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Índiceacervo.museudapessoa.org/public/editor/clube_da_esquina...do Clube da Esquina, os Lugar de Encontro Márcio Borges, saindo da portaria do edifício Levy com Marisa. BH,MG 1963

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  • Índice

    Casa dos Borges 20Clube da Esquina 22Aqui Ó 24Restaurante do Bolão 26Praça da Estação 28Viaduto Santa Tereza 30Serraria Souza Pinto 32Praça Sete 34Ponto dos Músicos 38Edifício Levy 40Edifício Cesário Alvim 42Rua Rio de Janeiro 44Maletta 46Rua da Bahia 50Teatro Francisco Nunes 52Parque Municipal 54Teatro Marília 56Instituto de Educação 58Bar Brasil 60Casa dos Brant 62Alameda Travessia 64Biblioteca Pública 62Minas Tênis Clube 64Colégio Estadual 70Casa dos Ornelas 72

    GUIA DE B

    ELO HORIZ

    ONTE

    roteiro clube

    da esquina

  • ObservaçãoOs depoimentos utilizados no guia são fruto de uma pesquisa inédita realizada pelo Museu da Pessoa.

    Guia de Belo HorizonteRoteiro Clube da Esquina

    Concepção e realizaçãoAssociação Amigos do Clube da Esquina

    DiretorMárcio Borges

    Vice-diretorJosé Santos

    Produtora executivaCláudia Brandão

    Assistente de ProduçãoJosé Roberto Borgeswww.museuclubedaesquina.org.br

    Desenvolvimento, pesquisa e ediçãoMuseu da Pessoa.Net

    DireçãoKaren WorcmanJosé SantosMárcia Ruiz

    Coordenação do projetoStela Tredice

    PesquisadoresAna Elisa VivianiBeatriz AntunesEliana ReisLeandro DiasPablo DowneyRodrigo de GodoyTatiana Dias

    Coordenação editorial e textos

    Conceito Editorial

    José Eduardo GonçalvesSílvia Rubião

    ColaboraçãoBianca Alves

    DesignGuili Seara Desenho Gráfico

    Ilustrações

    Carlos WeyneTaís Scaff (página 39)

    Alexandre Perocco (página 45)Júlio Reis (mapa)

    Fotografia

    Miguel AunAcervos pessoais

    Foto da capaStern Reality - Frank Stucliffe

    Fotos do mosaico

    Eugênio SávioLuciano BogadoSilvana Franco

    acervos pessoais

  • Há muitas maneiras de seconhecer Belo Horizonte, umacidade múltipla; ora a metrópoleefervescente, ora o centroacolhedor de antigas tradições.Este guia reúne toda essadiversidade, propondo aovisitante um roteiro singular. Por ele trilham-se os caminhospercorridos pelo Clube daEsquina, o movimento musicalque surgiu na cidade, no final da década de 60, transpôs asmontanhas de Minas e ganhouexpressão internacional.

    Naquela época, este grupo dejovens, como outros de suageração, sonhava mudar omundo com a força de seu canto e a rebeldia de suas idéias.Procedentes de vários lugares,eles se encontraram nas ruas de Belo Horizonte, por ondeandaram e fizeram história,celebrando o amor, a paz, aamizade e um imenso desejo deliberdade. As páginas seguintesprocuram revelar um pouco

    desse espírito. Ele pode estarnos arcos centenários que levama Santa Tereza, no traço arrojadode Niemeyer, nas esquinas, naboemia, em lugares simbólicosou imaginários. Um espírito queeternamente moverá a cidade, ao som da música e dos sonhosde uma geração.

    Este guia turístico, com patrocínioda Petrobras e da Copasa e apoioda Belotur, é uma iniciativa doMuseu Clube da Esquina, umaentidade criada para preservar amemória do Clube da Esquina epromover a música comoexpressão artística e cultural. Esteprojeto se complementa com ainstalação de placas em todos os lugares focalizados pelo guia,justamente aqueles maisemblemáticos da história doClube, registrando a suaimportância para o movimento.

    Ao passear pela cidade, conheçae desfrute a magia da BeloHorizonte do Clube da Esquina.

    A Belo Horizonte do Clube da Esquina

  • O Museu Clube da Esquinadedica este guia ao arquitetoÁlvaro Hardy, o Veveco e ao baterista Mário Castelo - amigos de sempre e personagens das melhores histórias

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    Os Beatles eram Rolling Stones

    Ficou escrito nas estrelas meuencontro com Milton Nascimentonum pé-sujo da rua Voluntáriosda Pátria, no Rio de Janeiro, nostempos idos de 1967. Foi comose finalmente tivessem seencontrado a fome e a vontadede comer. Escrevo MiltonNascimento e acho estranho.Aprendi a chamá-lo de Bituca e,dali pra frente, nunca o chamei de outra coisa e para sempreserá assim. Acho estranha amaneira que uma gente agora ochama de Nascimento ou Milton.Mas isso é uma outra história.Estamos falando de tempos maisduros e mais felizes.

    Eu morava ali pertinho e tinha ocostume de ir ao Teatro Jovem,onde pintavam as novidadesmusicais. Vi Gilberto Gil chegandoda Bahia, ouvi emocionado meuídolo e futuro parceiro Edu Lobo,assisti dezenas de vezes aolendário "Rosa de Ouro", deHermínio Bello de Carvalho e

    outros bambas. Foi voltando deuma dessas noitadas queencontrei aquele carioca daTijuca, criado em Minas, que iriamudar a vida do quase meninonascido em Niterói e carioca porvocação. Tinha na memória umjovem negro que meimpressionara ao participar deum festival cantando "CidadeVazia", de Baden Powell e LulaFreire. Ficara impressionado coma gravação de "Canção do Sal",que Elis fez em seu primeirodisco e muitas vezes meperguntei quem seria aqueledesconhecido chamado MiltonNascimento, que compunha deuma maneira inusitada e comuma beleza sem precedentes.Pois ali, atrás de um copo debatida de limão, estava o Bituca.Daquele momento em diante,passamos a andar juntos e aspedras começaram a rolar.

    Naquela mesma noite presencieio espanto e o prazer com que a

    Os irmãos Borges na esquina da rua Divinópolis e Paraisópolis na época do lançamento do disco “Os Borges”.À frente: Yé, Solange.Atrás: Lô, Marilton,Nico, Márcio e Telo.BH 1980.

    Milton Nascimento,Lô Borges e Beto Guedes

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    de recortes de jornais quedesancavam o Bituca quando eledeixou de ser o bom moço de"Travessia" para cair na vida erevolucionar, junto com seusamigos do Tropicalismo, o rançoda MPB da época e da produçãofonográfica no Brasil. Tenho ainda uma matéria de umaimportante revista da época, cujotítulo era "Esses são os Beatlesbrasileiros". Pois os Beatleseram Rolling Stones e não tinhammuito tempo para ficar fazendojogo de cena. É isso.

    A visão dessas capasenfileiradas, a audição dosdiscos e a fidelidade do públicofalam por si mesmas. Pelas mãosdo Bituca conheci aquelesgarotos que, como eu, amavamNoel, Caymmi, Dylan, Hendrix,Tom Jobim. Eles se chamamMárcio, Fernando, Lô, Beto,Toninho, Wagner, Danilo, Flávio,Nelson Ângelo, Novelli, Tavinho,Murilo, Cafi, Joyce e tantos

    outros. Passamos a rolar juntosdesde então, por essas estradas,como uma família que, mesmoquando não está junta, nuncaestá separada.

    O que se seguiu hoje é história;mesmo quando a história aindanão é contada como deveria. Nóscontinuamos jovens e só nosinteressa a Revolução.

