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Prova Material - Revista Científica do Departamento da Polícia Técnica, vinculado à Secretaria de SegurançaPública do Estado da Bahia.Av.Centenário, s/nº, Vale dos Barris, Salvador/ Bahia, CEP 40.100-180.Telefone (71) 324-1692Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade de seus autores. Tiragem desta edição: 1000 exemplares, 32p.

EXPEDIENTE

FotografiasPaulo LázaroSilvio N. AmorimArquivo DPTCapaFábio SouzaSecretáriaTania Cristina Brites GesteiraRevisãoTania Brites Gesteira eMariacelia Vieira

Conselho EditorialAntonio César Morant Braid (ICAP)Elson Jeffeson Neves da Silva (LCPT)Hélio Paulo de Matos Júnior (IMLNR)Luis Geraldo Nascimento Luciano de Sena (ICAP)Maria de Lourdes Sacramento Andrade (DPT/A.T)Paulo César Teixeira Vieira (ICAP)Tania Cristina Brites Gesteira (LCPT)

Prova Material - v. 3 - n. 3 - dez. 2004 – Salvador: Departamento de Policia Técnica, 2004.

Quadrimestral

ISSN 1679-818X

1. Criminalística – Bahia – Periódico

CDU 343.9 (813.8) (05)

Paulo Ganem SoutoGovernador do Estado da BahiaGeneral Edson Sá RochaSecretário da Segurança PúblicaLuiz Eduardo Carvalho DoreaDiretor Geral do Departamento de Polícia TécnicaAntonio dos Santos Vital NetoCoordenador ExecutivoRita de Cássia Monteiro de CarvalhoDiretora do Instituto Médico Legal Nina RodriguesIracilda Mª de Oliveira Santos ConceiçãoDiretora do Instituto de Identificação Pedro MelloMarcelo Antonio Sampaio Lemos CostaDiretor do Instituto de Criminalística Afrânio PeixotoJosé Felice Cunha DemincoDiretor do Laboratório Central da Polícia TécnicaEditora GeralMariacelia VieiraJornalista - RG DRT/MG nº 2266Editor GráficoLuciano Soares RegoJornalista RG MTB nº 958ArtefinalistaFábio Souza

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SUMÁRIO

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Editorial ....................................................................................................................

A mortalidade e anos produtivos de vida perdidos

precocemente nos homicídios por armas de fogo

na Região Metropolitana do Salvador (Artigo Original)

Hélio Paulo de Matos Júnior ......................................................................................

A missão superior da Polícia Técnica (Ponto de Vista)

João Freitas Neto .........................................................................................................

O calibre de armas e munições (Artigo de Atualização)

Adeir Boida de Andrade .............................................................................................

A perícia nos casos de poluição sonora desenvolvida pela

Coordenadoria Regional de Santo Antonio de Jesus (Artigo Original)

Gerson Alves de Santana, Hénel Francisco da Silva Filho ...............................

Fonética Forense:

Identificação dos falantes (Artigo de Discussão)

Antonio César Morant Braid ......................................................................................

Considerações a respeito da economia do crime (Artigo Original)

Elson Jeffeson Neves da Silva ..................................................................................

Investigação do sexo através de mensurações de

suturas cranianas (Artigo original)

Jeidson Antonio Morais Marques, Patrícia Keler Freitas Machado,

Luis Carlos Cavalcante Galvão ................................................................................

Resenha Literária .........................................................................................................

Normas ............................................................................................................................

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EDITORIAL

VENCER FRONTEIRAS

A Polícia Técnica encerra este ano com bons resultados para apresentar. A identificação da

Bahia passa a fazer parte do Sistema Nacional de Informação Criminal – SINIC e vai dispor

ainda do Sistema Automatizado de Identificação por impressão digital – AFIS. O método ACEC

também permitiu a otimização e a modernização dos arquivos de identificação. O DNA Forense

estará implantado até abril, no DPT, permitindo à Polícia Técnica se destacar também na biologia

molecular. Reformularam-se procedimentos, projetos foram implantados. Sempre na busca da

modernização, da qualidade e do cumprimento dos prazos legais. Tem-se planejado, treinado e

informado, com a determinação de atingir os objetivos de uma contínua melhoria. A Medicina

Legal e a Criminalística também apresentam novas realidades, com destaque, nessa segunda

área, para a Balística Forense e o seu Sistema Integrado de Identificação - IBIS. Com o apoio

institucional da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, através do Exmº. Sr. Secretário General

Edson Sá Rocha, e a ajuda financeira da Secretaria Nacional de Segurança Pública, crescemos e

melhoramos em vários setores. O convênio com o Banco Expansion, da Espanha, também se

constituí em importante fonte de recursos. Assim, o DPT evoluiu na pesquisa e na qualidade da

prova material que produz. A aprovação da sua nova estrutura, que passa a vigorar a partir de 1º

de Janeiro, cria, entre outras coisas, a Diretoria de Polícia Técnica do Interior, destinada a gerir as

atividades periciais nos diversos municípios baianos, através de seis Coordenadorias Regionais.

Em breve o quadro funcional será ampliado, com profissionais que chegarão através de concurso

a ser realizado em breve. Com esses novos meios será possível investir na construção de um

novo futuro. Assim, o DPT venceu e vencerá desafios. E atravessara fronteiras.

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RESUMOO autor estudou os homicídios por arma de fogo que

ocorreram na Região Metropolitana de Salvador em 1996,quanto ao sexo, idade e determinou o APVD (anosprodutivos de vida perdidos). Para determinação dos APVPfoi utilizada a fórmula de Romeder e McWhinnie modificadapara anos potenciais de vida perdidos entre 10 e 70 anos.

Foi feita a comparação dos APVD por sexo ediferentes causas de morte na região metropolitana doSalvador neste mesmo ano.

O Autor encontrou maior concentração na faixa etáriaentre 10-29 anos, em ambos os sexos, atingindo apopulação em sua fase economicamente mais produtivaque foi responsável pela perda de 31.771 anos de vidaprodutiva em 1996, correspondendo a 50.2% dos APVPdas demais causas externas de óbito na mesma faixa etária.

PALAVRA CHAVEMedicina Forense. Anos produtivos de vida perdidos.

ABSTRACTThe author studied the homicides for firearm that

happened in the metropolitan area of Salvador in 1996, asfor the sex, age and it determined productive years of lifelost. To determination of productive years of life lost wasused the formula of Romeder and McWhinnie modified forpotential years of life lost between 10 and 70 years.

It was made the comparison of productive years of lifelost by sex and different death causes in the metropolitanarea of Salvador on this same year.

The Author found larger concentration in the age groupamong 10-29 years, in both sexes, reaching the populationeconomically in this phase more productive than wasresponsible for the 31.771 year-old loss in 1996,corresponding to 50.2% of productive years of life lost ofthe other external causes of death in the same age group.

KEY WORDSForensic Medicine. Productive years of life lost.

INTRODUÇÃOPolíticas na área de saúde têm sido freqüentemente

planejadas com base em informações sobre mortalidade.

Esperança de vida, mortalidade geral e por causasespecificas e taxas de mortalidade infantil são indicadoreslargamente utilizados na avaliação das condições de saúdede populações, assim como em comparações entrediferentes populações. No entanto medidas demortalidade são incompletas para avaliar o estado realde saúde de uma população, medidas sintéticas de saúdedevem integrar informações de mortalidade e morbidade.Um avanço nesta direção é a utilização do cálculo deanos produtivos de vida perdidos.

Para determinação dos APVP foi utilizada a fórmula deRomeder e McWhinnie modificada para anos potenciais devida perdidos entre 10 e 70 anos.

OBJETIVOSDeterminar os APVP relacionados a homicídios por

arma de fogo ocorridos na região metropolitana do Salvadorno ano de 1996.

Compara com os APVP relacionados com outras causasde morte no mesmo período.

MATERIAL E MÉTODO

AMOSTRAÓbitos ocorridos na região metropolitana do Salvador e

que tiveram como causa de morte lesão por projétil de armade fogo, necropsiados no IML “NR”.

Número da amostra: 725 indivíduosPeríodo de observação: Janeiro a dezembro de 1996Faixa etária: Variou entre 10 e 70 anos.Ambos os sexos.Coleta dos dados: análise dos laudos necroscópicosdo IML “NR”.Para determinação dos APVP foi utilizada a fórmula de

Romeder e McWhinnie modificada para anos potenciais devida perdidos entre 10 e 70 anos.

RESULTADOSO Autor encontrou como principais causas de morte

na região metropolitana de Salvador no ano de 1996 asdoenças cárdio-circulatórias, seguida das neoplásicas,endócrino-metabólicas, respiratórias, infecciosa e causasexternas (figura 1).

A MORTALIDADE E ANOS PRODUTIVOS DE VIDA PERDIDOS

PRECOCEMENTE POR HOMICÍDIOS POR ARMAS DE FOGO

NA REGIÃO METROPOLITANA DO SALVADOR

HÉLIO PAULO DE MATOS JÚNIOR

Perito Médico Legal

Instituto Médico Legal Nina Rodrigues

Artigo Original

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A população economicamente ativa da regiãometropolitana de Salvador, estratificada por faixaetária, mostrou maior concentração entre 30 e 39anos em ambos sexos, seguida de perto pela faixade 20 a 29 anos e 40 a 49 anos (figuras 2 e 3).

O levantamento dos homicídios por lesãode projétil de arma de fogo mostrou que a faixaetária de 20 a 29 anos é a mais acometida,seguida de 10 a 19 anos e 30 a 39 anos, emambos os sexos (figuras 4 e 5).

O cálculo dos APVD por causa de morte naregião metropolitana de Salvador no ano de 1996no sexo feminino evidenciou as doenças doaparelho circulatório como as que apresentarammaior índice de anos perdidos seguida das doençasneoplásicas, doenças infecto-contagiosas e causasexternas. Os homicídios por arma de fogoindividualmente como causadores de anos de vidaperdido ficou abaixo das doenças endócrino-metabólicas.(figura 6).

Quando observamos os APVP por faixa etáriacomparando as doenças circulatórias com as causasexternas no sexo feminino observamos que nasdoenças circulatórias a perda se concentrou em idadesmais avançadas, predominando de 40 a 49 anos,seguida de 50 a 59 e 30 a 39 anos (figura 7), nas doençasde causas externas a perda se concentrou numa faixaetária menor, entre 10 e 19 anos e se manteve estávelnas faixas etárias seguintes (figura 8).

No sexo masculino, ao contrario do que seobserva no sexo feminino, a maior concentraçãodos APVP foram nas causas externas seguida dedoenças cárdio-circulatórias. Como no sexofeminino as doenças cárdio-circulatórias os APVPconcentrou-se nas faixas etárias mais altas,predominando de 40 a 49 anos, seguida de 50 a 59e 30 a 39 anos (figura 9).

