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{ COORDENAÇÃO DO ENSINO DE PORTUGUÊS NO REINO UNIDO E ILHAS DO CANAL Número 20, Março-Abril de 2015 Coordenação do Ensino Português no Reino Unido e Ilhas do Canal Ministério dos Negócios Estrangeiros

0/1 + · ... o papel dos museus como lugares de transmissão ... Vários são também os estudos cujos resultados obtidos revelam a ... Quando queremos escrever um poema

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{ COORDENAÇÃO DOENSINO DE PORTUGUÊSNO REINO UNIDO E ILHAS DO CANAL

Número 20, Março-Abril de 2015

Coordenação do Ensino Português no Reino Unido

e Ilhas do CanalMinistério dos Negócios Estrangeiros

ÍNDICEEditorial 2Dia no Museu 3Concurso do Dia do Pai 6

Trabalhar com a comunidade 8Português na Universidade - Porquê?9Sugestões de leitura 12Materiais -O 25 de abril de 1094 15

Regina dos Santos Duarte Coordenadora do Ensino Português no Reino Unido e Ilhas do Canal

No início da última etapa do ano letivo, temos alguns presentes de Páscoa para vos oferecer. Com uma capa de dinossauro magnífico e um tema pascoal, o que poderá ser? Um ovo de dinossauro? Uma caça aos fósseis? Uma noite no museu?

Estamos muito contentes por vos poder oferecer Guias para a visita de dois fabulosos museus de Londres: o Museu de História Natural, que tem os melhores dinossauros do mundo, e o Museu Britânico, com as suas fabulosas múmias egípcias e pedra Rosetta, entre muitos outros tesouros.

O s m u s e u s d e L o n d r e s t ê m e s t a caraterística extraordinária: podemos visitá-los sem pagar. Este é um aspeto importante para as famílias, sobretudo porque os museus são tão grandes e interessantes, que temos de voltar várias vezes para os conhecermos. No entanto, descobrimos que havia uma falha neste cenário de sonho: no meio de todos os Guias de exploração do museu para crianças, oferecidos na entrada,

em várias línguas, não há nenhum Guia de atividade em português.

Assim que percebemos esta falha terrível, não só para os nossos alunos do Reino Unido, mas também para todas as famílias de turistas que visitam Londres e cuja língua nativa é o português, decidimos pôr mãos à obra. Não há falha que não tenha solução. Não há de haver museu que não tenha um Guia em Português.

E assim nasceu a obra. Uma dedicada e excecional equipa de professores produziu os Guias que agora vos oferecemos e que vos apresentamos neste boletim. Esperamos que façam visitas muito divertidas e que nos contem como foi.

Para além de termos preparado esta su rp resa , nos ú l t imos do is meses , realizámos muitas atividades relacionadas com o calendário: participámos no Concurso do Dia do Pai, fizemos atividades sobre o dia 25 de abril, um dia tão importante para o nosso país, e ainda festejámos a Páscoa.

Todos estes ovos vos trazemos num cesto, contentes por celebramos convosco mais esta época de renascimento e de sol.

EDITORIAL

Tempo de caça ao ovo

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Ao longo das últimas décadas, o papel dos museus como lugares de transmissão não formal do conhecimento têm merecido uma atenção crescente por parte das ciências sociais. Partindo de uma noção de aprendizagem dinâmica, é crescente o reconhecimento do valor cognitivo, afetivo e social das experiências nos museus, do papel determinante do conhecimento prévio e de como a experiência da visita influencia o desenvolvimento de conhecimentos posteriores. É também sabido que «os estudantes apreciam muito as visitas aos museus e o interesse e desfrute das atividades científicas que delas resultam constituem resultados de aprendizagem extremamente valiosos que perduram ao longo do tempo».

Vários são também os estudos cujos resultados obtidos revelam a importância da articulação dos conteúdos de uma exposição com o currículo escolar, o papel desempenhado pelas visitas guiadas no aprofundamento dos conhecimentos dos alunos e a relevância dos pacotes educativos disponibilizados previamente para a preparação das visitas mas também para discussões pós-visita e outras atividades letivas.

http://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/ESC40_A_Delicado_M_Gago_A_Cortez.pdf

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Dia no Museu I e II

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Perante estes factos, e dado o elevado número de museus que a cidade de Londres nos oferece, uma equipa de docentes desta Coordenação do Ensino tem vindo a desenvolver um conjunto de guias que deverão servir como uma ferramenta de aprendizagem a toda a comunidade (professores, pais e alunos) e como um meio de favorecer a aquisição de conhecimentos. Os autores que nos presentearam com este magnífico trabalho são os professores Alessandra Oliveira, Helena Ferreira, Olga Barradas e Pedro Marques, este último responsável também pelo muito cuidado aspeto gráfico. A professora Vanda Araújo colaborou com esta equipa.

Os guias, que vêm destacar a importância do planeamento das visitas aos museus e das oportunidades únicas de aprendizagem que são essas visitas, permitem que os visitantes acedam a informação adicional, aprofundem a compreensão dos temas, formulem perguntas para resolver dúvidas e/ou clarificar conceitos e permitem, sobretudo, variar as atividades ao longo da visita, de forma orientada.

Com os guias produzidos para o Museu de História Natural e para o Museu Britânico, agora disponíveis ao público em geral, garantimos que a sua próxima visita ao museu será bem agradável, repleta de bons momentos para recordar.

