JURISDIO

JURISDIO e COMPETNCIAAo de dizer o Direito Jaus, Juris = Direito

Dictio, Dictionis = Ao de dizer

DEFINIO:

(Atividade e expresso do Poder Pblico.

(Atividade constante, por meio da qual o Estado, pelos seus rgos especficos, prov a tutela do direito subjetivo, aplicando o direito objetivo a uma situao litigiosa concreta.

( meio de pacificao social, que o Estado avocou para si (monoplio de adm. da justia). Pacificao social entenda-se, de acordo com que o direito entende como tal.

(Consiste na aplicao do direito objetivo a uma situao litigiosa concreta, por meio do processo, exercida, normalmente, pelos rgos que compem o Poder Judicirio.

(Como poder, emanao da soberania nacional. Como funo, aquela incumbncia afeta ao Juiz de, por meio do processo, aplicar a lei aos casos concretos. Como atividade, toda aquela diligncia do Juiz dentro do processo, visando a dar a cada um o que seu.

(Embora funo especfica do Poder Judicirio, no exercida com exclusividade por ele, pois a prpria Constituio Federal atribuiu, excepcionalmente, a outros rgos o exerccio dessa funo.

(Funo Jurisdicional e Funo Legislativa. O Juiz no cria o direito, mesmo quando o ordenamento no prev norma especfica para o caso concreto, quando ento se aplica a regra do art. 4 da LICC: Quando a lei for omissa, o Juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais do Direito, de modo que , se o juiz pudesse criar o direito no teria que ficar adstrito aos costumes, analogia nem aos princpios gerais do direito.

CARACTERSTICAS :

(Pressupe uma situao litigiosa concreta, pois o seu fim precpuo a composio da lide, por meio do processo.

( una, enquanto atividade e expresso do Poder Pbico.

(Trata-se de funo exclusiva do Estado e exercida especificamente pelo Poder Judicirio;

( funo SUBSTITUTIVA e SECUNDRIA, pois faz a justia que os litigantes deveriam fazer por si.

(Trata-se de atividade inerte (nemo judex sine actore), tendo de ser provocada.Alguns mencionam como exceo dessa caracterstica a hiptese da ordem de Habeas Corpus poder ser concedida ex officio, sempre eu os juzes ou tribunais tenham conhecimento do risco (ou ofensa) liberdade de locomoo, com o que se etria mitigando a inrcia em favor da liberdade.

PRINCPIOS NORTEADORES :

1.P DA IMPARCIALIDADE = No se confunde com neutralidade (superao da noo cartesiana que separava a razo da emoo, dividindo-se sujeito de um lado e objeto de outro). Imparcialidade, aqui, no tomar partido. Sentenciar que dizer, na origem, vem do verbo sentire (sentir), de modo que h de se admitir a existncia de um conjunto de fatores psicolgicos que afeta o ato de julgar e que impedem a construo da chamada neutralidade. Por conta disso critica-se a figura do juiz instrutor, ou juzo de instruo. 2.P. DA TITULARIDADE INRCIA (NE PROCEDAT JUDEX EX OFFICIO) = No pode haver jurisdio sem ao. Onde no h acusador no h Juiz. O magistrado depende da iniciativa das partes, no podendo iniciar um processo ex officio. Com isso procura-se resguardar o princpio da imparcialidade e o sistema acusatrio do processo penal. Este Princpio decorrncia do processo penal que adota o sistema acusatrio, funcionando tambm como garantidor da imparcialidade, que basilar no processo. 3.P. DA INVESTIDURA = S quem estiver legalmente investido como juiz de direito (ou autorizado legalmente a exercer funo jurisdicional) e se encontrar no exerccio das respectivas funes pode desempenhar a jurisdio. Se algum vier a praticar ato jurisdicional sem estar investido na funo de julgar, de acordo como o que prescreve lei, o ato ser inexistente (por ausncia de pressuposto processual de existncia), e a pessoa ter praticado o delito do art. 328 do Cdigo Penal (Usurpao de Funo Pblica). OBS.1

A investidura normalmente ocorrer mediante concurso pblico. Excees: Na composio do quinto constitucional, consistente na previso do art. 94 da Constituio Federal.

4.P. DA INDELEGABILIDADE DA JURISDIO = Nenhum Juiz pode delegar sua jurisdio a outro rgo. Alguns achando que somente no se poder delegar o poder de decidir, que o momento principal e culminante da atividade jurisdicional, podendo haver a delegao de atos singulares do processo, que devam ser praticados em territrio sujeito jurisdio de outro Juiz. Nesses casos, no h delegao de poder.

Este princpio decorre do P. do Juiz Natural.

Carta precatria no excepciona esse princpio. Por qu?

O princpio admite exceo, como no caso da Carta de Ordem do STJ para qualquer Juiz Estadual. Ai haveria delegao de poder, pois o Ministro poderia, ele mesmo, inquirir a testemunha ou delegar tal poder ao Juiz do seu Estado, por Carta de Ordem, ai diretamente, ou ao Tribunal do Estado em que o Juiz pertena, para que requisite a Carta de Ordem. 5.P. DA IMPRORROGABILIDADE DA JURISDIO (OU PRINCPIO DA ADERNCIA) = No se pode pretender a submisso de uma causa apreciao de uma autoridade que no tenha jurisdio e competncia prprias. Nisso consiste este princpio. O Juiz s pode exercer a funo jurisdicional dentro limites que lhe so traados pela lei.

Em suma, o Juiz no pode invadir jurisdio alheia, seja por qualquer motivo.

Esse princpio comporta excees, como nas hipteses de conexo ou continncia (CPP, arts. 76,77 e 79) do art. 74 2, ltima parte - caso de prorrogao de competncias e no caso de Desaforamento (art. 427).

6.P. DA INDECLINABILIDADE DA JURISDIO = O Juiz no pode se subtrair da funo de julgar, do exerccio das suas funes. Esse princpio tem sede constitucional, precisamente no inc. XXXV do art. 5, ao estabelecer que a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito. Seria dizer que o juiz natural no pode declinar ou delegar a outro o exerccio da sua jurisdio, at porque, alude Aury Lopes Jr., existe uma exclusividade desse poder, de modo a excluir a de todos os demais.

