga imposta por nossa (social) visão imatura e

prepotente do fenômeno. Portanto, há o componente interno ou pessoal, e o

componente externo ou não pessoal, relativo ao ambiente ou cultura, como motores

dessa angústia. Claro, ambos estão ligados, são interdependentes, mas, absolutamente,

não são congruentes.

O Ego médico, ampliado no sentido de abarcar toda aequipe de saúde, é cunhado com a determinação dever na morte o sinal inequívoco de derrota de nossosdispositivos artificiais de manutenção da vida. Antesda morte, a própria velhice, embora inexorável, já évista, em uma cultura onde predominam valores dajuventude, como decadência e inadequação. Omundo, todo projetado para os arroubos, movimentoe ritmo dos jovens, passa a ser um local não adaptadoaos velhos, com sua característica cadência. Isso tãosomente contribui para a sensação de inadequação ealienação dos idosos, que se acham extemporâneos,anacrônicos, com o avançar da idade e a perdaprogressiva de seus referenciais de mundo e época.As mudanças em seu entorno, a perda dos amigos,

parentes e amores mais significativos, a perda dehábitos e condicionamentos que delineavam uma formaparticular de existir, forçam o idoso a uma readaptaçãodifícil e quase nunca executada a contento. Mais e maisele vai percebendo a desconfiguração de seu habitat,

de suas referências existenciais, o que em muitocontribui para a sensação de vazio, de alheamento, dosúltimos anos.

O idoso, forçosamente e com sofrimento, vaidescolando-se da vida, desmotivando-se, mais oumenos ciente de que esse é um processo inevitável eque ele não pode controlar. Muitas vezes há patéticastentativas de se permanecer jovem, “ligado”, “pordentro”, “in”, como diriam os jovens em suas mutáveis

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gírias. Numa visão comum e tingida de preconceitossilenciosos, envelhecer é falência, decrepitude,prenúncio de morte. No mais das vezes, a velhiceestá associada a dores, limitação e doenças. Hojesabemos que não necessariamente é assim, háalternativas, mas fatalmente resvalamos para o ideáriopopular que ainda pinta o envelhecer com tonssombrios. O idoso, portanto, sente-se em situação de

desvantagem, de desmerecimento, de desconstrução,o que, por si só, dificulta a caminhada. Torna-seirresoluto, tímido, vacilante, pois ciente de suafraqueza. E já que ossos e músculos não lhecorrespondem às expectativas, deve restar-lhe alucidez, a maturidade, o equilíbrio, o intelecto.Aos homens e mulheres mais maduros cabem grandesobras de peso intelectual. Há que se viver uma longavida para atingir os “mistérios”. Refiro-me àsabedoria da existência disponível aos quepercorreram longos caminhos. Refiro-me ao resgatedo simbolismo do arquétipo do velho sábio, centrado,conselheiro, que tem as respostas para a ânsia dajuventude, conhecedor do “elixir da longa vida”, senão da vida física e destrutível, daquela outraverdadeira e imortal. Devemos cooperar para atrairao nosso pool de crenças e experiências culturais avivência do velho sábio, à moda de muitas culturasarcaicas, mais intuitivas e espiritualizadas. Semabominar o mundo à nossa volta ou as inequívocasconquistas materiais, sem a necessidade de meditarpor anos em uma caverna no Himalaia, podemos

“despertar” para a multifacetada realidade interior, commuitos personagens ávidos de vivificação e experiênciaspor realizar. Um mundo vastíssimo, tão real quanto ouniverso ponderável à nossa volta, e muito maisacessível aos idosos, ou a qualquer um que se disponhaa essa comunicação com o Self (Alma).

Para essa aventurosa descida aomundo interior não sãonecessários ossos e músculos emplena forma, é factível a qualquerum, incluindo velhos e enfermos.Cada qual pode realizar essajornada a seu modo e a seutempo, numa tentativa dereencontro consigo mesmo, derevitalização das verdadesessenciais da vida, em contrastecom as ilusões criadas pelo Egoao longo da estrada.

Envelhecer e morrer, experiências inevitáveis, nãopassam de curso preparatório e adestramento paranova percepção de existir, nova forma de viver, dentrode conceito simbólico, muito mais amplo e satisfatóriodo que a mera concepção biológica de vida. Nãoimportam as nossas diferentes ideologias, filosofias oureligião, todos podemos atingir conceitos mais amplosdo significado da vida e de sua contrapartida, a morte.É possível, pois, se não criar, recriar uma imagem

O idoso sente-se em situação dedesvantagem, de desmerecimento,de desconstrução, o que, por si só,dificulta a caminhada. Torna-seirresoluto, tímido, vacilante, poisciente de sua fraqueza.