As causas externas foram as principaisresponsáveis pelo maior APVP e tem como segundacausa estratificada os homicídios por arma de fogo(figura 10). Quando observamos os APVP por faixaetária nos homicídios por arma de fogo a grandemaioria se localiza na faixa etária de 10 a 19 anosseguida da faixa etária de 20 a 29 anos (figura 11).

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DISCUSSÃOPolíticas na área de saúde têm sido

freqüentemente planejadas com base eminformações sobre mortalidade. No entantomedidas de mortalidade são incompletas paraavaliar o estado real de saúde de uma população,medidas sintéticas de saúde devem integrarinformações de mortalidade e morbidade.

Para medir estas necessidades, o ideal seriautilizar indicadores de morbidade, mas estesdados não estão usualmente disponíveis, daí quese utilizam, com maior freqüência, dados demortalidade, principalmente as taxas demortalidade.

Contudo, alguns autores têm argumentadoque seria preferível que o indicador utilizadodesse mais peso aos grupos mais vulneráveis esobre os quais os serviços de saúde pudessemter um maior impacto, características própriasdo indicador APVP.

O cálculo dos APVP em conseqüência dasmortes por causas externas tanto no sexomasculino quanto no feminino mostram umarealidade extremamente cruel, pois as mortes porcausas externas atingem a população na sua faixaetária mais jovem, entre 10 e 29 anos, justamentea população preste a entrar no mercado detrabalho ou economicamente ativa, o quedemonstra uma perda social muito importante.

No sexo masculino foi o que apresentou amaior mortalidade por causas externas, e dentreestas os homicídios por arma de fogo foi a queevidenciou a maior perda de anos produtivos.

CONCLUSÕESAs causas externas são responsáveis pelo maior

índice de APVP na faixa etária de 10-29 anoscomparando-se com as demais causas de óbito.

Os APVP relacionados a homicídios por armade fogo correspondem a 50.2% dos APVP dasdemais causas externas na mesma faixa etária.

Os homicídios por arma de fogo:Acometem principalmente o sexo masculino

(95%)Concentram-se na faixa etária entre 10-29

anos, em ambos os sexos.Atingem a população em sua fase

economicamente mais produtiva.Foram responsáveis pela perda de 31.771

anos de vida produtiva em 1996, comparando-se com 42.824 anos para doenças circulatórias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBORJA-ABURTO, V.H et al.Anos de vidapotencial perdidos en Mexico: aplicaciones enla planificacion de serviços de salud. SaludPública Mex; 31(5):601-9, 1989 Sep-Oct.BUSTAMANTE,M.L.P.et al. Efectos de la

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aplicacion del indicator de anos productivosperdidos (modelo inversion produccion consumo)en el ordenamiento de las causas de muerte enMexico, 1990. Rev Saude Publica; 28(3): 198-203,1994 Jun.GARDNER JW, Sanborn JS. Years of potenciallife lost (YPLL) - What does it measure?Epidemiology 1990; 1:132-9MARLOW, A.K. Potencial Years of life lost: whatis the denominator?. Journal EpidemiolCommunity Health; 49(3):320-2, 1995 Jun.

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A vida moderna acelerou o passo, encurtou as distânci-as e tornou a sociedade altamente complexa pelas facilida-des que gerou e pelos conhecimentos que passou a exigirdos seus cidadãos. Nesse contexto, de grande velocidade eexigência de conhecimento, muitas pessoas tornaram-se in-defesas diante da impossibilidade de acompanhar o ritmodas mudanças que, na vertente policial, favorece grande-mente a ação dos criminosos dado à inovação permanentena prática de crimes que lhes permite fazer uso da maiordas estratégias: o elemento surpresa. A surpresa é um alia-do poderoso da criminalidade porque atinge a sua vítima naboa-fé, desarmada para a defesa, impulsionando os dese-quilíbrios no já frágil tecido social, desacreditando as insti-tuições e fortalecendo o equívoco de que a cada um cabepromover a sua própria segurança. Contrária a essa conjun-tura é que se apresenta a Polícia Técnica, com o trabalho derevelar à sociedade a sua complexidade, traduzida e simpli-ficada no esclarecimento dos fatos, com resposta rápida paraquebra do elemento surpresa ainda nas primeiras ações, aotornar o “modus operandis” conhecido e compreensível aosolhos de todos e em especial daqueles que têm o ofício dejulgar os atos praticados por seus cidadãos. Com isso, con-tribui para o estabelecimento da verdade e o cumprimentoda lei, devolvendo a todos a confiança nas instituições efazendo o próprio cidadão mais cauteloso e elemento ativona segurança da sociedade, inibindo a ação criminal demaneira eficaz. Para esse mister, o homem da Polícia Téc-nica há de se manter na vanguarda da sociedade, aprimo-rando o seu comportamento e o seu conhecimento paramaior eficácia da sua organização, onde deverá continua-mente contribuir na redefinição dos papéis e dos métodos,objetivando o cumprimento da sua missão superior, qual seja ade estabelecer a verdade dos fatos nos crimes de natureza penal,de forma a permitir o pleno cumprimento da lei, contribuindopara a excelência da justiça e da sociedade.

Convém reforçar que estabelecer a verdade e cumprir alei é retomar o fio de ligação entre o menor vestígio obser-vado e analisado no local do crime, identificando os seusautores, o modo e os instrumentos pelos quais foi pratica-do, na forma e no tempo adequados para fornecer comoresultado a liberdade dos justos e a punição dos culpados.Não há verdade quando um culpado é liberto ou quandoum inocente é preso. Como também não existem verdadespossíveis, verdades necessárias, verdades parciais ou ver-dades transitórias, toleradas como decorrentes do despre-

A MISSÃO SUPERIOR DA POLÍCIA TÉCNICA

JOÃO FREITAS NETO

Perito Criminal

Coordenaçãode Fonética Forense

Instituto de Criminalistica Afrânio Peixoto - ICAP

Ponto de Vista

paro, da falta de objetivos, de materiais ou de métodos porparte de quem compete estabelecê-la. O trabalho pericialhá de ser meticuloso e preciso, assim como há de chegar àsmãos da justiça na condição de permitir a justa sentença.Pois, ainda que uma sentença injusta possa ser revista e uminocente possa ser ressarcido nos seus direitos materiais,jamais serão obtidas a plenitude da lei e a excelência dajustiça enquanto um inocente tiver consigo a mácula da vio-lência moral e um culpado, a sensação de que possa haver re-compensa no crime. Em todas essas situações, a verdade não seestabelece e a sociedade perde por se alimentar do erro e porperpetuar um estado de coisas não desejado. O foco nos crimesde natureza penal visa concentrar esforços para preservar oscidadãos quanto à conduta ética e moral, não se ocupando dasquestões materiais relacionadas aos contratos e à propriedade,cuja ação recai na esfera civil.

Uma vez esclarecido o caráter superior da missão, comoem todo processo de qualificação, é necessário que ela ve-nha associada a um programa, no qual se proponha plane-jar e levantar informações, traçar um diagnóstico da situa-ção vigente e apontar as soluções de melhoria através deum plano de ação. Durante a aplicação do plano de ação,devem ocorrer avaliações para aferir os pontos fortes e ospontos fracos do programa, devendo estes últimos ser rees-truturados através de ações corretivas para início de um novociclo de atividades: mais aprimorado e adequado aos obje-tivos da organização. É um ciclo que se repete progressiva-mente, planejando e executando ações, avaliando resulta-dos para novo diagnóstico e aplicando ações corretivas numplanejamento de ações melhoradas.

Pelo que se pode depreender, o primeiro passo do pro-grama foi estabelecer a missão da organização, ou seja, de-finir a sua razão de existir, porque isso orienta o foco dassuas ações. Em seguida, para a consecução da missão, vêmas políticas para definir o que será feito e por que meios amissão será cumprida. Depois, vêm os procedimentos, de-finindo os processos produtivos, o fluxo da informação edos materiais, no contexto da inter-relação entre as pessoase os setores organizacionais, assim como das ferramentasde controle. Finalmente, vêm as instruções de trabalho comouma ação individual no cumprimento de uma tarefa especí-fica. Note-se que há um nível de detalhamento cada vezmaior que se desdobra do topo da administração até o exe-cutor final, na seguinte ordem: missão - políticas - procedi-mentos - instruções de trabalho. Como sistema de controle,

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há a necessidade permanente de se verificar se ainstrução de trabalho, na ponta final do processo,está em consonância com a missão estabelecidano topo da organização, tanto no nível normativo,pela coerência das políticas e dos procedimentos,quanto no nível executivo, pelo fiel cumprimentodeles.

É importante perceber que um processo dequalificação de uma organização começa neces-sariamente de cima para baixo. Isso significatratar a questão da qualidade como a vontadedo líder maior da organização, imbuído do pro-pósito e revestido da autoridade necessários paralevar à cabo a árdua tarefa de mudar comporta-mentos e redefinir rumos. Mas, para lograr su-cesso, é necessário o envolvimento de toda acomunidade na qual se destina regular as rela-ções das pessoas e os processos de produção. Éde fundamental importância o envolvimento detoda a comunidade e é esse o maior desafio,porque papéis escritos não mudam comporta-mentos se não forem assimilados no nível daconsciência, com a aceitação de que as mudan-ças são necessárias e que produzirão melhoresresultados para todos. É sabido que as pessoastêm resistência natural às mudanças, que é enor-memente agravada quando se sentem alijadasdo processo criativo da nova forma de trabalho,independentemente da boa intenção dos seusagentes. As boas intenções, embora essenciais,por si mesmas não têm força suficiente paraalavancar um processo de qualificação. As ações éque determinam o sucesso ou o fracasso de um pro-grama bem intencionado. É preciso envolver a todos,informar, ouvir, convidar, realizar encontros e semi-nários, fazer perceber que o espaço está aberto, que amudança é pra valer e que é irreversível, mostrandoque todos podem contribuir verdadeiramente. Épreciso que o responsável pelo programa faça oseu papel de motivador e facilitador, ainda quemuitos se recusem a exercer o direito de partici-par dele, sendo quase certo que os descontentesatribuirão as conseqüências das suas omissões aterceiros, mas, em verdade, elas são o reflexo dafalta do alinhamento que não se permitiram reali-zar, frustrando as suas aspirações mais profundas:o desejo de reconhecimento e de aceitação na co-munidade da qual faz parte.

No nível concreto da realização, cabe ao co-mando da organização disponibilizar os recursosmateriais e humanos necessários para a organiza-ção do programa, traçar o plano de ação, desen-volver procedimentos, instruções de trabalho e sis-temas de controle, assim como para assegurar ocumprimento deles.

Como uma sugestão de roteiro, desenha-se aseguir uma estrutura organizacional voltada paraa qualidade na Polícia Técnica.

