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1. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
Desde tempos remotos que o Homem tem tido a necessidade de classificar os seres vivos. Para tal,foram desenvolvidos diversos sistemas de classificação que, com o aumento do conhecimento cien-tífico e o desenvolvimento da tecnologia, evoluíram ao longo do tempo. A Sistemática é a ciênciaque estuda a biodiversidade e a evolução dos seres vivos ao longo do tempo. O seu objetivo é de-terminar as relações evolutivas e expressá-las em sistemas taxonómicos.
1.1. Diversidade de critérios
Os sistemas de classificação (fig. 1) ajudam a clarificar as relações entre os diferentes organismos,a designar corretamente os organismos em estudo e a organizá-los de acordo com as suas carac-terísticas. De acordo com os critérios utilizados, os sistemas de classificação podem dividir -se em:
Bio | U8 | Sistemática dos seres vivos
RESUMO
124
O desenvolvimento da ciência (ex.: Teoria Cromossómica da Hereditariedade) e da tecnologia (ex.:microscópio eletrónico) promoveram o desenvolvimento da sistemática. Existem, na atualidade,duas escolas de classificação:
� Fenética: tem por base as seme-lhanças morfológicas dos seresvivos. Assim, por exemplo, os cro-codilos são agrupados juntamentecom as tartarugas, as cobras e oslagartos (fig. 2B).
� Filética: baseia-se na relação evo- lutiva existente entre os seres vivos,recorre a diversos argumentos(ex.: bioquímicos e embriológicos).Segundo esta perspetiva, por exem- plo, os crocodilos são agrupadoscom as aves (fig. 2A).
Práticos: os organismos são agrupados segundo critériosde utilidade para o Homem (ex.: alimentos comestíveis e ali-mentos venenosos). Foram os primeiros sistemas de clas-sificação usados.
Horizontais: não tem emconta a evolução dos orga-nismos nem o fator tempo.Po dem ser artificiais quan -do têm por base um númeroreduzido de característicasou naturais se o número decaracterísticas usado for ele- vado.
Verticais: tem em con-sideração a evolução dos organismos e o fatortem po. São denomina-dos filogenéticos umavez que os organismossão agrupados de acor -do com as suas rela-ções evolutivas.
Sistemas de classificação
Práticos Racionais
Artificiais
Horizontais Verticais
Naturais Filogenéticos
Atualidade
A
B
Mamíferos
Répteis ancestrais
Grau de diferença
Mamíferos
Tem
po
Aves
Aves
Crocodilos
Crocodilos
Dinossauros
Lagartos
Lagartos
Cobras
Cobras
Tartarugas
Tartarugas
oseramíffeMAtualidadeA
es odilos LagarvA ocrC tarugasos astLagar obrC arTTa tarugas
tualidadeA
emp
oTTe
osDinossaur
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BoseramíffeM os
ençaerau de diffeGr
aisestreis ancéptR
obrtLagartarugas CarTTa odilos esvAas ocrCobr
Fig. 2 – Classificação filética (A) e fenética (B).
Fig. 1 – Sistemas de classificação.
Racionais: os seres vivos são agrupados com base em ca-racterísticas morfológicas, fisiológicas e anatómicas quelhes são inerentes.
Critérios de classificação dos seres vivos
Para classificar os seres vivos é necessário recorrer a vários critérios, destacando-se:
Bio | U8 | Sistemática dos seres vivos
RESUMO
MorfologiaRefere-se a características corporais, presença de órgãos homólogos, análogos,vestigiais e fases de desenvolvimento.
Estratégianutritiva
É relativa à diversidade de mecanismos de obtenção de matéria orgânicanomeadamente autotrofia (foto e quimioautotrofismo) e heterotrofia (ingestão eabsorção).
Simetriacorporal
Diz respeito à presença ou ausência de planos de simetria corporal (ex.: simetriabilateral).
BioquímicaQuando se recorre a análises comparativas de moléculas comuns aos seres vivos,nomeadamente DNA e proteínas.
CariologiaCritério relativo ao estudo comparativo do cariótipo (número e estrutura doscromossomas).
CitologiaRefere-se ao estudo comparativo dos seres vivos com base na organizaçãoestrutural das suas células e dos seus constituintes.
