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AS PESSOAS JURÍDICAS Prof.ª Luciana Pedroso Xavier

08_11_2012 Desconsideração da personalidade jurídica UNICURITIBA

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AS PESSOAS JURÍDICAS

Prof.ª Luciana Pedroso Xavier

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As Pessoas Jurídicas

Pessoa natural (física)

Pessoas Jurídicas

(dotadas de Pessoa jurídica

personalidade)

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Pessoa Jurídica

Personalidade distinta dos seus membros

Princípio da Autonomia Patrimonial (ou separação patrimonial)

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Classificação das Pessoas Jurídicas

Direito Público

Direito Privado

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Pessoa Jurídica

Art. 44 Código Civil. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;II - as sociedades;III - as fundações;IV – as organizações religiosas; V – os partidos políticos. VI - as empresas individuais de

responsabilidade limitada. (Acrescentado pela L-012.441-2011)

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Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

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Registro

Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de

duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou

instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa

e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à

administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não,

subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o

destino do seu patrimônio, nesse caso.

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Direitos de Personalidade

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

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Associações

Art. 53: União de pessoas que se organizem para fins não econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

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Sociedades

Exercício de atividade voltada ao lucro.

Sociedades simples x empresariais

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Fundações

Dotação de bens para religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Modos de constituição

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EIRELI

Definição:

Empresa Individual de Responsabilidade Limitada

Lei n. 12.441/2011

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EIRELI

Características:- Exige apenas uma pessoa física

- Capital Social devidamente integralizado e não inferior a 100 salários mínimos

- Nome Empresarial composto pela expressão “EIRELI”

- Somente pode ser titular de uma única EIRELI

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EIRELI

Características:- Aplicação subsidiária das normas de

Sociedade Limitada

- Fruto da concentração de quotas de outra modalidade societária.

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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Prof.ª Luciana Pedroso Xavier

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Pessoa Jurídica

Objetivos:

Risco

Atividade Empresarial

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Pessoa Jurídica

Consequencias (regra geral):

os bens dos sócios não respondem por dívidas da sociedade e, do mesmo modo, os bens da sociedade não respondem por dívidas particulares dos sócios

Logo, o patrimônio dos sócios permanece distinto do patrimônio da sociedade

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Pessoa Jurídica

• Problema: utilização da pessoa jurídica para o cometimento de crimes

• Pessoa jurídica como véu que serviria de anteparo ao cometimento de crimes

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

Caso histórico – Inglaterra

Salomon v. Salomon & Co.1897

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

• EUA

• ALEMANHA

“Aparência e Realidade nas Sociedades Mercantis – O abuso de direito por meio da pessoa jurídica”, de Rolf Serick, Professor alemão da cidade de Heidelberg – tese para a cadeira de Professor Titular.

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

BRASILRubens Requião RT 1969 Conhecida pela expressão “disregard of

legal entity” ou “lifting the corporate veil”

Tradução de Rubens Requião – “desestimação da personalidade jurídica” e “levantamento ou descerramento do véu corporativo”

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

BRASILRubens Requião RT 1969“A doutrina da desconsideração da

personalidade jurídica, para impedir a fraude e o abuso do direito, está, como vimos, consagrada na jurisprudência de diversos países, cuja cultura jurídica sempre influiu e inspirou os nossos juristas. É concebível pois que a ‘disregard doctrine’ tenha reflexos em nosso direito, ou com ele seja compatível e aplicável”.

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

BRASILRubens Requião RT 1969“A assertiva de que a sociedade não se

confunde com a pessoa dos sócios é um princípio jurídico, mas não pode ser um tabu, a entravar a própria ação do Estado, na realização da perfeita e boa justiça, que outra não é a atitude do juiz procurando esclarecer os fatos para ajustá-los ao direito.”

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Desconsideração da Pessoa Jurídica

BRASILRubens Requião RT 1969

• IMPORTANTE: NÃO VISA ANULAR A PERSONALIDADE JURÍDICA, mas somente objetiva desconsiderar, no caso concreto, dentro de seus limites, a pessoa jurídica em relação às pessoas ou bens que atrás dela se escondem.

• É caso de declaração de ineficácia especial da personalidade jurídica para determinados efeitos, permanecendo a personalidade jurídica incólume.

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A Dupla Crise da Personalidade Jurídica

José Lamartine Corrêa de Oliveira1ª Crise: sistema normativo acerca das

pessoas jurídicas, tendo em vista que a inúmeros agrupamentos humanos é negada a personalidade jurídica, embora acabem por receber tratamento jurídico equivalente

2ª Crise: incompatibilidade verificada entre os objetivos para os quais a pessoa jurídica foi criada e sua utilização para fins escusos.

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Regulamentação Legislativa

- 1969 RT Rubens Requião

- Lei n.º 8.078/90 Código de Defesa do

Consumidor (art. 28)

- Lei n.º 8.884/94 Prevenção e repressão às

infrações à ordem econômica (art. 18)

- Lei n.º 9.605/98 Crimes Ambientais (art. 4)

- Código Civil (art. 50)

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Regulamentação Legislativa

REGRA GERAL - Código Civil de 2002, artigo 50:

“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”

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Regulamentação Legislativa

Enunciado 51 do CJF – Art. 50: a teoria da desconsideração da personalidade jurídica

– disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema.

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Regulamentação Legislativa

      LEI Nº 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994.

Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

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Regulamentação Legislativa

Lei nº 9.605/98 Crimes ambientaisArt. 4º Poderá ser desconsiderada a

pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

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CDC

Facilitar o ressarcimento dos danos causados aos consumidores por fornecedores pessoas jurídicas

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CDC art. 28

“O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.”

 

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        § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

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Teorias

 

A) MAIORA.1. Subjetiva - exige prova da fraude

(inequívoca intenção de prejudicar os credores)

A.2. Objetiva - a caracterização do abuso de personalidade pode ser verificada por meio da análise de dados estritamente objetivos, como o desvio de finalidade e a confusão patrimonial. (art. 50 CC)

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Teorias

Menor – mero prejuízo do credor.

- Lei n.º 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor (art. 28)

- Lei n.º 8.884/94 Prevenção e repressão às infrações à

ordem econômica (art. 18)

- Lei n.º 9.605/98 Crimes Ambientais (art. 4)

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Teorias 

Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração).

- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.

- Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.

- A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

- Recursos especiais não conhecidos.

(REsp 279.273/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2003, DJ 29/03/2004, p. 230)

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Desconsideração Inversa

Executar bens sociais por dívidas pessoais de um de seus sócios (pessoa jurídica responde pelas obrigações pessoais de um ou mais de seus integrantes).

Exemplo: Direito de família (um dos cônjuges desvia bens pessoais para o patrimônio da pessoa jurídica com a finalidade clara de afastá-los da partilha ou frustrar a execução de alimentos).

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Desconsideração Inversa

Enunciado 283, 4ª Jornada de Direito Civil do CJF – Art. 50.

“É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”.

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Desconsideração Inversa

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE.III – A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador.IV – Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma.V – A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no próprio processo de execução, “levantar o véu” da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens da empresa. VI – À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular. VII – Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, afigurou-se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provido. (REsp 948.117/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010)