3
Parecer AUDI-E n.º 12, de 20 de junho de 2008. Curso de Aprendizagem Industrial – Mecânico de manutenção 1 Histórico Os cursos de aprendizagem do SENAI estão associados à criação das chamadas Leis Orgânicas da Educação Nacional, notadamente a Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-Lei n.º 4.073, de 30 de janeiro de 1942 – que estabeleceu as bases da organização e do regime do ensino industrial. Foi nessa época, mediante o Decreto-Lei n.º 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que o Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários – SENAI foi criado. O artigo 2º do referido decreto delegou ao SENAI a competência para organizar e administrar, em todo o país, escolas de aprendizagem para industriários e o seu parágrafo único dispôs que, as escolas de aprendizagem que se organizarem, deverão ministrar ensino de continuação e de aperfeiçoamento e especialização, para trabalhadores industriários não sujeitos à aprendizagem. Ainda em 1942, no dia 7 de novembro, por meio do Decreto-Lei n.º 4.936, a denominação do SENAI passou a ser Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. O caráter educativo da aprendizagem e o seu desenvolvimento curricular encontram-se fundamentados no artigo 1.º da Portaria Ministerial n.º 127, de 18 de dezembro de 1956, que dispõe que “a formação profissional metódica do ofício, (...) será como tal considerada se corresponder a um processo educacional, com desdobramento do ofício, ou da ocupação, em operações ordenadas de conformidade com um programa, cuja execução se faça sob a direção de um responsável, em ambiente adequado à aprendizagem.” Recentemente, passou a vigorar a Lei Federal n.º 10.097, de 19 de dezembro de 2000, que altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Ao dispor sobre o contrato de aprendizagem, identifica a aprendizagem como “formação técnico-profissional metódica”, caracterizada por “atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho”. O SENAI, desde a sua criação, tem organizado seus cursos de aprendizagem segundo a legislação e as diretrizes emanadas dos Ministérios do Trabalho e da Educação. Com a regulamentação dos dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei Federal n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), referentes à educação profissional, sobretudo o Decreto Federal n.º 2.208, de 17 de abril de 1997, e com as novas demandas da tecnologia e da produção, os cursos de aprendizagem têm sido reformulados ou criados em conformidade com essa legislação e com as diretrizes institucionais. O Decreto Federal n.º 2.208/97 define que a educação profissional compreende os seguintes níveis: básico, técnico e tecnológico. Posteriormente, o Parecer CNE/CEB n.º 17, de 3 de dezembro de 1997, ao tratar da educação profissional básica, elucida as condições em que a aprendizagem industrial pode ocorrer: “A educação profissional básica, destinada a qualificar e requalificar trabalhadores, independente de escolaridade prévia, não está sujeita a regulamentação curricular, sendo oferecida de forma livre em função das necessidades do mundo do trabalho e da sociedade, como preconiza a LDB.

12 MECANICO MANUTENCAO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

manual

Citation preview

  • Parecer AUDI-E n. 12, de 20 de junho de 2008. Curso de Aprendizagem Industrial Mecnico de manuteno 1 Histrico

    Os cursos de aprendizagem do SENAI esto associados criao das chamadas Leis Orgnicas da Educao Nacional, notadamente a Lei Orgnica do Ensino Industrial Decreto-Lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942 que estabeleceu as bases da organizao e do regime do ensino industrial.

    Foi nessa poca, mediante o Decreto-Lei n. 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que o

    Servio Nacional de Aprendizagem dos Industririos SENAI foi criado. O artigo 2 do referido decreto delegou ao SENAI a competncia para organizar e administrar, em todo o pas, escolas de aprendizagem para industririos e o seu pargrafo nico disps que, as escolas de aprendizagem que se organizarem, devero ministrar ensino de continuao e de aperfeioamento e especializao, para trabalhadores industririos no sujeitos aprendizagem. Ainda em 1942, no dia 7 de novembro, por meio do Decreto-Lei n. 4.936, a denominao do SENAI passou a ser Servio Nacional de Aprendizagem Industrial.

