18

Click here to load reader

166088_2010_1460109600000

Embed Size (px)

DESCRIPTION

FGTS001

Citation preview

Page 1: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

(1ª Turma)

GMWOC/vmn/er

RECURSO DE REVISTA. PERCENTUAL DO

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO

POR NORMA COLETIVA.

Após o cancelamento do item II da Súmula

nº 364 do TST, por meio da Res. nº

174/2011, esta Corte Superior tem se

posicionado no sentido de não ser

possível a alteração da base de cálculo

e do percentual do adicional de

periculosidade mediante instrumento

coletivo, haja vista tratar-se de

direito assegurado por norma de ordem

pública, de proteção à saúde e à

segurança do trabalhador e, por isso,

infensa à negociação coletiva.

Recurso de revista parcialmente

conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

de Revista n° TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000 (convertido de agravo de

instrumento de mesmo número), em que é Recorrente EDER JÚNIOR DE QUEIROZ

GOULARTE e são Recorridas TELENGE - TELECOMUNICAÇÕES E ENGENHARIA LTDA.

e OI S.A.

A Vice-Presidência do Tribunal Regional do Trabalho

da 9ª Região, mediante decisão às fls. 424-430, denegou seguimento ao

recurso de revista interposto pelo reclamante.

Inconformado, o reclamante interpõe agravo de

instrumento, sustentando a admissibilidade do recurso denegado (fls.

02-16).

Foram apresentadas contraminutas ao agravo de

instrumento e contrarrazões ao recurso de revista.

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público

do Trabalho, em face do disposto no art. 83, § 2º, II, do Regimento Interno

do Tribunal Superior do Trabalho.

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 2: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.2

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

É o relatório.

V O T O

I – AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos legais de admissibilidade

recursal pertinentes à tempestividade (fls. 02 e 432), à representação

processual (procuração à fl. 88 e substabelecimento à fl. 90) e

encontrando-se devidamente instruído, com o traslado das peças

essenciais previstas no art. 897, § 5º, I e II, da CLT e no item III da

Instrução Normativa nº 16/99 do TST, CONHEÇO do agravo de instrumento.

2. MÉRITO

PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO

POR NORMA COLETIVA

O agravo de instrumento merece ser provido, para

melhor exame de um dos temas veiculados no recurso de revista, qual seja,

a validade de cláusula de norma coletiva que reduz o percentual do

adicional de periculosidade, a fim de prevenir violação do art. 193, §

1º, da CLT.

Do exposto, configurada a hipótese prevista no art.

896, c, da CLT, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para determinar

o julgamento do recurso de revista, observado o procedimento estabelecido

na Resolução Administrativa nº 928/2003 do Tribunal Superior do Trabalho.

II – RECURSO DE REVISTA

1. CONHECIMENTO

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 3: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.3

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

O recurso é tempestivo (fls. 400, 424 e 492) e tem

representação regular (fls. 88 e 90), sendo dispensado o preparo.

Atendidos os pressupostos genéricos de admissibilidade, passa-se ao

exame dos específicos do recurso de revista.

1.1. PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA

O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região negou

provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante, quanto à

validade de norma coletiva que estabeleceu a redução do percentual do

adicional de periculosidade, adotando a seguinte fundamentação, às fl.

356-360, verbis:

[...] Do adicional de periculosidade

O Recorrente discorda da sentença que conferiu validade à norma

coletiva que reduziu o adicional de periculosidade, de 30% para 4,29% sobre

o salário-base (item 3.3 - fl. 465). Alega que o percentual de 30% é previsto

em lei, e não pode ser alterado por negociação coletiva, que extrapolou o

limite da flexibilização. Reputa inaplicável a Súmula 364, II, do C. TST.

Defende que a empresa Koerich, que sucedeu a Telenge na prestação de

serviços para a tomadora Brasil Telecom, paga atualmente o adicional de

periculosidade no importe de 30%. Requer seja adotado o percentual de 30%

para fins de adicional de periculosidade, com reflexos, deduzidos os valores

comprovadamente pagos a mesmo título.

De início, observo que os acordos coletivos que embasaram o julgado

foram juntados pelo Autor e referem-se ao período de vigência de

01/06/2004 à 31/05/2008 (fls. 133/193). Tendo em vista que o contrato de

trabalho do Reclamante perdurou até 07/08/2008 (fl. 07), não incide o

disposto no julgado, quanto ao pagamento de adicional de periculosidade

proporcional ao cargo, em relação ao interregno de 01/06/2008 à 07/08/2008,

eis que inexistente previsão convencional, de modo que devido diferenças

entre o importe pago e o percentual legal de 30% sobre o salário-base, nos

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 4: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.4

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

termos do artigo 193, § 1º, da CLT e Súmula 191 do C. TST, bem como da

Súmula 132, I, do C. TST.

