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PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃOINDIRETA MOVIDA EM DESFAVOR DA TERRACAP –OCUPAÇÃO ABUSIVA OU IRREGULAR ATRIBUÍDA ÀFUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO DISTRITO FEDERAL.ILEGITIMIDADE PASSIVA.
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rgo: Segunda Turma Cvel Classe: APC - Apelao Cvel Num. Processo: 52.964/99 Apelante: TERRACAP - COMPANHIA IMOBILIRIA DE BRASLIA Apelados: FRANCISCO JOS DA ROCHA E OUTRA Relator: DESEMBARGADOR EDSON ALFREDO SMANIOTTO Revisor e Relator Designado: DESEMBARGADOR ROMO C. OLIVEIRA
EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAO
INDIRETA MOVIDA EM DESFAVOR DA TERRACAP OCUPAO ABUSIVA OU IRREGULAR ATRIBUDA FUNDAO ZOOBOTNICA DO DISTRITO FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
Desapropriao indireta a destinao dada ao abusivo e irregular apossamento do imvel particular pelo Poder Pblico, com sua conseqente integrao no patrimnio pblico, sem obedincia s formalidades e cautelas do procedimento expropriatrio, rendendo azo ao manejo de ao pelo lesado para ser indenizado, do mesmo modo que seria caso o Estado houvesse procedido regularmente. Essa ao h de ser proposta contra o ente estatal que praticou a ocupao abusiva ou irregular.
Se a Fundao Zoobotnica ocupou terras de particulares, sem a prvia e justa indenizao em dinheiro (art. 5, XXIV da CF), em desfavor deste ente estatal que deve ser movida a ao de desapropriao indireta. A TERRACAP, que recebeu delegao do poder pblico para promover os atos inerentes ao processo de desapropriao, parte ilegtima, at porque a sua omisso, em tese, no produz qualquer dano contra o proprietrio. O ato danoso promana da abusiva ou irregular ocupao cometida.
Acrdo
Acordam os Desembargadores da Segunda Turma
Cvel do Tribunal de Justia do Distrito Federal e dos Territrios, EDSON
ALFREDO SMANIOTTO - Relator, ROMO C. OLIVEIRA - Revisor, ADELITH DE
APC 52.964/99
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CARVALHO LOPES - Vogal, sob a presidncia do segundo, em DAR
PROVIMENTO APELAO CVEL, ACOLHENDO-SE A PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA TERRACAP, POR MAIORIA, VENCIDO O
RELATOR, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigrficas.
Braslia (DF), 19 de junho de 2000.
Desembargador ROMO C. OLIVEIRA Presidente e Relator Designado
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R E L A T R I O
FRANCISCO JOS DA ROCHA e ELVINA LOPES DA
FONSECA interpuseram ao de conhecimento contra a COMPANHIA
IMOBILIRIA DE BRASLIA - TERRACAP, buscando o pagamento de
indenizao decorrente de desapropriao indireta.
Alegam os autores, em sntese, que por escritura pblica
de compra e venda, o primeiro requerente adquiriu vrias glebas de terras da
Fazenda Monjollos, perfazendo um total de 6.631,312 hectares, dos quais
4.831,3125 hectares se encontram dentro dos limites do Distrito Federal.
Sustentam os apelados que inobstante o disposto no art.
2 do Decreto 6.004/81, a TERRACAP, incumbida de efetivar a desapropriao,
at hoje no tomou qualquer providncia em relao s terras dos autores,
embora j tenha desapropriado outras glebas, integrantes da referida Reserva.
Desta forma, as terras ainda continuam em nome do primeiro requerente.
Ao final, requerem a condenao da r ao pagamento da
indenizao pleiteada na inicial, em quantia a ser apurada em liquidao de
sentena por arbitramento, bem como ao pagamento de juros destinados a
compensar a indisponibilidade do imvel pelos autores desde a data do efetivo
apossamento da terra pelo Poder Pblico at o pagamento da indenizao,
custas judiciais e honorrios, fixados em 20% sobre o valor da condenao.
COMPANHIA IMOBILIRIA DE BRASLIA - TERRACAP,
em contestao, suscitou preliminarmente a carncia da ao e a ilegitimidade
passiva ad causam. No mrito, alega que no apossou-se administrativamente da
rea e sugere que os documentos apresentados pelos autores, documentos
relacionados propriedade da gleba em litgio, podem ser falsificados.