    Ronaldo Bastos

    direita e a burrice de certossetores da esquerda. Queríamosmudar o mundo e estivemosperto de mudá-lo em 1968. Ou,pelo menos, acredito que nunca o mundo mudou tanto em tãopouco tempo.

    Vejo, enfileiradas num anúncio derevista, as capas da produçãofonográfica do Clube da Esquinana década de 70. O texto doanúncio é fraco, a capa do disco"Milton" está posicionada deforma incorreta, mas é degrandeza a visão que esseconjunto nos inspira. Qualquerpessoa intelectualmente de boavontade, mesmo os maisrenitentes darks de butique, vaienxergar muito além de mineiroo que foi, a partir da Bossa Nova,o mais universalista movimentomusical brasileiro.

    O Clube da Esquina nunca foiperdoado por não ter feito médiacom a "mídia". Coleciono dezenas

    geração pós-Bossa Nova, queincluía Edu, Francis, Dori, viuchegar aquele irmão retardatárioe prodigioso. Ninguém tocavaviolão daquela maneira! E otimbre da voz, de onde vinhaaquele bronze que tinha nuancesde cristal? Bituca veio pelasmãos de Agostinho dos Santospara o Festival da Canção, ondeclassificou "Travessia", "MorroVelho" e "Maria, Minha Fé". Eracomo se eu soubesse tudo queiria acontecer e ali estivessecomeçando o que estava escritonas tais estrelas. Confesso queme falta o talento dememorialista para captar ocheiro daqueles tempos etraduzi-los para os narizes deagora. Não vi acontecer depoisalgo que chegasse aos pés doque acontecia naquela época. Eraum tempo em que não se dizia"mídia", um tempo de censura editadura. Nós éramos jovens e sónos interessava a Revolução.Abominávamos a ignorância da

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    amigos permanentementeestavam. Estão.Agregados eram tratadosinicialmente com deferência,mas, tão logo o costume de vê-los se arraigava, já eramcomo os filhos e mereciamelogios e repreensões. Perdiam o respeito. Eram mais um da turma, um a mais dos tantos.Em Santa Tereza, a Casa dos Borges.

    Esquina é lugar de encontro e Belo Horizonte é a cidade das esquinas. As ruas se cruzam a cada cem metros para que asamizades se façam, se animem,se fortaleçam.O mineiro é essa pessoa da terra e do universo, do interior edo planeta. Não pode viver só.No risco do urbanista não podiamfaltar esses pontos inumeráveisem que as pessoas se reúnempara trocar impressões,informações, jogar conversa fora.Sair de casa e tomar o rumo deuma dessas confluênciasé ter certeza de que naquelecanto estarão os braços abertose a voz de um amigo.

    Essa é uma cidade de música,como é de política e poesia.Há um som que vem da históriacolonial de Minas, que se juntaao cântico das festas religiosas,que se une aos cantos detrabalho e aos ruídos do mundo.

    Brotam aqui fontes cristalinas em forma de canção.Há uma nascente sonoracontínua que despontaa cada interiorano que surge nohorizonte, a cada jovem quenasce aqui, a cada um que adotaa capital como sua morada. Palavra, melodia e voz seharmonizam e são rios que sealimentam, criações queconvergem para alegrar eexplicar a vida.

    As casas. Não se decifra um mineiro se não se conhece o que se passa atrás das paredes de seu domicílio.Os quartos, as cozinhas, as salas.Em volta da mesa, a família,quase sempre grande ehabitualmente unida, devora osalimentos e conversa, discute,briga e se reconcilia.Nas mesas das famílias do Clube da Esquina, os

    Lugar de EncontroMárcio Borges,saindo da portaria do edifício Levy com Marisa.BH, MG 1963.

    Banda de rock progressivo “Som Imaginário”,que acompanhou Milton em diversos shows e discos no início dos anos 70.

    Mar

    celo

    Fer

    rari

  • Comentava-se – e já não secomenta mais – que BeloHorizonte tinha em comum com Nova Iorque o fato de seus habitantes conhecerem pelo nome próprio os edifícios da cidade. Beto Guedes e Toninho Hortamoravam no Cesário Alvim,à época do Festival da Canção,que revelou a imortal Travessia. Para o Edifício Levy mudaram de uma só leva os Borges, os Tiso e o Bituca. Este trabalhava no HelenaPassig, bem em frente à Praça Sete.Os encontros do Ponto dos Músicos aconteciam todas as tardes, na calçada doEdifício Guimarães.E ponto final. Todos sabiam onde eram esses endereços.

    E mais ainda: esses jovens quepor aí habitavam, ornados decabelos e flores, sonhavam e

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    Na Serra ou Funcionários (fica na fronteira),a dos Brant.Na Nova Suíça, os Ornelas.No Horto, os Horta.Nelson Ângelo no Santo Antônio.Para cada amigo um lar, umafamília, uma mesa.Os esfomeados agradeciam.

    Os estudos corriam paralelo ao descobrimento de tudo que estivesse ao alcance da curiosidade.Estudar no Colégio Estadualera um privilégio: o ensinopúblico congregava os melhoresprofessores e lapidava nos alunoso melhor de seus talentos.A noite se abria com sua sedução e o Maletta erainsuperável, com atrações para todos. Aspirantes a poetas,romancistas, músicos, pintores e escritores se misturavam aosprofissionais das artes.Bebia-se cerveja e caipirinha,embebedava-se de experiência e cultura.A escola da vida era o cursonoturno indispensável

    para que as aulas matinaisfossem melhor absorvidas. O mundo era um oceano deidéias e os jovens futurosartistas, deslumbrados,tinham gana de conhecer, de aprender.Na época da fundação de Belo Horizonte, a avenida da Liberdade levava o cidadão à Praça da Liberdade,onde ficava o Palácio da Liberdade.Atrás dele, a rua da Liberdade.Nos tempos da formação do Clube, a avenida e a ruajá tinham mudado de nome.Mas o espírito de cultura eousadia permaneciam naquele espaço.Na Biblioteca Pública, o saber brasileiro e universalestava disponível para todos.A arquitetura de Niemeyerse misturava bem aos aresausteros dos prédios dassecretarias e do governo. A praça da política, desdesempre, foi e é lugar especial para o amor, o namoro, a poesia e a música. Chamam sua passagem central de Alameda Travessia,maneira carinhosa de dizer que,em Minas, cultura e liberdadecaminham juntas.

    Fernando Brant

    acenavam com a revolução nasruas, e dela faziam alarde nos palcos e esconsos doInstituto de Educação.Depois do show, no Stage Door do Teatro Marília,planejavam tempestades etramavam arco-íris, inventavampara si e sua geração aquelaespécie nova de reputação. A partir do Chico Nunes, para osestrangeiros, Teatro FranciscoNunes, liberdade era sair dali de dois em dois para ir abraçar e, em dança atávica,jurar eterno amor ao redor danossa árvore-mãe, coitadinha, lá fincada sozinha na RuaRio de Janeiro.

    Quer dizer: horizonte emquadrante: amor, sonho,liberdade e amizade.Pontos cardeais entre nós e acidade. Belos o tempo inteiro.

    Márcio Borges

    Ruas da Cidade

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    Ruas da Cidademúsica de Lô Borges e Márcio Borges

    Ilust

    raçã

    o: G

    ilber

    to d

    e Ab

    reu

    Guaicurus, Caetés, Goitacazes

    Tupinambás, Aimorés

    Todos no chão

    Guajajaras, Tamoios, Tapuias

    Todos, Timbiras, Tupis

    Todos no chão

    A parede das ruas não devolveu

    os abismos que se rolou

    Horizonte perdido

    No meio da selva cresceu o arraial

    O arraial

    Passa bonde, passa boiada

    Passa trator, avião

    Ruas e reis

    Guajajaras, Tamoios, Tapuias

    Tupinambás, Aimorés

    Todos no chão

    A cidade plantou no coração

    Tantos nomes de quem morreu

    Horizonte perdido

    No meio da selva cresceu o arraial

    O arraial

    © COPYRIGHT 1982 by EMISongs do Brasil Edições Musicais Ltda.Todos os direitos reservados.ALL RIGHTS RESERVED.

