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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA BAHIA PROCESSO Nº 0005027-96.2014.8.05.0150 CLASSE: RECURSO INOMINADO RECORRENTE: MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRA RECORRIDA: TELEMAR NORTE LESTE S.A. JUIZ PROLATOR: MARCELO DE OLIVEIRA BRANDÃO JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA EMENTA RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. SUSPENSÃO INJUSTIFICADA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE INTERNET. PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO. SENTENÇA QUE ORDENOU A RESTITUIÇÃO, EM DOBRO, DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, ARBITRANDO, AINDA, INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS CONFIGURADOS. INEXISTÊNCIA DE RECURSO DA PARTE REQUERIDA. INSURGÊNCIA DA CONSUMIDORA QUANTO AO VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO NO PRIMEIRO GRAU, RECONHECIDAMENTE MÓDICO. PROVIMENTO DO RECURSO PARA MAJORAR O QUANTUM DA INDENIZAÇÃO, RESPEITANDO-SE OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.099/95. Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro, saliento que a Recorrente, MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRA, pretende a reforma parcial da sentença lançada nos autos que, face à prestação defeituosa do serviço de acesso à internet prestado pela Recorrida, TELEMAR NORTE LESTE S.A., ordenou a restituição, em dobro, da quantia paga indevidamente, no montante de R$ 194,58 (cento e noventa e quatro reais e cinquenta e oito centavos), condenando-a, ainda, ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 724,00 (setecentos e vinte e quatro reais), buscando a majoração do quantum indenizatório. Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o, apresentando o voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros desta Egrégia Turma. VOTO O recurso merece acolhimento. Como apenas a parte autora apresentou recurso, o julgado do primeiro grau não pode ser modificado para excluir qualquer aspecto da demanda que lhe tenha sido favorável, sob pena de reformatio in pejus. Assim, face ao conformismo da parte recorrida com o resultado do 1

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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA BAHIA

PROCESSO Nº 0005027-96.2014.8.05.0150CLASSE: RECURSO INOMINADORECORRENTE: MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRARECORRIDA: TELEMAR NORTE LESTE S.A.JUIZ PROLATOR: MARCELO DE OLIVEIRA BRANDÃOJUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. SUSPENSÃO INJUSTIFICADA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE INTERNET. PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO. SENTENÇA QUE ORDENOU A RESTITUIÇÃO, EM DOBRO, DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, ARBITRANDO, AINDA, INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS CONFIGURADOS. INEXISTÊNCIA DE RECURSO DA PARTE REQUERIDA. INSURGÊNCIA DA CONSUMIDORA QUANTO AO VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO NO PRIMEIRO GRAU, RECONHECIDAMENTE MÓDICO. PROVIMENTO DO RECURSO PARA MAJORAR O QUANTUM DA INDENIZAÇÃO, RESPEITANDO-SE OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro, saliento que a Recorrente, MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRA, pretende a reforma parcial da sentença lançada nos autos que, face à prestação defeituosa do serviço de acesso à internet prestado pela Recorrida, TELEMAR NORTE LESTE S.A., ordenou a restituição, em dobro, da quantia paga indevidamente, no montante de R$ 194,58 (cento e noventa e quatro reais e cinquenta e oito centavos), condenando-a, ainda, ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 724,00 (setecentos e vinte e quatro reais), buscando a majoração do quantum indenizatório.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o, apresentando o voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO

O recurso merece acolhimento.

Como apenas a parte autora apresentou recurso, o julgado do primeiro grau não pode ser modificado para excluir qualquer aspecto da demanda que lhe tenha sido favorável, sob pena de reformatio in pejus.

Assim, face ao conformismo da parte recorrida com o resultado do

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julgamento, apresenta-se imutável o reconhecimento da ilicitude de sua conduta no evento apurado através desta ação, não mais se discutindo que a Recorrida promoveu a suspensão dos serviços de acesso à internet, sem motivo justificado, conforme reconhecido no julgamento realizado no primeiro grau.