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menos distorcida e mais favorável do envelhecer,ligando-a a ricas e respeitáveis vivências, retirando desobre ela o fardo das associações pejorativas.É possível também desvincular o envelhecer da ideiade decadência, agregando o conceito detransformação, transmutação, adaptação, a uma noçãode vida muito mais vasta, ainda que subjetiva esimbólica. Ao ter reverência pelo passado, o idososegue em direção ao futuro, mais confiante e seguro desi, compreende que passa por experiência quetranscende sua realidade particular. Ao mesmo tempo,segue desvelando sua singularidade. Sem a visãomíope que envolve a morte, denominador final comumdo envelhecer, esta não deverá ser corolário de dorese sofrimento, mas de júbilo pela sensação de missãocumprida e satisfação pela obra realizada, ainda quesempre parcial.

A morte configura-se, portanto, como uma etapa amais na escalada da vida, não como seu contraponto,nem como seu inexorável término. Envelhecer, morrer,como em toda e qualquer espécie animal ou vegetal,até mesmo como em qualquer material fisico--quimicamente constituído, são etapas vitais. Ohomem que chora a morte de um ente querido, poradmiti-lo perdido em definitivo, traz-me à mente aimagem da criança pequena que se desespera ao ver amãe sair para o trabalho. Fazendo referência a JamesHillman, idealizador da Psicologia Arquetípica, infiroque o arquétipo do jovem e do velho (Puer e Senex)sejam exatamente o mesmo, em diferentespolaridades, assim como, em essência, somos semprea mesma pessoa, quer estejamos situados em um poloou outro da vida, ou seja, quer estejamos em umaextremidade ou outra do arquétipo, buscando aqui

A morte configura-se como umaetapa a mais na escalada da vida,não como seu contraponto, nemcomo seu inexorável término.

apenas o entendimento com uma metáfora espacial. Ajornada em direção ao futuro desconhecido deve sertranquila e despojada, quando entendida não comoperda de juventude e vigor, mas como ganho deexperiência, vivência e despertar de sensibilidades.

O caminho é menos íngreme quando assumimos oenvelhecer (e morrer) como uma experiênciatranspessoal, absolutamente necessária e lógica, algo,como não poderia deixar de ser, plenamente inseridona engenhosidade e propósitos da Natureza, ainda quenem sempre inteligíveis sob os limites de nossatridimensionalidade. O envelhecer, muito além desimples contar de dias em direção à morte, vivência deChronos (tempo cronológico, quantitativo), pode edeve tornar-se uma vivência Kairós (tempo qualitativo,tempo oportuno). Sem referência à mitologia, querodizer que a vida pode ter uma relação difícil com otempo (Chronos), em que nos posicionamos fora domomento presente, do aqui-e-agora, estamos emconflito com ele; ou podemos fluir com o tempo, ser opróprio tempo, fundir-nos nele, o que torna acontagem dos dias absolutamente desnecessária e aação dele sobre nós algo perfeitamente aceitável eindiscutível, portanto, totalmente integrada à nossanatureza.

O MOMENTO MÁGICOMárcio Ribeiro LeiteEditora Record

http://www.livrariacultura.com.br/

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Opinias - Outubro 2014

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O narrador de um texto literário, principalmente doromance, pode, dependendo do desenvolvimento daação e, principalmente da intenção do autor, secolocar como participante ou um mero expectadorprivilegiado que conhece o terreno que o personagemestá pisando.

A descrição do ambiente onde se desenrola a açãopode definir a capacidade de comunicação entre oautor e o público ledor; se houver descriçãopormenorizada de detalhes, poderá se tornarcansativa com a consequente descontinuidade daleitura, porém, se for muito econômica, poderá nãotransmitir a ideia que o autor tem em mente.

A arte está na capacidade de, ao narrar, o autordeixar, nas entrelinhas, possibilidade para o leitorcompletar os detalhes, de acordo com a suasensibilidade e, principalmente, sua imaginação; emoutras palavras, ele “ajuda” o autor a escrever o livro.

Machado de Assis sabia, como ninguém, a arte danarrativa; suas frases são curtas, diretas, poucoadjetivadas, tomava fôlego na construção da sentença,com o abusivo (abusivo?) uso da vírgula.

