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ISSN 1679-818X

REVISTA CIENTÍFICA DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA TÉCNICADA SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA

SALVADOR - BAHIA

PROVA MATERIAL – Revista Científica do Departamento de Polícia Técnica vinculada à Secretaria da SegurançaPública do Estado da Bahia. Av. Centenário, s/nº, Vale do Barris, Salvador – Bahia, CEP.: 40.100-180. Telefone:(71) 3116-8792 / Fax: (71)3116-8787.

Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos autores. Tiragem desta edição de 1000 exemplares, 32p.

Jaques Wagner

Governador do Estado da Bahia

Antônio César Fernandes Nunes

Secretário da Segurança Pública

Raul Coelho Barreto Filho

Diretor Geral do Departamento de Polícia Técnica

Mª de Lourdes Sacramento Andrade

Chefe de Gabinete

Jorge Braga Barretto

Corregedor do Departamento de Polícia Técnica

Aroldo Ribeiro Schindler

Diretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues

Iracilda Mª de O. Santos Conceição

Diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello

Evandina Cândida Lago

Diretora do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto

Eliana Araújo Azevedo

Diretora do Laboratório Central de Polícia Técnica

Claudemiro Pires Soares Filho

Diretor do Interior do Departamento de Polícia Técnica

Editora

Talita Souza Brito

Jornalista – DRT-BA nº 2734

EditoraçãoLiceu Gráfica

Conselho Editorial

Paulo Araújo Moreira de Souza (IMLNR)Valdomir Celestino de Oliveira Filho (IMLNR)

Socorro de Mª de Araújo Alves Ferreira (IIPM)Josemi Carvalho da Ressurreição (IIPM)

Cláudio Fernando Silva Macêdo (ICAP)Antonio César Morant Braid (ICAP)

Jorge Borges dos Santos (LCPT)Josenira Matos Andrade (LCPT)

Eunice Moura Vitória (DI)

Lídia Ramos de Araújo – Coordenação de Ensino ePesquisa

Colaboradores

Jorge Braga BarrettoJorge Carvalho da Ressurreição

EXPEDIENTE

Prova Material – v. 1 – nº 10 – Agosto 2008 – Salvador – Departamento dePolícia Técnica, 2008. Quadrimestral

ISSN 1679-818X1.

1. Criminalística – Bahia – Periódico

CDU 343.9 (813.8) (05)

EDITORIAL ............................................................................................................................................

O USO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA NO LAUDO PERICIAL, APLICADA AOS MEIOSPROBATÓRIOS NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO – Artigo Original

Lucas Carvalho dos Anjos ......................................................................................................................

VERIFICAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE IMAGENS DIGITAIS UTILIZANDO OSPRINCÍPIOS MATEMÁTICOS DO PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS – ArtigoOriginalEdimilson Marques dos Santos .........................................................................................

MATRIZ DE INDICADORES AMBIENTAIS PARA O ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA– Artigo de RevisãoArivaldo Mercês Ramos, Manoel Ronaldo Ribeiro, Rafael Murilo Santos Cruz, Wesley SantosLima e Carlos Alexandre Borges Garcia................................................................................................

CADEIA DE CUSTÓDIA E CENTRO DE CUSTÓDIA DE EVIDÊNCIAS: NECESSIDADES FORENSES– Artigo de Revisão

Arnaldo Santos Gomes e Eliana Araújo Azevedo ..........................................................................

A TRAGÉDIA DA FONTE NOVA – Relato de Caso

Roberto Muiños Ventin e Eduardo Quintas Rodamilans...............................................................

SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA: DOS DIREITOS HUMANOS À ÉTICAINSTITUCIONAL – Ponto de Vista

Emanuelle Ribeiro de Oliveira .......................................................................................................

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ....................................................................................................

SUMÁRIO

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EDITORIAL

DNA FORENSE: Uma realidade na Bahia

Inaugurado em junho de 2005, o Laboratório

Regional de DNA Forense do Laboratório Central de

Polícia Técnica representa um marco para a Segurança

Pública no Estado.

Nestes quase três anos de existência foram

solicitadas 1481 perícias oriundas da Bahia, e mais 90

de outros estados, a exemplo de Alagoas, Amazonas,

Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Sergipe, Pará,

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa

Catarina.

A aquisição de moderno aparato tecnológico

somada à qualidade técnica dos Peritos baianos têm

apresentado importantes resultados na identificação

humana, que representa 19% das solicitações, na

elucidação de crimes sexuais, responsável por 71% das

perícias requisitadas e na análise de materiais biológicos

encontrados em locais de crime (9%). Existem, ainda,

outros casos (1%) que não se enquadram nessas

características, portanto, definidos como sem

classificação.

Ao todo, já foram emitidos cerca de trezentos

laudos abrangendo resoluções de crimes sexuais,

confronto de vestígios, identificação humana e outros.

Diante de seus resultados, o Laboratório Regional

de DNA Forense se consolidou não apenas como um

importante apoio às investigações criminais, mas também

como um pólo de ensino que recebe peritos de todo o

Nordeste, com a responsabilidade de treiná-los, por

meio da supervisão na realização de suas perícias, além

de oferecer cursos e capacitação continuada.

Como integrante da Rede Nacional de Genética

Forense do Ministério da Justiça, o Laboratório Regional

de DNA Forense tem discutido, no âmbito nacional,

questões de padronização de técnicas, legislação e

criação de banco de dados populacionais, numa política

de ajuda mútua entre os laboratórios da Rede.

A Secretaria da Segurança Pública adquiriu, através do

Projeto Bahia Segura, o Microscópio Eletrônico de

Varredura (MEV). O novo equipamento, com

capacidade de aumento de até 900 mil vezes, pode

identificar com segurança absoluta se uma pessoa esteve

ou não envolvida num evento de disparo de arma de

fogo.

Atualmente, o exame realizado para determinar os

resíduos de disparo de arma de fogo em tecidos e vestes

de supostos atiradores são reações químicas à base de

um revelador apenas do chumbo, e, por isso, passível

de questionamento, uma vez que este elemento pode

ser encontrado em outras fontes na natureza.

Com o MEV associado ao detector de energia dispersiva

(EDS) adquirido em conjunto, será possível identificar

numa única partícula a existência dos elementos químicos

chumbo, bário e antimônio, que juntos só podem ser

encontrados quando ocorrem ações de disparo de armas

de fogo, garantindo total confiabilidade quanto ao

resultado obtido.

Primeiro e único entre as Polícias Científicas do Brasil,

idêntico apenas ao equipamento do Instituto de

Criminalística da Polícia Federal, o MEV, como o próprio

nome diz, realiza uma varredura na amostra apresentada

em busca dos elementos previamente estabelecidos pelos

peritos. Na situação específica de disparo de arma de

fogo, são determinadas a separação de partículas

esféricas, brilhantes, entre 5 e 10 micrometros de

diâmetro e que possuam os três elementos químicos

característicos deste tipo de evento.

Com investimentos da ordem de 1 milhão de reais, o

MEV-EDS, permitirá ainda sua utilização para exames

biológicos, além das áreas de engenharia legal,

documentoscopia, balística e química forense.

Entregue ao Departamento de Polícia Técnica no dia 23

de julho, o novo equipamento deverá estar em pleno

funcionamento no prazo de 4 a 5 meses, entre sua

instalação e a capacitação de uma equipe multidisciplinar

com peritos das diversas especialidades.

O USO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA NO LAUDO PERICIAL, APLICADA AOSMEIOS PROBATÓRIOS NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO

Artigo Original

Lucas Carvalho dos AnjosPerito Técnico da Coordenação de Fotografia

Laboratório Central de Polícia Técnica

RESUMOO presente artigo busca analisar a importância e funçãoda fotografia utilizada na prova pericial, contextualizando-a no processo penal brasileiro.

ABSTRACTThe following article analyses the importance and functionof photograph used in forensic proofs in the context ofBrazilian penal procedure.

O DIREITO PENAL E O PROCESSO PENALO Direito Penal é “o setor ou parcela do ordenamentojurídico público que estabelece ações ou omissõesdelitivas, cominando-lhes determinadas conseqüênciasjurídicas – penas ou medidas de segurança” (PRADO,2007, p.59). Sob outra perspectiva, ele tutela os bensjurídicos mais importantes à manutenção da própriasociedade (vida, liberdade, propriedade etc.), penalizandoos indivíduos que se comportem de maneira danosa oureprovável ao tecido social.Assim, para realizar a justiça e pacificar a sociedade éque esta confere ao Estado o poder de editar normaspenais e aplicá-las, atendendo sempre às necessidades eanseios sociais. Entretanto, esta pena pré-estabelecidanão tem cumprimento espontâneo, tendo o Estado odireito-dever de punir quem praticou o ato delituoso. Paratanto é criado todo um aparato para proceder aresponsabilização criminal desta pessoa mediante umprocesso, sendo que somente através dele se pode daraplicação prática ao Direito Penal.“O processo penal é o conjunto de princípios enormas que regulam a aplicação jurisdicional dodireito penal, bem como as atividades persecutóriasda polícia judiciária, e a estruturação dos órgãos dafunção jurisdicional e respectivos auxiliares”(MARQUES, 1997, p.32). Porém, é válido lembrar queaveriguar um suposto fato delituoso não exige um simplesprocesso, mas o devido processo legal. Nele devem serassegurados, às partes da lide processual, todos os direitos

e garantias constitucionais tais como: presunção deinocência, um juiz preestabelecido e imparcial, direito aocontraditório e a ampla defesa, vedação de provas obtidaspor meios ilícitos, celeridade processual (eficiência dosórgãos judiciais), entre outros direitos existentes.Nesse sentido, podemos afirmar que o processo penal temuma dura tarefa: ele se ocupa da reconstrução judicialdos fatos tidos como delituosos. Por mais difícil que seja otrabalho de reconstruir esta realidade histórica (o fatocriminoso ocorrido), ela cabe ao Estado, afinal é ele quemmonopoliza a jurisdição, impedindo que as pessoassolucionem seus conflitos de forma privada e unilateral. Épara tão grande trabalho que o Estado cria órgãos eservidores específicos para atuar no processo: juízes,promotores, defensores, delegados, peritos e diversosauxiliares da justiça. Mais que isso, as partes disponibilizamde diversos meios e métodos de prova, produzidos segundonormas legais, para que ao fim do processo se alcanceum resultado justo (sentença), realizando a justiça epacificando a sociedade.Todavia, devemos lembrar da natureza dialética que temo processo. Dentro dele coexistem pólos antagônicos comargumentações e objetivos distintos: condenar ou absolver.Porém, é evidente que ao final terá apenas um resultadoe para atingi-lo o juiz deve buscar a maior aproximaçãopossível da verdade, utilizando para tanto todos os meioslegalmente disponíveis. Afinal, é das alegações e provascontidas no processo que o juiz subtrairá material lógicopara formação de sua convicção e motivação racional desua sentença.

A RELEVÂNCIA DO EXAME PERICIAL NOCONJUNTO PROBATÓRIO DO PROCESSOPraticada a suposta ação delituosa, por certo,primeiramente deve-se comprovar a efetiva ocorrênciado crime e apontar sua autoria, sob pena de não poderprosseguir o processo. Inicialmente deve a políciajudiciária investigar o caso para proceder a respectivaresponsabilidade penal de quem cometeu tão danoso ato.

