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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.982/2015-0 GRUPO I – CLASSE III – Segunda Câmara TC 004.982/2015-0 Natureza: Relatório de Auditoria. Unidade: Fundação Universidade Federal de Pelotas – Ufpel. Responsável: Mauro Augusto Burkert Del Pino (CPF 338.089.880-53). Advogado: não há. SUMÁRIO: AUDITORIA DE CONFORMIDADE. GASTOS DE FUNDAÇÕES DE APOIO. REPETIÇÃO DE OCORRÊNCIAS DETECTADAS EM TRABALHOS ANTERIORES DO TRIBUNAL. NOVAS DETERMINAÇÕES. DIFERIMENTO DA ANÁLISE DA QUESTÃO DA CELEBRAÇÃO DE AJUSTES COM FUNDAÇÕES EM SITUAÇÃO IRREGULAR PARA AS CONTAS DA UNIVERSIDADE. RELATÓRIO Adoto como relatório o trabalho produzido na Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul – Secex/RS, cuja proposta de encaminhamento foi acolhida pelos dirigentes daquela unidade técnica: “I. Introdução Deliberação que originou o trabalho 1.1 Em cumprimento ao Despacho de 03/09/2014 do Min. Bruno Dantas (TC 020.580/2014-2), realizou-se a auditoria Fundação Universidade Federal de Pelotas, no período de 01/01/2013 a 31/03/2015. 1.2 A razão principal que motivou a fiscalização foi a oportunidade de contribuir com o aperfeiçoamento da nova gestão da Universidade, que assumiu a partir de 2013, considerando o histórico de problemas existentes, em especial quanto às relações com as fundações de apoio. Visão geral do objeto II. Fundação Universidade Federal de Pelotas - Ufpel 1.3 A Universidade Federal de Pelotas - Ufpel - é uma instituição federal de ensino superior localizada no município de Pelotas no Rio Grande do Sul, distante 250km da Capital. Vinculada ao Ministério da Educação - MEC, foi instituída como fundação de direito público com autonomia didático-científica, administrativa, financeira e disciplinar. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 004.982/2015-0

GRUPO I – CLASSE III – Segunda CâmaraTC 004.982/2015-0 Natureza: Relatório de Auditoria.Unidade: Fundação Universidade Federal de Pelotas – Ufpel.Responsável: Mauro Augusto Burkert Del Pino (CPF 338.089.880-53). Advogado: não há.

SUMÁRIO: AUDITORIA DE CONFORMIDADE. GASTOS DE FUNDAÇÕES DE APOIO. REPETIÇÃO DE OCORRÊNCIAS DETECTADAS EM TRABALHOS ANTERIORES DO TRIBUNAL. NOVAS DETERMINAÇÕES. DIFERIMENTO DA ANÁLISE DA QUESTÃO DA CELEBRAÇÃO DE AJUSTES COM FUNDAÇÕES EM SITUAÇÃO IRREGULAR PARA AS CONTAS DA UNIVERSIDADE.

RELATÓRIO

Adoto como relatório o trabalho produzido na Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul – Secex/RS, cuja proposta de encaminhamento foi acolhida pelos dirigentes daquela unidade técnica:

“I. Introdução Deliberação que originou o trabalho 1.1 Em cumprimento ao Despacho de 03/09/2014 do Min. Bruno Dantas (TC 020.580/2014-2), realizou-se a auditoria Fundação Universidade Federal de Pelotas, no período de 01/01/2013 a 31/03/2015.1.2 A razão principal que motivou a fiscalização foi a oportunidade de contribuir com o aperfeiçoamento da nova gestão da Universidade, que assumiu a partir de 2013, considerando o histórico de problemas existentes, em especial quanto às relações com as fundações de apoio.Visão geral do objeto II. Fundação Universidade Federal de Pelotas - Ufpel1.3 A Universidade Federal de Pelotas - Ufpel - é uma instituição federal de ensino superior localizada no município de Pelotas no Rio Grande do Sul, distante 250km da Capital. Vinculada ao Ministério da Educação - MEC, foi instituída como fundação de direito público com autonomia didático-científica, administrativa, financeira e disciplinar.1.4 Criada em 1969, a partir da transformação Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul (que era composta pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, pela Faculdade de Veterinária e pela Faculdade de Ciências Domésticas) e da incorporação das Faculdades de Direito e de Odontologia e do Instituto de Sociologia e Política, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Decreto-Lei nº 750/1969). No ato de sua criação, também foram agregadas à Ufpel outras instituições como o Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG), o Curso de Medicina do Instituto Pró-Ensino Superior do Sul do Estado, o Conservatório de Música de Pelotas, Escola de Belas Artes Dona Carmem Trápaga Simões.1.4 A formação e o desenvolvimento da Universidade foram bastante vinculados às áreas de agropecuária e de saúde. Segundo consta no sítio da Ufpel na internet, a economia da região é predominantemente agropastoril, fato que influiu de forma importante na construção da entidade. Além disso, a estruturação da área de saúde, a partir das Faculdades de Medicina e Enfermagem, moldou o desenvolvimento da Universidade, que até hoje tem contribuição decisiva nos atendimentos realizados no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Por meio do Hospital Escola e dos ambulatórios da Faculdade

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de Medicina, a Ufpel realiza um grande número de atendimentos aos pacientes de Pelotas e de municípios próximos usuários da rede pública. 1.5 A Ufpel tem como missão ‘promover a formação integral e permanente do profissional, construindo o conhecimento e a cultura, comprometidos com os valores da vida e com a construção e o progresso da sociedade’ (sítio da Ufpel). Para cumprir essa finalidade a entidade pretende desenvolver de forma simultânea e associada as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. Registra, como ‘Visão’, ser ‘reconhecida como universidade de referência pelo comprometimento com a formação inovadora e empreendedora capaz de prestar para a sociedade serviços de qualidade, com dinamismo e criatividade’.1.6 Segundo seu estatuto, a Universidade tem, como objetivo fundamental, a educação, o ensino, a pesquisa, a extensão e a formação profissional e pós-graduada em nível universitário, bem como o desenvolvimento científico, tecnológico, filosófico e artístico, estruturando-se de modo a manter a sua natureza:

a) orgânica, assegurando perfeita integração e intercomunicação de seus elementos constitutivos;b) social, pondo-se a serviço do desenvolvimento e das aspirações coletivas;c) comunitária, contribuindo para o estabelecimento de condições de convivência, segundo os princípios de liberdade, justiça e respeito aos direitos e demais valores humanos.

1.7 O órgão máximo da Universidade, com funções normativa, consultiva e deliberativa, é o Conselho Universitário; as deliberações sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão são da competência do COCEPE, com funções consultiva, normativa e deliberativa; e o órgão fiscalizador da gestão econômico financeira é o Conselho Diretor da Fundação.1.8 A Universidade oferece uma ampla gama de cursos de graduação e pós-graduação. São noventa e oito cursos de graduação presenciais, dezenove cursos de doutorado e quarenta e um de mestrado e dezessete de especialização (situação em nov/2014, segundo o sítio da Ufpel). 1.9 No que diz respeito à pesquisa, em novembro de 2014, estavam em andamento 1.272 projetos de pesquisa, contando a Universidade com 203 grupos de pesquisa certificados pela Ufpel/CNPQ (sítio da Ufpel).1.10 A comunidade acadêmica da Universidade é composta por mais de vinte e quatro mil pessoas, conforme a distribuição abaixo:

Tabela 1 - Distribuição da população acadêmica na UfpelDiscentes de Graduação 19.623Discentes de Mestrado 1.447Discentes de Doutorado 742Servidores Técnico-Administrativos 1.364Docentes Permanentes 1.315Docente Temporários 81Fonte: Ufpel (situação em novembro/2014)

III. Fundações de Apoio à Ufpel1.11 A Ufpel mantém relacionamento com três Fundações de Apoio: Fundação de Apoio Universitário – FAU 1.12 Criada em 1981 com o objetivo de promover, para a consecução de seus objetivos: prestação de serviços de ordem técnica, científica, cultural, de pesquisa e assistência; elaboração de convênios com entidades públicas ou privadas, com ou sem a interferência da Ufpel; elaboração de convênios com a Ufpel estabelecendo forma de colaboração ou execução de programas e atividades de mútuo interesse; desenvolver um programa de recursos próprios; manipulação, comercialização, prestação de serviços, diagnósticos, exames ambulatoriais e outros que poderão servir na área da saúde, desde que sejam para alcançar os objetivos da Instituição (Estatuto da FAU no sítio das Fundações de Apoio).1.13. Atua principalmente na gestão do Hospital Escola, além de prestar apoio a projetos desenvolvidos por diversas áreas da Ufpel. É a Fundação de Apoio com o maior volume de recursos públicos geridos, devido ao Hospital Escola (recursos do SUS descentralizados para a UG do Hospital Escola e transferidos para a FAU). Em termos de recursos repassados por empenho para essa instituição, foram R$ 46,46 milhões em 2014 (Tabela 1).

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Fundação Delfim Mendes Silveira – FDMS1.14. Instituída em 1999, destina-se, conforme disposições estatutárias (sítio das Fundações), a: prestar apoio na execução dos programas e atividades da Ufpel; promover a integração Ufpel-Empresa-Estado; promover estudos, pesquisas e prestação de serviços para entidades públicas e privadas; promover a articulação da Ufpel com entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, visando a forma de colaboração, contratos ou convênios, para a execução de programas; promover a prestação de serviços de ordem técnica, científica, cultural, cultural, de pesquisa e assistência. 1.15. Em 2014 geriu o montante de R$ 1,58 milhão de recursos federais (empenhados), conforme a Tabela 1.Fundação Simon Bolívar – FSB1.16. Fundada em 1996 com a finalidade de desenvolver estudos e atividades relacionados com os processos de integração e especialmente com o Mercado Comum do Sul – Mercosul (Estatuto no sítio das Fundações). Como se vê, inicialmente a Fundação não foi criada, conforme determina o art. 1º da Lei 8.958/94, com a finalidade específica de prestar apoio a projetos de interesse da Universidade, motivo pelo qual foi feita a alteração de seu estatuto, prevendo que, para a consecução de seus objetivos, ‘prestará apoio a execução de projetos de desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e institucional gerados na Universidade Federal de Pelotas’ (sítio das Fundações). É a Fundação menos atuante em 2014, tendo sido repassados apenas R$ 276 mil de empenhos em 2014 (Tabela 1).

Tabela 1 – Recursos federais empenhados em favor das Fundações de Apoio em 2014Despesa executada em 2014    Favorecido UG (Cod/Desc) TotalFUNDACAO DE APOIO UNIVERSITARIO 090020 - JUSTICA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU - RS R$ 250,00

 153114 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL R$ 0,00

 154047 - FUNDACAO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

R$ 10.367.306,31

  154145 - HOSPITAL ESCOLA DA UFPELR$

32.145.432,66

 158467 - INST.FED.SUL-RIO-GRANDENSE/CAMPUS PELOTAS R$ 1.610,00

 240901 - FUNDO NAC.DE DESENV. CIENTIFICO E TECNOLOGICO R$ 810.292,00

 257001 - DIRETORIA EXECUTIVA DO FUNDO NAC. DE SAUDE

R$ 3.111.683,75

 373072 - SUPERINT.ESTADUAL DO R.G.DO SUL-INCRA/SR-11 R$ 24.000,00

FUNDACAO DE APOIO UNIVERSITARIO Total  

R$ 46.460.574,72

FUNDACAO DELFIM MENDES SILVEIRA

154040 - FUNDACAO UNIVERSIDADE DE BRASILIA - FUB R$ 130,00

 154047 - FUNDACAO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

R$ 1.584.476,60

  158334 - INST.FED.MATO GROSSO/CAMPUS CACERES R$ 0,00

 170175 - SUPERINTENDÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO DO MF/RS R$ 1.500,00

FUNDACAO DELFIM MENDES SILVEIRA Total  

R$ 1.586.106,60

FUNDACAO SIMON BOLIVAR

154047 - FUNDACAO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS R$ 0,00

 240901 - FUNDO NAC.DE DESENV. CIENTIFICO E TECNOLOGICO R$ 0,00

 373072 - SUPERINT.ESTADUAL DO R.G.DO SUL-INCRA/SR-11 R$ 276.000,00

FUNDACAO SIMON BOLIVAR Total   R$ 276.000,00

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Total Geral  R$

48.322.681,32Fonte: Siga Brasil, Senado Federal. Despesas executadas em 2014. Extraído em 20/3/2015

Organização atual e credenciamento das Fundações de Apoio1.17. A atual gestão da Ufpel entendeu que seria interessante unificar a direção das três fundações de apoio, bem como localizar seus serviços administrativos num mesmo espaço. Assim, a atual estrutura das fundações está situada na Rua Marcílio Dias, 939, e é composta, além da Direção, por uma Secretaria Geral, Setores de Comunicação, Contabilidade, Financeiro, Jurídico, Licitações e Contratos/Compras, Prestação de Contas, Tecnologia da Informação e Escritório de Projetos. No entanto, esta nova configuração administrativa não foi aceita pelo Ministério Público Estadual e a administração da Ufpel estava, por ocasião da execução da auditoria, em processo de indicação dos componentes das novas diretorias para as três fundações. Necessário informar que a atual equipe diretiva, que assumiu em 22 de setembro de 2014 com mandato de 1 ano, solicitou, em 18 de dezembro do mesmo ano, renúncia em caráter irrevogável. Diante da dificuldade em compor as novas diretorias, a equipe continuava responsável pela gerência das três fundações de apoio ainda em maio, quando da fiscalização.1.18. Em 18 de outubro de 2013, o Conselho Universitário – CONSUN, aprovou o registro e recredenciamento das Fundações Delfim Mendes Silveira e Simon Bolívar como Fundações de Apoio à Ufpel, bem como aprovou a avaliação de desempenho da Fundação de Apoio Universitário – FAU, documento necessário ao recredenciamento (Ata CONSUN 10/2013, Evidência 21). 1.19. Em relação à situação atual, a única com credenciamento válido por ocasião da execução da auditoria era a Fundação Delfim Mendes Silveira, cuja Portaria Conjunta 40, de 25/7/2014, renovou o credenciamento por dois anos. A Fundação de Apoio Universitário chegou a ser recredenciada pela Portaria Conjunta 43, de 3/7/2013, no entanto esta foi revogada pela Portaria Conjunta 51, de 3/9/2014. Por sua vez, a Fundação Simon Bolívar não teve sucesso em renovar seu credenciamento, vencido em 10/1/2013.Objetivo da auditoria 1.20 A presente auditoria teve por objetivo verificar a conformidade dos gastos realizados pelas Fundações de Apoio relativamente aos recursos repassados pela Ufpel por meio de convênios, contratos e outros ajustes, baseados nos projetos de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento institucional. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

Questão 1: A Ufpel e suas FAPs atendem aos requisitos de transparência relativamente aos projetos?

