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Livro
Um pas fictcio da Amrica Central. Um tesouro que os
ndios maias querem doar ao governo em troca de
benfeitorias. O irmo do presidente raptado em troca do
tesouro.
1968 Lou Carrigan Publicado No Brasil Pela Editora Monterrey
Ilustrao De Capa: Bencio JVS - 400612 400731
CAPTULO PRIMEIRO Prova de identidade
Um tesouro maia
Seqestro
Boa inteno
Por toda luz, a que proporcionava uma pequena lmpada
de base flexvel, que dava diretamente sobre o carro da
mquina de escrever, na qual via-se uma folha de papel
escrita at a metade. O teclar era velocssimo, suave,
ouvindo-se apenas no luxuoso escritrio o leve zumbido
eltrico do motor da mquina quando as teclas ficavam
momentaneamente em repouso. Sobre o teclado, duas mos
belssimas, esguias, de um tom que parecia ncar dourado.
As unhas no eram muito longas e pareciam recortadas em
madreprola, magnfico remate de uns dedos afilados, geis,
perfeitssimos. Em todo o escritrio, um perfume sutil, que
sugeria o de uma rara flor no existente em nenhum lugar
do mundo. Sobre uma poltrona, na penumbra, um diminuto
cozinho de raa chihuahua, enroscado, dormitava, vez por outra movendo as agudas orelhas.
No princpio da pgina escrita estava o titulo daquele
rascunho, que depois se converteria num grosso volume,
num verdadeiro tratado que forosamente seria muito
interessante, pois que a pessoa que o escrevia tinha mais
conhecimentos que ningum sobre o assunto, O titulo era
Declogo do Espio. Eis o que estava escrito: Em nosso tempo, a espionagem torna-se uma
atividade cada vez mais comum. Estende-se por
isso a necessidade sempre crescente por parte de
pases, empresas particulares e at mesmo
pessoas, ele possuir informaes a respeito de
outras pessoas, seus projetos suas idias, suas
tendncias. Deste modo, existe a espionagem
poltica, militar, industrial, cientfica.
Tendo-se em conta o progresso considervel
verificado em todos os setores da atividade
humana, compreende-se que a espionagem sela
utilizada como arma poderosa, capaz de fazer
triunfar ou fracassar aquele.s que, de um ou de
outro modo, dependem no s de suas
possibilidades ou talento, mas da capacidade dos
demais em qualquer ramo do conhecimento.
Como conseqncia dessa vigilncia mtua
estabelecida em torno de qualquer criao ou
ideologia, surge uma concorrncia desleal
generalizada. Assim, por exemplo, a descoberta de
determinada vacina num pas pode provocar um
surto de espionagem, mais ou menos intenso
segundo a importncia atribuda dita vacina. De
um modo geral, o espio tem como misso bsica
a obteno de informaes para o pas que paga
seita servios; ou, tambm, para seu pas de
origem, considerando-se a existncia de espies
que ainda trabalham pelo que se chama
idealismo.
De qualquer forma, o espio profissional
deveria reger-se por um declogo, por dez regras
normalizadoras de sua atuao. Tais regras, no
meu entender, so as que se seguem.
Primeira: a morte no , necessariamente,
um...
A discreta batida na porta do escritrio fez com que
parasse o teclar. Por cima das mos belssimas, ouviu-se a
voz da exmia datilgrafa, em tom levemente irritado.
Entre, Peggy! A porta se abriu e a graciosa empregada nica da maior
espi de todos os tempos surgiu no limiar.
Uma visita, miss Montfort. Eu disso que no estava para ningum, Peggy. Tenho
trabalho.
Eu sei... Mas o cavalheiro que quer v-la assegura que o motivo de sua visita da maior importncia. Disse,
tambm, que vem da parte de um grande amigo seu.
Que amigo? Isso ele no disse. Ele... Est armado? O detector no acusa a presena de arma alguma. Bem... Est bem... Que entre. Mas se dentro de cinco
minutos no tiver sado, venha avisar-me que estou sendo
esperada com urgncia no Jornal. Entendido?
Entendido. Peggy desapareceu. Voltou segundos depois
acompanhada de um homem, o qual recebeu em cheio a luz
da lmpada, quando as bonitas mos a dirigiram para a
porta. Era um homem de trinta anos, cabelos pretos, olhos
da mesma cor, boca bem desenhada e simptica, embora de
expresso tristonha, queixo slido, firme. De estatura
elevada, era delgado e tinha ombros estreitos. Parecia um
pouco ossudo e de modo algum parecia que o esporte fosse
sua atividade favorita. Corretamente vestido, exibia uma
elegncia natural, inata: um desses homens que, vistam o
que vestirem, esto sempre bem.
Seorita Brigitte Montfort? perguntou em castelhano.
As es respondeu ela no mesmo idioma. Lhe agradeceria que fosse breve, seor...
