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Cristiano Medeiros C IMPOSTOS FEDERAIS Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; (II) II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; (IE) III - renda e proventos de qualquer natureza; (IR) IV - produtos industrializados; (IPI) V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; (IOF) VI - propriedade territorial rural; (ITR) VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. (IGF) Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; (Impostos residuais) II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. (IEG) Imposto sobre a Importação (II) IMPOSTOS EM ESPÉCIE

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Impostos sobre especie federais

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C

IMPOSTOS FEDERAIS

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros; (II)

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; (IE)

III - renda e proventos de qualquer natureza; (IR)

IV - produtos industrializados; (IPI)

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; (IOF)

VI - propriedade territorial rural; (ITR)

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. (IGF)

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; (Impostos residuais)

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. (IEG)

É um imposto extrafiscal, uma vez que seu principal objetivo não é carrear recursos para os cofres públicos federais, mas sim servir como mecanismo de controle sobre as importações.

Imposto sobre a Importação (II)

Fato Gerador

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C

CTN/Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no territ ó rio nacional .

Importar, ao contrário do que muitos pensam, não é comprar mercadoria estrangeira. É faz ê -la entrar no territ ó rio nacional . O que importa não é o motivo que levou uma mercadoria a entrar no território, mas simplesmente o fato de ter entrado.

Ex1: toda vez que o “circo da F1” vem ao Brasil, ocorre o fato gerador do II, pois várias mercadorias estrangeiras entraram aqui. Eles só não pagarão pelo tributo porque existe um regime aduaneiro especial para estas situações (admissão temporária) que dispensa o pagamento do tributo caso a mercadoria retorne ao exterior no prazo fixado. Se não respeitarem o prazo para tirar as mercadorias, estes pagaram o II.

Ex2: Contribuinte se surpreende ao perceber que está sendo cobrado pelo receita o II de um presente enviado do estrangeiro.

Perceba que em ambos os exemplos não houve compra das mercadorias, mas o II incide pelo simples fato de estar entrando no território nacional.

Do mesmo modo como é irrelevante se houve ou não um contrato de compra e venda da mercadoria, também é indiferente para o fisco a data da celebração de tal contrato.

Ex.: imagine que determinada indústria brasileira deseja importar uma máquina da Alemanha. Ela verifica que a alíquota do II está 10% e acha que vale à pena celebrar o contrato. Quando a alíquota se encontra cruzando o oceano o poder executivo aumenta a alíquota para 20%. Nesse caso a indústria não poderá reclamar do aumento (alegando quebra da

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Cirretroatividade), pois o fato gerador (entrada de mercadoria no território nacional) ainda não ocorreu.

Outro ponto importante e que é muito impreciso constatar quando o produto efetivamente entrou no território nacional (expressão do art. 19 CTN). Por isso o art. 73 do Regulamento Aduaneiro prevê que, para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. Assim a doutrina com o objetivo de conciliar ambos os artigos faz a seguinte divisão:

A. Fato gerador material ou espacial entrada da mercadoria estrangeira no território nacional. (art. 19/CTN)

B. Fato gerador temporal Registro da respectiva declaração de importação. (art. 73/regulamento aduaneiro).

Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça afirma que, “não obstante o fato gerador do imposto de importação se dê com a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, torna-se necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se considerar inteiro o desenho do fato gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a entrada da mercadoria estrangeira no território nacional (...) ele apenas se aperfeiçoa como registro da Declaração de Importação no regime comum” (STJ, 1.ª T., REsp 362.910/PR, Rel. Min. José Delgado, j. 16.04.2002, DJ 13.05.2002, p. 161).

Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

Base de Cálculo

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CII - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,

alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;

III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

A alíquota ad valorem é aquela a ser aplicada sobre o valor do bem, ou da renda, ou do negócio jurídico etc. O que o inciso tenta dizer é que não importa o valor que está sendo “declarado”, mas sim o valor real do bem. Hoje em dia usa-se o valor aduaneiro apurado segundo as normas do art. 7.º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.

