135
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA Departamento de Estruturas e Fundações PEF-2404 PONTES E GRANDES ESTRUTURAS (NOTAS DE AULA) Prof. Dr. Fernando Rebouças Stucchi São Paulo 2006

1 Teoria Pontes

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA POLITCNICA Departamento de Estruturas e Fundaes

    PEF-2404 PONTES E GRANDES

    ESTRUTURAS

    (NOTAS DE AULA)

    Prof. Dr. Fernando Rebouas Stucchi

    So Paulo 2006

  • SUMARIO

    1. INTRODUO __________________________________________________________ 1 1.1. Evoluo histrica das pontes _________________________________________________ 2

    1.2. Concepo de pontes _________________________________________________________ 4

    1.3. Princpios bsicos da concepo _______________________________________________ 4

    2. SUPERESTRUTURA DE PONTES _________________________________________ 11

    2.1. Classificao das pontes conforme o tipo estrutural da superestrutura _______________ 11 2.1.1. Pontes em laje __________________________________________________________________ 11 2.1.2. Pontes em viga _________________________________________________________________ 12

    2.1.2.1. Ponte em duas vigas T, biapoiadas ____________________________________________ 12

    2.1.2.2. Ponte em grelha ____________________________________________________________ 14

    2.1.2.3. Ponte celular ______________________________________________________________ 15

    2.1.2.4. Sistemas longitudinais usuais _________________________________________________ 16

    2.1.3. Pontes em trelia, prtico, arco ou suspensas por cabos uma abordagem comparativa _______ 16

    2.2. Classificao das pontes conforme o mtodo construtivo ___________________________ 23 2.2.1. Pontes moldadas in loco sobre cimbramento fixo. ______________________________________ 23 2.2.2. Pontes moldadas in loco sobre cimbramento mvel. ____________________________________ 24

    2.2.3. Consolos sucessivos moldados in loco _______________________________________________ 26

    2.2.4. Consolos sucessivos pr-moldados __________________________________________________ 28

    2.2.5. Vigas pr-moldadas _____________________________________________________________ 32

    2.2.6. Lanamentos progressivos ________________________________________________________ 33

    2.2.7. Pontes estaiadas ________________________________________________________________ 37

    2.2.8. Pontes pnseis __________________________________________________________________ 38

    2.2.9. Associao de dois ou mais mtodos construtivos ______________________________________ 39

    2.3. Classificao das pontes conforme os materiais utilizados nas suas construes ________ 39 2.3.1. Pontes de concreto ______________________________________________________________ 39

    2.3.2. Pontes de ao e mista ao - concreto ________________________________________________ 40

    2.3.3. Pontes de madeira _______________________________________________________________ 45

    2.4. Estudo de alguns tipos estruturais, comportamento estrutural e teorias de clculo ______ 46 2.4.1. Estruturas de superfcie, uma introduo _____________________________________________ 46 2.4.2. Lajes _________________________________________________________________________ 47

    2.4.2.1. Comportamento estrutural das lajes ____________________________________________ 48 2.4.2.1.1. Laje retangular simplesmente apoiada ________________________________________ 48 2.4.2.1.2. Outros casos a considerar _________________________________________________ 56

  • 2.4.3. Pontes em vigas mltiplas (grelhas) ou celulares (caixes)______________________________ 63 2.4.3.1. Anlise da toro ___________________________________________________________ 63

    2.4.3.1.1. Barras de seo circular macia ou vazada ____________________________________ 63

    2.4.3.1.2. Barras de seo retangular macia ___________________________________________ 65

    2.4.3.1.3. Analogia de membrana (Prandtl 1903) ______________________________________ 66 2.4.3.1.4. Sees vazadas com dois eixos de simetria ____________________________________ 67

    2.4.3.1.5. Toro no uniforme _____________________________________________________ 68

    2.4.3.1.6. Centro de toro ou cisalhamento ___________________________________________ 74

    2.4.3.2. Estruturas em viga T nica ___________________________________________________ 76

    2.4.3.3. Pontes em duas vigas ________________________________________________________ 77

    2.4.3.4. Pontes em 3 ou mais vigas (Grelhas) ___________________________________________ 77 2.4.3.4.1. Processo de Courbon/Engesser _____________________________________________ 77

    2.4.3.4.2. Processo de Fauchart _____________________________________________________ 83

    2.4.3.5. Pontes celulares ____________________________________________________________ 90

    2.4.3.5.1. Sees unicelulares_______________________________________________________ 90

    2.4.3.5.2. Sees multicelulares _____________________________________________________ 95

  • 1

    1. INTRODUO

    O projeto de uma ponte ou grande estrutura o produto de um processo criativo constitudo de uma seqncia de alternativas, onde cada uma procura melhorar a anterior, at que

    se atinja uma soluo suficientemente boa para ser construda. Esse processo parte das condies locais, onde a obra deve ser implantada (topografia,

    geologia, condies climticas, trfego, etc.) e considerando os materiais e as tcnicas construtivas disponveis, os tipos estruturais e as teorias conhecidas, procura criar uma obra que

    atenda s funes previamente definidas, com uma srie de qualidades especificadas.

    Assim, preciso que a obra, alm de atender s funes para que foi construda, seja suficientemente segura, econmica e esttica. Ateno, no basta que a obra seja segura, ela deve ser econmica e esttica!

    Entende-se aqui por segura a obra que tem probabilidade aceitvel de manter suas

    caractersticas ao longo da vida til e que avisa quando precisa de manuteno.

    Esttica a obra agradvel de ser observada, bem inserida no local de implantao.

    Econmica a soluo que satisfaz as funes, segurana e esttica com um custo

    prximo do mnimo.

    Na verdade, esse processo criativo no termina no projeto, mas estende-se execuo e inclusive manuteno.

    Em funo desse processo criativo e da importncia esttica do produto final, as pontes e

    grandes estruturas so usualmente chamadas "Obras de Arte".

    Esse curso tem por objetivo discutir no apenas os tipos estruturais e as teorias de clculo conhecidas, mas tambm os materiais e as tcnicas construtivas disponveis.

    De forma a dar uma idia da evoluo dos materiais e das tcnicas aplicadas construo

    das pontes, vai a seguir um pequeno histrico.

  • 2

    1.1. Evoluo histrica das pontes

    I. Pr-histria

    Estruturas de pedra:

    Figura 1 Estrutura de pedra utilizada na pr-histria.

    Estruturas de madeira:

    Ficaram sem registro por problema de durabilidade.

    II. Idade antiga

    Figura 2 - Aquedutos romanos de pedra.

    III. Idade mdia

    Figura 3 - Arcos gticos de pedra.

  • 3

    IV. 1758 - Ponte de madeira sobre o Reno com 118m de vo. Grubenmann. Alemanha.

    V. 1779 - Ponte em arco treliado de ferro fundido (liga ferro x carbono 2 a 5%) sobre o Severn na Inglaterra. Vo de 30m. Material frgil.

    VI. 1819 - Ponte Pnsil Menai, no Pas de Gales, com 175m de vo. Ferro laminado (liga ferro x carbono

  • 4

    1.2. Concepo de pontes

    O processo criativo, ou de concepo, acima descrito, exige do engenheiro boa

    informao ao nvel dos materiais e tcnicas construtivas, bem como dos tipos estruturais e suas

    teorias.

    Isso, porm, no basta. preciso boa formao, isto , todos esses dados devem ser interiorizados, compreendidos na sua essncia e interligados entre si de forma a dar ao

    engenheiro capacidade crtica e criativa.

    Relativamente aos materiais e tcnicas construtivas, so essenciais suas exigncias, suas

    qualidades e limitaes. O que seria essencial nos tipos estruturais? A forma geomtrica no

    certamente o essencial, mas sim o seu comportamento, isto , a maneira como a estrutura

    trabalha. Dois aspectos desse comportamento devem ser ressaltados:

    Como a estrutura se deforma sob atuao de um determinado carregamento;

    Como essas cargas caminham ao longo dela. fundamental visualizar o caminhamento das cargas desde a origem, seu ponto de aplicao, at o destino, a

    fundao. Ateno, qualquer parcela esquecida desse caminho pode representar o elo

    fraco!

    Interiorizar esse comportamento corresponde a desenvolver o que usualmente se chama

    intuio ou sensibilidade estrutural.

    Como a concepo estrutural um processo criativo baseado nessa intuio, quanto mais

    desenvolvida e cultivada ela for, maiores so as chances de obter uma boa concepo, uma

    verdadeira "Obra de Arte".

    1.3. Princpios bsicos da concepo

    De modo a facilitar o processo de concepo podem-se enunciar alguns princpios. Esses

    princpios, como o prprio nome diz, no so gerais, mas tm um campo de validade

    suficientemente grande para justific-los. 1) fundamental visualizar o caminhamento das cargas; desde o ponto de aplicao at

    a fundao.

    2) conveniente projetar a fundao sob as cargas a suportar; preferencialmente fazendo coincidir o centro de gravidade das cargas com o da fundao.

  • 5

    !

    "

    #

    !$ %&' !

    (

    )*+,-).!/

    !

    01

    &

    2

    !

    &

    )

    Figura 4 Exemplo de transporte de carga desde o ponto de aplicao at a fundao.

    3) Princpio do caminho mais curto "O arranjo estrutural mais eficiente aquele que fornece s cargas o caminho mais curto

    desde seus pontos de aplicao at a fundao."

    3+,! 3+, 405

    6

    / /

    7 7

    / /

    / /

    /

    Figura 5 Exemplos de soluo estrutural.

    +,

    80

    9

    /

    9

    Estrutura ineficiente.S razes arquitetnicaspodem justificar essa soluo.

    Figura 6 - Edifcio Suspenso.

  • 6

    4) Princpio da rigidez Nas estruturas isostticas o caminhamento das cargas definido pelas condies de

    equilbrio, mas nas hiperestticas ele sofre tambm influncia da rigidez. "Entre dois caminhos

    alternativos a carga caminha predominantemente pelo mais rgido."

    Estrutura Isosttica. O equilbrio determina o caminhamento das cargas.

    $ $

    Figura 7 Viga isosttica.

    Estrutura Hiperesttica

    $

    $

    $

    $

    !

    Figura 8 Duas vigas ortogonais.

    Sendo l1 >>= 31

    32

    ll

    . pois 12 ll >>

  • 7

    ou

    21

    2

    21

    1 11kk

    ke

    kkk

    +=

    += (no caso geral quando I1 I2)

    onde 348

    lEIk = a rigidez de uma viga para carga no meio do vo.

    A viga 1, por ser bem mais rgida, transporta bem mais carga. A proporo das cargas

    transportadas a proporo das rigidezes:

    2

    1

    kk

    =

    Se a viga 1 10x mais rgida, transporta 10x mais carga.

    Concluso: "A rigidez define o caminhamento das cargas.

    Nota: Numa estrutura hiperesttica de grau de hiperestaticidade n, existem n+1 caminhos

    possveis para as cargas. Verifique que isso vale para os 2 exemplos acima.

    Exemplo: Uma outra maneira de ver a hiperestaticidade.

    Grau de hiperestaticidade n = (n+1) caminhos alternativos para as cargas. a) Viga isosttica: gh=0

    S existe 1 caminho para as cargas, que aquele definido pelo equilbrio.

    b) Viga engastada-apoiada: gh=1 Devem existir 2 caminhos.

    $

    $!1:

    %2'

    % '

    !

    Figura 9 Caminhos das cargas para a viga engastada-apoioada.

