0004634-15.2012.8.05.0063

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  • 5 TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS E CRIMINAIS DA BAHIA.

    PROCESSO N 0004634-15.2012.8.05.0063 CLASSE: RECURSO INOMINADORECORRENTE: CREFISA S/A CRDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS RECORRIDO(A): DULCINEIA CORRA DAMASCENO ORIGEM: JEC DA COMARCA DE CONCEIO DO COIT RELATOR: JUIZ WALTER AMRICO CALDAS

    EMENTA

    RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. SUPOSTA FRAUDE NA CONCESSO DE CRDITO. DESCONTOS MENSAIS EM BENEFCIO PREVIDENCIRIO. SENTENA QUE JULGOU PROCEDENTE A PRETENSO DEDUZIDA, ORDENANDO A DEVOLUO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS, COM ARBITRAMENTO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS. NECESSIDADE DE PERCIA PARA O DESLINDE DA AO. PROVA INCABVEL NO SISTEMA DE JUIZADOS ESPECIAIS. MATRIA DE ORDEM PBLICA. EXTINO DO PROCESSO, SEM RESOLUO DO CERNE, PREJUDICANDO A ANLISE DO MRITO DO RECURSO INTERPOSTO. Adquirindo a ao complexidade probatria incompatvel com o rito estabelecido pela Lei n 9.099/95, impe-se a extino do processo, sem resoluo do mrito, com base em seu art. 51, inciso II.

    Dispensado o relatrio nos termos do artigo 46 da Lei n. 9.099/951.

    Circunscrevendo a lide e a discusso recursal para efeito de registro, saliento que a Recorrente CREFISA S/A CRDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS pretende a reforma da sentena lanada nos autos que, reconhecendo a responsabilidade pela outorga de crdito em nome da Recorrida DULCINEIA CORRA DAMASCENO, sem a suposta participao dela, gerando dbitos mensais em seu benefcio previdencirio, admitiu a ocorrncia de dano moral, condenando-lhe ao pagamento de indenizao no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), com ordem de restituio, em dobro, dos valores pagos.

    Presentes as condies de admissibilidade do recurso, conheo-o, apresentando voto com a fundamentao aqui expressa, o qual submeto aos demais membros desta Egrgia Turma.1 Art. 46. O julgamento em segunda instncia constar apenas da ata, com a indicao suficiente do processo, fundamentao sucinta e parte dispositiva. Se a sentena for confirmada pelos prprios fundamentos, a smula do julgamento servir de acrdo.

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  • VOTO

    Proponho a extino do processo, sem resoluo do mrito, modificando, assim, os termos do julgamento realizado no primeiro grau.

    As assinaturas inseridas pela Recorrida nas diversas oportunidades nos autos, confrontadas com aquelas constantes no contrato coligido no evento 38, incutem dvida razovel quanto ao verdadeiro subscritor do contrato discutido, j que h grandes semelhanas entre a assinaturas nele lanadas e a forma que a Recorrida demonstrou escrever seu nome.

    Em tais circunstncias, somente percia, especialmente grafotcnica, traria esclarecimento definitivo lide, providncia incompatvel com o procedimento abreviado e clere previsto para as aes endereadas ao juizado especial cvel.

    A natureza da prova cogitada requer conhecimentos tcnicos apurados, impedindo, assim, a substituio pela providncia informal autorizada pelo art. 35 da Lei n 9.099/952.

    Com isso, adquirindo a ao complexidade probatria incompatvel com o rito estabelecido pela Lei n 9.099/95, impe-se a extino do processo, sem resoluo do mrito, com base em seu art. 51, inciso II3, providncia a ser adotada de ofcio, por ser matria de ordem pblica4, suscetvel de conhecimento a qualquer tempo e grau de jurisdio,

    2 Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poder inquirir tcnicos de sua confiana, permitida s partes a apresentao de parecer tcnico.

    3 Art. 51. Extingue-se o processo, alm dos casos previstos em lei:...II - quando inadmissvel o procedimento institudo por esta Lei ou seu prosseguimento, aps a conciliao;

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    - APELAO CVEL - CDC - VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR - CONTRATO DE EMPRSTIMO - AUTENTICIDADE DE ASSINATURA - NECESSIDADE DE PERCIA GRAFOTCNICA - COMPLEXIDADE DA CAUSA AFASTA A COMPETNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS - PRELIMINAR ACOLHIDA - ANULAO DOS ATOS DECISRIOS DE PRIMEIRO GRAU - EXTINO DO PROCESSO SEM RESOLUO DE MRITO - 1- A incompetncia em razo da matria absoluta, de ordem pblica, e deve ser declarada de ofcio pelo rgo julgador ( CPC, art. 113). 2- Na espcie a controvrsia estabelecida gira em torno da celebrao ou no, pela autora, do contratos questionado. A autora alegou, em sntese, que o banco ru est descontando de seus vencimentos valores referentes a contrato de emprstimo que afirma no ter contrado. O banco ru, por sua vez, sustenta que o contrato foi solicitado pela autora, para quitar divida outro emprstimo e o valor restante foi recebido por ela, juntando para tantos os documentos de fls. 116/135. 3- A despeito da documentao colacionada h que se ponderar que diante das especificidades do caso em concreto e dado a vulnerabilidade da consumidora, no caso da Recorrida, faltam elementos probatrios mais contundentes, a ponto de apurar se as assinaturas do contrato so realmente desta bem como se os valores foram efetivamente depositados em sua conta bancria e se deles se utilizou. 4- A dirimncia de controvrsia desta natureza exige necessariamente a produo percia grafotcnica especializada de forma, a se proferir uma deciso isenta de qualquer dvida a respeito, situao esta que se revela complexa no mbito dos Juizados Especiais e portanto incompatvel com o rito estabelecido na Lei 9.099/95 . 5- Recurso conhecido, acolhendo a preliminar de nulidade da sentena por complexidade da causa e incompetncia dos Juizados Especiais para apreciar e julgar questes deste natureza, voto pela anulao de todos os atos decisrios prolatados na primeira instncia, e julgar extinto o processo sem anlise de mrito, cabendo s partes interessadas promoverem o seu direito de ao, sobre o mesmo objeto, perante a Justia Comum. 6- Sem condenao em custas e honorrios advocatcios. (TJAC - AC 0007640-35.2009.8.01.0002 - (4.684) - Rel. Juiz Pedro Lus Longo - DJe 24.11.2010 - p. 144)

