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283 Na sequência da exposição da colecção egípcia do Museu de História Natural da Univer- sidade do Porto, por ocasião do Centenário da Universidade do Porto, foi organizado um ciclo de conferências comissariadas por Luís Manuel de Araújo, Professor da Universidade de Lisboa. Seguindo-se à publicação do catálogo, também da autoria de Luís Manuel de Araújo, o pro- grama de conferências incidiu sobre aspectos particulares da colecção por forma a chamar a atenção do público para o potencial de investiga- ção que a colecção encerra. A exposição, com mais de 10.000 visitas contabilizadas prova a Em exibição entre 15 de Março e 18 de Maio de 2012, a exposição apresenta ao visitante um olhar sobre o Egipto contemporâneo que de certo modo reactualiza, com um olhar actual, a visão mítica e arquetípica do Egipto como o ponto de partida para uma viagem simbólica de reencontro com as origens. A exposição reúne e articula os contributos de quatro viajantes de diferentes nacionalidades e profissões de modo a reconstituir uma única viagem cujo ponto de partida é o Cairo antigo, imerso numa vivência medieval do espaço e do tempo, para progressivamente se aproximar dos territórios inóspitos do deserto e dessa forma reencontrar as imagens da antiga utopia criada pela multimilenária civilização do Nilo, utopia essa que, em muitos sentidos, merece ainda hoje ser reactualizada. Numa versão mais reduzida, a exposição foi primeiramente exposta no átrio da Biblioteca Central da FLUP, por ocasião da realização do colóquio Alexandria ad Aegyptum, em Outubro de 2010. Resultando da colaboração entre o CITCEM e a Reitoria da Universidade do Porto, a iniciativa contou ainda com o apoio da Biblioteca Central da FLUP, o CPF e o CITCEM. A exposição é acompanhada por visitas guiadas pelos comissários e por Raquel Guerra, cada uma delas seguindo uma óptica distinta, de acordo com diferentes perspectivas: a da egipto- logia (Rogério Sousa), da crítica fotográfica (Maria do Carmo Serén) e da cultura e história contemporâneas (Raquel Guerra). Ainda no âmbito da exposição foi criada uma comuni- dade de leitores repartida em três sessões: 1. Obras literárias egípcias (Os Doces Versos e o «Livro das Origens» – poemas de amor e uma composição religiosa, respectivamente) publi- cados em língua portuguesa; 2. A monumental obra que deu a conhecer o Egipto ao Ocidente, a Description de l’Égypte; 3. O Quarteto de Alexan- dria, de Lawrence Durrel. importância que a mesma tem tido nas come- morações do Centenário da Universidade do Porto e no cartaz cultural da cidade do Porto. Para além do ciclo de conferências, que contou também com a participação de Telo Canhão e de Rogério Sousa, foram ainda realizadas actividades pedagógicas destinadas ao público escolar e o curso livre «A morte e o além no Antigo Egipto», coordenados por Rogério Sousa. A adesão a estas iniciativas foi igualmente representativa, tendo-se criado condições para a fidelização de um público entusiástico pela cultura da antiga Civilização Egípcia. CICLO DE CONFERÊNCIAS «O NÚCLEO EGÍPCIO DA UNIVERSIDADE DO PORTO». 19 JANEIRO-8 MARÇO 2012 ROGÉRIO SOUSA (CITCEM) ALEXANDRE LOURENÇO (REITORIA UP) EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA «DETALHES DA FASCINAÇÃO EGÍPCIA». REITORIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO, 15 MARÇO-18 MAIO 2012 MARIA DO CARMO SERÉN (CITCEM) ROGÉRIO SOUSA (CITCEM) NOTÍCIAS

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Na sequência da exposição da colecçãoegípcia do Museu de História Natural da Univer-sidade do Porto, por ocasião do Centenário daUniversidade do Porto, foi organizado um ciclode conferências comissariadas por Luís Manuelde Araújo, Professor da Universidade de Lisboa.Seguindo-se à publicação do catálogo, tambémda autoria de Luís Manuel de Araújo, o pro-grama de conferências incidiu sobre aspectosparticulares da colecção por forma a chamar aatenção do público para o potencial de investiga-ção que a colecção encerra. A exposição, commais de 10.000 visitas contabilizadas prova a

Em exibição entre 15 de Março e 18 de Maiode 2012, a exposição apresenta ao visitante umolhar sobre o Egipto contemporâneo que decerto modo reactualiza, com um olhar actual, avisão mítica e arquetípica do Egipto como oponto de partida para uma viagem simbólica dereencontro com as origens.

A exposição reúne e articula os contributosde quatro viajantes de diferentes nacionalidadese profissões de modo a reconstituir uma únicaviagem cujo ponto de partida é o Cairo antigo,imerso numa vivência medieval do espaço e dotempo, para progressivamente se aproximar dosterritórios inóspitos do deserto e dessa formareencontrar as imagens da antiga utopia criadapela multimilenária civilização do Nilo, utopiaessa que, em muitos sentidos, merece aindahoje ser reactualizada.

Numa versão mais reduzida, a exposição foiprimeiramente exposta no átrio da BibliotecaCentral da FLUP, por ocasião da realização do

colóquio Alexandria ad Aegyptum, em Outubrode 2010. Resultando da colaboração entre oCITCEM e a Reitoria da Universidade do Porto,a iniciativa contou ainda com o apoio daBiblioteca Central da FLUP, o CPF e o CITCEM.

A exposição é acompanhada por visitasguiadas pelos comissários e por Raquel Guerra,cada uma delas seguindo uma óptica distinta, deacordo com diferentes perspectivas: a da egipto-logia (Rogério Sousa), da crítica fotográfica(Maria do Carmo Serén) e da cultura e históriacontemporâneas (Raquel Guerra). Ainda noâmbito da exposição foi criada uma comuni-dade de leitores repartida em três sessões: 1.Obras literárias egípcias (Os Doces Versos e o«Livro das Origens» – poemas de amor e umacomposição religiosa, respectivamente) publi-cados em língua portuguesa; 2. A monumentalobra que deu a conhecer o Egipto ao Ocidente, aDescription de l’Égypte; 3. O Quarteto de Alexan-dria, de Lawrence Durrel.

importância que a mesma tem tido nas come-morações do Centenário da Universidade doPorto e no cartaz cultural da cidade do Porto.

Para além do ciclo de conferências, quecontou também com a participação de TeloCanhão e de Rogério Sousa, foram aindarealizadas actividades pedagógicas destinadas aopúblico escolar e o curso livre «A morte e o alémno Antigo Egipto», coordenados por RogérioSousa. A adesão a estas iniciativas foi igualmenterepresentativa, tendo-se criado condições para afidelização de um público entusiástico pelacultura da antiga Civilização Egípcia.

CICLO DE CONFERÊNCIAS «O NÚCLEO EGÍPCIO DA UNIVERSIDADEDO PORTO». 19 JANEIRO-8 MARÇO 2012 ROGÉRIO SOUSA (CITCEM)ALEXANDRE LOURENÇO (REITORIA UP)

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA «DETALHES DA FASCINAÇÃO EGÍPCIA».REITORIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO, 15 MARÇO-18 MAIO 2012 MARIA DO CARMO SERÉN (CITCEM)ROGÉRIO SOUSA (CITCEM)

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Na sequência da grande adesão de públicoque gerou a exposição do núcleo egípcio daUniversidade do Porto, foi criado, a título expe-rimental, uma oficina educativa através da coo-peração entre o CITCEM e a Reitoria daUniversidade do Porto. Esta actividade baseia-senuma proposta primeiramente implementadano Serviço Educativo do Museu Nacional Soaresdos Reis. Utilizando os recursos museológicosda Universidade, em exibição na Reitoria, aactividade propõe aos jovens participantes umaautêntica «imersão» numa oficina de mumi-ficação do antigo Egipto, através da qual é viven-ciada a longa sequência de práticas e rituais queconduziam à confecção de uma múmia.

