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1 ¡! Pueblos Hermanos de América¡! A migração dos Warao para o Norte do Brasil Bruno Miranda Braga RESUMO: Este artigo apresenta aspectos do deslocamento do grupo indígena venezuelano Warao para o Brasil especificamente para a região norte, nas cidades de Boa Vista - RR e Manaus - AM. Procuramos destacar a migração em si, as razões e situações que impulsionaram e continuam a impulsionar esse grupo a se deslocar para essas cidades, seus anseios e suas formas de sociabilidades. Destacamos o papel de organizações sociais que ajudam os indígenas a se estabelecer em território brasileiro, principalmente a Igreja Católica. Tratasse de uma história atual da América indígena que muito permanece da própria história dos ameríndios de ontem e de sempre. PALAVRAS-CHAVE: Deslocamento. Migração. Warao. RESUMEN: Este artículo presenta aspectos del desplazamiento del grupo indígena venezolano Warao a Brasil específicamente a la región norte, en las ciudades de Boa Vista - RR y Manaos - AM. Buscamos destacar la migración en sí, las razones y situaciones que han impulsado y siguen impulsando a este grupo a trasladarse a estas ciudades, sus deseos y sus formas de sociabilidad. Destacamos el papel de las organizaciones sociales que ayudan a los pueblos indígenas a establecerse en territorio brasileño, especialmente en la Iglesia Católica. Fue una historia actual de América indígena que sigue siendo gran parte de la historia misma de los amerindios de ayer y siempre. PALABRAS CLAVE: Desplazamiento. Migración. Warao. 1.1. Os Warao e a Venezuela: o princípio do contexto Pueblos hermanos de América Pueblos hermanos de América Luego, luego llegará Luego, luego llegará Pueblos hermanos de América Pueblos hermanos de América llegará la igualdad(Cantores de Deus. Composição Pe. Zezinho) Doutorando em História na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP. Mestre em História Social pela Universidade Federal do Amazonas UFAM. Especialista em Gestão e Produção Cultural pela Universidade do Estado do Amazonas UEA. Licenciado em História (UNINORTE) e em Geografia (UEA). E-mail: [email protected]

¡! Pueblos Hermanos de América¡! A migração dos Warao ......Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Licenciado em História (UNINORTE) e em Geografia (UEA). E-mail: [email protected]

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¡! Pueblos Hermanos de América¡! A migração dos Warao para o Norte do Brasil

Bruno Miranda Braga

RESUMO: Este artigo apresenta aspectos do deslocamento do grupo indígena venezuelano Warao para o

Brasil especificamente para a região norte, nas cidades de Boa Vista - RR e Manaus - AM. Procuramos

destacar a migração em si, as razões e situações que impulsionaram e continuam a impulsionar esse grupo

a se deslocar para essas cidades, seus anseios e suas formas de sociabilidades. Destacamos o papel de

organizações sociais que ajudam os indígenas a se estabelecer em território brasileiro, principalmente a

Igreja Católica. Tratasse de uma história atual da América indígena que muito permanece da própria história

dos ameríndios de ontem e de sempre.

PALAVRAS-CHAVE: Deslocamento. Migração. Warao.

RESUMEN: Este artículo presenta aspectos del desplazamiento del grupo indígena venezolano Warao a

Brasil específicamente a la región norte, en las ciudades de Boa Vista - RR y Manaos - AM. Buscamos

destacar la migración en sí, las razones y situaciones que han impulsado y siguen impulsando a este grupo

a trasladarse a estas ciudades, sus deseos y sus formas de sociabilidad. Destacamos el papel de las

organizaciones sociales que ayudan a los pueblos indígenas a establecerse en territorio brasileño,

especialmente en la Iglesia Católica. Fue una historia actual de América indígena que sigue siendo gran

parte de la historia misma de los amerindios de ayer y siempre.

PALABRAS CLAVE: Desplazamiento. Migración. Warao.

1.1. Os Warao e a Venezuela: o princípio do contexto

“Pueblos hermanos de América

Pueblos hermanos de América

Luego, luego llegará

Luego, luego llegará

Pueblos hermanos de América

Pueblos hermanos de América

llegará la igualdad”

(Cantores de Deus. Composição Pe. Zezinho)

Doutorando em História na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Mestre em História

Social pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Especialista em Gestão e Produção Cultural pela

Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Licenciado em História (UNINORTE) e em Geografia

(UEA). E-mail: [email protected]

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2016, parecia ser mais um ano convencional para o continente americano, e para

o mundo. Porém, 2016 foi um ano marcado por guerras, mortes e violações dos direitos

humanos mundo afora.