    INTERNATIONAL COPYRIGHT SECURED.

    Direitos de execução controlados pelo ECAD.

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    Casa dos Borges

    Seu Salomão Borges e DonaMaricota moraram em váriascasas do bairro Santa Tereza, nazona Leste de BH, antes de seestabelecerem, em 1954, na ruaDivinópolis. Em 1962, o casal eseus onze filhos mudam-se parao Edifício Levy, no centro dacidade. Retornam a Santa Terezaquatro anos depois, trazendonovos amigos como MiltonNascimento – o 12o. filho –,Wagner Tiso e Fernando Brant.Foi nesta casa de muros baixosque deixavam ver a rua, que adupla Lô Borges e MiltonNascimento, em parceria comMárcio Borges, compôs a música“Clube da Esquina”.

    1"Na verdade, a gente semprefoi uma família muitoarruaceira. Não podia serdiferente. Com 11 filhostransitando com seusamigos, não tinha como seruma coisa muito bemcomportada. A gentesempre fugiu um pouco dosparâmetros, da nossa forma,porque aos filhos maisvelhos também iam sendodelegadas funções,obrigações, e, de uma certaforma, poderes de vigiar osmais novos. Sempre teveuma coisa de azar do maisnovo, porque tem sempreum mais velho mandandonele. Mas essa coisatambém nunca foi muitorígida não, porque lá emcasa todo mundo sempre foi muito propenso àdesobediência civil.A gente tinha um gosto devidro e corte..."

    Márcio Borges

    Solange e Telo Borges na porta da casa da rua Divinópolis, em Santa Tereza.

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    Clube da Esquina

    Dona Maricota Borges deu onome de Clube da Esquina aocruzamento das ruas Divinópolise Paraisópolis, no bairro SantaTereza, no qual seus filhos Lô eYé, quando meninos, passavamas tardes brincando. Quando afamília voltou do Edifício Levy,trouxe para a esquina BetoGuedes, Toninho Horta, NanáVasconcelos e MiltonNascimento. Eventualmente, Lô Borges levava o violão etomava, com Beto Guedes, aulas de harmonia dadas porToninho Horta.

    2"O Milton já tinhadesenvolvido a carreira dele,já tinha saído do EdifícioLevy, tinha ganhado oFestival Internacional daCanção com "Travessia".Mas sempre que ele vinha aBelo Horizonte, eleperguntava: "Cadê o Lô?",porque ele gostava muito demim, desde esse encontro naescadaria do prédio. E aminha família falava:"Está lá na esquina tocando violão. Aí a históriado Clube da Esquina: euficava lá tocando violão nolugar que a gente chamavade Clube da Esquina. Umbelo dia ele apareceu lá e eu resolvi mostrar a músicaque eu estava fazendo.E ele acabou fazendo a música comigo, o "Clube da Esquina n°1".

    Lô Borges

    Esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis onde Lô e seus companheirospassavam suas tardescompondo e tocando.BH 2004

    Os irmãos Telo,Lô, Yé, Marilton,Nico (em pé),Márcio e Solange Borges na esquina que foi o berço do Clube em Santa Tereza.BH 1980.Lançamento do disco “Os Borges”.

    Léo

    Dia

    s

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    Aqui Ó

    O bar Aqui Ó, criado pelocontrabaixista e primogênito dafamília Paulo Horta, surgiu em1989, na parte da frente da casada família Horta, no bairro Horto.O nome Aqui Ó foi inspirado namúsica de Toninho Horta eFernando Brant, interpretada por Milton Nascimento. Era umgrande espaço em meio a umquintal, onde se apresentaramartistas de várias partes domundo. Grupos suecos,austríacos e coreanos passarampor lá e também brasileirosrenomados como Arrigo Barnabé,Jorge Mautner, Flávio Venturini,Nana Caymmi, Cláudio Nucci,Zezé Mota, Ângela Ro Ro,Sebastião Tapajós, NanáVasconcelos. Toninho lançou alitrês de seus discos. O bar fechouem 1995, mas a família Hortapermanece no mesmo local.

    "A vida inteira, meu pai eminha mãe semprereceberam generosamenteas pessoas, de qualquerclasse, religião ou cor.E foi uma coisa que passoupra nós. Quando eu eraadolescente, todo mundo iaem casa o tempo todo. Eratodo dia à tarde:café, comprava dois, trêspães de meio quilo".

    Toninho Horta

    3 Os irmãos Berenice (7 anos), Toninho (6 anos) e Lena (3 anos) na antiga casa da família Horta na rua Jacuí.BH, MG 1954

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    Restaurante do Bolão

    É um dos mais famosos etradicionais redutos boêmios dacidade, localizado no coração dotradicional bairro de Santa Tereza. A casa se tornou muitoconhecida porque, volta e meia,integrantes do Clube da Esquinae das bandas mineiras Skank eSepultura apareciam nasmadrugadas para forrar oestômago. Funciona há 38 anos,em ambiente simples, mas commuito calor humano. O carro-chefe do cardápio é o macarrão àbolonhesa, servido durante toda anoite e apreciado por gente dasartes plásticas e do teatro,jornalistas e boêmios em geral.

    4"A Praça Santa Teresa tinhatrês módulos, eram trêspracinhas: aqui ficavam osrapazes do bairro, na outraficavam os soldados e asempregadas. E a outra eramista, ficava todo mundo.A praça era assim: emfrente ao Macarrão doBolão era um módulo, emfrente à igreja era outromódulo e em frente aocinema, outro módulo. E otrânsito passava por ali".

    Marilton Borges

  • 28

    Praça da Estação

    Sua construção foi iniciada em1894, em direção ao largo daestação ferroviária da RFFSA. De estilo paisagístico inglês, seusjardins foram entregues àpopulação em 1906. Em 1914 foidenominada praça CristianoOtoni, tendo recebido o nomeatual de praça Rui Barbosa em1923. Em 15 de junho de 1930, oMonumento à Terra Mineira, deautoria do escultor JúlioStarecce, foi inaugurado pelopresidente Antônio Carlos. Nosprimeiros anos a praça foicuidadosamente ajardinada eenriquecida com mármoresartísticos e um quiosque. Entre1924 e 1925, recebeurevestimento de macadame e demosaico português e, em 1936, afonte luminosa.A partir da década de 50, com o

    declínio do transporte ferroviário,a praça começou a perder seuequipamento original. Em 1981,arquitetos mineiros levantaram avoz para salvar o espaço, masapenas no final dos anos 90 apraça foi totalmente restaurada.Em 1996, a Estação foi palco delançamento do livro "Os Sonhos

    não Envelhecem", evento quereuniu a maioria dos artistas do Clube da Esquina, inclusive Milton Nascimento -personalidades e amigos do Clube. No prédio da EstaçãoCentral está instalado o Museude Artes e Ofícios.

    5Eu sempre gostei muito demato, essa coisa, eu sou umgaroto de cidade, mas quesempre adorou ir pro mato.Como a minha família é deBambuí, eu ia muito pra lá.Minha mãe não tinha muitotempo porque cuidava dapensão e ela deixava eu ircom sete anos. Eu pegavaum trem na estação de BeloHorizonte, ali na Centralmesmo, e ia para Bambuí.Chegava lá às cinco damadrugada, sozinho comminha mala. Só não gostavamuito de passar perto docemitério. Eu morria demedo, eu passava de olhofechado pelo cemitério,para não ver. Coisa decriança mesmo.

