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Carmen Carmen de Carvalho de Carvalho e Souza Moura e Souza Moura Do Estado: uma Do Estado: uma an an á á lise de sua lise de sua evolu evolu çã çã o e o o e o papel inevit papel inevit á á vel vel da inform da inform á á tica em tica em seu processo de seu processo de adequa adequa çã çã o aos o aos tempos atuais tempos atuais

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  • CarmenCarmen de Carvalhode Carvalhoe Souza Mourae Souza Moura

    Do Estado: uma Do Estado: uma ananlise de sua lise de sua evoluevoluo e o o e o papel inevitpapel inevitvel vel da informda informtica em tica em seu processo de seu processo de adequaadequao aos o aos tempos atuaistempos atuais

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    Dra. Carmen de Carvalho e Souza Moura E-mail: [email protected]

    Telefone & FAX: (31) 3375-7920 ________________________________________

  • Na Grcia antiga utilizava-se o termo

    polis o mesmo que cidade, uma vez que

    suas aglomeraes jurdica e politicamente

    organizadas no ultrapassavam os limites

    da cidade. Em latim, o termo Estado,

    oriundo da palavra Status possua a

    significao de situao, condio,

    diferentemente do que a empregamos

    atualmente. Os romanos se aproximaram

    do atual conceito de Estado, utilizando a

    terminologia status reipublicae ou ordem

    permanente da coisa pblica. Porm,

    Maquiavel em seu Il Principe que deu

    ao Estado uma acepo de unidade poltica

    total: Todos os Estados, todos os domnios

    que tiveram e tm imprio sobre os

    homens so Estados e so ou repblicas ou

    principados.

  • Hodiernamente, podemos

    compreender o Estado como sendo um

    agrupamento social politicamente

    organizado, gerido por objetivos em

    comum, obviamente segundo determinadas

    normas jurdicas em um territrio certo e

    definido, sob a total tutela de um poder

    soberano, representado por um governo

    independente. Assim sendo, a consolidao

    do Estado surge medida em que

    coexistem interesses similares de uma

    coletividade e o devido nimo de coloc-los

    em prtica.

    Consoante os dizeres de Jean Dabin

    em seu Doctrine Gnerale de ltat,

    chegou um momento em que os homens

    sentiram o desejo, vago e indeterminado,

  • de um bem que ultrapassa o seu bem

    particular e imediato e que ao mesmo

    tempo fosse capaz de garanti-lo e

    promov-lo. Esse bem o bem comum ou

    bem pblico e consiste num regime de

    ordem, de coordenao de esforos e

    intercooperao organizada. Por isso o

    homem se deu conta de que o meio de

    realizar tal regime era a reunio de todos

    em um grupo especfico, tendo por

    finalidade o bem pblico. Assim, a causa

    primria da sociedade poltica reside na

    natureza humana, racional e perfectvel. No

    entanto, a tendncia deve tornar-se um

    ato; a natureza que impele o homem a

    instituir a sociedade poltica, mas foi a

    vontade do homem que instituiu as

    diversas sociedades polticas de outrora e

    de hoje. O instinto natural no era

  • suficiente, foi preciso a arte humana. Esta

    a essncia primordial do Estado.

    Destarte, conclui-se que os objetivos

    do Estado so a ordem e a defesa social,

    em suma, o bem estar social, o bem

    pblico; sendo os seus trs elementos

    precpuos o povo, o territrio e o poder

    poltico. Nos dizeres de Darcy Azambuja,

    Estado a organizao poltico-jurdica de

    uma sociedade para realizar o bem pblico,

    com governo prprio e territrio

    determinado. Dalmo de Abreu Dallari

    entende o Estado como sendo organizao

    jurdica soberana que tem por fim o bem

    comum de um povo situado em

    determinado territrio. Importante

    ressaltar que na correta acepo do termo

    Estado, mister se faz ressaltar que o

  • fenmeno estatal revela-se no elemento

    pessoal (EstadoComunidade) como no

    elemento poder (Estado-aparelho ou

    Estado-poder) nos dizeres de Kildare

    Carvalho.

    Georg Jellinek em seu Teora

    General del Estado apresenta uma anlise

    interessante e objetiva da evoluo

    histrica do Estado com fulcro no elemento

    histrico e nos seus elementos

    caracterizadores: o povo, o territrio e o

    poder poltico. Deste modo, para Jellinek a

    classificao dos tipos de estado : Estado

    Oriental, Estado Grego, Estado Romano,

    Perodo Medieval e Estado Moderno.

    A idade antiga ou estado oriental

    tinha como traos precpuos a teocracia, a

  • monarquia absolutista, acarretando a nvel

    social a exorbitante estratificao social e

    presena mnima dos direitos e garantias

    individuais. So exemplos de comunidades

    que vivenciaram este tipo de estado os

    egpcios, mesopotmios, hebreus e judeus.