Votos de uma boa aventura a todos…

Texto de Vanda Araújo, professora da rede de ensino do Reino Unido

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Alunos, pais e professores no MuseuPartilhamos convosco alguns dos momentos bem passados por professores, alunos, pais e outros familiares nestes museus:

Museu de História Natural: Somos exploradores! E descobrimos o Museu em Português.

Andámos pelo Antigo Egipto no centro de Londres, a falar Português. Somos exploradores do mundo. E os nossos pais também!

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Concurso do Dia do PaiSer pai não e uma tarefa fácil nos nossos dias, acredito. Ser pai não e só fazer as compras, eventualmente o jantar, pôr a mesa, cozinhar, por vezes um prato típico, qualquer iguaria tradicional da terra, pão de ló, outras coisas. Ser pai não e só ir com os filhos comprar Xbox e jogar com eles “Call of Duty 4”,“Minecraft” todos os santos domingos. Ser pai é também esperar que os filhos se deitem para ter a oportunidade de terminar o seu jogo, e na eminência do iPad esquecido em cima do sofá, pegar-lhe para um “Candy Crush”, um Racing Cars ou três likes e uma catucada no facebook. Ser pai hoje em dia é outras coisas, por exemplo, vestir o mesmo que os filhos em ponto maior: os mesmos Nike, Levis, o boné da Gap, o pólo Lacoste. Ser pai hoje em dia é muito. É estar ausente muito tempo, não fumar, não beber, não falar de coisas feias porque é mau exemplo. Ser pai hoje em dia é ser muitas coisas diferentes entre a diversão e a disciplina. Ora ser pai e conjugar estas duas facetas da mesma moeda tem muito que se lhe diga: ou manda em casa e deixa-se mandar no trabalho, ou manda no trabalho e deixa-se mandar em casa: compra, vende, troca, lava o carro, vai buscar e traz sempre coisas novas para casa. Mas o pai ou é divertido no trabalho e sério em casa ou é sério no trabalho e divertido em casa. Autoritário à brava, tem de ser. Mas com os filhos é tão bonzinho que os deixa fazer tudo. Nunca me deu uma palmada. Ser pai para o lado das meninas é ter desde sempre gostado de tudo o que elas fazem, é preguiçosa, amua, faz birras, recusa-se a muitas coisas, mesmo assim, o pai tem sempre orgulho na menina, tem até uma camisola da Gap igual à filha, só que a dele é azul e a dela é rosa. Quando queremos escrever um poema para o pai, lembramos promessas, porque o pai promete sempre e tudo, ir à Disneylândia, a

Cabo Verde, a Portugal visitar os avós e os primos. Promete um curso, uma casa grande e, às vezes acontece outras vezes não; mas isso ainda não é matéria para um poema.Quando começo a escrever um poema para o

pai penso que ele é SUPER e, lentamente, a imaginação começa a trabalhar e as palavras saem subitamente umas atrás das outras. Assim dedilho o poema e,

como é um poema, até posso dizer coisas tolas e decidir se rima ou não rima.

- Professor tem de rimar? - Não, não obrigatoriamente, mas podem escrever poemas rimados. - E o que rima com herói? Vamos lá

www.rimador.net. Encontramos 1 palavra que rima com herói

Rói! Começam, então, os primeiros entraves à imaginação e à fluidez da escrita, passamos às rimas com “roi” e afinal, cá está: “con-strói”, “destrói” e “reconstrói”. E assim se constrói um poema para o dia do pai.

Texto de Carlos Xastre, professor da rede de ensino do Reino Unido

Este é um concurso promovido pelo Jornal Palop News. Os professores enviam para a Coordenação do Ensino os melhores textos de cada ano. Um júri formado por professores dos di ferentes cic los e pela Coordenadora selecionam os melhores textos. A lista de vencedores é enviada ao Jornal, que oferece aos alunos e respetivos pais um jantar num restaurante português. Os textos premiados de todos os anos estão disponíveis aqui, para lerem:http://www.palopnews.com/index.php/dia-do-pai/170-dia-do-pai

Publicamos aqui alguns que queremos par-tilhar convosco.

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Poemas vencedores

O meu pai

O meu pai é muito divertido e muito espetacular O meu pai é o meu herói. Pai, tu és o melhor e eu amo-te muito. Tu queres fazer o melhor para mim. Tu tens a força do super-homem.

Tu és o melhor pai do mundo!!!! Feliz dia do pai!

Erica Maria Marques Afonso 10 anos Escola: Convent of Jesus and Mary C. School Professora: Lília Barbosa

Significado de “pai” no meu dicionário

Um pai é uma manta, Que nos aquece quando precisamos. Um pai é um herói sem capa, Uma caixa de socorros, Uma esponja para as lágrimas, Um aquecedor que nos faz derreter.

Um pai está sempre ao nosso lado, E mostra-nos sempre o seu coração.

Sei que o meu pai faz tudo por mim, Trabalha muito por mim, E mudou a sua vida por mim. Eu sei que o meu pai me ama.

Mas agora é a minha vez de dizer ao meu pai Que o amo muito E que vou cuidar sempre dele, Mesmo quando for velhinho.

E no dia do pai vou-lhe perguntar Se quer ir jantar.

Madalena de Gouveia Magalhães, 12 anos Escola: St Joseph’s College, Beulah Hill Professora: Ana Aires

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Patrícia Marcelino, Portuguese Outreach OfficerFriends of Tate South Lambeth Library

Está a decorrer mais um projecto dedicado à Comunidade Por-tuguesa, desta feita para apoiar 10 senho-ras portuguesas que residam na zona de Lambeth, no coração

de “Little Portugal”.

