141
MARCIO JOPPERT ESTUDO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS EM OBRAS DE RESTAURO Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de concentração: Engenharia Civil. Orientador: Prof. VICENTE CUSTÓDIO MOREIRA DE SOUZA –PhD Co-orientador: Prof. NELSON PORTO RIBEIRO - DSc Niterói, RJ 2003

14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

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Page 1: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

MARCIO JOPPERT

ESTUDO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS EM OBRAS DE RESTAURO

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Civil da

Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Engenharia Civil. Área de

concentração: Engenharia Civil.

Orientador: Prof. VICENTE CUSTÓDIO MOREIRA DE SOUZA –PhD

Co-orientador: Prof. NELSON PORTO RIBEIRO - DSc

Niterói, RJ

2003

Page 2: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

J81 Joppert, Marcio

Estudo de composições de custo de serviços

executados em obras de restauro / Marcio Joppert . – Niterói, RJ :

[s.n.], 2003.

117 f.

Orientador: Vicente Custódio Moreira de Souza.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -

Universidade Federal Fluminense, 2003.

1. Construção civil – Conservação e restauração. 2.

Construção civil – Custos. 3. Edificações - Manutenção. I.

Título.

CDD 692.5

Page 3: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

MARCIO JOPPERT

ESTUDO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS EM OBRAS DE RESTAURO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de concentração: Engenharia Civil.

Aprovada em

__________________________________________ Prof. Vicente Custódio Moreira de Souza, PhD

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________

Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, DSc

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________

Prof. Nelson Porto Ribeiro, DSc

Universidade Federal do Espírito Santo

Niterói 2003

Page 4: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Vicente Custódio de Souza, pelo incentivo em minha carreira e

estímulo à participação neste Programa de Pós-Graduação.

Ao Prof. Nelson Porto Ribeiro, pela colaboração no referencial teórico desta

dissertação, sem o qual esse trabalho não teria a forma atual.

Aos colegas do Grupo Casarões, em especial a Jeanne Marques e a Kátia

Allende, pela ajuda nos trabalhos realizados no laboratório.

Aos colegas do mestrado, em especial aos também parceiros nos almoços

das sextas, Alessandra, Carlos Henrique, Isabela, Manoel, Ricardo, Thais e Viviane.

À R.G. Côrtes Engenharia, pelo fornecimento de materiais utilizados no

programa experimental.

À Ópera Prima Arquitetura e Restauro, na figura do arquiteto Wallace Caldas,

pelo subsídio técnico e por compreender minha ausência algumas vezes do

trabalho, para realizar esta dissertação.

À colega de trabalho Carla Codeço Coelho, pela edição dos desenhos.

À amiga Rita, a quem gosto como uma irmã, pela sua generosidade e

disposição na revisão desse trabalho.

Aos meus pais por minha formação e ao meu irmão por sua amizade.

À CAPES pelo suporte financeiro ao longo do curso.

À minha filha Manuela, recém chegada, por ter alegrado meus dias nessa reta

final de trabalho.

À minha esposa Kika, pela sua paciência e tolerância nos momentos de

estresse, pelo carinho, dedicação e pelo nosso amor.

Page 5: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

“De todas as obras humanas, as que mais amo

São as que foram usadas.

Os recipientes de cobre com as bordas achatadas e com as

Mossas

Os garfos e facas cujos cabos de madeira

Foram gastos por muitas mãos: tais formas

São para mim as mais nobres. Assim também as lajes

Em volta das velhas casas, pisadas e

Polidas por muitos pés, e entre as quais

Crescem tufos de grama: estas

São obras felizes.

Admitidas no hábito de muitos

Com freqüência mudadas,

Aperfeiçoam seu formato e tornam-se valiosas

Porque delas tantos se valeram.

Mesmo as esculturas quebradas

Com suas mãos decepadas, me são queridas. Também elas

São vivas para mim. Deixaram-nas cair, mas foram carregadas.

Embora acidentadas, jamais estiveram altas demais.

As construções quase em ruína

Têm de novo a aparência de incompletas

Planejadas genorosamente: suas belas proporções

Já podem ser adivinhadas; ainda necessitam porém

De nossa compreensão. Por outro lado

Elas já serviram, sim, já foram superadas. Tudo isso

Me contenta”.

(Bertold Brecht)

Page 6: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

RESUMO

As edificações, com o passar dos anos, que normalmente já sofrem com os

desgastes físico-químicos e biológicos, podem sofrer também com ações

equivocadas do homem ou com a falta de manutenção.Este trabalho reuniu algumas

anomalias, comuns aos sistemas construtivos de edificações, situadas próximas ao

Rio de Janeiro, nos períodos colonial e imperial e estudou as técnicas que

satisfaçam ao quesito de qualidade em obra de restauração. Seguiu-se a análise

dos serviços para compor os seus custos, considerando os procedimentos

específicos do restauro arquitetônico e outros procedimentos coadjuvantes, porém

necessários para a salvaguarda do monumento, como proteção e acesso

provisórios, se for o caso, para execução do objetivo principal, que é o tratamento da

anomalia. A composição dos custos está baseada em índices da construção civil

publicados por empresas públicas e privadas e apropriações de laboratório e de

observações práticas colhidas em campo e através de entrevistas, pelo autor.

Page 7: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

ABSTRACT

Normally through the years, the buildings already suffer with the physical,

chemical and biological wearing offs. They can also suffer with the wrong action from

men or/and lack of maintance. This work has selected some anomalies, common to

the “cariocas” building systems from the colonial and the imperial periods as well in

order to analyse the techniques that fulfilled the quality criteria in the restoration work.

That was followed by the detailed analysis of each work involved in order to make up

its cost. Futhermore, it was taken into consideration the specific procedures of the

restoration and secondary procedures used as protection and provisional passage

ways to execute the main objective, that is, the restoration. The cost’s composition is

based on indices of the civil construction published by public and private enterprises

and personal research with pratical field work.

Page 8: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

Niterói2003 .....................................................................................................................i

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................i

RESUMO........................................................................................................................i

ABSTRACT....................................................................................................................i

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................15

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................15

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................17

1.3 OBJETIVOS..................................................................................................18

1.4 METODOLOGIA..........................................................................................19

1.5 ESTRUTURAÇÃO ........................................................................................20

2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS .......................................................................21

1.2 Hidratação da cal virgem.............................................................................21

2.2 revestimentos ................................................................................................25

2.3 CAIAÇÃO .....................................................................................................29

2.4 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE ALVENARIAS ..................................31

2.4.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço ..........................31

2.4.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra..............................35

2.4.3 Reestruturação de alvenaria de pau a pique..............................................36

2.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL...................................38

2.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE ..................39

2.6 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE...........44

2.7 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

46

2.8 RECONSTRUÇÃO ESQUADRIAS EM MADEIRA......................................48

2.9 recuperação de telhado colonial ..................................................................50

2.10 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS em gnaissE............................................57

Page 9: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

16

2.11 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS ........................................64

3 TRABALHO EXPERIMENTAL......................................................................62

4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS...........................................................................66

4.1 CRITÉRIOS CONSIDERADOS....................................................................66

4.2 HIDRATAÇÃO DA CAL...............................................................................68

4.2.1 Considerações...........................................................................................68

4.2.2 Memória ...................................................................................................69

4.3 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA...................................................................71

4.3.1 Considerações...........................................................................................71

4.3.2 Memória ...................................................................................................73

4.4 CAIAÇÃO .....................................................................................................82

4.4.1 Considerações...........................................................................................82

4.4.2 Memória ...................................................................................................83

4.5 REESTRUTURAÇÃO DE ALVENARIAS .....................................................85

4.5.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço ..........................85

4.5.5.1 Considerações ........................................................................................85

4.5.1.2 Memória.................................................................................................86

4.5.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de pedra e cal..............................88

4.5.2.1 Considerações ........................................................................................88

4.5.2.2 Memória.................................................................................................89

4.5.3 - Reestruturação de alvenaria de pau a pique ..............................................91

4.5.3.1 – Considerações ........................................................................................91

4.5.3.2 Memória.................................................................................................95

4.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL...................................97

4.5.1 Considerações...........................................................................................97

4.5.2 Memória ...................................................................................................98

4.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE ..................99

4.6.1 Considerações...........................................................................................99

4.6.2 Memória .................................................................................................101

Page 10: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

17

4.8 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE.........102

4.8.1 Considerações.........................................................................................102

4.8.2 Memória .................................................................................................104

4.9 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

106

4.9.1 Considerações.........................................................................................106

4.9.2 Memória .................................................................................................107

4.10 reconstrução de esquadria eM madeira.....................................................108

4.10.1 Considerações .......................................................................................108

4.9.2 Memória .................................................................................................109

4.11 recuperação de telhado colonial ................................................................111

4.11.1 Considerações .......................................................................................111

4.11.2 Memória .................................................................................................119

4.12 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSe ......................................120

4.12.1 Considerações .......................................................................................120

4.12.1 Memória................................................................................................122

4.13 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS ......................................127

4.13.1 Considerações .......................................................................................127

4.13.2 Memória................................................................................................128

Page 11: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

Foto 1 – Fissura em alvenaria de adobe ...............................................................................32

Figura 2 – Substituição e retirada de tijolos ........................................................................34

Figura 3 – Término da substituição dos tijolos e revestimento da consolidação ..............34

Figura 4– Vista da fissura e esquema da furação................................................................36

Foto 2 - Tabique sem revestimento .......................................................................................38

Foto 3 – Fasquios novos colocados ........................................................................................38

Figura 5 - Seção típica da canaleta .......................................................................................42

Figura 6 – Detalhe das placas drenante e de estabilização .................................................43

Foto 4 – Trincheira drenante.................................................................................................43

Foto 5 – Placa drenante..........................................................................................................44

Foto 6 – Fundo da calha.........................................................................................................44

Figura 7 – Detalhe da tala de aço ..........................................................................................48

Foto 7 – Emenda de topo com talas de aço...........................................................................48

Figura 8 – Esquema da porta com elevação e corte ............................................................49

Figura 9 – Detalhe da calha de drenagem ............................................................................53

Foto 8 – Cobertura destelhada ..............................................................................................54

Foto 9 – Desenvolvimento de sub cobertura Tyvek.............................................................54

Foto 10 – Aplicação de contra caibro e ripamento ..............................................................55

Foto 11 – Assentamento de telhas .........................................................................................55

Foto 12 – Corte de acabamento do rincão............................................................................55

Foto 13 – Telhado arrematado ..............................................................................................56

Foto 14 – Cumeeira com bebedouro/suspiro........................................................................56

Foto 15 – Movimentação diária da proteção provisória .....................................................56

Foto 16 – lavagem com adstringente e escovação ................................................................62

Foto 17 – três aplicações de AB57 sobre polpa de papel.....................................................62

Foto 18 – Moagem de gnaisse ................................................................................................63

Foto 19 – Colmatação de aberturas e falhas ........................................................................63

Foto 20 – Embasamento em gnaisse com desplacamento ...................................................64

Foto 18 – Arranque da alvenaria ..........................................................................................63

Foto 19 – Cintamento da parede ...........................................................................................63

Page 12: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

Quadro 1 – Encargos incidentes sobre o salário/hora, adaptado de DIAS, P.R.V. ..........67

Quadro 2 – Salário-hora (agosto de 2003), encargos e alguns benefícios..........................68

Quadro 3 – Produção estimada e fator de utilização ..........................................................69

Quadro 4 – Custo dos utensílios utilizados...........................................................................70

Quadro 5 – Composição do custo da pasta de cal................................................................71

Quadro 6 – Custo de andaime – torre com 2,0 m x 1,0 m em planta.................................72

Quadro 7 – Custo/m3 das cirandas........................................................................................74

Quadro 8 – Custo do m3 dos agregados após o preparo .....................................................75

Quadro 9 - Composição do custo da confecção da masseira ..............................................75

Quadro 10 – Custo por m3 dos utensílios no preparo de argamassa .................................75

Quadro 11 – Composição da argamassa I - de cal e areia (1:3) .........................................76

Quadro 12 – Composição da argamassa II - de cal e terra preta (1:3)..............................76

Quadro 13 – Composição da argamassa III - de cal, areia e saibro (1:1,5:1,5) ................77

Quadro 14 – Composição da argamassa IV - de cimento, cal e areia (1:1:3)....................78

Quadro 15 – Composição de custo do anteparo protetor ...................................................79

Quadro 16 – Custo/m2 dos utensílios de aplicação de argamassa ......................................79

Quadro 17 – Consumo de mão de obra em revestimento ...................................................80

Quadro 18 – Custo/m2 de aplicação da argamassa I – R$ 41,72 ........................................80

Quadro 19 – Custo/m2 de aplicação da argamassa II – R$ 41,32.......................................81

Quadro 20 – Custo/m2 de aplicação da argamassa III – R$ 41,48 .....................................81

Quadro 21 – Custo/m2 de aplicação da argamassa IV – R$ 44,07 .....................................81

Quadro 22 – Custo dos utensílios para preparação de tinta ..............................................83

Quadro 23 – Custo da preparação da tinta..........................................................................83

Quadro 24 – Custo dos utensílios utilizados na caiação......................................................84

Quadro 25 – Custo da caiação...............................................................................................84

Quadro 26 – Composição do custo da plataforma de serviço (exterior/interior) .............87

Quadro 27 – Composição do custo da costura de fissura em alvenaria de adobe ............87

Quadro 28 – Cálculo do custo mensal de perfuratriz .........................................................89

Quadro 29 – Composição da argamassa de colmatação .....................................................90

Quadro 30 – Custo unitário da consolidação da fissura .....................................................90

Quadro 31 – Composição do custo da argamassa de recheio .............................................93

Quadro 32 – Consumo de mão de obra em h/m2 de pau a pique .......................................94

Quadro 33 – Projeção do tempo consumido por andaime..................................................95

Quadro 34 – Composição do custo da solução imunizadora ..............................................96

Page 13: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

16

Quadro 35 – Composição de custo da alvenaria..................................................................96

Quadro 36 – Composição de custo da consolidação de reboco ..........................................98

Quadro 37 – Composição do custo da canaleta de drenagem ..........................................102

Quadro 38 – Custo do desgaste de ferramenta ..................................................................104

Quadro 39 – Composição do custo da argamassa .............................................................105

Quadro 40 – Composição do custo da consolidação com enxerto em argamassa ..........105

Quadro 41 – Composição do custo da consolidação com enxerto em madeira ..............105

Quadro 42 – Consumo de mão de obra em horas..............................................................107

Quadro 43 – Composição de custo da emenda ..................................................................108

Quadro 44 – Custo de aquisição das ferramentas .............................................................109

Quadro 45 – Custo do material aplicado............................................................................110

Quadro 46 – Consumo da mão de obra empregada em horas .........................................110

Quadro 47 – Composição do custo da porta ......................................................................110

Quadro 48 - Consumo parcial de mão de obra para execução do telhado......................113

Quadro 49 – Custo parcial de mão de obra .......................................................................119

Quadro 50 – Custo da preparação da solução biocida......................................................122

Quadro 51 – Custo da aplicação da solução biocida .........................................................122

Quadro 52 – Custo da preparação da solução adstringente.............................................123

Quadro 53 – Custo da aplicação da solução adstringente ................................................123

Quadro 54 – Custo da preparação da fórmula do AB57 ..................................................123

Quadro 55 – Custo da aplicação do emplastro de AB57...................................................124

Quadro 56 – Custo da preparação do rejunte ...................................................................124

Quadro 57 – Custo da aplicação do rejunte.......................................................................125

Quadro 58 – Custo do preparo da resina para injeção.....................................................125

Quadro 59 – Custo da consolidação de desfolhamento.....................................................126

Quadro 60 – Custo da preparação da argamassa..............................................................126

Quadro 61 – Custo da colmatação do bordo desplacado..................................................127

Quadro 62 – Custo do tratamento superficial ...................................................................127

Quadro 63 – Consumo de mão de obra dos sub serviços em tratamento de gradis .......129

Quadro 64 – Consumo de insumos para tratamento de gradis........................................129

Page 14: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este estudo dedica-se a definir uma metodologia para compor o custo de

determinados serviços que normalmente precisam ser realizados em edificações

históricas, degradadas pelas intempéries, por agentes químicos, físicos ou

biológicos, pela ação do homem ou pela falta de manutenção.

A observação de edificações em processo de deterioração, dentro de uma

determinada região, limitada e unificada por fatores distintos tais como a tradição

nas técnicas construtivas empregadas, as características similares nos materiais

construtivos utilizados e sujeitos a fatores semelhantes de degradação a

intempéries, mostra que algumas anomalias são comuns a quase todas as

edificações que estão sofrendo esse processo. Esse estudo se concentrará nos

serviços ditos comuns em obras de restauro, que foram eleitos em razão da alta

freqüência em que necessitam ser realizados.

As edificações, com o passar dos tempos, podem apresentar recalques

diferenciais nas fundações, que fazem suas alvenarias portantes acomodarem-se

com tensões internas que propiciam o aparecimento de fissuras. A estrutura de

madeira do telhado, que no início de sua vida funcionava adequadamente, com o

passar do tempo padece do fenômeno da fluência, que são deformações diferidas

no tempo para o mesmo carregamento inicial. A ocorrência de um ou mais

fenômenos conjugados afeta a edificação, e pode permitir a entrada de água através

das fissuras nas alvenarias ou pelas fendas desenvolvidas nos elementos que

compõem o telhado, como calhas, rufos, espigões, cumeeiras e rincões. A exposição

da edificação à umidade acelera a deterioração de pinturas, revestimentos,

Page 15: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

16

argamassas de assentamento de alvenarias e elementos de madeira, por ação de

fungos e/ou xilófagos, pelo desgaste ou pela deterioração química das argamassas.

Além da umidade proveniente de infiltrações pluviais, existe a contribuição da

umidade ascendente nas alvenarias, proveniente do solo em torno das fundações. A

umidade penetra em estado líquido na base da alvenaria e geralmente não encontra

empecilho para percolar. O material poroso da alvenaria propicia o transporte da

água para cima, por efeito de capilaridade, e a determinada altura a coluna d’água

evapora e sai para a atmosfera, estabelecendo assim um equilíbrio hidrodinâmico

entre o teor de água que penetra e o teor de água que evapora. Um dos maiores

inconvenientes do fluxo de umidade dentro da alvenaria é a possibilidade de

transporte de sais dissolvidos. Quando a solução evapora ocorre a cristalização e

deposição dos sais nos vazios, com conseqüente aumento de volume, o que pode

provocar enormes pressões dentro dos poros e conseqüentemente a ruptura dos

materiais que compõem a alvenaria (BEICHEL, 1997, p.358).

Para não alongar muito a quantidade de serviços custeados, esse trabalho

focalizará algumas anomalias e os respectivos serviços de reparação, que podem

ser encontradas em edificações construídas com técnicas dos períodos colonial e

imperial na cidade do Rio de Janeiro e nas suas proximidades.

Assim, os serviços que integram esse estudo são a hidratação de cal virgem,

a aplicação de revestimentos com argamassas à base de cal e a pintura à base de

cal, que foram experimentados no Laboratório de Estruturas da Pós-graduação em

Engenharia Civil da UFF, além de consolidação de alvenarias fissuradas,

consolidação de rebocos à base de cal descolados do substrato, minoração da

umidade ascendente em alvenaria através de canaleta de drenagem, consolidação

de madeiramento, com a técnica de enxerto de prótese, em madeira similar à

original, com resina e aplicação de reforços com talas metálicas em vigas de

madeira, recuperação e consolidação de esquadrias de madeira, recuperação de

telhado colonial de edificação tombada, restauração de cantarias e tratamento de

elementos metálicos.

Page 16: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

17

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

Nas últimas décadas houve um crescente interesse na preservação de bens

culturais. Assim, uma série de políticas de incentivos tem sido implementada visando

preservar e/ou restaurar bens imóveis com interesse histórico. Como exemplo

dessas políticas tem-se a revitalização do Pelourinho, em Salvador, Bahia, do

corredor cultural, no Centro do Rio de Janeiro, do porto de Fortaleza, onde se

localiza o Centro Cultural Dragão do Mar, entre outros.

Um projeto destinado a restaurar um patrimônio arquitetônico pode requerer

uma interação multidisciplinar, tais são as incertezas relativas às “técnicas mortas”

utilizadas no passado. Assim, é comum, em um projeto complexo, que ciências

como Arqueologia, História e Engenharia, entre outras, sob a coordenação de outra

com visão humanística, geralmente a Arquitetura, interajam para a sua realização.

Hoje se dispõe de planilhas de empresas como as da Editora PINI (tabelas de

composições de preços para orçamentos – TCPO, 1975) e as da Empresa de Obras

Públicas (EMOP, 1997) do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que servem de

referência para a elaboração da composição de custos de serviços específicos.

Essas planilhas, contudo, normalmente destinam-se à realização de obras novas,

não contemplando determinados procedimentos específicos que são próprios dos

serviços em obras de restauro. Nesse trabalho, alguns serviços valeram-se de

apropriações feitas por essas duas empresas complementadas por apropriações

executadas em campo e/ou em laboratório.

A avaliação incorreta nos custos dos serviços pode levar uma empresa,

aspirante a executar determinada obra, a perder a concorrência, no caso de

composições super-dimensionadas, ou a arcar com os prejuízos decorrentes de

composições sub-dimensionadas, caso a mesma vença a concorrência. A

engenharia de custos proposta nesse trabalho pode ser aperfeiçoada e adaptada

através do acompanhamento e controle, durante a execução da restauração, onde,

através de um trabalho paciente e disciplinado, o residente do canteiro de obras

Page 17: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

18

poderá confirmar ou adaptar para a nova situação as composições de custos que

interessem à empresa para qual trabalha.

