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01 Doutrina de Deus

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teologia

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    DOUTRINA DE DEUSEGUINALDO HLIO DE SOUZA

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    com melhorias e/ou possveis correes. Para verificar se existe uma nova verso para

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    Sumrio

    03 u Introduo 03 Os vrios sentidos da palavra teologia

    05 u Captulo 1 q A inescrutabilidade de Deus 06 A teologia natural e a teologia bblica

    07 A auto-revelao de Deus

    08 u Captulo 2 q Concepes sobre Deus

    11 u Captulo 3 q A concepo correta sobre Deus 12 Argumentos para a crena no monotesmo primitivo

    15 A influncia do evolucionismo 16 A melhor explicao

    17 u Captulo 4 q A existncia de Deus 19 O impacto do pensamento cientfico 21 O efeito Charles Darwin 22 A espada de Karl Marx 22 Bases histricas dos ateus 23 Deus realmente existe

    25 u Captulo 5 q Os atributos de Deus 26 Natureza espiritual de Deus

    26 Natureza invisvel de Deus

    26 Natureza imutvel de Deus

    27 Natureza trina de Deus

    29 Atributos no-comunicveis

    33 Atributos comunicveis

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    Verso da matria: 1.0Nossas matrias so constantemente atualizadas

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    37 u Captulo 6 q Os nomes de Deus 37 YHWH (o tetragrama)

    38 Compostos de Jeov ou Jav

    39 Compostos de El

    40 Adonay

    41 u Captulo 7 q A Trindade divina 42 Aspectos bblicos da Santssima Trindade

    44 Aspectos analgicos da Santssima Trindade

    45 Aspectos histricos da Santssima Trindade

    56 u Concluso

    57 u Referncias bibliogrficas

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    q Introduo

    Os vrios sentidos da palavra teologia

    Teologia uma palavra com origem na lngua grega. Vem de theos, que significa Deus, e logia, que significa estudo ou discurso. Seria mais adequadamente um discurso sobre Deus, pois afirmar que Deus objeto de estudo do homem um posicionamento, de certo modo, presunoso.

    Existem dois sentidos em que a palavra teologia empregada. Generica-mente, usada para se referir ao estudo geral das coisas relacionadas a Deus. Esse estudo inclui a Bblia, o pecado, o homem, os anjos, as profecias, Jesus Cristo, o Esprito Santo, enfim, tudo o que remete a Deus e sua relao com o Universo e a humanidade. Tudo o que se relaciona a Deus e ao seu plano de salvao pode ser includo no mbito da teologia.

    Em outro sentido, usada em referncia pessoa do prprio Deus, ao ser de Deus.

    Qual a natureza de Deus? O que a Trindade? Como posso saber que Deus existe? So perguntas estudadas no segundo sentido da palavra teologia. E esse ser o vis do nosso estudo nesta primeira matria.

    mister advertir que o conhecimento teolgico a respeito de Deus jamais sig-nificar um conhecimento pleno. Na verdade, o conhecimento sistemtico que pretendemos absorver mais um conhecimento de Deus do que um conhecimento do prprio Deus, isto , da pessoa de Deus.

    Essa distino equivalente quela que ocorre quando uma pessoa recebe o currculo de outra. Por meio desse tipo de documento, a primeira pessoa tem informaes a respeito da outra, s vezes, contendo uma fotografia. possvel sa-ber muitas coisas a respeito da outra pessoa, mas ainda que o currculo apresente todos os detalhes possveis e imaginveis, o conhecimento maior somente se d com o encontro das pessoas, quando ambas esto frente a frente se comunican-do, interagindo. Nesse ponto, j se pode afirmar que h um conhecimento pessoal, mas, a bem da verdade, mesmo esse encontro no encerra as possibilidades de conhecimento, que s aumentaro medida que as pessoas passarem a conviver uma com a outra.

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    Guardadas as devidas propores, podemos afirmar que o estudo teolgico um despretensioso currculo de Deus. Por meio de nossas limitaes, ficamos conhecendo a respeito de suas caractersticas. Ficamos sabendo como Deus e como ele no . A partir da, iniciamos um conhecimento pessoal embasado, livre de equvocos, que nos permite uma completa interao com ele. Nesse conheci-mento, cresceremos medida que aprofundarmos o nosso relacionamento. Graas a infinitude do ser de Deus, podemos crescer cada vez mais nessa compreenso sem nunca esgot-la. Podemos sempre avanar um pouco mais.

    Nossa fonte para tal conhecimento so as Escrituras Sagradas, por serem a expresso inspirada da revelao que o prprio Deus fez de si mesmo. Qualquer conhecimento parte da Bblia pura reflexo lgica que precisa de base nas Escrituras em algum ponto.

    Nesse nterim, oportuno colocar que a noo sobre Deus se tornou algo muito vago em nossos dias. Devemos nos lembrar que o conceito de divindade sempre existiu em todos os povos. Todavia, a nossa referncia ao Deus de Israel e ao povo que se originou de Abrao e estabeleceu uma aliana com Deus. Enquanto os demais povos se afastaram do conhecimento do verdadeiro Deus, os israelitas guardaram a f e a compreenso de um Deus criador e sustentador de todas as coisas. Por isso se constituram como canal por meio do qual o conhecimento do Deus verdadeiro se espalhou pela terra.

    Os homens sempre tiveram idias erradas sobre a pessoa de Deus. Tanto ho-mens simples quanto homens de grande conhecimento e cultura pensaram e dis-seram coisas a respeito de Deus que no eram verdadeiras. At hoje, apesar da existncia da Bblia e de profundos estudos teolgicos, pensamentos enganosos continuam surgindo. E essas idias precisam ser respondidas pelo conhecimento verdadeiro.

    A teologia, conforme apresentaremos em nosso curso, uma importante fer-ramenta para o conhecimento de Deus. Dizemos ferramenta apropriadamente, pois conhecer o prprio Deus est dentro de uma esfera muito alm do que a men-te humana pode alcanar.

    Falaremos de Deus destacando pontos importantes e verdades absolutas den-tro desse contexto, mas sem ignorarmos que o conhecimento real de Deus exige um relacionamento, j que Deus um ser pessoal.

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    Captulo 1q A inescrutabilidade de Deus

    Mesmo sendo Deus um ser que se auto-revelou ao homem, isso no significa que ele (Deus) seja to conhecvel quanto qualquer outro ser. Essa revela-o ser sempre parcial. Podemos at declarar que o conhecimento do ser e dos caminhos de Deus ser eternamente e completamente parcial para qualquer ser. Ningum no Universo pode conhecer Deus completamente, a no ser ele prprio.

    Jesus disse que ningum conhece o Filho, seno o Pai; e ningum conhece o Pai, seno o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11.27). Claro que Cristo se referia a um grau maior de conhecimento e no a qualquer dose de cog-nio. E Paulo escreveu aos corntios em sua primeira epstola: Porque o Esprito pe-netra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, seno o esprito do homem, que nele est? Assim tambm ningum sabe as coisas de Deus, seno o Esprito de Deus (1Co 2.10,11). Assim, s o Deus Trino conhece plenamente a si mesmo. Ns, seres humanos, temos apenas um vislumbre da divindade.

    J diria isso de uma forma simples: Eis que isto so apenas as orlas dos seus ca-minhos; e quo pouco o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovo do seu poder? (J 26.14). Isaas diria de Deus que verdadeiramente tu s o Deus que te ocultas [Deus misterioso, na verso Almeida Revista e Atualizada], o Deus de Israel, o Salvador (Is 45.15). Para o apstolo Paulo, Deus aquele que tem, ele s, a imortalidade, e habita na luz inacessvel; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno (1Tm 6.16).

    Essa conscincia da inescrutabilidade de Deus muito importante ao telogo, para que no pense que pode ou deve conhecer tudo a respeito de Deus. Os gran-des reformadores como Lutero e Calvino sempre admitiram o mistrio como parte da teologia. Mas isso no significa usar desse artifcio para justificar pontos difceis de serem entendidos, antes, uma forma de reverenciar a Deus e se aproximar do estudo desse tema com temor e respeito.

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    Dizer que no podemos conhecer tudo sobre Deus no o mesmo que dizer que no podemos conhec-lo ou que esse conhecimento incerto, inseguro e, portanto, invlido. No podemos conhecer a Deus plenamente, mas podemos conhec-lo o suficiente para alcanar a salvao e agrad-lo.

    O belo hino do apstolo Paulo, no final da epstola aos romanos, d-nos uma idia dessa realidade grandiosa: profundidade das riquezas, tanto da sabedo-ria, como da cincia de Deus! Quo insondveis so os seus juzos, e quo ines-crutveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja re-compensado? Porque dele e por ele, e para ele, so todas as coisas; glria, pois, a ele eternamente. Amm (Rm 11.33-36).

    A teologia natural e a teologia bblica

    Ao longo dos sculos, a questo do conhecimento de Deus geralmente foi abordada por dois aspectos. Um deles ressaltou a possibilidade de conhe-cer Deus parte da revelao escriturstica. Isto , apenas pela natureza. Para esse tipo de conhecimento, bastaria ao homem o exerccio da razo. Todavia, outros re-jeitaram completamente essa via do conhecimento de Deus, afirmando que o ni-co meio seguro seria pela revelao. Ou seja, pelo lado espiritual. As duas posies contaram com o apoio de homens eruditos e piedosos para defend-las. No nos compete determinar quem estava correto em sua abordagem, mas, sim, a maneira como abordaram a questo.

    A teologia natural defende que possvel ao homem ter conhecimento de Deus apenas por meios racionais. Claro que mesmo os defensores dessa corren-te reconhecem que somente pela revelao h um conhecimento mais exato. Todavia, lanando mo de recursos lgicos, julgam que possvel determinar a existncia de Deus e, tambm, algumas caractersticas do seu ser. A razo se tor-na instrumento do conhecimento divino. Telogos como Toms de Aquino e Duns Scotus assumiram essa posio.

    Outros afirmaram que Deus um ser espiritual e, portanto, s poderia ser co-nhecido por meios espirituais, parte da razo. Homens como Tertuliano e Guilher-me de Occam pensaram assim. Para eles, somente pela revelao divina haveria possibilidade de se conhecer o Deus Todo-Poderoso.

    De nossa parte, construiremos o nosso discurso a partir das duas formas. Apre-sentaremos alguns pontos que se harmonizam com uma viso testa do Universo, ao mesmo tempo em que nos aprofundaremos na revelao das Escrituras.

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    A auto-revelao de Deus

    importante aprendermos que Deus um ser que se auto-revelou, mostrou-se a si mesmo ao homem. Essa revelao ocorreu dentro da histria. Isso sig-nifica que o contato com o homem no se deu somente na dimenso interior, no corao ou no esprito humano. Deus se fez presente em eventos ocorridos no tem-po e no espao geogrfico. Quando ele apareceu a Abrao, a Moiss, ao povo de Israel no Sinai, estava, na verdade, revelando-se a essas pessoas. Quando se fez homem em Jesus Cristo, e quando apareceu em forma de lnguas de fogo, no Dia de Pentecostes, estava se auto-revelando.