    Como: baleng MM

    28

    22

    2 lppl=

    43

    4 12ppepp ==

  • 8

    Para esses valores de p1 e p2, os efeitos de p em (1) so iguais soma dos efeitos de p1 e p2 em (2) e (3) respectivamente.

    (2) e (3) so os 2 caminhos alternativos.

    5) Princpio da distribuio "O arranjo estrutural mais eficiente aquele que distribui as cargas pelos seus elementos,

    convenientemente, evitando concentraes."

    Exemplo: Vos bem proporcionados.

    0,31pl 1,01pl

    4

    (1,32 = 0,82 + 0,5)

    Figura 10 Diagrama de momentos permanentes para l = 0,82l.

    l= l

    128'

    22 plpl=

    lll 82,0128

    ' ==

    Boa proporo: =0,82

    7.7.7

    7.1 7.1

    4

    +,5

    Figura 11 - Diagrama de momentos permanentes para l = 0,4l.

    M proporo: =0,4

  • 9

    6) A eficincia das estruturas depende tambm da forma como elas so solicitadas. Considerando materiais adequados para cada caso, pode-se dizer que a eficincia varia como

    indica o quadro abaixo:

    Fora Normal de Trao

    Fora Normal de Compresso eficincia!

    Flexo (M,V) Toro

    +,

    Soluo 1 Problema

    ?

    Materiais bons: AoMadeira

    Soluo 2 Compresso

    P

    P

    Concreto

    (Armado ou Protendido)ConcretoMadeira

    Materiais bons: Ao

    P

    Materiais bons: AoMadeira

    Soluo 4 Toro

    (Armado ou Protendido)ConcretoMadeira

    Materiais bons: Ao

    Soluo 3 Flexo

    Figura 12 Solues estruturais, considerando os materiais adequados.

    Do ponto de vista estritamente estrutural as solues perdem qualidade de 1 para 4. Isso

    se justifica, pois: Nas solues 1 e 2, as barras trabalham fora normal usando toda a seo transversal

    das barras. (As tenses se distribuem uniformemente nas sees transversais). A soluo 2 tem a desvantagem de gerar efeitos de 2a. ordem (flambagem).

  • 10

    Na soluo 3 a flexo no consegue usar integralmente a seo transversal. Sobretudo a

    regio central fora mal utilizada. Sees I ou caixo melhoram o desempenho.

    8,

    +,

    /

    4

    Figura 13 Tenses de flexo ao longo da altura da seo.

    Na soluo 4, uma parcela importante do transporte da carga feita por toro. A seo

    transversal da barra solicitada ao cisalhamento desuniformemente. A regio central quase

    perdida. Sees caixo melhoram o desempenho.

    Figura 14 Tenses de cisalhamento ao longo da seo.

  • 11

    2. SUPERESTRUTURA DE PONTES

    2.1. Classificao das pontes conforme o tipo estrutural da superestrutura

    2.1.1. Pontes em laje

    Sistema longitudinal: biapoiada ou contnua

    Sistema transversal: macia ou vazada (= nervurada)

    Muro de ala

    Travessa de encontroArticulao

    PLANTA CORTE TRANSVERSAL

    Guarda rodaGuarda corpo

    Estaca

    ELEVAO Laje Cortina

    Figura 15 Ponte em laje.

    Comportamento estrutural: bidimensional, com boa capacidade de distribuio.

  • 12

    Figura 16 Ponte em laje contnua

    M, V - Diagramas de esforos solicitantes no tabuleiro como um todo (M = kN.m; V = kN) m, v - Diagrama de distribuio dos esforos solicitantes ao longo da largura do tabuleiro

    (m = kN.m/m; v = kN/m) Assim:

    dymMbmx =

    dyvVbmx =

    2.1.2. Pontes em viga

    Sistema longitudinal: biapoiada ou contnua

    Sistema transversal: 2 ou mais vigas (t ou celular) 1 viga celular (caixo)

    2.1.2.1. Ponte em duas vigas T, biapoiadas

    )

    )

    Figura 17 Ponte em duas vigas biapoiadas.

  • 13

    Sistema Transversal:

    T ~ 0

    P

    M1 T ~ 0

    V1

    t ~ 0mM2

    v ~ 0 V2

    Figura 18 Seo transversal e transporte de cargas.

    /

    !

    !

    7)!

    Figura 19 Linha de influncia de carga na viga 1.

    %!/'

    ;

    0$

    $

    >

    $

    > >

    0

    @7@7

    >

    3 4 : 975

    (Nas pontes pnsil e estaiada os cabos foram admitidos inextensveis (indeformveis)).

  • 18

    Ponte Pnsil

    7

    0

    +A

    $ @7

    >$ $ @$

    0

    >

    $@7

    )7

    $

    $

    $

    %$ '

    Figura 25 Esquema estrutural de uma ponte pnsil.

    0842

    2

    == HhpelplM A

    888

    222 plpeplHh =

    Como e plpe

  • 19

    Ponte Estaiada

    3 4 : 975

    +A

    $@7)7

    $ $ @$ >

    $ @7

    >

    $

    $ $

    Figura 26 Esquema estrutural de uma ponte estaiada.

    0842

    2

    == HhpelplM A senpe

    t =

    888

    222 plpeplHh = tg

    pec =

    Como e

  • 20

    Pontes Suspensas por Cabos, Pnseis ou Estaiadas

    - Ponte Pnsil p

    parcela suportada parcela suportada pelo cabo pnsil

    pela viga de rigidezparcela suportada parcela suportada

    Figura 27 falta legenda!

    - Ponte Estaiada

    ) B

    ! 2

    !

    2

    Figura 28 Falta legenda!

    Observaes:

    No projeto de pontes em arco, estaiadas ou pnseis, ser necessrio considerar a deformao por fora normal e os efeitos de 2a. ordem, que no foram considerados aqui.

    Esses efeitos so especialmente importantes nas pontes penseis, para cargas no uniformes,

    por exemplo, concentradas. Nesses casos o cabo muda de forma, at encontrar a forma funicular do

    carregamento. nessa nova forma que as equaes de equilbrio devem ser escritas.

  • 21

    No entanto, os exemplos feitos so muito bons para explicar o comportamento fundamental

    dessas obras. Ele sempre utilizado para um primeiro pr-dimensionamento.

    ?

    * %) * = '

    =

    $ $ =

    Figura 29 Deformada do cabo na forma funicular.

    Exemplos:

    Figura 30 Pontes em prtico.

  • 22

    *

    %0 C '

    Figura 31 Pontes em arco.

    + ?

    *

    + ?

    ?) + *

    Figura 32 Pontes em trelia.

  • 23

    +

    Figura 33 Ponte estaiada.

    +

    Figura 34 Ponte pnsil.

    Para mais exemplos ver Leonhardt (1979)2.

    2.2. Classificao das pontes conforme o mtodo construtivo

    2.2.1. Pontes moldadas in loco sobre cimbramento fixo.

    Os tipos mais comuns so trs:

    ?

    + ) ?

    Figura 35 Tipos comuns de cimbramento fixo.

    2 Construes de concreto: Princpios bsicos da construo de pontes de concreto, vol. 6.

  • 24

    Cuidados:

    1. Fundao e contraventamento do cimbramento;

    2. Contra flechas para compensar recalques ou deformaes de vigas e trelias;

    3. Cuidados na concretagem - Recalques e deformaes devem ocorrer antes do final da

    concretagem. Tratar juntas; 4. Cuidados na desforma - Desencunhar do centro para os apoios de cada vo e s aps

    desmontar o cimbramento;

    5. Vistoriar antes, durante e depois da concretagem.

    2.2.2. Pontes moldadas in loco sobre cimbramento mvel.

    Figura 36 - Execuo, vo por vo, por meio da trelia de escoramento deslizante sobre rolos

    dispostos em vigas transversais (Leonhardt, 1979).

    Cuidados:

    1. Escolher a posio da junta; 2. Influncia do mtodo construtivo no clculo;

    3. Cuidado com as interferncias que podem impedir o movimento das formas ou da trelia

    (Transversinas); 4. Valem os 5 cuidados do item 2.2.1;

    5. Tratamento da junta.

  • 25

    !!

    !

    ! *

    *

    1 *

    *

    2 *

    ! 2 1

    Figura 37 - Efeito do mtodo construtivo sobre o diagrama M. (momentos fletores).

    O diagrama M da quarta fase , em princpio, diferente do da viga contnua. Ao longo do

    tempo, veremos futuramente, ele tende ao da viga contnua por efeito da fluncia.

    Verificar, portanto, cada fase construtiva, e a fase final para 2 situaes:

    1) Fase final definida pelo mtodo construtivo. Situao observada no final da construo. 2) Fase final com adaptaes por fluncia. Situao que ocorre alguns anos aps a

    inaugurao.

    !

    *=

    * / ), !

    !! ! * / ), !

    4

    4/

    4

    !

    = !7.1(

    !

    / !#

    *

    !

    !

    !

    /! !#

    !

    !

    l l

    I. / * +,

    II : / * ) D

    Figura 38 - Viga contnua com 2 vos construda em 2 fases, com junta no apoio central.

  • 26

    O diagrama I (momento fletor), logo aps o fim da construo, depende muito do mtodo construtivo, enquanto que o diagrama II, ao fim da vida til, depende bem menos do mtodo

    construtivo, pois, devido ao efeito da fluncia os esforos tendem aos de viga contnua.

    Assim:

    8

    21lgM

    e

    2214

    21

    ,

    lgM +

    Os carregamentos adicionais, g2 acabamento e q acidental, atuam na viga contnua de 2 vos,

    sem interferncia do mtodo construtivo.

    2.2.3. Consolos sucessivos moldados in loco

    Aplicado pela primeira vez em 1930 no Brasil, para uma ponte de concreto armado (rio do Peixe, vo de 68m ). Muito usado para obras protendidas no mundo inteiro.

    Figura 39 Balano sucessivo com trelia de escoramento e frmas em balano deslocvel = veculo de deslocamento de frma (Leonhardt, 1979).

  • 27

    Figura 40 Estabilizao do balano: em cima, por meio de engastamento no pilar ou por meio de apoios provisrios, embaixo, atravs de ancoragem, no paoio extremo do vo adjacente mais curto.

    Cuidados:

    1. Contra Flecha - As previses de projeto devem ser aferidas ao longo da obra. Cuidado: o concreto solicitado muito novo, de modo que as deformaes imediatas e sobretudo

    lentas so muito importantes .

    2. Tratar juntas - Jatear com gua o concreto verde e molhar abundantemente antes da concretagem seguinte.

    3. Influncia do mtodo construtivo no clculo.

    22

    /!77/#6

    #7 !77

    ( 1 2 7 ! !

    #7

    (2 1 #

    E4

    )*%)-'

    Figura 41 Efeito da adaptao por fluncia sobre o diagrama M (momentos fletores).

  • 28

    2.2.4. Consolos sucessivos pr-moldados

    Aplicado pela primeira vez em 1952 na Frana (ponte Choisy-le-Roi sobre o Sena)

    Cuidados:

    1. Preciso na forma. Uma aduela deve ser a forma da vizinha, considerando as curvas em

    planta e em perfil, bem como a superelevao.

    2. A junta nesse caso no atravessada por armadura frouxa. Prover dentes para transmitir cortante, colar junta e usar protenso completa (isto , sempre de compresso !).

    3. Prever canteiro de pr moldados e transporte at o local.

    4. Valem os 3 cuidados do item 2.2.3.

    Figura 42 - Pont amont du boulevard pripherique.

    Figura 43 - Pont de Pierre Bnite.