O mercado de obras de restauração tem-se mostrado competitivo, com o

surgimento de empresas interessadas em explorar esse segmento e ter seu nome

associado a empreendimentos de preservação do patrimônio histórico. Por outro

lado, tem-se observado algumas vezes a falta de preparo dos contratantes na

apropriação de custos, com o sub-dimensionamento de suas bases orçamentárias,

estipulando preços unitários ou finais deficitários para adequar-se ao volume de

recursos disponíveis. Assim, é grande a responsabilidade do orçamentista, pois além

de desenvolver o orçamento em prazos curtos, deve fazê-lo de forma a obter o preço

mínimo competitivo e auferir o lucro esperado.

1.3 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos:

• descrever os procedimentos, os materiais, os equipamentos e os profissionais

necessários para a execução dos serviços elencados inicialmente;

• elaborar planilhas de composição de custos unitários dos serviços definidos, que

sirvam de parâmetro para que os profissionais envolvidos em orçamentos de

projetos de restauração apropriem seus respectivos custos de maneira adequada

e acurada.

Os serviços foram escolhidos em função de sua alta freqüência de ocorrência,

em obras de conservação e de restauração, e pela oportunidade de serem

observados pelo autor nas obras em que foi residente ou teve conhecimento. Assim,

têm-se:

• serviço básico - hidratação da cal virgem: beneficiamento da matéria prima;

• revestimentos (traços em volume):

o cal e areia no traço 1:3- argamassa I;

o cal e terra preta no traço 1:3- argamassa II;

o cal, saibro e areia no traço 1:1,5:1,5- argamassa III;

o cimento, cal e areia no traço 1:1:3- argamassa IV;

Page 18: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

19

• caiação;

• reestruturação em alvenarias:

o de tijolo maciço cru (adobe);

o de cal e pedra;

o de pau a pique;

• consolidação de rebocos à base de cal;

• minoração dos efeitos da umidade ascendente;

• consolidação de madeiramento, com enxerto de prótese;

• emenda em vigas de madeira reforçada com talas de aço;

• recuperação e consolidação de esquadrias de madeira;

• recuperação funcional de telhado colonial em edificação tombada (estudo de

caso);

• restauração de cantarias;

• tratamento básico de elementos metálicos (limpeza, desoxidação e aplicação de

protetivo).

1.4 METODOLOGIA

Alguns serviços necessários na restauração de edificações históricas são

compostos de procedimentos comuns à Engenharia Civil, e outros específicos da

restauração arquitetônica. Assim, tomando como base as composições dos custos

das TCPO (1975) e da EMOP (1997), já citadas, as apropriações da demanda de

materiais em laboratório e no campo, o consumo de mão de obra, apontado em

obras que tenham em seu escopo serviços comuns a esta pesquisa, e entrevista

com artesões e restauradores, serão demonstradas as composições de custos dos

serviços eleitos.

Na primeira etapa do trabalho foi feita uma investigação, com a identificação

das principais anomalias normalmente encontradas, em edificações antigas, através

de pesquisa bibliográfica e observações práticas, em edificações antigas. Seguiu-se

o estudo de algumas técnicas utilizadas na restauração dessas anomalias, com a

apropriação de consumo de mão de obra e de materiais e o custo dos utensílios e

equipamentos empregados na realização dos serviços.

Page 19: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

20

O termo composição de custo, muitas vezes utilizado neste trabalho, é o

custo direto, definido por DIAS (2001, p.12) como a soma dos insumos que ficam

incorporados ao produto, que, acrescido do custo indireto, definidos pelo mesmo

autor como a soma de itens de custo como a administração da obra, as tarifas das

concessionárias de serviços públicos e aqueles que incidem sobre o preço de venda

ou valor nominal da nota fiscal, como administração central e impostos, formam o

custo total do empreendimento. A soma do custo total com o lucro esperado resulta

no preço de venda do empreendimento.

As composições de custos estudadas não contemplam o consumo de

homens-hora de algumas categorias, como engenheiro, arquiteto, mestre,

encarregado, almoxarife, operador de guincho, vigia e demais categorias

consideradas como formadoras do custo indireto. A apropriação dos custos indiretos

é feita em separado no orçamento e é uma função das características de cada obra.

1.5 ESTRUTURAÇÃO

No Capítulo 2 são apresentados os serviços eleitos, com as descrições dos

procedimentos necessários ao seu desenvolvimento obtidos das considerações de

alguns autores, ou observados na prática de laboratório e/ou de campo.

A descrição do programa experimental, no Capítulo 3, inclui a especificação

técnica dos materiais e dos utensílios utilizados, assim como a apropriação do

consumo de insumos componentes dos custos dos três serviços que foram

experimentados.

No Capítulo 4 são apresentadas, sob a forma de Quadros, as composições de

custos unitários dos serviços de restauração e de manutenção dos serviços eleitos e

finalmente, no Capítulo 5, são feitas considerações sobre alguns critérios adotados

nas composições de custos e, em seguida as conclusões do trabalho.

Page 20: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS

1.2 HIDRATAÇÃO DA CAL VIRGEM

Com a crescente utilização do cimento Portland, a partir do final do século

XIX, em substituição à pasta de cal, a produção da mesma decresceu no último

século e atualmente, no Rio de Janeiro, é encontrada industrializada, sob a forma

hidratada em pó. Para serviços de restauração do patrimônio histórico normalmente

é exigido o uso de pasta de cal, obtida através da hidratação da cal virgem em

pedras (CaO), por sua melhor performance em relação à cal hidratada em pó, que

pode possuir na sua composição anidrido carbônico, óxidos não hidratados e uma

parcela de material já carbonatado, portanto com menor poder aglutinante

(GUIMARÃES, 1997, p.259).

A cal virgem resulta da dissociação térmica do calcário, dolomito ou concha

calcária. Quando provém de rochas carbonatadas puras, a cal virgem é um produto

inorgânico de cor branca. A presença de outra coloração indica que a cal virgem

contém impurezas. Ao ser colocada em contato com a água, a cal virgem reage de

modo exotérmico, formando o hidróxido de cálcio, Ca(OH)2 – pasta de cal, com

desprendimento de calor da ordem de 272 (kcal/kg de cal) para cales altas em

cálcio. Isso significa que 1 kg de cal é suficiente para elevar 2,3 kg de água da

temperatura de 12o C para 100o C (GUIMARÃES, 1997, p. 72), o que torna o

procedimento de hidratação da cal um procedimento cauteloso e, portanto,

naturalmente mais dispendioso.

O ciclo da cal, derivado do calcário puro, para emprego na construção civil,

pode ser resumido nas reações escritas abaixo:

MINERAL (CaCO3) + CALOR → CaO + CO2↑ (CALCINAÇÃO)

Page 21: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

22

CaO + H2O → Ca(OH)2 + CALOR↑ (HIDRATAÇÃO)

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O↑ (CARBONATAÇÃO)

A pasta de cal ao endurecer tem as pequenas partículas de hidróxido

aglomeradas, que assim formam cristais, e esses vão aumentando em número e

tamanho à medida que a água vai evaporando. No caso de argamassas, esses

cristais se entrelaçam formando uma malha espacial resistente, que incorpora os

grãos inertes. Além do desenvolvimento natural do cristal do hidróxido, o mesmo

reage com o anidrido carbônico atmosférico, transformando-se em carbonato. Nessa

transformação há o aumento de volume da estrutura cristalina unitária na ordem de

quatro vezes. Esse aumento dos cristais provoca expansões e compactação da

matriz da argamassa, que assim reforça as interfaces da malha formada e enrijece o

sistema.

O produtor de cal virgem mais próximo da capital fluminense situa-se na

região metropolitana de Belo Horizonte e a quantidade mínima vendida é de uma

tonelada. Assim, por se tratar de produto com qualidade decrescente com o passar

do tempo e com validade máxima de 90 dias (GUIMARÃES, 1997, p. 105), contados

a partir da fabricação, quando bem estocado, é interessante montar uma estrutura

mínima para receber, estocar, hidratar e maturar pelo menos 1000 kg de cal virgem.

A relação entre o peso de cal virgem e o volume de pasta obtido, ou seja, o

rendimento, dependerá das características da jazida de calcário e do processo de

calcinação do minério. Seguem alguns exemplos de rendimentos pesquisados.

• item 04.092 das TCPO (1975) p.48 – 670 kg cal/m3 de pasta;

• exemplo prático número 1 PIANCA (1973 p.189) – 800kg cal/m3 de pasta;

• no Laboratório de Estruturas, a hidratação em pequena escala de 150 kg de cal

virgem produziu 240 l de pasta de cal. Extrapolando essa relação, resulta em 625

kg cal/m3 de pasta, que foi o rendimento considerado na composição de custos.

As etapas descritas a seguir reúnem alguns controles, com testes de

qualidade, além dos utensílios utilizados e de uma rotina com procedimentos para

uma hidratação segura e completa da quantidade mínima comercializada.

Page 22: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

23

Etapas:

I) Recebimento da cal virgem no canteiro ou depósito central (GUIMARÃES,

1997, p.96).

Controle expedito recomendado pela Associação Brasileira dos produtores de

Cal - ABPC:

• teste de qualidade I (finura) - hidratação com agitação da amostra por alguns

minutos em um pequeno recipiente. A mistura é forçada a passar na peneira #

200 com o auxílio de um leve esguicho d’água. Quando o filtrado estiver claro, a

parte retida deve ser pequena (menor que 15% da amostra, avaliação a olho);

• teste de qualidade II – diluir 1 parte de HCl em 9 partes de água. Essa solução,

ao ser colocada sobre a amostra de cal, não deve produzir excesso de bolhas, o

que indicaria elevado teor de pedras não calcinadas. Caso a reação seja

tranqüila e se, após alguns minutos de agitação, a quantidade de precipitado

resultante do ataque ácido for inferior a 12 %, trata-se de cal de boa qualidade.

II) Hidratação da cal virgem – apropriação necessária para a hidratação de 1000

kg de cal em pedra.

Equipamentos e utensílios:

• 4 tonéis de plástico rígido de 200 l;

• 4 caixas d’água de amianto de 500 l;

• 4 tonéis de plástico rígido de 70 l;

• 5 baldes de 12 l;

• 2 conjuntos de EPI (óculos, luva, capacete, jaleco de manga comprida, bota de

borracha);

Page 23: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

24

• peneira # 2,36 mm, do tipo ciranda quadrada, ajustada à dimensão da caixa de

500 l;

• peneira redonda # 20 mm, ajustada à boca do tambor de 200 l, com contenção

lateral em forma tronco-cônica;

• carrinho para transporte dos tonéis carregados;

• carrinho de mão;

• 1 enxada, 1 pá de bico reto e colher grande de pedreiro.

Procedimentos:

• encher com água os tonéis de 200 l até a altura de 50 cm;

• passar o conteúdo de 1 saco (30 kg) em grade de malha quadrada com 20

mm de abertura sobre o tonel com água;

• moer as pedras retidas;

• misturar e homogeneizar por aproximadamente 5 minutos;

• caso a mistura borbulhar intensamente, acrescentar mais água;

• após esfriar (4 horas), descarregar o conteúdo dos 4 tonéis de 200 l,

forçando os grãos maiores com uma colher de pedreiro através de uma

ciranda horizontal de peneira # 2,36 mm sobre uma das caixas de 500 l;

• o excedente de água de cal poderá ser guardado nos tonéis de 70 l para

hidratações posteriores;

Page 24: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

25

• o volume de pasta de cal hidratada produzido por 8,5 sacos de 30 kg deverá

caber com folga na caixa de maturação de 500 l, para permitir os

procedimentos de mistura e homogeneização da pasta;

• deixada em repouso, a pasta precipitará e a água excedente irá sobrenadar.

A fim de evitar-se carbonatação pré-matura do hidróxido de cálcio, é

necessário à manutenção de um espelho de água sobre a pasta;

• tampar e aguardar 24 horas;

• durante 15 dias a pasta em maturação depositada nas caixas de 500 l deverá

ser misturada 3 vezes ao dia (5 minutos cada), para homogeneização e

ganho de plasticidade. Decorrido esse prazo de maturação, a cal hidratada

está apta para ser empregada como aglutinante em argamassas ou pinturas.

Nesse trabalho, o procedimento de hidratação ocorreu em dias quentes,

portanto não houve a necessidade de aquecimento prévio da água utilizada. Quando

a hidratação se realizar em temperaturas mais baixas, recomenda-se seguir a

instrução de KANAN (I-1996), aquecendo a água de hidratação para não retardar o

processo ou até mesmo inviabilizá-lo.

2.2 REVESTIMENTOS

O custo da restauração de revestimento depende do estado em que ele se

encontra, se possui pintura decorativa ou não, se é externo ou interno e em que

altura média se realiza o trabalho.

A existência de pintura decorativa, com interesse histórico, sobre o reboco

com descolamento do emboço, pode exigir técnica apurada para uma consolidação

segura, como escoramento, contenção da superfície descolada, furação e

preparação para injeção de resinas, de elevado custo, na interface emboço/reboco

sob a pintura que se deseja preservar.

Page 25: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

26

O fato de o revestimento ser externo pode gerar custo adicional, devido aos

procedimentos de cura na argamassa aplicada, em painéis sujeitos a insolação e

ventos. Se o serviço é realizado em nível elevado e distante do solo, os custos da

locação e da montagem/desmontagem de andaimes devem ser considerados. O

estado da deterioração do revestimento original influencia, no caso de remoção

cuidadosa na limpeza e na preparação da superfície da base. Por último, o tipo de

agregado utilizado na argamassa afeta discretamente o custo do m2 de revestimento

aplicado.

Abaixo segue uma rotina de recebimento e preparação da areia, o agregado

mais nobre dentre os manipulados no programa experimental, assim como os

procedimentos de aplicação e cura da argamassa.

Etapas:

I) Recebimento da areia no canteiro. Classificação granulométrica (GUIMARÃES,

1997, p. 184):

• fina - 0,15 a 0,6 mm;

• média - 0,6 a 2,4 mm;

• grossa - 2,4 a 4,8 mm.

Teste recomendado (GUIMARÃES, 1997, p.188) – colocar uma amostra de

areia em um frasco, adicionar certa quantidade de água, agitar noventa vezes

horizontalmente e deixar em repouso por 20 minutos. Se a fase líquida da mistura for

clara, a amostra ensaiada é de boa qualidade; se for turva, provavelmente trata-se

de areia de má qualidade.

Se a relação entre as alturas dos grãos maiores e dos grãos finos for maior

que 0,75, considera-se atendida a condição granulométrica.

II) Operação de cirandagem.

Page 26: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

27

Esse procedimento é necessário quando se deseja aproximar as texturas das

argamassas original e reparadora e consiste na separação da areia nas faixas

granulométricas, acima mencionadas, para recomposição semelhante à curva

granulométrica desejada. Este é um procedimento trabalhoso, que aumenta o custo

com a preparação da argamassa destinada a próteses. A seqüência de

peneiramento está descrita a seguir:

• cirandar a areia recebida na peneira # 4,8 mm e desprezar a parte retida;

• cirandar a areia passante grossa na peneira # 2,4 mm e estocar a parte retida

no silo de agregado grosso;

• cirandar a areia passante média na peneira # 0,6 mm e estocar a parte retida

no silo de agregado médio;

• cirandar a areia passante fina na peneira # 0,15 mm e estocar a parte retida

no silo de agregado fino;

• a areia passante na peneira # 0,15 mm pode ser utilizada em até 10 % do

volume total de agregado empregado na confecção de argamassas de cal, de

preferência em serviços de acabamento.

Neste trabalho foi considerada uma perda de 10 % do agregado decorrente

da eliminação da fração de grãos acima de # 4,8 mm. Quando for necessária a

recomposição granulométrica de um traço especificado por ensaios laboratoriais,

para atender a textura do revestimento original, o custo do m3 de areia recomposta

deverá ser incrementado em função das diferenças entre as curvas granulométricas

da areia recebida no canteiro e da efetivamente empregada no preparo da

argamassa.

III) Preparo da argamassa (KANAN, III-1996).

Mistura-se aglutinante e aglutinado, manualmente ou de preferência em

misturadora de eixo horizontal, na proporção desejada. Terminada a mistura,

recomenda-se armazená-la em recipientes com tampa e aguardar 21 dias para

Page 27: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

28

maturar. Antes da aplicação, a argamassa deve ser novamente misturada, para

resgatar a plasticidade e a trabalhabilidade.

IV) Aplicação da argamassa (KANAN, IV e VI-1996).

Recomenda-se que a aplicação da argamassa seja feita em 4 camadas,

sendo a 1a o chapisco, a 2a e a 3a de no máximo 12 mm e a 4a e última de

acabamento de no mínimo 3 mm. As superfícies a serem revestidas deverão estar

limpas, isentas de poeira e umedecidas sem encharcamento (preferencialmente

utiliza-se vaporizador nesta operação ou um aspersor agrícola carregado com água

de cal, que é mais barato e resistente ao serviço). O profissional encarregado de

realizar a aplicação da argamassa deverá fazê-lo com colher de pedreiro e

arremessá-la com força suficiente para promover o maior impacto possível e assim

garantir a devida compactação da mesma. Após a aplicação de uma camada, ela

deverá ser apenas sarrafeada, mantendo sua superfície rugosa, para uma melhor

ligação física entre as camadas. A aplicação da camada subseqüente deverá ser

feita com a anterior ainda úmida. Vinte e quatro horas são mais que suficientes no

clima geralmente quente do Rio de Janeiro, para propiciar a ligação química entre as

camadas. Antes da aplicação de uma camada é recomendado a asperssão com

água de cal na camada anterior ou no chapisco, para melhorar a ligação química

entre camadas e diminuir a velocidade da perda de água da camada de argamassa

a ser aplicada. A aplicação da 4a e última camada pode ser feita espalhando-se a

argamassa no sentido ascendente com uma desempenadeira de madeira e posterior

desempeno. Após o desempeno poderá ser dado acabamento camurçado com

espuma, assim que a superfície tenha coesão suficiente, ou alisado e “queimado” a

colher, conforme a textura desejada. Na camada de acabamento costuma-se usar

agregados com granulometria mais fina, para favorecer o acabamento e traço mais

rico (1:1,5).

V) Cura úmida da argamassa aplicada

Page 28: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

29

Dependendo das condições climáticas, os painéis externos rebocados

deverão ser protegidos, com lona plástica ou tecido absorvente encharcado com

água, para diminuir o efeito desidratante da insolação e dos ventos, evitando assim

a evaporação prematura e surgimento de fissuras de retração que podem diminuir a

longevidade de revestimentos externos, pois possibilitam a invasão de águas

pluviais. O umedecimento periódico do material recém aplicado, através de

equipamento atrás discriminado, por sete dias, proporciona uma cura mais lenta,

com carbonatação mais profunda e maior desenvolvimento dos cristais formados.

2.3 CAIAÇÃO

No Egito antigo já se usava uma mistura de cal e cola, chamada de têmpera,

para decoração de suas paredes. As colas mais usadas eram a clara de ovo, a

goma arábica, a gelatina e a cera de abelha. Posteriormente verificou-se que a tinta

ficava mais encorpada utilizando-se uma suspensão de cal hidratada em água

salina. O cloreto de sódio aumenta a solubilidade do hidróxido de cálcio, ou seja, a

carga do agente da pintura por unidade de volume de tinta (GUIMARÃES, P.108,

1997).

Em edificações históricas, a adição de sal não é recomendada, pois o mesmo

é solúvel e pode danificar os materiais porosos das mesmas. Os aditivos, que em

algumas situações têm sido utilizados com sucesso em pinturas à base de cal na

restauração de edificações antigas, são a caseína e o óleo de linhaça. Contudo,

antes de se optar pela utilização destes aditivos, recomenda-se que sejam

realizados testes em pequenas superfícies para avaliar o resultado.

Etapas: I) Preparo da tinta

A seguir serão relatadas algumas receitas para elaboração de tintas à base

de cal, incluindo ainda o modo de preparação de aditivos e sua influência nas

propriedades do produto.

Page 29: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

30

Indicações de KANAN (V-1996):

• para preparar pigmentos - dispersar o pigmento em água quente e adicionar a

dispersão à pasta de cal, para obter a tonalidade desejada:

o 400 g de pigmento junto com 5 l de pasta para obter tons claros;

o 1000g de pigmento junto com 5 l de pasta para obter tons escuros;

• para preparar a caseína comum comercial – diluir 25 ml de caseína em água

quente e adicionar a esta mistura 1 l de pasta de cal. Diluir a pasta aditivada em

água até obter inicialmente uma consistência de um creme grosso, o qual

posteriormente deverá ser mais diluído até obter a consistência desejada; 1:5

deve ser suficiente;

• caso seja usado óleo de linhaça, ele deve ser utilizado na proporção de 1 colher

de sopa (10 ml) para cada balde (18 l) da mistura cremosa e fina;

• deve-se coar o creme de cal preferencialmente com uma peneira fina;

• a cal para caiação está pronta quando uma água clara paira sobre a mesma;

• 10 demãos cruzadas de uma cal afinada devem ser suficientes para uma caiação

de boa qualidade.

II) Preparação da superfície:

• limpeza da base com escovas de nylon com cerdas duras;

• tratamento com fungicida, se a superfície apresentar indícios de fungos e sinais

de umidade;

• pulverização da base com água, sem encharcar, imediatamente antes da

caiação;

Page 30: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

31

• devem ser evitados o calor direto ou dias muito quentes para executar uma

caiação.

III) Aplicação:

• aplicação da 1a camada com brocha de diâmetro φ = 100 mm sobre área

umedecida e aguardar prazo mínimo de 24 h entre demãos;

• as demais camadas são aplicadas em direção ortogonal à anterior e precedidas

de suave umedecimento;

• a secagem é lenta. São necessárias várias semanas para secagem completa da

caiação;

2.4 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE ALVENARIAS

Dentre os tipos de sintomas patológicos que uma alvenaria pode apresentar

optou-se para serem custeados a costura de fissuras em alvenaria de tijolos maciços

e em alvenaria de pedra assentada com argamassa de cal e areia e a reestruturação

de alvenaria de pau a pique arruinada.