O Ministrio Pblico manifestou-se s fls. 279/281 e 285
para que fosse realizada a percia.
s fls. 286/287 o MM. Juiz determinou que fosse expedido
mandado de verificao para constatar quem efetivamente ocupou a rea litigiosa
e, portanto, deve compor o plo passivo da relao processual.
Agravo interposto pelos autores as fls. 332.
Os Oficiais de Justia as fls. 301/304, certificaram que
foram informados pelo chefe da administrao da Reserva Biolgica de guas
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Emendadas que a rea se encontra completamente desocupada, no sendo
objeto de nenhuma disputa, estando na posse e domnio da Reserva (fls. 330).
O MM. Juiz solicitou informao do Distrito Federal para
que informasse qual o rgo que primeiro ocupou o imvel em litgio. A
informao foi no sentido de que a Fundao Zoobotnica foi quem ocupou
primeiramente o referido imvel.
s fls. 403/404 a COMPANHIA IMOBILIRIA DE
BRASLIA - TERRACAP, insiste na sua ilegitimidade para figurar na presente
ao.
Deciso interlocutria s fls. 411/417, tendo o MM. Juiz
rejeitado as preliminares de carncia da ao e a ilegitimidade passiva ad causam
da TERRACAP. Foi rejeitada tambm a argio de falsidade documental
levantada pela r, e indeferido o pedido de desentranhamento de documentos
acostados pelo Distrito Federal, a pedido dos autores. Foi indeferido a produo
de prova pericial pleiteada pelo Ministrio Pblico, em decorrncia da inexistncia
de controvrsia acerca da localizao da rea ou de suas dimenses, no tendo a
r oferecido qualquer resistncia a este respeito. Indeferido tambm a produo
da prova oral requerida pelos autores.
Acrescento que a ao foi julgada procedente para
condenar a r ao pagamento de indenizao aos autores, em face do ato ilcito
praticado desapropriao indireta/esbulho possessrio , da rea de terras das
quais so proprietrios, num total de 3.689,6277 hectares (trs mil, seiscentos e
oitenta e nove hectares, sessenta e dois ares e setenta e sete centiares),
localizadas na Reserva Biolgica de guas Emendadas, declaradas de utilidade
pblica para fins de desapropriao pelo Decreto Distrital n 6.004/81. A data da
efetiva ocupao e o valor da indenizao, em dinheiro, devero ser apurados em
liquidao de sentena por arbitramento. No clculo e pagamento da indenizao
devero ser observadas as Smulas 12, 67 ,69 ,70 ,102 e 114 do colendo STJ.
Os juros compensatrios sero de 12% (doze por cento) ao ano, e os juros
moratrios no percentual de 6% (seis por cento) ao ano. A correo monetria
dever ser integral at o efetivo pagamento. A r foi condenada ao pagamento
das custas e honorrios, fixados em 7% sobre o valor atualizado da indenizao,
aplicando-se a smula 131 do col. STJ, atento ao pargrafo 4 do art. 20 do
Cdigo de Processo Civil. O MM. Juiz decidiu que aps o pagamento, esta
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sentena valer como ttulo hbil para a transferncia do domnio no Registro
Imobilirio competente.
COMPANHIA IMOBILIRIA DE BRASLIA - TERRACAP,
inconformada, apelou sustentando a ilegitimidade de parte e a nulidade da
sentena pela omisso na anlise das provas carreadas aos autos pela r.
Contra-razes as fls. 493/504.
A douta Procuradoria de Justia as fls. 510/515, pugnou
pelo conhecimento e provimento do recurso com a extino do processo sem
julgamento do mrito.
Houve preparo, conforme guia de fls. 490.
o que consta.
V O T O S
O Senhor Desembargador Edson Alfredo Smaniotto
(Relator) - Senhor Presidente, o disposto no art. 4 do Decreto 6.004/81 dispe o
seguinte:
Art. 4 - As despesas com a execuo deste
Decreto (decreto expropriatrio) sero efetuadas pela Terracap
conta do Distrito Federal.
Como se v, os encargos financeiros sero suportados
pelo Distrito Federal e a execuo caber Terracap.
