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1 Principais fatores estressores dos profissionais de Enfermagem que atuam em unidades de terapia intensiva FREITAS, S. A. S. OLIVEIRA, B. C. D. RESUMO As unidades de terapia intensiva se apresentam como um local permeado por atividades de grande estresse. O cotidiano deste setor faz com que os profissionais que ali atuam, trabalhem sempre com o inesperado e com a presença constante de pacientes críticos. O objetivo desse estudo foi Identificar quais são os principais fatores estressores da equipe enfermagem dos trabalhadores em unidade de terapia intensiva (UTI). A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de periódicos. As fontes bibliográficas identificadas foram através da Biblioteca Virtual da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, da Biblioteca Virtual em Saúde e da plataforma digital Scielo. Identificou-se que grande parte dos estudos envolve a equipe de enfermagem e os principais fatores estressores foram alta carga de trabalho, ausência de incentivo financeiro, infra-estrutura inadequada. Além desses fatores, destacaram-se ainda, sofrimento e morte, procedimentos de alto risco, confinamento, relação interpessoal, necessidade de atualizações rápidas e precisas, pressão dos familiares dos pacientes. O trabalho em si nas Unidades de Terapia Intensiva provoca estresse ocupacional podendo inclusive ser o fator determinante de desenvolvimento de síndrome de Burnout. Cabe às instituições o desenvolvimento de projetos e prevenção

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Principais fatores estressores dos profissionais de Enfermagem que atuam em unidades de terapia intensiva

FREITAS, S. A. S.OLIVEIRA, B. C. D.

RESUMO

As unidades de terapia intensiva se apresentam como um local permeado por atividades de grande estresse. O cotidiano deste setor faz com que os profissionais que ali atuam, trabalhem sempre com o inesperado e com a presença constante de pacientes críticos. O objetivo desse estudo foi Identificar quais são os principais fatores estressores da equipe enfermagem dos trabalhadores em unidade de terapia intensiva (UTI). A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de periódicos. As fontes bibliográficas identificadas foram através da Biblioteca Virtual da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, da Biblioteca Virtual em Saúde e da plataforma digital Scielo. Identificou-se que grande parte dos estudos envolve a equipe de enfermagem e os principais fatores estressores foram alta carga de trabalho, ausência de incentivo financeiro, infra-estrutura inadequada. Além desses fatores, destacaram-se ainda, sofrimento e morte, procedimentos de alto risco, confinamento, relação interpessoal, necessidade de atualizações rápidas e precisas, pressão dos familiares dos pacientes. O trabalho em si nas Unidades de Terapia Intensiva provoca estresse ocupacional podendo inclusive ser o fator determinante de desenvolvimento de síndrome de Burnout. Cabe às instituições o desenvolvimento de projetos e prevenção dessa síndrome na busca de uma qualidade de vida aos trabalhadores que atuam neste setor.

PALAVRAS-CHAVE: Estresse, Unidade de Terapia Intensiva, Enfermagem,

Burnout.

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ABSTRACT

Intensive care unit is very stressful place to work. Their daily routine is working with constant unexpectedly situations like patients, with bad wounds. The purpose of this study is to identify the Intensive care units employees main stress factors. The methodology used was the bibliographic review of periodicals. Bibliographic sources identified were through the Virtual Library of the Brazilian Society of Intensive Care, the Virtual Health Library and the Scielo digital platform.It was identified that most of the studies involve the nursing team and the stress factors were the amount of hours work, lack of financial incentive and inadequate infrastructure.Beside these factors, there work with constant risk of infection, away of family, no social life, confinement in sectors, need for quick and accurate updates, and patient family pressure. The work itself in the Intensive Care Units causes occupational stress and may even be the determining factor for the development of Burnout syndrome. Institutions should seek for better work conditions for the employees which could prevent this syndrome.

KEY-WORDS: Stress, Intensive Care Unit, Nursing, Burnout.

INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é hoje um setor, onde à assistência

especializada à pacientes críticos é prestada, por profissionais cada vez mais

especializados. Neste setor, recursos humanos e tecnológicos são amplamente

utilizados para a manutenção da vida e recuperação da saúde, e isso se dá de forma

dinâmica, complexa, rompendo barreiras e quebrando dogmas.