Amadeo Torrealba. Lamento t-la interrompido... Eu tambm lamentarei se o motivo de sua visita no
for to importante quanto disse. Faa o favor de sentar-se.
O chamado Amadeo Torrealba voltou-se um tanto
timidamente para Peggy. Segurou a porta, olhou para ela e
fez meno de fechar. Peggy compreendeu e, como no
houve contra-ordem por parte de Brigitte, afastou-se.
O visitante fechou a porta, sentou-se numa poltrona e
ficou olhando para trs da lmpada, lugar onde devia
encontrar-se a dona da casa.
Hmmm... Antes de mais nada, devo dizer-lhe que no venho procura de miss Montfort, mas da agente Baby da CIA.
No sei se o compreendo, seor Torrealba. Acredito que sim. A coisa muito simples: estou em
grande dificuldade e um amigo comum assegurou-me que
s uma pessoa me poderia ser de auxilio.
Eu? Quero dizer a espi chamada Baby. Quem esse amigo comum, seor Torrealba? Chama-se Nataniel. Mas quando o conheceu, em
Capri, seu nome era Nathan1.
1 (ver UM EPISDIO EM CAPRI)
Creio que no sei o que est dizendo, seor Torrealba mentiu Brigitte.
Nataniel advertiu-me que no seria fcil convenc-la. Entretanto, se me permite, tentarei. Quer dizer, o prprio
Nataniel o tentar por meio de uma carta que trouxe comigo
para entregar-lhe.
Uma carta para mim ou para essa agente Baby? Leia a carta sorriu Amadeo Torrealba. Depois
poderemos prosseguir com o assunto. Est de acordo,
seorita Montfort?
Acho que no perderei muito tempo lendo uma carta. Uma das bonitas mos apareceu na luz, apanhou a carta
apresentada por Torrealba e desapareceu. Depois, no
escuro, viu-se um delgado raio de luz violcea, que
percorria lentamente as bordas do envelope, bem como o
brilho de uma poderosa lupa de forma circular.
A carta no foi aberta nem falsificada explicou amavelmente o visitante. Asseguro-lhe que genuna sob todos os aspectos.
Ouviu o rasgar do envelope. Depois uma folha branca
apareceu na luz, em cima da mquina de escrever. E ouviu-
se a voz da espi da CIA:
Querida Baby: Envio-lhe um amigo autntico, um homem que
merece quanto auxlio voc lhe puder prestar. Seu
nome Amadeo Torrealba. Incluo sua fotografia e
impresses digitais, assim como um trecho de
carta por ele escrita, para que voc possa fazer as
devidas com provaes. Ele est ao corrente de
nossa amizade e das circunstncias memorveis
em que esta nasceu. Poder responder a todas as
suas perguntas. Se der alguma resposta errada,
no se tratar de Amadeo Torrealba, por muitas
que sejam as provas em apoio dessa pretenso.
Uma vez dito isto, fica bem claro que minha
confiana nele total e ilimitada. Tambm posso
garantir que Amadeo Torrealba jamais trair a
agente Baby. Peo-lhe, que uma vez comprovada sua identidade, confie nele como o
faria em mim mesmo, e que o ajude desse modo...
diablico que a distingue de qualquer outra espi.
Compreendo que lhe acarretemos grande
incomodo, mas voc bem sabe que eu faria o
mesmo por Baby, se a situao fosse inversa. Naturalmente, tambm eu sou um espio
magnfico, mas no posso ausentar-me de meu
pais, no momento, j que se esto realizando
reunies polticas da maior importncia, que
exigem toda a minha ateno. S em voc me
atrevo a confiar e peo-lhe que, se nada puder
fazer por Amadeo, comunique-me imediatamente
a fim de que eu possa ajeitar as coisas da melhor
modo possvel para ajudar meu grande amigo.
Sempre seu,
com amor,
NATANIEL
Parece-lhe convincente? perguntou Torrealba. Sem dvida. Quanto fotografia, sua
evidentemente. Tenha a bondade de escrever alguma coisa
neste papel.
Amadeo Torrealba apanhou a folha, sacou uma caneta e
escreveu qualquer coisa, rapidamente. O papel desapareceu
na sombra atrs da limpada e novamente soou a voz de
Brigitte:
S falta confrontar minhas impresses digitais.
Estou as suas ordens, Baby. Muito obrigado. Amadeo Torrealba
So palavras muito infantis, no acha? sorriu o visitante.
O que interessa a forma, no o contedo. Tenha a bondade de colocar os dedos sobre este vidro, apertando
suavemente.
Torrealba viu aparecerem agora as mos e os braos,
aps ouvir o clssico deslizar de uma caixa. Comprimiu os
dedos contra a lmina de vidro, depois se recostou na
poltrona. A luz da lmpada dirigiu-se caixa com tampo de
vidro, sobre a qual foi assestada a mesma poderosa lupa.
Junto caixa, uma folha de papel na qual estavam
claramente impressas dez im