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Todos os direitos desta edição reservados ao autor. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, com finalidade de comercialização ou aproveitamento de lucro ou vantagens, com observância da Lei de regência. Poderá ser reproduzido texto, entre aspas, desde que haja clara menção do nome dos autores, título da obra, edição e paginação. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Editoração Diagramação ArtNer Comunicação Joselito Miranda

Capa Impressão Roseilde Reis Infographics

Revisão ImagensÉverton Santos Pexels e Internet

Editora ArtNer ComunicaçãoTel.: (79) 99131-7653 • [email protected] • artner.com.br

Printed in Brazil / Impresso no Brasil

Gerônimo, Luís Laércio (Org.); Arruda, Michele (Org.). G377a Antologia do Café Poético & Filosófico de Pão de Açúcar-AL/Luís Laércio Gerônimo (org.); Michele Arruda (Org.). - Aracaju: ArtNer Comunicação, 2021. 226p.: il. ISBN: 978-65-88562-48-2 1.Literatura – Antologia 2. Poesias-Crônicas-Artigos 3. Café Poético &Filosófico- Pão de Açúcar-AL I - Título CDU: 821.134.3(813.5) - 82

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Jane Guimarães – CRB-5/975

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Organização

Luís Laércio GerônimoMichele Arruda

Pão de Açúcar-AL

2021

EDITORA

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I Antologia do Café Poético & Filosófico de Pão de Açúcar-AL

Apresentação

A presentar, nesta minha compreensão, é um ato de gran-de responsabilidade que coloca o apresentador, no mí-nimo, à altura daquilo que se quer apresentar. Neste

caso, respeitando minha singela biografia, agradeço pela oportu-nidade que me foi dada para apresentar a I Antologia do Café Poé-tico e Filosófico de Pão de Açúcar-AL.

O casal Luís Laércio Gerônimo e Michele Arruda, representan-tes do Café Poético e Filosófico de Pão de Açúcar-AL, mergulha-dos na ousadia do protagonismo que lhes é peculiar, promovem e provocam, através das mais diversas articulações, tais como, con-curso literário; encontros formais e informais; garimpos de novos potenciais poetas e poetisas, em diversos espaços que ocupam, e nos brindam com esta Antologia, que nos propõe uma viagem pelo Brasil afora.

Este rico e diverso apanhado da Literatura Brasileira nos colo-ca a bordo de poesias, contos e crônicas, numa viagem por todas as regiões do Brasil, com a assinatura de diversos autores e auto-ras, trazendo-nos mensagens que nos contextualizam ou, no míni-mo, nos colocam a pensar sobre as mais diversas linhas de pensa-mento, independentemente de faixa etária, gênero, etnia ou credo.

Por certo, esta obra servirá como ferramenta de muita valia em qualquer lugar que ela possa alcançar, assim como fez e fará a diferença nas vidas dos organizadores, coautores e leitores.

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Juntos, portanto, adentremos a parte mais importante da obra, pois a apresentação é apenas uma provocação, no sentido de que juntos possamos despertar e valorizar a importância do que so-mos capazes de produzir para nós e por nós.

Túlio dos Anjos Acadêmico e escritor

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I Antologia do Café Poético & Filosófico de Pão de Açúcar-AL

Prefácio

S.emelhante ao oceano, repleto das mais belas e variadas es-pécies, é o mundo literário com seus mais belos e diversi-ficados gêneros textuais. E a I Antologia do Café Poético e

Filosófico de Pão de Açúcar-AL, obra organizada pelo conterrâneo e confrade Luís Laércio Gerônimo Pereira, que contou com a afetu-osa colaboração de sua esposa e confreira Michele Arruda, é uma coletânea que reúne maisde 100 trabalhos escritos por integran-tes desse movimento que surgiu para fortalecer muito mais a cul-tura da antiga* taba dos extintos guerreiros Urumarys.

São poemas (em seus variados estilos), crônicas, artigos e ou-tras expressões que compõem e enriquecem o fascinante mundo das letras, fazendo jus ao que definiu o poeta, escritor, romancis-ta, jornalista, músico, filósofo e crítico literário Evan do Carmo–“a arte de escrever é a expressão mais consistente que o homem criou para perpetuar a razão e a inteligência. Com ela, se alimenta sonho de imortalidade.”