Vejam comigo esta descrição de ambiente encontradono seu romance “Quincas Borba” (início docapítulo III); o narrador (Machado de Assis), espíritobisbilhoteiro, por conhecer os costumes da época,brinca com o personagem (o novo rico Rubião), quepassou a viver em um mundo que não era o dele:

Como eles, os

escritorescritorescritorescritorescritoresesesesesdescrevem os ambientes

“Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e,enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamentemirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata,ouro, eram os metais que amava de coração; nãogostava de bronze, mas, o amigo Palha disse-lhe queera matéria de preço, e assim se explica esse par defiguras que aqui está na sala, um Mefistófeles e umFausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria abandeja, - primor de argentaria, execução fina eacabada”.

Outras vezes o narrador usa um ambiente já seuconhecido e tenta transformá-lo, pela necessidade daação, como se estivesse no remoto passado de maisde cem anos atrás, utilizando-se da criatividadeficcional (Couto de Magalhães, o Último Desbravadordo Império, Ed. Kelps, Hélio Moreira); para que osleitores entendam a dinâmica da cena, o autor do livromorou durante algum tempo em Londres no ano de1972 em uma típica residência londrina, a descriçãoque lerão no livro (p.130) corresponde à sala deespera daquela casa, com algumas poucasmodificações, consentâneas com pesquisasbibliográficas, para adaptar ao ano de 1876, quandoCouto de Magalhães chegou a Londres:

Machado de Assis

PorHELIO MOREIRAMédico e escritorGoiânia - [email protected]

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“Foram minutos de enervante expectativa, Coutoaproveitou para folhear alguns papéis que estavamdispostos sobre uma pequena mesa de centro,colocada bem próxima da poltrona onde ele sealojara.

A sala onde ele estava era ornada por um mobiliárioque, absolutamente, não pecava pela extravagância;duas ou três poltronas de couro preto, dois elegantes evistosos pares de cadeiras de espaldares altos comassento em palha, um grande relógio carrilhão, duas outrês gravuras expostas nas paredes, que, aliás, eramrecobertas por um papel com cores discretas, ao invésda tradicional pintura.

Honoré de Balzac

Gustave Flaubert

Um grande cabide, um porta-chapéus e um porta--guarda-chuvas se localizavam nas imediações daporta de entrada; completando o conjunto, podia-sever um banco de madeira de cor escura, definindo, emquase todas as residências londrinas, como sendo olocal para se colocar o sobretudo; o assoalho era todoatapetado, dando ao ambiente um requinte quepoderia ser superponível ao da nobreza”.

Destaco agora um trecho de “A Prima Bete”, inseridono conjunto da “Comédia Humana”, provavelmente,um dos mais importantes romances de Honoré deBalzac, pois foi escrito em sua fase de maturidadeliterária; no seu 1º. Capítulo, o personagem Crevel(oficial da Guarda Nacional) examinava o mobiliáriodo aposento onde se encontrava, enquanto aguardavaa chegada da baronesa, com quem viera tratar denegócios: casamento.

O leitor, pela descrição do ambiente, conseguedescobrir a situação financeira da dona da casa e dooficial.

“Observou as cortinas de seda, primitivamentevermelhas e já arroxeadas pela ação do sol, puídasnas pregas por longo uso: o tapete desbotado; osmóveis desdourados, cuja seda, muito gasta,apresentava manchas; e expressões de desdém,contentamento e esperança se sucederamingenuamente na cara larga do comercianteenriquecido. E ele se mirava ao espelho colocado emcima dum velho pêndulo do Império, procurandocompor-se quando o roçagar do vestido de sedaanunciou a entrada da baronesa. O capitão assumiuentão uma posição conveniente.

 Sentando-se num pequeno sofá, que certamente foramuito bonito há 40 anos, a baronesa indicou a Creveluma poltrona, que, na extremidade dos braços, tinhacabeças de esfinges bronzeadas, cuja pintura,entretanto, estava escamada, a ponto de deixar ver amadeira. Convidou-o a sentar-se”

Madame Bovary, de Flaubert, é um marco doromance descritivo; o autor é minucioso nasdescrições dos ambientes, porém, não é enfadonho.

No início do capítulo VI, há uma maravilhosadescrição da Vila, vista por Emma, na voz donarrador:

“Uma vez, quando a janela estava aberta e ela sentadano peitoril, ouviu o Ângelus. Era o início de abril,quando as primaveras se abrem; um vento morno rolanos canteiros lavrados e os jardins, como as mulheres,parecem enfeitar-se para as festas do verão. Por entreos barrotes do caramanchão e ao redor, mais além,via-se o rio na pradaria que desenhava na relvasinuosidades vagabundas”

Parece que, também, vemos a paisagem com os olhosde Bovary.