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OContudo, todo fato da vida está sujeito à evoluçãocronológica, devendo ser logo registrado einvestigado, para que haja uma resposta rápida aocrime. Nesse sentido, os fatos relacionados à açãodelituosa são inquiridos, basicamente, através deconfissão, testemunhos e realização de examespericiais.Entretanto, quando trazemos à tona acontecimentospor meio de testemunho e confissão, embora de sumaimportância para se iniciar um processo, até porquenem sempre o crime deixa vestígios, é válido ressaltarque estes sempre trazem em sua essência uma cargamuito forte de subjetividade, pois “as chamadasprovas subjetivas dependem do testemunho ouinterpretação de pessoas, podendo ocorrer umasérie de erros, desde a simples falta de capacidadeda pessoa em relatar determinado fato, até asituação de má fé, onde exista a intenção dedistorcer os fatos para não se chegar à verdade”(ESPINDULA, 2007, p.13).Ao revés, apoiado em saberes científicos, o examepericial se distingue por trazer, sempre que possível,uma certeza cristalina ao espírito, sendoessencialmente objetivo, técnico e, portanto,demonstrável metodologicamente. Tamanha suarelevância no contexto probatório, que o CPP, emseu artigo 158, assim menciona: “quando a infraçãodeixar vestígios será indispensável o exame decorpo de delito, direto ou indireto, não podendosupri-lo a confissão do acusado”.O exame pericial expressa a materialidade de umfato pretérito, indo além da análise dos vestígiosmateriais de um crime, definindo a tipificação penale ainda, quando possível, apontando para a autoriado crime. De tal sorte que em uma lide penal, ao seinvestigar uma suposta conduta delituosa, onderemanesceram vestígios, seria impensável a nãorealização dos exames periciais exigidos pela lei.Consubstanciando tal afirmação, no trato dasNULIDADES, diz o código em seu artigo 564, III,“b”: “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: ...porfalta das fórmulas ou dos termos seguintes: ...o examedo corpo de delito nos crimes que deixemvestígios,...”.Posto isto, registre-se que não se busca afirmar aquia superioridade hierárquica da prova pericial sobreos outros meios probatórios, até porque o código deprocesso penal é claro em seu artigo 157, ao afirmarque “o juiz formará sua convicção pela livreapreciação da prova”, não havendo restrições atal ou qual meio de prova. De tal modo que omagistrado é livre para rejeitar o laudo pericial, no

todo ou em parte (artigo 182 do CPP). O que sebusca é notabilizar a Perícia Criminal, em meio aoconjunto probante carreado ao processo, pelo seumodus operandi, posto que esta aplica métodoscientíficos na elucidação dos crimes na busca pelaverdade, trazendo, sempre que possível, segurançae certeza à mente daquele que porventura venha ase tornar usuário do laudo. Portanto, para que sejarespeitado o princípio constitucional do devidoprocesso legal, nos casos em que remanesceremvestígios, o exame pericial é imprescindível.

A FOTOGRAFIA NO LAUDO DOS EXAMESPERICIAIS“Sob o enfoque técnico-jurídico, um examepericial pressupõe um trabalho de naturezaeminentemente técnico-científico e da maiorabrangência possível. É, portanto, um trabalho(exame pericial) levado a efeito por especialistas(peritos) naquilo que estão a realizar...”(ESPINDULA, 2007, p.125). As conclusões de suaatividade são expostas no laudo pericial, a serencaminhado com destino final à Justiça Criminal,para ser manipulado pelas partes que integram oprocesso durante lide: juiz, promotor e partes por meiodos seus respectivos advogados.Comumente, os usuários do laudo são pessoas comconhecimentos científicos na média do senso comume necessitam do perito justamente por seusconhecimentos acima da média. Portanto, seu sucessocomo perito dependerá não só de sua sapiência, masprincipalmente da forma como traduz seu saber, muitasvezes cheios de termos técnico-científicos. Tanto assimque, antevendo tal situação, o legislador disponibilizaaos peritos alguns recursos, algumas vezes obrigatórios,com o escopo de que melhor elaborem seus trabalhos,para que possam ser mais bem compreendidos pelosdestinatários do laudo.Ora, se o processo penal cuida de investigar a práticade um delito, portanto, remontar acontecimentospretéritos para fornecer ao juiz subsídios para decidir,então a fotografia, por sua própria natureza, podedar uma excepcional contribuição a essa tarefa.Tanto assim que o código de processo a insere comoum dos instrumentos a auxiliar o perito,disponibilizando: “... provas fotográficas, osesquemas ou desenhos”. Em alguns casos autilização fotográfica é obrigatória (Art. 164 e 165)e nos demais apenas sugerido para melhor confecçãodos laudos. Não se limitando a isto, o peritonormalmente dispõe de uma equipe técnica formadabasicamente pelo fotógrafo e mais um auxiliar.

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Desses instrumentos auxiliares, podemos afirmarcom segurança que a fotografia tem um papelfundamental no laudo pericial. Em um Tribunal elapode desempenhar um papel capital, facilitando aomáximo a compreensão do caso a ser julgado. “Anatureza de vários tipos de casos é tal que acomparação com fotografias esclarececompletamente os pontos desejados. Por exemplo,os casos de manuscritos são mais claramentedemonstrados com fotografias ampliadas daescrita verdadeira e a em discussão (...) Muitasoutras possibilidades, por demais numerosas paraserem mencionadas, apresentar-se-ão aoinvestigador.” (O’HARA e OSTERBURG, 1964,p.167).Afinal, “uma fotografia ou um desenho, podem –às vezes – esclarecer acerca de um fato, muitomelhor que uma série de parágrafos escritos. Ouseja, uma fotografia é um instrumento de suporteao perito e muito útil ao usuário do laudo.”Porquanto, “os recursos visuais auxiliamsobremaneira na compreensão do conteúdo alidiscutido, pois – às vezes – fica difícil oentendimento direto de determinadas colocaçõestermos técnicos.” (ESPINDULA, 2007, p.38).Essas colocações ganham força quando analisamosa natureza dos fundamentos da própria fotografia eaplicamos ao processo.Conquanto a fotografia faça parte do nosso cotidiano,nem sempre estamos atentos para a dimensão queela tem na atualidade. Ela se traduz na possibilidadeobjetiva de se imortalizar uma parcela do tempo quecorre e não volta mais, guardando, de modo simplese preciso, frações do real para posterior apreciaçãopor parte daqueles que não puderam presenciar otema fotografado.Esse aprisionamento da realidade pela imagemsignificou uma revolução na forma pela qual passoua retratar o ambiente que o circundava,revolucionando a memória e trazendo uma precisãoantes não experimentada. Naturalmente, uminstrumento com tamanha potencialidade não tardoua ser utilizado nas mais diversas atividades humanas,do lazer à ciência.É assim que “no esclarecimento científico de umcrime a máquina fotográfica assume lugar demáxima importância entre os instrumentos dolaboratório. Todos os recursos da fotografiadevem estar à disposição do perito policial”(O’HARA e OSTERBURG, 1964, p.165). De modotal que “Toda e qualquer fotografia, além de serum resíduo do passado, é também um testemunho

visual onde se pode detectar não apenas oselementos constitutivos que lhe deram origem doponto de vista material. No que toca à imagemfotográfica, uma série de dados poderão serreveladores...” (KOSSOY, 1989, p.99) durante aelucidação de um crime, não só ajudando oespecialista em seu trabalho, mas principalmentefacilitando a compreensão dos resultados do mesmo.Portanto, se o trabalho pericial tem por objeto aanálise do conjunto de vestígios deixados por umcrime, com objetivo de posteriormente, mediante olaudo, leva-los a juízo, então, a fotografia, pela suaprópria função, se reveste em instrumento ideal paraauxiliá-lo. Afinal “O fragmento da realidadegravado na fotografia representa ocongelamento do gesto e da paisagem, e portantoa perpetuação de um momento, em outraspalavras, da memória: (...) do fato social (...)”, odelito que se quer registrar. Pois, “A cena registradana imagem não se repetirá jamais. O momentovivido, congelado pelo registro fotográfico, éirreversível.” (KOSSY, 1989, p.101). Possibilitandoa perenidade dos aspectos mais gerais da cena docrime também dos mínimos detalhes.Posto isso, podemos destacar a priori três funçõestécnicas da fotografia investigativa utilizada naPerícia Criminal. Inicialmente ela se destina arealização do levantamento topográfico, constatandocomo o perito encontrou o local do crime e asrespectivas condições para realização da perícia.Resguardando, inclusive, o perito de futurasindagações a respeito da preservação da prova. Jáno local ou perante os vestígios da infração a serempericiados, ela realiza também o registro da aparênciainicial da prova, por exemplo: projéteis e cápsulasencontradas, instrumentos utilizados para realizaçãodo crime, chassis adulterados, lesões corporais etc.Por fim, se destina também e principalmente, aoregistro de vestígios que não podem ser guardadosno estado em que foram encontrados (manchas desangue, pegadas, frenagem em asfalto etc.).A abrangência da Fotografia Criminal é tão extensaque “muito embora o Perito Criminaljuridicamente tenha fé pública, a fotografiaforense se reveste de capital importância para oLaudo de Exame Pericial...”, pois ela “é utilizada,guardadas as devidas proporções e inerências,em todas as áreas da Criminalística e MedicinaLegal, enquanto ferramenta ilustrativacoadjuvante de Laudos Periciais, porconseguinte indispensável para perícia técnicacomo um todo...” (BARBOSA, 2006, p.73).

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OAtualmente, dada a importância desse recurso, ele éutilizado praticamente em todas os setores dadenominada Polícia Científica, sendo aproveitada emquase todos os ramos da Criminalística: Crimes contraVida, Patrimônio e Meio Ambiente; Engenharia Legal;Acidente de Veículos; Identificação de Veículos eCriminal; Tanatologia e Antropologia e OdontologiaForense; Clínica Médica; Perícias Contábeis;Monodactilar, entre outros setores que eventualmentenecessitem de serviços fotográficos.Portanto, diante de tão grande responsabilidade paraconsecução de suas atividades cotidianas, o fotógrafocriminal deve receber do órgão a que pertence umbom treinamento técnico. Na Polícia Técnica doEstado de São Paulo, por exemplo, sua importânciaé tão grande que a pessoa é investida em cargopúblico já com a especialização em fotografia. Alémdisso, o fotógrafo forense deve ter a sua disposiçãoequipamentos técnicos apropriados que permitamboas condições de trabalho, além de permanentereciclagem, para que possa, enfim, dar suacontribuição ao processo penal.