7.P. DA IRRECUSABILIDADE (OU INVEVITABILIDADE) = No podem as partes recusar a atuao de determinado juiz, salvo nos casos de impedimento ou suspeio.

8.P. DO JUIZ NATURAL ou do Juiz Competente, ou Juiz Legal = No basta que o rgo tenha o poder de julgar assentado em fonte constitucional, para que seja Juiz Natural. preciso, tambm, que ele atue dentro do crculo de atribuies que lhe fixou a lei, segundo as prescries constitucionais, de modo que, no pode o Senado Julgar um Prefeito Municipal em crime de Responsabilidade, ou qualquer outro, embora possa, nos crimes de responsabilidade, julgar as pessoas mencionadas nos incs. I e II do art. 52 da C.F. (Presidente, Vice-Presidente, Ministros de Estado e do Supremo). No pode o STF julgar um Juiz de Direito.

Com esse princpio se objetiva garantir a imparcialidade do Juiz e proscrever os denominados Juzes de Exceo, que nada tem a ver com os denominados Juzes Especiais.

Fundamento Constitucional: art. 5 LIII (Ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente) e art. 5 XXXVII (No haver Juzo ou Tribunal de Exceo)

Deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a no s proibir-se a criao de Tribunais ou Juzos de exceo, como tambm exigir-se respeito absoluto s regras objetivas de determinao de competncia, para que no seja afetada a independncia e a imparcialidade do rgo julgador.

Observar que as Justias Especializadas no Brasil no podem ser consideradas justias de exceo, pois so devidamente constitudas e organizadas pela prpria Constituio Federal e demais leis de organizao judiciria. Portanto, como ressalva a doutrina, a proibio de existncia de Tribunais de exceo no abrange a justia especializada, que atribuio e diviso da atividade jurisdicional do Estado entre vrios rgos do Poder Judicirio.

8.P. DA UNIDADE DA JURISDIO = Como funo soberana do Estado no se pode falar em jurisdies diferentes quando se cuida das Justias Especiais: Criminal, Civil etc., que especificam em relao aos interesses a que provm. Por razes de convenincia, praticidade, da especificao, pode o Estado distinguir a jurisdio: civil e criminal, poltica (Senado), trabalhista, eleitoral, militar estatal e militar federal.

9.NULLA POENA SINE JUDICIO = exclusivo da Justia Penal. Consiste na impossibilidade absoluta de se aplicar qualquer sano penal seno atravs do processo, seno atravs de juiz . Nem o prprio Estado, como titular do direito de punir, pode aplic-la, nem o prprio criminoso poder a ela se sujeitar espontaneamente. Assim, para se infligir uma pena a quem quer que seja, se faz imperioso o processo e a atuao do Juiz. (Observar quanto ao Juizado Especial Criminal).

10.P. DA CORRELAO ou da RELATIVIDADE = O Juiz, ao proferir sentena, dever observar a exata correspondncia entre sua deciso e o pedido constante na denncia ou na queixa. Assim, nula ser a sentena CITRA (julgar aqum), EXTRA (for alm) ou ULTRA (fora dos limites atribudos prestao jurisdicional pelo acusador).

OBS.1 Este princpio foi prestigiado pela Lei 11.719/2008, que deu nova redao ao art. 384 do CPP, que ficou assim:

Art. 384. Encerrada a instruo probatria, se entender cabvel nova definio jurdica do fato, em consequncia de prova existente nos autos de elemento ou circunstncia da infrao penal no contida na acusao, o Ministrio Pblico dever aditar a denncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ao pblica, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redao dada pela Lei n 11.719, de 2008).

1o No procedendo o rgo do Ministrio Pblico ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Cdigo. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designar dia e hora para continuao da audincia, com inquirio de testemunhas, novo interrogatrio do acusado, realizao de debates e julgamento. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

3o Aplicam-se as disposies dos 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

4o Havendo aditamento, cada parte poder arrolar at 3 (trs) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentena, adstrito aos termos do aditamento. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

5o No recebido o aditamento, o processo prosseguir. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

O Cdigo de Processo Penal, segundo Nestor Tvora, indica mecanismo para assegurar esse princpio, permitindo a racionalidade entre o pedido formulado na inicial e aquilo a ser decidido na sentena, admitindo, destarte, no momento do julgamento, correes quanto a mero equvoco da tipificao esboada na inicial, e at mesmo a adequao da acusao em razo da modificao dos prprios fatos imputados ao ru, em razo das provas colhidas no transcorrer da instruo processual. 11.P. DA INAFASTABILIDADE = H quem mencione a inafastabilidade como um princpio da jurisdio, a teor do disposto no art. 5 inc. XXXV da Constituio, que tem a seguinte redao: A lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito. ELEMENTOS DA JURISDIO

NOTIO ou COGNITIO: Cuida-se de atividade de conhecimento, abrangendo o poder atribudo aos rgos Jurisdicionais de conhecer dos litgios, de prover a regularidade do processo, de investigar a presena dos pressupostos de existncia e requisitos de validade do processo (da relao processual), das condies e recolher material probatrio.

JUDITIO (JUDICIUM): Trata-se de atividade de julgamento. Funo conclusiva. O Direito de julgar, de declarar a vontade do Estado. VOCATIO: Faculdade de fazer comparecer em juzo todos aqueles cuja presena seja necessria ao regular andamento do processo.

COERCIO ou COERCITIO: Abrange todas as medidas coercitivas dentro do processo.

EXECUTIO: Direito de, em nome do Estado, tornar obrigatria ou cumprida a deciso ou sentena.

Em resumo: NOTIO ou COGNITIO (conhecimento)

VOCATIO(chamamento)

JUDICIUM(julgamento)

EXECUTIO(execuo)

DIVISO DA JURISDIO

INFERIOR ( 1 Instncia )

Quanto a Categoria ou Gradao

SUPERIOR ( 2 Instncia )

ORDINRIA (Comum) = Aquela a que se atribuem todas as causas que no estejam expressamente destinadas a outras jurisdies , como a eleitoral, militar etc.