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1) MISSÃO DO ICAP/DPT

Estabelecer a verdade dos fatos nos crimes denatureza penal, de forma a permitir o pleno cum-primento da lei, contribuindo para a excelência dajustiça e da sociedade.

Veja-se que a missão é de caráter superior, ele-vado e filosófico, arremessando os seus agentespara uma ação de melhoria contínua na busca daexcelência. É a missão que determina em cada umo nível de satisfação e o sentimento do dever cum-prido, por isso deve impulsioná-los para além dastarefas de apenas fazer perícias e elaborar laudos,levando-os a perseguir o ideal de fazê-las preci-sas, no tempo hábil para o cumprimento da lei ecom qualidade continuamente crescente, colocan-do-os no mais alto nível das aspirações humanas:a satisfação de contribuir para a construção de ummundo melhor.

2) POLÍTICAS DO ICAP/DPT

a) Realizar perícias relacionadas a crimes de natu-reza penal com elevada precisão científica, aten-dendo aos prazos processuais;

b) Desenvolver um ambiente de trabalho com cres-cente padrão de atendimento e comprometimen-to com a sociedade;

c) Estabelecer programas de permanente desen-volvimento pessoal e técnico-científico do cor-po pericial;

d) Promover programas de integração com os sis-temas policiais e judiciários.

Veja-se que as políticas ainda são macro-diretrizes para alcançar a missão estabelecida eque deverão nortear a organização dos procedi-mentos.

3) PROCEDIMENTOS DO ICAP/DPT:

a) Procedimentos administrativosProcedimento para o recebimento de solicitaçãode períciasProcedimento para concessão de fériasProcedimento para uso e condução de viaturaProcedimento para concessão de treinamentoProcedimento para o recebimento de materialpara períciaProcedimento para expedição de laudo peri-cial, etc.

b) Procedimentos técnicosProcedimento da Coordenação de Perícias In-ternasProcedimento da Coordenação de Perícias Ex-ternasProcedimento da Coordenação de FonéticaForense

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Procedimento da Coordenação de Crimes con-tra a Pessoa, etc.

Veja-se que os procedimentos já são ações exe-cutivas dentro do processo de produção, garantin-do a inter-relação das partes para alcançar as polí-ticas e fazer cumprir a missão. É fundamental ve-rificar se, no conjunto, estão obedecendo às políti-cas e conduzindo para a missão estabelecida, por-que é aonde se dão as relações para o encadea-mento das partes no todo, definindo os papéis paraeliminar áreas de conflito e fazendo convergir asações para os objetivos da organização.

4) INSTRUÇÕES DE TRABALHOPARA O ICAP/DPT:

a) Instruções de trabalhos administrativosInstrução para protocolar o recebimento de ma-teriais para períciaInstrução para recepção e acesso de pessoas àsinstalações do ICAP/DPTInstrução para a condução de viaturas policiaisdo ICAP/DPTInstrução para a coleta e classificação de dadosestatísticos do ICAP/DPT, etc.

b) Instruções de trabalhos técnicosInstrução para elaboração de laudo pericialInstrução para o levantamento de local de crimecontra a pessoaInstrução para o cadastramento de perícias rea-lizadasInstrução para tomadas fotográficas em locaisde crimeInstrução para o cálculo de velocidade em aci-dentes de veículos, etc.

Veja-se que as instruções de trabalho são açõesindividuais e específicas, ou seja, é uma pessoaque segue passo a passo a execução de uma tarefa,como um receituário: pegue isso, faça aquilo,aguarde tantos minutos, depois vire, etc. Eviden-temente, cada instrução de trabalho está ligada aum procedimento de uma dada coordenação ousetor da organização. É na instrução de trabalhoque se patenteia a credibilidade do processo de qua-lificação e onde se mensura o nível de sucesso doprograma, porque é aonde as ações concretas acon-tecem e onde se manifesta, de forma indubitável,o nível de assimilação e aceitação do modelo degestão da qualidade implantado. Aqui se dá a açãono nível mais simples, repetitivo e mecânico, sendoimperioso o perfeito alinhamento ao conjunto norma-tivo da qualidade, de forma que o executante percebaa tarefa mais humilde com um ato sublime, condizen-te com a envergadura da sua missão.

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O CALIBRE DE ARMAS E MUNIÇÕES

ENG.º ADEIR BOIDA DE ANDRADE

Perito Criminal

Balística Forense

Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto

Artigo de Revisão

Quando se trata de artefatos tubulares, a palavra ca-libre refere-se sempre ao seu diâmetro interno, em uni-dades do sistema métrico decimal. O mesmo ocorre nalingua inglesa, onde caliber é também designativo dodiâmetro interno de um cano, ou do diâmetro externo deum projétil ogival de arma de fogo.

Em Balística Forense, deve-se, porém, considerar agrande diferença entre o substantivo calibre, e a expres-são calibre nominal (em inglês, cartridge para canosraiados ou gauge para os canos lisos das espingardas).Enquanto calibre refere-se ao diâmetro (do cano ou doprojétil), a segunda expressão deve ser entendida comouma nomenclatura identificadora, um nome de batis-mo pelo qual a munição (ou a arma que a utiliza) é co-nhecida em qualquer lugar do planeta. Cartuchos de di-ferentes calibres nominais são constituídos por projéteisdo mesmo calibre, e é aí que está a diferença...

A dificuldade reside, parcialmente, no emprego cor-rente de medidas em unidades inglesas, já que foramnorte-americanos os inventores do revólver (Samuel Colt,por volta de 1850) e da pistola semi-automática (JohnMoses Browning, em 1900). É importante fixar algunsconceitos antes de prosseguir com o texto:

� 1" = uma polegada (unidade de comprimento) = 2,54cm = 25,4 mm� 1’ = um pé (comprimento) = 12" = 12 polegadas = 12x 2,54 =30,48 cm� 1 Lb = uma libra (unidade de massa) = 453,6 g =7.000 grains� O zero à esquerda é desprezado, e o ponto (.) é empre-gado para separar as casas decimais, enquanto que a vir-gula (,) indica a casa do milhar, exatamente o oposto doque fazemos. Ex: U$ 1,536.47 ou .45"

O CALIBRE NOMINAL DAS ESPINGARDASNas armas de retrocarga de cano liso (espingardas), o

calibre nominal (gauge em inglês) é sempre um número

inteiro (Ex.: diz-se calibre 28, enão .28), indicativo do diâmetro in-terno do cano, e equivale ao nú-mero de esferas de chumbo, do di-âmetro, necessárias para comple-tar a massa de uma libra. Por estemotivo, o calibre diminui, na me-dida em que o número indicativoaumenta, conforme tabela abaixo:

As espingardas de antecarga não têm calibre específi-co, mas existem registros de armas deste tipo com diâmetrode cano superior aos 18,5mm (mormente naquelas de fa-bricação artesanal), indicando tratar-se de arma de “calibreequivalente” superior ao calibre 12 (máximo permitido pelalegislação brasileira), motivo pelo qual este fato deve serconsignado no Laudo Pericial.

O CALIBRE NOMINALDAS ARMAS RAIADAS

Nos canos raiados, temos emverdade dois “calibres” ou diâ-metros internos: o primeiro é odiâmetro entre cheios (conheci-do como calibre real), correspon-dente ao diâmetro original dotubo utilizado, antes da aberturado raiamento; o segundo é o diâ-

No artigo, o autor renova conceitos relativos aocalibre das armas de fogo e suas munições,

esclarecendo pontos obscuros, que não raras vezesdificultam o trabalho pericial.

Nomeclatura indica o número de balins (esferas) de chumbo,dodiâmetro do calibre, necessários para completar uma libra

(453,6g) de massa de chumbo.Ex.: Calibre 12 - são nacessárias 12 esferas no diâmetro do calibre

para completar uma libra de chumbo.

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Emetro entre os cavados do raiamento, levementesuperior, e dimensionado na exata medida do cali-bre do projétil a ser utilizado. É esta diferença amaior no diâmetro que vai forçar o projétil de en-contro ao raiamento, para adquirir a rotação ne-cessária à estabilização da sua trajetória.

O calibre nominal, ou a nomenclatura desig-nativa das munições e armas de fogo de cano raia-do, não segue uma regra determinada, como ocor-re com as espingardas. O calibre nominal de umamunição, em verdade, corresponde a uma identi-dade e tem por objetivo sua individualização, numuniverso de muitas outras constituídas por projé-teis do mesmo “calibre”, porém com característi-cas balísticas e estojos de dimensões distintas.

No sistema inglês ou norte-americano, o ca-libre nominal é sempre indicado por números(relativos a uma dimensão em fração da pole-gada e, portanto, sempreprecedidos por um ponto),seguidos de palavras ouletras destinados à sua in-dividualização. O sistemaé, de certa forma anárqui-co, já que os números, oraindicam o diâmetro entrecheios do cano (calibrereal), ora o diâmetro doprojétil, e, muitas vezes,nem uma coisa nem outra!

No sistema métrico de-cimal, os calibres são usu-almente designados pordois números, em milíme-tros, seguidos ou não por le-tras ou palavras. O segun-do número sempre se refe-re ao comprimento do esto-jo, podendo ser dispensadono caso de calibres muitoconhecidos como o9x19mm (9mm Luger ou9mm Parabellum).

No caso das armas defogo, o calibre nominal indi-ca a munição para a qual aarma foi dimensionada. Im-portante consignar no LaudoPericial a eventual constatação da conversão ilegal(proibida pela lei brasileira) do calibre nominal da armaexaminada. É o caso dos revólveres fabricados para ocalibre .38 Special, quando convertidos para o calibre.357 Magnum (mediante a simples extensão da câ-mara), e, mais recentemente, da conversão de pisto-las 7,65mm Browning para o calibre .380 Auto(feito mediante a reabertura do cano e feitura deum novo raiamento), como tem sido constatadonas pistolas Taurus modelo PT-57.

Saliente-se que, embora seja corrente na lin-guagem coloquial, tecnicamente é incorreto afir-mar que um revólver é do calibre 38 ou .38" (trintae oito centésimos da polegada). Afinal, nem o canonem o projétil que a arma dispara têm este calibre(9,65mm) restando, ainda, a dúvida: se não se tra-taria do .38 ACP, do .38 Long Colt, do .38 Smith& Wesson, do .38 Short Colt ou do .38 Super Auto.Da mesma forma, o 7,65mm poderia ser o 7,65mm Roth-Sauer, 7,65mm Borchardt, 7,65mm Mas,ou o 7,65mm Luger.