E, viajando pelas páginas desta I Antologia do Café Poéti-co e Filosófico de Pão de Açúcar-AL, encontramos entre outras produções: “O lugar secreto”, “Tempos sombrios”, “Poema cin-za”, “As quatro estações”, “Solidão”, “Silêncio do ser”, “Amiza-des”, “Conselho”, “Namoro”, “Necrópole”, “Solilóquio”, “Sonhos”,

* Pão de Açúcar, a terra de Jaciobá.

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“Ode ao sertanejo” e tantos outros escritos, os quais sintetizam a fertilidade existente nas mentes intelectuais, que podemos com-parar a um terreno preparado para a germinação de sementes.

E, nesse processo extraordinário de germinação, a rica litera-tura brasileira, em especial a arte literária do Nordeste, tem flores-cido e dado excelentes frutos, pois, como manifestação artística, tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de determi-nado autor (o artista), com base em seus sentimentos, seus pontos de vista e suas técnicas narrativas. E o que difere a literatura das outras manifestações é a matéria-prima: a palavra que transforma a linguagem utilizada e seus meios de expressão.

Segundo o professor e escritor José de Nicola Neto, o que torna um texto literário é a função poética da linguagem, que “ocorre quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensa-gem, com as palavras carregadas de significado.” Além disso, Nico-la Neto enfatiza que não apenas o aspecto formal é significativo na composição de uma obra literária, como também o seu conteúdo.

O escritor Jorge Vera Cruz Barbosa**, uma das figuras mais prestigiadas da moderna poesia cabo-verdiana, escreveu que “a antologia textual é capaz de reunir tudo que forma o ser humano: alegria, tristeza, amor, sexo, fé, ilusão, realidade, santo, profano, guerra, paz, humildade, maldade, passado, presente, futuro, culpa, perdão. A natureza mais forte e profunda que torna a arte uma imitação da vida.”

Destarte, posso afirmar, desprovido da pretensão de parafra-sear o autor desse brilhante conceito, que este parnaso ora pu-blicado pelo Café Poético e Filosófico de Pão de Açúcar reúne não

** Nasceu em 1902, em Praia (Ilha de Santiago, Cabo Verde), e faleceu em 1971, na Cova da Piedade. Figura das mais prestigiadas da moderna poesia cabo-verdiana, o autor é, histo-ricamente, o anunciador, com a publicação do livro Arquipélago.

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I Antologia do Café Poético & Filosófico de Pão de Açúcar-AL

somente textos literários, mas, também, inspirações artísticas e manifestações da alma.

E, para comprovar essa minha afirmativa, convido você para ler e sentir as páginas deste livro, que, apesar de não ambicionar a condição de best-seller, pretende presentear o público leitor.

Aproveito para agradecer ao sapiente conterrâneo, amigo e confrade Luís Laércio Gerônimo Pereira, presidente desse expres-sivo movimento literário, pelo honroso convite formulado a mim para prefaciar este livro do qual participo, também, como escritor.

Parabéns, Café Poético e Filosófico de Pão de Açúcar, por essa brilhante iniciativa! Parabéns, escritores e participantes desta Antologia!

Obrigado, Senhor! Obrigado, senhores!

Helio Silva Fialho Escritor e jornalista

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Sumário

ADELMO PELÁGIO DE ANDRADE FILHO Minha avó materna e os livros ........................................................................... 17 Sobre poetas e animais extintos ........................................................................ 19ADERVAL SANTOS SOUZA Surubim ...................................................................................................................22ALEX XELA LIMA Poema cinza ........................................................................................................... 31ALVERIANO DIAS Meu silêncio ...........................................................................................................33ANA CARLA RODRIGUES DE OLIVEIRA Meu novo xodó ......................................................................................................35ANA MIKAELLY Partida .................................................................................................................... 38ANA PAULA DE BONA SARTOR O estudante ........................................................................................................... 39ANABI DE JESUS Soneto do adeus ................................................................................................... 51ANALLY DE ALMEIDA SANTOS Pensamentos tácitos de uma alma tênue ...................................................... 42ANGELA DIAS - ANGELA TRIERVEILER Toc... toc... toc... ...................................................................................................44ANTÔNIO FRANCISCO CÂNDIDO Quem ama corrige e se autocorrige .................................................................46ANTÔNIO MARCOS BANDEIRA A arte de escrever ................................................................................................48ANTÔNIO PINTO Em Angico não houve o fim ............................................................................... 49BRUNO DE SOUSA BEZERRA Crônica .................................................................................................................... 51BRUNO VINÍCIUS SANTOS PINHEIRO Amizades ................................................................................................................ 53CARLA CRISTINA DE OLIVEIRA GOMES Viver e agradecer ................................................................................................. 55