  • 29

    Figura 44 - Viaduct dOlron.

    Figura 45 - Poutre du Viaduct DOleron Cinematique.

  • 30

    Figura 46 - Preparao das Clulas

    Figura 47 - Preparao das clulas horizontais por axonometria

    Regale Profil en Long Regale Devers

  • 31

    Figura 48 - Regale dune cellule de prefabrication

    Modernamente se usam uma srie de dentes.

    Figura 49 Pont de Chelepikhinsky Coupe transversale dun voussoir

  • 32

    2.2.5. Vigas pr-moldadas

    Figura 50 - Trelia de lanamento (Mathivat, ano).

    Alternativas - Guindastes ou guinchos.

    C/

    )C

    !. 7

    7.#7

    7. 77.7#

    Figura 51 - Esquema moderno de seo transversal.

    Cuidados:

  • 33

    1. Limitao dos equipamentos.

    Por exemplo: Trelia Sicet (mais comum no Brasil) Pmx ~ 120 tf (~ 42m de vo) largura mxima ~ 1,20m

    2. Prever canteiro de pr-moldados e transporte at o local.

    3. Preciso de forma.

    4. Influncia do mtodo construtivo no clculo.

    Por exemplo: Quando a laje concretada, o peso prprio suportado integralmente pelas vigas pr-moldadas, sem logicamente, a contribuio da laje.

    5. Verificar a flexo lateral da viga causada por pequena inclinao (da ordem de 5) impossvel de se evitar no transporte.

    Os pontos de pega devem estar acima do C.G. da viga.

    ?)

    8&

    ?)

    8&

    Figura 52 Estabilidade em funo do ponto de iamento.

    Nota - Se a viga for excessivamente esbelta pode ser necessrio verificar a flambagem

    lateral, melhor dizendo, a flexo lateral com efeito de segunda ordem.

    6. Tratar as juntas como no item 2.2.3, especialmente aquelas entre concreto pr-moldado (viga ou placa) e concreto moldado in loco (complementao da laje)

    2.2.6. Lanamentos progressivos

    Aplicado pela primeira vez em 1962, na ponte sobre o rio Ager, na ustria. A primeira aplicao no Brasil ocorreu em 1978, na passarela de Presidente Altino, sobre os trilhos da Fepasa.

  • 34

    Figura 53 - O princpio do processo de execuo por deslocamentos progressivos: a fabricao do segmento, com comprimento igual ao comprimento de avano, feita atrs do encontro; o avano

    feito progressivamente, sem apoio, de pilar a pilar.

    Figura 54 Cortes e croqui do processo de execuo por lanamentos progressivos.

  • 35

    Cuidados:

    1. Preciso de nivelamento e de forma de modo a evitar que erros de geometria provoquem

    esforos adicionais inaceitveis (equivalentes aos gerados por recalques de apoio ). 2. Influncia do mtodo construtivo no clculo. Como a estrutura autolanada inclusive

    com o bico em balano, essencial verificar as fases construtivas. Note-se que ao longo

    do lanamento uma mesma seo passa ora pelo Mmx, ora pelo Mmn, o que exige dela

    capacidade de suport-los.

    3. Tratar as juntas como no item 2.2.3. 4. Cuidado com as interferncias que podem impedir o movimento das formas.

    Figura 55 Canteiro e Seo Tpicos para as Obras sobre a Represa de 3 Irmos.

  • 36

    Figura 56 Etapas de concretagem da seo celular.

    Figura 57 - Bero de Deslizamento (Telefone) e Guia Lateral

    Figura 58 Seo longitudinal.

    Figura 59 Emenda Provisria Junta de Dilatao Futura

  • 37

    2.2.7. Pontes estaiadas

    O mtodo construtivo que melhor se adapta s obras estaiadas o de consolos sucessivos

    (pr moldados ou no) e por isso ele o mtodo mais utilizado. A cada nova aduela os estais correspondentes so protendidos de forma a suportar todo o seu

    peso. Assim, ao final da construo e sob as cargas permanentes, o tabuleiro fica quase

    exclusivamente submetido compresso.

    1) Construo do balano lateral e do mastro

    2) Construo do balano principal at sua unio com o lateral.

    3) Prolongamento do consolo do vo principal.

    Figura 60 Ponte Brotonne, fases de construo (Mathivat, 1979).

  • 38

    2.2.8. Pontes pnseis

    As pontes pnseis so usualmente construdas a partir dos cabos que so usados para

    transporte de peas e equipamentos como um Telefrico. O Tabuleiro, construdo em segmentos

    pr-moldados, dependurado, segmento por segmento, nos cabos. A continuidade do Tabuleiro s

    promovida aps o lanamento de todos os segmentos.

    Figura 61 Estgios de construo de uma ponte pnsil (Gimsing, 1983).

    1 etapa - Construo dos mastros, pilares principais e blocos de ancoragem.

    2 etapa - Instalao dos cabos principais.

    3 etapa - Inicio da instalao da vigas enrijecedora do centro para o meio do vo. quando o peso da viga aplicado nos cabos principais ocasionando grandes

    deslocamentos e as juntas entre as sees da viga so, por esta razo, abertas para evitar momentos excessivos nas sees.

    4 etapa - Instalao das vigas enrijecedoras nos vo laterais para reduzir os deslocamentos horizontais no topo dos mastros.

  • 39

    5 etapa - Colocao das peas de fechamento das vigas como os mastros.

    6 etapa - Fechamento de todas as juntas nas vigas enrijecedoras. Atualmente, o fechamento dessas juntas normalmente comea nas etapas 4 e 5, quando so ligadas as sees e coloadas na sua posio correta.

    2.2.9. Associao de dois ou mais mtodos construtivos

    Um exemplo a ponte em arco representada na figura 62.

    Figura 62 - Construo de Ponte em Arco associando consolos sussecivos e estais (Mathivat, 1979).

    2.3. Classificao das pontes conforme os materiais utilizados nas suas construes

    2.3.1. Pontes de concreto

    - Concreto Armado (fck 20 a 25 MPa); - Concreto Protendido (fck 25 a 40 MPa); - Concreto Leve ( 1.5 tf/m

  • 40

    As grandes vantagens do concreto so a durabilidade (alguma manuteno sempre necessria), a resistncia ao fogo, compresso e a liberdade de escolha da forma.

    As desvantagens so a falta de resistncia trao, a retrao e a fluncia.

    As trelias esto comeando a ser novamente utilizadas com o advento do CAD concreto

    de alto desempenho.

    2.3.2. Pontes de ao e mista ao - concreto

    Ao-carbono A36 (fyk~250MPa) Ao de baixa liga CORTEM

    SAC (fyk~350MPa) COS-AR-COR

    Nota: Para efeito de comparao lembrar que:

    Ao CA - fyk varia de 250 a 600 MPa; Ao CP - fyk varia de 800 a 1700 MPa.

    Todos os tipos estruturais se adaptam bem ao ao. Ao nvel dos mtodos construtivos, s

    no se aplicam aqueles que prevem moldagem in loco, sobre cimbramento fixo ou mvel ou em

    consolos sucessivos, interessante observar, na figura a seguir, o mtodo construtivo adotado para o vo central da ponte Rio-Niteroi.

    As grandes vantagens do ao ficam por sua grande resistncia compresso ou trao e

    por conseqncia de sua leveza - o peso prprio resulta relativamente pequeno.

    As desvantagens se reduzem s dificuldades com durabilidade, resistncia ao fogo e aos

    problemas de estabilidade gerados pelas pequenas espessuras exigidas.

    Exemplos:

    Trelias

    Arcos

    Vigas de alma cheias: Grelhas

    Caixes

    Pontes Pnseis e Estaiadas

    Vigas mista ao-concreto: Grelhas

  • 41

    Caixes

    Exemplos:

    Figura 63 - Vos principais centrais em estruturas metlicas e vos adjacentes em concreto protendido (Pfeil, 1985).

    A seguir ser mostrado a seqncia de montagem dos elementos metlicos pr-fabricados:

    a) Segmento central (3) lanado ao mar aps ser deslizado sobre o pier (1). Segmentos laterais (4) fabricados sobre escoramento (2);

    b) Segmento lateral (4) apoiado no segmento central flutuante (3) se dirige para o anel de iamneto (5);

  • 42

    c) Iamento dos segmentos laterais;

    d) Inicio de iamento do segmento central (3);

    e) O segmento central (3) apoiado nas colunas de iamento (7), as quais foram montadas pela torre (6). Notam-se os cabos de amarrao regulveis (8);

  • 43

    f) Segmento central na fase final de iamento;

    g) Montagem dos vos laterais de 44 m (9) com auxlio de torres triangulares (10);

    Figura 64 - Seqncia de montagem dos elementos metlicos pr-fabricados.

    A figura 65 mostra sees transversais das estruturas metlicas e a figura 66 um exmplo de de ponte em grelha mista.

  • 44

    Figura 65 Sees transversais das estruturas metlicas: a) seo nos trechos com msulas; seo nos trechos centrais.

    Legenda:

    1. palca superior; 7. placa de fundo;

    2. enrijecedores longitudinais; 8. enrijecedor longitudional da placa de fundo; 3. transversina; 9. enrujecedor transversal da placa de fundo; 4. chapa da alma das vigas; 10, 11. trilhos para carro de inspeo;

    5. enrijecedor longitudonal da alma; 12. revestimento de asfalt-epoxi. 6. enrijecedor transversal da alma;

  • 45

    Estrutura Metlica

    Figura 66 - Ponte em grelha. Conforme Usimec.

    2.3.3. Pontes de madeira

    Madeiras estruturais:

    - Aroeira do Serto fwc ~ 75 MPa - Jatob fwc ~ 80 MPa - Gonalo Alves fwc ~ 65 MPa - Ip Roxo fwc ~ 70 MPa

    Em princpio todos os tipos estruturais discutidos se adaptam bem s pontes de madeira.

    Quanto aos mtodos construtivos vale a mesma observao feita s pontes de ao.

  • 46

    A grande vantagem da madeira est na economia quando ela est disponvel, prximo da

    obra, em qualidade e quantidade aceitveis.

    As desvantagens ficam por conta das dificuldades com durabilidade e resistncia ao fogo

    (bastante diminudas com os tratamentos modernos), da anisotropia e da grande variabilidade (reduzidas com as tcnicas modernas de construo com pedaos pequenos e classificados de madeira).

    A anisotropia e desuniformidade se caracterizam principalmente por:

    - A diferena de resistncia e rigidez da direo das fibras para a direo normal a elas

    (resistncia ~ 5 vezes menor e rigidez ~10 vezes menor na normal s fibras); - Variao das caractersticas do eixo para a periferia do tronco (o cerne, prximo do eixo,

    muito melhor que o albume, prximo da casca); - Os defeitos da madeira: ns, fendas, furos, curvatura das fibras, etc.

    Exemplos: Trelias

    Arcos

    Vigas Armadas

    Vigas Macias: Lamelas coladas

    Tbuas pregadas

    Pontes Pnseis e Estaiadas

    2.4. Estudo de alguns tipos estruturais, comportamento estrutural e teorias de clculo

    2.4.1. Estruturas de superfcie, uma introduo

    So estruturas que tm uma de suas dimenses bem menor que as outras duas. Ela

    chamada de espessura.

    A superfcie mdia a definida a meia espessura, perpendicularmente ela.

    As estruturas de superfcie so classificadas em:

    - Placa: Estrutura de superfcie mdia plana carregada perpendicularmente ela. As placas

    de concreto armado so chamadas lajes.