2.4.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço

O tipo de reestruturação proposto aqui, baseado na experiência, é a

consolidação de fissuras e brechas desenvolvidas em paredes portantes através da

técnica de substituição da argamassa de assentamento danificada e dos tijolos

fraturados por outros em bom estado, assentados com argamassa de cal e saibro,

promovendo a costura das aberturas e a devida amarração dos elementos que

compõem a alvenaria.

Os dados para composição do serviço foram obtidos através de entrevista

com a arquiteta residente Francyla Bousquet Santos, na obra de restauração da

Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Donana, em Campos dos Goytacazes, no

Page 31: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

32

Estado do Rio de Janeiro, executada no ano de 2002. As paredes da igreja são

formadas por tijolos de barro cru, ou tijolo de adobe com 10 cm x 20 cm x 40 cm,

assentados com argamassa de cal, areia e barro. Esse tipo de alvenaria é sensível à

umidade e, para que ela tenha vida longa, é necessário que seu revestimento seja

íntegro e bem mantido.

A disseminação das fissuras (Foto 1), no caso da igreja, foi originada pela

desintegração dos frechais sobre as alvenarias, deixando as mesmas à mercê dos

empuxos horizontais dos caibros do telhado, segundo diagnóstico do engenheiro

Geraldo Fillizola. Após o escoramento das paredes e recuperação do telhado, com a

troca das peças comprometidas, eliminou-se a causa das deformações e das

fissuras, possibilitando então a consolidação da alvenaria.

Foto 1 – Fissura em alvenaria de adobe Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Para substituir os tijolos danificados, um muro em adobe arruinado, na divisa

do pátio da igreja, foi desmontado, e seus tijolos reaproveitados, diminuindo assim o

custo do serviço. Algumas paredes da igreja, com 1 m de largura na base, tinham

fissuras transpassantes importantes. O tratamento consistiu na retirada dos tijolos

superficiais, anexos à fissura em seguimentos de 1 m de extensão ao longo da

mesma, limpeza, saturação com água e assentamento dos tijolos, com substituição

daqueles danificados, fazendo os mesmos atravessarem a projeção original da

Page 32: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

33

fissura, deixando-a assim costurada. O serviço era executado em uma face de cada

vez. Nas camadas centrais, evitava-se a retirada de tijolos devido à dificuldade e

preferencialmente embrechava-se as gretas maiores com argamassa e cacos

cerâmicos. A produção média de 1 pedreiro e 1 ajudante é de 1 m/h por face de

parede. A resistência da argamassa de assentamento encontrada na edificação era

baixa e favoreceu a retirada dos tijolos próximos às fissuras. No caso de

argamassas mais resistentes, assentando tijolos cozidos, a produção da equipe de

trabalho será tanto menor quanto maior for a resistência da alvenaria. Após a

consolidação da fissura, o revestimento foi recomposto com argamassa cuja textura

era compatível com a argamassa original remanescente. O detalhe executivo da

costura de fissura está representado nas figuras 1, 2 e 3.

Figura 1 - Retirada do revestimento e dos tijolos no terço central

Fonte: Cerne Engenharia e Projetos

Page 33: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

34

Figura 2 – Substituição e retirada de tijolos

Fonte: Cerne Engenharia e Projetos

Figura 3 – Término da substituição dos tijolos e revestimento da consolidação

Fonte: Cerne Engenharia e Projetos

Page 34: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

35

2.4.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra

A consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra, estudada neste item,

foi executada pela Concrejato Restauro, na obra das Casas Casadas, após

monitoramento através de testemunhos de gesso, os quais demonstraram a

estabilização da estrutura. O serviço de consolidação seguiu as recomendações do

consultor estrutural Bruno Del Soldato.

Diferentemente do tratamento de fissura em alvenaria de tijolo maciço, em

que a regularidade e o peso dos blocos favorecem a retirada dos elementos

danificados para a substituição por blocos novos, com devida amarração, a alvenaria

de pedra geralmente é formada por blocos irregulares e pesados, que, amarrados

aos blocos anexos, praticamente inviabilizam a substituição daqueles que foram

transpassados por fissuras. Assim para a consolidação da fissura recomenda-se a

seqüência de procedimentos descritos a seguir:

• escarificação da argamassa de revestimento ao longo da fissura, em forma de

V, para uma melhor ancoragem da argamassa de colmatação em ambos os

lados da alvenaria;

• furação com broca de 25 mm ao longo da fissura, em níveis múltiplos de 50

cm, até o centro da parede, com inclinação descendente de 45º no sentido de

fora para dentro, para instalação de dreno purgador de 20 mm, em mangueira

cristal, em um dos lados da alvenaria, conforme Figuras 4;

• limpeza do volume interno da fissura com jato de ar;

• inserção dos drenos purgadores nos furos produzidos e fixação dos mesmos

com cola e colmatação da fissura escarificada nas duas faces da parede, com

argamassa forte de cimento, areia e saibro no traço 1:2:2;

• verificação da intercomunicação entre drenos através de jato de ar;

• início da injeção pelo dreno inferior, com pasta de cimento, diluída em água,

para diminuição da viscosidade e aumento da penetração. A alimentação do

fluxo da injeção é feita com a adaptação de um funil à mangueira cristal;

• interrupção da injeção e fechamento do dreno assim que o purgador

imediatamente acima drenar;

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36

• reinício da injeção pelo dreno que transbordou e repetição dessa seqüência

até que toda a fissura seja completada, ou seja até o transbordamento do

dreno mais alto. O aplicador da calda deverá ser auxiliado no monitoramento

da colmatação da fissura no lado oposto à aplicação, a qual eventualmente

pode romper devido à pressão hidroestática da calda injetada;

• após 24 h, as pontas excedentes dos purgadores podem ser cortadas e a

argamassa de colmatação ser retirada para aplicação do acabamento

definitivo.

Figura 4– Vista da fissura e esquema da furação

Fonte – Cerne Engenharia e Projetos

2.4.3 Reestruturação de alvenaria de pau a pique

A porosidade e a permeabilidade dos materiais que compõem o pau a pique o

tornam vulnerável à ação da umidade, que, com o passar do tempo, acaba

comprometendo a estrutura de madeira em seu interior. A umidade presente na

argamassa de barro, utilizada para preencher o reticulado de vazios da estrutura de

madeira, é responsável pelo início do processo de degradação da madeira e pode

propiciar o ataque de agentes biológicos. Os tabiques encontrados no Solar

Visconde do Rio Seco, na Praça Tiradentes, e nas Casas Casadas, nas Laranjeiras

(o autor desta dissertação trabalhou como engenheiro residente nestas duas

Page 36: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

37

edificações), na Cidade do Rio de Janeiro, ambas centenárias, tinham suas

estruturas de madeira praticamente desintegradas pela ação de xilófagos.

Algumas paredes de pau a pique, das Casas Casadas, aparentemente em

bom estado, eram reprovadas no teste de percussão no revestimento, com

percussão mais moderada que o teste em revestimento de argamassas de cimento

Portland. Após a retirada do revestimento, foi revelado o precário estado da estrutura

interna de madeira (Foto 2). Seguiu-se então a remoção das varas, que são

pequenas madeiras, de seção circular, aplicadas na horizontal, que estavam

totalmente deteriorados, e de algumas réguas, elementos verticais, apodrecidos,

para posterior substituição por elementos novos em madeira de lei (Foto 3). Para

reforçar o pau a pique, foram aplicadas malhas de fio de aço galvanizado, também

chamadas de telas de galinheiro, em ambos os lados da estrutura, amarradas com

fio de aço galvanizado. A estrutura foi pulverizada através de aspersor manual, com

o princípio ativo fenil pirazol, diluído em querosene desodorizado na proporção de

1:100, para imunização. Os vazios da estrutura foram então recheados

manualmente com argamassa com pasta de cal hidratada em pó, areia e terra

vermelha (no traço 1:5:3), uma técnica conhecida como taipa de sopapo. Segundo

Leal (1977, p.35), as terras mais usadas são a vermelha e a roxa, que proporcionam

liga na medida adequada ao manuseio. Após a cura desse recheio, 24 horas no

mínimo, a nova superfície estava apta a receber uma camada de chapisco e ser

emboçada com argamassa de cal e areia, como uma parede comum.

Page 37: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

38

Foto 2 - Tabique sem revestimento

Fonte: Marcio Joppert

Foto 3 – Fasquios novos colocados

Fonte: Marcio Joppert

2.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL

Algumas vezes o reboco descola-se do emboço, podendo desplacar ou

permanecer na mesma posição. Esse fenômeno pode ocorrer devido à deficiência

na ligação física, no caso de reboco aplicado sobre emboço liso, ou à fraqueza da

ligação química, que ocorre quando o reboco é aplicado sobre emboço carbonatado

sem a devida preparação. Pode ser também em decorrência da incompatibilidade

dimensional entre as duas camadas, causada por diferenças no módulo de

elasticidade e/ou no coeficiente de dilatação térmica.

A consolidação pretendida neste trabalho só é possível quando o reboco a ser

tratado conserva alguma integridade. A percepção dos trechos de reboco

descolados pode ser obtida através da percussão com martelo de borracha, que

produz um som cavo, característico do descolamento. Alguns rebocos chegam a

estufar, deixando evidente o defeito da superfície curva em relação à prumada do

revestimento, dispensando a verificação percussiva.

Page 38: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

39

Definida a área a ser consolidada, é executada uma série de furos com broca

de vídea, de diâmetro 8 mm, espaçados de 25 cm, até a profundidade do

descolamento, de maneira que os furos se distribuam de maneira uniforme sobre a

superfície afetada. Utilizando-se seringa de 60 cc, de uso veterinário, é feita

inicialmente a saturação dos tecidos a serem ligados, com água através dos furos

abertos. A seguir é feita a injeção de resina de base acrílica, diluída em água na

proporção de 1:1, que pode ser carregada com carbonato de cálcio, completando

primeiro a linha de furos mais baixa e prosseguindo no sentido ascendente,

tomando-se cuidado com possíveis vazamentos, os quais podem ser fechados com

pasta de gesso, assim como os furos completados com a resina. No caso de

superfícies muito grandes ou instáveis é conveniente precaver-se contra o empuxo

da consolidação, que tende a aumentar o estufamento ou até mesmo arruinar o

reboco remanescente, utilizando-se uma fôrma para contenção, revestida com

espuma, do parâmento vertical a consolidar, fixada com escoras inclinadas apoiadas

no pavimento ou buchas e parafusos alojados na alvenaria periférica que esteja com

o revestimento em bom estado.

2.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE

Uma edificação bem conservada deve ser estanque pelo telhado, pelas

fachadas, pelas empenas, pelas instalações e pelas fundações. Mesmo um bom

programa de manutenção de edificação antiga pode sofrer os efeitos danosos da

ascensão capilar da umidade, proveniente do solo de fundação, caso a mesma

esteja situada em uma formação geológica retentora de umidade ou com o lençol

freático esteja próximo da superfície. Esse aqüífero pode conter sais solúveis

dissolvidos. Além disso, existe a possibilidade da percolação de água através da

alvenaria dissolver outros compostos solúveis das argamassas de assentamento e

de revestimento, lixiviando as argamassas.

Entre os efeitos da umidade do subsolo está a formação de eflorescências na

superfície do revestimento, em região situada pouco acima do nível do terreno. É

uma situação que apresenta a inconveniência de manchar a pintura das paredes,

mas indica também que a água esta evaporando na superfície e os sais dissolvidos,

Page 39: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

40

contidos nela, estão sendo eliminados. Pior acontece quando a evaporação da água

acontece no interior da alvenaria. Ao evaporar, a água precipita os sais solúveis que

se depositam nos vazios e passam por um processo de cristalização. A cristalização

de sais é um fenômeno expansivo e em função do tamanho do poro, em algum

momento a pressão da dilatação cristalina sobrepujará a coesão da matriz da

argamassa e ou dos blocos formadores da alvenaria. Nesse momento haverá a

ruptura e a desestruturação da alvenaria.

A dessalinização da alvenaria de uma edificação antiga, construída com

materiais porosos e permeáveis, não é um objetivo tão custoso e que deve ser

implementado. Abaixo está uma rotina de dessalinização prescrita pelo prof. Nelson

Porto Ribeiro, que normalmente atinge o objetivo:

• demolição e retirada da argamassa de revestimento contaminada;

• ensacar e retirar imediatamente da obra os escombros;

• retirar a argamassa de assentamento até a profundidade 15 mm;

• lavar a alvenaria com água abundante e esfregar com escova de nylon;

• se for necessário deverá ser aplicado emplastos de pasta de cal, que age

como um seqüestrador de sais;

• repetir o procedimento de lavagem com retirada da pasta de cal e deixar

secar.

Em edificação assentada em terreno úmido, sujeita a freqüentes

manutenções da pintura e caso a dessalinização da argamassa não seja necessária,

pode-se executar uma canaleta de drenagem em torno da edificação, para rebaixar

o nível do lençol freático, de forma localizada, e minimizar o acesso de água até a

alvenaria histórica. Esse tipo de intervenção foi executado na Igreja Nossa Senhora

da Luz, na praia da Luz em São Gonçalo, defronte à baía de Guanabara. Os

Page 40: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

41

detalhes da canaleta executada estão nas figuras 5 e 6, sendo os materiais listados

abaixo correspondidos pela numeração da segunda figura.

1. alvenaria periférica da edificação;

2. tabeira em argamassa de cimento e areia (1:3), aditivada com

impermeabilizante e espessura de 3 cm;

3. tampa em grelha de ferro fundido;

4. concreto magro;

5. trincheira drenante (seixo rolado com diâmetro ¾” a 1½”), ver Foto 4;

6. enchimento em bloco de concreto;

7. mesma argamassa de 2;

8. pintura impermeabilizante;

9. placa pré moldada drenante, ver Foto 5;

10. geotêxtil filtrante;

11. placa pré moldada estabilizadora;

12. fundo pré moldado, assentado sob solo firme, com caimento de 1 %, ver

Foto 6.

Page 41: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

42

Figura 5 - Seção típica da canaleta

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 42: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

43

Figura 6 – Detalhe das placas drenante e de estabilização

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 4 – Trincheira drenante Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 43: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

44

Foto 5 – Placa drenante

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 6 – Fundo da calha

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

2.6 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE

A interrupção do processo de degradação da madeira pode levar a situações

em que a peça anômala ainda possui capacidade resiliente, estando em condições

de continuar a desempenhar sua função estrutural. Nos casos em que há

deterioração de tecido lenhoso, este deverá ser removido, com ferramentas manuais

ou elétricas, até uma profundidade em que a madeira encontre-se sã e tenha boas

condições de aderência. A retirada da parte deteriorada elimina odores atraentes a

possíveis hóspedes xilófagos.

Page 44: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

45

No caso de peças que possam ser removidas para uma posição favorável ao

trabalho, caso seja conveniente, é possível então executar a consolidação, que nos

caso de pequenos volumes pode ser feita com uma prótese de argamassa em que o

aglutinante é uma resina termo endurecida e a carga pode ser areia fina com

umidade zero, especialmente preparada para este fim ou um outro tipo de carga

neutra, como a vermiculita. Quanto às resinas, numa escala decrescente de

resistência e de custo, tem-se a resina epóxi, de poliéster e de base acrílica, entre

outras, sendo esta última indicada apenas para serviços, não estruturais, de

estucatura, que deverão ser escolhidas em função da importância do serviço e da

disponibilidade de recursos do contratante. Escolhidos os tipos de resina e de carga,

deve-se ter atenção ao pot life, ou seja, ao tempo disponível de trabalho após a

mistura dos componentes: resina e endurecedor, no caso da resina epóxi, ou resina

e catalisador, no caso da resina de poliéster, que em ambos os casos têm o pot life

influenciado pela temperatura, quanto mais elevada ela for mais rápido se dará o

endurecimento. O restaurador experiente mistura os componentes, em quantidades

adequadas a cada etapa da consolidação, para evitar o desperdício de material.

Antes de se adicionar o agregado deve ser separada uma pequena quantidade da

resina, para fazer-se a imprimação da cavidade, para uma melhor penetração na

superfície da madeira. Um traço de argamassa que mostrou uma boa performance

foi a adição de 1 kg de areia preparada para 1 kg de Sikadur 32 gel. Essa resina

possui baixa viscosidade e é específica para penetrar em pequenos orifícios. A

adição crescente de carga eleva a viscosidade da mistura, diminuindo assim sua

capacidade de penetração.

Quando é inviável a retirada da peça a ser consolidada e a aplicação deve ser

feita em cavidade executada em sua parte inferior, a tendência é o escorrimento do

reparo. Nessas situações deve-se escolher uma resina que possua propriedades

tixotrópicas, como a Sikadur 31.

Caso o volume a ser preenchido seja grande, e aumente o consumo de

resina, com conseqüente elevação no custo, pode ficar interessante a utilização de

prótese em madeira seca, com características semelhantes à madeira a ser

consolidada, colada com resina. Nesse caso deverá ser feita previamente a

Page 45: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

46

preparação da cavidade, que retirará o tecido deteriorado e uma parte de tecido

sadio, formando um prisma de base retangular com geometria idêntica à da prótese

a ser enxertada. A definição do volume a ser retirado poderá ser feita utilizando-se

um traçador elétrico, dotado de gabarito paralelo, e um formão afiado, para definição

das esquinas da base. A retirada das fibras mais fundas pode ser feita com uma

tupia portátil de alta rotação e a limpeza final com um formão. O fundo da cavidade

deve ser plano e paralelo à superfície externa da peça. O serviço feito com

qualidade é reconhecido quando a colocação da prótese é feita de maneira ajustada,

ou seja, com pequena folga e pouco espaço para ser completado com resina. A

inserção completa da prótese ajustada necessita da energia de algumas marteladas,

com martelo de madeira dura, com a expulsão do excesso de resina, o qual

oportunamente poderá ser removido.

2.7 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

A composição de custo desse tipo de reforço pode servir de parâmetro para

compor o custo de outro tipo de reforço em estrutura de madeira, que utilize

elementos de aço aparafusados. Essa emenda foi executada algumas vezes nas

Casas Casadas em Laranjeiras na cidade do Rio de Janeiro, onde foram

apropriadas todas as etapas do serviço.

As Casas Casadas compõem um edifício de três pavimentos, com seis casas

geminadas, em que apenas a casa quatro seria restaurada e as outras cinco teriam

apenas as fachadas, as paredes estruturais divisórias das unidades e o

madeiramento do telhado preservados e recuperados, sendo o restante da

edificação demolido, devido ao adiantado estado de deterioração em que se

encontravam. As paredes divisórias estruturais, feitas em alvenaria de pedra

assentada com argamassa de cal e areia, engastavam o barroteamento e estavam

afastadas sete metros umas das outras. O barroteamento, feito em ipê com seção

de 16cm x 20 cm suportava os assoalhos e os forros, e apresentava-se em vários

locais arruinado, principalmente próximo dos apoios, devido à umidade da alvenaria.

Page 46: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

47

Foi contratado um empreiteiro para executar o arrancamento de todo

madeiramento, dos pavimentos 1, 2 e 3, começando pelos forros e sancas e

seguidos pelos assoalhos. Por último, restou o arrancamento dos barrotes

espaçados de 60 cm, muitos em bom estado, que se engastavam e contraventavam

as paredes divisórias. Cada barrote, com comprimento total de 7,60 m, pesava

aproximadamente 220 kg e estava imerso 30 cm na alvenaria. Para facilitar a

retirada e o transporte dos barrotes, a equipe de demolição os cortou em seções

afastadas de 20 cm das alvenarias. Após a retirada, restou um grande estoque de

barrotes, em bom estado, com aproximadamente 6,60 m de comprimento.

No trabalho de restauração da casa IV houve a necessidade de consolidar

barrotes usando a técnica de enxertos com argamassa de resina carregada com

areia ou com prótese de madeira, ambas já comentadas neste estudo. As peças que

apresentavam degradação superior a 30 % eram descartadas e teriam de ser

substituídas por novas. O problema foi a dificuldade de encontrar peças de madeira

com as características geométricas das originais, tanto na seção quanto no

comprimento. Assim, com a disponibilidade de barrotes originais estocados, foram

feitas as emendas de topo dos barrotes, solidarizados com talas em chapa de aço

com espessura de 8 mm, fixados com barras rosqueadas, arruelas e porcas de

diâmetro 16 mm, conforme detalhe fornecido pelo engenheiro Bruno Del Soldato,

reproduzido na Figura 7. As emendas foram concebidas para trabalhar numa

situação limite extrema a 1 m de distância do apoio. Após a execução das emendas

(Foto 7), os barrotes foram assentados em berço preparado na alvenaria, de

maneira que as emendas em barrotes vizinhos ficassem alternadas.

Page 47: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

48

Figura 7 – Detalhe da tala de aço

Fonte: Carla Codeço Coelho

Foto 7 – Emenda de topo com talas de aço

Fonte: Marcio Joppert

2.8 RECONSTRUÇÃO ESQUADRIAS EM MADEIRA

As esquadrias de portas e janelas, do período colonial, são estruturas com

detalhamento simples e consistem normalmente na união lateral de tábuas, lavradas

manualmente, com encaixe ao longo da espessura à meia madeira e reforçadas com

travessas cravadas ou cavilhadas, onde normalmente são instaladas as dobradiças,

conforme figura 8.

Em algumas esquadrias, com avarias menos importantes, é possível

preencher pequenos volumes com próteses, utilizando a técnica desenvolvida no

item 2.7, no próprio canteiro de obras. No caso de uma tábua, componente da

esquadria estar muito deteriorada, a esquadria deverá ser desmontada, para esse

elemento deteriorado ser substituído por um novo, confeccionado conforme o

modelo original em madeira seca e similar à utilizada na esquadria. A reprodução

dos modelos originais pode exigir a utilização de ferramentas capazes de executar

rebaixos e encaixes, nem sempre disponíveis na obra.

