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Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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1. INTRODUÇÃO
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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1 INTRODUÇÃO
No século XIX, já eram observados alguns efeitos da elevação da
pressão intra-abdominal nos órgãos e sistemas do organismo, com
prováveis sinais de hipertensão intra-abdominal, entretanto estes sinais
não eram associados ao aumento anormal da pressão intra-abdominal.
Went em 1876, provavelmente foi quem primeiro descreveu a associação
entre hipertensão intra-abdominal e disfunção renal, mas somente nos
anos de 1970 e 1980 é que foram publicados estudos em humanos e
animais mostrando os efeitos deletérios da elevação da pressão intra-
abdominal no sistema respiratório e cardiovascular 1, 2.
O primeiro estudo sobre a repercussão da síndrome compartimental
abdominal, descreveu quatro pacientes cirúrgicos que desenvolveram
oligúria, hipóxia, hipercarbia, aumento da pressão inspiratória e da tensão
abdominal 3.. Assim, alterações em vários órgãos e sistemas do organismo
passaram a ser relacionadas ao aumento da pressão intra-abdominal
decorrente, por exemplo, da presença de ascite, hemorragia abdominal 4,
obstrução intestinal, diálise peritoneal e laparotomia 5, passando a partir de
então, a ter importância no prognóstico destes pacientes, após a
verificação de que a mortalidade hospitalar é mais elevada em pacientes
com pressão abdominal acima de 12mmHg 6,7. Elevações anormais da
pressão intra-abdominal traz conseqüências para o sistema respiratório
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como redução da Capacidade Residual Funcional e alterações na
mecânica respiratória 8,9.
O comprometimento do sistema respiratório, com o aumento da
pressão intra-abdominal acima de 15 mmHg, tem sido enfatizado pela
maioria dos autores. Portanto, faz-se necessário verificar o comportamento
do sistema respiratório frente a graus leves ou mesmo moderados de
hipertensão intra-abdominal e sua interação com a pressão positiva
expiratória, a qual a maioria dos pacientes críticos faz uso durante a
ventilação mecânica com pressão positiva. Tem-se observado que a
ventilação mecânica nos pacientes com pressão abdominal elevada fica
prejudicada pelo aumento da pressão de vias aéreas, observando-se
alterações importantes na mecânica respiratória e na troca gasosa 10,11.
Assim, muitos resultados de medidas de mecânica do sistema respiratório,
atribuídos somente às condições pulmonares poderiam ser resultados
também de alterações da mecânica da caixa torácica, sendo a mais
importante a alteração da pressão intra-abdominal. Assim, as medidas de
mecânica do sistema respiratório devem ser interpretadas como
decorrentes da mecânica das vias aéreas, parênquima pulmonar e da
caixa torácica. Ao se ajustar o ventilador mecânico nos pacientes
ventilados mecanicamente, principalmente naqueles com elevações das
medidas de pressão de platô do sistema respiratório deve-se sempre
verificar, além das condições do parênquima pulmonar, as condições intra-
abdominais para avaliação de possíveis condições que levem ao aumento
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da pressão intra-abdominal e que devam ser corrigidas para melhoria do
prognóstico destes pacientes criticamente doentes.
Os efeitos da pressão abdominal elevada têm implicações em outros
órgãos e sistemas do organismo, como o Cardiovascular 12, 13, 14, Sistema
Nervoso Central15, Hepático 16, Renal 17 e Visceral 16.
1.1. Conteúdo Abdominal
Considerando que o abdômen é uma caixa fechada, e parcialmente
rígida composta pela pelve, coluna, arcos costais e uma região
parcialmente flexível, diafragma e parede abdominal, o grau de
flexibilidade da parede abdominal e a gravidade específica deste conteúdo
determinam o valor da pressão abdominal, que é definido como o estado
da pressão contida dentro da cavidade abdominal, tomando como
referência a posição em que o indivíduo se encontra. A pressão abdominal
pode se alterar com a mobilidade do diafragma, com os movimentos dos
arcos costais, com a contração da parede abdominal e com alterações
intestinais por ar, líquido ou massa fecal. O diagnóstico da ocorrência do
aumento da pressão intra-abdominal é raramente realizado nas Unidades
de Terapia Intensivas, podendo levar a uma piora do prognóstico destes
pacientes pela não realização das intervenções oportunas, no momento
adequado 1.
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1.2. Valores Normais de Pressão Intra-abdominal
(PIA)
Pressão abdominal é o estado da pressão contida dentro da
cavidade abdominal, os valores normais desta pressão vão de zero a
valores minimamente sub-atmosféricos (negativos) em indivíduos hígidos
respirando espontaneamente 23. Um valor de pressão intra-abdominal
normal é ao redor de 5 mmHg, mas pode ser substancialmente mais alto
no obeso mórbido ou no período pós-operatório 24,25.
Em um estudo de Pelosi e cols. (1999), foi demonstrado que em
pacientes mecanicamente ventilados os valores de pressão intra-
abdominal foram positivos e variaram de 9,0 +/- 2,4 cmH2O, em
decorrência da transmissão de pressão intra-torácica ao qual se eleva com
a pressão positiva do ventilador e é transmitida através do diafragma para
o conteúdo abdominal 26.
1.3 Valores anormais da Pressão Intra-Abdominal
Os graus de elevação e conseqüente anormalidade da pressão
intra-abdominal foram classificados por alguns autores, contudo, ainda não
se tem um consenso sobre os reais valores de transição entre o normal e o
patológico.
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A hipertensão intra-abdominal é uma denominação utilizada para
classificar os casos de pressão intra-abdominal que se elevam acima do
valor normal e que por sua vez podem culminar em graus mais elevados
dessa. Em casos de hipertensão intra-abdominal acima de 20-25 mmHg
define-se a síndrome do compartimento abdominal ou síndrome
compartimental abdominal 23. Os fatores predisponentes descritos na
literatura para a síndrome compartimental abdominal, além das doenças
propriamente ditas (pancreatite, abscessos intra-abdominais,
peritonite,etc..), são a hipotermia (<34ºC), acidose (pH<7.2), alta
freqüência de células mal perfundidas (>10-20 unidades/24 horas),
coagulação intra-vascular disseminada, sepse ou choque séptico,
vasculopatia, dose elevada de anestésicos (epidural) ou disfunção do
fígado 7. A combinação de acidose, hipotermia e coagulopatia têm sido
abordada na literatura como fator que leva a síndrome do compartimento
abdominal 1 .
Assim, atualmente os diversos autores tem classificado a
hipertensão intra-abdominal de acordo com os diversos níveis dos valores
mensurados da pressão intra-abdominal, na tentativa de se estabelecer
graus diferentes de gravidade de acordo com as medidas obtidas 23:
• Grau Zero: PIA 0 -7 mmHg (0 -9 cmH2O): normal
• Grau I: PIA 8-11mmHg (11-15 cmH2O): condição ambígua,
existe a possibilidade de desenvolver HIA
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• Grau II: PIA 12-15 mmHg (16,3-20,4cmH2O): HIA moderada
• Grau III: PIA 16-20 mmHg (22 -27cmH2O): HIA grave
• Grau IV: PIA 21-25mmHg (28,5 - 34cmH2O): SCA moderada
• Grau V: PIA>25 mmHg (34 cmH2O): SCA grave
1.3.1 Hipertensão Intra-Abdominal (HIA)
A hipertensão intra-abdominal é o aumento da pressão abdominal
para valores >12mmHg (16,3 cmH2O), com três medidas de pressão por
um período de 4-6 horas. Alguns autores definem valores de HIA em níveis
entre 15-18 mmHg (20 – 25 cmH2O). Este rápido aumento da PIA causa
efeitos adversos com graves conseqüências para todos os órgãos e
sistemas podendo gerar valores críticos de anormalidade, dependendo dos
fatores etiológicos, das co-morbidades e de falências orgânicas pré-
existentes, o que por sua vez, alteram o desfecho do quadro 1,23,27,28,29 .
Os fatores etiológicos estão divididos em três grupos:
1) cirúrgico ou pós-operatório: cirurgias abdominais, hemorragias e
edemas pós-operatório, pós-operatório de peritonite e abscesso intra-
abdominal, cirurgia laparoscópica, por entrada de ar na cavidade
abdominal, pós-operatório de cirurgias gástricas agudas.
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2) pós-traumático: incluem as queimaduras, traumas múltiplos,
rupturas traumáticas de estruturas intra ou retroperitoneais e edema pós
ressuscitação.
3) grupo clínico: diálise peritoneal, infecção abdominal (abscesso
intra-abdominal, pancreatite aguda, peritonite bacteriana), edema ou ascite
secundária a ressuscitação volêmica (choque séptico), tensão por
pneumoperitôneo, hemoperitôneo e íleo (volvo paralítico) 1,28,30.
A Hipertensão Intra-Abdominal foi classificada em:
• Hipertensão Intra-Abdominal Hiper-aguda: é aquela que
ocorre em segundos ou minutos: tosse, espirro, defecar,
esforço físico 1,12,31
• Hipertensão Intra-Abdominal Aguda: ocorre em horas: trauma
ou hemorragia intra-abdominal
• Hipertensão Intra-Abdominal Subaguda: geralmente envolve
estados patológicos clínicos e não cirúrgicos que podem estar
associados a uma combinação de fatores etiológicos, ocorre
em dias: causa clinica, ressuscitação, edema de parede
abdominal.
• Hipertensão Intra-Abdominal crônica: é aquela em que a
elevação da pressão intra-abdominal perdura por meses ou
anos: obesidade mórbida, cirrose, diálise peritoneal,
gravidez30.