Nas munições, deve-se considerar que os car-tuchos +P (recurso utilizado pela indústria apenaspara velhos calibres, dotando-os de mais energia,conforme permite a tecnologia das armas moder-nas) não caracterizam novos calibres nominais. Ex.:cartucho do calibre nominal .380 Auto, com ins-crição (ou carga propelente) +P.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASRABELLO, Eraldo. Balística forense. 3ª ed. Por-to Alegre: Sagra Luzzatto, 1995. 488pTOCHETTO, Domingos. Balística forense: as-pectos técnicos e jurídicos. 3ª ed. Campinas, SãoPaulo: Millennium, 2003. 352p.Introduction to Ballistics. Website Firearmsid.Disponível em www.firearmsid.com. Acessado em08.07.2004 às 15h25min.

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A PERÍCIA NOS CASOS DE POLUIÇÃO SONORA DESENVOLVIDA PELA

COORDENADORIA REGIONAL DE POLÍCIA TÉCNICA DE SANTO

ANTÔNIO DE JESUS, PERÍODO 2000 - 2003.

GERSON ALVES DE SANTANA

Perito Criminal

C.R.P.T. – Santo Antônio de Jesus.

HÉNEL FRANCISCO LOPES DA SILVA FILHO

Perito Criminal

C.R.P.T. – Santo Antônio de Jesus.

Artigo Original

RESUMOCom a intensificação dos trabalhos periciais para

constatação de poluição sonora, realizada por peritos dediferentes áreas de formação da Coordenadoria Regio-nal de Policia Técnica – Santo Antônio de Jesus, foi sur-gindo a necessidade de padronização dos exames. Dessaforma, os peritos da regional criaram um roteiro ondeconstavam dados a serem verificados no local dos exa-mes, proporcionando, assim, um trabalho mais dire-cionado e objetivo. Quando reunidos em quadro esta-tístico, tais dados ainda permitiram melhor compre-ensão do problema ambiental. A tomada dessas inici-ativas levaram, sem dúvida alguma, a uma maior se-gurança durante a execução dos exames e resultaramna melhoria de qualidade do Laudo Pericial.

PALAVRAS CHAVESPoluição Sonora. Problema Ambiental.

ABSTRACTWith the intensification of the works for verifica-

tion of resonant pollution, accomplished by expertsof different areas of formation of Regional Coordina-tion of Technical Police. - Santo Antônio de Jesus,went appearing the need of standardization of the exa-ms. In that way, the experts of the regional created anitinerary with information to be verified at the placeof the exams, providing a work more addressed andobjective. When such data were inserted in statisticalprogram, they allowed a better understanding of theenvironmental problem. The initiatives taken by theexperts resulted, without any doubt, in a larger safetyduring execution of the exams and in the improve-ment of quality of the conclusive report.

KEY WORDSResonant Pollution. Environmental Problem.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOSDentre as várias formas de poluição que comprome-

tem a qualidade de vida das pessoas, encontra-se a po-luição sonora. Considerada atualmente uma forma gra-ve de agressão ambiental, esse tipo invisível de poluiçãoatinge níveis intoleráveis, e, dependendo, de fatores comointensidade e tempo de exposição, pode trazer sérias con-seqüências à saúde da população. Embora estipulado olimite tolerável de 65db pela OMS, a contínua e excessi-va emissão de ruídos, ocorrida principalmente nos cen-tros urbanos, vem se tornando cada vez mais um caso desaúde pública.

Concomitante ao agravamento das questões ambi-entais, especificamente nos casos de poluição sonora,intensificou-se, também, a participação dos órgãos dogoverno, juntamente com representantes da sociedadecivil, visando amenizar o problema. Foram criadas, nes-ses últimos anos, normas e leis ambientais, incluindo-seas que tratam da poluição sonora, destacando-se, dentreoutras, a Constituição Federal (art. 225) e a Lei de Cri-mes Ambientais 9.605/98 (art.2o), como instrumentos ju-rídicos para controlar a emissão excessiva de ruídos, as-segurando assim, o sossego público, bem como o direitode todos ao meio ambiente equilibrado.

A polícia técnica também se encontra cada vez maisengajada nas questões ambientais, atuando constante-mente nas realizações de perícias na referida área. Umacomprovação dessa intensificação dos trabalhos perici-ais ambientais desenvolvidos pela Polícia Técnica podeser feita na Coordenadoria Regional de Santo Antoniode Jesus. Nessa regional, que abrange 29 municípios,foram atendidas 44 solicitações para realização de exa-mes periciais ambientais nas suas diversas formas de de-gradação, no período compreendido entre 2000 e 2003.Desse total, 18 exames (39,5%) referiam-se à prática deemissão de ruídos. Durante a realização dos exames, osperitos tinham como objetivo não apenas constatar a ocor-

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Erência de crime ambiental devido à emissão exa-gerada de ruídos, como também obter dados quecaracterizassem a área examinada.

METODOLOGIAConsistia no deslocamento do perito até o

local onde se encontrava a fonte geradora dapoluição sonora, conforme especificada em guiaou oficio, procurando informar-se previamen-te, junto à autoridade requisitante, quanto ao diada semana e horário a serem efetuados os exa-mes; tomada de medições dos níveis máximo emínimo de ruído, com utilização de aparelhodecibelímetro, direcionado para frente da fonteemissora do ruído, situando-se em local ondese encontrava a parte prejudicada; preenchimen-to de roteiro adotado pelos peritos da regional(em anexo); introdução dos dados em quadroestatístico e análise dos resultados, tendo comoreferência os níveis de som toleráveis para umapessoa sem que venham a afetar a sua saúde,determinados de acordo com a zona e o horá-rio, conforme norma da ABNT no 10.151 emquadro abaixo.

RESULTADODas 18 solicitações emitidas pelas autori-

dades requisitantes para constatação de polui-ção sonora, 16 (88,8%) foram provenientes doMinistério Publico de Santo Antonio de Jesus.Os peritos constataram, durante a realização dosexames, ocorrência de poluição sonora em 15casos (83,3%), todos ocorridos em área urbana.Desse total, verificou-se que a maior parte(33,3%) tinha origem em bares e 26,6 % de car-ros de propaganda. Além disso, verificou-se que10 casos (66,6%) de emissões excessivas fo-ram efetuados em áreas predominantementeresidenciais, sendo 50% destes em período no-turno, após as 22:00hs.

CONCLUSÃOOs dados acima citados, embora ainda re-

presentem uma pequena amostra, diante da mag-nitude em que se apresenta o problema, refle-tem o descaso por parte dos infratores com asaúde ambiental coletiva, ocorrida, principal-mente na cidade de Santo Antônio de Jesus.Torna-se necessário, entretanto, um melhor apa-relhamento da Regional e maior envolvimento

das delegacias de polícia nas questões ambien-tais, especificamente no que se refere à polui-ção sonora, acionando mais freqüentemente osperitos criminalísticos para a realização dostrabalhos ambientais. Entendemos que a com-pilação e análise dos dados obtidos duranteas perícias ambientais podem direcionar me-lhor quanto à tomada de medidas conscienti-zadoras que visem a amenizar o problema, eque, atuando de forma conjunta e ordenada,bem como criteriosa, conforme requer o tra-balho cientifico, é que poderemos auxiliar ojudiciário na comprovação material dos crimesambientais e contribuir cada vez mais para apreservação da saúde ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL, Lei de Crimes Ambientais. Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Disponívelem: http://www.planalto.gov.br>.CONSTITUIÇÃO – Brasil (1988). Constitui-ção da República Federativa do Brasil – Brasí-lia, Senado Federal, Centro Gráfico, 1988; 292p.MACHADO, Paulo A. Leme. Direito Ambi-ental Brasileiro. 4a ed. Revista e Ampliada – Ma-lheiros Editores, 1992; 606p.ODUM, Eugene P. Fundamentos de Ecologia.4a ed. (Tradução: Antonio Manuel de AzevedoGomes), Fundação Calouste Gulbekian; Lisboa,Nov. 1988, p.927SANTOS, Antônio Silveira Ribeiro. ProgramaAmbiental: A Última Arca de Noé, 1999. http://www.aultimaarcadenoe.com/index1.htm

ANEXO - ver página 18

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FONÉTICA FORENSE: IDENTIFICAÇÃO DE FALANTES

ENG.º ANTONIO CÉSAR MORANT BRAID

Perito Criminal

Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto

Artigo de Discussão

A FONÉTICA FORENSEOs aspectos comuns de comportamento dos indivíduos

expressam características adquiridas do grupo regional esocial em que tiveram a sua formação cultural. Os modoscomportamentais de um homem são reflexos de suas expe-riências vividas, sobretudo no seu período de formação ecrescimento. Assim, os traços lingüísticos do falante tam-bém são marcados pelo ambiente de sua formação e cresci-mento, portanto, ao se comunicar através da fala, o indiví-duo expressa o seu pensamento de acordo com a sistemáti-ca de suas idéias, de seu conhecimento, dos padrões de com-portamento adquiridos, e atitudes que dão pistas do seu perfile ambiente de origem. Nessa perspectiva, a fala não trans-mite apenas uma mensagem em sentido estrito, como numasimples frase escrita numa folha de papel, ela veicula, aomesmo tempo, informações de caráter pessoal que qualifi-cam o falante quanto à sua formação lingüística e cultural, suaorigem regional e social, além de estabelecer dados sobre suaidentidade física e o seu estado de humor momentâneo.

A Fonética (do grego, phonetiké) tem por objeto a fala,mediante o estudo da produção e percepção dos seus sons.Portanto, trata-se de um extraordinário meio que pode serutilizado para o conhecimento dos traços característicos deum indivíduo, do seu perfil e de todas as outras pistas quepuderem ser inferidas a partir do seu material fonético. As-sim, este tipo de informação vem a ser um meio de identifi-cação humana e, em muitos casos, quando existe apenas avoz como fator de identificação, o único. A análise da falaapresenta-se como uma ferramenta auxiliar a várias áreas, so-bretudo a forense. A utilização da Fonética na área forense énecessária e, quase sempre, insubstituível para a solução de cri-mes em relação aos quais existam vozes registradas em algumtipo de mídia, sendo possível a identificação do falante.

A IDENTICAÇÃO DE FALANTESA identificação de falantes é a atividade pericial den-

tro da Fonética forense capaz de determinar se duas fa-las foram produzidas por um mesmo indivíduo. Este tipode exame é realizado por meio de análises técnico-com-parativas das vozes dos falantes para que o perito possaconcluir quanto a unicidade.

A análise da fala possibilita a identificação de ele-mentos característicos do falante, no entanto, para queseja realizada de modo eficaz, é preciso conhecê-la se-gundo vários aspectos. Através de um deles, pode-se bus-car compreender o comportamento anatômico e fisioló-

gico do aparelho fonador, estudando seus órgãos e articu-ladores e os sons por ele produzidos, além de suas configu-rações durante a produção desses sons. O aparelho fonadorrepresenta-se por um tubo ressonante com início nos pul-mões e final ramificando-se para a boca e o nariz, portantocomposto pelas seguintes partes: pulmões, traquéia, larin-ge com as pregas vocais, faringe, nariz e boca.