Em relação ao período em que existente norma convencional dispondo

de modo diverso dos termos preconizados na norma celetária, esta Quarta

Turma sedimentou entendimento conforme Verbete nº 59, aprovado em

sessão de 20/01/2006, in verbis:

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - PREVISÃO DE

PAGAMENTO PROPORCIONAL POR CLÁUSULA OBJETO

DE ACT - SÚMULA 364-II/TST. Não obstante constituam

norma de ordem pública as regras de segurança e medicina do

trabalho, voltadas à preservação da saúde e higiene do

trabalhador, há entendimento sumular da mais alta Corte

Trabalhista permitindo a negociação coletiva "em percentual

inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição de risco"

(Súmula 364-II/TST). Logo, não há como reputar ineficaz norma

coletiva permissiva de pagamento proporcional sem esbarrar na

Súmula precitada, além de criar falsa expectativa às partes

porque suscetível de reforma mediante recurso de revista

(Precedente: Ac/ED nº 14915/2006, proferido no RO

658-1999-658, julgado em 10.05.06, Rel. Juiz Napp, publicado

em 23.05.2006).

Assim, existindo cláusula de instrumento coletivo prevendo a

proporcionalidade do pagamento do adicional de periculosidade de acordo

com a função exercida, não deve prevalecer a norma legal. Nesse sentido são

os termos da Súmula nº 364 do C. TST (ex-OJ 258 da SBDI-1 do TST), que

dispõe:

"A fixação do adicional de periculosidade, em percentual

inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco,

deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou

convenções coletivas de trabalho (art. 7º, inciso XXVI da

CF/1988)."

Não se olvide também do poder negocial das partes (art. 7º, XXXVI,

da CF), que mediante acordo coletivo chancelado pelo sindicato dos

trabalhadores decidiram condicionar o pagamento do adicional de

periculosidade ao cargo, de forma proporcional, nos termos preconizados na

cláusula 23 do ACT de fl. 140 e seguintes.

Portanto, quando existente previsão convencional, incide o pagamento

proporcional na forma fixada pelo Sindicato e pela Reclamada, afastando-se

a aplicação da situação geral prevista na Súmula 361 do C. TST

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 5: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.5

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Os demonstrativos de fls. 92/93, que indicam o pagamento de adicional

de periculosidade no percentual de 30% sobre o salário-base, não militam em

prol da tese recursal, eis que se referem a outra empregadora (Koerich) e a

período posterior à rescisão contratual do Autor.

Dou parcial provimento para incluir na condenação o pagamento de

diferenças do adicional de periculosidade pago e o percentual legal devido

(30%), no período em que ausente previsão convencional (01/06/2008 à

07/08/2008), com reflexos, na forma postulada à fl. 488-v.

Nas razões do recurso de revista, às fls. 402-414, o

reclamante sustenta, em suma, a invalidade da norma coletiva que

estabeleceu a redução do valor do percentual do adicional de

periculosidade. Aponta a violação dos arts. 7º, XXVI, da Constituição

Federal e 193, § 1º, da CLT. Colaciona arestos para o cotejo de teses.

O recurso alcança conhecimento.

Trata-se de hipótese em que a Corte Regional

reconheceu validade a clausula de acordo coletivo que estipula a redução

do percentual do adicional de periculosidade de 30% para 4,29%.

O Plenário do TST, por meio da Res. nº 174/2011 (DEJT

de 27, 30 e 31.05.2011), decidiu pelo cancelamento do item II da Súmula

nº 364, que considerava válida a negociação coletiva que estipulava o

adicional de periculosidade em percentual inferior ao legal.

No processo de revisão da jurisprudência, o Tribunal

Pleno levou em consideração as limitações constitucionais à

flexibilização dos direitos trabalhistas, por meio de negociação

coletiva, assim como a necessidade de se resguardar os preceitos que

tutelam a redução dos riscos laborais por meio de normas de saúde, higiene

e segurança do trabalhador, que são infensas à negociação coletiva.

