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Plano de Aula 4: TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA Teoria e Prática da Argumentação Jurídica Tema Estrutura e linguagem do texto argumentativo: situação de conflito, tese e contextualização do real. Objetivos - Compreender que a tarefa de persuadir o magistrado terá mais chances de sucesso se for bem planejado o texto argumentativo. - Desenvolver o planejamento do texto argumentativo pela seleção dos elementos: a) situação de conflito; b) tese; c) contextualização do real (fatos - provas e indícios). - Redigir cada um dos elementos constitutivos do planejamento da argumentação. Estrutura do Conteúdo 1. Estrutura e linguagem do texto argumentativo 2.3. Contextualização do real 2. Elementos estruturais da argumentação 2.3.1. Tipos de prova 2.1. Situação de conflito 2.3.2. Indícios 2.2. Tese Aplicação Prática Teórica A produção do texto argumentativo pressupõe um raciocínio extremamente complexo, que seleciona e organiza várias informações. O advogado já experiente realiza esse procedimento mentalmente, mas para o estudante de Direito, por questões de ordem didática, é importante que essa preparação seja feita, por escrito, passo a passo. Nesta aula, seguiremos as três primeiras tarefas: a) identificação da situação de conflito; b) escolha da tese a ser defendida; c) seleção dos fatos por meio dos quais a tese será defendida. Segundo Fetzner[1] , registrar a situação de conflito é fundamental para delimitar a questão sobre a qual se argumentará. Isso porque serão fornecidos os elementos indispensáveis para compor o caso concreto e inseri-lo no contexto jurídico. Nesta, o orador definirá a centralidade da questão jurídica que estará sob apreciação, isto é, o fato jurídico. Em seguida, identificará as partes envolvidas na lide, devidamente qualificadas, determinando aquele que, em tese, representa o sujeito passivo e o que será considerado sujeito ativo. Por fim, estabelecerá quando e onde esta ocorreu. A tese representa o ponto de vista a ser defendido, com base em todas as informações (fatos) disponíveis sobre o caso concreto e nos limites permitidos pela norma. Para conseguir sustentar a tese, torna-se necessário extrair do caso concreto todas as informações que, explícita ou implicitamente, concorrem para comprová-la. Compreender o caso concreto, interpretar todas as suas sutilezas, valorá-las, apreender os diversos sentidos que um mesmo fato, prova ou indício promovem é fundamental para a produção de um texto argumentativo consistente. É essa seleção de fatos que representa a contextualização do real . CASO CONCRETO Leia o caso concreto e, em seguida, faça o que se pede. Chefe é condenado a pagar R$ 60 mil por obrigar funcionária a usar jeans apertado: a ex-funcionária alega que ele fazia comentários inapropriados sobre o seu corpo e que o chefe chegou a se matricular na aula de ciclismo para observá-la O código de conduta de como se vestir no trabalho - dresscode corporativo - para mulheres segue geralmente a composição de blusa e calça discretas. Nada de decote, saia curta ou algo muito justo. Mas não era essa a ordem dada a uma funcionária de 21 anos que trabalhava em um posto de combustíveis na Zona Sul de São Paulo. O seu chefe, Roberto Guerra Santiago, de 65 anos, obrigava a jovem a trabalhar de shorts jeans justos. A funcionária decidiu levar o assédio sexual à justiça. Segundo relatos dos demais funcionários, o patrão fazia comentários sugestivos sobre os seios e nádegas da jovem diariamente. “Tudo começou com comentários sobre meu bumbum enquanto eu lavava os para-brisas dos carros”, contou ela.

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Plano de Aula 4: TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA Teoria e Prática da Argumentação JurídicaTemaEstrutura e linguagem do texto argumentativo: situação de conflito, tese e contextualização do real.Objetivos- Compreender que a tarefa de persuadir o magistrado terá mais chances de sucesso se for bem planejado o texto argumentativo.- Desenvolver o planejamento do texto argumentativo pela seleção dos elementos: a) situação de conflito; b) tese; c) contextualização do real (fatos - provas e indícios).- Redigir cada um dos elementos constitutivos do planejamento da argumentação.Estrutura do Conteúdo1. Estrutura e linguagem do texto argumentativo 2.3. Contextualização do real2. Elementos estruturais da argumentação 2.3.1. Tipos de prova2.1. Situação de conflito 2.3.2. Indícios2.2. TeseAplicação Prática TeóricaA produção do texto argumentativo pressupõe um raciocínio extremamente complexo, que seleciona e organiza várias informações. O advogado já experiente realiza esse procedimento mentalmente, mas para o estudante de Direito, por questões de ordem didática, é importante que essa preparação seja feita, por escrito, passo a passo. Nesta aula, seguiremos as três primeiras tarefas:

a) identificação da situação de conflito; b) escolha da tese a ser defendida; c) seleção dos fatos por meio dos quais a tese será defendida.

