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XX 221 13/11/2012

* Novos táxis só na prorrogação - p.02

* Promotor quer convencer jurados da morte de Eliza - p.15

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Guilherme ParanaibaOs 605 novos táxis prometidos para o fim deste ano em

Belo Horizonte começarão a circular somente às vésperas da Copa das Confederações de 2013, em junho do ano que vem. A informação é do presidente da BHTrans, Ramon Vic-tor Cesar, que aponta o primeiro semestre do ano que vem como prazo para os veículos estarem nas ruas da capital. A promessa inicial era de que os novos veículos já estivessem disponíveis no fim deste ano, aproveitando o maior movi-mento do Natal e a temporada de chuvas. Mas uma paralisa-ção de dois meses na licitação adiou o processo para o início do ano que vem. A própria BHTrans chegou a admitir que a expectativa é concluir a licitação em meados de janeiro, o que levaria o prazo para abril, já que os motoristas têm 90 dias para apresentar o veículo depois do certame. Desta vez, a empresa já trabalha com previsão geral para até junho de 2013.Além do atraso, outro problema do serviço em BH é a resistência dos taxistas em aprender outros idiomas, princi-palmente o inglês, já que três jogos da Copa das Confede-rações serão realizados em BH. Eles não conseguem ver o aprendizado como investimento, mas como perda de tempo e de dinheiro porque não estariam nas ruas trabalhando en-quanto aprendem, segundo avaliação da Belotur.

O atraso na licitação é justificado pelo presidente da BHTrans: “Tivemos percalços de ordem jurídica, não houve incompetência ou inoperância na BHTrans durante o proce-dimento. Esperamos que antes do fim do semestre os carros já possam estar nas ruas, mas essa é a previsão para a nova oferta de táxis”.

Enquanto a capital tem uma demanda superior à fro-ta de veículos disponíveis, aparecendo em último lugar no ranking de táxis por habitante entre as capitais (395 por pes-soa), foi feito ontem o sorteio entre os candidatos às novas permissões que ficaram empatados na primeira fase da li-citação. Das 605 novas placas a serem disponibilizadas, o sorteio contemplou apenas os concorrentes que são pessoas físicas e totalizam 545 permissões. O sorteio para classificar os concorrentes às demais 60 placas, destinadas aos carros acessíveis aos passageiros portadores de deficiência, ainda vai acontecer, sem data confirmada.

Os primeiros envelopes retirados da urna que foi lacra-da e auditada por uma equipe da prefeitura serviram apenas para o desempate dos condutores que têm algum tipo de de-ficiência. Conforme o regulamento do certame, 10% das va-gas devem ser destinadas a esse grupo de candidatos. Foram 197 inscrições para 55 vagas e 10 faixas de pontuação onde houve empate. Depois do desempate foram classificados os 55 que passam à segunda fase, chamada de habilitação. Nessa etapa a BHTrans vai analisar toda a documentação exigida na inscrição. Qualquer descumprimento gera a eli-minação do candidato.

Com uma prótese no fêmur e a mobilidade reduzida,

o taxista Gilberto Araújo Câmara, de 54 anos, foi um dos inscritos como portador de deficiência. Como fez 20 pontos na primeira fase, empatado com 17 concorrentes, ele já sabia que começaria o sorteio atrás de outros 52 taxistas, que mar-caram entre 21 e 28 pontos. Para fechar as 55 vagas sobra-riam então apenas três lugares entre os 17 empatados com 20 pontos. Quando o microfone anunciou que ele tinha sido o primeiro sorteado em sua faixa de empate o coração de Gil-berto bateu mais forte. “Quase tive taquicardia. É um sonho realizado, uma oportunidade de melhorar o rendimento e dar uma vida melhor para minha mãe”, comemora o condutor. Para que, de fato, ele seja efetivado como permissionário ainda falta passar pela fase dos documentos. “Li e reli tudo que tinha que apresentar. Conferi várias vezes. Tenho certe-za de que vai dar tudo certo”, conta o motorista, que espera dobrar a renda mensal de R$ 2 mil para R$ 4 mil.

Finalizado o processo envolvendo os candidatos porta-dores de deficiência, foi a vez de sortear os demais 1.749 concorrentes. A urna foi lacrada com 1.743 nomes, mas por liminares judiciais seis foram incluídos na hora, com super-visão dos auditores. As reações eram variadas no salão onde ocorreu o sorteio.Gritos, palmas, choro e alegria foram as reações dos motoristas que estavam entre os 490 primeiros, condição que garante passagem para a fase de habilitação. Adriano Rodrigues, de 40, trabalha como auxiliar há 17 anos e foi o terceiro classificado. “É uma alegria total, tudo indica que vou poder trabalhar sem pressão e preocupação. Passo R$ 190 por dia de trabalho ao dono da placa. Se tudo der certo, esse dinheiro agora vai ficar comigo”, diz Adriano.