    Deus Deus dentro da histria humana. Em tempos e locais especficos. A re-ligio bblica uma religio histrica. Deus apareceu a certos homens, em certos lugares, em tempos mensurveis e se fez conhecer. Isso revelao.

    Alm disso, parte dessas manifestaes de Deus, dessa auto-revelao, foi re-gistrada de forma escrita. Esses registros, por sua vez, contaram com a superviso e a providncia divinas, de modo que ficaram isentos de erros humanos, da interfe-rncia e da sabedoria e vontade do homem. Esses registros inspirados so as Sagra-das Escrituras, por meio das quais tomamos conhecimento do carter e da ao divina em nosso favor.

    As manifestaes de Deus na natureza, na histria, no registro literrio inspira-do, somados a um encontro pessoal com a divindade, constituem-se no caminho a ser trilhado para o conhecimento sobre Deus. Esses trs elementos colaboram com a interao entre Deus e o homem, levando o homem a uma transformao con-tnua de si mesmo pela compreenso e conhecimento divinos. Esse conhecimento se estende no apenas ao ser de Deus, mas a outras reas desse conhecimento, abrangendo os planos e os propsitos divinos para o homem.

    Ainda que esse conhecimento tenha a tendncia de crescer continuamente, ele no ser completo no atual estado. A eternidade descrita na Bblia como um estado de muito maior conhecimento de Deus, um conhecimento muito superior ao que se pode experimentar na presente situao. algo incomparvel e at mesmo incompreensvel agora.

    Assim, como podemos observar, a teologia um universo do conhecimento da deidade que nos abre inmeras reflexes e pensamentos, conduzindo-nos plena satisfao em Deus. Portanto, como proclamou o profeta Osias, conheamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor (Os 6.3).

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    Captulo 2q Concepes sobre Deus

    Monotesmo

    a crena em um s Deus. A divindade, nas religies mono-testas, onipotente, onisciente e onipresente. O monotesmo a crena em um s Deus, que, alm de ser considerado Todo-Poderoso, um cone moral para seus adeptos, reque-rendo dos fiis observncia de normas de conduta puras.

    Politesmo

    Consiste na crena em mais de uma divindade de gnero masculino, feminino ou indefinido, sendo que cada uma de-las considerada uma entidade individual e independente, com personalidade e vontade prprias, governando sobre diversas atividades, reas, objetos, instituies, elementos na-turais e mesmo relaes humanas. Ainda em relao s suas esferas de influncia, nota-se que nem sempre se encontram claramente diferenciadas, podendo haver uma sobreposi-o de funes de vrias divindades.

    Tesmo

    Crena que pressupe a existncia de um ou de vrios deu-ses como fundamento para a concepo de todas as outras crenas, no importando as formas de manifestao desta ou destas divindades.

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    Henotesmo

    a crena religiosa que postula a existncia de vrias divin-dades, mas que atribui a criao de todas a uma divindade suprema, que seria objeto de culto maior. Outra modalidade do culto henotesta, mais prxima do politesmo, defende a existncia de diversos deuses, cabendo a cada grupo ou a cada tribo a eleio da sua divindade protetora, para quem prestam reverncia e adorao.

    Animismo

    a manifestao religiosa na qual se atribui a todos os ele-mentos do cosmos, a todos os elementos da natureza, a todos os seres vivos e a todos os fenmenos naturais um princpio vital e pessoal chamado anima (alma). Conseqentemente, todos esses elementos so passveis de possuir sentimentos, emoes, vontades ou desejos, e at mesmo inteligncia. Re-sumidamente, os cultos animistas alegam que todas as coi-sas so vivas, todas as coisas so conscientes, ou todas as coisas tm anima.

    FetichismoCrena (mantida particularmente nas religies da frica oci-dental) de que os espritos so capazes de possuir objetos. Existe tambm a crena de que certos objetos ou talisms podem afastar os espritos maus.

    Sustenta a idia da crena em um Deus que est em tudo, ou noo de muitos deuses representados pelos mltiplos elementos divinizados da natureza e do Universo. Sua princi-pal convico que Deus, ou fora divina, est presente no mundo e permeia tudo o que nele existe. O divino tambm pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo. No pantesmo, tudo deus e deus tudo.

    Pantesmo

    Crena de que o Universo est contido em Deus (ou nos deu-ses), mas Deus (ou os deuses) maior do que o Universo. diferente do pantesmo, que diz que Deus e o Universo coinci-dem perfeitamente (ou seja, so o mesmo). No panentesmo, todas as coisas esto na divindade, so abarcadas por ela, identificam-se (ponto em comum com o pantesmo), mas a di-vindade , alm disso, algo alm de todas as coisas, transcen-dente a elas, sem necessariamente perder sua unidade (ou seja, a mesma divindade todas as coisas e algo a mais).

    Panentesmo

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    Crena que pretende enfrentar a questo da existncia de Deus pela razo em lugar dos elementos comuns das religies testas, tais como: revelao divina, dogmas e tradio. Os destas, geralmente, questionam as religies denominacio-nais e seu Deus dito revelado, argumentando que Deus o criador do mundo, mas que no intervm, diretamente, nos afazeres do mesmo. Para os destas, Deus se revela por meio da cincia e das leis da natureza.

    Desmo

    uma corrente filosfica que surgiu da mistura do pantesmo com o desmo, ou seja, afirma concomitante que Deus pre-cede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua totalidade.

    Pandesmo

    Refere-se descrena em qualquer deus, deuses ou entida-des divinas.

    Atesmo

    Designa o movimento histrico e religioso cristo que flores-ceu durante os sculos 2 e 3, cujas bases filosficas eram da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento). Este movimento reivindicava a posse de conhecimentos se-cretos que, segundo seus adeptos, tornava-os diferentes dos cristos alheios a este conhecimento. Essa crena combina-va alguns elementos da astrologia e mistrios das religies gregas com as doutrinas do cristianismo.

    Gnosticismo

    O agnosticismo se ope possibilidade de a razo humana conhecer uma entidade concebida como deus. Para os agnsticos, assim como no possvel provar racionalmente a existncia de Deus, igualmente impossvel provar a sua inexistncia. Logo, um labirinto sem-sada para a questo da existncia de Deus, por isso no se deve coloc-la sequer como problema, j que nenhuma necessidade prtica nos impele a nos embrenharmos em tal tarefa estril. Isto porque o que determina a crena a f, e a f no baseada em racionalizaes.

    Agnosticismo

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    Captulo 3q A concepo correta sobre DeusPor Norman GeislerTraduo do professor Elvis Brassaroto Aleixo

    A Bblia ensina que o monotesmo foi a concepo mais antiga acerca de Deus. O primeiro versculo do livro de Gnesis monotesta: No princpio criou Deus os cus e a terra (Gn 1.1). Todos os patriarcas, Abrao, Isaque e Jac, apresentaram uma f monotesta. (Gn 1250). Isto revela um Deus que criou o mun-do e que, portanto, diferente do mundo. Esses so os conceitos essenciais do tesmo ou monotesmo.

    Igualmente, bem antes de Moiss, Jos acreditou declaradamente em um mo-notesmo moral. Sua recusa em cometer adultrio justificada pelo seu conheci-mento de que seria um pecado contra Deus. Enquanto estava resistindo tentao da esposa de Potifar, ele declarou: Como, pois, posso cometer este to grande mal, e pecar contra Deus? (Gn 39.9).

    J, outro livro bblico contextualizado em um perodo antigo da antiguidade, revela claramente uma viso monotesta de Deus. Existem grandes evidncias de que o livro de J se desenvolveu em tempos patriarcais pr-mosaicos. O livro vis-lumbra um Deus Todo-Poderoso (J 5.17; 6.14; 8.3), um Deus pessoal (J 1.7-8), que criou o mundo (J 38.4) e soberano sobre sua criao (J 42.1,2).

    Encontramos na epstola de Paulo aos Romanos, no seu primeiro captulo, a afir-mao de que o monotesmo precedeu o animismo e o politesmo. O texto declara: Porquanto o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes ma-nifestou. Porque as suas coisas invisveis, desde a criao do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vem pelas coisas que esto criadas, para que eles fiquem inescusveis; porquanto tendo conhecido a Deus, no o glorificaram como Deus, nem lhe deram graas, antes em seus discursos se des-vaneceram, e o seu corao insensato se obscureceu. Dizendo-se sbios, tornaram-se loucos, e mudaram a glria do Deus incorruptvel em semelhana da imagem de homem corruptvel, e de aves, e de quadrpedes, e de rpteis. Por isso tambm Deus os entregou s concupiscncias de seus coraes, imundcia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que bendito eternamente. Amm (Rm 1.19-25).

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    A tese de um monotesmo recente foi divulgada por W. Schmidt na sua obra High Gods in North America. Mas a obra de James Frazer, The Golden Bough, que tem alcanado proeminncia sobre o assunto. Sua tese no se baseia em uma confivel procura histrica e cronolgica para as origens do monotesmo, antes, advoga que as religies evoluram do animismo para o politesmo, e deste para o henotesmo, e, finalmente, chegando ao monotesmo. Apesar de seu uso seletivo e anedtico de fontes antiquadas, as idias do livro ainda so acreditadas ampla-mente. A resistncia da tese de Frazer, de que a concepo monotesta de Deus evoluiu recentemente, no tem fundamento por muitas razes.

    Argumentos para a crena no monotesmo primitivo

    H muitos argumentos a favor do monotesmo primitivo. E muitos desses ar-gumentos vm dos registros e tradies que temos das civilizaes antigas, que incluem os livros de Gnesis e J e o estudo das tribos pr-alfabetizadas.

    A historicidade de Gnesis

    No h nenhuma dvida de que Gnesis apresenta uma concepo monote-sta de Deus. De igual modo, claro, esse livro o instrumento mais confivel que dispomos de um registro histrico da raa humana, desde os primeiros seres huma-nos. Conseqentemente, os argumentos que atestem a historicidade dos primeiros captulos de Gnesis favorecero o monotesmo primitivo.

    O notvel arquelogo William F. Albright demonstrou que o registro patriarcal de Gnesis (Gn 1250) histrico. Ele declara: Graas pesquisa moderna, reco-nhecemos agora sua significativa historicidade [da Bblia]. As narrativas dos patriar-cas, Moiss e o xodo, a conquista de Cana, os juzes, a monarquia, o exlio e a restaurao de Israel, tudo tm sido confirmado e evidenciado em uma extenso que eu julgava impossvel h quarenta anos. E acrescenta: No h um nico historiador bblico que no tenha se impressionado pela acumulao rpida de dados que apiam a historicidade significativa da tradio patriarcal.

    Entretanto, o livro de Gnesis uma unidade literria e genealgica, tendo constitudo listas de descendentes familiares (Gn 5.10) acompanhadas da relevante frase literria esta a histria de ou estas so as origens dos (Gn 2.4). A frase usada largamente em outros trechos do livro de Gnesis (2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10,27; 25.12,19; 36.1,9; 37.2).