    Flávio Venturini

  • 30

    Viaduto Santa Tereza

    O Viaduto Santa Tereza, projetadopor Emílio Baumgart e inauguradoem 1929, fez sucesso na época desua construção como o maior vãode cimento da América do Sul. Com390 m de extensão, chamava aatenção pelos arcos parabólicoscom 14 m de altura. No projeto,predominam as linhas decomposição geométricas, somando ao arrojo arquitetônicouma preocupação estética quesensibilizou poetas e escritoresque, como Drummond, Pedro Navae Murilo Rubião, faziam do viadutorota obrigatória em seus passeios,inclusive noturnos, pela capital.Nos dias de hoje, o viaduto já nãodá passagem aos bondes, maspreserva uma função relevante nosistema viário da cidade, ligando ocentro a bairros da zona Lestecomo Floresta e Santa Tereza.

    "O bairro de Santa Terezahoje, pela proximidade como centro de Belo Horizonte,é um bairro muitovalorizado. Mas na nossainfância foi um bairro quefoi ocupado. Porque alitinha um quartel da PolíciaMilitar, onde é hoje oColégio Tiradentes; eraocupado por militares. Tanto que se falava assim: "Vai,vai-te soldado!". O pessoalda classe média melhorzinhanão gostava muito de SantaTereza não... "Vai-tesoldado!" E assim, a classe média mais pobre,funcionários públicos é que foram morar ali. Era umbairro muito pacato, muitoslotes vagos."

    Marilton Borges

    6

  • 32

    Serraria Souza Pinto

    Uma das primeiras indústrias dacapital, a Serraria Souza Pinto foiinaugurada em 1903 e, ao longodos anos, forneceu material paraa construção de prédios como oMinas Tênis Clube, o PalácioEpiscopal, o colégio SantaMarcelina e o edifício Acaiaca,entre outros. Entrou em declínionos anos 40 e, no início da décadade 80, o imóvel passou a servir deabrigo para mendigos. Restauradopelo Governo do Estado em 1997,o prédio da Serraria, que seavista do Viaduto Santa Tereza,integra o conjunto arquitetônico epaisagístico da Praça da Estação,como espaço privilegiado paragrandes eventos culturais eempresariais. Ali MiltonNascimento apresentou o originalespetáculo intitulado "Crooner",em que cantava standards debaile para o povo dançar.

    7"Lembro de uma palestraque fiz na Feira do Livro,realizada lá na SerrariaSouza Pinto. Falei para umplatéia grande, cheia degente em pé em minhavolta, e o tema, obviamente,foi a história do Clube daEsquina. Meu sobrinhoRodrigo Borges tocou ecantou nossas músicas.Teve também o show“Crooner”, do Bituca.Ele lá, de smoking,cantando “Only You” e eu e a Claudinha dançando de rosto colado.A Serraria tinha virado umgrande salão de baile. Foilindo esse show. Era umahomenagem do Bituca aosmúsicos profissionais quecomeçaram junto com eletocando em bailes.Inclusive, no show, elefalava do pessoal do Pontodos Músicos e pedia aoscasais que não ficassem lásó olhando e escutando,como se fosse um show,mas que fossem para o salão dançar".

    Márcio Borges

  • 34

    Praça Sete

    A praça Sete de Setembro,localizada no cruzamento de duasdas mais importantes avenidasda cidade, a Afonso Pena e aAmazonas, é um ponto deindiscutível valor simbólico,identificado como o "coração" deBelo Horizonte, por onde passagente de todos os cantos dacidade. O obelisco no centro éisolado pelo trânsito de carros, oque não o impede de abrigarmanifestações políticas eculturais. Como as que, noregime militar, foramdispersadas por bombas de gáslacrimogêneo, ao protestaremcontra o desrespeito aos direitoshumanos e constitucionais eclamarem "pelas liberdadesdemocráticas". Num dos edifíciosda Praça Sete, o Helena Passig,o jovem Milton Nascimentotrabalhava como escriturário, no escritório das CentraisElétricas de Furnas.

    8"Eu nasci ali perto da PraçaSete, atrás do Cine Brasil,onde é hoje o Banco deLondres, não sei. A minhamãe tinha uma pensão,mamãe sempre mexeu comisso, trabalhou com pensão,meu pai tinha restaurante,minha mãe tinha hotel,pensão, essas coisas. Mas aminha infância mesmo foipassada ali na esquina deRua Tupis com Rio deJaneiro, atrás da Igreja SãoJosé. Minha mãe tinha umapensão ali de 80 quartos,que tinha um quintal imensoque era meio o meu mundo.Eu vivia muito ali naquelequintal e adorava pularmuro para roubar jambo dovizinho e brincar com agarotada. Uma coisa legalque tinha nessa pensão eracinema . Eu me lembro queela tinha um paredão atráse a gente às vezes tinhasessão de cinema . O pessoalprojetava filmes ali e é uma primeira relação com a arte".

    Flávio Venturini

    “E foi uma coisa muitointeressante, porque logoque eu cheguei em BeloHorizonte, um amigo nossolá de Alfenas, pai de duasmeninas amigas nossas,arrumou um emprego pramim na Central Elétrica deFurnas, então eu já chegueicom trabalho lá. E opessoal lá era muito legal,né, porque ao mesmo tempoque eu estava trabalhandolá, eu fazia meus bailes,minhas coisas da noite,então tinha hora que euestava lá no escritório e oronco vinha de qualquerjeito, e a turma da sala queeu trabalhei sempreencobria essas minhaspassagens pelo Barroso ecompanhia”.

    Milton Nascimento

  • 38

    Ponto dos Músicos

    O Ponto dos Músicos era umacalçada da avenida Afonso Pena,que atravessa a região central deBelo Horizonte, onde osprofissionais da música seencontravam para fecharcontratos de baile, arregimentarinstrumentistas, montarpequenos grupos e tambémconversar sobre as novidadesque ouviam. Milton Nascimento eseu parceiro Márcio Borgesfreqüentavam este local, juntocom Marilton Borges, NivaldoOrnelas, Wagner Tiso, HélviusVilela,Toninho Horta, AécioFlávio, Paulo Braga e dezenas deoutros músicos e cantores.

    9"No Ponto dos Músicos,os músicos eram iguais apardal no fim de tarde.Às quatro e meia, nãotinha ninguém em frenteà Sapataria Americana,mas às cinco horas vinhaaquela revoada igualpardal e lotava. Opessoal tinha que passarno meio da rua, porquenão cabia em cima dopasseio de tanto músicoque tinha. Pareciapassarinho do Pantanal".

    Célio Balona

    "Em Belo Horizonte tinhaaté um lugar chamadoPonto dos Músicos, que erauma rua no centro. A genteia todo dia encontrar comos músicos. A gente faziaamizade com todo mundo.E minha vida foi assim,com música".

    Rubinho Batera

  • 40

    Edifício Levy

    Construído por comerciantesjudeus, o Edifício Levy temdezessete andares e mais de 100 apartamentos. MiltonNascimento morava na pensão de dona Benvinda, no quartoandar. No mesmo andar, WagnerTiso e seu irmão Gileno moravamna casa dos tios, pais deJoãozinho "Brechó" Veigas e seuirmão Danilo. Os Borgesocupavam o apartamento 1.704.Foi no Levy que Márcio Borges eMilton Nascimento, aindainspirados pelo filme "Jules etJim", compuseram "Paz do Amor que Vem" (Novena), "Gira-Girou" e "Crença", asprimeiras "filhas", comochamavam suas músicas.

