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Ronald A. Sharp Junior Falência e Recuperação Órgãos da Recuperação Judicial e da Falência Verificação e Habilitação dos Créditos Pedido e Processamento

1ª Aula de Falencia e Recuperação BNDES CEJ

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1ª Aula de falência e recuperação apresentada aos alunos da turma do CEJ de Aadvogado do BNDES no dia 08.03.2010

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Falência e Recuperação

Órgãos da Recuperação Judicial e da Falência

Verificação e Habilitação dos Créditos

Pedido e Processamento

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Órgãos da Falência e da Recuperação

O JUIZ

O Juiz é a autoridade superior que, exercendo funções jurisdicionais e administrativas, preside o processo, nomeia o administrador judicial e lhe superintende a atividade, auxiliado pelo Comitê de Credores.

De um lado, houve certa desjudicialização do processo, na medida em que parte das atribuições do Juiz foi transferida para o Administrador (ex.: art. 7º).

De outro, a lei exaltou a atuação do Juiz, ao lhe conceder discricionariedade para a nomeação do Administrador Judicial (art. 52, inc. I; e art. 99, inc. IX), constatando com o sistema anterior, pelo qual a nomeação deveria recair inicialmente entre os credores (art. 60 do Decreto-Lei nº 7.661/45).

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Órgãos da Falência e da Recuperação

O JUIZ

Funções administrativas do juiz, segundo Sérgio Campinho:

a) fixação da remuneração dos auxiliares do administrador judicial; (§ 1º do art. 22); b) autorização, na falência, para que o administrador possa transigir sobre obrigações e direitos da massa e conceder abatimento de dívidas (§ 3º do art. 22); c) autorização para venda antecipada de bens (art. 113); d) deferimento da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial (inc. XI do art. 99); e) autorização para o devedor, após a distribuição do pedido de recuperação judicial, alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente (art. 66),; f) destituição do administrador (art. 31) e tomada das contas deste (art. 154)

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Órgãos da Falência e da Recuperação

O MP

O Ministério Público oficia na falência na recuperação exercendo atribuições como órgão agente (parte) e como órgão interveniente (fiscal da lei).

Deve ser obrigatoriamente intimado do deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 52, inc. V) e de sua concessão (art. 187), da sentença que decreta a falência (art. 99, inc. XIII).

Sua intimação e audiência também condicionam a prática de certos atos (art. 142, § 7º; 154, § 3º).

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Órgãos da Falência e da Recuperação

O MP

Apesar do veto ao art. 4º, continua em vigor o art. 82, inc. III, do CPC, pelo qual compete ao Ministério Público intervir causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

Na intervenção como fiscal da lei, o Ministério Público (art. 83) a) terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; e b) poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade.

A Recomendação 01/05 da PGJ pugna pela participação do MP em todos os atos do processo.

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Órgãos da Falência e da Recuperação

A Assembléia de Credores

A Assembléia-Geral de Credores constitui um órgão colegiado deliberativo, não obrigatório, que compreende todos os credores admitidos que concorrem ao patrimônio do devedor (art. 39). Funcionará na falência e na recuperação, reservando-lhe a lei as seguintes atribuições (art. 35): I – na recuperação judicial: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; d) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; e) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; II – na falência: a) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; b) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei; c) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

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Órgãos da Falência e da Recuperação

A Assembléia de Credores

A Assembléia-Geral de Credores será composta pelas seguintes classes (art. 41):

-Titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho-Titulares de créditos com garantia real-Titulares de créditos quirografários, com privilégio geral ou subordinados.

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Administrador Judicial

O Administrador Judicial é órgão obrigatório e funciona como agente ou auxiliar do Juiz na administração da falência e da recuperação, praticando atos em nome próprio, sob pena de responsabilidade pessoal. Exerce suas funções sob a fiscalização do Juiz e, se houver, do Comitê de Credores (art. 22). Para fins penais se equipara a funcionário público.

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Administrador Judicial

A nomeação do Administrador ocorre na sentença de falência (art. 99, IX) ou no despacho que manda processar a recuperação (art. 52, inc. I), devendo a escolha do Juiz recair em profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada (art. 21).