    Alm disso, a importante narrativa sobre a torre de Babel (cap. 11) referida por Jesus e pelos escritores do Novo Testamento como histrica. Tambm so ci-tados por Cristo e pelos escritores do Novo Testamento: Ado e Eva (Mt 19.4,5); a tentao que sofreram (1Tm 2.14); sua posterior queda (Rm 5.12); o sacrifcio de

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    Caim e Abel (Hb 11.4); o assassinato de Abel por Caim (1Jo 3.12); o nascimento de Sete (Lc 3.38); a trasladao de Enoque (Hb 11.5); a meno do matrimnio antes dos tempos do dilvio (Lc 17.27); a inundao e a destruio do homem (Mt 24.39); a preservao de No e sua famlia (2Pe 2.5); a genealogia de Sem (Lc 3.35,36); e o nascimento de Abrao (Lc 3.34). Assim, a pessoa que questionar a historicida-de de Gnesis, conseqentemente, ter de questionar tambm a autoridade das palavras de Cristo e de muitos outros escritores bblicos que recorreram ao livro de Gnesis.

    Em particular, existem fortes evidncias para a historicidade dos registros bbli-cos sobre Ado e Eva. Esses registros revelam que os pais da raa humana foram monotestas desde o princpio (Cf. Gn 1.1,27; 2.16,17; 4.26; 5.1,2).

    1) Gnesis captulos 1 e 2 apresenta Ado e Eva como pessoas literais e narra os eventos importantes de suas vidas (entenda-se: de suas histrias, registros);

    2) Eles geraram crianas reais e no fictcias (Gn 4.1,25; 5.1);

    3) A mesma frase, estas so as geraes de, empregada para registrar his-trias posteriores (Gn 6.9; 9.12; 10.1,32; 11.10,27; 17.7,9), usada tambm no relato da criao (Gn 2.4) e na formao de Ado e Eva e seus descenden-tes (Gn 5.1);

    4) As cronologias posteriores do Antigo Testamento posicionam Ado no topo da lista genealgica (1Cr 1.1);

    5) O Novo Testamento cita Ado como o primeiro antepassado literal de Jesus (Lc 3.38);

    6) Jesus recorreu historicidade de Ado e Eva, o primeiro casal macho e fmea, constituindo, como base para a unio fsica, o primeiro matrimnio (Mt 19.4);

    7) O livro de Romanos declara que a morte literal foi trazida ao mundo por um Ado literal (Rm 5.14);

    8) A comparao de Ado (o primeiro Ado) com Cristo (o ltimo Ado), em 1Corntios 15.45, atrela a historicidade de Ado com a de Jesus, e autentica explicitamente a compreenso histrica de Ado como uma pessoa literal;

    9) A declarao do apstolo Paulo, de que primeiro foi formado Ado, depois Eva (1Tm 2.13,14), revela que ele fala de uma pessoa real;

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    10) Logicamente, houve entre eles o primeiro relacionamento conjugal: ma-cho e fmea. Do contrrio, a raa humana no teria continuidade. A Bblia chama este casal de Ado e Eva e no h quaisquer razes para duvidar da existncia real dessas duas pessoas. E aqueles que argumentam a favor de sua historicidade conseqentemente apiam a posio bblica de um monotesmo primitivo.

    A evidncia do livro de J

    Semelhante a Gnesis, J possivelmente um dos livros mais antigos do Anti-go Testamento. Ao menos h um consenso entre os estudiosos de que sua histria se originou em tempos patriarcais, sendo, portanto, pr-mosaica. De igual modo, o livro de J confirma o monotesmo e a pessoalidade de Deus. Revela um Deus pessoal (1.6,21), moral (1.1; 8.3,4), soberano (42.1,2), Todo-Poderoso (5.17; 6.14; 8.3; 13.3) e criador (4.17; 9.8,9; 26.7; 38.6,7). O posicionamento da histria de J como sendo primitiva possui vrios fundamentos.

    1) Sua organizao familiar em cls, adotada no perodo pr-mosaico e aboli-da posteriormente entre os hebreus;

    2) A ausncia total de qualquer referncia lei de Moiss;

    3) O emprego patriarcal peculiar para o nome de Deus: Todo-Poderoso (5.17; 6.4; 8.3 cf. Gn 17.1; 28.3);

    4) A comparativa raridade com que empregado o nome SENHOR (Yahweh) (cf. x 6.3);

    5) O oferecimento de sacrifcios pelo chefe da famlia em oposio ao sacer-dcio levtico;

    6) A meno da cunhagem primitiva de moedas, implcita na expresso pe-as de dinheiro (42.11; cf. Gn 33.19);

    7) O uso da expresso os filhos de Deus (1.6; 2.1; 38.7), encontrada apenas em Gnesis 6.2-4;

    8) A longevidade de J, que viveu 140 anos depois que sua famlia foi restabe-lecida (42.16), ajusta-se ao perodo patriarcal.

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    J fala de um Deus que criou o mundo (J 38.4), que soberano sobre todas as coisas (42.2), inclusive sobre Satans (J 1.1,6,21). Todas essas coisas so carac-tersticas de uma concepo monotesta de Deus. Assim, os tempos primitivos de J revelam que o monotesmo no teve um desenvolvimento recente.

    As religies primitivas so monotestasAo contrrio da convico popular, as religies primitivas da frica revelam,

    por unanimidade, um explcito monotesmo. Uma das maiores autoridades em re-ligies africanas, John S. Mbiti, que em sua carreira j pesquisou mais de trezentas religies tradicionais, declarou: Em todas estas sociedades, sem uma nica exce-o, as pessoas tm uma noo de Deus como o ser supremo. Isto uma verdade compartilhada por outras religies primitivas, muitas das quais crem em um Deus altssimo ou em um Deus celestial, assinando mais uma vez o monotesmo primitivo.

    A influncia do evolucionismo

    A idia de que o monotesmo evoluiu recentemente ganhou popularida-de aps a teoria da evoluo biolgica de Charles Darwin, em sua obra A origem das espcies, de 1859. Em outra de suas obras, Darwin escreveu: No h nenhuma evidncia de que o homem tenha originalmente adotado a crena na existncia de um Deus onipotente. Pelo contrrio, Darwin acreditava que as faculdades mentais humanas [...] conduziram o homem crena em entidades es-pirituais e, desta, para o fetichismo, o politesmo e, por fim, ao monotesmo....

    A tese evolutiva de Frazer sobre a religio est baseada em vrias suposies sem nenhuma prova.

    Primeiro: seu apoio evoluo biolgica mostra, na realidade, sua ausncia de fundamentos srios. A teoria da evoluo j foi satisfatoriamente contestada por autoridades cientficas.

    Segundo: ainda que considerssemos a evoluo biolgica como uma verda-de cientfica, no h nenhuma razo para acreditar que tal evoluo tenha sido considerada no mbito religioso. um engano de categoria metodolgica classifi-car que o que verdade em uma disciplina seja tambm verdade em outra.

    O darwinismo social outro caso em questo. Poucos darwinistas concorda-riam com Hitler em sua obra Mein Kampf, que diz que deveramos destruir as raas inferiores, j que a evoluo tem feito isto durante sculos! Ele escreveu: Se a natureza no deseja que os indivduos mais fracos devam se unir (misturar) com os mais fortes, ela deseja menos ainda que uma raa superior venha se misturar com uma inferior; at mesmo porque, em tal caso, todos os seus esforos, ao longo de centenas de milhares de anos, para estabelecer uma fase evolutiva mais alta, pode resultar em futilidade.

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    Assim, se muitos darwinistas concordam que a evoluo no deve ser aplicada ao desenvolvimento social humano, ento no h nenhuma razo para aplic-la religio. Dessa forma, nem a suposta prova cientfica de Darwin serve como base para a evoluo do monotesmo recente.

    A melhor explicao

    As origens do politesmo podem ser explicadas como uma degenerao do monotesmo original, como vimos na declarao anterior de Romanos 1.19. Quer dizer, o paganismo se originou do monotesmo primitivo e no o contrrio. Isso evidenciado no fato de que a maioria das religies pr-alfabetizadas possua uma viso monotesta de Deus. William F. Albright reconhece, igualmente, que os respectivos deuses dessas religies eram considerados todo-poderosos e cridos como criadores do mundo; eram, geralmente, deidades csmicas e seus adeptos, freqentemente, acreditavam que tais deuses residiam no cu.

    Essa concepo claramente contrria s concepes politestas e animistas de deidade.

    No h nenhuma razo concreta para negar o monotesmo primitivo apresen-tado pela Bblia. Pelo contrrio, h toda evidncia para acreditar que o monotes-mo foi a primeira concepo religiosa que algumas religies deturparam. De fato, essa a posio que melhor se ajusta forte evidncia de que o monotesmo reve-lado na Bblia foi distorcido pelas tendncias humanas.

    Em resumo, a concepo correta de Deus, o monotesmo primitivo, foi resga-tada e no evoluda durante sculos. Deus fez o homem conforme a sua imagem, mas os homens corromperam esta verdade (Rm 1.23).

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    Captulo 4q A existncia de Deus

    Quem Deus? E o que Ele fez ou faz?Hoje, um nmero cada vez maior de pessoas diz no acreditar na existncia de

    Deus. So os ateus, que afirmam que se Deus no pode ser visto, ouvido ou tocado, ento no h como provar que ele existe. Se os ateus no acreditam na existncia de Deus, logo, no acreditam tambm na Bblia. E muito menos em Jesus Cristo.

    De fato, a Bblia no procura discutir a existncia de Deus. Ela j comea nar-rando a criao de todas as coisas como se a existncia de Deus fosse um fato que no pode ser colocado em dvida. Assim lemos no livro de Gnesis: No princpio criou Deus os cus e a terra. (1.1). A Bblia chama aquele que nega a existncia de Deus de tolo: Disse o nscio no seu corao: No h Deus (Sl 14.1).

    Ainda que muitas pessoas, hoje, no acreditem na existncia de Deus, o nme-ro de pessoas que acredita muito maior. At pessoas que no freqentam nenhu-ma igreja nem praticam qualquer religio acreditam que Deus existe. E por qu? Porque certas coisas apontam para um ser superior.

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    Muitas pessoas no crem na Bblia, mas crem na existncia de Deus, por-que muitos fatos e elementos seriam impossveis de serem explicados sem a refe-rncia divina. Geralmente, os ateus so pessoas muito cultas e inteligentes. Isso se d porque necessrio criar teorias bem engendradas para negar a existn-cia de Deus. como estar andando em um caminho e topar com um compu-tador no meio do deserto e arrumar uma explicao lgica para aquele fato, mas sem envolver a ao humana. preciso muita criatividade e capacidade intelectual.

    Deus realmente existe! Com certeza, o conhecimento de Deus, conforme a Bblia, algo diferente do conhecimento cientfico baseado nos sentidos. A se-guir apresentaremos os argumentos em favor da existncia de Deus em oposio ao atesmo.

    Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), realizada em 2000, d conta de que aumentou o nmero dos ateus, pessoas que afirmam abertamente no crer na existncia de algum Deus ou de um mundo sobrenatural.

    A maioria desse contingente atia na prtica, ou seja, no apresenta nenhum tipo de f religiosa e no perde tempo refletindo sobre a existncia de Deus. So pessoas que, de fato, assumiram um modus vivendi em que no h espao para a religio. Mas, apesar de suas convices, no apresentam argumentos slidos para o seu atesmo.