O intensivismo é uma especialidade que apresenta um caráter interdisciplinar

voltado para o cuidado da pessoa em estado crítico, de forma ininterrupta, por uma

equipe de profissionais de saúde com treinamento e competências específicas

(PUSH apud MENDONÇA, 2017).

A assistência prestada à pacientes em UTI é bastante polêmica, se de um

lado ela requer intervenções rápidas, de outro, não se tem dúvida de que são

espaços naturalmente mobilizadores de emoções e sentimentos que frequentemente

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se expressam de forma muito intensa. Ser enfermeiro na UTI envolve a realização

de um trabalho permeado por ambiguidades, aspectos gratificantes e limitantes que

estão presentes no seu mundo e na vida (LUZ, 2014).

O termo estresse ganha cada vez mais notoriedade em nossos dias, mais

evidenciado entre profissionais que lidam diretamente com pessoas.

Fatores estressores estão muito presentes em todos os setores do hospital,

inclusive em áreas críticas. A adaptação dos profissionais ao setor e

consequentemente a tudo o que está agregado pode gerar sentimentos que se não

tratados levam ao estresse profissional (SANTOS et al., 2010).

O estresse laboral ou ocupacional trata-se de um processo relacionado aos

aspectos psicossociais do trabalho que advém das relações de trabalho e das

condições patológicas envolvidas nessa relação (MENDONÇA, 2017).

A causa de estresse está relacionada à insatisfação com o trabalho, levando

à despersonalização e à exaustão emocional, em razão de fatores do trabalho, do

ambiente, do relacionamento com a equipe, da pressão da coordenação, dos

conflitos com a vida pessoal e profissional. Assim, o local de trabalho é tido como

ameaça ao profissional, repercutindo na sua vida pessoal e profissional, provocando

demandas emocionais maiores do que pode suportar. (RODRIGUES, 2012).

A enfermagem como profissão é reconhecida há mais de 50 anos e

considerada até então, como uma das mais estressantes. O tema estresse na

enfermagem tem sido amplamente estudado em diferentes contextos da assistência,

mas ainda merece destaque por considerar as peculiaridades presentes na atividade

profissional. (ANDOLHE, 2015).

A síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento profissional é

vista pelo Ministério da Saúde como doença ocupacional onde o desgaste

emocional, a despersonalização, a falta de realização profissional e baixos salários

levam o profissional de saúde ao afastamento de suas atividades para tratamentos

psiquiátricos (BEZERRA; BERESIN, 2009).

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Lautert apud Luz (2014) ressalta que o hospital por se tratar de uma

instituição que visa o cuidado e tratamento de problemas de saúde da população,

imaginava-se que esses locais fossem capazes de oferecer condições adequadas

para o exercício profissional, porém o que se observa são organizações exigentes,

competitivas e burocráticas que acabam massificando os trabalhadores.

OBJETIVO

Identificar quais são os principais fatores estressores da equipe de enfermagem em

Unidades de Terapia Intensiva.

METODOLOGIA

Para sistematizar este artigo optou-se por revisão bibliográfica. Este tipo de

metodologia é importante, pois se apresenta como o ponto inicial de qualquer

pesquisa sendo desenvolvida a partir de livros, artigos, dissertações e teses já

publicadas. Ela permite uma abordagem exploratória, pois aproxima o pesquisador

de fontes seguras e abrangentes de pesquisas já elaboradas (LEVY; ELLIS, 2009).

As fontes bibliográficas identificadas foram através da Biblioteca Virtual da

Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, da Biblioteca Virtual em Saúde e da

plataforma digital Scielo (Scientific Elrtonic Librany Online).

Os descritores constantes no DECS (descritores em ciência da saúde)

utilizados foram estresse, Unidade de Terapia Intensiva, Enfermagem e Burnout.

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Como critério de inclusão, foram selecionados artigos publicados entre o ano

de 2009 a 2017. Foram encontrados 20 artigos que compreendem o contexto geral

dos profissionais da saúde relacionados ao Estresse, Burnout e Unidade de Terapia

Intensiva. Dentre esses 20 artigos, 13 foram selecionados por abrangerem a

proposta especifica do estudo.

Considerações sobre Síndrome de Burnout e estresse laboral

Não há como discorrer sobre estresse laboral e não citar a Síndrome de

Burnout.

A síndrome de Burnout foi descrita em 1974 por Frendenberg, sendo o termo

uma composição de palavras de origem inglesa onde burn (queima) e out (exterior).

