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SUMÁRIO

1. ATRIBUTOS E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA.........

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2. A OCORRÊNCIA............................................................................. 05

3. AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE............................................. 06

4. SUPORTE BÁSICO DE VIDA ........................................................ 17

5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA................................ 24

6. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO.... 29

7. CHOQUE......................................................................................... 36

8. HEMORRAGIA................................................................................ 39

9. QUEIMADURAS.............................................................................. 47

10. LESÃO CEREBRAL TRAUMÁTICA............................................. 53

11. TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM)................................. 57

12. TRAUMA TORÁCICO................................................................... 59

13. TRAUMA ABDOMINAL................................................................. 62

14. TRAUMA MÚSCULO – ESQUELÉTICO....................................... 66

15. INTOXICAÇÕES............................................................................ 71

16. TRIAGEM....................................................................................... 74

17. REFERÊNCIAS............................................................................. 78

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1. ATRIBUTOS E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA 1.1 INTRODUÇÃO É da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em prática o suporte básico de vida. Saber fazer o certo na hora certa pode significar a diferença entre a vida e a morte para um acidentado. Além disso, os conhecimentos na área podem minimizar os resultados decorrentes de uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em melhores condições para receber o tratamento definitivo. 1.2 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH) É o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte da vítima, visando mantê-la com vida e estável, evitando o agravamento das lesões existentes e fornecendo um transporte rápido e adequado até um serviço de referencia. 1.3 O SOCORRISTA É pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes. É uma atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria N° 2048, de 05 de novembro de 2002. O socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa prestadora de socorro. 1.4 ATRIBUTOS DO SOCORRISTA Os principais atributos inerentes à função do socorrista são: a) Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento

necessário; b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou

exageradas daqueles que estão sob situação de estresse; c) Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente.

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1.5 RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes atividades: a) Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos equipamentos de

proteção individual (EPI’s) e fazer uso dos mesmos; b) Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os riscos, de modo a

proteger a si mesmo, sua equipe, o paciente e prevenir outros acidentes; c) Colher o maior número possível de informações junto à base, tais como tipo de

acidente, nº e situação das vítimas, se já foi acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos de referência do local da ocorrência etc..

d) Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a

situação; e) Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local, através

da cinemática do trauma e pela avaliação do paciente; f) Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu

treinamento, não correndo riscos desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para socorrer uma vítima, desde que a cena esteja segura para si e sua equipe primeiramente;

g) Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local

do paciente. O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais;

h) Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e

coordenar as atividades; i) Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando com dignidade e

respeito à vida humana. 1.6 DIREITOS DO PACIENTE a) Solicitar e receber atendimento; b) Exigir sigilo sobre suas condições; c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo de sua condição; d) Recusar o atendimento conforme o caso.

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1.7 TERMOS USUAIS • Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo

estado físico coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada.

• Urgência: Condição indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado

que necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível. Ex.: queimaduras; estado de pânico agudo; dor abdominal grave.

• Emergência: Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à ação normal

de um órgão em estado grave, que necessita atendimento médico imediato com a mais alta prioridade. Ex.: parada cardíaca; choque profundo; traumatismo craniano.

• Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de

atendimento. • Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou

feridas, mas que pode oferecer risco futuro. • Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima. • Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima. • Suporte Básico da Vida: É uma medida de emergência que consiste no

reconhecimento e correção da falência do sistema respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, manter a pessoa respirando, com pulso e sem hemorragias.

• Trauma: Aplicação de uma força que supera a capacidade de resistência do

corpo ou parte dele, provocando lesões de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser produzidas por agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de forma acidental e ou intencional, agindo instantânea ou prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou psíquica.