Segundo Fetzner[1], registrar a situação de conflito é fundamental para delimitar a questão sobre a qual se argumentará. Isso porque serão fornecidos os elementos indispensáveis para compor o caso concreto e inseri-lo no contexto jurídico. Nesta, o orador definirá a centralidade da questão jurídica que estará sob apreciação, isto é, o fato jurídico. Em seguida, identificará as partes envolvidas na lide, devidamente qualificadas, determinando aquele que, em tese, representa o sujeito passivo e o que será considerado sujeito ativo. Por fim, estabelecerá quando e onde esta ocorreu.A tese representa o ponto de vista a ser defendido, com base em todas as informações (fatos) disponíveis sobre o caso concreto e nos limites permitidos pela norma.Para conseguir sustentar a tese, torna-se necessário extrair do caso concreto todas as informações que, explícita ou implicitamente, concorrem para comprová-la. Compreender o caso concreto, interpretar todas as suas sutilezas, valorá-las, apreender os diversos sentidos que um mesmo fato, prova ou indício promovem é fundamental para a produção de um texto argumentativo consistente. É essa seleção de fatos que representa a contextualização do real.CASO CONCRETOLeia o caso concreto e, em seguida, faça o que se pede.Chefe é condenado a pagar R$ 60 mil por obrigar funcionária a usar jeans apertado: a ex-funcionária alega que ele fazia comentários

inapropriados sobre o seu corpo e que o chefe chegou a se matricular na aula de ciclismo para observá-laO código de conduta de como se vestir no trabalho - dresscode corporativo - para mulheres segue geralmente a composição de blusa e calça

discretas. Nada de decote, saia curta ou algo muito justo.Mas não era essa a ordem dada a uma funcionária de 21 anos que trabalhava em um posto de combustíveis na Zona Sul de São Paulo. O seu

chefe, Roberto Guerra Santiago, de 65 anos, obrigava a jovem a trabalhar de shorts jeans justos. A funcionária decidiu levar o assédio sexual à justiça.Segundo relatos dos demais funcionários, o patrão fazia comentários sugestivos sobre os seios e nádegas da jovem diariamente. “Tudo começou com

comentários sobre meu bumbum enquanto eu lavava os para-brisas dos carros”, contou ela."Durante meus dez meses trabalhando na empresa, quase todos os dias eu ouvia um comentário inapropriado sobre o meu corpo e sobre coisas que

ele iria fazer comigo", disse a ex-funcionária, que não quis se identificar.O então chefe chegou a obrigá-la a usar um short que ele mesmo havia comprado. “Você não pode vestir qualquer outro jeans para trabalhar a partir

de agora, porque agora eu tenho algo bonito para olhar”, teria dito.Roberto chegou a se inscrever nas aulas de ciclismo que a garota frequentava apenas para se aproximar dela e observá-la. "Ele geralmente dizia na

frente dos meus colegas: 'Eu vou observar o seu bumbum hoje à noite'."A autora acrescentou que ele também costumava dizer o quanto ela era bonita e que fazia os mesmos comentários sobre as mulheres que passavam

ao posto. "Ele parecia obcecado por mulheres jovens e bonitas".Um dos funcionários da empresa disse que, apesar de a autora afirmar que execrava os comentários sexistas, chegou a ser promovida a gerente e

recebeu a promessa de que poderia ganhar muito mais dinheiro se os negócios da empresa "deslanchassem".(http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/1,,EMI295911-16418,00.html, com adaptações)

Consulte também as seguintes fontes:1) Jurisprudência:TRT da 17ª Região prolatou: - a humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