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PorCARLOS EDUARDO DE OLIVEIRAEngenheiroSanto André - [email protected]

VINHOSVINHOSVINHOSVINHOSVINHOSde de de de de terterterterterrrrrroiroiroiroiroir

Na coluna de hoje, vamos começar a desvendar a geografia do vinho. O cultivo da vinha- bem como a cultura em torno do vinho - está intimamente ligado a diversos fatores,

entre eles o lugar em que são cultivados os vinhedos, a história dessa região, o clima, amão de obra... Os europeus, principalmente os franceses, chamam há muito tempo essa

soma de fatores de terroir, e esse conceito se espalha mundo afora. Hoje em dia, quandose quer tomar como exemplo um vinho autêntico, regional, que segue as tradições do

lugar onde é feito, diz-se que é um vinho de terroir.

A mais difundida divisão geográfica no mundo do vinhoé a divisão em “Velho Mundo” e “Novo Mundo”. PorVelho Mundo entende-se as regiões pioneiras nopreparo do vinho. Dizem que o plantio de uvas surgiuentre o Oriente Médio e os Bálcãs, sendo levado paraa Europa primeiramente pelos povos gregos, a partirdo sul da Itália (que naquela época chamava-seEnotria - terra do vinho), e depois foi difundido pelosromanos para o restante do continente europeu.

Com o passar dos séculos, na Era dosDescobrimentos, a vinha chegou à América trazidapelos padres espanhóis e portugueses, que precisavamproduzir vinho para a celebração da missa na TerraNova. Algum tempo depois, os ingleses tambémlevariam as videiras para suas colônias na Oceania e naÁfrica. Mas foi somente depois de muito tempo, já no

século 19, que a cultura do vinho se estabeleceurealmente em países como os Estados Unidos, Chile,Argentina, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul -estes são os maiores produtores entre os países maiscomumente chamados como o “Novo Mundo” dovinho.

Genericamente, afirma-se que foram os produtores doNovo Mundo que difundiram os chamados vinhosvarietais - aqueles feitos com apenas uma variedadede uva - o que simplificou a identificação nos rótulos epopularizou o consumo de vinho; ficou mais fácil parao consumidor iniciante identificar o que estavacomprando, já que os produtores europeus - salvopoucas exceções - costumam classificar seus vinhosem função do local em que é produzido. Em muitoslugares, esse sistema de “apelações de origem” é

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centenário! O francês sabe que se comprar umSancerre tinto ou um Volnay da Borgonha estarácomprando um vinho de pinot noir, enquanto que umchileno, por exemplo, compra uma garrafa de pinotnoir, que pode ou não ter em seu rótulo a procedênciageográfica das uvas com as quais foi elaborado. Hojeem dia, alguns países europeus, como a Grécia e atémesmo Portugal, têm produzido muitos vinhosvarietais, mais “globalizados” e padronizados no gostopredominante no atual mercado internacional - vinhosencorpados e frutados, para serem bebidos jovens - epor isso são considerados o “Novo Mundo no VelhoMundo”. Por outro lado, enólogos do Novo Mundo -até mesmo no Brasil - estão cada vez maisempenhados em elaborar vinhos de terroir,pesquisando os melhores lugares para cada cepa, demaneira que este local resulte em um vinho autêntico,sem igual.

Cabe ressaltar que a vinha se dá bem principalmenteem zonas subtropicais, até mais ou menos oparalelo 45, e que algumas cepas, chamadas de“castas internacionais”, se adaptam bem em qualquerterreno dentro dessa faixa, mas sempre resultando emvinhos com características diferentes, dependendo dascaracterísticas de cada terroir. São alguns exemplos ocabernet sauvignon (pronuncia-se cabernê sovinhon),o merlot (merlô), o chardonnay (chardoné)..

Nos países europeus, a classificação qualitativa dosvinhos obedece a um padrão mormente geográfico,

sendo categorizados em ordem crescente em vinhosde mesa (vin de table, vino da tavola), vinhosregionais (vin de pays, vinhos IGP - indicaçãogeográfica de procedência), e vinhos AOVDQS(apelação de origem para vinho de qualidadesuperior), que por sua vez se subdivide em apelaçõesmais específicas, como DOC (denominação de origemcontrolada) e DOCG (denominação de origemcontrolada e garantida, o equivalente à francesa AOC– appelation d’origine controlée). Mas como todaregra, esta também tem exceções, pois a classificaçãonestas faixas é uma convenção dos institutosresponsáveis para que os vinhos produzidos dentro decada apelação mantenham uma certa padronização. Alegislação pode reger, entre outros fatores, as cepasutilizadas, a produção máxima de uva por hectare devinhedo, o tempo de maturação do vinho etc. 