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2. A OCORRÊNCIA Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou patologias, que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte básico de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou sobrevida aos pacientes, bem como evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente. 2.1 CHAMADA DE EMERGÊNCIA

Dados a solicitar ou confirmar durante o deslocamento para a cena de emergência: • Local do acidente (ponto de referência); • Solicitante; • Natureza da ocorrência; • N.º de vítimas e idade aproximada; • Gravidade das vítimas; • Ações já empreendidas. 2.2 RECONHECIMENTO DO LOCAL DA OCORRÊNCIA Reconhecimento da situação, realizado pelo socorrista no momento em que chega ao local da emergência. O reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial, decidir o que fazer e como fazer. 2.2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes aspectos: • A situação; • Potencial de risco; • As medidas a serem adotadas; • Adoção de medidas de proteção individual (EPI). Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e acionar o serviço de emergência. 2.2.2 GERENCIAMENTO DOS RISCOS Consiste na avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda a cena de emergência, possibilitando eliminar ou minimizar as situações de risco existentes. 2.2.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) EPI’s são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista durante a realização de atividades onde possam existir riscos potenciais à sua pessoa.

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3. AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE A avaliação é a pedra fundamental para o melhor atendimento ao doente. A primeira meta é determinar a situação atual da vítima. Desenvolve-se uma impressão geral, estabelecem-se valores basais para os estados respiratórios, circulatório e neurológico. Em seguida, são rapidamente encontradas e tratadas as condições que ameaçam a vida. Se o tempo permitir, mais frequentemente quando o transporte está sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de lesões sem risco de vida ou que comprometam membros. Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo gasto na cena . Não se pode permitir que doentes graves permaneçam no local do trauma para outro cuidado que não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam presos ou existam outras complicações que impeçam o transporte imediato. De acordo com o PHTLS, o processo de avaliação geral do paciente divide-se em quatro fases distintas, a saber: • Exame da cena; • Exame primário; • Exame secundário; • Monitoramento e reavaliação. 3.1 EXAME DA CENA

Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. Mas isso já foi discutido no capítulo anterior. 3.2 EXAME PRIMÁRIO Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a vida em curto prazo. No doente traumatizado multisistêmico1 grave, a prioridade máxima é a identificação e o atendimento rápido de condições que ameacem a vida. Mais de 90% dos doentes traumatizados possuem ferimentos que envolvem apenas um sistema. Para esses, há tempo para fazer tanto o exame primário quanto o secundário completos.

1 O paciente multisistêmico possui lesões que afetam mais de um sistema do corpo, incluindo os

sistemas pulmonar, circulatório, neurológico, gastrointestinal, músculo-esquelético e tegumentar.

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Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais do que o exame primário. A ênfase é na avaliação rápida, utilizando cinco etapas (ABCDE do trauma). A - (Airway) permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna cervical B- (Breathing) ventilação. Se a vítima respira e como se processa essa respiração C- (Circulation) verificar pulso, hemorragia e risco de estado de choque D- (Disability) incapacidade neurológica E- (Exposure) exposição de ferimentos Como Realizar o Exame primário

1. Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma impressão geral do paciente; 2. Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. “Eu sou o... (nome do bombeiro), Bombeiro Profissional Civil, e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo?”. Uma resposta adequada permite esclarecer que a vítima está consciente, que as vias aéreas estão permeáveis e que respira; 3. Vias aéreas (A): Avalie a sua permeabilidade e estabilize manualmente a coluna cervical, utilizando a manobra do empurre mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária somente a abertura de VA’s, utilizando a manobra de elevação do queixo; 4. Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e sentir – VOS). Observe sinais de respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua cavidade oral e visualize a presença de algum corpo estranho ou excesso de secreção na cavidade. Caso exista, faça uma varredura digital ou uma aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas ventilações de resgate e observar se houve passagem do ar (elevação do tórax e/ou abdome). Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE). Em caso positivo, checar pulso carotídeo: paciente com pulso→iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos serão descritos logo adiante); Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é insuficiente, posto que a língua e a epiglote podem obstruir a chegada de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil para aspiração bilateral, é introduzida uma cânula orofaríngea nesses pacientes. Caso tenham reflexos de vômito, não deverá ser colocada;

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Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica se há corpos estranhos na cavidade oral da vítima.

Avaliação da respiração – ver, ouvir e sentir.

5. Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em adultos e crianças, e braquial em lactentes): paciente sem pulso→iniciar RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão. A perfusão > 2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e úmida, pode indicar um comprometimento da oxigenação dos tecidos ou choque; 6. Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow), para a avaliação do grau de comprometimento neurológico e da evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as pupilas. Observe a sua reatividade e simetria; 7. Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que impeçam a correta avaliação da existência de ferimentos; expor somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o choque; preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente; 8. Decida a prioridade para o transporte, através da escala CIPE; 9. Coloque colar cervical; 10. Administre oxigênio. Escala CIPE Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o paciente de acordo com a gravidade de suas lesões ou doença. Essa classificação é baseada na escala CIPE. Crítico � Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

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Instável � Paciente inconsciente (Glasgow <13), com choque descompensado (choque com perfusão >2s), dificuldade respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou tórax. Potencialmente Instável � Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado (perfusão <2s), portador de lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico. Estável � Paciente portador de lesões menores e sinais vitais normais. Os pacientes críticos e instáveis devem ser tratados no máximo em 5 minutos no local da emergência e transportados de imediato. Nesses casos, o exame secundário deverá ser realizado durante o transporte para o hospital, simultaneamente com as medidas de suporte básico de vida. Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis e estáveis, o socorrista deverá continuar a avaliação no local da emergência no máximo em 12 minutos e transportá-lo após sua estabilização. Colar Cervical e Oxigênio Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um rápido exame físico na região posterior, anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o colar cervical de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de ofertar oxigênio para o paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e através do emprego de uma máscara facial com reservatório de oxigênio.

� Para tratar os pacientes de emergência clínica, os socorristas poderão utilizar os mesmos parâmetros recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a região cervical. 3.3 EXAME SECUNDÁRIO

O exame secundário é avaliação da cabeça aos pés do doente. O socorrista deve completar o exame primário, identificar e tratar as lesões que ameaçam a vida antes de começar o exame secundário. Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o exame primário. É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente por três socorristas. Caso não haja essa quantidade, pode haver acúmulo de função, sendo imprescindível sempre, um treinamento permanente da equipe para a harmonia dos trabalhos.

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- Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa com o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e outros dados relevantes. - Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a aferição da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente. - Exame físico detalhado: Realizado pelo chefe da equipe em todo o segmento corporal.

� Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois algumas vezes a natureza da emergência pode não estar claramente definida. Guia Para Realizar Uma Entrevista: Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-lo, questione-o utilizando as seguintes perguntas (mnemônico AMPLA): • Alergias: principalmente a remédios. • Medicações: drogas prescritas ou não que o paciente toma regularmente. • Passado médico e antecedente cirúrgico: problemas médicos importantes para os quais o paciente recebe tratamento. Inclui cirurgias prévias. • Líquido e alimentos: muitos traumatizados necessitarão de cirurgia, e alimentação recente pode aumentar o risco de vômito e aspiração durante a indução da anestesia. • Ambiente: Eventos que levaram ao trauma (o que aconteceu?). • Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (is) que doem mais. Guia para aferir os sinais vitais: Sinal: É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina. Exemplos: pulso, palidez, sudorese etc. Sintoma: É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O paciente necessita contar sobre si mesmo. Exemplos: dor abdominal, tontura etc. Aferição de Sinais Vitais: • Pulso: É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais onde as artérias

calibrosas estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.

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Valores normais: � Adulto: 60-100 batimentos por minuto (bpm); � Criança: 80-140 bpm; � Lactentes: 85-190 bpm.

• Respiração: Processo fisiológico de troca de gases entre as artérias e o alvéolo.

Valores normais: � Adulto: 12-20 ventilações por minuto (vpm); � Criança: 20-40 vpm; � Lactentes: 40-60 vpm.

• Temperatura: É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.

Valores normais: 36,5 a 37,0 ºC – independente da faixa etária. Temperatura Relativa da Pele:

Em atendimento pré-hospitalar, o socorrista verifica a temperatura relativa da pele colocando o dorso da sua mão sobre a pele do paciente (na testa, no tórax ou no abdômen). O socorrista estima a temperatura relativa da pele pelo tato. Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca. Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o termômetro clínico, para real certificação da temperatura corporal. Com relação à coloração, a pele poderá estar: - Pálida, - Ruborizada ou - Cianótica.

� Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos lábios, ao redor da fossas nasais e nas unhas.