    10"Nessa mesma época em que mudei para o Levy eu conheci o Milton.A diferença de idade delepra mim é de dez anos, eutinha dez anos, ele tinha 20.Um dia minha mãe pediupra eu comprar leite, ecomo qualquer garoto dedez anos, eu dispensavaelevador. Aí desci pelaescada. Quando eu estavadescendo, comecei a escutarum som de violão e uma vozlinda e à medida que eu iadescendo, ia me aproximandodesse som. Quando chegueino quinto andar, estava láum neguinho, tocando umviolão superlegal e cantandocom uma voz maravilhosa.Eu parei, sentei e fiqueiouvindo aquilo. Ele meperguntou de qual famíliaeu era ali do prédio. Disseque era irmão do Marilton.Ele falou: "Ah, já conheço oMarilton, já conheço oMárcio. Como é que vocêchama?". "Lô." Aí teve umaempatia na hora. Elecomeçou a pedir para eu

    cantar as coisas com ele,porque ele sacou; já que oMarilton era musical, oMarcinho era musical, elequis testar a minhamusicalidade também.Fiquei cantarolandoalgumas coisas com ele,e ficamos superamigos à primeira vista. O primeiro encontro já foisuperempático, superforte.Esqueci o que eu estavaindo fazer, esqueci decomprar o leite. Quandocheguei em casa, tomei um cacete da minha mãe".

    Lô Borges

  • 42

    Edifício Cesário Alvim

    Beto Guedes nasceu em MontesClaros e mudou-se para BeloHorizonte aos nove anos deidade, em 1960. Foi morar com afamília no Edifício Cesário Alvim,na esquina das ruas Tupis e SãoPaulo, no centro de BeloHorizonte. Lá conheceu a famíliaBorges através do amigo Lô, que morava a alguns quarteirões.Beto, Lô e Yé Borges freqüentavamcinemas, andavam de patinete, jogavam bola ebrincavam de bente-altas pelasruas do Centro. Morando noCesário Alvim, Beto conheceu osom dos Beatles, uma de suasmaiores influências e formoujunto com os irmãos Lô e Yé ogrupo The Beavers.Coincidentemente, no mesmoedifício, moravam tambémToninho Horta e sua família.

    11"Eu morava no mesmoprédio que o Beto, na ruaTupis. Dava uns 40 metrosde uma portaria pra outra.Morava no segundo e oBeto no nono andar. O Betosempre encontrava com oLô Borges, aí eu falava: "Ih,aqueles roqueiros". E eleolhava pra mim com oviolão, falava: "Ih, aquelecara do jazz, da bossa nova,não está com nada". Masacabou que no Festival nósnos encontramos, em 69. Aítodo mundo virou amigo".

    Toninho Horta

  • 44

    Rua Rio de Janeiro

    Milton Nascimento e MárcioBorges gostavam muito de andarà noite pela cidade, quandoencontravam clima paraconversar, trocar idéias e criarnovos projetos. A Rua Rio deJaneiro, no centro de BeloHorizonte, rumo ao bairro deLourdes, era uma das rotaspreferidas. Numa dessas noitesavistaram uma árvore quechamaram de "a árvore denossas vidas", mesmo parecendoser ela uma árvore comoqualquer outra. Conta-se queMilton e Márcio abraçaram aárvore num gesto emocionadocomo se a entendessem. Entãopassaram a visitá-la como quemvisita uma avó que há muito morano mesmo local. Alguns juramque Milton chegou a escrever um conto para ela.

    12"Mas a minha infânciamesmo foi passada ali naesquina de rua Tupis comRio de Janeiro, atrás daIgreja São José. Minha mãetinha uma pensão ali de 80quartos, que tinha umquintal imenso que era meioo meu mundo. Eu viviamuito ali naquele quintal eadorava pular muro pararoubar jambo do vizinho ebrincar com a garotada".

    Flávio Venturini

  • 46

    Maletta

    O conjunto Archângelo Malettafoi inaugurado no início de 1960 elogo se tornou ponto deintelectuais, jornalistas, políticose estudantes, que se reuníam nosbares Pelicano, Sagarana e LuaNova, na Cantina do Lucas, naslivrarias, sebos e inferninhos. Alifuncionou o Berimbau Club, umclube de jazz e bossa nova, quetinha as paredes decoradas comimensos posters de Miles Davis eJohn Coltrane. Por lá passaramNivaldo Ornelas, Helvius Villela,Pascoal Meirelles, Paulo Braga,Aécio Flávio, Ildeu Soares etambém Milton Nascimento e Wagner Tiso, na época recém-chegados de Três Pontas, no Sul de Minas.

    "Nós éramos seis sóciosnessa casa noturna econtratamos um músico, oFigo Seco, que já morreu,era um músico carioca quemorava lá, um craque,tocava trompete, maestro etudo e montamos essa casano Edifício Maletta, foi há40 anos, o Malettafervilhava. Mas essa casafoi maravilhosa, porque agente tocava o que a gentequeria mesmo e tinhapúblico, ia muita gente,jornalista ia assistir a gentee era uma casa bonita, debom gosto".

    Célio Balona

    "Os colegas do Estadual éque me levaram pro Maletta,inclusive um amigo doMarcinho. Eu fiqueiconhecendo o Marcinho um pouco por causa disso.Eu conheci primeiro, noEstadual, o Sérvulo Siqueirae o Zé Fernando de Almeidae Silva, e eles me levarampro Maletta".

    Fernando Brant

    13

  • "E uma coisa muito

    interessante é que quando

    eu tive assim o meu

    primeiro contato com

    músicos profissionais de

    cidade grande, foi lá em

    Belo Horizonte, então a

    gente foi no Berimbau, né

    que é o lugar onde o pessoal

    se apresentava. Então a

    gente foi assistir o show de

    um grupo lá e eu quase caí

    pra trás, porque eles

    tocaram músicas que eu e

    Wagner tocávamos, mas de

    uma maneira completamente

    diferente da nossa. E eu

    peguei, fiquei desesperado.

    Falei: "Pô!, tenho que

    aprender tudo de novo!" E

    aí nessa época eu tocava

    com Marilton, seu irmão, e

    o Marcelo Ferrari, o

    Turinha, que era um puta

    percussionista. E depois eu

    fui conhecendo o pessoal,

    mas desde que saí

    cabisbaixo, que eu falei pro

    Marilton: "eu tenho que

    mudar tudo, tenho que

    aprender tudo de novo",

    aí Marilton falou: "você

    está louco! Tem que

    tocar desse jeito aí".

    Milton Nascimento

    "Sobre a fundação doBerimbau a história é a seguinte: o HélviusVilela, pianista, oPaschoal Meirelles,o Paulinho Horta ,irmão do Toninho Horta,que faleceu recentemente,e eu tínhamos necessidadede um espaço, porqueestava efervescendo onegócio. O Paschoal tinha um tio que eramarceneiro e sabia fazer bem as coisas;então a gente arranjouuma sala no Maletta,cada um deu uma granalá e fizemos esse bar.Nós tínhamos um amigoque chamava Bolão, oAntônio Moraes, e essecara era um gênio daarquitetura. Ele bolouuma parede negra destaaltura, com um poster de cima até o chão;isso mais ou menos em 66. Então imagina a dificuldade de você fazer um bar com umposter! Era tudo colado.Não sei como é que era a impressão nessaépoca, mas devia serhorroroso. Enfim, tinhaposter do Coltrane".