    - Chapa: Estruturas de superfcie mdia plana carregada paralelamente a ela. As chapas de

    concreto armado so chamadas vigas parede.

    - Casca: Estruturas de superfcie mdia curva.

  • 47

    PLACALAJE

    CASCA(cpula)

    Figura 67 Exemplos de estruturas de superfcie.

    2.4.2. Lajes

    As lajes so especialmente importantes porque aparecem em praticamente todas as pontes; no apenas nas pontes em laje, onde constituem toda a superestrutura, mas tambm nas pontes em viga, onde constituem o tabuleiro que interliga as vigas.

    3

    )

    8,

    Figura 68 - Exemplos de Aplicao de Lajes.

  • 48

    2.4.2.1. Comportamento estrutural das lajes

    Figura 69 Laje retangular solicitada por uma carga concentrada P.

    Nas lajes retangulares em que 1 ly/lx< 2 (lx ly) importante o trabalho bidimensional. A carga P pode caminhar para as vigas (pilares e fundaes) atravs de dois caminhos, a

    direo x e a y. Para determinar as parcelas de P que caminham nas direes x e y (Px e Py respectivamente) preciso resolver o problema hiperesttico correspondente.

    2.4.2.1.1. Laje retangular simplesmente apoiada

    A. Teoria das Grelhas

    Considere-se uma laje simplesmente apoiada nos 4 lados, carregada uniformemente (p). Uma soluo aproximada desse problema pode ser obtida considerando a laje como 2

    conjuntos de faixas entrelaadas, de largura 1 m , nas direes x e y.

    Figura 70 Laje simplesmente apoiada nos 4 lados.

  • 49

    =

    ===

    espessurah

    hIIyIx12

    3

    ===

    +=

    idadecompatibil 3845

    384.5

    equilbrio p44

    EIpylyfy

    EIlxpxfx

    pypy

    plylx

    lxpyplylx

    lypxlylxpxpy 44

    4

    44

    4

    4

    4

    e +

    =

    +=

    =

    8 .

    8.

    8.

    2

    4 4

    42

    44

    42 lyplylx

    lxme

    lxplylx

    lylxpxm ymxm

    +=

    +==

    mx o momento fletor no meio do vo da faixa central de direo x. Ele medido em

    KNm/m (ou tfm/m ou kgfcm/cm), uma vez que a faixa tem 1 m de largura. Uma faixa de largura b solicitada pelo momento bmx = Mx.

    1m b

    m Mx x

    Figura 71 Momento fletor em uma faixa.

    A ttulo de exemplo, considere-se o caso lx=ly=l

    px = py = 1/2p => mxm = mym = pl2/16

    Nota1: Observando com ateno nota-se que a Teoria das Grelhas faz 2 hipteses

    simplificadoras (em relao Resistncia dos Materiais) adicionais.

    1a. Desprezou-se a rigidez toro das faixas.

    5 85

    Figura 72 Flechas admitidas pela teoria das grelhas e flechas reais.

  • 50

    Na realidade, a continuidade da laje impe s faixas toro significativa, que foi desprezada.

    2a. Admitiu-se px e py uniformemente distribudas, o que no verdadeiro.

    F

    *GF *G

    GFG

    Figura 73 Carregamento admitido e carregamento real.

    Para que px seja uniforme preciso que todas as faixas y ao longo do vo lx suportem a parcela py.

    Isso no na realidade possvel.

    Embora seja possvel para as faixas y centrais, no para as laterais, prximas dos apoios da faixa x. Nessas faixas, a flecha fy fica limitada pela linha elstica da faixa x.

    Como fy < fy => py < py

    No apoio fy=0 e py=0 ou px=p

    Nota2: A Teoria das Grelhas faz ainda uma terceira hiptese. Ao cortar a laje em uma srie de faixas ela corta a continuidade transversal s mesmas, tratando-as como barras.

    Embora para as barras o efeito do coeficiente de Poisson seja desprezvel, para as placas no . Considere-se, por exemplo, uma dessas faixas, uma faixa x.

    G

    0

    !

    G

    ! 2 1

    ! 12

    (=0)G

    (=0)

    0

    Figura 74 Efeito do coeficiente de Poisson na faixa x.

  • 51

    Por definio de :

    xy rr

    =

    11

    , pois y = - .x

    Como:

    1. Ix = Iy= I (alterados por ) 2. Nas placas apoiadas nos 4 lados as arestas y impedem a curvatura adicional (1/r)y Desenvolve-se ento my tal que:

    =

    xy rr

    11

    xoxy mmm .. =

    xoyoy mmm .+

    ou:

    yoxox mmm .+

    Como para o concreto o coeficiente de Poisson da ordem de 0.2, seu efeito

    considervel.

    Observao: O coeficiente de Poisson tambm enrijece a placa de forma que:

    )1(12)1(' 23

    2 =

    =

    hII

    Para levar em conta esses 3 efeitos conveniente uma nova teoria. Essa nova teoria a

    Teoria das Placas.

    B. Teoria das Placas

    Em essncia a Teoria da Placas corresponde extenso da R.M. ao comportamento

    bidimensional da placa, considerando a contribuio do coeficiente de Poisson.

    Ela admite:

    - Material homogneo, istropo e de comportamento linear ( Lei de Hooke) - h

  • 52

    Considere-se o equilbrio de um elemento de placa:

    dx

    FORAS

    p.dx.dyvx.dx

    (vx+dvx).dy(vx+dvy).dx

    vx.dy

    dy

    x

    y

    (myx+dmyx)dx(mx+dmx)dy

    dxy

    x

    dy

    mx.dx

    (my+dmy)dx

    my.dx

    myx.dx

    mxy.dy (mxy+dmxy)dyxyyx

    MOMENTOS

    Figura 75 Equilbrio de um elemento de placa.

    xy = - yx mxy = - myx!

    Seja w(x,y) a funo que descreve o deslocamento vertical de um ponto (x,y). Por analogia com a R.M., tem-se:

    Viga EIM

    dxwd

    =2

    2

    Placa

    3.....................)1(

    2..............

    1..............

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    =

    =

    +

    =

    +

    Dm

    yxw

    Dm

    x

    w

    yw

    Dm

    yw

    x

    w

    xy

    y

    x

    Rotao D(1-) G It de Toro

  • 53

    Sendo que EIEhD

    = )1(12 23

    Do equilbrio do elemento de placa, tem-se:

    (Lembrando que: xx

    x dmdxm =

    )

    Momentos y: 4............y

    xy

    x

    x

    x

    mmv

    =

    Momentos x: 5............x

    xy

    y

    yy

    mmv

    =

    Foras verticais: 6..........................pvv

    y

    y

    x

    x=

    (tambm anlogas R.M.)

    Substituindo-se 1 a 5 em 6 tem-se a equao de Lagrange:

    DP

    yw

    yxw

    x

    w=

    +

    +

    4

    4

    22

    4

    4

    4

    .

    .2

    flexo x toro flexo y

    A integrao dessa equao diferencial quase sempre impossvel. Por isso a soluo se

    obtm desenvolvendo w e p em sries de Fourier.

    No caso considerado, de placa simplesmente apoiada nos quatro lados e uniformemente

    carregada, tem-se:

    Condies de contorno:

    =

    =

    0

    0

    m

    e

    w

    nos quatro lados

    =

    =

    pipi

    pi=

    1m 1n lyy..n

    sen.lx

    x..msen

    n.m.2p16)y,x(p

    =

    =

    +

    pipi

    pi=

    1m 1n2ly

    2n2lx

    2mn.m

    lyy.n

    sen.lx

    x.msen

    D.6p16)y,x(w

    Como o uso dessa soluo pouco prtica, prepararam-se tabelas em funo da relao

    ly/lx e do coeficiente de Poisson (Ver tabelas de Czerny).

  • 54

    - Relao entre mx, my e mxy - Analogia com o estado duplo de tenses. (Estado Duplo de Flexo).

    mxy

    mt

    mxymx

    my

    m

    x

    y

    x

    y

    m

    mt

    mymx

    m1 m2

    x

    y

    mxy

    myx

    Polo

    Figura 76 - Analogia com o estado duplo de tenses. (Estado Duplo de Flexo). m - anlogo a

    mt - anlogo a

    m1 e m2 - momentos fletores principais.

    Momentos principais em uma placa simplesmente apoiada e uniformemente carregada:

    ly/lx = 1

    1 - equivale a estado hidrosttico

    2 - equivale a cisalhamento puro

    Traes por:

    ====== momentos principais positivos

    - - - - - - momentos principais negativos

    -.-.-.-.-.- mudana de sinal

    ly/lx = 2

  • 55

    Levantamento de canto momentos volventes (torsores)

    P

    Canto Livre

    Canto presoApoio fictcio

    m1(-)m2(+)

    mx=mym2

    m1

    ly/lx=1

    0,0368p.lx

    lx

    2

    -

    m1=

    m2=

    0,046

    3.p.lx2

    Reaes de apoio

    Real T. das Placas

    R

    Evitam o levantamento docanto e provocam osmomentos torores(*)

    (*) Desprezada a Toro, R resulta nula!

    Figura 77 - Valores dos momentos principais m1 e m2 e dos momentos mx e my na diagonal. E

    reaes de apoio.

  • 56

    C. Comparao dos resultados

    Teoria Toro

    ly/lx=1 ly/lx=2

    x y x y

    TG no 0 16,0 16,0 8,50 34,0

    TP1 no 0 13,1 13,1 7,10 44,80

    TP2 sim 0 27,2 27,2 10,40 40,30

    TP3 sim 0,2 22,7 22,7 9,90 23,50

    TP4 sim 0,3 20,9 20,9 9,80 21,60

    TG - Teoria das grelhas

    TP - Teoria das placas

    mxm = p.lx2/x mym = p.ly2/y

    Note-se a importncia da toro; ela transporta metade das cargas, reduzindo os momentos

    fletores metade (no caso ly/lx = 1). Note-se tambm a importncia do coeficiente de Poisson.

    2.4.2.1.2. Outros casos a considerar

    A. Lajes retangulares com outras condies de contorno

    Tudo o que foi desenvolvido para a laje apoiada nos 4 lados pode ser estendido a outras condies de contorno.

    B. Lajes sob Carga concentrada

    Embora tenha sido possvel resolver, atravs da Resistncia dos Materiais, vigas sob cargas

    concentradas, no possvel faz-lo no caso de placas; os esforos solicitantes locais seriam

    infinitos. Para evitar esses esforos locais as cargas concentradas devem ser distribudas em

    superfcies suficientemente grandes. Na verdade, qualquer que seja a estrutura, inclusive nas vigas, as cargas concentradas devem ser distribudas em superfcies tais que os esforos locais sejam aceitveis.

  • 57

    Os esforos solicitantes em placas, decorrentes de cargas concentradas dependem

    essencialmente da pequena superfcie onde se distribuem, referida superfcie mdia da placa. Ver

    figura a seguir.

    P

    b

    h

    a

    b+h

    a+h

    = 45superfcie mdia

    Figura 78 rea de distribuio das cargas concentradas.

    A carga P distribuda na superfcie a x b da face equivale mesma carga distribuda em

    (a+h)(b+h) na superfcie mdia. Resolver a equao de Lagrange para esses casos ainda mais difcil. conveniente

    substituir as sries de Fouries pelo Mtodo das Diferenas Finitas ou, mais modernamente o

    Mtodos dos Elementos Finitos.