EmbriologiaÉ relativo a características evidenciadas pelos seres vivos durante odesenvolvimento embrionário.
Estratégiareprodutiva
Baseia-se na comparação entre os processos reprodutivos inerentes aos seresvivos.
1.2. Taxonomia e Nomenclatura
A Taxonomia é um ramo da Sistemática que estudaa classificação dos seres vivos e a nomenclatura dosgrupos formados, ajudando a perceber as relaçõesevolutivas entre os seres vivos.A taxonomia usada atualmente foi proposta por Lineuno século XVIII. Baseia-se num conjunto hierarquizadode unidades (categorias) denominadas por taxon.
Os taxa (plural de taxon) existentes, por ordem cres-cente de parentesco, são: Reino, Filo, Classe, Ordem,Família, Género, Espécie (fig. 3).
Da espécie até ao reino constata-se um aumento donúmero de indivíduos e da heterogeneidade das suascaracterísticas, e a diminuição do seu grau de paren-tesco.
A espécie é o único taxon natural, e diz respeito a umconjunto de indivíduos que partilham o fundo gené-tico, podem cruzar-se entre si e originar descenden-tes férteis (conceito biológico de espécie).
Fig. 3 – Diferentes taxa.
Regras básicas de nomenclatura científica:
� Na nomenclatura dos seres vivos é usado o latim (em itálico ou sublinhado), seguindo as regraselaboradas por Lineu (1707-1778).
� A espécie apresenta nomenclatura binominal (ex.: Canis lupus): o primeiro termo corresponde aogénero e o segundo termo ao restritivo específico.
� A designação do género é iniciada com letra maiúscula, e o restritivo específico é escrito sempreem minúsculas.
� A seguir à designação científica de espécie, deve constar o autor e a data em que o ser vivo foidescrito pela primeira vez.
� A subespécie tem nomenclatura trinominal e todos os taxa superiores à espécie e apresenta no-menclatura uninominal.
2. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE WHITTAKER MODIFICADO
� Até ao século XIX os seres vivos estavam organizados nos reinos Plantae e Animalia. Esta clas-sificação, proposta por Aristóteles no século IV a.C. e usada por Lineu, tinha por base o critérioda locomoção (imóvel/móvel) e da forma de obtenção de alimento (autotrófico/ heterotrófico).
� O desenvolvimento tecnológico (ex.: microscópio) levou Haeckel a propor, em 1866, a criação doreino Protista. Neste reino, agrupou todos os organismos unicelulares e multicelulares sem di-ferenciação celular e que poderiam ser os ancestrais de animais e plantas.
� Em 1965, Copeland propôs a criação do reino Monera, baseando-se em argumentos bioquími-cos e citológicos, agrupando todos os procariontes. Este cientista também transferiu do reinoPlantae para o reino Protista as algas vermelhas, algas castanhas e todos os fungos.
� Whittaker, em 1969, propôs a criação do quinto reino – reino Fungi, onde agrupou todos os fun-gos. A classificação de Whittaker teve como base: o nível de organização celular, o modo de nu-trição e a interação nos ecossistemas. Em 1979, Whittaker reformulou o seu sistema de classi-ficação, incluindo os fungos flagelados e as algas no reino Protista, ficando a ser denominadocomo sistema de Classificação de Whittaker Modificado.