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1.3.2 Síndrome Compartimental Abdominal (SCA)
A Síndrome Compartimental Abdominal é definida como um estado
patológico causado pelo aumento agudo da pressão intra-abdominal acima
de 20-25 mmHg (27,6 - 34 cmH2O) que afeta de modo adverso a função
orgânica, causando sérias complicações. Nestes casos a descompressão
abdominal se faz benéfica e necessária 30,6.
A Síndrome Compartimental Abdominal pode ser classificada em:
• Síndrome Compartimental Abdominal primária: condição
associada à lesão ou doença na região abdominal:
pancreatite aguda, ruptura esplênica.
• Síndrome Compartimental Abdominal secundária: condição
que não tem origem na cavidade abdominal: pneumonia com
sepse, grande queimado, ressuscitação.
• Síndrome Compartimental Abdominal terciária, condição que
persiste após a realização da laparotomia descompressiva
após SCA, também chamada síndrome compartimental
aberta ou recorrente.
Fietsam e cols. (1989), foram os primeiros a observar a repercussão
da síndrome compartimental abdominal nos vários órgãos e sistemas do
organismo, descrevendo essa em 4 pacientes cirúrgicos que
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desenvolveram oligúria, hipóxia, hipercarbia, aumento da pressão
inspiratória e da tensão abdominal 3.
De acordo com Pelosi e cols (2001), os sinais observados na
síndrome compartimental abdominal são a distensão abdominal, elevação
da pressão intra-abdominal, oligúria não resolvida com administração de
volume, aumento da pressão de pico do sistema respiratório, hipercarbia,
hipoxemia refratária com aumento da fração inspirada de oxigênio e da
pressão positiva expiratória final, acidose metabólica refratária e aumento
da pressão intracraniana 31. Sabe-se que pequenos aumentos da pressão
intra-abdominal podem trazer muitos efeitos ao organismo e algumas
medidas clínicas podem ser tomadas para reduzir essa pressão como o
esvaziamento gástrico, enema retal, paracentese, uso de diuréticos,
posicionamento adequado do paciente no leito. Pacientes com pressão
intra-abdominal aproximadamente de 25 mmHg devem ser submetidos a
procedimentos cirúrgicos para descompressão abdominal, no entanto, é
importante lembrar que não existe um consenso entre os autores quanto a
esse valor 23 .
1.4 Pressão Abdominal nos Diversos Órgãos e
Sistemas do Organismo
A Pressão Intra-abdominal elevada pode ter implicações nas
funções orgânicas dos diversos órgãos e sistemas do organismo como: o
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sistema respiratório, sistema neurológico, sistema visceral/hepático,
sistema renal, sistema cardiovascular e sistema gastrintestinal.
1.4.1 No Sistema Respiratório
O pulmão, a caixa torácica e a cavidade abdominal formam um
sistema fechado tendo como interface o músculo diafragma. O aumento na
pressão abdominal e na pressão diafragmática pode afetar a pressão
pleural e conseqüentemente ocorrer a diminuição da capacidade pulmonar
total, complacência pulmonar, e dos volumes pulmonares. Os diversos
valores de pressão expiratória final positiva aplicados às vias aéreas
também podem ser transmitidos para o abdômen contribuindo para elevar
a pressão intra-abdominal 1, 32,33.
A ventilação mecânica nos pacientes de Terapia Intensiva visa
manter a ventilação alveolar e a oxigenação, enquanto o sistema
respiratório se recupera da doença que o atingiu, para posteriormente
voltar a assumir a ventilação espontânea 34, 35. Existem várias situações
clínicas que elevam a pressão intra-abdominal como ascite, hemorragia
abdominal 4, obstrução intestinal, diálise peritoneal e laparotomia36 que
predispõem a redução da capacidade residual funcional por alterações na
pressão transpulmonar que levam a ventilação não uniforme e
conseqüentemente alteração na diferença alvéolo-arterial de O2, e na
mecânica respiratória 4, 7,36. A pressão intra-abdominal influencia o sistema
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respiratório, repercutindo no diafragma, o qual por sua vez empurra ambas
hemicúpulas para cima, causando assim um típico padrão de doença
pulmonar restritiva, com queda na capacidade residual funcional e nos
volumes pulmonares, o que predispõe a atelectasias, ao aumento da
resistência vascular pulmonar, anormalidade na relação ventilação-
perfusão, prejuízo na troca gasosa, diminuição da complacência pulmonar
com dificuldade na ventilação e no processo de desmame1. Segundo estes
mesmos autores, os níveis de pressão intra-abdominal que repercutem na
mecânica do sistema respiratório são aqueles acima de 15-20 mmHg
(20,4-27,2 cmH2O). Esses níveis aumentam a pressão de pico do sistema
respiratório e a pressão de platô alveolar.
Em indivíduos normais o aumento da pressão intra-abdominal acima
de 15 mmHg, pela cirurgia laparoscópica, reduziu o volume pulmonar e a
oxigenação, com marcado prejuízo na mecânica do sistema respiratório 37.
Os efeitos da mudança aguda da pressão intra-abdominal na função
respiratória atuam aumentando a pressão de pico do sistema respiratório e
a pressão de platô alveolar, e diminuem a complacência dinâmica. A
descompressão abdominal cirúrgica, nestes casos, resultou em uma
diminuição significativa da pressão de pico, pressão de platô e pressão
média de vias aéreas, enquanto elevou a complacência dinâmica e a
relação PaO2/FiO2 23.
Em pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica, verificou-
se o aumento da pressão intra-abdominal através da utilização de cateter
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13
vesical, sonda nasogástrica e sonda retal para obtenção de pressão intra-
abdominal e concomitante mensuração da complacência pulmonar.
Observaram que o aumento da pressão intra-abdominal influenciava mais
a complacência pulmonar quando a pressão intra-abdominal era maior que
16 mmHg, ocorrendo nesse estágio, queda da complacência pulmonar em
50% dos pacientes37,38.
Estudos recentes têm enfocado a implantação de uma estratégia
ventilatória protetora na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo,
porém não se tem abordado a questão da elevação da pressão intra-
abdominal na respiração11. A hipertensão intra-abdominal pode interferir na
escolha da pressão positiva expiratória final (PEEP) ideal. O colapso
alveolar está bem estabelecido na lesão pulmonar aguda (LPA) e na
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo SDRA), que são patologias
que geram importantes alterações pulmonares, o aumento da pressão
intra-abdominal é um co-fator na deterioração da função respiratória na
LPA/SDRA38, 39,40.
1.4.2. No Sistema Neurológico
A pressão intracraniana (PIC), reflete a relação existente entre o
volume e a complacência intra-craniana, um pequeno aumento no volume
intra-craniano pode causar aumento da PIC. A hipertensão intra-abdominal
causa um aumento significativo na pressão intracraniana. A pressão de
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perfusão cerebral pode diminuir ou ficar inalterada. Ocorre aumento na
pressão intra-torácica e elevação do diafragma que resulta no aumento da
pressão pleural, causando obstrução funcional ao retorno venoso cerebral
via sistema venoso jugular, e diminuição do fluxo sangüíneo cerebral e do
débito cardíaco. A Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) é calculada pela
Pressão Arterial Média (PAM) menos a Pressão Intra-Craniana (PPC=PAM
- PIC). A combinação do aumento da Pressão Venosa Central (PVC), com
o aumento da Pressão Intra-Craniana (PIC), pode levar a diminuição da
Pressão de Perfusão Cerebral (PPC), especialmente na hipotensão e na
hipovolemia, podendo causar isquemia cerebral30, 41,42. Algumas alterações
na Pressão Intra-Craniana e na Pressão de Perfusão Cerebral foram
observadas em um estudo com 5 suínos submetidos a pressão intra-
abdominal de 25 mmHg. Houve aumento na Pressão Intra-Craniana e
diminuição na perfusão cerebral31.
1.4.3. No Sistema Visceral/Hepático
O aumento da PIA está associado com a redução do fluxo hepático,
diminuição do fluxo arterial sanguíneo mesentérico, fluxo sanguíneo da
mucosa intestinal, e perfusão arterial do estomago, duodeno, intestino
grosso, pâncreas e esplênica, nível de pressão abdominal maior que 10
mmHg, leva a diminuição do fluxo arterial, e valores maiores que 15
mmHg, diminuem a perfusão esplênica, causando hipoxemia tissular,
edema intestinal, diminuição do fluxo mesentérico arterial e valores
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15
maiores que 20 mmHg levam a diminuição do fluxo portal e da micro
circulação hepática 30,43.
1.4.4 No Sistema Renal
O aumento da pressão intra-abdominal pode prejudicar a função
renal, pois tende a elevar a produção de hormônio antidiurético, aumentar
a resistência vascular por compressão mecânica, promover compressão
das veias renais com obstrução ao fluxo, diminuição do débito cardíaco e
compressão dos ureteres, resultando em desvio do sangue do córtex renal.
A oligúria pode ocorrer em níveis de pressão intra-abdominal entre 10 a 15
mmHg e a anúria em níveis entre 20 a 25 mmHg. Com a descompressão
abdominal, geralmente ocorre melhora na função renal e na diurese 30, 44,45.
1.4.5 No Sistema Cardiovascular
Níveis elevados da pressão intra-abdominal podem causar a
diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco, enquanto que as
resistências vascular sistêmica e pulmonar aumentam, a freqüência
cardíaca permanece estável ou aumenta, a pressão arterial média
inicialmente aumenta, mas depois diminui, a pressão arterial pulmonar
aumenta. A maioria destes efeitos ocorre em pacientes hipovolêmicos,
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resultando em um grande comprometimento da função ventricular. Há
também um risco maior de edema periférico e trombose venosa, devido ao
aumento nas pressões da veia femoral e redução no fluxo de sangue
venoso13, 14,28.