Em algumas obras, que tenham em seu escopo a restauração de esquadrias,

pode ser possível fazer-se a desmontagem, por exemplo, de duas esquadrias iguais

avariadas, que combinadas resultem em uma esquadria nova e bem acabada,

tendo-se praticamente apenas o custo da mão de obra na execução da

desmontagem/remontagem dessa esquadria resultante. Restam a fabricação e

Page 48: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

49

montagem de esquadria para substituir aquela que foi desmontada para

reaproveitamento.

Em geral, as empresas responsáveis pela obra de restauração não possuem

em seu quadro funcional, carpinteiros de esquadria qualificados para desenvolverem

completamente a fabricação de uma esquadria. Normalmente são convidados

alguns carpinteiros autônomos, que avaliam o serviço e que concorrem pelo menor

preço.

Uma forma de se calcular o custo deste item pode ser desenvolvido levando-

se em consideração um determinado modelo de esquadria, o tempo gasto pela

equipe de carpinteiro e ajudante, os materiais empregados e um prêmio dado à

equipe como um incentivo a produção.

Figura 8 – Esquema da porta com elevação e corte

Desenho: Carla Codeço Coelho

Page 49: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

50

2.9 RECUPERAÇÃO DE TELHADO COLONIAL

O telhado objeto deste estudo cobre a Casa do Bispo, situada no Rio

Comprido, na cidade do Rio de Janeiro. A edificação, construída no século XVIII e

reformada no século XIX, é um patrimônio tombado pelo IPHAN, onde na época da

obra funcionava a Fundação Roberto Marinho, que solicitou a recuperação do

entelhamento colonial constituído de telhas capa e canal com 50 cm de comprimento

útil.

O motivo da solicitação deveu-se à instabilidade das telhas capa, decorrente

de um detalhe construtivo mal realizado. Normalmente este tipo de telha é fixado à

ripa com fio metálico em forma de duplo gancho, para evitar o escorregamento e ou

o arrancamento em fortes ventanias. O detalhe encontrado era também um fio com

duplo gancho, mas nenhuma telha era fixada ao madeiramento. A última telha,

próxima à cumeeira, era enganchada na penúltima, que era enganchada na

antepenúltima, e assim sucessivamente, até a terceira telha. Esta telha sem gancho,

situada sobre a alvenaria, era argamassada num detalhe colonial conhecido como

cachorro. Aconteceu algumas vezes de uma fiada inteira, a partir da terceira,

deslizar e cair na calçada, próximo a veículos estacionados.

Por tratar-se de edificação tombada, foi exigido pelo órgão fiscalizador que,

além dos serviços normalmente executados em recuperação de telhados, fosse

aplicada uma subcobertura, com a propriedade de ser impermeável à água infiltrada

por alguma telha que por ventura esteja quebrada e ao mesmo tempo permeável à

fuga de vapores provenientes do forro. A seguir está uma relação dos serviços

contratados e executados:

• montagem de plataforma de serviço, apoiada em andaime fachadeiro

devidamente contraventado, 1 m abaixo do beiral;

• instalação de acesso provisório, em tábua com detalhe anti derrapante, sobre

o telhado;

Page 50: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

51

• retirada cuidadosa das telhas, para possibilitar a visita ao forro, para executar

a sua proteção com chapas (madeirite, eucatex ou espuma com densidade

45) e para implantação de passarelas de acesso, ver cobertura destelhada na

Foto 8;

• demolição da telha argamassada de cumeeira e retirada dos escombros;

• retirada cuidadosa das telhas argamassadas no cachorro;

• demolição das telhas argamassadas sobre a empena e retirada dos

escombros;

• retirada cuidadosa das ripas para serem reaproveitadas;

• varredura com vassoura de piaçava dos caibros e demais peças de madeira

situadas próximas do entelhamento;

• limpeza com retirada de pregos dos caibros;

• higienização do forro em gamela, compreendendo catação manual, varredura

e aspiração mecânica e retirada do entulho;

• desenvolvimento de subcobertura Tyvek, fixada provisoriamente com prego G

15 x 15 e arruela confeccionada em fórmica, com transpasse de 10 cm em

cada desenvolvimento, (ver Foto 9);

• imprimação com fenil pirazol, diluído em querosene desodorizado na

proporção 1:100, de toda ripa nova, em maçaranduba, introduzida;

• colocação de ripa espaçadora sobre os caibros, chamada de contra-caibro,

pregada com prego G 16 x 21, para fixação e proteção da subcobertura, (ver

Foto 10);

Page 51: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

52

• colocação de ripa com galgação adequada ao comprimento da telha, pregada

com prego G 17 x 27, (ver Foto 10);

• colocação de calha de drenagem, com diâmetro 75 mm, assentada com

argamassa sob o cachorro e colada com silicone na borda da 1ª subcobertura

desenvolvida. Essa calha possui drenos de 3/8” que atravessam a alvenaria a

cada 6 m e podem pingar eventualmente, caso alguma telha quebre,

conforme a Figura 9.

• limpeza das telhas, passíveis de reaproveitamento, com detergente neutro e

escovas de nylon;

• corte e dobra de gancho em fio de cobre, com diâmetro de 2 mm, para fixação

de todas as telhas no ripamento;

• preparo de argamassa de cimento, areia e terra vermelha no traço 1:3:3, para

assentamento de todas as telhas;

• assentamento das telhas, (ver Foto 11);

• corte das últimas telhas próximas à cumeeira, caso seja necessário e

assentamento delas;

• corte de cacos de telhas para confecção de bebedouro na cumeeira, (ver Foto

14);

• colocação de suspiro de 3/8”, em mangueira cristal na cumeeira, para

eliminação dos vapores, (ver Foto 14);

• colocação das telhas de capa da cumeeira com argamassa;

• arremate da massa de assentamento da cumeeira;

• corte das telhas nos rincões e espigões e assentamento delas, (ver Foto 12);

Page 52: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

53

• arremate com massa dos rincões, (ver Foto 13);

• corte de cacos de telhas para confecção de bebedouro nos espigões;

• colocação das telhas de capa do espigão com argamassa e arremate da

massa;

• arremate das telhas sobre as empenas;

• limpeza do telhado;

• arremate da cimalha no beiral e limpeza da alvenaria;

• caiação da parte superior das fachadas e empenas;

• desmontagem e desmobilização dos andaimes.

Figura 9 – Detalhe da calha de drenagem

Desenho: Carla Codeço Coelho

Page 53: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

54

Durante o desenvolvimento dos serviços existe uma rotina diária básica, que

é a proteção provisória com lona emborrachada pesada, do tipo carreteiro, aberta no

início do expediente e fechada ao final da jornada de trabalho. Essa lona deve ser

firmemente esticada e presa com tirantes de nylon aos andaimes na parte inferior e

na parte superior deve cobrir a cumeeira e estar ancorada ao outro lado da

edificação por meio de tirantes, conforme Foto 15.

Foto 8 – Cobertura destelhada

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 9 – Desenvolvimento de sub cobertura Tyvek

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 54: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

55

Foto 10 – Aplicação de contra caibro e ripamento

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 11 – Assentamento de telhas

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 12 – Corte de acabamento do rincão

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 55: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

56

Foto 13 – Telhado arrematado

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 14 – Cumeeira com bebedouro/suspiro

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 15 – Movimentação diária da proteção provisória

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

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57

2.10 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSE

As rochas podem ser classificadas quanto à gênese em três grupos

principais: as ígneas, que são formadas pelo resfriamento do magma oriundo da

crosta e do manto superior, as sedimentares, que são consolidadas pela cimentação

de depósitos de sedimentos erodidos e as metamórficas, que são resultantes de

transformações físico-químicas, decorrentes do aumento de temperatura e pressão,

sofridas pelas rochas dos dois primeiros grupos.

O gnaisse é uma rocha metamórfica, derivada do granito, que sofreu

transformações físicas decorrentes de alterações geológicas, como o processo de

formação de montanhas e/ou pela proximidade de magma no interior da crosta

terrestre, em que houve a elevação da temperatura e da pressão. Pode ser

identificado pela separação em camadas dos minerais constituintes, pela pouca

quantidade de matriz entre os grãos bem desenvolvidos, com moderado coeficiente

de dilatação térmica e orientação constante dos cristais (BRAGA, 2003, p.27).

A cidade do Rio de Janeiro está assentada sobre uma grande formação

gnáissica, que aflora em diversos pontos com composições ligeiramente

modificadas. A disponibilidade desse material propiciou seu uso em diferentes

períodos da história carioca. O gnaisse pode ser encontrado, na forma aparente,

com as faces afeiçoadas, estruturando embasamentos de alvenarias, arrematando o

contorno de vãos, decorando escadas e balaustradas, etc, ou na forma bruta, em

blocos assentados com ou sem argamassa, em alvenarias e ou muros revestidos ou

aparentes. Essa pedra às vezes é confundida, sendo indevidamente chamada de

granito devido à semelhança e constituição idêntica. Em sua composição

predominam os minerais silicosos, sendo os principais o feldspato, o quartzo, a mica,

o anfibólio e o piroxênio. A estratificação em camadas dos grãos é uma

característica que distingue o gnaisse da falta de orientação definida na textura dos

granitos. O gnaisse, assim como o granito, é muito duro e resiste bem à abrasão, e

no Rio de Janeiro foi muito utilizado como pavimentação, na forma de

paralelepípedos.

Page 57: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

58

O caráter geológico e mineralógico que proporciona aos gnaisses uma boa

longevidade também é responsável pelo encarecimento da mão de obra empregada

no afeiçoamento manual de cantarias. O canteiro, que é o profissional encarregado

de dar feição às pedras, é raro de ser encontrado, segundo OLIVEIRA (1996, p.65).

Os principais agentes causadores de deterioração nos gnaisses são as infiltrações

causadas por chuvas ácidas, devido à poluição atmosférica, e pela umidade, que

pode conter sais solúveis e ações mecânicas. Esses agentes podem propiciar

desfolhamentos paralelos ao plano de clivagem da pedra, criando espaço para o

crescimento de vegetação oportunista.

Abaixo está apresentada uma série de serviços, com os procedimentos

apropriados a restauração de cantarias gnáissicas. Esses procedimentos foram

retirados de um relatório técnico, elaborado pela empresa Velatura Restaurações

Ltda, componente do projeto de restauração das fachadas do prédio do MECIR,

antiga caixa de amortização, de propriedade do Banco Central, no Centro do Rio de

Janeiro.

• “aplicação de biocida para extermínio de pátinas biológica e de vegetação

já desenvolvida;

• execução de limpeza inicial, que deve ser feita com água corrente,

detergente com pH neutro (Detertec 7) a 5%, e o uso de escovas de

cerdas macias. Antes do início da limpeza, áreas que apresentarem

desfolhamento e/ou desagregação por pulverulência, devem ser

demarcadas para que não sofram ainda mais com o processo de limpeza

com escovação, (ver Foto 16);

• retirada de manchas ocasionadas por ataques diversos às rochas, que

normalmente é uma operação delicada, porque envolve uma série de

procedimentos que não são muitos simples e nem sempre apresentam

resultados satisfatórios, de forma que o restaurador experiente já está

acostumado a ter que conviver com determinados tipos de manchas para

não ter que optar por soluções radicais, que acabam atacando a

integridade física das rochas históricas, ou seja, muitas vezes é preferível

a mancha do que correr o risco de se deteriorar mais ainda a pedra. No

Page 58: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

59

caso, as manchas verificadas são pátinas de material inorgânico, sendo as

amareladas provenientes de determinados elementos da constituição do

gnaisse, como óxidos de ferro. Os procedimentos propostos são adotados

há longo tempo por experimentados restauradores do Centro Internacional

para o Estudo da Preservação e Restauração de Bens Culturais

(ICCROM) de Roma. As manchas de material inorgânico (escuras)

encontradas tendem a sair totalmente com a simples lavagem. Contudo,

em casos onde isso não se verificar, deverá ser usado emplastros com a

fórmula AB57 do ICCROM: para cada litro de água deverá ser adicionado:

o 30g de bicarbonato de amônia;

o 50g de bicarbonato de sódio;

o 25 g de EDTA (sal bisódica);

o 60 g de carboximetilcelulose, agente tixotrópico, que não apenas

fixa a mistura em paramentos verticais, mas, sobretudo, mantém a

solução, à base de sais solúveis, na superfície pétrea, impedindo a

penetração demasiada da mesma, devido à alta viscosidade, o que

poderia ser prejudicial à pedra.

Essa formulação, aplicada com trincha (ver Foto 17), tem sido alterada com

sucesso, através da substituição do agente tixotrópico por polpa de papel na forma

de emplastro. O emplastro deverá ser protegido de uma rápida evaporação com

filme de polietileno, e, se necessário, com plástico preto por cima. A duração do

emplastro não deverá exceder sessenta minutos e, após a retirada do mesmo,

deverá ser efetuado enxágüe copioso com água corrente. A cargo da fiscalização da

obra, o emplastro poderá ser repetido outras vezes. As manchas de óxidos de ferro,

em geral com maior dificuldade para serem removidas, podem ser tratadas com

razoável sucesso utilizando-se o ácido oxálico aplicado de maneira controlada;

• aplicação de novo rejunte deverá ser executado com uma argamassa de

cal e areia no traço 1: 3 em volume, à qual é adicionado 10% do volume

Page 59: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

60

da pasta de cal em resina polivinílica do tipo Rhodopás 503 D. A adição da

resina é conveniente para incrementar a plasticidade da argamassa ao

mesmo tempo em que, pela pequena quantidade adicionada, não

compromete sua permeabilidade. Poderá também, para efeito de igualar

coloração, ser juntado a esta argamassa gnaisse moído (ver Foto 18), em

proporção igual à areia que for retirada do traço inicial. Essa massa pode

ser útil, também, para o preenchimento de orifícios e falhas, que possam

significar um local privilegiado para a entrada de água (ver Foto 19);

• consolidação de áreas com desfolhamento far-se-á com a aplicação de

resina de poliéster injetada com seringa de injeção, de uso veterinário.

Para tanto, a área a ser consolidada deverá estar limpa, seca e sem

poeira. É importante que a resina a ser utilizada contenha protetivo contra

raios ultravioleta, pois a resina de poliéster, embora mais resistente que as

epoxídicas, também sofre a ação da luz. Para obtenção de uma resina

com viscosidade mais baixa, portanto com uma maior capacidade de

penetração, a mesma poderá ser diluída em estireno, que é o monômero

mais indicado. Os eventuais escorrimentos deverão ser limpos

imediatamente com estopa embebida em acetona, evitando-se que este

produto entre em contato com a superfície consolidada. Essa resina

poderá ser usada como adesivo caso haja necessidade de se consolidar

fragmentos e lascas soltas. No caso de próteses maiores e em posições

mais vulneráveis; é recomendável a utilização de pinos metálicos de aço

inox ou de latão;

• após as consolidações localizadas, com resina de poliéster, e após a cura

total desta resina, as pedras deverão novamente ser limpas com água

corrente e, após secagem, deverão receber tratamento final com

hidrofugante à base de silano-siloxano (Nitoprimer 40 da Fosroc). Este

produto deverá ser aplicado com trincha, por toda a superfície da pedra. A

propriedade mais útil deste produto é o poder hidrófugo que ele confere ao

material tratado, qualidade extremamente desejável para a conservação

Page 60: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

61

do monumento arquitetônico. Contudo, eles são capazes também de

realizarem a consolidação da superfície pétrea”.

Algumas considerações podem ser feitas sobre esse relatório:

• o uso do carboximetilcelulose, encontrado apenas na Casa do

Restaurador em São Paulo, na formulação do AB57 encarece a mistura e

em um país como o Brasil, em desenvolvimento, ficaria inviável sua

utilização na construção civil, sendo o mesmo substituído, com

desvantagem técnica, pela polpa de papel. A utilização da formulação do

AB57, pode ser justificada na retirada de crostas negras de estátuas;

• caso seja necessário proceder a limpeza de mármores, deverá ser

adicionado a um litro d’água apenas carbonato de amônia;

• a recomendação de aplicação controlada do ácido oxálico, para retirada

de manchas de óxido de ferro em gnaisse, deveria ser mais enfática, pois

realmente uma aplicação menos criteriosa pode trazer bons resultados

imediatos, porém as conseqüências podem ser desastrosas pelo ataque

do ácido a outras intrusões, desse minério, disseminadas pela pedra;

• cabe frisar a diferença entre desfolhamento e desplacamento. A primeira

anomalia é o descolamento da superfície externa ou casca paralela ao

plano de clivagem da rocha, sem perda de volumetria, enquanto a

segunda é a evolução da primeira, que quando não tratada desprende-se

e cai (ver Foto 20);

• alguns produtos utilizados em restauração são controlados pela polícia

federal, como acetona e bicarbonato de amônia, sendo necessário a

obtenção de licença especial para sua compra e transporte.

Page 61: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

62

Foto 16 – lavagem com adstringente e escovação

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 17 – três aplicações de AB57 sobre polpa de papel

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 62: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

63

Foto 18 – Moagem de gnaisse

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 19 – Colmatação de aberturas e falhas

Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Page 63: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

64

Foto 20 – Embasamento em gnaisse com desplacamento

Fonte: Arquivo a Ópera Prima

2.11 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS

A descrição dos sub serviços abaixo é uma adaptação do relatório, já

mencionado no item anterior, do projeto de restauração das fachadas do prédio do

MECIR.

Para a limpeza e desoxidação das grades das janelas do embasamento, não

é conveniente que as mesmas sejam retiradas, e o trabalho deverá ser feito in loco.

No tratamento de superfícies metálicas corroídas existem três métodos

possíveis: o uso de solventes, o uso de redutores químicos e eletroquímicos, e

métodos mecânicos. Podem ser utilizados separadamente ou em conjunto. Aqui é

proposto o método mecânico com o uso de espátulas e escovas de aço para retirada

do grosso da pintura existente, seguida de uma limpeza por chama: uma chama à

alta temperatura (oxi-acetilênica) é passada sobre a ferrugem, que devido à

diferença existente nos coeficientes de dilatação desta última e do ferro, esta salta

fora crepitando. Os materiais orgânicos são também eliminados por carbonização.

Para complementar a limpeza mecânica, deverá ser efetuada uma limpeza

química com a utilização de solventes clorados não inflamáveis (tricloroetano). Trata-

se de um processo muito efetivo para remoção de graxas e gorduras de peças

metálicas.

A princípio não foram observadas partes faltantes nos gradis da fachada do

MECIR; contudo, qualquer substituição deverá ser feita com a reposição de peças

de aço de mesma bitola e de mesma característica metalúrgica. Não serão admitidas

próteses em perfis metálicos comerciais.

Para o processo de soldagem das peças e próteses a serem inseridas,

deverá ser utilizado o processo da solda por pressão, onde se aceitará o tipo de

solda sob pressão por resistência elétrica.

Page 64: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

65

Para inibir o desenvolvimento de ferrugem são usados, comumente, os

pigmentos anticorrosivos, como o zarcão (óxido vermelho de chumbo) ou os

cromatos, em especial o de zinco. Como preparação da base bastam os

procedimentos de limpeza já preconizados.

A pintura final de acabamento deverá ser à base de esmalte sintético, em

duas demãos, na coloração confirmada pelas prospecções.

Os sub serviços que comporão o tratamento de gradis sofreram algumas

alterações em relação ao relatório acima e estão identificados abaixo:

• deverá ser providenciada a proteção das superfícies próximas à área a ser

tratada, com plástico preto;

• escovação da grade com escova de aço;

• aplicação por pincelamento de redutor do tipo Remotem, Pintoff ou pasta

Wanda, para arrancamento da tinta;

• raspagem com espátula e escovação com escova de aço para retirada do

material de pintura amolecido;

• desengraxamento com thinner de segunda;

• preparação da base, com retirada de superfície corroída, utilizando-se

pistola de agulha;

• aplicação do pigmento inibidor de corrosão cromato de zinco;

• aplicação de esmalte sintético em duas demãos.

Page 65: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

3 TRABALHO EXPERIMENTAL

Devido ao uso cada vez mais raro de pasta de cal virgem pura para produzir

argamassas para revestimentos e tintas para pinturas em obras novas, engenheiros

e arquitetos com menos de vinte anos de formação, nos grandes centros brasileiros,

acostumaram-se aos benefícios advindos do uso do cimento Portland, como a alta

resistência inicial e boa compacidade, e do excelente desempenho das tintas

sintéticas. Assim, o hábito de manipular cal virgem praticamente extinguiu-se entre

os mais jovens e as instruções para extinção da cal virgem, encontradas em

algumas fontes, não elucidam algumas dúvidas práticas do procedimento de

hidratação. Esse procedimento deve ser realizado por operários bem treinados e

equipados, em local próprio para este fim, dentro do canteiro de obras.

Com o objetivo de conhecer a boa técnica para uma hidratação segura,

experimentou-se hidratar 150 kg de cal virgem em pedra, servindo-se de caixa em

PVC no Laboratório de Estruturas, entre 23 de maio e 4 de junho de 2002, que

resultou em 0,24 m3 de pasta de cal pura.

Para aplicar as argamassas de revestimento, um dos objetivos desse estudo,

foi construída uma parede de tijolos furados de 10 cm x 20 cm x 20/30 cm, em ½

vez, assentada sobre o piso do laboratório (Foto 16), entre os dias 20 de maio e 20

de junho de 2002. A parede está confinada nas duas extremidades por pilares da

estrutura do prédio da Escola de Engenharia, possui cinta armada na parte superior

(Foto 17) e mede 1,90 m de altura por 3,45 m de extensão. Seus tijolos foram

assentados com argamassa de cimento, areia e barro vermelho, para dar liga, no

traço 1:3:3. Para definir o ponto acabado, do revestimento, foram utilizados

granzepes de cedrinho aparelhados, aplicados verticalmente, que serviram como

Page 66: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

63

mestras perdidas para sarrafear a argamassa final de acabamento, e ficaram

incorporados ao revestimento.

