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Francisco Candido Xavier Elias Barbosa Espíritos Diversos Entre Duas Vidas Conteúdo resumido

( Espiritismo) - Diversos - Francisco C Xavier - Entre Duas Vidas.pdf

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  • Francisco Candido Xavier

    Elias Barbosa

    Espritos Diversos

    Entre Duas Vidas

    Contedo resumido

  • Esta obra psicografada por Chico Xavier rene dezenas de mensagens de relatos de pessoas que desencarnaram na flor da idade aonde narram suas lutas, alegrias e a esperana e o consolo de que a vida no acaba com a morte.

    Sumrio 1 - Amor sem adeus pg. 05 2 - Festa de luz pg. 10 3 - Explicaes de filho pg. 13 4 - De conscincia tranqila pg. 16 5 - Ternura filial pg. 18 6 - "A floresta sonhada surgira ante meu olhos!" pg. 20 7 - Jovem suicida pg. 22 8 - Letras formadas com lgrimas pg. 26 9 - Filho regressa do alm pg. 27 10 - Oraes sem palavras pg. 31 11 - Esposa e me espiritual pg. 32 12 - Duas flores perfumam a paisagem pg. 36 13 - Ante o mundo novo pg. 41 14 - "Esperavam tanto do meu curso iniciante na medicina" pg. 44 15 - Companheiro que volta pg. 45 16 - Lavoura de luz pg. 47 17 - Mensagem consoladora pg. 48 18 - Dramtica prova de autenticidade pg. 52 19 - Esposa e me pg. 58 20 - Produo de fortaleza e esperana pg. 62 21 - Sofrimentos mtuos pg. 64 22 - "Seus sofrimentos mudos so iguais aos meus" pg. 67 23 - Progenitor renovado pg. 69 24 - Tesouros da alma pg. 70 25 - Mensagem balsmica pg. 71 26 - No amor nada se modifica pg. 74

  • 27 - Estou Vivo... pg. 75 28 - A reencarnao uma lei de justia pg. 78 29 - Sonho na realidade pg. 83 30 - Lgrimas de esperana e coragem pg. 88 31 - Para voc, mame pg. 90 32 - Disciplinas necessrias pg. 94 33 - Esposo e pai redivivo pg. 95 34 - No adianta morrer pg. 99 35 - Filho de retorno pg. 101 36 - O preo de uma rosa pg. 102 37 - Dor trancada no peito pg. 105 38 - Depois do ltimo "reveillon" pg. 110 39 - Carta aos meus pais pg. 112 40 - Atravs de Chico Xavier - antes e depois da romagem terrestre pg. 114

    No apresentamos aqui um livro para discusses, em torno

    da sobrevivncia da alma. Ser, sim, um volume de estudo. Acima, porm, de

    quaisquer perquiries, este livro se organizou para consolo de quantos se vejam sitiados na angstia, diante da perda de pessoas amadas na desencarnao. E para aqueles outros companheiros da Humanidade que anseiam por instrues, quanto Vida Espiritual.

    Aos comunicantes que conseguiram articul-las, atravs do mdium Francisco Cndido Xavier, pertencem estas pginas. Certamente, no obedeceram a preceitos de literatura. Escreveram-nas com o corao fremente de amor. Muitos esculpiram frases de carinho e reconhecimento. Outros gritaram

  • de saudade e acenaram aos entes queridos com advertncias que nos servem a todos.

    Assistimos, pessoalmente a muitas dessas psicografias que vieram at ns, de improviso, em reunies pblicas da Comunho Esprita Crist, em Uberaba, Minas (*), nas quais, por vezes, se achavam congregadas centenas de pessoas. E, em vrias ocasies, vimos aqueles a quem se dirigiam, quase todos eles desconhecidos de ns, incluindo o prprio mdium, a quem viam pela primeira vez, receb-las, em pranto convulsivo, ao encontrarem nesses comunicados aqueles mesmos seres amados dos quais se despediram pelas vias da morte.

    (*) Duas das mensagens constantes deste volume foram psicografadas na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

    De muitos deles, os amigos aos quais se dirigiam, registramos informaes e confirmaes, que tomam esses documentos palpitantes de realidade indiscutvel.

    ***

    Reunimos as pginas dos comunicantes e as smulas das

    entrevistas organizadas pelo autor destas notas e formamos o Entre Duas Vidas que passamos considerao dos amigos que, porventura, nos estejam honrando com a sua ateno.

    No nos delongaremos em elucidaes outras. Este livro fala por si mesmo. Que ele possa cooperar, de algum modo, na extenso da luz

    que dissipe as trevas do materialismo, despertando-nos a conscincia e o corao para a Vida Maior, so os nossos votos.

    Elias Barbosa Uberaba, 2 de janeiro de 1974. (42 ano da publicao do Parnaso de Alm-Tmulo,

    primeiro livro da srie medinica de Francisco Cndido Xavier.)

  • 1

    AMOR SEM ADEUS

    Meu querido Ismael. Nossas Preces a Deus por nossa paz e bom nimo so constantes.

    E aqui estamos numa festa de luz. Os coraes unidos so estrelas, as palavras da fraternidade

    so bnos. E um caminho se descerra para todos: a estrada de unio e

    de amor para o Mais Alto. Quisera que todos os nossos companheiros de grupo

    estivessem materialmente conosco, embora saibamos que a nossa comunho espiritual se mantm sempre intacta.

    que o jbilo tanto que me sinto como que enlevada por uma felicidade nova - a de nos comunicarmos entre os dois Planos com a mesma confiana e a mesma ternura de nosso lar.

    Realmente, nossas queridas Terezinha e Zo, com a nossa querida Ada e os demais coraes queridos que se encontram no Rio, braos afetuosos que me ampararam a fim de que eu fale a voc com o carinho que a morte no conseguiu apagar.

    Devo a todos eles - devemos ns dois a todos eles, - o tesouro de bnos do nosso intercmbio incessante. Por isso mesmo, o meu pensamento se volta, enternecido, para as nossas reunies abenoadas, contemplando nesta Casa de paz e fraternidade a continuao da nossa Seara de Amor e Luz.

    Oh! Ismael, como agradecer a Deus tanta alegria? Rogo a voc para que ambos estejamos prontos ao chamado

    do Senhor, que nos pede servir.

  • Transformemos a nossa saudade em esperana na esperana que nos restaure as energias para trabalhar sempre mais na construo do bem.

    H trs anos estamos distncia do ponto de vista fsico. A separao que di em voc, di profundamente tambm

    comigo. A sensao de vazio, a princpio, foi para mim indisfarvel

    e dolorosa, mas, aos poucos, escutei com os seus ouvidos as lies de nossa f e reconfortei-me.

    Nossos Benfeitores do Alto, particularmente aquele a quem o nosso respeito identifica por nosso Irmo Maior, traziam-me para o refazimento em nosso prprio clima particular.

    Para recuperar-me, meu filho, precisei do calor de sua presena, assim como a criana que inicia a existncia na Terra necessita dos braos de pai e me...

    A saudade era, ento, angstia, aflio, tristeza, dor, conquanto a f viva que nos alimentava e alimenta o caminho e o corao.

    E os nossos amigos queridos, dos nossos grupos, foram meu apoio, maneira de irmos benditos a me suportarem, a seu lado, para a justa restaurao.

    Agora que ns dois atravessamos a neblina espessa, agora que um novo dia raiou para ns ambos, venho pedir a voc, querido Ismael, para querer a vida terrestre assim como , com o imposto da saudade que a morte lanou em nossa necessidade de resgate e sublimao.

    Sei que voc ama a vida que sempre a vontade de Deus; no entanto, rogo a voc para nos sentirmos mais juntos de modo a nos reerguermos com mais fora para a certeza na sobrevivncia.

    Nossos filhos queridos j no so mais apenas nosso Hlio com Nazareth e os nossos netos queridos, j no apenas a

  • nossa Albinha, filha do corao, mas e agora toda legio dos que sofrem nas duas vidas, a da Terra e a do Mundo Espiritual.

    Desde muito, voc pode observar que em nossos sonhos, em nossa Seara, em nosso grupo de casa, venho procurando a reforma ntima, no entanto, a minha admisso ao servio dos Caminheiros do Bem me transformou de maneira fundamental.

    Quando as nossas queridas amigas Dejanira e Deusarina me ofertaram aquele colar de flores, dito me foi que o emblema representava o nosso anseio de trazer frutos de caridade e trabalho, progresso e aperfeioamento para Jesus. E creia que se recebi essas flores, no o fiz sozinha, mas compartilhando com voc de minha esperana e de minha felicidade.

    Posso dizer a voc que seu ingresso aos Caminheiros do Bem igualmente se verificou no mesmo instante.

    Somos companheiros no lar e na tarefa estamos ns dois na estrada, porque o objetivo de nossa instituio Espiritual receber-nos como somos, com as imperfeies que ainda vazemos, para avanar operando e servindo na edificao da felicidade alheia.

    Viva, sim, meu filho, viva muitos e muitos anos no corpo valioso que Jesus nos deu para os seus encargos de missionrio do bem.

    A separao ilusria. Suas mos esto nas minhas, tanto quanto o meu corao

    est no seu corao. Seus pensamentos terminam em meu crebro, assim como

    as emoes que me tocam o esprito se completam no seu peito. Estamos to juntos, quais duas fontes que se reuniram

    imperceptivelmente, para seguirem constantemente e irreversivelmente irmanadas para o acesso grandeza do mar.

    Voc e eu nunca estaremos distantes. Quem ama vive no ser amado. Esta uma Lei de Deus.

  • As nossas tarefas vo crescendo e estou feliz, ou melhor, estamos felizes, imensamente felizes com isso.

    Creia, Ismael querido, que jamais quanto agora, me sinto assim to unida a voc para o nosso trabalho.

    As organizaes humanas, mesmo as mais queridas, vo passando... Mas a famlia maior segue aumentando e aumentando constantemente...

    Hoje, os nossos amigos desamparados, os nossos enfermos sem ningum, os companheiros da provao e as criancinhas sem lar so nossos filhos da alma...

    Com isso no quero dizer que nosso Hlio e nossa Albinha jazem esquecidos...

    Eles esto cada vez mais vivos em meu carinho e em minha memria; entretanto, parece que a sua f e a sua compreenso me fizeram sair de uma concha em que me isolava...

    Nossos filhos so os nossos tesouros, mas penso que a nossa f um tesouro que Deus concedeu em ns a todos aqueles que esperam por ns, em condies mais difceis que as nossas.

    Aprendemos hoje que dar receber e que auxiliar investir. A na Terra, tanto pensamos nisso, no sentido de garantir-

    nos no que se refere tranqilidade e segurana, mas hoje, com voc mesmo, vou percebendo que entregar nosso entendimento em forma de auxlio aos outros fazer seguro de Vida Espiritual.

    Ajude sempre, filho do meu corao. Aqui, a esposa acima de tudo, tambm me. Compreendo agora com mais lucidez tudo quanto devo a

    voc, e o meu corao se enternece no s para am-lo cada vez mais e sempre, mas tambm para abeno-lo em todos os seus passos e pensamentos.

    Auxilie, e auxilie quanto puder.

  • E se um momento aparece em que o auxlio se no veja oculto pela cortina de sombra da incompreenso, auxilie mais ainda e nunca se diga visitado por indiferena ou ingratido.

    Todos somos filhos de Deus e, nessa qualidade de filhos de Deus, nos cabe compreender-nos mutuamente.

    Se preciso esquecer a neblina em que s vezes se escondem os que no nos possam aceitar ou entender, ns tambm fomos assim, viajores enganados pela noite da ignorncia.

    Quantas vezes Jesus pedia de ns entendimento e bondade, sem que pudssemos responder?

    No existem males, no sentido de delinqncia. H iluses e nessas iluses ns outros todos andamos.