A crise de refugiados bateu seu recorde de mortos – mais de 7 mil, de acordo com

a Organização Internacional de Migrações (OMI) e a Síria entrou em seu quinto ano

consecutivo de guerra.

Nas Américas, a corrida presidencial consolidou Donald Trump como novo

presidente dos Estados Unidos, a Colômbia assinou um acordo de paz com as Forças

Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o furacão Matthew deixou 900 mortos em sua

passagem pelo Haiti.

Ainda nas Américas, apesar de a Venezuela estar em colapso há meses, em maio

a crise chegou a seu estimulo maior. Após a população venezuelana protestar ativamente,

posto que sofre/sofria com a escassez de itens de serviços básicos, o presidente Nicolás

Maduro declarou, no dia 17, estado de exceção e emergência econômica. A decisão do

líder do país que possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo, foi vista pela

oposição política como uma tentativa de obstruir a realização de um referendo

revocatório, que poderia antecipar o fim de seu mandato.

A situação insólita, no entanto, parece longe de chegar ao fim. Ao longo dos

meses, diversas manifestações e tentativas de colocar o referendo em votação foram em

vão. A última derrota de Maduro foi a suspensão da Venezuela do Mercosul. E ainda hoje,

já em 2020 essa crise reflete os ideários e os momentos iniciados em 2016.

Uma das maiores situações que foram ocasionadas pela dita crise, foi uma grande

emigração de indígenas que viviam em situação de extrema vulnerabilidade em seu país

natal. O local escolhido pelos emigrantes em sua grande composição fora o Brasil,

especificamente o extremo norte, região fronteiriça a Venezuela.

Os Warao são um grupo étnico habitantes do nordeste da Venezuela e norte das

Guianas Ocidentais. Também denominados graficamente por Warao, Waroa, Guarauno

Guarao e ou Warrau. O termo Warao traduz como "povo do barco", (CLARK, 2009) por

possuírem uma intensa relação com à água, e seus usos. Os Warao são um povo de amplas

atividades hídricas. A maior parte da população, que soma-se em torno de 20.000

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habitantes, encontrma-se na região do delta do Orinoco na Venezuela, com números

menores nas vizinhas Guiana e Suriname. Sua língua falada é aglutinante, chamada

também de Warao.

Imagem 01: Índios Warao da aldeia Curiara, no Delta Orinoco

Fonte: https://amazoniareal.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Waraos_em_curiara-2.jpg

Os Warao são exímios pescadores e artesãos. Há indícios e registros de sua

presença no delta do Rio Orinoco que datam entre de oito mil a nove mil anos, segundo

as autoridades venezuelanas. O Censo Nacional da Venezuela apontou que eles somavam

36 mil pessoas, em 2001. Depois do grupo Wayúu, os Warao são a segunda maior

população indígena da Venezuela.

A região do delta do Rio Orinoco é um terreno fértil formado por locais

pantaneiros e ilhas pequenas. Nestas se localizam as habitações do povo Warao, formadas

como ocas cobertas de palhas, e, cabanas elevadas – palafitas- para se guardar nas

inundações. Estas casas são construídas geralmente na área mais alta para resguardo nas

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sazonalidades anuais. O interior das casas, encontramos uma cozinha com forno bem ao

centro, as redes para o repouso e um poço de barro. Às vezes, um grupo de casas é

construído sobre uma única plataforma de grandes árvores. Dos outros móveis presentes

às vezes geralmente são vistos certos banquinhos de madeira, às vezes esculpidos no

formato de animais.

Porém, desde os 1970 os Warao vivem em constante deslocamento.

Compreendemos deslocamentos como uma categoria de análise da Nova História, pois,

“os fenômenos de mobilidade e de deslocamento se afirmam como características

essenciais das nossas sociedades contemporâneas.” Nesse sentido, “longe de serem

fluidos, homogêneos ou lineares, estes deslocamentos são pontuados de tempos, mais ou

menos longos, de espera” há uma organização, um sentimento em se deslocar, em migrar.