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Administrador Judicial

Serão fixados pelo Juiz o valor e a forma de remuneração do Administrador Judicial, observando-se a capacidade de pagamento do devedor, a complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para atividades semelhantes, não podendo exceder a 5% do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência (art. 24, caput, e seu § 1º).

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Administrador Judicial

O Administrador Judicial exerce diversas atribuições, algumas de natureza administrativa e outras representativas e processuais na defesa dos interesses da massa falida. Suas funções são indelegáveis, podendo, entretanto, ser exercidas conjuntamente com auxiliares sob a sua inteira responsabilidade, cuja remuneração é fixada pelo Juiz (art. 22, § 1º). O administrador judicial somente exercerá atos de gestão na na recuperação quando, afastado o devedor da condução de seus negócios na recuperação, a assembléia geral ainda não houver deliberado sobre a escolha do gestor (art. 65)

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Comitê de Credores

O Comitê de Credores é órgão facultativo e não remunerado, exercendo funções precipuamente fiscalizadoras durante a tramitação de todo o processo. Após o deferimento do processamento da recuperação, os credores, a qualquer tempo, podem requerer a convocação de Assembléia-Geral para a sua constituição (art. 35, inc. I, “b”). Na falência, caberá ao juiz na sentença determinar a convocação de Assembléia-Geral para o mesmo fim, podendo autorizar o prosseguimento do Comitê em funcionamento na recuperação (art. 99, XII). Na ausência do Comitê de Credores, suas atribuições caberão ao Administrador e, na incompatibilidade deste, ao Juiz (art. 28).

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Órgãos da Falência e da Recuperação Judicial

Administrador Judicial e Comitê de Credores

O Administrador e os membros do Comitê de Credores responderão por dolo ou culpa no desempenho de suas funções, em caso de prejuízo causado à massa falida, ao devedor em recuperação ou aos credores. Para eximir-se de responsabilidade pessoal, o dissidente das deliberações tomadas no âmbito do Comitê de Credores deverá consignar em ata sua divergência (art. 32). A sentença que rejeitar as contas do Administrador definirá suas responsabilidades e poderá determinar a indisponibilidade ou o seqüestro de bens, valendo a decisão como título executivo (art. 155, § 5º). Ademais, são previstos crimes de desobediência (art. 23) e o de violação de impedimento (art. 177).

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Verificação dos Créditos

Noção Geral

Enquanto a arrecadação dos bens e direitos do falido determina a formação da massa falida ativa ou objetiva, a habilitação e verificação dos créditos, acarreta, por sua vez, a massa falida passiva ou subjetiva.

Consiste a verificação num procedimento destinado a tornar apto o crédito de ser admitido para efeito de pagamento e de classificação, identificando-lhe a legitimidade, correção e ordem preferencial.

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Verificação dos Créditos

A disciplina para a verificação dos créditos será a mesma na falência e na recuperação. Será realizada pelo administrador judicial com base na escrituração e nos documentos apresentados pelos credores (art. 7º).

A verificação possui uma fase administrativa e outra contenciosa. A primeira fase se desenvolve na esfera do administrador judicial, que receberá as habilitações de crédito ou as divergências quanto aos créditos relacionados em edital (52, § 1º; e 99, § único), a partir da lista de credores fornecida pelo devedor (art. 51, inc. III; 99, inc. III; art. 105, inc. II). Apenas se houver impugnação â relação de credores elaborada pelo administrador é que o processo se judicializa.

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Verificação dos Créditos“O credor que figurar na listagem, com exatidão do valor do crédito e da classificação a que faz jus, já estará automaticamente habilitado, não tendo que tomar qualquer outra iniciativa, senão aguardar sua inclusão, por sentença, no quadro-geral de credores.” (CAMPINHO, Sérgio. Falência e Recuperação de Empresa. 2ª ed., Renovar, p. 22).

Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7o, § 2o, (art. 14).

