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Abordar o tema "transgênico" é de grande responsabilidade. Já estivemos em Santa Rosa em outras duas oportunidades: a primeira com o renomado professor da U.F. de Viçosa estudioso de transgênicos resistentes a herbicidas. Depois, no Seminário Regional sobre Transgênicos organizado pelas forças vivas, mas sem a participação das empresas de transgênicos ou seus prepostos. Os paulistas estão comemorando o mapeamento genético da bactéria Xilella do amarelinho.É um grande avanço para a ciência, mas não se fique pensando que é uma solução mágica para a citricultura. Este ano mais de 20% da safra ficou no pé sem ser colhida, com falência quase total do citricultor. Transformar ciência em tecnologia não é mágica. Agora, na FENASOJA agradecemos a oportunidade de nova reflexão. Não desejo agradar, desagradar nem trazer paixões pessoais, apenas, reflexão. Desde já, afirmo que a questão não é científica e, como funcionário público federal, alerto que sou obrigado a respeitar a sentença judicial do juiz federal Antônio Prudente.

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Abordar o tema "transgênico" é de grande responsabilidade. Já estivemos em Santa Rosa em outras duas oportunidades: a primeira com o renomado professor da U.F. de Viçosa estudioso de transgênicos resistentes a herbicidas. Depois, no Seminário Regional sobre Transgênicos organizado pelas forças vivas, mas sem a participação das empresas de transgênicos ou seus prepostos.

Os paulistas estão comemorando o mapeamento genético da bactéria Xilella do amarelinho. É um grande avanço para a ciência, mas não se fique pensando que é uma solução mágica para a citricultura. Este ano mais de 20% da safra ficou no pé sem ser colhida, com falência quase total do citricultor. Transformar ciência em tecnologia não é mágica.

Agora, na FENASOJA agradecemos a oportunidade de nova reflexão. Não desejo agradar, desagradar nem trazer paixões pessoais, apenas, reflexão.

Desde já, afirmo que a questão não é científica e, como funcionário público federal, alerto que sou obrigado a respeitar a sentença judicial do juiz federal Antônio Prudente.

A discussão mundial sobre o tema pode ser dividida em três partes:

ESTADO NACIONAL - SOCIEDADE - EMPRESAS

Vejam esta transparência canadense. No Canadá, os transgênicos são liberados. Por quê, então, a preocupação, discussão e ação pública sobre o assunto? O Ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil, economista Bresser Pereira, afirmou que os contrários aos transgênicos querem trazer o vudu para o país. O Canadá é um país sério.

Ninguém, na mídia, divulgou, com a devida ênfase, a pretensão do Governo Federal, nos últimos dias do governo

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Brito, de criar um confisco cambial para a soja gaúcha, igual àquela do Simonsen em 1976.

Entretanto, todos os dias, esta mesma mídia faz campanha dizendo que o Estado Nacional e seus aparelhos e infra-estrutura são lerdos, incompetentes, corruptos, caros, obsoletos e atrapalham.Ela propala e impõe que a Sociedade quer o consumo; apresenta as Empresas como substituto do Estado Nacional.

Diante da omissão formal do Estado Nacional, a reação da Sociedade Civil Organizada, no RS, foi intempestiva e os temas de debates passaram a ser conduzidos de forma antagônica pelos segmentos de interesse, na:

CIÊNCIA - TECNOLOGIA - SAÚDE - AMBIENTE - CONSUMIDOR

A ação local sobre transgênicos, na agricultura, iniciou-se sem qualquer preocupação com Estado - Sociedade. Ela foi organizada e realizada pelas empresas, para a conquista do mercado, de forma enganosa, clandestina e ilegal, com a cumplicidade do governo federal que ignorou e omitiu-se.

Vimos os dias de campo, os Clubes de Amigos da Terra, os anúncios nas rádios, em programas de cooperativas, extensionistas oficiais, as propagandas em revistas especializadas, os coquetéis de lançamento, as campanhas solidárias, como as Sementes Umbu, recolhendo alimento para os pobres.