A alíquota específica é aquela definida por uma quantia determinada de dinheiro por unidade de quantificação dos bens importados (reais por metro, tonelada, litro ou qualquer outra unidade de medida do produto). Ex.: alíquota de 100/tonelada (a cada tonelada paga-se 100 reais de tributo). A medida a ser usada é a tonelada.

Art. 22. Contribuinte do imposto é:

I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

Já o art. 104 do Regulamento Aduaneiro, também seguindo a redação mais moderna que o Decreto-lei 2.472, de 1.º09.1988, deu ao Decreto-lei 37/1966, prevê como contribuinte do imposto:

I – o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro;

II – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; e

Contribuintes

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CIII – o adquirente de mercadoria entrepostada.

Em regra por homologação. O importador elabora a DI (Declaração de Importação) e a registra no SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior). Posteriormente, caberá a um Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil homologar.

DBA – Declaração de Bagagem Acompanhada por declaração.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

A regra é o regime aduaneiro comum que regula os casos em que a mercadoria entra no território nacional para ficar. Mas existem certos casos em que, mesmo ocorrendo o fato gerador, a legislação excepciona, não cobrando os tributos para mercadorias que entrem temporariamente ou por uma política de incentivo a determinadas atividades. Dá-se o nome de regimes ”aduaneiros especiais” e dos “regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais”.

O prazo de suspensão dos tributos é disciplinado nos arts. 307 e 263 do Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009), sendo a regra o lapso de at é um ano, prorrogável por per í odo n ã o superior, no total, a cinco anos . A título excepcional, em casos devidamente justificados, o prazo poderá ser prorrogado por per í odo superior a cinco anos , observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda.

Lançamento

Regimes aduaneiros especiais e aplicados em áreas especiais

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CSe o regime for aplicado a mercadoria vinculada a contrato de

prestação de serviços, por prazo certo, o prazo será o previsto no contrato. Prorrogável na mesma medida deste.

Visão Geral:

Imposto de Exportação (IE)

É um imposto extrafiscal.

Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional.

Do mesmo modo como ocorre com o II o IE tem o seu marco temporal indicado no regulamento aduaneiro como o registro da exportação no SISCOMEX.

Art. 213/Regulamento Aduaneiro – (...)

Parágrafo único. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro de exportação no Sistema Integrado de Com é rcio Exterior (Siscomex ).

Segue a mesma lógica do II quanto a indiferença se a compra já foi fechada. Se o tributo mudar no meio do caminho o exportador irá pagar.

Art. 24. A base de cálculo do imposto é:

Fato Gerador

Base de Cálculo

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CI - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento.

O Regulamento Aduaneiro trata da base de cálculo do IE em seu art. 214, nos seguintes termos:

Art. 214. A base de cálculo do imposto é o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pela Câmara de Comércio Exterior (Decreto-lei 1.578, de 1977, art. 2.º, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158-35, de 2001, art. 51).

§ 1.º Quando o preço da mercadoria for de difícil apuração ou for suscetível de oscilações bruscas no mercado internacional, a Câmara de Comércio Exterior fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração da base de cálculo (Decreto-lei 1.578, de 1977, art. 2.º, § 2.º, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158-35, de 2001, art. 51).

§ 2.º Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou de produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e da margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições (Decreto-lei 1.578, de 1977, art. 2.º, § 3.º, com a redação dada pela Lei 9.716, de 1998, art. 1.º).

Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Já o RA, em seu art. 217, assim diz:

Art. 217. É contribuinte do imposto o exportador, assim considerada qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do território aduaneiro.

Contribuintes

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Nas raríssimas hipóteses em que há a incidência de IE com alíquota diferente de zero, o tributo é lançado por homologação.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto de Renda (IR)

Art. 153/CF. Compete à União instituir impostos sobre: (...)

III - renda e proventos de qualquer natureza;

Lançamento

Regimes aduaneiros especiais na exportação

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CFinalidade marcantemente fiscal. É o maior arrecadador entre os

impostos federais.

O conceito de renda compreende o produto do capital (como os rendimentos obtidos com uma aplicação financeira), do trabalho (como o salário recebido pelo empregado) ou da combina çã o de ambos (como o lucro).