Nesse contexto, são inválidas as cláusulas de acordo

coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho que fixam o

pagamento do adicional de periculosidade em percentual inferior ao legal,

porquanto tais disposições estão em inequívoco confronto com o arcabouço

jurídico-constitucional de tutela do trabalho, em se tratando de direito

infenso à negociação coletiva (CF, art. 7º, XXII e XXVI).

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 6: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.6

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Nesse sentido, são os seguintes precedentes desta

Primeira Turma e da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,

verbis:

EMBARGOS. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

ELETRICITÁRIO. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO POR NORMA

COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. Garantido o direito do eletricitário ao

cálculo do adicional de periculosidade sobre todas as parcelas de natureza

salarial, quer por lei, quer pela Súmula 191 e pela OJ 279 da SbDI-1 do TST,

resta perquirir se é válida a norma coletiva mediante a qual se autoriza a

redução da base de cálculo. O Tribunal Superior do Trabalho tem firme e

reiterada jurisprudência no sentido de que o reconhecimento dos acordos e

convenções coletivas de trabalho garantido no art. 7º, XXVI, da Constituição

Federal, não alcança o ajuste que culmine na redução da base de cálculo do

adicional de periculosidade devido aos eletricitários, ante a natureza de

ordem pública de que se reveste a Lei nº 7.369/85, voltada à proteção da

segurança e saúde no trabalho. Nesse raciocínio, a Súmula 364, II, do TST,

"ao prever que a fixação do adicional de periculosidade em percentual

inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser

respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos" não

altera esta conclusão. Com efeito, a par de não se referir exatamente à

negociação coletiva em torno da base de cálculo, mas do percentual, restou

cancelado em 2011 exatamente por propiciar negociação coletiva a propósito

de matéria de ordem pública e em prejuízo do trabalhador. Embargos de que

se conhece e a que se nega provimento. (TST-E-RR-13-37.2012.5.03.0012,

Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, SBDI-1, DEJT 30/04/2015).

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI

N° 11.496/2007. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE

CÁLCULO. ELETRICITÁRIOS. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.

CANCELAMENTO DO ITEM II DA SÚMULA Nº 364. NÃO

CONHECIMENTO. 1. Hipótese em que a Quarta Turma, no acórdão

embargado, adotou entendimento em consonância com a jurisprudência ora

dominante nesta Corte Superior, que, após o cancelamento do item II da

Súmula nº 364, passou a entender pela impossibilidade de alteração da base

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 7: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.7

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

de cálculo e do percentual do adicional de periculosidade por meio de

instrumento coletivo, por tratar-se de norma de ordem pública, relacionada

com a saúde e a segurança do trabalho. 2. Deste modo, os arestos

colacionados nos embargos mostram-se inservíveis ao confronto de teses,

uma vez que proferidos anteriormente ao cancelamento do item II da referida

súmula. 3. Recurso de embargos de que não se conhece. (...)

(TST-E-RR-1973-22.2012.5.03.0111, Relator Ministro Guilherme Augusto

Caputo Bastos, SBDI-1, DEJT 31/03/2015).

EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. (...) RECURSO

DE EMBARGOS DO RECLAMANTE. ADICIONAL DE

PERICULOSIDADE. PAGAMENTO EM PERCENTUAL INFERIOR AO

PREVISTO EM LEI, AJUSTADO EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA.

INVALIDADE. CANCELAMENTO DO ITEM II DA SÚMULA Nº 364

DO TST. As condições de trabalho podem ser negociadas coletivamente

pelos sindicatos representativos das categorias profissional e econômica,

devendo ser dado amplo reconhecimento às convenções e aos acordos

coletivos de trabalho decorrentes, por força de mandamento constitucional

contido no artigo 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal de 1988. No

entanto, as negociações coletivas encontram limites nas garantias, nos

direitos e nos princípios instituídos pela mesma Carta Magna, intangíveis à

autonomia coletiva, tais como, as normas de proteção à saúde e segurança do

trabalhador, que tutelam a vida e a saúde do empregado. Ou seja, se a

Constituição da República assegura a todos os trabalhadores, no inciso XXII

do mesmo artigo 7º, a existência de normas de saúde, higiene e segurança no

trabalho capazes de reduzir os riscos inerentes à atividade laboral, as normas

coletivas de trabalho decorrentes de negociação coletiva não podem, pura e

simplesmente, eliminar ou reduzir os direitos previstos em lei ligados a essas

matérias. Esta, aliás, foi a ratio decidendi dos vários precedentes que

levaram à edição da Orientação Jurisprudencial nº 342, item I, da SbDI-1

desta Corte, in verbis: "INTERVALO INTRAJORNADA PARA

REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. NÃO CONCESSÃO OU REDUÇÃO.

PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. (...) I - É inválida

cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a

supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 8: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.8

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem

pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação

coletiva." Neste contexto, considerando que o adicional de periculosidade

também constitui direito vinculado à saúde e à segurança do trabalho,

assegurado por norma de ordem pública, nos termos dos artigos 193, § 1º, da

CLT e 7º, incisos XXII e XXIII, da Constituição Federal, o direito ao seu

pagamento integral (isto é, pelo percentual de 30% do valor mensal da base

de cálculo salarial devida) não pode ser objeto de nenhuma redução ou

limitação por negociação coletiva, diante do seu caráter indisponível.

Exatamente por isso, os Ministros componentes do Tribunal Pleno desta

Corte, em decorrência dos debates realizados na denominada "Semana do

TST", no período de 16 a 20/5/2011, decidiram, em sessão realizada no dia

24/5/2011 e por meio da Resolução nº 174, da mesma data (DJe de

27/5/2011, p. 17 e 18), cancelar o item II da Súmula nº 364, que permitia a

possibilidade de fixação do adicional de periculosidade em percentual

inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, desde que

pactuada em acordos ou convenções coletivos. Desse modo, sendo

incontroverso, nos autos, que o reclamante laborava em prédio onde estão

instalados tanques de armazenamento de líquido inflamável, faz ele jus ao

pagamento do correspondente adicional, nos exatos termos da lei, ou seja, à

razão do percentual de 30% do valor salarial mensal legalmente fixado como

sua base de cálculo, já que o contato intermitente, e não só o contato

permanente com as condições de risco, também gera o direito ao adicional,

nos termos do item I da mesma súmula, cujo teor foi, em sua essência,

mantido na citada Resolução. Embargos conhecidos e providos. (...)

(TST-E-ED-RR-111300-39.2003.5.15.0027, Relator Ministro José Roberto

Freire Pimenta, SBDI-1, DEJT 20/02/2015)

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO REDUZIDO.

PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. CANCELAMENTO DO ITEM II

DA SÚMULA 364 DO TST. Não há como conferir validade à cláusula

coletiva que estabeleceu o pagamento do adicional de periculosidade em

percentual inferior ao previsto em lei, em face do cancelamento do item II da

Súmula 364 do TST. Esta Corte, em sessão extraordinária realizada pelo

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 9: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.9

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Tribunal Pleno em 24/5/2011, concluiu pela inviabilidade de redução,

mediante negociação coletiva, de direito relacionado às normas de proteção à

saúde e segurança do trabalho, assegurado constitucionalmente. Nesse

contexto, fica afastada a suposta divergência jurisprudencial. Recurso de

embargos não conhecido. (TST-E-RR- 68000-20.2009.5.09.0662, Relator

Ministro Augusto César Leite de Carvalho, SBDI-1, DEJT 25/10/2013).

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE CÁLCULO.

NORMA COLETIVA. Conquanto o reconhecimento das convenções e

acordos coletivos de trabalho esteja assegurado pela Constituição da

República, em seu art. 7°, inc. XXVI, a possibilidade de flexibilização de

direitos depende de que estes não se encontrem assegurados mediante

normas cogentes, de ordem pública. Assim, o Tribunal Pleno desta Corte, em

sessão realizada em 24 de maio de 2011, cancelou o item II da Súmula 364

desta Corte. Este cancelamento implicou o reconhecimento da

impossibilidade de fixar o pagamento do adicional de periculosidade

proporcional ao tempo de exposição ao risco bem como de reduzir o

percentual previsto em lei mediante negociação coletiva. Com fundamento

nesse entendimento, esta Corte tem reconhecido a impossibilidade de

redução da base de cálculo do adicional de periculosidade devido aos

eletricitários mediante negociação coletiva, por se tratar de norma de ordem

pública, relativa à saúde e à segurança do trabalho. Recurso de Embargos de

que se conhece em parte e a que se nega provimento.

(TST-E-ED-RR-948-76.2011.5.03.0153, Relator Ministro João Batista Brito

Pereira, SBDI-1, DEJT 30/08/2013).

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

REVISTA. 1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO DO

PERCENTUAL POR NORMA COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. 2.