    Um nmero mais reduzido desse grupo, tanto no Brasil quanto no exterior, pode ser classificado como ateus filosficos, isto , pessoas racionalmente preparadas para justificar sua descrena, pois se ocupam em formular argumentos lgicos que justifiquem a sua posio. Poderamos, ainda, chamar os ateus filosficos de incrdulos conscientes.

    Tambm, vale destacar um outro tipo de ateu, mais agressivo, detectado pela pesquisa em pauta: o militante. Esses ateus no somente no crem na existncia de Deus como tambm so contra aos que crem. Tanto que procuram persuadir os outros para a sua f sem deus. Ento, criaram o site Sociedade da Terra Redonda, cujo objetivo reunir todos os ateus em sua militncia.

    Salientamos que os ateus militantes parecem dirigir toda a sua animosidade principalmente aos cristos. Seus sites esto repletos de refutaes Bblia e, entre eles, existem pessoas que se ocupam em desmentir os milagres de cura que ocor-rem nas igrejas evanglicas e tambm em apontar as falhas da Igreja Crist atravs da Histria, entre outras coisas. Alm de negarem a existncia de Deus de forma geral (pois ateu significa sem Deus), acabam se tornando, na maioria das vezes, antideus, isto , contra Deus, ou, mais precisamente, anticristos.

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    O atesmo, como vem sendo propagado atualmente, no se contenta apenas em no crer na existncia de Deus. Prega que a religio no s intil, mas tambm m. E, ao lado de sua crtica religio, divulga uma crena que d possibilidade ao homem de resolver seus prprios problemas sem necessitar de uma fora exte-rior. Em verdade, um humanismo, no um humanismo que valoriza o ser humano, mas um humanismo que ope Deus e homem, colocando este ltimo como senhor e salvador de si mesmo.

    O Credo Americano Atesta corrente declara: Um atesta ama a si mesmo e ao seu prximo ao invs de amar um deus. Um atesta aceita que cu uma coisa pela qual ns devemos trabalhar agora, aqui na terra, para que todos os homens possam desfrutar juntos. Um atesta admite que ele no pode conseguir ajuda pela orao, mas que devemos encontrar em ns mesmos a convico in-terior e a fora para achar a vida, para resolver seus problemas, para subjug-la e para desfrut-la. Um atesta aceita que somente no conhecimento de si mesmo e de seu prximo os homens podem encontrar o entendimento que o ajudar em uma vida de plenitude.

    Um aspecto importante que precisa ser mencionado: os ateus no negam ape-nas a existncia de Deus, mas de qualquer realidade que no seja material, isto , que no possa ser percebida pelos cinco sentidos. Para eles, no existe uma dimen-so espiritual habitada por anjos ou demnios. A nica coisa que existe o mundo fsico, tangvel, e nada mais alm disso.

    O impacto do pensamento cientfico

    A fundao indestrutvel do edifcio inteiro do atesmo a sua filosofia: o materialismo, ou naturalismo, como tambm conhecido. Essa filosofia considera o mundo como ele na verdade, visto luz dos dados providos pela ci-ncia progressiva e experincia social. O materialismo atesta o resultado lgico de um conhecimento cientfico alcanado durante sculos.

    A colocao acima pertence ao artigo Materialismo versus Idealismo, de Madalyn Murray OHair, fundadora da organizao American atheists (Atestas americanos), que serve de inspirao para os ateus brasileiros. Com essa afirmao, a autora lana uma das pedras de toque do pensamento atesta: o conhecimento cientfico.

    Embora no signifique que todos os envolvidos com o pensamento cientfico sejam ateus, o contrrio geralmente verdade. Os ateus atribuem sua incredulida-de s coisas divinas e espirituais alegando que as mesmas no podem ser compro-vadas cientificamente. Basta lembrar que Yuri Gagarin, o primeiro russo a andar no espao, fez questo de dizer No vi nenhum Deus.

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    Desde o perodo do Iluminismo, o conhecimento cientfico foi adquirindo mais e mais prestgio. Os benefcios trazidos pela tecnologia criaram um sentimento geral de que o homem poderia, sozinho, resolver seus prprios problemas, bastando, para isso, ter o conhecimento necessrio. De repente, o Universo no era mais um objeto misterioso movido pelas mos do Altssimo, mas uma mquina perfeita regida por leis que podiam ser medidas e utilizadas em proveito prprio. O sculo 18 viu surgir a filosofia materialista de David Hume, na qual no havia lugar para quaisquer coisas que no fossem tangveis, palpveis. A fsica de Isaac Newton e a qumica eram cincias suficientes para explicar todos os fenmenos.

    bvio que a descoberta das leis da fsica e da qumica no um fundamen-to aceitvel para negar a existncia de Deus. Toda lei tem seu legislador e a coisa mais fcil de concluir um Universo regido por leis estabelecidas pelo criador. Mas muitos, no af de menosprezar a f, lanaram mo desse instrumento e abraaram as afirmaes atestas.

    H um site americano que divulga uma lista de celebridades atestas que inclui filsofos (Thomas J. Altizer, Paul e Patrcia Churchland, Paul Edwards, Antony Flew, Michael Martin e Kai Nielsen), cientistas (Francis Crick, Richard Leakey e Ste-phen J. Gould), polticos (Fidel Castro e Tom Metzger), famosos (Woody Allen, Ingmar Berman, Bill Blass, Marlon Brando, Warren Buffett, George Carlin, Dick Cavett, George Clooney, Patrick Duffy, Katherine Hapburn, Arthur Miller, Jack Nicholson e Penn and Teller) e homens de negcio (Bill Gates, entre outros tambm conhecidos).

    Todavia, ser cientista no obriga ningum a ser ateu. Se isso fosse verdade, todos os cientistas seriam ateus, o que no um fato. Inclusive, um dos maiores pensadores do sculo 20, autor do best-seller Uma breve histria do tempo, no v qualquer dificuldade em crer na existncia de Deus. Muito pelo contrrio: O pai da cosmologia moderna, o ingls Stephen Hawking, acha fascinante a chamada hiptese teolgica, a idia de que entender Deus seria o alvo supremo da fsica, mas alega que o caminho para chegar l a cincia e no a metafsica ou o misticismo. Quando lhe perguntaram se Deus teve um papel no Universo antes do big-bang, a suposta exploso primordial que teria criado o cosmo, Hawking admitiu que sim: acho que s ele pode responder porque o Universo existe.

    Sobre este assunto, compartilhamos uma citao do telogo Charles Hodge, que deveria ser observada por aqueles que defendem o pensamento cientfico: Desde os primrdios da cincia moderna, vm emergindo constantemente apa-rentes discrepncias entre a natureza e a revelao, o que, por algum tempo, tem ocasionado grande escndalo a crentes zelosos; em cada exemplo, porm, sem a menor exceo, tem sido descoberto que o erro se encontra ou na generalizao apressada da cincia, devido ao conhecimento imperfeito dos fatos, ou na inter-pretao tendenciosa das Escrituras.

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    O efeito Charles Darwin

    Aps ter lido A origem das espcies, de Charles Darwin, Karl Marx escre-veu uma carta ao seu amigo Lassalle, na qual exulta porque Deus (pelo menos nas cincias naturais) recebeu o golpe de misericrdia.

    No que essa fosse a inteno do naturalista Charles Darwin, mas suas idias foram e ainda so utilizadas pelos ateus do mundo inteiro como argumento para provar que o simples fato de o mundo existir no demanda a existncia de um Cria-dor. Segundo a teoria da Evoluo das espcies, o mundo o resultado de bilhes de anos de evoluo, pela qual as formas de vida mais simples evoluram para as formas de vidas mais complexas, at chegarem ao homem.

    Essa questo ferveu na Inglaterra do sculo 19 e, depois, no mundo inteiro. Conceber o Universo em termos evolutivos foi o padro que, desde ento, serviu para considerar a evoluo como algo inerente natureza de todas as coisas. Assim, no havia a necessidade de um agente externo, ou seja, Deus. Com sua te-oria, Darwin proporcionou aos incrdulos aquilo que ainda lhes faltava: uma base cientfica para a negao de Deus.

    Isso, no entanto, no significa que Darwin estava negando a existncia de Deus. Em verdade, ele estava atribuindo o fato biolgico ao Criador. Mas aqueles que buscavam ensejo para anular o argumento da criao como prova da existncia de Deus, usaram sua teoria como base. Logo, ser ateu por causa da evoluo era uma opo de crena e no uma conseqncia da teoria de Darwin. At porque havia muitos testas (pessoas que admitem a existncia de um Deus pessoal como causa do mundo) entre aqueles que acreditaram na evoluo.

    Nosso propsito, aqui, no discutir sobre a teoria da Evoluo das espcies. Mas importante saber que, mais de cem anos depois, muitas dvidas ainda pairam sobre essa teoria, insuficiente para explicar a origem do homem. Embora admita a evoluo, o historiador sueco Karl Grimberg, no princpio de sua Histria universal, comenta o seguinte: Se [conjuno condicional] a estrutura anatmica do ho-mem o culminar de uma longa evoluo, foi, no entanto, repentino o nascimento da sua inteligncia. Tudo faz supor que o limiar por onde se ascendeu diretamente o pensamento foi transposto de uma s vez.

    Grimberg fez essa declarao em 1941. Mas impressionante uma observao da revista Veja sobre o comentrio de um dos maiores neodarwinistas da atualida-de: ... o bilogo Ernst Mayr, da Universidade de Harvard, tambm concorda que apenas o desenrolar das leis naturais talvez explique o surgimento da vida na terra mas isso certamente no pode ser invocado para explicar o aparecimento de seres inteligentes. Lendrio pelo ceticismo, Mayr no fala em milagre. Nem pode.

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    Ele considerado o maior neodarwinista vivo. Mas seu clculo sobre a possibilidade de a natureza produzir seres inteligentes pelos processos evolutivos conhecidos quase uma sugesto de que os seres humanos so mesmo produtos sobrenaturais.

    A espada de Karl Marx

    De todos os movimentos que se rebelaram contra a crena em Deus, o mar-xismo foi o mais relevante. Toda a ideologia marxista e as demais que dele se originaram (comunismo, socialismo, leninismo e maosmo) apresentavam uma averso profunda contra toda e qualquer religio, principalmente o cristianismo. O atesmo foi ensinado nas escolas e inculcado nos cidados que viviam sob essa orientao ideolgica desde a mais tenra idade e em todo o lugar. Muitos dos argumentos que os ateus atuais lanam contra Deus eram comumente utilizados pelos pases comunistas e socialistas.

    O atesmo de Marx, certamente, era de uma espcie extremamente militante. Ruge escreveu a um amigo, Bruno Bauer, Karl Marx, Christiansen e Feuerbach esto formando uma nova Montagne e fazendo do atesmo o seu lema. Deus, religio e imortalidade so derrubados de seu trono e o homem proclamado Deus. E George Jung, um jovem prspero, advogado de Colnia e partidrio do movimento radi-cal, escreveu a Ruge: Se Marx, Bruno Bauer e Feuerbach, juntos, fundarem uma revista teolgico-filosfica, Deus faria bem em se cercar de todos os seus anjos e se entregar autopiedade, pois estes certamente o tiraro de seu cu [...] Para Marx, de qualquer forma, a religio crist uma das mais imorais que existe.