Os olhos de Dilson Antônio Martins, de 52, há 24 anos como auxiliar, brilharam quando foi feito o anúncio. A emo-ção e o nervosismo foram tão grandes que ele nem guardou em qual posição ficou. “Só sei que é perto de 100. São mui-tos anos de luta ao volante e chegou a hora de ter meu táxi”, conta ele.

mp propÔs1,5 mil plaCas

O promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público estadual, Leonardo Barbabela, acom-panhou o sorteio e garantiu que o processo está sendo feito da maneira correta, com lisura e transparência, mas lembrou que a recomendação do MP foi para 1,5 mil novas placas. “Vamos aguardar o resultado das novas permissões na práti-ca para ver se é necessário fazer novos estudos”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Dir-ceu Efigênio Reis, avalia que a nova oferta é suficiente, mas queria que tudo estivesse pronto para os veículos rodarem ainda em 2012. “O problema do trânsito de BH é a falta de mobilidade. O ideal era garantir esses novos táxis para o fim de ano, que sempre é mais movimentado, e também por conta das chuvas”, lamentou.

veíCulo: estado de minas - belo Horizonte - mG - Caderno: Gerais - páGina: 19e20 - publiCada: terça-feira, 13 de novembro de 2012

Novos táxis só na prorrogação Com adiamento da licitação, circulação de mais 605 carros fica para as vésperas da Copa das Confederações,

quando Belo Horizonte receberá turistas, que esbarrarão na resistência de taxistas em falar inglês

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Gustavo WerneckAs fachadas das casas ainda exalam cheiro de tinta fres-

ca, os rostos dos moradores transmitem alegria e a paisagem exibe as cores da revitalização. Depois de cinco meses de obras e de um projeto idealizado há seis anos, o Largo do Ó, cartão-postal de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está pronto para ser curtido pelos moradores e ad-mirado pelos visitantes de todo o mundo. Tendo como ponto alto a Igreja de Nossa Senhora do Ó, de 1717, conhecida popularmente como igrejinha do Ó, o espaço estará em festa amanhã, às 10h, quando serão apresentadas, oficialmente, as 37 casas do entorno, algumas centenárias, que foram pinta-das e ganharam outros serviços de conservação.

Residente há 74 anos no Largo do Ó, o aposentado Unias de Mello, de 82 anos, se diz feliz com o visual da praça em tons pastel – creme, pêssego, bege, chá e outros. “Este lugar está mais bonito, agora é preciso que todos o conservem para ficar sempre assim”, afirma com um sor-riso. Unias diz que o espaço ficou mais claro, com as cores bem distribuídas, valorizando o templo barroco famoso pe-las “chinesices”. Também moradora da praça, Gertrudes da Silva, a dona Tude, de 92, está satisfeita com a mudança. “Moro aqui há décadas e agradeço a Deus por ver tudo isso. Com certeza, a comunidade não teria dinheiro para bancar os serviços”, diz Gertrudes, que adorou a cor amarela da casa onde mora com a filha, Rosângela.

O trabalho de revitalização é fruto da parceria entre o Instituto Yara Tupynambá e o governo de Minas, via Se-cretaria de Desenvolvimento Social (Sedese), com apoio da prefeitura local e interveniência do Conselho Estadual de Direitos Difusos (Cedif). Segundo o diretor-presiden-te do instituto, José Theobaldo Júnior, o projeto foi muito discutido com os proprietários das residências, que aprova-ram a cartela de cores escolhida pela artista plástica Yara Tupynambá. “Eles acompanharam todo o processo e viram a simulação do antes e depois. A interação foi completa”,

diz José Theobaldo, lembrando que todas as etapas tiveram autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo tombamento do templo católico.

Outro ponto destacado pelo dirigente é a conscientiza-ção da comunidade. “À medida que a obra foi evoluindo, as pessoas foram mostrando interesse e valorizando o patri-mônio”, informa José Theobaldo. A arquiteta supervisora, Tatiana Harue, conta que, além da pintura, houve retirada de chapisco de algumas fachadas, para permitir mais harmonia com a atmosfera colonial, janelas foram readequadas e feitas pequenas intervenções. “Não se trata de restauração, mas de uma revitalização”, salienta a arquiteta. Em janeiro e feve-reiro, ela recorda-se, houve a definição das cores, em março foram apresentadas aos moradores e em junho os trabalhos começaram.

“O mais importantes disso tudo é que revitalização do Largo do Ó está estimulado moradores de ruas próximas a também preservarem suas residências. “Ficou um ambiente limpo, bem cuidado”, diz a arquiteta. Durante o desenvol-vimento do projeto, o sargento reformado e ex-coordenador de voo Carlos Augusto da Silva, de 57, pôs a mão na massa e trabalhou como encarregado. “Eu era pau para toda obra”, brinca. Diante da casa em que morad com a família, ele ad-mira o visual com o sorriso largo de elogio.

‘Chinesices’A Igreja do Ó tem esse nome devido à festa da padro-

eira, quando são cantadas as ladainhas, repetindo-se, a cada dia, as sete antífonas, sempre precedidas por um “Ó”. Um dos maiores tesouros do templo, de fachada singela, está na talha da primeira fase do barroco – estilo nacional portu-guês, segundo os especialistas. Chamam a atenção as “chi-nesices” do arco-cruzeiro, de aproximadamente 1725. Essas pinturas teriam sido feitas por artistas vindos das possessões portuguesas no Oriente, ou copiadas de desenhos de louças vindas de Macau, na China.

estado de minas - mG - on line - 13.11.2012patrimÔnio

Mais uma vitória da história Largo do Ó e a igrejinha que dá nome ao espaço, depois de cinco meses de obras

e de um projeto idealizado há seis anos, serão entregues amanhã à população de Sabará

Largo do Ó, depois de cinco meses de obras e de um projeto idealizado há seis anos, será entregue amanhã à população de Sabará (Jackson Romanelli/EM/D.A Press)

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Desde que foi erguida e decorada com esmero e bom gosto no início do século 18, a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, nun-ca experimentou humilhação igual. Fechado há um ano para as reformas mais do que necessárias, destinadas a manter a dignidade e o brilho de seu interior à altura da importância de quem foi testemunha de capítulos da história deste país incul-to, como o da Guerra dos Emboabas, o belo templo se prepara para uma fase de total abandono. A empresa encarregada das obras de restauração embalou ontem suas ferramentas em sa-cos plásticos – pretos como o luto que prostrou em silêncio a comunidade local. Vai embora. Desistiu de esperar seriedade do governo federal, que por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas arrancou aplau-sos e votos com a promessa de bancar o orçamento do projeto, fixado em R$ 1,8 milhão.