    Para as aplicaes prticas desenvolveram-se superfcies de influncia como as de Rsch

    ou de Homberg (ver cpia anexa). No caso de lajes de pontes Rsch transformou essas superfcies em tabelas muito prticas

    que sero discutidas nas aulas de projeto.

  • 58

    Figura 79 Superfcie de influncia para momentos my no meio de uma placa retangular com trs lados apoiados.

  • 59

    Figura 80 Superfcie de influncia para momentos mx no centro do apoio de uma placa retangular com trs lados apoiados.

  • 60

    Figura 81 Superfcie de influncia para momentos mx no meio do vo.

  • 61

    Figura 82 Superfcies de influncia para momentos mx no aopio.

  • 62

    Figura 83 Superfcie de influncia para momentos my no meio do vo.

  • 63

    2.4.3. Pontes em vigas mltiplas (grelhas) ou celulares (caixes)

    2.4.3.1. Anlise da toro

    2.4.3.1.1. Barras de seo circular macia ou vazada

    A. Hipteses bsicas

    1. A seo transversal permanece plana e perpendicular ao eixo da barra aps deformao

    2. A deformao angular ou distoro varia linearmente do eixo para a periferia da barra (ela constante na superfcie cilndrica definida por r).

    x

    Tmax max

    GR

    rmax

    Figura 84 Deformao angular.

    x=

    x

    mxmx

    =

    rRmax =

    3. vlida a lei de Hooke : = G 4. Os deslocamentos so pequenos

    B. Clculo das tenses tangenciais de toro

    Como varia linearmente, segundo a lei de Hooke o mesmo vale para .

    rRmax =

  • 64

    =mx r = (r) R

    Do equilbrio:

    pmx

    s

    mx

    s

    mx

    s

    IR

    dsrR

    dsrR

    rdsT ====22

    Ip - momento polar de inrcia para seo circular macia piR4

    2 para seo circular vazada pi(Re4-Ri4)

    2

    mx = tW

    T R =

    IpT

    wt - modulo de resistncia toro

    wt = Ip/R

    C. Deformao de toro

    x

    maxmax

    Td

    d

    x

    Figura 85 Deformao de toro

    dxmx

    mx =

    Rd mx =

    dxR

    d mx =

    como Gmax

    max

    =

    px IGT

    dd

    .

    =

  • 65

    = xd.pI.G

    T)x(

    Caso T e Ip sejam constantes:

    1cx.)x( +=pG.I

    T

    fb

    lIp,G

    Figura 86 Viga engastada a toro.

    T = f.b

    (0) = C1 = 0

    lIG

    Tlp.

    )( =

    2.4.3.1.2. Barras de seo retangular macia

    Nesse caso as hipteses 1 e 2 no so mais vlidas.

    As sees transversais empenam deixando de ser planas

    A distribuio das distores no linear.

    max

    G

    12

    = (r, )

    Figura 87 Tenses de cisalhamento

    Como as superfcies externas so descarregadas: 1 = 2 = =0

  • 66

    Sem essas 2 hipteses a RM no capaz de resolver o problema de toro de sees

    retangulares. Saint Venant, 1853, usando a TE, encontrou a soluo desse problema no caso de

    seo qualquer sob toro uniforme (T constante, sem restrio ao empenamento). Os resultados para seo retangular so:

    max (meio lado maior) = T/wt

    2bc.tw

    tI.GT

    dxd

    =

    =

    b>=cc

    3bc.tI =

    b/c 1,0 1,5 2,0 3,0 6,0 10,0

    0,208 0,231 0,246 0,267 0,299 0,312 1/3

    0,141 0,196 0,229 0,263 0,299 0,312 1/3

    2.4.3.1.3. Analogia de membrana (Prandtl 1903)

    A analogia formal das equaes que regem a toro uniforme e a deformao de uma

    membrana sob presso uniforme permite dizer que:

    1. A tenso de cisalhamento em P proporcional inclinao na membrana em P.

    2. A direo de definida pela normal maior declive da membrana em P.

    3. O momento de toro resistido pela pea proporcional ao volume sob a membrana.

    Seo elptica Seo circular vazada

    Figura 88 Analogia de membrana.

  • 67

    pm

    V1

    m

    2V

    m

    V3

    Seo retangularmacia

    Seo delgadafechada aberta

    Seo delgada

    Figura 89 Comparao dos momentos fletores resistidos por trs tipos de seo.

    V1 >V2 >>V3 1 >2 >>3

    2.4.3.1.4. Sees vazadas com dois eixos de simetria

    G

    dx

    s1F

    2F

    3F

    4F

    12

    21 t1

    2t

    Figura 90 Seo vazada com dois eixos de simetria submetidas a toro.

    Fazendo o equilbrio: F1 = F3 F4 = F2

    qttdxtdxt

    ==

    =

    1122

    1122

    ..

    ....

    q = fluxo de toro

    AqdsbqbdsqTA

    2....2

    === A - rea limitada pela linha mdia da seo:

    G

    bq.ds

    ds

    r

    A

    Figura 91 rea limitada pela linha mdia

  • 68

    Concluses:

    O fluxo de toro q = .t constante ao longo de todo o contorno da seo;

    T = q. 2A tA

    Tt

    q.2

    ==

    Da Teoria da Elasticidade ou pelos Teoremas de Energia:

    =

    tds

    2A4It tIG

    Tdxd

    .

    =

    Essas expresses correspondem chamada Toro de Bredt, aplicvel a sees vazadas.

    Elas admitem as seguintes hipteses:

    1. As tenses no variam ao longo da espessura da parede da seo;

    2. Lei de Hooke;

    3. Deslocamento pequenos;

    4. Toro uniforme, isto , T constante ao longo da barra e empenamento livre.

    Em funo da hiptese 1, elas so uma boa soluo para perfis delgados, mas no para

    perfis de parede espessa.

    2.4.3.1.5. Toro no uniforme

    O que foi exposto nos itens 2.4.3.1.2 a 2.4.3.1.4 s vale, como foi dito, se a toro for

    uniforme, isto , se T for constante ao longo da barra e o empenamento livre.

    Caso isso no ocorra a toro dita no uniforme e essas solues no so, em princpio,

    vlidas.

    Na verdade, para sees macias ou vazadas elas ainda podem se aplicadas sem que se

    faam erros importantes. J para as sees abertas, sobretudo as de parede fina, isso no pode ser

    dito, importante considerar a toro no uniforme.

    Para visualizar melhor esse problema considere-se o perfil I da figura 92, solicitado

    toro.

    l

    H

    hT=H.h

    Figura 92 Perfil I solicitado toro.

  • 69

    A seo I facilita a visualizao dos 2 sistemas estruturais capazes de transportar o

    momento T, da extremidade livre extremidade engastada.

    O primeiro desses sistemas corresponde Toro Uniforme ou de Saint-Vernanr. Nele, a

    toro desenvolve na seo transversal apenas tenses tangenciais. As tenses normais so nulas

    uma vez que se admitem as sees livres para se empenarem.

    O segundo desses sistemas corresponde flexo diferenciada das mesas. Nele a toro

    desenvolve tenses normais e tangenciais na seo transversal. Para isso essencial que existam

    restries ao empenamento das sees.

    Entende-se aqui por empenamento os deslocamentos que tendem a tornar a seo

    transversal no plana aps o carregamento.

    interessante notar que possvel definir condies particulares onde s um desses sistemas trabalha. Se eliminarmos, por exemplo, os engastamentos da extremidade esquerda, o

    segundo sistema perde completamente a rigidez, fica hiposttico, de modo que toda a toro

    suportada pelo primeiro. Tem-se um problema de toro Uniforme.

    Analogamente possvel eliminar a rigidez do primeiro sistema desligando as mesas das

    almas. Nessas circunstncias nenhuma das partes da seo gira e, portanto, nenhuma Toro de

    Saint-Venant gerada, de modo que toda toro suportada por flexo diferenciada das mesas. Diz-

    se que se tem um problema de Flexo-Toro.

    Num problema real, onde nenhuma das 2 condies extremas acima ocorre, tem-se um

    problema de Toro Mista. Nesse problema o momento total T se subdividir pelos 2 sistemas

    segundo as suas rigidezes. O mais rgido transportar uma maior parcela de T.

  • 70

    TT

    +u

    -u

    +u

    -u

    +u

    -u

    +u

    -u

    u

    +u

    -u

    +u

    -u

    b) Planta da deformada da mesa superior

    a) Perspectiva da deformada

    Figura 93 Toro no uniforme do perfil I (eliminando o engastamento).

    b) Planta da deformada da mesa superior

    T

    w

    a) Perspectiva da deformada

    Figura 94 - Flexo-Toro do perfil I (eliminada a alma)

  • 71

    T =Tu

    tu

    Tenses na toro uniforme Tenses na flexo-toro

    tw

    T =Tw

    (cte. ao longo da espessura e nulo na alma) Figura 95 - Tenses tangenciais.

    tu tw

    +

    +

    -

    -

    tu (nulo) tw

    (cte. ao longo da espessura e nulo na alma)

    Figura 96 - tenses normais

    A soluo desses problemas hiperesttico exige que se escrevam 4 equaes:

    - Equaes de equilbrio:

    T = Tu + Tw qualquer (x) (1)

    Numa seo qualquer S(x) o momento de toro T obtido pela soma dos momentos de toro uniforme Tu e de flexo-toro Tw.

    - Equaes de compatibilidade:

    wu == qualquer (x) (2)

    Numa seo S(x) a rotao em torno de x a mesma para os 2 sistemas estruturais.

    - Equaes derivadas das constitutivas:

  • 72

    )./( tuuu IGTf= )./( wwww IETf=

    Essas equaes formam um sistema determinado de 4 equaes a 4 incgnitas, que so: Tu

    , Tw , u e w . Iw o momento de inrcia flexo-toro, cuja expresso para perfil I dada a seguir. A soluo completa desse problema difcil, mas fcil obter uma soluo aproximada

    que permite ter uma idia de qual dos sistemas mais importante, facilitando a visualizao do

    problema fsico.

    Essa soluo aproximada corresponde a escrever a equao de compatibilidade apenas na

    extremidade livre. Assim:

    t

    u

    u IGlTl

    .

    .)( =

    2/)(

    hl ww

    = m

    w

    w EIlH

    3. 3

    =

    onde: 12/.

    /3

    mmm

    ww

    btIhTH

    =

    =

    m

    w

    t

    u

    EIhlT

    IGlT

    2

    3

    3.2

    .

    .

    =

    conforme Saint-Venant: = 3.

    3ii

    t

    tbI

    Por definio, o momento de inrcia flexo-toro de um perfil I com dois eixos de

    simetria dado por:

    2.

    2hII mw =

    logo:

    2.

    3. l

    EIIG

    TT

    w

    t

    w

    u==

    Quando > 10, a toro uniforme faz praticamente todo o servio. A flexo-toro pode ser desprezada. o caso das sees celulares.

    Se < 0,1 , a flexo-toro transporta praticamente toda a carga. A toro uniforme pode

    ser desprezada. o caso dos perfis delgados abertos. Se 0,1 < < 10, preciso considerar a toro mista, com a soluo correta.

  • 73

    NOTA: essa viso de flexo-toro permite justificar com clareza os critrios usuais para clculo das pontes em duas vigas.

    Considere-se inicialmente o mesmo perfil I em balano, mas recebendo agora cargas

    laterais. Despreze-se a toro uniforme

    h

    Pe

    P

    P/2 P/2 -P.e/hP.e/h

    P.e

    +

    RdRe

    Figura 97 Seo H submetida carga excntrica.