BASE DE CÁLCULO. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RECURSO

DESFUNDAMENTADO. Impõe-se confirmar a decisão agravada, na qual

constatada a ausência de violação direta e literal de preceito de lei federal ou

da Constituição da República, bem como a não configuração de divergência

jurisprudencial hábil e específica, nos moldes das alíneas "a" e "c" do artigo

896 da CLT, uma vez que as razões expendidas pela agravante não se

mostram suficientes a demonstrar o apontado equívoco em relação a tal

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 10: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.10

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

conclusão. Agravo conhecido e não provido.

(TST-Ag-AIRR-474-63.2012.5.03.0091, Relator Ministro: Hugo Carlos

Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 19/02/2016).

RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA. Após o cancelamento do item II da

Súmula nº 364, esta Corte Superior tem se posicionado no sentido de não ser

possível a redução do percentual do adicional de periculosidade por meio de

instrumento coletivo, haja vista tratar-se de direito assegurado por norma de

ordem pública, de proteção à saúde e à segurança do trabalhador e, por isso,

infensa à negociação coletiva. Pertinência do art. 896, § 7º, da CLT. Recurso

de revista de que não se conhece." (TST-RR-263900-09.2006.5.02.0316,

Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 20/03/2015).

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERCENTUAL INFERIOR

AO LEGAL. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. 1. O princípio do

reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, consagrado

no artigo 7º, XXVI, da Constituição da República, apenas guarda pertinência

com aquelas hipóteses em que o conteúdo das normas pactuadas não se

revela contrário a preceitos legais de caráter cogente. 2. O pagamento do

adicional de periculosidade está assegurado pelo artigo 193 da Consolidação

das Leis do Trabalho, norma que se reveste do caráter de ordem pública. A

redução do percentual legalmente estabelecido (30% - trinta por cento), nos

termos do § 3º do artigo 193 consolidado, mediante norma coletiva, afronta

diretamente a referida disposição de lei, além de atentar contra os preceitos

constitucionais assecuratórios de condições mínimas de proteção ao

trabalho. Resulta evidente, daí, que tal avença não encontra respaldo no

artigo 7º, XXVI, da Constituição da República. 3. Observando tal

entendimento, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, em revisão de

jurisprudência, houve por bem cancelar o item II da Súmula n.º 364, por

meio da Resolução nº 174, de 24/5/2011, vedando, assim, a possibilidade de

se transacionar o adicional de periculosidade, ainda que por meio de norma

coletiva. 4. Recurso de Revista conhecido e provido.

(TST-RR-768-45.2012.5.09.0028, Relator Desembargador Convocado

Marcelo Lamego Pertence, 1ª Turma, DEJT 11/12/2015).

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 11: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.11

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Acresce salientar que, a propósito do princípio da

autonomia privada coletiva, a má utilização por certos sindicatos

profissionais do poder negocial outorgado pela Constituição Federal à

defesa dos direitos e aos interesses da categoria.

Não são raros os processos judiciais denunciando a

existência de acordos coletivos ou convenções coletivas de trabalho em

que os sindicatos profissionais renunciam a direitos indisponíveis dos

trabalhadores, do que são exemplos: a supressão ou redução do intervalo

intra e interjornada; exclusão da multa do FGTS; supressão de horas in

itinere; pagamento do adicional de periculosidade em percentuais

variando entre 1% e 5%, etc.

Nessas demandas, regra geral, a experiência tem

demonstrado que os trabalhadores não têm assegurado qualquer tipo de

contrapartida pela supressão ou redução de seus direitos, o que nega a

própria finalidade da negociação coletiva.

O reconhecimento da negociação coletiva prevista no

art. 7º, XXVI, da Constituição Federal pressupõe que o sindicato atue

na defesa dos direitos e interesses da categoria, e não de seus

dirigentes, como tem sucedido nas situações descritas acima, o que tem

dado margem à oportuna e eficiente intervenção do Ministério Público do

Trabalho em defesa da ordem jurídica trabalhista, ajuizando ações civis

públicas ou ações anulatórias.

Assim, ao concluir pela validade da negociação

coletiva em que se fixou a redução do percentual do adicional de

periculosidade de 30% para 4,29%, o Tribunal Regional contrariou a

iterativa e notória jurisprudência deste Tribunal.

Logo, CONHEÇO do recurso de revista, por violação do

art. 193, § 1º, da CLT.