Questão 2: Há controles internos na Ufpel para reduzir a probabilidade de ocorrência de irregularidades?

Questão 3: A execução física e financeira dos projetos, sob responsabilidade das FAPs, está em conformidade com os normativos e com a jurisprudência do Tribunal?

Questão 4: A participação dos docentes e servidores nos projetos está em conformidade com as regras aplicáveis?

Questão 5: A análise das prestações de contas está de acordo com os dispositivos da legislação?Metodologia utilizada 1.21 Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU n. 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU n. 168 de 30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU (Portaria-Segecex n. 26 de19 de outubro de 2009).1.22 Foi, preliminarmente, elaborada a Matriz de Planejamento. Em seguida, foi solicitada a relação de todos os projetos, executados com recursos orçamentários ou não, iniciados em 2013, bem como os normativos internos que regulavam o relacionamento da Universidade com suas fundações de apoio. Com base na relação de projetos foi selecionada amostra considerando a materialidade, a fonte dos recursos e os tipos de ajustes. Outro critério utilizado na seleção foi situação do projeto, de forma a contemplar alguns que já estivessem encerrados e com prestação de contas elaborada. Essa amostra inicial, definida no início do trabalho, consistiu em nove projetos, sendo oito na forma de convênios e um contrato. Posteriormente, para possibilitar um exame mais aprofundado da execução nas fundações de apoio, em

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especial quanto ao controle de bolsas, a equipe adicionou projetos na amostra, a partir da relevância e do risco. Foram, assim, incluídos mais seis projetos para verificação das questões 3 e 4 da Matriz.1.23 Acrescente-se na amostra, o conjunto de contas bancárias existentes nas Fundações de Apoio. Na fase de verificação dos processos nas fundações de apoio (questões 3 e 4 da Matriz de Planejamento), a equipe apurou, pelo exame das informações existentes nos setores financeiro de contábil, a existência de contas bancárias tratadas como projetos pelas fundações, além das relacionadas aos projetos da amostra.1.24 As técnicas utilizadas consistiram em exame documental, entrevistas, extração e análise de dados dos sistemas contábeis e do servidor de arquivos das fundações. A equipe realizou os trabalhos em dois locais, tanto na Universidade como na sede das fundações. Pode-se citar, ainda, a utilização de ofícios de requisição (oito, incluído o ofício inicial de apresentação) visando a obter esclarecimentos dos gestores.Limitações inerentes à auditoria 1.25 As principais limitações enfrentadas durante a execução da auditoria foram:

- distribuição dos projetos em três fundações de apoio, cada uma utilizando um sistema diferente de contabilização e de organização das informações;

- ausência de sistemas informatizados para gerenciamento dos projetos na Ufpel e nas Fundações de Apoio.

Volume de recursos fiscalizados 1.26 A amostra inicial dos ajustes celebrados entre a Universidade e as Fundações, solicitado por meio do Ofício de Requisição 2-82/2015, cujos processos foram examinados em todas suas etapas, representa um valor estimado de R$ 11 milhões. Entretanto, a constatação da existência de contas bancárias nas fundações, sem vínculo com projetos formalizados, pode constituir um acréscimo nesse volume, visto que o saldo dessas contas representava cerca de R$ 2,8 milhões ao final de 2014. É importante destacar que a fiscalização é apenas parcialmente quantificável, visto que tem objetivo mais amplo, o de avaliar o relacionamento da Universidade com as suas Fundações de Apoio.Benefícios estimados da fiscalização 1.27 Espera-se como principal benefício dessa auditoria a extinção, em médio prazo, da utilização de contas sem correlação com projetos da Universidade, gerando ganhos de eficiência na gestão dos recursos públicos, além da correção de irregularidades. Ademais, pretende-se obter um aumento dos controles na Universidade sobre os projetos e recursos gerenciados pelas Fundações de Apoio, aperfeiçoamento dos normativos internos e aprimoramento do planejamento por meio do atendimento às regras orçamentárias e financeiras no tocante às receitas arrecadadas.

EXAME TÉCNICOIV. Achados de auditoria 1. Captação e gerenciamento de recursos por meio de fundos não vinculados a projetos da UfpelClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 1.1 A partir da análise dos demonstrativos contábeis (balanços patrimoniais e balancetes), verificou-se a existência de inúmeras contas bancárias mantidas pelas fundações de apoio que não estavam vinculadas a projetos específicos da Universidade e não possuíam um ajuste formalizado, seja convênio ou contrato. Tal situação configura a utilização de fundos de apoio irregulares, expressamente vedados pela jurisprudência do TCU. São contas que, no âmbito do tratamento contábil conferido pelas Fundações de Apoio, estão contempladas no grupo de contas de compensação, no Ativo e no Passivo. Não afetam o resultado patrimonial, por se tratar de recursos da Universidade. No caso do Ativo, pertencem ao grupo 2.03 (Compensação Ativa, Bancos Contas Vinculadas) no caso da FAU; ao grupo 1.03.01.01 (Compensação Ativa, Projetos de Pesquisa, Bancos Contas Vinculadas) no caso da FDMS; e ao grupo 1.07.06.01 (Compensação Ativa, Bancos Contas Vinculada) no caso da FSB. Os lançamentos contábeis efetuados no exercício nessas contas estão demonstrados de forma sintética nos Balancetes e detalhado nos Razões das Contas, que compõem as evidências juntadas aos autos.1.2 Foram elaboradas três listas contendo as contas bancárias, a partir dos demonstrativos contábeis já mencionados, dos extratos bancários de 2014, extraídos do servidor de arquivos das Fundações disponibilizado à equipe, bem como de relações elaboradas pelas Fundações. O critério para incluir na

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lista de contas foi a existência de saldo em 2014, ou de movimentação financeira neste ano. Ou seja, contas que estejam em uso, visto que foram constatadas outras contas já sem saldo. No intuito de validar as listas elaboradas pela equipe e de confirmar o nome do responsável pela movimentação (coordenador), essas foram encaminhadas à Ufpel e às FAP (Ofícios de Requisição 8 e 9). Além disso, pretendeu-se obter da Universidade, pela consulta às respectivas Unidades Acadêmicas, a indicação da imprescindibilidade das contas para a gestão (Ofício de Requisição 9-82).1.3 Não há evidências de que os objetos dessas contas, associadas a atividades diversas como cursos de pós-graduação, projetos de pesquisa, estudos, gestão de unidades acadêmicas e de laboratórios, cursos de extensão e outros, tenham sido submetidos à prévia aprovação dos Conselhos Superiores e de que a Administração tenha conhecimento de sua existência. Algumas dessas contas foram abertas há mais de 20 anos, sendo que os recursos são, em grande parte, originados da cobrança de taxas de inscrição (nos casos dos cursos).1.4 De acordo com as tabelas elaboradas, previamente à validação efetuada junto à Universidade e às Fundações, havia: 59 contas, com um saldo de R$ 1.755.398,73 para a FAU; 14 contas com saldo total de R$ 264.628,50 no caso da FSB; e 54 contas totalizando R$ 759.027,32 para a FDMS. Ou seja, para as três Fundações, havia 127 contas com saldo de R$ 2,78 milhões em 2014. Na resposta ao Ofício de Requisição 8-82/2015, a Diretora Financeira das FAP retificou, nas planilhas enviadas, alguns nomes de coordenadores, informou já ter ocorrido o encerramento de 4 contas da FAU, 4 contas da FDMS e 1 da FSB e acrescentou contas vinculadas a projetos, que não estavam na planilha original (Evidência 22, p. 3 – 11).1.5 Trata-se de situação que perdura há muito tempo, com várias gestões envolvidas, o que dificulta a responsabilização. As contas mais antigas foram criadas num momento em que havia ainda muitas indefinições jurídicas acerca da regulação das relações entre IFES e Fundações de Apoio antes da prolação do Acórdão 2731/2008, marco jurisprudencial nesse tema. Desse modo, propor-se-á que seja dado prazo para que a Universidade, junto com suas Fundações de Apoio, regularize a situação, por meio do encerramento das mencionadas contas e a instituição de projetos e celebração de convênios ou contratos, nos casos aplicáveis (já que muitos casos configuram mera gestão de atividades de natureza permanente, que devem ser assumidas pela Universidade). Essa proposta se coaduna com o objetivo da auditoria de avaliar a gestão atual da Universidade, visando a contribuir com propostas de aperfeiçoamento, e se mostra oportuna face ao contexto verificado quando da fiscalização, a reorganização administrativa das três fundações de apoio e a discussão acerca de possível incorporação por uma delas do patrimônio das demais, caso sejam extintas. Entende-se que deve ser alertado que os responsáveis pela movimentação das contas irregulares podem responder pelos atos praticados, se persistirem, após o prazo a ser concedido, as movimentações nessas contas.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contas bancárias abertas pelas FAP por demanda de servidores e docentes da Ufpel.Critérios:

Acórdão 872/2011, Plenário, itens 9.1.1, 9.2.1, 9.2.4. Acórdão 3.559/2014, item 9.6.2.9, TCU, Plenário. Acórdão 599/2008, item 9.1.9, TCU, Plenário. Decreto 7.423/2010, art. 6º, § 1º; art. 6º, § 2º; art. 13, inciso II. Lei 8.958/1994, art. 3º, § 2º, inciso III; art. 3º-A, inciso I.

Evidências: Evidência 5 – Demonstrativos Contábeis FAU – 2014. Evidência 6 – Demonstrativos Contábeis FDMS – 2014. Evidência 7 – Demonstrativos Contábeis FSB – 2014. Evidência 8 - Extratos FAU 2014. Evidência 9 - Extratos FDMS 2014. Evidência 10 - Extratos FSB 2014 - Extratos FSB 2014.

Causas da ocorrência do achado: Interpretação equivocada da natureza dos projetos: entendimento histórico de que projetos

custeados com recursos não consignados no orçamento poderiam ser tratados como privados, sem sujeição aos normativos que regem as relações das IFES e FAP. No entanto, mesmo que sejam

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provenientes de outras fontes, devem ser considerados como públicos, sempre que implicarem utilização de recursos materiais e humanos da Universidade, conforme a definição expressa no item 9.1 do Acórdão 2731/2008: ‘9.1. firmar o entendimento de que a expressão ‘recursos públicos’ a que se refere o art. 3º, caput, da Lei 8.958/1994 abrange não apenas os recursos financeiros aplicados nos projetos executados com fundamento na citada lei, mas também toda e qualquer receita auferida com a utilização de recursos humanos e materiais das Instituições Federais de Ensino Superior, tais como: laboratórios, salas de aula; materiais de apoio e de escritório; nome e imagem da instituição; redes de tecnologia de informação; documentação acadêmica e demais itens de patrimônio tangível ou intangível das instituições de ensino utilizados em parcerias com fundações de apoio, sendo obrigatório o recolhimento de tais receitas à conta única do Tesouro Nacional’.

Inexistência de controle de gestão das Fundações por parte da Ufpel. Desconhecimento histórico da existência das contas.

Efeitos/Consequências do achado: Ausência do controle sobre a execução financeira (efeito real). Desvios de finalidade ou de objeto na execução das despesas (efeito potencial). Desconhecimento da comunidade acadêmica e da sociedade sobre projetos desenvolvidos pelas

Fundações (efeito real). Pesado ônus das Fundações na gestão de projetos pouco relevantes (efeito real). Desvirtuamento da função das fundações de apoio (efeito real) - As fundações de apoio não foram

constituídas para servirem como meros braços administrativos da Universidade, gerindo atividades de natureza permanente, não vinculadas a projetos de ensino, pesquisa, extensão ou desenvolvimento institucional.

