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FGTS001
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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000
C/J PROC. Nº TST-RR-127200-26.2009.5.09.0025
Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMWOC/vmn/er
RECURSO DE REVISTA. PERCENTUAL DO
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO
POR NORMA COLETIVA.
Após o cancelamento do item II da Súmula
nº 364 do TST, por meio da Res. nº
174/2011, esta Corte Superior tem se
posicionado no sentido de não ser
possível a alteração da base de cálculo
e do percentual do adicional de
periculosidade mediante instrumento
coletivo, haja vista tratar-se de
direito assegurado por norma de ordem
pública, de proteção à saúde e à
segurança do trabalhador e, por isso,
infensa à negociação coletiva.
Recurso de revista parcialmente
conhecido e provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000 (convertido de agravo de
instrumento de mesmo número), em que é Recorrente EDER JÚNIOR DE QUEIROZ
GOULARTE e são Recorridas TELENGE - TELECOMUNICAÇÕES E ENGENHARIA LTDA.
e OI S.A.
A Vice-Presidência do Tribunal Regional do Trabalho
da 9ª Região, mediante decisão às fls. 424-430, denegou seguimento ao
recurso de revista interposto pelo reclamante.
Inconformado, o reclamante interpõe agravo de
instrumento, sustentando a admissibilidade do recurso denegado (fls.
02-16).
Foram apresentadas contraminutas ao agravo de
instrumento e contrarrazões ao recurso de revista.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público
do Trabalho, em face do disposto no art. 83, § 2º, II, do Regimento Interno
do Tribunal Superior do Trabalho.
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PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000
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É o relatório.
V O T O
I – AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. CONHECIMENTO
Satisfeitos os pressupostos legais de admissibilidade
recursal pertinentes à tempestividade (fls. 02 e 432), à representação
processual (procuração à fl. 88 e substabelecimento à fl. 90) e
encontrando-se devidamente instruído, com o traslado das peças
essenciais previstas no art. 897, § 5º, I e II, da CLT e no item III da
Instrução Normativa nº 16/99 do TST, CONHEÇO do agravo de instrumento.
2. MÉRITO
PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO
POR NORMA COLETIVA
O agravo de instrumento merece ser provido, para
melhor exame de um dos temas veiculados no recurso de revista, qual seja,
a validade de cláusula de norma coletiva que reduz o percentual do
adicional de periculosidade, a fim de prevenir violação do art. 193, §
1º, da CLT.
Do exposto, configurada a hipótese prevista no art.
896, c, da CLT, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para determinar
o julgamento do recurso de revista, observado o procedimento estabelecido
na Resolução Administrativa nº 928/2003 do Tribunal Superior do Trabalho.
II – RECURSO DE REVISTA
1. CONHECIMENTO
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O recurso é tempestivo (fls. 400, 424 e 492) e tem
representação regular (fls. 88 e 90), sendo dispensado o preparo.
Atendidos os pressupostos genéricos de admissibilidade, passa-se ao
exame dos específicos do recurso de revista.
1.1. PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA
O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante, quanto à
validade de norma coletiva que estabeleceu a redução do percentual do
adicional de periculosidade, adotando a seguinte fundamentação, às fl.
356-360, verbis:
[...] Do adicional de periculosidade
O Recorrente discorda da sentença que conferiu validade à norma
coletiva que reduziu o adicional de periculosidade, de 30% para 4,29% sobre
o salário-base (item 3.3 - fl. 465). Alega que o percentual de 30% é previsto
em lei, e não pode ser alterado por negociação coletiva, que extrapolou o
limite da flexibilização. Reputa inaplicável a Súmula 364, II, do C. TST.
Defende que a empresa Koerich, que sucedeu a Telenge na prestação de
serviços para a tomadora Brasil Telecom, paga atualmente o adicional de
periculosidade no importe de 30%. Requer seja adotado o percentual de 30%
para fins de adicional de periculosidade, com reflexos, deduzidos os valores
comprovadamente pagos a mesmo título.
De início, observo que os acordos coletivos que embasaram o julgado
foram juntados pelo Autor e referem-se ao período de vigência de
01/06/2004 à 31/05/2008 (fls. 133/193). Tendo em vista que o contrato de
trabalho do Reclamante perdurou até 07/08/2008 (fl. 07), não incide o
disposto no julgado, quanto ao pagamento de adicional de periculosidade
proporcional ao cargo, em relação ao interregno de 01/06/2008 à 07/08/2008,
eis que inexistente previsão convencional, de modo que devido diferenças
entre o importe pago e o percentual legal de 30% sobre o salário-base, nos
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termos do artigo 193, § 1º, da CLT e Súmula 191 do C. TST, bem como da
Súmula 132, I, do C. TST.