CONCLUSÃOPor tudo dito, pode-se concluir que a dimensãoalcançada pela fotografia no laudo pericial e,consequentemente, em todo processo, deve-se aofato dela ser mais que uma técnica, se constituindoem uma forma genuína de linguagem que éuniversalmente aceita e fala por si só. Portanto, alémde facilitar o modo pelo qual o perito expõe asconclusões do seu relevante trabalho durante asexplicações à Justiça, a fotografia fornece subsídiospara que os responsáveis pela restrição da liberdadede um ser humano assim o façam orientados pelaverdade.Pois, se a finalidade do processo é reconstituir umarealidade pretérita, buscando a verdade do acontecidopara lançar sobre ela um julgamento justo, então quemmelhor define a força das imagens nessa árdua tarefaé Pierre Francastel, ao dizer que: “O conhecimentodas imagens, de sua origem, suas leis é uma daschaves do nosso tempo. (...) É o meio de julgar opassado com olhos novos e pedir-lhesesclarecimentos condizentes com nossaspreocupações presentes, refazendo uma vez maisa história a nossa medida, como é o direito e deverde cada geração.”. (Citado em KOSSOY, 1989,p.07).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICASBARBOSA, Zulivar Morais. Curso Técnico deFotografia Forense. Salvador: Material didáticoeditado para ministração de curso na Academia daPolícia Civil do Estado da Bahia, 2006;BRASIL. Código de Processo Penal;ESPINDULA, Alberi. Perícia Criminal e Cível. 2ªed. São Paulo: Ed. Milllenium, 2007;KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo:Ed. Ática, 1989. (Série Princípios).O’HARA, Charles E.. OSTERBURG, James W..Introdução à Criminalística. Traduzido porNazianzeno Pereira. Rio de Janeiro: Ed. USAID,1964.MARQUES, José Frederico. Elementos de DireitoProcessual Penal. Atual. por Vitor Hugo Machadoda Silveira. Vol. 1. Campinas: Bookseller, 1997.PACELLI, Eugênio P. O. Curso de Processo Penal.9ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2008.PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal

Brasileiro. 7ª ed., vol.1. São Paulo: Ed. RT, 2007.

VERIFICAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE IMAGENS DIGITAIS UTILIZANDOOS PRINCÍPIOS MATEMÁTICOS DO

PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS

Artigo Original

Edimilson Marques dos SantosPerito Criminalístico

Instituto de Crminalistica Afrânio Peixoto

RESUMOO processamento digital de sinais tem princípios importantesque são aplicados no processamento de imagens; umdesses princípios é o de Fourier, que é utilizado nodesenvolvimento dos filtros digitais de imagens, que podemser aplicados no tratamento das imagens e na determinaçãoda autenticidade.

PALAVRA-CHAVEProcessamento de sinais, filtro de imagens,autenticidade.

ABSTRACTThe digital signal processing has important principles thatare applied in the processing of images, one of theseprinciples is to Fourier them, which is used in thedevelopment of digital filters of images, which can beapplied in the treatment of images and determination ofauthenticity.

KEY WORDSSignal processing, filters of images, authenticity.

INTRODUÇÃOAnalisar uma imagem digital e determinar se existemdescontinuidades, ou possíveis alterações, ou então semanteve a sua uniformidade nos parâmetros de cores,texturas, relação sinal/ruído, etc,.vem se tornando cadavez mais difícil, se não for evidenciada a alteraçãodiretamente na forma perceptual. Mas apesar da aparentefacilidade que os manipuladores têm em provocaralterações nas imagens digitais, isso não se torna impossívelde resolver.Se essas imagens forem analisadas levando emconsideração a forma, o numero de pixels, a textura, osníveis de cinza, as cores dos objetos, serão necessáriosdiversos domínios de conhecimento para aprofundar naanálise e chegar a conclusões bastante fundamentadas.

FASES DA ANALISE E PROCESSAMENTO DASIMAGENS1. Aquisição - Captura de imagens através de câmeras,digitalizadores, scaners, etc.2.´Pré-Processamento – Melhorar a qualidade aplicandotécnicas utilizando recursos computacionais, para atenuarruído, correção de contrastes ou brilho, etc.3 .Segmentação – E´ o objeto principal do nosso texto,nessa fase é realizada a extração, identificação de áreasde interesse na imagem. Esta etapa é baseada nadetecção da descontinuidade(bordas), e obtenção de áreasde alterações de níveis de cinza.4. Reconhecimento e Interpretação – Atribuir umsignificado aos objetos reconhecidos.As operações realizadas no processamento de imagensdigitais, principalmente na etapa de segmentação, podemser locais ou pontuais, ou seja, dependem de uma certaárea de pixels(picture element), que é o elemento básicode uma imagem. A operação mais utilizada nesseprocedimento é a Transformada Rápida de Fourier(FFT).

O QUE SIGNIFICA A TRANSFORMADARÁPIDA DE FOURIER (FFT) PARA IMAGEM?A Transformada de Fourier é uma ferramenta deprocessamento de sinais, usada para desenvolver váriasaplicações, em imagem é utilizada no projeto de filtrosdigitais, reconstrução de imagens, compressão, detecçãode descontinuidades (bordas),etc.A transformada que foi inicialmente aplicada noprocessamento de imagem foi a DFT(TransformadaDiscreta de Fourier), que não contém todas ascomponentes de freqüência que formam uma imagem,mas possui algumas amostras suficientes para descrevera imagem no domínio espacial, vamos apresentar aexpressão que representa a DFT, para uma imagem deduas dimensões de tamanho NxN. A finalidade não édemonstrar matematicamente as expressões das

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Transformadas de Fourier, e sim mostrar asaplicações dessa ferramenta no processamento deimagens.A expressão matemática da DFT para uma imagemde tamanho NxN é dada por:

f(a,b) - imagem no domínio do espaço no pontoconsideradotermo exponencial – função correspondendo acada ponto f(k,l) no espaço de FourierF(k,l) – cada ponto de saída da imagem,obtidamultiplicando a imagem espacial com a funçãoexponencial e somando os resultados.Essa transformada de Fourier produz na imagem desaída um numero complexo válido, mostrando que a

imagem pode ser decomposta com uma parte real eoutra imaginária, ou uma imagem na forma de umaamplitude e uma fase. A função exponencial acima é uma composição deuma onda senoidal e uma cossenoidal(formatrigonométrica), com freqüência crescente, ondeF(0,0) representa a componente DC da imagem,correspondendo ao brilho médio, e F(N-1, N-1) é afreqüência mais alta. Por ser um método de custocomputacional elevado (demora em processar aimagem), desenvolveram-se algoritmos para reduziresse processo, daí foi criado o método linha-colunaou FFT( Fast Fourier Transform). Baseia-se naaplicação da FFT unidimensional sobre as linhas ecolunas da matriz de entrada da imagem,armazenando o resultado em uma matriz intermediáriade ordem N. Depois de calcular a FFT sobre ascolunas da matriz intermediária, obtêm-se oscoeficientes da DFT bidimensional.

Vamos mostrar o diagrama desse método:

Esse procedimento(método linha-coluna) é a basedo conhecimento para o projeto dos filtros digitaisde imagem, que serão utilizados, principalmente naetapa de segmentação do processamento de imagens,que busca detectar descontinuidades (bordas) e outrasinformações na imagem. Vamos nos fixar nadetecção de descontinuidades, principalmente asbordas, que aparecem quando é aplicada umafiltragem passa-alta, e que será útil na analise deautenticidade, e na filtragem passa-baixa, que é umauxilio na busca da melhoria das imagens.

FILTROS DIGITAIS PARA IMAGENSAs operações de filtragem podem ser processadasno domínio do espaço de Fourier, ou na freqüência.

São três os filtros mais utilizados no processamentode imagens: passa-baixa, passa-alta, e passa-faixa.O passa-baixa atenua as altas freqüênciassuavizando as imagens e minimizando o ruído, éaplicado na melhoria da qualidade das imagens. Opassa-alta, por evidenciar as altas freqüências,destaca as transições entre regiões que não fazemparte da imagem original, conhecidas como bordas,o problema é que aumenta o ruído. O filtro passa-faixa seleciona e destaca uma determinada regiãoda imagem.As figuras a seguir são representações gráficas dosfiltros, no domínio da freqüência:

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No processamento de imagens os filtros digitais demelhor eficiência são os filtros no domínioespacial. Na prática, para realizarmos uma operaçãode filtragem espacial, devemos escolher uma matrizde dimensão NxN com valores que dependem dofiltro que queremos usar, seja ele passa baixa, passafaixa , ou passa alta.Em uma imagem, as altas freqüências correspondemàs modificações abruptas dos níveis de cinza, i.e., asbordas de separação dos objetos. As baixasfreqüências correspondem às variações suaves dosníveis de cinza, logo quando queremos evidenciar oscontornos de um determinado objeto podemos usarfiltros do tipo passa-alta. Em outros casos, podemosestar interessados na forma da iluminação de fundo,onde devemos usar filtros passa-baixa paraeliminarmos todas as altas freqüênciascorrespondendo à borda dos objetos, e chegar àiluminação de fundo.No domínio do espaço, a filtragem refere-se aoconjunto de pixel que compõe uma imagem. O nívelde cinza de um ponto f(x,y) após a transformação,depende do valor do nível de cinza original do pontoanalisado e outros em redor. Pontos mais próximossão mais significativos que os mais afastados.O processo de filtragem no domínio espacial érealizado por meio de matrizes, chamadas máscaras,que são aplicadas na imagem. Cada posição da

máscara está associado a um valor, chamado pesoou coeficiente.A aplicação da máscara com centro na coordenada(x,y), x a coluna e y a linha, consiste em substituir ovalor de pixel na posição (x,y) por um novo valor,dependendo dos pixels vizinhos e os pesos dasmáscaras.Vamos observar um exemplo de uma máscara 3x3pixels, os níveis de cinza são dados por:zi = f(x,y), 1 d” i d” 9, a resposta da máscara é: R = w1z1 + w2z2 + ...wiz i = “ 9 wizi

i=1

em que wi, representa os coeficientes da máscaramostrada a seguir:

w1 w2 w3

w4 w5 w6

w7 w8 w9

A máscara anterior é de 3x3 pixels com coeficientesarbitrários, e é movida para cada posição de pixel naimagem, repetindo o processo até cobrir todas asposições de pixel.Vamos mostrar como é aplicada a máscara detamanho nxm na imagem de tamanho MxN paraobter a filtragem sobre a imagem:

A operação de filtragem produz uma nova imagem apartir da imagem de entrada(original), cada pixelresultante depende do pixel original, o resultado deum pixel não afeta o próximo.

Exemplos de filtros passa-baixas no domínioespacial:

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As máscaras H1 e H2 têm coeficientes iguais a 1. Ofator de multiplicação na frente da máscara é a médiada soma dos coeficiente da máscara.Exemplos de filtros passa-altas no domínio espacial:

Os números 4 e 8 são os fatores de multiplicação dofiltro, valores que serão multiplicados os pixels esomados, substituindo o nível de cinza do pixel centralO filtro Passa-alta tem a característica de realçaras bordas que delimitam um objeto ou região de outroobjeto ou região. Observando uma elevação dosníveis de cinza na borda, e uma diferença brusca dosníveis de cinza entre a borda da região suspeita e aárea externa. Sendo uma ferramenta útil no auxílioda verificação da autenticidade de uma imagem.No exemplo a seguir, vamos destacar a borda naregião que delimita uma imagem de uma regiãobranca superposta a esta, após a aplicação do filtropassa-alta, e o comportamento de amostras dosníveis de cinza na borda que separa as duas imagens,e em pontos próximos externo à borda:

Imagem original de fundo, contendo uma regiãosuperposta.

Espectro da imagem anterior, após aplicaçãodo filtro passa-alta, com a borda da região e umaárea externa próxima assinaladas

Amostras dos níveisde cinza na borda

143 51 125 41 115 35 107 21 98 10 83 7 82 4

CONCLUSÃOA pesquisa e a utilização dos filtros digitais no domínioespacial, desenvolvidos pelas técnicas doprocessamento digital de imagens, podem vir a seruma ferramenta importante que certamente poderãotrazer muitos subsídios na análise e tratamento deimagens, além de ter principalmente grandeimportância na determinação da autenticidade dasimagens digitais.

REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA[LATHI, 1986] LATHI B.P. Sistemas deComunicação, 1986 Guanabara Dois[BLAIR 1995] BLAIR G.M. A Review of theDiscrete Fourier Transform, 1995 Electronics &Communication Engineering Journal.[PEDRINI 2008] PEDRINI H. Analise de

Imagens Digitais, 2008 Thomson Learning

Amostras dos níveisde cinza externos,próximos à borda.

MATRIZ DE INDICADORES AMBIENTAIS PARA O ESTUDO DA QUALIDADEDA ÁGUA.

Artigo de RevisãoArivaldo Mercês RamosManoel Ronaldo Ribeiro

Rafael Murilo Santos CruzWesley Santos Lima

Diretoria do Interior DI/DPT/BACarlos Alexandre Borges Garcia

Laboratório de Química Ambiental – Universidade Federal de Sergipe

RESUMOA água é um bem vital para a sobrevivência de todas asespécies do planeta, porém, atividades intensas no uso daágua estão exercendo forte pressão sobre a base de seusrecursos naturais, principalmente os hídricos, devido àintensa irrigação e poluição. O presente trabalho teve porobjetivo selecionar indicadores ambientais que servirãocomo ferramenta na análise da qualidade da água. Utilizou-se, na construção destes indicadores, a metodologia PEI/ER (Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta)desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente (PNUMA-CIAT), em 1996. Através destamatriz, foram selecionados alguns indicadores ambientaisque auxiliarão na estudo da qualidade dos recursos hídricos.

1. ABSTRACTWater is a vital good for the survival of all the species ofthe planet, but intense activities in the usage of the waterare exerting strong pressure on the base of its naturalresources, mainly the water ones, due to intense irrigationand pollution. The present work had as objective to selectenvironmental indicators that will serve as tool in theanalysis of the quality of the water. Methodology PEI/ER(Pressure-State-Impact/Effect-Reply) developed by theProgram of United Nations for the Environment (PNUMA-CIAT), in 1996 was used in the construction of thesepointers. Through this matrix, some indicators had beenselected that will assist in the conservation of the waterresources.

1.0 INTRODUÇÃOA água é um bem vital para a sobrevivência de todas asespécies do planeta, sendo também considerada umrecurso, que enfrenta problemas de quantidade e dequalidade. Atualmente, há mais de um bilhão de pessoassem disponibilidade suficiente de água para consumodoméstico e com a tendência de agravar ainda mais essa

situação, pois as Organizações Unidas fazem um alertaque a carência de água atingirá 2/3 da população, istosignifica que em 2025, em torno de 5,5 bilhões de pessoasvão sofrer com a falta de água (SETTI, 2001).A Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (Rio-92),com a elaboração da Agenda 21, no seu capítulo 40,enfatizou que cada país, de acordo com a sua realidadedeve desenvolver indicadores de sustentabilidade. Adiscussão acerca dos indicadores, apesar de ampla, estáno seu início. MARZALL E ALMEIDA (2000),colocaram que muitas conferências e iniciativas depesquisadores ligados a algumas instituiçõesgovernamentais e/ou acadêmicas foram organizadas, noentanto, pouco se tem de concreto, pois o tema érelativamente novo para a comunidade científica.Um indicador é uma ferramenta que auxilia na obtençãode informações em um determinado sistema. ParaCENDRERO (1997), são instrumentos que ajudam asimplificar uma informação. WINOGRAD (1996)ressaltou que os indicadores podem converte-se em umaimportante ferramenta para comunicar e tornar acessívela informação científica e técnica para diferentes gruposde usuários.O presente artigo tem como objetivo a construção deindicadores ambientais como ferramenta para uma melhoranálise da qualidade da água.

2.0 DESENVOLVIMENTO2.1 MATERIAIS E MÉTODOSPara a construção dos descritores e indicadores, foiadotada a metodologia da Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE - 1993), Pressão/Estado/Resposta (PER). A matriz PEI/ER é oriunda daestrutura conceitual para a seleção de indicadores queforam sistematizados em Pressão-Estado-Impacto/Efeito-

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Resposta pelo Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente – PNUMA-CIAT, em 1996.Na matriz PEI/ER são levados em consideraçãoquatro fatores: a Pressão, o Estado, o Impacto ouEfeito e por última a Resposta.

No que se refere aos indicadores ambientais, os dePressão descrevem as pressões humanas praticadassobre o ambiente e que geram mudanças quali-quantitativas nos recursos naturais. Os indicadoresde Estado relacionam-se com a qualidade ambiental,proporcionando uma visão geral da situação do meioambiente e o seu desenvolvimento no decorrer do

tempo. Os indicadores de Impacto referem-se aoefeito produzido no meio ambiente ou na sociedadeatravés de uma determinada ação. E os indicadoresde Respostas correspondem às respostas sociaisdadas para minimizar ou prevenir impactos negativosocasionados pelas atividades antrópicas.

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃOPara o sistema “Qualidade da água” foram escolhidosindicadores fundamentados nas característicasprincipais do sistema em estudo, e na metodologiaadotada pelo Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente (PNUMA-CIAT -1996).

INDICADORES DE

PRESSÃO

•Emissão deefluentes (m³/mês);•Esgotamentosanitário (m³/hab);•Uso e ocupaçãodesordenada dosolo (ha).•Lixo (Kg/ha);

INDICADORES DE ESTADO

•Temperatura(°C), pH,turbidez(UNT), condutividadeelétrica (dS/m), sólidos totaisdissolvidos (mg/L), DBO (mg/L),DQO (mg/L), fósforo (mg/L),nitrogênio (mg/L), nitrito (mg/L),nitrato (mg/L), oxigênio dissolvido(mg/L), salinidade (mg/L), metais(mg/L), dureza (ug/L), coliformesfecais e totais (NMP/100 mL),sólidos suspensos (mg/L),agrotóxicos (ug/L), clorofila-a (ug/L), compostos orgânicos (ug/L).

INDICADORES DE

IMPACTO/EFEITO

•Doenças deveiculação hídrica(nº);•Uso deagrotóxicos (kg/ha).

INDICADORES DE

RESPOSTA

•Ações daprefeitura/estado(nº);•Ações dasuniversidades (nº);•Ações de ONGs(nº);•Monografias (nº);•Dissertações (nº);

Dentre os indicadores de pressãodestaca-se:

Emissão de efluentes (m³/mês): representa ovolume da produção de efluentes domésticos semtratamento, que são despejados no açude, porintervalo de tempo.

Os indicadores de estado maisimportantes são:

DBO (mg/L) e DQO (mg/L): demanda bioquímicade oxigênio demanda química de oxigênio, o primeirorepresenta a quantidade de oxigênio requerida paraestabilizar, através de processos bioquímicos, amatéria orgânica de carbono, e o segundo expressaa quantidade de oxigênio necessária para oxidaçãoda matéria orgânica.Nitrogênio (mg/L), nitrito (mg/L) e nitrato (mg/L):geralmente indicam a presença de matéria orgânicanas águas.

Metais (mg/L): Os metais destacam-se comocomponentes inorgânicos que afetam a saúde.Coliformes fecais e totais (NMP/100 mL):Importante como um parâmetro indicador dapossibilidade de existência de microorganismospatogênicos.Agrotóxicos (ug/L): são produtos tóxicos paraorganismos aquáticos, possuindo potencial de serbioacumulado em organismos aquáticos.Clorofila-a (ug/L): a sua medida é uma indicaçãoindireta da biomassa algal e um indicador importantedo estado trófico de ambientes aquáticos.

O indicador de Impacto/Resposta degrande importância é:

Doenças de veiculação hídrica (nº): indica quantaspessoas possuem doenças relacionadas àcontaminação da água, sendo um indicador dapoluição dos recursos hídricos.

Prova Material 15

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Os indicadores de respostaselecionados foram:

Ações da prefeitura/estado e ações de ONGs(nº) (nº): são ações desenvolvidas no âmbito da saúde,educação e lazer da população local.Ações da universidade (nº), monografias (nº) edissertações (nº):: o levantamento do número depesquisas e publicações realizadas pelasuniversidades, possibilita a avaliar se a região temsido monitorada ao longo dos anos, como a situaçãoatual da qualidade dos recursos hídricos, permitindocomparações com outras épocas.

3.0 CONCLUSÃO1. Os indicadores ambientais acabam fornecendosubsídios para a tomada de decisões a partir domonitoramento do processo de desequilíbrio ambientalocasionados pelo despejo de efluentes e uso deagrotóxicos.2. A seleção de indicadores ambientais para o estudoda qualidade da água, se constitui em um instrumentoeficaz para trabalhos que revitalizem e conservemos recursos hídricos.3. A utilização desses indicadores deve seramplamente divulgada na sociedade, fornecendodados para serem utilizados em atividades deeducação ambiental, nas comunidades locais (escolas,associações, etc.).

4.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACENDRERO, A. Indicadores de desarollosostenible para la toma de decisiones.Naturale, [S.1], [n] 12, 1997.MARZALL, K., ALMEIDA, J. Indicadores deSustentabilidade para Agroecossistemas: Estadoda arte, limites e potencialidades de uma novaferramenta para avaliar o desenvolvimentosustentável. Cadernos de Ciência & Tecnologia,Brasília. v.17, n.1, p.41-59, jan./abr. 2000.SETTI, A. A. et alii. Introdução ao gerenciamentode recursos hídricos. 3. Ed. Brasília: ANEEL/ANA,2001.WINOGRAD, M. Marco conceptual para eldesarollo y uso de Indicadores ambientaisy desustentabilidad para toma de decisiones emLatinoamérica y el Caribe. PNUMA CIAT, México,D.F. 14-16, 1996.

Endereço para CorrespondênciaWesley Santos Lima: e-mail:

[email protected]

CADEIA DE CUSTÓDIA E CENTRO DE CUSTÓDIA DE EVIDÊNCIAS:

NECESSIDADES FORENSES

Artigo de Revisão

Arnaldo Santos GomesEliana Araújo AzevedoPeritos Criminalísticos

Laboratório Central de Polícia Técnica

ResumoA cadeia de custódia de objetos relacionados a locais decrime é de suma importância para a resolução dedeterminado fato delituoso, seja vinculando um vestígioencontrado à vítima, ao agressor ou ao local da suaocorrência. A manutenção da cadeia de custódia desde oseu início até o seu desfecho é fundamental para a aceitaçãojurídico-forense conforme normas técnico-científica eprocessual.Este artigo é uma compilação de idéias, palestras, aulas ediretrizes de vários autores, e vem de encontro àsexigências técnicas dos mais renomados meios forensesinternacionais, assim como à nossa legislação, notada-mente com as mudanças implementadas através da Lei nº11.690/08 (alteração no Código de Processo Penal).Um programa de Cadeia de Custódia atualizado e a criaçãode Centros de Custódia de Evidências Criminais noDepartamento de Polícia Técnica - Bahia, são de extremaimportância e necessários tanto no âmbito forense-jurídico,como no âmbito comunitário, visto que atenderão aosanseios de resposta a toda a sociedade; pois quando nãose pode contestar as provas materiais condenatórias dedeterminado fato delituoso, vão tentar contestar osprocedimentos de obtenção das mesmas.

Palavras chaveCadeia de custódia; centro de custódia de evidênciascriminais; prova; código de processo penal; forense.