Bio | U8 | Sistemática dos seres vivos
RESUMO
126
Lineu, 17352 reinos
Haeckel, 18663 reinos
Chatton, 19252 domínios
Copeland, 19654 reinos
Whittaker, 1969/19795 reinos
Não tratado Protista
Prokaryota Monera Monera
Eukaryota
ProtoctistaProtista
Fungi
Vegetabilia Plantae Plantae Plantae
Animalia Animalia Animalia Animalia
Nome dogénero
Restritivoespecífico
Nome da espécie
Nome dasubespécie
Autor dadescrição
Data depublicação
Panthera tigris tigris Linnaeus, 1758
Principais características dos reinos definidos por Whittaker (1969)
Bio | U8 | Sistemática dos seres vivos
RESUMO
127
Chatton, 19252 domínios
Woese, 19776 reinos
Woese, 19903 domínios
ProkaryotaEubacteria Bacteria
Archaebacteria Archae
Eukaryota
Protista
EukaryaFungi
Plantae
Animalia
Reino Monera Protista Fungi Animalia Plantae
Tipo de célula Procariótica Eucariótica Eucariótica Eucariótica Eucariótica
Organizaçãocelular
Unicelulares,solitários ou
coloniais
Unicelulares,coloniais ou
multicelulares
Multicelulares (a maioria)
Multicelulares Multicelulares
Modo denutrição
Autotrofismo(fotossíntese equimiossíntese) e heterotrofismo
(absorção)
Autotrofismo(fotossíntese)
e heterotrofismo(absorção e
ingestão)
Heterotrofismo(absorção)
Heterotrofismo(ingestão)
Autotrofismo(fotossíntese)
Interaçõesnos
ecossistemas
Produtores e microcon -sumidores
Produtores,micro e
macrocon -sumidores
Microcon -sumidores
Macrocon -sumidores
Produtores
Exemplos BactériasAlgas,
paraméciasLeveduras,cogumelos
Cão, tubarão Musgo, carvalho
O desenvolvimento da tecnologia e da ciência tem um elevado impacte ao nível da classificaçãodos seres vivos, pelo que novos sistemas de classificação tem vindo a ser propostos.
� Muitos cientistas usam a terminologia domínio, como um nível de classificação superior a reino.Margulis e Schwartz defenderam a existência de dois domínios: Prokarya (integra o reino Mo-nera) e o Eukarya (engloba os reinos Protista, Fungi, Animalia e Plantae).
� Carl Woese e os seus colaboradores, com base em critérios moleculares (ex.: sequências nu-cleotídicas de RNA ribossómico), propuseram a divisão dos organismos em três domínios: Bac-teria, Archaea e Eukarya. O domínio Eukarya integrava os reinos Protista, Fungi, Animalia ePlantae, enquanto os procariontes se apresentam divididos em dois reinos: o Archaebacteria eo Eubacteria. Assim, esta classificação consiste em três domínios e seis reinos.
Bio | U8 | Sistemática dos seres vivos
MAPA DE CONCEITOS
128
Relações mais relevantes entre a U8 e outras unidades do programa
Tendo em conta que em Biologia tudo deve ser analisado numa perspetiva integrada e sequencial, aU8 pode ser relacionada de forma simples com a maioria das unidades da Biologia do 10.o e 11.o ano.Toda a temática de sistemática dos seres vivos recorre às suas características morfofisiológicas ebioquímicas, bem como a estratégias nutritivas. Deste modo, é necessário integrar e relacionarcompetências adquiridas ao longo das diversas unidades. De uma forma mais específica, a U8 podeser diretamente relacionada com:
• Módulo Inicial da Biologia (10.o ano) – a organização celular e os principais compostos bioquí-micos são abordados como a unidade estrutural e funcional dos seres vivos e constituem-se comocritérios para classificar os organismos e distribui-los em grupos.
• U1 (10.o ano) – a forma como os organismos obtêm a matéria é um dos critérios base usado nasistemática dos seres vivos. Desde os tempos mais remotos que os organismos são agrupados deacordo com o modo como obtêm o alimento.
• U7 (11.o ano) – as conceções fixistas e evolucionistas influenciam os sistemas de classificação.As classificações filogenéticas refletem a existência de um ancestral comum e a evolução de vá-rios grupos de organismos a partir dele. Como tal, é possível relacionar os modelos de classifi-cação dos seres vivos com a teoria que lhe está subjacente.
estuda
com base em
podem ser
baseia-se na envolve a destacando-se
elabora
que define
permiteestudar
define
nomeadamente
o seuprincipalobjetivo
Biodiversidadee evolução dos
organismos
classificaros
organismos
Sistemaspráticos
Sistemasracionais
TaxaÁrvores
filogenéticas
Evoluçãodos
organismos
ReinoAnimalia
ReinoPlantae
ReinoFungi
ReinoProtista
ReinoMonera
Naturais
ArtificiaisFiloReino Classe Ordem Família Género Espécie
Taxonomia FilogeniaClassificaçãode WhittakerModificada
SISTEMÁTICA
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
159
2. PROCESSOS E MATERIAIS GEOLÓGICOS IMPORTANTES EMAMBIENTES TERRESTRES
Como se formam os principais tipos de rochas?