Em relação ao período em que existente norma convencional dispondo
de modo diverso dos termos preconizados na norma celetária, esta Quarta
Turma sedimentou entendimento conforme Verbete nº 59, aprovado em
sessão de 20/01/2006, in verbis:
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - PREVISÃO DE
PAGAMENTO PROPORCIONAL POR CLÁUSULA OBJETO
DE ACT - SÚMULA 364-II/TST. Não obstante constituam
norma de ordem pública as regras de segurança e medicina do
trabalho, voltadas à preservação da saúde e higiene do
trabalhador, há entendimento sumular da mais alta Corte
Trabalhista permitindo a negociação coletiva "em percentual
inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição de risco"
(Súmula 364-II/TST). Logo, não há como reputar ineficaz norma
coletiva permissiva de pagamento proporcional sem esbarrar na
Súmula precitada, além de criar falsa expectativa às partes
porque suscetível de reforma mediante recurso de revista
(Precedente: Ac/ED nº 14915/2006, proferido no RO
658-1999-658, julgado em 10.05.06, Rel. Juiz Napp, publicado
em 23.05.2006).
Assim, existindo cláusula de instrumento coletivo prevendo a
proporcionalidade do pagamento do adicional de periculosidade de acordo
com a função exercida, não deve prevalecer a norma legal. Nesse sentido são
os termos da Súmula nº 364 do C. TST (ex-OJ 258 da SBDI-1 do TST), que
dispõe:
"A fixação do adicional de periculosidade, em percentual
inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco,
deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou
convenções coletivas de trabalho (art. 7º, inciso XXVI da
CF/1988)."
Não se olvide também do poder negocial das partes (art. 7º, XXXVI,
da CF), que mediante acordo coletivo chancelado pelo sindicato dos
trabalhadores decidiram condicionar o pagamento do adicional de
periculosidade ao cargo, de forma proporcional, nos termos preconizados na
cláusula 23 do ACT de fl. 140 e seguintes.
Portanto, quando existente previsão convencional, incide o pagamento
proporcional na forma fixada pelo Sindicato e pela Reclamada, afastando-se
a aplicação da situação geral prevista na Súmula 361 do C. TST
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Os demonstrativos de fls. 92/93, que indicam o pagamento de adicional
de periculosidade no percentual de 30% sobre o salário-base, não militam em
prol da tese recursal, eis que se referem a outra empregadora (Koerich) e a
período posterior à rescisão contratual do Autor.
Dou parcial provimento para incluir na condenação o pagamento de
diferenças do adicional de periculosidade pago e o percentual legal devido
(30%), no período em que ausente previsão convencional (01/06/2008 à
07/08/2008), com reflexos, na forma postulada à fl. 488-v.
Nas razões do recurso de revista, às fls. 402-414, o
reclamante sustenta, em suma, a invalidade da norma coletiva que
estabeleceu a redução do valor do percentual do adicional de
periculosidade. Aponta a violação dos arts. 7º, XXVI, da Constituição
Federal e 193, § 1º, da CLT. Colaciona arestos para o cotejo de teses.
O recurso alcança conhecimento.
Trata-se de hipótese em que a Corte Regional
reconheceu validade a clausula de acordo coletivo que estipula a redução
do percentual do adicional de periculosidade de 30% para 4,29%.
O Plenário do TST, por meio da Res. nº 174/2011 (DEJT
de 27, 30 e 31.05.2011), decidiu pelo cancelamento do item II da Súmula
nº 364, que considerava válida a negociação coletiva que estipulava o
adicional de periculosidade em percentual inferior ao legal.
No processo de revisão da jurisprudência, o Tribunal
Pleno levou em consideração as limitações constitucionais à
flexibilização dos direitos trabalhistas, por meio de negociação
coletiva, assim como a necessidade de se resguardar os preceitos que
tutelam a redução dos riscos laborais por meio de normas de saúde, higiene
e segurança do trabalhador, que são infensas à negociação coletiva.