    Como podemos ver, nem sempre o atesmo existiu como uma crena passiva, como uma indiferena religio. Dentro do conceito marxista, o atesmo deveria substituir a crena em Deus, nem que para isso fosse necessrio usar de violncia. No precisamos registrar aqui os milhares de mrtires resultantes da implantao da ideologia comunista. Como escreveu Richard Wurmbrand, fundador da misso A voz dos mrtires: Posso entender que os comunistas prendam padres e pastores como contra-revolucionrios. Mas por que os padres foram forados a dizer a missa sobre excrementos e urina, na priso romena de Piteshti? Por que cristos foram tor-turados para que tomassem a comunho com esses mesmos elementos? Por que a obscena zombaria da religio?

    Bases histricas dos ateusAlguns sites, como o www.oateufeliz.com.br, por exemplo, fazem meno das

    mortes efetuadas pela Inquisio catlica e pela colonizao protestante na Am-rica para combater a crena em Deus. Todavia, querer provar que Deus no existe

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    por esse motivo um tanto quanto sem fundamento. Os ateus no podem esque-cer que Stlin, Lnin e Mao Tse-tung mataram milhes de pessoas inspirados no so-cialismo ateu, conforme divulgado por Karl Marx.

    Da mesma forma, o Nazismo dizimou a raa judaica e milhares de outras minorias por conta de suas teorias racistas, baseadas no darwinismo e nas idias do filsofo ateu Friederich Nietzsche. Mas no podemos negar a existncia de Marx, Darwin e Nietzsche pelo fato de seus escritos terem sido utilizados de forma perversa.

    Na verdade, as guerras e os massacres ocorrem motivados pelo desejo de po-der e pela ambio por riquezas. A religio apenas serve de justificativa para tais atos, assim como o atesmo serviu de motivo para que milhares de cristos fossem massacrados em pases comunistas. Assim, se a religio, por motivos histricos, pode ser classificada como nociva, o atesmo tambm pode. Se, porm, separarmos os frutos bons dos ruins, veremos que a f em Deus produziu os melhores.

    Se os homens erraram na histria do cristianismo, isso apenas indica que eles estavam fora dos padres de Deus e no que isso seja um fundamento que sirva para provar que Deus no existe. Uma coisa dizer que Deus no existe. Outra bem diferente mostrar que o homem no tem obedecido a Deus como deveria.

    Deus realmente existeAs Escrituras no procuram, em nenhum ponto, provar a existncia de Deus.

    Apenas a admite. Os santos do Antigo e do Novo Testamentos que falaram inspira-dos por Deus no diziam que acreditavam em sua existncia, mas que o conheciam o que depreende bem mais. Com certeza, o conhecimento de Deus, conforme a Bblia, algo diferente do conhecimento cientfico baseado nos sentidos.

    Mas, ento, para que tentar provar a realidade de Deus?

    Em primeiro lugar, porque muitos so sinceros em suas dvidas. verdade que alguns no querem crer e, por isso, procuram desculpas para sua atitude. Outros querem acreditar, mas, infelizmente, encontram diversos motivos para no faz-lo. a que entramos com a evidncia.

    Em segundo lugar, porque tudo aquilo que fortalece a nossa f til. por isso que muitos buscam provas, no para crerem, mas porque j crem.

    E, em terceiro lugar, porque esta uma maneira de estarmos conhecendo um pouco mais da natureza de Deus e, com certeza, isso algo bom e reco-mendvel.

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    Sendo assim, a seguir compartilhamos uma tabela que traz alguns argumentos em favor da existncia de Deus:

    Todo efeito tem uma causa apropriada. Esse argumento re-monta a Aristteles e foi amplamente explorado por Toms de Aquino em sua Suma teolgica. Geralmente, dentro des-sa linha de argumentao, Deus descrito como a Causa no causada, o Motor no movido.

    Argumento da causa e

    do efeito

    Esse o argumento teleolgico. O Universo um grande pro-jeto, tendo complexidade (muito cheio de elementos) e es-pecificidade (caractersticas ntidas e constantes). A ordem e o propsito num sistema implicam inteligncia e propsito em sua causa; o Universo tem um designer transcendente, um originador e mantenedor das suas leis.

    Argumento da causa da ordem e do propsito no

    Universo

    Esse o argumento ontolgico e defende que Deus um ser absolutamente perfeito. Todo homem, mesmo que sufocada e vagamente, tem a idia de um Deus infinito e perfeito. Esta noo, por ser infinitamente superior ao homem e ao Universo, no pode ter se originado no homem nem no Universo, logo, tem sua origem em Deus, que existe e infinito e perfeito.

    Argumento da causa

    da idia de Deus

    Esse o argumento antropolgico. Somos seres morais. A idia de certo e errado permeia toda a nossa vida. Uma voz insilencivel fala incessantemente nossa conscincia, exi-gindo obedincia e apontando para um juiz que punir cada desobedincia. Essa voz que fala conscincia no impos-ta pelo indivduo nem pela sociedade (freqentemente lhes contrria!); portanto, existe algum que fala nossa cons-cincia, que bom, justo juiz, Senhor, autor e mantenedor de uma lei moral permanente, absoluta e mandante: Deus. Leis morais implicam em um legislador moral.

    Argumento da causa da

    moral

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    Captulo 5q Os atributos de Deus

    Uma pergunta que muitas crianas fazem : Como Deus?.De seu jeito simples, elas esto perguntando a respeito da natureza de Deus,

    e no se trata de uma pergunta sem nenhuma importncia. No basta apenas falarmos o nome de algum. Precisamos conhecer suas caractersticas, ou seja, aquilo que o distingue dos demais seres. Se, por exemplo, dissermos que o elefante um animal de pernas e pescoo compridos, de cor de laranja, cheio de manchas pretas, embora usemos a palavra elefante, no estamos nos referindo ao mesmo animal, corpulento, com grandes orelhas e uma grande tromba. A descrio de sua natureza o identifica e no apenas o nome.

    A primeira coisa que precisamos saber a respeito do Deus da Bblia que Ele um Deus pessoal. Alguns falam que Deus uma energia, uma fora csmica ou algo assim. No seriado Guerra nas estrelas, os personagens sempre repetiam uma frase muito conhecida: Que a fora esteja com voc. Era uma referncia a Deus como sendo apenas uma fora. Falavam ainda do lado negro dessa fora. Essas opinies sobre Deus no so verdadeiras, porque a Bblia ensina que Deus uma pessoa, no uma fora.

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    Natureza espiritual de DeusDeus um ser espiritual. Isso significa que ele no material como ns. No

    pode ser medido ou pesado. No se relaciona com os seres humanos por meio dos sentidos, como viso ou audio. Sua natureza espiritual (Jo 4.23,24). Quando a Bblia menciona os olhos, os ouvidos ou as mos de Deus, est usando compara-es para que possamos entender. Deus to diferente e superior a tudo o que conhecemos que se a sua Palavra no fosse assim, no compreenderamos nada. Quando a Bblia diz que o homem foi criado imagem e semelhana de Deus, no quer referir com isso semelhanas fsicas, mas, sim, semelhanas espirituais. Esse tipo de linguagem simblica para se referir a Deus chamada antropomorfismo, isto , a atribuio de caractersticas humanas a Deus.

    Natureza invisvel de DeusUma das grandes caractersticas de Deus revelada ao povo de Israel sua

    invisibilidade. Essa nica caracterstica do Deus de Israel por si s era revolucion-ria. Os deuses das naes vizinhas a Israel eram identificados com coisas visveis e palpveis. Os povos geralmente pensavam que somente se um deus fosse tangvel poderia ser eficaz e ajudar os seres humanos.

    O Salmo 115 uma expresso dessa admirao dos povos pagos contra a crena dos israelitas em um Deus invisvel: Porque diro os gentios: Onde est o seu Deus? Mas o nosso Deus est nos cus; fez tudo o que lhe agradou. Os dolos deles so prata e ouro, obra das mos dos homens. Tm boca, mas no falam; olhos tm, mas no vem. Tm ouvidos, mas no ouvem; narizes tm, mas no cheiram. Tm mos, mas no apalpam; ps tm, mas no andam; nem som algum sai da sua gar-ganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que ne-les confiam. Israel, confia no Senhor; ele o seu auxlio e o seu escudo (Sl 115.2-9).

    O Deus bblico no pode ser representado por esculturas ou pinturas. Ele est muito alm daquilo que o homem pode imaginar e, portanto, tentar represent-lo de qualquer forma seria um desrespeito sua natureza. Quando entregou seus mandamentos a Moiss no Monte Sinai, o Senhor proibiu terminantemente o povo de possuir qualquer outro Deus, bem como criar qualquer imagem dele (x 20.3-6).

    Natureza imutvel de DeusEsse aspecto da natureza de Deus tem implicaes muito importantes. Algumas

    teologias novas, como a Teologia do processo ou Tesmo aberto, querem atribuir a Deus um aperfeioamento progressivo. A imutabilidade de Deus nos ensina que no se pode acrescentar nada a Ele. Deus perfeito. Sua natureza e atributos no mudam.

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    O Senhor sente e age sempre em coerncia com sua natureza e carter imutveis (Ml 3.6). A base para a imutabilidade de Deus so a sua simplicidade, a sua eternida-de, a sua auto-existncia e a sua perfeio.

    Simplicidade, porque sendo Deus uma substncia simples, indivisvel, sem mistu-ra, no est sujeito variao (Tg 1.17).

    Eternidade, porque Deus no est sujeito s variaes e circunstncias do tempo, por isso Ele no muda (Hb 13.8).

    Auto-existncia, porque uma vez que Deus no causado, mas existe em si mesmo, ento Ele tem de existir da forma como existe, sendo sempre o mesmo. Sua resposta ao questionamento de Moiss (EU SOU O QUE SOU) demonstra sua auto-existncia e imutabilidade (x 3.14-16).

    Perfeio, porque toda mudana tem de ser para melhor ou pior e, sendo Deus absolutamente perfeito, jamais poder ser mais sbio, mais santo, mais justo, mais misericordioso e nem menos. Deus imutvel como a rocha (Dt 32.4).

    Essa imutabilidade no significa imobilidade. Durante muito tempo, por influ-ncia do filsofo grego Aristteles, a imutabilidade soou como que se referindo a um Deus imvel, quase um ser impessoal. Todavia, claramente a Bblia mostra que o nosso Deus um Deus de ao (Is 43.13).

    Essa imutabilidade implica impossibilidade de arrependimento. Alguns verscu-los falam de Deus como se ele se arrependesse, falam de Deus mudando de atitude em relao s aes humanas (x 32.14, 2Sm 24.16, Jr 18.8; Jl 2.13). Trata-se de an-tropomorfismo, ou seja, uma forma de descrever a ao de Deus, assemelhando-a as atitudes humanas. Somente dessa maneira o agir de Deus poderia ser compre-ensvel ao homem, no tempo e na histria.