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CARLA DANIELY Sereia urbana d’água ............................................................................................57CARLOS ALBERTO DE ASSIS CAVALCANTI Tempos sombrios ................................................................................................. 59CARLOS ALEXANDRE NASCIMENTO ARAGÃO Aquarela cheia de vida ........................................................................................ 61CAUANY GABRIELY MEDRADE DE ARAGÃO Menina solitária ................................................................................................... 63CÉLIA MÔNICA ALVES DA SILVA Prisioneira do medo ............................................................................................. 65CELYNE VITÓRIA SILVA GUIMARÃES O dom do escritor ................................................................................................ 67CENIRA SOY Flores .....................................................................................................................68CHARLAN FIALHO Negrura .................................................................................................................. 69 O rio São Francisco .............................................................................................. 70 Cordel sem vírus ................................................................................................... 71CLEONICE BEZERRA DOS SANTOS Decisão ....................................................................................................................73CRISTIANE BISPO Aos olhos da Virgem ............................................................................................74CRISTINA MEDRADE DOS SANTOS DE ARAGÃO Corrida contra o tempo .......................................................................................75DANIEL DA ROCHA SILVA Caminhoneiro ......................................................................................................... 77DANIEL LUCAS FREIRE SILVA Meu abacateiro José ........................................................................................... 78DAVID ALAN PINTO Sentimento declarado .........................................................................................80 Superei .....................................................................................................................81DIÓGENES RODRIGUES PEREIRA Manual do casamento ......................................................................................... 82EDCLEIDSON SOUZA O lugar secreto ..................................................................................................... 85EDVAN SILVA DE SOUZA Jogos da vida ......................................................................................................... 87EDNA MARIA MENDES RODRIGUES Um coração puro .................................................................................................88

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EDVALDO SANTOS FÉLIX Declaração ............................................................................................................90FRANCISCO FÁBIO BEZERRA TOMAZ - CHICO FÁBIO A peleja de Pinto do Monteiro com o capitão Virgulino Ferreira ..............91FLÁVIA EVELLYN SILVA DE ARAÚJO Eu gosto... .............................................................................................................. 95FREDERICO DANTAS VIEIRA O presente Luíza................................................................................................... 97GISELLY KAMILY Ampulheta .......................................................................................................... 100HELIO SILVA FIALHO Necrópole .............................................................................................................. 101 Solilóquio ao Velho Chico ..................................................................................103HELOYSA ALESSANDRA ALVES DOS SANTOS Conselho ............................................................................................................... 104IARA DA SILVA GOMES O que é a felicidade?.......................................................................................... 105IDENILSON DE ALBUQUERQUE A política que temos e a política que queremos ..........................................107ILAILSON DE GOES TELES Somente um samba nessa vida? .................................................................... 109INGRID DANYELE MEDEIROS BARBOZA E serei uma escritora escolhida por Deus. .................................................... 110ISABELA FERNANDA SOARES DA SILVA COSTA Minha linda família .............................................................................................112JOSÉ ABRAÃO REZENDE GOVEIA Representações do patrimônio cultural brasileiro em cordel ....................113JOSÉ ALAN PEREIRA LEITE Aviso .......................................................................................................................115JOSÉ DENIVALDO DOS SANTOS Apressados ............................................................................................................ 117JOSÉ EDSON CAVALCANTE DA SILVA Tua força me conduz .......................................................................................... 118JOSÉ PAULO DA SILVA FERREIRA Único poema de amor ........................................................................................ 119JOSELITO MIRANDA DE SOUZA Poemeu ..................................................................................................................121JOSINALDO ANDRÉ DE SOUZA As mentiras de tio Lourenço ............................................................................. 122