ESPECIAL (extraordinria) = Que tem seu campo de atuao casuisticamente assinalado.

A Justia Federal Comum ou Especial ?

QUANTO A MATRIA = Penal, Civil e Eleitoral

QUANTO AO ORGAMISMO = Federal ou Estadual

QUANTO A FUNO = Ordinria ou comum, Especial ou Extraordinria.

QUANTO A COMPETNICIA = Plena ou Limitada; Exclusiva ou Cumulativa QUANTO A FORMA = H quem distinga a jurisdio em contenciosa e voluntria. Todavia, consoante Tourinho Filho, o pensamento dominante na doutrina o de que a jurisdio voluntria nada tem de jurisdio e, muito menos, voluntria. PLENA. Juiz tem competncia para decidir todos os casos. Ocorre h hiptese de comarcas com vara nica.

LIMITADA. Quanto tal competncia restrita a determinadas hipteses, como nas comarcas com diversas varas.

EXCLUSIVA. Quando o rgo jurisdicional tem competncia exclusiva para o julgamento de determinados crimes, como o caso do Tribunal do Jri, a que est afeto, unicamente, o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

CUMULATIVA. D-se quando no existe e delimitao mencionada na jurisdio exclusiva.

COMPETNCIA

CONCEITO:

Conjunto de regras que asseguram a eficcia da garantia da jurisdio e, especialmente, do juiz natural. Delimitando a jurisdio, condiciona seu exerccio (LOPES JUNIOR, Aury)

SINTTICO: mbito, legislativamente delimitado, dentro do qual o rgo exerce o seu poder jurisdicional.

Essa delimitao feita em vrios planos e levando em conta vrios critrios como, a NATUREZA DA LIDE, o TERRITRIO, as FUNES que os rgos podem exercer dentro dos processos etc.

Como regra, um juiz ou tribunal s pode julgar um caso penal quando for competente em razo da matria, da pessoa e do lugar.

A Jurisdio, enquanto expresso e manifestao de uma das funes e do poder do Estado, , necessariamente una, sendo abstratamente atribuda a todos os rgos integrantes do Poder Judicirio. Entretanto, as regras que, atribuindo a cada rgo ou grupo de rgos jurisdicionais o exerccio daquela funo e daquele poder do Estado, determinam qual deles o competente para determinado processo. Nas palavras de Tourinho Filho, "Embora a jurisdio, como funo soberana do Estado, seja una, evidentemente no pode ser exercida por um s juiz, por um s Tribunal, dada o nmero fantstico de litgios de natureza diversa, complexos ou no, o nmero imenso de habitantes, a extenso do territrio, que tornam impossvel possa a funo de julgar ficar afeta a um s Juiz ".

JURISDIO x COMPETNCIA . DISTINO :

Jurisdio a atividade desenvolvida pelo Estado por meio dos seus rgos especificados (em regra o Poder Judicirio), objetivando compor os conflitos de interesses apresentados pelas partes (a justia inerte) aplicando a cada caso o direito objetivo (a lei) preexistente. atividade precpua do Poder Judicirio e, de conseqncia, dos Juzes.

Essa atividade, entretanto, exercida dentro dos limites fixados na lei, que restringe a jurisdio em razo da matria, e em razo do lugar a um mbito nitidamente delineado. Esse mbito, no qual cada juiz desenvolve a jurisdio, denomina-se competncia .

A viso tradicional da competncia como medida da jurisdio revela a finalidade das regras que a estabelecem. Determinando a quantidade de jurisdio cujo exerccio atribudo a cada rgo ou grupo de rgos jurisdicionais a exercer a jurisdio, dentro da medida estabelecida pelas regras sobre competncia. Antes de se estudar a competncia propriamente dita, torna-se essencial verificar os diversos rgos jurisdicionais em que se baseia a estrutura do Poder Judicirio e os elementos da causa em que se expressa a demanda a eles apresentada, pois a partir desses elementos que se estabelece ou se assentam, na Constituio Federal, nas Constituies Estaduais, em leis ordinrias e regimentos internos dos Tribunais, as regras sobre competncia.

ESTRUTURA DO PODER JUDICIRIO (art. 92 da C.F):

RGOS DO PODER JUDICIRIO

arts. da CF

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

STF

101

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIACNJ

103-BSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIASTJ

104

TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAISTRFs

106

JUZES FEDERAIS

109

TRIBUNAIS E JUZES DO TRAB.

111

TRIBUNAIS E JUZES ELEITORAIS

118

TRIBUNAIS E JUZES MILITARES

122

TRIBUNAIS E JUZES DOS ESTADOS

125

Atentar para a competncia extraordinria do Senado (exerccio de funo jurisdicional). Ainda, quanto a necessidade de autorizao da Cmara dos Deputados para instaurao ade processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica e os Ministros de Estado (art. 51, I C.F)

A COMPETNCIA ORIGINRIA:

Em regra so os rgos jurisdicionais de primeiro grau que conhecem originariamente da causa s excepcionalmente cabendo aos rgos superiores este conhecimento originrio (ex. quando se fixa a competncia por prerrogativa de funo).

CRITRIOS GERAIS ADOTADOS PARA A DETERMINAO DA COMPETNCIA PENAL (Estudo que deve ser feito pelo mbito Constitucional e atravs das Leis Ordinrias)

Natureza da lide = Material

A primeira delimitao feita pela Constituio Federal Territrio

Funes

A determinao da competncia em matria criminal feita atravs de uma triagem (ou excluso) inicial, at se obter a fixao final. Assim, h de se seguir o seguinte processo para se perquirir sobre a competncia:

01.Inicialmente deve se indagar sobre se a infrao que se apura da competncia da Justia Comum ou Especial (Militar ou Eleitoral).