    O Senhor imutvel em suas promessas (2Co 1.20); em sua benignidade (Is 54.10); em sua justia (Sl 119.142); em seu amor (Gn 18.25,26). No possvel que ele se torne menos ou mais justo, misericordioso, fiel e amoroso do que ele de fato . As manifesta-es de tais atributos podem parecer mais ou menos intensas, conforme a nossa ma-neira limitada de ver as coisas, em nossa estreita perspectiva. Todavia, isso no repre-senta uma oscilao do carter divino, apenas demonstra que somos seres limitados.

    Natureza trina de DeusO Antigo Testamento, documento composto em meio a um contexto (mundo)

    politesta, insiste fortemente em afirmar a questo da unidade de Deus. No Novo Testamento, por sua vez, vemos a caracterstica trina de Deus, isto , um nico Deus subsistente eternamente em trs pessoas. A aceitao da divindade de Cristo e do Esprito Santo, por parte dos apstolos e dos demais crentes da Era Crist, de-monstra que eles reconheceram essa qualidade da natureza divina.

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    Durante sculos, um relacionamento com o Pai, com o Filho e com o Espri-to Santo, considerado um relacionamento com a divindade, desenvolveu-se sem qualquer problema. Somente mais tarde algumas colocaes causaram conflitos com o contexto da Igreja, sendo necessrio que homens dotados de grande ca-pacidade colocassem sua mente em favor da verdade, tentando resolver essa questo.

    A verdade revelada no Novo Testamento a de que Deus nico. Esse nico Deus se revelou e se revela neste mundo por meio de trs pessoas distintas, denomi-nadas regularmente de Pai, Filho e Esprito Santo. Essa uma caracterstica divina que, por sua importncia, ser estudada em um captulo parte.

    A grandiosidade do ser de Deus nos faz lembrar, constantemente, as limita-es do nosso conhecimento a seu respeito. Definies e conceitos sempre ficaro aqum do que verdadeiramente Deus . No entanto, o Senhor se revelou ao ho-mem na histria e por meio da inspirao das Escrituras. Dessa maneira, podemos compreender um pouco de sua natureza.

    Para conhecermos um pouco sobre quem Deus, precisamos nos aprofundar um pouco mais a respeito de suas qualidades e caractersticas. Precisamos ir alm da sua espiritualidade, invisibilidade e imutabilidade. Precisamos estudar o que a teologia convencionou chamar de os atributos de Deus.

    Os seres se distinguem entre si e se fazem conhecer por aquilo que lhes pr-prio. Dizer que o cu preto e as rvores so achatadas, o mesmo que lhes atribuir caractersticas que de fato no possuem. Dizer que o ser humano pensa, sente e tem vontade so formas de identificar e distinguir o homem dos outros seres, como as pedras, por exemplo, j que estas no pensam, no sentem e no tm vontade.

    Alguns dos atributos divinos no podem ser encontrados em nenhum outro ser, somente em Deus. Essas qualidades ou atributos tornam Deus diferente e superior sua criao. Os atributos divinos so chamados de incomunicveis, isto , no podem ser comunicados, no podem ser repartidos. Nenhum outro ser no Universo possui esses atributos.

    Existem, portanto, outros atributos, outras qualidades divinas, que Deus deseja repartir com suas criaturas. Obviamente, essa outra categoria de atributos divinos muito superior. Nenhum ser possui o mesmo grau de santidade que Deus, por mais perfeito que algum seja. Nenhum ser possui amor quanto Deus, ou sabedoria ou outra qualidade qualquer. Mas as pessoas podem receber do Senhor um pouco desses atributos que, quando compartilhados, so chamados de atributos comu-nicveis. Ou seja, podem ser repartidos com outros seres.

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    O fato de o ser humano ter sido criado imagem e semelhana de Deus faz que esses atributos sejam plenamente compreensveis e, at mesmo, compartilhados. Quando se pensa no carter de Deus se manifestando no cristo, estamos falando desses atributos que, em certo grau, nos so transmitidos. Entendemos que a restau-rao da imagem de Deus no homem est profundamente ligada ao compartilha-mento desses atributos divinos com o homem regenerado.

    Essa apenas uma das maneiras didticas usadas para classificar as qualida-des ou atributos de Deus. Sabemos que, mesmo dividindo essas qualidades dessa maneira, no possvel descrever Deus completamente. Trata-se apenas de um meio utilizado pela nossa mente finita para compreender Deus um pouco mais.

    Vejamos, enfim, esses atributos:

    Atributos no-comunicveis A eternidade de DeusDeus eterno. Ele no teve princpio e nunca ter fim. Nunca houve um tempo

    em que Deus no existisse (Sl 90.2).

    Tudo o que fazemos tem comeo e fim. Estamos acostumados a fazer tudo com datas. Quando estudamos histria, lemos sobre o que certas pessoas fizeram no passado, s vezes, em um passado muito distante. Mesmo assim, sabemos o ano em que determinado evento ocorreu ou pelo menos o sculo em que foi realizado.

    No caso de Deus, no temos como marcar uma data para o incio de sua exis-tncia. Ainda que pensssemos em nmeros grandes, como bilhes e trilhes, no acharamos o ponto em que Deus comeou a existir. No podemos atingir o mo-mento em que no havia Deus pelo simples fato de que esse instante nunca existiu.

    No livro de Gnesis, Deus chamado de El Olam (na lngua hebraica), que foi traduzido para a lngua portuguesa como O Deus Eterno (Gn 21.33). Deus in-criado. Ele nunca teve um incio e nunca ter um fim. Embora a nossa mente finita jamais possa compreender isto completamente, a verdade que Deus nunca teve uma origem (Dt 33.27).

    A onipotncia de Deus

    Outra caracterstica muito importante de Deus mostrada nas Escrituras Sagra-das a sua capacidade de fazer qualquer coisa. Deus no limitado por nada no Universo, a no ser por ele mesmo. Deus quem fez tudo existir e quem faz tudo funcionar. J na criao, vemos um pouco desse poder. Tambm vemos isso pelo fato de ele sustentar todas as coisas.

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    O termo onipotncia oriundo do latim omni, que significa tudo, e potentia, que quer dizer poder. Logo, onipotncia significa todo poder.

    Obviamente, Deus colocou leis na sua criao que faz que ela funcione de forma regular. E, mesmo assim, quando o Senhor deseja, pode fazer que as coisas funcionem de modo diferente (J 42.1,2).

    Nenhum outro ser, no cu ou na terra, poderia abrir o Mar Vermelho (x 14), ou fazer o Sol parar (Js cap.10), entre tantas outras coisas.

    A Bblia declara que os anjos so seres muito poderosos. Conseguem realizar muito mais coisas que os seres humanos. Mesmo assim, no so onipotentes. Por isso, um outro nome de Deus que aparece no Antigo Testamento El Shadday (tambm hebraico), que foi traduzido para a lngua portuguesa como Deus Todo-Poderoso (Gn 17.1). At mesmo no livro de Apocalipse, Deus se apresenta assim para Joo: Eu sou o Alfa e o mega, o princpio e o fim, diz o Senhor, que , e que era, e que h de vir, o Todo-Poderoso (1.8).

    Deus s conhece um limite: o seu carter moral. Por isso, no pode mentir nem negar sua essncia. Mas, em termos de realizaes, pode fazer qualquer coisa, embora essa faculdade no o obrigue a interferir, continuadamente, em tudo o que no estiver correto. Ele criou seres, como, por exemplo, os anjos e os homens, a quem deu livre-arbtrio. Por sua prpria deciso, Deus no interfere gratuitamente na vontade humana ou angelical.

    A oniscincia de Deus

    Outra caracterstica que s Deus possui sua capacidade de conhecer todas as coisas. Deus sabe, conhece e entende tudo a respeito de tudo. Conhece o pas-sado, o presente e o futuro de cada coisa que existe no Universo. No existe nada que ele no saiba. Deus tem cincia de tudo em todo o momento.

    Como j vimos, omni vem do latim, e significa tudo. Cincia tambm veio do latim, sapincia, e significa conhecimento. Logo, oniscincia significa todo conhecimento.

    Deus conhece as palavras, os pensamentos e as aes de cada ser antes mes-mo que eles aconteam (Sl 139.1-6, 15,16). Nossa mente finita tambm tem muita dificuldade em compreender isso. Por mais inteligente que seja um ser humano, e por mais conhecimento que tenha, haver sempre um limite. Mesmo um compu-tador, que pode armazenar bilhes de informaes, jamais conseguir armazenar tanto conhecimento quanto Deus.

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    Se imaginarmos quantas coisas j aconteceram desde que o mundo foi criado, e quantas coisas os homens j disseram, pensaram e fizeram, ficamos perplexos que Deus no apenas tenha conhecimento de tudo isso como do que acontecer no futuro. espantoso!

    E se sabemos que o Senhor conhece todas as coisas, sabemos que no podemos esconder nada de Deus. Mesmo os nossos pensamentos mais escon-didos, que no contamos a ningum, Deus conhece. As coisas erradas que so feitas escondidas no esto ocultas para Deus. O Senhor deu liberdade para os homens, mas um dia todos tero de prestar contas por tudo o que fizeram (Ec 12.13,14).

    Temos de fazer a coisa certa, porque mesmo que ningum veja, Deus v. No precisamos ter vergonha de falar qualquer coisa para Deus quando estamos oran-do, porque ele j sabe. A oniscincia de Deus garante que ele est sempre olhan-do para a nossa vida.

    S Deus onisciente. Por isso, no fazemos oraes para pessoas que j morre-ram, para Maria ou para anjos, pois estes no tm como ouvir o pedido dos milhes de pessoas que esto ao redor do mundo. Somente um ser onisciente tem essa ca-pacidade. E esse ser Deus.

    Deus conhece o nosso corao (1Jo 3.20); Deus conhece tudo o que aconte-cer (At 15.18); Deus conhece tudo o que aconteceria em todas as circunstncias possveis (Mt 11.23); Deus conhece o plano total dos sculos (Ef 1.9-12); Deus conhe-ce o bem e o mal (Pv 15.3); Deus conhece os homens (Sl 33.13-15); Deus conhece tudo na natureza, toda estrela, todo passarinho (Sl 147.4); Deus conhece os feitos do homem (Sl 139.2,3); Deus conhece as palavras do homem (Sl 139.4); Deus co-nhece os pensamentos e as imaginaes do homem (1Rs 8.39); Deus conhece as necessidades e as tristezas do homem (Mt 6.32).

    O conhecimento de Deus total. Ele sabe todas as coisas, mesmo as coisas mnimas. E isto se estende tambm questo do tempo. Tanto o eterno passado quanto o eterno futuro so de sua cincia. Nada existe ou acontece que ele no saiba (Hb 4.13).

    A onipresena de Deus

    Alm de poder fazer qualquer coisa, de saber tudo a respeito de tudo, Deus est presente em todos os lugares. No existe um nico lugar no Universo onde Deus no se encontre. Tanto no mundo fsico quanto no mundo espiritual, sua presena certa. Ningum pode se esconder de Deus. No existe um lugar onde algum possa ir que ele no esteja.

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    No difcil entendermos o significado dessa palavra, pois j sabemos de onde vem omni. Se omni significa tudo, ento, onipresena significa presente em tudo, ou que Deus est presente em todos os lugares.