    O carter educativo da aprendizagem e o seu desenvolvimento curricular encontram-se

    fundamentados no artigo 1. da Portaria Ministerial n. 127, de 18 de dezembro de 1956, que dispe que a formao profissional metdica do ofcio, (...) ser como tal considerada se corresponder a um processo educacional, com desdobramento do ofcio, ou da ocupao, em operaes ordenadas de conformidade com um programa, cuja execuo se faa sob a direo de um responsvel, em ambiente adequado aprendizagem.

    Recentemente, passou a vigorar a Lei Federal n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000,

    que altera dispositivos da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Ao dispor sobre o contrato de aprendizagem, identifica a aprendizagem como formao tcnico-profissional metdica, caracterizada por atividades tericas e prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

    O SENAI, desde a sua criao, tem organizado seus cursos de aprendizagem segundo a

    legislao e as diretrizes emanadas dos Ministrios do Trabalho e da Educao.

    Com a regulamentao dos dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional Lei Federal n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), referentes educao profissional, sobretudo o Decreto Federal n. 2.208, de 17 de abril de 1997, e com as novas demandas da tecnologia e da produo, os cursos de aprendizagem tm sido reformulados ou criados em conformidade com essa legislao e com as diretrizes institucionais.

    O Decreto Federal n. 2.208/97 define que a educao profissional compreende os

    seguintes nveis: bsico, tcnico e tecnolgico. Posteriormente, o Parecer CNE/CEB n. 17, de 3 de dezembro de 1997, ao tratar da educao profissional bsica, elucida as condies em que a aprendizagem industrial pode ocorrer:

    A educao profissional bsica, destinada a qualificar e requalificar

    trabalhadores, independente de escolaridade prvia, no est sujeita a regulamentao curricular, sendo oferecida de forma livre em funo das necessidades do mundo do trabalho e da sociedade, como preconiza a LDB.

  • Nada impede que, eventualmente, seja estruturada de forma que possa ser aproveitada, como crdito ou outra forma de equivalncia, na educao profissional tcnica e tecnolgica. Em qualquer caso, poder propiciar certificao de competncias ou de qualificao profissional. Cumpre lembrar que a aprendizagem profissional definida em legislao especfica forma de educao profissional bsica ou tcnica. Deixa de subsistir, entretanto, o carter supletivo da aprendizagem e da qualificao conforme dispunha a Lei Federal n. 5.692/71. Na mesma linha de mudana, fica superada a funo de suprimento englobando o aperfeioamento e a atualizao profissional.

    Em 2002, o Diretor do Departamento Regional do SENAI de So Paulo aprovou novas

    diretrizes para a educao profissional por meio da Resoluo RE 24/02, de 23 de setembro de 2002, em que a aprendizagem passa a ser tratada como formao profissional inicial.

    O Decreto Federal n. 5.154, de 23 de julho de 2004, revogou o Decreto Federal n.

    2.208/97 e estabeleceu que a educao profissional ser desenvolvida por meio de cursos e programas de: formao inicial e continuada de trabalhadores; de educao profissional tcnica de nvel mdio; e de educao profissional tecnolgica de graduao e de ps-graduao.

    Em 23 de setembro de 2005, passou a vigorar a Lei Federal n. 11.180, que alterou os artigos 428 e 433 da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Ao dispor sobre o contrato de aprendizagem, ampliou a faixa de idade do aprendiz, que passou a ser para maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos, ressalvando a no aplicabilidade da idade mxima para portadores de deficincia. O Decreto Federal n. 5.598, de 1. de dezembro de 2005, regulamentou a contratao de aprendizes.

    At 2006, o SENAI vinha oferecendo o Curso de aprendizagem industrial Mecnico de manuteno de mquinas industriais (800h), guisa de Especializao, tanto que o pr-requisito era a concluso do Curso de aprendizagem industrial Mecnico de usinagem (1600h) ou do Curso de qualificao profissional de Mecnico de usinagem (740h), o que permitia ao aluno ter at dois contratos de aprendizagem e receber dois certificados de Curso de aprendizagem industrial.