Através do coordenador de projetos, e também da Portuguese Outreach Officer, os Amigos da Biblioteca Tate South Lambeth desenvolveram mais esta iniciativa que teve uma grande procura e que se espera ter futuras edições dado o sucesso da primeira.

Este projeto, que conta com o apoio do London Community Foundation e do Lambeth Communi-ty Fund, permitiu-nos desenhar um programa de 10 workshops que visa facilitar o acesso a novas formas de desenvolvimento pessoal, incentivan-do as participantes a progredir na procura de

trabalho e/ou na integração com a comunidade local. Entre os temas abordados, estiveram a moti-vação pessoal, objetivos pessoais e profission-ais, a criação de um CV, a entrevista de trabalho, os novos média e também a importância da con-tinuidade do uso da Língua Portuguesa no seio familiar e na educação dos nossos filhos.

Para nos falar desta temática tão premente, con-támos amavelmente com a presença de Regina Duarte, responsável pelo ensino da Língua Por-tuguesa no Reino Unido e Ilhas do Canal, que nos deixou bem clara a importância que o bilinguismo tem no desenvolvimento psicológico das nossas crianças e a importância da manutenção da nossa língua materna como fonte de en-riquecimento pessoal e cultural.Agradecemos assim a sua presença e o apoio representativo do Instituto Camões, entidade portuguesa que tem sempre estado ao lado das nossas iniciativas de apoio à comunidade por-tuguesa e de promoção da cultura do nosso País.Como se prevê que esta seja apenas a primeira de muitas iniciativas do género, caso estejam interessados em se associar ou indicar alguém que esteja interessado em participar, por favor não hesitem em contactar-nos.

Oficinas de desenvolvimento pessoal, dedicadas à comunidade

TRABALHAR COM A COMUNIDADE

Bilinguismo:  bene.cios  culturais  

-­‐  As  crianças  crescem  com  maior  flexibilidade  na  forma  de  pensar  e  não  estão  limitadas  a  uma  única  visão  sobre  o  mundo.  Estão  mais  equipadas  para   lidar   com  a  diferença  e  para   serem  mais  tolerantes.  -­‐  Alargam  os  horizontes  pessoais  e  conseguem  ver  as  duas  culturas  de  uma  nova  perspe@va.    

Bilinguismo:  vant

agens  na  const

rução  da  iden7

dade  

   -­‐  Falar  p

ortuguês  possib

ilita  às  criança

s  conhecer  as  s

uas  raízes  

e  a  história  da

s  suas  famílias.    

-­‐  Aceitar  a  hera

nça  cultural  co

mo  um  valor  acrescid

o  para  a  

vida  é  dar  valor

 à  cultura  da  fa

mília.    

-­‐  A  necessidade

 de  saber  de  o

nde  viemos  para

 nos  com-­‐

preendermos  melhor  é

 comum  a  todos.  

Algumas notas deixadas na Ofici-na por Regina Duarte:

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Português na Universidade - Porquê?

Cá@a  Verguete,  professora  da  Uni-­‐versidade  de  Southampton  

Segundo o relatório Languages for the Future (2013), do British Council, que contrabalança indicadores económi-cos com fatores culturais, interesse público com objetivos diplomáticos, necessidades educacionais com es-tratégia política, a língua portuguesa está entre as dez línguas definidas como prioritárias para o futuro do Reino Unido.

Nos diversos indicadores analisados no estudo, a língua portuguesa é mencionada frequentemente e colo-cada, não raro, em posição de destaque. Por exemplo, o relatório at-esta que 13% das empresas britâni-cas auscultadas consideram a língua portuguesa útil à sua organização; que entre as línguas oferecidas em cursos de lazer, em 2012, o português era uma das dez mais requisitadas; que, no mesmo ano, Portugal foi o quarto país onde não se fala inglês mais visitado por pessoas do Reino

Unido; e ainda que no âmbito das parcerias internacionais educativas, o Brasil e a língua portuguesa surgem como prioritários.

Este estudo concluiu que o deficit de aprendizagem e domínio de línguas estrangeiras no Reino Unido é uma ameaça à competitividade e à influên-cia do país no Mundo e um entrave a uma cidadania ativa numa economia global e interconetada. Daqui decor-rente, recomenda veementemente que se repense a aprendizagem das línguas no Reino Unido, solicitando ao Governo, às escolas, universidades, institutos e às pessoas que façam um esforço por aprender pelo menos as dez línguas estrangeiras identificadas, entre as quais, o português.

Mas nada como ouvir as vozes de quem já aprende Português no Reino Unido! Os alunos de Língua Por-t u g u e s a d a U n i v e r s i d a d e d e Southampton têm motivações tão di-versas para aprender a língua quanto os seus percursos académicos e pes-soais, quanto os seus sonhos e am-bições, quanto os seus interesses e paixões – e lá apaixonados são eles. Oiçamo-los!

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Português na Universidade - Porquê?Porque  escolhi  Português?  

  Muitos  me  perguntam  porque  escolhi   estudar  português:   “Voce   já   sabe  falar.  É  muito  fácil  para  você,  você  é  preguiçosa!”.    

  Na  realidade,  sim,  sou  metade  brasileira,  mas  só  aprendi  gramá@ca  com  18  anos  de  idade.  Não  queria  ser  analfabeta!  Por  isso,  escolhi  estudar  Português,  junto  com  Espanhol  e  Italiano,  na  faculdade  de  Línguas  Modernas,  na  minha  Uni-­‐versidade  de  Southampton.  Outros  amigos  escolheram  Direito,  Biologia,  Medici-­‐na...  mas   eu   sabia   que,   sendo   fluente   em   três   ou  mais   línguas,   eu   teria   portas  abertas  para  seguir  qualquer  carreira  que  eu  quisesse.  