COMPETNCIA DA JUSTIA ELEITORAL Est prevista, principalmente, na Constituio Federal (arts. 118 a 121). A maior parte dos crimes eleitorais se concentra no Cdigo Eleitoral (Lei 4.737/65), arts. 289 a 354. Existe, porm, outros tipos previstos em leis extravagantes. Ex. Lei 6.091/74 (que Dispe sobre o 4 Fornecimento Gratuito de Transporte, em Dias de Eleio, a Eleitores Residentes nas Zonas Rurais, e d outras Providncias)

COMPETNCIA DA JUSTIA MILITAR Tambm estabelecida na Constituio Federal, onde consta a diviso da Justia Militar Estadual (art. 125, 4) e Justia Militar Federal (da Unio, art. 124, pargrafo nico).

Justia Militar da Unio compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei (ou seja, no Cdigo Penal Militar, arts. 136 a 408)

Justia Militar Estadual compete processar e julgar (art. 125, 4 CF): Os militares dos Estados, nos crime militares definidos em lei, ressalvada a competncia do Tribunal do Jri quando a vtima for civil.Por militares estaduais entendem-se os Policiais Militares propriamente, e os membros do Corpo de Bombeiros, os Policiais Rodovirios estaduais e os membros da Polcia Florestal. Obs 1. No simplesmente o fato de integrar o sujeito ativo os quadros das Polcias Militares Estaduais que faz a sua conduta assumir a condio de crime militar, mas sim a circunstancia de encontrar-se o agente enquadrado nas condies do art. 9, II, do Cdigo Penal Militar, aliado ao fato de estar a conduta definida como crime no Cdigo de Penal Militar (Dec-Lei 1.001/1969). Obs 2. A Justia Militar da Unio (Federal) tem sua competncia definida no art. 124 da CF e no Processo Penal Militar (CPPM DEC- LEI 1002, de 21/10/1969), que no seu art. 82 pargrafo nico tambm fixa a competncia da Justia Militar. Alm disso, necessrio verificar o Cdigo Penal Militar (DEC-LEI 1001, de 21/10/1969), que nos seus arts. 136 a 408 tipifica os crimes militares.

CPPM

Art. 82. O foro militar especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele esto sujeitos, em tempo de paz:(Redao dada pela Lei n 9.299, de 7.8.1996) Pessoas sujeitas ao fro militar

I - nos crimes definidos em lei contra as instituies militares ou a segurana nacional:

a) os militares em situao de atividade e os assemelhados na mesma situao;

b) os militares da reserva, quando convocados para o servio ativo;

c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no desempenho de funes militares;

d) os oficiais e praas das Polcias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando incorporados s Fras Armadas;

Crimes funcionais

II - nos crimes funcionais contra a administrao militar ou contra a administrao da Justia Militar, os auditores, os membros do Ministrio Pblico, os advogados de ofcio e os funcionrios da Justia Militar.

Extenso do fro militar

1O fro militar se estender aos militares da reserva, aos reformados e aos civis, nos crimes contra a segurana nacional ou contra as instituies militares, como tais definidas em lei.(Renumerado do pargrafo nico, pela Lei n 9.299, de 7.8.1996) 2 Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justia Militar encaminhar os autos do inqurito policial militar justia comum.(Pargrafo includo pela Lei n 9.299, de 7.8.1996) Fro militar em tempo de guerra

Art. 83. O fro militar, em tempo de guerra, poder, por lei especial, abranger outros casos, alm dos previstos no artigo anterior e seu pargrafo.

Assemelhado

Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionrio efetivo, ou no, dos Ministrios da Marinha, do Exrcito ou da Aeronutica, submetidos a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento.

Observar que a Justia Militar Estadual, nos termos do art. 125 4 da CF (redao da Emenda Constitucional 45/2004) no tem competncia para julgar civil. 02.Definida essa circunstncia, busca-se a fixao definitiva por meio de outros fatores, o primeiro dos quais O LUGAR DA INFRAO. Se a competncia ficar definida como sendo da Justia Militar, o lugar da infrao e a patente do agente da infrao, alm da arma (Exrcito, Marinha, Aeronutica ou Polcia Militar), indicaro qual a autoridade (Juzos da Justia Militar de primeira instncia) competente. No sendo competente a Justia Especial, poder ser competente a Justia Federal e, novamente, o lugar da infrao indicar o foro competente. At a a indicao feita pela Constituio Federal. No sendo competente a Justia Especial nem a comum Federal, ser a Justia Comum ou ordinria de um Estado-Membro, ento, o locus delicti comissi fixar o foro competente, como est no art. 69, I do CPP ("Determinar a competncia jurisdicional: I O lugar da infrao")

Ver c competncia da Justia Federal em matria criminal (CF, art. 109, IV, V, V-A, VI, IX, X)

CRITRIOS DE FIXAO DA COMPETNCIA ADOTADOS PELO CPP

(art. 69 e seguintes ) :

EXPLICAES PRELIMINARES:

FORO e COMARCA so expresses sinnimas que definem o limite territorial da competncia (ratione loci, portanto).

JUZO a espcie, diferindo das expresses COMARCA e FORO quando existir mais de uma Vara em uma mesma Comarca. Assim, diz-se: Juzo de Direito da 1 Vara Criminal da Comarca de Itabuna, onde existem 03 Varas.

I - LUGAR DA INFRAO (Onde a infrao se consuma, art. 70). Mas, quando o crime se consuma ? Segundo o art. 14 do Cdigo Penal, "quando nele se renem todos os elementos de sua definio legal")

II DOMICLIO ou REDIDNCIA DO RU :

III NATUREZA DA INFRAO :

IV DISTRIBUIO :

V CONEXO OU CONTINNCIA :

VI PREVENO

VII PRERROGATIVA DE FUNO :

I COMPETNCIA PELO LUGAR DA INFRAO (art. 70)

LOCUS DELICTI COMMISSI"

(Trata-se da denominada competncia de FORO, em que os elementos determinantes da atribuio da competncia esto eminentemente relacionados localizao de alguma coisa no espao fsico (seja o lugar onde se deu o fato , seja o domiclio de algum , seja a situao de uma coisa), sendo este o campo onde se costuma situar a incompetncia relativa. Aqui, em geral, as regras estabelecidas podem eventualmente ser modificadas em razo de determinadas circunstncias que acabam por tornar o rgo jurisdicional para praticar o ato ou julgar a causa que, em princpio se situava fora de suas atribuies jurisdicionais, prorrogando-se, desta forma, sua competncia.