    Diga aos nossos companheiros e irms queridas dos nossos grupes de orao para persistirem na f com trabalho incessante no bem.

    A prece e a palavra nos traduzem a crena e a crena se nos expressa na caridade e no servio em auxlio aos semelhantes.

    Nesse propsito, comecemos sempre de ns mesmos. Perdo para ns mesmos, entendimento e pacincia, humildade e amor de uns para com os outros.

    Peo nossa Terezinha confiar em suas energias medinicas, sempre mais.

    A ela, nossa Ada e nossa Zo, o nosso agradecimento. Aqui se encontram muitos amigos, entre eles, nossa

    Marocas, a irm Brasilina, nossos amigos Alcides e Oswaldo Santos, alm de nosso Irmo Maior, que me ajuda a escrever.

    Lembranas a todos, sem esquecer nossa Alba querida, com o carinho de minha saudade a todos.

    E a voc, meu esposo e meu amigo, meu apoio e meu filho, que dizer para terminar?

  • Direi que continuaremos, que as nossas alegrias e as nossas lgrimas se misturam na caminhada do bem, direi que para ns a morte o amor sem adeus.

    No mais consigo escrever, mas em pensamento e corao prossegue com voc, sempre com voc, a sua

    Alda. (Uberaba, 17 de abril de 1971)

    2

    FESTA DE LUZ Sobre a mensagem que intitulao "Amor sem Adeus",

    dirigida pelo esprito de D. Alda Oliveira da Silveira Pinto ao seu esposo que ficou no mundo, Senhor General Ismael Ribeiro da Silveira Pinto, atravs do mdium Xavier, na noite de 17-04-71, ao final da reunio pblica da Comunho Esprita Crist, em Uberaba, Minas, convm anotar os seguintes dados que colhemos de ligeira entrevista com o distinto amigo General Ismael, dados esses que, comprovam a legitimidade do comunicado medinico, tal a riqueza de pormenores neles contidos.

    D. Alda nasceu em Canhotinho, Estado de Pernambuco, a 8 de fevereiro de 1914, e desencarnou no Rio de Janeiro, Estada da Guanabara, a 19 de maro de 1969, depois de cinco dias de internao no Hospital Central do Exrcito, por ter sido acometida de pancreatite hemorrgica e posterior crise urmica, causa real do bito.

    A respeito das pessoas citadas, ouamos as prprias palavras do destinatrio da mensagem:

  • "a) Terezinha de Castro, nossa amigo e afilhada de casamento, filha de

    b) Zo Blattes Pinho, tambm nossa arraiga. Amiga de reunies sociais, em Belm do Par, quando l servi ao tempo da 2 Guerra Mundial, e que l continua, bem como suas outras filhas;

    c) Ada Monteiro de Oliveira, casada com Aderbal Oliveira, irmo de Alda, minha cunhada, portanto;

    d) Hlio Rocha da Silveira Pinto, filho do 1 matrimnio: e) e Nazareth, sua mulher; f) Albinha - Alba Cristina Seixas Lima, filha de uma irm de

    Alba, Alba Oliveira Seixas Lima - nossa sobrinha, criada por ns desde pequena, mais tarde, obtido o consentimento dos pais, adotamo-la como filha. Na poca da comunicao, era solteira. Hoje, j est casada e Alba Cristina Lima Lyra;

    g) Dejanira e Deusarina, duas entidade espirituais muito queridas que conhecemos em Belm, na poca em que l servimos, em sesses de elucidao espiritual e de materializaes a que assistimos e em que tomamos parte durante quase trs anos, realizadas na casa do ento Tenente reformado Azevedo e de sua esposa, D. Marotas, mdium de efeitos fsicos, ambos j h muitos anos falecidos. As mais perfeitas e maravilhosas sesses desse tipo, das muitas a que j assisti. A nica que no se realizava em plena escuridade, mas com a luz fraca de um pequeno lampio de querosene, luz suficiente para que, quando abravamos os Espritos, percebssemos at a cor de seus olhos. Deusarina, uma noite, desmaterializou-se, no meio da sala, frente de todos os assistentes. Dejanira tornou-se a protetora e a orientadora da mediunidade de Alda (psicofonia inconsciente, vidncia e audincia), durante todo o seu trabalho medinico, especialmente no Grupo Esprita Andr Luiz, do Rio;

  • h) Caminheiros do Bem, organizao espiritual de amparo aos nossos irmos necessitados, j libertos do corpo fsico, ou mesmo encarnados, em casos de doenas ou de necessidade de proteo espiritual mais imediata uma das organizaes espirituais sob a direo do nosso muito querido Emmanuel;

    i) Irm Brasilina, Alcides e Oswaldo Santos, a primeira e o ltimo, entidades espirituais com quem entramos em contato nos trabalhos em Belm, Par. Alcides era o mdico Alcides Neves Ribeiro de Castro, nosso padrinho de casamento, durante muitos anos presidente, at a sua desencarnao, do Grupo Esprita Regenerao, fundado no fim do sculo passado, pelo Doutor Bezerra de Menezes".

    ***

    No fosse nosso objetivo neste livro o de escrever somente

    para o corao dos leitores, e apontaramos aspectos inusitados que interessam de perto Cincia e Filosofia, contidos nesta mensagem.

    Registre-se, entretanto, apenas esses passos: a) "vou percebendo que entregar nosso entendimento em

    forma de auxlio aos outros fazer seguro de Vida Espiritual"; b) "aqui, a esposa acima de tudo, tambm me"; c) "no existem males, no sentido de delinqncia. H

    iluses e nessas iluses ns outros todos andamos".

  • 3

    EXPLICAES DE FILHO Meu pai, abenoe-me, juntamente de Mame, pedindo eu a

    Deus nos proteja. Sou trazido at aqui e escrevo como um doente que ainda

    no consegue ajustar as prprias idias para rogar-lhes conformao.

    Papai, as suas idias chegam aos meus ouvidos. como se o senhor estivesse gritando e por isso ainda no

    pude encontrar o repouso de que necessito para me refazer. Creia, meu pai. Ns todos somos de Deus e estamos nas mos de Deus, se

    posso dizer assim em me referindo Providncia Divina. O que aconteceu a seu filho devia acontecer. Estudarei isso aqui para, mais tarde, explicar-me com mais

    segurana. No culpe a ningum. Meu companheiro de viagem um bom rapaz. Se tivemos a provao de estar juntos, porque isso era

    indispensvel. No pense que vnhamos sem cuidado. Tudo certo. Mas, em verdade, papai, quem pode prever que manobra

    ser a dos outros nos caminho sem que estejamos guiando corretamente um carro?

    E mesmo que a pessoa seja correta e segura, quem pode garantir a posio dos freios em mquinas dessas que hoje nos favorecem qualquer viagem?

    Quando acordei, no compreendia cousa alguma.

  • O veculo me impusera um movimento brusco e somente depois vim a saber que havia sofrido fratura na base do crnio.

    Estou em tratamento. Daquele 22-23 de maio para c, o tempo muito curto. Sou trazido aqui para que o senhor no enlouquea de

    sofrimento. Lembre-se de Mame, de Sandra, de Nora e de todos os

    nossos que precisam de sua presena. Acalme-se para que seu filho consiga descansar. Ajude-me. O senhor foi sempre o meu melhor e maior amigo. Agora, contarei ainda com a sua proteo e com o seu

    carinho para sentir-me mais forte. Reze, meu pai, como vem fazendo a Mame. A orao um calmante. Ampare-me. O senhor queria que eu ficasse para cumprirmos os nossos

    planos para o futuro, mas Deus, papai, fez o melhor para ns. Eu estaria muito triste se houvesse cometido um crime em

    desacordo com os ensinamentos e exemplos que recebi de sua vida, constantemente, mas, graas a Deus, voltei para c de conscincia tranqila.

    Se pudesse, teria permanecido em sua companhia e na companhia de Mame; no entanto, as razes da Vida Espiritual devem ser respeitadas.

    Nada sei ainda seno que sofro, escutando os seus pensamentos agitados.

    No guarde revolta, meu pai! Aceitemos a Lei de Deus. Prometo, quando souber os motivos pelos quais devia fazer

    aquela viagem a Pirenpolis para me despedir do corpo fsico, eu contarei.

  • Por agora, peo calma e pacincia, e, sobretudo, a cessao de qualquer pensamento de suspeita sobre o companheiro que tudo teria feito para salvar-me a vida.

    O tempo passa. O senhor e Mame no me perderam. Aqui, a vida continua e quando tudo estiver rearmonizado,

    voltarei para cooperar com o senhor em todo o trabalho que Deus nos deus para fazer.

    Perdoe-me se no atendi sua prudncia, quando me falou sobre a inconvenincia do passeio.

    No foi rebeldia, nem desobedincia ao seu carinho. Julguei que tudo daria certo, mas deu certo de outra maneira, da maneira que as Leis Divinas julgaram como sendo a mais justa.

    Estou cansado de escrever. No consigo continuar. Peo-lhe com lgrimas para viver e ficar tranqilo. Lgrimas

    de emoo e confiana pela oportunidade de falar escrevendo. O Vov Ferreira, seu av e amigo de ns todos, est comigo. Com ele, muita gente boa est me amparando. Apenas eu no posso grafar as minhas idias com a clareza e

    a segurana que desejava. Venho s para pedir-lhe o socorro de sua conformao e de

    sua paz que me devolvero o equilbrio e a harmonia de que estou precisando.

    No se aflija com a observao de Tia Leda. Eu trazia comigo no carro uma rosa amarela e queria dizer

    que no desejava ver os meus queridos familiares plantando angstia no corao, mas estava com tanta dificuldade para me exprimir, como me sinto agora.

    Papai, Mame, compadeam-se de mim e no chorem mais. Ajudem-me. Preciso muito da calma de todos.

  • Agradeo o carinho dos nossos amigos daqui e da que nos guiaram para este encontro.

    At mais tarde, papai. Com o senhor e com a Mame, e tambm com as meninas, o

    corao. Sou o seu filho reconhecido,

    Napoleo. (Uberaba, 7 de julho de 1972)

    4

    DE CONSCINCIA TRANQUILA Como todas as mensagens espirituais, a de Napoleo Carlos

    Ferreira d-nos bastante o que pensar, especialmente numa ocorrncia muito comum: quando algum desencarna em situao considerada trgica do ponto de vista humano, os familiares da chamada vtima costumam formular aflitivas indagaes, quais sejam: "- Por que fulano e no meu filho?" - "Por que semelhante provao para ns e no para os outros?" - "Fulano estaria abusando da velocidade e meu filh que foi morrer na flor dos anos?" - "Fulano machucar somente o rosto, e meu filho nesse estado e, ainda para completar, morto?"

    A mensagem de Napoleo, desenhista profissional que trabalhava na SABE, em Braslia, acadmico de Comunicao (1 ano da CEUB), nascido em Uberaba, Minas, Rua Marechal Deodoro, em 15 de fevereiro de 1949, e desencarnado em desastre automobilstico, na Cidade Livre, em Braslia, Distrito Federal, no dia 22 de maio de 1972, filho do Sr. Jos Carlos Ferreira e de D. Fidalba Mariana Ferreira, a mensagem de Napoleo, repetimos, d o que pensar nesse sentido.

  • Ningum culpado, evidentemente, de sair ileso num desastre, por mais violento que seja.

    Tudo regido por Leis Superiores da Vida. Certamente, porm,segundo nos ensina a Doutrina Esprita, o companheiro de viagem, em existncia anterior, participou da operao traumatizaste que, finalmente, levou a chamada vtima a pedir, antes de retornar terra, um tipo de desencarnao violenta para pagamento de dvida carmica.

    Ambos conseguem ressarcir seus dbitos. O que vai para a Espiritualidade, naturalmente com maior teor de complexo de culpa ou remorso enraizado na intimidade do inconsciente, com o tempo, reconhece que a experincia foi por demais chocante, mas por isso mesmo abenoada. E o que fica no Plano Fsico guardando a lembrana do oco rido, ter, tambm, ressarcido seu quinho de dbito, perante a Lei de Causa e Efeito, ante o trauma experimentado.