Reportagem do Estado de Minas de domingo revelou o lamentável descompasso entre a promessa e a realidade dos desembolsos que, de tão escassos e espaçados, acabaram le-vando a empreiteira da obra a dispensar o pessoal empregado e desistir do contrato. Ela vinha trabalhando desde maio, com o compromisso de receber as bênçãos de Nossa Senhora de Na-zaré na reinauguração festiva da matriz em dezembro do ano que vem. Pela programação de obras e pagamentos, no início deste mês, a empresa já deveria ter recebido R$ 600 mil. Mas só R$ 34,5 mil tinham pingado na conta da firma até sexta-feira, data em que o Ministério das Cidades prometeu liberar mais R$ 124,7 mil, quantia muito distante do que a empreiteira

tinha a receber. Foi embora, deixando na desesperança o povo e principalmente as noivas de Cachoeira do Campo, que con-tavam manter a tradição que vem desde o século 18, de casar na matriz.

Certamente não serve de consolo. Mas a Nazaré de Ca-choeira do Campo não está sozinha. Pelo contrário, há templos e monumentos de incalculável valor histórico, artístico, cultu-ral e afetivo da região em que um dia o ouro brilhou nas Minas Gerais que ainda não viram um só tostão do badalado PAC das Cidades Históricas. Até agora não passou de encenação a assinatura em Ouro Preto, pelo então presidente Lula, em 2009, de um convênio entre o Ministério da Cultura e o Insti-tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para aplicação de R$ 254 milhões até 2013 em obras de restauração de monumentos e peças do patrimônio de 16 cidades mineiras, incluindo Belo Horizonte. Até agora, praticamente nada acon-teceu. O melhor que existe não passa da intenção de assinatura de um acordo para que pelo menos 10 cidades brasileiras tom-badas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organi-zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) comecem a ver a cor do dinheiro tantas vezes pro-metido, orçado e esquecido pelo governo federal. Repositório de acervo reconhecido mundialmente por seu valor histórico e cultural, o Brasil já conta com razoável compreensão e apoio de sua população em relação à responsabilidade que cabe a cada um para com esse patrimônio. Por isso mesmo, e pelo fato de o país se orgulhar de ser a sexta economia do mundo, é incompreensível essa omissão do governo.

Patrimônio abandonado Governo federal deixa na mão as cidades históricas de Minas

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Ezequiel FagundesBELO HORIZONTE - A uma semana do início do julga-

mento do goleiro Bruno Fernandes e de outros quatro acusados da morte e do sumiço do corpo de Eliza Silva Samúdio, o Ministério Público (MP) de Minas Gerais vai apresentar, nesta terça-feira, uma petição para garantir a presença de uma testemunha-chave na audiência. Trata-se de do primo do ex-goleiro do Flamengo, hoje com 19 anos, que foi dispensado pelo Tribunal de Justiça. Incluído no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte (PPCAAM) desde setembro, o depoimento dele será substituído pelo da delegada Ana Maria dos Santos Paes da Costa. Durante a fase de investigação, foi Ana Maria quem interrogou o rapaz. A partir do relato, policiais chegaram até a casa do ex-poli-cial Marcos Aparecido Santos, o Bola, acusado de ter estrangulado Eliza, em 2010. Na época, a polícia chegou a cogitar que partes do corpo da ex-amante de Bruno teria sido jogado para cães. Em sua residência, Bola mantinha dez cachorros da raça rottwailer. Atualmente, o primo de Bruno está em outro estado, sob proteção da Justiça, já que teria sido ameaçado de morte.

O início do julgamento será na próxima segunda-feira, no Fó-rum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região Metropolitana da capital mineira, onde o processo tramita aos cuidados da juíza Marixa Fabiane Rodrigues. A previsão é de término em 10 dias. Vinte e cinco jurados foram convocados. Sete vão compor o júri popular.

Além da delegada, o MP arrolou outras quatro testemunhas. Por já ter sido ouvida na semana passada, em Tangará da Serra, no Mato Grosso, a assistente técnico-jurídico do sistema socioe-ducativo de Minas Gerais, Renata Garcia da Costa, foi dispensada de comparecer. O ex-motorista de Bruno, Cleyton da Silva Gon-çalves, e João Batista Alves Guimarães, que testemunhou o inter-rogatório de Cleyton, estão confirmados. A outra testemunha é o detento Jaílson Alves de Oliveira. Ele sustenta ter ouvido de Bola a confissão do assassinato e ocultação do cadáver de Eliza.

Defensor de Bruno, o criminalista Rui Caldas Pimenta escon-de a sua lista de testemunhas. Cada um dos cinco réus pode arrolar até cinco pessoas. Pimenta diz se tratarem de pessoas ligadas à área esportiva, sendo três de Minas, uma de São Paulo e outra do Rio de Janeiro.