“Tendo por origens razões técnicas, administrativas ou políticas, tais momentos

encontram bem frequentemente uma tradução espacial: territórios acolhem estas

sociedades em espera”.

[...] os mundos americanos, nascidos do deslocamento (voluntário ou forçado)

de populações de origens diversas que deixaram a sua marca nos territórios de

que se apropriaram, se oferecem como um terreno de estudo particularmente

adaptado. Durante muito tempo terra de refúgio para perseguidos de todas as

confissões, depois Eldorado sonhado para milhões de imigrantes, o continente

americano é, ainda hoje, o teatro de numerosos deslocamentos humanos:

migrantes deixando (ou fugindo) os campos para as cidades tentaculares,

clandestinos que cruzam os muros do medo, refugiados climáticos

aglomerados dos campos de seca ou instalações precárias (como após o

Katrina). (VIDAL, MUSSET e VIDAL, 2011. p. 02)

O represamento do Rio Manamo é sempre apontado como um dos fatores mais

contribuintes para o deslocamento atual (GARCIA CASTRO, 1999). A defasagem das

condições de manutenção e a constante e predatória invasão das suas terras pelo

agronegócio, fez com que em 2016 os Warao se tronassem expatriados e rumassem para

uma nova terra pois a sua pátria ameaçava a sua existência.

Mesmo com o deslocamento para os principais centros urbanos da Venezuela, os Warao

mantiveram/mantém seus aspectos culturais fortes e a união entre o grupo. Muitas vezes,

quando podem e se sentem seguros, regressam a seu lugar originário.

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O deslocamento para as cidades se deu para o setor laboral de mão de obra não

qualificada e a mendicância. Neste último caso, alguns autores como Garcia

Castro afirmam que houve um reforço cultural, já que o mecanismo de inter-

relação étnica no contexto urbano pelos warao não é totalmente alheio à sua

condição e valores culturais, havendo a aplicação de técnicas tradicionais de

coletas, feitas por mulheres e crianças, transportadas para o contexto urbano.

Portanto, a coleta de esmolas nas ruas seria, para tal corrente, análoga à coleta

de frutos e pequenos animais em seu habitat natural. (PEREIRA, 2019)

Nisso a lógica cultural Warao foi posta em prática também em solo brasileiro

uma vez que por aqui eles estão exercendo suas práticas em meio as relações interétnicas.

Assim as sensibilidades desses indígenas são visíveis em meio a ação nacional em vista

de sua migração acelerada, e não estavam alheiros a toda problemática socioeconômica

pelo qual a Venezuela vivenciou, logo como toda a população de lá, os warao também

foram assestados pelo transtorno venezuelano. Como meio de sobrevivência, muitos

migraram para o Brasil, num trajeto de cerca de 1.000 km, há um abrigo na cidade de

Pacaraima (fronteira) e outro em Boa Vista (230 km a partir da fronteira), com população

oscilante, cada um com aproximadamente 500 pessoas. Havia outro em Manaus, porém

muitos indígenas migraram para Santarém e Belém, o que “reduziu” a população warao

naquela capital.

1.2. A chegada ao Brasil: de Boa Vista a Manaus e de lá para o Brasil

A região noroeste do norte do Brasil, caracterizada pelo estado de Roraima, tem

por limites a Venezuela, ao norte e noroeste; Guiana, ao leste; Pará, ao sudeste;

e Amazonas, ao sul e oeste. É um dos portões do Brasil para outros países do cone sul.

Ao se deslocarem para o Brasil, o primeiro ponto por cá que os warao se alocam

é Pacaraima. Partindo em maior parte do Delta Amacuro, na Venezuela, essas levas

migratórias percorrem em média 915 quilômetros até a Pacaraima, município roraimense

que se localiza na divisa do Brasil com a Venezuela.

Os grupos se deslocam para lá de formas distintas, geralmente por meio de uso

do ônibus que constantemente traz diferentes levas desse povo.