Inexistência de prestação de contas sobre os recursos aplicados (efeito real) - Devido à informalidade das contas bancárias não vinculadas a projetos institucionais, não são prestadas contas à Ufpel dos recursos aplicados, situação que se mantém, em alguns casos, por mais de 20 anos.Proposta de encaminhamento:

a) Por meio de entendimento conjunto entre a FDMS, a FAU e a FSB e as Unidades Acadêmicas às quais estão vinculados os responsáveis pela gestão das diversas contas bancárias sem correlação com projeto específico aprovado nos termos das normas aplicáveis às relações das IFES com as Fundações de Apoio, adote providências visando ao encerramento efetivo dessas contas, em prazos não superiores a 365 dias, de forma a regularizar a situação expressamente vedada de instituição de fundos irregulares. Ademais, deve ser determinado que a Universidade alerte servidores e docentes que ordenam a movimentação dessas contas sobre sua possível responsabilização, em caso de continuidade da prática após o prazo estabelecido;

b) expeça orientação a todos os coordenadores responsáveis pelas contas bancárias ativas, bem como aos dirigentes das Unidades Acadêmicas no sentido de que, doravante, somente sejam iniciados projetos com o apoio das Fundações se os mesmos observarem todos os pressupostos normativos estabelecidos para os projetos dessa natureza e se estiverem formalizados por meio do ajuste devido (convênio ou contrato).2. Inexistência de registro centralizado de projetos na Ufpel, especialmente em relação aos desenvolvidos em conjunto com as Fundações de Apoio, bem como de divulgação para a comunidade acadêmica e ao público em geralClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 2.1 Não existe, no âmbito da Ufpel, um sistema informatizado integrado com o objetivo de registrar e acompanhar a criação e o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa, pós-graduação, extensão e desenvolvimento institucional. Dessa forma, o controle é precário, restrito, no âmbito da Universidade, aos sistemas da Pró-Reitoria de Extensão e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, que utilizam sistemas estanques para registrar os projetos por elas desenvolvidos. A primeira utiliza o SIEX - Sistema de Extensão, software anterior à adoção do Sistema Integrado de Gestão Cobalto, a segunda utiliza um sistema vinculado ao Cobalto, e os dois não se comunicam. Por serem sistemas de acesso específico para atividades de extensão e pesquisa, não contemplam o universo de projetos existentes na Universidade. O SIEX exige cadastro prévio para consulta, enquanto o da Pesquisa é acessível livremente, desde que o

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consultante saiba aonde procurar. Em relação aos projetos neles registrados, nenhum dos dois contempla a totalidade de informações necessárias para uma melhor transparência do que é realizado pelas Pró-Reitorias e a Universidade, pois faltam dados completos sobre os projetos neles cadastrados. 2.2 A fim de atender à Lei de Transparência, deverá a Ufpel tornar públicas em seu sítio informações sobre todos os projetos por ela desenvolvidos, com ou sem auxílio das fundações de apoio, indicando o objeto, o plano de trabalho, recursos porventura envolvidos, prazo de vigência, quem são o coordenador, fiscal e supervisor, docentes, técnico-administrativos, bolsistas, discentes e terceiros, qual a carga horária que cada um dos envolvidos dedica ao projeto, valor das bolsas eventualmente pagas e outras informações relevantes. Conforme o Acórdão TCU 2569/2014, ‘dados abertos são aqueles disponibilizados em formato legível, facilmente acessíveis por meio da internet, que qualquer pessoa pode livremente usar, reutilizar e redistribuir. Dados governamentais são públicos por princípio e devem ser abertos, ter qualidade, utilidade, inteligibilidade e reusabilidade, no intuito de propiciar a participação do cidadão na gestão pública e a inovação e melhoria desta.’. 2.3 Por meio do Ofício de Requisição 6-82/2015, item 1, alíneas ‘a’ e ‘b’, foram solicitados esclarecimentos acerca do descumprimento do disposto no Decreto 7.423/2010, art. 12, § 2º, em vista da inexistência de um registro centralizado de projetos e de ampla publicidade na internet e em boletim interno das informações a eles referentes, bem como dos quesitos definidos na Resolução CONSUN 02/2015. Em resposta, a Vice-Reitora informou que, na tentativa de atender os dispositivos legais, foi reestruturada a Coordenação de Convênios, composta pelo Núcleo de Análise de Prestação de Contas de Convênios, a qual deverá centralizar as informações sobre os projetos e disponibilizá-las de forma transparente. No entanto, este processo requer apropriação de conhecimentos e estrutura de Tecnologia de Informação que a Universidade ainda não possui totalmente, o que dificulta precisar quando será possível atender todas as exigências do referido Decreto. Além disso, a Coordenadoria de Convênios não controla os projetos que são executados pelas fundações de apoio sob a forma de contrato, os quais são acompanhados pela Pró-Reitoria Administrativa.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Sítio Portal da Ufpel. Base de Dados Cadastro de Projetos de Extensão. Base de Dados Sistema de Cadastro de Projetos de Pesquisa. Boletim Interno Ufpel.

Critérios: Decreto 7.423/2010, art. 12, § 1º, inciso V; art. 12, § 2º. Decreto 7.724/2012, art. 2º; art. 5º, caput; art. 7º, § 3º, inciso II; art. 8º. Lei 12.527/2011, art. 1º, § único, inciso II; art. 2º; art. 3º; art. 4º; art. 6º; art. 7º; art. 8º, § 1º, 2º,

3º.Evidências:

Evidência 4 - Resposta ao Oficio 6-82/2015 Causas da ocorrência do achado:

Informalidade na relação entre Universidade - Fundações de Apoio - A Ufpel utiliza suas fundações de apoio como um braço administrativo, para a execução de todas aquelas atividades que a instituição em si encontra dificuldades em realizar por falta de recursos humanos, por necessidade de agilidade, para obtenção de recursos financeiros de forma mais ágil e outros. Assim, vem permitindo a livre utilização das Fundações sem um controle institucionalizado, haja vista a grande quantidade de contas sem projetos vinculados (achado do item 2).Efeitos/Consequências do achado:

Desconhecimento da totalidade de projetos administrados pelas fundações de apoio (efeito real) - A Ufpel desconhece quantos projetos são gerenciados pelas suas fundações de apoio, bem como o montante de recursos que estas administram, favorecendo a ocorrência de irregularidades na utilização desses recursos.

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Proposta de encaminhamento: a) Disponibilize, em até 365 dias, informações ao público, por meio do sítio da Ufpel, sobre todos os

projetos, incluindo os executados pelas Fundações de Apoio, devendo constar: o nome do projeto, a indicação da Fundação de Apoio executante, se cabível, a ata do COCEPE que aprovou o projeto, o objeto, o plano de trabalho, o valor, o coordenador, o fiscal e o supervisor, indicando as respectivas portarias de nomeação, os recursos humanos envolvidos e respectiva carga horária, os valores das bolsas pagas, identificando o recebedor, se houver, prazo de vigência, relatórios de acompanhamento emitidos pelo fiscal, se prestou contas e se estas foram aprovadas, se houve ressarcimento pelo uso da infraestrutura da Universidade, se houve saldo e qual o destino dado a este (concedente/Universidade);

b) adote, no prazo de até 365 dias, um sistema informatizado, integrado e centralizado de projetos de todos os projetos executados com o apoio das Fundações de Apoio.3 - Ausência de transparência nas Fundações de ApoioClassificação: Falhas/impropriedadesSituação encontrada: 3.1 Em consulta efetuada no sítio das três fundações de apoio da Ufpel por ocasião do planejamento da auditoria, constatou-se que este não possuía informações sobre os projetos da Ufpel por elas gerenciados. Nessa ocasião sequer a relação dos projetos estava publicada, o que foi providenciado pela administração das fundações no período de elaboração deste relatório, conforme se pode verificar no link: http://www.fundacoesUfpel.com.br/index.php/documentos. No entanto, trata-se de simples listagens, eis que o controle contábil e financeiro é feito internamente às fundações, utilizando planilhas Excel, registros em Word e conversão dos termos de ajustes e documentos elaborados na contabilidade em PDF. No sítio não constam os instrumentos contratuais/conveniais firmados com a Ufpel e demais IFES ou ICTs, FINEP, CNPq, e agências financeiras oficiais de fomento; os relatórios semestrais de execução dos contratos, indicando os valores executados, as atividades, as obras e os serviços realizados discriminados por projeto, unidade acadêmica ou pesquisa beneficiária; a relação dos pagamentos efetuados a servidores ou agentes públicos em decorrência desses contratos; a relação dos pagamentos efetuados a pessoas físicas e jurídicas decorrentes desses ajustes, bem como as prestações de contas, conforme estabelecido no art. 4ºA da Lei 8.958/94.3.2 Deve ser registrado que, em que pese a inexistência de sistema informatizado que permita o controle centralizado dos projetos, os setores das fundações responsáveis por acompanhar e registrar todos os eventos a eles relacionados estão organizados e foi dado livre acesso, à equipe de auditoria, à totalidade das informações a eles referentes, sendo possível constatar que, a despeito de não existirem as condições ideais, o gerenciamento dos projetos vem sendo feito em nível adequado. Fica pendente a transferência desta transparência para o público em geral por meio de informações em formato legível, facilmente acessíveis por meio da internet, que qualquer pessoa possa livremente identificar no sítio das fundações.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Sítio das Fundações de Apoio à Ufpel.Critérios:

Lei 8958/1994, art. 2º, § único; art. 4º-A.Evidências:

Evidência 20 - Página Fundações – Projetos.Causas da ocorrência do achado:

Desorganização administrativa e entendimento histórico de que não havia necessidade de se submeter ao controle da Universidade e de prestar contas à sociedade - as fundações de apoio à Ufpel vêm agindo como se os recursos por elas geridos fossem privados, executando as demandas dos coordenadores sem a preocupação de seguir regras e normativos.Efeitos/Consequências do achado:

Restrição ao controle social sobre a aplicação de recursos públicos e a utilização da infraestrutura da universidade (efeito potencial) - a falta de controle por parte da Ufpel sobre suas fundações de apoio, bem como a ausência de transparência sobre as atividades dessas, impedem o exercício do controle social

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e facilita a ocorrência de irregularidades.Proposta de encaminhamento:

a) Gestione junto a suas fundações de apoio para que essas divulguem, no(s) seu(s) sítio(s) na Internet, as informações constantes dos incisos do artigo 4º-A da Lei 8.958/94, visto que tal divulgação é condicionante para o recredenciamento destas.4. Deficiências dos controles sobre o pagamento de bolsasClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 4.1 Os controles exercidos pela Ufpel sobre o pagamento de bolsas, no âmbito dos projetos geridos pelas fundações, são deficientes. As normas que autorizam a concessão de bolsas de ensino, de pesquisa e de extensão impõem um conjunto de restrições que somente podem ser garantidas mediante controles consistentes, que não estão implementados pela Universidade.4.2 O Decreto 7.423/2010, que regulamenta o pagamento de bolsas com base na Lei 8.958/94, estipula que o colegiado superior da instituição apoiada deve disciplinar as hipóteses para a sua concessão, os referenciais para seus valores e os procedimentos para sua autorização. Somente em 27/03/2015, o Conselho Universitário da Ufpel logrou aprovar a Resolução CONSUN 02/2015, que normatizou a relação entre a Ufpel e suas fundações de apoio, a celebração de convênios com essas e o disciplinamento da concessão de bolsas. Assim, ante o pouco tempo decorrido desde a regulamentação, não foi possível avaliar o cumprimento dessa norma, visto que os exames realizados pela equipe de auditoria recaíram sobre atos praticados em convênios em andamento, celebrados antes da vigência da Resolução.4.3 As principais exigências com relação à concessão de bolsas são: no caso de professores com dedicação exclusiva, a observância do limite de 120 horas anuais, extensível, excepcionalmente, até 240h mediante aprovação pelo conselho superior (Lei 12.772/2012, art. 21, §4º); a proporcionalidade com a remuneração regular do beneficiário (Decreto 7423/2010, art. 7º, §2º); a adoção, como referência, dos valores praticados pelas agências oficiais de fomento; a observância do teto remuneratório constitucional (Decreto 7423/2010, art. 7º, §2º); concessão de bolsa acumulada com pagamento por prestação de serviço para a mesma finalidade (Decreto 7423/2010, art. 12º, §1º); divulgação na internet de dados relativos à seleção para concessão de bolsas (Decreto 7423/2010, art. 12, §2º). 4.4 No que diz respeito ao controle da carga horária associada a cada projeto, constatou-se que os contratos firmados entre os bolsistas e as fundações não estipulam, de forma explícita, o quanto deverá ser alocado pelo bolsista, observado o requisito de que não pode impactar na carga horária normal exercida na Ufpel. Os instrumentos dos contratos destacam a que é obrigação do bolsista atuar ‘com dedicação exclusiva e nos termos da carga horária prevista no Projeto’ (Evidência 23, p.  1-18). Note-se que a redação da cláusula contratual poderia ser aperfeiçoada, visto que: eventualmente, o contratado poderia vir a alegar que desconhecia o detalhamento do projeto; as cargas horárias entre os bolsistas podem ser variáveis; a expressão ‘dedicação exclusiva’, pode não ser aplicável, uma vez que alguns bolsistas atuaram em três projetos simultaneamente. A imprecisão na fixação do quantitativo de hora mensal representa uma fragilidade, pois dificulta ou até mesmo inviabiliza a verificação da compatibilidade do exercício das atribuições funcionais regulares com as atividades do projeto. Além disso, a ausência de estipulação da carga horária impede que se faça avaliação da proporcionalidade do valor da bolsa em relação à remuneração regular do servidor. Ademais, para possibilitar um controle mais preciso, seria necessário também indicar no contrato de bolsa a jornada norma das atividades na Universidade, bem como a titulação e a forma de vínculo, se docente (se é DE, 40 horas ou 20 horas).4.5 Verificou-se, também, o recebimento por parte de um docente com dedicação exclusiva de valores referentes a bolsas que, somados à sua remuneração, ultrapassaram o teto remuneratório constitucional. Trata-se do Sr. Luiz Augusto Facchini, que coordenou três projetos simultaneamente e durante o exercício de 2014 recebeu os valores especificados na Tabela 2, que superaram o limite remuneratório R$ 29.462,25, imposto pela Constituição Federal (art. 37, XI) e estipulado na Lei 12.771/2012 (art. 1º, II). Salienta-se que a partir de ago/14, os valores das bolsas foram reduzidos com vistas à adequação ao teto remuneratório.

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Tabela 2 - Valores recebidos acima do teto constitucionalMês (referência) Bolsas Vencimentos Excesso

jan/14 20.100,00 14.761,53 5.399,28fev/14 20.900,00 14.761,53 6.199,28

mar/14 20.900,00 16.425,26 7.863,01abr/14 20.900,00 16.425,26 7.863,01mai/14 20.900,00 16.425,26 7.863,01jun/14 20.900,00 16.425,26 7.863,01jul/14 20.900,00 16.425,26 7.863,01

Observações: as fontes são Siconv, Siape, e a FDMS (razão contábil - 2014); as informações da tabela também estão disponíveis no Portal da Transparência e no Siconv (acesso livre), sendo portanto públicas.

4.6 Finalmente, deve ser destacada a ausência, em algumas situações, de proporcionalidade entre os valores das bolsas e a remuneração regular dos beneficiários (Decreto 7423/2010, art. 7º, §2º). Observa-se, nesses casos, que os valores das bolsas concedidas nos projetos não têm padrões definidos, são superiores àqueles praticados pelas agências de fomento e não guardam proporcionalidade com a remuneração dos pesquisadores. Na Tabela 3 a seguir demonstra-se que, em alguns casos emblemáticos, o valor-hora das bolsas é muito superior àquele da remuneração. Deve ser reconhecido que foram escolhidos os casos extremos, em que os pesquisadores têm dedicação exclusiva, o que limita a carga horária mensal a 20h mensais nos projetos (240h / ano). Além disso, os docentes referidos trabalharam em três projetos simultaneamente e receberam bolsas com valores unitários mais elevados (houve bolsas pagas a outros beneficiários no valor de R$ 400,00). De qualquer forma, o que se busca é demonstrar as fragilidades nos controles da Ufpel.