AbstractThe chain of custody of objects related to crime places isone of the most important tools for the resolution of certaincriminal fact, by linking a vestige found to the victim, tothe aggressor or to the place of its occurrence. From itsbeginning to its end, the maintenance of the chain ofcustody is fundamental for the juridical-forensic

acceptance according to technic-scientific and proceduralnorms.This article is a compilation of ideas, lectures, classesand several authors’ guidelines, that fulfill the technicaldemands of the most renown international forensic means,as well as our legislation, notedly with the changesimplemented through the Law nº. 11690/08 (alteration inthe Penal Procedure Code).A modernized program of Chain of Custody and thecreation of Custody Centers of Criminal Evidences in theDepartment of Technical Police - Bahia are extremelyimportant and necessary to the forensic-juridical ambit,as in the community ambit therefore they will assist theanswer longings of the whole society, because when onecannot contest the condemnatory material evidences ofcertain criminal fact, he or she will try to contest theprocedures of obtaining of the same ones.

Key wordsChain of custody; custody centers of criminal evidences;evidence; penal process code; forensic

IntroduçãoNo aspecto criminal nós, enquanto profissionais desegurança pública, estamos preocupados com a buscaincessante e célere da verdade real, coletando indícios eprovas que possam ser trazidos à investigação policial deforma clara e cristalina.Se não aconteceu com algum de nós, muito provavelmentevocê já ouviu falar de fatos dessa natureza, onde élevantada a suspeição sobre as condições de determinadoobjeto apreendido, ou sobre a própria certeza de ser aqueleo material que de fato fora apreendido.Assim, o valor probatório de um material será válido senão tiver sua origem e tramitação questionada. Issoacarretaria prejuízo para todo o processo como um todo.As evidências físicas - vestígios - nos locais de crimeque não são coletadas, documentadas e preservadas demodo apropriado não contribuem para as investigações

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criminais; sendo de responsabilidade doDepartamento de Polícia Técnica (DPT), que é oÓrgão da Secretaria da Segurança Pública no Estadoda Bahia que atua materializando o delito para ofornecimento da prova material, o instrumento dajustiça para a aplicação das penalidades cabíveis,dando resposta ao clamor da sociedade.Partindo-se das palavras que formam o termo“Cadeia de Custódia”, chega-se a um significadogeral expresso como:

“Uma série de elos ou anéis interligadoscom a finalidade de manter, guardar oucuidar de algo ou alguém.”

ou também:“É a documentação cronológica domovi-mento, localização e posse daevidência.”

Temos também que definir Vestígio e Evidência:“O vestígio é todo objeto ou material brutoconstatado e/ou recolhido em local de cri-me para análise posterior.”“A evidência é aquele vestígio físicoencontrado em local de ação delituosa, queapós as devidas análises, tem constatada,técnica e cientificamente, a sua relação como crime.”

A palavra “evidência” pode normalmente ser utilizadacomo sinônimo de “prova”, a qual constitui:

“demonstração da existência ou daveracidade daquilo que se alega comofundamento do direito que se defende ouque se contestaTodo meio lícito e apto a firmar a convicçãodo juiz na sua decisão.”

A prova material, de incondicional importância namaterialização do delito, carece de locais apropriadostanto na sede em Salvador, como nas CoordenadoriasRegionais de Polícia Técnica (CRPT’s), queofereçam segurança reforçada, climatizaçãoadequada à natureza do material, melhor controle deacesso e correto armazenamento no sentido deproporcionar condições ideais para garantir aautenticidade, integridade e inviolabilidade, evitandoa deterioração de características físicas necessáriasao exame pericial primário e de uma eventualcontraprova.Em relação ao exame de contraprova temos apontuar o que preceitua o artigo 170 do Có-digo deProcesso Penal (CPP).

“Nas perícias de laboratório, os peritosguardarão material suficiente para a even-tualidade de nova perícia. Sempre que

conveniente, os laudos serão ilustradoscom provas fotográficas, ou microfotográ-ficas, desenhos ou esquemas.” (grifo nosso)

Salientamos neste momento que o supra refe-ridoCPP (Decreto-Lei nº 3.689 de 3 de outubro de1941),não contempla em nenhum dos seus artigos o espaçotemporal que deverá o material ficar sob guarda ecustódia do perito para um eventual exame decontraprova, por força de solicitação judicial, o quecoloca em xeque não só a nós, peritos criminalísticos,mas a nossa própria instituição que tem que serresponsabilizada pela guarda e preservação de partede todos os materiais - objetos de exame pericial -por tempo indeterminado.A Lei nº 11.690/2008, que entrará em vigor em 09/08/08, traz algumas modificações, porém deixounovamente de lado a questão incômoda epreocupante do tempo de guarda - in infinitum - epraticamente extingue a figura do segundo perito(perito revisor).

Na nova redação do art. 159 temos:

“O exame de corpo de delito e outrasperícias serão realizados por perito oficial,portador de diploma de curso superior.

...

§ 6º - Havendo requerimento das partes, omaterial probatório que serviu de base àperícia será disponibilizado no ambiente doórgão oficial, que manterá sempre suaguarda, e na presença de perito oficial,para exame pelos assistentes, salvo se forimpossível a sua conservação.” (grifo nosso)

Há no parágrafo 6º uma redundância, visto que oart. 170 do CPP já previa, e continua prevendo, queos peritos devem guardar material suficiente para aeventualidade de nova perícia - especificando-a:“perícia de laboratório”.Talvez se tenha desejado destacar que o materialpericiado não sairá das dependências do órgãopericial, evitando-se eventual extravio de tal material;porém, aqui entendo também, que houve a extensãoda abrangência para todos os materiais probatóriose não apenas para “perícias de laboratório”.Vale ainda pontuar a ressalva sobre a impossibilidadeda conservação do material probatório, haja visto queas evidências de natureza biológica sofremdeterioração no decorrer do tempo caso não ocorraarmazenamento apropriado sob refrigeração; e assimsendo, os órgãos que não se adequarem encontrar-

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se-ão impossibilitados de realizar exame decontraprova caso solicitado, não só decorrente dafalta de espaço físico - pois terão que manter sobsua guarda uma grande quantidade de materialcumulativamente, mas principalmente pela falta depreservação sob condições adequadas.A necessidade agora imperiosa - conforme a novaredação do art. 159, § 6º, CPP - Lei nº 11.690/2008 -para a implantação de um Centro de Custódia deEvidências Criminais é o de fortalecer a cadeia decustódia, de forma a garantir que a autenticidade e aintegridade das amostras sejam mantidas, desde olocal de coleta, no encaminhamento, transporte,entrega ao órgão de execução do exame, durante aanálise e que perdure até a conclusão e/ou devolução.Atualmente as evidências criminais de contraprovaou ficam sob guarda e custódia dos atuais peritosrelatores nas suas respectivas coordenações,estando assim o perito fora da sua atividade-fim -realizar perícia; ou em sala-cofre sob a guarda daCoordenação de Apoio Operacional (CAO).O DPT, mais especificamente no LaboratórioCentral de Polícia Técnica (LCPT) em Salvador,conta com uma estrutura física já instalada de 330m2

para este fim, podendo ser ampliada para mais de400m2, necessitando apenas de ajustes nasinstalações prediais, hidráulica e elétrica, incluindoa construção de câmara fria, além da aquisição denovos refrigeradores, frezeers biológicos eultrafrezeers.Na oportunidade, salientamos que nos últimos anoso LCPT vem adotando procedimentos que visam“preparar o terreno” para o efetivo funcionamentode um Centro de Custódia de Evidências Criminais,e já se apresenta com as seguintes características:

Protocolo/Plantão - 24 horas;Normatização de recebimento de material

para exame;Aumento da segurança interna patrimonial;Novos procedimentos de controle das etapas

da cadeia de custódia interna;Informatização dos procedimentos;Busca incessante da qualificação dos

servidores disponibilizados;Palestras de conscientização no âmbito

interno e externo.O que ora estamos pleiteando para uma efetivaimplantação no DPT é um avanço comportamentale metodológico no âmbito forense da Bahia, decerta forma imposta pelo avanço da ciência e

imperativamente pela legislação vigente a garantiada amostra.Então, você já pode deduzir que uma cadeia decustódia mantida trará a garantia de total proteçãoaos elementos materiais encontrados em local decrime e que terão um caminho a percorrer, passandopor manuseio de pessoas, análises, estudos,experimentações e demonstrações até o ato finaldo processo criminal.Deve ser registrado que a cadeia de custódia nãoestá circunscrita às tarefas e preocupações apenasdos peritos, e sim de todos os policiais e demaisservidores da estrutura de segurança pública. Pois,desde o momento que é encontrado certo objetoem local de crime alguns procedimentos devem seradotados para que ele percorra toda uma trajetóriaprocessual sem qualquer mácula em relação à origeme seu manuseio.

Considerações FinaisFica patente para todos que a cadeia de custódia ea sua manutenção têm a finalidade de assegurar aidoneidade dos objetos, bens apreendidos e/ouencontrados em local de delito, a fim de evitarqualquer tipo de dúvida quanto à sua origem ecaminho percorrido na investigação criminal e orespectivo processo jurídico-forense.Como vemos, é grande a responsabilidade de todosos servidores envolvidos nos procedimentos emanutenção da cadeia de custódia, não serestringindo à uma imposição legal, mas também comum enfoque ético e moral, na medida que o destinode muitos cidadãos, quer seja vítima ou réu,depende sobremaneira da qualidade do resultadopericial como um todo.A conscientização de uma cadeia de custódia seguraenvolve também uma melhor integração do trabalhodo DPT com a Polícia Civil, Polícia Militar, ForçasArmadas, Ministério Público e o Judiciário, postoque promove a melhoria de procedimentosagilizando assim os processos jurídico-forenses.No âmbito governamental o momento é propício eadequado para as mudanças de comportamento econscientização cidadã, consoante a já sinalizadadisposição política.Apesar da escassez generalizada de recursosfinanceiros, o investimento para concretizar umprojeto desse porte e importância se justifica emrazão dos resultados que proporcionará para asociedade em termos de aumento da segurançajurídica e da redução da impunidade criminal.

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Dotação orçamentária arcaica, defasada econtingenciada;

Falta de adequação das instalações eestruturas atualmente disponíveis;

Baixa motivação e conscientização dosservidores envolvidos quanto a necessidadeda mudança de procedimentos.

Neste espaço, temos a oportunidade de convocartodos os profissionais expertises nas mais diversasáreas, a fim de que possamos canalizar esforçosem uma equipe multidisciplinar com o intuito dealavancar tal empreitada, pois com os resultadosobtidos teremos consolidado o respaldo dasociedade, como órgão forense, na promoção dajustiça e da paz social.Finalizando, podemos concluir que a efetivação deum programa de cadeia de custódia e a implantaçãode um centro de custódia de evidências dependeda inclusão dos mesmos nas diretrizes político-gerencial-institucionais dos órgãos diretamenteligados à segurança pública e cidadania, na medidaem que isto signifique os seus sinceros e expressivoscomprometimentos para a sua realização, trazendoassim, conseqüentemente, o apoio de todos para amanutenção, acompanhamento e continuidade dosprocessos de melhoria e qualificação damaterialização do delito no âmbito jurídico-forenseem nosso estado.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA1) Curso de Especialização em BiologiaMolecular aplicada à Medicina Forense.Disciplina: Aspectos Éticos e Legais em Testes deDNA; UNEB / DPT - 2002.Profª. Norma Sueli Bonaccorso2) Centro de CustódiaNorma Sueli Bonaccorso & Celso PerioliArtigo capturado em junho/2002:http://www.peritocriminal.net3) DNA Forense - Coleta de AmostrasBio-lógicas em Locais de Crime para Estudodo DNA. 2002 - 86p.Luiz Antonio Ferreira da Silva & Nicholas SoaresPassos4) Decreto Lei nº 3.689, de 3 de outubro de1941.Código de Processo Penal.