Os alunos, com idades compreendidas entreos 6 e os 15 anos, demonstraram uma grandecuriosidade em relação à civilização egípcia,

Nos passados dias 11 a 14 de Abril de 2012decorreu em Glasgow a nona edição da Euro-pean Social Science History Conference, orga-nizada pelo International Institute of SocialHistory. As instalações da universidade localacolheram os trabalhos dos conferencistas. Semum tema central que norteasse a chamada decomunicações, estas tocaram vários aspectos daHistória como ciência social, tendo, porém, sidoenquadradas em diversas redes temáticas: África,Antiguidade, Ásia, Justiça Criminal, Cultura,Economia, Educação e Infância, Elites, Etnici-dade e Migração, Família e Demografia, Saúde eAmbiente, Trabalho, América Latina, CulturaMaterial e de Consumo, Idade Média, HistóriaOral, Política, Cidadania e Nações, Religião,

Rural, Sexualidade, Desigualdade Social, HistóriaEspacial e Digital, Tecnologia, Teoria, Urbana,Mulher e Género e História Mundial. O eventocontou com a participação de investigadores dediversas nacionalidades, baseados em institui-ções de vários países. O contingente portuguêsfoi também numeroso, nele se incluindo diversosinvestigadores do CITCEM. Gaspar MartinsPereira e Amândio Barros apresentaram umpaper sobre a região do Douro. AlexandraEsteves e Marta Lobo de Araújo expuseram duascomunicações conjuntas sobre as classes desfa-vorecidas de Portugal (dotes de casamento entrecamponeses e dieta alimentar dos pobres). PauloTeodoro de Matos e Norberta Amorim apresen-taram também as suas conclusões sobre os

sobretudo no que aos rituais da morte dizrespeito. Desde a visita à exposição, onde amúmia e o seu sarcófago se revelaram, comoseria de esperar numa actividade dedicada àmumificação, o centro das atenções, até aoworkshop propriamente dito, no qual umvoluntário se prestava à encenação do processode mumificação egípcio, todos participaram deforma activa e entusiástica. O workshop«Mumificarte» foi uma excelente oportunidadede introduzir as crianças e os jovens nascrenças egípcias sobre a morte e o Além que,apesar da sua solenidade, não deixou de oscativar. A actividade ficou completa com a pro-dução de artefactos manufacturados pelospróprios alunos, inspirados nos amuletos quepuderem observar na colecção Egípcia doMuseu de História Natural.

CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

«MUMIFICARTE» – WORKSHOP NO NÚCLEO EGÍPCIO DAUNIVERSIDADE DO PORTO. 2-6 ABRIL 2012ROGÉRIO SOUSA (CITCEM)SARA RODRIGUES (FLUP/LICENCIATURA ARQUEOLOGIA)

9.ª EUROPEAN SOCIAL SCIENCE HISTORY CONFERENCE.GLASGOW, 11-14 DE ABRIL 2012HUGO PEREIRA (CITCEM)

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NOTÍCIAS

desafios à história demográfica nacional dosúltimos 50 anos. Paula Bessa e Cristina Osswaldmostraram numa sessão da rede de Religião oquotidiano e a vivência material em instituiçõesde carácter missionário e monástico. Ana SofiaRibeiro baseou-se na sua recém-defendidadissertação de doutoramento para elaborar umacomunicação sobre a rede de Simon Ruiz numpainel moderado por Amélia Polónia, quepresidiu ainda a duas outras sessões e apresentoutambém uma exposição sobre a mesma temática.Tiago Faria, Flávio Miranda e Marcelo Encar-nação (este último recentemente doutorado)organizaram um painel dedicado às políticas

secretas dos governos ibéricos da Baixa IdadeMédia, que constituem um dos temas de análisedas suas investigações individuais. Por fim,refira-se ainda o trabalho de Hugo SilveiraPereira sobre caminhos-de-ferro portuguesesinspirado num dos capítulos da sua dissertaçãode doutoramento, actualmente em curso (o pro-grama, os resumos e alguns dos textos completospodem ser encontrados em www.iisg.nl/esshc).Em suma, Glasgow e a ESSHC foram palcosprivilegiados para os investigadores do CITCEMmostraram o seu trabalho. Daqui a dois anos,realizar-se-á nova ESSHC, desta feita em Viena.

No passado mês de Abril decorreu, entre osdias 18 e 21, o Congresso Tua sunt domine omniano Salão dos Actos do campus de Humanidadesda Faculdade de Filosofia e Letras da Universi-dade de Oviedo. O evento teve como objectivo acomemoração do 1200.º aniversário do testa-mento do Rey Casto através da apresentação decomunicações que incidissem sobre o tema Lasdonaciones piadosas en el mundo medieval.

O congresso contou com vinte e uma comu-nicações que acercaram sobretudo diversosaspectos dos testamentos da Alta Idade Média eda Idade Média. As diferentes abordagens doshistoriadores aos documentos, em conformi-dade com as suas linhas de investigação,demonstraram novas metodologias àqueles queestudam exaustivamente estas fontes.

A seguir ao acto de abertura, teve lugar acomunicação de Javier Fernández Conde, Pro-fessor Catedrático em História Medieval daUniversidade de Oviedo. Em La Religiosidadmedieval y las donaciones a la Iglesia, FernándezConde reforçou a ideia do carácter supersti-cioso e mágico subjacente às intenções do tes-tador medieval, seguindo a mesma linha da sua

mais recente obra La religiosidad medieval enEspaña (siglos XIV-XV).

A temática das doações pias permitiu aincursão, não só nas fontes, mas também naarquitectura, pintura e joalharia, caso dascomunicações de Alejandro García Álvarez, Laarquitectura religiosa como donación piadosa: laiglesia fundacional del monasterio de Corias, deLorenzo Arias Páramo Claves iconográficas delprograma pictórico de la iglesia de San Julián delos Prados, e a de Cesar García de Castro ValdésSignificados de la orfebrería sacra en la AltaEdad Media: Alfonso II y la cruz de los ángeles deSan Salvador de Oviedo (808), entre outras.

A participação no congresso foi extrema-mente enriquecedora para todos os que usamos testamentos e cartas de doação como fontesdiretas ou indiretas na investigação, indiferen-temente da área de trabalho. Aprenderam-se,também, técnicas para a identificação daalteração de dados nos testamentos através docontributo de David Peterson. Estas alteraçõesforjadas na Idade Média e Baixa Idade Média,resultavam numa grave deturpação doconteudo do documento.

AS DOAÇÕES PIAS NO MUNDO MEDIEVAL NO CONGRESSO TUA SUNT DOMINE OMNIA EM OVIEDO. OVIEDO, 18-21 ABRIL 2012MARTA MIRIAM RAMOS DIAS (CITCEM)

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

Integrado no programa de comemoraçõesdo 110.º aniversário da fundação da Escola deMedicina Tropical de Lisboa, antecessora doatual Instituto de Higiene e Medicina Tropical(IHMT-UNL), bem como no 60.º aniversáriodo I.º Congresso Nacional de Medicina Tropi-cal, decorreu entre 21 e 24 de Abril o I.º Encon-tro Luso-Brasileiro de História da MedicinaTropical, nas instalações do IHMT. A realizaçãodeste encontro coincidiu ainda com a aberturada IV Mostra Museológica intitulada «110 anosde História em Medicina Tropical – Luis Martoe a preservação do património».

Promovido pelo próprio IHMT-UNL, resul-tou de uma organização conjunta entre especia-listas portugueses e brasileiros da História dasCiências, não só do IHMT mas também da Fun-dação Oswaldo Cruz e do Centro Interuniver-sitário de História das Ciências e da Tecnologia(CIUHCT).

De acordo com os responsáveis pela organi-zação, constituiu-se «(…) como um momentoprivilegiado para congregar investigadoresnacionais e estrangeiros de diferentes áreas deinvestigação, de modo a promover uma discus-são tão diversificada quanto possível sobre amedicina tropical nos espaços nacional, coloniale pós-colonial nos séculos XIX e XX, relativa-mente a opções e práticas médicas em Portugal,no Brasil, em África ou na Ásia»1. Com efeito, amedicina tropical acabou por ser o eixo que sus-tentou um largo conjunto de comunicaçõestemáticas que suplementaram as conferênciasplenárias a cargo de Isabel Amaral (CIUHCT),Marcos Cueto (Casa de Oswaldo Cruz), Sanjoy

Bhattacharya (University of York) e Marta Lou-renço (Museu da Ciência/CIUHCT), persona-lidades de particular relevo no tocante à histo-riografia da medicina tropical em diferentescontextos geográficos.