(Cumpre observar que nem sempre, porm, a distribuio territorial resulta na possibilidade da prorrogao da competncia, por considerar-se relativa, o que s autorizado quando as regras que a estabelecem se vinculam prioritariamente a interesses das partes e no ao interesse pblico.

(No caso do processo penal, em que as regras sobre a competncia territorial estabelecem como foro comum o lugar da consumao do delito, o que se leva em conta no o interesse de qualquer das partes, mas sim o interesse pblico, manifestado quer em funo da repercusso do fato na localidade onde se deu seu cometimento, quer em funo do bom funcionamento da mquina judiciria, j que ali haver, em tese, maior facilidade de obteno de provas, a favorecer maior exatido possvel na reconstituio dos fatos, maior exatido esta especialmente necessria no processo penal.

Tem-se aqui, portanto, hiptese de improrrogabilidade da competncia, manifestando-se na inadequada atuao do rgo jurisdicional no processo, em decorrncia da inobservncia das regras que estabelecem aquele foro comum, hiptese de incompetncia absoluta.

(Ainda quanto a esse aspecto deve ser lembrado que o que ir indicar se a incompetncia absoluta ou relativa o carter imperativo ou no do interesse pblico, a desautorizar, no caso dessa prevalncia, sua modificao por vontade das partes.

(No processo penal, h uma nica hiptese de incompetncia relativa (art. 73), que se d no caso de exclusiva ao penal privada, em que transige a lei com o interesse das partes, permitindo ao querelante uma opo, que deve ser feita, ou pelo foro comum determinado pelo local do fato, quando o seu interesse ter coincidido com o interesse pblico, ou pelo foro do domiclio ou residncia do querelado, hiptese anloga quela prevista na segunda parte da regra contida no art. 95 do CPC.

Art.73.Nos casos de exclusiva ao privada, o querelante poder preferir o foro de domiclio ou da residncia do ru, ainda quando conhecido o lugar da infrao.

Obs. Diz o art. 70 que, em regra, a competncia ser determinada pelo lugar em que se consumar a infrao. Assim, o agente deve ser processado no lugar onde a infrao se consumou. O crime se consuma, segundo o art. 14 inc. I do Cdigo Penal, "quando nele se rene todos os elementos de sua definio legal". Desse modo, segundo Tourinho Filho, "Se A faz um disparo contra B em Salvador e este vem a falecer em Ilhus, o processo deve ter trmite em Ilhus, por fora da regra contida no art. 70 (a infrao se consumou com a morte da vtima ).

Alguns autores e alguns julgados, nessa hiptese, aplicam a regra do art. 4 e 6 do Cdigo Penal, para atribuir competncia de julgamento, tanto a Comarca de Salvador como Ilhus, mas isso inadequado, tendo em vista que essas regras so para a aplicao da lei penal e quando est em jogo a disputa de incidncia da lei brasileira com a estrangeira (alcance internacional), no tendo aplicabilidade quando se trata de competncia interna, que tem resoluo a partir da regra do art. 70 do CPP.

Art. 4 do C.P (Tempo do Crime)

"Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado. "

Art. 6 do C.P (Lugar do Crime)

"Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou o misso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado."

No obstante, o STF, atravs da Smula 251, estabeleceu que o foro competente para o processo e julgamento do crime de emisso de cheque sem fundos (art. 171 2, VI do Cdigo Penal) do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

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OUTRA SITUAO: A, testemunha de processo-crime em curso pela Comarca de Joo Pessoa, deve ser ouvido em Salvador. Nessa ultima, comete crime de falso testemunho. Qual ser o Juzo competente para processar A ? A doutrina diverge. Parte entende que a competncia da Justia Paraibana, argumentando ser ali o "locus delicti".Nesse caso, o crime teria sido cometido contra a Justia da Bahia (art. 242 CP crime contra a administrao da justia). Haveria, por outro lado, maior facilidade para a instruo do processo pela presena do ru e maior garantia de aplicao da lei penal. A outra parte sustenta que o foro competente seria o de Joo Pessoa, porque o falso testemunho teria influncia no julgamento do processo ali ajuizado, acrescentando que, no cumprimento da Carta Precatria, o Juzo deprecante exerce uma jurisdio prorrogada do Juzo de Joo Pessoa. (Nelson Hungria entendia que o foro competente seria o de Joo Pessoa, pois nele que o depoimento falso cria perigo de dano administrao da justia.)(Nos crimes plurilocais (ao num lugar e consumao noutro) tenta-se estabelecer a competncia do processo do lugar da ao, revelia da regra do art. 70, aplicando-se, inadequadamente, a regra do art. 6 do Cdigo Penal, ou as regras dos 1 e 2 do art. 70 do CPP, que dizem sobre disputa de competncia entre o Brasil e outros pases.

Art.70.A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo.

1oSe, iniciada a execuo no territrio nacional, a infrao se consumar fora dele, a competncia ser determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o ltimo ato de execuo.

2oQuando o ltimo ato de execuo for praticado fora do territrio nacional, ser competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.(Nos crimes distncia (ou de espao mximo), com ao ocorrida no Brasil e o resultado noutro pas. Ex. Carta Bomba encaminhada de Itabuna para Roma-Itlia. 1 e 2 do art. 70. Se a bomba foi fabricada no Rio de Janeiro e o agente postou em Salvador, a competncia ser da Comarca de Salvador.

Note-se a distino entre crimes de espao mximo ( distncia), onde as aes ocorrem entre duas soberanias, e crimes plurilocais, que no envolvem duas soberanias, porquanto as aes se operam no territrio nacional.