Vimos festas, churrascos regados a uísque, exaltando o patriotismo em alguns lugares com o canto do Hino Nacional, por um grupo de ingênuos levados à embriaguês nas madrugadas de Santa Rosa.

No entanto, ninguém me explica o significado jurídico, bromatológico de "Equivalência Substancial". Esta definição,

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criada pela OCDE, que significado tem? Da mesma forma ignoram que, no dia 24 de Setembro de 1998, foram aumentados em 100 vezes os índices de resíduos de herbicida Roundup em Soja.

Ninguém se preocupa quando os cientistas suecos Hardell e Erikssen, da Universidade de Lund acusam que estes resíduos causam leucemia em células humanas; que eles são responsáveis por 38% das dermatites nos EUA; que entre nós há uma epidemia de dermatitis.

O Ministério da Agricultura anuncia que não encontra soja transgênica. No Seminário da Assembléia Legislativa, foi denunciado que, na safra passada, mais de 10% da área era transgênica. Quem comprou um saco por até duzentos dólares não irá vendê-la como grão. Logo, projeta-se o plantio para a presente safra em mais de um milhão de hectares. Mas não se encontra.

Aqui temos um mico, que tem que ficar na mão de alguém: Quem comprou esta semente, pagando até 200 dólares, não tem como amortizar. Quer vendê-la como semente, pois vendida como grão perde muito.

Suponhamos que amanhã o Brasil e o RS autorizem o plantio de transgênicos. A semente que está nas mãos dos agricultores não recebe crédito, baseada na lei de sementes e na lei do crédito agrícola. As próprias partes interessadas é que irão denunciar. Nós, então, tomaremos um porre e ficaremos cantando o hino nacional, comemorando o mico e o fim do Estado Nacional omisso.

Em dezembro do ano passado o Deputado Estadual Saretta, do PT de SC, fez parte da comitiva do Congresso que acompanhou o Sr. Ministro da Agricultura Pratini de Moraes a Roma. Eles foram informados pelo embaixador brasileiro, na FAO, que a China comprou uma grande quantidade de

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soja brasileira e exigiu garantia que esta não fosse transgênica. Por que a mídia não deu cobertura?

A pergunta é simples. Se houver três tipos de soja: natural, convencional e transgênica é bom ou ruim para a Sociedade e Estado Nacional? Eu vi um corretor de soja colérico em um Seminário em Porto Alegre, posicionar-se favorável aos transgênicos, quando a função dele é negociar não importa se hoje é um nicho, o que importa é a projeção e o amanhã. Uma pergunta simples o consumidor sueco ou japonês com uma renda per capita de 40.000 dólares quererá consumir transgênicos com 100 vezes mais resíduo de herbicidas que causam leucemia?Quererá comer uma proteína estranha inserida em um alimento, quando vive o drama da Síndrome Vaca Louca, que na próxima década matará acima de 300 mil pessoas na Europa.

Quem é culpado pela reação da Sociedade Civil Organizada diante dos organismos do Estado Nacional submisso ou a empresa desonesta e seu poder de persuasão?

Um pequeno agricultor, em Santa Rosa, que queira instalar um pequeno frigorífico ou uma pocilga com dez porcos, precisa de um Estudo de EIA/RIMA. Mas os doutos e probos da CTNBIO ultrapassam a constituição do Estado Nacional e eximem a empresa. Por que, quando EIA/RIMA significa trabalho, ciência, tecnologia, investimentos. A CTNBIO aprovou a soja americana plantada nos EUA, em falsidade ideológica e contrariando o parecer setorial da mesma comissão.

Se a questão não é científica, será tecnológica?

Deveria ser ensinado nas escolas e todos deveríamos saber, principalmente os profissionais, que tecnologia causa impactos. Impactos positivos e impactos negativos. Compete ao Estado - Sociedade e Empresas maximizar os positivos e

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minimizar os negativos. Não adianta chorar sobre o leite derramado. Os norte-americanos discutem os impactos dos transgênicos desde 73, depois em Asilomar em 1975. Eles criaram uma moratória para si. O Estado Nacional Americano elaborou normas de segurança e criou um setor especializado na OTA.