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Os Warao não viajam sozinhos. Tanto as redes de parentesco como os grupos

formados ao longo do caminho são de fundamental importância para suas

estratégias de fixação e mobilidade, enquanto população indígena transeunte

em busca de sustentabilidade num novo contexto. Analiticamente, é importante

considerar a mobilidade Warao como característica cultural da etnia enquanto

estratégia social e econômica que promove a circulação não apenas de

mercadoria, mas sobretudo de suas relações pessoais fundamentais na

definição de papéis sociais e políticos na sociedade Warao (por exemplo,

afirmação e constituição de parentesco e liderança).(SANTOS, ORTOLAN e

SILVA p. 08. s/d)

Em maio de 2020, Anibal Perez Cardona, indígena Warao residente em Natal

(RN) em relato a João Paulo Vale de Medeiros da Pastoral da Terra Nordeste II, nos

mostra que:

Os/as brasileiros/as sempre nos perguntam se chegamos ao Brasil andando a

pé. Eu explico que é impossível chegar a pé até aqui. Só se pode chegar a pé

até Boa Vista (Roraima). Entre a Venezuela e o Brasil, há uma conexão

terrestre que permite atravessar a fronteira por estrada. A rota que fizemos

desde a Venezuela é por Santa Elena de Uairén até a fronteira,

em Pacaraima (Roraima).

Nem todas as famílias Warao tiveram a mesma oportunidade de chegar direto

até a fronteira porque algumas precisaram fazer viagens em escalas, de

povoado em povoado. Logo, parte delas pôde trazer artesanatos e outra parte

não. (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA NORDESTE II, 2020)

O mapa de localização seguinte, apresenta o trajeto que os warao percorrem até

Pacaraima, cruzando a fronteira entre Venezuela e Brasil.

Imagem 02: Mapa de localização do trajeto do Delta Amaruco até Pacaraima

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Fonte: Criação nossa com dados da ferramenta Google Maps

Com o relato de Anibal Perez temos uma dimensão de como se dá a vinda a deles

ao Brasil, propondo que que se trata de uma migração terrestre, também é possível vermos

a trama que se forma nesse contexto uma vez que cada leva traça sua rota de maneira

peculiar, umas vem direto até a fronteira, outras optam por fazer escalas de povoado a

povoado até chegar em Pacaraima, esses últimos trazem consigo artesanatos, artesanatos

estes produzidos pelos mesmo durante o percurso, em suas pausas. Continuando, Anibal

nos diz que:

Quando chegamos a Pacaraima, como já não era mais Venezuela, tudo se

tornou diferente, começando pela moeda e pelo idioma. Esse foi o primeiro

obstáculo. O outro era que tínhamos que solicitar uma permissão formal (um

protocolo de refúgio) para entrarmos no país.

Houve famílias que conseguiram obter esses protocolos, mas outras não.

Algumas - que não tiveram acesso ao documento - precisaram optar por outros

caminhos. Para muitos núcleos Warao, não foi fácil chegar até o Brasil porque

a maioria não tem recursos econômicos suficientes.

Os primeiros grupos que chegaram a Boa Vista buscaram ajuda para poder

pagar as passagens a fim de que outras famílias pudessem vir. Também

buscaram apoio para viajar até Manaus; de Manaus, até Belém e assim

sucessivamente. (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA NORDESTE II,

2020)

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Neste trecho, o migrante nos mostra como se dá a chegada ao Brasil, como os

warao se estabelecem ou não por aqui. Num primeiro momento, o de reconhecimento, há

o evidente estranhamento, o idioma e a moeda são apontados por Anibal como primeiros

pontos de sentido para o “choque” com o outro país, o “obstáculo” como o mesmo

denomina. Adiante se dá as questões legais de permanência no país: o protocola de

refugiado que faz com que migrantes possam permanecer ou não no país escolhido.

Evidentemente, não são todas as famílias que conseguem a permanência, em sua

maioria, os warao tem dificuldades para chegar ao Brasil em virtude dos custos do

caminho, e como se manter após sua entrada no país. Criou-se pelo relato do indígena

uma “rede de solidariedade” na qual aqueles que conseguem vir e se estabelecer ajudar

mais famílias a também virem, uma vez que:

Hoje, há núcleos Warao em Pacaraima, Boa Vista, Manaus, Rio Branco,

Santarém, Belém e em outras 18 cidades do Pará. Também há famílias em

quase toda a região Nordeste (Imperatriz, São Luís, Teresina, Mossoró, Natal,

Campina Grande, João Pessoa, Recife) e em diversas outras cidades do país,

como Rio de Janeiro, Campinas, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Brasília,