Por seu turno, as 12 sessões preenchidascom as comunicações temáticas articularam-seem torno de 4 vertentes centrais: trópicos emedicinas: conceitos e representações; saberese práticas médicas: histórias e tradições plurais;actores, doenças e instituições; e ainda as polí-ticas internacionais de saúde. Tanto nas sessõesplenárias como nas comunicações em sessõesparalelas, seguiu-se o modelo da apresentaçãoseguida de debate final, moderado por umespecialista, colocando no mesmo plano os tra-balhos de investigadores jovens e seniores, numdiálogo que se mostrou proveitoso e poten-ciador de ensaios futuros.

Privilegiando a história dos saberes bio-médicos e das representações sociais do binó-mio saúde-doença, a maior parte das comuni-cações apresentadas permitiu aquilatar dovolume invulgarmente elevado de trabalhoshistoriográficos em curso e da apetência cres-cente de muitos investigadores face à Históriada Ciência em geral, mas em particular para ahistória das ciências biomédicas, realizada comrecurso a abordagens metodológicas própriasda historiografia, muito para além das tradicio-nais incursões socioprofissionais de cariz iatro-cêntrico.

Talvez a principal lição a tirar para os histo-riadores que participaram neste evento seja ofacto de não poderem negligenciar nemsimplificar uma situação muito mais complexado à partida se poderia supor, ultrapassando asquestões habitualmente associadas ao espíritode racismo científico, estabelecido durante osperíodos de vigência colonial. Não se pode

I.º ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINATROPICAL. INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL,UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA, 21-24 ABRIL 2012RUI MANUEL PINTO COSTA (CITCEM/CEIS20)

1 Cf. SÁ, António; LEONE, Claudia; AMARAL, Isabel; BASSAN,Miran (ed.) – I Encontro Luso-Brasileiro da História daMedicina Tropical. A medicina tropical nos espaçosnacionais, coloniais e pós-coloniais (Séc. XIX-XX). Livro deresumos. [CD] Lisboa: 2012, p. 5.

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desligar a emergência e o investimento reali-zado na medicina tropical sem questionar aspolíticas de exclusão/inclusão, é certo, mastambém sem avaliar corretamente o papel dasempresas privadas, dos poderes públicos, dosesforços de beneméritos, e, também, daspráticas e tradições científicas que permitiramconstruir e densificar um campo de açãocientífica muito específico e complexo.

Para além da presença de vários pesquisa-dores brasileiros da Casa de Oswaldo Cruz(FIOCRUZ), da USP ou da UFRJ, apenas paracitar algumas das muitas universidades ecentros de pesquisa representados, todos osprincipais centros portugueses dedicados aHistória da Ciência estiveram presentes. Noentanto, os que mais presenças marcaramforam o Centro Interuniversitário de Históriadas Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) e oGrupo de Investigação de História e Sociologiada Ciência do Centro de Estudos Interdiscipli-nares do Século XX (CEIS20), ao reunirem umnúmero considerável de comunicações.

Apesar de não dispor da mesma visibilidade

Realizou-se, na Universidade Nova deLisboa, nos dias 18 e 19 de Maio, o I CongressoAnual de História Contemporânea, que sededicou à apresentação de estudos no domínioda História Contemporânea e reuniu interven-ções proferidas por conferencistas convidadose a apresentação de comunicações submetidasatravés de call for papers. Marcando o arranqueda Rede de História Contemporânea, a orga-nização esteve a cargo do Instituto de HistóriaContemporânea (IHC) e do Centro de EstudosInterdisciplinares do Século XX (CEIS20),representados na comissão organizadora porMaria Fernanda Rollo (IHC), Maria Manuela

Tavares Ribeiro (CEIS20), Ana Paula Pires(IHC) e João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20).

O Congresso teve início no dia 18 de Maio,com uma conferência inaugural proferida porEduardo Lourenço, a que se seguiu a mesaredonda dedicada ao tema «Portugal Contem-porâneo. História e Historiografia», com aparticipação de nomes bem conhecidos danossa praça (Miriam Halpern Pereira, Fer-nando Rosas e Luís Reis Torgal, com mode-ração de Joaquim Romero Magalhães e comen-tário de Hipólito de la Torre Gómez).

A seguir à manhã reservada, unicamente, paraestes dois eventos, o Congresso distribuiu-se por

em termos de produção historiográfica notocante à História da Ciência, foi inserido numasessão dedicada aos «Saberes e práticas médicas:histórias e tradições plurais» moderada porMaria de Fátima Nunes (CEHFCi) que o Centrode Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaçoe Memória» (CITCEM) esteve representado,quando Ismael Cerqueira Vieira e Rui ManuelPinto Costa apresentaram uma comunicaçãointitulada «O lugar da Medicina Tropical naescola médica portuense (1877-1923)».

Atendendo ao grande interesse suscitado aolongo do evento, a par das questões que natu-ralmente se levantam e aos novos caminhos depesquisa abertos pela troca de ideias, restadesejar que este seja apenas o primeiro defuturos encontros, onde a visão luso-brasileirase possa ver acrescentada e enriquecida com ainvestigação e os olhares dos trabalhos histo-riográficos provenientes de outros países delíngua oficial portuguesa, tão necessáriosquanto essenciais à construção/reconstruçãode uma História da Medicina Tropical que nãopode nem deve ser unidireccional.

NOTÍCIAS

I CONGRESSO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA. UNIVERSIDADE NOVADE LISBOA, 18-19 MAIO 2012CARLA SEQUEIRA (CITCEM)CLÁUDIA PINTO RIBEIRO (CITCEM)

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

vinte sessões simultâneas: fazer História; socie-dade e trabalho; economia: agentes e atividades;História das relações internacionais; ciência e His-tória da medicina; ensino e investigação; Históriae território; liberalismo, república e republica-nismo; guerra, diplomacia e relações internacio-nais; religião; regimes, poder e propaganda;resistência e oposição; revolução e democracia;violência política; cultura; arte e política cultural;colónias e colonialismo; descolonização e pós-colonialismo. De salientar, dois aspetos de relevo:por um lado, o número de sessões e de investiga-dores envolvidos denota a urgência na realizaçãode um evento deste género, indicando a vitalidadedas unidades de investigação envolvidas e ariqueza deste campo de investigação. Por outrolado, a submissão de centenas de resumosdemonstra o interesse por parte da comunidadecientífica na realização deste Congresso.

A representar o CITCEM (membro da Redede História Contemporânea), estiveram CarlaSequeira, Cláudia Ribeiro e Hugo Silveira Pereira.

Carla Sequeira, com uma comunicaçãointegrada na sessão dedicada à «República eRepublicanismo», reflectiu sobre o percursopolítico de Antão de Carvalho entre 1891--1910, procurando contribuir para a identifica-

ção dos mecanismos de afirmação do republi-canismo em Trás-os-Montes e Alto Douro.

Cláudia Ribeiro, num artigo intitulado«Vinho, café, chá… e cinema!», fez eco daspreocupações de médicos e pedagogos dosprincípios do século XX que, defendendo oCinema como importante aparelho didáctico,se debruçaram sobre estas questões no sentidode contribuir para o aperto da fiscalização daprodução cinematográfica.

Hugo Pereira dissertou sobre os «Factoresestruturantes da rede ferroviária portuguesa(1845-1892)», apresentando alguns factores quepresidiram à configuração da rede ferroviárianacional, com destaque para o papel das com-panhias privadas, a estratégia ferroviária de Espa-nha,a pressão de militares, engenheiros e autorida-des locais, a geografia de Portugal e a sua situaçãofinanceira.

Podemos considerar que o Congresso foium êxito, graças à conjugação de diversos fac-tores: a competência da organização, o con-forto das instalações e, evidentemente, aqualidade e diversidade das apresentações queintegraram este evento que, em breve, estarãodisponíveis em formato de e-book, no sítio doCongresso http://congresso.histcontemp.pt/.