1.2. DESPESAS DECORRENTES DO USO DE VEÍCULO PRÓPRIO.

NATUREZA INDENIZATÓRIA. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 12: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.12

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

O Tribunal Regional, quanto ao tema em epigrafe, negou

provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante, adotando a

seguinte fundamentação, verbis:

[...] Do aluguel do veículo

O Reclamante alega que disponibilizada veículo próprio para a

execução das atividades laborais em favor da Reclamada, sem receber pelo

aluguel do veículo. Destaca trechos da prova testemunhal para embasar sua

pretensão, bem como colaciona contratos de locação de viatura firmados

entre a Ré e outros funcionários, que recebiam cerca de R$ 800,00 mensais.

Aduz que o procedimento adotado pela Ré, que admite ter pago aluguel e

combustível para alguns empregados (cabistas e auxiliares técnicos), é

discriminatória e fere o princípio da igualdade (art. 7º, XXX, da CF/88).

Sustenta que instaladores, cabistas e técnicos desempenham funções de

mesma natureza, utilizando-se de veículo próprio para deslocamento e

cumprimento das Ordens de Serviços, de modo que a conduta da Reclamada

deveria ser equânime e uniformizada. Requer a condenação da Ré no

pagamento de R$ 800,00/mês, a título de aluguel do veículo.

O contrato de fl. 130, firmado em 01/06/2004 entre a 1ª Ré e um

auxiliar técnico, prevê o pagamento de R$ 800,00 por mês, a título de aluguel

e ressarcimento das despesas pela manutenção e conservação do veículo

(cláusula segunda). O valor pago ao Autor superava R$ 800,00/mês, não

havendo afronta ao princípio da igualdade em relação ao obreiro.

Os documentos de fls. 95-100 referem-se a extratos bancários que

consignam depósitos a título de aluguel de veículo ou reembolso de

despesas, pagos a instalador da Telenge. É injustificável o argumento inicial

(fl. 22), de que o Autor não mais possui tais recibos e por isso colaciona os

documentos 56/62 (fls. 95/100), eis que, por se tratarem de extratos

bancários de conta particular, estariam ao alcance do Reclamante. Ademais,

ao assentir pela existência de tais recibos, o Reclamante acaba por admitir

tratamento isonômico com o instalador elencado às fls. 56/62, conforme

narra na exordial: "o critério estabelecido pela Reclamada para o pagamento

da Produção era igual para todos os instaladores/reparadores" (fl. 22, in fine).

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 13: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.13

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Conclui-se que o Reclamante já era reembolsado das despesas pelo uso

de automóvel particular, o que incluía o aluguel do veículo, conforme

indicam o recibo de fls. 237, sendo o valor pago (cerca de R$ 800,00/mês -

item 04, fl. 08 e fl. 237), ora sob a rubrica 'aluguel de veículo' ora como

'reemb c/desp veic' (fl. 08), suficiente para fazer frente à integralidade das

despesas, conforme pactuado pela empresa e o sindicato representante da

categoria profissional. Aliás, o obreiro outrora alegou que o valor superava

os gastos efetivos, o que reforça a conclusão de que não faz jus ao pagamento

de R$ 800,00 por mês, eis que o aluguel do veículo já estava incluído no

custo discriminado na cláusula 20 da CCT 2007/2008 (fl. 139). Mantenho.

Do reembolso do combustível

O Recorrente discorda da sentença que indeferiu o reembolso dos

gastos com combustível, ao fundamento de que a parcela já foi quitada,

segundo os termos do acordo coletivo.

Sustenta que o valor pago referia-se à produção, não guardando

qualquer relação com o custo pelo abastecimento. Embasa sua pretensão na

prova oral e afirma que utilizava em média 45 litros de combustível por

semana e 180 litros por mês, o que corresponde à média de R$ 430,00/mês.

Destaca que era obrigado a abastecer nos postos conveniados e a despesa era

descontada da quantia paga a título de produção. Requer seja a Ré condenada

a reembolsar os gastos com abastecimento, nos moldes pleiteados na petição

inicial.

De fato, inarredável que o veículo próprio utilizado pelo Reclamante

no exercício de suas funções servia à parte Reclamada, atendendo aos

interesses econômicos desta. Nessa linha, haveriam de ser ressarcidos todos

os gastos que o empregado possuísse com o veículo, uma vez que tal bem era

essencial para que prestasse sua força de trabalho e, conforme art. 2º da CLT,

é de responsabilidade do empregador os riscos derivados da atividade

desempenhada.