  Essa  carreira   será,  espero,  na  moda.  Meu  obje@vo  final  é   construir  uma  carreira  próspera  nesse  setor,  pois  sempre  me  interessou  muito.  Ambicioso,  eu  sei,  mas  é  meu  sonho.  E  pretendo  chegar  lá  com  meu  conhecimento  de  línguas,  especialmente  Português.  As  línguas  são  über  im-­‐portantes  na  moda  –  imagine  só  se  não  pudéssemos  comunicar  com  os  franceses,  não  teria  Chanel!  Meu  propósito  é  usar  minhas  línguas  no  comércio  de  moda  –  se  atreva  a  sonhar!  A  moda  brasileira  para  mim  é  eclé@ca,  boémia  e  hippy.  A  moda  do  meu  país  encarna  a  alma,  os  personagens  do  Brasil,  bem  como  da  pessoa  que  usa  a  roupa.  Meu  sonho  é  introduzir  mais  moda  brasileira  pelo  mundo  –  pelas  ruas,  pelas  pas-­‐sarelas,  pelos  prémios  Oscar.  

  Para  aprender  uma  língua  precisa  de  determinação,  paciência  e  entusiasmo,  porque  às  vezes  é  um  caminho  comprido  e  duro,  mas  no  final  das  contas,  se  você  conseguir  conquistar  uma  língua,  pode  con-­‐quistar  o  mundo!  

Stephanie  Doel  

Porque  aprendi  Português?  

  Eu   lembro   bem   quando   comecei   a   aprender   português   antes   de   me  mudar  para  o  Brasil.  Nessa  altura  eu  pensava  “que  pena  que  a  língua  nacional  do  Brasil  é  o  português  e  não  o  espanhol!”.  Quase  onze  anos  depois  e  numa  época  em  que  estou  terminando  meu  diploma  universitário  em  Português  eu  nem  acredito    a  sorte  que  eu  @ve  em  aprender  a  falar  português.    

  Originalmente,  escolhi  estudar  Português  na  Universidade  porque  muita  gente   me   informou   que   os   estudantes   de   línguas   têm   melhores   oportu-­‐nidades  de  emprego,  mesmo  durante  tempos  de  crise  como  estamos  passan-­‐do  agora.  Sem  dúvida,  tendo  mais  de  uma  língua  no  CV  te  ajuda  bastante  na  procura  de  emprego  e,  hoje  em  dia,  o  português  é  um  língua  de  grande   im-­‐portância  devido  às  fortes  relações  comerciais  nomeadamente  com  o  Brasil  e  

Angola.  No  meu  curso  na  Universidade  de  Southampton,  aprendi  muito  sobre  a  língua  portuguesa,  sobre  as  estruturas  da  língua  oral  e  escrita,  mas  também  ganhei  uma  melhor  compreensão  das  diversas  culturas  que  falam  a  língua.  Os  professores  que  @ve  ensinaram-­‐me  muito  sobre  as  culturas  dos  países  Lusófonos.    

Depois  de  4  anos  a  estudar  Português  na  faculdade  eu  finalmente  percebi  que  o  estudo  de  uma  língua  te  ajuda  a  ser  mais  tolerante  e  compreensivo  em  relação  aos  outros.  Além  disso,  me  apercebo  agora  que  a  minhas  capacidades  de  conversação  melhoraram  muito,  não  só  em  português  mas  também  em  inglês  –  minha  língua  na@va  –,  graças  às  aulas  orais  semanais  em  que  aprendemos  a  debater  assuntos  atuais  das  noccias  ou  simplesmente   ideias  filosóficas  que  nos  permitem  ampliar  nosso  vocabulário  e  nossa  capaci-­‐dade  de  formular  argumentos.  Por  tudo  isto,  eu  quero  trabalhar  no  mundo  das  Relações  Públicas  e  Comu-­‐nicações,  pois  posso  usar  o  inglês  e  o  português  no  ambiente  de  trabalho,  usando  todas  estas  habilidades  aprendidas  nas  aulas  de  Português. Amelia  Hubert  

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Português na Universidade - Porquê?

Porquê  estudar  Português  na  Universidade  de  Southampton?  

A   língua  portuguesa   tem  muito  que  se   lhe  diga.  Acima  de   tudo  é  o  maior  legado   deixado   por   um   império   que   se   aventurou   a   descobrir  metade   do  mundo.  Embora  Portugal   já  não  seja  o   império  que  foi  outrora  e  os  países  que  faziam  parte  desse  grande  poder  já  não  façam,  a  língua  con@nua  a  ser  a  mesma  em  todas  as  velhas  colónias,  com  diferentes  variantes,  claro.  Quer  queiram   quer   não,   o   Português   é   a   quinta   língua  mais   falada   do   planeta  com  mais  de  200  milhões  de  falantes  na@vos,  somente  no  Brasil.  Isto  torna  o   Português   importante,   muito   importante.   Portanto,   podemos   ter   a  certeza  de  que  não  faltarão  empresas  e   ins@tuições  que  cada  vez  mais  re-­‐querem  esta  competência.  E  é  aqui  que  entra  a  Universidade  de  Southamp-­‐ton,  pois  é  o  contexto    ideal  para  esta  aprendizagem.  Atualmente,  assume  a  quarta  posição  no  ranking  do  jornal  britânico  The  Guardian,  que  iden@fica  as  melhores  Universi-­‐dades   para   aprender   línguas  modernas   e   linguís@ca.   Esta   Universidade   é   o   local   perfeito   para  aperfeiçoares  o  teu  Português.  Quer  sejas  principiante  ou  já  na@vo  da  língua,  existe  um  nível  para  @,  apropriado  ao  teu  nível  de  proficiência,  com  os  desafios  necessários  para  que  aprendas  mais  e  melhor.   Se   pensas   que   já   sabes   falar   português,   pensa   outra   vez,   porque   aqui   terás   a   oportu-­‐nidade  de  aprender  não  só  sobre  a  língua,  mas  também  sobre  toda  a  cultura  lusófona  espalhada  pelo  mundo.  