II SEMINÁRIO DOCTORAL MARTÍN DE AZPILICUETA. UNIVERSIDADEDA CANTÁBRIA, 28-29 MAIO 2012RODRIGO DOMÍNGUEZ (BOLSEIRO FCT/CITCEM)

Teve lugar em Santander, Espanha, naFaculdade de Filosofia e Letras da Universidadeda Cantábria, nos dias 28 e 29 de Maio últimos,o II Seminário Doctoral Martín de Azpilicueta,organizado pelo Instituto de Estudos Fiscais deEspanha em parceria com a rede espanholaArca Comunis, que integra projectos de investi-gação em História da Fazenda e Fiscalidadehispânicas (séculos XIII-XVIII) e suas relaçõescom outros modelos europeus.

Com o subtítulo «Sistemas fiscais, poder esociedade na Europa Medieval e Moderna» e

destinado a estudantes de doutoramento de pro-jectos desenvolvidos em Espanha e noutrospaíses acerca desta temática, o seminário recebeo nome do assim chamado Doctor Navarrus(Barásoain, 13/XII/1492 – Roma, 21/VI/1586),um dos mais ilustres representantes do pensa-mento económico espanhol do século XVI.

A primeira edição foi organizada emOutubro de 2011, em Madrid, como parte inte-grante do Congresso Internacional «El alimentodel Estado y la salud de la República: orígenes,estrutura y desarollo del gasto público en

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NOTÍCIAS

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X CONGRESO INTERNACIONAL HISTORIA DE LA CULTURA ESCRITA«ESPACIOS Y FORMAS DE LA ESCRITURA EPISTOLAR EN EL ÁREA ROMÁNICA (SS. XIV A XX)». UNIVERSIDADE DE ALCALÁ, 6-8 JUNHO 2012MARIA INÊS NEMÉSIO (BOLSEIRA FCT/CITCEM)

Europa (siglos XIII-XVIII)». Em 2012, já comvida e agenda próprias e coordenada por JuanAntonio Bonachía Hernando (U. Valladolid),José Ignácio Fortea Pérez (U. Cantábria),Ernesto García Fernández (U. País Basco/ EuskalHerriko Unibertsitatea) e Juan E. GelabertGonzález (U. Cantábria), o evento contou com aparticipação de investigadores de grandes pro-jectos e centros espanhóis (U. Valladolid, CSIC--Barcelona, U. Valência, U. Málaga, U. Cantábria,entre outros) e com uma representação doCITCEM, por intermédio do doutorandoRodrigo da Costa Domínguez, que apresentou acomunicação «Echando la casa por la ventana:Alfonso V de Portugal y las demandas porcrédito público a finales de la Edad Media».

Os trabalhos decorreram em diferentes

Se em 1611, Sebastián de Covarrubiasdefinia no seu Tesoro de la lengua castellana oespañola o conceito de carta como «mensajeríaque se envia al ausente por escrito en cualquiermatéria que sea», dois séculos mais tardeLampedusa afirmava que «algo debe cambiarpara que todo siga igual», indicando, no fundo,que a mudança é a verdadeira promotora daredacção epistolar. Embora as cartas nemsempre tragam boas notícias, a esperança deque assim seja é um tópico secular e recorrentena saudação com que a maioria tem início.Quem escreve espera sempre que o destinatáriose encontre bem e de boa saúde. Além disso,como já afirmavam os clássicos, cada carta nãoé mais do que um «diálogo ou conversaçãoentre ausentes» ditado por circunstânciasdiversas (guerras, prisões, emigração, missõesdiplomáticas, clausura em conventos, entretantas outras que aqui se poderiam citar) nas

quais somente o papel poderá perpetuar arelação entre entes queridos.

Evocando «500 anos de escrita epistolar»,entre os dias 6 e 8 de Junho de 2012 realizou-seem Alcalá de Henares, na Sala de ConferenciasInternacionales do Colegio Mayor de San Ilde-fonso, antigo edifício da Universidad de Alcaláe actual Reitoria da mesma Universidade, o XCongreso Internacional de Historia de la CulturaEscrita, intitulado «Espacios y formas de laescritura epistolar en el Área Románica (ss.XIV A XX)».

Organizado pela Universidad de Alcalá(Grupo de Investigación Lectura, Escritura,Alfabetización [LEA], Seminario Interdis-ciplinar de Estudios sobre a Cultura Escrita[SIECE], Red de Archivos e Investigadores de laEscritura Popular [RedAIEP]); pela UniversitéRennes 2 (Groupe de Recherche et d’études surculture écrite et société [GRECES], Centre

sessões de manhã e de tarde, com apresentaçõespara uma audiência de, no máximo, 15 minutos,que foram seguidas de discussões e debates. Arede pretende, futuramente, disponibilizar omaterial para discussão das comunicações.

A rede Arca Comunis tem como algumas desuas tarefas o ensino e promoção da investiga-ção. Estes seminários são projectados com oduplo objectivo de difundir a reflexão teórica emetodológica de doutorandos e doutoresrecentes interessados na história da tributaçãoe facilitar a troca de opiniões sobre os trabalhosem curso.

Maiores detalhes sobre as edições anteriorese eventos futuros podem ser encontrados noseguinte sítio: <http://www.arcacomunis.uma.es/azpilicueta.php>.

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

d’études des littératures et langues anciennes etmodernes [CELLAM]); pela École des hautesétudes hispaniques et ibériques – Casa Veslás-quez; e pelo Ministerio de Economía y Com-petitividad (Acción Complementaria X Con-greso Internacional de Historia de la CulturaEscrita [HAR2011-14893-E], Proyecto de Inves-tigación Cultura escrita y memoria popular:tipologías, funciones y políticas de conservación(ss. XVI a XX) [HAR2011-25944]), o referidoCongresso ficou marcado pela presença deprofessores e investigadores especialistas naárea, de trajectória reconhecida, provenientesde Espanha, França, Itália e Portugal, acompa-nhados por estudantes de mestrado e doutora-mento que trabalham sobre questões episto-lares de um ponto de vista multidisciplinar.

Em três dias de trabalho foram proferidas 3 conferências, contando com a sessão de abertura em que compareceram o Reitor daUniversidad de Alcalá, Fernando Galván Reula,o Director da Casa Velásquez, Jean-PierreÉtienvre, e os dois Directores do Congresso,Antonio Castillo Gómez (UAH) e ChistineRivalan Guégo (UR 2), e cerca de 36 comuni-cações. Todas elas partilharam os objectivosseguintes: a promoção de um diálogo alargadoentre investigadores da mesma área com o fimde apresentar perspectivas e possibilidades deabordagem diversas, eventualmente direccio-nadas para projectos futuros; e, a exposição dos resultados alcançados ou dos caminhosainda por percorrer no âmbito dos trabalhosem curso.

As grandes linhas de debate distribuiram-sepor 10 painés temáticos, sendo que o critérioadoptado para a constituição dos mesmos nãofoi o cronológico, mas antes o do dialogismoentre temas. Antecedido pela conferência«Pétrarque épistolier et les débuts de lacorrespondance humaniste», em que PhilippeGuérin (Université Paris III) explorou questõesligadas à redacção de cartas familiares e àconversação com os antigos, entre os quaisCícero, «…l’inventeur de l’Humanisme etl’instaurateur d’une discursivité grosse de