Nesse contexto, são inválidas as cláusulas de acordo
coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho que fixam o
pagamento do adicional de periculosidade em percentual inferior ao legal,
porquanto tais disposições estão em inequívoco confronto com o arcabouço
jurídico-constitucional de tutela do trabalho, em se tratando de direito
infenso à negociação coletiva (CF, art. 7º, XXII e XXVI).
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Nesse sentido, são os seguintes precedentes desta
Primeira Turma e da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
verbis:
EMBARGOS. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
ELETRICITÁRIO. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO POR NORMA
COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. Garantido o direito do eletricitário ao
cálculo do adicional de periculosidade sobre todas as parcelas de natureza
salarial, quer por lei, quer pela Súmula 191 e pela OJ 279 da SbDI-1 do TST,
resta perquirir se é válida a norma coletiva mediante a qual se autoriza a
redução da base de cálculo. O Tribunal Superior do Trabalho tem firme e
reiterada jurisprudência no sentido de que o reconhecimento dos acordos e
convenções coletivas de trabalho garantido no art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal, não alcança o ajuste que culmine na redução da base de cálculo do
adicional de periculosidade devido aos eletricitários, ante a natureza de
ordem pública de que se reveste a Lei nº 7.369/85, voltada à proteção da
segurança e saúde no trabalho. Nesse raciocínio, a Súmula 364, II, do TST,
"ao prever que a fixação do adicional de periculosidade em percentual
inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser
respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos" não
altera esta conclusão. Com efeito, a par de não se referir exatamente à
negociação coletiva em torno da base de cálculo, mas do percentual, restou
cancelado em 2011 exatamente por propiciar negociação coletiva a propósito
de matéria de ordem pública e em prejuízo do trabalhador. Embargos de que
se conhece e a que se nega provimento. (TST-E-RR-13-37.2012.5.03.0012,
Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, SBDI-1, DEJT 30/04/2015).
RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI
N° 11.496/2007. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE
CÁLCULO. ELETRICITÁRIOS. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.
CANCELAMENTO DO ITEM II DA SÚMULA Nº 364. NÃO
CONHECIMENTO. 1. Hipótese em que a Quarta Turma, no acórdão
embargado, adotou entendimento em consonância com a jurisprudência ora
dominante nesta Corte Superior, que, após o cancelamento do item II da
Súmula nº 364, passou a entender pela impossibilidade de alteração da base
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de cálculo e do percentual do adicional de periculosidade por meio de
instrumento coletivo, por tratar-se de norma de ordem pública, relacionada
com a saúde e a segurança do trabalho. 2. Deste modo, os arestos
colacionados nos embargos mostram-se inservíveis ao confronto de teses,
uma vez que proferidos anteriormente ao cancelamento do item II da referida
súmula. 3. Recurso de embargos de que não se conhece. (...)
(TST-E-RR-1973-22.2012.5.03.0111, Relator Ministro Guilherme Augusto
Caputo Bastos, SBDI-1, DEJT 31/03/2015).
EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. (...) RECURSO
DE EMBARGOS DO RECLAMANTE. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. PAGAMENTO EM PERCENTUAL INFERIOR AO
PREVISTO EM LEI, AJUSTADO EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA.
INVALIDADE. CANCELAMENTO DO ITEM II DA SÚMULA Nº 364
DO TST. As condições de trabalho podem ser negociadas coletivamente
pelos sindicatos representativos das categorias profissional e econômica,
devendo ser dado amplo reconhecimento às convenções e aos acordos
coletivos de trabalho decorrentes, por força de mandamento constitucional
contido no artigo 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal de 1988. No
entanto, as negociações coletivas encontram limites nas garantias, nos
direitos e nos princípios instituídos pela mesma Carta Magna, intangíveis à
autonomia coletiva, tais como, as normas de proteção à saúde e segurança do
trabalhador, que tutelam a vida e a saúde do empregado. Ou seja, se a
Constituição da República assegura a todos os trabalhadores, no inciso XXII
do mesmo artigo 7º, a existência de normas de saúde, higiene e segurança no
trabalho capazes de reduzir os riscos inerentes à atividade laboral, as normas
coletivas de trabalho decorrentes de negociação coletiva não podem, pura e
simplesmente, eliminar ou reduzir os direitos previstos em lei ligados a essas
matérias. Esta, aliás, foi a ratio decidendi dos vários precedentes que
levaram à edição da Orientação Jurisprudencial nº 342, item I, da SbDI-1
desta Corte, in verbis: "INTERVALO INTRAJORNADA PARA
REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. NÃO CONCESSÃO OU REDUÇÃO.
PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. (...) I - É inválida
cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a
supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida
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de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem
pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação
coletiva." Neste contexto, considerando que o adicional de periculosidade
também constitui direito vinculado à saúde e à segurança do trabalho,
assegurado por norma de ordem pública, nos termos dos artigos 193, § 1º, da
CLT e 7º, incisos XXII e XXIII, da Constituição Federal, o direito ao seu
pagamento integral (isto é, pelo percentual de 30% do valor mensal da base
de cálculo salarial devida) não pode ser objeto de nenhuma redução ou
limitação por negociação coletiva, diante do seu caráter indisponível.
Exatamente por isso, os Ministros componentes do Tribunal Pleno desta
Corte, em decorrência dos debates realizados na denominada "Semana do
TST", no período de 16 a 20/5/2011, decidiram, em sessão realizada no dia
24/5/2011 e por meio da Resolução nº 174, da mesma data (DJe de
27/5/2011, p. 17 e 18), cancelar o item II da Súmula nº 364, que permitia a
possibilidade de fixação do adicional de periculosidade em percentual
inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, desde que
pactuada em acordos ou convenções coletivos. Desse modo, sendo
incontroverso, nos autos, que o reclamante laborava em prédio onde estão
instalados tanques de armazenamento de líquido inflamável, faz ele jus ao
pagamento do correspondente adicional, nos exatos termos da lei, ou seja, à
razão do percentual de 30% do valor salarial mensal legalmente fixado como
sua base de cálculo, já que o contato intermitente, e não só o contato
permanente com as condições de risco, também gera o direito ao adicional,
nos termos do item I da mesma súmula, cujo teor foi, em sua essência,
mantido na citada Resolução. Embargos conhecidos e providos. (...)
(TST-E-ED-RR-111300-39.2003.5.15.0027, Relator Ministro José Roberto
Freire Pimenta, SBDI-1, DEJT 20/02/2015)
RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO REDUZIDO.
PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. CANCELAMENTO DO ITEM II
DA SÚMULA 364 DO TST. Não há como conferir validade à cláusula
coletiva que estabeleceu o pagamento do adicional de periculosidade em
percentual inferior ao previsto em lei, em face do cancelamento do item II da
Súmula 364 do TST. Esta Corte, em sessão extraordinária realizada pelo
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Tribunal Pleno em 24/5/2011, concluiu pela inviabilidade de redução,
mediante negociação coletiva, de direito relacionado às normas de proteção à
saúde e segurança do trabalho, assegurado constitucionalmente. Nesse
contexto, fica afastada a suposta divergência jurisprudencial. Recurso de
embargos não conhecido. (TST-E-RR- 68000-20.2009.5.09.0662, Relator
Ministro Augusto César Leite de Carvalho, SBDI-1, DEJT 25/10/2013).
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE CÁLCULO.
NORMA COLETIVA. Conquanto o reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho esteja assegurado pela Constituição da
República, em seu art. 7°, inc. XXVI, a possibilidade de flexibilização de
direitos depende de que estes não se encontrem assegurados mediante
normas cogentes, de ordem pública. Assim, o Tribunal Pleno desta Corte, em
sessão realizada em 24 de maio de 2011, cancelou o item II da Súmula 364
desta Corte. Este cancelamento implicou o reconhecimento da
impossibilidade de fixar o pagamento do adicional de periculosidade
proporcional ao tempo de exposição ao risco bem como de reduzir o
percentual previsto em lei mediante negociação coletiva. Com fundamento
nesse entendimento, esta Corte tem reconhecido a impossibilidade de
redução da base de cálculo do adicional de periculosidade devido aos
eletricitários mediante negociação coletiva, por se tratar de norma de ordem
pública, relativa à saúde e à segurança do trabalho. Recurso de Embargos de
que se conhece em parte e a que se nega provimento.
(TST-E-ED-RR-948-76.2011.5.03.0153, Relator Ministro João Batista Brito
Pereira, SBDI-1, DEJT 30/08/2013).
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. 1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO DO
PERCENTUAL POR NORMA COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. 2.