    )21(

    hePRe +=

    )21(

    hePRd =

    Note-se que esses dois valores correspondem exatamente s reaes de apoio de uma viga

    isosttica de vo h, recebendo a carga P excntrica de e.

    eP

    h

    l .Ri e l .Ri d

    Figura 98 Linha de influncia de reao nas almas esquerda e direira.

    +=

    +==

    hePPeh

    hPR ee 2

    1..

    21

    .

    =

    ==

    he

    21

    .PP.e2h

    h1P.ddR

    Essa concluso permite dizer que calcular pontes em duas vigas considerando para a linha

    de influncia de distribuio transversal, a reta 0/1, corresponde apenas a desprezar a toro

    uniforme, coisa que em geral aceitvel, podendo inclusive ser verificada atravs do coeficiente .

  • 74

    (cuidado que a expresso de varia conforme as condies de contorno da barra: em balano, biapoiada, contnua, etc.).

    ba a

    1 0-b/a

    a+ba1

    Figura 99 Linha de influncia transversal.

    Pi

    l

    P

    1

    Figura 100 Carga sobre a viga esquerda.

    Pi (viga esquerda) = P Pi (viga direita) = 0 Mmax (viga esquerda) = P.l/4

    -

    -

    -

    +

    +

    mov.

    mov.

    Figura 101 - Diagrama (meio do vo).

    2.4.3.1.6. Centro de toro ou cisalhamento

  • 75

    Sz

    y

    xG

    G h

    S

    b

    f1

    1f

    f2z

    yz

    Vz= P

    Pa

    =A

    dsef .. y

    yz

    IeSMV

    .

    ..

    =

    P

    G x

    z

    yf1

    f1f2

    C

    P

    c

    a

    Figura 102 Exemplo do perfil C.

    Do equilbrio do elemento:

    h: f1 f1 = 0

    v: P f2 = 0

    MGx = Pzero - f1h - f2.a 0 ?

    MCx = Pzero - f1h + f2.c = 0 2

    1

    fhf

    c =

    Assim, as tenses decorrentes da flexo simples, ou seja, a prpria flexo simples, ocorre quando P aplicada em C (Centro de cisalhamento) e no em G.

    Como conseqncia, os momentos de toro devem ser calculados em relao a C, e no a

    G.

    Caso P esteja excntrica de d em relao a C, as tenses tangenciais resultaro da

  • 76

    composio Vz + T ( T = P.d) Por isso C tambm chamado Centro de Toro.

    Assim:

    yI.4

    2h2b.eP.yI.4

    2h.2b.e.P2fh1fc

    yI.4h2b.e.Pb.e

    yI.e2/h.e.b.P

    .

    21

    yI.eySM.P

    .

    21

    Ads.e.1f

    P2f

    ===

    === =

    =

    e x b x

    G

    C

    C

    G C G G = C

    2 eixos de simetria

    Figura 103 Centro de toro de algumas sees.

    2.4.3.2. Estruturas em viga T nica

    Estas estruturas so muito comuns nas passarelas de pedestres.

    +a-a

    P e

    flexo

    =+e

    =1 = cte

    toro

    P

    Pe

    Figura 104 Viga em seo T.

  • 77

    - A carga P centrada transportada aos apoios por flexo.

    - O momento Pe o por toro uniforme. A flexo-toro nesse caso usualmente

    desprezvel.

    2.4.3.3. Pontes em duas vigas

    - J foram estudadas anteriormente

    2.4.3.4. Pontes em 3 ou mais vigas (Grelhas)

    Existem muitas solues para o problema das grelhas de ponte. A mais simples aquela

    devida a Courbon/Engesser que ser apresentada a seguir. Outras solues devem ser lembradas,

    como, por exemplo, aquelas devidas a Leonhardt, Guyon/Massonet/Bares, ao prof. Ferraz, a

    Fauchart, etc. Dentre elas ser apresentada apenas a ltima, que ao mesmo tempo simples e

    precisa.

    As pontes em vigas mltiplas foram inicialmente providas de transversinas bastante rgidas

    com o objetivo de bem distribuir as cargas pelas longarinas e se constiturem nas grelhas. Posteriormente se verificou que as lajes usuais dessas pontes tinham rigidez suficiente para

    garantir uma boa distribuio transversal o que sugeriu a eliminao das transversinas

    intermedirias. Essa soluo tem sido usada atualmente, especialmente quando as vigas so pr

    moldadas, mas, claro, a armadura da laje deve ser reforada, com ateno especial para os problemas de fadiga.

    Para o clculo das grelhas com transversinas muito rgidas prope-se o processo de

    Courbon/ Engesser e para o caso em que elas so flexveis ou mesmo no existem prope-se o

    processo de Fauchart.

    2.4.3.4.1. Processo de Courbon/Engesser

    Esse processo se aplica ao caso usual de grelhas de ponte onde so respeitadas as seguintes

    condies:

    A largura da obra menor que metade do vo da mesma

    A altura das transversinas da ordem de grandeza daquela das longarinas

    As espessuras das longarinas e das lajes so pequenas Essas condies permitem formular as seguintes hipteses:

  • 78

    1. As transversinas so infinitamente rgidas.

    2. A toro uniforme desprezvel.

    3. O trabalho longitudinal das lajes tambm desprezvel. 4. Admitem-se ainda vlidas para as longarinas as hipteses da Resistncia dos

    Materiais:

    As longarinas so barras (b,h

  • 79

    A. Distribuio transversal

    V1 2V 3V 4V

    4V' v v v

    T1 T2 T3 4T

    F

    Figura 105 Distribuio transversal de uma carga F.

    Ti = v 0 ( desprezveis) Fi = vi - vi ' Considere uma transversina e sua vizinhana como assim representado. Os momentos

    fletores no foram representados porque no interferem no equilbrio de foras verticais que se

    pretende estudar.

    As hipteses feitas permitem reduzir o problema de distribuio da fora externa F pelas

    vigas (foras Fi = Vi) ao problema de uma viga infinitamente rgida sobre apoios elsticos.

    F1 2F F3 4F

    1k 32 kk 4k

    F

    x,u

    y,

    Figura 106 Viga rgida sobre apoios elsticos.

    Esse problema tem 3 graus de liberdade: deslocamentos u(//x) , (//y) e rotao . Como s temos cargas verticais podemos deixar de lado o deslocamento u (//x). Por outro lado as transversinas rgidas fazem com que as deformadas de todas as vigas

    sejam afins. Assim:

  • 80

    F

    1 2 3 4

    a

    b

    1

    4

    ab

    Figura 107 Deformao das vigas 1 a 4.

    aibi 1

    = para qualquer viga i.

    Isso permite dizer que as rigidezes dos apoios elsticos k variam com a posio da

    transversina, mas mantida a proporo entre elas. Como essa proporo que define a distribuio

    transversal, ela ser nica qualquer que seja a posio da transversina.

    Transversina a k1, k2, k3, k4

    Transversina b .k1, .k2, .k3, .k4

    Qualquer transversina .I1, .I2, .I3, .I4

    e variam com a posio da transversina e com o tipo de carregamento. "Para justificar essa concluso, ver item 2.4.3.4.2."

    A soluo do problema de barra rgida sobre apoios elsticos se obtm facilmente como se

    segue.

    Considere-se o caso particular = 0 e = 1 e procure-se determinar a posio da carga externa correspondente.

    =

    ==

    ==

    ==

    ikikixx

    x.ikx.FAM

    ik.ixix.iFAMiki.ikiF

    x define um ponto tal que se F for a ele aplicado teremos = 0 e constante. Esse ponto chamado Centro Elstico por analogia com Centro de Gravidade.

    Considere-se agora o caso geral.

  • 81

    ki

    F

    eCE

    i

    je

    Figura 108 Deformao de uma viga rgida sobre apoios elsticos devido carga excntrica em relao ao centro de rigidezes das molas.

    i = + .ei Fi = ki.i = ki( + .ei) As duas equaes de equilbrio necessrias so:

    =+=

    =+=

    +==

    +==

    22...

    ).(..).(

    iiiiiiej

    iiii

    iiiiiej

    iii

    ekekekF

    kekkF

    eekeFF

    ekFF

    Pois = 0. ii ek por definio do CE.

    Assim:

    =

    ikF e

    =

    2ie.ik

    F j e

    ijr.F2ie.ik

    ie.jeik

    1ik.Fie.2

    ie.ik

    F

    ikF

    ikiF =

    +

    =

    +

    =

    j e

    como ii Ik .=

    += 2.

    .1ii

    ij

    iiij

    eIee

    IIr

    Quando as vigas so iguais: (Ii = I = constante)

    += 2

    1i

    jiij

    e

    ee

    nr

    Note-se a semelhana entre essas expresses e aquela das tenses normais na flexo-

    composta:

  • 82

    eI

    MAN

    .+=

    FN = , jeFM .=

    = ikA , = 2. ii ekI , iee =

    A semelhana no apenas formal, fsica: a transversina rgida faz o papel da hiptese de

    Navier e as molas de comportamento elstico linear reproduzem a Lei de Hooke.

    B. Esforos longitudinais

    Quando a carga externa est sobre uma transversina, ela se distribui pelas longarinas conforme foi visto. A longarina i recebe fora Fi e os esforos longitudinais nessa longarina so

    diretamente calculados a partir d Fi.

    Quando, porm, a carga externa est fora da transversina, sobre uma longarina por exemplo, as coisas no so a princpio to simples. De fato:

    a

    b

    F

    1 2 3 4

    c

    d Longarina 1

    F

    ? ?

    Longarina i>1

    ? ?F

    Figura 109 Carga externa fora da transversina.

    preciso calcular os esforos que as transversinas aplicam nas longarinas. Faamos isso por superposio.

  • 83

    Longarina 1

    F

    +

    RaRb Rc

    Rd

    Rb Rc1 1

    Rb-Rb Rc-Rc

    F

    1 1

    *

    F

    **

    1

    **

    iF

    Rb ii Rc*

    Longarina i >1

    Deistribuio de Rb e Rcpelas longarinas

    Figura 110 Distribuio da carga F nas longarinas.

    Verifica-se que as solues aproximadas **, embora muito mais simples, fornecem

    solues bastante prximas ds solues corretas *.

    Aconselha-se, portanto, usar a soluo aproximada que corresponde, fisicamente, a admitir

    uma transversina rgida sob cada carga externa.

    Note-se que a distribuio transversal obtida por Courbon/Engesser vlida qualquer que

    seja o sistema estrutural longitudinal, viga biapoiada ou contnua.

    2.4.3.4.2. Processo de Fauchart

    Considere-se o caso de uma ponte em vigas mltiplas sem transversinas intermedirias, s

    nos apoios.

    Para tratamento desse problema adotam-se as seguintes hipteses:

    1. As longarinas trabalham conforme a Resistncia dos Materiais.

    2. As longarinas so biapoiadas e tm inrcia constante.

    3. O trabalho longitudinal das lajes desprezado.

  • 84

    xy

    z

    Figura 111 Superestrutura em grelha.