“A habilitação não se faz em forma de petição e, por isso, não está obrigada a obedecer os requisitos da petição inicial do artigo 282 do Código de Processo Civil. Sua forma é livre e não necessita ser subscrita por advogado, porquanto o procedimento é administrativo e se opera perante o administrador judicial. Havendo impugnação, dado o seu caráter de litigiosidade, é que se exige a representação do impugnante e do titular do crédito impugnado por advogado habilitado.” (op. cit., p. 101)

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Verificação dos CréditosApós a apreciação das habilitações ou divergências apresentadas pelos respectivos credores, o administrador realizará nova publicação da relação de credores e, no prazo de 10 dias, poderá qualquer credor, o comitê de credores, o falido, sócio ou acionista e o MP apresentar impugnação ao juiz, apontando a ausência de inclusão, a ilegitimidade, a inexatidão do valor ou a incorreta classificação do crédito relacionado (art. 8º).

Autuadas em separado as impugnações, o cartório providenciará a intimação dos credores impugnados para, no prazo de 5 dias, contestarem a impugnação, juntando os documentos e provas com que refutam a impugnação (art. 11). O art. 16 ordena que o juiz proceda à reserva do crédito impugnado, para efeito de seu pagamento futuro.

Da sentença que julga as impugnações cabe agravo (art. 17).

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Verificação dos CréditosEmbora o prazo de 15 dias para a apresentação das habilitações ou divergências seja peremptório, consoante o art. 10 os credores podem habilitar-se posteriormente, como retardatários, situação em que, excetuados os trabalhistas, não terão direito de voto na assembléia-geral de credores na recuperação, o mesmo ocorrendo na falência, a menos que já tenha sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário (§§ 1º e 2º).

Na falência, os credores retardatários perdem o direito aos rateios realizados, ficarão sujeitos ao pagamento das custas (não devidas pelos credores habilitados no prazo legal), e perdem os juros incorridos entre o término do prazo e a apresentação da habilitação (art. 10, § 3º). O credor retardatário poderá pedir reserva de seu crédito (§ 4º).

As habilitações de crédito retardatárias apresentadas antes da homologação do quadro geral de credores terão o tratamento de impugnação (§ 5).

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Verificação dos Créditos

Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não houverem habilitado seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito (art. 10, § 5º).

A sentença que julgar improcedente o pedido de restituição (art. 85), quando for o caso, incluirá seu requerente no quadro-geral de credores, conforme a classificação respectiva (art. 89).

Considerar-se-ão habilitados os créditos remanescentes da recuperação judicial, quando definitivamente incluídos no quadro-geral de credores, tendo prosseguimento as habilitações que estejam em curso (art. 80).

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Verificação dos CréditosO administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no CPC, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores (art. 19).

Pelo § 1o desse artigo, a ação prevista no artigo será proposta exclusivamente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência ou, nas hipóteses previstas no art. 6o, §§ 1o e 2o, perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito.

Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia (art. 152)

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Pedido e Processamento do Recuperação

O processo da ação de recuperação ordinária se divide em três fases:

a) postulatória ou preliminar (ajuizamento e e deferimento do processamento), b) deliberativa ou preparatória (verificação dos créditos e apresentação, aprovação e homologação judicial do plano de recuperação) ec) execução (cumprimento e fiscalização das medidas aprovadas no plano e sentença de encerramento).

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Pedido e Processamento da Recuperação

Procedimento da Recuperação Judicial Ordinária

1 – Formulação do Pedido

Art. 51 (Documentos da inicial)

2– Deferimento do Processamento (art. 52)Se todos os documentos estiverem em ordem, haverá deferimento do processamento (S. 264 do STJ), que não se confunde com a decisão que concede a recuperação (at. 58). As ações e execuções ajuizadas em face do devedor, por créditos sujeitos à recuperação, serão suspensas pelo prazo de 180 dias (art. 6º e § 4º). A desistência do devedor passa a depender da aprovação pela assembléia-geral de credores (52, § 4º).