Anápolis, Goiânia e Florianópolis. (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

NORDESTE II, 2020)

Em Roraima, os warao lidam com a ajuda da comunidade local além da produção

pequena de artesanatos no qual são muito habilitados. Atualmente,

os/as Warao sobrevivem de doações e apoios provenientes, em especial, da sociedade

civil, não do Governo. Ainda que em alguns estados já existam abrigos e as famílias

recebam algum tipo de assistência, por ora, os/as Warao fazem o possível para sobreviver

com a venda de artesanatos. Os/as que não contam com assistência suficiente pedem

ajuda nas ruas para conseguir pagar os aluguéis e ter acesso a alimentos.

Figura 03: Mulher Warao fabricando cesta com a fibra de buriti.

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Foto: Andrés Meyer. Fonte: Wilbert e Lafée-Wilbert

Ainda falta ao governo e a política pública a pauta dos direitos dos/as indígenas

refugiados/as e que forneça o suporte necessário para que estes possam se subsidiar. “A

atividade da pesca, por exemplo, exige uma série de licenças que nós não temos. Assim,

destacamos que necessitamos de documentos específicos e de outras condições materiais

para podermos viver dignamente no Brasil”, afirma o indígena Anibal.

Em 2017, passado o início da grande leva do deslocamento dos warao, segundo

dados da Polícia Federal de Roraima, o ritmo de entrada/saída de imigrantes da Venezuela

em solo brasileiro foi entorno de 70 mil pessoas naquele ano. Somente em Pacaraima

17.130 venezuelanos solicitaram refúgio ao Brasil. Em 2016 formalizaram o pedido 2.230

imigrantes e, em 2015, 230 pessoas. De 1º. a 15 de janeiro deste ano 649 venezuelanos

procuraram o posto da polícia para solicitar refúgio. A PF não informa o número de

mulheres, homens e crianças e nem quantos são indígenas entre os imigrantes

venezuelanos.1

Na cidade de Boa Vista em 2018, estavam mais 369 Warao e 47 Panare, povo

que em fins de 20117 começara a se deslocar para o Brasil. Eles são também da região

1 Os dados são do site Amazônia Real. Disponível em: https://amazoniareal.com.br/migrante-cidadao-a-

dinamica-dos-deslocamentos-dos-indios-warao-na-amazonia/

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do Delta do Orinoco como os Warao, mas provenientes do oeste do Suapure, no Estado

Bolívar.

No ano de 2018, moravam na capital amazonense 139 índios Warao em quatro

casas alugadas pela Prefeitura de Manaus. Um abrigo, onde viviam cerca de 31 indígenas,

foi desativado pelo governo do Amazonas depois que o Município assumiu a ação

humanitária por determinação do Ministério Público Federal.

De Manaus, a migração continuava, eles se deslocam em viagem de barco pelo

rio Amazonas até o estado do Pará. Os Warao migraram para Santarém, onde 40 pessoas

estavam morando em uma escola do bairro Cambuquira, e para Belém, onde estão

acampados no mercado Ver-o-Peso mais 70 indígenas. Com a chegada dos índios,

Santarém decretou emergência social devido à falta de recursos para atender os

venezuelanos nas áreas sociais, incluindo, na assistência da saúde e educação. Decreto

semelhante foi baixado em Boa Vista e Manaus.

Em abril de 2020, os imigrantes indígenas da etnia Warao, da Venezuela, foram

transferidos de abrigo na zona leste de Manaus para uma escola municipal na zona oeste.

A mudança é para reduzir o número de refugiados no abrigo e prevenir contra o contágio

pelo novo coronavírus (Covid-19). A Prefeitura de Manaus já remanejou 277 indígenas

venezuelanos para dois novos espaços de acolhimento. A prioridade é remanejar famílias

(AMAZONAS ATUAL, 14 de abril de 2020).

O norte do Brasil foi o ponto principal de fixação deste grupo étnico.

Inicialmente por ser mais próximo da região da qual eles provinham, hoje por serem os

três estados que que mais dispõem de abrigos e organizações não-governamentais bem

como empenho da sociedade civil que os acolhem e dentro de limitações, os ajudam.