Parece-me, Senhor Presidente, de solar clareza que
devesse o Distrito Federal, que uma personalidade jurdica autnoma, figurar
obrigatoriamente no plo passivo dessa demanda. No possvel que a
Terracap, litigando contra Francisco Jos da Rocha e Elvina Lopes da Fonseca,
venha suportar uma sucumbncia que ser arcada pelo Distrito Federal que no
integra a lide.
Em rpidas palavras, suscito, de ofcio, a nulidade do
processo, a partir da citao, para que o Distrito Federal possa integrar a relao
jurdico-processual como litisconsorte necessrio.
Peo destaque para essa questo preliminar, Senhor
Presidente.
O Senhor Desembargador Romo C. de Oliveira
(Presidente e Revisor) - Na verdade, teria tambm anotado este enfoque, mas
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no teria emprestado o mesmo brilho como V. Ex. o fizera; teria transferido para
segundo plano, porque h uma preliminar muito forte do Ministrio Pblico, a de
que a TERRACAP parte ilegtima.
O Senhor Desembargador Edson Alfredo Smaniotto
(Relator) - Preocupo-me, Excelncia, porque as questes esto arraigadas. Se
analisarmos, neste momento, a questo da legitimidade passiva da Terracap,
bem possvel que j estivssemos, por antecipao, resolvendo uma questo de
mrito, porque ele incide exatamente na desapropriao indireta, se os atos da
administrao teriam ou no influenciado na desapropriao direta, no
desapossamento tcito ou indireto.
A Senhora Desembargadora Adelith de Carvalho Lopes
(Vogal) - Data maxima venia, acolho a orientao do Desembargador Revisor,
porque, na realidade, a Terracap no pode responder por essa indenizao.
Os decretos de desapropriao so de iniciativa do Poder
Executivo do Distrito Federal. Simplesmente, a Terracap poder integrar a lide na
qualidade de administradora das terras pblicas deste ente federado.
A argio de ilegitimidade passiva da Terracap
questo de ordem pblica e pode ser conhecida em qualquer grau de jurisdio.
Deve-se extinguir o processo sem julgamento do mrito,
data maxima venia.
O Senhor Desembargador Edson Alfredo Smaniotto
(Relator) - Senhor Presidente, eminentes Desembargadores.
Conheo do recurso.
Cuida-se de Ao Ordinria interposta por Francisco Jos
da Rocha e Elvina Lopes da Fonseca contra Companhia Imobiliria de Braslia -
TERRACAP, objetivando a indenizao decorrente de desapropriao indireta.
COMPANHIA IMOBILIRIA DE BRASLIA - TERRACAP,
interps Agravo Retido (fls. 421/425), relativamente a preliminar de ilegitimidade
passiva ad causam.
A r. sentena de fls. 445/465 julgou procedente a ao
para condenar a r ao pagamento de indenizao aos autores, em face do ato
ilcito praticado desapropriao indireta/esbulho possessrio , da rea de
terras das quais so proprietrios, num total de 3.689,6277 hectares, localizadas
na Reserva Biolgica de guas Emendadas declaradas de utilidade pblica para
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fins de desapropriao pelo Decreto Distrital n 6.004/81. A data da efetiva
ocupao e o valor da indenizao, em dinheiro, devero ser apurados em
liquidao de sentena por arbitramento. No clculo e pagamento da indenizao
devero ser observadas as Smulas 12, 67, 69, 70, 102 e 114 do col. STJ. Os
juros compensatrios sero de 12% ao ano, e os juros moratrios no percentual
de 6% ao ano. A correo monetria dever ser integral, at o efetivo pagamento.
Condenada a r ao pagamento das custas processuais e honorrios, fixados em
7% sobre o valor atualizado da indenizao, aplicando-se a Smula 131 do col.
STJ, atento ao pargrafo 4 do art. 20 do CPC. Aps o efetivo pagamento, esta
sentena valer como ttulo hbil para a transferncia do domnio no Registro
Imobilirio competente.
Companhia Imobiliria de Braslia - TERRACAP,
inconformada, apelou restringindo o recurso to-somente alegao de sua
ilegitimidade para participar no plo processual e a nulidade da sentena pela
inexata apreciao das provas.
Preliminarmente, destaco o no conhecimento do Agravo
Retido interposto, tendo em vista a inobservncia do disposto no art. 523,
pargrafo 1 do CPC.
O Senhor Desembargador Romo C. de Oliveira
(Presidente e Revisor) - De acordo.