Tabela 3 - Proporcionalidade de valores de bolsas para docentes com dedicação exclusivaBolsista Remuneração regular Bolsas

Vencimentos(R$)

Carga mensal

(h)

Valor-hora(R$)

Somatório das Bolsas(R$)

CargaHoráriaMensal

(h)

Valor-hora(R$)

Pesquisador 1 16.425,26 200 82,13 20.900,00 20 1.045,00Pesquisador 2 9.760,33 200 48,80 16.600,00 20 830,00Pesquisador 3 14.718,65 200 73,59 10.700,00 20 535,00

Resolução 2/2015

- - - 5.200,00 20 260,00

Observações: Mês de referência é maio/14; as fontes são Siconv, Siape, e a FDMS (razão contábil - 2014); as informações da tabela também estão disponíveis no Portal da Transparência e no Siconv (acesso livre), sendo portanto públicas; segundo a Súmula TST nº 431, a jornada semanal de 40h implica a aplicação do divisor 200 para cálculo do salário hora; ver Evidência 23 (p. 19-39)

4.7 Tais situações evidenciam que a Ufpel não exerce um controle satisfatório sobre a concessão de bolsas no âmbito de projetos geridos pelas fundações de apoio. Atualmente é viável que o controle seja efetuado pelas fundações, visto que o mesmo corpo técnico opera nos projetos das três entidades. Contudo, isso é circunstancial, não correspondendo ao passado recente das fundações e não representando, necessariamente, o seu futuro. Assim, considerando que as fundações são pessoas jurídicas distintas, que pode haver pagamento a bolsistas em projetos geridos por fundações diversas e que é dever da Ufpel exercer o controle finalístico e de gestão dos projetos, deverão ser adotadas providências pela Universidade no sentido de exercer o controle efetivo sobre as bolsas.4.8 É importante ressaltar que a Resolução 02/2015 permitirá sanar essas distorções. A norma não só limitou a dois o número de bolsas por beneficiários, com estipulou o valor máximo do somatório das bolsas pagas a cada um, segundo a titulação:

RESOLUÇÃO nº 02 DE 27 DE MARÇO DE 2015Art. 15 Os referenciais de valores para as bolsas, observadas as condições desta Resolução, estão fixados em Anexo, devendo ser periodicamente atualizados com critérios objetivos, guardar proporcionalidade com relação à carga horária dedicada pelo beneficiário ao projeto e, sempre

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que possível, corresponder aos valores de bolsas concedidas por agências oficiais de fomento, com percepção de até duas (02) bolsas por pesquisador.§ 1° O limite de bolsas por pesquisador deve guardar consonância com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, assim, somadas as cargas horárias do pesquisador em projetos com percepção de bolsa, estas não podem ultrapassar o limite semanal de 20 (vinte) horas, sendo esta a jornada correspondente ao valor mensal da bolsa.

Objetos nos quais o achado foi constatado: Convênio 791888/2013 - Convênio celebrado com visando à produção de conhecimento a respeito

da atenção básica e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) do país, com recursos do FNS (PMAQ II).

Convênio 781259/2012 - Descrever os indicadores epidemiológicos das helinteiases, esquistossomose e tracoma, analisar indicadores e estratégia de implantação e avaliar as ações do Programa SANAR.

Convênio 776530/2012 - Valorização do profissional da atenção básica.Critérios: Decreto 7.423/2010, art. 7º, § 2º; art. 7º, § 4º. Lei 12.772/2012, art. 21, § 4º.

Evidências: Evidência 23 - Contratos de bolsas, recibos e Siape.

Causas da ocorrência do achado: Ausência de rotinas de controle na Ufpel que garantam a observância das regras sobre as

concessões de bolsas.Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito potencial) – pagamentos de bolsas feitos de forma indevida.Proposta de encaminhamento:

a) Exija das fundações a inclusão, nos contratos de bolsas, de cláusula estipulando a carga horária alocada ao projeto, bem como a indicação da jornada de trabalho regular e, em caso de docente, da titulação e da forma de vínculo (se é DE, 40 horas ou 20 horas);

b) implemente rotinas de controle que garantam a observância das regras sobre as concessões de bolsas no âmbito de projetos executados em parceria com fundações de apoio estabelecidas no Decreto 7.423, art. 7;

c) efetue, em articulação com as fundações de apoio, a avaliação da necessidade e da viabilidade de adequar os contratos de bolsas vigentes às regras estabelecidas na Resolução 02/2015.5. Inexistência de Plano de Desenvolvimento Institucional - PDIClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 5.1 A Ufpel não possui Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI vigente. A Lei 8.958/94, além de autorizar a contratação de fundações de apoio para execução de projetos de ensino, pesquisa e extensão, admite a realização de projetos de desenvolvimento institucional em parcerias com essas entidades. A norma, em sua primeira edição, foi omissa na conceituação de ‘desenvolvimento institucional’, cabendo à Lei 12.349/2010 suprimir essa lacuna, estabelecendo que se trata de ‘programas, projetos, atividades e operações especiais, inclusive de natureza infraestrutural, material e laboratorial, que levem à melhoria mensurável das condições das IFES e demais ICTs, para cumprimento eficiente e eficaz de sua missão, conforme descrita no plano de desenvolvimento institucional’ (Lei 8.958, art. 1º, §1º).5.2 A apresentação de Plano de Desenvolvimento Institucional atualizado é requisito para o recredenciamento de instituição de ensino superior, conforme exigido pelo Decreto 5.773/2006 (art.  21, II). O conteúdo mínimo do PDI, contempla (art. 16), entre outros elementos: I - missão, objetivos e metas da instituição; II - projeto pedagógico da instituição; III - cronograma de implantação e desenvolvimento da instituição e de cada um de seus cursos; IV - organização didático-pedagógica da instituição; V - perfil do corpo docente; VI - organização administrativa da instituição; VII - infraestrutura física e

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instalações acadêmicas; c) plano de promoção de acessibilidade e de atendimento prioritário; VIII - oferta de educação a distância; IX - oferta de cursos e programas de mestrado e doutorado; X - demonstrativo de capacidade e sustentabilidade financeiras.5.3 Observa-se que o PDI é instrumento importante de planejamento e de gestão, sendo indispensável para a execução de projetos de desenvolvimento institucional com apoio das fundações.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio 792012/2013 - Convênio celebrado com o objetivo de elaborar projeto arquitetônico de reciclagem e requalificação do espaço industrial da antiga fábrica LANEIRA BRASILEIRA S.A.

Critérios: Decreto 5.773/2006, art. 16, caput; art. 21, caput, inciso II. Lei 8.958/1994, art. 1º, § 1º.

Evidências: Evidência 3 - Resposta ao Oficio 3-82/2015.

Causas da ocorrência do achado: Complexidade que envolve a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Institucional.

Efeitos/Consequências do achado: Impossibilidade de realizar projetos de desenvolvimento institucional em parceria com fundação de

apoio (efeito potencial).Proposta de encaminhamento:

a) Implemente e aprove, no prazo de 365 dias, o Plano de Desenvolvimento Institucional, atendendo aos requisitos da Lei 8.958/94 (art. 1º, §1º) e do Decreto 5.773/2006 (arts. 16 e 21, II).6. Contratação direta de serviços pela FDMS sem prévio procedimento de seleção pública de fornecedoresClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 6.1 A Fundação Delfim Mendes da Silveira contratou, de forma direta, uma série de serviços que deveriam ter sido submetidos a procedimento de seleção pública de fornecedores (licitação). No decorrer de 2014, em quatro convênios, foram identificadas despesas em montantes que superam os limites máximos fixados nas normas aplicáveis para a contratação direta. Na Tabela 4 a seguir, estão relacionadas as empresas contratadas, os gastos realizados e os convênios em que ocorreram.

Tabela 4 - Despesas na FDMS sem seleção pública de fornecedoresEmpresa/Serviço/Convênio Convênio Valor (R$)

Allegro Viagens e Turismo Ltda.(CNPJ: 00.736.458/0001-03)

Aquisição de passagens aéreasEAD (776530) 253.902,49

Allegro Viagens e Turismo Ltda.(CNPJ: 00.736.458/0001-03)

Aquisição de passagens aéreas791888 (PMAQ II) 91.663,88

Sergio Luis Victoria Barbosa – ME(CNPJ: 12.485.128/0001-71, Captação)

Serviços de organização de logística para eventos

PACTO II (782602) 54.500,00

Sergio Luis Victoria Barbosa – ME(CNPJ: 12.485.128/0001-71, Captação)

Serviços de organização de logística para eventos

(R$ 139.995,00, pagos em 2015)

PACTO III (811483) 261.195,00

Fato Singular Projetos Culturais e Eventos Ltda.(CNPJ: 10.771.976/0001-11)

Organização e execução de eventoPACTO II (782602) 80.000,00

E. De Brito de Lemos PACTO III (811483) 103.064,8913

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(CNPJ: 17.829.020/0001-72, EBX)Serviços de coffee-break

Fontes: Siconv e Razão Contábil da FDMS (2014);

6.2 Observe-se que, mesmo considerando-se apenas as dispensas realizadas em 2014, e segregando-as por convênio, os limites para contratação direta foi largamente ultrapassado.6.3 Recentemente, as normas aplicáveis às fundações de apoio foram alteradas, flexibilizando os procedimentos destinados à aquisição de bens e contratação de serviços. Até a edição da Lei 12.683/2013, essas entidades estavam obrigadas a observar estritamente a legislação federal que institui normas para licitações e contratos da administração pública federal (Lei 8.958/2013, art.  3º, I, redação original). O novo diploma legal alterou a redação do dispositivo, determinando que as fundações de apoio observassem regulamento específico de aquisições e contratações de obras e serviços, a ser editado por meio de ato do Poder Executivo Federal (Lei 8.958/93, art. 3º com a redação dada pela Lei 12.683/2013). O regulamento foi editado por meio do Decreto 8.241/2014, com vigência a partir de 21/06/2014, não se aplicando aos instrumentos convocatórios publicados anteriormente (art. 41). Assim, o limite para a contratação direta de serviços comuns e compras, pelas fundações de apoio, foi fixado em R$ 40.000,00 (Decreto 8.241/2014, art.26, no inciso II), bastante superior ao valor autorizado para as demais entidades da administração pública (R$ 8.000,00). 6.4 Em praticamente todos os casos, as contratações diretas (dispensas de seleção pública) foram justificadas com fundamento em situação de emergência (Lei 8.6666/93, art. 24, IV). Via de regra, os coordenadores dos projetos (convênios) solicitam a contratação do serviço ou do fornecimento às vésperas da realização do evento para o qual ela é necessária. Desse modo, o prazo para que se desenvolvam os processos de seleção pública de fornecedores torna-se exíguo, ou mesmo impossível de ser cumprido. No caso de aquisição de passagens aéreas, as fundações informaram que em tempos passados não possuíam infraestrutura técnica especializada para realizar as licitações e que a escolha da empresa contratada foi feita pelo Coordenador do Projeto que efetuava a cotação junto às empresas aéreas, sempre buscado o melhor custo (Evidência 22). Deve ser destacado que a partir de 2015, as passagens aéreas passaram a ser adquiridas de empresa vencedora do Pregão Eletrônico nº 004/2014 - FDMS (Evidência 24).6.5 A relação completa das dispensas, salientando os tempos disponíveis para a realização das contratações, está na Evidência 12. Na Tabela 5 foram selecionadas as dispensas de licitação em que está evidenciado de modo mais emblemático o contexto aqui descrito.

Tabela 5 - Contratações com prazos exíguos entre solicitação e evento a que se destinam

Dispensa Valor Solicitação AutorizaçãoPrimeiro Evento

Prazo em dias Evidência

252/14 70.534,78 17/08/14 18/08/14 26/08/14 9 peça e13, p. 21222/14 17.221,59 13/07/14 14/07/14 15/07/14 2 peça e14, p. 16523/14 21.500,00 23/04/14 23/04/14 05/05/14 12 peça e15, p. 2290/14 139.995,00 20/11/14 2/12/14 9/12/2014 19 peça e16, p. 6930/14 80.000,00 20/05/14 28/05/14 05/06/14 8 peça e17, p. 354/14 29.036,50 15/9/14 27/10/14 29/9/14 14 peça e18, p. 21

Fonte: Documentos referentes aos processos de dispensa de licitação (Evidências 12 a 18)

6.6 Saliente-se que, no entendimento deste Tribunal, os requisitos para a dispensa de licitação, com respaldo no art. 24, IV da Lei 8.666/93, são bastante restritos. Na Decisão 347/1994-TCU-Plenário, o Tribunal ao responder consulta, estabeleceu, como condição para a dispensa, que a ‘situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento ...’. Portanto, o enquadramento feito pela FDMS foi inadequado.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio 782602/2013 - Convênio celebrado com o objetivo de formar em nível de aperfeiçoamento todos os professores que atuam no ciclo de alfabetização, com recursos do MEC (PACTO II).

Convênio 791888/2013 - Convênio celebrado com visando à produção de conhecimento a respeito da atenção básica e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) do país, com recursos do FNS (PMAQ II).

Convênio 811483/2013 - Convênio celebrado pra execução do Projeto Pacto Nacional pela 14

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Alfabetização na Idade Certa - Matemática, com recursos do MEC (PACTO III). Convênio 776530/2012 - Valorização do profissional da atenção básica.

Critérios: Decreto 8.241/2014, art. 26, caput, item II. Lei 8.958/1994, art. 3º.

Evidências: Evidência 13 - Compras diretas - Projeto EAD (Allegro) - Compra direta de passagens aéreas no

Convênio 776530 (EAD); Empresa: Allegro Viagens e Turismo Ltda. (CNPJ: 00.736.458/0001-03).

