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Filosofia

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  • Revista de Iniciao Cientfica da FFC, v. 6, n. 1/2/3, p. 46-53, 2006.

    LEIBNIZ E SUA CONCEPO DO MELHOR DOS MUNDOS*

    Rogrio VAGNA**

    RESUMO

    Trata-se, neste artigo, de examinar em que consiste o otimismo leibniziano, que garante ter Deus escolhido este como o melhor dos mundos, entre todos os possveis que se apresentaram a Ele. Concebendo haver um nmero infinito de substncias simples, das quais so formados os compostos, Leibniz defende estarem elas unidas numa harmonia j preestabelecida pelo Criador. Utilizando-se de leis simples e universais para criar, Deus conseguiria atingir a maior diversidade de fenmenos, e, portanto, a mxima perfeio no mundo. PALAVRAS-CHAVE: mnada; multiplicidade na unidade; harmonia preestabelecida; otimismo.

    Para que possamos entender o otimismo leibniziano, que garante ser este o melhor

    dos mundos possveis, preciso, antes de mais nada, compreender como se configura esta

    harmonia preestabelecida, da qual, segundo Leibniz, Deus teria dotado o mundo no

    momento da criao. A harmonia preestabelecida que se expressa nas vrias percepes e

    na mtua dependncia das mnadas seria alcanada porque Deus teria como critrio

    objetivo de perfeio a ntima relao existente entre a diversidade e a simplicidade, isto ,

    entre o mltiplo e o uno. Convm, no entanto, verificar o que Leibniz entende por mnada,

    visto ser entre elas que se estabelece tal harmonia.

    Caracterizando as mnadas como substncias unas e indivisveis que Leibniz

    comea sua Monadologia. Como substncias simples, ou seja, sem partes, as mnadas no

    podem apresentar extenso nem figura possveis, sendo consideradas como os verdadeiros

    tomos da Natureza, e, em uma palavra, os Elementos das coisas, tornando-se os

    compostos nada mais do que um agregado de mnadas.

    No sendo as mnadas substncias materiais, elas devem ser entendidas como uma

    fora em constante atividade. Ingnitas e imperecveis; criadas por Deus, s se extinguem

    por aniquilamento, por no participarem do processo de gerao e corrupo a que esto

    ** Graduando do curso de Filosofia, 3 ano da Faculdade de Filosofia e Cincias UNESP CEP 17525-900 Marlia, So Paulo Brasil, e-mail: [email protected] e membro do grupo de pesquisa Em torno do iluminismo, com orientao do Dr. Ubirajara Rancan de Azevedo Marques (e-mail: [email protected]).

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    sujeitos todos os compostos naturais, os quais acabam em partes. Tambm nenhuma de

    suas mudanas internas pode ser excitada, aumentada ou diminuda por outras criaturas, j

    que as Mnadas no tm janelas por onde qualquer coisa possa entrar ou sair(LEIBNIZ,

    1983a, p.105). No recebendo as mnadas influncia externa, faz-se necessrio que haja um

    princpio de mudana interno, que comporte a multiplicidade na unidade(LEIBNIZ,

    1983a, p.106), garantindo a pluralidade de afeces que elas devem ter.

    Cada estado passadouro representado por essa multiplicidade na unidade denomina-

    se percepo. As percepes de cada uma das mnadas se acomodam perfeitamente s das

    outras, de modo que toda substncia como um mundo completo e como um espelho de Deus, ou melhor, de todo o universo, expresso por cada uma sua maneira, pouco mais ou menos como uma mesma cidade representada diversamente conforme as diferentes situaes daquele que a olha (LEIBNIZ, 1983b, p.125).

    Essa pluralidade de percepes que as mnadas compreendem na sua unidade pode

    ser pensada analogamente com a atividade da nossa mente. Apesar de a mente ser una, seu

    contedo mltiplo e modifica-se a cada novo pensamento. Apetio chama-se tendncia

    que cada mnada possui internamente de mudar suas percepes, chegando sempre a um

    estado novo de representao.