Nós, aqui caricata e perifericamente fazemos a parte da empresa, discutindo o seu produto como se isto fosse ciência ou mito, como foi o título estranho de um seminário, do qual participei, em Porto Alegre.

No Seminário da Assembléia Legislativa, o representante da Novartis disse, que transgênico é caro.Depois disse que sua empresa está testando um milho transgênico criado para combater uma praga que existe nos EUA, parecida à anterior que é problema na Argentina. No Brasil, o dramático é dito pelo Dr. Peixoto fito-eugenista da Pionner, no seminário sobre Transgênicos em Santa Maria: "O uso desta técnica vai obrigar a se plantar uma área de milho não-transgênico para diminuir a possibilidade de criação de insetos resistentes.".

Onde está o sistema de proteção ao consumidor de tecnologia, o agricultor? Será que vale a pena correr o risco de criar uma nova praga? Quem está sendo ludibriado?

O representante da Novartis diz que a toxina que fica no milho é pouquinha e não faz mal, esquecem da que passa para o leite no gado alimentado por forragem. Ele exagera e diz que se pode comer em uma refeição 1,5 toneladas desta que não lhe fará mal. Eu profissionalmente fui educado que era assim com certos insumos agrícolas, entretanto, hoje, passados trinta anos, a ciência diz que os clorados causam disrupção endócrina em qualquer quantidade por mínima que seja. Somente se descobriu isto em 1996. Será que é alarmismo ou falta de argumentação séria do comerciante?

Nos últimos nove dias úteis do governo Brito, foi assinado um contrato com a Agrevo para um experimento

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autorizado com arroz transgênico. Um técnico agrícola de 20 anos denunciou o não cumprimento das normas e medidas de segurança no teste. O MA, de Brasília, obrigou a Agrevo a destruir e queimar a área. Não vimos ninguém enfurecido, contrariado, ofendido com o desrespeito ao patrimônio científico, tecnológico, cultural.

No Canadá, aconteceu algo parecido quando a empresa trocou os lotes das variedades recebeu uma multa cavalar, foi obrigada a queimar tudo e responder processo. Muitos saíram ao público para dizer que o governo do Estado era contra a ciência, pesquisa, sabedoria, cultura etc.

O primeiro país do mundo a autorizar o uso de hormônios transgênicos foi o Brasil, sendo que este produto continua proibido em quase todo o mundo. Aqui, não foi sequer avalizado pela CTNBio, de quem é a responsabilidade.

Em Karnataka, na Índia, centenas de pequenos agricultores se suicidaram em dezembro de 1998, em função de transgênicos. Por que eles tomaram tal decisão?

Uma pergunta: Transgênicos causam impactos: Como

fica a estrutura de pequena propriedade familiar com os eles?Como fica a Reforma Agrária que está sendo

extremamente cara?

Os norte-americanos costumam dizer que não há comida grátis. O governo norte-americano diz que onde a comida é cara há rebelião. A pergunta é simples: Os transgênicos das transnacionais tornarão os alimentos mais baratos?

Temos visto atos de fé dizendo que a fome é problema, para justificar os transgênicos. Esquecem que o prêmio Nobel de Economia de 1998, o indiano Amartya Sinn estudou toda sua vida a questão da fome nos países pobres está ligada à carência de políticas públicas.

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Nos EUA, o algodão transgênico "Bollgard" não funcionou, e os agricultores perderam 17.000 hectares plantados.Foram a justiça para serem indenizados.

A pergunta é simples: No Brasil, as sentenças seriam favoráveis a quem?

O funcionário público Paccelli Zahler, membro do MA na CTNBio, foi exonerado por dizer que estava desesperado pois a Comissão liberava o plantio de mais de 600 locais e ele era o encarregado em fiscalizar e não tinha recursos físicos, financeiros, nem política pública para tal.

A palavra de ordem hoje é agricultura sustentável. Ela cresce 21% nos EUA, 19% na UE. As projeções internacionais para a agricultura sustentável são magníficas.