Os efeitos agudos da mudança da pressão intra-abdominal na
função cardiovascular foram mostrados em 14 pacientes, por Gattinoni e
cols. que usando um cinto de velcro abdominal nos pacientes, aumentou a
pressão abdominal de 8 para 18 mmHg realizando medidas
hemodinâmicas. A pressão venosa central aumentou de 11 para 16,9
mmHg, a pressão capilar pulmonar aumentou de 14 para 20 mmHg, a
pressão arterial sistêmica ficou inalterada, o débito cardíaco e o índice
cardíaco diminuíram. A descompressão abdominal ocasionou
normalização das pressões 40.
1.4.6 Sistema Gastrintestinal
Quando ocorre um processo infeccioso e/ou hipoperfusão em
múltiplos órgãos, a medida da pressão intra-abdominal e a obtenção do
CO2 regional são parâmetros minimamente invasivos que podem indicar
quais os pacientes que necessitam de intervenção precoce, definindo a
morbi-mortalidade destes 1.
1.5 Pressão de Perfusão Abdominal (PPA)
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A Pressão de Perfusão Abdominal pode ser calculada com a
Pressão Arterial Média menos a Pressão Intra-Abdominal 30.
(PPA = PAM - PIA)
1.6 Modos de Mensuração da Pressão Intra-Abdominal
Em estudo recente, Castren e cols 46 mostraram que em pacientes
na fase final de doença renal, em diálise peritoneal, a medida da
circunferência abdominal não era uma ferramenta diagnóstica boa para
predizer hemorragia intra-abdominal. O exame clínico do abdômen ou o
perímetro abdominal é um modo inexato para calcular PIA47.
Existem diferentes técnicas para mensurar a pressão intra-
abdominal, como com o auxílio de cateter peritoneal, sonda vesical de
demora, sonda retal, sonda gástrica ou ainda cateter na veia cava inferior.
As medidas podem ser realizadas por métodos diretos que são mais
invasivos, e com maiores riscos, ou através de métodos indiretos que são
minimamente invasivos, como a sonda vesical de demora ou a sonda
nasogástrica. O método direto de mensuração da pressão intra-abdominal
é mais restrito, devido a sua invasibilidade, pois é necessária a presença
de cateter intra-peritoneal conectado a um transdutor de pressão. Já o
método indireto, é menos invasivo pois a pressão intra-abdominal pode
ser mensurada através da medida da pressão intra-vesical (com auxílio da
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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sonda intra-vesical de demora) acoplada a um transdutor de pressão ou a
uma coluna de água 48.
A pressão intra-abdominal deve ser expressa em mmHg e medida
ao final da expiração, na posição supina. O sistema deve ser zerado ao
nível da linha médio-axilar ou sínfise púbica, (fator de conversão de mmHg
para cmH2O de 1,36 e reciprocamente, de cmH2O para mmHg de 0,74). O
método de mensuração da pressão intra-abdominal através da
mensuração da pressão intra-vesical é considerado “padrão-ouro” para
medida da pressão intra-abdominal 30.
Um estudo com 37 pacientes para verificação de qual volume de
soro fisiológico infundido na bexiga seria melhor para determinar a pressão
intra-abdominal mostrou que comparando-se 0, 50, 100, 150, 200 mL de
soro fisiológico, 50 mL foram suficientes para obtenção da melhor medida
de PIA49.
A técnica de medida da pressão intra-vesical, acoplada a uma
coluna de água para medida de pressão, quando comparada ás técnicas
por transdutor de pressão e pressão gástrica, provou ser uma técnica
simples e que pode ser realizada por profissionais adequadamente
preparados (Figura 1) 50.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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Figura 1. Método indireto de medida da PIA através da instilação de 50 mL
de soro fisiológico na bexiga do paciente via sonda vesical ou de Folley,
com o paciente na posição supina. O sistema foi nivelado à nível da
sínfise púbica e a leitura da pressão realizada ao final da expiração em
uma coluna de água na unidade cmH2O.
Após a verificação que medidas de pressão intra-abdominal são
extremamente importantes em pacientes criticamente enfermos e
ventilados mecanicamente, pois podem alterar seu prognóstico. Medidas
elevadas podem aumentar a mortalidade destes pacientes30
e níveis
acima de 20-25 mmHg indicam descompressão cirúrgica abdominal.
Assim, fizemos a hipótese de nosso estudo de que a colocação de um
peso externo sobre o abdômen dos pacientes criticamente enfermos
poderia aumentar a pressão intra-abdominal e as pressões de platô das
vias aéreas e que alterações na PEEP, além de refletir no aumento da
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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pressão de platô das vias aéreas também poderiam refletir no aumento
das pressões intra-abdominais. Para quantificar estas alterações
realizamos o estudo a seguir.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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2.OBJETIVOS
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2. Objetivos:
1- Observar os efeitos da elevação da pressão intra-abdominal com
a colocação de Peso de 5 kg sobre o abdômen e nas pressões de vias
aéreas.
2- Observar a influência da variação da PEEP de Zero a 10 cmH2O
sobre as pressões de vias aéreas e na pressão intra-abdominal em
pacientes ventilados mecanicamente em Unidade de Terapia Intensiva.
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3. MÉTODOS
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3 MÉTODOS
Foram avaliados 30 pacientes, admitidos na Unidade de Terapia
Intensiva das Disciplinas da Clínica de Cirurgia do Trauma e Clínica
Médica do Serviço de Emergência do Instituto Central do Hospital das
Clínicas - ICHC, que estavam em ventilação mecânica e com sonda vesical
de demora, passada na rotina de atendimento do paciente na unidade,
cujos familiares e ou responsável pelo paciente concordaram com a
pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
aprovado pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa –
CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo, protocolo nº. 668.
3.1 Critérios de inclusão:
Pacientes hemodinamicamente estáveis (PAM > 65 mmHg), em
ventilação mecânica invasiva, fazendo uso de sedação e com sonda
vesical de demora, passados pela rotina do hospital, com idade acima de
18 anos, cujo familiar ou responsável assinou o termo de consentimento
livre informado, previamente aprovado pelo comitê de ética.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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3.2 Critérios de exclusão:
Pacientes com instabilidade hemodinâmica, pressão intra-craniana
elevada, doenças pulmonares como SDRA, que causam instabilidade
alveolar e necessitam de PEEP maiores que 10 cmH2O, tórax instável,
pneumotórax drenado ou não drenado, insuficiência cardíaca congestiva
ou doença que não permitia a variação de pressão positiva expiratória de
zero a 10 cmH2O. Para a colocação do peso sobre o abdômen dos
pacientes foram excluídos os pacientes portadores de cirurgias abdominais
ou torácicas recentes, traumas abdominais ou torácicos não resolvidos,
abdômen com bolsa de Bogotá, processo álgico abdominal, que contra-
indicassem o uso do peso sobre o abdômen.
Após esta triagem, os parâmetros do ventilador que estavam sendo
utilizados no paciente eram anotados em uma ficha, os sinais vitais
observados através de monitores da UTI, oxímetro de pulso, monitores
cardíacos, e de pressão arterial não invasiva. Após, os pacientes foram
ventilados com VC = 10 mL/kg, pausa de 2 segundos, freqüência
respiratória de 10 rpm , fluxo de 60 L/m e uma FiO2 necessária para
manter SaO2 maior que 90%, para realização das medidas de pressão de
platô do sistema respiratório e pressão intra-abdominal em cmH2O. Assim
que terminada a realização das medidas, os parâmetros iniciais do
ventilador foram restaurados. Para obtenção da medida da pressão intra-
abdominal, utilizamos como referência o método original de Kron18, no qual
a pressão intra-abdominal é medida ao final da expiração, após instalação
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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de 50 mL de soro fisiológico através de agulha de 18 gauge, no sistema
de sondagem vesical. O ponto de referência utilizado como zero foi a
sínfise púbica e a unidade de medida utilizada foi cmH2O (1mmHg=1,36
cmH2O). Nessa situação também realizamos a medida da pressão de platô
com ajuste do ventilador para um VC = 10 mL/kg , pausa de 2 segundos,
freqüência respiratória de 10 rpm , fluxo de 60 L/min e uma FiO2
necessária para manter SatO2 maior que 90% em condições de PEEP = 0
cmH2O e outra medida com PEEP = 10 cmH2O sem peso sobre o
abdômen, após um período de estabilização de cinco minutos. Em seguida
repetimos as medidas da pressão intra-abdominal e platô do sistema
respiratório, com peso de 5 kg colocado sobre o abdômen do paciente.
Foram mensuradas a pressão intra-abdominal e a pressão de platô nas
quatro fases do protocolo (Figura 2).