potencialités multiples…»1, passando pelaconstrução de autobiografias a partir de umdiscurso inicialmente epistolar, o painel n.º 1 –«La republica epistolar», contou com asintervenções de Consolación Baranda Leturio(UCM), «Las cartas de Francisco López deVillalobos: redes sociales, origen converso ysolidaridad vertical»; Claire Lesage (UR 2), «Lacorrispondenza amorosa e letteraria di MariaSavorgnan e Pietro Bembo: carteggio d’amore(1500-1501)»; e Paolo Tinti (Università diBologna), «Lo spazio della biblioteca nellelettere di Girolamo Tiraboschi (1731-1794)»,moderadas por Francisco M. Gimeno Blay(Universitat de València). O painel n.º 2 – «Pala-bras de poder y contra el poder», coordenadaspor Antonio Castillo Gómez, integrou ascomunicações de Francisco M. Gimeno Blay,«La correspondencia epistolar en el Compro-miso de Caspe (1412); Isabella Lazzarini (Uni-versità degli Studi del Molise), «“Lessicofamiliare”: linguaggi dinastici e reti politichenella comunicazione epistolare delle élites digoverno (Italia, XV secolo)»; Lise Monjarret(UR 2), «La carta como soporte privilegiado deldiscurso panfletario del siglo XVII»; e VandaAnastácio (UL), «Entre líneas. Función eintención en la correspondencia de Dña. MariaAna Victoria de Bourbon (1718-1781)». Noterceiro painel, «Lenguaje epistolar y creaciónliteraria», participaram activamente MariaGioia Tavoni (Università di Bologna), «“Illessico famigliare” di Maria Pascoli dalla suacorrispondenza»; Rita Marquilhas (UL),«Artificios, artefactos y ecofactos en la escriturade cartas»; Claude Le Bigot (UR 2), «¿Para quéla ficción epistolar? Sobre las Cartas deFernando Arrabal»; e Isabelle Pouzet (UR 2),«De la carta al poema: la correspondencia

1 Cf. O epistolário de Cícero, obra que também alcançougrande sucesso na Época Moderna, é uma referência obriga-tória em qualquer ensaio sobre matéria epistolar. Nas suascartas familiares estabeleceram-se não apenas os princípiosdo género que mais tarde viriam a ser perfilhados por varia-díssimos autores, como também se delineou uma estruturasustentada posteriormente, ao longo de muitos séculos.

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Efraín Huerta-Mireya Bravo (1933-1935),sendo que as sessões foram orientadas por PuraFernández do Centro de Ciencias Humanas ySociales – CSIC. Do quarto painel, «Aprender aescribir cartas», dirigido por Stéphane Michon-neau Ehehi da Casa de Velázquez, fizeram parteMonica Ferrari y Federico Piseri (Universitàdegli Studi di Pavia & Università degli Studi diMilano), «Una formazione epistolare: l’educa-zione alla lettera e attraverso la lettera nelle cortiitaliane del Quattrocento»; Alberta Petto Ello(Università di Bologna), «Tra Sette e Ottocentoanche i rampolli dell’aristocrazia di Parmascrivono»; Tiago C. P. dos Reis Miranda (UNL),«Las ediciones del Secretario portuguez deFrancisco José Freire (1745-1823)»; e ChristineRivalan Guégo, «Enseñar a escribir: Carmen deBurgos, “mujer de cartas”». O encerramentodeste primeiro dia ficou assinalado peloconcerto «Antonio Machado: su voz y mirada»,cuja composição musical esteve a cargo dePablo Guiducci e Dante Areal.

Alain Hugon, da Université de Caen, deuinício aos trabalhos programados para osegundo dia com a conferência «Existe-t-il uneécriture diplomatique au Siècle d’or espagnol?»,seguido do painel n.º 5 – «Juegos de cartas»,moderado por Christine Rivalan Guégo, e noqual participaram Jeanne-Marie Cam (UR 2),«Juegos de máscaras, voces e ilusiones: situa-ciones enunciativas enredadas en la epístolapoética del Siglo de Oro»; Bénédicte Coadou(UR 2), «La carta en La Galatea y el Persiles: usoy abismación de la escritura epistolar en doscreaciones de Cervantes; Delphine Hermès (UR2), «Carta de don Francisco de Quevedo sobrecasarse. Hacia unas capitulaciones matrimo-niales entre una rendición de veras y unapetición de burlas»; e Anaïs Gonzalez Suescun(UR 2), «La escritura epistolar en la sección decorrespondencia del periódico infantilChiquilín (1924-1927, Madrid)». O painel n.º 6– «Correspondencia y espiritualidad», centrou--se nas apresentações de Gabriella Zarri(Università degli Studi di Firenze), «La letteramonastica tra uso e abuso: tipologie ed esempi

(sec. XV-XVII)»; Laurey Braguier (UR 2),«Cartas, autonomías y vigilancias de las beatascastellanas en el siglo XVI»; Ricardo Saez (UR2), «Ignacio de Loyola, usos y prácticasepistolares»; María del Val González de la Peña(UAH), «“No sé dejar la pluma”: las cartas deBenedicta Teresa al Conde-Duque de Olivares»,coordenadas por Béatrice Perez (UR 2).Durante a tarde as sessões organizaram-se emtorno de três painéis: painel n.º 7 – «Cartas bajosospecha», orientadas por Rita Marquilhas econstituído por Lodovica Braida (Universitàdegli Studi di Milano), «Libri di lettereall’Indice. Censura, autocensura ed espurga-zione dei testi epistolari nel XVI secolo»;Carmen Serrano Sánchez (UAH), «Secretos ycensuras: las cartas de Pedro López de laCañada»; Verónica Sierra Blas (UAH), «Elpanóptico epistolar. Censura carcelaria yestrategias comunicativas en las prisiones de laguerra y posguerra españolas»; painel n.º 8 –«Correspondencias privadas (I)», dirigido porJames S. Amelang (UAM), e desenvolvido porBéatrice Perez, «Cartas de un mercadersevillano a principios de los tiemposmodernos»; Roberto García Puente y JuanIgnacio Pulido Serrano (UAH), «Lo material einmaterial en la correspondencia de un hombrede negocios del siglo XVI: Simón Ruiz»; eAntonio Castillo Gómez, «Mensajes efímeros.Escribir billetes en el Siglo de Oro hispánico»;painel n.º 9 – «Correspondencias privadas (II)»,moderado por Ricardo Saez, e composto porJosé Miguel Escribano Páez (European Univer-sity Institute, Firenze), «“Amigo y queridoLegasa”». Escribir cartas y mantener redes entrela Corte y la aldea en el siglo XVIII»; ElenaChicharro Crespo (UAH), «Cartas a Miguel deBasterra, Superintendente de las Minas deAlmadén (ss. XVIII-XIX)»; e Juan AntonioYeves (Fundación Lázaro Galdiano, Madrid),«La correspondencia en España en el siglo XIX:cartas íntimas y literatura epistolar». Findos osdebates, todos os participantes jantaramanimadamente no simpático restaurante «LaCúpula», um antigo Convento de Capuchinhos.

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

No terceiro dia assistiu-se à exposição dopainel n.º 10 – «Acontecimientos Epistolares»,coordenado por Verónica Sierra Blas (UAH), eque contou com a colaboração de RocíoSánchez Rubio e Isabel Testón Núñez (UE),«“Quien quiere, tarde olvida”. Cartas privadasde familias extremeñas entre España y Amé-rica, ss. XVI-XVIII»; Zulmira C. Santos (UP),«Cartas de amor em tempo de guerra no séculoXVII: a correspondência de D. Joana de Vas-concellos»; Laura Martínez Martín (UAH),

«Escribir en cadena. Solidaridad y control enlas cartas de los emigrantes»; e GuadalupeAdámez Castro (UAH), «Cartas entre alam-bradas. La organización del correo en loscampos de refugiados españoles durante elprimer exilio (1939-1945)».

Ao encerramento oficial das actividades,em que se programou a publicação das actas doCongresso, seguiu-se um almoço de confra-ternização entre os intervenientes.

Nos dias 26, 27 e 28 de setembro de 2012,teve lugar no Colégio do Espírito Santo da Uni-versidade de Évora o 3.º Encontro Nacional deHistória das Ciências e da Tecnologia, sob otema «Ciência, Crise e Mudança». A tarefa daorganização coube ao Centro de Estudos deHistória e Filosofia da Ciência (CEHFCi), com acoordenação científica e executiva a cargo deMaria de Fátima Nunes e José Pedro Sousa Dias.