As rochas são massas formadas por agregados de um ou mais minerais, podendo incluir outros ma-teriais naturais. Existem três tipos principais de rochas: magmáticas, sedimentares e metamórficas.
2.1. O ciclo das rochas esquematiza as etapas de formação das rochas
O ciclo das rochas per-mite percecionar as cons- tantes transformaçõesdas rochas (fig. 1). Estassão “arquivos” que for-necem importantes in-formações sobre a his-tória da Terra.
2.2. Propriedades dos minerais
Os minerais são corpos naturais, sólidos e inorgânicos que possuem uma estrutura cristalina in-terna ordenada e uma composição química definida dentro de certos limites. A identificação dos mi-nerais pode ser efetuada com base nas propriedades físicas e químicas, por microscopia petrográ-fica ou usando raios-X. As propriedades físicas dos minerais resultam das suas característicasestruturais e composicionais, e são:
• Clivagem – tendência que o mineral apresenta para quebrar ou dividir-se ao longo de superfíciesparalelas (planos de clivagem), que são zonas de ligações fracas.
• Fratura – tendência que o mineral tem para quebrar ao longo de planos irregulares.
• Brilho – capacidade de reflexão da luz nas superfícies frescas.
• Cor – os minerais podem ter uma cor característica (idiocromático) ou variável (alocromático).
• Densidade – relação entre a massa e o volume, sendo expressa em g/m3 .
• Magnetismo – capacidade que alguns minerais apresentam de ser atraídos por um íman.
• Traço ou risca – cor de um mineral ao ser reduzido a pó.
Fig. 1 – Ciclo geológico.
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
160
• Dureza - resistência do mineral ao ser riscado por outro. O mineral que risca é mais duro queaquele que é riscado. A dureza pode ser avaliada numa escala de 1 a 10 – escala de Mohs (fig. 2).
Fig. 2 – Escala de Mohs.
2.3. Rochas sedimentares
As rochas sedimentares formam-se a partir de rochas preexistentes - magmáticas, metamórficasou sedimentares, que incluem diversas etapas.
Processo Descrição
Meteorização
Alteração das rochasquando expostas acondições distintasdaquelas queestiveram na suaorigem.
MecânicaDesagregação de uma rocha ou mineral emfragmentos de menores dimensões semalterar a sua composição química.
QuímicaAlteração da composição química da rochapor reações de hidratação/desidratação,hidrólise, oxidação ou dissolução.
ErosãoOs produtos resultantes dos processos de meteorização podem ser removidos dolocal por ação de agentes, como por exemplo o vento, a água e o gelo.
TransporteMovimentação dos fragmentos erodidos para uma nova região por ação da água,vento ou gelo.
Deposição Sedimentação dos fragmentos por ação da gravidade em estratos sucessivos.
DiagéneseDepois de depositados, os sedimentos não consolidados sofrem afundamento,compactação, desidratação e redução de volume. Depois de ocorrer cimentação,origina-se uma rocha sedimentar consolidada.
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
161
Classificação das rochas sedimentares
As rochas sedimentares são as mais abundantes à superfície da Terra, sendo classificadas em:
Dimensão das partículas(diâmetro)
Sedimento (rocha não consolidada) Rocha consolidada
Maior do que 256 mm
Balastros
Blocos
Conglomerado64-256 mm Seixos, calhaus, burgaus, godos
2-64 mm Cascalho e areão
0,0625-2 mm Areia Arenito
0,0039-0,0625 mm Silte ou limo Siltito
Menor do que 0,0039 mm Argila (granulometricamente) Argilito
Os estratos sedimentares são limitados superiormente pelo teto e inferiormente pelo muro, for-necendo dados importantes na reconstituição da história geológica, com base nos Princípios:
100 km
Xistos (6)
Ardósias (5)
Arenito (4)
Calcário (3)
Ardósia (2)
Arenito (1)
Horizontalidade originalOs estratos depositam-se, por ação
da gravidade, numa posição horizontal.
InterseçãoNos estratos afetados por estruturas,
estas são mais recentes do que as
camadas intercetadas.
InclusãoNuma rocha constituída
por fragmentos de outras
rochas, a rocha que os
inclui é mais recente que
esses fragmentos.