Do ponto de vista fisiológico, a produção da fala ocorresegundo três sistemas, atuando de modo sucessivo, contro-lados pelo falante, cada qual contribuindo especificamentepara o resultado final, estando descritos a seguir:

• Respiratório: há a emissão de corrente de ar dos pul-mões, que é a fonte de energia aerodinâmica da fala, per-correndo a traquéia e alcançando a laringe. Por meio dosistema respiratório, o falante controla vários aspectos desua fala, como a intensidade sonora ou as pausas duranteuma locução.

• Laringeal: na laringe, a corrente de ar atravessa as pregasvocais, podendo ou não esta corrente transformar-se empulsos de ar pela vibração das pregas vocais. Neste siste-ma, o falante decide se quer produzir um som vibratório,como o existente em [a], ou sem vibração, como ocorreem [s].

• Supralaringeal: os pulsos ou a corrente contínua de ar,após atravessarem a laringe e alcançarem a faringe, po-derão sofrer as mais diversas obstruções ou constrições àsua passagem, em vários pontos de articulação desse sis-tema, até serem irradiados pelos lábios ou o nariz, for-mando o som desejado pelo falante e completando a ca-deia da produção da fala. Configurando os órgãos e arti-culadores do sistema supralaringeal, o falante determinaqual código sonoro da fala quer produzir, como abaixan-do a língua para realizar [a], ou elevá-la, em [i].

A produção de cada código sonoro da fala exige confi-gurações específicas do aparelho de fala, seja, por exem-plo, pela vibração ou não das pregas vocais ou o posiciona-

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mento adequado de lábios e língua, como em [p],[t] e [g].

Pode-se perceber que, apesar das pessoasprocurarem produzir sons padronizados paraserem compreendidos e interpretados pelo ou-vinte, há diferenças entre as falas. Este fato sedeve às naturais diferenças motoras, anatômi-cas e fisiológicas dos aparelhos fonadores dosindivíduos, resultando em configurações geo-métricas e texturas de material distintas, agra-vando-se pelo alto dinamismo do ato de falar.Além disso, por ser a fala um fenômeno apren-dido, a formação lingüística do indivíduo exer-ce forte influência no comportamento da suafala, acentuando ainda mais as distinções entreelas. O exame de identificação de falantes, as-sim, exige um método que permita analisar afala como o resultado acústico de tubos resso-nantes do aparelho fonador associado às influ-ências exercidas pela formação lingüística doindivíduo. Este método corresponde à análiseperceptual conjugada com a análise acústica.

Numa primeira fase da identificação de falan-tes, a impressão auditiva serve para determinar ostraços fonéticos do indivíduo, fazendo uma sele-ção dos aspectos de sua fala, para comparação per-ceptual com os traços de outro locutor.

A análise perceptual é fundamental e cor-responde a exames qualitativos que enfocamdesde a Fonética articulatória da produção dossons da fala, passando pela Fonologia, até a Lin-güística. Trata-se de exames que atuam sobreas falas dos locutores visando a compará-las,observando-se aspectos do tipo:

• Segmentais: estudando os padrões de vogaise consoantes, suas qualidades, aplicações e ar-ticulações;

• Supra-segmentais: analisando os padrões deentonação e acentuação, o ritmo de fala e seucomportamento temporal;

• Fatores paralingüísticos: observando fenô-menos relativos à qualidade de voz do falantee à sua velocidade de fala, além de ocorrênci-as como cacoetes, risos, tosses e outros even-tos afins;

• Dialetais: investigando a aplicação de pala-vras nas sentenças, o uso das regras gramati-cais, a prosódia típica e demais aspectos quedenotam hábitos adquiridos pelo falante a par-tir do grupo do qual ele faz parte;

• Socioleto: estabelecendo inferências sobre onível social do falante a partir do modo de seexpressar pela fala;

• Idioleto: verificando características individu-ais do falante, como sexo, faixa etária, estadoemocional e outros fatores correlatos;

• Fatores fisiológicos: constatando caracterís-

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ticas fisiológicas que podem ser refletidas nafala, como anomalias, protusões ou ausênci-as dentárias e gagueira;

• Idiossincrasias: constatando a forma própriado falante de reagir e empregar a fala.

A conjugação adequada de todos os fatoresde caráter perceptual permite se estabelecer umperfil do falante e também se obter elementosqualitativos de sua fala de modo a compará-lacom a de outros indivíduos.

Apesar de toda a capacidade perceptiva daaudição, a fala é um ato que se realiza de modotransiente e não deixa vestígios no ar. Portanto,logo após a sua produção, todos os seus efeitosfísicos desaparecem, só podendo ser resgatadosrecorrendo-se à memória auditiva. Entretanto,os eventos da fala mais marcantes lingüísticaou foneticamente, em geral, se sobrepõem quan-to à fixação das informações, fazendo com queos de incidência menos acentuada sejam pobre-mente fixados na memória auditiva, e nem sem-pre os eventos mais marcantes lingüística e fo-neticamente são os mais importantes na com-paração de detalhes acústicos. Também, os even-tos acontecem de modo muito rápido e dinâmi-co, e a quantidade de informações acústicas reu-nidas é enorme. Assim, torna-se indicada a rea-lização de exames que permitam observar to-dos os detalhes acústicos que não podem serexaminados e mensurados mediante a análiseperceptual, registrando-os eletronicamente emsistemas de processamento e análise acústica.

Portanto, associada à análise perceptual,deve estar a análise acústica, sendo possível,dessa forma, se obter informações além da im-pressão auditiva, mas também acústica, obser-vando em modelos gráficos, numéricos e esta-tísticos, o comportamento acústico da fala e osefeitos das configurações do aparato vocal.

A análise acústica possibilita a mensuração,através de valores numéricos de freqüência,energia e tempo, de fenômenos da fala que in-dicam os efeitos produzidos a partir de confi-gurações específicas do aparelho fonador, comodevido às geometrias na cavidade oral e as vi-brações das pregas vocais.

A análise de espectrogramas, por exemplo,fornece informações para se observar o com-portamento dos parâmetros das vozes investi-gadas e para se extrair valores de freqüência,energia e tempo. A figura abaixo mostra doisespectrogramas, correspondentes à palavra “Ge-raldo”, utilizados como um dos exames acústi-cos num caso real de verificação de locutor que,quando comparados, forneceram informaçõesconvergentes quanto à unicidade do locutor queproduziu as falas.

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CONCLUSÃOA identificação de falantes, assim, tem o obje-

tivo de determinar a autoria de uma voz e, portan-to, serve como meio de prova, na área forense,para atribuir a alguém a autoria de um crime, a suaparticipação nele, ou a ele relacionar. Na maioriados casos, é um meio suficiente de prova e, emoutros, e não pouco freqüentes, o único, sem oqual jamais poderá ser comprovado o autor dodelito. Um exame de identificação de falante tam-bém é capaz de desvincular o envolvimento deum inocente num crime que lhe possa estar sendoimputado, o que talvez seja até mais importantedo que incriminar um culpado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBraid, Antonio César Morant. Fonética Forense.2. ed. - Campinas, SP: Millennium, 2003.

Espectrogramas da palavra “Geraldo” – Laudo n º 5356 DPT-BA.

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CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA ECONOMIA DO CRIME

ELSON JEFFESON NEVES DA SILVA

Perito Criminal

Mestre em Análise Regional - UNIFACS

Especialista em Comunicação e Política-UFBA

Químico e Sociólogo - UFBA

Artigo Original

RESUMOEste artigo analisa a relação entre o crime organizado e

a política de segurança pública, buscando evidenciar os prin-cipais elementos desse fenômeno criminal e ressaltandofatores sociais, causadores de desequilíbrios que provocamo crescimento da violência urbana.

PALAVRA CHAVECrime Organizado, Economia do Crime.

ABSTRACTThis article analyzes the relation between the organi-

zed crime and the politics of public security, searching toevidence the main elements of this criminal phenomenonand being standed out social, causing factors of disequili-bria that provoke the growth of the urban violence.

KEY WORDEconomy of the crime, organized crime.

INTRODUÇÃOO tema violência urbana está na ordem do dia e este

artigo pretende fazer uma leitura do fenômeno, analisandoseus efeitos sobre a sociedade e seus desdobramentos, real-çando a economia do crime como principal elemento daascensão da criminalidade.

O crescimento da violência nos países de economia pe-riférica deve ser analisado levando em consideração a fra-gilização dessas economias, ocasionada por mudanças es-truturais nos mercados de trabalho, que provocaram o de-semprego estrutural, mudanças culturais e alterações dasaspirações de consumo.

Isto aliado à crise do Estado do bem-estar social, desa-gregação da família patriarcal sem a substituição desses mo-delos por uma forma alternativa de convívio social e o sur-gimento de uma economia do crime global, causou a inten-sificação da criminalidade nos centros urbanos. Esse cres-cimento substancial da violência urbana é a conseqüênciamais visível da penetração da economia do crime nas esfe-ras da sociedade e nas suas instituições, que se apoderaramde territórios, onde segmentos da população pobre destitu-ída dos direitos básicos de cidadão não são assistidos, trans-formando-se em bases operacionais dessas organizações.

Para Castells (1999) a discriminação social e segrega-ção espacial são os principais fatores de formação e conso-lidação de guetos como sistema de exclusão social, que tor-na o ambiente propício para a proliferação do crime. A eco-nomia do crime oferece aos segmentos dessas populaçõesestratégias de sobrevivência que têm como conseqüência oaumento da violência urbana. Nesse contexto, a cidade tor-na-se o local do embate social, entre grupos aceitos comolegítimos e grupos excluídos social e economicamente. Emsua obra “A Economia Urbana”, Fernando Pedrão (2002)diz que nas cidades brasileiras grande parte do corpo socialse organiza segundo regras que são formalmente ignora-das, mas que de fato se impõem sobre a maioria dos habi-tantes. Esse processo se apresenta no campo físico, isto é,na forma como são construídas as casas e habitações emgeral, e também nas formas de organização social e nasestratégias de sobrevivência que tendem a refletir no cam-po da segurança pública.

As estatísticas demonstram o efeito da violência nocomportamento da sociedade, modificando sensivelmen-te a organização urbana, principalmente em regiões ondehá maior exclusão social e maior penetração de organi-zações criminosas.

CRIME ORGANIZADO:UMA QUESTÃO CONCEITUAL

O avanço da economia do crime nas grandes cidadesbrasileiras, principalmente o tráfico de drogas, que se-guramente é o ramo mais lucrativo e de maior visibilida-de das atividades criminosas, nos leva à análise dos con-ceitos de crime organizado e suas diversas facetas nasociedade.