Particularmente adequado pela atualidadee oportunidade da temática escolhida, assenta,tal como se encontra expresso no livro deresumos do evento, no facto de «Na situaçãoeconómica e política que hoje vivemos [se]torna[r] particularmente urgente aprofundar oestudo e o debate sobre a interação entre aSociedade, a Ciência e a sua História»1. Paratodos os efeitos, há que reconhecer que existeuma presença cada vez maior do historiador daciência na sociedade, certamente pelo facto jáconhecido da ciência e tecnologia ocuparemum lugar incontornável na resolução dosproblemas, assumindo-se como um dos pilares

mais previsíveis do mundo que sairá do atualmomento de crise.

Com um historial relativamente recente,estes encontros têm vindo a realizar-se desde2009, no seguimento do programa de estímuloà promoção da História da Ciência emPortugal e de valorização do patrimóniocultural e científico nacional, fomentado nesseano pelo MCTES. Organizados de formarotativa por diferentes centros e núcleos dehistoriadores, têm vindo a atrair um númerocrescente de investigadores ligados à Históriadas Ciências, impressão que não é apenasatestada pela opinião da organização dopresente evento, mas também pelo elevadonúmero de comunicações apresentadas nodecorrer dos 3 dias de trabalho.

A conferência de abertura esteve a cargo dobem conhecido historiador da ciência KostasGavroglu (Universidade de Atenas), com obratambém publicada em português2 e cujacarreira se tem desenrolado na esfera inter-nacional. Por seu turno, a conferência deencerramento foi proferida por José Manuel

3.º ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E DATECNOLOGIA, UNIVERSIDADE DE ÉVORA, 26-28 SETEMBRO 2012RUI MANUEL PINTO COSTA (CITCEM/CEIS20)

1 BRANDÃO, José Manuel; NUNES, Maria de Fátima (coord.)– 3.º Encontro Nacional de História das Ciências e daTecnologia. [Livro de resumos]. Casal de Cambra:Caleidoscópio, 2012, p. 5.

2 Cf. GAVROGLU, Kostas – O Passado das Ciências comoHistória. Porto: Porto Editora, 2007.

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NOTÍCIAS

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Sanches Ron, membro da Real AcademiaEspanhola e catedrático de História da Ciênciana Universidade Autónoma de Madrid. Refle-tindo em redor do papel dos historiadores nummomento de crise como o que atualmente sevive, José Sanches Ron não deixou de passar emrevista as questões em torno do poder daciência, da independência dos atores noprocesso da sua construção, apontando ainda adicotomia entre o mediatismo da «Big science»versus o pragmatismo dos resultados obtidospela «Small science».

A crescente diversidade de proveniências dosinvestigadores, maioritariamente afetos avariadíssimos centros portugueses de I&D, nãoretirou o habitual protagonismo daqueles quetradicional e consistentemente têm vindo adesenvolver um maior volume de trabalho emredor da História da Ciência. Referimo-nos,como não poderia deixar de ser, ao Centro deEstudos de História e Filosofia da Ciência(CEHFCi), ao Grupo de Investigação de Históriae Sociologia da Ciência do Centro de EstudosInterdisciplinares do Século XX (CEIS20) e aoCentro Interuniversitário de História dasCiências e da Tecnologia (CIUHCT).

As 126 comunicações apresentadas distri-buíram-se por 18 painéis temáticos, estrutu-rando-se em torno de 8 vertentes principais:História, filosofia e pensamento científico:ideias e polémicas; Políticas científicas, investi-gação, desenvolvimento e modernização; Insti-tuições e agentes da ciência; Ciência, colonia-lismo e impérios; Património, museus, arquivose instrumentos; Medicina, saúde e sociedade;História e ensino da ciência; e ainda Redes,colaboração e internacionalização da ciência.

Como é habitual, as apresentações foramseguidas de um debate moderado por umespecialista. Neste caso, os 20 minutos habi-tualmente previstos para cada comunicaçãoforam reduzidos pela organização a 15. Se estaopção permitiu conferir maior largueza edinâmica aos debates finais, o que foi doagrado de muitos, terá certamente impedido a

explanação mais serena de algumas dascomunicações, quase obrigadas a um exercíciode contrarrelógio. Ressalve-se que o tempopré-determinado pela organização foi adequa-damente comunicado aos participantes emtempo útil, restando saber se esta tendência nosentido de tornar as comunicações mais«telegráficas» não terá consequências noincremento da superficialidade dos trabalhosapresentados.

Incluído na última sessão dedicada às«Redes, colaboração e internacionalização daciência» e moderada por Rita Garnel(CESNOVA – UNL), o Centro de InvestigaçãoTransdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»(CITCEM) foi representado por Rui ManuelPinto Costa e Ismael Cerqueira Vieira, queapresentaram uma comunicação subordinadaao tema «As novas ‘pestes’ em perspetivacomparada: tuberculose e cancro na contem-poraneidade portuguesa».

Aquando da sessão de encerramento dostrabalhos, as palavras de Maria de FátimaNunes traduziram o que era a sensação demuitos dos presentes, ao afirmar que «(…) omundo da História da Ciência em Portugal estáa crescer de uma forma profissional e acadé-mica». Esperando que o próximo encontropermita continuar a dar razão a esta afirmação,o 4.º ENHCT encontra-se já programado para2014, com acolhimento e organização a cargoda Universidade de Aveiro.

Numa altura em que se sente que omomento é propício à afirmação de novoshistoriadores da ciência ainda em processo deformação, e ao reconhecimento de outros comobra publicada, temos plena consciência queno contexto português esta é ainda umadisciplina jovem e plena de potencialidades.Oxalá a própria continuidade da História daCiência e Tecnologia em Portugal não se vejamitigada pelos ventos da «Crise», e que a«Ciência» continue a fazer parte do tãodesejado processo de «Mudança».

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

Nos dias 18 e 19 de Outubro de 2012, tevelugar na Faculdade de Farmácia da Universi-dade de Coimbra o 1.º Congresso Internacio-nal de História Interdisciplinar da Saúde (1.ºCIHIS). A organização foi partilhada entre oparticularmente prolífico e bem conhecidoGrupo de História e Sociologia da Ciência e daTecnologia do Centro de Estudos Interdiscipli-nares do Século XX da Universidade deCoimbra (CEIS20), e a Sociedade de HistóriaInterdisciplinar da Saúde (SHIS). Por seuturno, a organização do simpósio que decorreuinserido no segundo dia do congresso, teve acolaboração do Grupo de InvestigaciónHispano-Luso en História de la Poliomielitis yel Síndrome Post-Polio. A coordenação doevento esteve a cargo de João Rui Pita e AnaLeonor Pereira (CEIS20).

Realizado num contexto em que a históriada saúde se apresenta «… cada vez mais, décadaapós década, como um universo temáticomuito vasto e interdisciplinar», enriquecidacom um manancial crescente de contributospor parte das ciências sociais e humanas, ajanela cronológica escolhida pelos organiza-dores privilegiou a época contemporânea, porentenderem que entre os finais do século XVIIIe o término do século XX «… a rede inter-disciplinar e multiprofissional da saúde foi-seestabelecendo com uma malha cada vez maiscomplexa, independentemente das históriasparticulares dos serviços públicos e privados desaúde»1. Conscientemente assumidas, estasvisões espartilhadas entendem-se pelo facto decontinuar a ser necessário providenciar campode manobra suficiente aos que se dedicam a

temáticas mais periféricas ou ultra-focalizadas,sem que no entanto se percam de vista asnecessárias e norteadoras visões de conjunto.

E se a interdisciplinaridade foi a tónica, ainternacionalização do evento esteve garantidapela presença de investigadores provenientesnão só de Portugal (e muito particularmenteda Universidade de Coimbra como seria deesperar), mas também de Espanha, Brasil,Argentina, França e Polónia. Os principaistópicos abordados assentaram sobretudo nasrelações entre a Farmácia, o Direito, a Medi-cina, a Saúde Pública, a Psiquiatria e a Polio-mielite, incluindo ainda as biografias de profis-sionais de saúde e da indústria farmacêutica, asbibliotecas e os arquivos. A qualidade da orga-nização, aliada à presença de conferencistasconvidados de renome e com larga experiêncianas suas áreas particulares de investigação,definiu à partida o que seria normal esperar nodecorrer dos dois dias de trabalhos.