2) Doutrina:Os elementos essenciais para a caracterização do assédio moral no ambiente de trabalho é a reiteração da conduta ofensiva ou humilhante, uma vez que, sejam capazes de causar lesões psíquicas à vítima, ou seja, o empregado deve sofrer algum tipo de tortura psicológica, destinada a destruir-lhe a autoestima. São ainda elementos essenciais as relações hierárquicas desumanas e sem ética, marcadas pelo abuso do poder e manipulações perversas, e o cerco contra um empregado. (http://www.correadesouza.adv.br/artigos/assedio-moral-no-direito-do-trabalho/)

3) CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: II - a cidadania; IIII - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Art. 5º (?) III - ninguém será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou degradante; V - é assegurado o direito de resposta proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados na forma desta constituição. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - a relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos da Lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;XXVIII - seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado se incorrer com dolo ou culpa; XXX- proibição de diferenças de salário, de exercícios de funções e de critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Art. 9º É assegurado o direito de revê, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que deva por meio dele defender. Art. 170. A Ordem Econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VIII - busca pelo pleno emprego

Questão1 - destaque:a) o fato gerador do conflito sobre o qual o caso concreto discorre (o quê?);b) as partes, devidamente identificadas (quem?);d) quando e onde esse fato ocorreu.Com base nessas informações, produza o parágrafo relativo à situação de conflito.Questão 2Indique a tese que pretende defender.Questão 3Selecione, em tópicos, as informações que possam colaborar com a defesa da tese que você escolheu. Indique, pelo menos, cinco fatos.

[1] FETZNER, Néli Luiza Cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de Argumentação Jurídica: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Forense, 2010, capítulos 5.1.1, 5.1.2 e 5.1.

Considerações Adicionais É importante compreender a estrutura do raciocínio que leva à produção do texto argumentativo; compreender o raciocínio dialético

que leva à escolha das teses de acusação e de defesa. Também é fundamental por parte do argumentador a seleção harmônica de fatos juridicamente importantes do caso concreto na

busca de subsídios necessários à sustentação da tese, utilizando a nomenclatura adequada.Além de saber quem está no polo ativo e no polo passivo do processo, pois sem essa informação o juiz não pode sequer realizar as citações / intimações.Ao qualificar autor e réu, indica-se as partes do processo denominadas de agente do polo ativo e agente do polo passivo.Contudo, é importante não confundir: agente do conflito com agente do polo ativo do processo, ou agente passivo do conflito com agente do polo passivo do processo. Observe o caso a seguir

Informar o lugar na narrativa é importante , pois condiciona os valores predominantes em um texto , determinando as comarcas de recebimento das peças processuais.

O local do fato é juridicamente importante, pois refere-se à fixação da competência do juízo que julgará a lide pelo local do fato

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Plano de Aula 5: TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA TemaEstratégias argumentativas: técnicas de elaboração de hipótesesObjetivos- Compreender que as hipóteses são argumentos possíveis a serem utilizados na fundamentação.- Desenvolver o hábito de ponderar a força persuasiva do argumento antes mesmo de redigi-lo.- Redigir estruturas de valor hipotético com verbos no futuro do pretérito e com função persuasiva.- Selecionar fatos, provas e indícios que se prestem à produção das hipóteses.Estrutura do Conteúdo

1. Estrutura da hipótese causal1.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados1.2. seleção de fatos que se prestem a esse tipo de hipótese2. Estrutura da hipótese condicional2.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados2.2. seleção de fatos que se prestem a esse tipo de hipótese3. Diferenças estruturais e argumentativas entre as hipóteses e os argumentos

Aplicação Prática TeóricaHipóteses são raciocínios previamente construídos que poderão ser utilizados no texto argumentativo como

estratégia persuasiva. Partindo de fatos comprovados, o argumentador tira uma inferência. Há, assim, uma relação lógica entre as duas partes da hipótese.

Para esclarecer como são produzidas essas hipóteses, conheça exemplos extraídos de Lições de Argumentação Jurídica:1) Já que somente o quarto da dona da casa havia sido vasculhado, o assalto teria sido planejado.2) Uma vez que Sueli afirmou que trouxera as joias para casa a fim de dividi-las com as filhas, o assaltante teria conhecimento da atual localização das joias.3) Tendo em vista que o assaltante sabia o que desejava furtar, seria alguém íntimo da família.4) Se houve participação de um dos empregados da casa, deveria o crime a ele imputado ser qualificado pelo abuso de confiança.