Mas às vezes acontece de algunsprodutores fugirem dessas regras eproduzirem vinhos excepcionais. Talvezo caso mais conhecido seja de algunsprodutores da Toscana que, cansadosda mediocridade que a região vinhaproduzindo escondida atrás dadenominação de Chianti - que emmeados da década de 70 só permitia ouso da uva típica sangiovese -passaram a plantar cepas internacionaise produzir vinhos mais encorpados efrutados que receberam o apelido desupertoscanos, cortes de cabernet

sauvignon, merlot e até mesmo syrah (sirrá) com asangiovese, que alcançaram grande fama internacionale atingiram altíssimos preços no mercado, mesmosendo desclassificados para vinho de mesa por nãoobedecerem às normas da apelação. São exemplos osfamosos vinhos “aia” - Sassicaia, Solaia e Ornellaia.Hoje em dia, devido ao seu sucesso e consequenteaumento de qualidade dos vinhos da região em geral,estes vinhos receberam a categoria IGP.

Podemos então chegar à conclusão de que aclassificação dos vinhos em apelações regionais podeservir como uma boa referência, mas não como umvalor absoluto em termos de qualidade. Mais uma vez,

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o estudo e o conhecimento dessas apelações sãoimportantes para o amador de vinhos ter umreferencial do produto que está comprando, mas é oseu gosto pessoal que vai definir qual a melhor escolhapara o momento - se um Chianti leve com toques defrutas vermelhas e especiarias ou um supertoscanopotente, tânico e puxado a frutas negras.

Outra dica importante para o amador iniciante épassar a acompanhar algumas publicações sobrevinhos, até mesmo pela internet, e com o tempo elecertamente perceberá uma afinidade maior com ogosto de um ou mais críticos, o que pode render boasindicações.

Na próxima edição, passaremos a destrinchar os maiorespaíses produtores de vinho e suas principais apelações.

À la prochaine! Santé!

Dica do mês

E por falar em vinhos de terroir, a dica do mês é alinha de vinhos da Vallontano. Há algum tempo LuizHenrique Zanini desistiu da carreira na metrópole e,buscando suas raízes italianas, se tornou vinicultor noVale dos Vinhedos, ao lado da sua esposa, sendo umdos brasileiros abnegados a produzir vinhos quetraduzem a sua terra. Com uma ótima linha-base de tintos (cabernetsauvignon, merlot e tannat), branco (chardonnay) eexcelentes espumantes - todos com muito boa relaçãopreço/qualidade - a Vallontano lançou recentemente oOriundi, em uma joint-venture com a italiana Masi“o rei do Amarone” renomada vinícola que tem por

característica utilizar o apassimento das uvas para aelaboração dos vinhos, o que resulta em uma maiorestrutura, densidade e fruta mais exuberante. Corte detannat com uvas típicas italianas (teroldego, corvina,recantina e turqueta), utilizando a técnica de deixarpassar parte das uvas antes da prensagem. Tive aoportunidade de prová-lo no pré-lançamento, safra2011, no Encontro Mistral deste ano (a importadora ésua distribuidora exclusiva) e fiquei realmenteimpressionado com a alta qualidade: com aromascomplexos de frutas vermelhas e negras em compota,alcaçuz e uma pontinha de especiarias como um bomamarone, na boca tem taninos finos e uma acidez viva,que o fará acompanhar muito bem um bom pratoitaliano, com carne e molho vermelho.Mas não esperem nos vinhos da Vallontano a doçura ea potência como os vinhos chilenos e argentinos maisconhecidos. Como os bons oriundi, Zanini prefere orefinamento, a elegância e a facilidade deharmonização dos bons vinhos europeus e temimprimido essas características em suas criações. 

SAIBA MAIS EM “CONSERVADO NO VINHO”http://www.conservadonovinho.blogspot.com.br/

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(Relacionados com a falta de vitaminas e/ou minerais)

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PorTALITA MIGUEL PESSOANutricionista (CRN3 – 41658/P)São Paulo - [email protected]ção

Sua alimentação é realmente nutritiva ou será quecontém apenas calorias vazias que só te fazem ganharpeso? Além de proteína, carboidrato e lipídio, nossoorganismo também é composto por uma classeconhecida como micronutrientes, representada pelasvitaminas e minerais, encontrados principalmente nosvegetais como as frutas e hortaliças. A carência de umou mais micronutrientes nos leva a uma condiçãosilenciosa, conhecida como Fome Oculta e atinge umaem cada quatro pessoas, segundo a Organização Mundialde Saúde (OMS).