BASE DE CÁLCULO. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RECURSO
DESFUNDAMENTADO. Impõe-se confirmar a decisão agravada, na qual
constatada a ausência de violação direta e literal de preceito de lei federal ou
da Constituição da República, bem como a não configuração de divergência
jurisprudencial hábil e específica, nos moldes das alíneas "a" e "c" do artigo
896 da CLT, uma vez que as razões expendidas pela agravante não se
mostram suficientes a demonstrar o apontado equívoco em relação a tal
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conclusão. Agravo conhecido e não provido.
(TST-Ag-AIRR-474-63.2012.5.03.0091, Relator Ministro: Hugo Carlos
Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 19/02/2016).
RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA. Após o cancelamento do item II da
Súmula nº 364, esta Corte Superior tem se posicionado no sentido de não ser
possível a redução do percentual do adicional de periculosidade por meio de
instrumento coletivo, haja vista tratar-se de direito assegurado por norma de
ordem pública, de proteção à saúde e à segurança do trabalhador e, por isso,
infensa à negociação coletiva. Pertinência do art. 896, § 7º, da CLT. Recurso
de revista de que não se conhece." (TST-RR-263900-09.2006.5.02.0316,
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 20/03/2015).
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERCENTUAL INFERIOR
AO LEGAL. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. 1. O princípio do
reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, consagrado
no artigo 7º, XXVI, da Constituição da República, apenas guarda pertinência
com aquelas hipóteses em que o conteúdo das normas pactuadas não se
revela contrário a preceitos legais de caráter cogente. 2. O pagamento do
adicional de periculosidade está assegurado pelo artigo 193 da Consolidação
das Leis do Trabalho, norma que se reveste do caráter de ordem pública. A
redução do percentual legalmente estabelecido (30% - trinta por cento), nos
termos do § 3º do artigo 193 consolidado, mediante norma coletiva, afronta
diretamente a referida disposição de lei, além de atentar contra os preceitos
constitucionais assecuratórios de condições mínimas de proteção ao
trabalho. Resulta evidente, daí, que tal avença não encontra respaldo no
artigo 7º, XXVI, da Constituição da República. 3. Observando tal
entendimento, o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, em revisão de
jurisprudência, houve por bem cancelar o item II da Súmula n.º 364, por
meio da Resolução nº 174, de 24/5/2011, vedando, assim, a possibilidade de
se transacionar o adicional de periculosidade, ainda que por meio de norma
coletiva. 4. Recurso de Revista conhecido e provido.
(TST-RR-768-45.2012.5.09.0028, Relator Desembargador Convocado
Marcelo Lamego Pertence, 1ª Turma, DEJT 11/12/2015).
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Acresce salientar que, a propósito do princípio da
autonomia privada coletiva, a má utilização por certos sindicatos
profissionais do poder negocial outorgado pela Constituição Federal à
defesa dos direitos e aos interesses da categoria.
Não são raros os processos judiciais denunciando a
existência de acordos coletivos ou convenções coletivas de trabalho em
que os sindicatos profissionais renunciam a direitos indisponíveis dos
trabalhadores, do que são exemplos: a supressão ou redução do intervalo
intra e interjornada; exclusão da multa do FGTS; supressão de horas in
itinere; pagamento do adicional de periculosidade em percentuais
variando entre 1% e 5%, etc.
Nessas demandas, regra geral, a experiência tem
demonstrado que os trabalhadores não têm assegurado qualquer tipo de
contrapartida pela supressão ou redução de seus direitos, o que nega a
própria finalidade da negociação coletiva.
O reconhecimento da negociação coletiva prevista no
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal pressupõe que o sindicato atue
na defesa dos direitos e interesses da categoria, e não de seus
dirigentes, como tem sucedido nas situações descritas acima, o que tem
dado margem à oportuna e eficiente intervenção do Ministério Público do
Trabalho em defesa da ordem jurídica trabalhista, ajuizando ações civis
públicas ou ações anulatórias.
Assim, ao concluir pela validade da negociação
coletiva em que se fixou a redução do percentual do adicional de
periculosidade de 30% para 4,29%, o Tribunal Regional contrariou a
iterativa e notória jurisprudência deste Tribunal.
Logo, CONHEÇO do recurso de revista, por violação do
art. 193, § 1º, da CLT.