    Dessa forma, temos assinalada a existncia de uma hierarquia de mnadas e,

    segundo Leibniz, no perceber isso foi o erro dos cartesianos. Se as mnadas representam o

    universo sob seus respectivos pontos de vista, e distinguem-se umas das outras pelas

    qualidades que lhes foram atribudas por Deus no momento de sua criao, haja vista no

    ser possvel encontrar-se na natureza dois seres exatamente idnticos, essa classificao se

    d pelo grau de perfeio de suas percepes, sendo to-s representaes ora mais claras,

    ora mais confusas de um mesmo todo. Da Leibniz designar mnadas ou entelquias as

    substncias simples, detentoras apenas de percepo, e denominar almas irracionais todas

    aquelas que possuem uma percepo mais clara e acompanhada de memria, a qual

    proporciona s almas uma certa consecuo que imita a razo. Eis o que possibilita aos

    cachorros, por exemplo, lembrar-se de uma dor sentida em percepo anterior, somente

    pelo fato de verem o pau que lhes proporcionou tal aflio. J os homens possuiriam o que

    se chama de Alma racional ou Esprito, pois so capazes de conhecer as verdades eternas,

    chegando cincia de si mesmos. Assim, afirma Leibniz, pensando em ns, pensamos no

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    Ser, na Substncia, no simples e no composto, no imaterial e at mesmo em Deus,

    concebendo como sem limites nele aquilo que em ns limitado(LEIBNIZ, 1983a, p.108).

    Esta ltima possui no somente simples percepes, mas apercepes, que seriam

    percepes dotadas de conscincia.

    No Prefcio dos Novos Ensaios, nosso autor se utiliza do exemplo do bramido do

    mar, ouvido quando estamos na praia, para mostrar possuirmos pequenas percepes

    desprovidas de conscincia, que somos incapazes de distinguir no conjunto de todas. Para ouvir este rudo como se costuma fazer, necessrio que ouamos as partes que compem este todo, isto , os rudos de cada onda, embora cada um desses pequenos rudos s se faa ouvir no conjunto de todos os outros conjugados, isto , no prprio bramir, que no se ouviria se esta onda que o produz estivesse sozinha (LEIBNIZ, 1988b, p.08).

    Concebendo haver um nmero infinito de mnadas, fontes de suas aes internas

    e, por assim dizer, Autmatos incorpreos(LEIBNIZ, 1983a, p.106), Leibniz elimina a

    dualidade entre res cogitans e res extensa. As mnadas representam tanto substncia

    quanto matria. Todavia, preciso explicar como elas, que no influenciam umas s outras,

    podem se relacionar.

    Uma sincronia existente entre as mnadas, da mesma maneira como dois relgios

    que marquem sempre a mesma hora, pode ser concebida de trs formas: 1) construindo-as

    de tal modo que exeram influncia uma sobre a outra; 2) encarregando seu Artfice de as

    ajustar continuamente; 3) construindo-as de maneira to perfeita que atuem em sincronia

    desde sua criao.

    Do que j foi dito, sabe-se que a primeira hiptese no pode ser aceita, pois uma

    mnada no pode exercer influncia sobre a ao de outra. Quanto ao Artfice ajustar

    continuamente suas criaturas, parece contrrio sabedoria divina ter de reajustar sua obra

    de quando em quando; o mecanismo criado por Deus seria to imperfeito quanto qualquer

    relgio produzido por um simples arteso. Com tanto no se nega que Deus mantm

    continuamente o conjunto de sua obra, mas apenas se diz que Ele no teria de intervir

    extraordinariamente no mundo. Embora at mesmo os milagres (entendidos pelas criaturas

    como aes extraordinrias) estejam em conformidade com a ordem geral. As leis naturais

    ou mximas subalternas devem ser entendidas como um costume de Deus, do qual pode

    dispensar-se, por causa de uma razo mais forte do que a que o moveu a servir-se destas

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    mximas(LEIBNIZ, 1983b, p.123). A terceira hiptese garantida pela idia de um

    movimento perfeito, assim a mesma fora e vigor subsiste sempre, passando somente de

    matria em matria, conforme as leis da natureza e a bela ordem

    preestabelecida(LEIBNIZ, 1988a, p.235).