A alvenaria foi revestida em um de seus lados com argamassa de cal e areia

no traço 1:3, dividida em 3 camadas de espessuras 15 mm, 15 mm e 10 mm,

precedidas de chapisco, sendo a última de acabamento. Em apenas um dos terços

deste lado, na camada de acabamento foi aplicada uma argamassa mais rica em

cal, com traço 1:1. O outro lado da parede foi revestido com três argamassas: cal e

terra preta (1:3); cimento, cal e areia (1:1:3) e cal, saibro macio e areia (1:1,5:1,5),

aplicadas lado a lado em três camadas de 10 mm, 10 mm e 5 mm sem chapiscar.

Foto 18 – Arranque da alvenaria Fonte: Marcela Richa, 2002

Foto 19 – Cintamento da parede

Fonte: Marcio Joppert, 2002

Contrariando as recomendações de KANAN (III-1996), durante o preparo das

argamassas, em algumas medidas dos traços, foi necessário adicionar mais água

para misturar manualmente os ingredientes das argamassas e obter uma

consistência adequada ao trabalho. Além disso, a aplicação das camadas foi

realizada em dias muito quentes e com pulverização de água de cal apenas antes

do início e logo após o término das mesmas. Talvez a adição de mais água na

argamassa junto com procedimentos precários de cura, em dias de intenso calor,

seja justificativa para a disseminação de fissuras de retração em partes do

revestimento, em ambos os lados da parede.

Page 67: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

64

A pequena escala do trabalho, a pouca disponibilidade de tempo para realizá-

lo, sendo o mesmo feito em etapas semanais, e a falta de experiência do aprendiz

de pedreiro encarregado de realizar o serviço de revestimento, demandou uma

quantidade de tempo superior aos tempos consumidos nas composições de

revestimento, encontradas na EMOP (1997) e TCPO (1975). Os revestimentos

executados foram suficientes para fornecer uma gradação da facilidade de aplicação

das quatro argamassas. A demanda dos insumos, mão de obra e materiais, que

serão utilizados para compor o custo da aplicação do revestimento, será feita com os

considerados pelas publicações especializadas, já citadas. Assim, numa escala

decrescente de trabalhabilidade, têm-se:

• cal e areia, 1:3;

• cimento, cal e areia, 1:1:3;

• cal, areia e saibro amarelado, 1:1,5:1,5;

• cal e terra preta, 1:3.

O trato dos agregados empregados no revestimento da parede foi apenas

eliminar a fração grossa com diâmetro superior a 5 mm. Caso haja necessidade de

equalização de textura entre argamassas novas e velhas, deverá ser analisada a

composição granulométrica da argamassa original e adquirir agregado com curva

granulométrica semelhante ao utilizado na amostra analisada, para diminuição do

refugo após a operação de cirandagem.

A recomendação de KANAN (III-1996) de estocar a argamassa pronta por

alguns dias, prevenindo contra carbonatação, para melhorar a sua consistência e

separação de um eventual excesso de água, só foi seguida uma única vez, com a

argamassa de cal e areia (1:1) aplicada em um dos terços da parede, pois não havia

disponibilidade de recipientes para estocagem da argamassa pronta.

A falta de unanimidade entre alguns autores e entre alguns práticos sobre a

diluição da cal em água e o número de demãos necessárias a uma cobertura eficaz

Page 68: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

65

do revestimento foi a principal motivação para a construção da parede piloto. As

variações na diluição e no número de demãos necessárias englobam desde pasta

de cal e água (1:1) com 2 demãos até pasta de cal e água (1:5) com 10 demãos.

A caiação da parede piloto foi executada sem adição de pigmentos, ficando a

mesma, portanto, com a tonalidade clara. A diluição da pasta foi feita seguindo a

orientação de KANAN (V-1996), ou seja, 1:5. As demãos de pintura se deram em

dias quentes e nem todas respeitaram o intervalo de 24 h entre aplicações. Foi

aplicado um total de 10 demãos, distribuídas nos seguintes dias:

• 28 de setembro - 1a e 2a demãos, com intervalo de 4 h;

• 02 de outubro – 3a e 4a demãos, com intervalo de 2 h;

• 03 de outubro – 5a e 6a demãos, com intervalo de 2 h;

• 10 de outubro – 7a demão;

• 17 de outubro – 8a demão;

• 31 de outubro – 9a demão;

• 14 de novembro – 10a demão.

Como já foi comentado, em um terço de um lado da parede foi aplicada uma

camada de acabamento com argamassa de cal e areia e traço enriquecido de 1:1,

sendo o restante desse lado acabado com argamassa de cal e areia com traço 1:3.

A tonalidade da areia utilizada nas argamassas é bege encardido, que na

argamassa mais rica quase não é percebida, mas na outra argamassa fica evidente.

A aplicação das 10 demãos de caiação foi insuficiente para cobrir plenamente o

trecho revestido com argamassa 1:3, ficando perceptível sob a caiação a tonalidade

encardida dos grãos em alguns trechos do revestimento. Talvez a baixa cobertura da

caiação deva-se ao fato das 2a, 4a e 6a camadas terem sido aplicadas sob demãos

Page 69: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

66

ainda úmidas. De qualquer forma será considerada na composição a aplicação de

10 demãos de uma pasta de cal diluída em água na relação 1:5.

Page 70: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS

4.1 CRITÉRIOS CONSIDERADOS

A contribuição dos utensílios utilizados no custo de determinado serviço foi

calculada em função da produção do utensílio, em uma vida útil estimada com base

na experiência de campo. O inverso dessa produção ao longo da vida útil,

denominado nesta pesquisa de fator de utilização, multiplicado pelo custo de

aquisição do utensílio, representa o quanto o mesmo contribui para compor o custo

por unidade de serviço realizado.

A parcela de custo referente à mão de obra baseou-se na tabela de

salário/hora do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da

cidade do Rio de Janeiro, dissídio de agosto de 2003. A ela podem ser acrescidos

os encargos sociais relacionados por DIAS (2001, p.52), o vale transporte previsto

em lei, e outros eventuais benefícios oferecidos por empresas de construção, como

auxílio-alimentação, seguro saúde, etc. Na cidade do Rio de Janeiro, o vale

transporte pode corresponder a um acréscimo nominal de até 50 % sobre o salário

mensal, para o caso do servente (operário de menor remuneração entre os que

trabalham na construção civil), segundo DIAS (2001 p.46). O auxílio-alimentação,

considerando café da manha e almoço, pode corresponder a (22 x 4,50) / 424,60 = 23,32 % sobre o salário mensal do servente. Neste trabalho será considerado um

adicional médio de 40 % sobre o salário/hora, relativo aos benefícios de transporte e

alimentação. No Quadro 1 estão relacionados os encargos sociais incidentes sobre o

salário/hora.

Page 71: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

67

Quadro 1 – Encargos incidentes sobre o salário/hora, adaptado de DIAS, P.R.V.

Uma Metodologia de Orçamentação Para Obras Civis,Rio de Janeiro, 2001

incidentes sobre o salário hora

descrição grupo A grupo B grupo C

incidente s/ hora extra

INSS 20,0 20,0

SESI/SESC 1,5 1,5

SENAI/SESC 1,0 1,0

SEBRAE 0,6 0,6

INCRA 0,2 0,2

salário educação 2,5 2,5

seguro contra acidente de trabalho 3,0 3,0

FGTS 8,0 8,0

salário maternidade 0,0 0,0

repouso semanal remunerado 17,8 17,8

férias 14,8 14,8

feriados 4,4 4,4

aviso prévio trabalhado 2,6 2,6

auxílio-enfermidade 1,8 1,8

licença paternidade 0,0 0,0

13o salário 11,1 11,1

aviso prévio indenizado 6,8 6,8

depósito rescisão sem justa causa 3,2 3,2

Page 72: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

68

INSS sobre 13o salário 1,0 1,0

FGTS sobre 13o salário 0,9 0,9

sub-totais 36,8 52,5 11,9 101,2

incidêcia cumulativa do grupo A sobre grupo B 19,3

total 120,5

Assim, os encargos sociais e demais benefícios considerados totalizam

160,5% sobre o salário/hora e se encontram no Quadro 2.

Quadro 2 – Salário-hora (agosto de 2003), encargos e alguns benefícios

categoria salário-hora

custo da empresa: salário-

hora x 2,605

mestre de obra 5,94 15,47

encarregado de obra 4,58 11,93

carpinteiro de esquadria 2,91 7,58

pedreiro 2,69 7,01

pintor 2,69 7,01

½ oficial 2,08 5,41

servente 1,93 5,02

4.2 HIDRATAÇÃO DA CAL

4.2.1 Considerações

No cálculo do custo dos utensílios utilizados foi levada em consideração a

durabilidade dos mesmos. A periodicidade mínima da hidratação/maturação da cal

Page 73: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

69

virgem é de 15 dias. Assim, tomou-se como exemplo os utensílios mais robustos, os

quais foram considerados com uma vida útil equivalente a 48 quinzenas, que no

ritmo de 1000 kg de cal virgem consumida no período mínimo de maturação equivale

a 1,6 m3 pasta de cal produzida por quinzena, é suficiente para produzir 76,8 m3 de

pasta ao longo da vida útil. O inverso dessa cubagem (1 / 76,8 = 0,013) é o fator de

utilização dos utensílios mais duráveis. O fator de cada utensílio multiplicado pelo

seu custo resulta em quanto o utensílio contribui para compor o custo do m3 de pasta

produzida. No Quadro 3 estão resumidos a produção estimada e o respectivo fator

de utilização.

Quadro 3 – Produção estimada e fator de utilização

produção fator de utilização

48 quinzenas : 76,8 m3 1/76,8 = 0,013

24 quinzenas : 38,4 m3 1/38,4 = 0,026

12 quinzenas : 19,2 m3 1/19,2 = 0,052

6 quinzenas : 9,6 m3 1/9,6 = 0,104

4.2.2 Memória

O custo da etapa referente ao controle, com testes de qualidade da matéria

prima, são formadores do custo indireto e não serão considerados na composição do

serviço. O preço da tonelada de cal virgem, incluindo o frete, cotado no dia 15 de

julho de 2002, é de R$ 261,88. O custo dos utensílios utilizados na hidratação da cal

estão agrupados no Quadro 4.

A mão de obra necessária para a hidratação de 1000 kg de cal é equivalente

a dois dias de trabalho de ½ oficial, ou seja, dezoito horas. Para maturar esse peso

de material foi considerado o consumo de 1 h por dia durante 10 dias, o que resulta

Page 74: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

70

em dez horas. Assim, para hidratar e maturar 1000 kg de material são consumidas

28 h de ½ oficial.

Quadro 4 – Custo dos utensílios utilizados

utensílios utilizados unidade quanti- dade

preço unitário total fator de

utilização parcela no custo

cx.amianto 500 l unidade 4 75,00 300,00 0,013 3,90

tonel 200 l unidade 4 25,00 100,00 0,013 1,30

tonel 70 l unidade 4 8,00 32,00 0,013 0,42

balde 12 l unidade 4 3,20 12,80 0,052 0,67

EPI conjunto 2 64,55 129,10 0,052 6,71

peneira # 2,36 mm m2 1 28,26 28,26 0,104 2,94

peneira # 20 mm m2 1 106,17 106,17 0,026 2,76

carrinho de tonel unidade 1 80,00 80,00 0,013 1,04

carrinho de mão unidade 1 35,00 35,00 0,026 0,91

enxada unidade 1 5,80 5,80 0,026 0,15

pá sem bico unidade 1 5,80 5,80 0,026 0,15

colher de pedreiro unidade 1 5,50 5,50 0,026 0,14

pá de madeira unidade 1 4,04 4,04 0,026 0,11

vassoura unidade 2 2,00 4,00 0,104 0,42

custo dos utensílios / m3 de pasta produzida (R$/m3) 21,61

No Quadro 5 é apresentada a demanda de insumos com seus respectivos

custos e o custo/m3 de pasta de cal hidratada:

Page 75: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

71

Quadro 5 – Composição do custo da pasta de cal

insumo unidade quantidade custo unit. Total

cal t 0,625 261,88 163,68

utensílios cj 1 21,61 21,61

½ oficial h 28 5,41 151,48

total (R$/m3) 336,77

4.3 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA

4.3.1 Considerações

Quando se restaura o revestimento de uma parede, os custos de alguns

procedimentos, nem sempre tão óbvios, devem ser considerados. Destacam-se

entre eles a mobilização/desmobilização e montagem/desmontagem de andaimes

metálicos, caso o trabalho seja desenvolvido em alturas superiores a dois metros,

preparo da superfície a ser restaurada e procedimentos de cura, se a superfície for

externa e exposta à insolação e ventos.

O trabalho de preparo da superfície a ser reparada vai depender do estado do

revestimento antigo. Em princípio, quanto mais deteriorado estiver o revestimento,

mais fácil torna-se a remoção das partes comprometidas. Evidentemente, se a razão

da deterioração for a presença de sais na alvenaria deverá ser procedida a sua

dessalinização, conforme os procedimentos descritos no item 2.5. No caso de

preparação de base para aplicação de prótese é de praxe circunscrever a zona

degradada com cortes retos, realizados com ferramenta rotativa, dotada de disco

diamantado, formando figuras geométricas regulares, e remover todo material

interno degradado. A observação no campo tem mostrado que 0,25 h de ½ oficial

são suficientes para remover o revestimento danificado, escovar a área para retirada

de partículas desagregadas e pulverizar água de cal para melhorar a ligação entre a

alvenaria e o chapisco em 1 m2 de parede.

Page 76: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

72

Neste trabalho, além do umedecimento posterior das 4 camadas aplicadas (1

de chapisco, 2 de enchimento e 1 de acabamento) é prevista a colocação de lona

plástica de proteção, emoldurada com ripas de maçaranduba, contra o vento e a

insolação, sobre a superfície acabada, por pelo menos 5 dias. Nesse intervalo é

estimado que se consuma mais 0,75 h/m2 (3 minutos x 3 vezes/dia x 5 dias) de

servente para umedecer com borrifação o reparo executado três vezes em cada um

dos cinco dias de cura da argamassa, nos períodos mais quentes do dia.

Os tempos demandados até agora foram considerados em serviços

realizados ao nível do terreno e até 2 m de altura. À medida que a altura do trabalho

aumenta, o tempo demandado no transporte vertical da argamassa até o nível do

serviço também aumenta. Além disso, deve-se considerar o custo da locação e da

montagem/desmontagem de andaime. As empresas que alugam andaimes cobram

uma taxa de mobilização e de desmobilização. Essa taxa deve ser rateada

proporcionalmente ao custo de locação de cada elemento, entre todos os elementos

alugados para o serviço. No presente trabalho não foi considerada esta taxa. Para

calcular-se o custo da montagem/desmontagem, seguiu-se a indicação do item

05.008.001-0 da EMOP (1997), que em sua composição consome 0,40 h de SVT/m2

de projeção vertical, o que equivale a R$ 2,01/m2. No Quadro 6 estão agrupados os

custos de locação de andaimes por 8 dias (3 dias para o preparo e a execução do

revestimento e 5 dias para cura) e os referentes à montagem/desmontagem.

Quadro 6 – Custo de andaime – torre com 2,0 m x 1,0 m em planta

altura do trabalho

custo de locação

mensal

área vertical (m2)

montagem/desmont.

R$ 2.01/m2

total para 8 dias de trabalho

0 a 2 m - - - -

2 a 4 m 19.68 8 16,08 21,33

4 a 6 m * 32.76 12 24,12 32,86

6 a 8 m 41.16 16 32,16 43,14

Page 77: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

73

8 a 10 m * 54.24 20 40,20 54,66

10 a 12 m 62.64 24 48,24 64,94

* - indica as alturas recomendadas para contraventamento horizontal da torre.

O consumo de mão de obra no transporte vertical de 1 m3 de argamassa, sem

uso de equipamentos elétricos e realizado exclusivamente por serventes, pode ser

parametrizado pelos itens 04.045 e 04.046 das TCPO (1975), que fornecem os

tempos de 1,8 h até 3 metros ( R$ 9,04) e 4,3 h até 6 metros de altura (R$ 21,59),

respectivamente.

4.3.2 Memória

O consumo de materiais baseou-se nas apropriações das TCPO (1975) e da

EMOP (1997), abaixo relacionadas:

• 1 m3 de argamassa de cal e areia no traço 1:3 necessita de 0,35 m3 de

pasta de cal e 1,08 m3 de areia preparada, segundo o item 16.008 das

TCPO;

• comparando os itens 07.001.050-1, 07.001.145-1 e 07.001.150-1 da

EMOP, foi verificado que, em argamassas que utilizam o cimento como

aglomerante, a terra preta, o saibro um pouco menos e a areia

incorporam-se na mesma proporção. Foi assumido um consumo idêntico

desses três agregados, quando misturados com pasta de cal, para

produzir 1 m3 de argamassa igual a 0,35 m3 de pasta de cal para 1,08 m3

de cada um dos agregados, repetindo o item anterior;

• o item 07.001.040-1 da EMOP, argamassa de cimento e areia no traço

1:1,5, que consome 0,87 m3 de areia e 693 kg de cimento, corresponde à

mistura de cimento, cal e areia no traço 1:1:3, com consumo respectivo de

346,5 kg, 0,28 m3 e 0,87 m3 do agregado por m3 de argamassa;

Page 78: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

74

• em todas as composições de argamassas preparadas manualmente da

EMOP, o consumo de mão de obra é de 11 h de servente;

• segundo o item 04.106 das TCPO, são necessários 24 h de servente para

preparo de 1 m3 de areia fina, seca e peneirada (24h x R$ 5,02/h = R$

120,48). Esse valor será extrapolado para a terra preta e para o saibro

macio.

Foi considerado que 10% do volume fornecido dos agregados estão acima do

diâmetro máximo de 5mm (refugo ou impurezas), para uma boa aplicação das

argamassas, ou foram desperdiçados nas operações de cirandagem.

No Quadro 7 está demonstrada a contribuição na composição de custo dos

utensílios usados na operação de cirandagem.

Quadro 7 – Custo/m3 das cirandas

Custo de aquisição das malhas custo de confecção das cirandas

abertura R$/m2 quantidade Total insumos unidade quant. c. unit. total

# 4,8 mm 39,75 1,5 59,63 sarrafo 3” ml 38 1,16 44,08

# 2,4 mm 27,00 1,5 40,50 pinho 15mm unidade 0,5 51,90 25,95

# 0,6 mm 30,00 1,5 45,00 carpinteiro h 6 7,58 45,48

#0,15 mm 91,41 1,5 137,12 prego 17/27 kg 1 2,50 2,50

total R$ 282,24 total R$ 118,01

produção útil do conjunto de cirandas: 90 m3 custo total 400,25

custo unitário = 400,25/90 = R$ 4,45/m3

Nos Quadros 8 e 9 estão demonstrados o incremento no custo dos

agregados, em decorrência da operação de preparo dos mesmos, e a composição

do custo de confecção da masseira, respectivamente.

Page 79: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

75

Quadro 8 – Custo do m3 dos agregados após o preparo

material unit refugo unit/útil ciranda m.o. total

areia 30,00 10 % 33,00 4,45 120,48 R$ 157,93

terra preta 20,00 10 % 22,00 4,45 120,48 R$ 146,93

saibro 18,00 10 % 19,80 4,45 120,48 R$ 144,73

Quadro 9 - Composição do custo da confecção da masseira

masseira unidade quant unit total

Chapa de madeirite 10 mm ud 1 18,50 18,50

tábua 12" ml 6,6 4,80 31,68

carpinteiro h 1 7,58 7,58

total R$ 57,76

vida útil da masseira 30 m3 fator : 1/30 = 0,033

No Quadro 10 está demonstrada a contribuição dos utensílios usados no

custo de produção das argamassas.

Quadro 10 – Custo por m3 dos utensílios no preparo de argamassa

utensílios utilizados unidade quanti- dade

preço unitário total fator de

utilização parcela

no custo

masseira ud 1 57,76 57,76 0,033 1,906

Enxada ud 1 5,80 5,8 0,017 0,099

Page 80: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

76

balde 12 l ud 1 3,20 3,2 0,033 0,106

Colher ud 1 5,50 5,5 0,005 0,028

tonel de 200 l ud 1 25,00 25 0,005 0,125

pá sem bico Ud 1 5,80 5,8 0,005 0,029

total R$/m3 2,29Nos quadros 11, 12, 13 e 14 estão resumidas as composições de custo do m3

das quatro argamassas pesquisadas.

Quadro 11 – Composição da argamassa I - de cal e areia (1:3)

insumo ud quantidade c. unitário total

areia m3 1,08 157,93 170,56

pasta de cal m3 0,35 336,77 117,87

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 345,94

Quadro 12 – Composição da argamassa II - de cal e terra preta (1:3)

insumo ud quantidade unitário total

terra preta m3 1,08 146,93 158,68

pasta de cal m3 0,35 336,61 117,81

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

Page 81: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

77

total R$/m3 334,01

Quadro 13 – Composição da argamassa III - de cal, areia e saibro (1:1,5:1,5)

insumo ud quantidade unitário total

areia m3 0,54 157,93 85,28

saibro m3 0,54 144,73 78,15

pasta de cal m3 0,35 336,77 117,87

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 338,82

Page 82: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

78

Quadro 14 – Composição da argamassa IV - de cimento, cal e areia (1:1:3)

insumo ud quantidade unitário total

areia m3 0,87 157,93 137,40

cimento kg 346,5 0,37 128,21

pasta de cal m3 0,28 336,77 94,30

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 417,41

Após a aplicação da última camada de acabamento é aplicado um anteparo

protetor para diminuir a evaporação provocada pelo sol e pelo vento. Foi admitido

um anteparo quadrado com 1,20 m de lado, estruturado com ripas de maçaranduba,

para proteger uma área quadrada restaurada de 1,00 m de lado, que tem seu custo

calculado no Quadro 15. Está prevista a criação de atmosfera úmida através de

água nebulizada, obtida com a ajuda de bicos nebulizadores em cerâmica lapidada

com adaptação antigotejamento, produzidos pela indústria agrária e avicultora

(marca Tritec Chimarrão ou similar). Esta é uma forma barata e ao mesmo tempo

eficiente de substituir os caros equipamentos de atomizacão de água utilizados em

Europa. A nebulizacão através destes bicos trabalha com pequena vazão de água (7

l/hora x bico), com o máximo efeito, provocando uma névoa de água que cai

praticamente sem pressão alguma sobre a superfície revestida.