A Senhora Desembargadora Adelith de Carvalho Lopes
(Vogal) - De acordo.
O Senhor Desembargador Edson Alfredo Smaniotto
(Relator) - No seu recurso de apelao pugna a recorrente pela ilegitimidade de
parte.
Julgo no assistir razo apelante.
Sustenta a apelante que foi a Fundao Zoobotnica
quem se apossou da terra litigiosa, e, sendo assim, no poderia a TERRACAP ser
condenada ao pagamento de indenizao por desapropriao.
Por fora da Lei n 5.861/72, art. 2, a TERRACAP como
sucessora da NOVACAP, assumiu os direitos e as obrigaes relativas as
atividades imobilirias de interesse do Distrito Federal. Assim, mostra-se legtima
sua participao no rito processual.
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O tema recursal assemelha-se ao tratado nos Embargos
Infringentes na APC n 22496 no voto proferido pelo eminente Desembargador
Estevam Maia. Vejamos:
No Distrito Federal, a TERRACAP como
ocorria com sua antecessora NOVACAP que toca o nus de
expropriar as terras necessrias implantao de projetos e
servios de interesse do Distrito Federal. Basta ver o que dispe a
Lei n 5.6861/72, arts. 38 e 39, VI e VII (esta com a redao dada
pela Lei 6.581/78), legitimando a TERRACAP para essa atividade
e impondo a ela o encargo de doar Unio e ao Distrito Federal
os bens destinados quele fim. A seu patrimnio, pois,
inicialmente, que devem ser incorporadas as reas destinadas
aos projetos de interesses do Distrito Federal... seja em virtude de
ao expropriatria judicial por ela intentada, seja em decorrncia
de aes de natureza desta, cuja procedncia implicar na
transmisso da propriedade e quem dela deve dispor no interesse
da administrao pblica.
A legitimidade para a causa, portanto, determina-
se em face da pessoa a cujo patrimnio deve o bem transferir-se
em razo do irreversvel apossamento administrativo. E essa
pessoa a TERRACAP, que, por imposio do diploma legal, j
citado, excludente das demais rs (DF e FZDF). O fato de no
haver a TERRACAP como afirma se apossado diretamente da
rea no altera a equao, no s pelo acima exposto mas
tambm porque, no caso, a FZDF age como mandatria desta.
Entendo que a apelante ao receber os imveis do Distrito
Federal, deles tomou posse. Esta posse exercida pela TERRACAP , no entanto,
presumida, haja vista que posse no o contato fsico do possuidor com a coisa
mas sobretudo a visibilidade do domnio.
Ademais os art. 2 e 4 do Decreto 6.004/81, como
acertadamente citou o MM. Juiz em sua r. sentena, no deixam dvidas quanto a
responsabilidade da TERRACAP referente as terras do Distrito Federal. Vejamos:
Art. 2 - Caber a Companhia Imobiliria de
Braslia - TERRACAP, com a orientao e a assistncia de
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Procuradoria Geral do Distrito Federal, promover as medidas
necessrias desapropriao, pela via amigvel ou judicial,
utilizando o procedimento estabelecido no decreto-lei n 3.365 de
1941, com as modificaes que lhe foram feitas.
Art. 4 - As despesas com a execuo deste
Decreto sero efetuadas pela TERRACAP conta do Distrito
Federal.
Trago colao arestos que dirimem a questo:
REINTEGRAO DE POSSE IMVEL
INTEGRANTE DO PATRIMNIO IMOBILIRIO DO DISTRITO
FEDERAL ADMINISTRAO E RESPONSABILIDADE DA
TERRACAP LEIS 5.861/74 POSSE PRESUMIDA
LEGITIMIDADE PARA POSTULAR A REINTEGRAO
CARNCIA DE AO AFASTADA PROVIMENTO DO APELO.
A Terracap por fora de lei, tem competncia para administrar os
imveis integrantes do patrimnio imobilirio do Distrito Federal,
confiados e transferidos que lhe foram, quando de sua criao,
pela sua antecessora, a NOVACAP. Ao receber os imveis do
Distrito Federal, deles tomou posse a Terracap, por fora da
clusula constituti, (...).i
REINTEGRAO DE POSSE TERRACAP
LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. 1. A legitimidade da
Terracap para propositura de ao de reintegrao de posse,
resulta de sua qualidade de sucessora da NOVACAP, por fora
da Lei 5.861/72, sendo certo que ao obter o patrimnio, por fora
de disposio legal, adquiriu a posse dos imveis transferidos. 2.