- São cidadãos que conhecem bem o Bruno. Pode ser presi-dente de clube, técnico de futebol ou cronista esportivo. Não cha-mei nenhum jogador. O Adriano Imperador e Vágner Love são amigos dele, mas na minha visão eles não poderiam colaborar - disse.

Já Leonardo Diniz, advogado de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo e braço direito de Bruno, convocou Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza. Ela mora hoje em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, junto com o neto Bruninho. Ele chamou ainda Carlos Alberto Sales, pai de Sérgio Rosa Sales, primo do jogador de futebol. Sérgio foi assassinado a tiros em agosto. Para a polícia, o crime não tem relação com o caso Eliza. A delegada Cristina Coeli, chefe da delegacia de pessoas desaparecidas, e José Roberto Machado, caseiro do sítio do goleiro em Esmeraldas, e sua mulher, Gilda Maria Alves, completam o rol das testemunhas arroladas pela defesa de Macarrão.

Na condição de informantes, a juíza Marixa Fabiane convo-

cou quatro membros da Polícia Civil ligados ao caso. O corregedor geral, Renato Patrício Teixeira, e os delegados Édson Moreira, que participou diretamente das investigações e hoje é vereador eleito da capital; Cristina Cole e Alessandra Wilke, da delegacia de ho-micídios de Contagem.

Jogo baixoEncarregado do caso, o promotor de Justiça Henry Wagner

Vasconcelos de Castro fez ontem duras críticas a nova versão apre-sentada pela defesa de Bruno para explicar o sumiço de Eliza. O advogado Rui Pimenta diz que ela está viva, trabalhando na Eu-ropa. Antes, teria estado em no município mineiro de Governador Valadares, onde teria comprado um passaporte falso. De Minas, teria viajado para a Bolívia e, de lá, partido rumo ao continente eu-ropeu. A informação, segundo Pimenta, consta numa carta escrita pelo detento Luiz Franco Timóteo, pai de dois irmãos de Bruno por parte de mãe. Luiz Franco está preso em Governador Valadares.

- Isso é jogo baixo, indigno do exercício da advocacia. A percepção que tenho é que a defesa do goleiro Bruno está como correnteza sem direção. Há alguns meses, o advogado dele veio a público para dizer que não tinha como negar o fato de que Eliza havia sido assassinada. Agora vem me apresentar uma carta supos-tamente escrita por um sujeito que não tem a menor credibilidade. Ao que tudo indica, nem mesmo o Bruno conhece essa pessoa. A Eliza não tinha porque abandonar a criança, que era sua única garantia de receber algum benefício. Trata-se de uma versão men-tirosa que não impressiona em nada o Ministério Público. Temos muitas provas e tenho plena convicção que todos serão condena-dos - afirmou o promotor de Justiça.

Renda de R$ 100 milO advogado Rui Pimenta diz que não tem provas materiais no

processo que possam levar à condenação de seu cliente.- Não tenho a menor dúvida de que o Bruno será absolvido.

Não existe prova forte contra ele. Tinha o depoimento de um me-nor, mas perante o juiz ele negou tudo. Então, não sobrou nada. Vou sair do júri com o alvará de soltura dele - salientou.

Pimenta disse que Bruno está tranquilo e sereno, apesar de estar vivendo “no inferno, acusado de crime que não cometeu”.

- O Bruno não quer ser incomodado. Ele está num total iso-lamento da imprensa. Ele acha que foi a imprensa quem fez essa imagem dele, que foi a imprensa quem o crucificou. Ele diz que entrevistas só no campo de futebol. Ele tem esperança de jogar a próxima Copa do Mundo - relatou.

Apesar de todos os reveses, Pimenta afirma que o ex-goleiro do Flamengo possui uma renda fixa de R$ 100 mil por mês e que nenhum jogador o ajuda financeiramente:

- Ele tem recursos. O Flamengo é um time que paga bem. Os pagamentos estão suspensos, mas ele ainda tem vínculo com o clu-be, tem contrato até o próximo dia 31 de dezembro. Ele é um rapaz ajuizado, tem renda de aluguel de imóveis e aplicações na bolsa de valores. Acredito que hoje ele tem uma renda de 100 mil por mês.

Neste fim de semana, Bruno recebeu visita íntima da noiva, a dentista Ingrid de Oliveira, de 26 anos, na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Depois de trabalhar como faxineiro, o go-leiro está catalogando os livros da biblioteca da prisão. Além dele, Macarrão e Bola, serão julgadas também a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, e a ex-namorada Fernanda Gomes de Castro.

o Globo - on line - 13.11.2012

Caso Bruno: MP-MG apresenta petição para garantir presença de testemunha-chave em julgamento

Primo do ex-goleiro do Flamengo, que vive sob porteção da Justiça por ter sido ameaçado de morte, foi dispensado pelo TJ

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Entrevista: Henry Wagner Vasconcelos,

promotorO senhor acredita que o jul-

gamento do goleiro Bruno será o mais importante da sua carreira até o momento?

Será o de maior destaque, mas não o de maior complexidade. Já atuei em outro caso que ainda está em andamento e que também não havia corpo.

Qual a prova o senhor con-sidera mais importante para a condenação dos acusados?

Não tem uma em especial. Temos os telefonemas entre Bola, Macarrão e o então menor no dia do crime e nos dias anteriores. As antenas de celular mostram todos eles próximos à casa de Bola, na noite do crime, em 10 de junho de 2010. Há o sangue no carro e o de-poimento das testemunhas.