• Pressão arterial (PA): É definida como a pressão exercida pelo sangue

circulante contra as paredes internas das artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica.

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A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A diastólica é a pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado (diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco, quanto mais força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante. Valores normais: Adulto: • Sistólica: máxima 150 mmHg e mínima 100 mmHg. • Diastólica: máxima 90 mmHg e mínima 60 mmHg. Criança:

IDADE PRESSÃO SISTÓLICA (mm Hg)

PRESSÃO DIASTÓLICA (mm Hg)

Nascimento (12 h, < 1000 g) 39-59 16-36 Nascimento (12 h, 3 Kg) 50-70 25-45 Recém-nascido (96 h) 60-90 20-60

Lactente (6 meses) 87-105 53-66 Criança (2 anos) 95-105 53-66

Idade escolar (7 anos) 97-112 57-71 Adolescente (15 anos) 112-128 66-80

� Dentro desses valores, consideramos a PA normal; se exceder à máxima, denominamos alta (hipertensão) e, ao contrário, se não atinge o nível mínimo, denominamos baixa (hipotensão).

� Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de idade. Nos casos de hemorragias ou choque, a PA mantêm-se constante dentro de valores normais para no final desenvolver uma queda abrupta. Guia para realizar o exame físico detalhado

O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de 2 a 3 minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências médicas evidentes. Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o socorrista deverá: 1) Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa;

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2) Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos, pálpebras e os ouvidos; 3) Inspecionar o ombro bilateralmente proximal / distal; 4) Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax; 5) Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes separadamente; 6) Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região genital; 7) Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação (motricidade), a perfusão e a sensibilidade (PPMS); 8) Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar PPMS; 9) Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.

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3.4 MONITORAMENTO E REAVALIAÇÃO O monitoramento é realizado durante o transporte do paciente, devendo o socorrista reavaliar constantemente os sinais vitais e o aspecto geral do paciente. A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE: CRÍTICO e INSTÁVEL: Reavaliar a cada 5 minutos. POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL: Reavaliar a cada 15 minutos. ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG)

AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO Espontânea 4 Por estímulo verbal 3 Por estímulo à dor 2

• Abertura ocular

Sem resposta 1 Orientado 5 Confuso (mas responde) 4 Resposta inapropriada 3 Sons incompreensíveis 2

• Resposta verbal

Sem resposta 1 Obedece ordens 6 Localiza dor 5 Reage a dor mas não localiza 4 Flexão anormal – decorticação 3 Extensão anormal- decerebração

2

• Resposta motora

Sem resposta 1

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FLUXOGRAMA DA AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE

Exame Primário

• Impressão geral • Vias aéreas/cervical • Respiração • Circulação (pulso e hemorragias) • Estado neurológico (ECG) • Exposição de ferimentos • Decisão de transporte (CIPE)

Avaliação da Cena

Colar cervical e oxigênio

Monitoramento e Reavaliação

Estabilização e Transporte

Exame Secundário

• Entrevista • Exame físico detalhado

• Sinais vitais

-RP; -OVACE; -RCP/DEA.

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4. SUPORTE BÁSICO DE VIDA O suporte básico de vida (SBV) é uma sequência de medidas, aplicadas inicialmente no atendimento a vítimas em parada cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar ajuda, iniciar suporte ventilatório e circulação mecânica. Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso são os ritmos mais frequentemente observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica precoce é a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico, adicionou-se a desfibrilação à sequência da RCP. O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral – RCRC vem sendo inserido na prática profissional em substituição ao termo RCP - Reanimação Cardiopulmonar. Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas iniciais devem objetivar não só o retorno da circulação espontânea, mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral. Entretanto, abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer dúvidas. 4.1 DEFINIÇÕES 4.1.1 PARADA RESPIRATÓRIA Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser acompanhada de parada cardíaca. São causas de parada respiratória por ordem de incidência: • Doenças do pulmão; • Trauma; • Obstrução de Vias Aéreas; • Acidente Cardiovascular (AVC); • Overdose por drogas; • Afogamento; • Inalação de fumaça; • Epiglotite e laringite; • Choque elétrico. 4.1.2 PARADA CARDÍACA Segundo Guimarães ET AL (2005, p.1) parada cardíaca é “a cessação da atividade ventricular cardíaca e circulação sistêmica em indivíduo com expectativa de restauração das funções cardiopulmonar e cerebral, não portador de moléstia crônica intratável ou em fase terminal”. Outra definição: É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apnéia (ou respirações agônicas).