    Vov Ferreira, da mensagem o Sr. Segismundo Carlos Ferreira, que era conhecido por Mundo, desencarnado h 14 anos.

    Tia Leda relatou-nos que dias antes de vir a Uberaba, tivera uma espcie de sonho-desdobramento em que via Napoleo caminhando para o seu lado com um buqu de flores amarelas, s quais o comunicante se refere na pgina medinica.

    Fato admirvel, e com o qual nos ocuparemos em outro livro, que Napoleo, na prpria sexta-feira em que saiu para no mais voltar, desenhou, por brincadeira e/ou passatempo, uma paisagem, a lpis, em que aparece uma lpide e rvores,- exatamente o local onde foi sepultado, posteriormente, em Braslia - confirmando as experincias de Kotkov, Goodman, Berman, Leffel, Meyer, Brown, Levine. K. Machover e L. Bender, sobre a projeo da imagem do prprio corpo em muitos pacientes nos desenhos de autoria deles mesmos quanto

  • perda de um membro ou de determinado rgo dos sentidos, com relao s condies orgnicas deles prprios (*).

    (*) Veja-se, a ttulo de ilustrao, Dinah Martins de Souza Campos, O Teste do Desenho como Instrumento de Diagnstico da Personalidade, Editora Vozes Limitada, Petrpolis, RJ, 2 edio, 1969, pp. 16-17.

    Que todos os pais e mes da Terra meditem sobre este trecho antolgico da mensagem endereada ao genitor: "Eu estaria muito triste se houvesse cometido um crime em desacordo com os ensinamentos e exemplos que recebi de sua vida, constantemente, mas, graas a Deus, voltei para c de conscincia tranqila."

    5

    TERNURA FILIAL Mezinha Babi, Estou aqui. verdade. Sa de seu carinho pelas mos de meu pai, embalado na

    prece da avezinha inesquecvel. Era uma sexta-feira? Penso que sim. A princpio, assustei-me. O corao parara como ave na gaiola inexplicavelmente

    espancada, a fim de libertar-me. Mas depois acordei, e a manh era linda! A floresta sonhada surgira ante os meus olhos! Cus muito azuis cobriam a terra verde, matizada de flores. Fontes cantavam quase naquele tom em que a sua ternura

    cantava para mim cantigas de ninar! Brisas passavam sussurrando segredos, como se me

    falassem de assuntos misteriosos entre a Terra e o Cu.

  • Pssaros nas ramadas pareceram-me luzes que a msica do amor inflamasse de paz.

    E vi crianas, mezinha, iguais quelas outras do mundo que o seu carinho me ensinou a buscar, para serem - por fim -, os meus irmos com os meus outros irmos na alegria do lar.

    Ah! com que nsia indizvel rememorei seu colo para beijar de novo a sua alma querida e dizer-lhe as mil cousas que me vinham mente; entretanto, mezinha Babi, a voz no tem palavras para manifestar-se.

    No sei contar ainda tudo quanto quisera, mas venho at seu passo, a fim de repetir-lhe:

    Mame, fique tranqila. Seu filho vai bem. S saudade ele sente.

    A saudade sem fim de que lhe nasce a prece, para que eu tenha agora o amor e a paz da vida, da vida imperecvel, em que j me encontro.

    Para dizer-lhe, enfim, que o meu amor, mezinha, meu amor por voc a minha doce luz e a minha doce bno, para que, enfim, me eleve aos cumes de altos montes, a esper-la feliz, sob as bnos de Deus.

    Muito carinho e, em tudo, a gratido de sempre do filho que prossegue a reviver feliz na eterna confiana do seu eterno amor.

    Cleon. (Uberaba, 31 de julho de 1972)

  • 6

    "A FLORESTA SONHADA SURGIRA ANTE MEU OLHOS!"

    Para que possamos compreender o poema em prosa, de

    Cleon Marcius de Camargo Marsiglio, que nasceu em Pirassununga, Estado de So Paulo, no dia 10 de maio de 1953, e a desencarnou a 30 de junho de 1972, quando cursava o segundo ano de Engenharia na cidade de Lins (SP), nada melhor que transcrevermos, na ntegra, dois poemas de Cleon Marcius, o segundo deles, um haicai, impressos e distribudos por sua famlia, por ocasio de seu decesso.

    O primeiro poema se intitula "Floresta Encantada". Como teremos oportunidade de verificar, a mensagem

    recebida pelo mdium Francisco Cndido Xavier a resposta s indagaes contidas na pea potica deixada no mundo. E o mdium desconhecia completamente no s o rapar, como tambm a circunstncia de que fosse poeta.

    Antes de mais nada, leiamos o poema:

    Floresta Encantada Eu vou pra grande floresta Em busca de paz Em busca de amor, Atrs da verdade Em busca de mim. Se l eu me encontrar, Prometo que vou Voltar, pra contar

  • A quem quiser Ouvir e saber. Se l na grande floresta Eu me encontrar Prometo que vou Voltar pra contar O que aprender. S no acho que seja certo Guardar tudo para mim, Como muita gente faz, Escondendo a beleza que tem pra dar... Se l na grande floresta Eu encontrar o velho anozinho da sabedoria Vou lhe perguntar: Onde est o amor? Ser que esconderam Na sombra do sol? Ser que o perderam No vento a soprar? E se ele me responder Aos quatro cantos vou gritar O que ele me ensinar; E ento todo mundo vai Poder amar!

  • Pertencente a famlia catlica, Cleon, no seu poema terrestre, qual ocorre a todo bom poeta, deixou extravasar o que lhe aflorava do inconsciente.

    Ele sabia que a desencarnao estava prxima. E que deveria partir. E que deveria voltar. Para qu?

    Todos sabemos porqu. Ele mesmo conseguiu, no seu haicai, mostrar, numa sntese admirvel, que a vida prossegue alm do tmulo, exaltando a condio efmera do homem que enverga a libr do corpo fsico:

    Quem conseguir olhar o cu e no ver apenas o azul ter conseguido a paz.

    *** Nota: Devemos o poema "Floresta Encantada", constante

    destas notas, s gentileza da senhora mezinha do comunicante, D. Brbara Marsiglio, que no-lo enviou da cidade de Pirassununga, Estado de So Paulo, onde reside, depois de haver recebido a mensagem do filho, em Uberaba, Minas.

    7

    JOVEM SUICIDA

    Querida Mame, estou pedindo o seu perdo e a sua bno. Mais de um ano passou, mas a minha saudade e o meu sofrimento ainda no passaram.

    No chore mais, Mezinha. Sei que a minha ingratido foi grande demais.

  • Compreendi tudo, mas era tarde. Creia que amanheci naquela tera-feira, quatro de maio,

    pensando em descobrir como iria encontrar um presente para o seu carinho no Dia das Mes.

    Pensava nas aulas, em minha professora Juvercdia e procurava concentrar-me nos livros para estudar; entretanto, quando vi o veneno, uma fora estranha me tomou o pensamento.

    Avancei para o suicdio quase sem conhecimento, embora muitas vezes no ocultasse o desejo de morrer.

    Tudo sem motivo, sem base. A senhora me deu tudo - amor, segurana, tranqilidade,

    proteo. No julgue que me faltasse isso ou aquilo. O que eu sentia era uma tristeza que s aqui, no Plano

    Espiritual, vim a entender... O assunto to longo e o tempo to curto. Se pudesse, desejava formar as minhas letras com lgrimas

    para que a senhora me perdoasse pelo arrependimento que trago: No sei, Mame, no sei ainda. A princpio, me vi numa nuvem com a garganta em fogo e

    uma dor que no parecia ter fim. Talvez exagerasse as cousas que eu sentia, talvez guardasse

    impresses da vida que eu no devia guardar. O que mais doloroso que provoquei a morte do corpo,

    sem razo. Sofrimentos no mundo so problemas de todos. E por isso quando me vi na sombra que me envolvia toda,

    vozes me perguntavam porque, porque fizera aquilo se eu estava consciente de que a morte no mata ningum...

    Chorei muito, mais do que choro hoje, at que me vi no regao de uma senhora que me disse ser a Vov Ana. Ela me ensinou a orar de novo, porque a dor no me deixava trabalhar

  • com a memria. Amparou-me e como que me limpou os olhos para que eu enxergasse a luz do dia. Ento reconheci que as trevas estavam em mim e no fora de mim.

    Fui internada numa escola-hospital, onde muitas crianas esto sob a vigilncia daquele amigo que nos deu nome casa de ensino Jernimo Carlos Prado,- e com a bno dos muitos amigos que encontrei aqui, vou melhorando.

    Faltava-me vir at o seu corao e rogar a sua tolerncia de me.

    Venho pedir-lhe para que no deseje morrer. Viva, mame, e viva tranqila.

    As lutas da vida so lies. Creio saber que a senhora j sofreu muito. Sofra agora com

    a sua filha a pena de no ter sabido esperar. Para mim, a sua paz ser a minha paz. Ns duas ramos as companheiras uma da outra. Sei que Teodoro, Divino, Adelcia e os outros coraes

    queridos so todos seus filhos abenoados, mas eu, Mame, no sei porque, fiquei aflita para que o tempo passasse e ca pela rebeldia.

    No soube guardar a f, mas a sua bondade far o que no fiz.

    Ter a senhora pacincia bastante para tudo tolerar e compreender.

    Agradeo as suas preces e as oraes das amiguinhas que no me esqueceram.

    Agradea por mim a Santa Terezinha e a todas as irms o amparo que me enviaram e ainda me enviam.

    Por enquanto, trago comigo a faculdade de ouvir todas as repreenses e queixas, perguntas e comentrios em torno de mim.

    E, particularmente, ouo a senhora constantemente a falar que perdeu o gosto de continuar a viver.

  • Ajude-me. No pense assim. D-me os seus pensamentos de paz e de alegria. Preciso de voc, Mame, como a senhora no pode

    imaginar. Aqui um lugar que pode ser distante, mas h um processo

    de intercmbio, pelo qual ainda estamos juntas. Ampare-me, amparando a senhora mesma. Os Benfeitores daqui me aliviam e me abenoam, mas estou

    nas dificuldades que criei. Deus, porm, nos sustentar para que, um dia, eu possa ser til ao seu carinho.

    Mame, receba o meu corao de filha faltosa e abenoe-me. Sua pacincia e seu amor so bnos que chegam at aqui. Ore por sua filha e compadea-se. Amanh, serei melhor. At l, preciso de voc e de seu amparo, como o faminto

    sente necessidade de po. No posso escrever mais. Os amigos que me socorrem e guiam me dizem que

    preciso terminar. Mezinha, ame-me ainda. Sou mais necessitada agora do que antes. E guarde o corao de sua filha faltosa e reconhecida,

    Lcia. (Uberaba, 12 de junho de 1972)

  • 8

    LETRAS FORMADAS COM LGRIMAS

    Lcia Ferreira, batizada com o nome de Leida Lcia, segundo sua genitora, D. Adelaide Gervsio dos Reis, presente reunio da noite de 12-6-72, nasceu em Monte Alegre de Minas, a 23 de maio de 1955 e desencarnou no dia 4 de maio de 1971, em Vicentinpolis, ex-Palet, Estado de Gois, pequena vila, municpio de Pontalina.