Evidência 14 - Compras diretas - Projeto PMAQ II (Allegro) - Compra direta de passagens aéreas no Convênio 791888 (PMAQ II); Empresa: Allegro Viagens e Turismo Ltda. (CNPJ: 00.736.458/0001-03).

Evidência 15 - Contratação direta - Projeto PACTO II (Sérgio) - Contratação direta de serviços de organização de logística para eventos no Convênio 782602 (Pacto II); Empresa: Sergio Luis Victoria Barbosa – ME (CNPJ: 12.485.128/0001-71, Captação).

Evidência 16 - Contratação direta - Projeto PACTO III (Sérgio) - Contratação direta de serviços de organização de logística para eventos no Convênio 811483 (Pacto III); Sergio Luis Victoria Barbosa – ME (CNPJ: 12.485.128/0001-71, Captação).

Evidência 17 - Contratação direta - Projeto PACTO II (Fato Singular) - Contratação direta de serviços de organização de logística para eventos no Convênio 782602 (Pacto II); Empresa: Fato Singular Projetos Culturais e Eventos Ltda. (CNPJ: 10.771.976/0001-11).

Evidência 12 - Relação de dispensas - Relação de dispensas. Evidência 18 - Contratação direta - Projeto PACTO III (EBX) - Contratação direta de serviços de

coffee-break no Convênio 811483 (Pacto III); Empresa: E. De Brito de Lemos (CNPJ: 17.829.020/0001-72, EBX).

Evidência 22 - Resposta ao Ofício 8-82/2014 - Ofício FDMS/FAU/FSB-08/2015.Causas da ocorrência do achado:

Falta de planejamento das contratações: entende-se que a principal causa para o excesso de dispensas de licitação é falta de planejamento para as contratações. A Fundação aponta que a principal causa para a falha é o atraso na liberação dos recursos, que dificulta a realização de licitações. Embora isso possa ter ocorrido em alguns casos, não justifica o expressivo volume de dispensas e os prazos diminutos entre a solicitação de contratação e o evento. Uma melhor articulação entre os coordenadores dos projetos e os técnicos da fundação, de forma a estabelecer, logo após a assinatura do convênio, um plano detalhado de contratações, discriminando os tipos de fornecimento que serão necessários, as suas especificações qualitativas e quantitativas, os locais onde deverão ser prestados, as datas prováveis de sua utilização, conforme exige o Decreto 7.423/2010 (art.6º, §1º, IV). Além disso, esse planejamento deve ser revisado permanentemente ante as intercorrências na execução do convênio.Efeitos/Consequências do achado:

Aquisições sem o devido caráter competitivo (efeito potencial) - Dispensas indevidas de procedimentos de seleção pública de fornecedores.Proposta de encaminhamento :

a) No prazo de 15 dias, expeça orientação aos coordenadores dos projetos no sentido de doravante elaborar, de forma articulada com os técnicos das fundações de apoio, tão logo sejam assinados convênios, um plano detalhado de contratações, discriminando os tipos de fornecimento que serão necessários, as suas especificações qualitativas e quantitativas, os locais onde deverão ser prestados, as datas prováveis de sua utilização, de forma a dar cumprimento ao Decreto 7.423/2010 (art.6º, §1º, IV), sem prejuízo da sua revisão permanente com vistas à melhoria do cumprimento dos objetivos do projeto, alertando-os de que a injustificada dispensa de prévio procedimento seletivo de fornecedor em razão de emergência por falta de planejamento, poderá implicar a responsabilização do coordenador do projeto perante este Tribunal.7. Deficiências no acompanhamento e na fiscalização dos projetos pela UfpelClassificação: Falha/impropriedade.

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Situação encontrada: 7.1 Em alguns dos termos de convênio analisados, a exemplo do Convênio 11/2013, identificou-se a existência de indicação para Coordenador, Supervisor e Fiscal. No entanto, não foram constatadas Portarias de Nomeação na quase totalidade dos termos examinados e, em nenhum dos convênios da amostra, havia relatórios de acompanhamento da execução. 7.2 Questionada a administração da Ufpel a respeito, por meio do Ofício de Requisição 6-82/2015, item 4, foi informado que: ‘...não existia na Ufpel a cultura de fiscalização efetiva de convênios, por desconhecimento por parte dos fiscais sobre o papel a ser desempenhado e por uma centralização das ações relativas aos convênios na pessoa do Coordenador dos mesmos’. Para solucionar esse problema, estão estruturando um terceiro núcleo na Coordenação de Convênios: o Núcleo de Fiscalização. Acrescentam que: ‘o núcleo será responsável por fiscalizar a execução dos convênios via SICONV, gestionar os fiscais de convênios, propiciando a criação pela Coordenação de Convênios de materiais de apoio, checklists, acesso aos sistemas, treinamento e acompanhamento da fiscalização e dos fiscais através de seus relatórios e visitas in loco’.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Convênio 782602/2013 - Convênio celebrado com o objetivo de formar em nível de aperfeiçoamento todos os professores que atuam no ciclo de alfabetização, com recursos do MEC (PACTO II).

Convênio 791888/2013 - Convênio celebrado com visando à produção de conhecimento a respeito da atenção básica e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) do país, com recursos do FNS (PMAQ II).

Convênio 792012/2013 - Convênio celebrado com o objetivo de elaborar projeto arquitetônico de reciclagem e requalificação do espaço industrial da antiga fábrica LANEIRA BRASILEIRA S.A.

Convênio 796295/2013 - Convênio celebrado tendo como objeto Estudo e Pesquisa sobre serviços de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar do SUS, com recursos do FNS (PNASS).

Convênio 811483/2013 - Convênio celebrado pra execução do Projeto Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - Matemática, com recursos do MEC (PACTO III).

Convênio 812928/2014 - Convênio celebrado no âmbito do Pacto Nacional pelo Ensino Médio - Realizar um conjunto de ações formativas que visam o fortalecimento da escola pública, integrando iniciativas teóricas e práticas necessárias para o aprimoramento da qualidade da educação no Ensino Médio (PNEM).

Convênio 800820/2014 - Convênio celebrado visando à execução de um projeto para pesquisa sobre Hospitais de Pequeno Porte (HPP).

Convênio 791052/2013 - Convênio celebrado com o objetivo vinculado à recepção, análise das experiências pedagógicas encaminhadas pelos professores do ensino básico brasileiro, contidas na pesquisa de dados contidos nas experiências, e na colaboração da execução do Seminário de entrega da premiação e discussão das propostas vencedoras da 7ª Edição do Prêmio Professores do Brasil (PBB 7).

Contrato 059/2013 - Contrato firmado visando à assessoria técnica em saúde na Produção Leiteira de Base Agroecológica em assentamentos da Reforma Agrária na Região Sul do Brasil (SAÚDE ANIMAL - PRODUÇÃO LEITEIRA).

Critérios: Decreto 6170/2007, art. 6º, § único; art. 6º, caput e inciso I. Decreto 7423/2010, art. 11, § 1º. Lei 8666/1993, art. 58, inciso III; art. 67, § 1º; art. 67, caput. Portaria 507/2011, MPOG e CGU, art. 3º, caput; art. 3º, § 1º; art. 5º, inciso I, alínea a; art. 5º, inciso

II, alínea f; art. 33, caput.Evidências:

Evidência 4 - Resposta ao Oficio 6-82/2015.Causas da ocorrência do achado:

Inexistência de cultura de fiscalização na Universidade - como admitido pela Vice-Reitora em resposta ao Ofício de Requisição 6-82/2015, não existe na Universidade uma cultura de fiscalizar convênios e contratos, bem como não havia um setor especificamente voltado para esta tarefa, nem os

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servidores designados como fiscais tinham capacitação para o exercício de tal função, situação já apontada por ocasião da auditoria realizada nesta Universidade em 2008 e que redundou na determinação do item 9.1.3 do Acórdão 599/2008 - Plenário.Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial) - A falta de acompanhamento na execução dos contratos favorece a ocorrência de irregularidades que apenas serão apreciadas na análise da prestação de contas quando já será tarde demais para corrigir.Proposta de encaminhamento:

a) Assegure que o fiscal de convênio/contrato nomeado por portaria para o acompanhamento da execução dos projetos gerenciados pelas fundações de apoio tenha condições para exercer efetivamente suas funções, cobrando a elaboração dos relatórios de fiscalização que farão parte da prestação de contas, a fim de atender o disposto no inciso IV do artigo 12 do Decreto 7.423/2010.8. Problemas na celebração de contrato com a Fundação Simon BolivarClassificação: Falha/impropriedade.Situação encontrada: 8.1 A Ufpel contratou a Fundação Simon Bolivar para executar o projeto ‘Assessoria Técnica em Saúde na Produção Leiteira de Base Agroecológica em Assentamento da Reforma Agrária na Região Sul do Brasil’. Trata-se de recursos financeiros descentralizados pelo Incra, no valor total de R$ 8.976.044,72, que deveriam ser utilizados essencialmente para a contratação de profissionais (médicos veterinários e técnicos agrícolas) para a prestação de serviços de assistência técnica nos assentamentos da Reforma Agrária.8.2 A partir de solicitação datada de em 23/8/2013 efetuada pelo Prof. Luiz Filipe Damé Schuch, iniciou-se o processo administrativo 23110.006042/2013-35. Desde o início, a proposta versou sobre a contratação da FAU e não da FSB, como se verifica na Solicitação do Projeto (Evidência 11, p. 1). O próprio Presidente da FAU declarou que, tendo em vista o convênio anterior se encontrar em ‘processo de transição de seu instrumento legal’, dispensava a remuneração de custos operacionais (p. 23). Além disso, os pareceres da Procuradoria Jurídica, o parecer da Auditoria Interna e todos os demais despachos no processo, até a assinatura do contrato, bem como as minutas juntadas, trataram da relação com a FAU. Destaque-se que o segundo Parecer Jurídico, nº 213/2013, datado de 17/9/2013 (p. 19 - 22), apontou a ausência de plano de trabalho específico e questionou a própria natureza do objeto, face à possível ausência de nexo entre esse e a função da fundação de apoio, e à vedação de contratação de atividades continuadas ou de objetos genéricos. Já no Segundo Parecer (nº 526/2013, p. 24 - 32), de 14/10/2013, com a análise da minuta de contrato, o Procurador opinou pela celebração do contrato, desde que atendidos os apontamentos elencados, quais sejam: a conformidade com os requisitos legais de regulamentares, a vedação ao pagamento antecipado de recursos e a necessidade de aprovação do projeto básico pelo COCEPE. Após esse Parecer, verifica-se a declaração do Presidente do COCEPE da aprovação do Termo de Contrato em 24/10/2013, quanto ao mérito acadêmico.8.3 Não houve, no seguimento da tramitação do processo, o ingresso dos recursos previstos, conforme despacho do Coordenador de Orçamento da PROPLAN/Ufpel em 2/12/2013 (p. 35), e, em vista disso, a Coordenadora de Material e Patrimônio da PRA/Ufpel anotou que não seria viável a contratação (em 9/12/2013, p. 36). Após isso, sem quaisquer justificativas e análises jurídicas, o Pró-Reitor Administrativo autorizou a utilização de empenhos anteriormente realizados em favor da Fundação Simon Bolivar e não utilizados, relacionados a ajuste anterior - Convênio 08/2012 -, no valor total de R$ 1.989.909,38 (R$ 1.699.649,38 e R$ 290.260,00, em 7/12/2012). A autorização é efetuada para o ‘mesmo credor e mesmo objeto, restringindo-se a alteração do instrumento de celebração (de convênio para contrato)’ (p. 37). Em seguida, já foi juntado o contrato celebrado entre Ufpel e FSB (p. 42-54), com data de 23/12/2013 e vigência até 22/12/2015. O Contrato foi publicado no DOU de 17/2/2014, tendo sido designados os fiscais Henrique Andrade Furtado de Mendonça e Mario Carlos Araújo Meireles por meio da Portaria 511, de 8/5/2014. 8.4 O modo de execução, condicionado ao fato de ter sido escolhido o instrumento contratual, consiste na emissão de notas fiscais pela FSB, com periodicidade mensal, indicando os serviços prestados de ‘Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências sociais e humanas’. Os pagamentos efetuados pela Universidade visam, principalmente, ao custeio da folha dos funcionários contratados pela Fundação de

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Apoio, e os recursos são sempre repassados em data anterior ao pagamento dos salários. Assim, configura-se o repasse antecipado dos recursos, mesmo que sob a aparência de pagamento dos serviços prestados, visto que são sempre garantidos em tempo de a FSB dispor dos mesmos para pagar os funcionários e os bolsistas. Importa mencionar, ainda, que o primeiro repasse, de R$ 14.400,00, foi feito de modo a garantir o início da execução, que ocorreu efetivamente em abril e contemplou apenas pagamento de bolsas no primeiro mês. Antes desse repasse, a conta específica estava com saldo 0 (zero). Ainda para evidenciar a necessidade do repasse antecipado, constatam-se, nas comunicações do Presidente da FSB ao solicitar os recursos da Ufpel, o alerta de que os respectivos pagamentos deveriam ser efetuados a tempo de pagar os funcionários. 8.5 A seguir, listam-se as notas fiscais já emitidas pela FSB até o momento da fiscalização:

Tabela 6 - Notas fiscais emitidas pela FSB por serviços prestados à Ufpel:Data Valor (R$)24/4/2014 14.400,0019/5/2014 109.937,1217/6/2014 135.108,4416/7/2014 132.034,3120/8/2014 131.840,3111/9/2014 137.240,3120/10/2014 128.421,5817/11/2014 126.147,0418/12/2014 124.187,5119/1/2015 183.606,6011/2/2015 156.612,6517/3/2015 160.522,13Total: 1.540.058,00

Fonte: processo administrativo na Ufpel8.6 Na análise da execução financeira, pode ser melhor vislumbrada a necessidade de antecipar os repasses, de forma a garantir o pagamento das despesas pela Fundação de Apoio, como nos exemplos abaixo:

- até maio de 2014: não havia saldo na conta específica- em 9/5 houve o crédito da OB no valor de R$ 14.400,00 para pagar 12 bolsas de R$ 1.200,00; com

base na Nota Fiscal emitida em 24/4 no mesmo valor. No entanto, por não ter saldo para pagamento das taxas bancárias, foi efetuado ‘empréstimo’ de outro projeto no valor de R$ 23,40;

- em 27/5 houve o crédito de outra OB, de R$ 109.937,12, para pagamento da NF de 19/5/2014. Foi repassado para garantir o pagamento da folha, que ocorreu um dia depois - folha de pagamento de R$ 46.040,00 em 29/5, mais pagamento ao INSS de R$ 21.576,60, relativamente a seis médicos veterinários, 11 técnicos agrícolas e um assistente administrativo;

- em 27/6, outra OB de R$ 135.108,44, para a folha de pagamento de R$ 51.429,00 paga 30/6.- em julho não houve crédito de OB (havia saldo suficiente na conta);- em 1º/8 OB de R$ 132.034,31. NF emitida pela FSB no dia 16/7 no mesmo valor, com ateste dos

serviços de 21/7. Pagamento da folha no dia 1º;- em 29/8 outra OB de R$ 131.840,31, folha no dia 29 de R$ 47.347,00. NF em 20/8 sem atesto.