Continuidade lateralUm estrato pode estender-se lateralmente
ao longo de uma grande distância, apresentando
a mesma idade em toda a sua extensão.
Identidade paleontológicaEstratos com o mesmo contéudo
fossilífero são contemporâneos.
SobreposiçãoA deposição dos estratos
ocorre por ordem cronológica
da base para o topo.
De 1 para 6 a idade das
rochas aumenta.
Rochas plutónicas
(mais recentes que
os calcários)
Fig. 3 – Princípios estratigráficos.
Detríticas
Formadas por detritos resultan-tes da erosão de outras rochas,classificando-se de acordo coma dimensão das partículas e dasua consolidação.
• Não consolidadas: argilas, sil-tes, areias e balastros.
• Consolidada: argilitos, arenitos,conglomerados e brechas.
Resultam da litificação de preci-pitados químicos (evaporação daágua ou alteração das suas pro-priedades, como por exemplo apressão e a temperatura).
• Evaporitos (gessos, halite); tar- vertino.
Resultam da litificação de restosde seres vivos ou da sua ativi-dade.
• Calcários biogénicos (ex.: reci-fal e conquífero).
• Petróleo.
• Carvões: turfa, lignite,hulha e antracite.
Quimiogénicas
Rochas sedimentares
Biogénicas
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
162
A preservação de restos de seres vivos ou de vestígios da sua atividade – fossilização – pode ocor-rer através de processos tão variados como (fig. 4):
� Preservação do organismo – conservação do organismo, onde se inclui dentes, ossos, espo-ros, pólen e algumas partes moles, em âmbar, gelo ou rocha dura, sem sofrerem alteração.
� Mineralização – substituição do material existente por novos minerais, mantendo o volume e aforma (epigenia) ou transformação de um mineral noutro, geralmente polimorfo (recristalização).
� Moldagem – preenchimento interno (molde interno) ou externo (molde externo) de um orga-nismo, ou parte dele, por sedimentos.
� Incarbonização – enriquecimento relativo em carbono, formando-se películas finas de carbonosemelhante ao carvão.
� Vestígios ou marcas fósseis – registos dos modos de vida (presença/atividade) dos organis-mos (ex.: pegadas, ninhos, pistas, tocas ou fezes).
Fig. 4 – Fósseis.
Existem dois tipos de fósseis muito importantes:
� Fósseis de idade – originários de organismos com uma ampla distribuição geográfica e umareduzida distribuição estratigráfica, permitindo datar os estratos e correlacioná-los.
� Fósseis de fácies - provenientes de seres com ampla distribuição estratigráfica, e reduzida dis-tribuição geográfica (ambientes restritos), permitindo reconstituir os paleoambientes.
Os fósseis são importantes para elaborar a escala estratigráfica, onde se representa a divisão dotempo geológico, em Eons, Eras, Períodos e Épocas, de acordo com o aparecimento ou na extinçãode organismos. Esta escala inclui os principais acontecimentos da história da Terra.
2.4. Rochas magmáticas
As rochas magmáticas formam-se por solidificação de um magma, que corresponde a uma mis-tura de materiais sólidos, líquidos e gasosos e que se forma na crusta ou no manto superior. De acordo com o local e a forma como o magma solidifica, o seu teor em sílica e em gases, as ro-chas formadas apresentam uma textura característica:
� Granular (ou fanerítica) - cristais observáveis a olho nu.
� Agranular (ou afanítica) - cristais não observáveis a olho nu.
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
163
Classificação dos magmas e das rochas magmáticas
� Os cristais possuem diferentes temperaturas de cristalização e de fusão. Os que cristalizam atemperaturas mais reduzidas são os primeiros a fundir quando a temperatura aumenta.
� A adição de água provoca a diminuição do ponto de fusão dos materiais, enquanto o incrementoda pressão provoca o aumento do ponto de fusão.
Como os materiais não possuem todos a mesma temperatura de fusão, ocorre uma diferenciaçãomagmática, pois à medida que os cristais se vão formando, a composição original do magma vaisofrendo alterações, formando-se rochas com composições química e mineralógica distintas.
O polimorfismo (mesma com-posição química e diferente es-trutura cristalina) e o isomor-fismo (igual estrutura cristalinae diferente composição química)permitem aumentar a variedadede minerais existente. Fig. 5 – O espaço disponível influencia a forma dos cristais.