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4.2 MORTE CLÍNICA E BIOLÓGICA A reanimação cardiopulmonar (RCP) é também uma aspiração médica, porque a morte clínica não é seguida instantaneamente da morte biológica. Ou seja, no momento em que um paciente apresenta sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a qualquer estímulo e ausência de movimentos respiratórios e de pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos. Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos tecidos e recuperar a respiração e a circulação espontâneas, antes da morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com sucesso. Para alguns pacientes com parada cardiorrespiratória e com funções neurológica e cardiorrespiratória previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal determinante do sucesso da RCP. Delineação da idade Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima, é necessário definir tal situação: • Adultos: vítimas que apresentem caracteres sexuais secundários (pré-

adolescentes); • Crianças: a partir de 1 (um) ano de idade até a presença de caracteres sexuais

secundários; • Bebês ou lactentes: até 1 (um) ano de idade; • Neonatos ou recém-nascidos: das primeiras horas do parto até 28 dias.

Lesão cerebral x tempo em parada

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4.3 DIAGNÓSTICO É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de sinais que indiquem que o paciente está evoluindo para uma parada cardiorrespiratória. São eles: • Alteração da respiração (taqui ou bradipnéia); • Alteração do nível de consciência (torpor); • Alteração do ritmo cardíaco (taquiarritmias, bradicardia). Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR, diagnosticada através de: inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e femoral). No lactente, dá-se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero medialmente ao bíceps. Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a cianose. A dilatação pupilar (midríase) surge cerca de 45 segundos após a PC, completando-se em menos de 3 minutos. 4.4 ABCD PRIMÁRIO A reanimação cardiopulmonar requer uma sequencia de procedimentos parecido com o ABCD da avaliação inicial com a diferença que o “D” da RCP se refere à desfibrilação: A - Vias aéreas: manter as vias aéreas para a passagem do ar; B - Respiração: ventilar os pulmões da vítima com pressão positiva; C- Circulação: fazer compressões torácicas; D - Desfibrilação: aplicação de choque para FV/TV sem pulso. Estabelecida que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em decúbito dorsal (costas no chão). VIAS AÉREAS (A) 1º passo: Na ausência de suspeita de trauma (vítimas clínicas), realize a manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo (fig. 1). Ao suspeitar de eventos traumáticos realizar manobra de empurre mandibular (fig. 2).

Fig. 1 Fig. 2

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2º passo: inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há nenhuma obstrução por prótese, vômito, sangue e outros. Retirar conforme técnicas já descritas. RESPIRAÇÃO (B) Fazer o VOS (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma movimentação do tórax e nenhum ar exalado, a vítima está em apnéia. O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se constatar que não há respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você não tem certeza sobre a situação, inicie as ventilações artificiais. • Realize 2 (duas) ventilações de resgate- boca-boca, boca-máscara, boca-nariz,

bolsa-válvula-máscara e observe se houve passagem de ar. As ventilações devem ter a duração de 1 segundo e um intervalo de aprox. 4 segundos entre elas, permitindo assim a expiração. Entretanto, o importante é observar se o volume de cada ventilação está sendo suficiente para produzir uma elevação torácica visível. Devem-se evitar ventilações longas ou forçadas, pois pode exceder a pressão de abertura do esôfago, provocando distensão gástrica, regurgitação e aspiração. Cuidado maior quando se trata de crianças e lactentes, onde o volume de ar insuflado deverá ser menor. Se possível, a cânula orofaríngea deverá ser usada nesse momento;

• Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui pulso, realizar a

reanimação pulmonar, que consiste em ciclos de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação a cada 5 segundos) e 12 a 20 ventilações por minuto para lactentes ou crianças ( aprox. 1 ventilação a cada 3 segundos). Após cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso central. Continuar com as ventilações até que a vítima restabeleça a respiração ou entre em parada cardiorrespiratória.