O discurso de que se não há corpo não há crime se esvaziou? A defesa se desmoronou. Antes, os advogados diziam que não havia existido o crime. Depois, reconhe-

ceram a morte, e, agora, voltam a negar.

O senhor tem uma carta na manga para o dia do júri?

Ainda vou anexar cerca de mil páginas ao processo na véspera do julgamento.

O que tem nessas páginas? São informações sobre o perfil dos acusados. A defesa já sabe disso, mas talvez não saiba o que eu sei. Vou provar que o Bruno seria capaz de matar uma pessoa e que ele o fez. Estou absolutamente convicto disso e vou convencer os jurados.

O senhor acredita que o ca-risma do jogador pode influen-ciar no resultado do júri?

Não. Considero isso irrelevan-te. Pensar diferente seria desrespei-tar a sagacidade dos jurados.

O senhor acredita que o Ma-carrão pode assumir a culpa do crime para livrar o Bruno?

Não sei. Estou preparado para as duas situações.

O senhor já enfrentou algum dos advogados desse caso em ou-tro júri?

Sim. Já venci Rui Pimenta no processo contra Luciano Borba, em Montes Claros.

É verdade que o senhor é muito rígido?

Sou veemente, expressivo, duro e convincente. Mas trabalho sempre dentro do processo. Não sou comadre.

O senhor sabe que será pro-vocado pelos advogados. Está preparado para uma guerra de nervos?

Não sou eu quem está com a corda no pescoço. Não vou entrar em provocação. Eu não danço a música que me é ditada. Não vou entrar no antijogo. Não troco far-pas. Sou consciente do meu papel. Minha interação será com os jura-dos.

Qual será o seu maior desafio nesse julgamento?

Acredito que para todos será o cansaço físico. A previsão é de duas a três semanas de júri.

O senhor acredita que a polí-cia fez um bom trabalho?

A polícia produziu todas as provas que eram possíveis. E elas são suficientes para condenar to-dos. Já pedi a absolvição de réus em outros casos. Se acreditasse na inocência deles, faria isso sem pro-blemas. (TT)

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Paula SarapuApesar do julgamento de integrantes da Galoucura por assas-

sinato, as torcidas organizadas ainda levam preocupação constante às autoridades e moradores no entorno dos estádios, receosos com embates violentos e incomodados com as algazarras, comuns em dias de jogos. A reclamação rotineira leva a polícia até a reavaliar a estratégia de policiamento, depois de registrar no entorno da Arena Independência, na capital, depredação a vagões do metrô, correria pelas ruas do Bairro Sagrada Família, explosão de bombas, danos ao patrimônio e brigas. Recentemente, duas torcidas rivais de um mesmo time protagonizaram um tumulto, deixando moradores pre-sos em casa e exigindo da PM a ampliação do cinturão de segurança para ruas mais distantes.

Passava das 22h, quando a professora aposentada Eliane Pena, de 58 anos, chegava em casa, na Rua Genoveva de Souza, após o jogo entre Cruzeiro e Santos, no Independência. Enquanto esperava a porta da garagem se abrir, Eliane viu uma multidão descontrolada descer a rua, chutando os portões das casas e derrubando motos. Atrás do grupo com uniforme da Mancha Azul vinha a cavalaria da Polícia Militar. “A cena foi de apavorar”, diz ela, que deu guarita a um senhor assustado que seguia em ao metrô.

Acuados em dias de jogos, comerciantes da região vendem pro-dutos atrás das grades e preferem controlar a entrada de torcedores. Outros, fecham as portas antes do início do primeiro tempo. “Alguns torcedores tentam consumir e sair sem pagar”, conta um comercian-te de 60 anos, que prefere não se identificar. Recentemente, jane-la de uma casa na Rua Alabastro foi apedrejada porque o morador atleticano manteve a bandeira do lado de fora, em dia de jogo do adversário.

Na Rua Pitangui, há relatos de bombas e brigas. Em 10 de outubro, quando o Cruzeiro perdeu para o Santos, a polícia tentou evitar uma confusão entre torcedores da Máfia Azul e do Pavilhão Independente, iniciada no Portão 7. O técnico em telecomunicações aposentado João Adão Vieira, de 79, lembra que mais de 100 torce-dores se aglomeravam no trecho e ameaçaram invadir casas depois de fugir da PM. “Falta à polícia ser mais ostensiva, com maior quan-tidade de policiais, porque os baderneiros estão a fim de fazer bes-teira. Fico com medo de sair de casa e, ao mesmo tempo, de que eles queiram entrar”, afirma. A mesma sensação teve a professora Eliane Pena: “Parecia que vinha uma avalanche, um furacão. Eles gritavam, xingavam e derrubaram motos, chutavam as portas dos moradores. Entrei correndo, com medo”, diz.CinturÃo - O comandante do Policiamento da Capital,

coronel Rogério Andrade, explica que a estratégia da polícia se fundamenta em locais de visibilidade, como estações do metrô e pontos de ônibus, no cinturão do entorno do estádio e em trechos de deslocamento. “Perto da polícia, eles não vão fazer nada, mas um pequeno grupo pode se afastar porque na região há fluidez por diversos lugares. Daí a importância de a sociedade colaborar com denúncia, para que haja redirecionamento do policiamento móvel o mais rápido possível”, afirma o oficial. Ele diz que a PM faz análise das ocorrências a cada evento e remaneja o policiamento.