Crescimento contínuo
Crescimento impedido
A
B
C
Euédrico – cristal com faces
perfeitas que se formou
sem limitações de espaço
Anédrico – a ausência de
faces perfeitas resulta da
limitação de espaço
O tamanho e a forma das faces doscristais dependem do espaço e dotempo que têm para crescer (fig. 5):
Magma Basáltico
Forma-se no manto,na ausência de água.
Magma Andesítico
Fusão da crusta con- tinental ou fusão par- cial das rochas basál-ticas e na presençade água.
Magma Riolítico
Fusão parcial das ro-chas da crusta conti-nental e na presençade água.
Fig. 6 – Classificaçãodas rochas magmáticascom base em diferentescritérios.
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
164
A Série de Bowen (fig. 7) é formada por uma série descontínua de minerais ferromagnesianos (com-posição e estrutura química diferentes) e por uma série contínua de plagioclases (composição quí-mica diferente, estrutura igual – isomorfos).
Temperatura
Fase inicial dacristalização(temperaturaselevadas)
Fase final dacristalização(baixastemperaturas)
Ortóclase (Feldspato)
Quartzo
Moscovite
Biotite
Anfíbola
Piroxena
OlivinaCristalização
simultânea
Albite
Anortite
Rico em sílica(riolítico)
Intermédio(andesítico)
Básico(Basáltico)
Pobre emSilica
Composição do Magma
Plagioc lase
(Fe
ldspato)
Dife
ren
ciaç
ãom
agm
átic
a
Na cristalização fracionada, os cristais que se formam aquando do arrefecimento de um magmaseparam-se da fração líquida porque se depositam no fundo do reservatório magmático ou porquea fração líquida migra devido a movimentos tectónicos.
2.5. Deformação das rochas: regime frágil e dúctil
As rochas, por ação da pressão e temperatura, podem sofrer deformações, mais intensas nos li-mites das placas tectónicas, adquirindo estruturas típicas e permanentes (fig. 8): dobras e falhas.
Existem dois principais regimes de deformaçãodas rochas – o dúctil (formação de dobras) e ofrágil (formação de falhas). O tipo de regime está associado a diversos fato-res. O aumento da pressão e da temperatura, queocorre com o incremento da profundidade, bemcomo o aumento do teor de água, tende a tornaras rochas mais plásticas e a dobrar, principal-mente as sedimentares. Perto da superfície, asrochas são menos plásticas e tendem a fraturarcom o aumento da pressão, originando falhas. Pelo tipo de estrutura que se forma é possível de-terminar o regime de deformação e as condiçõesem que ocorreu (fig. 9).
Fig. 7 – Série de Bowen – sequência de formação dos minerais das rochas magmáticas.
Fig. 8A – Dobra. Fig. 8B – Falha.
Forças compressivas Forças distensivas Forças de cisalhamento
Fraturação FraturaçãoFraturação
CisalhamentoEstiramentoDobramento
Falha inversa Falha normal Falha transformante
Fig. 9 – Regimes de deformação e o tipo de estruturas.
Eixo da dobra antiforma
Charneira
Plano horizontal Plano axial
Eixo
Ângulo demergulho
Eixo da dobra sinforma
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
RESUMO
165
2.6. Metamorfismo: agentes de metamorfismo e principais rochasmetamórficas
As rochas metamórficas resultam de alterações de rochas preexistentes, cuja textura e mineralo-gia sofre modificações no estado sólido e sob influência dos seguintes fatores de metamorfismo:
� Pressão – resulta do peso exercido pelas camadas de material que estão por cima (litostática)ou pode ser dirigida, em consequência da atividade tectónica (não litostática).
� Fluidos circulantes – aceleram a difusão dos elementos químicos, provocando reações quími-cas nas rochas por onde circulam.
� Temperatura – o seu aumento pode provocar a quebra de ligações químicas, alterando a es-trutura cristalina dos minerais.
Nas rochas metamórficas existem minerais índice que se formam em condições de pressão etemperatura específicas, permitindo caracterizar as condições em que o metamorfismo ocorreu eassim determinar o grau de metamorfismo.