Com base nessas hipóteses, todas relacionadas pelo mesmo objetivo - provar que houve a participação, no furto, de alguém conhecido da família - o texto argumentativo será estruturado. Nele, as suposições se transformarão em afirmações, isso é, em inferências das quais não se tem dúvida. Tais afirmações ainda deverão estar acompanhadas das justificativas que representarão como se processou a conexão entre o fato, a prova, o indício e a conclusão, que se extraiu a partir dessa conexão.

QuestãoLeia o caso concreto e produza pelo menos três hipóteses.

CASO CONCRETO Em depoimento, testemunhas dizem que viram trava de brinquedo abrirAdolescente de 14 anos morreu após ser lançada de atração em parque de diversãoTrês das quatro testemunhas ouvidas pelo delegado titular da Polícia Civil de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Júnior, sobre o acidente no parque de

diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, que matou uma adolescente de 14 anos, disseram ter visto a trava do brinquedo onde a vítima estava abrir antes da queda. A auxiliar de escritório Cátia Damasceno contou que o dispositivo de segurança do brinquedo abriu na descida. "No primeiro 'tranco' da descida, eu vi a trava do assento dela abrir. Só a trava dela abriu', conta a testemunha. "Depois disso, o corpo dela foi lançado para o chão", completou Cátia. A jovem caiu de bruços e chegou morta ao hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí, com sinais de traumatismo craniano.

Além da auxiliar de escritório, o delegado de Vinhedo ouviu o marido dela e um outro casal. Álvaro Santucci Júnior disse que apenas o marido de Cátia Damasceno relatou, em depoimento, não ter visto o momento exato da abertura da trava porque não estava olhando fixamente para o assento onde a adolescente estava.

Os funcionários do parque que trabalhavam na atração só serão ouvidos pela Polícia Civil no início da próxima semana, de acordo com Álvaro Santucci Noventa Júnior, a pedido dos advogados do parque. O delegado acredita que a hipótese mais provável para o acidente tenha sido falha mecânica. Ele acompanhou o trabalho dos peritos no Hopi Hari e acredita que a menina caiu de uma altura entre 25 e 30 metros.

A trava, segundo o delegado, deve ter aberto durante a frenagem do brinquedo. O equipamento, também conhecido como elevador, leva o visitante a 69 metros de altura e, depois de um tranco, despenca a uma velocidade que pode chegar a 94 quilômetros por hora, segundo anunciado no site do parque.

A assessoria de imprensa do parque de diversões informou que a queda aconteceu às 10h20min. A adolescente estava no parque acompanhada dos pais. Em nota, o Hopi Hari lamentou o incidente e informou que está prestando toda a assistência à família da vítima e apoiando os órgãos responsáveis na investigação sobre as causas do acidente. A direção do parque decidiu encerrar as atividades no começo da tarde desta sexta-feira, mas o local será reaberto neste sábado (25), das 10h às 19h. A atração La Tour Eiffel permanecerá fechada até que as causas do acidente sejam esclarecidas.

Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pelo parque de diversões:COMUNICADO - O Hopi Hari informa que por volta das 10h20min de hoje houve um acidente envolvendo uma visitante de 14

anos que estava no brinquedo La Tour Eiffel. A visitante foi socorrida e levada para o Hospital Paulo Sacramento, na cidade de Jundiaí, aonde chegou em óbito. Após o acidente, o Parque decidiu encerrar as suas atividades do dia. Hopi Hari reabre amanhã, sábado, das 10h às 19h. A La Tour Eiffel permanecerá fechada até que as causas do acidente sejam esclarecidas. A perícia do brinquedo foi realizada pela Polícia Técnica, que vai investigar as hipóteses do acidente. O parque lamenta profundamente o ocorrido e está prestando toda a assistência à família da vítima e apoiando os órgãos responsáveis na investigação sobre as causas do acidente.(Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/02/em-depoimento-testemunhas-dizem-que-viram-trava-de-brinquedo-abrir.html>. Acesso em: 25 fev. 2012).