    Conta-nos D. Adelaide que criou os filhos Teodoro, Elviro (doente mental, desencarnado em Uberaba, em 1955, aps internamento em hospital psiquitrico), Maria, Adelcia, Emlia, Eurpedes e Lcia "agarrada ao cabo de uma enxada"; que Lcia sofria alucinaes visuais e auditivas e, com nove anos de idade, "foi incorporada pelo esprito do irmo Elviro (sic), sendo sempre nervosa, mas muito estimada; que cursava o terceiro ano primrio e havia sido convidada para ser novenria no dia 8 das festas que se realizaram de 30 de abril a 9 de maio de 1971, em Vicentinpolis, festas de So Sebastio e So Vicente; que ia comprar o vestido para as festividades, mas resolveu comprar o txico que a levou do corpo, um inseticida de largo uso nos meios agropecurios, nada deixando escrito.

    D. Adelaide, dentro de sua humildade, no havia revelado o fato a ningum e, durante todo o tempo da sesso habitual da Comunho Esprita Crist, limitou-se a ouvir e a ouvir e, num mutismo completo, que s rompeu em pranto, quando ouviu as palavras iniciais da mensagem: "Querida Mame, estou aqui pedindo o seu perdo e a sua bno", palavras que s poderiam ser de sua filha, j que em pensamento pedira a Deus que lhe

  • trouxesse a prova de que Deus existe e a sua filha tambm, mesmo depois de ingerir dose mortal de veneno.

    Com lgrimas nos olhos, servindo-se de sua linguagem caracterstica, D. Adelaide no se cansava de repetir:

    "Que Deus abenoe a mediunidade de Chico Xavier! Que Deus abenoe Allan Kardec e Chico Xavier!"

    9

    FILHO REGRESSA DO ALM

    Querida Me, minha querida Mezinha, peo a Deus nos

    envolva em sua bno. No sei ainda, mas tudo aconteceu de repente. Sou trazido sua presena para tranqiliz-la. Escrevo com auxlio. muito pouco, muito pouco o tempo

    de que venho dispondo para ver tudo claro. Mas a senhora est sofrendo demais e suas aflies me alcanam na casa de recuperao onde estou.

    Vejo-a quase todas as noites, a chamar-me e querendo morrer.

    Se o seu corao amoroso pudesse ver o que sofro ao ver a senhora sofrendo tanto, penso que tudo estaria diferente.

    No chore mais assim, pensando que est sozinha. Temos Deus, Mame, Deus no morre, Deus no

    desaparece. Ajude-me. Acalme-se. No tenha receio da solido. Fortalecidos na f, estaremos mais juntos. No pea com tanta dor pela presena de seu filho.

  • No julgue que a sua tarefa terminou. Lembre-se, Mezinha. Quando meu pai veio para a Vida em

    que estou, conversvamos sobre nossos ideais de fazer o bem ao prximo. Eu sei que a senhora somente viveu para ns dois, meu pai e eu, e afinal, est sem ns, mas isso s no plano fsico. Temos uma grande famlia para zelar, os mais necessitados que ns, para quem espero venhamos a trabalhar mais unidos.

    No tome refeies fora de casa. No tenha medo de nosso ninho domstico. No sinta a nossa casa vazia. Pense, Mame. Pense naqueles que no possuem seno a

    provao e a necessidade e para quem um po, s vezes, um tesouro completo.

    Viva. Viva querendo viver para atender ao que as Leis do Senhor

    esperam de ns. Auxilie seu filho a recuperar-se. Choremos porque as lgrimas so oraes sem palavras, mas

    to-somente aquelas que no guardam a labareda da revolta. Sei que a senhora em nossa f nunca foi revoltada; no

    entanto, quando ficamos por conta da aflio, como se no tivssemos mais Deus por ns, a nossa dor tambm uma rebeldia.

    Ajude-me. No contemple o meu retrato, conversando em pranto de

    angstia. E agradecendo o seu imenso carinho, peo-lhe para que no

    me recorde como me viu em nosso ltimo encontro em Batatais. Tudo passou. O dia novo. Confiemos naquele que acende a luz para que nunca

    estejamos nas trevas. No tenho meios para contar-lhe o que sucedeu.

  • Recordo-me de que viajei pensando em regressar para estarmos juntos pelo Natal.

    Compreendi que a senhora tinha razo em querer reduzir as nossas atividades para concentrar-nos com mais segurana no Rio ou em outra cidade.

    Creia, Mezinha, que no contava com o desenlace. Samos de automvel despreocupadamente para alcanar o

    sitio. O Guerra e o Clodoveu conversavam animadamente

    comigo. De quando a quando, notava que a velocidade era muita, mas queramos chegar mais cedo e descansar convenientemente para ver o trabalho que nos esperava no dia seguinte.

    A certa altura, lembro-me de que o Clodoveu me falava sobre preos de terras no sudoeste, depois da instalao de Braslia. Contava-me opinies do Clvis e de outros amigos e ouvamos com ateno...

    Depois, somente ouvi um barulho que ainda percute dentro de mim, sempre que me proponho a rememorar o que aconteceu.

    Nada senti, nem nada vi. Era um sono o que eu sentia? No sei. Posso apenas dizer senhora que acordei em casa do Tio

    Beni, quando a sua voz me chamava. Mas quem diz que eu poderia responder? Vi um padre amigo, que depois vim a saber que era o padre

    ngelo, que eu no conheci. Dizia auxiliar-me, a pedido de benfeitores, mas no entendi

    nada. Para mim era to natural e to confortador encontrar um sacerdote amigo, como alegre me sentiria encontrando um padre amigo no mundo, nas horas de crise e dificuldade.

    Vi muita gente e acreditei que tinha ocorrido um desastre. Queria falar com a senhora que eu estava bem, entretanto,

    no pude.

  • A cabea estava em fogo, quando vi meu pai e compreendi o que acontecera...

    Mas abati-me demais com a surpresa e fui carregado para o tratamento devido, na casa onde estou.

    Do Guerra e do Clodoveu, nada sei. Peo a Deus para que estejam bem. No posso fazer perguntas. Sou ainda um doente e no devo abusar. Mas vim at aqui, a fim de pedir-lhe f e coragem. No estou morto. Estou diferente. S isso. Se a senhora me ajudar, ficarei melhor mais depressa. A senhora fala em suas preces, que lamenta no me haver

    prestado assistncia e pergunta porque Deus teria permitido a minha transformao fora de casa. Entretanto, Mame, recordemos Jesus. Ele tambm, Nosso Senhor e Mestre, conheceu a morte fora do lar, sob o cu que o teto de todos.

    Pensemos em Jesus e a conformao vir para ns dois. Ajude-me. Abenoe-me. Viveu a senhora sempre especialmente para mim. Quero

    viver agora para o seu corao querido. Nossos Amigos, que me auxiliam, no permitem que eu

    escreva por mais tempo. Receba, querida Me, meu abenoado Anjo da Guarda na

    Terra, todo o amor e toda a confiana de seu filho Fernando Antnio.

    (Uberaba, 5 de fevereiro de 1972)

  • 10

    ORAES SEM PALAVRAS Em palestra com a genitora do comunicante, minutos aps a

    recepo da mensagem, na noite de 5 de fevereiro de 1972, inteiramo-nos de que Fernando Antnio Leo nasceu em Ribeiro Preto, Estado de So Paulo, a 6 de novembro de 1940, filho nico de Agenor da Silveira Ledo e de D. Eneida Tondella Leo, e desencarnou a 8 de dezembro de 1971, em desastre de automvel, ocorrido entre Goinia e Rio Verde, Estado de Gois, juntamente com mais dois passageiros, seus amigos. O carro era guiado pelo Guerra.

    Foi sepultado em Batatais, Estado de So Paulo. De famlia catlica, acreditava em Deus. Contudo, no era

    praticante. Depois da desencarnao do seu pai, exatamente em 26 de

    julho de 1970, sentia Fernando Antnio medo de ficar sozinho, passando, em razo disso, por problemas emocionais que o levaram a um tratamento psiquitrico, submetendo-se teraputica adequada, incluindo a sonoterapia.

    D. Eneida, que reside hoje no Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, diz-nos que padre ngelo era de Rio Verde, Gois, e que o pai tinha cimes do filho, achando que a me dava mais ateno ao filho que a ele, marido.

    Submetida a assinatura da mensagem apreciao da genitora de Fernando Antnio, esta reconheceu a sua autenticidade, e se emocionou, principalmente com o seguinte trecho da pgina medinica:

    "Choremos porque as lgrimas so oraes sem palavras to-somente aquelas que no guardam a labareda da revolta".

  • 11

    ESPOSA E ME ESPIRITUAL

    Meu caro Paulino, meu filho. Jesus nos receba em sua bno. Escrevo com hesitao de quem ainda no se habituou ao

    novo tipo de grafia a duas pessoas. Tomo os dedos de nosso prezado Chico em minha mo e, ao

    mesmo tempo, os braos de Amigos Espirituais muito queridos me amparam, insuflando-me foras que ainda no sei manejar.

    Entretanto, estou muito feliz, conseguindo dirigir a voc e nossa querida Jlia algumas palavras.

    Graas a Deus, vejo-os juntos, amparados os coraes um no outro, para sustentar as lutas da Terra.

    Graas a Deus que assim , repito. O amor uma luz que brilha alto demais para que possamos

    defini-la no mundo. E pelo amor estamos agora mais juntos, enriquecidos pela

    ternura de nossa querida Jlia. Sinto-os comigo por filhos abenoados, como se o meu

    corao se ampliasse. O carinho, Paulino, transformou-se em regao materno. Voc e Jlia so meus filhos pelos laos divinos do esprito,

    como duas estrelas pertencem ao mesmo fragmento de espao ou como duas flores pertencem mesma haste, em que perfumam a paisagem.

    Bendita a luz que nos vem das profundezas da alma, a fim de realizarmos aquele "amai-vos uns aos outros como eu vos amei", das lies de Jesus.

  • Voc, filho meu, no consegue avaliar as aflies que passaram a residir comigo, quando o vi realmente a ss.

    O apartamento vazio, as dificuldades de readaptao ao trabalho, a saudade por presena constante de dor e a necessidade de companhia... Compartilhei com voc do clice de inquietao e tristeza em que a viuvez lhe agravava os obstculos de homem correto e digno, mas orei, querido Paulino, e orei tanto, rogando a Jesus nos socorresse, que Ele nos mandou o anjo bom que hoje vela sobre os nossos dias.

    Oh! querida Jlia, que dizer a voc seno que encontro em sua presena a luz do cu asserenando-nos a vida?

    Como explicar-lhe, querida irm e filha do meu corao, todo o reconhecimento e toda a alegria que me povoam as horas, ao senti-la conosco, abenoando-nos a todos com o seu carinho e desprendimento?

    Se as lgrimas de gratido e de jbilo podem falar, diro as que choro de contentamento ao abra-los, que voc fez a felicidade do nosso querido Paulino, a quem tanto devemos.

    Nunca pense, filha querida, que somos duas a partilhar o corao do mesmo companheiro, porque somos muitos.

    Voc preenche as benditas funes de esposa abnegada e eu agora sou me pelo corao, tanto quanto outros seres queridos nossos ocupam posies outras, marcadas de imensa ternura e ilimitada dedicao junto a ns.

    Rogo a Deus, todos os dias, para que voc seja feliz, to feliz, quanto feliz voc me tornou, transformando as nossas necessidades em esperanas.

    Abenoada seja voc, querida Jlia, por suas mos que entreteceram o nosso ninho familiar de novo, iluminando-nos a estrada com oportunidades de realizao cada vez mais novas.

    Agradeo a voc a recomposio do nosso caro Paulino, a alegria que a sua dedicao conseguiu restaurar para ele e junto dele a confiana na vida que voc lhe inspirou e, sobretudo, o

  • refazimento da paz, em que ele, homem digno e abenoado, precisa viver para servir. E agradeo, ainda a voc, o amor com que seu corao de mulher e de anjo retornou s nossas tarefas por nossas crianas.

    Creia, Jlia querida. Voc no planeja trabalho e nem trabalha, assim, a ss. Estamos unidas para ajudar aos meninos que Deus nos

    concedeu margem de nossos deveres essenciais na vida caseira.