Page 83: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

79

Quadro 15 – Composição de custo do anteparo protetor

insumo quantidade ud c.unitário c.total f.utilização parcela c.

ripa 11 m 0,49 5,39 0,1 0,54

lona 5,2 m2 0,28 1,456 0,5 0,73

carpinteiro 0,5 h 7,58 3,79 1 3,79

composição total R$ 5,06

No Quadro 16 estão custeados os utensílios utilizados na aplicação e na cura

da argamassa.

Quadro 16 – Custo/m2 dos utensílios de aplicação de argamassa

insumo ud quantidade unitário fator util. custo

régua c/ 3 m ud 1 7,00 0,02 0,14

colher ud 1 5,50 0,005 0,028

desempenadeira ud 1 5,00 0,04 0,2

prumo de face ud 1 8,80 0,005 0,044

pulverizador agrícola ud 1 62,00 0,01 0,62

anteparo de proteção ud 1 5,06 1 5,06

nebulizador/mangueira 8mm cj 1 45,00 0,05 2,25

total R$/m2 8,34

Page 84: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

80

A mão de obra agregada às etapas do serviço de revestimento foi baseada

em apropriações das TCPO e em observações de campo. O consumo da mesma

está resumido no Quadro 17 e foi considerado equivalente para as quatro

argamassas.

Quadro 17 – Consumo de mão de obra em revestimento

etapa/m2 TCPO servente 1/2 oficial pedreiro

preparo da superfície 0,25

chapisco 7 mm 17.002 0,2 0,2

emboço 20 mm 17.010 0,6 0,6

reboco 6 mm 17.012 0,6 0,6

cura 0,75

total em horas 2.15 0,25 1,4 Nos quadros 18, 19, 20 e 21 estão compostos os custos/m2 das argamassas

I, II, III e IV, aplicadas e curadas, considerando-se que as mesmas sejam

executadas em nível próximo ao térreo:

Quadro 18 – Custo/m2 de aplicação da argamassa I – R$ 41,72

insumo unidade quantidade c. unitário total

argamassa m3 0,033 345,94 11,42

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

Pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Page 85: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

81

Quadro 19 – Custo/m2 de aplicação da argamassa II – R$ 41,32

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 334,01 11,02

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Quadro 20 – Custo/m2 de aplicação da argamassa III – R$ 41,48

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 338,82 11,18

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Quadro 21 – Custo/m2 de aplicação da argamassa IV – R$ 44,07

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 417,41 13,77

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Page 86: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

82

Pode-se fazer uma simulação do custo da restauração de 1 m2 de

revestimento, com argamassa de cal e areia (1:3), numa situação localizada a 6 m

de altura, por exemplo,

• custo da aplicação da argamassa I – R$ 41,72/m2

• custo do andaime – R$ 43.14/ 8 dias

• custo do transporte vertical da argamassa – R$ 21,59/m3

o equivale a - 0,033 m3 x R$ 21,59/m3 = R$ 0,71/m2

Finalmente, chega-se ao custo de R$ 85,57 para o serviço de restauração de

revestimento de uma pequena superfície com um metro quadrado com a argamassa

I, para as condições arbitradas.

4.4 CAIAÇÃO

4.4.1 Considerações

O item 20.004 das TCPO (1975), preparo de 1m3 de tinta, utiliza uma diluição

da pasta de cal obtida da hidratação da cal virgem em água na razão de 1:1 e que

consome 10 h de servente para produzi-la. Pesquisados também nas TCPO, os

itens 20.005, caiação interna, e 20.006, caiação externa, ambos com aplicação de

três demãos, consomem com pintor 0,3 h e 0,4 h por m2 , respectivamente.

Os itens 17.012.010-0, caiação com 2 demãos e 17.012.011-0, caiação com 3

demãos, ambos da EMOP (1997), indicam o consumo de pintor por m2 de 0,3 h e

0,4 h, respectivamente, para interiores ou exteriores, sendo a matéria prima a cal

hidratada em pó.

As tintas acima mencionadas são mais encorpadas que a tinta utilizada na

parede experimental e, portanto, com maior poder de cobertura e assim conseguem

Page 87: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

83

finalizar o serviço com um número menor de demãos. Para efeito da composição de

custo será utilizado o consumo de 0,1 h/demão por m2 de pintor, que, para as 10

demãos recomendadas, equivale a 1 h de pintor/m2.

4.4.2 Memória

Na caiação da parede experimental utilizou-se na diluição da pasta de cal em

água a relação 1:5. Foram utilizados 150 ml (0,15 x 10-3 m3) de pasta de cal que,

diluídos em 750 ml de água, foram suficientes para aplicar uma demão em 7 m2 de

superfície. Para as 10 demãos são necessários 9 x 10-3 m3 de tinta diluída para

cobrir os 7 m2. Assim são necessários 0,00129 m3 de cal diluída para caiar 1 m2 de

superfície. A ausência de fixador na suspensão obrigava a nova agitação da tinta,

para homogeneização do precipitado, a cada imersão da brocha. Extrapolando os

tempos demandados no projeto experimental para o preparo da tinta, chegou-se a 8

h/m3 de ajudante.

Nos quadros 22 e 23 estão apropriados os custos dos utensílios e da

preparação da tinta, respectivamente.

Quadro 22 – Custo dos utensílios para preparação de tinta

insumo ud quantidade unitário fator utiliz. custo

balde 12 l ud 1 3,20 0,5 1,60

tonel 70 l ud 1 8,00 0,1 0,80

total R$/m3 2,40

Quadro 23 – Custo da preparação da tinta

insumo ud quantidade unitário total

pasta de cal m3 0,17 336,77 57,25

½ oficial h 8 5,41 43,28

Page 88: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

84

utensílios cj 1 2,40 2,40

total R$/m3 102,93

Nos quadros 24 e 25 estão apropriados os custos dos utensílios para

aplicação e da própria aplicação da tinta, respectivamente.

Quadro 24 – Custo dos utensílios utilizados na caiação

insumos ud quantidade unitário fator utiliz. custo

brocha 100 mm ud 1 4,50 0,02 0,09

trincha 1" ud 1 3,00 0,02 0,06

lona plástica m2 1 0,32 1 0,32

balde 12 l ud 1 3,20 0,02 0,064

total R$/m2 0,53

Quadro 25 – Custo da caiação

insumo ud quantidade unitário total

cal diluída m3 0,00129 102,93 0,13

pintor h 1 7,01 7,01

utensílios cj 1 0,53 0,53

total R$/m2 7,67

Da mesma maneira como foi feita na restauração de alvenaria, a caiação

pode necessitar de estrutura de andaimes ou de escadas de abrir para pintura.

Como as demãos são executadas em curtos períodos de tempo, dependendo da

Page 89: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

85

altura do serviço, admite-se a utilização de rodízios adaptados aos andaimes, para

dar versatilidade e rapidez ao serviço.

4.5 REESTRUTURAÇÃO DE ALVENARIAS

4.5.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço

4.5.5.1 Considerações

O tempo de trabalho dos profissionais, considerados neste item, se refere ao

tijolo maciço de adobe, com dimensões que o tornam pesado e trabalhoso de

manusear. Por outro lado, o serviço foi facilitado pelo estado fragilizado da

argamassa de assentamento, lixiviada e erodida pela água da chuva na região

circunvizinha às fissuras. Assim, na ausência de outros dados, será utilizada na

composição a produção horária de 1 metro por face, operadas, por uma equipe de

um pedreiro e um ½ oficial.

As fissuras eram em forma de Y, com diminuição de abertura no sentido

descendente, se iniciavam perto dos frechais, que estão a nove metros acima do

nível do terreno, e praticamente terminavam sua propagação pela alvenaria a três

metros acima do terreno. Foi, portanto, necessário a montagem/desmontagem de

torre de andaime tanto pelo exterior como pelo interior, alternadamente.

As juntas entre fiadas tinham aproximadamente 2 cm de espessura, que para

altura de 10 cm dos tijolos equivaliam a 8,33 fiadas/(m x face) de fissura, com um

consumo de argamassa de assentamento equivalente à soma de duas parcelas:

• laterais e berço dos tijolos – (0,10 x 2 + 0,44) x 0,20 x 0.02 x 8,33 =

0,0213

• fundos dos tijolos – 0,44 x 012 x 0,02 x 8,33 =

0,088,

Page 90: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

86

totalizando 0,0301 m3 de argamassa/(m x face) de fissura. Utilizando-se o custo da

argamassa III (R$ 338,82/m3) e tratando-se das duas faces, tem-se:

• Consumo de argamassa – 0,0301 x 2 x 338,82 = R$ 20,39/m de fissura;

para um comprimento médio de 6 m equivale à 6 m x 0,0602 m3/m = 0,36

m3.

Considerando-se o tratamento das fissuras, com produção média de 1 m/h

para a equipe de 1 pedreiro e 1 ajudante, são necessários dois dias de andaimes

(20 m2), duas montagem/desmontagem para as duas superfícies a serem tratadas.

Assim compondo-se os custos do Quadro 6, têm-se:

• locação por dois dias (h = 10 m) – 54,24 x 2 / 30 = 3,62

• montagem/desmontagem – 2,01 x 2,0 x 20,0 = 80,40

• custo do andaime – R$ 84,02/fissura

O custo da mão de obra, para costura de fissura, é a multiplicação de 12 m

pelo custo da hora do pedreiro e do ajudante.

• 12 x (7.01 + 5.41) = R$ 149,04/fissura

Utilizando-se o item 04.046 das TCPO (1975), para consumo de servente

para o transporte vertical da argamassa e considerando-se como 6 m a altura média

do serviço, tem-se:

• 4,3 h/m3 x 0,36 m3 x R$ 5,02/h = R$ 7,80/fissura

4.5.1.2 Memória

Page 91: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

87

No Quadro 26 está calculado o custo da plataforma de serviço, incluindo a

montagem no nível superior e mais seis remanejamentos até o nível inferior do

serviço, para ser adicionado aos custos já determinados.

Quadro 26 – Composição do custo da plataforma de serviço (exterior/interior)

insumo ud unitário quantidade parcial f. utilização total

tábua 12" m 4,80 10 48,00 0,1 4,80

pedreiro h 7,01 2 14,02 1 14,02

½ oficial h 5,41 2 10,82 1 10,82

custo da plataforma por fissura R$ 29,64

Os componentes do custo e o custo unitário do serviço, em reais, são

mostrados no Quadro 27, sendo considerado 6 m o comprimento médio da fissura:

Quadro 27 – Composição do custo da costura de fissura em alvenaria de adobe

insumo R$

argamassa 20,39

andaime 84,02

transporte vertical 7,80

plataforma 29,64

mão de obra 149,04

custo total/6 m de fissura 290,89

custo/m de fissura 48,48

Page 92: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

88

4.5.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de pedra e cal

4.5.2.1 Considerações

Para efeito da composição desse serviço foram levantadas as seguintes

características da alvenaria:

• espessura da parede – 60 cm;

• espessura média da argamassa de assentamento – 3 cm;

• abertura média da fissura – 4 mm.

Foram apropriadas as seguintes demandas de insumos por metro linear de

fissura:

• escarificarificação ao longo da fissura – 0,05 h de servente;

• execução de 2 furos de 3/4” – 0,33 h de pedreiro;

• limpeza com jato de ar – 0,10 h de servente;

• inserção dos drenos – 0,05 h de pedreiro e 2,60 m de mangueira cristal;

• colmatação da fissura – 0,05 h de pedreiro e 0,006 m3 de argamassa de

cimento, areia e saibro (1:2:2);

• injeção da calda de cimento – 0,50 h de pedreiro e servente e 0,0024 m3

de pasta de cimento;

Page 93: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

89

Para cálculo do custo horário de ferramentas foi utilizada a metodologia do

professor Paulo Roberto Vilela Dias, em que considera-se o mês com 160 horas

normais para operação. O custo mensal é formado pela soma de três parcelas:

• depreciação (D) = valor de aquisição ÷ vida útil;

• juros (J) = valor de aquisição x taxa de juros anual ÷ 12;

• manutenção (M) = 0,5 x valor de aquisição ÷ vida útil.

No caso de perfuratriz manual elétrica, com valor de aquisição de R$ 650,00,

vida útil igual a 24 meses e considerando-se uma taxa de juros anual de 26%, tem-

se o custo mensal calculado no Quadro 28.

Quadro 28 – Cálculo do custo mensal de perfuratriz

parcela R$

D 650 ÷ 24 27,08

J 650 x 0,26 ÷ 12 14,08

M 0,5 x 650 ÷ 24 13,54

custo mensal 54,70

O custo horário da perfuratriz será 54,70 ÷ 160 = R$ 0,34.

4.5.2.2 Memória

O custo da argamassa utilizada na colmatação foi composto baseado no

consumo de insumos do item 07.001.120-1 da EMOP (1997) e o custo da pasta de

cimento foi obtido diretamente do Boletim de Custo de abril de 2003, da EMOP,

segundo o item 07.001.010-1. No Quadro 29 estão custeados os componentes da

argamassa.

Page 94: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

90

Quadro 29 – Composição da argamassa de colmatação

insumos ud quantidade c. unitário total

areia m3 0,6 30,00 18,00

saibro m3 0,6 20,00 12,00

cimento kg 326,0 0,37 120,60

servente h 11,0 5,02 55,22

total R$/m3 205,80

No Quadro 30 estão compostos os custos por metro linear de fissura

consolidada.

Quadro 30 – Custo unitário da consolidação da fissura

insumos ud quantidade c. unitário total

mangueira m 2,6 0,95 2,47

argamassa m3 0,006 205,80 1,23

pasta m3 0,0024 444,04 1,07

furadeira h 0,33 0,34 0,11

servente h 0,65 5,02 3,26

pedreiro h 0,93 7,01 6,52

total R$/m 14,66

Page 95: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

91

4.5.3 - Reestruturação de alvenaria de pau a pique

4.5.3.1 – Considerações

Foi considerada para efeito desse estudo a reestruturação de uma parede de

pau a pique no segundo pavimento da Casa IV, nas Casas Casadas, com 4,50 m de

comprimento, 4,50 m de altura e 0,13 m de espessura. Essa parede, com 20,25 m2

de área, que devido ao adiantado estado de degradação foi desmontada e

reconstruída, com a substituição das peças danificadas. Nesse tipo de serviço é

sugerida a divisão do trabalho nas seguintes etapas:

• retirada das varas horizontais e dos pregos corroídos das réguas verticais,

caso existam;

• retirada das réguas estruturais verticais comprometidos;

• limpeza das réguas remanescentes com encho ou formão, se for o caso;

• substituição das réguas retiradas por novas em madeira de lei;

• colocação dos fasquios;

• pode ser colocada uma tela de fio galvanizado para melhorar a aderência do

revestimento ao substrato;

• imunização com pesticida;

• aplicação com as mãos de argamassa de cal, areia, terra vermelha (1:4:4),

um procedimento conhecido como taipa de sopapo;

• chapisco e revestimento de cal e areia no traço 1:3.

Page 96: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

92

Na realização deste serviço não houve necessidade de execução de

escoramento, dessa forma têm-se, conforme os itens 05.001.007-0 da EMOP (1997)

e 03.018 das TCPO (1975), demolição de revestimento de cal e areia, o consumo de

0,5 hora de servente por m2. No caso de pau a pique em avançado grau de

deterioração, como o estudado, foi apropriado o consumo de 0,10 horas de servente

por m2 de revestimento demolido, inclusive demolição do “recheio”, em argamassa

de terra. O serviço de retirada de escombros foi feito de modo manual, com

transporte vertical através de carretilha, corda e baldes. O entulho empolado rendeu

aproximadamente 2,60 m3, somando-se as duas faces da parede e consumiu o

tempo de três serventes durante 2,50 horas.

Para a retirada das varas apodrecidas (27 m/m2 por face) e limpeza dos

pregos corroídos (81 un/m2 por face) nas réguas verticais, foram consumidas 0,66

horas de servente por m2 de estrutura. Na parede estudada houve perda de 80 %

das réguas, as quais foram substituídos por réguas de assoalhos com 15 cm de

largura num total de 16,20 m2 (aproximadamente 100 m de régua), retiradas de

alguns pavimentos que tiveram seus pisos substituídos, diminuindo assim as

despesas com a compra de material. Para substituir as varas foram utilizadas ripas

de maçaranduba, com 1,5 cm x 5 cm, que, ao serem desdobradas ao meio,

consumiram 0,5 hora de carpinteiro e 0,5 hora de ½ oficial para produzir 212 m de

meia-ripa ou fasquio, suficiente para cobrir [212/(27 x 2)] = 3,93 m2 de parede, ou

seja, 0,13 hora de carpinteiro e 0,13 hora de ½ oficial para desdobrar a quantidade

de fasquio suficiente para cobrir 1 m2 de parede em ambas as faces.

Levando em consideração as paredes mais danificadas, com grande perda de

réguas, a substituição das peças descartadas por novas, nesse caso, assoalhos

antigos com capacidade estrutural, consome 0,5 horas de carpinteiro, 0,5 horas de

½ oficial e 0,10 kg de prego (G 17 x 27) por m2 de estrutura aplicada.

A aplicação dos fasquios desdobrados consome em média 0,7 horas de

carpinteiro e ½ oficial e 0,255 de prego (G 16 x 24) por m2 de face de estrutura.

Page 97: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

93

A colocação da tela de aço galvanizada é feita prendendo-se a extremidade

do rolo na parte superior da parede com fio de aço G para esticar a mesma no

sentido descendente e prendendo-a nos fasquios a cada 30 cm nas duas direções.

Esse procedimento consome 0,50 horas de pedreiro e servente e 0,10 kg de fio G

número 18 por m2 de parede forrada, considerando-se os dois lados. A seguir deve

ser feita a imunização da estrutura da parede, que consome 0,05 h de ½ oficial e 0,2

l de solução diluída por m2, para os dois lados da parede.

O recheio é executado nas duas faces simultaneamente por um profissional e

por um ½ oficial, equipados com luvas emborrachadas para proteção. Consome

0,018 m3 de argamassa de cal, areia e terra vermelha, no traço 1:5:3 por m2 de

parede e 0,33 horas da equipe para aplicação em ambos os lados da parede. O

custo do m3 da argamassa utilizada no recheio está no Quadro 31, que foi composto

utilizando-se os parâmetros do item 07.001.135-1 da EMOP (1997).

Quadro 31 – Composição do custo da argamassa de recheio

insumo ud quantidade c.unit. c. total

areia grossa m3 0,9 30,00 27,00

terra vermelha m3 0,5 18,00 9,00

cal hidratada kg 155 0,27 41,85

servente h 11 5,02 55,22

total/m3 133,07

Após 24 horas, a base está apta a receber camada de chapisco, que,

conforme o item 17.002 das TCPO (1975), consome 0,20 horas de pedreiro e

servente e após mais 24 horas, emboço de uma vez, que, pelo item 17.010 das

TCPO, consome 0,6 horas de pedreiro e servente para revestir 1 m2 de uma face do

Page 98: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

94

tabique. O consumo de argamassa para revestir ambos os lados da parede é em

torno de 0,05 m3/m2.

No Quadro 32 encontra-se a tabela com o resumo do consumo de mão de

obra para reestrutração da alvenaria e no Quadro 33 uma projeção para estimar o

tempo consumido pelos andaimes para a parede reestruturada.

Quadro 32 – Consumo de mão de obra em h/m2 de pau a pique

serviço servente ½ oficial pedreiro carpinteiro

demolição de revestimento 0,20

retirada dos escombros 0,37

arrancamento de varas 0,66

desdobro de fasquios 0,13 0,13

substituição de réguas 0,50 0,50

aplicação de fasquios 1,40 1,40

aplicação de tela 0,50 0,50

imunização 0,05

taipa de sopapo 0,33 0,33

chapisco, emboço e reboco 1,60 1,60

total 3,33 2,41 2,43 2,03

Page 99: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

95

Quadro 33 – Projeção do tempo consumido por andaime

serviço hora dia

demolição de revestimento 4,05

retirada dos escombros 2,50

arrancamento de réguas 13,37

3

substituição de montantes 8,10

aplicação de fasquios 28,35

5

aplicação de tela 10,13

imunização 1,01

2

taipa de sopapo 6,68

cura 24,00

1

chapisco 8,10

cura 24,00

1

emboço e reboco 24,30 3

total 154,59 15

4.5.3.2 Memória

Para obter-se a parcela do custo referente à mobilização de andaime foi

considerada a montagem/desmontagem de 1 torre, com 8 m2 para cada lado da

parede, a ser reestruturada durante 15 dias. Assim, aproveitando-se os custos do

Quadro 6, têm-se:

Page 100: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

96

• locação – R$ 19,68/torre x 2 torre x ½ mês = R$ 19,68;

• montagem – R$ 2,01/m2 x 16 m2 = R$ 32,16.

O custo total de andaime para o serviço foi de R$ 51,84 para uma parede com

20,25 m2, resultando em R$ 2,56/m2.

O custo do preparo da solução imunizadora está no Quadro 34.

Quadro 34 – Composição do custo da solução imunizadora

insumo ud quantidade c.unit. c. total

fenil pirazol l 0,01 68,50 0,69

querosene desodorizado l 1 3,60 3,60

½ oficial h 0,02 5,41 0,11

total R$/l 4,39

A apropriação dos custos está sintetizada no Quadro 35, sem computar-se o

custo dos andaime.