Vejam o que diz a empresa que investe 25 bilhões de dólares ano em transgênicos, a Novartis:

Para a agricultura sustentável, ecológica, ou tenha o nome que tiver, transgênico é um contra-senso. Não adianta inserir um gene, isto não vai aumentar a variabilidade genética. O importante é fazer com que os genes dos seres vivos possam ter condições de se expressarem com técnicas de cultivo sustentáveis, ecológicas. Por isso, hoje, o termo proteoma é estratégico, pois o custo de se fazer com técnicas ecológicas um gene se expressar é bem mais barato que a inserção que pode ser boa para o complexo agro-alimentar-financeiro.

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A discussão gaúcha sobre transgênicos é autêntica no espaço, embora esteja retardada no tempo, pois este nosso pioneirismo espacial esbarra em um anacronismo, já que algo similar aconteceu com cidadãos norte-americanos, logo após o sucesso da transferência de ADN de sapo africano para uma bactéria americana em 1973, na Califórnia. Este grande evento fez com que os cientistas da biologia molecular, preocupados, imediatamente, tomassem medidas e propusessem uma Conferência em Asilomar, em fevereiro de 1975, para tratar dos perigos, riscos e aspectos éticos das relações surgidas da nova disciplina científica.

Entretanto, é bom remarcar, que nos EUA, foram os cientistas que se reuniram, mas, no RS, uma periferia no Terceiro Mundo, foram trabalhadores, sindicalistas, ativistas de movimentos sociais, donas de casas, ambientalistas, ou seja, foi a Sociedade Civil Organizada que tomou esta decisão.

Devemos visualizar em Asilomar e enaltecer que foram os cientistas americanos que levantavam questionamentos para si próprios, preparando-se para o futuro e suas responsabilidades.

2ª TRANSPARENCIA COELHO

No livro "Brincando de Deus" de June Goodfield, Editora Itatiaia, há elementos, pois a participação de promotores de justiça foi fundamental para esclarecer em Asilomar, entre outras coisas, as responsabilidades por criações. Porque um júri é constituído por pessoas leigas e comuns e não por membros de uma academia, clube ou casta econômica.

Isto é muito importante, pois Asilomar não se espraiou pelas periferias e aquelas reflexões e questionamentos agora surgem em produtos comerciais e encontramos cientistas e tecnologistas locais protestando como se a ciência estivesse sendo agredida, em total inversão de valores. Isto por que as

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transnacionais e governos centrais tiveram 24 anos para preparar-se para a nova realidade do Neo-Epimeteu que rouba a chama da Vida.

3ª TRANSPARÊNCIA - EPIMETEU

"A ciência não precisa de controle, mas quem quer brincar de Deus, sim!" Mas, é Boaventura de Souza Santos quem afirma haver, hoje, a emergência de fascismos sociais impeditivos.

Por sua ousadia Epimeteu foi transformado em macaco.

Pela ousadia dos Neo-Epimeteus nosso medo tem nome: produtos transgênicos. O castigo não será deles. Qual será o nosso suplício?

4ª TRANSPARÊNCIA C.F.MED.

Passados 24 anos de Asilomar, as empresas de agrotóxicos deixam a matriz da química bélica e concentram-se para transformar-se em empresas de "Ciências da Vida", para isto fusionam-se e Ciba Geigy, + Sandoz + Norkin transformam-se em Novartis; Hoechst + Boehrigner + Ingelheimer + Schering mimetizam-se em AGREVO, Zeneca é o novo nome da ICI; AVENTIS é o resultado da fusão de Rhone Poulenc com Hoechst. Há uma nova matriz tecnológica a matriz dos Neo-Epimeteus: a biotecnologia.

Passados 24 anos de Asilomar, em Porto Alegre, vimos a Monsanto realizar o Coquetel de lançamento de sua soja transgênica "Roundup Ready" em 19 de fevereiro de 1998, no Hotel Everest, um rito da "Nova Ordem Internacional" a participação da Sociedade Civil Organizada no "debut" de seu produto comercial, em situação muito diferente da conferência de Asilomar, na Califórnia, nos apresentou a fantasia, para a nossa fascinação ou estupefação.