SE JULGAR CONVENIENTE, RECORRA ÀS FONTES:Art. 6º do CDC: São direitos básicos do consumidor:I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;Art. 14 do CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

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I - o modo de seu fornecimento;II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;III - a época em que foi fornecido.§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Considerações Adicionais

1. Estrutura da hipótese causal1.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados- seleção de fatos que se prestem a esse tipo de hipótese

Conector de causa: “já que”, “uma vez

que”, etc.+

Fato ou prova extraídos da

contextualização do real

+Interpretação do fato redigida com verbo no fut. do

pretérito

ESQUEMA PARA PRODUÇÃO DA HIPÓTESE CAUSAL

EXEMPLO DE HIPÓTESE CAUSAL[Uma vez que] [a compra dos produtos utilizados nas atividades

pedagógicas foi realizada pela escola], [seria da instituição aresponsabilidade civil pelos danos causados à consumidora].

3. Diferenças estruturais e argumentativas entre as hipóteses e os argumentosHipóteses causais:1ª) utilizando-se do fato:Já que somente o quarto da dona da casa havia sido vasculhado, o assalto teria sido planejado.2º) utilizando-se da prova testemunhal:Uma vez que Sueli afirmou que trouxera as jóias para casa a fim de dividi-las com as filhas, o assaltante teria conhecimento da atual localização das jóias.3ª) utilizando-se do indício:Tendo em vista que o assaltante sabia o que desejava furtar, seria alguém íntimo da família.Hipóteses condicionais:Se houve participação de um dos empregados da casa, deveria o crime a ele imputado ser qualificado pelo abuso de confiança.Com base nessas hipóteses, todas relacionadas pelo mesmo objetivo - provar que houve a participação, no furto, de alguém conhecido da família - o texto argumentativo será estruturado. Nele, as suposições se transformarão em afirmações, isso é, em inferências das quais não se tem dúvida. Tais afirmações ainda deverão estar acompanhadas das justificativas que representarão como se processou a conexão entre o fato, a prova, o indício e a conclusão, que se extraiu a partir dessa conexão.

2. Estrutura da hipótese condicional2.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados

ESQUEMA PARA PRODUÇÃO DA HIPÓTESE CONDICIONAL

Interpretação do fato redigida com verbo no fut. do

pretérito

EXEMPLO DE HIPÓTESE CONDICIONAL[Se] [a consumidora não contribuiu de qualquer forma para o

evento danoso], [não estaria caracterizada a culpa exclusiva davítima.

Fato ou prova extraídos da contextualização do real

Conector de condição: “se”, “caso”, etc.

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Plano de Aula 6: TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA Teoria e Prática da Argumentação JurídicaTemaTipos de argumento: seleção e combinaçãoObjetivos- Distinguir os vários tipos de argumento disponíveis ao profissional da área jurídica.- Compreender que a coesão sequencial depende não apenas das informações registradas, mas também dos tipos de argumento por meio dos quais esses dados são veiculados.- Estabelecer relação significativa entre as fontes do Direito e os tipos de argumento.- Redigir parágrafos argumentativos persuasivos.Estrutura do Conteúdo1. Relação entre fontes do Direito e tipos de argumento2. Argumento pró-tese.2.1. Estrutura, características e informações linguísticas relevantes3. Argumento de autoridade3.1. Estrutura, características e informações linguísticas relevantes4. Argumento de senso comum4.1. Estrutura, características e informações linguísticas relevantesAplicação Prática Teórica

Os argumentos são recursos linguísticos que visam ao convencimento. O argumento não é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica um juízo do quanto é provável ou razoável.

A) ARGUMENTO PRÓ-TESECaracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A

estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduzem fatos distintos favoráveis à tese escolhida.B) DE AUTORIDADE

Argumento constituído com base nas fontes do Direito, em pesquisas científicas comprovadas.C) ARGUMENTO DE SENSO COMUM

Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente difundido na sociedade.CASO CONCRETO

Dois homens são presos por agressão no GaleãoPassageiro espancado ao recusar serviço pirata de táxi tem suspeita de fraturas no rosto e está internado

Emanuel AlencarRIO - Dois homens foram presos em flagrante depois de um tumulto no setor de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto

Internacional Tom Jobim. Marcos Andrade da Silva, de 40 anos, e Rodrigo Alvinho Silveira, de 31 anos, que trabalham pra taxistas, foram autuados por lesão corporal e tentativa de homicídio. Eles são acusados de terem agredido o vendedor Cristian Valério, de 40 anos, e o jornalista Dario Amorim, de 48 anos, após discussão. Internado no Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, Cristian tem suspeita de fraturas na face e está sob observação.Delegacia investiga grupo que atua ilegalmente

A confusão começou às 14h10min, quando Cristian e Dario haviam desembarcado, vindos de Natal. Segundo depoimentos das vítimas, que moram no Rio, eles foram abordados por homens que trabalham oferecendo serviço de táxis no terminal. Diante da recusa, Rodrigo Silva teria provocado e xingado a dupla. Foi o estopim para uma grande confusão. Dario sofreu leves escoriações no rosto.