No  meu  caso  em  concreto,  sou  português,  filho  de  portugueses,  nascido  em  Portugal,  mas  com  5  anos  de  idade,  por  casualidades  da  vida,  @ve  que  me  mudar  para  Inglaterra.  Aqui,  @ve  de  apren-­‐der   uma   língua   nova.   O   facto   de   estar   rodeado   por   pessoas   que   não   falavam   a  minha   língua  obrigou  o  meu  português  a   “ir  para  o  banco”  em   favor  do   inglês.   Embora   sempre   falasse  por-­‐tuguês  em  casa,  pois  sempre  adorei  a  minha  língua  materna,  com  o  decorrer  dos  anos  eu  ques-­‐@onava-­‐me  se  só  falar  a  língua  seria  suficiente.  Então,  comecei  a  ler  livros  de  autores  lusófonos  e  a  prestar  mais  atenção  a  programações  televisivas  nacionais,  etc.    

Quando  chegou  a  hora  de  concorrer  para  a  Universidade,  eu  @nha  a  certeza  que  queria  fazer  lín-­‐guas.  A  questão  que   se   colocava,  no  entanto,  era  a  questão  do  nível  dessas   línguas.   Eu  queria  aprofundar  o  meu  português,  mas  ao  mesmo  tempo  não  queria  estar  a  fazer  batota  e  aprender  português  básico,  já  que  isso  não  me  ajudaria  em  nada.  Então,  depois  de  fazer  uma  inves@gação  detalhada   a   várias   universidades,   optei   por   eleger   Southampton,   por   me   parecer   aquela   que  melhor  apoiava  os  alunos  na  aprendizagem  das  línguas.    

Agora,  quatro  anos  depois  de  ter  começado  e  depois  de  ter  estudado  desde  Machado  de  Assis  ao  meu  conterrâneo  Eça  de  Queirós,  encontro-­‐me  na  situação  de  começar  uma  nova  vida  e  preparar  a  minha   entrada   no  mercado   laboral.   No  meio   disto   tudo   uma   coisa   é   certa,   este   curso   abre  muitas  portas  e  não  restringe  o  estudante  a  percorrer  um  percurso  laboral  confinado  às  línguas.  Tradução,   Interpretação  e  Ensino  são  simplesmente  algumas  das   infinitas  opções  e   são  as  que,  pessoalmente,  nem  estou  a  considerar.    

Essencialmente,  este  curso  pode  tornar-­‐te  um  melhor  comunicador,  uma  pessoa  mais  confiante,  capaz   de   enfrentar   qualquer   obstáculo,   por  mais   dikcil   que   isso   possa   parecer   –   o   ano   no   es-­‐trangeiro,  em  par@cular,  ajuda  bastante  nesse  sen@do.  O  futuro  é  incerto,  mas  eu  sinto-­‐me  cheio  de  confiança  e  devo-­‐o  a  esta  Universidade  e  às  pessoas  fantás@cas  que  conheci  através  dela,  ao  longo  dos  anos.  

Miguel  da  Silva  

Ler em Português, em todas as idades

Sugestões por Prof. Doutora Ana Margarida Ramos, Universidade de Aveiro

Sinopses por Teresa Dangerfield

As sugestões de leitura que apresentamos sāo de obras para várias idades e níveis de proficiência linguística. Sozinhos ou em famí-lia, que a leitura seja ao gosto de cada um.

LIVROS INFANTIS

Montanhas,   texto   e   ilustração   de  Madalena   Matoso,   Planeta   Tangerina,  2015.    

Sinopse:

“Montanhas” é um livro de atividades de grande formato. O que é uma montanha? Como se apresenta? Que vida alimenta?Neste livro a montanha é rainha, seja como for que se apresente. Pode ser uma montanha natur-al, pode estar coberta de nevoeiro, pode mesmo

ser uma montanha urbana. Ou pode cair sobre si a lava de um vulcão…O leitor é desafiado a assumir o papel de leitor-ilustrador: a partir de descrições de quadros de artistas imaginários terá que usar vários materiais de desenho e pintura (pincéis, lápis de cera, canetas de feltro…) e várias técnicas (colagem, preenchimento de espaços e linhas, desenho…) e criar um verdadeiro catálogo de arte!

Gato  Procura-­‐se,  texto  de  Ana  Saldanha  e  ilustrações  de  Yara  Kono    Caminho,  2015  

Sinopse:

O gato de uma criança morreu. Mas ninguém lho diz claramente. O pai diz ‘’que ele anda nos telhados e fazer amizade com outros gatos, a miar à Lua e a piscar o olho às estrelas e que uma noite ele volta’’; a vizinha suspeita que ele ‘’terá ido para o circo ou para a selva’’ e que ‘’talvez volte um dia’’. Só os avós dizem que ele ‘’se calhar foi para o céu, .... agora tem asas como um anjo ou um pássaro e que deve estar feliz....’’ ,‘’ que não deve voltar’’.A criança acaba por concluir que ‘’ele não volta mais’’e apercebe-se de que os adultos não querem que ela saiba o que aconteceu.Ana Saldanha trata o problema da morte de uma forma sensível e inteligente, que ajudará a falar de um tema difícil de que não se pode escapar.