(Quando no se souber onde a infrao se consumou, aplica-se a regra da preveno (art. 83)

(No caso de tentativa, o local da prtica do ltimo ato de execuo.

(No crime de concusso (art. 316 CP), no lugar onde houve a exigncia da vantagem, e no do recebimento dela;

(No caso de emisso de cheque sem fundos (inc. VI, 2 do art. 171 do CP), onde estiver o Banco sacado (conforme smula 244 do STJ e 521 do STF)

(No falso testemunho tomado por precatria, onde foi tomado o depoimento.

(Nos crimes formais, onde a consumao no exige a verificao do resultado, como a simples atividade j se operou a consumao, ser onde esta aconteceu o foro competente. Se sobrevier o resultado, ter-se- o exaurimento do crime, que irrelevante para a fixao da competncia. (Nos crimes de mera conduta, sendo sem resultado, a competncia ser do lugar onde se praticou a ao ex. invaso de domiclio.

(Nos crimes de menor potencial ofensivo, assim definidos na Lei 9.099/95, ali se indica a competncia como sendo do lugar em que foi praticada a infrao. Segundo Tourinho Filho, a expresso praticada est empregada no sentido de consumada. No foi assim com o Estatuto da Criana e do Adolescente, que no art. 1 do art. 147, que faz referncia explcita ao lugar da ao. ECA

Art. 147. A competncia ser determinada:

I - pelo domiclio dos pais ou responsvel;

II - pelo lugar onde se encontre a criana ou adolescente, falta dos pais ou responsvel.

1. Nos casos de ato infracional, ser competente a autoridade do lugar da ao ou omisso, observadas as regras de conexo, continncia e preveno.

2 A execuo das medidas poder ser delegada autoridade competente da residncia dos pais ou responsvel, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criana ou adolescente.

3 Em caso de infrao cometida atravs de transmisso simultnea de rdio ou televiso, que atinja mais de uma comarca, ser competente, para aplicao da penalidade, a autoridade judiciria do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentena eficcia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

II COMPETNCIA PELO DOMICLIO DO RU (art. 72)

Cuida-se aqui do denominado foro supletivo ou subsidirio, que somente tem aplicabilidade quando no se conhece o lugar em que a infrao foi praticada, que no se confunde com as hipteses do 3 do art. anterior, onde se tem conscincia onde a infrao se consumou, havendo apenas dificuldade em se precisar se aquele lugar onde ocorreu o crime pertence a esta ou quela Comarca.

Ex. Tourinho Filho: nibus saindo de Itabuna para Salvador. Ao chegar, um dos passageiros nota que a sua carteira foi subtrada no nibus. Chamada a Polcia, descobre-se que o larpio era outro passageiro, que no soube explicar onde e a que horas fizera a subtrao. Constatado que entre Itabuna e Salvador existem vrias Comarcas, em face da impossibilidade de se precisar o "locus delicti", invoca-se a regra do art. 72. ( Na prtica, esses casos so atribudos como da competncia da Comarca de Salvador, desprezando-se o comando normativo )

O art. 73 traz hiptese de relatividade de competncia. nica no Cdigo de Processo Penal, que no cabe nas hipteses de ao penal privada subsidiria, porquanto esta ao pressupe um crime de ao pblica, dado que o art. 73 fala em crime de exclusiva ao penal privada.

III COMPETNCIA PELA NATUREZA DA INFRAO (art. 74)Aqui se cuida do critrio de fixao de competncia onde haja mais de um Juiz, na mesma Comarca, igualmente competentes (juzes com a mesma competncia territorial e material. Ex. vrios juzes criminais na comarca de Vitria da Conquista, no se sabendo qual deles deve julgar determinado crime de furto qualificado.)

(Tais critrios so da competncia dos Estados, atravs das suas Leis de Organizao Judiciria.

(Ver sobre a questo da desclassificao, previstas nos pargrafos 2 e 3 (explicar)

(Sobre a instituio do Jri, estabelecida Constitucionalmente (art. 5 inc. XXXVIII)

IV COMPETNCIA POR DISTRIBUIO

Determinado o foro onde a causa penal deve tramitar, cumpre indagar sobre qual dos juzes igualmente competentes, se existir mais de um, dever julgar determinada causa.

Se existir, pela LOJ estadual, fixao da competncia em razo da matria, a ele ser encaminhado o processo. Se no existir ou existir mais de um com competncia em razo da matria, a competncia ser fixada pela distribuio.

O pargrafo nico trata da competncia pela preveno em face de um juiz exercer sua funo em deliberaes anteriores ao processo.

V COMPETNCIA PELA CONEXO (art. 76)

Conexo significa nexo, liame, ligao, o que dizem a maioria dos processualistas. Segundo Tourinho Filho, o fenmeno da relao recproca que os fatos guardam entre si, diante do que devem (os fatos) serem julgados no mesmo processo, para se evitar decises contraditrias ou conflitantes.

Mas quais fatos determinam a conexo e quais os tipos de conexo que existem?

VIDE QUADRO DA APOSTILA SEPARADA.

V COMPETNCIA POR CONTINNCIA (art. 77)

Quando uma causa est contida na outra. Se verifica na hiptese de concurso de pessoas, onde a "causa petendi" a mesma, o crime o mesmo.

Tambm acontece , nos termos do inc. II do art. 77, nos casos de concurso formal (art. 70 do C.P) e no caso de erro na execuo (aberratio delicti) assim porque, nesses casos, h uma nica conduta punvel (unidade de conduta) , no obstante a pluralidade de eventos. Ex. Motorista com uma nica ao, matar mais de um a pessoa.

REGRAS QUE DEVEM SER APRECIADAS NA DETERMINAO DA COMPETNCIA POR CONEXO E CONTINNCIA (ART. 78)

Ocorrendo hiptese de conexo ou continncia, deve haver simultneos processos, de modo a propiciar ao Juiz uma viso completa dos fatos para impedir que as provas se escoem, e at para facilitar a aplicao da pena.