O conceito de proventos é definido por exclus ã o , compreendendo todos os acréscimos patrimoniais não enquadráveis no conceito legal de renda. Ex.: lucros decorrentes de atividade criminosa.

Art. 153/CF (...)

§ 2º O imposto previsto no inciso III: (IR)

I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

A determinação constitucional decorre dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, pois é a necessidade de se tratar de maneira semelhante as pessoas que se encontrem em situação equivalente (sentido horizontal da isonomia), de forma a impor que todas as pessoas (generalidade) e todas as rendas e proventos (universalidade) estejam sujeitos à incidência do IR. Da mesma forma, é a exigência de tratar de maneira diferenciada as pessoas que se encontrem em situações desiguais, na proporção das desigualdades entre elas havidas (sentido vertical da isonomia), impondo que as al í quotas do imposto sejam maiores para os rendimentos ou proventos mais elevados (progressividade).

Obs.: as verbas de natureza indenizatória, por servirem apenas para recompor o patrimônio jurídico dos beneficiários, não o aumentando, não estão sujeitas ao imposto.

Princípios constitucionais aplicáveis ao IR

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CObs.: IR não está sujeito ao princípio da noventena. Qualquer

alteração já será levada em conta no exercício seguinte, mesmo que um dia antes de virar o ano.

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.    (Peunia non olet)

§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.     

O que define o fato gerador do IR é a aquisição de “disponibilidade econômica” ou “disponibilidade jurídica”.

A. Aquisição de disponibilidade jurídica é a obtenção de direitos de créditos, não sujeitos a condição suspensiva; Ex.: recebimento de cheque.

B. Aquisição de disponibilidade econômica é a obtenção da faculdade de usar, gozar e dispor de dinheiro ou coisas nele conversíveis, entrados para o patrimônio do adquirente por ato ou fato jurídico. Ex.: recebimento em dinheiro.

Fato Gerador

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CCom relação a legislação exigida pelo §2° para definir o momento em

que se considera disponibilizado o lucro, trata-se da MP 2.158-35 de 24/08/2001 em seu artigo 74:

Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei n. 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior ser ã o considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balan ç o no qual tiverem sido apurados , na forma do regulamento.

Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor.

A Fazenda alega que as empresas nacionais investidoras se submetem ao Método da Equivalência Patrimonial – MEP, em que o investimento em controladas e coligadas é avaliado e atualizado mediante a aplicação do percentual que a investidora tem de participação controlada ou coligada sobre o valor do Patrimônio Líquido de cada uma destas. Dessa forma, a apuração dos lucros no exterior, por aumentar o patrimônio líquido da controlada ou coligada, repercutiria como aumento patrimonial (lucro) da investidora brasileira.

- pode essa mera apuração de lucro no exterior ser considerada disponibilização de renda no Brasil? O STF decidiu o seguinte:

A. APLICÁVEL a controladas que estejam situadas em paraíso fiscal;

B. NÃO APLICÁVEL a coligadas que estejam fora de paraíso fiscal.

Obs.: O STF se omitiu com relação às controladas fora de paraíso fiscal nem para as coligadas em paraíso fiscal. Tal situação ocorreu porque a Corte se dividiu, com quatro Ministros votando pela inconstitucionalidade total do dispositivo e quatro pela constitucionalidade total.

Base de Cálculo

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C

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Lucro real (ou líquido) significa que o contribuinte efetivamente calcula seu lucro, abatendo as despesas legalmente autorizadas.

Lucro presumido (opção possível para alguns contribuintes), o sujeito passivo aplica um percentual legal sobre o valor de sua receita bruta, obtendo como resultado um montante que se presume ser seu lucro.

Lucro arbitrado é aplicado quando não é possível o cálculo preciso do lucro real e o contribuinte não cumpre os requisitos para a tributação com base no lucro presumido. Ex.: sujeito passivo não cumpre regularmente sua obrigação acessória de escriturar livros fiscais.

Obs.: É de grande relevância saber, que é possível o arbitramento por iniciativa do contribuinte, desde que conhecida a receita bruta e caracterizada uma das hipóteses de arbitramento. A previsão consta do art. 531 do RIR/99.