A Lei 4.545/64, que dispe sobre a reestruturao administrativa
do Distrito Federal, declara que os imveis da TERRACAP no
so suscetveis de posse, mas de uso. (...)ii
Neste diapaso considero que a TERRACAP parte
legtima para figurar no polo passivo da presente ao.
como voto.
O Senhor Desembargador Romo C. de Oliveira
(Presidente e Revisor) - Conheo do recurso, eis que presentes os pressupostos
para seu exercitamento.
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Trata-se de desapropriao indireta, portanto, tem como
fundamento a ocupao indevida do bem pertencente ao particular.
Nada h nos autos que comprove tenha a apelante
ocupado o imvel. Ao contrrio, o Distrito Federal, atravs do Decreto n 6.004/81,
declarou de utilidade pblica o imvel que menciona, mas a TERRACAP no
tomou qualquer providncia. De sorte tal que, a meu aviso, o Decreto em testilha,
por si s, no gera a obrigao de indenizar. Se, mesmo no havendo o justo
processo de desapropriao, algum ente da Administrao direta ou indireta veio
a ocupar o imvel, f-lo por sua conta e risco e, como tal, quem, em tese,
produziu o dano.
Com acerto, verberou a Dra. Ana Luza Rivera s fls.
438/440, nestes termos:
O r. despacho saneador deve ser reformado, vez
que o feito no pode prosseguir, por ser a Terracap parte ilegtima
para figurar no plo passivo da demanda, devendo o feito ser
extinto sem julgamento do mrito. Nos termos do artigo 267, VI do
CPC.
Celso Antnio de Barros, in Curso de Direito
Administrativo, Malheiros Editores, 9 edio. 1997, p. 541, assim
define a desapropriao indireta:
Desapropriao indireta a destinao
dada ao abusivo e irregular apossamento do imvel
particular pelo Poder Pblico, com sua conseqente
integrao no patrimnio pblico, sem obedincia s
formalidades e cautelas do procedimento expropriatrio.
Ocorrida esta, cabe ao lesado recurso s vias judiciais para
ser plenamente indenizado, do mesmo modo que seria caso
o Estado houvesse procedido regularmente.
No h dvida que sendo o imvel integrado ao
patrimnio pblico devida indenizao pelo mesmo. Entretanto,
a obrigao de indenizar deve recair sobre quem efetivamente
praticou o ato de apossamento e no sobre a Terracap, que
apenas responsvel pela efetivao das desapropriaes
regulares.
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Neste sentido, j havia se manifestado o MM. Juiz
titular da 2 Vara de Fazenda Pblica no r. despacho de fls.
301/304 dos autos:
Volvendo ao caso concreto, portanto, e para
resgatar a verdade histrica, recupere-se o que este
Julgador afirmou sobre a inrcia da pessoa incumbida de
realizar a desapropriao: no h direito subjetivo imponvel
contra a entidade expropriante em razo de no ter sido
efetivada a desapropriao, mesmo havendo decreto caduco
declarando a utilidade, a necessidade pblica e o interesse
social. que, como esclarece a melhor doutrina, a nica
pena juridicamente possvel para inrcia, em casos que tais,
a caducidade do decreto expropriatrio, uma vez que a
inao da pessoa jurdica incumbida de efetivar a
desapropriao no determina a sua responsabilidade (Juiz
Arnoldo Camanho de Assis, sentena proferida nos autos do
processo n 28.672/93, em 18.12.95). Consigne-se ainda,
que a sentena ora referida trouxe trechos de doutrina e de
jurisprudncia pacfica do Supremo Tribunal Federal a
respeito do tema.
A Lei n 5.861/72 prev que a Terracap, empresa
pblica do integrante do complexo administrativo do Governo do
Distrito Federal, responsvel pela execuo das atividades
imobilirias de interesse do Distrito Federal, sendo ela, portanto, a
administradora do seu patrimnio imobilirio, podendo ser
responsvel pelas despesas decorrentes de desapropriao
direta, desde que previsto em decreto. Entretanto, no se pode
responsabiliza-la por apossamento ou qualquer outro ato ilegal,
realizado por outra empresa pblica ou rgo do GDF.