Ocorre que tal ressarcimento foi convencionado em norma coletiva,

especificamente na cláusula 18 do ACT 2004/2005, cláusula 19 dos ACT's

2005/2006 e 2006/2007 e cláusula 20 do ACT 2007/2008 (fl. 139), que

estipularam a forma de pagamento tanto das despesas com combustível

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 14: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.14

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

como da manutenção do veículo, conforme previsão do seu parágrafo

primeiro.

Conclui-se que a 1ª Reclamada (Telenge) efetuava o pagamento de

uma indenização referente à utilização do veículo particular pelos

instaladores, ante a previsão contida nos acordos coletivos de trabalho. Tal

indenização tinha o intuito de cobrir todas as despesas, incluindo a

manutenção do veículo e seu desgaste, bem como o gasto com combustível.

Ainda, a norma coletiva aplicável expressamente afasta a natureza salarial

dos valores pagos a título de reembolso (e.g., parágrafo 7º da cláusula 18ª do

ACT 2004/2005 - fl. 186), que "visam tão somente o ressarcimento das

despesas" (cf. cláusula 20, parágrafo sétimo, da CCT 2007/2008 - fl. 140.

Grifei).

As convenções e acordos coletivos são instrumentos hábeis a fixar as

condições pelas quais irão reger-se as relações de trabalho entre empregados

e empregadores; sendo validamente configurados, suas cláusulas integram os

contratos individuais de trabalho, fazendo lei entre as partes que alcançam.

Desta forma, válida é a cláusula estabelecida, pois dentro dos

parâmetros legais. Assim, não prospera o pleito de ressarcimento dos valores

e indenização pela depreciação do veículo.

Diante do exposto, e nos termos do que dispõe o artigo 7º, XXVI da

CF/88 e o próprio artigo 444 da CLT - o qual autoriza a livre negociação das

relações contratuais de trabalho, desde que observadas as convenções

coletivas de trabalho -, correta a r. decisão. Ainda que assim não fosse, o

Recorrente não juntou aos autos notas fiscais, em nome próprio, de despesas

que tenha contraído com o uso do veículo, nos exatos momentos em que

prestava seus serviços à parte Reclamada. Tratando-se de veículo próprio,

era utilizado tanto profissionalmente como pessoalmente, em horários de

lazer. Assim procedendo, não há de se cogitar em condenação da parte

Reclamada à indenização de despesas que nem sequer foram comprovadas.

Tampouco há de se considerar fraude no pagamento da parcela a título

indenizatório, seja porque não comprovado o argumento do Recorrente, de

que as despesas realizadas pela manutenção representavam valor ínfimo da

quantia paga pela Ré (cerca de 10%), seja porque a norma convencional leva

em consideração a média gasta pelos demais instaladores nos últimos 12

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 15: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.15

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

meses, de forma geral, encontrando validade no disposto no artigo 7º, XXVI

da CF/88. Mantenho.

Nas razões do recurso de revista, às fls. 414-416, o

reclamante alega que a quantia paga a título de reembolso por uso de

veículo próprio superava 50% (cinquenta por cento) do seu salário, o que

“resta flagrante que a Recorrida com apoio no Acordo Coletivo buscou

mascarar pagamento de salário por meio de ressarcimento de despesas

superestimada, com fito único afastar o cunho salarial da verba” (sic).

Indica ofensa ao art. 457, § 1º e 2º, da CLT.

O recurso não alcança conhecimento.

A Corte Regional, valorando fatos e provas, concluiu

que a reclamada efetuou corretamente o pagamento dos valores devidos a

título de despesas por uso de veículo particular pelo reclamante, parcela

que ostentava natureza indenizatória, conforme previsão em norma

coletiva.

Registrou o Colegiado a quo que o reclamante, além de

não ter comprovado a alegação de que “as despesas realizadas pela

manutenção representavam valor ínfimo da quantia paga pela Ré (cerca de

10%)”, não juntou aos autos notas fiscais demonstrando as despesas que

teria contraído pelo uso do veículo.

Nesse contexto, ante a moldura fática delineada, para

se concluir pelo pagamento incorreto dos valores estabelecidos a título

de despesas pela utilização de veículo particular, assim como que o valor

recebido superava 50% (cinquenta por cento) do salário do reclamante,

a fim de se reconhecer a natureza salarial da referida parcela, seria

necessário o reexame do conjunto fático-probatório, o que é vedado nesta

fase recursal de natureza extraordinária, nos termos da Súmula da nº 126

do TST.