No mapa seguinte, vemos o deslocamento e diáspora dos warao pelo norte do

Brasil, desde sua origem na Venezuela, até a chegada no estado do Pará.

Imagem 04: Migração dos Warao no Brasil

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Fonte: https://amazoniareal.com.br/migrante-cidadao-a-dinamica-dos-deslocamentos-dos-indios-

warao-na-amazonia/

1.3. Hijos de Diós en L’America: políticas, sociabilidades e culturas

“Hijos de Dios en América

Después de tantos dolores

Ya sabemos el camino

El camino es fraternidad

El camino, el camino, el camino,

El camino es amor...”

(Cantores de Deus. Composição Pe. Zezinho)

Aos poucos os warao migrantes se integraram a sociedade civil. Com a ajuda de

organizações e de pessoal bem disposto, estes migrantes foram introduzidos em diferentes

escalas podendo paulatinamente se estabelecer em terra brasileira.

O papel da Igreja católica e de suas frentes de ação como a Pastoral do Migrante

e a Cáritas foram de importância primordial para o melhor acesso deste povo a

sociabilidade local. Em Roraima, missionários da Consolata, prestam constantes serviços

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a população fora dos abrigos. Segundo Jaime C. Patias, IMC2, Conselheiro Geral para

América, os responsáveis pelo abrigo destinado aos indígenas Warao e E’ñepá em Boa

Vista, afirmavam que em 2019 o local estava lotado. Os indígenas contestam dizendo que

muitos deles saíram abrindo vagas. As informações sobre o número exato de abrigados

no bairro Pintolândia são duvidosas. Uma Equipe do Alto Comissariado das Nações

Unidas para os Refugiados (ACNUR), no dia 1 de fevereiro, fez um recadastramento e

ouviu também mais de 60 Warao que estão fora do abrigo, mas até o fechamento desta

matéria não deu nenhuma resposta. As mães e crianças que deveriam ter prioridade no

acolhimento, continuam na rua.

O governo brasileiro concede refúgio aos venezuelanos, mas uma vez no

território nacional um bom número deles não encontra acolhida digna. Apenas 6 mil são

contemplados com abrigos. Os que ficam de fora estão sujeitos a serem disturbados. Não

podem dormir nas praças, parques, em terrenos baldios e em algumas ruas. Sempre tem

alguém correndo com eles.

Em Manaus, a Cáritas arquidiocesana em abril de 2019, quando se verificou um

aumento significativo na quantidade de indígenas venezuelanos em Manaus, nisso,

a Cáritas passou a acompanhar de perto a situação dos Warao que estavam

hospedados no centro, a poucos quarteirões de distância da sede da instituição.

A Cáritas articulou o aluguel de cinco espaços para moradia dos Warao sendo

um no Centro, um no Bairro Planalto, um no Bairro Cidade Nova, um no

Educandos e um no Bairro Manoa para um total de 246 indígenas Warao. Além

de também promover uma ação de saúde em parceria com a Universidade

Estadual do Amazonas (UEA), a qual disponibilizou médicos, enfermeiras,

remédios. A alimentação para mais de 100 indígenas Warao, que participaram

da ação social, ficou por conta do Grupo Aliança de Misericórdia. Foram

identificados alguns casos de tuberculose entre essa população e outros casos

mais graves, ao quais foram encaminhados para a rede de saúde. Foram

realizadas doações de alimentos, roupas e de materiais para confecção de

artesanato para a subsistência dos mesmos. (PAIVA E BRITO, 2019. p. 28.)

Esse acompanhamento da situação de vulnerabilidade dos warao, intensificou-

se por parte da Igreja de Manaus sendo apontado como um dos objetivos do seu plano de

2 IMC - Institutum Missionum a Consolata (Turim). Instituto da Consolata para as Missões Estrangeiras;

Instituto das Missões da Consolata de Turim; Padres da Consolata. É uma congregação religiosa Cristã

Católica que atua na formação de padres para missão além-fronteiras.

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evangelização. De fato, o papel social da Igreja junto a esse grupo se mantém ainda hoje

como um forte entusiasmo e senso de cuidado para com o estrangeiro que muitas vezes

ao chegar numa terra diferente, não consegue se estabelecer em decorrência de solidão e

falta de informação. A Arquidiocese também tem realizado diferentes campanhas junto a

sociedade para viabilizar itens para a subsistência dos migrantes e bem como, sua inserção

na sociedade por meio de cursos, oficinas e diálogos culturais.