Quadro 35 – Composição de custo da alvenaria

insumo ud quantidade c. unit. c. total

prego G kg 0,36 3 1,08

fio G kg 0,1 5,9 0,59

tela G m2 1 3,2 3,20

solução imunizante l 0,2 4,39 0,88

Page 101: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

97

argamassa do recheio m3 0,018 133,07 2,40

argamassa do revestimento m3 0,05 345,94 17,30

servente h 3,33 5,02 16,72

meio oficial h 2,41 5,41 13,04

pedreiro h 2,43 7,01 17,03

carpinteiro h 2,03 7,58 15,39

total R$/m2 87,62

Levando-se em conta o custo dos andaimes, tem-se: 2,56 + 87,62 = R$

90,18/m2, que é o custo unitário para reconstrução completa da alvenaria, incluindo

o seu desmanche.

4.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL

4.5.1 Considerações

A apropriação de custos desse serviço foi feita tendo como base a

consolidação realizada em alvenaria de pau a pique, situada no terceiro pavimento

da casa IV nas Casas Casadas. O reboco consolidado estava contido num painel de

alvenaria, com 2,00 m de comprimento por 2,50 m de altura, e era confinado nas

duas laterais por aduelas das esquadrias das portas. Devido à pequena altura do

serviço não houve necessidade de montagem de andaimes, sendo que as injeções,

feitas com seringa de 60 cc, nos furos mais elevados, foram realizadas com o auxílio

de escada de pintor.

Um contra-tempo que pode ocorrer neste tipo de serviço é a fuga indesejável

da emulsão por orifícios não vedados, que obrigam a interrupção da injeção para

fazer-se o fechamento, com pasta de gesso, do orifício de fuga e proceder à limpeza

Page 102: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

98

do material desperdiçado. O profissional encarregado de injetar a emulsão deve

desconfiar quando o furo que está sendo injetado demorar muito a ser completado.

Essa demora pode ser um sinal de falta de estanqueidade do volume a ser

consolidado.

Uma proporção de emulsão que teve bom desempenho na consolidação foi

obtida misturando-se em um recipiente 350 cc de água, 350 cc de Vedafix e 100g de

carbonato de cálcio. Devido à baixa solubilidade do carbonato de cálcio, era preciso

agitar a emulsão para suspendê-lo do fundo para realizar a alimentação da seringa

de forma mais homogênea.

A consolidação dos cinco m2 de reboco consumiu 18 h de pedreiro e de

ajudante, 3 kg de gesso, 5,25 l de Vedafix, 1,5 kg de CaCo3. Não foi considerado o

custo da seringa de injeção (R$ 7,00), pois após essa consolidação ela continuava

apta para operação, nem o custo da locação da furadeira e da aquisição da broca,

devido ao caráter pouco desgastante do seu trabalho.

4.5.2 Memória

O custo da consolidação está composto no Quadro 36.

Quadro 36 – Composição de custo da consolidação de reboco

insumo ud quantidade c.unitário c. total

gesso kg 0,60 0,55 0,33

Vedafix l 1,05 7,50 7,88

CaCO3 kg 0,30 62,36 18,71

pedreiro h 3,60 7,01 25,24

½ oficial h 3,60 5,41 19,48

total R$/m2 71,63

Page 103: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

99

4.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE

4.6.1 Considerações

A composição de custo desse item foi baseada no detalhe da canaleta,

executada no final de 2001, e nas condições do canteiro da Igreja Nossa Sra da Luz.

A igreja, situada no município de São Gonçalo, está localizada a poucos metros do

mar, nos fundos da baía da Guanabara. Não possuía calçamento no seu contorno e,

quando chovia, recebia a carga pluvial concentrada do seu beiral. A pequena

elevação em relação ao nível do mar contribuía para a ascensão capilar da umidade

com sais dissolvidos nas alvenarias. A execução da canaleta e de calçada periférica

à edificação aumentou a durabilidade da caiação externa, o que indica que houve a

diminuição da umidade no interior da alvenaria, segundo relato da zeladora da

igreja.

Esse tipo de intervenção usa técnicas comuns da construção civil e a

composição de seu custo pode ser obtida diretamente das publicações

especializadas ou usando-se os preços de compra de alguns produtos e o consumo

de mão de obra para sua aplicação, observado durante a execução. A seqüência

executiva dos sub serviços está descrita abaixo e, para os itens que possuírem

referência no catálogo da EMOP (1997), serão considerados os custos unitários

publicados no boletim de custos de abril de 2003 e, aqueles que não estão

catalogados, serão compostos com os custos de mercado por metro linear:

1) escavação manual de vala em material de 1a, item 03.001.001-1 – R$ 14,40/m3

a) enchimento/canaleta – 0,8 x 0,75 = 0,60

b) trincheira drenante – (0,27 + 0,54) ÷ 2 x 0,35 = 0,14

c) total – 0,74 m3/m

2) alvenaria de enchimento em bloco de concreto de 20 x 20 x 40 cm, item

12.005.080-0 – R$ 28,05/m2

Page 104: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

100

a) área 0,80 m2/m

3) calha pré moldada semicilíndrica de concreto, com diâmetro de 40 cm,

fornecimento e assentamento, item 06.003.011-0 – R$ 19,37/m

a) total - 1 m/m

4) revestimento com argamassa de cimento e areia (1:3), com a água de

amassamento aditivada com impermeabilizante de pega normal (1:12), com

espessura de 3 cm, da tabeira e da parte interna da canaleta, item 13.301.100-0

– R$ 19,79/m2

a) total - 0,85 m2/m

5) placas pré moldadas em concreto com fck de 15 MPa, exclusive a fôrma, item

11.003.002-2 – R$ 196,68/m3

a) placa drenante – 0.45 x 0,05 = 0,0225

b) placa estabilizadora – 0,45 x 0,35 x 0,05 = 0,0079

c) total – 0,0304 m3/m

6) fôrma para placas com reutilização de 20 vezes, item 11.004.001-1- R$ 7,27/m2

a) placa drenante – 0,45 x (1,0 + 0,05) = 0,47

b) placa estabilizadora – 0,45 x (0,35 + 0,05) = 0,18

c) total – 0,65 m2/m

7) manta geotêxtil para filtragem, item 06.100.010-0 – R$ 4,27/m2

a) total – 2,00 m2/m

Page 105: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

101

8) fornecimento de seixo rolado, com diâmetro ¾” a 1½”, para trincheira drenante,

item 06.502.010-0 – R$ 512,00/m3

a) total – 0,14 m3/m

9) concreto magro do calçamento, com seção de 0,05 x 1,00 = 0,05 m3/m

a) materiais, item 11.001.020 – 1 – R$ 106,43/m3

b) preparo, item 11.002.010 – 0 – R$ 32,92/m3

c) lançamento, item 11.002.037 – 1 – R$ 22,13/m3

d) total – 0,05 x R$ 161,48

10) piso cimentado da calçada, com 3 cm de espessura, item 13.301.125 – 1 – R$

10,56/m2

a) total - 0,70 m2/m

11) fornecimento e colocação de grelha de ferro fundido, com 40 cm de largura

(preço de mercado)

a) total R$ 56,00/m

4.6.2 Memória

No Quadro 37 está a composição de custo, praticamente elaborada com base

nos custos fornecidos pelo Boletim de Custo de abril de 2003, da EMOP.

Page 106: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

102

Quadro 37 – Composição do custo da canaleta de drenagem

serviço ud quantidade c. unitário total

1 m3 0,74 14,40 10,66

2 m2 0,80 28,05 22,44

3 m 1,00 19,37 19,37

4 m2 0,85 19,79 16,82

5 m3 0,03 196,68 5,90

6 m2 0,65 7,27 4,73

7 m2 2,00 4,27 8,54

8 m3 0,14 512,00 71,68

9 m3 0,05 161,48 8,07

10 m2 0,70 10,56 7,39

11 ud 1,00 56,00 56,00

total R$/m 231,60

4.8 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE

4.8.1 Considerações

O custo final desse serviço dependerá do seu tamanho, dos materiais

aplicados e se foi ou não utilizada prótese de madeira. Assim, esse serviço terá dois

exemplos custeados:

• enxerto com prótese de argamassa de resina, carregada com areia fina

sem umidade;

• enxerto com prótese de madeira seca, colada com resina.

Page 107: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

103

Optou-se pela utilização de resina epóxi Araltec, pela sua boa performance

em ambientes interiores sem incidência de luz solar. Foi considerado, no caso dos

dois exemplos, inviável a remoção da peça a ser consolidada para uma bancada de

trabalho.

Sem levar em consideração o aspecto estético da prótese, que no caso do

enxerto com madeira tem um melhor acabamento e valoriza o serviço mais do que

no enxerto com argamassa, a primeira consolidação tem seu custo aumentado pela

mão de obra empregada no preparo da cavidade e da prótese e a segunda pode ter

seu custo elevado devido a um elevado consumo de resina.

A areia utilizada na argamassa pode ser a industrializada pela Sika, ou

preparada no canteiro. Para preparar a areia, ela deve lavada, isenta de matéria

orgânica, peneirada em malha de abertura 0,6 mm, para conseguir boa penetração,

e seca com soprador térmico para desidratá-la. São consumidas 2 h de servente

para preparar 10 litros de areia (R$ 1,00/l).

A apropriação dos materiais componentes da argamassa foi obtida na obra de

recuperação do telhado da Casa do bispo, no Rio Comprido, através de balança

comercial. Para completar 1 l de argamassa foram necessários 1 kg de Araltec

(densidade relativa = 1,5) e 700 ml de areia preparada. A consolidação foi realizada

em frechal, com trechos apoercidos, sobre a varanda do pátio interno. A substituição

do frechal implicaria na retirada de todo caibramento, o que aumentaria demais o

custo do serviço. Não é raro ser surpreendido pelo alto consumo de argamassa, em

consolidações desse tipo, mesmo tomando-se o cuidado de colmatar todos os

possíveis escapes visíveis da argamassa. A argamassa encontra pontos vulneráveis

e escapa, sendo necessário o acompanhamento, sob a peça consolidada, para que

seja feito estancamento da sangria. A consolidação desse frechal estendeu-se por 6

m de comprimento e consumiu 12 l de argamassa.

Em obras que tenham em seu escopo serviço de consolidação em madeira e

por ventura alguma demolição, não é difícil se encontrar peças condenadas, mas

Page 108: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

104

que ainda podem ser desdobradas em seções menores e úteis para serem

enxertadas. Caso não exista a disponibilidade de madeira apropriada ao serviço no

canteiro de obras, a mesma deverá ser obtida em depósitos que colecionam peças

retiradas em demolição de edificações antigas, ao custo de até R$ 4.000,00/m3.

Foi considerado como exemplo a consolidação de segmento superior de

assoalho, com 40 mm de espessura, nas Casas Casadas, com o aproveitamento da

madeira do próprio canteiro e no tamanho de 0,10 m x 1,0 m x 0,03 m.

O desgaste das ferramentas utilizadas no procedimento de preparo do

rebaixo acontece principalmente nas lâminas que cortam a madeira, quando

operadas com técnica. Para esculpir o rebaixo regular na peça, para alojar a prótese,

é de praxe definir na superfície anômala um retângulo, que no caso estudado é de

0,1 m x 1,0 m, com traçador de disco de vídea, ajustado para cortar na profundidade

de 3 cm, e formão. Para acertar a parte posterior do rebaixo podem ser utilizados

uma tupia portátil de alta rotação, com ponta de fresa, em aço rápido, e um formão.

O custo do desgaste das ferramentas foi considerado como 5% do valor de

aquisição das lâminas e está calculado no Quadro 38.

Quadro 38 – Custo do desgaste de ferramenta

ferramenta valor 5%

disco de 6" 55,00 2,75

fresa de ½" 45,00 2,25

formão de 2" 50,00 2,50

desgaste/rebaixo R$ 7,50

4.8.2 Memória

Page 109: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

105

Nos quadros 39, 40 e 41 estão compostos os custos da argamassa e das

consolidações respectivamente.

Quadro 39 – Composição do custo da argamassa

insumo ud quantidade c.unitário c. total

areia l 0,7 1,00 0,70

Araltec kg 1,0 25,00 25,00

½ oficial h 0,1 5,41 0,54

total R$/litro 26,24

Quadro 40 – Composição do custo da consolidação com enxerto em argamassa

insumo ud quantidade c.unitário c. total

argamassa l 12,00 26,24 314,88

carpinteiro h 2,00 7,58 15,16

½ oficial h 2,00 5,41 10,82

total R$/(6 m consolidação) 340,86

Quadro 41 – Composição do custo da consolidação com enxerto em madeira

insumo ud quantidade c.unit. c. total

Page 110: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

106

Araltec kg 0,15 25,00 3,75

carpinteiro h 2,25 7,58 17,06

½ oficial h 0,10 5,41 0,54

desgaste ud 1,00 7,50 7,50

total R$/(1 m consolidação) 28,85

4.9 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

4.9.1 Considerações

A emenda feita de topo, em peças de seção 16 cm x 20 cm, solidarizadas

com talas de aço, as quais são atravessadas por 12 barras rosqueadas de 16 mm, é

tarefa que exige perícia e controle para o perfeito alinhamento entre os furos das

duas chapas, com 8 mm de espessura, e os furos na madeira, com 16 cm de

largura. Quando o primeiro lote de talas foi fornecido à obra, muitas talas foram

rejeitadas, pois continham erros de locação na furação. Mesmo utilizando-se talas

idênticas aconteceu, em algumas emendas, o desalinhamento da furação,

acarretando o desperdício de madeira e de mão de obra. Para executar esse tipo de

serviço é recomendável a utilização de furadeira de coluna, normal a uma bancada

nivelada, com 7,50 m de comprimento. Como não houve disponibilidade dessa

ferramenta, o serviço desenvolveu-se com a utilização de furadeira elétrica manual,

operada por um carpinteiro, e, completando a equipe, havia mais dois profissionais,

que controlavam a verticalidade em duas direções ortogonais. Devido às condições

severas de operação da furadeira houve um consumo elevado de broca (1 broca a

cada 3 emendas – R$ 6,00/emenda). O trabalho da emenda era desenvolvido no

pavimento térreo, e após sua conclusão, a viga era transportada até o seu local de

aplicação, que poderia ser em qualquer um dos três pavimentos elevados.

Page 111: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

107

A execução dos furos consumia, em média, seis horas da equipe de três

carpinteiros. Para a fixação das talas, com as barras rosqueadas e as 24 porcas,

eram gastos mais 1,5 h de carpinteiro e ajudante. A composição deste item

considerou o transporte, que era realizado por quatro profissionais auxiliados por

quatro ajudantes, sendo realizado até a altura média da edificação no segundo

pavimento, etapa do serviço que consumiu 0,75 h da equipe.

4.9.2 Memória

No Quadro 42 está apropriado o consumo de mão de obra e no Quadro 43 a

composição de custo do serviço.

Quadro 42 – Consumo de mão de obra em horas

serviço ajudante carpinteiro

furação 18

fixação 1,5 1,5

transporte 3 3

total (h) 4,5 22,5

Page 112: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

108

Quadro 43 – Composição de custo da emenda

insumo ud quantidade c.unitário c. total

barra rosqueada m 3 5,20 15,60

porca/arruela ud 24 1,20 28,80

chapa ud 2 22,00 44,00

furadeira h 6 0,34 2,04

broca ud 1/3 18,00 6,00

ajudante h 4,5 5,41 24,35

carpinteiro h 22,5 7,58 170,55

total R$/emenda 291,33

4.10 RECONSTRUÇÃO DE ESQUADRIA EM MADEIRA

4.10.1 Considerações

Após o remanejamento das partes, em bom estado, de esquadrias

defeituosas existentes na edificação, para combinação e remontagem de novas, fica

faltando a reposição das esquadrias dos vãos que ficariam vazios. Foi escolhida

para ser custeada uma porta, típica do período colonial, encontrada na Igreja Nossa

Sra do Rosário de Donana. A madeira empregada na confecção da porta será o

cedro, macia para trabalhar e amarga demais para os xilófagos.

A união das quatro tábuas, que comporão a porta, se dará ao longo da

espessura, a meia madeira, as quais serão coladas com Araltec. Para reforçar o

Page 113: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

109

painel serão colocadas três travessas unindo as tábuas com cavilhas de 10 mm,

também coladas com Araltec. As dobradiças da porta, consideradas em bom estado,

são fixadas com cravos de ferro. O esquema da porta foi mostrado na Figura 8.

As ferramentas utilizadas para confecção da porta estão descritas no Quadro

44 com os respectivos custos de aquisição. Foi admitido que 2 % do custo de

aquisição seja equivalente ao custo de locação e manutenção, ou seja, R$ 59,48.

Para estimular a produção foi arbitrada uma remuneração adicional, de dez horas

prêmio (sem incidência de encargos sociais), para a equipe de montagem da porta.

Quadro 44 – Custo de aquisição das ferramentas

ferramenta c. aquisição

bancada de serra multifunção 2500,00

furadeira 350,00

6 sargentos de 5" 84,00

chapa cavilheira 40,00

total 2974,00

4.9.2 Memória

Nos quadros 45, 46 e 47 estão descritos o custo do material aplicado, o

consumo de mão de obra empregada e a composição de custo da esquadria

escolhida neste item.

Page 114: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

110

Quadro 45 – Custo do material aplicado

Insumos ud quantidade c. unitário total

cedro 26 cm x 4 cm m 10,40 74,77 777,61

cedro 10 cm x 4 cm m 3,00 24,75 74,25

Araltec kg 0,50 25,00 12,50

cravo 2 ½” ud 21,00 1,20 25,20

total R$ 889,56

Quadro 46 – Consumo da mão de obra empregada em horas

serviço carpinteiro ajudante

rebaixo em ½ madeira 1 1

fabricação das cavilhas 1,5

colagem das tábuas 2 2

fixação das cavilhas 1 1

colocação da porta 1,5 1,5

total R$/h 5,5 7

Quadro 47 – Composição do custo da porta

insumo ud quantidade c.unitário total

total de materiais ud 1,0 889,56 889,56

Page 115: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

111

loc./manut. ferramentas ud 1,0 59,48 59,48

carpinteiro h 5,5 7,58 41,69

prêmio do carpinteiro h 10,0 2,91 29,10

½ oficial h 7,0 5,41 37,87

prêmio do oficial h 10,0 2,08 20,80

total R$/ud 1078,50

4.11 RECUPERAÇÃO DE TELHADO COLONIAL

4.11.1 Considerações

A recuperação de telhado é um serviço composto de vários sub serviços, que

estão relacionados por uma ordem lógica de execução. Este estudo comporá as

etapas executivas, que podem ser comuns a outros telhados, sendo que os serviços

específicos, que dependam das peculiaridades da edificação, serão apenas

comentados. Para o cômputo preciso dos custos em serviço desta natureza são

necessários o perfeito conhecimento da edificação e a elaboração de um

cronograma executivo detalhado, com o dimensionamento da equipe de trabalho

para atender o prazo da obra.

O custo com a locação e montagem/desmontagem de andaimes é

influenciado pela altura do beiral em relação ao térreo, pelas características do

passeio em torno da edificação (se é pavimentado ou se possui jardim) e pelas

possibilidades de contraventamento dos andaimes fachadeiros, nos vazados dos

vãos de janelas e balcões das fachadas. A estrutura do andaime deve ultrapassar

em pelo menos um metro o nível do beiral, para oferecer um guarda corpo seguro

para os operários que trabalham sobre a água do telhado. A plataforma de serviço

deve ser posicionada a aproximadamente um metro abaixo do beiral, para propiciar

Page 116: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

112

uma posição ergonômica durante o seu alinhamento e arremate, além de servir de

local para estoque provisório de materiais e escombros. Dessa maneira, o serviço de

transporte será considerado apenas do meio da água até a plataforma de serviço.

Para verificar-se a qualidade das telhas a serem aplicadas, as Normas

Técnicas Brasileiras estabelecem a execução de dois testes para cada milheiro de

telhas. São eles:

• teste de impermeabilidade (NBR 8948) – as telhas não deverão apresentar

vazamentos ou formação de gotas na sua parte inferior, sendo porém

tolerado a presença de umidade;

• teste de absorção (NBR 8947) – o peso da telha saturada em água não

pode ultrapassar 20 % do peso da telha seca.

Será feita uma divisão dos sub serviços, baseada na homogeneização das

unidades, com o respectivo consumo de mão de obra, que assim poderão ser

compostos e apresentados. Primeiramente serão relacionados os serviços

necessários para compor o plano da água. A seguir os serviços sobre o forro e,

finalmente, aqueles que são medidos por metro linear, como cumeeira, espigão,

plataforma de serviço, rincão, etc.

Serviços componentes da água do telhado, medido em verdadeira grandeza

(as telhas, com 50 cm úteis, consomem 16 unidades para compor 1 m2) :

• retirada cuidadosa de telhas e estocagem sobre a plataforma de trabalho,

utilizando um escorrega de tábua - equipe de 1 carpinteiro e 1 ajudante

demandam 0,06 h/m2;

• retirada cuidadosa das 3 telhas argamassadas e encachorradas sobre a

alvenaria externa, inclusive com retirada de escombros – equipe de 1

pedreiro e 1 ajudante demandam 0,15 h/m2;

Page 117: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

113

• retirada cuidadosa de ripamento (4 m/m2), inclusive limpeza e retirada dos

pregos – equipe de 1 carpinteiro e 1 ajudante demandam 0,08 h/m2;

• varredura do madeiramento contido no plano da água – equipe de 1

servente demanda 0.02 h/m2;

• retirada dos pregos do caibramento – equipe de 1 servente demanda 0,02

h/m2;

• colocação de sub cobertura Tyvek, inclusive contra-caibro em ripa e

ripamento para telha – equipe de 2 carpinteiros demandam 0,33 h/m2;

• limpeza técnica de telhas, com detergente neutro e escovas com cerdas

de nylon (16 unidades → 1 m2) – equipe de 1 servente demanda 0,48

h/m2;

• assentamento de telhas com argamassa, inclusive fixação de gancho de

cobre com diâmetro 2.5 mm – equipe de 2 pedreiros e 2 serventes

demandam 1,5 h/m2;

• limpeza do telhado, inclusive varredura e retirada de argamassa aderida

com espátula – equipe de 1 servente demanda 0,6 h/m2;

No Quadro 48 estão apropriados os consumos de mão de mão de obra para 1

m2 de telhado.