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
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Figura 2. Delineamento do estudo: Medidas da pressão de
platô inspiratória e pressão intra-abdominal nas quatro fases do
protocolo
• Fase I: PEEP = 0 cmH20 - Peso Abdominal = 0 kg
• Fase II: PEEP = 0 cmH20 - Peso Abdominal = 5 kg
• Fase III: PEEP = 10 cmH20 - Peso Abdominal = 0 kg
• Fase IV: PEEP = 10 cmH20 - Peso Abdominal = 5 kg
Pressão de vias aereas PEEP= Zero
Sonda vesical
Medidas na fase I
Pressão de vias aereas PEEP=10 cmH20
Pressão de vias aereas PEEP=10 cmH20
Sonda vesical 5 Kg
Medidas na fase II
Medidas na fase IV
Pressão de vias aereas PEEP=Zero
Sonda vesical 5 Kg
Medidas na fase III
Sonda vesical
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
28
3.3 Medida da Pressão de Platô do Sistema Respiratório
Para obter a pressão de platô do sistema respiratório, foram
ajustados os parâmetros do ventilador mecânico com VC = 10 mL/kg ,
pausa de 2 segundos, freqüência respiratória de 10 rpm , fluxo de 60L/min,
onda de fluxo quadrada e uma FiO2 necessária para manter SatO2 maior
que 90% . O peso do paciente foi obtido através do peso ideal calculado
pela fórmula, para homens 50 + 0,91 x (altura – 152,4) e para mulheres
45,05 + 0,91 x (altura – 152,4) . A pressão de platô foi obtida com PEEP de
zero e com PEEP de 10 cmH20 , sem e com o peso de 5 kg sobre o
abdômen , de acordo com as quatro fases do protocolo (Figura 3).
Figura 3. Curva da pressão traqueal com o modo volume controlado
em função do tempo.
Pre
ssão
Tra
qu
eal
Pico de Pressão (PP )
Pressão de Platô (PPl)
Pressão Expiratória Final (PEEP)
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
29
3.4 Medida da Pressão Intra-Abdominal
A medida da pressão intra-abdominal através da mensuração da
pressão intra-vesical é uma medida indireta da pressão abdominal, feita
por um sistema estéril fechado, á beira do leito, pela técnica de coluna de
água (LEE) 50 e sonda vesical de demora. Utilizamos o método original de
Kron, com o paciente em decúbito dorsal, zerando o sistema na sínfise
púbica. Utilizamos equipo de pressão venosa central (PVC), conectado a
uma bolsa de soro fisiológico a 0,9% de 1000mL, duas torneiras e uma
seringa de 60mL Luer-Lok. Na parte distal do equipo foi colocado uma
agulha de 18-gauge que foi inserida na saída da sonda de Folley, no local
de coleta de cultura, com a remoção da agulha logo após o término da
medida. O cateter de Foley foi clampeado em sua parte distal de saída de
liquido para o coletor de diurese. Em seguida, iniciou-se o preenchimento
do sistema com soro fisiológico e zerou-se o sistema ao nível da sínfise
púbica, com uma régua utilizada para medir pressão venosa central. As
torneiras foram fechadas para o paciente e para coluna de água, e 50 mL
de soro fisiológico foram aspirados da bolsa de 1000 mL. A primeira
torneira foi aberta para o paciente e os 50 mL de soro fisiológico foram
infundidos na bexiga do paciente pela sonda vesical. As torneiras foram
fechadas para a seringa e para a bolsa de soro fisiológico. Em seguida
equilibrou-se o sistema considerando como ponto de pressão zero na
escala numérica, o valor nivelado com a sínfise púbica do paciente,
posicionado em decúbito dorsal. Uma terceira extremidade do equipo de
PVC, que não estava conectada ao soro fisiológico ou à sonda vesical,
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
30
disposta paralelamente á escala numérica, foi aberta, com o intuito de
igualar a pressão intra-abdominal com a pressão atmosférica, a coluna de
água equilibrou-se e atingiu um nível que foi relacionado a um valor na
escala numérica, e este foi considerado o valor da pressão intra-
abdominal. A PIA foi mensurada durante a fase expiratória do paciente
sob ventilação mecânica. No termino do protocolo a pinça utilizada para o
clampeamento da sonda vesical foi removida para drenagem da bexiga, e
o volume de soro fisiológico utilizado foi subtraído do débito urinário do
paciente produzido naquela hora 18.
Após conhecimento dos valores iniciais e reais de cada paciente, de
acordo com o protocolo, estas medidas eram repetidas nas diferentes
PEEPs (Zero; 10 cmH2O) e pesos abdominais (Zero; 5 kg). Para
mensuração de cada medida aguardava-se um tempo de 5 minutos para
estabilização do paciente naquela nova situação, e no máximo em 7
minutos obtinham-se as medidas de cada fase.
O peso que utilizamos foi fabricado manualmente e consistia de um
saco de 5 kg e uma superfície de 35 X 27 cm ( área de 945 cm 2), com
finalidade de manter a mesma área de compressão abdominal e elevar a
pressão intra-abdominal (Figuras 4 e 5).
Após a coleta dos dados, os indivíduos eram readaptados aos
parâmetros ventilatórios iniciais e verificava-se as condições
hemodinâmicas e demais dados vitais. O enfermeiro, responsável pelo
paciente, era informado para que se descontasse o volume de 50 mL de
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
31
soro fisiológico infundido, do débito urinário do paciente. Na vigência de
qualquer instabilidade durante a coleta de dados, era interrompido o
experimento e o paciente era excluído do protocolo, o que não ocorreu em
nenhum caso.
Figura 4. Foto da medida da PIA, com coluna de água, fase I e III do
protocolo, em ventilação mecânica e sem peso abdominal.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
32
Figura 5. Foto da medida da PIA, com coluna de água, fase II e IV do
protocolo, em ventilação mecânica e com peso abdominal
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
33
3.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados foram expressos neste estudo pela média e desvio padrão.
Para comparação das quatro fases do protocolo utilizamos ANOVA
análise de variâncias para medidas repetidas com correção de Bonferroni
para múltiplas comparações (software: SPSS versão 11). O valor de
p<0,05 foi considerado significante.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
34
4. RESULTADOS
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
35
4. RESULTADOS
Foram estudados 30 pacientes, 26 homens e 4 mulheres, idade
média de 47,30 ± 23,46 (18-92) anos, altura média de 1,73±0,1 m e cujas
co-morbidades foram: contusão pulmonar (n=4), trauma abdominal
fechado (n=4), DPOC (n=3), trauma crânio encefálico (n=3), ferimento por
arma de fogo (n=2), choque séptico (n=2), insuficiência respiratória aguda
(n=2), broncopneumonia (n=1), pneumonia aspirativa (n=1),
colecistectomia (n=1), toracoplastia (n=1), gastrectomia (n=1),
esplenectomia (n=1), acidente vascular cerebral (n=1), esofagectomia
(n=1), hemorragia digestiva alta (n=1), apendicectomia (n=1).
Analisando a Pressão Intra-Abdominal na fase1 (PEEP de Zero sem peso
abdominal sobre o abdômen) nós observamos que a média da PIA foi de
8,70 ± 4,48 cmH20 e que 10% dos pacientes tinham critérios para
hipertensão intra-abdominal enquanto que a media da pressão de platô do
sistema respiratória foi de 18,27 ± 6,12 cmH20 e nenhum paciente
apresentou pressão de platô maior que 35 cmH20 (Tabelas 1 e 2).
PIA (cmH2O) Graduação PIA Total (n=30)
0 -10 Normal 21 (70%)
10,5 -15 Intermediaria 6 (20%)
15,5 -21 HIA 3 (10%)
Tabela 1: Medidas iniciais dos 30 pacientes com os diferentes graus de pressão
intra-abdominal
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
36
Nas diferentes fases do protocolo foram observados os seguintes
resultados:
Fase 1: Colocando 5 kg sobre a barriga dos pacientes e mantendo a
PEEP em zero as pressões intra-abdominais aumentaram
significativamente de 8,70±4,48 para 14,33±4,82 (p < 0,001) e a pressão
de platô também aumentou significativamente de 18,27±6,12 para 20,00 ±
6,57 (p= 0,005).
Fase 2: Adição de 5 kg sobre o abdômen dos 30 pacientes e mantendo o
PEEP em Zero, nós observamos que a pressão intra-abdominal aumentou
significativamente de 8,7±4,48 para 14,33±4,90 cmH20 (p<0,001) e a
pressão de platô aumentou significativamente de 18,27±6,12 para 20,00 ±
6,57 (p=0,005).
Fase 3: Aumentando a PEEP de zero para10 cmH20 sem o peso
abdominal sobre o abdômen, a pressão intra-abdominal não apresentou
um aumento estatisticamente significante 8,70 ± 4,48 para 12,30 ± 9,62
cmH20 (p=0,165) enquanto a pressão de platô aumentou significativamente
de 18,30 ± 6,12 cmH20 para 26,60 ± 6,45 cmH20 (p< 0,001).
Fase 4: Aumentando o nível de PEEP de zero para 10 cmH20 e colocando
o peso de 5 kg sobre o abdômen dos pacientes a pressão intra-abdominal
aumentou de 8,70±4,48 para 16,83±9,51 cmH20 (p<0,001) enquanto a
pressão de platô aumentou de 18,27±6,12 cmH20 para 27,20 ±6,04 cmH20
(p<0,001).
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
37
Aumentando a PEEP de zero para 10 cmH20 e retirando-se o peso
do abdômen, observou-se que a redução da pressão intra-abdominal não
foi estatisticamente significante passando de 14,33±4,90 para 12,25±9,62
(p=1,00) enquanto a pressão de platô aumentou de 20,00±6,57 cmH20
para 26,57±6,45 cmH20 (p<0,001). Mantendo-se o peso de 5 kg sobre o
abdômen dos pacientes e aumentando a PEEP de Zero para 10 cmH20,
houve um aumento não significante da pressão intra-abdominal de
14,33±4,90 para 16,83±9,51 cmH20 (p=0,47) enquanto a pressão de platô
aumentou de 20,00±6,57 para 27,20±6,04 cmH20 (p<0,001). Finalmente, a
adição do peso de 5 kg sobre o abdômen do paciente associado com a
PEEP de 10 cmH20, elevou a pressão intra-abdominal de 12,30± 9,62 na
fase inicial para 16,83±9,51 cmH20 (p<0,001) enquanto a pressão de platô
não teve um aumento significante estatisticamente nessa fase 26,60±6,45
cmH20 para 27,20 ±6,04 cmH20 (p=0,83). (Tabela 2 e figura 6).