As regras fixadas no art. 78 so para resolver situaes em que os crimes conexos tenham ocorrido em lugares diferentes. H de se saber qual crime vai exercer a "vis attractiva" ou qual jurisdio exerce esse poder sobre outra.

Ler o art. 78 (c / explicaes)

Aplicao prtica das regras do inc. II e suas alneas, em face de determinadas situaes:

a) Furto em Itabuna e receptao culposa em Ibicara (aqui se verifica conexo instrumental ou probatria) = prevalecer o foro de Itabuna, pois foi ai que aconteceu o crime cuja pena mais grave (FURTO. art. 155 do C.P.- Recluso de 1 a 4 anos e multa/ RECEPTAO - RECEPTAO - art. 180 3 do CP. Deteno 1 ms a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas), de modo que deve incidir a regra da alnea "a" do inc.II do art. 78.)

b) "A", na Cidade de Gand, subtrai cinco jias da joalheria (FURTO) levando-as para a Cidade de Itabuna, onde vende a cinco pessoas, todas cientes de que se trata de produto de furto (verifica-se nessa situao a denominada conexo instrumental ou probatria, nos termos do inc. III do art. 76). Como em Itabuna ocorreu o maior nmero de infraes (cinco receptaes), e como a pena do crime de Receptao (art. 180 CP) a mesma do crime de Furto (recluso de 1 a 4 anos e multa), ser este o foro competente para apreciar os crimes, nos termos da regra contida na alnea "b" do incl II do art. 78)

c) No mesmo exemplo, se o furto em Gand fosse de um s relgio e o mesmo fosse vendido em Itabuna, a competncia seria fixada pela prevenso, nos termos da alnea "c" do inc. II do art. 78 c/c o art. 83.

Casos envolvendo a hiptese do inc. III (que trata da hierarquia jurisdicioanl) concurso de Jurisdies de diversas categorias)

REGRA: Prevalece a de maior gradao.

JUIZ DE DIREITO comete crime de estelionato em co-autoria com um comerciante (verifica-se aqui o fenmeno da continncia pelo concurso de pessoas, de modo que o processo deve ser apenas um). Ambos devem ser julgados pelo Tribunal de Justia, porque este tem competncia para julgar o Juiz (art. 96 inc. III da C.F) e essa prevalece, pela hierarquia, sobre a jurisdio de primeiro grau, onde o comerciante deveria ser julgado, no fosse a continncia.

Observar que se se tratar de crime de homicdio, deve haver disjuno (separao) dos processos, com o comerciante sendo julgado pelo Tribunal do Jri e o Juiz pelo Tribunal de Justia. E porque assim? Pelo fato da competncia do Tribunal do Jri tambm ser constitucional (art. 5 inc. XXXVIII, "d"), de modo que no se pode aplicar ai a regra em comento, que tem sede infra constitucional.

HOPTESES DO INC. IV (Concurso entre Jurisdies Comum e Especial)

O inciso diz que no concurso ente a Jurisdio comum e a especial, prevalece a Especial.

Na rea criminal somente se pode falar nas Justia Especiais que tratam de matria Militar e Eleitoral. Como diz o inc. I do art. 79 excepciona a unidade de processos quando existir conexo ou continncia em se tratando de concurso entre jurisdio comum e militar, temos o seguinte:

Se se tratar de crime eleitoral conexo com crime comum, mesmo do Jri, aplica-se a regra do inc. IV, prevalecendo a Jurisdio Eleitoral, isso porque o art. 121 da CF delega para Lei Complementar a fixao da competncia da Justia Eleitoral. O Cd. Eleitoral (Lei 4.737/65) por seu turno, que se diz recepcionado pela Constituio de 88, estabelece assim no

art. 38: Compete aos Juzes (eleitorais)

II- Processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competncia originria do Tribunal Superior (eleitoral) e dos Tribunais Regionais (Eleitorais)

Diz-se que ai a Constituio se excepcionou. (Frederico Marques, Tourinho Filho e Marino Pazzaglini Filho).

( Se um militar comete um crime militar e um comum, mesmo havendo conexo, deve haver disjuno de processos. A Justia Militar julga o crime militar e a Justia Comum julga o crime comum, assim por fora da regra do art. 79, I.

( Se um militar, com emprego de arma da corporao, mesmo no estando em servio, cometer crime contra um civil, ser processado e julgado pela justia Militar, nos termos do art. 9 do COM e segundo a Smula 47 do STJ; desde que no se trate de crime doloso contra a vida, pois neste caso tem aplicao a Lei 9.299, de 07.08.96, que acrescentou o pargrafo nico ao art. 9 do COM, estabelecendo que no importa se o crime foi cometido com arma da corporao. Se foi doloso contra a vida, e s nessa hiptese, a competncia fica sendo da Justia Comum, no caso, o Tribunal do Jri.

( Compete Justia Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trnsito envolvendo viatura de Polcia Militar, salvo se o autor e a vtima forem policiais militares em situao de atividade (Smula 06 do STJ).

Obs. Em nenhuma hiptese a Justia Militar Estadual poder processar e julgar um civil, assim por fora do art. 125 4 da CF, que estabelece a competncia da Justia Militar Estadual, restringindo-a a julgamento de militares.

Obs.02 Igualmente, em nenhuma circunstncia um Policial Militar poder ser julgado pela Justia Militar por crime comum.

Obs.03 Com relao Justia Militar Federal a coisa diferente, em face da redao do pargrafo nico do art. 124 da CF, c/com o pargrafo nico do art. 82 do CPPM, que no restringe sua competncia apenas aos militares, com faz o art. 125 4 em relao Justia Militar Estadual.

( Com relao Justia Federal: Havendo conexo ou continncia envolvendo crime de alada da Justia Comum Estadual e crime da competncia da Justia Federal, entendeu o TFR (extinto), atravs da smula 52, acolhida pelo STF e posteriormente ratificada pelo STJ, que, no concurso entre a Justia Comum e ela, esta que deve prevalecer, por ser comum em relao s demais Justias com competncia fixada na Constituio, mas especial se em confronto com a Comum Estadual. Esse entendimento refutado por alguns processualistas, dentre os quais Tourinho Filho, que entende ser a Justia Federal incompetente para julgar outras infraes que no estejam elencadas no art. 109 da CF.