A base de cálculo do IRPF (IR de pessoa Física) é basicamente a diferença positiva entre:

a) todos os rendimentos percebidos durante o ano-calendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva;

b) as deduções legalmente previstas (despesas com saúde, educação, previdência social oficial e privada, livro caixa, pensão alimentícia e valor padrão por dependente).

Contribuintes

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CArt. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis.

Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.

Trata-se de lançamento por homologação.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Trata-se de um tributo extrafiscal (mas há divergência). É a segunda maior arrecadadora entre os impostos federais (só é menor que a do IR) e por esse motivo muitos entendem que sua finalidade fiscal ganhou grande relevância devendo o contribuinte ser protegido da mudança repentina de alíquota.

É exceção à anterioridade do exercício financeiro, embora seja submetido à noventena.

Art. 153, CF (...)

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

Lançamento

Seletividade

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CI - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

O imposto sobre produtos industrializados é necessariamente seletivo, de forma que suas alíquotas devem ser fixadas de acordo com a essencialidade do produto, sendo menores para os gêneros considerados essenciais e maiores para os supérfluos.

Art. 153, CF (...)

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;;

Art. 49, CTN. O imposto é não cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.

A não cumulatividade é técnica que tem por objetivo limitar a incidência tributária nas cadeias de produção e circulação mais extensas, fazendo com que, a cada etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa.

A cada aquisição de insumo, o adquirente ganhará um “crédito” que dará ao contribuinte o direito de recuperá-lo nas operações seguintes (“IPI à recuperar); e a cada alienação de produto o alienante registra um débito que será uma obrigação do contribuinte. recolher o valor devido aos cofres públicos federais ou compensá-lo com os créditos obtidos nas operações anteriores (trata-se do “IPI a recolher”). Periodicamente, faz-se uma comparação entre os débitos e créditos. Caso os débitos sejam superiores aos créditos, o contribuinte deve recolher a diferença aos cofres públicos. Caso os créditos

Não Cumulatividade

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Csejam maiores, a diferença pode ser compensada posteriormente ou mesmo, cumpridos determinados requisitos, ser objeto de ressarcimento.

ATENÇÃO:

Entrada Onerada x Saída Onerada

Entrada Desonerada x saída Onerada:

Entrada Onerada x saída Desonerada:

NÃO CUMULATIVIDADE.

Tem direito a crédito para compensar.

Art. 153, §3°, II, CF.

Se o insumo adquirido for isento, não tributável ou com alíquota zero, não haverá direito a crédito para o adquirente no repasse do produto. (sessão STF 15/02/2007).

Se os insumos forem adquiridos com cobrança do IPI, mas o produto resultante da industrialização for sem a cobrança do tributo (não incidência, isenção ou alíquota zero) haverá o direito ao crédito. Mas depende de expressa previsão em lei (atualmente a Lei 9.779/1999).

Art. 153, CF (...)

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

Pelo o inciso III o legislador resolveu imunizar exportações de produtos industrializados.

Imunidades

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CTambém são imunes ao IPI:

A. Os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (CF, art. 150, VI, d);

B. O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (CF, art. 153, § 5.º);

C. Energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais no País (CF, art. 155, § 3.º).

Art. 153, CF (...)

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

O objetivo do benefício foi incentivar a aquisição de bens de capital (primordialmente as máquinas) por parte do industrial, principal contribuinte do imposto.

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador:

I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;

III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Incentivo na aquisição de bens de capital

Fato Gerador

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CParágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

O Decreto 7.212/2010 (Regulamento do IPI – RIPI)

Art. 35. Fato gerador do imposto é (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 2.º):

I – o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou

II – a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.

----------------------------------------------------------------x--------------------------------------------------------------

Art. 2.º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI (Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1.º, eDecreto-Lei n.º 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1.º).

Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação ‘NT’ (não tributado) (Lei n.º 10.451, de 10 de maio de 2002, art. 6.º).

Art. 3.º Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária (Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei n.º 4.502, de 1964, art. 3.º).

Art. 4.º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei n.º 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei n.º 4.502, de 1964, art. 3.º, parágrafo único):

I – a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação);

II – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento);

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CIII – a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem);

IV – a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento);ou

V – a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento).

Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.

Art. 47. A base de cálculo do imposto é:

I - no caso do inciso I do artigo anterior, (produto precedente do exterior) o preço normal, como definido no inciso II (o preço normal que produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação...) do artigo 20, acrescido do montante:

a) do imposto sobre a importação;

b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;

c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;

II - no caso do inciso II do artigo anterior (saída de mercadoria do estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante):

a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;

b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;

III - no caso do inciso III do artigo anterior (arrematação de produto apreendido ou abandonado e levado a leilão), o preço da arrematação.

Base de Cálculo

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C

Art. 51. Contribuinte do imposto é:

I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;

IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

O IPI é lançado por homologação.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

Finalidade Extrafiscal.

Art., 153, CF – (...) 

Contribuintes

Lançamento

IOF sobre o Ouro

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C§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo (IO F) , devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

O ouro é encontrado basicamente de duas formas:

A. Quando o ouro é mercadoria: não há qualquer especificidade digna de nota, pois sobre ele incidirão os tributos que ordinariamente incidem sobre as mercadorias (ICMS, IPI, II, IE).

B. Quando o ouro é meio de pagamento: deve ser tratado como moeda. Logo não poderá ser cobrado os impostos de mercadoria citados acima e será cobrado exclusivamente o IPI, conforme dispõe o artigo acima.

Obs1.: Como afirma o dispositivo, a incidência do IOF-ouro s ó é poss í vel na operação de origem, ou seja, na primeira operação, que é o desembaraço aduaneiro, quando oriundo do exterior, ou a aquisição por instituição autorizada, não sendo legítima a tributação das operações subsequentes.

Obs2.: Apesar de o IOF ser um imposto federal, no caso da tributação do ouro ativo financeiro ou instrumento cambial, toda a arrecadação é transferida aos Estados (30%) e Municípios (70%).

Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:

Fato Gerador

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CI - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;

II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;

III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.

Obs.: O STF entende que os saques realizados em caderneta de poupan ç a não se equiparam a operação de crédito para efeito de cobrança do IOF, tendo declarado inconstitucional dispositivo legal que previa tal incidência.

STF – Súmula 664 – “É inconstitucional o inciso V do art. 1.º da Lei 8.033/1990, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança”.

Art. 64. A base de cálculo do imposto é:

I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros;

II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;

III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;

Base de Cálculo

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CIV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:

a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;

b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;

c) no pagamento ou resgate, o preço.

Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

O lançamento é por Homologação.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR)

É um imposto extrafiscal. As alíquotas não são fixadas, portanto, de modo a otimizar a arrecadação. O que se quer é tributar de uma maneira mais gravosa as propriedades menos produtivas, de forma a desestimular a manutenção da situação. Quanto menos se usa, mais paga.

É importante ressaltar que apesar de ser extrafiscal o ITR está sujeito ao pacote completo: legalidade, da noventena, da anterioridade e de todas as demais limitações constitucionais.

Contribuinte

Lançamento

Progressividade

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C

Art. 153, CF: (...)

§ 4º O imposto previsto no inciso VI (ITR) do caput:     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

A legislação do tributo criou uma tabela de incidência cuja diretriz é aumentar o tributo proporcionalmente à á rea do im ó ve l tributado e de maneira inversamente proporcional ao grau de utiliza çã o , de forma que a maior alíquota prevista (20%) é aplicável aos latifúndios improdutivos (área acima de cinco mil hectares e grau de utilização de até 30%)

O constituinte originário optou por imunizar o ITR com relação as pequenas glebas rurais definida em lei (9.393/96) quando o proprietário não possua outro imóvel.

Art. 2.º Nos termos do art. 153, § 4.º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, s ó ou com sua fam í lia, o proprietário que n ã o possua outro im ó vel.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a:

I – 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-matogrossense;

II – 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;

III – 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

Imunidade das pequenas glebas

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CAlgumas injustiças começaram a aparecer nos casos concretos: “A”

possuía um imóvel de 30 hectares e se encaixava no conceito de pequena gleba, portanto, não pagando o ITR; “B’, por outro lado, tinha dois imóveis de 10 hectares, mas não tinha direito a isenção porque tinha mais de um imóvel, embora com propriedade menor que a de “A” (30 hectares).