    (...) 8- A incompetncia em razo da matria absoluta, de ordem pblica, e deve ser declarada de ofcio pelo rgo julgador (CPC, art. 113). 9- Diante da flagrante complexidade da causa, torna-se o Juizado Especial Cvel incompetente para seu processamento e julgamento, razo pela qual ficam anulados todos os atos decisrios prolatados na primeira instncia, e julga-se

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  • alm de haver a necessidade da preservao da credibilidade do Judicirio ante a possibilidade de o rgo julgador ter sido induzido a erro, propiciando o eventual enriquecimento indevido da parte autora.

    Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e considerar PREJUDICADO o recurso interposto pelo Recorrente CREFISA S/A CRDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS, para, anulando a sentena guerreada, extinguir de ofcio o processo, sem resoluo do mrito, com base no art. 51, inciso II, da Lei n 9.099/95.

    No se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei 9.099/955, ao recorrido, mas ao recorrente integralmente vencido, deixo de condenar a Recorrida ao pagamento de custas e honorrios advocatcios.

    Salvador, Sala das Sesses, 08 de setembro de 2014

    Walter Amrico CaldasJuiz Relator

    extinto o processo sem anlise de mrito, cabendo s partes interessadas promoverem o seu direito de ao, sobre o mesmo objeto, perante a Justia Comum, caso assim o desejem. 10- Sem condenao em custas e honorrios advocatcios. 11- como voto. Conforme o art. 46, da Lei Federal n 9.099/95, serve a presente smula de julgamento como acrdo. (TJAC - AC 0024270-59.2009.8.01.0070 - (4.507) - Rel. Juiz Marcelo Badar Duarte - DJe 08.09.2010 - p. 69)

    5 Art. 55. A sentena de primeiro grau no condenar o vencido em custas e honorrios de advogado, ressalvados os casos de litigncia de m-f. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagar as custas e honorrios de advogado, que sero fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenao ou, no havendo condenao, do valor corrigido da causa.

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  • COJE COORDENAO DOS JUIZADOS ESPECIAISTURMAS RECURSAIS CVEIS E CRIMINAIS

    Pa. D. Pedro II, s/n, Frum Rui Barbosa, Nazar, Salvador/Ba Tel/320-6904QUINTA TURMA - CVEL E CRIMINAL

    PROCESSO N 0004634-15.2012.8.05.0063 CLASSE: RECURSO INOMINADORECORRENTE: CREFISA S/A CRDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS RECORRIDO(A): DULCINEIA CORRA DAMASCENO ORIGEM: JEC DA COMARCA DE CONCEIO DO COIT RELATOR: JUIZ WALTER AMRICO CALDAS

    EMENTA

    RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. SUPOSTA FRAUDE NA CONCESSO DE CRDITO. DESCONTOS MENSAIS EM BENEFCIO PREVIDENCIRIO. SENTENA QUE JULGOU PROCEDENTE A PRETENSO DEDUZIDA, ORDENANDO A DEVOLUO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS, COM ARBITRAMENTO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS. NECESSIDADE DE PERCIA PARA O DESLINDE DA AO. PROVA INCABVEL NO SISTEMA DE JUIZADOS ESPECIAIS. MATRIA DE ORDEM PBLICA. EXTINO DO PROCESSO, SEM RESOLUO DO CERNE, PREJUDICANDO A ANLISE DO MRITO DO RECURSO INTERPOSTO. Adquirindo a ao complexidade probatria incompatvel com o rito estabelecido pela Lei n 9.099/95, impe-se a extino do processo, sem resoluo do mrito, com base em seu art. 51, inciso II.

    ACRDORealizado Julgamento do Recurso do processo acima

    epigrafado, a QUINTA TURMA, composta dos Juzes de Direito, WALTER AMRICO CALDAS, EDSON PEREIRA FILHO e LVARO MARQUES DE FREITAS FILHO, decidiu, unanimidade de votos, CONHECER e considerar PREJUDICADO o recurso interposto pelo Recorrente CREFISA S/A CRDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS, para, anulando a sentena guerreada, extinguir de ofcio o processo, sem resoluo do mrito, com base no art. 51, inciso II, da Lei n 9.099/95. Sem condenao por sucumbncia.

    Salvador, Sala das Sesses, 08 de setembro de 2014

    JUIZ(A) WALTER AMRICO CALDASRelator/Presidente

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