    Assim como no caso da oniscincia de Deus, o rei Davi tambm falou de sua onipresena: Para onde me irei do teu esprito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao cu, l tu ests; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali ests tambm. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, at ali a tua mo me guiar e a tua destra me suster. Se disser: decerto que as trevas me encobriro; en-to a noite ser luz roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noi-te resplandece como o dia; as trevas e a luz so para ti a mesma coisa (Sl 139.7-12).

    Isso no significa que o Senhor esteja em todos os lugares em algum sentido fsico. J aprendemos que Deus um ser espiritual e no material. Aprendemos na escola que matria tudo aquilo que ocupa lugar no espao. At o vento ocupa lugar no espao. Mas Deus no ocupa espao, porque, como vimos no incio deste captulo, Deus no matria, esprito.

    Deus no est contido no Universo. o Universo que est contido em Deus. Deus est presente em todo o Universo, e vai ainda alm dele. Isso difcil para entendermos, mas o que a Bblia ensina.

    A onipresena de Deus no significa que ele est em todos os lugares na mes-ma intensidade ou sentido. Sabemos, por exemplo, que a Bblia fala do cu como habitao de Deus: Assim diz o Senhor: O cu o meu trono, e a terra o escabelo dos meus ps; que casa me edificareis vs? E qual seria o lugar do meu descanso? (Is 66.1).

    Embora esteja em todos os lugares, aprendemos que Deus habita nos cus. A intensidade de sua presena diferente de lugar para lugar, mas mesmo assim no existe um lugar em que ele no esteja.

    Conta-se que um filsofo que no acreditava em Deus perguntou a um cris-to: Onde est Deus?. E o cristo lhe respondeu: Primeiro, quero lhe fazer outra pergunta: Onde Deus no est?. Com isso, ele queria deixar bem claro que no existe um lugar, em todo o Universo, onde Deus no se encontre.

    Isso muito importante para a nossa vida. Algumas pessoas vo para certos lu-gares onde dizem que h uma imagem de escultura ou um santo que faz milagres. Andam milhares de quilmetros para chegar at esses lugares. Ns, porm, sabe-mos que o Deus que servimos est em todos os lugares.

    Algumas vezes, sentimos essa presena de modo espiritual. Todavia, mesmo quando no sentimos nada, sabemos que Deus onipresente e est conosco em

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    todo o tempo e em todo lugar. Jesus, sendo o Deus Filho, depois de sua ressurrei-o, deixou para os seus discpulos a promessa de sua presena em qualquer lugar da terra em que eles fossem (Mt 28.19,20).

    muito importante sabermos que o Deus que servimos no limitado pelas distncias. Isso nos d a certeza de estarmos sempre perto dele, mesmo nos luga-res mais difceis. No lindo Salmo 23, o rei Davi disse algo que demonstra o quanto a onipresena divina valiosa em todos os momentos da nossa vida: Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, no temeria mal algum, porque tu ests comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam (Sl 23.4).

    Atributos comunicveis

    Doravante, falaremos do segundo tipo dos atributos de Deus. At agora, comentamos sobre os atributos que Deus no pode repartir com outros se-res. Existem, porm, outros tipos de atributos que so chamados de comunicveis, porque Deus pode comunic-los. Isto , pode reparti-los conosco. So tambm chamados de atributos morais, porque mostram que Deus um ser com qualidades que expressam aquilo que certo (o bem). Como fomos criados imagem e seme-lhana de Deus, possumos tambm esses atributos morais, embora em Deus esses atributos sejam perfeitos e, em ns, imperfeitos.

    O amor de Deus

    O primeiro desses atributos o amor. Deus ama. Seu amor infinito, no tem limites. Seu amor to grande que o prprio Deus assim o comparou para que ti-vssemos uma idia do quanto ele ama: Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que no se compadea dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu no me esquecerei de ti (Is 49.15).

    Esse o amor de Deus: maior do que o amor de uma me. E, no Novo Testamen-to, encontramos ainda mais que isso. O Novo Testamento nos ensina que o amor a essncia da prpria natureza divina. Deus no consegue deixar de amar, porque ele amor: Quem no ama no conhece a Deus, porque Deus amor (1Jo 4.8).

    Esse amor foi demonstrado na prtica. Deus no diz apenas que ama, antes, ele prova o seu amor. Para salvar a humanidade perdida, o Senhor enviou seu Filho para morrer na cruz pelos nossos pecados. Essa a maior prova do amor de Deus (Jo 3.16).

    Nem sempre conseguimos perceber o amor de Deus, assim como nem todas as pessoas aceitam esse amor. Mesmo assim, em muitas coisas Deus demonstra esse sentimento para com a humanidade, ainda que ela tenha virado as costas para ele, adorando falsos deuses ou ficando indiferente demonstrao do seu amor.

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    A soberania de DeusPara que possamos compreender mais de Deus, no nos basta apenas consi-

    derarmos o amor como sua nica qualidade. Precisamos, tambm, reconhecer que Deus soberano. Ou seja, ele quem decide todas as coisas. Deus no depende da vontade de ningum para fazer qualquer coisa, somente da sua prpria vontade.

    Por que Deus criou o mundo? Porque quis. Por que Deus enviou seu Filho para morrer por ns? Porque quis. Por que Deus responde s nossas oraes? Porque quer. No depende do desejo nem da aprovao de ningum, mas somente dele prprio. Isso a soberania de Deus. Lemos assim na Bblia: Mas o nosso Deus est nos cus; fez tudo o que lhe agradou (Sl 115.3).

    No Novo Testamento, encontramos o apstolo Paulo expressando a soberania de Deus por meio de um poema muito bonito: profundidade das riquezas, tan-to da sabedoria, como da cincia de Deus! Quo insondveis so os seus juzos, e quo inescrutveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Se-nhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, so todas as coisas; glria, pois, a ele eternamente. Amm (Rm 11.33-36).

    Deus poderia escolher no fazer o que fez ou o que faz. Ele poderia no ter criado nada. Contudo, resolveu e assim fez. Deus soberano para escolher e fazer o que bem entender e nenhuma criatura pode questionar seus motivos e decises.

    Isso significa que devemos a Deus plena obedincia. No podemos impor ao Senhor a nossa vontade. Mas temos de descobrir o que ele deseja para ns. Muitas pessoas no querem fazer a vontade de Deus, no aceitam a soberania dele sobre suas vidas. Quanto mais aprendermos a obedecer ao Senhor, mais felizes seremos, pois sua vontade perfeita, boa e agradvel (Rm12.2).

    S Deus plenamente soberano. E dele derivam toda autoridade e poder que existem no mundo. At mesmo o poder das hostes malignas emana de Deus. Muito do que acontece neste Universo, acontece dentro de sua vontade permissiva. Deus o nico ser no Universo que no necessita da permisso de ningum para realizar algo. Ele faz tudo conforme o conselho de sua prpria vontade (Ef 1.11).

    C. I. Scofield, eminente telogo da virada do sculo 19, deixou-nos uma expo-sio importante sobre a questo da vontade de Deus que nos ajuda a entender certas passagens das Escrituras. Scofield fala de trs aspectos da vontade de Deus que podem ser observados nas Escrituras:

    Aspectos da vontade de Deus

    A vontade soberana de Deus. Is 46.9-11 A vontade moral de Deus, isto , sua lei moral. Hb 13.21 Os desejos de Deus vindo de seu corao bondoso e amoroso. Mt 23.37

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    A vontade de Deus certamente se cumprir em sua totalidade, mas a lei moral desobedecida pelos homens, e os desejos de Deus so cumpridos apenas na ex-tenso em que so includos em sua vontade soberana.

    A santidade de Deus

    Outra caracterstica de Deus que nos ajuda a entender suas aes a sua san-tidade. Isso significa que Deus puro. Ele no faz nada moralmente mau. Assim est escrito no Novo Testamento: Esta a mensagem que dele ouvimos, e vos anuncia-mos: que Deus luz, e nele no h treva nenhuma (1Jo 1.5).

    Isso santidade. Deus moralmente puro. O profeta Habacuque nos ensina que Deus to puro que no pode sequer olhar para aquilo que mau (Hb 1.13). Deus um ser moralmente perfeito. E porque ele moralmente puro, quer que todas as pessoas que se comprometam em segui-lo sejam tambm moralmente puras, no se contaminem com as coisas erradas que acontecem neste mundo. Foi isso que ele ensinou aos israelitas. isso que ele exige de seu povo. O carter de Deus santo, por isso, o carter do povo de Deus tambm deve ser santo (1Pe 1.14-16).

    O bem e o certo o que Deus deseja. O mal tudo aquilo que se ope ou con-tradiz a sua vontade e resiste sua natureza. Foi essa caracterstica de Deus que Isaas viu os anjos exaltando quando entrou no templo, em Jerusalm (Is 6.1-3).

    A justia de Deus

    Deus justo. Esse um dos atributos de Deus que, constantemente, referido em sua Palavra. Algum j disse que a justia a santidade em ao. Isso signi-fica que, apesar de ser soberano, Deus no faz as coisas somente porque deseja faz-las, como aprendemos resumidamente no tpico sobre a soberania divina. O Senhor faz porque o correto a ser feito (Gn 18.23-25).

    Outra coisa que deve ser levada em conta que, o fato de Deus ser justo, leva-o a punir o erro. O amor de Deus permite que uma pessoa alcance misericr-dia e perdo quando se arrepende. E a justia de Deus faz que o homem receba a devida punio quando age de forma errada. As pessoas nem sempre conseguem entender certas coisas porque s aceitam que Deus amor e no aceitam que ele tambm exerce a justia.

    Esses dois atributos se encontram em perfeito equilbrio em Deus, porque ele nem pode deixar de amar, porque isso faz parte de sua natureza, nem pode deixar de ser justo, porque isso tambm faz parte de sua natureza. Assim como devemos aceitar a sua bondade, tambm devemos aceitar o seu julgamento, pois impos-svel que ele faa qualquer coisa que no seja correto (Rm 2.4,5).

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    Nem sempre conseguimos avaliar corretamente a justia de Deus. Claro que ficamos tristes com certas coisas que acontecem a determinadas pessoas. s ve-zes, at ficamos tristes porque pessoas que julgamos boas passam por algumas situaes difceis. A verdade que Deus plenamente justo, e s ele capaz de retribuir corretamente a cada um. Muitas vezes, s nos resta aceitar essa verdade da Bblia: Deus justo e jamais faria qualquer coisa contrria ao seu carter.

    Quando lemos na Palavra a respeito da ira de Deus, isso no significa que ele perdeu o controle e ficou irritado, como acontece com muitas pessoas. Na verdade, a ira de Deus est ligada a trs de seus atributos: soberania, santidade e justia.

    O Senhor se aborrece porque os homens desobedecem s suas ordem e fazem tudo errado. No maldade da parte de Deus, muito menos descontrole. Mas a correta manifestao do seu carter, que santo, justo e soberano.

    A fidelidade de Deus

    Hoje, encontramos em muitos lugares a frase: Deus fiel. O que quer dizer isso? Quer dizer que quando o Senhor promete alguma coisa, ele cumpre sua promessa. E, por causa disso, podemos ficar descansados, pois no existe perigo de que Deus nos diga que far algo e depois se esquea de seu compromisso (Nm 23.19).