    Da super esquematicamente representada na figura 111 isole-se a viga i:

    P

    v

    i

    ev

    dmem

    Pm i

    Figura 112 Equilbrio da viga i

    pi = p + vd - ve

    mi = md - me

    Da Resistncia dos Materiais tem-se:

    EIM

    dxyd

    =2

    2

    EIP

    dxyd

    dxMdp == 4

    4

    2

    2

    tGIT

    dx

    d=

    ,

    tGIm

    dxd

    dxdT

    m == 2

    2

    Assim:

    tEIip

    4dxiy

    4d= e

    tiGIim

    2dxi

    2d=

    Desenvolvendo em srie de Fourier as cargas pi e mi e os deslocamentos yi e i possvel

    transformar essas duas equaes diferenciais em equaes algbricas o que permitir transformar

  • 85

    nosso problema bidimensional (x, z) em unidimensional (z). Como as vigas so biapoiadas e ainda engastadas toro nos apoios a srie escolhida deve

    respeitar as seguintes condies de contorno:

    0=x e lx = yi = i = 0

    ( = rotao em torno de x)

    A srie adequada portanto de senos do tipo: l

    xj pi.sen , nula para 0=x e lx = .

    Assim:

    lxjpp

    jiji

    pisen= =

    jiji l

    xjmm

    pisen

    lxjyy

    jiji

    pisen= =

    jiji l

    xjpi sen

    Introduzindo essas sries nas equaes acima tem-se para cada termo j:

    iijij EIlj

    lxjy

    lxjp .sen.sen.

    4

    =

    pipipi

    e

    tiijij GIlj

    lxj

    lxj

    m .sen.sen.

    2

    =

    pipipi

    ou

    ijfij ykp ij ..= e ijtij ijkm ..=

    com if EIljk

    ij

    4

    =

    pi e tit GIl

    jkij

    2

    =

    pi

    Assim, para cada termo j da srie, o problema de distribuio transversal se reduz a calcular a faixa unitria de laje esquematizada na figura 113.

    m ij

    pij

    1m

    Figura 113 Faixa unitria.

    ijfij ykp ij ..= ijtij ijkm ..=

  • 86

    ijijp

    m

    f ijk

    pk

    ijt

    j

    faixa de lajecom 1 m delargura

    Figura 114 Esquema estrutural transversal para uma faixa unitria.

    Essa faixa deve ser carregada com o termo j do desenvolvimento da srie Fourier da carga externa p (pj).

    Transformamos assim nosso problema bidimensional em uma srie de unidimensionais.

    Ocorre que usualmente o 1 termo da srie j suficiente e temos apenas um problema unidimensional como o acima, com j=1. Sua soluo obtida com facilidade pelo processo dos deslocamentos bastando dispor de uma calculadora programvel (so 8 graus de liberdade, 4 vigas com um e um para cada uma ).

    Observaes complementares:

    1. Imaginando a ponte em questo como uma pea nica de seo aberta com 4 nervuras a

    soluo de Fauchart considera flexo do conjunto ( cte), a toro uniforme e a flexo-toro ( cte) e a deformao da seo transversal ou distoro representada por no constante e varivel no linearmente. A figura 115 ilustra esses fatos.

  • 87

    carga externa

    flexo

    toro

    distoo

    Figura 115 Deformao de uma seo transversal pelo processo de Fauchart.

    2. Para obter as linhas de influncia que definem as cargas nas vigas (pi - flexo da viga e mi - toro da mesma) bem como as solicitaes mais importantes na laje de ligao basta resolver a viga sobre apoios elsticos, num programa conveniente, para uma srie de posies de uma carga

    unitria. importante considerar pelo menos uma posio para cada viga e cada seo considerada relevante. Costuma-se dizer que basta passear com a carga unitria sobre a estrutura anotando

    para cada posio os esforos de interesse.

    3. Para determinao dos trens tipo nas vigas (isto do carregamento em cada viga) deveramos carregar as linhas de influncia para pi e mi com o primeiro termo do desenvolvimento

    em srie das cargas externas. Verifica-se que mais fcil e preciso carreg-las com as cargas reais.

    Isso equivale a dizer que:

    11 .1 ifi ykp i= iy.1ifkip =

    11 .. 1 iti ikm =

    i.1itkim =

    Usamos assim as sries de Fourier apenas para definir a rigidez com que as vigas vinculam

    as lajes de ligao. Para carregamentos usamos a sua forma real.

    4. conveniente observar que se for desprezada a toro uniforme (Iti=0) e for admitida infinita a rigidez da laje de ligao (simulando transversina rgida) o processo do Fauchart se reduz ao do Courbon. Assim Courbon um caso particular do Fauchart.

  • 88

    5. Extenso da soluo s grelhas com transversinas flexveis.

    e

    bw

    bw+b/5=bm

    b/10

    longarina

    transversina

    seo efetivada transversina

    (e-bm).1/2

    Figura 116 Ponte em grelha com transversinas flexveis.

    Basta, para tal, definir uma laje de rigidez equivalente ao conjunto laje+transversinas:

    e

    beIII mlajetransvequivlaje

    )(.

    +=

    6. Extenso da soluo s grelhas contnuas.

    Basta, para tal, adotar para l um vo biapoiado equivalente, isto , que apresente a mesma

    flecha que um determinado vo da obra real, para um mesmo carregamento considerado

    representativo. A carga uniforme considerada usualmente aceita para esse fim.

    7. Esforos na laje do tabuleiro.

    7.1. Caso em que existem transversinas.

    Calculam-se as lajes como engastadas nas vigas. Um bom procedimento usar as tabelas de Rsch (ver aulas de projetos).

  • 89

    7.2. Caso em que no existem transversinas intermedirias.

    Calculam-se as lajes por superposio de efeitos conforme sugere a figura 117:

    -

    P

    P1A

    1P

    +

    P

    B

    C

    P (primeiro termo dodesenvolvimento de P)aplicado na viga sobreapoios elsticos

    carga concentrada P

    P sobre viga biengastada

    P sobre placa longabiengastada (Teoria das Placas)

    1

    1

    Figura 117 Superposio de efeitos para cargas na laje.

    Para melhor entender essa superposio conveniente dividir as solicitaes na laje em 2 partes:

    - local - que decorre do trabalho do painel da laje carregado e engastado nas vigas que so admitidas indeslocveis;

    - global - que decorre apenas dos deslocamentos das vigas.

    O primeiro termo da srie (P1) pode representar bem P do ponto de vista global, mas no local.

    Assim:

    Efeito P = Efeito global + Efeito local =

    = Efeito P1 - Efeito local P1 + Efeito local P =

    A B C

    Efeito Global P1 = P

  • 90

    O efeito local de P pode ser calculado com as superfcies de influncia anteriormente

    apresentadas ou se P representar o trem tipo padro, esse efeito pode ser em geral calculado com as

    tabelas de Rsch.

    2.4.3.5. Pontes celulares

    As pontes celulares tm sido cada vez mais utilizadas funo das grandes qualidades

    estruturais das serves celulares (boa rigidez e resistncia toro e flexo, seja para momentos positivos, seja para negativos) e do progresso dos mtodos construtivos. Essas sees so preferencialmente unicelulares por economia de materiais e de mo de obra. S se justifica o uso de sees multicelulares em obras exageradamente largas, sobretudo aquelas em que a largura bem

    superior metade do vo.

    Devido essas qualidades estruturais essas pontes so calculadas como vigas nicas. Esse

    clculo requer, no entanto, algumas complementaes em relao Resistncia dos Materiais usual.

    2.4.3.5.1. Sees unicelulares

    Considere-se uma ponte unicelular biapoiada sob carga excntrica como representado na

    figura 118.

    P

    l

    P

    transversina de apoio

    PP/2 P/2 P/2 P/2

    flexo toro

    +

    Figura 118 Seo celular submetida carga na alma direita.

    A. Estudo da flexo

    As tenses normais s podem ser calculadas pela expresso usual da Resistncia dos

    Materiais exigindo-se, sem dvida, a determinao dos eixos centrais de inrcia. Como no caso

  • 91

    usual as sees so simtricas, essa determinao imediata.

    X

    Z

    Y NMy

    yM

    MyWyi

    NS

    Figura 119 Tenses normais ao longo da altura da seo celular.

    zI

    MSN

    y

    y.+= No caso acima, N = 0.

    O clculo das tenses de cisalhamento requer alguma discusso. A expresso usual da

    Resistncia dos Materiais vem do equilbrio de um naco de viga na direo do eixo x. Ela s

    pode, no entanto, ser aplicada se for conhecido o valor de em alguns pontos de partida.

    x

    z

    y

    12

    3

    4

    +d S

    dx

    x

    Figura 120 Equilbrio, na direo x, de um elemento infinitesimal.

    Sy

    y

    Sy

    y

    S y

    y

    S

    MI

    dMSdz

    IdM

    SdzI

    dMSdddxe ........ ====

    y

    Sz

    IeMV.

    =

    Nas sees abertas (como o perfil I acima) esse pontos so as extremidades da seo delgada onde =0 (faces laterais 1, 2, 3, 4). Nas sees fechadas a dificuldade est em determinar esses pontos.

    Caso 1 - Sees Simtricas

  • 92

    Por necessidade da simetria das tenses de cisalhamento (bem como foras cortantes e momentos de toro) so nulas nos eixos de simetria. De fato:

    esq.

    dir.

    dir.

    por simetria

    por ao/reao =0

    Figura 121 Tenso de cisalhamento no eixo de simetria da seo celular.

    Assim, nas sees simtricas os pontos de partida esto no eixo de simetria.

    G = 0max

    S

    (S)

    Figura 122 Tenses de cisalhamento em uma seo celular simtrica.

    Caso 2 - Sees Assimtricas

    = 0

    ?

    Figura 123 Seo celular assimtrica.

    Onde est o ponto de partida onde = 0 ? No se sabe a priori!

  • 93

    Na verdade o problema de sees fechadas internamente hiperesttico. Sees

    unicelulares so uma vez hiperestticas. Uma boa maneira de levantar essa indeterminao usar o

    processo dos esforos. A estrutura fechada hiperesttica e tornada aberta e isosttica atravs de um

    corte longitudinal feito a priori. A essa estrutura aberta possvel aplicar a expresso anteriormente

    descrita.

    A compatibilidade somente recuperada se no corte forem introduzidos esforos

    hiperestticos de valor conveniente. Assim:

    FC

    P P

    AC

    = 0P P(1- )

    i

    = q /eo ooq = cte.

    Figura 124 Corte longitudinal arbitrado e introduo de esforos que mantm a compatibilidade.

    A soluo da flexo da seo assimtrica sob carga P passando pelo seu centro de toro CF

    obtida pela superposio da soluo da seo aberta (onde P passa pelo centro de toro da mesma CA e provoca as tenses i) e do fluxo de toro q0, que provoca tenses 0=q0/e, decorrente da toro T dada por P vezes a distncia entre CA e CF na direo y. Assim:

    y

    Szi Ie

    MV.

    Mas como calcular o?

    preciso obter uma equao de compatibilidade! Observe-se a deformao da seo aberta.

  • 94

    ds

    du

    x

    Figura 125 Deformao da seo aberta.

    As faces do corte se deslocariam de d uma em relao outra funo da deformao por

    cisalhamento .

    Gdsdu

    tg ==

    == dsdu .

    Deve-se calcular 0 tal que = 0 Como = /G e G 0

    0. == ds 0= ds ou

    =+ 0).( 0 dsi

    Essa equao permite calcular 0.

    Conhecida 0 conhece-se tambm a vertical que passa por CF. Para determinar a posio

    desse centro deveramos estudar ainda o caso de uma fora horizontal.

    Convm lembrar que para as sees simtricas usuais, embora G no coincida com CF

    habitual e aceitvel admitir CF G.

  • 95

    G

    CF

    Figura 126 Centro de gravidade e de toro de uma seo celular simtrica.

    CF G mas CF G.

    B. Estudo da toro

    Como visto anteriormente, a trao de sees unicelulares fica resolvida por:

    qAT ..2= onde: cteeq == .