    Em 02 de maio de 2007, no entanto, o Ministrio do Trabalho e Emprego MTE emitiu a

    Nota Tcnica 48/2007/DMSC/SIT, que probe que contratos de aprendizagem vencidos ou em curso sejam objeto de prorrogao ou de nova pactuao a pretexto de especializao, impossibilitando, assim, a oferta anteriormente disponibilizada pelo SENAI.

    2 Proposta

    Tendo como base a legislao e as razes que explicam a criao do SENAI, o Departamento Regional de So Paulo elaborou o Plano de curso de Mecnico de manuteno, da rea da indstria, na modalidade Aprendizagem Industrial, para atender s diretrizes institucionais referentes ao que passou a ser denominado pelo novo Decreto de formao inicial e continuada de trabalhadores, corroborado pela Resoluo CNE/CEB n. 1, de 3 de fevereiro de 2005.

    A organizao curricular do Curso de aprendizagem industrial Mecnico de manuteno est baseada em componentes curriculares estruturados a partir de conhecimentos, habilidades e atitudes identificados na definio do perfil profissional de concluso, cujos contedos programticos tericos e prticos esto organizados de maneira a possibilitar o desenvolvimento de competncias pessoais e profissionais que qualificam o aprendiz para se inserir no mundo do trabalho. O curso foi elaborado segundo a metodologia com base em competncias, do Departamento Nacional.

  • O perfil profissional foi estabelecido a partir das necessidades de mo-de-obra

    especializada no segmento da manuteno, tendo em vista as especificidades dos processos produtivos das empresas da regio de So Paulo, Ribeiro Preto e So Jos dos Campos.

    O curso de aprendizagem industrial Mecnico de manuteno ser desenvolvido em 1600 horas, e tem por objetivo proporcionar ao aprendiz qualificao profissional em processos e tcnicas de manuteno mecnica que visam garantir a disponibilidade do parque produtivo industrial, seguindo normas e procedimentos tcnicos de qualidade, meio ambiente e de sade e segurana no trabalho. Ser desenvolvido, inicialmente, com carga horria diria de 4 horas, 5 dias por semana, durante quatro semestres. Na escola SENAI Santos Dumont, ser oferecido no perodo da manh; nas Escolas SENAI Eng. Octvio Marcondes Ferraz e Frederico Jacob, ser oferecido no perodo da tarde.

    O menor aprendiz realizar um perodo de prtica profissional em situao real de trabalho,

    na ocupao cursada ou em outra afim, que poder, a critrio da empresa empregadora, ser concomitante formao escolar, desde que realizado em perodo no coincidente com o seu horrio de aulas e que no exceda o nmero de horas dirias previsto no Contrato de Aprendizagem. Comprovada a realizao desse perodo de prtica profissional, o aluno ter direito a receber a Carta de Ofcio, nos termos da legislao em vigor.

    3 Apreciao

    Trata-se de curso de qualificao profissional de formao inicial e continuada de trabalhadores, destinado a aprendizes, cujo Plano de curso foi formulado para atender legislao da educao nacional em vigor, s diretrizes institucionais para a educao profissional e s exigncias do mundo do trabalho.

    O Plano de curso de aprendizagem industrial Mecnico de manuteno atende aos requisitos tcnicos, legais e normativos da educao profissional e, em especial, ao que dispe a Resoluo RE n. 4, de 12 de junho de 2000, do Diretor Regional do SENAI de So Paulo.

    Ressalte-se que a realizao da prtica profissional na empresa precisa considerar, com rigor, o que dispe a Portaria n. 20, da Secretaria de Inspeo do Trabalho, do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), de 13 de setembro de 2001, que estabelece quadro descritivo de locais ou servios considerados perigosos ou insalubres para menores de 18 anos. 4 Concluso

    Por se tratar de curso de educao profissional de formao inicial e continuada de trabalhadores, no sujeito regulamentao curricular, esta Auditoria de parecer que sua instalao, em conformidade com o Plano de curso apresentado, seja autorizada pelo Diretor Regional, para funcionamento em toda a rede de escolas do SENAI de So Paulo, observado o disposto no item 5, da Resoluo RE-4/00. So Paulo, 20 de junho de 2008. Jos Carlos Mendes Manzano Auditor Educacional Proc.: 069306-001-01