A injustiça foi sanada pela mesma Lei 9.393/1996:

Art. 3.º São isentos do imposto:

(...)

II – o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:

a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;

b) não possua imóvel urbano.

A E.C 45/2003 passou a possibilitar que os municípios, que assim optarem, na forma da lei, passassem a fiscalizar e cobrar o ITR desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

O município passa a ter duas opções: 1) aceitar ser o titular da arrecadação e receber tudo que foi arrecadado; 2) Não querer ser o titular e receber apenas 50% do que a União arrecadar.

Art. 158. Pertencem aos Municípios: (...)

II – cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4.º, III.

Possibilidade de Delegação da

Fiscalização e cobrança

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C

Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a *posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

Bem * “imóvel por natureza” é o solo com a sua superf í cie, os seus acess ó rios e adjac ê ncias naturais , compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.

Bem imóvel por acessão física tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano.

Repare que o fato gerador o ITR é apenas o bem imóvel por natureza - típico das culturas características das explorações de propriedades rurais. Tanto é assim, que ele usa apenas a expressão “territorial” e não predial (que seria imóvel por acessão física). Como é um tributo extrafiscal, ele não quer desestimular (onerando com impostos) quem deseja dar uma função social ao imóvel, construindo um prédio, por exemplo.

Obs.: Repare como no IPTU a incidência é tanto sobre imóveis por natureza como por acessão física, pois se trata de um tributo de natureza fiscal. No IPTU usa-se a expressão propriedade “predial e territorial” (imóvel por natureza e por acessão física).

Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.

Valor fundiário = valor da terra nua tributável

Ou seja, o valor do imóvel excluídos os valores relativos a:

Fato Gerador

Base de Cálculo

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CA. Construções, instalações e benfeitorias;

B. Culturas permanentes e temporárias;

C. Pastagens cultivadas e melhoradas;

D. Florestas plantadas;

(art. 35 do regulamento do ITR + art. 10 § 1.º, I, da Lei 9.393/1996).

Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

Proprietário é quem possui título de domínio devidamente registrado no Cartório de Imóveis.

Titular do domínio útil é quem recebeu do proprietário o direito de usar, gozar e dispor da propriedade, conservando o domínio direto. É o caso do enfiteuta ou foreiro nos casos de constituição de enfiteuses.

Possuidor é todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Obs.: o STJ entende que não é devido a cobrança de ITR de proprietário que teve sua posse invadia (MST, por exemplo). Pois estaria agindo com iniquidade, cobrando um tributo decorrente de sua própria falha na prestação de serviço de segurança pública.

Contribuintes

Lançamento

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CÉ lançamento por Homologação.

Obs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...)

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

A União não utilizou tal competência, de forma que o tributo não foi efetivamente instituído.

IMPOSTOS ESTADUAIS

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (ITCMD)

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (ICMS)

III - propriedade de veículos automotores.  (IPVA)

O Senado Federal ganha grande destaque no estudo dos impostos estaduais.

Assim, compete ao Senado Federal:

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CA. Estabelecer as al í quotas m á ximas do ITCMD (CF, art. 155, § 1.º, IV);

B. Estabelecer as alíquotas do ICMS aplicáveis às opera çõ es e presta çõ es interestaduais. Nessa situação, a resolução do Senado depende da iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores e da aprovação pela maioria absoluta dos membros daquela Casa Legislativa (CF, art. 155, § 2.º, IV);

C. Estabelecer as alíquotas do ICMS aplicáveis nas exportações (CF, art. 155, § 2.º, IV); Revogado pela EC 42/2003.

D. Facultativamente estabelecer as al í quotas m í nimas e m á ximas nas opera çõ es e presta çõ es internas . A primeira hipótese exige resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta dos Senadores; a segunda exige resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços dos membros da Casa (CF, art. 155, § 2.º, V, a e b);

E. Estabelecer as al í quotas m í nimas do IPVA (CF, art. 155, § 6.º, I).

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; 

Possui natureza Fiscal.