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JOSÉ PORTUGAL DUARTE Quem sou? ............................................................................................................ 125 Um sussurro... ...................................................................................................... 126KELTYN MILENA SANTOS OLIVEIRA Meu lado oculto ................................................................................................... 127KELVIA VITAL - FLOR MORENA Sua voz ..................................................................................................................128KÊNIA SOARES BASTOS DE SOUSA Algo novo .............................................................................................................. 129KETHLYN ISIS SANTOS O racismo ............................................................................................................. 130KEVIN GELTON ALVES DA SILVA SANTOS Namoro ...................................................................................................................131LAÍS MARICELMA OLIVEIRA SANTOS Tempo .................................................................................................................... 132LAYZA SOPHIA SANTOS DOS REIS Um grito silencioso ............................................................................................. 133LETÍCIA VITÓRIA MOREIRA SIQUEIRA O mistério escolar ...............................................................................................134LÍCIA CIBELLE MACIEL CARVALHO Tem olhar que... ...................................................................................................136LUANA PEREIRA DE BRITO Elos ....................................................................................................................... 138LUCIANA BISPO CAVALCANTE A cruel escolha ....................................................................................................139LUÍS LAÉRCIO GERÔNIMO PEREIRA Jaciobá .................................................................................................................... 141MAIARA SILVA GOIS Ela... ....................................................................................................................... 144MARCELO PEREIRA Uma nova versão do cangaço ..........................................................................145MARCOS ALBERTO DE OLIVEIRA NETO Todos precisamos de um tempo ..................................................................... 147MARIA CLARA SILVA REZENDE O beija-flor ........................................................................................................... 149MARIA DA CONCEIÇÃO XIMENES PAIVA A promessa ......................................................................................................... 150MARIA DE LOURDES FERNANDES A linguagem do amor ......................................................................................... 153

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MARIA DE LOURDES SANTOS Saudade! ...............................................................................................................154MARIA EDUARDA ALMEIDA SANTOS Descarregar ......................................................................................................... 155MARIA LUZINETE FONTENELE Doce lembrança ................................................................................................... 157MARIA RITA DOS SANTOS Envelheci .............................................................................................................. 160 Isolamento social ................................................................................................. 161MARIA VIRGÍNIA DE ASSUNÇÃO FEITOSA GOMES Se você fosse ........................................................................................................ 162MASSILON SILVA O ET do São Francisco ....................................................................................... 164MATHEUS LUAMM SANTOS FORMIGA BISPO Ontem, hoje, amanhã ......................................................................................... 170MICHELE ARRUDA Minha bisavó D. Anália ......................................................................................171PAULO PEREIRA GOUDINHO Alguns artistas que mudaram o mundo ....................................................... 172PEDRO VITOR LIMA SILVA Qual é a minha flor.............................................................................................. 176POLYANA SOUZA SANTOS Palavras ................................................................................................................. 177RAUANNY MEMÓRIA FEIJÃO Meu girassol ......................................................................................................... 178RAUL HÉLIO FEIJÃO O tempo é indomável ........................................................................................ 179REBEKA SOPHIA SILVA DE OLIVEIRA A vida - Um pote de emoções .......................................................................... 181RICARDO SANTOS LEITE Análise sobre a vida ............................................................................................183RITA FREIRE Cavernas .............................................................................................................. 184ROBERTA VIEIRA DE CARVALHO O gato danado ..................................................................................................... 187ROBSON AZEVEDO COSTA OLIVEIRA Quanto bem lhe faz amar ................................................................................. 189ROSA MARIA DA SILVA GONÇALVES Sem festejos... ..................................................................................................... 191

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ROSA MARIA SANTOS Minha terra de palmeiras .................................................................................. 192SOFIA SANTOS MATOS Aquecimento global ............................................................................................ 193RUSEL MARCOS BATISTA BARROSO Maria Alves, sergipana de sucesso no cenário nacional ........................... 194SOLANGE DA GAMA Quanto vale um simples par de sandálias .................................................... 198THIAGO SOTTHERO Jardineiro ..............................................................................................................201TINHO SANTANA O tempo................................................................................................................ 203TITO SOUZA Zero à vivissecção ............................................................................................. 205TÚLIO DOS ANJOS Quando a relação acaba ................................................................................... 208VALDEMIRA DE ALBUQUERQUE ARAÚJO Lampião: Rei do Cangaço ..................................................................................210VERÔNICA MACIEL Café e filosofia ..................................................................................................... 212VICTOR CÉSAR DUARTE OLIVEIRA Mundo novo ........................................................................................................214VICTOR HUGO REIS OLIVEIRA O eu poético .........................................................................................................216VÍTOR CORREIA Mente que mente ................................................................................................ 217VITÓRIA CAMILLI SANTOS Solidão ...................................................................................................................219YAGO BEZERRA MARINHO MARTINS Que seja ................................................................................................................ 220YVAN SILVA FIALHO Ode ao sertanejo Sonhos ...................................................................................................................222