1.2. DESPESAS DECORRENTES DO USO DE VEÍCULO PRÓPRIO.
NATUREZA INDENIZATÓRIA. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA
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O Tribunal Regional, quanto ao tema em epigrafe, negou
provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante, adotando a
seguinte fundamentação, verbis:
[...] Do aluguel do veículo
O Reclamante alega que disponibilizada veículo próprio para a
execução das atividades laborais em favor da Reclamada, sem receber pelo
aluguel do veículo. Destaca trechos da prova testemunhal para embasar sua
pretensão, bem como colaciona contratos de locação de viatura firmados
entre a Ré e outros funcionários, que recebiam cerca de R$ 800,00 mensais.
Aduz que o procedimento adotado pela Ré, que admite ter pago aluguel e
combustível para alguns empregados (cabistas e auxiliares técnicos), é
discriminatória e fere o princípio da igualdade (art. 7º, XXX, da CF/88).
Sustenta que instaladores, cabistas e técnicos desempenham funções de
mesma natureza, utilizando-se de veículo próprio para deslocamento e
cumprimento das Ordens de Serviços, de modo que a conduta da Reclamada
deveria ser equânime e uniformizada. Requer a condenação da Ré no
pagamento de R$ 800,00/mês, a título de aluguel do veículo.
O contrato de fl. 130, firmado em 01/06/2004 entre a 1ª Ré e um
auxiliar técnico, prevê o pagamento de R$ 800,00 por mês, a título de aluguel
e ressarcimento das despesas pela manutenção e conservação do veículo
(cláusula segunda). O valor pago ao Autor superava R$ 800,00/mês, não
havendo afronta ao princípio da igualdade em relação ao obreiro.
Os documentos de fls. 95-100 referem-se a extratos bancários que
consignam depósitos a título de aluguel de veículo ou reembolso de
despesas, pagos a instalador da Telenge. É injustificável o argumento inicial
(fl. 22), de que o Autor não mais possui tais recibos e por isso colaciona os
documentos 56/62 (fls. 95/100), eis que, por se tratarem de extratos
bancários de conta particular, estariam ao alcance do Reclamante. Ademais,
ao assentir pela existência de tais recibos, o Reclamante acaba por admitir
tratamento isonômico com o instalador elencado às fls. 56/62, conforme
narra na exordial: "o critério estabelecido pela Reclamada para o pagamento
da Produção era igual para todos os instaladores/reparadores" (fl. 22, in fine).
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Conclui-se que o Reclamante já era reembolsado das despesas pelo uso
de automóvel particular, o que incluía o aluguel do veículo, conforme
indicam o recibo de fls. 237, sendo o valor pago (cerca de R$ 800,00/mês -
item 04, fl. 08 e fl. 237), ora sob a rubrica 'aluguel de veículo' ora como
'reemb c/desp veic' (fl. 08), suficiente para fazer frente à integralidade das
despesas, conforme pactuado pela empresa e o sindicato representante da
categoria profissional. Aliás, o obreiro outrora alegou que o valor superava
os gastos efetivos, o que reforça a conclusão de que não faz jus ao pagamento
de R$ 800,00 por mês, eis que o aluguel do veículo já estava incluído no
custo discriminado na cláusula 20 da CCT 2007/2008 (fl. 139). Mantenho.
Do reembolso do combustível
O Recorrente discorda da sentença que indeferiu o reembolso dos
gastos com combustível, ao fundamento de que a parcela já foi quitada,
segundo os termos do acordo coletivo.
Sustenta que o valor pago referia-se à produção, não guardando
qualquer relação com o custo pelo abastecimento. Embasa sua pretensão na
prova oral e afirma que utilizava em média 45 litros de combustível por
semana e 180 litros por mês, o que corresponde à média de R$ 430,00/mês.
Destaca que era obrigado a abastecer nos postos conveniados e a despesa era
descontada da quantia paga a título de produção. Requer seja a Ré condenada
a reembolsar os gastos com abastecimento, nos moldes pleiteados na petição
inicial.
De fato, inarredável que o veículo próprio utilizado pelo Reclamante
no exercício de suas funções servia à parte Reclamada, atendendo aos
interesses econômicos desta. Nessa linha, haveriam de ser ressarcidos todos
os gastos que o empregado possuísse com o veículo, uma vez que tal bem era
essencial para que prestasse sua força de trabalho e, conforme art. 2º da CLT,
é de responsabilidade do empregador os riscos derivados da atividade
desempenhada.