    Suas peas de roupa, em socorro dos pequeninos quase desamparados, so jias que me enfeitam de alegria e de f sempre mais viva nos dias sempre melhores que ho de vir.

    Nossa costura para reduzir e limitar a penria e a nudez dos pequenos tristes que esperam de ns um gesto de amor e um sorriso de bno, no fundo, representam obra do Cristo em nossas mos.

    Trabalhemos. s vezes, a pea de roupa mais singela justamente a que se

    destina a evitar a intromisso da enfermidade em vida preciosa que to-somente o porvir nos far conhecer. E, s vezes, querida Jlia, ou melhor, tantas vezes, a criana que de ns recebe apoio e carinho aquela que no amanh, talvez menos distante, nos estender os braos para amenizar-nos a sede de amparo e a fome da presena de Deus, em forma de paz e consolao.

    Abenoada seja voc que compreendeu tudo isso e se transformou em coluna slida de nossas realizaes, portas adentro do lar.

    Voc e Paulino abracem por mim a todas as companheiras e irms de trabalho.

    Distribuamos amor, onde o nosso amor ainda no consegue entendimento.

    Dificuldades so nuvens. O amor sol.

  • Sombras passam e a luz fica. O tempo, com a bno de Deus, tudo reajusta, harmoniza,

    acalma e reconstri. No posso escrever mais, no entanto, pelas vibraes de

    afeto com que carreguei as palavras, vocs recebero com os nossos amigos presentes, toda a ternura de minha gratido e todo o calor de minha alegria.

    Jlia, quando puder venha com o Paulino s distribuies de beneficncia, onde temos uma parcela de abenoado trabalho.

    No temam. Estaremos juntos. Refiro-me nossa festa crist de caridade e compreenso

    humana, sob o teto que nos acolhe. A Comunho Esprita Crist nossa casa tambm. Partilharemos unidos - todos unidos - da felicidade de

    auxiliar. Queridos filhos de minha alma, querido Paulino e querida

    Jlia, com vocs dois o corao - todo o corao - da irm e companheira que hoje tem o privilgio de ser para vocs dois me feliz pelo corao.

    Hilda. (Uberaba, 10 de abril de 1971)

  • 12

    DUAS FLORES PERFUMAM A PAISAGEM No bastasse o consolo que nos d a Doutrina Esprita

    atravs do ensino ligado Reencarnao e Lei de Causa e Efeito, isto , explicando-nos que todos j viemos Terra e aqui retornaremos quantas vezes forem necessrias para o nosso completo burilamento espiritual e de que tudo que fizermos aos outros, em forma de bem ou de agressividade retornar a ns mesmos, insuflando-nos coragem ou nos precipitando ao caos da enfermidade fsica ou mental, temos, alm disso, a certeza reconfortante, com relao ao destino dos que nos foram caros no Plano Terrestre, sabendo que muitos deles voltam do Mundo Espiritual, a fim de nos sustentarem na caminhada humana.

    Antes que entremos na anlise da mensagem que nos prende a ateno, recebida pelo mdium Xavier, na noite de 10-4-71, da esposa dedicada do editor e livreiro Paulino Saraiva - D. Hilda Gritti Saraiva (nascida aos 25 de maio de 1921, em So Paulo, Capital, Rua Lopes Oliveira, n 64, filha de Eusbio Gritti e de D. Bianca Gritti, desencarnada em So Paulo, depois de longo perodo de sofrimento ligado a um processo blastomatoso, no dia 29-11-66) -, vejamos que foi necessrio decorrer algum tempo at que ela mesma - D. Hilda, - pudesse, pessoalmente, transmitir sua palavra direta.

    A primeira vez que o sr. Paulino Saraiva obteve notcias de D. Hilda, atravs do mdium Francisco Cndido Xavier, foi exatamente a 9-12-66, atravs da seguinte mensagem que lhe endereou o Esprito amorvel do Dr. Bezerra de Menezes:

    "Meu caro Paulino, O Senhor em nossos coraes.

  • Um bilhete apenas, filho, em que lhe vimos falar de nossa Hilda.

    Graas a Deus, a companheira venceu e o seu corao afetuoso de seareiro do bem pde compreender toda a significao dessa notcia.

    Guarde a certeza de que ela se colocou em grande lucidez pela conformao e serenidade com que atravessou a prova e que j dispe de recursos para auxili-lo.

    Voc, meu filho, est calmo na superfcie, entretanto, no imo do corao, as correntes da saudade e do pesar se entrechocam, anuviando-lhe os pensamentos, mormente quando se v mais s, com possibilidade de monologar, entre o sofrimento e a lembrana.

    Justificamos o que ocorre, mas pedimos sua conformidade autntica, porque seu corao est profundamente ligado ao corao da companheira.

    A morte, ou melhor, a renovao da vida, ainda no logrou desatar os laos que os jungem um ao outro.

    Isso um fenmeno de sintonia que s o amor verdadeiro pode realizar. como se num circuito de foras mentais, atuantes e vivas, voc sentisse pelo corao de nossa Hilda, ao mesmo tempo em que ela pensasse com seu crebro.

    Suas lgrimas solitrias caem-lhe na alma e nossa companheira tem necessidade de mais ampla restaurao nos domnios das foras emotivas.

    Chore, sim, que o sofrimento nosso privilgio na condio evolutiva em que nos achamos, mas no perca a esperana, a tranqilidade, a f positiva e o bom-nimo.

    Nossa Hilda tomar suas faculdades medinicas por novos instrumentos de trabalho e os dois numa abenoada dupla de amor a Jesus, conquistaro vasta messe de luz e de bnos.

    Trabalhar, Paulino, trabalhar...

  • Voc, meu filho, com o nosso Jorge, recebeu do Senhor tantos e to preciosos talentos para o auxilio aos semelhantes e t-los- em maior quantidade, mais ainda.

    Mentalize a nossa Hilda mais viva que nunca. Ela dar a voc foras novas. Estar com o seu carinho e com os seus dons de ajudar aos outros, com muito mais fora de compreenso e realizao. Alimente-se, repouse, reconstitua as energias prprias e lembre-se, meu filho, de que a companheira devotada permanece mais viva, preparando-se para a consagrao mais viva ao bem do prximo.

    Esteja certo de que voc e ela, tanto quanto ns, no estamos ss nas obrigaes a cumprir.

    Os mensageiros de Jesus permanecem conosco e nos sustentaro agora, como sempre.

    Reunindo voc com os nossos caros amigos presentes, num grande e afetuoso abrao, somos o amigo e servidor reconhecido de sempre,

    Bezerra" .

    ***

    A segunda pgina veio a 2 de novembro de 1968. Ei-la, na ntegra:

    "Paulino, meu filho, Jesus nos abenoe. Entendemos o significado de sua presena e da presena de

    nossos entes queridos, em nossas preces. Sim, esta uma excurso de saudade e esperana.

    Compreendemos. O blsamo das vibraes de amor que os nossos coraes reunidos derramaram em torno do nosso caro Jorge, alcanam-no na Vida Maior, restaurando-lhe as energias.

    Nosso querido companheiro descansa e se refaz, no lar paterno, o que equivale dizer que se demora no regao daquele que lhe foi carinhoso Pai no mundo.

  • Em pensamento, vem inspirando, conquanto de longe, no apenas o seu corao fraterno, como tambm ao filho jovem que hoje amadurece em esprito para assumir integralmente as responsabilidades que ficaram.

    Ajude, meu filho, como sempre, em tudo, para que a obra gigantesca, dedicada cultura no Brasil e no mundo, no venha a sofrer qualquer soluo de continuidade.

    Esperemos mais tempo para receber a palavra direta do companheiro que o antecedeu na Espiritualidade Maior.

    Com o amparo divino, todas as providncias vo seguindo curso normal para que a Esposa e os filhos do nosso caro Jorge estejam em Paz, embora essa paz esteja encharcada de saudades em forma de lgrimas reprimidas.

    Confiemos, meu filho, em Jesus, e prossigamos trabalhando. Nossa irm Hilda est presente e sadam o querido amigo

    com a afetuosa dedicao de todos os dias. Meu caro Paulino, mantenha o esprito de ordem e trabalho

    na obra que ficou em grande parte no seu corao e nas suas mos, e entreguemos ao Senhor as nossas inquietaes para que o Senhor nos transforme a luta em bnos.

    A todos os coraes queridos que consigo compartilham as oraes, o carinho e a gratido do velho servidor que o abraa muito afetuosamente.

    Bezerra".

    ***

    A terceira, finalmente, nada mais que ligeiro bilhete, chegou s mos de Paulino, a 25 de julho de 1970:

    "Presente conosco est a nossa irm Hilda, que abraa em nossos irmos Paulino e Jlia dois coraes abenoados e queridos, para os quais roga a Deus toda felicidade que possa ser encontrada na Terra.

  • Declara que se sente profundamente jubilosa em v-los unidos pelos temos laos do matrimnio na Terra e confessa nossa irm Jlia que no poderia encontrar melhor amiga para entregar a devoo do nosso Paulino, de vez que reconhece claramente que o enlace foi a medida feliz que lhe veio trazer novo encorajamento para as tarefas.

    Nosso Paulino um esteio da obra cultural do Espiritismo e do edifcio da beneficncia em favor de muitos, e a paz dele com a nossa querida Jlia, significa igualmente paz em todos os coraes que os amam e acompanham de uma Vida Maior.

    Bezerra de Menezes".

    ***

    Somente cerca de oito meses depois, a prpria D. Hilda,

    servindo-se da mesma instrumentalidade medinica, transmitiu a mensagem to expressiva que dever calar fundo nos coraes, tal o impacto que ela provoca, ao demonstrar-nos que aps a morte, uma vez que o Esprito esteja consciente de sua misso e imerso nas Leis Universais do Amor Puro, os laos do casamento no se rompem, antes se ampliam, atingindo dimenses incomensurveis.

    D. Hilda Gritti Saraiva d o testemunho exato deste supremo alumbramento: a esposa deve ser aquela criatura que para cumprir seu sagrado dever necessita transformar o carinho "em regao materno" e, uma vez liberta da libr carnal, dever se identificar com o Amor "que uma luz que brilha alto demais para que possamos defini-la no mundo" e, tanto quanto possvel, desde que necessrio, para refazimento daquele que fica, inspir-lo para que outra criatura a substitua na reconstruo do ninho domstico, passando a ver no casal recm-formado no apenas constitudo de "filhos abenoados", mas por duas estrelas que

  • "pertencem ao mesmo fragmento de espao ou duas flores pertencentes mesma haste, em que perfumam a paisagem."

    13

    ANTE O MUNDO NOVO Mame, abenoe-me. Abenoe seu filho que ainda sofre, mas sofre porque o

    sofrimento de seu corao e dos nossos por minha causa se represa em mim, como se fora terrivelmente condensado por mecanismos que ainda no sei compreender.

    Deixei o corpo, no por vontade. Se pudesse, Mame, teria ficado. Entretanto, quem de ns

    pode barrar o curso das Leis de Deus? verdade que a senhora e meu pai esperavam tanto do meu

    curso iniciante na Medicina, mas se o futuro no fosse o que aguardvamos, com tanto entusiasmo, impondo-nos dificuldades e tentaes para cuja travessia no estivssemos preparados, nato ter sido melhor interromper o trabalho no presente para recome-lo com mais segurana?

    Auxiliem-me. No chorem mais. A saudade uma sombra entre ns. Compartilhamo-la, juntos, porque ainda estou muito abatido,

    sem um entendimento claro ou to claro quanto seria de desejar para resolver os meus prprios problemas.

    Ainda assim, rogo a todos pacincia e conformao. Nada de rebeldia ou de queixa. Somos cristos e sabemos que Deus nos oferece o melhor.

  • Amanhecera o domingo, no derradeiro dia do corpo, sentindo-me alegre, feliz.