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SUGESTÕES DE LEITURA

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O Nabo Gigante, texto de António Mota e ilustrações de Catarina Correia Marques Asa, 2015

Sinopse:

Esta h is tór ia é baseada num con-to tradicional rus-so.U m v e l h i n h o , muito velh inho, decidiu um dia semear nabos na sua horta, numa aldeia à beira da montanha. Para s e u e s p a n t o , nasceu um nabo q u e c a d a v e z crescia mais, até

ficar gigante. Um dia resolveu arrancá-lo, mas não conseguiu. Chamou a mulher para o ajudar, mas também não conseguiram arrancar o nabo. A mulher chamou uma menina, que por sua vez chamou o irmão e assim sucessiva-mente…Para retirar o gigantesco nabo foi preciso: o velho, a velha, a menina, o rapaz, um cão, um gato e um rato. Todos puxaram e o nabo finalmente soltou-se!Moral da história ."A união faz a força’’

Veja mais em https://www.youtube.-com/watch?v=Dm-CAwloyKQ

LIVROS JUVENIS

Amores de família, texto de Carla Maia de Almeida e ilustrações de Marta Monteiro Caminho, 2015

Um livro para ler em família.

As famílias deste livro retratam os variados perfis de famílias da atualidade. Além do tradicional pai, mãe e respetivos filhos, temos as famílias monoparentais, com avós que complementam a ausência dos pais, com tios desempregados, as adotivas, ou as de ca-sais do mesmo sexo.

As personagens são inspiradas nas "personalidades, emoções, amores, dons, talentos e manias" de figuras na antiga mitologia greco-latina, tais como Neptuno, Minerva e Apolo, .

‘’Se a casa do Pai Neptuno e da Mãe Vesta faz lem-brar um belo palácio submarino, é graças a ela. Como não usa relógio, tem tempo para fazer tudo, até

xaropes para a tosse à base de catos (não arranham na garganta)".

Ao mesmo tempo as ilustrações retratam situações do quotidiano de diferentes culturas e raças.

O livro inclui um glossário com explicações sobre vários deuses.

Eu acredito, texto de David Machado, ilus-trações de Alex Gozblau (Alfaguara, 2015)

Sinopse: Um rapazinho ruivo, muito aprumado, e um gato preto percorrem todas as páginas, deste livro, que nos lem-bra a magia e o encanto de ser criança.O rapazinho transforma as suas dúvidas em certezas e deixa-nos a esperança e a beleza da infância. Ao longo do livro, vai enumerando aquilo em que acredita: por exemplo, acredita que se sonha ininter-ruptamente e que se pode mergulhar na palavra ‘água’, E acredita que as árvores se espreguiçam quando ninguém está a ver, e que os fantasmas também acreditam que ele é um fantasma. E que os carneiros, para adormecer, contam pessoas. E acredita, e acredita.  E continuar a acreditar. E assim nos transporta a tempos e lugares onde a infância mora. E aí nunca se deixa de acreditar. Seja em que os "pés um dia vão parar de crescer" ou que "dentro do escuro há monstros, mas também há fadas".

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SUGESTÕES DE LEITURA

O rapaz que não se tinha quieto

Texto de Rita Taborda Duarte e ilustrações de Ana Ventura, Caminho, 2014

Sinopse

Era um miúdo pequeno que tinha um imenso desejo de viajar pelo mundo. Mas os pais diziam, nas suas palavras, ‘’ que os gaiatos não se fizeram para andar por aí a passarinhar de terra em terra como se fossem andorinhas, ou saltimbancos, ou acrobatas, ou arlequins ou polichinelos.”O menino fala-nos dos seus planos para sair dos “dois mil metros quadrados” onde mora. Fascinado por barcos e pelo mar, constrói sozinho uma gigantesca torre de granito. E também captura as estrelas para criar um farol. Mas...‘’..eu não precisava só de ver o mar: eu tinha mesmo de chegar ao mar, de lhe alcançar as ondas, cortar a espuma, o sal. Para ser feliz, para poder ser final-mente feliz, não me bastava comprovar, com meu olhar distante, que o mar tem mesmo a cor azul.... Para ser feliz, mesmo feliz, eu teria de molhar os pés na água salgada e alimentar as gaivotas, ali, à mão. E para isso uma alta torre de granito de nada me servia".

Resta-lhe a esperança de ser visto por um navio que o leve, finalmente, a correr mundo. Será que irá conseguir?