Os acometidos por esta síndrome apresentam problemas físicos e emocionais

(SILVA, 2015).

É uma síndrome psicológica, um processo de enfraquecimento decorrente de

um período prolongado de estresse profissional. É uma resposta à tensão crônica

no trabalho gerada a partir do contato direto e excessivo com outras pessoas, devido

à tensão emocional constante, atenção concentrada e grande responsabilidade

profissional (FRANÇA, 2014).

Está geralmente relacionada à prestação de serviços e a vulnerabilidade ao

seu desenvolvimento aumenta quando essa interação envolve uma carga

significativa de responsabilidade, proteção e cuidado com o outro, o que pode ser

percebido na atuação dos profissionais de saúde (TIRONI, 2016).

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Ainda segundo Tironi (2016), com objetivo de estimar a prevalência de

burnout em profissionais de saúde que trabalham em unidades de terapia intensiva

adulto, pediátrica e neonatal realizou uma pesquisa em cinco capitais brasileiras,

onde demonstrou-se que o trabalhador adoece mais por questões vinculadas ao

contexto do trabalho do que por características individuais.

Frustração, tensão e fadiga são sinais que aparecem quando o indivíduo está

esgotado emocionalmente. A despersonificação é marcada pelo desenvolvimento de

sentimentos e atitudes negativas no trabalho, sendo esta uma característica

exclusiva de Burnout (SILVA, 2015).

O estresse relacionado ao trabalho ocorre quando a pessoa interpreta a

situação como que excedendo a capacidade adaptativa; um trabalhador pode

interpretar um trabalho extra como uma ameaça, enquanto outro pode interpretar

como um desafio (LUZ, 2014).

Os principais fatores que desencadeiam o estresse no ambiente laboral estão

relacionados a aspectos da organização, administração, sistema de trabalho, e das

relações interpessoais (SILVA, 2015).

Os fatores de risco para Burnout podem estar relacionados à exposição do

trabalhador a uma diversidade de cargas tanto na esfera física quanto emocional

das quais impactam negativamente na saúde do indivíduo (FRANÇA, 2014).

Ainda segundo França (2014) questões como burocracia, a falta de

autonomia, mudanças organizacionais frequentes, falta de confiança, respeito e

consideração entre membros da equipe, comunicação ineficiente, ambiente físico e

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seus riscos podem ser considerados riscos para o desenvolvimento de doenças

laborais.

Silva (2015) com objetivo de descrever a prevalência da síndrome de burnout

entre trabalhadores de enfermagem de unidades de terapia intensiva, fazendo

associação a aspectos psicossociais, realizou estudo descritivo do tipo seccional,

com 130 trabalhadores de saúde que responderam aos escores de burnout,

apresentando o fator esgotamento emocional alto, com 37,7%, e a suspeição de

burnout foi observada em 55,3% dos indivíduos. Constatou-se então que os fatores

psicossociais estavam envolvidos no surgimento de burnout no grupo estudado.

O método de investigação para Síndrome de Burnout é feito pelo questionário

denominado Malasch Burnout Inventory, que é um escore de 20 questões, que

podem variar sua pontuação de 0 a 100 pontos onde de 0 a 21, define se que não

há indícios de burnout, de 21 a 40 conta-se com a possibilidade de desenvolver

burnout, 41 a 60 pontos, apresenta a fase inicial de burnout, 61 a 80 pontos burnout

onde começa a se instalar, e de 81 a 100 pontos, encontra se a fase considerável de

burnout (JODAS, 2009).

Síndrome de Burnout pode ter consequências físicas e mentais à saúde do

trabalhador dentre elas alterações cardiovasculares, principalmente hipertensão

arterial, fadiga crônica, cefaleias, enxaqueca, úlcera péptica, insônia, dores

musculares ou articulares, ansiedade, depressão, irritabilidade. Pode também

interferir no contexto familiar e social por falta de tempo para se dedicar aos mesmos

(SILVA, 2015).

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Os altos índices de absenteísmo em trabalhadores de UTI justifica-se pelo

estresse, rotatividade de emprego, pelo aumento de condutas violentas e pela

diminuição da qualidade de trabalho (SILVA, 2015).

A síndrome de burnout mostra-se um processo progressivo, com período de

sensibilização de 10 anos de trabalho, está relacionado á atividade profissional e ao

ambiente em que é executado e não à profissão exercida. (JODAS, 2009).