8.7 Foram, assim constatadas diversas irregularidades na celebração e na execução desse ajuste, a seguir descritas, que resultam em vício insanável, o que deverá ser regularizado pela Ufpel, conforme a proposta de encaminhamento:a) a Fundação Simon Bolivar não estava credenciada na data da celebração do contrato, configurando afronta ao art. 2º, inc. III da Lei 8.958/1994. A última Portaria de Credenciamento foi a Portaria Conjunta 2, de 11/1/2011 (Evidência 21, p. 3), vigente até 10/1/2013. Conforme se verifica nas atas do Conselho Universitário, de 18/10/2013 (p. 1 – 2) e do Conselho Deliberativo da FSB, de 1º/10/2013 (p. 4 – 6), o assunto do recredenciamento da Fundação Simon Bolivar estava em pauta, não tendo ocorrido até o momento da realização da fiscalização;

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b) ausência de pareceres jurídicos e técnicos sobre o plano de trabalho e a minuta do contrato, uma vez que toda a análise antecedente à celebração do contrato foi efetuada para uma suposta relação com outra Fundação de Apoio, como já mencionado;c) ausência de plano de trabalho específico para subsidiar a contratação da FSB;d) objeto do Contrato 59/2013 inválido, visto que faz referência ao projeto aprovado no COCEPE em 16/8/2012, relacionado ao convênio anterior, de número 08/2012 (p. 42);e) dispensa de licitação, ratificada pelo Pró-Reitor Administrativo em 5/3/2014 (p. 75), em momento posterior à própria a assinatura do contrato, e com fundamento indevido, baseado no art. 24, XXI, da Lei 8.666/1993 (aquisição de bens e insumos destinados à pesquisa científica e tecnológica);f) como decorrência da utilização do instrumento inadequado (contrato ao invés de convênio), os seguintes itens: inexistência de pesquisa de mercado para avaliar os preços dos serviços prestados; repasse antecipado de recursos, sem observância do processo de liquidação de despesas; e ausência de nexo entre os serviços prestados (assistência técnica) e os objetivos institucionais da Fundação Simon Bolivar. Mesmo que se possa alegar que faz parte dos serviços, num viés ampliado, o apoio a atividades de ensino e extensão supostamente incluídos no projeto em execução, a essência dos serviços é a própria assistência técnica, como se verifica pela análise da execução financeira, que envolve basicamente folha de pagamento dos funcionários contratados.Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 059/2013 - Contrato firmado visando à assessoria técnica em saúde na Produção Leiteira de Base Agroecológica em assentamentos da Reforma Agrária na Região Sul do Brasil (SAÚDE ANIMAL - PRODUÇÃO LEITEIRA).Critérios:

Acórdão 599/2008, Plenário, itens 9.1.1, 9.1.2, 9.1.8. Acórdão 3.559/2014, Plenário, itens 9.6.2.6, 9.6.2.9, 9.6.3. Decreto 7.423/2010, art. 6º, § 2º; art. 6º, caput; art. 6º, § 1º.

Evidências: Evidência 11 - Contrato 059/2013 - FSB - Contrato 059/2013.

Causas da ocorrência do achado: Deficiência dos controles internos - os controles internos e os procedimentos administrativos

deveriam contemplar a impossibilidade de celebrar um termo de contrato quando não estão presentes todos os requisitos exigíveis. No caso em exame, toda os pareceres anteriores à assinatura previam um ajuste como outra fundação de apoio. A solução irregular foi adotada apenas para poder utilizar um recurso relacionado a empenho anterior para o mesmo credor. Trata-se de um subterfúgio que não seria viável caso houvesse os devidos controles internos institucionalizados.Efeitos/Consequências do achado:

Manutenção da situação de fundação de apoio irregular (não credenciada) (efeito real) - o efeito é, em parte e circunstancialmente, atenuado pelo contexto que se observou quanto à administração das fundações de apoio. As três fundações estão sendo administradas em conjunto. Assim, mesmo com a FSB descredenciada, a execução do projeto é efetuada, de fato, pela mesma equipe responsável pelos projetos das outras duas fundações, e a irregularidade se reveste de um aspecto mais formal. Tal ponderação afetou a decisão da equipe pela não aplicação de sanções nesse momento.Proposta de encaminhamento: a) Abstenha-se de prorrogar a vigência do contrato 59/2013, celebrado com a Fundação Simon Bolivar, e que adote as providências necessárias para a constituição do ajuste adequado para a execução do respectivo projeto, observados os requisitos normativos.V. Análise dos comentários dos gestores 10.1 O gestor não encaminhou manifestação, após ter sido enviado o relatório preliminar por meio do Ofício 0611/2015 – SECEX-RS (peça 4). A ciência da comunicação, mediante mensagem de correio eletrônico, consta na peça 6.

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VI. Conclusão 11.1 A partir da definição do escopo do trabalho e aplicação dos procedimentos definidos na elaboração da matriz de planejamento, foram constatados os seguintes achados: existência de contas sem vínculo com projetos formalizados (item IV.1); falta de transparência tanto por parte da Universidade, como de suas fundações de apoio (itens IV.2 e IV.3); deficiências no controle do pagamento de bolsas (item IV.4) e na fiscalização dos projetos (item IV. 7); ausência de plano de desenvolvimento institucional (item IV.5); contratação direta de serviços sem prévio procedimento de seleção pública (item IV.6) e problemas na contratação da Fundação Simon Bolívar (item IV.7).11.2 Os achados acima são em parte decorrentes do fato de que o funcionamento das três fundações de apoio à Ufpel sempre foi como se estas fossem meras prestadoras de serviços demandados pelos docentes/coordenadores. Isso fez com que os trâmites dos projetos fossem feitos com pouco planejamento e de forma pouco sistematizada. O coordenador do projeto centralizava as decisões sobre a destinação e forma de aplicação dos recursos vinculados ao projeto, com baixo grau de participação dos técnicos das fundações e controles deficientes por parte da Universidade. Ou seja, o coordenador indicava o que deveria ser contratado e com quem e à fundação de apoio cabia apenas executar, descaracterizando a natureza de cooperação recíproca inerente ao relacionamento entre universidades e fundações de apoio. A partir da mudança de administração efetuada em setembro de 2014, houve um esforço no sentido de começar a mudar tais práticas. Entretanto, ainda é necessário aperfeiçoar os processos de gestão de convênios e contratos, o que envolve toda uma mudança de cultura, inclusive em relação ao entendimento de que os recursos gerenciados pelas fundações são públicos e não privados, ou seja, se submetem a regras e procedimentos.11.3 Considerando que a transparência é o elemento fundamental para o exercício do controle da sociedade sobre a aplicação de recursos públicos e a utilização da infraestrutura das universidades, a simples divulgação das informações exigidas em lei tem o efeito potencial de coibir irregularidades e contribuir para melhoria da gestão, o que foi tema de parte das determinações propostas, as quais deverão ser monitoradas pela Secex-RS nos prazos estabelecidos. 11.4 Dessa forma, os benefícios esperados desta fiscalização, nos termos do Anexo Único da Portaria SEGECEX 10, de 30 de março de 2012, são: correção de irregularidades ou impropriedades – 42.3, incremento da economia, eficiência, eficácia ou efetividade de órgão ou entidade da administração pública – 42.4 e a expectativa de controle – 66.1.VII. Proposta de encaminhamento12. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:12.1 Determinar à Fundação Universidade Federal de Pelotas, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento interno do TCU:12.1.1 em prazo não superior a 365 dias:12.1.1.1 encerrar as contas bancárias ativas nas Fundações de Apoio, sem correlação com projeto específico aprovado nos termos das normas aplicáveis e sem formalização por meio de convênio ou contrato, por meio de solução conjunta entre a FDMS, a FAU e a FSB e as Unidades Acadêmicas às quais estão vinculados os servidores e docentes que ordenam a movimentação dessas contas, devendo ainda a Universidade alertá-los sobre eventual responsabilização, em caso de continuidade da prática após o prazo estabelecido (item 2 do relatório, seção de Achados de auditoria - instituição de fundos irregulares, em desacordo com: i) a Lei 8.958/1994, art. 3º, § 2º, inciso III e art. 3º-A, inciso I; ii) o Decreto 7.423/2010, art. 6º, § 1º, art. 6º, § 2º e art. 13, inciso II; iii) o Acórdão 3.559/2014, Plenário, item 9.6.2.9; iv) o Acórdão 599/2008, Plenário, item 9.1.9; v) o Acórdão 872/2011, Plenário, itens 9.1.1, 9.2.1, 9.2.4); 12.1.1.2 disponibilizar ao público, no sítio da Ufpel, informações sobre os projetos executados na Universidade, incluindo os apoiados pelas Fundações de Apoio, que contemplem no mínimo o nome do projeto, a indicação da Fundação de Apoio executante, se cabível, a ata do Conselho Superior que aprovou o projeto, o objeto, o plano de trabalho, o valor, o coordenador, o fiscal e o supervisor, indicando as respectivas portarias de nomeação, os recursos humanos envolvidos e respectiva carga horária, os valores das bolsas pagas, identificando o recebedor, se houver, prazo de vigência, relatórios de acompanhamento emitidos pelo fiscal, se prestou contas e se estas foram aprovadas, se houve ressarcimento pelo uso da infraestrutura da Universidade, se houve saldo e qual o destino dado a este (concedente / Universidade) (item 3 do relatório, seção de Achados de Auditoria - não atendimento dos

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requisitos de transparência acerca dos projetos, em desacordo com: i) o Decreto 7.423/2010, art. 12, § 1º, inciso V, art. 12, § 2º; ii) a Lei 12.527/2011, art. 3º, art. 6º, art. 7º, art. 8º, §§ 1º, 2º e 3º; iii) o Decreto 7.724/2012, art. 2º, art. 7º, § 3º, inciso II e art. 8º);12.1.1.3 adotar um sistema informatizado, integrado e centralizado de todos os projetos executados com o apoio das Fundações de Apoio (item 3 do relatório, seção de Achados de auditoria - ausência de registro centralizado dos projetos, não atendendo ao disposto no Decreto 7.423/2010, art. 12, § 2º);12.1.1.4 implementar e aprovar o Plano de Desenvolvimento Institucional, um dos requisitos exigidos para o recredenciamento da IFES e que possibilita o apoio das Fundações aos projetos de desenvolvimento institucional (item 6 do relatório, seção Achados de auditoria - inexistência de Plano de Desenvolvimento Institucional, em desconformidade com o Decreto 5.773/2006, art. 21, caput, inciso II, e a Lei 8.958/1994, art. 1º, § 1º);12.1.2 em prazo a ser informado ao TCU:12.1.2.1 implementar rotinas de controle que garantam a observância das regras sobre as concessões de bolsas e efetuar, em articulação com as fundações de apoio, a avaliação da necessidade e da viabilidade de adequar os contratos de bolsas vigentes às regras estabelecidas na Resolução 02/2015 (item 5 do relatório, seção de Achados de auditoria - deficiências nos controles sobre bolsas no âmbito de projetos executados em parceria com Fundações de Apoio, acarretando eventuais situações de não atendimento dos requisitos estabelecidos no Decreto 7.423/2010, art. 7º e nos normativos editados pelo colegiado superior da Ufpel);12.1.2.2 assegurar que o fiscal de convênio/contrato nomeado por portaria para o acompanhamento da execução dos projetos gerenciados pelas fundações de apoio tenha condições para exercer efetivamente suas funções, cobrando a elaboração dos relatórios de fiscalização que farão parte da prestação de contas, nos termos do disposto no inciso IV do artigo 12 do Decreto 7.423/2010 (item 8 do relatório, seção de Achados de auditoria - deficiências no acompanhamento e na fiscalização dos projetos pela Universidade, em desacordo com: i) o Decreto 7423/2010, art. 11, § 1º: ii) o Decreto 6170/2007, art. 6º, caput e inciso I e § único, art. 58, inciso III, art. 67, caput e § 1º; iii) a Portaria 507/2011, MPOG e CGU, art. 3º, caput e § 1º, art. 5º, inciso I, alínea a, inciso II, alínea f, art. 33, caput;12.1.2.3 abster-se de prorrogar a vigência do contrato 59/2013, celebrado com a Fundação Simon Bolivar, e adotar as providências necessárias para a constituição do ajuste adequado para a execução do respectivo projeto, observados os requisitos normativos (item 9 do relatório, seção Achados de auditoria - impropriedades diversas na celebração de contrato com a Fundação Simon Bolivar, infringindo o disposto no Decreto 7.423/2010, art. 6º, caput e §§ 1º e 2º, Acórdão 3.559/2014, Plenário, itens 9.6.2.6, 9.6.2.9, 9.6.3 e Acórdão 599/2008, Plenário, itens 9.1.1, 9.1.2, 9.1.8);12.1.3 expedir as seguintes orientações às Unidades Acadêmicas e aos coordenadores de projeto, no prazo de 15 dias:12.1.3.1 os coordenadores dos projetos deverão, doravante, elaborar, de forma articulada com os técnicos das fundações de apoio, tão logo sejam assinados convênios, um plano detalhado de contratações, discriminando os tipos de fornecimento que serão necessários, as suas especificações qualitativas e quantitativas, os locais onde deverão ser prestados, as datas prováveis de sua utilização, de forma a dar cumprimento ao Decreto 7.423/2010 (art.6º, §1º, IV), sem prejuízo da sua revisão permanente com vistas à melhoria do cumprimento dos objetivos do projeto, alertando-os de que a injustificada dispensa de prévio procedimento seletivo de fornecedor em razão de emergência por falta de planejamento, poderá implicar a responsabilização do coordenador do projeto perante este Tribunal (item 7 do relatório, seção Achados de auditoria - contratações diretas de serviços pela FDMS sem prévio procedimento de seleção pública, contrariando o disposto no art. 3º da Lei 8.958/1994 e no art. 26, caput, item II do Decreto 8.241/2014);12.1.3.2 somente devem ser iniciados projetos com o apoio das Fundações se os mesmos observarem todos os pressupostos normativos estabelecidos para os projetos dessa natureza e se estiverem formalizados por meio do ajuste devido (convênio ou contrato) (item 2 do relatório, seção Achados de auditoria - instituição de fundos irregulares, contas bancárias ativas nas Fundações de Apoio sem correlação com projeto específico aprovado nos termos das normas aplicáveis e sem formalização por meio de convênio ou contrato, em desacordo com: i) a Lei 8.958/1994, art. 3º, § 2º, inciso III e art. 3º-A, inciso I; ii) o Decreto 7.423/2010, art. 6º, § 1º, art. 6º, § 2º e art. 13, inciso II; iii) o Acórdão 3.559/2014,