Principais texturas e tipos de rochas metamórficas:
� Não foliada - os cristais não crescem ao longo de direções definidas e paralelas (ex.: texturagranoblástica). Está associada ao metamorfismo de contacto e regional.
� Foliada - os cristais crescem ao longo de planos paralelos e orientam-se de forma perpendicu-lar à direção de deformação. É uma textura comum no metamorfismo regional.
As rochas metamórficas permitem conhecer e compreender melhor o dinamismo da geosfera,refletindo, por exemplo, a existência de fenómenos geológicos que promoveram o encerramentoe a abertura de sucessivas bacias sedimentares oceânicas, em resultado das forças tectónicas.
Fig. 10 – Relação entre os tipos de metamorfismo e as rochas formadas.
Ardósia Filito
Pressão uniforme
(não litostática)(litostática)
Xisto
Gnaisse
Pressão direcionada
Metamorfismo decontacto
Ocorre próximo de intrusõesmagmáticas, associa do aoaumento de temperatura. Éobservável a formação deauréolas de metamorfismo.Provoca sobretudo alte-rações mineralógicas. Asro chas originais são con-vertidas em corneanas nocontacto com a intrusão.
Metamorfismo regional
Ocorre geralmente, ao lon -go dos limites convergen-tes das placas tectónicas,envolvendo um grande vo-lume de rochas da crusta.Provoca alterações textu-rais e mineralógicas.
Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
MAPAS DE CONCEITOS
168
cuja
s
que
pode
m s
er
pode
m c
onte
r
pode
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dem
ser
pode
m s
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ocor
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poon
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corr
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entif
icad
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igin
am
pode
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corr
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mas
soci
adas
aas
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aco
mpo
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por
pode
m s
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frem
def
orm
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Geo | T4 | Geologia – Problemas e materiais do quotidiano
MAPAS DE CONCEITOS
169
ligado a
em particularde
evolui para
associada a associadas a
com maiorpotencialidade
em
cuja atividadegeológica pode
incluir
onde seidentifica
implica
Rios
Baciashidrográficas
Erosão Transporte Sedimentação
Arribas Praias
ZonasCosteiras
Zonas deVertente
RiscoGeológico
Ordenamentode Território
Leito
Leito de cheia
Perfiltransversal
AbrasãoMarinha
Plataformasde Abrasão
Movimentosem Massa
OCUPAÇÃOANTRÓPICA
Relações mais relevantes entre a Geologia e outras unidades do programa
Como o Ciclo das Rochas, e todos os fenómenos tectónicos a ele associado, englobam a maioria dosfenómenos que ocorrem na Geosfera, o Tema IV pode ser facilmente articulado com as restantesunidades da Geologia do 10.o ano de escolaridade. No entanto, destacam-se as seguintes ligaçõesmais relevantes:
• Módulo Inicial da Geologia (10.o ano) – quando se estuda a Terra como um sistema, com inte-rações entre os subsistemas, abordam-se os assuntos numa ótica de gestão sustentável de re-cursos e de sensibilização para os impactes antrópicos e naturais. Estes conteúdos estão direta-mente relacionados com os capítulos 1 e 3 do Tema IV.No estudo das rochas como arquivos da história da Terra, é abordado o ciclo das rochas e a data-ção dos estratos, sendo abordados os fenómenos que ocorrem ao longo do ciclo e a importânciados fósseis para a reconstituição da história da Terra. Estes assuntos são aprofundados no capí-tulo 2 do Tema IV.A Teoria da Tectónica de Placas é abordada tendo por base as placas existentes e os fenómenosassociados, com estudo mais pormenorizado no capítulo 2 do Tema IV.
• Unidade 1 da Geologia (10.o ano) – o estudo da exploração dos recursos naturais e os impac-tes geológicos associados, assim como a produção crescente de resíduos e a necessidade de umdesenvolvimento sustentável, enfatiza o papel do Homem no equilíbrio dos ecossistemas, estandorelacionado com os capítulos 1 e 3 do Tema IV.
• Unidade 2 da Geologia (10.o ano) – no estudo do vulcanismo tem-se em conta os tipos demagma e o caráter eruptivo associado, assim como a relação com a tectónica e placas, sendoeste tópico novamente aprofundado no capítulo 2 do Tema IV.