Segundo o comandante do 16° Batalhão, tenente-coronel Ro-bson Queiroz, o policiamento estará mais avançado até o fim do campeonato. Ele detalha que o cinturão com viaturas e policiais a pé privilegia pontos de circulação, mas que os locais são alterados antes mesmo do início dos jogos, dependendo da movimentação dos torcedores. “O comportamento de massa muda e cada jogo a gente trata como um jogo diferente”, diz ele.

Famílias pedem mais segurança

O presidente da Associação de Amigos e Moradores do Entor-no do Estádio Independência, Adelmo Gabriel Marques já solicitou uma reunião com a operadora do estádio para pedir que o assunto seja discutido na próxima reunião da Comissão de Monitoramento da Violência em Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec), da Se-cretaria de Estado de Defesa Social (Seds). O jornal Nossa História Arena, que circulará nas próximas semanas, também vai alertar à população de que aqueles que se sentirem lesados devem fazer re-gistro policial, a fim de cobrar na Justiça o ressarcimento por algum dano. Por outro lado, autoridades cobram alterações no Estatuto do Torcedor, para que as torcidas também sejam punidas quando hou-ver problemas do lado de fora do campo.

Luciene Pedrosa, da Associação de Moradores da Sagrada Fa-mília que as famílias precisam ser ouvidas pela polícia para elaborar a estratégia de policiamento e de fiscalização. “Fui convidada para a reunião dessa comissão para discutir as questões que envolvem um show em breve, mas acho que devemos estar lá para encontrar cami-nhos porque o entorno do estádio está ao Deus dará”, critica.

Segundo o presidente da Associação, Adelmo Garcia Marques, os moradores se sentem presos dentro de casa. “Ninguém se aven-tura a sair em dia de jogo”. Adelmo diz ainda que as arruaças de torcedores e brigas entre torcidas organizadas geram clima de inse-gurança no bairro e cita ruas que precisam de mais segurança.

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Orlando Rochadel Moreira foi nome-ado para o cargo de Procurador-Geral de Justiça de Sergipe. O atual PGJ foi recon-duzido ao cargo para o biênio 2013/2014.

Em eleição para formar a lista tríplice para PGJ, realizada no dia 29 de outubro, Orlando foi o primeiro colocado com 83 votos. Também compuseram a lista, Deja-miro Jonas Filho, que recebeu 74 votos, e Virgilio do Vale Viana, com 17 votos.

Logo após o resultado do pleito, o pre-

sidente da Associação Nacional dos Mem-bros do Ministério Público (CONAMP), César Mattar Jr., enviou ofício ao gover-nador requerendo a nomeação do mais vo-tado na lista com os candidatos ao cargo. Pela Constituição Federal, o governador de Sergipe poderia nomear qualquer um dos integrantes da lista, mas, no documen-to, César lembrou que a escolha do primei-ro colocado sempre foi defendida pelos membros do MP.

notíCia da Hora Conamp - brasília, 12 de novembro de 2012.

Orlando Rochadel é nomeado PGJ de Sergipe

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o tempo - mG - p. 28 - 13.11.2012notíCia da Hora - Conamp - brasília, 12 de novembro de 2012.

Comissão Especial da PEC DA

IMPUNIDADE vota parecer de relator

A Comissão Especial que trata da Propos-ta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2011, que dispõe sobre a competência da investi-gação criminal e é conhecida como PEC DA IMPUNIDADE, agendou, no período da tarde de hoje (12), reunião para discussão e vota-ção do parecer do relator deputado Fábio Trad (PMDB/MS) que será realizada amanhã (13).

De autoria do deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), a proposta acrescenta um pará-grafo ao artigo 144 da Constituição Federal, para estabelecer que a apuração das infrações penais será competência privativa das polícias federal e civil. Atualmente, por determinação constitucional, o Ministério Público e outras instituições também exercem a atividade de investigação criminal.

A reunião está marcada para as 14h, no Plenário 14 da Câmara dos Deputados.

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NATÁLIA OLIVEIRA

O déficit de vagas em cre-ches, em Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) e em escolas municipais que atendem às crianças de 0 a 6 anos fez com que algumas mães acionassem a Justiça para ga-rantir o ingresso dos filhos nas instituições. Conforme o conse-lho tutelar que atua no Barreiro, uma das regiões mais afetadas pelo problema, 197 mães en-traram com uma ação coletiva pedindo vagas. Desse total, 66 ainda não conseguiram inserir os pequenos no ensino infantil.

Na capital, existem 107 instituições municipais com en-sino infantil, sendo 67 Umeis e 40 escolas municipais, que atendem a 21.827 crianças. Neste ano, foram 24.374 inscri-tos para cerca de 10.100 vagas disponibilizadas para 2013. Po-rém, segundo a Secretaria Mu-nicipal de Educação (SMED), uma mesma mãe pode inscrever o filho em várias unidades, o que impossibilita a precisão so-bre o déficit.

Além das vagas oferecidas nas instituições da rede pública, existem 193 creches privadas conveniadas com a prefeitura, com capacidade para acolher 22.500 alunos de 0 a 6 anos. Também não é possível mensu-rar o número de crianças inscri-tas e a falta de vagas.

Apesar disso, a conselhei-ra tutelar Maria da Conceição de Souza conta que, neste ano,

somente no Barreiro, 380 mães procuraram o conselho por não conseguir vagas para os filhos. Em junho deste ano, o conselho entrou com uma representação na Justiça pedindo vaga para 197 crianças. A Justiça deu uma decisão favorável, porém, 66 mães ainda continuam na fila de espera. Em setembro, a prefei-tura da capital recorreu da deci-são alegando não ter condições de garantir as vagas, e as mães aguardam o julgamento do re-curso.