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Plenário, item 9.6.2.9; iv) o Acórdão 599/2008, Plenário, item 9.1.9; v) o Acórdão 872/2011, Plenário, itens 9.1.1, 9.2.1, 9.2.4);12.1.4 exigir das suas Fundações de Apoio, considerando o disposto no art. 12, caput, do Decreto 7.423/2010, a adoção das seguintes providências:12.1.4.1 as Fundações de Apoio deverão divulgar, no(s) seu(s) sítio(s) na Internet, as informações exigidas no dispositivo legal mencionado, observando-se que tal divulgação é condicionante para o recredenciamento (item 4 do relatório, seção de Achados de auditoria - não atendimento integral dos requisitos de transparência acerca dos projetos executados, em desacordo com a Lei 8958/1994, art. 2º, § único e art. 4º-A);12.1.4.2 as Fundações de Apoio deverão incluir, nos contratos de bolsas, cláusula estipulando a carga horária alocada ao projeto, bem como a indicação da jornada de trabalho regular e, em caso de docente, da titulação e da forma de vínculo (se é DE, 40 horas ou 20 horas) (item 5 do relatório, seção de Achados de auditoria - deficiências nos controles da Universidade sobre bolsas pagas no âmbito dos projetos, podendo ocorrer pagamentos em desconformidade com os critérios estabelecidos no Decreto 7.423/2010, art. 7º e nos normativos editados pelo colegiado superior da Ufpel);12.1.5 dar ciência à SECEX/RS acerca do cumprimento da deliberação;12.1.6 no prazo de 120 (cento e vinte) dias, encaminhar a este Tribunal plano de ação para implementar as determinações descritas nos itens 12.1.2 e 12.1.4, especificando as medidas adotadas ou planejadas, os respectivos prazos e os responsáveis, ou justificativa sobre eventual decisão de não implementar tais determinações; 12.2 determinar à SECEX/RS que promova o monitoramento da deliberação;12.3 autorizar o arquivamento dos presentes autos após o recebimento do plano de ação objeto do item 12.1.6.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de auditoria realizada na Fundação Universidade Federal de Pelotas – Ufpel com o objetivo de verificar a conformidade dos gastos realizados pelas fundações de apoio Fundação Delfim Mendes Silveira – FDMS, Fundação Simon Bolívar – FSB e Fundação de Apoio Universitário – FAU com recursos repassados por aquela entidade por meio de convênios, contratos e outros ajustes, baseados em projetos de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento institucional. 2. Conforme o relatório da fiscalização, em 2014, a FAU recebeu R$ 46,46 milhões de recursos federais, a FDMS, R$ 1,58 milhão e a FSB, R$ 276 mil. 3. O grande aporte de recursos para a primeira fundação decorre do fato de que atua principalmente na gestão do Hospital Escola da Ufpel. Apesar de a unidade técnica não ter apontado nenhuma irregularidade sobre o assunto, observo que a jurisprudência deste Tribunal é de que é irregular o repasse integral, para fundação de apoio, de recursos do Sistema Único de Saúde – SUS para gestão de hospital universitário.4. A propósito, em auditoria de conformidade realizada para verificar a regularidade na aquisição de materiais farmacológicos, hospitalares e laboratoriais naquele hospital (TC 045.141/2012-6), o Tribunal questionou o contrato 50/2011, firmado com a FAU para prestação de serviços de desenvolvimento e operacionalização dos objetivos e metas do Hospital Escola, no valor total de R$ 247.219.851,60 (peça 34, p. 8). 5. Por meio do acórdão 1.988/2013 – Plenário, foi determinada a audiência dos gestores para que apresentassem justificativas para os indícios de irregularidades identificados, inclusive quanto à possível desconformidade do objeto contratual com o art. 3º da Lei 12.349/2010. Assim, deixo de estender a análise sobre tal matéria neste feito.

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6. Os achados da presente auditoria foram, em suma, os seguintes:a) existência de várias contas bancárias com recursos da Ufpel, mantidas pelas fundações

de apoio, que não estavam vinculadas a projetos específicos da universidade e não possuíam um ajuste formalizado (convênio ou contrato), em desacordo com as normas, em especial o art. 6º, §§ 1º e 2º, do Decreto 7.423/2010 (127 contas com saldo de R$ 2,78 milhões em 2014);

b) inexistência de registro centralizado de projetos na Ufpel e de divulgação desses projetos à comunidade acadêmica e ao público em geral, contrariando o art. 12, § 1º, incisos II e V, e § 2º, do Decreto 7.423/2010 e outros dispositivos da Lei de Acesso à Informação e sua regulamentação;

c) ausência de transparência nas fundações de apoio, com ofensa ao art. 4º-A da Lei 8.958/1994.

d) deficiências dos controles sobre o pagamento de bolsas, propiciando, entre outros problemas, o recebimento, por um docente com dedicação exclusiva, de valores que ultrapassaram o teto remuneratório constitucional e o recebimento, por alguns docentes, de bolsas com valores da hora trabalhada muito superiores aos da remuneração paga pela universidade, em desacordo com o art. 7º, §§ 2º e 4º, do Decreto 7.423/2010;

e) inexistência de plano de desenvolvimento institucional – PDI na Ufpel, contrariando o art. 1º, § 1º, da Lei 8.958/1994 e os arts. 16 e 21, inciso II, do Decreto 5.773/2006;

f) contratação direta de serviços pela FDMS sem prévio procedimento de seleção pública de fornecedores, com inobservância do art. 3º da Lei 8.958/1994 e do art. 26, inciso II, do Decreto 8.241/2014;

g) deficiências no acompanhamento e na fiscalização dos projetos por parte da Ufpel, contrariando, entre outros dispositivos, o art. 3º-A, inciso II, da Lei 8.958/1994 e o art. 12 do Decreto 7.423/2010;

h) problemas na celebração do contrato 59/2013 com a FSB e na execução daquele ajuste:h.1) credenciamento vencido da fundação de apoio na data da assinatura do ajuste,

configurando afronta ao art. 2º, inciso III, da Lei 8.958/1994:h.2) ausência de plano de trabalho específico para subsidiar a contratação, bem como de

pareceres jurídicos e técnicos sobre a avença, uma vez que toda a análise antecedente à sua celebração foi efetuada para uma suposta relação com outra fundação de apoio (FAU);

h.3) possível invalidade do objeto do contrato, por fazer referência ao projeto aprovado no Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão da Ufpel – Cocepe em 16/8/2012, relacionado a convênio anterior (08/2012);

h.4) dispensa de licitação e sua ratificação em momento posterior à própria assinatura do instrumento e com fundamento indevido (art. 24, inciso XXI, da Lei 8.666/1993);

h.5) inexistência de pesquisa de mercado para avaliar os preços dos serviços prestados;h.6) repasse antecipado de recursos, sem observância do processo de liquidação de

despesas; eh.7) ausência de nexo entre os serviços prestados (assistência técnica) e os objetivos

institucionais da fundação de apoio.7. A proposta de encaminhamento da unidade técnica foi de efetuar determinações à Ufpel com vistas a corrigir as falhas identificadas.8. Em que pese a fiscalização ter sido motivada principalmente pela oportunidade de contribuir com o aperfeiçoamento da nova gestão da Ufpel, que assumiu a partir de 2013, considerando o histórico de problemas existentes no relacionamento com fundações de apoio, a equipe de auditoria deparou-se com a permanência desses problemas. Isso mostra que a universidade ainda

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utiliza suas fundações de apoio, como braço administrativo, para execução de atividades que a instituição pública ainda encontra dificuldades em realizar.9. A equipe destacou que a Ufpel permite livre utilização das fundações de apoio sem controle institucionalizado e sem transparência nas ações, o que restringe o controle social sobre a aplicação dos recursos públicos e facilita a ocorrência de irregularidades. 10. O seguinte trecho do relatório de auditoria é elucidativo quanto à situação encontrada:

”11.2 Os achados acima são em parte decorrentes do fato de que o funcionamento das três fundações de apoio à Ufpel sempre foi como se estas fossem meras prestadoras de serviços demandados pelos docentes/coordenadores. Isso fez com que os trâmites dos projetos fossem feitos com pouco planejamento e de forma pouco sistematizada. O coordenador do projeto centralizava as decisões sobre a destinação e forma de aplicação dos recursos vinculados ao projeto, com baixo grau de participação dos técnicos das fundações e controles deficientes por parte da Universidade. Ou seja, o coordenador indicava o que deveria ser contratado e com quem e à fundação de apoio cabia apenas executar, descaracterizando a natureza de cooperação recíproca inerente ao relacionamento entre universidades e fundações de apoio. A partir da mudança de administração efetuada em setembro de 2014, houve um esforço no sentido de começar a mudar tais práticas. Entretanto, ainda é necessário aperfeiçoar os processos de gestão de convênios e contratos, o que envolve toda uma mudança de cultura, inclusive em relação ao entendimento de que os recursos gerenciados pelas fundações são públicos e não privados, ou seja, se submetem a regras e procedimentos.”

11. A situação se torna mais preocupante quando se verifica que parte dos problemas já tinha sido objeto de determinações pretéritas do Tribunal, a exemplo do acórdão 599/2008 – Plenário, que apreciou auditoria efetuada com o objetivo de padronizar o tratamento a ser dado às relações entre a Ufpel e suas fundações de apoio, e do acórdão 872/2011 – Plenário, que tratou do monitoramento das medidas adotadas para cumprir aquela deliberação.12. Entre outras providências, no último acórdão, a Ufpel foi alertada sobre a necessidade de:

“9.2.7. designar fiscais e avaliadores diretamente envolvidos nos projetos executados pelas fundações de apoio;9.2.8. emitir relatórios parciais por parte dos fiscais dos projetos desenvolvidos com as fundações de apoio, consoante cláusulas dos termos de convênio dos projetos executados pelas fundações de apoio;9.2.9. dar cumprimento ao subitem 9.1.7 do Acórdão 599/2008-Plenário, que determina o estabelecimento de rotina para o exame das prestações de contas dos projetos executados pelas fundações de apoio;(...)9.2.11. dar cumprimento ao subitem 9.1.19 do Acórdão 599/2008-Plenário, uma vez que não há comprovação de que está sendo exigida a devolução de saldos de projetos com todas as fundações de apoio com as quais a UFPel mantém relação, caso específico da Fundação Delfim Mendes da Silveira (FDMS);”

13. Posteriormente, por meio do acórdão 4.513/2013 – 2ª Câmara, no processo de monitoramento da deliberação parcialmente transcrita, o Tribunal, mais uma vez, deu ciência à Ufpel da necessidade de efetivar o cumprimento das determinações constantes do acórdão 872/2011 - Plenário.14. Diante desse cenário, é lamentável a demora na adoção das medidas determinadas, que buscaram, essencialmente, garantir a efetividade do controle sobre os recursos repassados. É premente a alteração na cultura da instituição, de forma que passe a fiscalizar efetivamente os convênios e contratos firmados com as fundações de apoio e a atuar para garantir transparência na execução dos projetos de interesse para ensino, pesquisa e/ou desenvolvimento institucional.15. Nesse contexto, espera-se que as medidas recentemente implementadas pela Ufpel com vistas a melhorar o relacionamento avaliado (como a aprovação, em 27/3/2015, da Resolução Consun 02/2015, que normatizou a relação entre a Ufpel e suas fundações de apoio, a celebração de convênios com essas fundações e a concessão de bolsas) surtam os efeitos buscados, bem como que os problemas administrativos vivenciados pelas fundações de apoio (a exemplo da renúncia dos atuais dirigentes – peça 18, p. 5) sejam enfrentados da melhor forma possível.