LIVROS PARA OS MAIS CRESCIDOS

O Osso da Borboleta, de Rui Cardoso Martins , Tinta da China, 2014

Sinopse:

Algures a meio de Portugal, na foz dum rio, com fábricas de celulose, um homem vive num terceiro andar, num antigo quarto de brinquedos, isolado e escondido , envolvido em mistério e secretismo . Tem acesso a um algeroz, onde ficam presos os pombos que aproveita para a sua sobrevivência: faz canja, fervendo água que recolhe em alguidares, ou grelha-os. Junta-lhes o arroz que tem em abundância numa das divisões (comprou e acomodou uma tonelada, aproveitando os arrozais da região). É este homem que vai contando a história . A narrativa vai fazendo surgir outras personagens com vidas que se tocam no presente mas com passados que se vão desco-brindo devagar, Purificação, ou melhor, Borboleta, antiga especialista em palpites de jogo, é a vizinha de baixo, que sobrevive a torradas e galões. Diz muitas vezes para com os seus botões ‘’Quem inventou a velhice devia arder no inferno’’. Já foi a mais bela mulher da cidade. O passado vem ter com ela: um deus da província e do dinheiro sujo quer esmagá-la. Borboleta sai à rua e defende-se. O protagonista e Purificação têm em comum o facto de viverem no passa-do, incapazes de olhar para o presente com qualquer centelha de esper-

ança, mergulhados na solidão e esquecidos pelo desamparo. Até que uma janela se abre e, de repente, o sol parece poder brilhar de novo.São vidas no fim: no fim do tempo que lhes resta, no fim de todas as possibilidades que se lhes abriram e que estão agora totalmente fechadas.

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Nível de competência: A2 – 5.º ano Professor Carlos Xastre

1. Brincar antes do 25 de Abril“As brincadeiras da crianças mudaram nos 40 anos de democracia em Portu-gal. Antes jogavam à macaca, à cabra-cega, ao pião ou com carrinhos de rolamentos, e agora é com jogos de computador.”1.1. Conversa com o professor e os colegas sobre este assunto.

1.2. Visualiza o vídeo: “Antes do 25 de Abril crianças brincavam sem computadores” (Marta Jorge/Carlos Oliveira/Vanessa Brízido/Teresa Fernandes, 18 Abr, 2014, 21:38 / atualizado em 18 Abr, 2014, 21:38, internet acedido a 25/04/15 em: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=731732&tm=4&layout=122&visual=61

1.3. Quais eram as brincadeiras das crianças antes do 25 de Abril?

1.4. Conheces alguns dos brinquedos que se usavam antes?

1.5. Já conversaste com os teus pais e avós sobre os brinquedos que tinham em cri-anças? Pergunta aos teus pais se nasceram antes ou depois do 25 de Abril de 1974. Pergunta-lhes que brinquedos tinham em crianças.

2. Repara nas fotografias seguintes. Trata-se de murais pintados na rua, em diferentes locais de Portugal, sobre o 25 de Abril. Podes ver mais murais e documentação fotográ-fica em: (http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Galeria&album=Murais Internet, acedido a 25/04/15).

Mural artístico com a seguinte palavra de ordem: “25 de abril Sempre” Local: Lisboa – Amoreiras – Junto FIAT.

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Mural artístico do PRP com a seguinte palavra de ordem “Morte ao Fascismo”, Local: Oeiras – Porto Salvo.

Podes ainda consultar a galeria de fotos documentais em: http://www.junior.te.pt/servlets/Bairro?P=Portugal&ID=669  

2.1. Como já percebeste, no dia 25 de Abril de 1974 houve um acontecimento impor-tante. Consegues perceber o que foi?

2.2. Depois do 25 de Abril terá tudo ficado na mesma em Portugal? Porquê?

3. Vamos agora ler o texto para aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre o 25 de abril:

O 25 de Abril de 1974

Naturalmente, já ouviste falar no 25 de abril de 1974, mas provavelmente não conheces as coisas como os teus pais ou os teus avós que viveram nesta época. Sabias que o golpe de estado do 25 de abril de 1974 ficou conhecido para sempre como a "Revolução dos Cravos”?

Diz-se que foi uma revolução porque a política do nosso País se alterou completamente. Mas como não houve a violência habitual das revoluções (manchada de sangue inocente), o povo ofereceu flores (cravos) aos militares que os puseram nos canos das armas. Em vez de balas, que matam, havia flores por todo o lado, significando o renascer da vida e a mudança!

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O povo português fez este golpe de estado porque não estava contente com o governo de Marcelo Caetano, que seguiu a política de Salazar (o Estado Novo), que era uma ditadura. Esta forma de governo sem liberdade durou

cerca de 48 anos!

Enquanto os outros países da Europa avançavam e progrediam em democracia, o regime português mantinha o nosso país atrasado e fechado a novas ideias. Sabias que em Portugal a escola só era obrigatória até à 4ª classe? Era complicado continuar a estudar depois disso. E sabias que os professores podiam dar castigos mais severos aos seus alunos? Todos os homens eram obrigados a ir à tropa (na altura estava a acontecer a Guerra Colonial) e a censura, conhecida como "lápis azul", é que escolhia o que as pessoas liam, viam e ouviam nos jornais, na rádio e na

televisão.

Oliveira Salazar

Antes do 25 de abril, todos se mostravam descontentes, mas não podiam dizê-lo abertamente e as manifestações dos estudantes deram muitas preocupações ao governo. Os estudantes queriam que todos pudessem aceder igualmente ao ensino, à liberdade de expressão e o fim da Guerra Colonial, que consideravam inútil.

Marcelo Caetano:

Quando Salazar morreu foi substituído por Marcelo Caetano, que não mudou nada na política. A solução acabou por vir do lado de quem fazia a guerra: os militares. Cansados desse conflito e da falta de liberdade criaram o Movimento das Forças Armadas (MFA), conhecido como o "Movimento dos Capitães".

Depois de um golpe falhado a 16 de março de 1974, o MFA decidiu avançar. Na madrugada de 25 de

abril, a operação "Fim-regime" tomou conta dos pontos mais importantes da cidade de Lisboa, em especial do aeroporto, da rádio e da TV.