A doméstica Valéria Sa-les Barbosa, 31, é uma dessas mães. Ela espera uma vaga para o filho desde 2010. Atualmente, o menino tem 3 anos. “Minha sobrinha cuida dele, mas quan-do ela precisa sair, quem toma conta são meus outros filhos, de 10 e 13 anos”, diz. A conselheira tutelar explica que uma criança não pode ser cuidada por outra. “O problema é que o Estado não oferece as vagas. Nós, do con-selho, e essas mães ficamos de mãos atadas”, afirma Maria da Conceição.

A gerente de coordenação da educação da SMED, Mayrce Terezinha da Silva Freitas, ad-mite

o déficit e reconhece que ele permanecerá em 2013, mesmo com a tentativa de novos con-vênios. “Somente em 2004, nós começamos a atender às crian-ças de 0 a 6 anos. Então, a falta de vagas é histórica, e não va-mos resolvê-la de um ano para o outro”.

Passar a noite em fila não

garante acesso ao serviçoVários pais passaram a noi-

te de anteontem acampados em filas na tentativa de conseguir uma vaga para os filhos em cre-ches do Barreiro. Mesmo haven-do o esforço, nove mães procu-raram ontem o conselho tutelar da região informando que não efetuaram as inscrições.

A auxiliar de serviços gerais Neuri Ana Rosa Dias da Silva, 37, foi para a fila na madrugada de anteontem, porém, na manhã de ontem, recebeu o aviso de que as vagas foram preenchidas. “Eu não tenho com quem dei-xar o meu filho. Trabalho e não posso largar o emprego”, conta. O filho de 1 ano e 2 meses fica pela manhã com o irmão de 11 anos, e, à tarde, com o de 16.

Ela tentou uma vaga na cre-che Lar das Crianças São Vi-cente de Paulo, no Barreiro de Baixo. Segundo Neuri, cerca de 30 mães aguardaram durante toda a madrugada, porém, só fo-ram oferecidas duas vagas. Ne-nhum responsável pela unidade foi encontrado para comentar o assunto.

Conforme a conselheira tutelar Maria da Conceição de Souza, a expectativa é que au-mente o número de mães procu-rando o conselho por não terem conseguido as vagas. Anteon-tem, O TEMPO mostrou que cerca de 20 pais também acam-param em frente a uma creche no bairro Olaria, na mesma região.(NO)

o tempo - mG - on line - 13.11.2012educação infantil

Pais tentam vagas na JustiçaSecretaria admite o déficit e diz que não é possível saná-lo de um ano para o outro

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Alegando que os R$ 7,5 bilhões previstos no orçamen-to estadual de 2013 não são su-ficientes para cobrir suas des-pesas de custeio, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) voltou a pensar em cobrar da União as verbas corresponden-tes ao 1,5 milhão de ações pró-prias da Justiça Federal que, no entanto, tramitam nas varas do Judiciário paulista. No iní-cio de 2012, o TJSP já havia planejado tomar as medidas legais cabíveis para obrigar a União a incluir, em seu orça-mento, os valores relativos às despesas com essas ações. A Corte estadual cogitou até da possibilidade de bater à porta do Supremo Tribunal Federal, para assegurar a remessa des-ses recursos para o TJSP.

A maioria desse 1,5 mi-lhão de processos se refere a causas previdenciárias e tribu-tárias. Elas correm em peque-nas comarcas do Estado de São Paulo, onde somente a Justiça paulista está presente. Previsto pela Constituição e regulamen-tado por leis ordinárias, o en-vio de ações judiciais federais para tribunais estaduais é uma espécie de delegação de com-petências, uma vez que nessas pequenas comarcas não há um número de ações que justifi-que a instalação de varas fede-rais. Segundo dados de janeiro de 2012, o TJSP tem cerca de 1,9 mil juízes e atua em 279 comarcas. Já a Justiça Federal está presente em apenas 31 co-marcas em São Paulo. Só em 2010, foram impetrados cerca de 160 mil processos de alça-da federal em varas da Justiça

estadual paulista.

Pelos cálculos do TJSP, cada ação impetrada na Justiça paulista custava, no início do ano, R$ 965 para a Corte. Já no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, que atende os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, o custo médio é de R$ 2.070.

O cálculo foi feito a partir dos orçamentos de cada cor-te, divididos pelo número de processos distribuídos. Assim, se a Justiça Federal tivesse de assumir os processos que são de sua responsabilidade, mas que tramitam na Justiça pau-lista, suas despesas de custeio aumentariam em mais de R$ 3 bilhões. Isso sem contar os in-vestimentos necessários para a construção de fóruns, aqui-sição de equipamentos, logís-tica, informatização e contra-tação de servidores especiali-zados e de magistrados.

Atualmente, tramitam nas varas da Justiça paulista - que é uma das mais congestionadas e carentes de infraestrutura de todo o País - mais de 18 mi-lhões de processos, dos quais 16,5 milhões são de alçada estadual. Os desembargadores paulistas alegam que os atuais recursos orçamentários de que dispõem não são suficientes para modernizar, informatizar e equipar a Corte, principal-mente na primeira instância, que é a mais próxima dos ci-dadãos. Reclamam da sobre-carga de trabalho trazida pelos processos federais. E afirmam que a conta sai de graça para a

Justiça Federal, pois a União jamais pagou ao TJSP a parce-la correspondente às despesas geradas pelos processos da al-çada federal.