    Davi era uma homem que conhecia muito dos atributos de Deus. Mas ele no conhecia apenas porque leu ou viu algum dizer. Ele prprio experimentou muitas vezes o quanto Deus cumpria as promessas que lhe fazia. Dessa forma, Davi sabia que Deus era completamente confivel, que jamais seria envergonhado ou ficaria decepcionado por ter confiado em Deus: Benignidade minha e fortaleza minha; alto retiro meu e meu libertador s tu; escudo meu, em quem eu confio, e que me sujeita o meu povo (Sl 144.2).

    Outra coisa que aprendemos que a fidelidade de Deus no depende da nossa. Ns, s vezes, falhamos, apesar da sinceridade com que fazemos nossos propsitos diante do Senhor. Se a fidelidade de Deus dependesse da nossa, estar-amos perdidos. Por isso, a Bblia diz: Se formos infiis, ele permanece fiel; no pode negar-se a si mesmo (2Tm 2.13).

    Isto no uma justificativa para os nossos erros, mas uma demonstrao do quanto Deus fiel para conosco.

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    Captulo 6q Os nomes de Deus

    Nas Escrituras Sagradas, o nome muito mais que uma identificao. uma identidade, uma descrio do carter. Foi por esse motivo que, ao se ma-nifestar a Moiss, este quis saber quem era o Deus que falava com ele. Assim lemos: Ento disse Moiss a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vs; e eles me disserem: Qual o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moiss: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirs aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vs (x 3.13,14).

    Na maioria das vezes, referimo-nos divindade como Deus ou, quando no, por um de seus ttulos: Pai ou Senhor. Para os judeus e os crentes do Antigo Testamen-to, Deus, era (mais que um conceito) um ser completamente pessoal. Assim, nada mais justo que se relacionar com ele usando seus nomes que, compostos ou no, aparecem na Bblia, e cada um deles revelando um ponto da natureza divina.

    A seguir, os nomes de Deus:

    YHWH (o tetragrama)Traduzido para Jeov, em portugus, YHWH, ou Yaweh, significa aquele que

    existe. Ou seja, o nome prprio do nico Deus verdadeiro. Um nome impronun-civel. Normalmente, esse tetragrama hebraico considerado um dos elementos mais sagrados da f judaica. E isso por causa da advertncia de xodo 20.7 (o ter-ceiro mandamento), que diz: No tomars o nome de YHWH teu Deus em vo, por-que o Senhor no ter por inocente o que tomar o seu nome em vo. Esse nome o mais empregado na Bblia em referncia divindade. S para se ter uma idia, aparece 5.321 vezes somente em sua forma no-composta.

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    Sua pronncia se perdeu com o passar dos anos. E isso porque no era fala-do. As pessoas tinham medo de pronunci-lo em vo. Na Septuaginta, traduo para o grego do Antigo Testamento, o vocbulo foi substitudo por Senhor, pois os judeus tinham o costume de pronunciar a palavra Adonay (Senhor) onde aparecia o tetragrama.

    A forma Jeov foi dada pelos judeus massoretas, embora estudos posteriores tenham determinado que a pronncia Jav ou Yaweh seria a mais correta. Geral-mente, cr-se assim por causa do uso do nome Jah, no Salmo 89.8 (texto em he-braico), e por causa das formas Yeho, Yo, Yah e Yahu, que ocorrem constantemen-te na formao dos nomes prprios, como, por exemplo, Jehosaphat, Joshaphat, Shepthatiah, por serem derivados de Yaweh, conforme as leis da filologia.

    Alguns fillogos acreditam que o nome tenha sua raiz no verbo hawah, que, posteriormente, tomou a forma de hayah, cujo significado : ser ou fazer-se. Se assim for, o significado do nome seria algo como aquele que existe absolutamente e que manifesta a sua existncia e o seu carter.

    Compostos de Jeov ou JavComo vimos, o nome de Deus, expresso pelo tetragrama, muito rico em seu

    significado. Quando associado com outras palavras, expressa toda a suficincia do nome ao qual est associado. Esses nomes compostos so:

    JEOVJIR

    O SENHOR PROVER. Termo presente na passagem de Gnesis 22.13-14. Expressa Deus aquele que provi-dencia o necessrio: o Deus provedor.

    JEOVMIKADISKIM

    O SENHOR QUE VOS SANTIFICA. Mencionado em xo-do 31.13. Expressa a ao de Deus em prol da santifi-cao do seu povo.

    JEOVNISSI

    O SENHOR MINHA BANDEIRA. Termo presente em xo-do 17.15. Est relacionado vitria de Israel contra os amalequitas, quando saram do Egito em direo a Cana. Representa Deus como fonte de vitria.

    JEOVRAAH

    O SENHOR O MEU PASTOR. Nome ligado ao Salmo 23.1. Mostra sua ao completa na vida do ser hu-mano, guardando, guiando, protegendo e nutrindo.

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    Compostos de ElA primeira meno de Deus na Bblia Elohim, um substantivo no plural. Ao p

    da letra, poderia ser traduzido para o portugus como deuses. Todavia, quando usado em referncia ao Deus verdadeiro, acompanhado de verbos conjugados no singular, o que qualifica no se tratar de uma multiplicidade de deuses, mas, sim, de um nico Deus. Elohim empregado sempre que se descreve o poder criativo e a onipotncia de Deus. Logo, est-se falando do Deus criador. A forma plural signi-fica a plenitude de poder e representa a Santssima Trindade.

    O singular de Elohim El ou Eloah, que tambm usado nas Escrituras para se referir a Deus, ainda que com bem menos freqncia. Enquanto Eloah aparece 57 vezes no Antigo Testamento, Elohim, a forma plural, aparece 2498, em referncia ao Deus verdadeiro.

    Alm disso, o termo El, singular de Elohim, apresenta composies no Antigo Testamento, mas sempre manifestando o carter de Deus e esto ligadas, principal-mente, aos seus atributos no comunicveis.

    JEOVRAFA

    O SENHOR QUE TE SARA. Este composto se refere cura fsica, uma das promessas feitas ao povo quan-do deixou o Egito (x 15.26).

    JEOVSABAOTE

    O SENHOR DOS EXRCITOS ou SENHOR DAS HOSTES, um dos nomes compostos mais utilizados nas Escri-turas. Evoca o poder e a fora de Deus agindo em meio aos homens (1Sm 1.3).

    JEOVSHALOM

    O SENHOR PAZ. Esse nome se refere a Deus como sendo a nossa Paz (Jz 6.24). Paz com Deus e paz de Deus.

    JEOVSHAM

    O SENHOR EST ALI. uma forma de se referir ao ca-rter onipresente de Deus (Ez 48.35).

    JEOVTSIDEKENU

    O SENHOR JUSTIA NOSSA. Esse nome tem um signifi-cado muito mais claro no Novo Testamento, quando, pela imputao da justia de Cristo em ns, somos declarados justos. Todavia, revelado primeiramen-te no Antigo Testamento (Jr 23.6).

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    Adonay

    Significa Senhor e substitua a pronuncia de Deus todas as vezes em que surgia o tetragrama. Por esse motivo, foi traduzido para o grego como Kyrios, cujo significado Senhor. Assim sendo, Senhor se tornou referncia ao nome divino e, em boa parte das tradues, o termo mais utilizado, seguindo a tradio da Septuaginta.

    EL ELION

    O DEUS ALTSSIMO. Mencionado em Gnesis 14.22. Elion deriva de Alyh, que significa subir, mais ele-vado, superior, no ponto mais alto. Este nome aparece ligado ao sacerdcio de Melquisedeque, um sacerdote e rei do Deus verdadeiro, que no ti-nha nenhum parentesco com Abrao.

    EL OLAM

    O DEUS ETERNO. Mencionado a primeira vez em G-nesis 21.33, est ligado sua natureza sempiterna e foi invocado por Abrao. Esse Deus nunca cansa de cuidar dos seus.

    EL ROI

    O DEUS QUE V. Mencionado em Gnesis 16.13, onde o nome de Deus est relacionado sua oniscincia. Foi esse o sentimento de Agar ao ser alcanada e salva por esse Deus.

    EL SHADDAY

    O DEUS TODO-PODEROSO. Um dos nomes compostos com El mais significativos das Escrituras (Gn 17.1). Re-trata a onipotncia divina. Aparece no Antigo Testa-mento 48 vezes e, em algumas ocasies, precedido pelo prefixo El, outras no. muito comum no livro de J.

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    Captulo 7q A Trindade divina

    A questo da Trindade nunca foi um problema para os apstolos. Embora eles nunca tenham utilizado essa palavra, o seu relacionamento com o Pai, com o Filho e com o Esprito Santo no apresentava qualquer problema. Somente no terceiro s-culo, quando comearam a surgir algumas idias erradas, foi que se tornou neces-srio algumas definies mais especficas para esclarecer os pontos mais difceis.

    Toda a discusso posterior ocorreu devido racionalizao de um fato aceito passivamente e de forma prtica pela comunidade crist. Mais que um ponto de debates e discusses, tratava-se de uma vivncia espiritual e de um fato consuma-do, no gerando qualquer desconforto ou dvida.

    Na Bblia Scofield, temos a seguinte exposio sobre Mateus 28.19 que trata justamente da questo trinitria nas Escrituras: No progresso da revelao divina, o nico Deus verdadeiro aparece claramente no Novo Testamento, existindo em trs pessoas divinas, chamadas de Pai, Filho e Esprito Santo. Como, por exemplo, em Mt 3.16, 17; 1Co 12.4-6; 2Co 13.14; Ef 2.18; 4.4-6; 5.18-20; 1Pe 1.2. Scofield pros-segue tecendo cinco consideraes importantes:

    1) Cada uma dessas pessoas divinas possui suas prprias caractersticas pes-soais e se distingue claramente das outras duas pessoas (Jo 14.16,17, 26; 15.26; 16.7-15). Contudo, as trs pessoas so iguais no ser, no poder e na glria: cada uma sendo chamada de Deus (Jo 6.27; Hb 1.8; At 5.3,4); cada uma possuindo todos os atributos divinos (Tg 1.17; Hb 13.8; 9.14); cada uma realizando as obras divinas (Jo 5.21; Rm 8.11) e cada uma recebendo hon-ras divinas (Jo 5.23; 2Co 13.13).

    DOUTRINA DE DEUS01

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    2) Com referncia ordem de suas atividades, o Pai o primeiro, o Filho, o segundo e o Esprito Santo, o terceiro; a frmula geral a seguinte: do Pai (1Co 8.6), pelo Filho (Jo 3.17), pelo Esprito Santo (Ef 3.5) e para o Pai (Ef 2.18). Mesmo assim, entretanto, nenhuma das pessoas age independente das ou-tras. Pelo contrrio, sempre h uma concorrncia mtua, como disse o nosso Senhor: Meu Pai trabalha at agora, e eu trabalho tambm (Jo 5.17); O Filho nada pode fazer por si mesmo (Jo 5.19); e novamente: Eu e o Pai so-mos um (Jo 10. 30).

    3) Na revelao de Deus no Novo Testa