Quadro 48 - Consumo parcial de mão de obra para execução do telhado

serviço servente ajudante pedreiro carpinteiro

retirada de telhas 0,06 0,06

retirada de telhas encachorradas 0,15 0,15

Page 118: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

114

retirada de ripamento 0,08 0,08

varredura do madeiramento 0,02

arrancamento de pregos dos caibros 0,02

colocação de Tyvek, c.c. e ripamento 0,66

limpeza das telhas 0,48

assentamento de telhas c/ gancho 1,30 1,30

limpeza final do telhado 0,60

total h/m2 2,42 0,29 1,45 0,80

A seguir estão agrupados os consumos de alguns insumos de sub serviços e

os respectivos custos, para cada 100 m2 de telhado:

• limpeza das telhas

o 16 l de Detertec 7 a R$ 7,50/l = R$ 120,00

• preparação e aplicação de imunizante (fenil pirazol), suficiente para 200 m

de ripa

o 4,8 l de querosene desodorizado a R$ 3,50/l = R$ 16,80

o 0,048 l de Termidor 25 CE a R$ 68,50/l = R$ 3,29

o 2 h de servente a R$ 5,02/h = R$ 10,04

o total R$ 30,13

• corte, dobra de gancho em fio de cobre

Page 119: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

115

O 15 kg fio de cobre a R$ 13,00/kg = R$ 195,00

O 9 h de ½ oficial a R$ 5,41/h = R$ 48,69

O total R$ 243,69

• argamassa de cimento,areia e terra vermelha (1,5:5:2), insumos/m3

O 238 kg de cimento a R$ 0,40 = R$ 95,20

O 0,72 m3 de areia a R$ 30,00 = R$ 21,60

o 0,29 m3 de terra a R$ 18,00 = R$ 5,22

o 11 h de servente a R$ 5,02 = R$ 55,22

o total R$ 177,22/m3 → 1,4 m3/100m2 → R$ 248,11

• reposição de 30% de telhas danificadas

o 30 m2 de telhas → 30 m2 x 16 ud/m2 x R$ 0,75 = R$ 360,00

• reposição de 30% do ripamento

o 30 m2 de água → 30 m2 x 4 m/m2 x R$ 0,60/m = R$ 72,00

Total parcial I: R$ 1073,93/100m2 → R$ 10,74/m2

Outros insumos com os respectivos custos/m2 são:

• Tyvek - consome 1,11 m2/m2 → 1,11 x R$ 7,47 = R$ 8,29/m2

• contra caibro - consome 2m/m2 → 2 x R$ 0,60 = R$ 1,20/m2

Page 120: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

116

• prego – consome 0,07 kg/m2 → 0,05 x R$ 3,00 = R$ 0,21/m2

Total parcial II: R$ 9,70/m2

Os serviços acessórios, complementares e de arremate são função da

geometria do telhado. Esses serviços estão com seus custos unitários indicados

abaixo:

• montagem de plataforma de serviço sobre andaime metálico (m2)

o 4 m de tábua 12”(com reaproveitamento 10 vezes) a R$ 4,80 = R$

19,20

o 0,08 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,40

o total R$ 19,60

• proteção do forro com madeirite (m2)

o 1 m2 de chapa a R$ 7,70 = R$ 7,70

o 0,08 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,40

o total R$ 8,10

• instalação de passarelas sobre a estrutura do forro (m)

o 1 m tábua 12”(com reaproveitamento 10 vezes) a R$ 4,80 = R$

4,80

o 0,02 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,10

o total R$ 4,90

Page 121: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

117

• demolição das telhas de cumeeira, inclusive retirada de escombros com

auxílio de escorrega (m)

o 0,10 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,50

• higienização do forro (m2)

o de 0,30 a 0,50 h de servente, dependendo das condições → R$

2,01

• colocação de calha de drenagem sob a 3a telha (m)

o 0,5 m de tubo de esgoto com 75 mm a R$ 3,20 = R$ 1,60

o 0,5 m de sarrafo 2,5 cm x 6 cm (p/ apoio do Tyvek) = R$ 1,30

o 0,15 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,75

o 0,20 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 1,40

o 0.20 h de carpinteiro a 7,58 = R$ 1,52

o total → R$ 6.57

• colocação bebedouros na cumeeira com suspiros em ambos os lados (m)

o 2 m de mangueira 3/8” a R$ 0,95 = R$ 1,90

o 0,40 h de servente a R$ 5,02 = R$ 2,01

o 0,40 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 2,80

o total → R$ 6,71

• assentamento de capa da cumeeira (m)

Page 122: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

118

o 2 capas a R$ 0,75 = R$ 1,50

o de 0,010 a 0,015 m3, inclusive para os bebedouros, de argamassa a

R$ 177,22 → R$ 2,22

o 0,40 h de servente a R$ 5,02 = R$ 2,01

o 0,40 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 2,80

o total → R$ 8,53

• corte de telhas e arremates no rincão em ambos os lados, exclusive chapa

metálica (m)

o 0,010 m3 de argamassa a R$ 177,22 = R$ 1,77

o 1,5 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 10,52

o 1,5 h de servente a R$ 5,02 = R$ 7,53

o total → R$ 19,82

• arremate do beiral e limpeza da alvenaria (m)

o de 0,20 a 0,25 h de servente → R$ 1.13

o de 0,10 a 0,15 h de pedreiro → R$ 0,88

o de 0,002 a 0,010 m3 de argamassa a R$ 177,22 → R$ 1,06

o total → R$ 3,07

Page 123: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

119

Outros custos devem ser considerados, como a abertura e o fechamento

diário de lona emborrachada, do tipo carreteiro, para proteção provisória das áreas

destelhadas. Pode-se considerar como uma área razoável de lona a de um

retângulo de 6 x 10 = 60 m2, ao preço de R$ 900,00. Gasta-se com uma equipe de 3

profissionais e 3 serventes, devidamente fiscalizados, diariamente, 0,3 h para abrir e

0,5 h para fechar por lona. A obra do telhado da Casa do Bispo chegou a utilizar três

lonas desse tamanho ao mesmo tempo. Como a obra desenvolveu-se com o cliente

operando normalmente, o canteiro era mantido limpo e organizado e, num período

de 105 dias, foram retiradas oito caçambas de entulho, com 5 m3 a R$ 100,00 cada.

4.11.2 MEMÓRIA

No Quadro 49 estão computados os custos parciais de mão de obra.

O custo do m2, considerando os custos parciais I, II e da mão de obra, resulta

em: 10,74 + 9,70 + 29,94 = R$ 50,38

Quadro 49 – Custo parcial de mão de obra

categoria ud consumo custo total

servente h 2,42 5,02 12,15

½ oficial h 0,29 5,41 1,57

pedreiro h 1,45 7,01 10,16

carpinteiro h 0,80 7,58 6,06

total R$/m2 29,94

Abaixo estão destacados os custos de serviços, medidos em metro linear,

e que normalmente são executados em recuperação de cobertura:

Page 124: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

120

• demolição das telhas de cumeeira: R$ 0,50

• colocação de calha de drenagem, da sub cobertura, sobre a alvenaria: R$

6,57

• assentamento de capa da cumeeira com bebedouro e suspiro: R$ 15,24

• arremate no rincão, exclusive chapa metálica: R$ 19,82

• arremate do beiral: R$ 3,07

4.12 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSE

4.12.1 Considerações

Os procedimentos que serão custeados neste item são serviços básicos de

limpeza, consolidação e de proteção, utilizando a metodologia descrita no item 2.11

desta Dissertação. A apropriação do consumo de mão de obra e materiais foi feita

tomando-se como base os serviços executados na obra de restauração do

Castelinho do Flamengo. As informações foram colhidas em entrevista com a

arquiteta residente Carla Codeço Coelho e restauradores que participaram dos

serviços.

O salário hora do restaurador equivale ao salário do encarregado de obras,

que, acrescido dos benefícios e dos encargos sociais, resulta em R$ 11,93/h.

A eliminação da vegetação oportunista foi iniciada com a aplicação de

biocida, derivado da glicina, diluído em água, na proporção 1:50, com aspersores

manuais. A aplicação consumiu 0,25 l de solução e 0,01 h de servente por m2. A

retirada manual da vegetação desenvolvida deu-se com a mesma já morta e seca, 5

dias após a aplicação do defensivo, e consumiu 0,01 h de servente.

Page 125: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

121

A aplicação de detergente neutro, diluído em água (1:20), com escovação

manual, foi precedida de saturação da superfície com água corrente e sucedida de

generoso enxágüe, e consumiu 1 l de solução e 0,03 h de servente por m2.

A retirada das crostas negras remanescentes foi realizada com emplastros de

AB57, modificado pela retirada do agente tixotrópico, ficando a solução fixada à

superfície através de polpa de papel. A modificação da formulação oferece

vantagem no custo, mas requer um controle maior no procedimento, pois a mesma

solução que limpa, também pode contaminar a pedra com seus sais solúveis, caso

permaneça em contato prolongado e/ou não seja suficientemente enxaguada após a

retirada do emplastro. O consumo de insumos foi de 0,1 l da formulação, 2 rolos de

polpa e 0,17 h de ½ oficial por m2.

A aplicação de rejunte foi composta considerando-se uma junta com 4 mm de

espessura e com 10 mm de profundidade. A argamassa de rejuntamento utilizada,

em pasta de cal e areia no traço 1:3, foi aditivada com resina polivinílica (Rhodopás

503D) a 10 % do volume do aglutinante, foi aplicada com espátulas odontológicas

sobre a vizinhança da junta isolada e protegida por fita crepe. O consumo de

insumos foi de 4 x 10–5 m3 de rejunte, 2 m de fita crepe e 0,25 h de restaurador por

m.

A consolidação de superfície desfolhada teve seu custo composto

considerando-se que o afastamento entre o extrato externo e a base coesa era de

1,5 mm. O consumo de insumos foi de 1,5 l de mistura de resina de poliéster diluída

em estireno, em partes iguais, 100 ml de acetona e 100 g de estopa, para limpeza, 3

seringas de uso veterinário, 15 agulhas e 1 h de equipe de restaurador e ½ oficial

por m2 de superfície.

O contorno da superfície desplacada consolidada foi rejuntada com uma

mistura de resina de poliéster e gnaisse moído, com espátula odontológica. O

consumo de insumos foi de 0,036 l de rejunte, 1 m de fita crepe e 0,25 h de

restaurador por m linear de rejunte.

Page 126: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

122

Após 24 h de cura, com a resina de poliéster aplicada já totalmente

polimerizada, as superfícies da cantaria foram enxaguadas e, após a secagem

completa, receberam tratamento com hidrofugante, aplicados com pistola/caneca de

pintura e ar comprimido, à baixa pressão, em 3 demãos. O consumo de insumos foi

de 0,21 l de hidrofugante e 0,05 h de ½ oficial por m2 de superfície aplicada.

4.12.1 Memória

Nos quadros 50 e 51 estão compostos os custos da preparação da solução

biocida e da aplicação da mesma, respectivamente.

Quadro 50 – Custo da preparação da solução biocida

insumos ud quantidade c. unitário total

Roundup l 0,02 27,90 0,56

almoxarife h 0,01 7,01 0,07

total R$/l 0,63

Quadro 51 – Custo da aplicação da solução biocida

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 0,25 0,63 0,16

servente h 0,02 5,02 0,10

total R$/m2 0,26

Nos quadros 52 e 53 estão compostos os custos da preparação e aplicação

de solução adstringente, respectivamente.

Page 127: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

123

Quadro 52 – Custo da preparação da solução adstringente

insumos ud quantidade c. unitário total

Detertec l 0,05 7,88 0,39

almoxarife h 0,01 7,01 0,07

total R$/l 0,46

Quadro 53 – Custo da aplicação da solução adstringente

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 1,00 0,46 0,46

servente h 0,03 5,02 0,15

total R$/m2 0,61

Nos quadros 54 e 55 estão compostos os custos da preparação e aplicação

dos emplastros de AB57 adaptado, respectivamente.

Quadro 54 – Custo da preparação da fórmula do AB57

Insumos ud quantidade c. unitário total

bicarbonato de amonia kg 0,030 22,20 0,67

bicarbonato de sódio kg 0,050 6,20 0,31

EDTA kg 0,025 57,60 1,44

restaurador h 0,010 11,93 0,12

total R$/l 2,54

Page 128: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

124

Quadro 55 – Custo da aplicação do emplastro de AB57

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 0,10 2,54 0,25

polpa de papel rl 2,00 0,88 1,76

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

total R$/m2 3,37

Nos quadros 56 e 57 estão compostos os custos da preparação e da

aplicação de rejunte, respectivamente.

Quadro 56 – Custo da preparação do rejunte

insumos ud quantidade c. unitário total

pasta de cal m3 0,350 336,77 117,87

Rhodopás m3 0,035 3900,00 136,50

areia m3 1,080 157,93 170,56

servente h 11,000 5,02 55,22

total R$/m3 480,15

Page 129: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

125

Quadro 57 – Custo da aplicação do rejunte

insumos ud quantidade c. unitário total

argamassa m3 0,00005 480,15 0,02

fita crepe m 2,00 0,05 0,10

restaurador h 0,25 11,93 2,98

total/m 3,11

Nos quadros 58 e 59 estão compostos os custos da preparação da resina de

poliéster com baixa viscosidade e da consolidação de superfícies com

desfolhamento, respectivamente.

Quadro 58 – Custo do preparo da resina para injeção

insumos ud quantidade c. unitário Total

resina de poliéster l 0,50 10,00 5,00

estireno l 0,50 10,00 5,00

restaurador h 0,15 11,93 1,79

total R$/l 11,79

Page 130: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

126

Quadro 59 – Custo da consolidação de desfolhamento

insumos ud quantidade c. unitário total

mistura diluída l 1,50 11,79 17,69

seringa com 60 cc ud 3,00 7,00 21,00

agulha de 1/8" ud 15,00 1,80 27,00

acetona l 0,10 8,80 0,88

estopa kg 0,10 5,80 0,58

restaurador h 1,00 11,93 11,93

½ oficial h 1,00 5,41 5,41

total R$/m2 84,49

Nos quadros 60 e 61 estão compostos os custos da preparação da

argamassa e da colmatação dos bordos desplacados.

Quadro 60 – Custo da preparação da argamassa

insumos ud quantidade c. unitário total

resina de poliéster l 0,60 10,00 6,00

pó de gnaisse l 0,60 0,10 0,06

restaurador h 0,15 11,93 1,79

Page 131: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

127

servente h 0,50 5,02 2,51

total R$/l 10,36

Quadro 61 – Custo da colmatação do bordo desplacado

insumos ud quantidade c. unitário total

argamassa l 0,036 10,36 0,37

fita crepe l 1,00 0,05 0,05

restaurador h 0,15 11,93 1,79

total R$/l 2,21

No Quadro 62 estão compostos os custos do tratamento de superfície com

hidrofugante.

Quadro 62 – Custo do tratamento superficial

insumos ud quantidade c. unitário total

Nitoprimer l 0,21 12,90 2,71

½ oficial h 0,05 5,41 0,27

total R$/m2 2,98

4.13 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS

4.13.1 Considerações

Page 132: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

128

Os consumos de materiais e mão de obra foram considerados com base nos

serviços realizados nas Casas Casadas. Assim têm-se:

• proteção com plástico preto das cantarias – 2 m2/m2;

• limpeza primária com escova de aço – 0,15 h de ½ oficial/m2;

• aplicação de removedor de tintas – 0.20 l de Pintoff e 0,25 h de ½

oficial/m2;

• escovação secundária – 0.15 h de ½ oficial/m2;

• aplicação de desengordurante – 0,30 l de Thinner e 0,25 h de ½ oficial/m2;

• preparação da base com pistola de agulha – 0,50 h ½ de oficial/m2;

• aplicação de fundo inibidor de corrosão – 0,20 l de cromato de zinco e

0,50 h de pintor/m2;

• aplicação de tinta de acabamento em duas demãos em esmalte sintético –

0,35 l de esmalte sintético e 1,00 h de pintor/m2.

O custo da hora de utilização da pistola de agulha pode ser obtido da mesma

maneira como foi obtido para perfuratriz, no item 4.5.2.1, pois o os dois

equipamentos possuem custos similares. Assim, o custo horário da pistola de agulha

foi considerado igual a R$ 0.34.

4.13.2 Memória

Nos Quadro 63 está resumido o consumo de mão de obra para os sub

serviços do tratamento de gradis e no Quadro 64 o consumo de insumos para o

tratamento de gradis.

Page 133: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

129

Quadro 63 – Consumo de mão de obra dos sub serviços em tratamento de gradis

etapa mão de obra ud quantidade total

escovação primária ½ oficial h 0,15

aplicação de removedor ½ oficial h 0,25

escovação secundária ½ oficial h 0,15

aplicação de desengordurante ½ oficial h 0,25

preparação da base ½ oficial h 0,50

1,3

aplicação de fundo pintor h 0,50

aplicação do acabamento pintor h 1,00

1,5

Quadro 64 – Consumo de insumos para tratamento de gradis

insumos ud quantidade c. unitário total

plástico preto m2 2,00 0,38 0,76

Pintoff l 0,20 11,50 2,30

Thinner l 0,30 8,50 2,55

Pistola de agulha h 0,50 0,34 0,17

cromato de zinco l 0,20 11,11 2,22

esmalte sintético l 0,35 15,56 5,45

½ oficial h 1,30 5,41 7,03

Page 134: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

130

pintor h 1,50 7,01 10,52

total R$/m2 30,99

Page 135: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os serviços custeados neste trabalho, em geral, deram ênfase à técnica

empregada e à composição de custo do serviço objetivo, com simplificações das

características da edificação. Os serviços acessórios de proteção de partes

vulneráveis da edificação, de proteção de transeuntes e usuários da edificação e

montagem/desmontagem de infra-estrutura de acesso podem multiplicar em

algumas vezes o custo do serviço objetivo. Um exemplo é o custo da aplicação de

prótese de revestimento, em argamassa de cal e areia no traço 1:3, que aplicada no

nível do terreno custa R$ 41,72/m2 e quando aplicados seis metros acima do

terreno, o metro quadrado passa a custar R$ 85, 57, ou seja, uma diferença de mais

de 100 %.

Para calcular o custo, com razoável nível de confiança, dos serviços a serem

realizados em obras de restauração é necessário o conhecimento da edificação, das

suas peculiaridades que podem afetar no rendimento do serviço e do prazo

disponível para sua realização.

Os índices de produção da mão de obra, levantados em campo para essa

pesquisa, são flexíveis e variam de acordo com a qualidade do material humano

empregado no serviço. Quando possível esses índices resultaram de médias das

produções das equipes de trabalho, no caso de haver frente de serviço para mais de

uma equipe. A rotatividade da mão de obra na construção civil reduz a performance

inicial dos operários, que com a continuidade dos serviços acabam melhorando seu

desempenho.

Page 136: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

112

Alguns serviços possuem, no custo da mão de obra, uma contribuição

relevante na formação do custo final. Dentre os custeados neste estudo destacam-

se os seguintes, com a respectiva contribuição da mão de obra na formação do

custo final:

• hidratação da cal virgem – 45 %,

• preparação de areia – 76 %;

• revestimento em cal e areia – 53 %;

• preparação de tinta – 42 %;

• caiação – 91 %

• consolidação de fissura em adobe – 60 %;

• consolidação de fissuras em pedra assentada com cal – 67 %;

• reestruturação de pau a pique – 71 %;

• consolidação de reboco – 63 %;

• emenda de viga com talas de aço – 67 %;

• rejuntamento em gnaisse – 96 %;

• colmatação de bordo de gnaisse desplacado – 81 %;

• limpeza e pintura de gradil de ferro – 57 %.

Page 137: 14-Estudo de ComposiÇÕes de Custo de ServiÇos Executados Em Obras de Restauro

113

Salvo algumas exceções, a parcela do custo dos materiais, na composição do

custo do serviço é normalmente menos sujeita a incertezas no seu consumo, sendo,

portanto, mais confiável que a parcela relativa ao custo da mão de obra considerada,

que está sujeita à influência de características próprias da edificação e as limitações

que podem ser impostas pelo cliente. O apontamento diário do consumo de mão de

obra, nos serviços realizados em obras de restauração, deve ser organizado e servir

para informar ao residente do canteiro se as premissas de produtividade tidas no

orçamento estavam corretas. O responsável pelo orçamento poderá tirar proveito e

aprimorar sua percepção das dificuldades operacionais enfrentadas ao acompanhar

o andamento dos serviços executados.

Recomenda-se aos residentes de canteiros de restauração que tenham a

disciplina de registrar a produtividade de suas equipes de trabalho, para formar uma

base de dados, de consumo de mão de obra, de maneira que esses índices estejam

disponíveis para os profissionais envolvidos com os orçamentos da empresa,

fazerem suas composições de custos de maneira mais realista e confiável para

montar orçamentos competitivos e assim obter êxito nas concorrências que se

apresentarem no futuro.

Este trabalho, não tem a pretensão de ter esgotado todos os componentes

formadores do custo dos serviços, mas espera contribuir de alguma forma na

elaboração de novas planilhas de custo, que com um formato aperfeiçoado,

possibilite a atualização dinâmica dos componentes dos custos nas obras de

restauro assim como dispor esses dados aos responsáveis pelos orçamentos

públicos de restauração e manutenção de bens do patrimônio histórico.

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