Cânulas orofaríngeas, também conhecidas

como cânulas de Guedel.

Identificação do tamanho adequado da cânula orofaríngea.

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CIRCULAÇÃO (C) Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em lactentes, utiliza-se a palpação da artéria braquial. Se ausente, iniciar a compressão torácica externa na metade inferior do osso esterno. Sequência: • ADULTO: o esterno é comprimido 4- 5 cm, utilizando-se a região hipotenar de 2

mãos. As compressões são feitas na frequência de 100/min, com 5 ciclos de 30:2 (compressão/ventilação) ou aproximadamente 2 minutos.

• CRIANÇAS: utilizar a região hipotenar de 1 ou 2 mãos na compressão esternal,

aqui restrita a 2,5- 3,5 cm. A relação compressão/ventilação será de 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um socorrista e 15:2 (10 ciclos ou 2 min.) com dois socorristas.

• LACTENTES: profundidade: 2,5-3,5 cm. Com 1 socorrista: utilizar 2 dedos para

comprimir o esterno; com 2 socorristas: utilizar a técnica dos dois polegares, com as mãos circundando o corpo. Da mesma forma em crianças, a frequência das compressões em lactentes será de 100/min., guardando a relação 30:2 (5 ciclos ou 2 min.) com um socorrista e 15:2 (10 ciclos ou 2 min.) com dois socorristas.

Considerações acerca da RCP:

Geral:

• Em nenhuma hipótese as mãos devem ser retiradas da posição entre as massagens. Entretanto, é importante que seja permitido ao tórax retornar ao seu ponto de partida antes da compressão, não devendo ser mantido sob pressão;

• Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície

rígida;

• Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima; não demore mais do que 5 segundos nessa avaliação e continue a RCP, a menos que um DEA esteja disponível;

• O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não permitir que o

tórax retorne de forma abrupta;

• A ótima compressão do esterno normalmente é identificada quando existe a palpação de pulso carotídeo ou femoral;

• Na impossibilidade da ventilação (ausência de materiais de proteção ou

traumas que possibilitem apenas a obtenção de via aérea avançada), realizar somente as compressões cardíacas externas.

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Adultos e crianças: • Ponto de referência para a compressão: centro do peito, entre os mamilos; • Ajoelhe-se ao lado da vítima na altura dos ombros. Se possível, posicione-se

do lado direito, deixando livre o esquerdo para a aplicação do DEA; • A cada 2 min. troque, se possível, o socorrista que comprime o tórax, para

evitar a exaustão e consequente aplicação incorreta das compressões; • Os dedos devem estar estendidos ou entrelaçados; eles não tocam o tórax

durante as compressões. Os braços também deverão permanecer eretos e perpendiculares ao tórax da vitima durante todo o tempo. Para isso, o socorrista deverá inclinar-se.

Posição das mãos para compressão

Braços retos e ombros sobre a vítima

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Lactentes

• Ponto de referência para compressão: imediatamente abaixo da linha dos mamilos;

• Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado com o bebê em seu

braço, apoiado em uma das pernas; DESFIBRILAÇÃO (D) Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver um desfibrilador disponível, deverá ser lançado mão imediatamente para normalizar os batimentos cardíacos que entram em movimentos descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem pulso.

Ventilação boca-a-boca-nariz Compressão com 2 dedos

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5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada cardíaca súbita pelos seguintes motivos: • O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a

Fibrilação Ventricular. • O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica. • A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui rapidamente com o

tempo. • A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos. Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver sem sequelas neurológicas, mesmo se a desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita. Quanto mais cedo a desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos primeiros minutos da parada inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador externo automático (DEA). 5.1 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS DEA Os DEA são desfibriladores externos automáticos. Na verdade, a palavra automático significa semi-automático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisam” ao operador que o choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve pressionar o botão de CHOQUE[SHOCK]). O DEA é conectado ao paciente por meio de pás auto-adesivas. O aparelho está equipado com um sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o sistema “indica” um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras. 5.2 OPERAÇÃO DO DEA Os DEA’s devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais clínicos:

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1) Ausência de resposta verbal (inconsciente); 2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias aéreas; 3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais.