    Quando tomamos o Corcel para Araguari, meu corao estava contente, tranqilo.

    Era o descanso do estudo, a higiene mental... E tudo o que sucedeu, aps, no fundo, a Vontade do

    Senhor, amparando-nos. Quando senti a pancada na cabea, no tive tempo para

    pensar. Foi como se eu dormisse muitas horas sem querer. Ao despertar, a senhora simptica a abenoar-me, ao p do

    leito muito limpo, era, sim, a Vov Maria Lusa. Nunca poderia supor que a minha situao houvesse mudado

    tanto, mas, aos poucos, recebi a explicao acerca de tudo, porque comecei a sentir-me em casa com o sofrimento de todos a sufocar-me.

    No me achava no lar da Terra, mas o lar da Terra me requisitava para fazer-me ver e ouvir quanto se passava com a senhora, com papai e com os nossos.

    Creia, Mezinha, que a dor dos que ficam, quando demasiada, um martrio sobre os que partem.

    Perdoe seu filho se falo assim. No tenho outras palavras para adoar a minha impresso. Conformemo-nos. Tudo passa. No mundo, estamos na escola - esta que a verdade. Cada

    qual em sua lio e terminada a lio, outros educandrios de Deus nos esperam.

    Peo ao Celson para no pensar que a situao pudesse ser outra.

    A ele e ao Ricardo os meus pensamentos de gratido. Deixei a existncia do corpo terrestre porque devia ser

    assim.

  • Entreguemo-nos a Deus, em nossa f que deve ser viva e sincera.

    Estou melhorando, medida que escrevo. um desabafo, que vale por desinibio curativa. Orem por mim, mas pensem acerca de nossas saudades com

    a esperana e a paz regendo os nossos impulsos. Se vocs me ajudarem, creio que vencerei as minhas crises

    em menor tempo. Estou diante de um mundo novo. Ajudem-me a descobri-lo. Tenho encontrado muitas dedicaes, dentre elas a de nosso

    venerado Frei Raimundo, que ser sempre o nosso heri silencioso de caridade espiritual em nossa Uberlndia.

    Em nome de quantos me amparam, rogo o amparo de todos os meus familiares queridos.

    Tomo, na presena das queridas Tias Olentina, Lidormina e Ondina, o compromisso de auxili-la, Mame, e ser mais til a todos.

    Quanto puderem, estudem os assuntos da alma. So eles os ingredientes capazes de nos trazerem a

    consolao e a energia pelas quais todos estamos agora profundamente necessitados.

    No posso escrever mais. Receba, querida Mame, com meu pai e todos os nossos,

    todo o corao de seu filho Paulo Csar.

    (Uberaba, 16 de outubro de 1970)

  • 14

    "ESPERAVAM TANTO DO MEU CURSO INICIANTE NA MEDICINA"

    Paulo Csar de Almeida nasceu a 10 de agosto de 1948, em Uberlndia, Minas Gerais, desencarnado no dia 9 de agosto de 1970, num desastre automobilstico, na cidade de Araguari, Minas, em companhia de seu primo Celson Martins e do amigo Ricardo, que nada sofreram alm de ligeiras escoriaes.

    Foi sepultado no dia de seu vigsimo segundo aniversrio. Fez o curso primrio no Ginsio Cristo Rei, o curso ginasial

    no Colgio Brasil Central e o curso cientfico no Colgio Estadual de Uberlndia.

    Quando desencarnou, atravessava o primeiro ano do curso mdico, na Faculdade de Medicina e Cirurgia de Uberlndia, tendo sido aprovado, nos exames vestibulares, em primeiro lugar.

    Era professor de um Curso Pr-Universitrio, em Araguari. Inteligncia brilhante, desde cedo revelou-se superdotado. Filho de Adair Gonalves de Almeida e de D. Maria Borges

    de Almeida, deixou as irms Iara Silene de Almeida Barbosa, casada com o Senhor Valdonir Barbosa de Lima e D. Edna Lcia Almeida de vila, casada com Wagner Romero de vila, e o irmo Carlos Alberto de Almeida.

    Os dados acima foram-nos fornecidos, no apenas pela mezinha do comunicaste, mas pelo prprio rapaz que dirigia o carro, por ocasio do acidente, seu primo Celson Martins, todos catlicos, que iam Comunho Esprita Crist pela primeira vez.

    ***

  • De importante na mensagem, ressalta-se a referncia

    aparente ruptura do curso mdico iniciante. Por que aparente? Muitos ho de perguntar.

    Naturalmente, porque a vida continua no Alm. L, com efeito, Paulo Csar h de estar prosseguindo em

    suas atividades normais, preparando-se, agora, que conseguiu ressarcir o dbito crmico, para retornar s lides terrenas, em momento oportuno, de modo a desenvolver as atividades a que se propunha.

    "Nada de rebeldia ou de queixa", diz Paulo Csar. Efetivamente. A vida no cessa.

    Em toda prova, h uma razo de ser. Que todas as criaturas possam seguir a orientao do

    comunicaste, quando aconselha aos pais: "Quanto puderem, estudem os assuntos da alma",

    acrescentando: "So eles os ingredientes capazes de nos trazerem a consolao e a energia pelas quais todos estamos agora profundamente necessitados".

    15

    COMPANHEIRO QUE VOLTA Nossa querida irm Lulu, o Senhor nos abenoe. Partilhamos a caravana fraterna e juntamente do nosso Pedro

    Rocha Costa, deixamos ao seu corao amigo, tanto quanto aos coraes dedicados de nossos amigos outros, a certeza de nossa amizade.

    Conquanto no me tivesse consagrado quanto devia s tarefas esprita-crist no Esprito Santo, ligado qual me achava a

  • outros setores espiritualistas, vejo-me agora na companhia de outros irmos de trabalho renovador, honrado pela colaborao pequenina que posso prestar em minha comprovada insuficincia sementeira de nossos princpios e ideais ante o Consolador Prometido.

    H mais de trinta anos, deixei minhas derradeiras lembranas em nossa Cachoeiro e isso tempo bastante para reformular as minhas concepes e convices, abenoando o novo terreno que fomos chamados a lavrar.

    Em nome de nossos Instrutores das Esferas Maiores, rogo-Ihes, querida irm e aos nossos amigos da lavoura de luz para a infncia, permanecermos atentos ao servio de amparo s novas geraes, perante o futuro.

    Atendamos ao continusmo de nossas estruturas de servio, porquanto as nossas responsabilidades so muito grandes.

    Graas Divina Providncia, a obra prossegue de maneira promissora e tudo devemos oferecer de ns prprios, a fim de que a vejamos em plena frutescncia para o amor de Jesus.

    Querida irm, oremos, rogando ao Senhor nos fortalea e mantenha a perseverana.

    Em nome dos nossos amigos Pedro, Jernimo, Luiz, Ypoma e tantos outros que nos compem na Espiritualidade a famlia maior, receba com os nossos irmos de Vitria e os demais amigos queridos que nos compartilham as preces, o nosso carinho e confiana num abrao fraternal.

    Sebastio Alves Pinho. (C.I,23-6-1938)

  • 16

    LAVOURA DE LUZ Sobre a mensagem de Sebastio Alves Pinho, destaquemos

    alguns tpicos da carta que nos enviou o confrade Jlio Csar Grandi Ribeiro, de Vitria, Estado do Esprito Santo, datada de 2 de fevereiro de 1971.

    Depois de afirmar que a mensagem foi psicografada pelo mdium Francisco Cndido Xavier, num sbado, aps a peregrinao, quando da visita de uma caravana do Esprito Santo a Uberaba, em meados de 1970, afirma o distinto companheiro de ideal esprita:

    "No foi fcil colher os dados de confirmao, que o prprio Chico nos pediu. Nos arquivos do cemitrio local nada havia que pudesse elucidar a busca.

    Houve necessidade de interferncia do Dr. Jos de Medeiros Corra Jnior (que o Chico conhece muito), que Juiz da Comarca de Cachoeiro, e ele prprio auxiliou nas pesquisas em cartrios diversos. Levou-se quase dois meses para localizao do atestado de bito (os livros muito antigos, fora de ordem, etc., etc.).

    Veio, por fim, a confirmao nos dados abaixo: Sebastio Alves Pinho - Faleceu em 23 de junho de 1938,

    em Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Esprito Santo. Era portugus, casado, tendo deixado trs filhos: Otlia, Miguel e Bernardo. Teve a profisso de pedreiro. Causa-mortis: "insuficincia cardaca". Seu bito na Comarca de Cachoeiro teve o n 6.466."

    Interessante salientar que o Esprito escreveu as iniciais C.I. (Cachoeiro de Itapemirim), e alm da data de sua

  • desencarnao, informou haver sido portugus, operrio em servios de alvenaria e cantaria, tendo deixado filhos.

    Como se pode depreender facilmente do contedo da mensagem, psicografada na velha ortografia, o Esprito se preocupa com as novas geraes, alertando-nos para a nossa grande responsabilidade. Com efeito, a ns espritas, na atual conjuntura humana, cabe o papel de relevante importncia porque somos os nicos detentores de elementos suscetveis de consolar a Humanidade, traduzidos na lei reencarnacionista e na certeza do continusmo da vida aps o tmulo.

    Aspecto original que deve ser lembrado, finalmente, o da famlia maior existente na Espiritualidade, a que se refere o Autor. Atentos a essa famlia que convive conosco, do outro plano da vida, esforcemo-nos por oferecer-lhe condies de aprimoramento e de progresso sempre crescentes, uma vez que tanto l quanto aqui, todos somos criaturas carecentes de luz, progresso e renovao, ante a Infinita Bondade do Criador.

    17

    MENSAGEM CONSOLADORA Mezinha! Deus nos ampare. Este um momento em que preciso agradecer a Deus e

    lembrar de Deus. Consigo falar alguma coisa no lpis e isto muito para seu filho.

    Rogo ao seu carinho e ao carinho dos nossos: no chorem mais.

    Esqueamos o quadro a que a senhora se prendeu; naquela madrugada de maio, o dia raiou de novo para ns.

  • A via Anchieta foi para mim uma estrada maior. A vida, Mezinha, ser sempre assim: um caminho que se

    abre em outro caminho, at que cheguemos a Deus. Sei quanto se passou, agora que a calma se fez. Reporto-me ao assunto unicamente para informar. O choque dos veculos foi quase que uma exploso nos

    meus ouvidos. Quis reagir, mas no consegui. A hemorragia no era simples, o crebro cedera, desejei

    falar companheira que me seguia, mas o pensamento de improviso se tornou nebuloso e a expresso verbal impossvel. Ouvi gritos que se lanaram dentro da noite a terminar; mas depois foi um sono quase suave, sonhava que me via de regresso casa para festejar o seu dia.

    Sonhava... Sonhava... at que despertei em nosso prprio ninho domstico. Suas lgrimas e o choro dos entes queridos caam sobre o meu corpo fsico.

    Nada mais vi e nem sei quantas horas de anestesia consegui desfrutar.

    Ainda hoje, na nsia em que me vejo de responder aos seus apelos, ainda no sei medir o tempo.

    Abeirei-me de seu regao e pedi-lhe para no chorar; entretanto, houve um silncio entre ns que eu no soube explicar a mim prprio.

    Nossas lgrimas se misturaram sem se tocarem. De repente, um amigo surgiu e me afirmou que era o vov

    Frei Wandenberg. Aqueles olhos doces e serenos me inspiraram confiana e

    acolhi-me nos braos deles! Novamente dormi para acordar na escola-hospital, onde me

    encontro ainda. Tenho pedido a Deus que me desse este instante. No pensem na morte. Vivam! preciso viver.

  • Lembrei-me facilmente de nossas leituras e de nossas conversaes sobre o mundo espiritual e tudo isso me auxiliou.