Presidência da República/Casa Civil - Sub-chefiapara Assuntos JurídicosArquivo capturado em junho/2008:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm5) Lei nº 11.690, de 9 de junho de 2008 - DOUde 10.6.2008.Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3de outubro de 1941 - Código de Processo Penal,relativos à prova, e dá outras providên-cias.Presidência da República/Casa Civil - Sub-chefiapara Assuntos JurídicosArquivo capturado em junho/2008:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11690.htm6) Cadeia de CustódiaRevista Prova Pericial - Dez 2005 - Ano 2 - Número6Luciara Julina Matos do Nascimento7) Cadeia de Custódia dos Elementos de ProvaPericial: Atuação e Responsabilidade dasPolícias no Estado da BahiaMonografia apresentada por Luciara Julina Matosdo Nascimento ao Curso de Especialização emGestão Estratégica em Segurança Pública,promovido pela PM-Bahia/UNEB, para obtençãodo Título de Especialista em Gestão Estratégica emSegurança Pública no ano de 2005.8) Seminário proferido no Departamento dePolícia Federal durante a Semana do PeritoCriminal de 03 a 07/dez/2007 - I SimpósioRegional de Ciências Criminais / SRPF - BahiaArnaldo Santos Gomes9) A Evidência MaterialHelena Fernandes MartinsArtigo capturado em setembro/2007:http://www.aperjperitosoficiais.org.br/site/arquivos/arq_artigos/A_evidencia_material.pdf10) Implantação de Centro de Custódia deEvidências Criminais (CCEC) no Âmbito daPolícia TécnicaTrabalho de Conclusão de Curso apresentado porArnaldo Santos Gomes e Reny CrispinaMassaranduba ao Curso de Gestão PolíticasPúblicas - Segurança Pública, promovido pelaEscola de Políticas Públicas e Governo - EPPG/ACADEPOL/FLEM, no ano de 2007.11) Cadeia de Custódia: Uma AbordagemPreliminarLopes, M.; Gabriel, M.; Bareta, G..

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Visão Acadêmica, América do Sul, 7 6 09 2007. v.7, n. 1 (2006) 1518-8361 (versão on line)Arquivo capturado em dezembro/2007:http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/academica/article/viewFile/9022/631512) Curso Busca e Apreensão - Ministrado em2007 pela SENASP via EAD (ensino a distância):http://senasp.dtcom.com.br/13) Curso Local de Crime: Isolamento ePreservação - Ministrado em 2008 pela SE-NASPvia EAD (ensino a distância):http://senasp.dtcom.com.br/

Endereço para CorrespondênciaArnaldo Santos Gomes: [email protected]

A TRAGÉDIA DO ESTÁDIO DA FONTE NOVA

Relato de Caso

Roberto Muiños VentinEduardo Quintas Rodamilans

Peritos CriminalísticoInstituto de Criminalística Afrânio Peixoto

ResumoEste trabalho teve como objetivo identificar e analisar ascausas do desabamento parcial da arquibancada superiordo Estádio Octávio Mangabeira – Fonte Nova, emSalvador/BA, que vitimou sete pessoas em novembro de2007. O episódio poderia ter sido de proporções muitomais trágicas haja vista que a arena comportava umpúblico estimado em mais de 60.000 pessoas. Foicomprovado através das perícias de local e de exameslaboratoriais que houve fadiga da estrutura devido àdeterioração dos materiais construtivos, decorrente deinfiltrações provocadas por deficiência de conservaçãoadequada, o que denota descaso da administração pública.A intenção dos autores é de alertar a necessidade de seimplantar urgentemente ações relativas à conservaçãodos prédios públicos em geral, que possam efetivamentepromover garantia de vida dos usuários.

Palavras-chaveDesabamento, Estádio da Fonte Nova, Perícia Criminal,Fadiga Estrutural

1.INTRODUÇÃOA crença antiga de que as construções de concretoarmado eram bastante duráveis e, portanto, não requeriammanutenção, está definitivamente descartada, haja vistaque as estruturas sofrem uma deterioração naturalindependentemente de sua utilização plena, e suaconservação faz-se necessária para garantir a vida útil.Destaca-se que os investimentos empreendidos nasreformas das edificações públicas, notadamente oscentros esportivos e mais especificamente os estádios defutebol, estão limitados aos recursos disponíveis emdetrimento das reais necessidades.A escolha do Brasil como sede da copa mundial de futebolem 2014 desencadeou uma série de trabalhos de vistorianas diversas praças esportivas do país, que resultaramna desqualificação da maioria dos estádios devido àprecariedade do estado de conservação. O Estádio da

Fonte Nova, construído em 1951 e ampliado (anelsuperior) em 1971, figurou em último lugar entre osvistoriados, tendo apresentado as piores condições desegurança. Na época foi amplamente noticiado que ostécnicos vistoriadores encontraram problemas em quasetodas as dependências do estádio.Segundo consta, a Superintendência dos Desportos doEstado da Bahia (SUDESB) havia sido alertada sobre ascondições do estádio e já possuía um orçamento estimadoem alguns milhões de reais. No entanto optou por realizarpequenos consertos relativos aos desprendimentos pontuaisde concreto de recobrimento, uma maquiagem por assimdizer, e continuou a utilizar a arena, promovendo jogos defutebol, além de shows e encontros de comunidadesreligiosas.No dia 25 de novembro de 2007, o Estádio da Fonte Novafoi palco de tragédia provocada por desabamento parcialda arquibancada, tendo vitimado sete pessoas. Nomomento do sinistro, havia mais de 60.000 pessoasdistribuídas ao longo das arquibancadas, sendo que no setorNordeste, na área da arquibancada destinada à torcida doEsporte Clube Bahia denominada “BAMOR”, ostorcedores estavam comemorando antecipadamente aascensão do seu time para a 2º divisão do CampeonatoBrasileiro de Futebol. O desabamento se deu a menos de10 minutos do término do jogo, justamente na laje de umdos assentos desta parte da arquibancada.

2.EXAME PERICIAL NO LOCALMinutos após a ocorrência do sinistro, em atendimento àsolicitação do Delegado de Polícia da 6ª CircunscriçãoPolicial, a equipe de plantão da Coordenação deEngenharia Legal do ICAP/DPT, sob a liderança do EngºRoberto Muiños Ventin, se deslocou para o Estádio daFonte Nova a com finalidade de realizar perícia dedesabamento. Sobre o piso da área externa ao estádio,setor Nordeste, havia 06 vítimas fatais com traumas efraturas característicos dos decorrentes de quedas, cujoscorpos estavam protegidos por isolamento formado por

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policiais militares (ver Fig. 03). Estas vítimas teriamsido projetadas pelo vazado decorrente dodesabamento parcial da arquibancada do anel superiordaquele setor. Nas proximidades dos corpos haviapedaços de concreto armado, que posteriormenteforam caracterizados como partes das lajes dasarquibancadas.Prosseguindo, os Peritos deslocaram-se para a áreainterna do estádio onde ocorreu o desabamento, tendoverificado que a laje destinada às acomodaçõesindividuais numeradas de 86 a 96, localizada no 19ºdegrau do anel superior setor nordeste (ver Fig. 01),ao lado da 5ª torre de iluminação (ver Fig. 02), haviadesmoronado. No local havia uma abertura em formatrapezoidal com as dimensões de 4,82m na basemaior; 3,40m na base menor e 0,78m de altura (verFig. 03). Verificou-se que a maior parte da laje quedesmoronou ficou sustentada pela ferragemtransversal, composta de barras de 3,4mm dediâmetro, espaçadas a cada 15cm aproximadamente,e a ruptura ocorreu na aresta formada pela laje e aviga superior (ver Fig. 04).Foi constatado que a estrutura de aço do infradorsoda viga superior estava exposta e com desgaste poroxidação, causando a redução da seção do aço, alémda ruptura de algumas barras, que causou umadeficiência na resistência aos esforços de tração aosquais estavam submetidos. O concreto da estrutura

apresentava desgastes, fissuras e diversas infiltraçõesexpondo a ferragem ao processo de oxidação. Nolocal do desabamento a espessura da laje era de6,5cm e era formada por 2 a 2,5cm de argamassapara complementação da laje.Os Peritos não visualizaram na estrutura contínuaao local do desabamento a ferragem longitudinal dopiso da arquibancada (ver Fig. 05). Verificaram queno local sinistrado e regiões contíguas, haviaevidências de falta de manutenção da estrutura,levando-a ao desgaste excessivo do concreto pelasinfiltrações através das fissuras na estrutura, corrosãogeneralizada dos elementos de aço e conseqüentesreduções de seus diâmetros.Pelas evidências, os Peritos inferiram que, nomomento da ocorrência, as vítimas estavamposicionadas na arquibancada, quando a estrutura dalaje rompeu, permitindo que caíssem de uma alturade 17,40m, em queda livre, até atingir a área da escadaexterna do setor, chocando-se com obstáculosintermediários da estrutura. Em inspeção posteriorverificou-se que a parede externa da lajeintermediária, localizada entre os anéis superior einferior, teve suas lanças (objetos de ferro pontiagudocolocados na face superior para evitar invasões)arrancadas e danificadas pelo choque das vítimas epedaços de laje que caíram sobre ela.

Figura 01 – Vista em planta do Estádio, destacando o setor nordeste;

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Figura 02 – Vista em corte do anel superior e da 5ª Torre de iluminação

Figura 03 – Croqui com detalhe da rutura trapezoidal do piso da escada

Figura 04 – Detalhe do rompimento do piso da escada

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05 – Croqui do local da rutura e indicação da armadura do piso da escada

3. NORMAS E INFORMAÇÕES DEPROJETOApesar do desenvolvimento de novos materiais,técnicas e métodos, ainda existem sérias limitações,que aliadas às falhas involuntárias, imperícia,deterioração e acidentes, resultam em desempenhosinsatisfatórios de algumas estruturas, para as quaisforam projetadas.De acordo com a NBR 6118 (2004), “Por vida útilde projeto, entende-se o período de tempo durante oqual se mantêm as características das estruturas deconcreto, desde que atendidos os requisitos de uso emanutenção prescritos pelo projetista e peloconsumidor, bem como de execução dos reparosnecessários decorrentes de danos acidentais”.Destaca também que, “O conceito de vida útil aplica-se à estrutura como um todo ou às suas partes. Dessaforma, determinadas partes das estruturas podemmerecer consideração especial com valor de vidaútil diferente do todo. A durabilidade das estruturasde concreto requer cooperação e esforçoscoordenados de todos os envolvidos nos processosde projeto, construção e utilização,...”.Foram obtidas do projeto estrutural do anel superiorda Fonte Nova informações técnicas sobre odetalhamento, concreto e armaduras utilizados. Osvalores foram:• Cobrimento das vigas = 1,5cm;• Cobrimento das lajes = 0,5cm;• Resistência característica do concreto àcompressão: f

ck= 15MPa;

• Altura das lajes: h = 7,0cm;• Aço para as armaduras das lajes: CA60;• Armadura transversal (menor dimensão) dalaje: ø 3,4 mm a cada 15cm;• Armadura longitudinal (maior dimensão) dalaje: 3 ø 3,4mm.De acordo com a norma vigente à época daconstrução – NB1 (1960), os valores de projetoatendiam ao padronizado. Observe-se que esta normanão contemplava a análise das cargas dinâmicas nasestruturas.Na norma atualmente em vigência, a NBR 6118(2004) – Projeto de Estruturas de Concreto, estáprevista a Análise dinâmica das estruturas e osvalores de cobrimento são:• Cobrimento das vigas = 3,0cm;• Cobrimento das lajes = 2,5cm;

As normas brasileiras que contemplam a manutençãode edificações são:- NBR 5674 (1999) – Manutenção de edificações –Procedimento (versão anterior de 1980);- NBR 14037 (1998) – Manual de operação, uso emanutenção das edificações – Conteúdo erecomendações para a elaboração e apresentação.