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Ela não fez um requerimento de avaliação ou registro perante o órgão público do Estado Nacional de saúde, agricultura e meio ambiente. Também nos EUA, Canadá e Argentina isto ocorreu. Por quê?

Aqui nos deparamos com uma segunda situação insólita: os produtos dos "Neo-Epimeteus" são apresentados como fruto da "engenharia genética", para demonstrar e garantir: - segurança, - qualidade, - controle, - precisão, elementos de credibilidade e aceitação.

É Jeremy Rifkin, em o "Século da Biotecnologia", quem dá os exemplos, tomamos apenas um. A bactéria Pseudomonas syringae está relacionada aos danos que as plantas sofrem pela geada, porque sua presença facilita a formação de gelo.

Cientistas encontraram o gene responsável pela formação de gelo e o retiraram da bactéria e pretendiam esparramar caldo de bactérias modificadas geneticamente, para evitar danos à agricultura.

Cientistas ecologistas, como Eugene Odum vieram a público para alertar que a Pseudomonas syringae é uma bactéria de vital importância para a nucleação de nuvens na formação das chuvas e determinação dos climas.

No Seminário Internacional sobre Direito da Biodiversidade e Transgênicos, em Brasília, o ponto alto foi "os direitos das Gerações Futuras".

O Neo-Epimeteu não tem a precisão, segurança, credibilidade, controle, nem sequer segue as leis de Newton.

Logo, a denominação de engenharia é inadequada.

Os próprios "construtores de organismos geneticamente modificados" sabem que não podem sequer predizer o que obterão. Então é uma alevosia o uso da denominação "engenharia genética", para os produtos de técnicas de ADN

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recombinante, mas o que as empresas querem é garantir a aceitação e o consumo de seus produtos.

5ª TRANSPARÊNCIA - NOVARTIS

O catedrático em genética Prof. Dr. Garcia Olmedo, de Valência, Espanha, reprova a denominação "engenharia genética" e compara as técnicas de ADN recombinante, de recortar e colar, com a figura típica do "sapateiro remendão", muito popular na Espanha. Já Jeremy Rifkin chama de "gene costurado"

No livro "Argumentos Recombinantes" sobre cultivos e alimentos transgênicos, publicado pelas Centrais Operárias da Espanha, vemos no prólogo do catedrático em genética Prof. Dr. Andrés Moya: "A biotecnologia, em sua forma mais dura, visa introduzir material genético de uma espécie em outra por meio de técnicas de ADN recombinante, criando organismos modificados artificialmente.

Esta disciplina científica atinge os seus objetivos quando:

a) é estável, ou seja, transmite a seus descendentes as características introduzidas;

b) produz o efeito pretendido.

Um exemplo: Uma soja em que foi introduzida a característica de resistência a herbicidas de uma bactéria deve passar esta características aos seus descendentes e ser resistente a este herbicida.

Somente sobre estes dois aspectos é que os cientistas e tecnologistas de biologia molecular devem responder por sua criação. De forma que não cabe a eles responder pelos produtos comerciais, quando dos questionamentos da sociedade sobre riscos e benefícios.

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Na questão dos riscos/benefícios, devemos procurar interlocutores responsáveis que deveria ser o Estado Nacional, mas desde Asilomar que a desregulamentação vem sendo organizada e orquestrada, para impedir qualquer reação impeditiva dos interesses comerciais das empresas.

Na sociedade civil, os interlocutores habilitados seriam os sindicatos, associações profissionais, ambientalistas, agrônomos, ecólogos, bioquímicos, sanitaristas, sociólogos, políticos, advogados, juízes, promotores, sacerdotes economistas e cidadãos. Pois têm habilitação, compromisso e podem estar investidos de autoridade e delegação, para questionar os direitos em risco e disciplinar benefícios auxiliando o Estado Nacional não-desregulamentado. Contudo, o que impera são os fascismos sociais.

Quando o Dr. Arpad Pustai questiona a batatinha com genes de lectinas, como um bioquímico preocupado com a qualidade dos alimentos ou Mae Wan Ho e Joseph Cummins alertam para o perigo que são os genes marcadores-resistentes a antibióticos, junto a muitos outros alertam para o perigo que são as super-ervas daninhas já presentes entre nós.