    Nivaldo Ornelas

    "Agora, a outra foi um dia emque eu estava também lá napensão, fazendo sei-lá-o-quê; o Wagner chegou efalou: "Bituca, nós fomoscontratados pra tocar noBerimbau, que era a casa...o máximo de BeloHorizonte. Aí eu fiqueimuito feliz, aí ele falouassim: "só que você vaitocar contrabaixo.(risos) E nós vamos começar hoje."Aí eu falei: "Wagner, vocêestá maluco, eu nuncatoquei um contrabaixo naminha vida, não sei nemcomo é que pega naquilo evocê quer pra hoje?" (risos)Ele falou: "é hoje, porquesenão a gente não pega esse negócio. Se vira, saiatrás de quem tenhacontrabaixo, pegueemprestado..."

    Milton Nascimento

    "Ali tinha tudo, né? Desde o pessoal de cinema, o pessoal das artes plásticas, o pessoal deliteratura, de jornalismo,todo mundo estava ali e foio pessoal que saiu depois eaconteceu no Brasil. Opessoal de jornalismofundou o "Jornal da Tarde"em São Paulo e, o pessoalde cinema que veio para oRio de Janeiro".

    Márcio Borges

    "Daí nós viramos grandes

    freqüentadores do

    Bigodoaldo’s, do edifício

    Maletta e de alguns outros

    lugares que permitiam que

    a gente freqüentasse

    (porque eu era menor de

    idade). Eram lugares onde

    a gente podia compor,

    evoluir a nossa amizade,

    trocar idéias".

    Nelson Ângelo

    "O Berimbau foi uma das casas mais geniais que já existiram em BeloHorizonte, num dos pontos mais geniais que jáexistiram neste planeta,que foi o edifício Malettados anos 60, que foi umfoco de cultura e derevolução e que dali saíram grandes talentos".

    Márcio Borges

  • 50

    Rua da Bahia

    Na década de 20, a Rua da Bahiaabrigava todas as manifestações eequipamentos culturais da jovemcapital – o comércio elegante,teatros, cinema, hotéis, livrarias e,na esquina com avenida AfonsoPena, o Bar do Ponto, onde sereuniam a boemia e osintelectuais. Nos anos 40,estudantes, intelectuais ejornalistas garantiam a agitaçãonos bares e confeitarias. Nadécada de 50, inicia-se adescaracterização da rua – oprocesso de verticalizaçãoderruba edifícios históricos paradar lugar a espigões. A partir de1960, a Rua da Bahia é palcoprivilegiado da revolução doscostumes, que se refletiuprincipalmente no edifício Malettae em seus bares e restaurantes.

    14"(...)eu e Bituca tomamosum Sonrisal cada um. Aítinha um bar ao lado, e jáaproveitamos para emendarem mais uma outra que nãofoi lá uma idéia dasmelhores ...a calçada da rua da Bahia que o diga".

    Nelson Ângelo

  • 52

    Teatro Francisco Nunes

    O Teatro Francisco Nunes,instalado dentro do ParqueMunicipal, foi inaugurado em1951. O nome foi uma homenagemao compositor mineiro e regenteque, em 1920, organizou e dirigiua orquestra que se apresentoudurante a visita do rei Alberto I daBélgica à capital. Seu palcoabrigou o nascimento do teatromineiro em suas mais variadastendências, com os trabalhos deJoão Cesquiatti, João EtienneFilho, Jota Dângelo e HaydéeBittencourt, além de grandesnomes da música popularbrasileira, em especial o pessoaldo Clube da Esquina, como LôBorges, Beto Guedes, MiltonNascimento e Toninho Horta. Oprédio foi tombado pelo InstitutoEstadual do Patrimônio Histórico eArtístico em 1975.

    "O show Opinião veio praBelo Horizonte e na épocajá não estavam nem aBethânia nem a Nara. Masvieram o Zé Ketti e o Joãodo Vale. E o violonista queacompanhava, o RobertoNascimento, não pode vir.Então o pessoal entrou emcontato com o Bituca prafazer o violão do Opinião.Só que o tal do RobertoNascimento pode vir no dia e veio. Então, pracompensar o trabalho quetinham dado, eles deram um espaço pra ele e eleapresentou duas ou trêsmúsicas. Eu estava noTeatro Francisco Nunes elembro: "Pô, mas está umaclaque danada". Porque eununca tinha visto ele.Ele cantou, a voz bonita pra danar, e veio abaixo a metade do teatro pra frente".

    Fernando Brant

    15

  • 54

    16 Parque Municipal

    Era nesta grande áreaarborizada, no coração de Belo Horizonte, que Seu Salomãolevava os filhos Lô e Yé Borgespara brincar nos fins de semana.Beto Guedes também adoravaremar nos lagos do parquequando criança. Em meados da década de 60, Márcio Borgese os companheiros Paulo Vilara,Tiago Veloso, Sérvulo Siqueira, Charles Veiga e Milton Nascimento, filmaram no Parque Municipal uma dastomadas de "Joãozinho e Maria",a primeira obra cinematográficade Márcio Borges.Dentro do parque, funcionava abiblioteca do Imaco, freqüentadapelos jovens cinéfilos, estudantese adversários da ditadura.

    "Nos fins de semana, meupai levava a gente proParque Municipal. Eu ia praaula a pé, com o meu pai.Atravessava o parque demão dada com ele. Anosdepois fiquei superamigo doparque, jogava futebol tododia. Mas foi tudo muitotranqüilo".

    Lô Borges

    "A gente vivia naquelaregião ali no centro dacidade. Tupis com SãoPaulo, Igreja de São José.Lembro que a gente gostavamuito de ficar ali no pátioda Igreja por causa dasárvores. A gente tambémgostava de remar naquelesbarquinhos do ParqueMunicipal".

    Beto Guedes

  • 56

    Teatro Marília

    Um dos palcos mineiros por ondepassaram vários artistas doClube da Esquina, o TeatroMarília, nos anos 60 e início dos70, era o principal palco deshows na cidade e foco daresistência intelectual e artísticaao regime militar. Ali seapresentaram, além dos artistasmineiros, nomes famosos comoos de Gal Costa, Gilberto Gil,Caetano Veloso. O bar de seufoyer, o lendário Stage Door, foicenário glorioso de inflamados einesquecíveis debatesrevolucionários. Gerenciado pelacomunidade artística praticamentedesde sua criação, através deentidades como o Sated, oMarília preserva sua importânciano cenário artístico-cultural deBelo Horizonte.

    17

    "E aí voltamos a BeloHorizonte, continuamostocando e fazendo os shows“O Fio da Navalha”. Nessedisco do Lô, do tênis, a gentegravou uma música dele e doMárcio que se chamava “Fioda Navalha”, e acabou quecomeçamos todos a quererfazer um show e todo mundoquerendo mostrar músicanova. E eu morava perto doTeatro Marília e falei:“Vamos fazer aqui no TeatroMarília um show”. E nesseshow participavam o Lô, oBeto, o Toninho, o JoséEduardo, eu, o Vermelho, oHely, não sei se eu estouesquecendo alguém.Era uma coisa muito louca, porque a gente eramuito desorganizado,a gente não sabia o que erao show biz, uma coisa defazer um show, mas tinhauma verdade muito grande,porque era todo mundomuito novo fazendo músicajá de muita qualidade e foi muito legal, foi muitoemocionante.Todo mundochorava, cantava as músicas..."