    O estado grego tinha como pilares a

    igualdade de todos perante a lei; ausncia

    de ttulos e funes hereditrias

    possibilitando o livre acesso a todos os

    cidados s funes pblicas e o direito

    livre expresso, palavra, argumentao

    pblica do cidado comum das atividades

    do governo. Aqui o Estado era a Polis ou

    cidade, de territrio de menores extenses,

    constituda de cidados livres, estrangeiros

    e escravos, sendo que aos dois ltimos no

    era reconhecida a cidadania. Deste modo,

  • podemos concluir que, apesar dos pilares

    da democracia advirem do estado grego, a

    democracia grega difere da democracia

    atual, uma vez que no era reconhecido o

    sufrgio universal, em detrimento dos

    estrangeiros e escravos; portanto o

    princpio de igualdade no era de fato

    inteiramente reverenciado.

    O estado romano caracterizava-se

    pela vasta extenso territorial, culto aos

    antepassados e valorizao da famlia. Urge

    ressaltar aqui a separao entre o poder

    pblico e o privado, sobressaindo-se o

    poder poltico do qual fazem parte o

    imperium(autoridade), a potestas(poder

    organizacional) e majestas(enaltecimento

    do poder). Era latente nos romanos a

    reverncia ao governo.

  • O perodo medieval se destacava pela

    inexistncia de coeso do poder estatal,

    havendo uma concepo patrimonial e

    fragmentria do poder, onde o cristianismo

    se revelou com forte impacto.

    O Estado Moderno surge como uma

    nova leitura do conceito estado, onde a

    presena do poder poltico era centrado nas

    mos de um nico indivduo, a crtica

    autoridade papal contundente na

    reforma, h a ascenso da classe burguesa

    e o florescer do capitalismo. Pode-se

    afirmar que este Estado Moderno passou

    por vrias mutaes, consoante o momento

    histrico em qual o mundo se encontrava.

    Deste modo, podem se enquadrar dentre

    este gnero Estado Moderno os espcimes:

  • Estado Estamental, Estado Absoluto

    (presena da monarquia absoluta e regras

    apenas se limitam pelo Direito Natural) e

    Estado de Direito (nasce a idia de

    soberania popular, nascimento das

    constituies escritas, reconhecimento dos

    direitos fundamentais e da separao dos

    poderes, estado absentesta).

    Nos idos do ps-guerra (1914-18)

    assiste-se a um perodo de transformaes,

    quando vigora a crise da Democracia e a

    impopularidade do Estado de Direito, cuja

    caracterstica precpua era ser um estado

    esttico, com normas obsoletas, no

    adequadas s transformaes econmicas e

    sociais, o homem percebe a dura realidade

    em que vive e a necessidade de uma

    urgente adequao deste Estado de Direito

  • s novas transformaes, ou seja das

    normas s cada vez mais latentes,

    alteraes econmicas e necessidades

    sociais.

    Nasce o Estado Social de Direito, o

    qual vem atender s constantes

    transformaes decorrentes das novas

    condies sociais da civilizao industrial e

    ps-industrial visando tambm a

    sobrevivncia do Estado nos tempos

    modernos. A instituio Estado submetida

    a constantes presses, a crises polticas

    permanentes, gerando crises sociais

    gigantescas, sendo que a histria nos

    mostra que tais situaes geralmente foram

    abafadas mediante a imposio de formas

    estatais totalitrias acarretando a

    supresso da liberdade, a violncia

  • constante, o imprio do terror, a poltica

    externa agressiva. Desta forma, se o

    Estado como instituio desejasse subsistir-

    se deveria primeiramente empenhar-se em

    controlar de modo permanente, os aspectos

    econmicos, sociais e culturais da

    sociedade. O estado social de direito

    apresenta como trao distintivo a

    empresarialidade (o estado participa com

    um capital privado em empresas mistas,

    promovendo a estatizao das empresas),

    a primazia da funo social da propriedade

    (a propriedade do bem limitada pela

    funo social do mesmo). Em suma, o

    Estado Social de Direito tem funo

    eminentemente social, o Estado das

    Prestaes, tendo como funo precpua

    zelar pelo bem estar social, para tanto

    destina parte do produto nacional bruto

  • para tal. Os direitos individuais so

    limitados em prol da sociedade.