Na Nova Ordem, vemos que não são as autoridades da Escócia, Reino Unido, Canadá, respectivamente, que se apavoram com os dados do Dr. Pustai, Dra. Mae ou Prof. Cummins ou os de Jeremy Rifkin, é a cidadania internacional que fica perplexa.

Quando um Estado periférico, como o RS, toma medidas contra os abusos e ilegalidades, são os biotecnologistas de plantão que vêm a público clamar contra as "fogueiras medievais", "obscurantismo na agricultura", "queima de livros" ou "ressuscitar Trofim Lishenko".

Ninguém sabe sequer questionar que a tal soja transgênica teve um aumento dos índices de resíduos de agrotóxicos

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aumentado em 100 vezes e que na merenda escolar há leite de soja. Que este agrotóxico nunca foi avaliado anteriormente em um alimento e que agora está desregulamentado. Isto é absurdo, mas os cientistas Hardell e Erikssen da Univ. de Lund, na Suécia, dizem que Ghiphosate causa leucemia em seres humanos.

6º TRANSPARÊNCIA DA QUEIMA DO ARROZ

No contrato feito pelo Governo Britto com a Agrevo, para experimentação com "arroz transgênico", que depois foi destruído, por não respeitar normas de biossegurança consta que para o atual Governo do RS levar a Agrevo à Justiça, deve ser aprovada uma lei na Assembléia Legislativa. Isto é um escárnio.

Os contrários a este "status quo" são massacrados pelas empresas, governos e estruturas de poder, por estarem prejudicando os negócios das empresas, que não querem que o Estado Nacional determine os regulamentos para os produtos transgênicos.

Foi assim nos EUA, onde muitas empresas aprenderam em Asilomar e passaram a exigir a desregulamentação dos produtos transgênicos. Não vamos ser ingênuos e pensar que, desde a Conferência de Asilomar, as transnacionais, os governos centrais e sua sociedade não equacionaram os problemas minuciosamente para o futuro segmento econômico.

Voltemos a "Argumentos Recombinantes" - A conceituação da manipulação de ADN recombinante, como atividade intrinsecamente perigosa pode explicar-se com os cinco argumentos de Barry Commoner:

I - Um ser vivo estando no curso de um longo processo de evolução das espécies (e evolução destas com o meio ambiente) que durou aproximadamente cinco bilhões de anos até hoje, podemos supor com fundamento que se acha adaptado a vida

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na biosfera terrestre. Neste dilatado lapso de tempo geológico, muitíssimos experimentos biológicos tiveram lugar, e as estruturas inviáveis que surgiram foram deixadas de lado. (Há de ter-se em conta, entretanto, que nem todas as estruturas descartadas eram necessariamente inviáveis ou falidas. Muitas o foram por causas específicas ou conjunturais. Os efeitos de acaso formam parte iniludível da evolução biológica e pretender que os resultados finais destes resultados sejam "perfeitos" constitui uma ilusão.)

II - Por isso, qualquer mudança que afete o seu genoma ou ao seu meio ambiente se traduzirá - em princípio - em diminuição desta adaptação. Há alguma probabilidade de que não seja assim ( de que a mudança seja "a melhor" para o ser vivo que estamos considerando, e represente uma vantagem adaptativa), porém esta é muito baixa.

III - Por tanto, desde a biologia evolucionista darwiniana, as mudanças não são em geral favoráveis para os organismos, senão, o contrário.

IV - Desde logo, o ser humano, como animal capaz de ação intencional, previsão e raciocínio pode procurar intencionalmente a pequena probabilidade de mudanças "para melhor": pode tratar de melhorar conscientemente a natureza ( por exemplo, alterando o genoma de diferentes espécies vivas e até a sua), e de fato, às vezes, o consegue (por exemplo, erradicando a varíola).