    A = rea interna linha mdia da clula

    =

    e

    dsAI t

    4.4

    e tGI

    Tdxd

    =

    2.4.3.5.2. Sees multicelulares

    A anlise dessas sees se faz analogamente s unicelulares. Seja a seo tri-celular da figura 127:

    P

    G

    e

    P/2P/2

    +P/2P/2

    flexo

    toro

    Figura 127 Seo tri-celular submetida carga na alma direita.

  • 96

    A. Flexo

    S em relao s tenses so necessrios comentrios adicionais. De fato, mesmo sendo a

    seo simtrica o problema permanece indeterminado estaticamente. So 3 clulas portanto 3 graus

    de indeterminao. Por simetria essas 3 incgnitas se transformam em apenas uma.

    = 0

    = 0 = 0

    i

    + = 0

    q = cte.= q /eo

    o

    o

    Figura 128 Esquema estrutural transversal considerando a simetria.

    A nica incgnita hiperesttica 0 se calcula atravs da equao de compatibilidade:

    =+ 0).( 0 dsi

    analogamente seo unicelular assimtrica.

    B. Toro

    21 3

    TPe

    -Pe/2

    Pe/2

    T

    Figura 129 Viga tri-celular submetida toro.

    Aqui, tambm a toro corresponde a um problema hiperesttico, s que com grau de

    indeterminao 2. De fato:

    Da toro total T, cada clula suporta uma parcela Total que:

    T = T1 + T2 + T3 - 3 incgnitas para 1 equao

  • 97

    preciso obter 2 equaes de compatibilidade. Elas so:

    1 = 2 e 1 = 3

    importante, no entanto, tomar cuidado para calcular corretamente Ti e i.

    Cada clula ficar submetida a um fluxo de toro qi tal que:

    1

    T

    q 2q 3q

    Figura 130 Fluxo de toro.

    Do captulo de toro tem-se que:

    == iiii qAdsbqT 2 )2( iii qAT =

    por superposio das solicitaes nas trs clulas.

    Para calcular a rotao qi preciso considerar que o fluxo qi no constante em todo

    contorno. Para isso preciso estudar com cuidado as deformaes por toro de uma seo celular.

    Seja uma barra de seo vazada solicitada toro uniforme como mostra a figura 131.

    l

    T

    Conciderando os Teoremasde energia de deformaotemos que:

    T,

    ,

    (T)e() i ou

    Figura 131 Barra de seo vazada solicitada toro uniforme.

    e (trabalho externo) = 1/2 T.

  • 98

    i (trabalho interno) = 1/2 . (elementar!)

    = dvie

    = dsleT ....21

    21

    '..

    21 qA

    lT =

    == dsGqdse

    Gdse .

    2.

    21

    ...

    21 2

    = dsGqqA .

    2'.. = dsGA .'...2

    Essa expresso permite calcular as rotaes elementares considerando que q no

    constante em todo contorno.

    Voltando ao problema da seo tricelular, considerando a simetria temos que q1=q3 e

    1'=3 o que reduz o nmero de incgnitas a 2. Assim:

    ===

    +=

    GAds

    GAds

    qAqAT

    2

    2

    1

    121

    2211

    2.

    ..2.

    ''

    ..2..4

    Notar que 1 = q1/e apenas em 3 lados da clula 1. No 4 lado 1 = (q1 - q2) /e. Analogamente para a clula 2.

    Observao: A expresso acima indicada para clculo de permite demonstrar a

    expresso do momento de inrcia de uma seo unicelular. De fato:

    =====

    GAe

    dsq

    GAds

    IGT

    dxd

    t ..2..2.

    .

    '

    ==

    e

    dsAG

    T

    e

    dsAG

    qA22

    .4.4.

    ..2

    =

    e

    dsAI t

    2.4

    5.3. Problemas de deformao da seo transversal - Distoro

  • 99

    Tudo o que foi descrito at aqui prev que as sees celulares tenham seo transversal

    indeformvel. Isso nem sempre verdade.

    Para que a seo seja efetivamente indeformvel preciso prever transversinas no muito espaadas. Para as obras usuais esse espaamento deve ser da ordem de 10m.

    De forma a melhor visualizar essa questo retomemos a ponte unicelular sob carga

    excntrica apresentada no item 2.4.3.5.1., reanalisando os esquemas de carregamento em seo

    transversal. Merece reconsiderao especial o carregamento de toro.

    +

    P

    flexo

    P/2 P/2

    "toro"

    P/2P/2

    Figura 132 Seo unicelular submetida carga excntrica.

    O carregamento indicado como sendo de toro no , na verdade, da forma em que a

    seo unicelular suporta a seo, isto , atravs de esforos na direo de suas 4 paredes. Assim o

    carregamento de toro contm alm de toro, mais algum efeito, vejamos qual :

    distorotoro

    P/2-q.a

    +

    P/2 P/2

    b

    a

    q.a

    q.b q.b

    "toro"

    Figura 133 Carregamento de toro decomposto em duas parcelas: toro e distoro.

    a

    Pba

    bPA

    Tq.4..2

    2/..2

    ===

    2

    )14

    +=

    a

    bPR

    Assim, aquele carregamento que parecia de toro contm alm disso um carregamento

    equilibrado (de resultante nula) chamado de carregamento de distoro.

    4.4.

    2P

    a

    aPP=

    b

    a

    R

    P.b4.a

  • 100

    Esse carregamento corresponde a duas foras de mesmo mdulo e direo, mas sentidos

    inversos, que tendem a afastar dois vrtices opostos da clula, isto , tendem a distorc-las.

    A transversina um elemento especialmente imaginado para impedir essa distoro. Se as

    transversinas forem convenientemente espaadas, a regio entre elas fica protegida pelas prprias

    paredes da seo funo de sua grande rigidez flexo no seu plano.

    Se a obra no dispuser de transversinas esse carregamento deve ser suportado pelo quadro

    transversal, onde as paredes da seo fletem como placas.

    Em qualquer um dos casos importante, no entanto calcular esse quadro transversal.

    Esquema para clculo do quadro transversal.

    Consideremos um quadro correspondente a um pedao da ponte com 1m de comprimento.

    1m

    +

    V + V

    TV

    Esquema das lajes engastadasnas almas

    +

    p p'

    +

    m m'm, p, m', p' - esforos

    de engastamento daslajes nas almas

    Diagonal biarticuladaque simula a transversinaquando for o caso

    q ( T, V) - acrscimo de fluxo de cisalhamentodecorrente de T e V

    Figura 134 Esquema para clculo do quadro transversal.

  • 3. MESO E INFRAESTRUTURAS DE PONTES

    3.1. Consideraes iniciais

    A meso e infraestruturas das pontes so as responsveis pelo suporte da superestrutura e pela sua fixao ao terreno, transmitindo a ele os esforos correspondentes a essa fixao. Pode-se dizer que enquanto a super essencialmente responsvel pelo transporte horizontal das cargas, est a cargo da meso o transporte vertical das mesmas e da infra, sua transmisso ao terreno.

    3.2. Nomenclatura

    O esquema abaixo fixa a nomenclatura usualmente adotada para descrever cada um desses elementos.

    APARELHODE APOIO

    FUNDAO RASA

    (SAPATA)FUNDAO PROFUNDA

    (BLOCO C/ ESTACAS)

    SUPER

    MESO

    INFRA

    PilaresEncontros

    Ap. Apoio

    Fundaes

    Tabuleiro

    PILARENCONTRO

    Vigas

    Fig.1 Nomenclatura dos elementos das pontes

    3.3. Tipos estruturais

    3.3.1. Tipos de aparelhos de apoio vinculao super x meso

    N de prtico

    MONOLTICA FIXA MVELUnidirecional Multidirecional

    Teflon sobre inox

    LIGAO ARTICULAOARTICULAO

    Fig.2 Tipos de aparelhos de apoio

  • Essas articulaes podem ser metlicas, de concreto e at mesmo de borracha, como veremos mais adiante.

    Rtulas podem ser obtidas com superfcies esfricas no lugar das cilndricas.

    3.3.2. Pilares

    Pilar

    PilarPilar

    PilarAp. apoioAp. apoio

    Ap. apoioAp. apoio

    Transversina

    TransversinaTravessa

    Travessa

    Grelha Caixo

    Caixo

    VMt

    VMt

    VMt

    V

    TransversinaUsual

    TransversinaObrigatria

    Fig.3

    Sees: Macias

    Paredes finas

    Constantes ou variveis

    TransversalLongitudinal

    Fig.4

  • 3.3.3. Encontros

    Fig.5 Encontros

    Fig.6 Encontro aliviado (bastante comum)

  • Fig.7 Encontro na super

    Fig.8 Encontro na super

    3.3.4. Fundaes

    Os tipos estruturais das fundaes no fazem parte do objetivo desta disciplina. Para tanto, ver cursos especficos.

  • 3.4. Mtodos construtivos

    3.4.1. Fundaes

    Quando as fundaes esto localizadas no seco, como nos viadutos por exemplo, os mtodos construtivos a aplicar na sua execuo so os convencionais. Quando, no entanto, as fundaes esto dentro dgua, tais mtodos devem ser revisados.

    As novas solues podem ser divididas em 2 grupos:

    Caso 1 Lmina dgua pequena. Nesse caso as fundaes diretas ainda so possveis, devendo ser executadas em

    ensecadeiras. Essas ensecadeiras podem ser construdas com estacas prancha ou barragens de terra. Em ambos os casos, elas se assemelham a valas a cu aberto onde a estrutura de conteno suporta empuxos de gua em lugar de empuxos de terra.

    VALA ESCORADA

    ENSECADEIRA DEESTACAS PRANCHA

    Estronca

    Estronca

    Estaca prancha

    ENSECADEIRA DE TERRA

    VALA ATALUDADA

    Estaca prancha Barragem de terra

    Barragem de terra

    Fig.9 Ensecadeiras

    Quando a lmina dgua pequena e as fundaes a executar profundas, em geral possvel construir uma plataforma estaqueada provisria, onde se executam as fundaes definitivas, sejam estacas (pr-moldadas, Franki ou escavadas), sejam tubules (a ar comprimido, escavados mecanicamente ou mistos), sejam caixes (a cu aberto ou a ar comprimido).

    Os tubules escavados mecanicamente (tipo Wirth), os mistos e os caixes, sero descritos a seguir, por no serem usuais, seno nas fundaes das pontes.

  • Caso 2 Lmina dgua grande. Nesse caso nenhuma das duas solues anteriores so utilizadas, ambas ficam muito

    dificultadas pela altura da lmina dgua. A soluo usual corresponde a execultar fundaes profundas a partir de barcaas ou flutuantes.

    Essas barcaas, muitas vezes feitas de concreto, so suficientemente grandes para suportar, alm de equipamentos de perfurao, guindastes, betoneiras e depsito de materiais (brita, areia, cimento, ao, etc.). Elas so fixadas s margens atravs de cabos de forma a garantir uma maior preciso nas locaes em planta. Em rios mais largos, elas podem ser ancoradas no fundo e, quando a velocidade da gua for baixa (caso do mar), podem ter pernas retrteis.

    3.4.2. Fundaes especiais

    Tubules mistos Soluo a usar no lugar de tubules a ar comprimido, quando a presso superar 3 atms ou 30 mca.

    Fig.10 Seqncia construtiva de tubules com estacas metlicas (Pfeil, 1983).

  • 1. Escavao e descida da camisa a ar comprimido (camisa de concreto); 2. Desativada a compresso, cravao das estacas por dentro da camisa, com

    suplemento;