Burnout não é o mesmo que estresse ocupacional, burnout é o resultado de

um prolongado processo de tentativas de lidar com determinadas condições de

estresse. A diferença entre estresse ocupacional e síndrome de Burnout, deve ser

considerada, pois um profissional pode estar sob estresse ocupacional, embora não

manifeste as dimensões de despersonalização e incompetência profissional,

características da síndrome (JODAS, 2009).

Alterações fisiológicas causadas pelo estresse

O estresse é definido como qualquer evento proveniente do ambiente externo

ou interno que excede as fontes de adaptação ou resistência do indivíduo ou

sistema social. Envolve geralmente alterações orgânicas psíquicas principalmente

para o sistema cognitivo na interpretação de diferentes estímulos. A ausência de

estratégias efetivas para a neutralização dos fatores estressores pode desencadear

a Síndrome de Burnout (ANDOLHE, 2015).

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Há associação positiva entre horas perdidas de sono e burnout, o que

provoca distúrbios principalmente gastrointestinais, cardiovasculares, cognitivos,

flutuações de humor, comprometimento do desempenho das atividades pessoais,

sociais e do trabalho, pois diminui a capacidade de concentração e atenção

(ANDOLHE, 2015).

Brunner e Suddart (2015) citam como indicadores de estresse a irritabilidade

geral, hiper excitação ou depressão, fadiga, perda de interesse, ansiedade,

impaciência, gastralgia, distúrbios gástricos e intestinais (diarreia, vômitos),

irregularidade no ciclo menstrual, anorexia, palpitações cardíacas, instabilidade

emocional, incapacidade de concentração, fraqueza ou torpor, tensão, tremores,

tiques nervosos, insônia, tensão muscular, enxaqueca entre outros. Tais sinais e

sintomas podem apresentar-se individualmente ou concomitante.

Alterações do aparelho gastrointestinal como náuseas e diarreia também

podem ser percebidos e é uma das causas de absenteísmo, calafrios, gripes e

resfriados são 50% das alterações observadas. Alterações psicológicas como

ansiedade, insônia, dificuldade de conciliar o sono, irritação, seguidos por angustia,

pesadelo e tensão merecem rápida intervenção, pois afetam diretamente as

atividades laborais. Além disso, problemas músculo esqueléticos como dores

lombares e dores articulares interferem diretamente no trabalhador assistencial, o

que pode afastá-lo por períodos indeterminados se não for tratado a tempo (LUZ,

2014).

O trabalho em turnos e jornadas de trabalho seguidas de um serviço para o

outro são os principais desencadeadores de burnout suas consequências, os baixos

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salários e a necessidade de sustentar os entes, faz com que os profissionais de

saúde se insiram em múltiplos serviços, para as empresas isto não é interessante.

(LUZ, 2014).

Fatores estressores dos trabalhadores de UTI

O estresse é uma reação, com componentes físicos e emocionais, que o

organismo apresenta diante de qualquer situação que represente um desafio maior

(TRÓCOLI, 2009).

É positivo quando se encontra em sua fase inicial onde o indivíduo apresenta

força e vigor para lutar ou para fugir de situações difíceis, porém quando o estresse

é persistente, o indivíduo se cansa em excesso entrando na fase de resistência,

caracterizando-se por sensação de desgaste generalizado, problemas de memória e

dúvidas quanto a si mesmo (TRÓCOLI, 2009).

Na fase de quase exaustão a tensão excede o limite e as doenças começam

a surgir. A fase de exaustão é a mais grave, fase esta que retira o trabalhador do

local de trabalho devido a incapacidade de concentração e da tomada de decisões

sensatas (TRÓCOLI, 2009).

Segundo Andolhe (2015) a maioria dos trabalhadores são mulheres, o que

determinados estudos relatam, que as mulheres são mais susceptíveis ao estresse e

por isso tem uma pré-disponibilidade a uma pior qualidade de vida. As mulheres tem

mais facilidade de expor seus sentimentos que os homens, o que também justifica

maior nível de estresse entre elas.

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Condições de trabalho desfavoráveis e insatisfação com a carreira são fatores

considerados estressores (ANDOLHE, 2015).