Devem ser mencionados outros tipos de modalida-des operadas pelo crime organizado para o melhor di-mensionamento desse gênero criminoso que se ampliacom o advento da globalização: tráfico de armas, tecno-logia, materiais radioativos, órgãos humanos, contraban-do e descaminho dos mais diversos, cujos crimes devemter o mesmo tratamento pelo aparelho repressivo do Es-tado. Essas modalidades são tratadas principalmente pelaimprensa como atividade secundária e de pouca impor-tância, mas, na verdade, elas também alimentam a de-sestabilização e subversão do Estado Nação.

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Dos conceitos aplicados ao crime organizado,nos remetemos aos dois principais discursos a eledirigidos: o norte-americano e o europeu, mais pre-cisamente o italiano. No discurso americano, ficaclaro o tom xenófobo, definindo o crime organi-zado como uma conspiração de grupos étnicos es-trangeiros contra o “modelo de vida e governoamericanos”. As denominações das quadrilhas queatuam na economia do crime denominadas de “sin-dicato do crime” (máfia italiana, máfia russa, má-fia chinesa, etc.) comprovam esta tese. O estudo eo discurso sobre o crime organizado na Itália estãovinculados à Máfia Siciliana.

Esses conceitos oriundos da criminologia ame-ricana e européia para o crime organizado não sa-tisfazem a complexidade do fenômeno nos paísesdo terceiro mundo. Seria mais bem explicado seanalisarmos o modelo político neoliberal implan-tado nos países de economia periférica, como oBrasil, e pela dinâmica do mercado globalizado,que criou novas áreas do mercado (jogos eletrôni-cos, o mercado da droga, jogos de azar, entre ou-tros), não disciplinadas por um Estado que nãoacompanhou as evoluções e foi terrivelmente ata-cado por ideologias liberais que propõem o Esta-do mínimo e a total liberdade para o mercado. Issoreduziu o papel do Estado e dificultou sua atuaçãonos diversos campos, uma vez que a mobilidadede capitais acentuada torna os países extremamentevulneráveis a mudanças nas expectativas, inviabi-lizando o prosseguimento de políticas internas noscampos social e econômico e refletindo, de formamarcante, nas questões de segurança pública. Essereflexo provoca alterações na dinâmica e na estru-tura da sociedade, tendo como resultado mais vi-sível o crescimento da economia do crime, que,aproveitando-se da fragilidade do Estado e da mãode obra farta para suas atividades, floresce comoum Estado Paralelo.

Os conceitos de crime organizado tratadospelos diversos autores nos remetem a questões noâmbito da política econômica, desenhada pelo fe-nômeno da globalização, que é caracterizado: pelodeslocamento espacial das diferentes etapas doprocesso produtivo; desenvolvimento tecnológi-co acentuado nas áreas de telemática e informáti-ca; mobilidade externa de capitais. Assim como aeconomia e as relações sócio - políticas foram adap-tadas ao modelo imposto, o crime adaptou-se aonovo modelo econômico, criando estruturas e ali-anças com empresas que operam dentro dessesnovos parâmetros.

RELAÇÃO INCESTUOSA DOCAPITAL “LEGAL E ILEGAL”

Empresas criadas sob esse signo buscam ma-ximizar o lucro e, nessa busca, algumas empresasassociam-se a organizações criminosas ou esten-

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Adem seu espectro de atividades para ações ilícitas,mergulhando parte de sua estrutura na economiado crime.

Nesta arena do mercado globalizado, as asso-ciações ou estruturas empresariais constituídas paraatividades criminosas buscam controlar certos ter-ritórios em posição de vantagem econômica nacompetição com outras empresas. Aproximam-sedo Estado na busca no poder político e intercâm-bio com suas instituições, no intuito de facilitarseus negócios, que estão no campo do contraban-do, tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico hu-mano e outros.

Em síntese, essas organizações criminosas sãosujeitos econômicos estruturados como empresasbaseadas na associação do capital legal e ilegal,entretanto, são formadas por uma elite criminosacom o objetivo de acumulação de capital. As em-presas que atuam como fachada das organizaçõescriminosas desenvolvem empreendimentos no in-tuito de legitimar e ampliar o fluxo de seu capitale, para isto, utilizam-se de métodos violentos e ile-gais para a condução dos seus empreendimentos,no intuito de levar vantagens competitivas, e parao desencorajamento da concorrência. A função daempresa legal na estrutura da organização é ga-rantir acesso ao mercado financeiro, facilitando a“lavagem” do dinheiro, transformando o capitalilegal em capital legal.

É mister salientar que a liberação do jogo deazar pelos Governos dos Estados torna-se o calca-nhar de Aquiles para o combate a essas organiza-ções, pois facilita a lavagem de dinheiro, permi-tindo a elas legalizarem enormes quantidades dedinheiro pelo pagamento de impostos sobre valo-res declarados muito superiores aos arrecadados.Isto proporciona capital suficiente a essas organi-zações para se aproximarem da estrutura do poderdo Estado, infiltrando-se no aparelho repressivo epolítico através da sedução financeira dos prepos-tos do Estado (juízes, deputados, senadores e ou-tros elementos do aparelho repressivo do Estado),de modo a garantir a imunidade aos negócios ilíci-tos e isenção de seus membros no que tange à re-pressão policial.

Para efeito ilustrativo do poder dessas organi-zações e para que se tenha exata dimensão do po-der da economia do crime e sua ameaça ao Esta-do, apresentamos alguns dados que comprovamesse poder: segundo a ONU, na conferência so-bre o crime global organizado, o mercado mun-dial de drogas atinge por ano a cifra de US$ 500bilhões por ano; em 1994, na cidade de Nápo-les, na Itália, realizou-se a conferência sobre aeconomia do crime em escala global patrocina-da pela ONU, que denunciou que cerca de US$750 bilhões por ano são lavados no sistema fi-nanceiro mundial.

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O Brasil, na conexão formada na AméricaLatina, tem como função principal o refino e dis-tribuição das drogas. Isso ocorre em virtude de sualarga extensão territorial e pelo fato de ter frontei-ras com a Colômbia, a Bolívia e o Peru, que sãograndes produtores de tóxicos. Consta que pelocorredor brasileiro do tráfico passam cerca de 120toneladas de cocaína por ano. Com essa cifra, pode-se imaginar o poder de sedução desse segmentodo crime organizado.

Na análise sobre o crime organizado, deve-seevitar as teorias simplistas que defendem que ocrime organizado tem como causa exclusivamen-te a criminalidade, excluindo da análise as respon-sabilidades do capital financeiro internacional que,aliado às elites conservadoras dos países do Ter-ceiro Mundo, criam as condições adequadas à ex-pansão da criminalidade em termos globais e, even-tualmente, de organizações criminosas locais, queestão vinculadas ao aumento da pobreza e da ex-clusão social que lhes oferece mão de obra abun-dante e barata.

CONCLUSÃOAs estratégias utilizadas para reduzir a crimi-

nalidade tornaram-se ineficientes frente à moder-nização e à organização do crime, que se vale demétodos empresariais. Somente uma polícia inves-tigativa e científica bem equipada, atuando comtecnologia de ponta, pode minimizar os efeitos de-vastadores desse crescimento.

Levando em conta que todo sistema crimino-so só faz sentido, do ponto de vista empresarial, seos lucros gerados puderem ser aplicados e rein-vestidos na economia legal, a lavagem do dinhei-ro é a grande matriz do crime organizado. E nãodevemos deixar de reafirmar que a inserção do di-nheiro ilícito na economia legal se dá através dosistema financeiro, via bancos ou instituições fi-nanceiras, por isso o combate a essa modalidadecriminosa deve-se empenhar, com mais afinco, nocombate à lavagem de dinheiro, criando mecanis-mos legais para esse fim.

Não podemos esquecer que, aliado à moder-nização do aparelho repressivo do Estado, é extre-mamente necessário políticas públicas com a fina-lidade de distribuição de renda, com o intuito deevitar a convocação, pelo crime organizado, dasclasses subalternas que se encontram nos níveismais baixos de distribuição de renda/bens, que, noestágio de exclusão em que se encontram, têmcomo única estratégia de sobrevivência a aliançacom a economia do crime que lhes garante a suareprodução e sobrevivência.

O crescimento da criminalidade e, por conse-qüência, a economia do crime, estão intrinseca-mente ligados aos efeitos excludentes de segmen-tos sociais gerados pelo projeto social moldado

pelas forças de mercado. Ampliado pelos efeitosda reengenharia e do enxugamento da produção,intensamente aplicado nas décadas de 1980 e 1990,que trouxe um sentimento de precariedade, au-mentando as desigualdades sociais e criando umambiente propício para o fortalecimento da eco-nomia do crime.

Em síntese, o crime organizado na sua facetaglobalizante compromete a autonomia e a capaci-dade de decisão do Estado, fragilizando-o. Por isso,a importância do fortalecimento do aparelho re-pressivo do Estado, principalmente no campo dainteligência e Polícia Científica, não deixando delado as políticas sociais inclusivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCASTELLS, Manuel. Fim do milênio. A era dainformação: economia, sociedade e cultura. Vo-lume 3, Paz e Terra. São Paulo - SP.PEDRÃO, Fernando. Economia Urbana. Edito-ra da UESC. Ilhéus-Ba.2002.FERNANDES, Newton. Criminologia integra-da. Editora Revista dos Tribunais São Paulo-SP2002.YOUNG, JOCK. A Sociedade Excludente. Ex-clusão social, criminalidade e diferença na mo-dernidade recente. Coleção Pensamento Crimi-nológico vol. 7 Editora Revan 2002 Rio de Janei-ro-RJ.ZAFFARONI, EUGENIO RAÚL. Crime orga-nizado: uma categorização frustrada, in Discur-sos sediciosos, 1 (1996), p. 59-63.

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RESUMOOs autores estudaram 200 crânios de indivíduos adul-

tos, sendo 100 masculinos e 100 femininos, que falece-ram com idade superior a 20 anos, com sexo e idadeconhecidos com absoluta segurança. Os crânios eram deindigentes ou de pessoas cujas famílias não reclamaramos ossos em tempo hábil administrativo estabelecido pelaInstituição e que teriam como destino final o crematórioou inumação em vala comum. Diante dos dados obtidose submetidos à análise estatística, concluiu-se que: assuturas cranianas estudadas apresentam dimorfismo se-xual através de suas dimensões lineares; que é possívela investigação do sexo por metodologias encontradas pelamédia e intervalo de confiança, regressão logística e aná-lise de função discriminante em observações futuras,sendo um método a mais para o diagnóstico do sexo atra-vés do crânio, e que o índice de acerto pela regressãologística foi de 70,3%.