    Na segunda carta de sua Correspondncia com Clarke Leibniz mostra como entende

    a relao de Deus com as criaturas. No digo que o mundo corporal uma mquina ou um relgio que anda sem a interveno de Deus, e professo absolutamente que as criaturas tm necessidade de sua influncia contnua; mas sustento que se trata de um relgio que anda sem ter necessidade de ser regulado, porque seno se deveria dizer que Deus volta atrs. Deus previu tudo e cuidou de tudo de antemo. Em suas obras h uma harmonia, uma beleza j preestabelecida (1988a, p.239).

    Sendo assim, cada uma das mnadas atua como se no houvesse outra. Entretanto, as aes

    de todas fazem parecer que se influenciam mutuamente. Dito isso, vem-se as razes a priori para as coisas no poderem suceder de outro modo. Porque Deus, ao regular o todo, atendeu a cada parte e muito em especial a cada Mnada, cuja natureza representativa nada conseguiria limitar representao de uma s parte das coisas, muito embora, na verdade, esta representao seja confusa apenas nos pormenores de todo o universo, e distinta apenas em pequena parte das coisas, isto , ou nas mais prximas ou nas maiores, relativamente a cada uma das Mnadas; de outro modo cada Mnada seria uma Divindade (LEIBNIZ, 1983a, p.111).

    Atentando-se para o que Leibniz chamou de Lei de continuidade, na qual afirma a

    natureza nunca dar saltos, que tudo se passa sempre do pequeno ao grande, e vice-versa,

    atravs do mdio, tanto nos graus como nas partes, e que jamais um movimento nasce

    imediatamente do repouso nem se reduz, a no ser por um motivo menor(LEIBNIZ,

    1988b, p.10), pode-se dizer que o presente no seria seno a continuao de um estado

    anterior, e que tambm o presente est prenhe do futuro(LEIBNIZ, 1983a, p.107).

    Sobre as leis simples e universais

    O melhor dos mundos possveis aquele que apresenta um maior intercmbio

    eficiente entre os dois fatores determinantes da perfeio, isto , entre o uno e o mltiplo.

    Resta-nos ento compreender como se relacionam unidade e multiplicidade, ou seja, como

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    se consegue o mundo mais diverso estando ele submetido, pela necessidade, simplicidade.

    Leibniz resolve tal problema dizendo:

    No que se refere simplicidade das vias de Deus, esta realiza-se propriamente em relao aos meios, como pelo contrrio, a variedade, riqueza ou abundncia se realizam relativamente aos fins ou efeitos. E ambas as coisas devem equilibrar-se, como os gastos destinados a uma construo com o tamanho e a beleza nela requeridos (LEIBNIZ, 1983b, p.122).

    Ao criar o mundo Deus escolheu aquele que o mais perfeito, ou seja, o que ao

    mesmo tempo mais simples em suas leis e mais diverso em seus fenmenos. H ento, com

    a idia de unidade na multiplicidade, uma identidade entre perfeio e harmonia, a ponto de

    tornarem-se uma s coisa. A harmonia entendida como um consenso na pluralidade,

    ainda uma ordem, uma regularidade. No Discurso de Metafsica, Leibniz diz no ser

    possvel imaginar no mundo eventos que no evidenciam alguma uniformidade, por mais

    complexos que eles possam ser (1983b, p.123).

    Leibniz acreditava que o melhor dos mundos deve apresentar uma maior

    diversidade e assim possuir o maior nmero possvel de indivduos. Da ele no aceitar a

    existncia do vcuo, pois no Universo quanto mais matria existir, mais Deus ter ocasio

    de exercer sua sabedoria e seu poder (LEIBNIZ, 1988a, p.238).