    Nas ltimas dcadas do sculo XX

    vivenciamos um processo de mutaes

    ainda maior onde o capitalismo impera, o

    socialismo se extingue e um novo

    fenmeno, a globalizao, dita novas

    frmulas de mercado com a crescente

    internacionalizao da economia, o

    alargamento de fronteiras, a tecnologia

    cada vez mais aprimorada, etc.. Deste

    modo, o Estado Contemporneo passa por

    mutaes, sendo um perodo de crise de

    identidade do mesmo, onde a necessidade

    de adaptao aos reflexos da globalizao

    faz com que os pilares do Estado Social de

    Direito se percam em parte. H um conflito

    do Estado-Nao, do estado que se

  • confunde com suas fronteiras, do estado

    social (das prestaes onde impera a

    primazia do social), do estado pseudo-

    intervencionista, do estado empreendedor,

    com atividades econmicas; com as

    mudanas cada vez mais rpidas, o Estado

    vem se tornando mnimo, havendo um

    enxugamento forado da mquina estatal,

    onde no h mais lugar para o estado

    paternalista, das prestaes sociais; o

    intervencionismo d lugar s iniciativas

    privadas, sendo assim, a privatizao das

    empresas impera; os mercados comuns

    atraem cada vez mais pases, formando

    blocos gigantescos de livre circulao de

    mercadorias, moeda e alguns de pessoas; a

    legislao tem de se adaptar cada vez mais

    s leis internacionais, fomentando o Direito

    Internacional, etc.. Neste nterim, surge o

  • computador, principal ingrediente desta

    avalanche de transformaes ocorridas a

    nvel mundial na segunda metade do sculo

    XX.

    Em um mundo atual no h mais

    lugar para uma mquina estatal poderosa,

    paternalista, de fortes subsdios sociais, o

    Estado caminha para o seu enxugamento,

    se tornando um Estado Mnimo, ou seja,

    devendo apenas manter a ordem e

    administrar a justia, tarefas por si s,

    demasiado vastas. Mister se faz a

    adaptao da mquina estatal aos tempos

    atuais no se olvidando de que o Estado

    um meio, no um fim em si mesmo, sendo

    a sua essncia precpua regular condutas,

    visando a realizao individual e social do

    homem. De modo simplista, Herbert.

  • Spencer em seu Essais de Politique

    exemplificou tal necessidade ser

    necessrio, pois, que o Estado se

    descongestione, que se desipertrofiem seus

    rgos, que a experincia, j to longa e o

    bom senso convenam os indivduos de

    uma diviso mais equitativa e racional do

    trabalho entre eles e o poder pblico.

    A este Estado Mnimo, junte-se um

    poderoso aliado, a informtica. A

    informtica revolucionou o modo de vida

    humano, sendo impossvel elencar

    exatamente todas as transformaes

    operadas. Alavancada pela acessibilidade

    dos computadores pessoais a um nmero

    cada vez maior de pessoas, acarretando a

    democratizao do acesso informtica, a

    nvel individual, o cidado obtm uma vasta

  • gama de informaes a uma rapidez nunca

    dantes dimensionada detendo, portanto,

    uma maior integrao ao mundo.

    Consequncia deste fato a maior

    especializao do indivduo e

    inevitavelmente, o desenvolvimento social

    e econmico. Com o advento da internet,

    entramos em um mundo dotado de uma

    agilidade equivalente de um e-mail, onde

    informaes so trocadas, processadas,

    decises so tomadas, enfim, a

    interatividade exige uma agilidade com que

    nos habituamos ainda que

    involuntariamente, sendo esta, uma

    realidade inadivel da qual a mquina

    estatal no pode se eximir.

    Em tal quadro, no h mais que se

    falar em um Estado cuja morosidade,

  • burocracia, ineficincia e indeciso saltam

    aos olhos. Urge que seja levado a efeito um

    processo de modernizao do Estado aos

    tempos atuais, minimizando sua mquina

    com o auxlio da Informtica tanto no plano

    Executivo, bem como no Legislativo e

    judicirio. No Legislativo, imperativo que

    seja elaborada legislao concernente

    regulao da informtica e problemas

    inerentes ao seu uso (vrios pases do

    mundo j passaram por esta etapa e esto

    em constante aprimoramento), bem como

    regulamentao concernente adaptao

    do funcionamento da mquina estatal

    concomitantemente informtica. O

    Judicirio tem na informtica, um

    importante aliado na tramitao dos

    processos, agilizando o julgamento dos

  • mesmos e consequentemente, agilizando a

    aplicao legal.

    Destarte, aps esta breve exposio,

    no h outra concluso a no ser a

    inevitabilidade do processo de

    modernizao da mquina estatal, onde

    torna-se imperativa a sua minimizao,

    sendo a informtica presena inevitvel,

    visando a sobrevivncia do Estado.

  • Referncias bibliogrficas: DALLARI, Dalmo de Abreu in Elementos de teoria geral do Estado. So Paulo, Saraiva, 1989 AZAMBUJA, Darcy in Teoria Geral do Estado. So Paulo, ed. Globo, 1993 CARVALHO, Kildare Gonalves in Direito Constitucional Didtico Belo Horizonte, Del Rey, 1994 DABIN, Jean in Doctrine Gnerale de ltat, ed. Sirey, Paris 1939 JELLINEK, Georg in Teora General Del Estado. Trad. de Fernando de Los Rios, Buenos Aires, Albatros, 1978 CAMPA, Ricardo in O Estado Contemporneo, unidade IV: Relao Estado/Sociedade. A crise atual do Estado SPENCER, Herbert in Essais de Politique, Paris, Alcan, 1920