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ADELMO PELÁGIO DE ANDRADE FILHO Nasceu em Salvador/BA, no dia 06/07/1975.Formou-se em Direito pela Universidade Católica do Salvador como o aluno de melhor desempenho, recebendo, por conta disso, a Láurea J. J. Seabra. Foi aprovado no Exame da Ordem, pós-graduou-se em Direito Civil e aprovado, em primeiro lugar, no con-curso para Delegado de Polícia da Polícia Civil de Sergipe, tomando posse no cargo no final de 2006.Em 2018, se tornado vice-presidente jurídico da

Associação e do Sindicato dos Delegados de Polícia de Sergipe -Adepol/Sinde-pol-SE. Além disso é membro do Grupo Espeleológico Centro da Terra. Já rece-beu os títulos de cidadão rosarense (2016), são-dominguense (2019), aracajua-no (2019) e sergipano (2020). Em 2020 teve seu conto “Justiceiros” classificado em segundo lugar no primeiro concurso literário do Café Poético e Filosófico de Pão de Açúcar/AL. Ocupa a cadeira nº 39, cujo patrono é João Sapateiro da Academia Literocultural de Sergipe–ALCS.

Minha avó materna e os livros

A té hoje não entendo como minha avó materna conseguiu ler tanto, como lhe foi possível acumular tanta cultura em tão

pouco tempo. No entanto, sua vida intelectual feneceu aos vinte e dois anos, ao casar com meu avô.

A mulher que se havia iluminado com a leitura de Balzac, Victor Hugo, Dickens, Somerset Maugham, Hemingway, Cronin, William Saroyan, Tolstói, Dostoiévski, Oscar Wilde, Neruda, Gabriela Mis-tral, García Lorca, J. G. de Araújo Jorge, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Drummond, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Xavier Mar-ques, Graciliano Ramos, e muitos e muitos outros, subitamente in-gressou em longo período de trevas, que só encontraram alguma mitigação nos últimos anos de sua vida.

Nasceu princesinha do cacau no sul da Bahia, mais precisa-mente na embrionária Ubaitaba. Durante sua infância, passava férias em Ilhéus, onde tomava banhos de mar que lhe restauravam a saúde respiratória, comprometida pelas baixas temperaturas de sua terra natal. Na pré-adolescência, mudou-se para Salvador,

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onde estudou em regime de internato no religioso colégio das Sa-cramentinas, onde tomou gosto pela leitura através da Biblioteca das Moças de M. Delly.

Com dezessete anos, já era funcionária pública em Salvador, possuía vasta bagagem literária e uma altivez incomum para a época. Sua independência e sua cultura atípicas assustavam os homens. Certa feita, numa casa de chá da Rua Chile, seu então na-morado enciumou-se quando a viu conversar, em pé de igualdade, com um culto amigo dele sobre humanidades. De outra vez, esse mesmo namorado teve de desdobrar-se para demonstrar que ti-nha vasto conhecimento sobre a poesia libertária hispano-ameri-cana, objeto de uma resenha que ela havia redigido. Mas o golpe fi-nal veio quando ela se atrasou para o cinema; teria ele segurado os braços dela com firmeza e a interrogado com fúria policial: “onde você estava, diga, onde você estava?”

Seu outrora namorado, como muitos advogados recém-forma-dos da época, foi embora para Ilhéus em busca de casamento e riqueza, tendo encontrado ambos.

Foi essa mulher de vanguarda que paradoxalmente submeteu--se a um dos casamentos mais infelizes que já conheci. A instabili-dade emocional e econômica de meu avô escravizou-a a uma má-quina de costura durante trinta anos, para que pudesse sustentar suas duas filhas.

Meu avô percorreu diversas profissões ao longo de sua vida. Em apenas uma delas foi exitoso: representante de vendas da Johnson. (Em uma gaveta da máquina de costura de minha avó havia uma medalha de bronze que ele ganhara por ter sido um dos maiores vendedores do Brasil. Um dia perguntei a meu avô se eu podia ficar com ela: “leve, meu filho”.) Certo dia, meu avô foi buscar um grandão da Johnson no aeroporto, e, na estrada velha do Aeroporto, o carro capotou. Nunca mais articularia seu braço direito. Deprimido, perdeu a produtividade. Não demorou muito para que o mandassem embora com seu cotovelo emperrado.