PALAVRAS-CHAVEIdentificação Humana – Antropologia Física – Odon-

tologia Legal

ABSTRACTThe authors had studied 200 skulls of adult indivi-

duals, being 100 mans and 100 womans, that the 20 ye-ars dead with superior age, with known sex and age withabsolute security. The skulls were of beggars or peoplewhose families had not complained the bones in admi-nistrative skillful time established by the Institution andthat r burial in common ditch would have as final desti-nation. Ahead of the data gotten and submitted to thestatistics analysis that as was concluded studied skullssutures presents sex dimorfism through its linear dimen-sions; that it is possible the inquiry of the sex for metho-dologies found for the average and reliable interval, lo-

gistic regression and analysis of discritibe function infuture comments being a method more for the diagnosisof the sex through the skull and that the index of right-ness for the logistic regression was of 70,3%.

KEY-WORKSHuman Identification – Physical Anthropology – Fo-

rensic Odontology

INTRODUÇÃOA questão da identificação acompanha o homem des-

de os primórdios da sua existência.Inicialmente, teve que identificar os elementos da

natureza como a água, o ar, o fogo, e a terra, e identificaro que cada um poderia trazer de bom ou de ruim. Assim,aprendeu que não podia sobreviver sob a água, que ofogo lhe provocava queimaduras. Identificava seu seme-lhante pelo cheiro e pela aparência. À medida que foramse agrupando e começaram a disputar comida e territó-rio, tiveram a necessidade de identificar seus inimigos.

À medida que a população crescia, se organizava emvilas e cidades, surgiram os delitos considerados noci-vos pela ética e moral da sociedade e esta passou a iden-tificar os criminosos e delinqüentes. Na França antiga, oferrete (ferro para marcar gado) era usado na forma deflor de lis na região frontal ou escapular, a depender dapeculiaridade do indivíduo marcado. Com as idéias deCesare Lombroso, o “mestre de Turim” nasce a antropo-logia criminal, e com ele a antropometria, que teve seudesenvolvimento acelerado a partir de Aphonso Berti-llon. Homens, como Lacassagne, Brouardel, e outros,desenvolveram a antropometria forense, aprimorandoconhecimentos ao longo dos tempos.

Não raro, os peritos recebem para exame, ossadasou partes delas, ou até mesmo um osso isolado. Atravésde metodologias antropológicas, qualitativas e quantita-

INVESTIGAÇÃO DO SEXO ATRAVÉS DE MENSURAÇÃO

DE SUTURAS CRANIANAS

JEIDSON ANTÔNIO MORAIS MARQUES

Mestre em Deontologia e Odontologia Legal (USP)

PATRÍCIA KELER FREITAS MACHADO

Cirurgiã-Dentista

LUÍS CARLOS CAVALCANTE GALVÃO

Perito Médico Legal

Professor Titular do Departamento de Saúde (UEFS)

Artigo Original

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Stivas, estes “experts” buscam a investigação eestimativa de dados biotipológicos como: sexo,fenótipo cor da pele, estatura e idade.

O sexo não oferece dificuldade na sua iden-tificação quando diante de um cadáver íntegroe recente, no entanto, em condições especiaiscomo putrefação, carbonização, esqueletização,esta tarefa torna-se difícil, incerta e às vezes im-possível por métodos antropológicos.

As suturas cranianas têm sido vistas do pon-to de vista investigatório, direcionadas para aquestão da idade através das sinostoses. Pareceimportante, portanto, que se faça estudo destassuturas relacionando as dimensões com o dadobiotipológico sexo.

GALVÃO (1998)1 mensurou 151 crânios deindivíduos com mais de 20 anos, todos de pro-cedência, sexo e idade conhecidos, estudando ocomprimento da curva frontal. Após a análiseestatística, obteve um modelo de regressão lo-gística com acerto de 80,3%.

SALIBA (1999)2 estudou medidas crania-nas em 198 crânios, sendo 93 femininos e 105masculinos, de pessoas adultas com mais de 23anos de idade, e elaborou-se uma fórmula quepermite grau de confiabilidade de 69,33% parasexo feminino e 73,08% para o masculino.

MACHADO et al. (2000)4 pesquisaram 51crânios e analisaram o índice condílio de Bau-doin e concluíram que houve concordância de58,1% dos casos analisados, e discordância de39,4%, sendo 2,5%, casos duvidosos. Finali-zaram, afirmando que a metodologia empre-gada por Baudoin, quando aplicada em brasi-leiros, é factível de erros na demonstração dodimorfismo sexual.

GALVÃO (2003)6 estudou 170 mandíbu-las, sendo 70 femininas e 100 masculinas. Nãoforam levadas em consideração variáveiscomo fenótipo cor da pele, idade adulta, e es-tatura dos indivíduos a quem as mandíbulaspertenceram. Os resultados permitiram esta-belecer uma fórmula por regressão logísticacom índice de acerto de 84% na investigaçãodo sexo em avaliações futuras.

MATERIAL E MÉTODOSOs autores estudaram 200 crânios de indi-

víduos adultos, sendo 100 masculinos e 100 fe-mininos, que faleceram com idade superior a20 anos, com sexo e idade conhecidos com ab-soluta segurança. Os crânios eram de indigen-tes ou de pessoas cujas famílias não reclama-ram os ossos em tempo hábil administrativo es-tabelecido pela Instituição e que teriam comodestino final o crematório ou inumação em valacomum. O presente estudo foi viabilizado atra-vés do convênio existente entre a Universidade

Estadual de Feira de Santana e o Cemitério Quin-ta dos Lázaros, pertencente à Secretaria de Saú-de do Estado da Bahia, celebrado dentro dosvalores éticos e legais vigentes.

As mensurações foram feitas tomando-secomo base as seguintes distâncias: lambda-breg-ma (arco); lambda-bregma (corda); sutura sagi-tal palatina anterior; sutura sagital palatina pos-terior; sutura sagital palatina (total); distânciaentre a espinha nasal posterior e borda anteriordo forame magno.

RESULTADOSOs dados obtidos foram submetidos à aná-

lise estatística, verificando-se os seguintes re-sultados: foi estabelecido a média e intervalode confiança para cada uma das medidas efetu-adas, no entanto o teste X2 apresentou valor deP> 0,05, o que indica que a investigação do sexopela média e intervalo de confiança nesta meto-dologia pode ser vista com reserva, pois a mar-gem de erro é próxima de 39%.

Pela regressão logística pôde-se estabelecer afórmula:

Legenda:e = constante neperiana 0,71828ssag - arco - comprimento do arco da sutura sa-gitalsps - total - comprimento da sutura palatina

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espnas - formag - distância da espinha nasal pos-terior à borda anterior do forame magno

Por esta metodologia, obteve-se um índicede acerto na amostra de 70,3%.

Através do estudo da análise de função dis-criminante foi possível estabelecer as seguintesfórmulas:

O maior resultado indica o sexo; o índice deacerto por esta metodologia foi de 64%.

DISCUSSÃOOs Peritos Médico-Legais e Odonto-legais,

por vezes, recebem para exame apenas um úni-co osso. Muitas vezes sem informações sobresuspeitos desaparecidos, para uma comparaçãoatravés de metodologia genética bio-molecular(DNA). A osteologia e a antropometria são in-dispensáveis quando se realiza procedimentosidentificatórios através dos ossos. Os aspectosmorfológicos são subjetivos, podendo sofrer va-riações interpretativas pessoais que tornem vul-neráveis os resultados apresentados por este pro-cedimento isolado.

As observações de autores durante mais deum século sobre aspectos morfológicos da man-díbula são tomados como dogmas, muitas ve-zes sem questionamento ou comprovação porexperiência científica. Por outro lado, há de selevar em conta fatores climáticos, alimenta-res, culturais e sócio-organizacionais, segu-ramente interferem na ossatura humana, pro-duzindo uma diversidade de resultados, quan-do comparados em diferentes populações. Daía necessidade do desenvolvimento de pesqui-sas antropológicas e antropométricas emamostra de população nacional.

Os resultados demonstram que existem di-ferenças entre as medidas estudadas em relaçãoao sexo, sendo todas elas estatisticamente sig-nificantes, portanto, as suturas cranianas emreferência às suas dimensões lineares se mos-traram diferentes, em média, entre os sexos.As médias masculinas mostraram-se maioresque as femininas, demonstrando o aspectomorfológico citado por vários autores3,5,7 deque o crânio masculino é, em geral, maior que

o feminino.A análise de função discriminante e regres-

são logística revelou a possibilidade do estabe-lecimento de metodologias que podem ser usa-das em observações futuras como mais ummétodo para investigações do sexo através docrânio. Os resultados obtidos não diferemmuito daqueles encontrados por outros auto-res em trabalhos realizados em amostra naci-onal e estrangeira.

Por vezes, há situações onde o Perito irá dis-por de apenas um osso para exame e através dele,tentará investigar os dados biotipológicos, comoespécie, sexo, fenótipo cor da pele, idade e es-tatura. Nesta difícil tarefa é necessário que seuse todas as metodologias disponíveis, morfo-lógicas e quantitativas, e a análise do resultadoem conjunto, questionando-se taxas de erros elimitações dos métodos. Assim, o presente es-tudo oferece uma grande contribuição quando atarefa pericial for a investigação do sexo peloestudo de suturas cranianas.

CONCLUSÕESDiante dos dados obtidos e submetidos à

análise estatística, podemos concluir que:1) As suturas cranianas estudadas apresentam

dimorfismo sexual através de suas dimensõeslineares.

2) É possível a investigação do sexo por meto-dologias encontradas pela média e intervalode confiança, regressão logística e análise defunção discriminante em observações futu-ras, sendo um método a mais para o diagnós-tico do sexo através do crânio.

3) O índice de acerto pela regressão logísticafoi de 70,3%, o que representa uma taxasatisfatória.

4) Todas as medidas efetuadas na amostra,mostraram-se, em média, maiores no sexomasculino.

5) É possível estabelecer e confeccionar um softwarepara execução das fórmulas encontradas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Galvão LCC. Determinação do sexo através

da curva frontal e apófise mastóidea [Tese deDoutorado]. Piracicaba. Faculdade de Odon-tologia de Piracicaba - UNICAMP; 1998. 142p.

2. Saliba CA. Contribuição ao estudo do dimor-fismo sexual, através de medidas do crânio.[Tese de Doutorado] Piracicaba. Faculdadede Odontologia de Piracicaba - UniversidadeEstadual de Campinas; 1999. 127p.

3. Galvão LCC et al. Determinação do sexo poranálise quantitativa da mandíbula. Pernambu-co: Rev Cons Reg Odont 1999b;2(1):16-19.

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4. Machado SR et al. Verificação da aplica-bilidade do índice de Baudoin para a deter-minação do sexo. 2000. Disponível em: URL:http://www.ibep-ba.com.br/publica9.htm[2001 out. 02].

5. Abe DM. Avaliação do sexo por análise dafunção discriminante a partir de dimensõeslineares do crânio [Dissertação de Mestrado].FOP/ UNICAMP; 2000. 125 p.