José Luis Valverde (Cátedra Jean Monnet daEU, Universidade de Granada), abriu o con-gresso com uma conferência plenária dedicadaaos problemas metodológicos da História dasCiências da Saúde. A de encerramento foi pro-ferida por António Carreras (Universidade deSalamanca) versando o processo de medicali-zação progressiva a que foi sujeita a sociedademoderna, reportando-se em particular ao casoda psiquiatria. As demais conferências plená-rias estiveram a cargo de Manuel Curado(Universidade do Minho), Lucília Nunes(Instituto Politécnico de Setúbal) e LaurindaAbreu (Universidade de Évora).

Intitulado «Cambiando perspectivas: insti-tuciones, profesionales y pacientes frente a lapoliomielitis en la Península Ibérica», o sim-pósio que teve lugar no dia 19 contou com 5intervenções de vários investigadores espanhóis

1.º CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA INTERDISCIPLINAR DASAÚDE, FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA,18-19 OUTUBRO 2012RUI MANUEL PINTO COSTA (CITCEM/CEIS20)

1 PITA, João Rui; PEREIRA, Ana Leonor (Coords.) – Livro deResumos – I Congresso Internacional de História Inter-disciplinar da Saúde. Coimbra: CEIS20-Grupo de História eSociologia da Ciência e da Tecnologia/SHIS, 2012, p. 3.

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normas de publicação

e portugueses, da responsabilidade do Grupo deInvestigación Hispano-Luso en História de laPoliomielitis y el Síndrome Post-Polio.

As demais 28 comunicações orais distribuí-ram-se por 7 sessões, tendo-se seguido o habi-tual modelo de debate final moderado por umespecialista. Como vem sendo costume encon-trar noutros eventos semelhantes, também aquias comunicações seguiram um modelo deapresentação mais reduzido, circunscrito a 15minutos, seguindo-se mais 5 dedicados àdiscussão. As apresentações em formato posterreuniram um total de 13 comunicações.

A participação do Centro de InvestigaçãoTransdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»(CITCEM) fez-se por Rui Manuel Pinto Costaque apresentou uma comunicação intitulada«Anastácio da Nóbrega: a cirurgia do cancro damama na obra de um tradutor esquecido»,numa sessão moderada por Manuel Correia(CEIS20). De notar ainda a participação deNuno Bessa Moreira, doutorando em Históriana Faculdade de Letras da Universidade doPorto (FLUP), que apresentou «Subsídios para

a compreensão das práticas historiográficas deMaximiano de Lemos e Tiago de Almeida»,numa sessão moderada por Romero Bandeira(ICBAS, CEIS20).

De acordo com as palavras de Ana LeonorPereira, proferidas ainda no primeiro dia docongresso, perspetiva-se já o 2.º CIHIS,antevendo-se que tome lugar em meados de2013. Desta feita, adivinha-se que a principalênfase temática seja colocada nas questões queenformam as metodologias utilizadas noprocesso de construção da historiografia daciência. A presença de um número expressivode alunos em fase de pós-graduação assim oparece determinar, e esperamos apenas que ainauguração deste evento se continue aprojetar no futuro, pleno de vida longa econtributos frutuosos.

Quem sabe, e se for essa a intenção dosorganizadores, porque não pensar em torná-lonum evento de pendor transnacional ouitinerante, internacionalizando-o ainda mais efazendo-o percorrer outras universidades daeuropa e do mundo?

Um novo curso de temática egiptológica foiintroduzido no programa da UniversidadeJúnior da Universidade do Porto. Coordenadopela equipa constituída por Maria LuísaMalato, Isabel Pereira Leite e Rogério Sousa, ocurso, que decorrerá em Julho de 2012, integra--se nas actividades de divulgação científicaproporcionada pela nova linha de investigação«Morte, mitos e utopias» do CITCEM.Destinada ao público escolar do ensino secun-

dário, a iniciativa foi definida como umaintrodução ao universo da morte no antigoEgipto, permitindo a compreensão do simbo-lismo dos amuletos, uma breve iniciação àescrita hieroglífica, à literatura mágica do Aléme à mumificação. O projecto visa também oestreito contacto com a colecção egípcia daUniversidade do Porto e conta ainda com acolaboração da equipa de curadores da Reitoriada Universidade do Porto.

JÁ TENS ONDE CAIR MORTO?VERÃO EM PROJECTO NA UNIVERSIDADE JÚNIOR 2012 DA UNIVERSIDADE DO PORTOROGÉRIO SOUSA (CITCEM)

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

Integrado no grupo de investigação «Memó-ria, Património e Construção de Identidades»,este novo projecto pretende incentivar osestudos multidisciplinares em torno dosespaços e das práticas funerárias resultantes daarticulação de disciplinas diversas como aarqueologia, a história da arte, a história dasreligiões, a história económica e social, asociologia ou a psicologia.

Pretende-se assim contribuir para enrique-cer a compreensão do património construído,nomeadamente dos espaços funerários, esti-mulando a identificação de genealogias deimagens, práticas e discursos, assim como aidentificação do seu dinamismo económico--social e o seu impacto na vida das comuni-dades locais.

Call for papers:A Rede de História Contemporânea, cons-

tituída por diversos centros de investigação, vairealizar o II Congresso Anual de HistóriaContemporânea, nos dias 16 a 18 de Maio de2013, na Universidade de Évora.

De acordo com os objectivos da Rede deHistória Contemporânea, o Congresso pre-tende proporcionar um espaço de debatecientífico aberto a todos os investigadores deHistória Contemporânea, promover a divulga-ção de novos estudos nesta área, em particularde jovens investigadores, e reforçar a coopera-ção entre os diversos centros de investigação.Além da apresentação de comunicações sub-metidas através deste call for papers, o Con-

gresso incluirá, também, intervenções proferi-das por conferencistas convidados.

Apela-se à participação dos investigadoresde História Contemporânea, através dasubmissão de propostas de comunicações aoCongresso, nos prazos e normas fixadas nestecall for papers.

Línguas do Congresso:Português, Inglês, Francês e Espanhol.

Prazos e normas de submissão de propostas//comunicações:Submissão de propostas:

Data-limite: 31 de Outubro de 2012 a 31 deJaneiro de 2013

O projecto possui objectivos específicos:1. Estudar o impacto das representações da

morte na vida material, social e econó-mica das populações, desde a Antigui-dade até aos nossos dias.

2. Estimular o cruzamento de dados icono-gráficos com as fontes literárias correspon-dentes, bem como estimular o estudo com-parativo de tradições culturais distintas.

3. A linha de investigação enquadra-se nosobjectivos do CITCEM sobretudo no quetoca à promoção de acções de extensãocultural, em particular na região Norte,com vista à valorização do território e dopatrimónio regional, bem como a inte-gração na investigação de estudantes depós-graduação.

MORTE, MITOS E UTOPIAS.UM NOVO PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO NO CITCEM ROGÉRIO SOUSA (CITCEM)

II CONGRESSO ANUAL DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEAUNIVERSIDADE DE ÉVORA / COLÉGIO DO ESPÍRITO SANTO16-18 DE MAIO DE 2013

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normas de publicação

A proposta deverá conter título dacomunicação, resumo (máx. 500 palavras),currículo breve (máx. 300 palavras)

A comunicação dos resultados da aceitaçãode propostas será feita até 15 de Março de 2013

Entrega dos textos integrais das comunicações: Data-limite: 30 de Abril de 2013Os textos integrais das comunicações nãodeverão ultrapassar as 3.000 palavras

Centros que integram a Rede de HistóriaContemporânea:

Centro de Estudos de História Contempo-rânea Portuguesa (CEHCP) / Instituto Univer-sitário de Lisboa

Centro de Estudos de História e Filosofia daCiência (CEHFCi) / Universidade de Évora

Centro de Estudos de História Religiosa(CEHR) / Universidade Católica Portuguesa

Centro de Estudos Interdisciplinares doSéculo XX (CEIS20) / Universidade de Coimbra

Centro de Investigação TransdisciplinarCultura, Espaço e Memória (CITCEM) / Facul-dade de Letras da Universidade do Porto / Uni-versidade do Minho