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
38
Tabela 2. Pressão intra-abdominal e pressão de platô para cada
paciente nas quatro fases do protocolo.
PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL (cmH20)
PRESSÃO DE PLATÔ( cmH20)
PEEP 0 0 10 10 0 0 10 10PESO 0 5 0 5 0 5 0 5
Pacientes Fase I Fase II Fase III Fase IV Fase I Fase II Fase III Fase IV1 8,0 14,5 10,0 14,5 19,0 22,0 22,0 24,02 6,0 14,0 11,0 13,0 20,0 22,0 30,0 28,03 10,0 14,0 8,0 12,0 18,0 19,0 25,0 26,04 13,0 21,0 16,0 23,0 28,0 21,0 25,0 27,05 3,0 6,0 3,0 4,0 12,0 12,0 19,0 19,06 5,0 13,0 8,0 13,0 17,0 18,0 27,0 28,07 5,0 10,5 7,5 11,5 21,0 23,0 30,0 31,08 9,0 11,5 7,0 13,0 19,0 21,0 29,0 29,09 15,5 18,0 17,0 20,0 22,0 24,0 29,0 28,010 9,0 14,0 11,0 16,0 25,0 25,0 31,0 33,011 3,0 7,0 6,0 6,0 8,0 10,0 12,0 20,012 8,0 16,0 9,0 17,0 22,0 26,0 38,0 34,013 13,0 16,0 13,0 18,0 16,0 20,0 30,0 29,014 5,0 10,0 7,0 11,0 6,0 9,0 19,0 19,015 9,0 15,0 6,0 15,0 26,0 27,0 38,0 36,016 9,0 14,5 12,5 15,0 16,0 20,0 23,0 24,017 10,5 16,0 10,5 16,5 14,0 17,0 25,0 26,018 9,0 17,0 10,0 26,0 11,0 12,0 19,0 21,019 5,0 13,0 9,0 12,0 19,0 20,0 26,0 24,020 12,0 18,0 13,0 20,0 18,0 19,0 23,0 26,021 4,0 11,0 6,0 12,0 14,0 12,0 18,0 18,022 11,0 15,0 11,0 13,0 19,0 18,0 24,0 22,023 7,0 14,0 9,5 14,5 12,0 12,0 23,0 21,024 6,0 12,0 7,5 11,0 18,0 19,0 29,0 29,025 21,0 27,0 26,0 26,0 33,0 36,0 40,0 43,026 6,0 12,0 48,0 50,0 24,0 28,0 33,0 36,027 7,0 12,0 15,0 14,0 12,0 17,0 21,0 23,028 19,0 27,0 38,0 43,0 28,0 36,0 34,0 37,029 11,0 15,0 19,0 17,0 18,0 20,0 31,0 31,030 2,0 6,0 3,0 8,0 13,0 15,0 24,0 24,0
Media 8,70 14,33 12,25 16,83 18,27 20,00 26,57 27,20DP 4,48 4,90 9,62 9,51 6,12 6,57 6,45 6,04
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
39
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
40
Figura 6. Mudanças nas pressões intra-abdominal e de platô do
sistema respiratório com PEEP e peso abdominal externo.
ANOVA para medidas repetidas da Pressão Intra-abdominal (PIA):
com Bonferroni correção para múltiplas comparações : p<0,005
1. PEEP=Zero, peso=Zero versus PEEP=Zero, peso =5 kg, p<0,001 **
2. PEEP=Zero, peso =Zero versus PEEP= 10 cmH20, peso =Zero, p=0,165
3. PEEP=Zero, peso =Zero versus PEEP=10 cmH20, peso =5 kg, p <0,001 *,&.
4. PEEP=Zero, peso =5 kg versus PEEP=10cmH20, peso=Zero, p=1,00
5. PEEP=Zero, peso =5 kg versus PEEP=10 cmH20, peso =5 kg, p=0,47
6. PEEP=10 cmH20, peso =Zero versus PEEP=10 cmH20, peso =5 kg, p<0,001 #,#
ANOVA para medidas repetidas da Pressão de Platô do Sistema Respiratório:
com Bonferroni correção para múltiplas comparações: p<0,005
1. PEEP=Zero, peso =Zero versus PEEP=Zero, peso=5 kg, p<0,005 *,*
2. PEEP=Zero, peso =Zero versus PEEP= 10 cmH20, peso=Zero, p<0,001#,#
3. PEEP=Zero, peso =Zero versus PEEP=10 cmH20, peso=5 kg, p <0,001 &,&
4. PEEP=Zero, peso =5 kg versus PEEP=10cmH20, peso=Zero, p<0,001 *,#
5. PEEP=Zero, peso =5 kg versus PEEP=10 cmH20, peso=5 kg, p<0,001*,&
6. PEEP=10 cmH20, peso=Zero versus PEEP=10 cmH20, peso=5 kg, p=0,83
PR
ES
SÃ
O
cmH
2O PLATÔPLATÔ
IAPPIA
PIA
5 Kg sobre a barriga do paciente
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
41
5. DISCUSSÃO
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
42
5. DISCUSSÃO
O propósito do presente estudo foi verificar associação entre a
pressão intra-abdominal e pressão de platô das vias aéreas em pacientes
de UTI ventilados mecanicamente com diferentes PEEPs e peso sobre
abdômen simulando hipertensão intra-abdominal. Nós simulamos o
aumento da PIA colocando um peso sobre o abdômen que variou entre
0kg e 5 kg, elevando a média da PIA de Grau normal para Grau III. Nas
condições iniciais, com volume controlado de 10 mL/kg , ZEEP, freqüência
respiratória de 10 rpm, observamos que 10% (3 dos 30 pacientes),
apresentavam PIA > 15,5 cmH2O caracterizando a hipertensão intra-
abdominal e nenhum dos nossos pacientes apresentou diagnóstico de
síndrome compartimental abdominal. Após colocarmos o peso de 5 kg
sobre o abdômen de nossos pacientes, observamos um aumento
significante da pressão intra-abdominal e da pressão de platô, sugerindo
situações que podem ocorrer em pacientes de UTI, como distensão
gástrica ou abdominal, retenção urinária ou curativos compressivos30.
A HIA aumenta a pressão intra-torácica e pleural, e leva a formação
de atelectasias, edemas e diminuição na capacidade residual funcional. Os
pacientes ventilados mecanicamente podem apresentar auto - PEEP,
aumento da pressão de vias aéreas, levando a barotraumas, diminuição da
complacência do sistema respiratório, hipercarbia, hipóxia, edema alveolar,
ativação de mediadores inflamatórios, risco de infecção, atelectasias de
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
43
compressão resultando em ventilação mecânica difícil e desmame
prolongado51, 52. A associação de PEEP de 10 cmH2O com a adição de 5
kg sobre o abdômen aumentaram a pressão intra-abdominal em nossos
pacientes , não aumentando significativamente a pressão de platô de vias
aéreas. Assim, a pressão de platô isoladamente não pode ser considerada
um bom indicador para detecção de valores elevados de pressão intra-
abdominal nos pacientes em ventilação mecânica em uso da PEEP.
Assim, torna-se obrigatória a mensuração da pressão intra-vesical, nos
pacientes ventilados mecanicamente em UTI, para detecção precoce de
hipertensão intra-abdominal e profilaxia das complicações decorrentes
desta, como oligúria, isquemia mesentérica, aumento de pressão intra-
craniana e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas 30. Nos pacientes
internados na unidade de terapia intensiva é importante a verificação de
presença de distensão gástrica, retenção urinária inadvertida, sinais e
sintomas de isquemia mesentérica, disfunções hepáticas e pancreáticas,
presença de ascite e em pacientes em diálise peritoneal a verificação do
volume de infusão intra-cavitário. Deve-se evitar curativos compressivos
sobre o abdômen, assim como devem ser tomadas medidas para garantir
o esvaziamento gástrico e vesical e realizadas tomografia / angio-
ressonância de abdômen nos casos de suspeita de presença de doença
intra-abdominal. Se possível manter a mensuração dos níveis de pressão
intra-vesical durante a permanência do paciente na unidade de Terapia
Intensiva. Nos casos de pressão intra-abdominal acima de 20-25 mmHg
torna-se necessária a descompressão cirúrgica do abdômen. Após a
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
44
descompressão cirúrgica abdominal nota-se melhora da relação PaO2/FIO2
e melhora do volume pulmonar 30
No tocante ao ajuste do ventilador mecânico, em nosso estudo
verificamos que quando a PEEP foi aumentada de Zero para 10 cmH2O,
sem adição do peso sobre o abdômen, observou-se um aumento
significante na Pressão de Platô das vias aéreas e um aumento não
significante da pressão intra-vesical. Entretanto, 23,3% (7 dos 30
pacientes) apresentaram pressão intra-abdominal igual ou acima de 15
cmH2O depois da aplicação da PEEP, caracterizando a situação de
hipertensão intra-abdominal com suas possíveis conseqüências. Assim,
sempre que se pressurizar o sistema respiratório, torna-se obrigatória a
aferição da pressão intra-vesical, para verificação de seus níveis e se
necessário um reajuste das pressões do ventilador mecânico. No ajuste do
ventilador mecânico deve-se levar em conta se o paciente está em
ventilação assistida e ou controlada, pois o modo ventilatório interfere
diretamente nos níveis de pressão intratorácica e intra-abdominal. As
ventilações assistidas fazem com que o paciente contraia a musculatura
diafragmática diminuindo as pressões pleurais enquanto a ventilação
controlada positiva as pressões pleurais e abdominais 30.