    Flávio Venturini

  • 58

    Instituto de Educação

    O Instituto de Educaçãocomeçou a ser construído em1897, dentro do projeto da novacapital, mas só foi ocupado pelaEscola Normal Modelo em 1930.No Governo de Antônio CarlosRibeiro de Andrade, o prédio foitotalmente reformado e setornou o majestoso edifício quese vê hoje. A Escola Normal foitransformada em Instituto deEducação em 1946. O edifício foitombado pelo Instituto Estadualdo Patrimônio Histórico eArtístico de Minas Gerais em1982. Nos anos 60, seu auditóriofoi palco de muitos festivais demúsica, inclusive daseliminatórias regionais doFestival Internacional da Canção,em que Milton Nascimento, jáconsagrado no festival anteriorcom "Travessia", foi

    desclassificado com "Vera Cruz",feita em parceria com MárcioBorges. Posteriormente estamúsica se transformaria em hitinternacional, celebrizadainternacionalmente em gravaçõesde famosos intérpretes de jazz.

    18"Quando eu fui pro primário me alfabetizar,foi quase um trauma.No primeiro dia que minhamãe me deixou no Institutode Educação, achei que ela estava me abandonando.Chorei pra caramba, custeia me adaptar à escola.Depois, me acostumei.Até os dez anos, passei indo pra aula, brincando em casa, vendo meusirmãos jogar bola".

    Lô Borges

  • 60

    Bar Brasil

    Tadeu Ferreira, fundador daCervejaria Brasil, é amigo de toda a turma desde meados dosanos 70. Seu primeiro comércio,uma mercearia, ficava ao lado dacasa de Fernando Brant, o quepossibilitou o encontro e aamizade dos dois. Os vários baresadministrados por Tadeu foramfreqüentados por Fernando e umaleva de artistas. Com o Bar Brasil,não foi diferente. Apelidado deLar Brasil, ocupa um prédio dadécada de 20 no encontro dasruas Maranhão com Aimorés, nobairro Funcionários. Foi local dolançamento da Associação dosAmigos do Museu Clube daEsquina em 25 de março de 2004.

    19"Tinha que ser a iniciativa do

    Márcio Borges, porque ele é

    assim. Inclusive é o mentor

    do Milton. Quando o Milton

    veio de Três Pontas pra Belo

    Horizonte, o Marcinho é que

    enturmou o Milton. Assim

    como, de certa forma, o

    Mário Castro Neves, o

    Antônio Adolfo, o Wagner,

    cada um me enturmou no

    Rio. Então é claro que tinha

    que ser o Marcinho o

    mentor dessa coisa que de

    repente está revigorando.

    A gente se separou muito,

    se distanciou muito. De

    repente nós ficamos uns 20

    anos, umas duas décadas...

    A coisa ficou muito um

    aqui, o outro ali. E isso está

    dando uma possibilidade e

    até um estímulo de até:

    “Por que não fazer um

    disco, um álbum do Clube

    da Esquina 3?” Nesse

    sentido, é a segunda vez

    que eu estou vindo aqui.

    A primeira vez foi para o

    negócio da pedra

    fundamental, aquela coisas

    lá no Bar Brasil, e agora jápro depoimento, digamos.

    Mas paralelo a isso, eu já

    fiz uma música nova com o

    Murilo, já tenho um projeto

    com o Marcinho. Então os

    frutos estão aí, evidentes".

    Novelli

  • 62

    Casa dos Brant

    A família Brant veio de Caldas, noSul de Minas, para Diamantina,de onde transferiu-se para BeloHorizonte. Fernando Brantchegou à capital com dez anos efoi morar em uma casa que,embora pequena, tinha umgrande quintal na confluência dosbairros dos Funcionários e Serra.O pai de Fernando era dono deuma enorme biblioteca que foiassumida depois pelo irmãoRoberto. Fernando começou a seinteressar por leitura através dosmaravilhosos livros de sua casaque, reformada, foi crescendopara abrigar as visitas dosprimos e amigos, entre elesMilton Nascimento, NanáVasconcelos, Ronaldo Bastos,Cafi e muitos outros.

    "Quando mudamos paraBelo Horizonte, fomos morarnum lugar perto da casa domeu tio. A gente seenturmou logo. E tinha onegócio de bonde. Eu fiqueiamigo dos motorneiros.Tanto que eles paravam emcasa pra eu subir, pradescer, não paravam emponto. Porque quando euvim pra cá, Belo Horizonteera um pouco como cidadedo interior mesmo. Naesquina tinha o sapateiro,o barbeiro, o açougueiro e obar. A gente jogava bola nomeio da rua. E a cidade eratão tranqüila que a gente iaa pé pro grupo".

    Fernando Brant

    Os irmãos Roberto,Ronaldo, Maria Célia,Fernando e Lucy Brant na casa onde Fernandonasceu e viveu até os 5 anos.Caldas, MG 1949.

    20

  • 64

    Alameda Travessia

    A praça da Liberdade estálocalizada no bairro dosFuncionários. Começa na ruaGonçalves Dias e termina notrecho conhecido como AlamedaTravessia, em frente ao Palácioda Liberdade. O nome AlamedaTravessia é uma homenagem aMilton Nascimento e a FernandoBrant, feita no início dos anos 80pelo então governador de Minas,Tancredo Neves. No local foiafixada a letra da música quetirou o 2.º lugar no FIC (FestivalInternacional da Canção) de1967, coberta por uma placa devidro. Na praça da Liberdade,estão situados os prédios quesediam o poder - o Palácio doGoverno, as secretarias e demaisórgãos que, estrategicamentelocalizados, formam um todobastante harmonioso.

    21"A Alameda Travessia foi naépoca do governo Tancredo.Eu, naquela época, traba-lhava na SecretariaMunicipal de Meio-Ambiente.Então, por um projeto deum deputado ou de alguémdo governo, decidirambatizar a alameda deAlameda Travessia , emhomenagem à “Travessia”,no sentido de “Ditaduranunca mais”. E naquelemomento foi o primeirogoverno eleito. Eu acho quefoi o primeiro do Tancredo,como parte do movimentodas “Diretas já”. E eu,junto com a Marisa, fizemoso projeto da placa, que hoje- eu não sei - me disseramque não está mais lá. E aplaca era de vidro, para nãoser uma barreira visual.E então as notas, comarranjo do Wagner, ficamflutuando, porque éimpressa no vidro. Váriasvezes eu fui lá e presencieigente chegando, grupo demeninos de uma escolamusical, tocando com flauta a “Travessia”,seguindo a partitura doarranjo do Wagner".

    o Veveco

  • 66

    Biblioteca Pública

    A Biblioteca Pública Estadual foicriada no governo JK e, em 1961,passou a funcionar em sedeprópria, em um prédio projetadopor Oscar Niemeyer na praça daLiberdade. Em 2000, ganhou umanexo na Rua da Bahia, comGonçalves Dias. Tem 40 milleitores inscritos no setor deempréstimo domiciliar, um acervode 300 mil volumes e um extensoprograma de extensão cultural. A Biblioteca também atua emoutras frentes de trabalho, comoserviços para usuários especiaiscomo crianças, adolescentes edeficientes visuais; formação deuma coleção especial sobreMinas, a Mineiriana, coleção deobras raras e coleção sobreartes; atendimento a bairros

    periféricos, por meio do carro-biblioteca, bibliotecas comunitárias; e serviço de caixa-estante. Local freqüentadopelo pessoal do Clube, comoFernando Brant, Márcio Borges,Nelson Ângelo e Murilo Antunes.

    22"Então eu comecei a lerdesbragadamente. O que eunão tinha em casa, eu ia naBiblioteca Pública, que temna praça da Liberdade. Euera ali freguês diário,pegava um livro por dia".