O corpo sente a necessidade dos componentesescassos na alimentação, mas os sinais ou sintomas sóaparecem quando a condição já é crítica. Essa carêncianutricional a longo prazo pode causar certas doençascomo câncer, osteoporose, diabetes e problemascardiovasculares. Com a falta de nutrientes, a saciedadetambém acaba prejudicada e a fome torna-se cada vezmais constante.

A fome oculta está presente em magros, doentescrônicos, pessoas que sofrem com uma rotina estressantee também é comum em obesos, pois muitos não

fffffomeomeomeomeomeconsomem vegetais, ou seja, se alimentam comquantidade, mas não com qualidade. Por isso, façaexames periódicos e junto a um nutricionista procure oequilíbrio alimentar, sem restrições ou exageros. Aalimentação balanceada, contemplando todas as classesde macro e micronutrientes, em conjunto com areeducação alimentar, é de extrema importância nocombate à fome oculta, garantindo a saúde e o bem--estar do nosso organismo.

ALGUNS SINAIS & SINTOMAS

** Músculos contraídos ou doloridos e cãibras, o que acontece quando falta magnésio no corpo.** Cansaço, fraqueza, palpitação, irritabilidade e dificuldade de concentração.** Exaustão física pelo excesso de exercícios conjugado com má alimentação.** Nas mulheres, sangramento vaginal e alterações na formação de colágeno, sendo predisponentes a rugas e flacidez.** Pele opaca e sem vida, devido à má oxigenação do sangue; cabelo sem brilho e com bastante queda; unhas manchadas e quebradiças.** Lembre-se: mesmo acima do peso, pode haver excesso de calorias, mas falta de micronutrientes na sua alimentação.

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a PorDALVA AGNE LYNCHPoeta, Tradutora e EscritoraSão Paulo - [email protected]

Uma das coisas que separa a poesia da prosa é oritmo, haja rimas ou não. A essência da poesia, comodigo e repito, é a sua leitura - a música das palavrasdeclamadas. Nos tempos medievais, quando a maioria dosSenhores Feudais e seus súditos não sabia ler, osartistas eram uma classe essencial da sociedade,fossem eles músicos, poetas ou atores, ou tudo isso aomesmo tempo. Assim, artistas iam de vilarejo emvilarejo apresentando peças musicadas ao povo,enquanto que os Bardos e suas equipes iam de casteloem castelo levando aos Senhores Feudais não apenasa música instrumental ou cantada, mas, e talvezprincipalmente, a pura declamação de poesias. Mais tarde, quando os Feudos começaram a deixarde existir para dar lugar a Reinos mais extensos, os reiscontinuaram a patrocinar as Artes, e o teatro grego eromano foram desenterrados. Artistas comoShakespeare criaram novos dramas e novas comédiaspara entreter as cortes. Os atores, contudo, eramtodos homens. Quando havia um papel feminino, comoo de Julieta, um ator jovem e imberbe vestia-se demulher para representá-lo. Se você estudar os textos teatrais da época, assimcomo os gregos e os romanos, verá que eles eramtodos escritos em forma de poema. Os diálogos nãoeram “falados”, mas recitados, ou seja, declamadosdramaticamente. Hoje em dia, ao produzirem uma peça de teatrodessas épocas, tanto o teatro quanto o cinemaprecisam fazer com que os textos sejam acessíveis aogrande público, então os atores e atrizes devempossuir um grande talento para transformar os textospoéticos em linguagem normal. Ser escalado parainterpretar quaisquer personagens de uma peça grega,

romana ou medieval pode elevar ou destruir um atorpara sempre, e você pode confirmar isso ao examinarcuidadosamente a carreira daqueles que marcaramépoca em produções como Romeu e Julieta. Hoje em dia, os roteiros de teatro, televisão e cinemaobviamente deixaram de lado a esquecida arte dodeclamar. Com isso, a poesia também se transformou,deixando os palcos para permanecer entre as páginaspouco lidas de livros e antologias. O poeta, hoje, é ummarginal. A menos que seus textos sejam colocadosem música, a sua obra passa totalmentedesapercebida pelo grande público.

através dos tempos

CALÍOPE: A de bela voz, Musa da eloquência,da Poesia Épica ou Heroica. Significado donome: “Formoso rosto”. Era a mais velha e maisdistinta das nove Musas. Mãe de Orfeu e Linuscom Apolo. Ela foi árbitro da disputa de Adônisentre Perséfone e Afrodite. Seus símbolos sãoum pergaminho, tábua de escrever e estilete.