    O uno e o mltiplo esto reunidos em uma harmonia j preestabelecida, de modo

    que as aes de Deus estariam em conformidade com as leis mais gerais. Assim, aquilo que tido por extraordinrio, o apenas relativamente a alguma ordem particular estabelecida entre as criaturas, pois quanto ordem universal tudo nela est conforme. to verdadeiro isto que, no s nada acontece no mundo que seja absolutamente irregular, mas nem sequer tal se poderia forjar, [visto que]... se algum traar, duma s vez, uma linha ora reta, ora circular, ora de qualquer outra natureza, possvel encontrar noo, regra ou equao comum a todos os pontos desta linha, merc da qual essas mesmas mudanas devem acontecer. No existe, por exemplo, rosto algum cujo contorno no faa parte duma linha geomtrica e no possa desenhar-se dum s trao por certo movimento regulado (LEIBNIZ, 1983b, p.123).

    Temos ento que a lei da simplicidade a mais eficaz, aquela capaz de produzir o

    mximo de bens, requerendo o mnimo de esforos; e isso, acredita Leibniz, arranjaria o

    melhor dos mundos possveis. Dizer que leis mais simples so a condio para a

    multiplicidade das coisas existentes no garante serem poucas as leis que geram a

    diversidade, mas apenas que so as mais simples que o fazem. No se nega que o melhor

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    mundo ainda possua uma infinidade de leis naturais. Considerar uma lei como a mais

    simples quer dizer tambm que ela se aproxima mais da perfeita universalidade, que est

    livre de excees. Pois as excees se do quando duas leis se mostram conflitantes e uma

    restringe a outra; agora, se as excees tornam as leis mais complexas, a maior

    simplicidade dever exigir, ento, leis singulares e universais. Leis que guardem excees

    seriam imperfeitas e, portanto, contrrias sabedoria divina. Da o melhor dos mundos

    envolver um conjunto de princpios universais e perfeitos e no um sistema de leis

    conflitantes, na qual uma maior regularidade compensaria as falhas de uma menor. A

    universalidade sinal de regularidade; uma multido de leis universais que ser capaz de

    produzir uma enorme pluralidade de efeitos.

    H uma infinidade de mundos possveis no entendimento divino e no se pode dizer

    que sua escolha tenha sido arbitrria ou apenas amparada por sua vontade. Deus possui a

    Potncia, da qual tudo se origina, tambm o Conhecimento da particularidade das idias e

    finalmente a Vontade, que age de acordo com o princpio do melhor. Se em Deus esses

    atributos no encerram quaisquer limites, nas mnadas criadas se encontram

    proporcionalmente ao grau de perfeio que possuem. Diz-se que a criatura atua

    exteriormente, na medida em que tem perfeio; e padece a atuao de uma outra, na

    medida em que imperfeita. Assim, se a Mnada tiver percepes distintas, atribui-se-lhe a

    ao; se confusas, a paixo.(LEIBNIZ, 1983a, p.110) O que no poderia ser diferente,

    pois se Deus as criasse completamente ativas e perfeitas, as mnadas se igualariam a Ele, e

    isso, nos levaria a uma remisso ao infinito. Seria preciso buscar externamente um outro ser

    que fosse a causa desses seres perfeitos, mas que no fosse produto de nenhum outro.

    Diante da noo de harmonia preestabelecida, na qual tudo j existe potencialmente

    nas mnadas no momento de sua criao por Deus, pergunta-se a respeito de estar o

    Supremo artfice tambm obrigado a escolher sempre o melhor. A isso Leibniz responder

    no se tratar de uma necessidade lgica, na qual o oposto implique contradio, mas sim de

    uma necessidade moral de se produzir o mximo de bens, assegurando ainda a contingncia

    de uma alternativa distinta. Esse no poder agir de outra maneira coloca-se a Deus da

    mesma forma como se mostra impossvel a um sbio matemtico aceitar um resultado

    errneo para uma certa equao, o fato de Deus ter de escolher o melhor dos mundos no

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    ser de modo algum condenvel, visto demonstrar apenas o poder de um Ser que

    sapientssimo.