    Fernando Brant

  • 68

    Minas Tênis Clube

    Fundado em 1935, o Minas TênisClube é uma referência doesporte no Estado, com presençagarantida no pódio das principaiscompetições do país. A históriado clube confunde-se com a deBelo Horizonte: as piscinas e osbailes na sede da Rua da Bahiareuniam, em meados do séculopassado, as "melhores famílias"da capital. Com a superlotaçãoda unidade no bairro SantoAntonio, foi construído na décadade 80 o Minas II, na Serra,seguido pelo Minas Country e oMinas Tênis Náutico Clube.Somadas, as quatro unidadesocupam mais de 400 mil m2

    e atendem cerca de 65 milassociados. O clube mantém maisde 1.200 atletas em atividade,distribuídos em oito modalidadescompetitivas, além de nove milalunos em suas escolinhas deesporte. Num dos maiores

    eventos ocorridos no Minas,Milton Nascimento se apresentoucom orquestra e coral, em palco especialmente armadosobre a piscina olímpica, para uma platéia de mais de 20 mil pessoas.No salão de festas do clube, foi lançado, em dezembro de 2004, o sitewww.museuclubedaesquina.org.br

    23"Normalmente os clubesfaziam festas quinta, sexta,sábado e domingo. Até aMissa Dançante no Minas,que era concorridíssima dedez a uma da tarde, ficavaassim de gente. Era nohorário da missa. Foi atéum bafafá danado porquepuseram o nome de MissaDançante, de manhã, de dez a uma e ficava lotadode gente mais jovem".

    Célio Balona

  • 70

    24Colégio Estadual

    O Colégio Estadual GovernadorMilton Campos foi construído nogoverno de Juscelino Kubitschek,com o projeto arquitetônico deOscar Niemeyer, ocupando doisquarteirões no bairro SantoAntônio, zona Sul de BeloHorizonte. O bom nível de ensinoe o regime de "universidade",pelo qual os alunos tinhamliberdade para ir e vir,favoreceram o surgimento devárias gerações de artistas eescritores. Fernando Brant,Murilo Antunes, Márcio Borges,Nelson Ângelo e Toninho Hortaestudaram lá e muitos deles seiniciaram na carreira através doscontatos na escola. No auditórioem forma de mata-borrão,realizaram vários shows efestivais de música estudantil.

    "O Colégio Estadual fazia aligação dos secundaristascom os universitários, entãoa gente ia panfletar nasescolas secundárias, avisandodas passeatas, das novasações. O ônibus passava no quarteirão do colégio.Quando tinha passeata,a gente parava o ônibus, todo mundo nafrente. E a gente fechavaatrás também. O ônibustinha que ficar ali quieto,enquanto a gente entravapra panfletar e escrevia com spray no ônibus:"Igreja da Boa Viagem,16 horas: passeata!".E ele saía depois,panfletando pra nós".

    Murilo Antunes

  • 72

    25Casa dos Ornelas

    Alcides e Estela Ornelasmoravam em uma casa cheia demusicalidade no bairro NovaSuiça. Ele tocava violão de setecordas, ela era cantora. Doscinco filhos do casal, quatro setornaram músicos, dois delesprofissionais, Nivaldo e Cid. Ascrianças cresceram participandode saraus que aconteciam aospés de um fogão de lenha, nosquais os adultos conversavam etocavam e as crianças ficavamescutando embaixo da mesa.Nivaldo aprendia as canções,mas, como era muito tímido,ganhava do tio Cr$ 1,00 (um)cruzeiro para que cantasse. Seuspais perceberam seu talento e,aos dez anos, ele foi para amelhor escola de formaçãomusical da cidade.

    "A família toda é bastantemusical. E eu vivi no tempodo sarau, quando a televisãonão tomava conta ainda.Era aquele ambientefamiliar, careta, mas aomesmo tempo muito legal.Aquela coisa fechada,mineira, tradicional,religiosa, aquela atmosfera.Mas tinha um lado bom,que era o pessoalextremamente musical.Enfim, rolava uma conversaao pé daquele fogão delenha. E isso traz boasrecordações".

    Nivaldo Ornelas

  • Em todos os lugaresfocalizados por este guia,foram instaladas placasalusivas à história do Clube da Esquina. Em homenagem ao arquiteto Álvaro Hardy,o Veveco, falecido em março de 2005, foi colocada uma dessas placas também no Parque Ecológico daPampulha, seu último projeto para a cidade.

    Da mesma forma, o bateristaMário Castelo foi lembradocom uma placa na praça JK, local onde faleceu, emmaio de 2005.

  • CASA DOS BORGES - Rua Divinópolis, 136 - Santa Tereza

    CLUBE DA ESQUINA - Rua Divinópolis com rua Paraisópolis - Santa Tereza

    AQUI Ó - Rua Pitangui, 3095 - Horto

    RESTAURANTE DO BOLÃO - Praça Duque de Caxias, 288 - Santa Tereza

    PRAÇA DA ESTAÇÃO - Praça Rui Barbosa - Centro

    VIADUTO SANTA TEREZA - Centro

    SERRARIA SOUZA PINTO - Av. Assis Chateaubriand, 809 - Floresta

    PRAÇA SETE - Cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas - Centro

    PONTO DOS MÚSICOS - Av. Afonso Pena entre rua Tupinambás e rua Curitiba

    EDIFÍCIO LEVY - Av. Amazonas, 718 - Centro

    EDIFÍCIO CESÁRIO ALVIM - Tupis, 499 - Centro

    RUA RIO DE JANEIRO - Entre ruas Guajajaras e Timbiras - Centro

    MALETTA - Rua da Bahia, 1.148 - Centro

    RUA DA BAHIA - Centro

    TEATRO FRANCISCO NUNES - Av. Afonso Pena, s/nº - Centro (dentro do Parque Municipal)

    PARQUE MUNICIPAL - Av. Afonso Pena - Centro

    TEATRO MARÍLIA - Av. Alfredo Balena, 586 - Stª Efigênia

    INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - Rua Pernambuco, 47 - Funcionários

    BAR BRASIL - Rua Aimorés, 90 - Funcionários

    CASA DOS BRANT - Rua Grão-Pará, 1092 - Funcionários

    ALAMEDA TRAVESSIA - Praça da Liberdade - Funcionários

    BIBLIOTECA PÚBLICA - Rua da Bahia, s/nº - Funcionários

    MINAS TÊNIS CLUBE - Rua da Bahia, 2244 - Lourdes

    COLÉGIO ESTADUAL CENTRAL - Rua Felipe dos Santos, 245 - Santo Antônio

    CASA DOS ORNELAS - Rua Olinda, 517 - Nova Suiça

    1.2.3.4.5.6.7.8.9.

    10.11.12.13.14.15.16.17.18.19.20.21.22.23.24.25.

    77

  • B e l o

    H o r i z o n t e .

    S h o w s

    a o v i v o

    t o d o s

    o s d i a s .

    www.belohorizonte.mg.gov.br

    É só dar umas voltas por Belo Horizonte pra ver umespetáculo aqui, outro ali. Pode ser uma esquina emSanta Tereza ou a vista da Serra do Curral; uma noite naSavassi ou um pôr do sol na Pampulha. Tem inspiração emcada canto da cidade, cada não-canto de Niemeyer, naspraças, nos bares, nas pessoas. É só dar umas voltaspor Belo Horizonte pra sentir o que músicos, poetas,escritores e artistas sentem quando estão aqui.

    Museu Clube da Esquina M986g Guia turístico de Belo Horizonte : roteiro Clube da Esquina /Museu

    Clube da Esquina. – Belo Horizonte, 2005.72 p. : il., fotos color., p& b Obra patrocinada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura.Anexo: Mapa ilustrativo.ISBN: 85-99261-01-0

    1. Belo Horizonte – Descrições – Guias. 2. Belo Horizonte – Turismo. 3. Música popular – 1960-1970. I. Título.

    CDD: 918.151

    Agradecimentos à Seleções Reader´s Digest pela cessão da entrevista de Milton Nascimento feita por Márcio Borges em 19/11/1998, no Rio de Janeiro.