V - Mas ante a complexidade do mundo biológico e das interações ecológicas, o tamanho descomunal de nossa ignorância, a muito humana tendência à pressa, as não elimináveis imprevisões, azar e imprevistas distorções introduzidas pelo modo de produção capitalista e outros relevantes aspectos de nossas relações sociais, e ante a magnitude dos riscos em jogo, se impõe uma atitude de prudência extrema ao intervir na natureza.

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Quando vemos que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança libera os derivados de OGMs de avaliação e registro, não estranhamos, pois ela não trabalha sobre os argumentos de Barry Commoner. Só lhe interessa a) que seja estável e b) que produza o efeito transplantado.Logo, é um cartório de interesses e atua ao arrepio da Lei. Isto foi dito com clareza e clarividência no recinto do Superior Tribunal de Justiça em Brasília, na presença de pelo menos uma dúzia de Ministros da Egrégia Casa.

Mas a situação da CTNBIO fica mais difícil quando o exemplar funcionário público, eng. agr. Pacelli Zahler, esclarece ao público em Santa Maria, no Seminário Regional sobre Produtos Transgênicos, que a CTNBIO liberou mais de 600 áreas de testes de campo, mas o MAARA não tem recursos financeiros, infra-estrutura, nem sequer infra-estrutura humana para fiscalizar, controlar, garantir, inspecionar ou mesmo saber onde as mesma estão.

Imediatamente ele é chamado às falas, denunciado e demitido. No interesse de quem? Ninguém questionou.

No mesmo Seminário vimos uma geneticista dizer que o homem e o chimpanzé possuem 98,6% de genes idênticos, deixando transparecer que a diferença mínima de 1,4% de genes não seria entrave para a transgênese. Esta atitude não é um fato isolado.

Os cientistas, tecnologistas e professores universitários nacionais em sua grande maioria têm uma postura muito diversa daquela prevalente em Asilomar, vêm a público defender produtos comerciais, como se estivessem defendendo a ciência agredida ou a honra nacional aviltada. Fazem de conta que não sabem que não se pode ser contra ou a favor de tecnologia. Que tecnologia causa impactos e que é função do Estado através de seus quadros prevenir e atenuar os impactos negativos, através de medidas de políticas públicas.

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O economista Jeremy Rifkin refere-se à ambição do Alquimista de se produzir um ouro mais puro que o ouro da natureza. A presunção da Alquimia é a mesma da Algenia, entretanto ainda não conhecemos mais que 4% das funções do funcionamento do ADN e já queremos fazer um novo Gênesis?

Nos países periféricos, onde a "ciência" e tecnologia são anacrônicas, onde não se sabe a diferença entre multinacional e transnacional, a preocupação das Gigaempresas é determinar a desregulamentação de seus produtos através da opinião, serviços e posição dos cientistas, tecnologistas e burocratas, para isso ela preparou-se durante 24 anos desde Asilomar.

É Andres Moya quem diz: "Ninguém pode ignorar que os fundos para as pesquisas tanto público quanto privados estiveram e estão muito mais próximo aos biotecnologistas que as disciplinas científicas que podem controlar os riscos e os benefícios dos produtos."

Logo, para o estudo ou avaliação de Riscos toda a argumentação é válida ou "ética". O exemplo do uso de refúgios, com milho natural, nos plantios de milho Bt, para retardar formação de insetos resistentes. Ou a presença de proteínas do gene Bt. na forragem, com a "exotoxina" que vai para o leite pode interessar os pesquisadores, mas não haverá recursos ou apoio político.

Esta estratégia dos países ricos, suas indústrias e sociedade são muito bem protegidas pelos escudeiros, nos governos locais.

7ª TRANSPARÊNCIA - NORUEGA

E a agricultura ecológica como fica com os transgênicos?A agricultura ecológica corrige as causa e não os efeitos, por isso não conhece pragas, doenças ou ervas daninhas.

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Antevendo a mudança de matriz e incorporação dos valores globais, a União Européia e o governo dos EUA e outros países centrais criaram seus programas de agroecologia, que crescem acima de 20% ao ano.

Hoje, nos EUA somente 300 mil agricultores são financeiramente independentes e rentáveis. São os agricultores ecológicos.