Já, quando o peso de 5 kg estava sobre o abdômen dos pacientes e
adicionou-se a PEEP, também não ocorreu aumento estatisticamente
significante na pressão intra-abdominal. Porém, 36,6% dos 30 pacientes
apresentaram pressão intra-abdominal igual ou > 15cmH2O, caracterizando
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
45
hipertensão intra-abdominal. Assim, pacientes de UTI em ventilação
mecânica, devem ser monitorados para mensuração da PIA e das
pressões de vias aéreas no momento do ajuste dos parâmetros do
ventilador mecânico visando a otimização do suporte ventilatório e
evitando-se a ocorrência de hipertensão intra-abdominal e os
conseqüentes efeitos deletérios para os pacientes. Recentemente, muitos
estudos têm enfatizado que a ocorrência de hipertensão intra-abdominal
nas UTIs leva a diminuição do fluxo sanguíneo para os órgãos intra-
abdominais e diminuição da perfusão esplâncnica, resultando em
hipoxemia tecidual e edema intersticial, podendo resultar em hipo-perfusão
visceral e translocação bacteriana secundária e falência de múltiplos
órgãos. O aumento da pressão intra-abdominal está associado com a
redução do fluxo hepático e diminuição do fluxo sanguíneo da artéria
mesentérica, e diminuição do fluxo da mucosa intestinal e perfusão arterial
para o estomago e intestino, pâncreas, baço e rins,36. Recentemente, os
valores elevados de pressão intra-abdominal têm sido associados ao
aumento da morbi-mortalidade de doentes críticos51, 52,53. Quintel e cols,
recentemente mostraram em modelo experimental porcino de Síndrome do
Desconforto Respiratório Agudo induzida por ácido oléico, que o aumento
da pressão abdominal de 20 mmHg ocasionava o aumento de duas vezes
do edema pulmonar 30. Pelosi e cols. demonstraram que durante a
insuflação de gás carbônico nas cirurgias de colecistectomia
laparoscópicas ocorre uma diminuição da complacência do sistema
respiratório e da capacidade residual funcional , além do aumento da
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
46
resistência máxima do sistema respiratório, aumento do gás carbônico
arterial e da concentração de gás carbônico ao final da expiração37.
Além do sistema esplâncnico, o sistema renal também sofre com a
elevação da pressão intra-abdominal, com a diminuição do fluxo sanguíneo
renal, da filtração glomerular e do débito urinário, podendo levar a um
aumento na produção de hormônio antidiurético, e aumento na resistência
vascular renal por compressão mecânica 54. Assim, em todos os pacientes
em ventilação mecânica deve-se observar a taxa horária de diurese e ser
avaliada a função renal. Em casos de oligúria não responsiva a reposição
volêmica, deve-se pensar na possibilidade da presença de hipertensão
intra-abdominal e monitorar a pressão intra-vesical. Nos casos positivos,
deve-se verificar a possível causa do aumento da pressão intra-vesical e
agudamente tentar-se diminuir as pressões nas vias aéreas, se possível,
na tentativa de reversão do quadro renal.
As disfunções respiratórias conseqüentes ao aumento da pressão
intra-abdominal podem ser o aparecimento de atelectasias, a diminuição
da capacidade residual funcional, assim como o desvio da curva pressão-
volume do sistema respiratório e aparecimento do ponto de inflexão
inferior30, 5 .No nosso estudo utilizamos o volume corrente constante de 10
mL/kg para podermos verificar as alterações da pressão de platô e da
pressão intra-vesical sem a influência das possíveis variações de
complacência pulmonar e da caixa torácica conseqüentes às variações do
volume corrente. A elastância total do sistema respiratório é a soma da
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
47
elastância pulmonar e da caixa torácica. A caixa torácica possui uma
porção anterior e uma posterior, além do diafragma, o qual é
mecanicamente acoplado ao abdômen. Assim, situações que alterem a
elastãncia dos pulmões e ou da caixa torácica / abdômen vão interferir nas
medidas da pressão de platô das vias aéreas, podendo no entanto, ter
significados bastante diferentes. Nas situações de aumento da elastância
pulmonar , como nos casos de SDRA, ocorrerá um aumento da pressão de
platô e da pressão transpulmonar, podendo esta última , se não diminuída,
levar a lesão induzida pela ventilação mecânica. Nestes casos, manobras
de recrutamento alveolar e titulação de PEEP adequada são essenciais
para melhoria do prognóstico destes pacientes criticamente doentes. Já o
aumento da pressão de platô conseqüente ao aumento de elastância da
caixa torácica levará a uma diminuição da pressão transpulmonar,
protegendo os pacientes da lesão induzida pelo ventilador mecânico,
podendo no entanto, acarretar problemas de ventilação com conseqüente
aumento dos níveis de gás carbônico arterial. Se ocorrer aumento não
detectado da pressão intra-abdominal poderá haver disfunção de múltiplos
órgãos com aumento de mortalidade destes pacientes30.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
48
Figura 7: Influência da ventilação mecânica e possíveis causas de
aumento de pressão intra-abdominal.
A monitorização dos pacientes em ventilação mecânica nas UTIs
deve incluir medidas intermitentes ou contínuas de pressão intra-abdominal
para garantir aos pacientes níveis seguros de pressão intra-abdominal,
evitando a ocorrência de disfunção de múltiplos órgãos. A monitorização
da pressão de platô nas vias aéreas e da pressão intra-abdominal
concomitantes asseguram que o suporte ventilatório e hemodinâmico
sejam otimizados, possibilitando a diminuição da morbi-mortalidade nesta
população de doentes críticos30, 53, 54, 55, 56, 57, 58,59,60.
VENTILAÇÃO MECÂNICA:1. VOLUME CORRENTE2. PEEP3. FREQUENCIA RESPIRATÓRIA4. VENTILAÇÃO
CONTROLADA/ASSISTIDA
AUMENTO DE PRESSÃO INTRA-VESICAL:1. DISTENSÃO GÁSTRICA2. RETENÇÃO URINÁRIA3. ASCITE4. OBESIDADE5. DIÁLISE PERITONEAL6. ABDOMEN AGUDO INFLAMATÓRIO;
PERFURATIVO / VASCULAR
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6. CONCLUSÕES
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6. CONCLUSÕES
1. A adição de peso de 5 kg sobre o abdômen dos pacientes juntamente
com a PEEP de 10 cmH20 na ventilação mecânica, aumentou as chances
de hipertensão intra-abdominal em 36,6% dos pacientes .
2. A adição do peso de 5 kg sobre o abdômen elevou significativamente a
pressão intra-abdominal e a pressão de platô das vias aéreas.
3. A manutenção de PEEP de 10cmH2O e a adição de peso de 5 kg sobre
o abdômen dos pacientes aumentou a pressão intra-abdominal e não
aumentou a pressão de platô das vias aéreas, sugerindo que a PIA precisa
ser medida em pacientes que fazem uso de ventilação mecânica com
PEEP.
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51
7. PERSPECTIVAS FUTURAS
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7. PERSPECTIVAS FUTURAS
• Avaliar a influência de diferentes níveis de PEEP para os diferentes
graus de pressão intra-abdominal
• Associar os níveis de pressão intra-abdominal ao sucesso ou falência no
desmame da Ventilação Mecânica
• Estudar fatores prognósticos relacionados aos níveis de pressão intra-
abdominal durante a internação hospitalar.
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53
8. ANEXOS
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8 ANEXOS
Anexo A
Idade...............sexo........
DiagnósticoClínico:...........................................................................................DiagnósticoCirúrgico:.......................................................................................
Ventilação Mecânica( )Sim ( )Não ( )IOT ( )Traqueostomia
Modalidade.......VC..........PC..........PEEP..........FR........Fluxo.......FiO2.......
Sonda Vesical Demora( )Sim ( )Não
Medidas das pressões do Sistema Respiratório e Intra-Abdominal(kron) 50mL de SF
VC=10mL/kg FR=10rpm Pausa = 2s Fluxo= 60L/min
PESO do paciente.............kg Altura.............cm VC=...........mL
Fase I: PEEP=0 cmH2O Peso=0kg Platô=.......... PIA=.........
Fase II: PEEP=0 cmH2O Peso de 5 kg Platô =..........
PIA=..........
Fase III: PEEP=10cmH2O Peso=0 kg Platô =.......... PIA=..........
Fase IV: PEEP=10cmH2O Peso de 5 kg Platô =..........
PIA=..........
Etiqueta do paciente
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55
9. REFERÊNCIAS
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Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
66
APÊNDICE.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
67
INFLUENCE OF PEEP AND EXTERNAL ABDOMINAL WEIGHT IN
AIRWAY AND INTRA-ABDOMINAL PRESSURES IN MECHANICALLY
VENTILATED ICU PATIENTS.
Jamili Anbar Torquato, RRT
Telma Antunes, MD, PhD
Carmen Sílvia Valente Barbas, MD, PhD
Respiratory ICU, Medical ICU and Trauma ICU - University of São
Paulo, São Paulo, Brasil.
Rua da Consolação 3563 apto 122-CEP 01416-001- Jardins-São Paulo-
SP-Brazil
Jamili Anbar Torquato: email adress: [email protected]
Telma Antunes: email adress: [email protected]
Carmen Sílvia Valente Barbas: [email protected]
Correspondence to:
Jamili Anbar
Respiratory ICU-Hospital das Clínicas- São Paulo Medical School.
Rua da Consolação 3563 apto 122-CEP 01416-001-Jardins-São Paulo-
SP-Brazil.