Ocorre que tal ressarcimento foi convencionado em norma coletiva,
especificamente na cláusula 18 do ACT 2004/2005, cláusula 19 dos ACT's
2005/2006 e 2006/2007 e cláusula 20 do ACT 2007/2008 (fl. 139), que
estipularam a forma de pagamento tanto das despesas com combustível
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como da manutenção do veículo, conforme previsão do seu parágrafo
primeiro.
Conclui-se que a 1ª Reclamada (Telenge) efetuava o pagamento de
uma indenização referente à utilização do veículo particular pelos
instaladores, ante a previsão contida nos acordos coletivos de trabalho. Tal
indenização tinha o intuito de cobrir todas as despesas, incluindo a
manutenção do veículo e seu desgaste, bem como o gasto com combustível.
Ainda, a norma coletiva aplicável expressamente afasta a natureza salarial
dos valores pagos a título de reembolso (e.g., parágrafo 7º da cláusula 18ª do
ACT 2004/2005 - fl. 186), que "visam tão somente o ressarcimento das
despesas" (cf. cláusula 20, parágrafo sétimo, da CCT 2007/2008 - fl. 140.
Grifei).
As convenções e acordos coletivos são instrumentos hábeis a fixar as
condições pelas quais irão reger-se as relações de trabalho entre empregados
e empregadores; sendo validamente configurados, suas cláusulas integram os
contratos individuais de trabalho, fazendo lei entre as partes que alcançam.
Desta forma, válida é a cláusula estabelecida, pois dentro dos
parâmetros legais. Assim, não prospera o pleito de ressarcimento dos valores
e indenização pela depreciação do veículo.
Diante do exposto, e nos termos do que dispõe o artigo 7º, XXVI da
CF/88 e o próprio artigo 444 da CLT - o qual autoriza a livre negociação das
relações contratuais de trabalho, desde que observadas as convenções
coletivas de trabalho -, correta a r. decisão. Ainda que assim não fosse, o
Recorrente não juntou aos autos notas fiscais, em nome próprio, de despesas
que tenha contraído com o uso do veículo, nos exatos momentos em que
prestava seus serviços à parte Reclamada. Tratando-se de veículo próprio,
era utilizado tanto profissionalmente como pessoalmente, em horários de
lazer. Assim procedendo, não há de se cogitar em condenação da parte
Reclamada à indenização de despesas que nem sequer foram comprovadas.
Tampouco há de se considerar fraude no pagamento da parcela a título
indenizatório, seja porque não comprovado o argumento do Recorrente, de
que as despesas realizadas pela manutenção representavam valor ínfimo da
quantia paga pela Ré (cerca de 10%), seja porque a norma convencional leva
em consideração a média gasta pelos demais instaladores nos últimos 12
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meses, de forma geral, encontrando validade no disposto no artigo 7º, XXVI
da CF/88. Mantenho.
Nas razões do recurso de revista, às fls. 414-416, o
reclamante alega que a quantia paga a título de reembolso por uso de
veículo próprio superava 50% (cinquenta por cento) do seu salário, o que
“resta flagrante que a Recorrida com apoio no Acordo Coletivo buscou
mascarar pagamento de salário por meio de ressarcimento de despesas
superestimada, com fito único afastar o cunho salarial da verba” (sic).
Indica ofensa ao art. 457, § 1º e 2º, da CLT.
O recurso não alcança conhecimento.
A Corte Regional, valorando fatos e provas, concluiu
que a reclamada efetuou corretamente o pagamento dos valores devidos a
título de despesas por uso de veículo particular pelo reclamante, parcela
que ostentava natureza indenizatória, conforme previsão em norma
coletiva.
Registrou o Colegiado a quo que o reclamante, além de
não ter comprovado a alegação de que “as despesas realizadas pela
manutenção representavam valor ínfimo da quantia paga pela Ré (cerca de
10%)”, não juntou aos autos notas fiscais demonstrando as despesas que
teria contraído pelo uso do veículo.
Nesse contexto, ante a moldura fática delineada, para
se concluir pelo pagamento incorreto dos valores estabelecidos a título
de despesas pela utilização de veículo particular, assim como que o valor
recebido superava 50% (cinquenta por cento) do salário do reclamante,
a fim de se reconhecer a natureza salarial da referida parcela, seria
necessário o reexame do conjunto fático-probatório, o que é vedado nesta
fase recursal de natureza extraordinária, nos termos da Súmula da nº 126
do TST.