O Ministério do Planeja-mento nunca se pronunciou oficialmente sobre a dispo-sição dos dirigentes do TJSP de recorrer ao Supremo, para pedir a inclusão no Orçamento da União dos valores relativos às despesas com as ações fe-derais que tramitam em tribu-nais estaduais. Informalmente, alguns técnicos alegaram que os problemas financeiros das Justiças estaduais decorrem da má gestão dos recursos dispo-níveis, da falta de planejamen-to e de gastos desnecessários com a renovação de frotas de automóveis oficiais, aluguéis e concessão de benefícios fun-cionais a magistrados e servi-dores.

A crítica se aplica a al-guns tribunais, é verdade. No entanto, isso não exime a União de ressarcir as Justiças estaduais pelos gastos decor-rentes da tramitação dos pro-cessos de alçada federal. Não faz o menor sentido as cortes estaduais trabalharem gratui-tamente, lidando com ações judiciais que, por princípio, são de competência exclusiva da Justiça Federal. O que ex-plica o silêncio das autorida-des encarregadas de preparar o Orçamento-Geral da União é o receio de que a iniciativa do Tribunal de Justiça de São Paulo acabe estimulando os demais Tribunais de Justiça do País a fazer o mesmo.

Justiça estadual e ações federaiso estado de sp - sp - on line - 13.11.2012

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Nelson Missias de Morais

É preciso restaurar o respeito entre os Poderes. Sem reposição -e com uma inflação que de controla-da só tem a intenção-, a magistratu-ra sofre evasão

Nestes dois primeiros anos do atual governo, foram apresentadas justificativas de natureza econômi-ca irreal ou inexistente para ignorar a autonomia administrativa e finan-ceira do Judiciário na construção da proposta orçamentária da União.

Numa posição antirrepublica-na de descumprir a Constituição, o Executivo Federal excluiu, pelo se-gundo ano consecutivo, a proposta orçamentária elaborada pelo Judi-ciário, pertinente à Revisão Geral Anual dos Subsídios dos Ministros da Suprema Corte, do Orçamento da União.

A decisão unilateral nem se-quer foi discutida com o presidente do Supremo Tribunal Federal, que é o chefe do Judiciário. Pelo princí-pio republicano não se deve dispen-sar os cuidados à união indissolúvel dos três entes federativos e a inde-pendência entre os poderes, que se fincam em cânones constitucionais intangíveis.

De acordo com o respeitado constitucionalista Celso Bastos, as funções estabelecidas ao Legislati-vo, Executivo e Judiciário são “os moldes jurídicos dentro dos quais deverão ser cumpridas as finalidades estatais”. São funções relativamen-te fixas, harmônicas e independen-tes, que funcionam como contenção de um poder sobre o outro, para se evitar o arbítrio. Resumindo, o Or-çamento da União é dos três Pode-

res e não só do Executivo.

Em 2011, após reação em tom de grave advertência do então pre-sidente do STF, Cezar Peluso, o go-verno recuou e encaminhou aditivo ao Projeto de Lei Orçamentária de 2012, por meio da mensagem 355. Como era previsto, ou por coni-vência, o Congresso a tratou como emenda, em vez de parte integrante do projeto original.

Não deu outra: a “emenda” foi rejeitada, sob o argumento de que criava despesas sem identificar fon-te de recursos. O Judiciário foi du-plamente avariado pelo Executivo, sem qualquer esboço de reação do Legislativo.

O desrespeito a direitos consa-grados na Constituição, como o da irredutibilidade dos vencimentos dos magistrados, configura um la-mentável quadro de insensibilidade do Poder Executivo com o Judici-ário.

Há sete anos, os mais de 17 mil magistrados estão sem a recompo-sição monetária real de seus subsí-dios, ante inflação de quase 30%, que de controlada só tem a inten-ção.

Não se defende ou se reclama reajuste dos subsídios dos membros do Judiciário. Ao contrário, o que se busca é só a reposição inflacionária. Isso é um direito constitucional, e não deve ser tratado como favor.

Paradoxalmente, o Executivo concede, quase que anualmente, reajuste a outras categorias do fun-cionalismo, como o que acabou de ser autorizado, de 15% a 30%, em média. Nenhuma outra categoria

tem há sete anos vencimentos con-gelados.

A recomposição inflacionária dos subsídios dos magistrados, que é obrigatória, deveria ser feita pelo próprio Poder Judiciário. Além de contrabalançar os efeitos da infla-ção, essa é a forma de compensar as limitações impostas à classe de obter rendimentos externos. Como consequência, o Judiciário tem so-frido com a evasão de juízes, que estão deixando a magistratura em busca de melhor remuneração.

Neste ano, o descaso se repete e, até agora, somente a AMB (As-sociação dos Magistrados Brasilei-ros), Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e Anamatra (As-sociação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) se manifes-taram junto ao STF, com um man-dado de segurança coletivo, para suspender a votação do Orçamento da União até que nele seja incluída a proposta orçamentária do Judiciá-rio, com as respectivas fontes de re-cursos. É imprescindível resgatar e garantir a estabilidade das institui-ções que se finca no respeito entre os poderes.

NELSON MISSIAS DE MO-RAIS, 51, é secretário-geral da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Ge-rais

Os artigos publicados com as-sinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. [email protected]

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Insensível, Executivo arrocha juízes

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