E-mail: [email protected]
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
68
Introduction:
The total elastance of the respiratory system of the mechanically ventilated
ICU patients is the sum of the lung elastance and the chest wall elastance.
The total elastance can be estimated by the measurement of the airway
plateau pressure generated by the tidal volume ventilation, The chest wall
comprises the anterior and posterior thoracic cage and the diaphragm,
which is mechanically coupled to the abdomen [1,2,3,4,5]. The increase in
intra-abdominal pressure (IAP) in the mechanically ventilated ICU patients
higher than 12 mmHg can cause multiple organs dysfunctions
[5,6,7,8,9,10,11,12,13], mainly in shock patients [14,15] and intra-
abdominal pressures higher than 20 mmHg may need surgical intervention
and both can increase the ICU patients mortality [16,17] . At the same time,
the increment of intra-abdominal pressure increased the chest wall
elastance increasing the plateau and peak airway pressures [18], but
decreasing the transpulmonary pressures (protecting the lungs of ventilator
induced lung injury) [19,20]. After that, the knowledge of the relationship
between the airway pressures and intra-abdominal pressures is essential to
set the mechanical ventilator at the bedside and to adjust the ventilator
parameters: PEEP, tidal volume and respiratory rate. [2,21] . The objective
of this study is to evaluate the influence of 10 cmH20 PEEP and 5 Kg of
external abdominal weight on the patients belly in the airways and intra-
abdominal pressures in stable mechanically ventilated ICU patients.
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
69
Methods:
We prospectively studied 30 ICU patients submitted to mechanical
ventilation that had a vesical catheter for measurement of urine output. The
study was approved by the local ethical committee. The patients were in the
supine position, intubated and mechanically ventilated in volume control
ventilation (sedated and paralyzed), tidal volume of 10 mL/Kg of ideal body
weight for men: 50 + 0.91x (height minus 152.4) and for women; 45.05 +
0.91x (height minus 152.4),FIO2 necessary to maintain a SpO2> 93% in
ZEEP, respiratory rate of 10 breaths/minute and inspiratory square wave
flow of 60 L/minute. The plateau pressure (cmH20) was measured after an
inspiratory pause of 2 seconds. For the intra-abdominal pressure
measurement, a standard intravenous infusion set was connected to 1000
mL of normal saline, two stopcocks and a water column pressure
transducer. An 18-gauge plastic intravenous infusion catheter inserted into
the culture aspiration port of the Foley catheter. The infusion catheter was
attached to the first stopcock with arterial pressure tubing after being
flushed with saline and zeroed at the level of the symphysis pubis. The
Foley was clamped immediately distal to the culture aspiration port. The
stopcocks were turned off to the patient and pressure transducer, and 50
mL of saline was instilled into the bladder. The stopcocks were turned off
to the syringe and the intravenous tubing. After equilibration, the patient’s
intra-abdominal pressure was measured as mean pressures (cmH20) at
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
70
end-expiration on the bedside monitor (cmH20). To verify correct
measurement, gentle compression of the abdomen gave instant variations
on the IAP reading in form of oscillations. If a damped signal was noted,
momentary release of the clamp of the Foley catheter ensured that all air
was flushed, and the IAP was measured again. After a correct reading
was obtained, the clamp was removed, the bladder allowed to drain, and
the volume saline used is subtracted from the patient’s urine output for that
hour [22.23]. The measurements were made at PEEP level of zero and 10
cmH20 and repeated after 5 minutes at the same levels of PEEP after
adding 5 Kg with a superficie of 945 cm2 of area (35 x 27 cm)-external
abdominal weight) , on the belly: phase 1, 2,3 and 4 of the protocol ( Figure
1).
Statistical analysis:
The results were expressed by means and standard deviation. To compare
the four phases of the protocol we used the ANOVA analysis of variance
with Bonferroni correction for multiple comparisons ( Quattro-Pro for
windows and SPSS-statistical software -version 11.2). A p value of 0,05
was considered significant.
Results:
We studied 30 patients, 26 males and 4 females. The mean age was
47.30± 23.46 years ( from 18 to 92 years), mean height of 1.73 ± 0.1 and
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
71
mean ideal body weight of 68 ± 11 kg. The intra-abdominal pressure and
Airway Plateau pressure for each patient in each phase of the 4 phases of
the protocol are in table 1.
Analyzing the intra-abdominal pressures in phase 1 (PEEP of zero without
external abdominal weight on the belly), we observed that the mean IAP
was 8.70 ± 4.48 cmH20 and that 10% of the patients had criteria of Intra-
abdominal hypertension (table 2) while the mean Respiratory System
Plateau Pressure was 18.27 ± 6.12 cmH20 and no patient had plateau
pressures higher than 35 cmH20.
In the phase 2: Adding 5 kg on the belly of the 30 patients while keeping
PEEP of zero, we observed that the intra-abdominal pressures increased
significantly from 8.70 ± 4.48 to 14.33 ± 4.9 cmH20 (p<0.001) and plateau
pressures increased significantly from 18.27±6.12 to 20.0 ± 6,57 (p=0.005).
In phase 3: Increasing PEEP levels from zero to 10 cmH20 without the
external abdominal weight on the belly, intra-abdominal pressure increased
not significantly from 8.70 ± 4.48 to 12.25 ± 9.62 cmH20 (p=0.165) while
plateau pressures significantly increased from 18.27 ± 6.12 cmH20 to
26.57 ± 6.45 cmH20 (p< 0.001).
In phase 4: Increasing PEEP levels from zero to 10 cmH20 while adding 5
Kg on the patients` belly, the intra-abdominal pressure increased from
8.70 ± 4.48 to 16.83 ± 9.51 cmH20 (p<0.001) while the plateau pressure
increased from 18.27 ± 6.12 cmH20 to 27.20 ± 6.04 cmH20 (p<0.001).
Analyzing the increment of PEEP level from 0 to 10 cmH20 while taken off
the weight from the belly the intra-abdominal pressure decreased not
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
72
significantly from 14.33± 4.90 to 12.25 ± 9.62 (p=1.00) while the plateau
pressures increased from 20.0 ± 6.57 cmH20 to 26.57 ± 6.45 cmH20 (
p<0.001). Keeping the 5 Kg weight on the patients` belly and increasing
PEEP from zero to 10 cmH20, the intra-abdominal pressure increased not
significantly from 14.33 ± 4.90 to 16.83 ± 9.51 cmH20 (p=0.47) while
plateau pressure increased from 20.00 ± 6.57 to 27.20 ± 6.04 cmH20
(p<0.001). Finally, adding 5 Kg on the patients belly while keeping PEEP
of 10 cmH20, the intra-abdominal pressure increased from 12.25 ± 9,62 to
16.83 ± 9.51 cmH20 (p<0.001) while the plateau pressure increased not
significantly from 26.57 ± 6.45 cmH20 to 27.20 ± 6.04 cmH20 (p=0.83) (
Figure 2).
Tese de Doutorado- Jamili Anbar Torquato – 2005
73
Discussion:
This study analyzed the intra-abdominal pressure in 30 mechanically
ventilated ICU patients and the influence of changes in PEEP from zero to
10 cmH20 in the respiratory system airway plateau pressure and in the
intra-abdominal pressure, as well as the influence of 5 Kg external
abdominal weight on the belly on the same parameters.
In the basal conditions : patients in the volume control ventilation (10
mL/kg , ZEEP , respiratory frequency of 10 respirations/ minute) we
observed that 3 of the 30 (10% of the patients) had intra-abdominal
pressure above 12 mmHg characterizing intra-abdominal hypertension [24]
and no patients had criteria to the abdominal compartimental syndrome
(ACS), or intra-abdominal pressure above 20 mHg [15] .
Increasing the PEEP level from zero to 10 cmH20, we observed an
increment in the plateau pressures, and a no significantly increment in the
intra-abdominal pressure, but 7 patients presented an intra-abdominal
pressure equal or above 15 cmH20 characterizing the situation of intra-
abdominal hypertension When we increased the PEEP levels from zero to
10 cmH20 while the patients had 5 Kg of external abdominal weight on their
bellies, we didn’t observe a significant increment in the intra-abdominal
pressure, but 14 patients presented intra-abdominal pressures equal or
above 15cmH20 or intra-abdominal hypertension, suggesting that in the
mechanically ventilated stable ICU patients, we have to monitor the
intra-abdominal pressure while adjusting the ventilatory parameters
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74
on the mechanical ventilator, in order to optimize the mechanical
ventilatory support avoiding any dysfunction to the patient in
consequence of an intra-abdominal hypertension. Recently, Malbrain
and colleagues emphasized the multiple possible organ dysfunctions of an
occult or no diagnosed intra-abdominal hypertension in ICU patients as
renal dysfunction, bacterial translocation, splanchnic ischemia, multiple
organ failure and more importantly the increased mortality in the patients
with intra-abdominal hypertension on the ICU admission [16,17].
In this study, we observed a significantly increase in the intra-abdominal
pressure and a increase in the respiratory system airway pressure when we
added 5 Kg of external abdominal weight on the patients` belly, suggesting
that we have to avoid any situation that can increase intra-abdominal
pressure in the ICU patients : gastric or abdominal distension, urinary
retention or even abdominal compressive curatives.
Conclusion: Adding 5 kg on the patients`belly and 10 cmH20 of PEEP
increased the chances of intra-abdominal hypertension in 36.6% of these
patients. When the patients are on PEEP of 10 cmH20, application of 5 Kg
on the belly increased the intra-abdominal pressure and did not increase
the plateau pressures, suggesting that intra-abdominal pressure must be
measured in the patients on mechanical ventilation with PEEP.