Gabinete de História Económica e Social(GHES) / Instituto Superior de EconomiaGestão da Universidade Técnica de Lisboa

Instituto de História Contemporânea(IHC) / Faculdade de Ciências Sociais e Huma-nas da Universidade Nova de Lisboa

Centros responsáveis pela organização do IICongresso Anual de História Contemporânea:

Centro de Estudos de História e Filosofia daCiência (CEHFCi) / Universidade de Évora

Centro de Investigação TransdisciplinarCultura, Espaço e Memória (CITCEM) /Faculdade de Letras da Universidade do Porto /Universidade do Minho

Comissão Organizadora:Maria de Fátima Nunes (Centro de Estudos deHistória e Filosofia da Ciência)Gaspar Martins Pereira (CITCEM)José Pedro Sousa Dias (Centro de Estudos deHistória e Filosofia da Ciência)Luís Alberto Alves (CITCEM)

Contactos:Centro de Estudos de História e Filosofia daCiência (CEHFCi)Universidade de Évora – Palácio VimiosoSecretariado: Marco CardosoEmail: [email protected]: 266 706 581

Teses de Mestrado:

António Gonçalves – «Estudo Demográfico deuma comunidade rural de Guimarães:Santa Maria de Vila Nova das Infantas(1640-1840)». Mestrado em História, ICS--UM. Orientador: Carlota Santos.

Bruno Alexandre Mareca Lopes – «Da investi-gação à valorização do património histó-rico local: comissários e familiares do SantoOfício em Arraiolos nos séculos XVII e

XVIII». Mestrado: Gestão e Valorização doPatrimónio Cultural – Ramo de Patrimó-nio Artístico e História da Arte. Universi-dade de Évora. Orientador: Antónia FialhoConde e Fernanda Olival.

Bruno Leal Correia da Fonseca – «O Gabinetede Negócios Políticos do Ministério doUltramar e o Congo ex-Belga (1960-65).Mestrado em História, UM. Orientador:Francisco Manuel Azevedo Mendes.

Bruno Miguel Cunha Henriques – «A regene-

TESES DEFENDIDAS POR INVESTIGADORES DO CITCEM EM 2012

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CEM N.º 3/ Cultura,ESPAÇO & MEMÓRIA

ração da raça portuguesa no pensamentode António Mendes Correia. História. Antro-pologia. Eugenia. Política. (1910-1960).Mestrado em História Contemporânea,FLUP. Orientador: Jorge Alves.

Carla Alexandra Monteiro Azevedo – «A Meto-dologia de Inventariação de D. Jerónimo,Contador de Argote». Mestrado em Arqueo-logia, FLUP. Orientador: Armando Coelhoda Silva.

Carla Sofia Fernandes Xavier – «Limites mate-riais da paisagem. Os caminhos e as pro-priedades de Mire de Tibães (séculos XVIIIa XXI)». Mestrado em História, UM. Orien-tador: Francisco Azevedo Mendes; co--orientador: Helena Paula de Abreu Car-valho.

Delminda Maria Miguéns Rijo – «A Repre-sentação de Santa Justa nos Róis de Con-fessados (1693-1702)». Mestrado em Histó-ria Moderna e dos Descobrimentos, Facul-dade de Ciências Sociais e Humanas daUniversidade Nova de Lisboa. Orientador:João Alves Dias.

Gonçalo da Cruz – «Oppidiação, Urbanismo eRomanização nos castros no Noroeste Por-tuguês. A Citânia de Briteiros como caso deestudo». Mestrado em Arqueologia, UM.Orientador: Maria Manuela Martins.

João da Silva Torres Lima – «MOJAF – Movi-mento Juvenil de Ajuda Fraterna». Mes-trado em História Contemporânea, FLUP.Orientador: Gaspar Martins Pereira.

Teses de Doutoramento:

Ana Cecília Machado da Costa (Bolseira FCT)– «A influência de S. Francisco de Sales navida devota em Portugal». Doutoramentoem Literaturas e Culturas Românicas,FLUP. Orientador: Zulmira Santos.

André Evangelista Marques (Bolseiro FCT) –«Paisagem e Povoamento: da representaçãodocumental à materialidade do espaço noterritório da diocese de Braga (sécs. IX-XI)».

Doutoramento em História, FLUP. Orien-tador: Luís Amaral.

Ângela Ferreira Campos – «Silence and shame?An oral history of the Portuguese ColonialWar (1961-1974)». Doutoramento em Histó-ria, University of Sussex, Brighton, Inglaterra.

António Francisco Dantas Barbosa – «Asfestividades nas confrarias dos séculos XVIIe XVIII em Ponte de Lima». Doutoramentoem História Moderna, UM. Orientador:Maria Marta Lobo de Araújo.

António Manuel dos Santos Pinto da Silva –«PORTUCALE e os CALLAICI. Um lugar eum povo na origem de duas nações (Territó-rios e comunidades na foz do rio Douro entrea Proto-história e a Romanidade)». Douto-ramento em Arqueoloxía, Historia da Anti-guidade e Ciencias e Técnicas Historiográ-ficas, Universidade de Santiago de Compos-tela. Orientador: Gerardo Pereira Menaut.

César Augusto Miranda de Freitas (BolseiroFCT) – «Alexandre de Gusmão: da litera-tura jesuíta de intervenção social». Douto-ramento em Literaturas e Culturas Româ-nicas, FLUP. Orientador: Zulmira Santos.

Cidália Maria Baptista Dinis – «Edição Críticae estudo da obra de Francisco de Vascon-celos Coutinho». Doutoramento em Litera-turas e Culturas Românicas, FLUP Orienta-dor: Francisco José de Jesus Topa.

Cláudio André Neves Amaral (Bolseiro FCT) –«Energia, Modernidade Social e Desenvol-vimento Económico: A Electrificação doConcelho de Matosinhos (1890-1970)».Doutoramento em História, FLUP. Orien-tador: Jorge Fernando Alves.

Cristiana Sofia Monteiro dos Santos Pires –«Edição crítico-genética de «PrimeirosVersos» de António Nobre». Doutoramentoem Crítica Textual e Crítica Genética, FLUP.Orientador: Maria João Reynaud.

Elsa Maria Gomes da Silva Pereira – «Ediçãocrítica e estudo das obras de João Penha».Doutoramento em Literaturas e CulturasRomânica, FLUP. Orientador: FranciscoJosé de Jesus Topa.

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Flávio Miranda (Bolseiro FCT) – «PortugueseMerchants in the Euro-Atlantic space in theMiddle Ages». Doutoramento em História,FLUP. Orientador: Luís Miguel Duarte; co-orientador: Hilario Casado Alonso (Uni-versidad de Valladolid).

Fortunato Carvalhido da Silva (Bolseiro FCT)– «Representações do outro – perspectivasmuseológicas». Doutoramento em Museo-logia, FLUP. Orientador: Alice Semedo.

Hugo José Silveira da Silva Pereira (BolseiroFCT) – «A política ferroviária nacional(1845-1900)». Doutoramento em História,FLUP. Orientador: Jorge Fernandes Alves.

Hugo Aluai Sampaio (Bolseiro FCT) – «AIdade do Bronze na bacia do Ave». Douto-ramento no ramo de Arqueologia, área deconhecimento de Arqueologia da Paisageme do Povoamento, UM. Orientador: Ana

Bettencourt (UM); co-orientador: SusanaOliveira Jorge (FLUP).

Ismael Cerqueira Vieira – «A Tisiologia e a lutacontra a tuberculose em Portugal» Douto-ramento em História, FLUP. Orientador:Jorge Fernandes Alves.

Joana Isabel Ribeiro Sequeira (Bolseira FCT) –«Produção têxtil em Portugal nos finais daIdade Média». Doutoramento em História,FLUP em Co-tutela com a École des HautesÉtudes en Sciences Sociales. Orientador:Luís Miguel Duarte; co-orientador: MatthieuArnoux (EHESS).

João Antero Gonçalves Ferreira – «Estratégiasde Reprodução Social em Guimarães(Séculos XVII-XX). Doutoramento emHistória, UM. Orientador: Carlota MariaFernandes dos Santos.

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