Restou demonstrado pela certido de fls. 330 e
documentos de fls. 367/371 dos autos que a rea em questo se
encontra na administrao da Secretaria de Agricultura e
Produo, e que o primeiro rgo que adentrou o imvel foi a
Fundao Zoobotnica do Distrito Federal, no tendo a Terracap
jamais tido a posse do imvel.
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Assim, no tendo o ato ilegal (apossamento) sido
efetuado pela Terracap, e no sendo esta responsvel pelos atos
ilcitos praticados pelo Distrito Federal e seus rgos, no pode
aquela figurar no plo passivo da presente ao de indenizao
por desapropriao indireta.
Igualmente judicioso mostra-se o parecer de fls. 510/515,
da lavra do eminente Procurador de Justia, Dr. Jos Meurer Ribeiro, onde se
colhe:
- Alega a TERRACAP ser parte ilegtima para
figurar no plo passivo da demanda, uma vez que esta somente
haveria nos casos de aes de desapropriao direta e
argumenta que somente o sujeito ativo do esbulho possessrio
que estaria apto a ser parte no presente processo, sendo que tal
ato se deve Fundao Zoobotnica do Distrito Federal,
conforme relatado em informao prestada pelo Distrito Federal
(fl. 362).
Com efeito, merece melhor anlise a questo.
cedio que a TERRACAP foi incumbida pelo Distrito Federal de
indenizar os anteriores proprietrios de imveis expropriados,
justa e previamente, nos termos da Constituio Federal. Consta
da Lei n 5.861/72, que a parte R responsvel pelas atividades
imobilirias de interesse da pessoa jurdica de direito pblico -
Distrito Federal como administradora dos imveis pblicos.
Nesse sentido, cumpre ressaltar que no se
poderia interpretar o art. 2 da Lei n 5.861/72, com a redao
dada pela Lei n 6.816/80, como clusula legitimadora capaz de
atribuir R a responsabilidade pelas indenizaes decorrentes
de atos ilcitos praticados pelos entes do Distrito Federal,
simplesmente por se tratar de, bens imveis e o art. 3, VI, da
referida Lei apenas confirma tal assertiva, ao afirmar que a
TERRACAP tem legitimidade para promover apenas as
desapropriaes autorizadas (diretas).
Ademais, atribuir legitimidade passiva
TERRACAP, diante da informao constante fl. 367, de que
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teria sido a Fundao Zoobotnica do Distrito Federal - FZDF, a
responsvel pelo esbulho da rea sub examine seria atribuir fora
ao Decreto Distrital. n 6.004, de 10 de junho de 1981 fls. 21/22)
que ele no tem.
Tratando-se de ato ilcito, deve responder pela
indenizao aquele que se apossou, cercando a rea ora em
debate. Tal assertiva de cristalina transparncia quando se
verifica o art. 6 do CPC, ao determinar que ningum poder
pleitear, em nome prprio, direito alheio, salvo quando autorizado
por lei. Lei que somente pode ser federal, em virtude da reserva
do art. 22, 1, da Constituio Federal, que estabelece
competncia privativa da Unio para legislar sobre direito
processual. Nesse sentido, no poderia um decreto expedido pelo
Distrito Federal afastar a legitimatio ad causam da FZDF e atribu-
Ia TERRACAP.
Tambm no se poderia aceitar a afirmao, que
fato, de que a Fundao Zoobotnica do Distrito Federal, sendo
apenas administradora dos imveis da TERRACAP, por fora do
Convnio n 35/98, celebrado entre ambas, mesmo em tendo
praticado o esbulho, no afastaria a responsabilidade da empresa
pblica. que a FZDF somente poderia administrar reas
pertencentes TERRACAP, jamais, no entanto, imitir-se na posse
de reas particulares como que agindo por ordem de terceiros. Se
praticou ato ilcito a FZDF, certamente no o fez por imposio de
nenhuma empresa pblica.