EXCEES DAS REGRAS DE COMPETNCIA POR CONEXO E CONTINNCIA (ART. 79)

O art. 79 estabelece excees quanto a unidade de processos quando existir conexo ou continncia, de modo que nesses casos, mesmo se verificando esses fenmenos, os processos correro em separado, no haver unio de processos, mas disjuno (ler atentamente o art. 79).

SITUAES PRTICAS:

( Se houver conexo entre infraes cometidas por policial militar e por civil, ou se o civil e o policial militar cometerem o mesmo crime tido como militar, o militar ser processado pela Justia Militar e o Civil na Justia Comum.

( Se o militar cometer um crime que no tenha previso no CPM, a competncia fica sendo da Justia comum.

( Se um militar, com emprego de arma da corporao, mesmo no estando em servio, cometer crime contra civil, ser processado e julgado pela Justia Militar, nos termos do art. 9 do CPM, segundo a Smula 47 do STJ, desde que no se trate de crime doloso contra a vida, quando ento ter incidncia o disposto na Lei 9.299/96, j referenciada.

( Compete Justia Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trnsito envolvendo viatura da Polcia Militar, salvo se o autor e a vtima forem policiais militares em situao de atividade (Smula 06 do STJ).

Averiguar a regra do art. 80, segundo a qual ser facultativa a separao dos processos quando:

a) As infraes tiverem sido praticadas em circunstncia de tempo e lugar diferentes;

b) Quando pelo nmero excessivo de acusados e para no lhes prolongar a priso provisria;

c) Por outro motivo relevante, o Juiz julgar conveniente a separao. (Ex. de Tourinho Filho: No Tribunal do Jri, havendo mais de dois acusados, em face da diviso do tempo de trs horas ficar pouco para a defesa de todos os acusados.)

Por fim, note-se que, havendo a reunio dos processos pela conexo ou continncia, juiz ou Tribunal prevalente, ainda que venha a desclassificar o crime da sua competncia ou absolver o ru deste crime, continuar competente em relao aos demais que originariamente no eram das suas competncias. Trata-se da consagrao do Princpio da "Perpetuatio Jurisdictionis", com exceo da primeira fase do procedimento do Jri, por fora do pargrafo nico do art. 81.

V I COMPETNCIA PELA PREVENO (art. 83)No carece de maiores comentrios. Trata-se do critrio que se adota quanto os demais no foram suficientes para individualizar o Juiz competente em dada situao.

Obs. Os termos Juzes igualmente competentes ou com jurisdies cumulativas no se equivalem. Igualmente competentes = Os dois juzes concorrentes tm a mesma competncia territorial (de foro) e em razo da matria. Ex. Furto na Cidade de Itabuna. Todos os Juzes do crime so competentes para o julgamento do feito, tanto territorial, como materialmente. Jurisdies cumulativas = Embora todos os juzes concorrentes tenham a mesma competncia em razo da matria, no tm a mesma competncia territorial. Ex. Crime de furto continuado praticado em diversas Comarcas. Os Juzes das Varas Criminais das Comarcas no tm a mesma competncia territorial para a apreciao dos feitos, mas todos tm competncia material para tanto.

VII COMPETNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNO (art. 84) ( a competncia tambm denominada, erroneamente, de Foro Privilegiado (?) ou "ratione personae". Erroneamente porque no h privilgio referente pessoa em tal hiptese. ( Tambm se denomina como competncia originria ratione personae (ou ratione muneris) e vem disciplinada na Constituio Federal, nas Constituies locais, em Leis de Organizao Judiciria (como na fixao da competncia do STM) e no CPP (arts. 84 a 87) CPP

Art. 84. A competncia pela prerrogativa de funo do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justia, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal, relativamente s pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.( Consiste no poder que se concede a certos rgos Superiores da Jurisdiao de processar e julgar certas pessoas.

( A funo desempenhada pelo agente da infrao penal determina a competncia, em razo do princpio da hierarquia funcional. Esse foro somente se estende aos funcionrios pblicos ocupantes de cargos ou funes relevantes, dentro da hierarquia oficial, como o caso do Presidente da Repblica, Ministros de Estado, Governadores de Estado, Juzes de Direito, Promotores de Justia etc.

( Os Promotores de Justia dos Estados sero processados e julgados, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelo Tribunal de Justia do respectivo Estado-Membro, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral (CF., art. 108, I, "a")

Obs. Mesmo que o agente tenha perdido ou deixado o cargo, continua com o foro especial para apurao e julgamento daqueles delitos havidos durante o exerccio do mesmo.De acordo com a Smula 394 do STF, se a infrao fosse cometida durante o exerccio da funo, mesmo com a definitiva cessao desta, persistiria o foro privativo, haja vista que juiz natural aquele competente poca da infrao. At 24/08/1999 era assim. A partir da, entendeu o STF que os processos que estivessem no Tribunal voltassem 1 instncia, nas hipteses em que o inqurito ou a ao penal tenha se iniciado aps a cessao do exerccio das funes do acusado (indiciado).

Incs. I e II = Determinam a competncia do lugar onde a causa penal deve ser julgada (lugar da infrao e domiclio ou residncia do ru). a Competncia de FORO.

Incs. III e IV = Cuidam dos critrios adotados para, na mesma Comarca, onde houver mais de um Juiz, igualmente competentes (mesma competncia material e territorial) ou com jurisdio cumulativa (mesma competncia material, mas territorial apenas excepcionalmente conexo, prorrogao de competncia) , saber-se qual deles o competente.

Incs. V e VII = Tratam de causas que alteram a competncia, deslocando-a para outro rgo, inicialmente incompetente.

Inc. VI = Critrio adotado para as hipteses em que houver dois ou mais Juzes igualmente competentes ou com jurisdio cumulativa. Trata-se de critrio curinga, ou regra de encerramento, ou critrio residual a todos os outros.

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