6. Galvão LCC. Avaliação morfológica e quan-titativa da mandíbula humana para investi-gação do sexo [Tese Professor Titular]. Feirade Santana. Universidade Estadual de Feirade Santana; 2003.

7. Rissech C, García M, Malgosa A. Sex andage diagnosis by ischium morphometricanalysis. Forensic Sci Intern 2003; 135(3):188-196.

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RESENHA LITERÁRIA

A NOVA LEI DAS ARMAS DE FOGO (Comentáriosà Lei n. 10.826, de 23 de dezembro de 2003), Autor:José Geraldo da Silva, 1ª Edição, Editora Millennium.Existem no país, cerca de 8 milhões de armas de fogo,um terço das quais em condições ilegais. Mais de 45.000pessoas morrem por ano, vítimas de homicídios provo-cados por armas de fogo, e os números não param decrescer. Para reverter esse quadro, os nossos legislado-res, de forma responsável e decidida, se apressaram naaprovação do projeto de lei que proíbe os portes e regis-tros indiscriminados de armas de fogo em todo o territó-rio nacional. Sancionada a Lei n. 10.826, de 23/12/03pelo Presidente da República, foi regulamentada pelo De-creto n. 5.123, de 1º de julho de 2004.

GUIA QL – 2004/IDENTIFICAÇÃO DE VEÍCULOS– Autores: Victor Manoel Quintela e Orlando LaitanoLionella Filho, 4ª Edição, Editora Millennium. Publicadapela primeira vez em 1986 pela Associação de Criminalís-tica do Rio Grande do Sul com o título de “Identificação deVeículos”, esta obra encerrava dados e informações coleta-dos ao longo de mais de 40 anos de atividades de períciasem veículos, passando a ser largamente utilizada por opera-dores de licenciamento, vistoriadores de companhias de se-guros e revendedores de veículos, além dos peritos crimi-nalistas. As edições subseqüentes foram atualizadas cominformações fornecidas por fabricantes, representantes e re-vendedores de marcas nacionais e estrangeiras, além decontribuições de inestimável valor oferecidas por leitores,a quem dedicamos os nossos esforços. Esta quarta edição, amais completa no gênero no Brasil e agora sob a denomi-nação de Guia QL 2004 – Identificação de Veículos, passaa ter periodicidade anual. É apresentada em novo formato,nova organização das partes e impressão em duas cores sobrepapel especial na cor bege, facilitando, sobremaneira, asconsultas pelos usuários.

IDENTIFICAÇÃO HUMANA – Autores: Adriano Ro-berto da Luz Figini, José Roberto Leitão e Silva, LuizFernando Jobim, Moacyr da Silva, Edição,Editora Mil-lennium Este livro apresenta algumas das principais técni-cas utilizadas para se estabelecer uma investigação a partirde vestígios que podem ser encontrados em local de crime.É organizado em quatro partes, cada qual consignada a re-nomado especialista. Aborda, inicialmente, as impressõesdigitais, apresentando breve história da identificação, suascaracterísticas técnicas e processos de revelação mais co-muns. Trata, a seguir, das suas divisões e dos principaissistemas de classificação. Um capítulo é dedicado à intro-dução aos Sistemas Automáticos de Identificação de Im-

pressões Digitais, os Afis. A obra segue com estudos a res-peito da identificação humana através do DNA, a técnicade PCR, Genética dePopulações e as probabilidades asso-ciadas ao exame do DNA, investigação de crimes sexuais edeterminação de paternidade, sendo comentados uma sériede casos reais e interessantes. Minuciosa abordagem é feitaà Perícia Odontolegal, sendo tratada a investigação pelosdentes, arcos dentários, Identificação Antropológica e ou-tras técnicas nas investigações criminais, inclusive relacio-nando a odontologia legal à identificação humana pelo DNA

LEIS PENAIS ESPECIAIS ANOTADAS – Autores:José Geraldo da Silva, Wilson Lavorenti e FabianoGenofre, 6ª Edição Editora Millennium . Prefaciado porGuilherme de Souza Nucci, Luiz Flávio Borges D’Ursoe Fernando da Costa Tourinho Filho Esta sexta edição,revista e atualizada, reúne agora 22 principais Leis Pe-nais Especiais. Comenta a recém regulamentada Lei dasArmas de Fogo, Estatuto do Idoso e Lei das Contraven-ções Penais. O escopo desta obra é fornecer aos estudio-sos e operadores do direito penal uma visão esquemáti-ca das leis penais especiais que surgiram nos últimosdecênios, sem a preocupação de detalhar cada emissãonormativa de forma exaustiva. A intenção dos autoresnão foi a de esgotar o assunto pertinente a cada matéria,mas sim, delinear as usuais indagações formuladas emtorno de cada uma das leis. As considerações dispendi-das a cada uma das leis permitem, tanto ao acadêmicoquanto ao profissional, não só uma análise contextuali-zada de cada lei, como também uma resposta às princi-pais questões relativas ao tema em análise.

MANUAL DE REDAÇÃO PROFISSIONAL - Autor:José Maria da Costa, 2ª Edição, Editora Millennium . Des-tinada não só a advogados, mas a profissionais de todas asáreas, constitui guia seguro na redação de petições, recur-sos, relatórios, textos, cartas, teses, livros, poemas, discur-sos, etc. Sobre o livro, assim se referiu Saulo Ramos, advo-gado e ex-Ministro da Justiça: “Esta obra é fantástica! ...um trabalho monumental de pesquisa e inteligente organi-zação, em ordem alfabética, das expressões em português eem brasileiro, tudo bem comentado, explicado em lingua-gem simples, com exemplos didáticos e enriquecido, comcitações de outros autores quase todos os que contribuírampara a construção da catedral do idioma. Melhor do que asquase noventa mil páginas da internet, melhor que todos osautores de trabalhos sobre “a arte de escrever”, melhor quetodas as respeitáveis obras até hoje publicadas como orien-tadores lingüísticos e gramaticais, ou como auxílio e tira-dúvidas da língua portuguesa.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Destinada a divulgar trabalhos científicos epesquisas produzidas pelos profissionais que atuam noDepartamento de Polícia Técnica da Bahia (IMLNR, ICAP,IIPM e LCPT), nas mais diversas áreas de conhecimento,conforme resolução do diretor Geral, Eduardo Dorea. Ostrabalhos devem seguir as seguintes normas:

1º - A Revista Prova Material será aberta,preferencialmente, a profissionais da Polícia Científica, edestinada à publicação de matérias que, pelo seu conteúdo,possam contribuir para a formação e o desenvolvimentocientífico, além da atualização do conhecimento nasdiferentes áreas do saber.2º - A revista científica do DPT terá periodicidadequadrimestral com tiragem inicial de mil exemplares edistribuição interna, em congressos, simpósios e eventosonde o Departamento de Polícia Técnica da Bahia estiverrepresentado.3º -A responsabilidade de recebimento, seleção e edição domaterial será do Editor(a) e do Secretário(a).O ConselhoEditorial, formado por profissionais lotados no DPT, ICAP,IMLNR, IIPM e LCPT, analisará o material recebido eemitirá pareceres.O calendário de publicação da revistaCientífica, bem como as datas de fechamento de cada edição,serão definidas pelo editor (a) da revista, em consonânciacom o conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias.4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará em suarevista científica os seguintes trabalhos:I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricas oupráticas referentes à pesquisa e trabalhos que atinjamresultados conclusivos e significativos, não devendoultrapassar 200 linhas de 70 toques cada;II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nos quaissão apresentados resultados preliminares de pesquisa emcurso, ou recém concluídas, devendo ter, no máximo, 40linhas de 70 toques cada.III – Notas, entendidas como complementos de trabalho jápublicados, dissertações ou comentários de autoria própria oude outro, devendo ter, no máximo, 40 linhas de 70 toques cada;IV – Artigos de revisão ou atualização, que correspondama textos preparados por especialistas, a partir de uma análisecrítica da literatura sobre determinado assunto de interesseda comunidade de peritos, não devendo ultrapassar 100linhas de 70 toques cada;5º - A entrega dos originais para a revista obedecerá aosseguintes requisitos:I – O artigo original e o de revisão ou atualização deverão

ser acompanhados, obrigatoriamente, de resumo emportuguês, que não exceda 70 linhas e resumo em inglêsfiel ao resumo em português. O autor deve fornecer o(s)nome(s) do(s) autor(es) e da instituição em que o elaborou.No rodapé, serão mencionados auxílios ou dados relativosà produção do artigo e seus autores.II – Os trabalhos relativos à pesquisa experimental devemter todas as informações necessárias que permitam ao leitoravaliar conclusões do autor.III - Os artigos originais deverão conter obrigatoriamentetitulo, nome(s) do(s)autor(es), introdução, material emétodos, resultado, discussão e conclusão (os três últimositens podem ser agrupados em um só) e bibliografia citada.IV – Todos os trabalhos devem ser elaborados preferencialmenteem português e encaminhados em três vias, com texto corrigidoe revisado, além de gravado em disquete.V – As ilustrações e tabelas com respectivas legendas devemser confeccionadas eletronicamente, indicando o programautilizado para sua produção.VI – A bibliografia e as citações bibliográficas, quandoexigidas, deverão ser elaboradas de acordo com as normasde documentação da ABNT – 6023.VII – Os limites estabelecidos para os diversos trabalhospodem ser excedidos, em casos excepcionais, a critério doConselho Editorial.VIII – O papel utilizado é o A4 (210x297), impresso de umsó lado, espaço 1,5 cm de entrelinhas, margem 2cm de cadaum dos lados. O corpo do texto deverá estar em caixa alta ebaixa, tamanho/fonte 12. O título e subtítulo deverão estarem caixa alta tamanho/fonte 14, tipo Times New Roman.IX – O suporte utilizado será o disquete 3¹/² , composto noeditor de textos word for windows, em fonte Times NewRoman, tamanho 12.6º - O Conselho Editorial poderá propor ao(a) editor(a)adequação dos procedimentos de apresentação dos trabalhosàs especificidades da área.7º- Ao autor serão oferecidos dois exemplares da ediçãoem que o seu trabalho for publicado8º - O original será entregue mediante comprovante derecebimento aos representantes do Conselho Editorial.9º - Casos não previstos nesta norma serão analisados peloConselho Editorial.Art. 10º - Os originais devem ser encaminhados ao ConselhoEditorial, na Coordenação de Comunicação, Cerimonial eMarketing, 2º andar do DPT, e contatos mantidos também pelotelefone (71) 324-1692, Fax símile (71) 324-1622/1692. E-mail:[email protected].

Page 30: - Revista Científica do Departamento da Polícia Técnica, vinculado … · constituí em importante fonte de recursos. Assim, o DPT evoluiu na pesquisa e na qualidade da Assim,