Por sua vez, quanto ao artigo 1.518, do CC, este
guarda inteira simetria com o art, 37, 6, da Constituio Federal,
sendo cedio que a responsabilidade civil extracontratual do
Estado depende da ocorrncia de um dano causado por agente
pblico, nessa qualidade e ainda, de nexo de causalidade entre a
referida conduta e o dano experimentado por terceiro; ou seja,
independentemente da invocao do Cdigo Civil, existe regra
prpria na Constituio Federal, para a qual tudo se resolve na
verificao do nexo causal. Presente esse, a responsabilidade
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surge. No obstante, para dar causa a determinado evento,
necessrio, no mnimo, que o agente venha a agir em concurso, o
que no ocorreu na espcie, conforme se observa da informao
prestada fl. 367.
Por oportuno, apenas argumentando, cabe
ressaltar que a ilegitimidade passiva ad causam da R tomou-se
aberrante: diante da falta de argumentos para contestar o pedido
formulado pelos Autores. Resumiu-se a defesa da referida
empresa pblica a se debater sobre a condio da ao, tendo,
inclusive, sido aplicado pelo Juiz sentenciante a confisso ficta
quanto localizao e dimenso da rea pretensamente:
ocupada pelo Poder Pblico.
Adoto, pois, s inteiras, a argumentao ministerial.
A ao que at agora foi dito ainda farei algumas
consideraes para responder a alguns enfoques novos contidos no voto do
eminente Relator. Observe-se: h um decreto do Distrito Federal determinando a
desapropriao dessas terras, impondo-se Terracap o nus de proceder na
forma da lei. A TERRACAP no cumpriu o decreto do Distrito Federal, no
promoveu, portanto, o competente processo para investidura pela forma legal no
imvel questionado nestes autos.
A TERRACAP teria, com a sua omisso, cometido ato
lesivo ao patrimnio dos autores ou teria cometido falta administrativa perante o
Distrito Federal? A meu aviso, a primeira resposta negativa.
Quanto aos autores, a Terracap no cometeu ato lesivo
algum. Bastaria que nenhum ente do Poder Pblico adentrasse na propriedade
privada. J diante do Distrito Federal, a situao diferente. A TERRACAP foi
desidiosa no cumprimento da ordem emanada do Executivo do Distrito Federal.
Em assim sendo, a TERRACAP parte ilegtima para
figurar no plo passivo da relao processual, onde os autores da propriedade
pretendem a indenizao pelo apossamento indevido, diga-se de passagem,
atribuda a outro ente do Distrito Federal, no caso, a Fundao Zoobotnica, hoje
j extinta.
Com efeito, se a Fundao Zoobotnica ocupou terras de
particulares, sem a prvia e justa indenizao em dinheiro (art. 5, XXIV da CF),
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em desfavor deste ente estatal que deve ser movida a ao de desapropriao
indireta. A TERRACAP, que recebeu delegao do poder pblico para promover
os atos inerentes ao processo de desapropriao, parte ilegtima, at porque a
sua omisso, em tese, no produz qualquer dano contra o proprietrio. O ato
danoso promana da abusiva ou irregular ocupao cometida.
Provejo, pois, o recurso, dando a TERRACAP como parte
ilegtima para figurar no plo passivo da relao processual. Os autores arcaro
com o nus da sucumbncia. Fixo a verba honorria devida ao patrono da
apelante em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
E o voto.
A Senhora Desembargadora Adelith de Carvalho Lopes
(Vogal) - Excelncia, tambm pedindo a mais respeitosa vnia ao eminente
Relator, estou acolhendo a preliminar de ilegitimidade da Terracap para integrar o
plo passivo da relao processual.
O Distrito Federal que teria a responsabilidade pela
indenizao e, se ele no integrou a lide, a Terracap no tem condio de
indenizar a parte como ela requer. Trata-se de questo de ordem pblica, que
pode ser reconhecida em qualquer grau de jurisdio.
Reafirmo meu entendimento de ilegitimidade de parte da
Terracap para integrar a lide.
O Senhor Desembargador Edson Alfredo Smaniotto
(Relator) - Senhor Presidente, desprezo a preliminar de ofcio, que ficou
prejudicada diante da seqncia do julgamento.
D E C I S O
Deu-se provimento ao recurso, acolhendo-se a preliminar
de ilegitimidade passiva da TERRACAP. Maioria. Vencido o Relator. Redigir o
acrdo o Revisor.
i TJDF 2 Turma Cvel DJ em 14/08/97 Des. Rel. Natanael Caetano. ii TJDF 4 Turma Cvel DJ em 12/11/97 Des. Rel. Haydevalda Sampaio.
Acrdo