Entre nós, os biotecnologistas se transformam em

políticos sociais e falam da fome, esquecendo-se de que o Economista Amartya Senn recebeu o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre a fome no Terceiro Mundo, suas origens e que sua solução não é tecnológica, mas política.

Esquecem-se os cientistas e tecnologistas de sua habilitação e dos "proteomas", análise das proteínas expressadas por um gene, no meio ambiente. Este tipo de análise corrobora a agricultura ecológica, pois um gene pode estar em uma planta e a forma de cultivo inadequada pode bloquear sua expressão.

Então, os mesmos cientistas e tecnologistas que passaram a vida estreitando a variabilidade genética dos cultivos, agora vêem a público dizer que a recombinação de ADN irá aumentar a variabilidade, quando na verdade a planta depois da transgenia é totalmente clonada e a variabilidade passa a ser nula.

E a zona livre de transgênicos ofende a quem? Quando um produto natural ou convencional tem maior procura no mercado e o transgênico, crescente rejeição.

8ª TRANSPARÊNCIA GAZETA MERCANTIL

O Deutsche Bank está recomendando aos seus investidores e clientes que retirem seu dinheiro das empresas de biotecnologia. Os agricultores norte-americanos, depois

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das 17 mil hectares de algodão destruída e da reação do mercado, estão pedindo aos governos proteção e garantias de comercialização. Faltou sementes de soja não transgênicas nos EUA.

Qualquer simples comerciante de secos e molhados sabe que quem produzir o não transgênico terá três mercados.

Qualquer pessoa simples sabe que em um país periférico não há garantia, segurança, credibilidade para se produzir os dois produtos e que as empresas do Complexo Agro-Industrial Alimentar-Financeiro podem nos tirar do mercado dos produtos naturais de melhor preço, através da manobra de nos fazer produzir transgênicos. Pois eles querem dominar o mercado de produtos naturais.

9ª TRANSPARÊNCIA - NOVARTIS

Edgard Morin diz: precisamos de Ciência com Consciência. Rodolfo Porley diz: "A nova ordem global cria uma casta de "sacerdotes do saber". São "cientistas" dos bancos escolares, que negam aos não cientistas com diplomas similares o direito à capacidade de pensar, rebater, criticar as teorias, suas omissões e manipulações, aportar sugestões enfoques, dados, pistas e até verdadeiros descobrimentos extra-acadêmicos". Governos & Corporações Transnacionais formam as catedrais de fé destes sacerdotes, para garantia, respaldo e defesa dogmática de interesses.

Para enfrentar isto é necessário, previamente, uma reforma do pensamento, que o habilite para o manejo da complexidade, superando o pensamento redutor, mutilador, isolante, catalogante e abstrativo.

Por isso, Lutzenberger diz que a questão dos transgênicos é uma questão política e não técnica, mas os cientistas periféricos não aceitam que outros se intrometam em seu universo de saber, embora saibam que seu saber é dependente das grandes corporações. Então o "analfabeto

Page 19: É grande a responsabilidade a mim solicitada, vir aqui ...€¦  · Web viewAbordar o tema "transgênico" é de grande responsabilidade. Já estivemos em Santa Rosa em outras duas

político" de Brecht se transforma em fascista social de Boaventura de Souza Santos e uma quimera periférica e caricata surge.

Elas fazem suas carreiras, nos governos periféricos, sob o patrocínio das empresas de biotecnologia, que usam dinheiro público para fazerem cartilhas para os transeuntes, organizam eventos para enganar a população. Não sabem que existe uma biotecnologia de "saber" e uma biotecnologia de "fazer", são os biopiratas com respaldo dos governos.

As transnacionais aproveitam e estimulam isto através do marketing da imagem dos cientistas das descobertas e aproveitam para patentear estas descobertas da natureza como se fossem "inventos". Assim, se apropriam das descobertas dos incas, astecas, maias e de outros povos e as patenteiam.

Entretanto o médico Francois Jacob, geneticista Prêmio Nobel diz (pág. 150).

10ª TRANSPARENCIA BOLIVIANOS