Residindo a controvérsia recursal ao valor arbitrado a título da indenização, resta apenas buscar a justa quantificação através dos elementos probatórios coligidos, salientando de logo que discordo, data venia, do valor fixado pelo MM. Juiz a quo.

Através da reparação do dano moral não se busca refazer o patrimônio, já que este não foi diminuído, mas sim dar à pessoa lesada uma espécie de satisfação, que lhe passou a ser devida em razão da sensação dolorosa experimentada. Não se procura, assim, pagar a dor ou atribuir-lhe um preço e sim atenuar o sofrimento experimentado, que é insuscetível de avaliação precisa, mormente em dinheiro.

Segundo construção jurisprudencial, o valor a ser arbitrado deve obedecer ao binômio razoabilidade e proporcionalidade, devendo adequar-se às condições pessoais e sociais das partes envolvidas, para que não sirva de fonte de enriquecimento da vítima, agravando, sem proveito, a obrigação do ofensor, nem causar frustração e melancolia tão grande quanto a própria ofensa. As características, a gravidade, as circunstâncias, a repercussão e as consequências do caso, a eventual duração do sofrimento, a posição social do ofendido, tudo deve servir de baliza para que o magistrado saiba dosar com justiça a condenação do ofensor.

Na situação em exame, entendo que o valor arbitrado pelo MM. Juiz que atuou no primeiro grau se mostrou módico ante as circunstâncias dos fatos, distanciando-se em demasia dos valores arbitrados por esta Turma Recursal em casos semelhantes.

Com isso, atendendo às peculiaridades do caso e a míngua de outros dados tangíveis que pudessem auxiliar na justa quantificação, entendo que emerge a quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), como o valor próximo do justo, o qual se mostra capaz de compensar, indiretamente e na medida dos fatos apurados, os sofrimentos e desgastes emocionais advindos à Recorrente e trazer a punição suficiente ao agente causador, sem centrar os olhos apenas na sua inegável estabilidade econômica.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela Recorrente, MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRA, para, confirmando todos os demais termos da sentença hostilizada, reformá-la na parte que estabeleceu o valor da indenização a título dos danos morais, aqui majorada para a importância de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescida de juros, contados da citação e correção monetária contada a partir da sentença.

Não se destinando a regra prevista no art. 55, caput, da Lei 9.099/95, ao recorrido, mas somente ao recorrente, integralmente vencido, deixo de condenar a Recorrida ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da SilvaJuiz Relator

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• COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS• TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

QUINTA TURMA - CÍVEL E CRIMINAL

PROCESSO Nº 0005027-96.2014.8.05.0150CLASSE: RECURSO INOMINADORECORRENTE: MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRARECORRIDA: TELEMAR NORTE LESTE S.A.JUIZ PROLATOR: MARCELO DE OLIVEIRA BRANDÃOJUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. SUSPENSÃO INJUSTIFICADA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE INTERNET. PRESTAÇÃO DEFEITUOSA DO SERVIÇO. SENTENÇA QUE ORDENOU A RESTITUIÇÃO, EM DOBRO, DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE, ARBITRANDO, AINDA, INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS CONFIGURADOS. INEXISTÊNCIA DE RECURSO DA PARTE REQUERIDA. INSURGÊNCIA DA CONSUMIDORA QUANTO AO VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO NO PRIMEIRO GRAU, RECONHECIDAMENTE MÓDICO. PROVIMENTO DO RECURSO PARA MAJORAR O QUANTUM DA INDENIZAÇÃO, RESPEITANDO-SE OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

• ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS, EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela Recorrente, MARIA APARECIDA SOUZA PEREIRA, para, confirmando todos os demais termos da sentença hostilizada, reformá-la na parte que estabeleceu o valor da indenização a título dos danos morais, aqui majorada para a importância de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescida de juros, contados da citação e correção monetária contada a partir da sentença. Não se destinando a regra prevista no art. 55, caput, da Lei 9.099/95, ao recorrido, mas somente ao recorrente, integralmente vencido, deixo de condenar a Recorrida ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

•• JUIZ(A) WALTER AMÉRICO CALDAS

Presidente

• JUIZ(A) ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVARelator

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