Mota (2010) pontua a existência de estímulos estressores pelos profissionais

de enfermagem como, alta carga de trabalho, ausência de incentivo financeiro,

infraestrutura inadequada, a intensa relação com as questões vinculadas ao

processo de morrer; contato direto com a dor e sofrimento, condições de trabalho

inadequadas, cargas exaustivas e consecutivas, risco de infecções, impossibilidade

de vida social, confinamento em setores, necessidade de atualizações rápidas e

precisas, interrupções constantes, pressão dos familiares dos pacientes,

impossibilidade de ouvir os pacientes, pouco ou nenhum retorno afetivo do paciente

e da sua família, São os fatores estressores dos trabalhadores de UTIs e de todos

os trabalhadores do setor de saúde.

Fatores protetores para estresse profissional

A maior parte dos trabalhadores relatou que gosta do trabalho e o apoio de

superiores e colegas são fatores protetores ao estresse e a idade média dos

trabalhadores foi de 37 a 39 anos sendo adultos experientes (ANDOLHE, 2015).

Investimento em melhores condições de trabalho, tanto no que diz respeito ao

provimento de recursos humanos, materiais, organização do processo de trabalho,

significa investir em segurança do paciente (ANDOLHE, 2015).

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Segundo a Organização Internacional do Trabalho, quando o trabalho se

adapta às condições do trabalhador, há favorecimento para a sua saúde física e

mental, desde que os riscos sejam mantidos sob controle. O Horário fixo é um fator

que diminui a chance de o indivíduo apresentar estresse (SILVA, 2015).

Uma das propostas para se evitar Burnout e estresse é a atuação da gestão

na organização do ambiente de trabalho tornando-o mais agradável e democrático,

onde os funcionários possam influenciar na tomada de decisões, a formação de

grupos reflexivos acompanhados por psicólogos (FRANÇA, 2014).

O envolvimento da família é de extrema importância na motivação do

trabalhador. Estudos demonstram que trabalhadores com famílias constituídas

apresentam menor índice de estresse (FRANÇA, 2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identificou-se que os principais fatores estressores dos trabalhadores de

UTIs, são comuns e são em geral relacionados aos processos e recursos

institucionais.

A ausência de estratégias para a neutralização dos fatores estressores e

síndrome de burnout causam um impacto na qualidade da assistência e segurança

do paciente, bem como na saúde dos trabalhadores.

Baixos salários, condições de trabalho inadequadas, cargas exaustivas e

consecutivas, risco de infecções, impossibilidade de vida social, baixa adesão a

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atividades físicas, confinamento em setores, necessidade de atualizações rápidas e

precisas, interrupções constantes, pressão dos familiares dos pacientes,

impossibilidade de ouvir os pacientes, pouco ou nenhum retorno afetivo do paciente

e da sua família, são os fatores estressores dos trabalhadores de UTIs e de todos os

trabalhadores do setor de saúde.

Não foi descrito em nenhum estudo que os trabalhadores estão insatisfeitos

com o tipo de trabalho, mas sim como o trabalho é conduzido e gerido.

Sintomas físicos e psíquicos fazem parte do dia a dia do trabalhador

estressado e o afasta de suas atividades em tempo indeterminado. Muitos acabam

afastados da assistência direta aos pacientes por restrições físicas e psíquicas.

Infere-se que para evitar o estresse bem como a Síndrome de Burnout e

consequentemente o absenteísmo, seria viável a criação de programas de escuta e

gestão participativa, planos financeiros de carreira e gratificações.

Os fatores protetores identificados foram manter um bom relacionamento com

colegas, o reconhecimento profissional, horário de jornada fixo, vínculo familiar

afetivo, competência profissional, autonomia no exercício do trabalho,

reconhecimento financeiro, melhoria na vida social, mudança no estilo de vida.

É importante salientar que os fatores econômicos foram identificados como

estressores, porém não foi o mais relevante, despontando para a necessidade de

valorização pessoal e reconhecimento por terceiros.

A maioria dos trabalhadores tem mais de 10 anos na mesma profissão e são

pessoas que gostam do que fazem, porém esquecem suas próprias necessidades

em detrimento do cuidado ao próximo.

Os achados deste estudo demonstram a necessidade de aprofundar a busca

e conhecimento em estudos sobre Estresse e Burnout no âmbito da Unidade de

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Terapia Intensiva, entre a equipe de enfermagem, objetivando a prevenção a esta

forma de adoecimento e promoção de qualidade de vida a esses profissionais.

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