    Luto ainda para equilibrar-me. Familiares do papai me visitaram e me ampararam. Tambm muitas dedicaes dos queridos Fernandes. Agora, mezinha, se lhes posso pedir alguma coisa, alm

    dos sacrifcios que fizeram por mim, ajudem-me com a paz e com a resignao.

    Preciso retomar os meus estudos, mas isso exige serenidade. Perdoe-me se me decidi a descer para Santos, naquela noite. Desculpem por tudo. Orem pela companheira que no tem qualquer culpa e que

    no ntimo ainda sofre. Mezinha, o amor luz de compreenso. Abenoe o seu

    filho e abenoe tambm quantos me compartilharam a experincia.

    Aqui vejo que s o bem faz a conta da vida que permanece. Pensemos nisso e auxilie agora a nossa Valria na realizao

    de seus ideais e aspiraes de menina. Deus abenoar a irmzinha para que ela lhe seja um tesouro

    de bnos que h de nos enriquecer de confiana e alegria. Conforte os nossos do corao, diga-lhes que no morri, que

    estou forte e sonhando novas formas de ser til s criancinhas, aos doentes, aos necessitados e aos cegos.

    Sei que posso esperar a sua cooperao e a cooperao dos nossos, e aguardarei esse amparo.

    Quanto pudermos, mezinha, estendamos o bem aos outros. A passagem na Terra muito rpida; caminhemos plantando

    flores de paz e amor; sua ternura assim me ensinou e assim prosseguiremos.

    Peo a Jesus, agora que valorizo a prece sentindo-lhe a importncia real, para que fortalea minha querida mezinha e abenoe meu querido pai, a fim de que todos os amigos, embora

  • em planos diferentes, consigamos avanar no rumo da vida superior.

    Mezinha, agradeo de todo o meu corao as suas oraes junto de minhas lembranas, porm, no chore mais; recorde que a vejo pelas foras do corao e ajude-me a ser forte tanto quanto preciso ser.

    Agradeo as flores queridas que seu filho encomendara para o seu formoso dia, o dia sublime das Mes, e que ficaram para mim mesmo.

    De tudo soube depois que a tempestade das idias conflitantes cessou em meus pensamentos.

    Nossa vida prosseguir, nosso amor no tem despedida. Reflitamos nisso e confiemos em Deus, sempre unidos. Amigos espirituais me auxiliam a escrever e agora, minha

    querida mezinha, devo encerrar esta prova de carinho e fidelidade.

    No fique triste. A medicina prosseguir onde estou e como estou com o

    amparo de Jesus e dos sbios mensageiros do bem, crescerei em conhecimentos novos para servir.

    Agradea a todos de casa por mim. Fale por mim, querida mezinha, aquilo que continuo desejando escreverem matria de carinho e no posso.

    Atravs da orao e da saudade, do servio aos nossos semelhantes e da f viva em Deus, estaremos mais juntos.

    Isto, mezinha, tudo o que hoje posso dizer. Guarde a nossa paz, a nossa alegria e receba aquele beijo de

    seu filho, sempre seu filho do corao, Charles.

    (Uberaba, 8 de junho de 1973)

  • 18

    DRAMTICA PROVA DE AUTENTICIDADE

    A "Mensagem Consoladora", recebida pelo mdium Xavier, na madrugada de 8 para 9 de junho de 1973, em reunio pblica da Comunho Esprita Crist, em Uberaba, Minas, foi primeiramente publicada em "A Nova Era", de Franca, Estado de So Paulo, de 31-7-73 (*), com ligeira nota da Redao afirmando que "a mensagem em si e os dados nela contidos so autnticos e totalmente comprovados pela famlia de Charles".

    (*) "A Nova Era", 31/7/73, ano XLVI, N 1.390.

    O Sr. Murilo Matias de Faria, que titulou a pgina medi nica, enriqueceu-a com dados substanciais que absolutamente no deixam margem a qualquer dvida, em "O Semeador", rgo da Federao Esprita do Estado de So Paulo, de agosto de 1973 (**), dados estes que tomamos a liberdade de transcrever, na ntegra, eliminando apenas a disposio numrica no corpo da mensagem, por motivos bvios.

    (**) "O Semeador", agosto de 1973, ano 30, n 355.

    Estudemos estas dramticas "EXPLICAES NECESSRIAS":

    " 1. O DESASTRE - Na madrugada de 14 de maio de 1972, s 4,30 horas, houve um grande acidente na Via Anchieta, na altura do quilmetro 22,5 e o Volks placa BZ-8158 que Charles dirigia bateu em um nibus. No acidente, veio o jovem a desencarnar.

    2. A COMPANHEIRA - Estava com Charles no veculo sinistrado, uma acompanhante que, por motivos particulares e desconhecidos por todos, se evadiu no momento do acidente, permanecendo at o presente com a sua identidade ignorada, coisa que deixou a mezinha de Charles muito constrangida.

  • 3. O DIA DAS MES - O dia da desencarnao de Charles era "O Dias das Mes", 14 de maio, do ano passado.

    4. O NOME - Esmeralda Cerboncini, obstetra, atualmente residente Rua Guapeva, 188 - gua Rasa - So Paulo, me de Charles, quando estava em trabalho de parto para dar luz a Charles, no Hospital da Escola Paulista de Medicina, pensando que fosse desencarnar, pois h 15 dias vinha sofrendo desesperadamente e sem soluo, desejou confessar-se e solicitou a presena de um padre. Acontece que naquele Hospital havia um frei em tratamento do corao e foi este quem a atendeu em confisso e lhe disse que, antes de ele tornar a v-la, ela j teria tido um belo garoto, e este frei, to logo saiu da sala, teve uma para cardaca, vindo a desencarnar. Como a presena daquele frei lhe fora to confortadora e estimulante, encorajando-a e dando-lhe muita confiana e por motivo de ter o mesmo acertado no prognstico do sexo da criana, D. Esmeralda quis que ele a visitasse j que comeava a estim-lo. Protelaram esse encontro; e tanto ela insistiu que veio a saber do ocorrido. Isto marcou-lhe fundo no sentimento de me reconhecida e grata. Solicitou da Madre Fontenele o nome daquele bondoso Frei Wandenberg e se empenhou com o seu marido, Sr. Reynaldo Cerboncini, a darem criana o nome daquele que lhe fez a ltima confisso e que desencarnava enquanto seu filho nascia... D. Esmeralda j tinha um nome para dar criana, caso fosse homem, o de Charles, em memria de um bondoso mestre de msica que tanto a ajudara na sua infncia pobre de menina amante da stima arte. Depois de muita luta no cartrio conseguiram registrar a criana com o nome de Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini. Quando Charles, j no Grupo, quis saber o porqu desse Wandenberg no seu nome, a me - para no entrar em tais detalhes que talvez ele no fosse compreender-, disse-lhe ser o nome do vov. Mas, quando Charles, j no Ginsio, verificou que os seus avs no

  • tinham esse nome, soube de toda a verdade e corroborou o j aceito: Vov Wandenberg. Somente seus pais e ele, Charles, sabiam deste pormenor, mais ningum.

    5. FERNANDES - Nome da famlia da me de Charles. Pai de D. Esmeralda.

    6. O CURSO - Charles desencarnou com 22 anos e 28 dias. Era um jovem dinmico, estudioso, formado em msica pelo Conservatrio Santa Ceclia e desejava formar-se em Medicina.

    7. A VIAGEM TRGICA - Toda a famlia descera para Santos no dia 13 de maio de 1972, e Charles ficou em So Paulo estudando, pois iria para l no domingo logo de manh. Acontece que uma jovem pediu aos amigos de Charles o endereo dele e encontrando-o, solicitou-lhe que a levasse para Santos, o que ele fez, saindo de So Paulo no sbado de madrugada, quando ocorreu o desastre.

    8. EXPERINCIA - Daqueles que sofreram e sentem a partida de um ente querido e daqueles que tambm desencarnaram naquele acidente, pois vrios veculos foram envolvidos e muitos sucumbiram.

    9. VALRIA CERBONCINI - Irm de Charles,com 13 anos de idade.

    10. AJUDA FRATERNA - Charles sempre ajudou aos cegos, aos necessitados e s crianas em geral, pois seu corao de jovem detinha sentimentos de fraternidade que eram uma constante em toda a sua curta vida. Fazia muito mais do que aquilo que a sua prpria famlia sabia, em esforos pessoais no sentido de ajudar a minorar os sofrimentos de seus semelhantes.

    11. BUQU DE FLORES - Charles havia encomendado floricultura, na sexta-feira, um lindo ramalhete deflores para a sua adorada mezinha, e quando ele desceu para Santos, naquela madrugada, no esquecera de lev-lo para ela, e este mesmo buqu serviu para ele mesmo, conforme diz a mensagem.

  • 12. O BEIJO - Era um costume sadio e carinhoso que Charles tinha, toda a vez que se dirigia sua me atravs de bilhetinhos, ele colocava no fim dos dizeres: um beijo do seu filho, sempre seu filho do corao... A mensagem assim termina.

    Pelos doze itens acima, comprova-se a identidade do Esprito, uma vez que D. Esmeralda nada disse a Chico Xavier. Ela foi sozinha para Uberaba, ainda em roupa de trabalho, a fim de, mais uma vez, tentar em indo l, receber alguma mensagem, um consolo, e saber do querido Chico como poderia ajudar ao Charles alm de suas preces... porque, apesar de catlica, D. Esmeralda acreditava que os chamados mortos poderiam comunicar-se com os vivos na carne (e agora ela tem certeza...) e a mensagem veio, em 52 pginas psicografadas em alta madrugada, num ambiente de oraes, tranqilidade, em que o Alto chega a ns como ddiva do Pai.

    Quero, ainda, comentar a narrao deu um detalhe importante de toda esta linda histria que fez D. Esmeralda acreditar e ter esperanas na pessoa e na mediunidade cristalina do mdium de Uberaba, o humilde Chico. Quando Charles desencarnou, devido hemorragia, pois que no sofreu nenhuma fratura, seu corpo estava perfeito, somente havia dois cortes nas suas faces e esses cortes no foram devidamente suturados, e esvaiu-se em sangue por mais de 5 horas, pois o corpo ficou como que abandonado at que a famlia o localizasse. D. Esmeralda, com tanto conhecimento entre mdicos, vira seu amado filho morrer por falta de assistncia e ento se revoltou e abandonou tudo, ficando assim como que desarvorada, cata de consolaes, procura dos porqus, querendo explicaes... e quando soube que o Chico Xavier estaria autografando livros na Casa Transitria em So Paulo, no ms de maio ltimo, pediu ao seu marido que a levasse a ele. Ela queria v-lo. O casal chegou l pelas 9 horas e recebeu o carto n 4.366; pelos seus clculos, estariam perto do Chico dali a umas 20 horas. No poderiam

  • esperar e ela necessitava falar-lhe. Soube ento que o Chico estava numa reunio particular, com vrias personalidades, deputados, vereadores, pois tratavam da concesso do ttulo de Cidado Paulistano ao mdium, e ela conseguiu, por fim, se adentrar no recinto, com muita dificuldade, segurando entre as mos e com a capa apertada e virada para o seu colo, o livro que o seu marido lhe comprara na entrada. Assim que ela se alojou muito mal entre aqueles que estavam por detrs do Chico, um rapaz lhe disse: Dona, agora no hora, o Chico s vai autografar livros depois das 14 horas. Ela respondeu-lhe: "Mas no me interessa autgrafo, pois eu j tenho o livro, eu queria era cumprimentar o Chico!" Nisso, entre toda aquela barulheira e apertos e empurres, Chico ouviu o que ela disse e voltando-se, sem a mirar, tocando-lhe nos ombros, por entre outros ombros, lhe diz: "Filha, voc tem o livro? Ento leia a pgina 107..." (ele no tinha visto o livro e nem sabia qual livro era...), e incontinenti, os presentes os distanciaram pelo acmulo de gente e ela saiu da sala e, no carro com o marido, abriram o livro naquela indicada pgina e ambos com os olhos marejados, leram o seguinte:

    FRENTE DA MORTE

    No olvides que, alm da morte, continua vivendo e lutando

    o Esprito amado que partiu... Tuas lgrimas so gotas de fel em sua taa de esperana. Tuas aflies so espinhos a se lhe implantarem no corao. Tua mgoa destrutiva como neve de angstia a congelar-

    lhe os sonhos. Tua tristeza inerte sombra a escurecer-lhe a nova senda. Por mais que a separao te lacere a alma sensvel, levanta-

    te e segue para a frente, honrando-lhe a confiana, com a fiel execuo das tarefas que o mundo te reservou.