A corroborar este entendimento, destacam-se os

seguintes julgados desta Corte Superior, com pretensão idêntica destes

autos, verbis:

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 16: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.16

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

[...] 2. INTEGRAÇÃO AOS SALÁRIOS DOS REEMBOLSOS DAS

DESPESAS COM VEÍCULOS. Extrai-se do acórdão regional que havia

previsão normativa expressa evidenciando a natureza indenizatória da

parcela e que o Reclamante não logrou infirmar os recibos de pagamento a

tal título. Assim, improcede o pedido de integração das parcelas na

remuneração do empregado, bem como o pedido de indenização pelas

diferenças de seguro desemprego. Decisão em sentido contrário demandaria

reexame de fatos e provas, procedimento vedado a esta instância recursal

extraordinária, nos termos da Súmula 126/TST. Recurso de revista não

conhecido, no aspecto. (TST-RR-2200-77.2006.5.09.0071, Relator Ministro:

Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 17/08/2012).

[...] DESPESAS COM VEÍCULO E COMBUSTÍVEL. NATUREZA

JURÍDICA. O Tribunal Regional, soberano na análise da prova, concluiu

que o reembolso dos gastos realizados com o uso de veículo próprio possui

natureza indenizatória, pois correspondia ao mero ressarcimento de todas as

despesas, incluindo a manutenção e o combustível utilizado, conforme

previsão contida nos acordos coletivos celebrados pela empresa e o sindicato

representante da categoria profissional. Para decidir de forma diversa do

entendimento contido no acórdão recorrido, necessário seria o revolvimento

dos fatos e das provas, o que atrai a incidência da Súmula nº 126 do TST.

Recurso de revista de que não se conhece. (TST-RR-699-86.2010.5.09.0091,

Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT

07/02/2014).

RECURSO DE REVISTA. DESPESAS COM VEÍCULO.

NATUREZA INDENIZATÓRIA. Decisão regional que se baseia no que

estabelecido em norma coletiva. Incidência da Súmula nº 126 do TST.

Recurso de Revista não conhecido. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

FLEXIBILIZAÇÃO. NORMA COLETIVA. REVISÃO DE

JURISPRUDÊNCIA. Em recente revisão de jurisprudência, este Tribunal

Superior decidiu cancelar o item II da Súmula nº 364, retirando a

possibilidade de norma coletiva estipular percentual de adicional de

periculosidade inferior ao previsto no art. 193, § 1º, da CLT (Resolução n.º

174, de 24/5/2011 - DEJT 27/5/2011). Recurso de Revista conhecido e

provido. (TST-RR-242400-54.2009.5.09.0325, Relator Juiz Convocado

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 17: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.17

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Sebastião Geraldo de Oliveira, 8ª Turma, Data de Publicação DEJT

18/11/2011).

Pontua-se, em última análise, que estabelecida a

natureza indenizatória das despesas pelo uso do veículo próprio pelo

empregado, mediante norma coletiva, não há como reconhecer violação do

art. 457, § 2º, da CLT.

NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no particular.

2. MÉRITO

PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO

POR NORMA COLETIVA

Conhecido o recurso de revista por violação do art.

193, § 1º, da CLT, DOU PROVIMENTO ao recurso de revista para, reformando

o acórdão recorrido, condenar as reclamadas, a empresa Brasil Telecom

S.A., de forma subsidiária, ao pagamento de diferenças do adicional de

periculosidade entre os valores quitados e o percentual legal de 30%,

referente ao período de vigência das normas coletivas que reduziram o

percentual do adicional, observada a prescrição quinquenal.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento

e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o julgamento do recurso

de revista. Acordam, ainda, por unanimidade, julgando o recurso de

revista, na forma do art. 897, § 7º, da CLT, dele conhecer quanto ao tema

“Percentual do adicional de periculosidade. Redução por norma coletiva”,

por violação do art. 193, § 1º, da CLT e, no mérito, dar-lhe provimento

para, reformando o acórdão recorrido, condenar as reclamadas, a empresa

Brasil Telecom S.A., de forma subsidiária, ao pagamento das diferenças

do adicional de periculosidade entre os valores quitados e o percentual

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.

Page 18: 166088_2010_1460109600000

Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

fls.18

PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000

C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

legal de 30%, observada a prescrição quinquenal. Valor da condenação

acrescido em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), com custas complementares

de R$ 300,00 (trezentos reais), a cargo das reclamadas.

Brasília, 06 de abril de 2016.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

WALMIR OLIVEIRA DA COSTA Ministro Relator

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123960473A8B01B.