Não incide sobre as transmissões originárias, como por usucapião (art. 1.238 do Código Civil) ou por acessão (art. 1.248 do Código Civil).

Importante:

A redação do CTN sobre o ITCMD atribui-lhe tanto competência para transmissões gratuitas como onerosas. Por isso deve-se tomar cuidado e

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Cinterpreta-lo à luz da constituição que atribui a arrecadação das transmissões gratuitas ao estado (ITCMD) e as transmissões onerosas ao município (ITBI).

Art. 155, CF: (...)

§ 1º O imposto previsto no inciso I: 

IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

O STF entende que não pode o Estado ou o Distrito Federal editar lei afirmando genericamente que a alíquota do seu ITCMD é igual à alíquota máxima fixada pelo Senado, de forma que se este alterar a alíquota máxima, imediatamente a alíquota estadual se tenha por alterada. Se o senado alterar o limite máximo da alíquota, o estado, querendo equiparar, deverá editar uma nova lei.

§ 1º O imposto previsto no inciso I: 

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal

II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao 1Estado onde se processar o inventário ou arrolamento (causa mortis), ou tiver 2domicílio o doador, ou ao Distrito Federal (doação);

III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

A fixação de alíquotas máximas pelo Senado Federal

– Vinculação e progressividade

Estado (ou DF) competente para cobrança

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Cb) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;

Como a lei complementar reclamada pelo dispositivo ainda não foi editada, os Estados têm se utilizado da autorização do art. 24, § 3.º, da CF/1988 e exercido a competência legislativa plena, disciplinando a situação por lei própria, diante da omissão da união.

Resumindo:

Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador:

Fato gerador

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CI - a transmissão, *a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;

II - a transmissão, *a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia;

III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II.

Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários.

* à luz da CF/88 deve-se interpretar apenas como “transmissões gratuitas”, haja vista que as transmissões onerosas são de competência municipal (ITBI).

Na sucessão causa mortis a abertura da sucessão se dá no exato momento da morte (art. 1.784/CC), logo a alíquota que deve ser levada em conta é a vigente ao tempo da abertura da sucessão (morte):

Súmula STF 112 – O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

Embora a transmissão da propriedade ocorrer com a abertura da sucessão (morte), somente haverá o pagamento do tributo após a avaliação dos bens do espólio, o cálculo do tributo e a homologação deste cálculo (arts. 1.003 a 1.013 do Código do Processo Civil):

Súmula STF 113 – O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.

Súmula STF 114 – O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do cálculo.

Na transmissão por doação existe uma regra para os 1bens móveis e para os 2bens imóveis.

No caso de 1bens imóveis a regra é que transmissão só se dá após o registro do título translativo no Registro de Imóveis. Entretanto, a maioria das legislações estaduais cobra o ITCMD antes do registro no cartório,

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Cincumbindo os tabeliões a exigirem no momento do registro o comprovante de pagamento do imposto.

No caso dos 2bens móveis a transmissão se dá pela tradição (entregar, ceder, etc...). Assim, entregue o bem por doação, está configurado o fato gerador para cobrança do ITCMD. Aqui também acontece de na prática ser necessário pagar o imposto antes.

Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

Valor venal = valor de mercado dos bens ou direitos transmitidos

Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

No caso de sucessão causa mortis, parece razoável admitir que a definição do contribuinte deva recair sobre o sucessor (herdeiro ou legatário), pois não parece que o espólio tenha relação pessoal e direta com o fato gerador, podendo, no máximo, ser nomeado responsável.

No caso de doação, fica livre o legislador estadual para definir como contribuinte o doador ou o donatário.

Trata-se de lançamento por declaração.

Base de Cálculo

Contribuintes

Lançamento

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CObs.: como ocorre com qualquer tributo, verificando a ausência ou diferença no pagamento os valores devidos devem ser objeto de lançamento de ofício, respeitado o prazo decadencial.

Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços (ICMS)

TEORIA DO FATO GERADOR

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CPrimeira Divisão

Terceira divisão

Segunda divisão

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