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Pedido e Processamento da Recuperação

“Vê-se que o conteúdo do ato judicial que o art. 52, da Lei nº 11.101/2005 se refere é bastante parecido e visa à semelhante objetivo. Embora o texto legal não se utilize da palavra ´despacho´, cremos ser essa a natureza do ato que defere o processamento da recuperação judicial. É um despacho de mero expediente. Ainda que tenha um viés decisório, o seu conteúdo vem definido e limitado em lei, não se podendo fugir ou inovar.” (Sérgio Campinho, op. cit. p. 136-137)

“... Qualquer interessado pode denunciar a situação [eventual irregularidade que obste o prosseguimento da recuperação] (credores, administrador judicial, Ministério Público e comitê de credores, se houver), fazendo surgir um incidente a ser apreciado pelo magistrado, eis que. Se do despacho de processamento não cabe recurso, não há que se falar em preclusão.

“Rejeitando a objeção apresentada e mantendo, assim, o processamento da recuperação, caberá o recurso de agravo de instrumento dessa decisão de caráter tipicamente interlocutório; acolhendo, porém, o incidente formulado, indeferirá o pedido, extinguindo o processo de recuperação judicial sem análise do mérito, desafiando a decisão, neste caso, o recurso de apelação.” (idem, p. 138-139)

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Pedido e Processamento da Recuperação

O deferimento do processamento produz ainda os seguintes efeitos:

- Manutenção do devedor e seus administradores à frente do negócio (art. 64)- Restrições à alienação ou oneração de bens do ativo permanente (art. 66 e art. 131)- Manutenção dos créditos e das garantias reais e pessoais, salvo se diversamente for estabelecido no plano aprovado. (art. 49, §1º, e art. 59, combinado com art. 360 do Cód. Civil)

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Pedido e Processamento da Recuperação

Tratando-se a Empresa X de sociedade anônima produtora de equipamentos eletrônicos, que se encontra em recuperação judicial, nos termos da Lei no 11.101, de 09 de fevereiro de 2005, responda às perguntas abaixo.

a) Quais os efeitos do deferimento do pedido de processamento da recuperação judicial sobre os contratos de fornecimento de equipamentos celebrados pela Empresa X com seus clientes antes da interposição do pedido de recuperação judicial?

(Concurso para Advogado do BNDES, prova realizada pela Cesgranrio em 07.2008)

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Pedido e Processamento da Recuperação

Procedimento da Recuperação Judicial Ordinária

1 – Apresentação do Plano de RecuperaçãoMeios exemplificativos de recuperação (art. 50)Prazo para apresentar o plano: 60 dias, a contar da publicação da decisão que deferir o processamento (art. 53).Se o plano não for apresentado no prazo, o juiz decreta a falência (art. 73, inc. II).

2 – Objeção ao PlanoArt. 55: qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 dias contado da publicação da relação de credores prevista no § 2º do art. 7º. Se não houver objeção, o plano será tacitamente aprovado. Diante de objeção, o juiz convoca a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano (art. 56 e §§).

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Pedido e Processamento da Recuperação

Procedimento da Recuperação Judicial Ordinária

3 – Assembléia-Geral (decisão sobre o plano)

3.1. Rejeitado o plano, o juiz decreta a falência, salvo a possibilidade de conceder a recuperação nos termos no art. 58, § 1º.3.2. A assembléia pode alterar o plano, desde que haja expressa concordância do devedor (art. 56, § 3º).3.3. Uma vez aprovado o plano, o devedor apresentará certidões negativas dos débitos tributários (art. 57), o que tem sido considerado inconstitucional por ofensa ao princípio da razoabilidade. Atento à observância da legalidade e do devido processo legal, o juiz concede a recuperação. A decisão que concede a recuperação constitui título executivo judicial, é de natureza interlocutória e está sujeita ao recurso de agravo (art. 59 §§ 1º e 2º).

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Pedido e Processamento da Recuperação

Procedimento da Recuperação Judicial Ordinária

4 – Concessão da RecuperaçãoCaso deferida a recuperação, o devedor a cumpre pelo período de 2 anos, findo os quais o processo será encerrado. O descumprimento das obrigações do plano de recuperação nesse período acarreta a convolação em falência (art. 73).

5 – Encerramento da Recuperação

Encerrado o processo, o devedor continua cumprindo as obrigações que se vencerem após os 2 anos e, em caso de descumprimento posterior, os credores podem promover a execução específica ou requerer a falência em processo distinto (art. 63).