De acordo com o delegado Ricardo Codeceira, titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio (Dairj), os acusados de agressão atuam como "jóquei", apelido dado às pessoas que oferecem aos passageiros os serviços de táxis piratas. O delegado informou que a delegacia investiga, há dois meses, esta prática ilegal no aeroporto.

— Essas pessoas que ficam chamando passageiros, conhecidas como "jóqueis", atuam há bastante tempo e já são alvo de uma investigação — afirmou o delegado, que acredita que as agressões tenham conotação homofóbica.

As vítimas disseram que foram xingadas por causa da opção sexual. A partir daí começou toda a confusão. Os agressores (Marcos e Rodrigo) alegam legítima defesa, mas Cristiano chegou a desmaiar depois de receber um pontapé no queixo.

Bastante nervosa, a mãe de Rodrigo, Marli Alves da Silva, criticou a prisão de seu filho. Ela chegou a passar mal na delegacia, com pressão alta.— Por que os outros que se envolveram na briga não foram presos? Meu filho também foi agredido. Apenas se defendeu, como todo homem

faria. Os dois levantaram o tom de voz e foram grosseiros.A versão de Dario, um dos agredidos, é diferente. Ele diz que Rodrigo começou a confusão.— Ele ofereceu o serviço e dissemos que não estávamos interessados. Mas insistiu e começou a fazer gracinha. Até que ele disse: "vai tomar no

c..., seu v...". Aí o Cristian perdeu a cabeça e começou toda a confusão. Marcos foi quem agrediu Cristian quando ele já estava caído, sem qualquer chance de defesa.

Dario criticou a Infraero. Segundo ele, a princípio, a estatal não quis levá-lo ao hospital onde seu companheiro está internado.— Só depois de muita insistência eles ofereceram condução — disse.O delegado disse que o episódio reforça a importância de os passageiros optarem sempre por táxis legalizados e padronizados.— As vítimas agiram de forma correta ao recusarem um serviço ilegal.

(Disponível em: <http://oglobo.globo.com/rio/dois-homens-sao-presos-por-agressao-no-galeao-3965359#ixzz1nRhXx1Pd>. Acesso em: 14 fev 2012. O Globo, p. 13.)

SE JULGAR NECESSÁRIO, RECORRA ÀS POLIFONIAS SEGUINTES:Lesão corporalArt. 129 do CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano.Lesão corporal de natureza grave§ 1º Se resulta:I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;II - perigo de vida;III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;IV - aceleração de parto:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 2° Se resulta:

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I - Incapacidade permanente para o trabalho;II - enfermidade incurável;III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;IV - deformidade permanente;V - aborto:Pena - reclusão, de dois a oito anos.Lesão corporal seguida de morte§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:Pena - reclusão, de quatro a doze anos.Art. 14 do CP: Diz-se o crime:II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativaParágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.Homicídio simplesArt. 121 do CP: Matar alguém:Pena - reclusão, de seis a vinte anos.Homicídio qualificado§ 2° Se o homicídio é cometido:I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;II - por motivo fútil;III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Observação: pesquisar as informações mais atuais sobre homofobia e sua criminalização.QUESTÃO DISCURSIVA

Leia o caso concreto indicado para esta aula e recorra às fontes sugeridas. Redija três parágrafos argumentativos: um argumento pró-tese, um argumento de autoridade e um argumento de oposição. Vale observar que, normalmente, após o argumento de autoridade é sugerida a produção do argumento de oposição; entretanto, devido à sua complexidade, esse argumento será reservado para a próxima aula.

[1] Harada, Kiyoshi. Responsabilidade civil do Estado. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=491>. Acesso em: 19 de julho de 2010.Considerações Adicionais