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Algum tempo depois, meu avô viajou, e os alimentos foram se esgotando até o momento em que minha avó e suas duas filhas não mais puderam jantar. Nessa noite, minha mãe, ainda criança, acor-dou e flagrou minha avó na cozinha, rezando diante de todos os san-tos da casa, reunidos sobre a pia. O amanhecer trouxe meu avô.

Minha chegada deu a essa culta, resiliente e infeliz mulher um novo sopro de vida. Abandonou a costura e se tornou vendedora de livros. Começou a preencher sua estante de madeira negra com livros comprados em bancas de revista. Os mesmos livros de sua juventude; os livros de minha vida.

Aracaju-SE, 20 de fevereiro de 2011.

Sobre poetas e animais extintosAo Dr. Domingos Pascoal, meu grande motivador.

S.empre fui fascinado por animais extintos e mais ainda pela ideia de reencontrá-los em algum ponto esquecido de uma

Terra já tão desencantada pela cartografia. No dia 10 de junho de 2016, vivi uma emoção análoga: reencontrei o poeta no Festival de Poesia Falada de Japaratuba, cidade sergipana da Zona da Mata. Mas... que mata? Essa relíquia nominal nunca foi tão oportuna; ela nos remete à ideia que melhor interpreta a história dessa região e de seu povo: a devastação.

A história de Japaratuba e de muitas cidades sergipanas reme-te à tentativa colonial e jesuítica de domínio e aculturação do indí-gena, respeitando, mais por estratégia do que por nobreza, alguns aspectos de sua cultura. No entanto, não quis o destino transigir com destruições conciliatoriamente parciais para essa região; os jesuítas e suas missões foram totalmente devastados, deixando como legado algumas igrejas (muitas já bastante descaracteriza-das), muitas lendas e os seus belos restos toponímicos...

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E quanta ingratidão do destino com a generosidade da natu-reza. A descomunal biodiversidade da Mata Atlântica deu lugar ao império de um punhado de espécies vegetais cultivadas por meio da escravização de africanos e de um solo outrora natural-mente fertilíssimo (que somente não se esterilizou por conta de adubos que vieram a ser fabricados com matéria-prima obtida na própria região).

E a generosidade dessa região prosseguiu com um subsolo de sal-gema e de petróleo que parecem se volatilizar assim que vêm a lume, pois não se encontram na infraestrutura de suas cidades precárias e na qualidade de vida de seu povo paupér-rimo. Para onde foi e vai toda essa riqueza? (Isso merece um documentário.)

A mais recente forma de devastação desse povo se expressa pelo protagonismo da indústria cultural na esterilização das cul-turas locais, que conferiam identidade e autoestima às respectivas comunidades, as quais têm sido reduzidas a núcleos de consumo de verdadeiras canções de plástico e outros produtos culturais in-telectualmente inócuos e psiquicamente poluentes, com a conse-quente atrofia de suas potencialidades criativas.

Mas, no Festival de Poesia de Japaratuba, fiquei feliz ao ver o poeta Darquiran Costa numa cadeira de balanço sob um cobertor, tendo em volta de si brinquedos de uma extinta infância; metáfora cenográfica da nostalgia de um homem que sente sua vida em des-perdício. Feliz também por presenciar o jovem poeta Périclys da Rocha Santos (grande campeão do Festival) entrar em cena com um figurino maravilhosamente lisérgico, a serviço de uma bela in-terpretação de um texto tão original em sua linguagem quanto ne-cessário para a reflexão sobre o perigo de fazer do mundo virtual a sede de uma existência vazia. Fiquei ainda mais feliz por teste-munhar tantos e tantos jovens, de várias cidades de nosso Sergipe, decretando a si mesmos e a todos que a eles assistiam a condição de poetas.

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I Antologia do Café Poético & Filosófico de Pão de Açúcar-AL

E foi assim que vivenciei em Japaratuba o que sentiria um cien-tista romântico que, nos remanescentes das selvas de Madagascar, reencontrasse as aves-elefante, de cuja existência hoje só restam, nas praias insulares, as miríades de fragmentos de seus ovos, sem-pre sob o intemperismo das águas oceânicas...

Obs: Texto originalmente publicado no jornal sergipano Cin-form, no dia 13 de junho de 2016, mas amplamente revisto e mo-dificado para a presente Antologia, no dia 7 de outubro de 2020.