  • No vale a desero do sofrimento, porque a fuga sempre a dilatao do labirinto em que nos arroja a invigilncia, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperao do rumo certo.

    Recorda que a lei de renovao atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, com o valor de tua renncia e com a fortaleza de tua f, sem esmorecer no trabalho - nosso invarivel caminho para o triunfo.

    Converte a dor em lio e a saudade em consolo, porque, de outros domnios vibratrios, as afeies inesquecveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitrias solitrias, portas adentro de teu mundo interior.

    Todas, as provas objetivam o aperfeioamento do aprendiz e, por enquanto, no passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em gradativa e laboriosa ascenso para a vida eterna.

    Deus, na Suprema Sabedoria e na Suprema Bondade, no criaria a inteligncia e o amor, a beleza e a vida, para arremess-los s trevas.

    Repara em torno dos prprios passos. A cada noite do mundo segue-se o esplendor do alvorecer. O Inverno spero sucedido pela Primavera estuante de

    renascimento e florao. A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanh librar em

    pleno espao com asas multicolores de borboleta. Nada perece. Tudo se transforma na direo do Infinito Bem. Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as

    bnos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso prprio esprito, a luz inextinguvel da gloriosa imortalidade. (***)

    (***) Francisco Cndido Xavier, Escrnio de Luz, pelo Esprito de Emmanuel, Casa Editora "O Clarim", Mato, Estado de So Paulo, pp. 107-108.

  • 19

    ESPOSA E ME Meu Bem, louvado seja Deus que nos permite esta hora

    abenoada de reencontro, ao lado de nossos filhos. Amparada por nossa abnegada Mariana e por outros amigos,

    aqui me encontro, na tentativa de escrever-lhe esta carta, que desejo mais longa.

    Sinceramente, as lgrimas me sobem do ntimo, dificultando-me os movimentos.

    Nossos Benfeitores, porm, auxiliam-me, como necessrio, e procurarei expressar a voc os meus sentimentos, na alegria e na saudade que me tomam o corao.

    Venho pedir a voc e aos nossos para que a f realize, em nosso favor, a indispensvel produo de fortaleza e esperana.

    Sei que a pacincia e a resignao permanecem conosco; entretanto, por mais firme a nessa confiana no Alto, a separao sempre uma prova aflitiva e inquietante.

    De minha parte, venho fazendo quanta me possvel. O possvel para acomodar-me em esprito com as nossas realidades novas.

    A princpio, confesso que o choque final me feriu muito. No era somente o trabalho pelos nossos irmos sofredores,

    a sombra que me dilacerava o esprito... Era tambm voc, meu bem, nossos filhos, nossa casa, nossos planos...

    Sem dvida, sua companheira estava preparada frente da grande viagem, mas o amor da esposa e o carinho materno me transformavam numa rvore, profundamente enraizada na Terra.

    Quem pode sondar a misteriosa ternura do corao humano, nas despedidas da morte?

  • Saiba que s a Vida vitoriosa me esperava, que o corpo fsico havia cumprido a prpria misso, que no seria justo prolongar os cuidados que a minha presena exigia; no entanto, se algum me perguntasse algo, quanto aos ltimos desejos, decerto que a minha resposta expressaria o anseio de ficar, de permanecer em nossa unio sublime que, em verdade, foi sempre o melhor paraso para a minha alma.

    Contudo, compreendi, de imediato, que a conformao deveria ser a nossa atitude.

    Sob a dedicao afetuosa do nosso Romeu de ngeles e de nossa Mariana, tanto quanto sob a proteo generosa de outros amigos, transferi-me sem resistncia.

    At hoje, ainda me vejo na convalescena semelhante dos enfermos que se recuperam, pouco a pouco, depois de grave molstia.

    Ainda assim, gradativamente, venho retomando o meu bom humor e a minha alegria.

    Sei, agora, mais que nunca, quo sublime a Bondade de Jesus e, nessa confiana, procuro descansar a mente, quando as lembranas do mundo se agigantam dentro de mim.

    Peo a voc, meu Bem, a voc e especialmente aos nossos filhos Romeu e Hilda para que a nossa tarefa no seja interrompida.

    Daquele santurio de amor em que situvamos nossas preces e nossos ideais, a benefcio de nossos irmos perturbados, retirei a paz de conscincia que hoje me felicita.

    Bem-aventuradas foram para mim todas aquelas horas, to poucas, em comparao com as bnos que hoje recebo, nas quais procurvamos, de algum modo, aliviar a flagelao espiritual de quantos nos batiam s portas da f, suplicando socorro.

    E com vocs, espero continuar, to logo me veja plenamente fortalecida, na tarefa comeada por nosso grupo domstico.

  • Amparada nos valores medinicos de vocs trs, conto com a felicidade de prosseguir trabalhando.

    Agora sinto como bela a sementeira da caridade. No mundo, a sombra do prprio mundo como que nos

    obscurece a viso. Mas as realidades eternas, efetivamente, nos reajustam e reconhecemos que o nosso verdadeiro lucro procede invariavelmente daquilo que sabemos espalhar no campo do bem.

    Uma s lgrima que enxugamos nos olhos alheios, uma frase de consolo e de estmulo, uma prece que oferecemos ao prximo em dificuldade, uma gota de remdio ao doente ou uma simples conversao em que buscamos reerguer o nimo abatido de quem jaz cado nos espinhos do sofrimento ou nas trevas do desnimo, falam de ns aqui, a benefcio de nossa felicidade real, enriquecendo-nos a estrada de luz e de incentivos santos.

    Meu Bem, voc no se deixe abater hora alguma. Rena suas foras e esteja convencido de que prosseguimos

    sempre juntos. Romeu, filho querido, voc e Hilda encorajem-se. O servio grande e no podemos desertar. A ventura, como a sonhamos, pode ser alicerada na Terra,

    mas no pode ser encontrada a no mundo em seus pontos mais altos. E como preciso merec-la com Jesus, cuja bondade infinita nos segue, atualmente, em toda parte, confio em vocs dois, cada vez mais unidos, sabero vencer obstculos e pedras da senda para que, intimamente associados, consigamos adquirir a vitria de nossa comunho perfeita do amor divino.

    Meus filhos, abenoem a dor. por ela que nos renovamos para o trabalho de redeno que nos cabe realizar. Juntos, devotar-nos-emos paz de todos. Nosso Rubens, os meninos, todos recebero de nossa perseverana a fora precisa de que carecem para a compreenso mais clara da vida.

  • Em todos os problemas e dificuldades, reunir-nos-emos na faixa de luz da orao.

    Nossa oportunidade de melhoria para o futuro preciosa e grande demais para que venhamos a perd-la, por simples receio da luta.

    Creio que o nosso Romeu, realmente, abraar, por agora, tarefas diferentes, mas ns, com o auxlio dele, embora distante, e com a cooperao de outros companheiros, continuaremos o bom combate.

    Guardem nosso velho otimismo. Nada de pranto, de aflio, de tristeza. Somos chamados honra de servir aos nossos semelhantes

    necessitados e, com Jesus por sol de nossas aspiraes e atitudes, venceremos no grande caminho.

    No escrevo mais por hoje, em vista de no me ser possvel continuar.

    Nossa querida Mariana lembra-me o ponto final e devo obedecer.

    Hilda, rogo a voc, minha filha, coragem e confiana. Romeu, meu filhinho, no desanime. Estarei com vocs, tanto quanto me seja possvel. Meu Bem, sou muito grata ao devotamento do nosso bom

    amigo Dr. Plnio, em meu favor, e agradeo a ele quanto fez por ns.

    Minha gratido ao nosso Gerson, que nos partilha as preces desta hora de carinho e comunho.

    Mais tarde conversaremos. Mais tarde, reconheceremos juntos a felicidade de receber a

    bno do Senhor que nos reaproxima, trazendo-nos do passado ao esforo do presente, para a construo de nosso abenoado futuro.

  • Meu Bem, confie em Deus e receba o meu corao reconhecido por todo o seu amor e por toda a sua abnegao junto de mim.

    Com o meu beijo de carinho e agradecimento em seu corao e em suas mos, ao seu lado e em nossa nova luta, sou e serei sempre a sua

    Elvira. (Pedro Leopoldo, 2 de julho de 1954)

    20

    PRODUO DE FORTALEZA E ESPERANA

    Antes de quaisquer consideraes em torno do contedo doutrinrio da prpria mensagem, vejamos algo de sua histria com as palavras do Sr. Carmelo Grisi.

    "Chegando a Belo Horizonte,- diz ele - procuramos saber se Chico Xavier se encontrava em Pedro Leopoldo e se havia possibilidade de nos atender pessoalmente. Como a resposta ao nosso telefonema fora afirmativa, dirigimo-nos, sem perda de tempo, Fazenda Modelo, prxima cidade de Pedro Leopoldo, onde Chico j nos esperava. Do alpendre da fazenda, veio ao nosso encontro e disse-me:

    - Carmelo, D. Elvira se acha aqui, em companhia de trs entidades amigas, pois que ela ainda est em convalescena. A primeira entidade chama-se Camilo Matos, vocs o conhecem?

    - Sim, de nome. Trata-se de um militante da Doutrina Esprita, que residiu em Ribeiro Preto.

    - A segunda entidade, prosseguiu Chico, D. Gracinda Batista e a terceira D. Mariana, vocs a conhecem?

  • - Sim, respondeu Carmelo Grisi, a primeira s de nome, e a segunda minha tia Mariana Agreli.

    - No, retrucou Chico, os Espritos esto me dizendo que a terceira entidade tem o nome de Mariana Aurora Ferreira.

    Vimos ento que se tratava de uma velha amiga e companheira da irm Elvira, em So Jos do Rio Preto."

    D. Elvira Abrigatto Grisi nasceu em Jaboticabal, Estado de So Paulo, no dia 17 de julho de 1901, e desencarnou em So Paulo, Capital, a 12 de fevereiro de 1954.

    Num curto espao de tempo, residiu na cidade de Nova Granada, Estado de So Paulo, passando o resto de sua vida terrena a residir na cidade de So Jos do Rio Preto, no mesmo Estado. Militou no trabalho esprita, no setor da Desobsesso, durante trinta e oito anos ininterruptos.

    Fato digno de se notar na mensagem recebida pelo mdium Xavier, ao final da reunio pblica do Centro Esprita Luiz Gonzaga, na noite de 2 de julho de 1954, cinco meses somente aps a desencarnao, que a autora espiritual se refere a dois Romeus, sendo o primeiro deles o seu Esprito Guia, durante o jornadear terreno, Romeu de ngeles, confirmando as questes ns. 489 a 521 de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, a respeito dos Espritos protetores, familiares ou simpticos.

    ***

    Expressiva, sem dvida, esta advertncia aos filhos que

    ficaram no mundo: A ventura, como a sonhamos, pode ser alicerada na Terra,

    mas no pode ser encontrada a no mundo em seus, pontos mais altos, enfatizando: "Meus filhos, abenoem a dor. E por ela que nos renovamos para o trabalho de redeno que nos cabe realizar".

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    SOFRIMENTOS MTUOS Querida Mame, peo a sua bno, agradecendo a Deus

    estes minutos. Venho pedir sua paz para que eu