De acordo com a NBR 5674, “A manutenção deedificações é um tema cuja importância temcrescido no setor da construção civil, superandogradualmente a cultura de se pensar o processo

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de construção limitado até o momento quando aedificação é entregue e entra em uso”.“As edificações são o suporte físico para arealização direta ou indireta de todas asatividades produtivas, e possuem, portanto, umvalor social fundamental. Todavia, as edificaçõesapresentam uma característica que as diferenciade outros produtos: elas são construídas paraatender seus usuários durante muitos anos, e aolongo deste tempo de serviço devem apresentarcondições adequadas ao uso que se destinam,resistindo aos agentes ambientais e de uso quealteram suas propriedades técnicas iniciais”.“É inviável sob o ponto de vista econômico einaceitável sob o ponto de vista ambientalconsiderar as edificações como produtosdescartáveis, passíveis da simples substituição pornovas construções quando seu desempenho atingeníveis inferiores ao exigido pelos seus usuários.Isto exige que se tenha em conta a manutençãodas edificações existentes, e mesmo as novasedificações construídas, tão logo colocadas emuso, agregam-se ao estoque de edificações a sermantido em condições adequadas para atenderàs exigências dos seus usuários”.“Estudos realizados em diversos países, paradiferentes tipos de edificações, demonstram queos custos anuais envolvidos na operação emanutenções das edificações em uso variam,entre 1% e 2% do seu custo inicial. Este valorpode parecer pequeno, porém acumulado aolongo da vida útil das edificações chega a serequivalente ou até superior ao seu custo deconstrução”.“A omissão em relação à necessária atenção paraa manutenção das edificações pode serconstatada nos freqüentes casos de edificaçõesretiradas de serviços muito antes de cumprida asua vida útil projetada (pontes, viadutos, escolas),causando muitos transtornos aos seus usuáriose um sobrecusto em intensivos serviços derecuperação ou construção de novasedificações”.“Economicamente relevante no custo global dasedificações, a manutenção não pode ser feita demodo improvisado e casual. Ela deve serentendida como um serviço técnico, cujaresponsabilidade exige capacitação apurada.Para se atingir maior eficiência na administraçãode uma edificação ou de um conjunto deedificações é necessária uma abordagemfundamentada em procedimentos organizados em

um sistema de manutenção, segundo uma lógicade controle de custos e maximização da satisfaçãodos usuários com as condições oferecidas pelasedificações”.A literatura especializada preconiza ser convenienteque se faça uma avaliação da estrutura nos casosem que ocorrer pelo menos um dos itens seguintes:A)Suspeitas de erros de projeto, devido ao surgimentode, por exemplo, grandes deformações;B)Grande deterioração dos elementos estruturais ouhá a consideração de um risco à estabilidade daedificação;C)Acidentes ou danos à estrutura;D)Reparos na estrutura para adaptação a novasutilizações;E)Alteração de utilização da edificação (cargadinâmica no caso do acidente);F)Mudança de proprietário da edificação (mudançade gestão no caso de prédio público).Conforme se observa, a avaliação preconizada éjustificada pela verificação dos itens B, C, E e Facima listados.

4. ENSAIOS E EXAMES DOS MATERIAISA partir de alguns pedaços da laje desabada foramrealizados diversos ensaios pela Escola Politécnicada Universidade Federal da Bahia para comprovaçãoda qualidade dos materiais da estrutura daarquibancada no local do acidente, cujos resultadose metodologias empregados são informados a seguir:- Análise do PHMetodologia: realizou-se ensaio em duas amostrasutilizando-se método proposto no livro AnáliseInorgânica Quantitativa, do original Vogel’s Textbookof Quantitative Inorganic Analysis, 1981, EditoraGuanabara, Rio de janeiro.Resultado: 11,64 e 11,89- Análise de cloretosMetodologia: realizou-se ensaio em duas amostrasutilizando-se o método do tiocianato férrico, seguindoo procedimento do aparelho espectofotômetro B572da Micronal.Resultado: Teores de 0, 01% e 0,02%- Potencial de corrosão da armadura contida noconcretoMetodologia: realizou-se ensaio em duas armadurasde uma amostra utilizando-se método adaptado aoproposto pela ASTM C 876.Resultado: - 493 mV vs CuSO4

Obs.: tendo em vista os resultados obtidos em 4amostras de referência, adotou-se o resultado deapenas uma das armaduras.

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- Ensaio de resistência à compressão do ConcretoMetodologia: tomou-se como referência paraextração dos testemunhos a NBR 7680:2007. Apósos ensaios foram aplicados fatores de correção nasresistências à compressão em função da relaçãoaltura / diâmetro, recomendado pela NBR 5739:2007.Foram realizados ensaios em 8 amostras coletadasnos dois degraus imediatamente abaixo ao querompeu.

Resultado: valores entre 34,7 e 47,4 Mpa. - Ensaio de tensão máxima de rutura em barras deaçoMetodologia: realizados conforme recomendação daNBR ISSO 6892/2002. Foram feitos ensaios em trêsamostras contidas nos pedaços de concreto da lajedesabada e em três amostras das barras da viga ondeocorreu a rutura do concreto.

Obs.: *Em face do grau de corrosão das amostras04, 05 e 06, não foi possível medir o alongamentoapós a rutura.

5. CONCLUSÃOCom base nos resultados das perícias e dos ensaiosrealizados, é conclusivo que os materiais empregadosatendiam às especificações do projeto no que serefere à resistência do concreto à compressão. Osmateriais não estavam contaminados com cloretos eo resultado do pH não comprometia o ambiente aoqual estava submetida a estrutura.O projeto estrutural estava de acordo com a normavigente NB 1 (1960) nos quesitos de cobrimento,armadura da ferragem e solicitações estáticas (nãoeram consideradas cargas dinâmicas).Nas diversas visitas ao local do acidente pôde-secomprovar erros de execução, tais como, cobrimentoinsuficiente da armadura e espessura da laje que nãoobedecia o especificado no projeto (h=7cm), bemcomo, a ligação deficiente da laje com a viga,resultante de falhas no tratamento da junta deconcretagem quando da execução da obra. Aliado aestas deficiências, a estrutura do Estádio OctávioMangabeira (Fonte Nova), setor Nordeste, possuíainfiltrações, fissuras, exposição de ferragens, corrosãodo aço com redução de diâmetro e rutura,desprendimento de pedaços de concreto por falta deaderência com a ferragem oxidada, o que tornava aestrutura debilitada para suportar os esforços a qualera submetida. A causa mais relevante de ocorrência

do acidente foi a falta de manutenções preventivas ecorretivas da estrutura, de forma sistemática, ao longode sua existência, o que levou ao rompimento daarmadura na ligação da laje com a viga, devido,principalmente, a seu alto grau de corrosão.

6.BIBLIOGRAFIAAssociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)– NBR 6118 (2004) – Projeto de Estruturasde Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro,Março/2004;SOUZA, V.C.; RIPPER, T. (1998) – Patologia,recuperação e reforço de estruturas de concreto.São Paulo: PINI, 1998;GOMIDE, T.L.F.; PUJADAS, F.Z.A;FAGUNDES NETO, J.C.P (2006) – Técnicas deInspeção e Manutenção Predial. São Paulo:PINI, 2006;Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)– NBR 14037 (1998) – Manual de Operação,Uso e Manutenção. Rio de Janeiro, 1998;Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)– NBR 5674 (1999) – Manutenção deEdificações – Procedimento. Rio de Janeiro,1999;BECKMANN, P. (1995) – Structural Aspectsof Building Conservation. McGraw-Hill.International series in civil engineering. Londres,1995.

01 3,4 0,073 3,44 563 690 7,702 3,4 0,073 3,44 666 797 8,303 3,4 0,070 3,38 623 658 5,104 12,5 0,681 10,51 * 527 *05 12,5 0,927 12,26 * 661 *06 12,5 0,869 11,87 * 668 *

Amostra Diâmetronominal (mm)

Massa linear (kg/m)

Diâmetroreal (mm)

Tensão deescoamento

(MPa)

Resistênciamáxima (MPa)

Alongamento(%)

SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA: DOS DIREITOS HUMANOS ÀÉTICA INSTITUCIONAL

Ponto de Vista

Emanuelle Ribeiro de OLIVEIRAPerita Odonto-Legal

Instituto Médico Legal Nina Rodrigues

A história dos direitos da pessoa humana confunde-secom a luta da humanidade pela realização de seus anseiosdemocráticos, datando da mais remota antigüidade asprimeiras iniciativas neste sentido (FARIAS, 2003). Aslutas que se processaram por milênios em que os homensmoldavam sua sociedade ensejando várias formas deorganização e estruturas culturais, codificações de éticaem leis civis e penais, traduziram suas aspirações naprocura de se reduzir a arbitrariedade em busca de umamelhor dimensão de vida (PIVATTO, 2000).Para Moraes (2007, p. 21) os direitos humanosfundamentais constituem um “conjunto institucionalizadode direitos e garantias do ser humano que tem porfinalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio desua proteção contra o arbítrio estatal, e o estabelecimentode condições mínimas de vida e desenvolvimento dapersonalidade humana”.Buoro et al. (1999) mencionam que os primeiros direitosincorporados às constituições foram os chamados direitoscivis e dizem respeito principalmente à liberdade de ir e vir,de expressão, de pensamento e crença, sendo invocadospara proteger os cidadãos na luta contra os regimesautoritários e as ditaduras. Posteriormente vieram os direitospolíticos, também contribuindo para a consolidação dasociedade moderna e, por fim, os direitos sociais, quetiveram grande desenvolvimento no século XX. FerreiraFilho (2007) adiciona, ainda, uma outra geração dos direitosfundamentais: a dos direitos de solidariedade (oufraternidade), ainda não plenamente reconhecida e queinclui o direito à paz, ao desenvolvimento, ao meio ambientee ao patrimônio comum da humanidade. A eles, algunsacrescentam o direito dos povos a dispor deles próprios(autodeterminação dos povos) e o direito à comunicação.Quirino; Montes (1986) definiram os direitos sociais comoaqueles que decorrem mais da preocupação com aigualdade do que com a liberdade, procurando eliminardiferenças.A perspectiva social agrega aos direitos humanos aparticipação no “bem-estar social”, entendido como osbens que os homens, através de um processo coletivo,vão acumulando no tempo (LIMA JÚNIOR, 2001).O respeito aos direitos humanos deve ser o principalfundamento da atuação policial, revelando à sociedadeum Estado legitimado a servir como modelo, como bem

destacou Rouanet. Os direitos humanos, especialmente aliberdade e a igualdade, podem ser considerados comoum indicativo da evolução moral da sociedade humana(BOBBIO, 1992).O princípio diz: “todos são iguais perante a Lei”. Todos oshomens devem ser tratados por igual. Para Aristótelesapud Gramstrup (2008), a primeira espécie de democraciaé aquela que tem a igualdade por fundamento.A igualdade implica: participação de todos naresponsabilidade e nas decisões tomadas, objetivando obem-comum e pode ser considerada uma medida daliberdade.A história política contemporânea da América Latina temsido atravessada por inumeráveis exemplos deautoritarismo explícito. Basta recordar as ditaduras naBolívia, Brasil, o Cone Sul ou a América Central. Com osprocessos de abertura democrática, iniciados na décadade 1980, renasciam esperanças para um reestruturamentodas matrizes sociais e culturais, no entanto este caminhotem sido tortuoso e desgastante (VILLAVECES-IZQUIERDO, 2002).As relações das Polícias com a sociedade necessitamser repensadas, assim como as relações no interior dascorporações policiais, como forma de concretizar noâmbito da segurança pública, os ideais de democraciaparticipativa preconizados na Constituição de 1988.