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75
Key points:
1. Increased intra-abdominal pressures can impair respiratory mechanics.
Otherwise, the use of PEEP can affect plateau pressure as well as intra-
abdominal pressure if not properly set in ICU mechanically ventilated
patients.
2. The increase in intra-abdominal pressure (IAP) in the mechanically
ventilated ICU patients higher than 12 mmHg can cause multiple organs
dysfunctions, mainly in shock patients and intra-abdominal pressures
higher than 20 mmHg may need surgical intervention and both can
increase the ICU patients mortality
3. This study analyzed the intra-abdominal pressure in 30 mechanically
ventilated ICU patients and the influence of changes in PEEP from zero to
10 cmH20 in the respiratory system airway plateau pressure and in the
intra-abdominal pressure, as well as the influence of 5 Kg external
abdominal weight on the belly on the same parameters.
4. Adding 5 kg on the patients`belly and 10 cmH20 of PEEP increased the
chances of intra-abdominal hypertension in 36.6% of these patients.
5. When the patients are on PEEP of 10 cmH20, application of 5 Kg on the
belly increased the intra-abdominal pressure and did not increase the
plateau pressures, suggesting that intra-abdominal pressure must be
measured in the patients on mechanical ventilation with PEEP.
Competing interests
The authors declare that they have no competing interests.
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76
Authors contributions:
Jamile, Telma and Carmen participate in the conception and design of the
study, acquisition of data, statistical analysis and interpretation of the data
and drafting the manuscript. All authors read and approved the final
manuscript.
Acknowledgments: The authors thank Prof. Dário Birolini , Prof. Carlos
Ribeiro de Carvalho and Dr. Marcelo Park for their collaboration during the
protocol and all the residents and physiotherapists working in our units for
their special care to the patients during the protocol.
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Figure 1. MEASUREMENT OF INSPIRATORY PLATEAU PRESSURE AND
INTRA-ABDOMINAL PRESSURE DURING THE 4 PHASES OF THE
ROTOCOL
Phase I: PEEP = 0 cmH20 - External abdominal weight = 0 kg
Phase II: PEEP = 0 cmH20 - External abdominal weight = 5 kg
Phase III: PEEP = 10 cmH20 - External abdominal weight = 0 kg
Phase IV: PEEP = 10 cmH20 - External abdominal weight = 5 kg
Airway pressure PEEP= Zero
Folley catheter
Phase I measurements
Airway pressure PEEP=10 cmH20
Airway pressure PEEP=10 cmH20
Folley catheter 5 Kg
Phase II measurements
Airway pressure PEEP=Zero
Folley catheter 5 Kg
Folley catheter
Phase III measurements Phase IV measurements
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Table 1: Intra-abdominal and plateau pressures for each
patient for each phase of the 4 phases of the protocol.
INTRA-ABDOMINALPRESSURE (cmH20)
PLATEAU PRESSURE( cmH20)
PEEP 0 0 10 10 0 0 10 10WEIGHT 0 5 0 5 0 5 0 5
PATIENTS Phase I Phase II Phase III Phase IV Phase II Phase II Phase III Phase IV1 8,0 14,5 10,0 14,5 19,0 22,0 22,0 24,02 6,0 14,0 11,0 13,0 20,0 22,0 30,0 28,03 10,0 14,0 8,0 12,0 18,0 19,0 25,0 26,04 13,0 21,0 16,0 23,0 28,0 21,0 25,0 27,05 3,0 6,0 3,0 4,0 12,0 12,0 19,0 19,06 5,0 13,0 8,0 13,0 17,0 18,0 27,0 28,07 5,0 10,5 7,5 11,5 21,0 23,0 30,0 31,08 9,0 11,5 7,0 13,0 19,0 21,0 29,0 29,09 15,5 18,0 17,0 20,0 22,0 24,0 29,0 28,010 9,0 14,0 11,0 16,0 25,0 25,0 31,0 33,011 3,0 7,0 6,0 6,0 8,0 10,0 12,0 20,012 8,0 16,0 9,0 17,0 22,0 26,0 38,0 34,013 13,0 16,0 13,0 18,0 16,0 20,0 30,0 29,014 5,0 10,0 7,0 11,0 6,0 9,0 19,0 19,015 9,0 15,0 6,0 15,0 26,0 27,0 38,0 36,016 9,0 14,5 12,5 15,0 16,0 20,0 23,0 24,017 10,5 16,0 10,5 16,5 14,0 17,0 25,0 26,018 9,0 17,0 10,0 26,0 11,0 12,0 19,0 21,019 5,0 13,0 9,0 12,0 19,0 20,0 26,0 24,020 12,0 18,0 13,0 20,0 18,0 19,0 23,0 26,021 4,0 11,0 6,0 12,0 14,0 12,0 18,0 18,022 11,0 15,0 11,0 13,0 19,0 18,0 24,0 22,023 7,0 14,0 9,5 14,5 12,0 12,0 23,0 21,024 6,0 12,0 7,5 11,0 18,0 19,0 29,0 29,025 21,0 27,0 26,0 26,0 33,0 36,0 40,0 43,026 6,0 12,0 48,0 50,0 24,0 28,0 33,0 36,027 7,0 12,0 15,0 14,0 12,0 17,0 21,0 23,028 19,0 27,0 38,0 43,0 28,0 36,0 34,0 37,029 11,0 15,0 19,0 17,0 18,0 20,0 31,0 31,030 2,0 6,0 3,0 8,0 13,0 15,0 24,0 24,0
Mean 8,70 14,33 12,25 16,83 18,27 20,00 26,57 27,20SD 4,48 4,90 9,62 9,51 6,12 6,57 6,45 6,04
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Table 2: Intra-abdominal pressure grade at the beggining of the
protocol.
IAP (cmH2O) IAP grade Total (n=30)
0 -10 Normal 21 (70%)
10,5 -15 Intermediary 6 (20%)
15,5 -21 IAH 3 (10%)
IAP: intra-abdominal pressure, IAH: intra-abdominal
hypertension.
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Figure 2. Changes in intra-abdominal and respiratory system plateau
pressure with PEEP and external abdominal weight.
ANOVA for repetitive measurements for intra-abdominal pressures (IAP):
With Bonferroni correction for multiple comparisons : p<0,005
1 .PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP=Zero, weight =5 kg, p<0,001 **
2 .PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP= 10 cmH20 ,weight =Zero, p=0,165
3. PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP=10 cmH20 , weight =5 kg, p <0,001 *,&.
4. . PEEP=Zero, weight =5 kg versus PEEP=10cmH20, weight =Zero, p=1,00
5. PEEP=Zero, weight =5 kg versus PEEP=10 cmH20, weight =5 kg, p=0,47
6. PEEP=10 cmH20, weight =Zero versus PEEP=10 cmH20, weight =5 kg, p<0,001 #,#
ANOVA for repetitive measurement for respiratory system plateau pressure
(Plateau): with Bonferroni correction for multiple comparisons:
7. PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP=Zero, weight =5 kg, p<0,005 *,*
8. PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP= 10 cmH20, weight =Zero, p<0,001#,#
9. PEEP=Zero, weight =Zero versus PEEP=10 cmH20, weight =5 kg, p <0,001 &,&
10. PEEP=Zero, weight =5 kg versus PEEP=10cmH20, weight =Zero, p<0,001 *,#
11. PEEP=Zero, weight =5 kg versus PEEP=10 cmH20, weight =5 kg, p<0,001*,&
12 .PEEP=10 cmH20, weight =Zero versus PEEP=10 cmH20, weight =5 kg, p=0,83
PR
ES
SU
RE
(
cmH
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IAP
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critical care forum Editorial" <[email protected]> Add to Address Book To: "Dr jamili anbar" <[email protected]> 1239310697772522 Resubmission 2 Influence of PEEP and external abdominal weight in airway and intra-abdominal pressures in mechanically ventilated ICU patients.
22 Aug 2005 21:13:03 +0100 Article title: Influence of PEEP and external abdominal weight in airway and intra-abdominal pressures in mechanically ventilated ICU patients. MS ID : 1239310697772522 Authors : Jamili A Torquato, Telma Antunes and Carmen SV Barbas Journal : Critical Care Dear Dr anbar Thank you for submitting a new version of your article. A pdf file has been generated from your submitted manuscript and figures. http://ccforum.com/imedia/1239310697772522_article.pdf (1122425 bytes) For your records, please find below link(s) to the correspondence you uploaded with this submission. Please note there may be a short delay in creating this file. You will hear from us shortly regarding the resubmission. In the meantime, if you have any queries about the manuscript you may contact us on [email protected]. We would also welcome feedback about the online submission process. You will be able to change details or submit revised versions of your manuscript by going to: http://ccforum.com/manuscript/login/man.asp?txt_nav=man&txt_man_id=1239310697772522 We note that you have agreed to pay the processing charge of £750.00 for your article, should it be accepted. We trust that you have confirmed that payment will be possible, as we will not be able to waive the fee later. If you do expect to need a waiver, you should request one now, not later, and let us know immediately. More information about article processing charges is available at http://ccforum.com/info/about/apcfaq/ . A discount of £30 is granted if you submit a manuscript file formatted using EndNote 5/6 or Reference Manager 10; (more information about upgrading to either is available at http://www.biomedcentral.com/info/ifora/endnote or http://www.biomedcentral.com/info/ifora/refman) or if you submit a manuscript created with Publicon (more information about Publicon is available at http://www.biomedcentral.com/info/ifora/publicon). Regards The critical care forum Editorial Team Tel: Facsimile: e-mail: [email protected] Web: http://ccforum.com/