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 Esse fato, contudo, não é novo. Tanto na épocamedieval quanto na grega e romana, a poesia do povoera a trova, não os grandes textos épicos. Estes eramexclusivamente para o deleite das cortes de reis esenhores feudais. Nos nossos dias, entretanto, atémesmo a trova deixou seu nicho de poesia popularpara ingressar no rol das Finas Artes, se bem que, nosestados do Nordeste e do Rio Grande do Sul, elaainda faça parte da cultura do povo. Talvez você discorde do que digo, afirmando quenunca houve tantas pessoas interessadas em poesia.Afinal, há milhares de sites da internet cheios de textosromânticos ou descritivos da natureza, corretamenteintitulados “poesias”.

 O problema, entretanto, é que a palavra “poesia” temmais de um significado. Aqui neste texto, o que chamode poesia exprime uma forma de expressão artísticaem que se empregam regras de estruturas sintáticas ede sons, de modo que a palavra é um instrumento nãoapenas da expressão de algo, mas também de umaforma - o poema. O sentido mais conhecido, entretanto, e o que vemoshoje em dia na internet, é aquele em que poesia ésinônimo de sensibilidade e emoção, sem elos comformas e sons, e, infelizmente, na maioria dos casos,sem elos com a linguagem. Devo dizer que estes dois sentidos são ambos válidos,porque refletem o que vem a ser a poesia em seu

ERATO: Significado donome: “Adorável”. A Musa da

poesia lírica (elegia),particularmente a poesiaamorosa ou erótica, e da

mímica. Ela é representadausualmente com uma lira.

sentido mais amplo. Contudo, permanecem ainda duasrealidades: a primeira, que a valorização de um textopoético como Arte depende inteiramente dagrandiosidade ou mediocridade do autor. A segunda,que a poesia, como expressão das Finas Artes, foiirremediavelmente marginalizada. Não importa a grandeza do poeta: sua obra ainda estádestinada às mais escondidas e empoeiradasprateleiras das livrarias - se é que chega até lá -, eapenas uns poucos, muito poucos, conseguemqualquer espécie de popularidade - esta sempre ligadaa outro fator, seja ele político, ambiental, financeiro ousocial. Ou isto, ou o poeta, por ter algum cargo na mídia, oupor algum escândalo pessoal, ou por quaisquer outroscontatos importantes que tenha, consiga chegar àspáginas de jornais e revistas, ou, melhor ainda, aosshows de entrevistas das diversas emissoras detelevisão. Esta é, portanto, a situação da poesia no cenárionacional de hoje. Sim, temos muito talento pelo Brasilafora, tanto na poesia como instrumento de umaforma, quanto na poesia como pura expressãoemotiva. O que nos falta, infelizmente, é que a esquecida artede poetar seja divulgada e apreciada pelo querealmente é: uma das mais belas das Finas Artes, e averdadeira voz do espírito de uma época. 

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THÁLIA: Significado donome: “Festividade”.Éuma das Musas gregas, eela preside a comédia e apoesia leve. Seus símbo-los são a máscara cômicae um cajado de pastor.

Conheça estase outras obras deDalva Agne Lynchhttp://www.dalvalynch.net/livros.php

ÀS PORTASDA NOITEEditora Blocos

O HERÓIEditoraEDUSP

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MUSEU DA PESSOAÉ um museu virtual e colaborativo de relatos de vida. Toda e qualquer pessoa éconvidada a contar histórias e a explorar o acervo de mais de 15 mil narrativas emtextos, imagens, vídeos e áudios. Ao longo de seus mais de 20 anos de história, oMuseu da Pessoa desenvolveu diversas linhas de ação, produziu livros e vídeos como apoio de instituições, pessoas e empresas. Você pode participar dessa iniciativa demuitas maneiras. Conte histórias que você traz na memória, revelando cenários,pessoas e acontecimentos que marcam sua vida e acrescentando imagens,ilustrações, áudios e vídeos. Você também pode registrar histórias de pessoas de suafamília, escola, círculo de amizades ou comunidade. Explore o acervo do Museu daPessoa navegando pelo site, selecionando seus relatos favoritos.

http://www.museudapessoa.net/pt/home

Aqui estão mais três indicações de sites para você visitar na net e se divertir. Conheça oprojeto Museu da Pessoa, um site interativo onde você pode registrar sua própria história.

Quer uma rede social que compartilha fotos e imagens? Visite o Pinterest e comece a sedivertir agora mesmo. Quem prefere resgatar notícias e informações do Brasil e do Mundo dosúltimos 46 anos não pode deixar de ver o acervo digital de todas as edições da Revista Veja.