Sobre a tipologia da migração warao, a Cáritas da Arquidiocese de Manaus,

destaca que se classifica como um movimento pendular de idas e voltas da Venezuela

continuadamente, por isso em tempos se tem aumento e em tempos decréscimo dessa

população.

Segundo dados da Secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania

(SEJUSC) (2019), atualmente estão vivendo na rodoviária cerca de 60

indígenas Warao. E ainda tem em torno de 350 indígenas no Abrigo Alfredo

Nascimento, segundo informações da Secretaria Municipal de Assistência

Social e Cidadania (SEMASC) (2019). E de acordo com o Alto Comissariado

das Nações Unidas (ACNUR), os Warao já chegaram às cidades de Santarém

e Belém no Pará. Assim, vale ressaltar que a Cáritas, ao longo de sua trajetória,

vem auxiliando e tentando assegurar os direitos sociais das pessoas em

exclusão social e mais vulnerabilizadas, não só da capital Manaus, mas

também das cidades do interior do Estado. E há alguns anos faz esse mesmo

trabalho com os migrantes oriundos do Haiti e da Venezuela. Visando uma

“construção solidária, sustentável e territorial de um projeto popular de

sociedade democrática e de direitos”, que é o lema geral da instituição. (PAIVA E BRITO, 2019. p. 28.)

Os dados apresentam que a presença warao em Manaus estava/está em constante

crescimento e com a ajuda de organizações eles conseguem migrar de Manaus par cidades

do estado do Pará.

Uma das principais atividades e habilidades dos warao é o artesanato. Com o uso

de materiais orgânicos e extratos da natureza como fibras, esses índios desenvolvem

diferentes obras de uma grandeza entre adornos, enfeites e utensílios para o dia a dia.

Com o objetivo de gerar renda, a produção de artesanato índias Warao, é

estimulada pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e o Fundo de População das

Nações Unidas (UNFPA) com o Museu Casa do Objeto Brasileiro. O financiamento é da

União Europeia e as oficinas fazem parte de uma estratégia para transformar o potencial

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artístico indígena em peças para serem disponibilizadas no mercado de artesanato. Para

isso, conta com o trabalho de orientação do renomado designer mato-grossense Sérgio

Matos.

“O artesanato Warao é completamente diferente de todas as comunidades com

as quais já trabalhei. A grande capacidade de fazer pontos, os grafismos que

elas desenvolvem, as construções, tudo tem um trabalho artístico muito forte

por trás. A ideia é mostrar esse talento, valorizar a cultura e o trabalho das

artesãs Warao que vieram ao Brasil, sendo uma oportunidade para que possam

caminhar de forma autônoma”, diz Sérgio, que neste ano já ministrou oficinas

nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, em Roraima. (AMAZONAS ATUAL

04 de dezembro de 2019)

Imagem 05: Índias Warao produzem artesanato com palha de buriti

Fonte: (Foto: Felipe Irnaldo/Acnur Brasil) Disponivel em: https://amazonasatual.com.br/indias-warao-

em-manaus-produzem-artesanato-e-expoem-em-sao-paulo/

Considerações finais: No contexto Amazônico, somos todos irmãos – o

colorido na cidade

Deslocamentos humanos sempre acarretam uma série de questões que

transcendem as paginas deste texto. Falar de ameríndios que migram é falara da própria

história da América uma vez que desde a sua conquista e posse, os diversos grupos

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indígenas se viram por motivos diversos na necessidade de se deslocar e tentar a vida e a

resistência noutro local.

Um valor interessante que faz parte do sentido social da migração dos Warao

para o norte do Brasil foi o estabelecimento por uma parcela da população de uma

solidariedade orgânica na lógica que Émile Durkheim lhe atribui, nesse sentido, para o

migrante warao o maior problema decorrente da divisão do trabalho está relacionado à

questão moral, ou seja, à capacidade de manter os membros coesos e a sociedade

funcionando harmonicamente. E essa harmonia tem muito a ver com o bem-estar da

comunidade e sua participação nas sociabilidades.

Espacialmente falando, ao migrarem, os warao trouxeram consigo sua carga

cultural, e com este o colorido presente em seus trajes como mostram as imagens

seguintes.