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As forças do MFA cercaram e tomaram o quartel do Carmo, onde se refugiara Marcelo Caetano. Rapidamente, o golpe de estado militar foi bem recebido pela população portuguesa, que veio para as ruas sem medo. Sabias que para os militares saberem quando avançar foram lançadas duas "senhas" na rádio? A primeira foi a música "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, a segunda foi "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, que ficou ligada para sempre ao 25 de Abril.

Depois de afastados todos os responsáveis pela ditadura em Portugal, o MFA libertou os presos políticos e acabou com a censura sobre a Imprensa. E assim começou um novo período da nossa História, onde temos liberdade, as crianças todas podem ir à escola e o País juntou-se ao resto da Europa. Mas ainda há muito, muito caminho a percorrer... Fonte:http://www.junior.te.pt/servlets/Bairro?P=Portugal&ID=147 (acedido a 25/04/15, adaptado).

3.1. Completa o quadro seguinte com informação recolhida no texto e nas imagens:

Antes do 25 de Abril Depois do 25 de abril

Liberdade de expressão

Escola

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MATERIAIS PARA PROFESSORES, PAIS E FILHOS3.2.Repara na imagem dos soldados com cravos nas armas. Porque é que esta imagem é surpreendente?

3.3. Se vivesses em ditadura, o que te custaria mais? Discute com os teus colegas e com o professor.

4. Como leste, havia censura e as pessoas não podiam criticar o regime, nem dizer o que pensavam e o que sentiam. A musica e os poemas foi a forma encontrada por muitos para se poderem expressar, usando referências mais ou menos escondidas acerca vontade de ser livre. Zeca Afonso foi um desses cantores. Muitas das suas canções foram proibidas. “Grândola Vila Morena” é uma das canções mais conhecidas deste músico-autor e ainda hoje ouvida como símbolo da luta pela liberdade.

4.1. Ouve a canção “Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso: em https://archive.org/details/GrandolaVi laMorena ou ht tp: / /www. ivoox.com/grandola-v i la-morena-audios-mp3_rf_706132_1.html.

Grândola, vila morena Terra da fraternidade O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena Terra da fraternidade Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo Em cada rosto igualdade Grândola, vila morena Terra da fraternidade

Terra da fraternidade Grândola, vila morena Em cada rosto igualdade O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade Jurei ter por companheira Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade Jurei ter por companheira À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade 4.2. Sublinha as palavras que podem estar relacionadas com a luta pela liberdade.

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O Menino do Bairro Negro

Olha o sol que vai nascendoAnda ver o marOs meninos vão correndoVer o sol chegar

Menino sem condiçãoIrmão de todos os nusTira os olhos do chãoVem ver a luz

Menino do mal trajarUm novo dia lá vemSó quem souber cantarVira também

Negro bairro negroBairro negroOnde não há pãoNão há sossego

Menino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantarEsta canção

Olha o sol que vai nascendoAnda ver o marOs meninos vão correndoVer o sol chegar

Se até da gosto cantarSe toda a terra sorriQuem te não há-de amarMenino a ti

Se não é fúria a razãoSe toda a gente quiserUm dia hás-de aprenderHaja o que houver

Negro bairro negroBairro negroOnde não há pãoNão há sossego

Menino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantarEsta canção

4.3. A canção “O Menino do Bairro Negro”, também de Zeca Afonso, foi proibida. Consegues perceber porquê?

4.4. Se quisesses fazer passar esta mensagem sem ser proibida pela censura, que palavras substituirias?

4.5. Escreve agora um poema teu, usando as palavras liberdade, luta, vontade, futuro.

4.6. Ilustra o teu poema e lê-o à turma.

TEXTOS DOS ALUNOSFORAM A PORTUGAL NA PÁSCOA E QUEREM CONTAR-NOS:

A minha Páscoa em Portugal Eu fui a Portugal nas minhas férias da Páscoa. Estava muito calor! A minha família gosta, mas eu não! O coelho da Páscoa escondeu os ovos no jardim (eu sei que é a minha mãe). Eu ganhei o prémio porque fui eu que encontrei mais ovos. Foi muito divertido! O meu irmão fez seis anos no quatro de abril, mas nós festejámos no dia seguinte que era o dia da Páscoa. O bolo de aniversário era muito bom! A festa foi num restaurante com os nossos primos, tios e avós. No dia seguinte eu fui ao hospital porque a minha avó estava doente! Mas já passou e está de regresso a casa. As minhas férias terminaram e a parte mais difícil é quando nós fazemos as despedidas, pois eu e a minha avó ficámos tristes.

Jennifer Morais, 7 anos – East Ham

Kátia Santos, 11 anos, Laurance Haines

Ana Luísa Silva, 9 anos, Laurance Haines

21Arranjo gráfico: Nuno Silva

Coordenação do Ensino Português no Reino Unido

e Ilhas do CanalMinistério dos Negócios Estrangeiros

FICHA TÉCNICA Propriedade

Coordenação de Ensino do Português no Reino Unido e Ilhas do Canal

Camōes - Instituto da Cooperação e da Língua

Editora: Regina Duarte (Coord.)Equipa de Apoio Pedagógico:

Ana RochaCarlos FerreiraCarlos XastreVanda Araújo

Colaboração: Teresa Dangerfield

Coordenação do Ensino Português no Reino Unido e Ilhas do Canal Instituto Camões

11, Belgrave Square London SW1X 8PP

Tube: Hyde Park Corner, Knightsbridge, Victoria

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