PINTERESTÉ uma rede social de compartilhamento de fotos. Assemelha-se a um quadro deinspirações, em que os usuários podem compartilhar e gerenciar imagens temáticas,como de jogos, de hobbies, de roupas, de perfumes etc. Cada usuário podecompartilhar suas imagens, recompartilhar as de outros utilizadores e colocá-las emsuas coleções ou quadros (boards), além de poder comentar e realizar outras açõesdisponibilizadas pelo site. Para que os usuários possam interagir de uma forma maisampla com outras comunidades, o site é afiliado com o Twitter e Facebook. Comfácil layout e rápido crescimento, tornou-se um novo meio de compartilhamento deimagens na internet. Foi eleito um dos melhores websites de 2011 pela revista Time.

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REVISTA VEJADesde a primeira edição, de 11 de setembro de 1968 até a edição mais recente,está disponível o acervo digital de uma das mais importantes revistas semanaisbrasileiras, a VEJA. São mais de 2.380 edições, mais quase uma centena de ediçõesextras ou especiais, totalizando mais de 350.000 páginas com acesso gratuito. Osite contém todas as capas, indices e sistemas de busca que facilitam a localizaçãode temas ou matérias específicos. Uma importante fonte de consulta dos fatos quefizeram a história do Brasil e do mundo nos últimos 46 anos.

http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx

PorLUCIANA GOMES GIMENESAdministradora de empresas eCoordenadora de comprasSão Paulo - [email protected]

Dicas e links NETNETNETNETNET

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Opinias - Outubro 2014

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Curioso

mundo da

literatura

Pesquisa:MARCOS GIMENES SALUNJornalistaSão Paulo - [email protected]

GRACILIANO RAMOS era ateu convicto, mas tinha umaBíblia na cabeceira só para apreciar os ensinamentos e oselementos de retórica. Por insistência da sogra, casou na igrejacom Maria Augusta, católica fervorosa, mas exigiu que acerimônia ficasse restrita aos pais do casal. No segundocasamento, com Heloísa, evitou transtornos: casou logo no

religioso.

Numa das viagens a Portugal, CECÍLIA MEIRELES marcouum encontro com o poeta Fernando Pessoa no café

A Brasileira, em Lisboa. Sentou-se ao meio-dia e esperou emvão até as duas horas da tarde. Decepcionada, voltou para ohotel, onde recebeu um livro autografado pelo autor lusitano.Junto com o exemplar, a explicação para o “furo”: FernandoPessoa tinha lido seu horóscopo pela manhã e concluído que

não era um bom dia para o encontro.

GUIMARÃES ROSA, médico recém-formado, trabalhou emlugarejos que não constavam no mapa. Cavalgava a noite inteirapara atender a pacientes que viviam em longínquas fazendas. Asconsultas eram pagas com bolo, pudim, galinha e ovos. Sentia-seculpado quando os pacientes morriam. Acabou abandonando aprofissão. “Não tinha vocação. Quase desmaiava ao versangue”, conta Agnes, a filha mais nova.

JORGE AMADO para autorizar a adaptação de Gabriela para a tevê,impôs que o papel principal fosse dado a Sônia Braga. “Por quê?”,

perguntavam os jornalistas, Jorge respondeu: “O motivo é simples: nóssomos amantes.” Ficou todo mundo de boca aberta. O clima ficou mais

pesado quando Sônia apareceu. Mas ele se levantou e, muito formal disse:

“Muito prazer, encantado.” Era piada. Os dois nem se conheciam até então.

Curioso

mundo da

literatura

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Gosto do meu jeito de ser:Não me rendo a regrastradições ou convenções.Gosto de ser despojadaNão me prendo a nada.Não ligo para estilos,modismos ou tendências.Sou guiada pelas minhas preferências.Meu humor é minha maior influência eMeu prazer é razão da minha existênciaSó a ele sou fiel e devo obediência.Sou eclética, por naturezaAdmiro em tudo, a belezaNão me prendo a defeitosEstamos longe de sermos perfeitos.Prezo a honestidade e a lealdadeDetesto hipocrisia e falsidade.Aceito bem mudanças e modificaçõesGosto de diversificaçõesNo entanto, repudio imposições.Transito por ambientes e meios diversosComporto-me, adequadamente, nesses universosGosto de ir a restaurantes requintadosE, adoro sentar em botecos esculhambadosEnfeito-me com bijuterias de latas ou de ouroVisto-me com sapatos caros ou sandálias de couroColoco roupas de grifes renomadasIgualmente, roupas simples e surradasGosto de ser despojadaGosto de ser assimPorque o maior tesouro que carregoNão está no que visto ou aparentoEstá no meu coração, está dentro de mim!

Sandália deCOURCOURCOURCOURCOUROOOOO

PorANDRÉA LÚCIA GUARÇONIEngenheira civil e poetaRio de Janeiro - RJagatha_triste@hotmail. com