Democratizar o processo decisório em segurança públicae criar condições de igualdade em âmbito das açõespoliciais certamente, se refletiria em ações mais positivasjunto à sociedade.O ser humano é chamado para viver em grupo numprocesso de interação contínua e constante (CAMARGO,2002). As relações pessoais entre indivíduos sãodeterminadas e mediadas por suas relações sociais. Sãoestas últimas que determinam a vida ética ou moral dosindivíduos (CHAUI, 2000).A moral não pode ser concebida sem a liberdade; qualqueração, qualquer gesto, qualquer pensamento só tem valormoral se tiver sido concebido livremente. (ALBERONI,1990). Enfim, se a liberdade existe, a conduta humanatem significado moral pleno e a ética vai além da moral:procura os princípios fundamentais do comportamentohumano; pode ser ensinada e aprendida (NALINI, 1999).

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A ética é a teoria ou a ciência do comportamentomoral dos seres humanos em sociedade, ou seja, éuma ciência de comportamentos humanos e trata-sede um comportamento pautado por normas(SANCHEZ VAZQUEZ, 2006). Não existe ética quevise prevalecer benefícios meramente individualistas,pois isto seria um caminho para o autoritarismo.Sem dúvida, a ética é direito e vontade de justiça,porém também é arte que deve ser aprendida diaapós dia. Normalmente o mundo de uma organizaçãoé permeado por conflitos, de modo que a ética servirápara regular relações, colocando limites e parâmetrosa serem definidos. Comportamentos antiéticos criamum ambiente social e de trabalho onde não há respeito,solidariedade, confiança e reconhecimento. A ética nosajuda a entender que um bom profissional não é aqueleque age como uma máquina, cumprindo ordensinconscientemente e deixando de impor limites entreos mundos profissional e pessoal (PASSOS, 2004).“A capacidade de se indignar diante das injustiças éo que ainda caracteriza o ser humano.” (NALINI,1999, p.119) e a democracia deve estar baseada noestado de direito.Algumas das funções das Polícias consistem em sereforçar os laços sociais: combater a falta de éticanas condutas profissionais; abandonar práticasintransigentes e autoritárias; interagir comconsciência, responsabilidade e zelo; servir eproteger. Para isto, necessita-se ampliar a consciênciano redescobrimento de valores atuando com estritorespeito aos direitos humanos, sabendo que o primeirocompromisso do profissional deve ser o de bemconhecer a ética e praticá-la.A vida nas organizações, assim como na sociedadeem geral, repousa em valores, pois são eles quedefinirão as regras de conduta e as ações a seremrealizadas ou não (PASSOS, 2004).O ser humano compõe sua vida socialmente. Asinstituições são sistemas sociais e assim deve-sereconhecer que o processo social também se iniciaem âmbito interno organizacional, implicando naconscientização e aplicação ética de todos que fazemparte da estrutura corporativa de uma organização.O direito a segurança é, pois, uma questão social.Considerando que os representantes da SegurançaPública atuam como o elo mais próximo entre asociedade e o Estado, a Polícia pode também exercero seu papel orientador da sociedade, revelando-lhevalores sociais e éticos imprescindíveis aoestabelecimento de uma sociedade mais justa,solidária e democrática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ALBERONI, Francesco; VECA, Salvatore. Oaltruísmo e a moral. Rio de Janeiro: Rocco, 1990. 103p.BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio deJaneiro: Campus, 1992.BUORO, Andréa et al. Violência urbana: dilemase desafios. São Paulo: Atual, 1999.CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética gerale profissional. 3 ed. Petrópolis:Vozes, 2002. 108p.CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:Ática, 2000.FARIAS, Aureci Gonzaga. A polícia e o ideal desociedade. Campina Grande: EDUEP, 2003.FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. DireitosHumanos Fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2007.GRAMSTRUP, Erik Frederico. O Princípio daIgualdade. Disponível em < http://www.hottopos.com/videtur17/erik.htm> , acesso em:18 de junho de 2008.LIMA JÚNIOR, Jayme Benvenuto. Os direitoseconômicos, sociais e culturais. Rio de Janeiro:Renovar, 2001. 292p.MORAES, Alexandre. Direitos HumanosFundamentais. São Paulo: Saraiva, 2007.NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 2ed. São Paulo: ed. Revista dos Tribunais, 1999. 327 p.PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações. SãoPaulo: Atlas, 2004.PIVATTO, Pergentino S. Ética da alteridade. In:OLIVEIRA, Manfredo A. de (Org.) CorrentesFundamentais da Ética Contemporânea.Petrópolis: Vozes, 2000.QUIRINO, Célia Galvão; MONTES, Maria Lúcia.Constituições. São Paulo: Ática, 1986.ROUANET, Luiz Paulo. Ética e direitos. Disponívelem: <www.faac.unesp.br/pesquisa/tolerancia/texto_etica_rouanet.htm>, acesso em 22 de julho de 2008.SANCHEZ VAZQUEZ, Adolfo. Ética. 28 ed. Riode Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.VILLAVECES-IZQUIERDO, Santiago. Policia e asociedade civil: desafios para a formação de policiais.Culturas institucionais e direitos humanos. In:ZAVERUCHA, J.; ROSÁRIO, M.; BARROS, N.(Org.) Políticas de Segurança Pública: dimensãoda formação e impactos sociais. Recife: FundaçãoJoaquim Nabuco, Massangana, 2002.

Correspondência para / Correspondence to:Emanuelle Ribeiro de Oliveira – Perita Odonto-LegalInstituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR- BA).Av. Centenário s/n - Vale dos Barris – Salvador – BACEP: 40.100-180 - E-mail: [email protected]

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Destinada a divulgar trabalhos científicos e pesquisasproduzidas pelos profissionais que atuam no Departamento dePolícia Técnica do Estado da Bahia (IMLNR, ICAP, IIPM, LCPT,DI), nas mais diversas áreas de conhecimento, conformeresolução do Diretor Geral, Raul Coelho Barreto Filho. Ostrabalhos devem seguir as normas abaixo relacionadas:

1º - A Revista Prova Material será aberta, preferencialmente, aprofissionais da Polícia Científica, e, destinada à publicação dematérias, que, pelo seu conteúdo, possam contribuir para aformação e o desenvolvimento científico, além da atualizaçãodo conhecimento nas diferentes áreas do saber.

2º - A revista científica do DPT terá periodicidade quadrimestralcom tiragem inicial de mil exemplares e distribuição interna, emcongressos, simpósios e eventos onde o Departamento dePolícia Técnica da Bahia estiver representado.

3º - A responsabilidade de recebimento, seleção e edição domaterial será do Editor (a) e do Secretário. O Conselho Editorial,formado por profissionais lotados no DPT, ICAP, IML, IIPM,Diretoria do Interior e LCPT, analisará o material recebido eemitirá pareceres. O calendário de publicação da revistaCientífica bem como as datas de fechamento de cada ediçãoserão definidas pelo editor (a) da revista em consonância como conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias.

4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará em sua revistacientífica os seguintes trabalhos:

I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricas oupráticas referentes à pesquisa e trabalhos, que atinjamresultados conclusivos e significativos, não devendoultrapassar 200 linhas;

II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nos quaissão apresentados resultados preliminares de pesquisa emcurso, ou recém concluídas, devendo ter no máximo 40 linhas;

III – Notas, entendidas como complementos de trabalho jápublicados, dissertações ou comentários de autoria própria oude outro, devendo ter no máximo 40 linhas;

IV – Artigos de revisão ou atualização, que correspondam atextos preparados por especialistas, a partir de uma análisecrítica da literatura sobre determinado assunto de interesse dacomunidade de peritos, não devendo ultrapassar 100 linhas;

V – Relatos de Casos, que correspondam à descrição de casosverídicos e de relevância técnico-científica que foramtrabalhados pelo(s) autor (es), não devendo ultrapassar 100linhas.

5º - A entrega dos originais para a revista obedecerá aosseguintes requisitos:

I – O artigo original e o de revisão ou atualização deverão seracompanhados, obrigatoriamente, de resumo em português,que não exceda 70 linhas, resumo em inglês fiel ao resumo emportuguês. O autor deve fornecer o(s) nome(s) do(s) autor(s) eda instituição que o elaborou. Serão mencionados auxílios oudados relativos à produção do artigo e seus autores.

II – Os trabalhos relativos à pesquisa experimental devem tertodas as informações necessárias que permitam ao leitor avaliarconclusões do autor.

III - Os artigos originais deverão conter, obrigatoriamente, título,nomes(s) autor (es), introdução, material e métodos, resultado,discussão e conclusão (os três últimos itens podem seragrupados em um só) e bibliografia citada.

IV – Todos os trabalhos devem ser elaborados,preferencialmente, em português e encaminhados em duas vias,com texto corrigido e revisado, além de gravado em disqueteou CD. Uma das vias deve estar identificada e a outra não.

V – As ilustrações e tabelas com respectivas legendas devemser confeccionadas eletronicamente, indicando o programautilizado para sua produção.

VI – A bibliografia e as citações bibliográficas, quando exigidas,deverão ser elaboradas de acordo com as normas dedocumentação da ABNT – 6023.

VII – O papel utilizado é o A4 (210x297), impresso de um sólado, espaço 1,5 cm de entrelinhas, margem 2 cm de cada umdos lados. O corpo do texto deverá estar em caixa alta e baixa,tamanho/fonte 12. O título e subtítulo deverão estar em caixaalta tamanho/fonte 14, tipo Times New Roman.

VIII – As ilustrações e tabelas devem estar em preto e branco.

6º - O Conselho Editorial poderá propor ao editor (a) adequaçãodos procedimentos de apresentação dos trabalhos àsespecificidades da área.

7º- Serão permitidos, somente, trabalhos com no máximo 3 (três)autores.

8º- Ao autor serão oferecidos dois exemplares da edição emque o seu trabalho for publicado

9º- O original será entregue mediante comprovante derecebimento aos representantes do Conselho Editorial.

10º- Casos não previstos neste documento serão analisadospelo Conselho Editorial

11º - Os originais devem ser encaminhados ao ConselhoEditorial, na Coordenadoria de Comunicação e Cerimonial, 2ºandar do DPT, e contatos mantidos também pelo telefone 0 713116 8792, Fax símile 071 3116 8787.E-mail: [email protected].

Prova Material 29

da Segurança Pública