    Ento, diante dos vrios universos possveis, a razo suficiente para a escolha divina

    deve encontrar-se na convenincia ou nos graus de perfeio contidos nesses mundos [...]

    eis a causa da existncia do melhor, conhecido por Deus pela sabedoria, escolhido pela sua

    bondade, e produzido pela sua potncia(LEIBNIZ, 1983a, p.110).

    Consideraes Finais

    na sua metafsica monadolgica que encontramos os fundamentos daquilo que

    levar Leibniz a uma concepo otimista do mundo, defendendo ser este o melhor entre

    todos os possveis.

    Sendo as mnadas consideradas sem partes, e, por isso, os elementos das coisas, e

    ainda todo o composto como por elas formado, apresenta-se a noo de uma harmonia

    preestabelecida por Deus para assegurar a unidade de cada uma das mnadas quando se

    encontram agregadas, formando a multiplicidade.

    So exatamente esses dois fatores, a saber, o uno e o mltiplo, que, concatenados

    harmoniosamente, garantiro toda a perfeio no mundo. Toda a quantidade de essncia

    presente na mnada criada iguala-se ao seu grau de perfeio, do mesmo modo que sua

    perfeio corresponde ao seu grau de distino, e, por fim, tem a mnada ao medida

    que se distingue. Com isso temos assinalada a relao entre ao e distino, que por sua

    vez une-se s de perfeio e harmonia.

    Deus comparando duas substncias simples encontra a razo para acomod-las de

    tal forma que, quando uma produzir certa ao, a outra sofrer uma paixo proporcional. O

    que determina se uma mnada representa um estado ativo ou passivo so os graus de

    distino que ela comporta naquele dado momento.

    Se por um lado Deus se utiliza do critrio de simplicidade para criar o melhor

    mundo, pelo fato de que leis mais simples so tambm as mais eficientes, por outro todas as

    suas aes esto conformes mais perfeita universalidade. De modo que no se pode dizer

    que h no mundo qualquer irregularidade e imperfeio, nem tampouco que Deus permitiu

    o mal, como o queriam os opositores do sistema leibniziano.

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    com grande otimismo que Leibniz responde a esse problema. O mal se

    expressaria de trs formas, a saber: o mal metafsico, o mal moral e o mal fsico. O primeiro

    surge da imperfeio da essncia das criaturas, visto ser a perfeio apenas atributo divino.

    Isso no quer dizer que Deus tenha agido imperfeitamente ao criar, mas apenas que

    permitiu o menos perfeito. Quanto ao mal moral, pode-se dizer que deriva do metafsico.

    Somente um ser perfeito poderia agir sem incorrer no erro, mas sendo as criaturas seres

    limitados em sua essncia, no so capazes de compreender o todo, e, logo, o equivocarem-

    se. Com tanto no se deve responsabilizar o Criador, pois a causa desse mal unicamente a

    criatura. O mal fsico seria conseqncia da limitao metafsica e tambm uma punio

    pelo pecado. Se Deus permite determinado sofrimento, s o faz tendo em vista um bem

    ainda maior que possa surgir. A dor faz com que se aprecie melhor o bem, pois ela

    contribui para a perfeio daquele que a sofre.

    Contudo, ao Supremo Artfice que compreende presente, passado e futuro em um s

    momento, tudo est de acordo com a mais bela harmonia preestabelecida.

    Referncias

    LEIBNIZ, G. W. Correspondncia com Clarke. Traduo Carlos Lopes de Mattos. So Paulo: Nova Cultural, 1988a. (Os pensadores). ______. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Traduo Luiz Joo Barana. So Paulo: Nova Cultural, 1988b. (Os pensadores). ______. Os princpios da filosofia ditos a monadologia. Traduo Marilena de Souza Chau. So Paulo: Abril Cultural, 1983a. p.103-15. (Os pensadores). ______. Discurso de Metafsica. Traduo Marilena de Souza Chau. So Paulo: Abril Cultural, 1983b. p.117-52. (Os pensadores). ARTIGO RECEBIDO EM 2004