A corroborar este entendimento, destacam-se os
seguintes julgados desta Corte Superior, com pretensão idêntica destes
autos, verbis:
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[...] 2. INTEGRAÇÃO AOS SALÁRIOS DOS REEMBOLSOS DAS
DESPESAS COM VEÍCULOS. Extrai-se do acórdão regional que havia
previsão normativa expressa evidenciando a natureza indenizatória da
parcela e que o Reclamante não logrou infirmar os recibos de pagamento a
tal título. Assim, improcede o pedido de integração das parcelas na
remuneração do empregado, bem como o pedido de indenização pelas
diferenças de seguro desemprego. Decisão em sentido contrário demandaria
reexame de fatos e provas, procedimento vedado a esta instância recursal
extraordinária, nos termos da Súmula 126/TST. Recurso de revista não
conhecido, no aspecto. (TST-RR-2200-77.2006.5.09.0071, Relator Ministro:
Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 17/08/2012).
[...] DESPESAS COM VEÍCULO E COMBUSTÍVEL. NATUREZA
JURÍDICA. O Tribunal Regional, soberano na análise da prova, concluiu
que o reembolso dos gastos realizados com o uso de veículo próprio possui
natureza indenizatória, pois correspondia ao mero ressarcimento de todas as
despesas, incluindo a manutenção e o combustível utilizado, conforme
previsão contida nos acordos coletivos celebrados pela empresa e o sindicato
representante da categoria profissional. Para decidir de forma diversa do
entendimento contido no acórdão recorrido, necessário seria o revolvimento
dos fatos e das provas, o que atrai a incidência da Súmula nº 126 do TST.
Recurso de revista de que não se conhece. (TST-RR-699-86.2010.5.09.0091,
Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT
07/02/2014).
RECURSO DE REVISTA. DESPESAS COM VEÍCULO.
NATUREZA INDENIZATÓRIA. Decisão regional que se baseia no que
estabelecido em norma coletiva. Incidência da Súmula nº 126 do TST.
Recurso de Revista não conhecido. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
FLEXIBILIZAÇÃO. NORMA COLETIVA. REVISÃO DE
JURISPRUDÊNCIA. Em recente revisão de jurisprudência, este Tribunal
Superior decidiu cancelar o item II da Súmula nº 364, retirando a
possibilidade de norma coletiva estipular percentual de adicional de
periculosidade inferior ao previsto no art. 193, § 1º, da CLT (Resolução n.º
174, de 24/5/2011 - DEJT 27/5/2011). Recurso de Revista conhecido e
provido. (TST-RR-242400-54.2009.5.09.0325, Relator Juiz Convocado
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Sebastião Geraldo de Oliveira, 8ª Turma, Data de Publicação DEJT
18/11/2011).
Pontua-se, em última análise, que estabelecida a
natureza indenizatória das despesas pelo uso do veículo próprio pelo
empregado, mediante norma coletiva, não há como reconhecer violação do
art. 457, § 2º, da CLT.
NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no particular.
2. MÉRITO
PERCENTUAL DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. REDUÇÃO
POR NORMA COLETIVA
Conhecido o recurso de revista por violação do art.
193, § 1º, da CLT, DOU PROVIMENTO ao recurso de revista para, reformando
o acórdão recorrido, condenar as reclamadas, a empresa Brasil Telecom
S.A., de forma subsidiária, ao pagamento de diferenças do adicional de
periculosidade entre os valores quitados e o percentual legal de 30%,
referente ao período de vigência das normas coletivas que reduziram o
percentual do adicional, observada a prescrição quinquenal.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento
e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o julgamento do recurso
de revista. Acordam, ainda, por unanimidade, julgando o recurso de
revista, na forma do art. 897, § 7º, da CLT, dele conhecer quanto ao tema
“Percentual do adicional de periculosidade. Redução por norma coletiva”,
por violação do art. 193, § 1º, da CLT e, no mérito, dar-lhe provimento
para, reformando o acórdão recorrido, condenar as reclamadas, a empresa
Brasil Telecom S.A., de forma subsidiária, ao pagamento das diferenças
do adicional de periculosidade entre os valores quitados e o percentual
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PROCESSO Nº TST-RR-1258-25.2010.5.09.0000
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legal de 30%, observada a prescrição quinquenal. Valor da condenação
acrescido em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), com custas complementares
de R$ 300,00 (trezentos reais), a cargo das reclamadas.
Brasília, 06 de abril de 2016.
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WALMIR OLIVEIRA DA COSTA Ministro Relator
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