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16. Apesar da gravidade de algumas ocorrências, em especial daquelas indicadas nas alíneas “a” e “h” do item 6 deste voto, concordo não ser o caso de proceder à responsabilização dos gestores neste feito.17. Segundo a unidade técnica, seria difícil a responsabilização pela falha relacionada à existência de várias contas bancárias com recursos da Ufpel mantidas pelas fundações de apoio (alínea “a”), em decorrência do fato de a situação perdurar há muito tempo, com várias gestões envolvidas. 18. Por existirem contas abertas há mais de 20 anos, quando não havia jurisprudência firmada sobre a natureza pública dos valores arrecadados pelas fundações de apoio com recursos humanos e materiais das universidades, reconheço que não há que se falar em responsabilização das gestões antigas, mas seria possível adotar medidas saneadoras com vistas a aplicar as penalidades cabíveis aos gestores mais recentes, considerando que, conforme mencionado anteriormente, o Tribunal já efetuou determinações à entidade sobre a necessidade de exigir a devolução de saldos de projetos.19. Contudo, a solução proposta pela unidade técnica (concessão de prazo para solução do problema) encontra respaldo, além dos próprios objetivos da auditoria (de avaliar a gestão atual visando contribuir com propostas de aperfeiçoamento) e do contexto de reorganização administrativa das três fundações, na disposição apresentada pela nova gestão de efetivamente resolver a situação, uma vez que, na resposta de ofício de requisição da equipe de auditoria, informou ter ocorrido o encerramento de quatro contas da FAU, quatro contas da FDMS e uma da FSB.20. Em face da informação de que os recursos são, em grande parte, originados da cobrança de taxas de inscrição em cursos e do entendimento do Tribunal de que tais recursos são públicos e devem ser recolhidos à conta única, quando a receita for auferida com a utilização de recursos humanos e materiais das instituições federais de ensino superior, cabe ajustar a redação da determinação para que, quando for o caso, seja efetuada a transferência dos saldos para a referida conta. 21. Em relação às irregularidades na celebração do contrato 59/2013 (alínea “h”), a unidade técnica ponderou que algumas falhas derivam da inadequação do instrumento utilizado (contrato ao invés de convênio) e que o efeito da falha na assinatura de ajuste com fundação não credenciada foi, de certo modo, atenuado por, na prática, as três fundações estarem sendo administradas, em conjunto, por uma mesma equipe (procedimento esse que será revisto pelo fato de a configuração administrativa não ter sido aceita pelo Ministério Público Estadual).22. O contrato questionado tem por objeto a prestação de serviços de apoio na gestão administrativa e financeira necessária à execução do projeto de extensão “Assessoria técnica em saúde na produção leiteira de base agroecológica em assentamentos na reforma agrária na Região Sul” (peça 25, p. 41/54), o que, a princípio, se coaduna com as disposições do art. 1º da Lei 8.958/1994.23. Ademais, serve como atenuante o fato de que, ao que tudo indica, o contrato foi firmado com fundação de apoio distinta da prevista porque a contratação pretendida foi inviabilizada pelo não ingresso de novos recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, tendo sido utilizados empenhos anteriormente realizados em favor da FSB e não utilizados, relacionados a ajuste anterior com objeto semelhante (convênio 08/2012 – peça 25, p. 37). 24. Todavia, a circunstância de o credenciamento da FSB estar vencido na data da assinatura do ajuste, em desacordo com o disposto no art. 2º, inciso III e parágrafo único, da Lei 8.958/1994 (o qual estabelece a necessidade de renovação bienal do credenciamento das fundações de apoio, após manifestação do conselho superior ou órgão competente da instituição federal a ser apoiada quanto ao cumprimento das disposições do art. 4º-A da lei), merece análise mais detida, tendo em vista as disposições da referida lei e, principalmente, do § 3o do art. 3º do Decreto 7.423/2010:

“§ 3o O indeferimento do pedido de renovação do registro e credenciamento ou a expiração da validade do certificado da fundação de apoio precedida por pedido de renovação protocolado fora do prazo previsto no caput impedem a realização de novos projetos com a instituição apoiada, até a obtenção de novo registro e credenciamento.”

25. Sobre o assunto, vale resgatar a seguinte informação constante do relatório de fiscalização:25

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“Em relação à situação atual, a única com credenciamento válido por ocasião da execução da auditoria era a Fundação Delfim Mendes Silveira, cuja Portaria Conjunta 40, de 25/7/2014, renovou o credenciamento por dois anos. A Fundação de Apoio Universitário chegou a ser recredenciada pela Portaria Conjunta 43, de 3/7/2013, no entanto esta foi revogada pela Portaria Conjunta 51, de 3/9/2014. Por sua vez, a Fundação Simon Bolívar não teve sucesso em renovar seu credenciamento, vencido em 10/1/2013.”

26. A situação irregular tem efeito grave porque impede a realização de novos projetos amparados na Lei 8.958/1994, tanto que, por meio do acórdão 3.676/2014 – 2ª Câmara, este Tribunal aplicou multa a gestor por ter firmado acordos quando fundação de apoio não estava devidamente credenciada. 27. Assim, o exame da ocorrência não deve se restringir ao caso específico indicado pela unidade técnica, mas englobar outros ajustes firmados quando a FAU e a FSB estavam sem credenciamento válido. Por essa razão, é oportuno determinar à Secex/RS que aprofunde a análise da questão nas contas da entidade referentes ao exercício de 2014, as quais devem ser apresentadas ao Tribunal de forma individualizada, consoante a Decisão Normativa TCU 140/2014. 28. No mais, concluo pela pertinência de efetuar neste processo, com pequenos ajustes, as determinações propostas, alertando-se à Ufpel que o descumprimento de deliberação do Tribunal ou a reincidência no ato ensejam a aplicação de penalidade ao gestor faltoso, e de monitorar, em momento próprio, as providências a serem implementadas pela Ufpel para cumprimento do acórdão a ser proferido.29. Acrescento, no que diz respeito ao achado indicado na alínea “d” do item 6, que também cabe determinação para que a entidade, se ainda não o fez, adote, com estrita observância ao devido processo legal, as providências para que sejam restituídos os valores pagos ao servidor Luiz Augusto Facchini que ultrapassaram o teto constitucional, na linha do acórdão 2.316/2014 – 2ª Câmara.

Ante o exposto, VOTO por que o colegiado aprove a minuta de acórdão que submeto à sua consideração.

TCU, Sala das Sessões, em 18 de agosto de 2015.

ANA ARRAES Relatora

ACÓRDÃO Nº 5663/2015 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo TC 004.982/2015-0. 2. Grupo I – Classe III – Relatório de Auditoria. 3. Responsável: Mauro Augusto Burkert Del Pino (CPF 338.089.880-53).4. Unidade: Fundação Universidade Federal de Pelotas – Ufpel.5. Relatora: ministra Ana Arraes.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul – Secex/RS.8. Advogado: não há.

9. Acórdão:

VISTA, relatada e discutida esta auditoria realizada na Fundação Universidade Federal de Pelotas – Ufpel com o objetivo de verificar a conformidade dos gastos realizados pelas fundações de

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apoio Fundação Delfim Mendes Silveira – FDMS, Fundação Simon Bolívar – FSB e Fundação de Apoio Universitário – FAU com recursos repassados por aquela entidade por meio de convênios, contratos e outros ajustes.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 2ª Câmara, ante as razões expostas pela relatora e com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 e no art. 250, inciso III, do Regimento Interno, em:

9.1. determinar à Fundação Universidade Federal de Pelotas que:9.1.1. no prazo máximo de um ano, a contar da ciência desta deliberação, adote

providências junto às suas unidades acadêmicas e/ou fundações de apoio com vistas a:9.1.1.1. encerrar contas bancárias ativas mantidas pelas fundações de apoio que não

tenham correlação com projeto específico aprovado nos termos das normas aplicáveis e não sejam objeto de convênio ou contrato firmado e, na hipótese de os recursos terem sido arrecadados com utilização de recursos humanos e materiais da Ufpel, transferir os saldos à conta única do Tesouro Nacional, alertando os servidores e docentes que ordenam a movimentação dessas contas sobre a possibilidade de responsabilização em caso de continuidade da prática desconforme com o ordenamento jurídico (arts. 3º, § 2º, inciso III, e 3º-A, inciso I, da Lei 8.958/1994; arts. 6º, §§ 1º e 2º, e 13, inciso II, do Decreto 7.423/2010) e com a jurisprudência do Tribunal (acórdãos 599/2008 e 872/2011, do Plenário, entre outros);

9.1.1.2. adotar sistema centralizado para controle de todos os projetos executados em parceria com as fundações de apoio (art. 12, § 2º, do Decreto 7.423/2010);

9.1.1.3. tornar disponível ao público, no sítio oficial da Ufpel na Internet, informações sobre os projetos executados na universidade, incluindo os apoiados pelas fundações de apoio, que contemplem, no que for cabível: o nome do projeto; a fundação executante; a ata do Conselho Superior que aprovou o projeto; o objeto; o plano de trabalho; o montante envolvido; o prazo de vigência; o coordenador; o fiscal; o supervisor; os recursos humanos envolvidos e a respectiva carga horária; os beneficiários e os valores pagos, incluindo as bolsas; os relatórios de acompanhamento emitidos pelo fiscal; a prestação de contas e os pareceres/decisões a ela relativos; os valores ressarcidos pelo uso da infraestrutura e outros recursos da universidade; o destino de eventual saldo, entre outros dados previstos nas normas (art. 12, § 1º, incisos II e V, e § 2º, do Decreto 7.423/2010; arts. 3º, 6º, 7º e 8º da Lei 12.527/2011; e arts. 2º, 7º e 8º do Decreto 7.724/2012);

9.1.1.4. aprovar e implementar o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI requerido no art. 1º, § 1º, da Lei 8.958/1994 e nos arts. 16 e 21, inciso II, do Decreto 5.773/2006;

9.1.2. no prazo de 90 (noventa) dias:9.1.2.1. implemente rotinas de controle que garantam a observância das regras sobre as

concessões de bolsas (art. 7º do Decreto 7.423/2010 e normativos editados pelo colegiado superior da universidade) e efetue, em articulação com as fundações de apoio, a avaliação da necessidade e da viabilidade de adequar os contratos de bolsas vigentes às disposições da Resolução Consun 02/2015;

9.1.2.2. adote, com estrita observância ao devido processo legal, as medidas necessárias para que sejam interrompidos eventuais pagamentos de bolsas acima do teto constitucional, bem como para que, após prévia comunicação ao interessado, sejam restituídos ao erário os valores que ultrapassaram o referido marco no caso identificado na presente auditoria (art. 46 da Lei 8.112/1990);

9.1.2.3. assegure que o fiscal de convênio/contrato nomeado por portaria para o acompanhamento da execução dos projetos gerenciados pelas fundações de apoio tenha condições para exercer efetivamente suas funções, cobrando a elaboração dos relatórios de fiscalização que subsidiarão a análise da prestação de contas (arts. 11 e 12, § 1º, inciso IV, do Decreto 7.423/2010);

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9.1.3. abstenha-se de prorrogar a vigência do contrato 59/2013, celebrado com a Fundação Simon Bolívar, salvo na hipótese de serem devidamente regularizadas as falhas observadas na presente auditoria;

9.1.4. no prazo de 15 dias, oriente suas unidades acadêmicas e/ou os coordenadores de projeto quanto à necessidade de:

9.1.4.1. somente iniciar projetos com as fundações de apoio se os mesmos observarem todos os pressupostos legais e normativos e se estiverem formalizados por meio do ajuste devido (convênio ou contrato), atentando que o indeferimento do pedido de renovação do registro e credenciamento ou a expiração da validade do certificado da fundação de apoio impedem a realização de novos projetos com a instituição, a teor do art. 2º, inciso III e parágrafo único, da Lei 8.958/1994 e do § 3o do art. 3º do Decreto 7.423/2010;

9.1.4.2. elaborar, de forma articulada com o pessoal das fundações de apoio, tão logo sejam assinados convênios, plano detalhado de contratações, discriminando os tipos de fornecimento que serão necessários, suas especificações qualitativas e quantitativas, os locais onde deverão ser prestados, as datas prováveis de sua utilização, de forma a dar cumprimento às disposições do art. 6º, §1º, inciso IV, do Decreto 7.423/2010, sem prejuízo de sua revisão permanente com vistas à melhoria do cumprimento dos objetivos do projeto;

9.1.4.3. observar que a injustificada dispensa de prévio procedimento seletivo de fornecedor por falta de planejamento, em desacordo com as disposições do art. 3º da Lei 8.958/1994 e do art. 26, inciso II, do Decreto 8.241/2014, poderá implicar a aplicação das penalidades pertinentes ao responsável por este Tribunal;

9.1.5. em observância ao disposto no art. 12 do Decreto 7.423/2010, passe a exigir das fundações de apoio:

9.1.5.1. a divulgação, nos seus sítios na internet, das informações estabelecidas no art. 4º-A da Lei 8.958/1994, observando-se que o cumprimento desse dispositivo deve ser objeto de manifestação do Conselho Superior quando da renovação do credenciamento de fundação de apoio, nos termos do art. 2º, parágrafo único, da mesma lei;

9.1.5.2. a inclusão, nos contratos de bolsas, de cláusula estipulando a carga horária alocada ao projeto, com indicação, no caso de servidor da universidade, da jornada de trabalho regular do beneficiário e, se docente, da titulação e da forma de vínculo, de forma a propiciar a verificação do cumprimento dos limites máximos fixados e do não comprometimento das atividades regulares do servidor público;

9.1.6. no prazo de 30 dias, encaminhe ao Tribunal informações sobre as medidas adotadas para cumprir as determinações contidas nos subitens anteriores e plano das ações a serem implementadas para atendimento dos subitens 9.1.1 e 9.1.2, com indicação dos responsáveis pelas ações e do cronograma previsto para sua realização;

9.2. alertar à Ufpel que o descumprimento de deliberação do Tribunal ou a reincidência no ato podem ensejar a aplicação de penalidades ao gestor faltoso, conforme art. 58, inciso VII e § 1º, da Lei 8.443/1992, as quais prescindem de audiência prévia (art. 268, § 3º, do Regimento Interno);

9.3. determinar à Secex/RS que:9.3.1. monitore, oportunamente, o cumprimento pela Ufpel desta deliberação;9.3.2. analise, nas contas da Ufpel relativas ao exercício de 2014, a questão referente à

celebração de ajustes com suas fundações de apoio nos termos da Lei 8.958/1994 quando essas fundações não se encontravam com credenciamento válido, adotando as medidas saneadoras pertinentes se verificar que a ocorrência tem potencial de macular a gestão da entidade;

9.4. enviar cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram, à Ufpel e às suas fundações de apoio;

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9.5. arquivar os autos após o recebimento do plano de ações indicado no subitem 9.1.6.

10. Ata n° 28/2015 – 2ª Câmara.11. Data da Sessão: 18/8/2015 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-5663-28/15-2.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Augusto Nardes, Ana Arraes (Relatora) e Vital do Rêgo.13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

(Assinado Eletronicamente)ANA ARRAES

Presidente Relatora

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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