Imagem 06: Apresentação de dança e canto Warao

que imigraram da Venezuela

Fonte e fotos: Yolanda Simone/Amazônia Real.

Disponível em : https://amazoniareal.com.br/migrante-cidadao-a-dinamica-dos-deslocamentos-dos-

indios-warao-na-amazonia/

Imagem 07: Warao na Oficina de Trabalho

apresentam a dança e música da cultura indígena

Imagem 08: Com seus vestidos coloridos, as índias

Warao andam pelas ruas de Boa Vista

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Foto: Marcelo Mora/Amazônia Real

Disponível em: https://amazonia.org.br/2017/01/crise-na-venezuela-o-repudio-das-instituicoes-dos-direitos-

humanos-contra-a-deportacao-em-massa-dos-indios-warao/

Referências:

AMAZONAS ATUAL, 14 de abril de 2020. Disponível em:

https://amazonasatual.com.br/indios-venezuelanos-sao-transferidos-de-abrigo-em-

manaus-para-evitar-aglomeracao /

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA NORDESTE II. O êxodo do povo Warao para o

Brasil. Disponível em: https://www.cptne2.org.br/publicacoes/noticias/noticias/5290-o-

exodo-do-povo-warao-para-o-brasil l. maio de 2020.

GARCIA CASTRO, Alvaro; HEINEN, Dieter. Planificando el desastre ecológico:

Impacto del cierre del caño Manamo para las comunidades indígenas y criollas del

Delta Occidental (Delta del Orinoco, Venezuela). Antropológica. 91, 1999: (31-56).

Caracas, Fundación La Salle de Ciencias Naturales.

GARCIA CASTRO, Alvaro; HEINEN, Dieter. Planificando el desastre ecológico:

Impacto del cierre del caño Manamo para las comunidades indígenas y criollas del

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Caracas, Fundación La Salle de Ciencias Naturales.

https://amazonasatual.com.br/indias-warao-em-manaus-produzem-artesanato-e-expoem-

em-sao-paulo/

https://amazoniareal.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Waraos_em_curiara-2.jp g

https://amazoniareal.com.br/migrante-cidadao-a-dinamica-dos-deslocamentos-dos-

indios-warao-na-amazonia /

https://amazoniareal.com.br/migrante-cidadao-a-dinamica-dos-deslocamentos-dos-

indios-warao-na-amazonia /

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PAIVA, Janaína Zildéia da Silva, BRITO, Afonso de Oliveira. Acompanhamento para

garantir dignidade aos indígenas waro. Arquidiocese em Notícias. ano 18, 162, abril de

2019. Manaus.

PEREIRA, André Paulo dos Santos. O povo indígena Warao: um caso de imigração

para o Brasil. MP no debate. Disponivel em: https://www.conjur.com.br/2019-jan-

21/mp-debate-povo-indigena-warao-imigracao-brasil#_ftn1, 21 de janeiro de 2019.

ROBERT CLARK, Patricia (2009). Tribal Names in the Americas [Nomes Tribais das

Américas] (em inglês) 50ª ed. [S.l.]: McFarland & Company.

SANTOS, Sandro Martins de Alemida, ORTOLAN, Maria Helena e SILVA, Sidney

Antônio da. "índios imigrantes" ou "imigrantes índios"? Os Warao no Brasil e a

necessidade de políticas migratórias indigenistas. Disponível em:

file:///C:/Users/Bruno/Downloads/Artigo_Poli&%23769%3Bticas%20Migrato&%2376

9%3Brias%20Indigenistas.pdf

VIDAL, Laurent, MUSSET, Alain e VIDAL, Dominique. Sociedades, mobilidades,

deslocamentos: os territórios da espera. O caso dos mundos americanos (de ontem a

hoje). Trad. de Carina Sartori e Thiago Rocha. Confins - Revista franco-brasileira de

geografia. 13/2011, número 13. Disponível em:

https://journals.openedition.org/confins/7274?lang=p t

AMAZONAS ATUAL, 04 de dezembro de 2019. Índias Warao em Manaus produzem

artesanato e expõem em São Paulo. Disponível em: https://amazonasatual.com.br/indias-

warao-em-manaus-produzem-artesanato-e-expoem-em-sao-paulo/