5.3 MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA: 1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA

logo que constatar a parada cardíaca; 2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu há mais de 4

minutos, execute 5 ciclos (ou 10 ciclos, se lactente ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2 minutos) para depois utilizar o DEA. Nestes casos, será necessário criar condições propícias para que o coração receba o choque em uma fibrilação ventricular fortalecida pela RCP.

5.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam outras ações antes de usar o aparelho ou que contra-indiquem absolutamente sua utilização. As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou durante sua operação são as seguintes: • A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente).

Existem desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005 da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas adultos em crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao hospital.

• A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade.

Um choque elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista. É mais comum que a água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de passagem de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo cardíaco. A vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas.

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• A vítima tem um marcapasso implantado. Esses aparelhos podem ser identificados imediatamente porque criam uma protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte anterior do tórax. Quando houver coincidência de eletrodos adesivos do DEA com o marcapasso implantado no tórax poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos de inserção metálica no miocárdio durante a aplicação do choque. Nesse caso, aplique a pá auto-adesiva do DEA à, no mínimo, 2,5 cm do marcapasso cardíaco. Depois siga os passos normais de operação de um DEA.

• Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da

vítima, onde se colocam as pás auto-adesivas do DEA. 5.5 PASSOS UNIVERSAIS PARA OPERAR UM DEA 1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo

em todos os passos subsequentes); 2. Abra o estojo ou a tampa do DEA; 3. Ligue o aparelho (alguns começarão a funcionar automaticamente, quando se

abre a tampa ou o estojo); 4. FIXE as pás auto-adesivas no tórax da vítima. (Interrompa as compressões

torácicas imediatamente antes de fazê-lo); 5. Conecte a “caixa” do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os cabos estão

pré-conectados); 6. Conecte os cabos do DEA com as pás auto-adesivas. (Em alguns modelos, as

pás estão pré-conectadas); 7. Retire a proteção que está detrás das pás. Interrompa a RCP; 8. Aplique as pás auto-adesivas no tórax despido da vítima; 9. “Afaste-se” do paciente e ANALISE o ritmo; 10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do ritmo (alguns

DEA não precisam desse passo); 11. “Afaste-se” sempre do paciente durante a análise. Assegure-se de que ninguém

esteja em contato com ela, nem mesmo a pessoa encarregada da respiração de resgate;

12. “Afaste-se” do paciente e PRESSIONE o botão CHOQUE [SHOCK], se a

descarga estiver indicada;

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13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que ninguém esteja em contato com ela;

14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga somente quando

o DEA avisar que isto está indicado e ninguém estiver em contato com o paciente.

5.6 RESULTADOS E AÇÕES APÓS A DESFIBRILAÇÃO Mensagem “choque indicado / choque não indicado” e ações relacionadas: • Se o DEA mostrar uma mensagem de “choque indicado”, afaste-se do paciente

e, depois, pressione o botão CHOQUE [SHOCK]. • Se o DEA avisa “choque não indicado”, verifique os sinais de circulação. • Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos, aproximadamente.

Depois, verifique novamente os sinais de circulação. • Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente mais uma vez. • Depois de 3 mensagens de “choque não indicado”, faça mais um ciclo de RCP. • Repita período de análise a cada 1 ou 2 minutos, enquanto continua realizando

RCP. 5.7 O DEA NUMA AMBULÂNCIA EM MOVIMENTO Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é transportado em um veículo em movimento. No entanto, nunca pressione o botão ANALISE [ANALYZE] numa ambulância durante o transporte; o movimento do veículo pode interferir na avaliação do ritmo e provocar um artefato que simule uma FV. Alguns aparelhos analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa necessita de uma análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que verifique o paciente ou recomenda um choque, pare o veículo completamente e faça uma nova análise.

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5.8 SEQUÊNCIA DE AÇÕES COM O DEA 1. Verifique a ausência de resposta (consciente / inconsciente); 2. Abra as vias aéreas (clínico / trauma); 3. Verifique se há respiração eficaz (VOS); 4. Verifique se há circulação: se não houver circulação realize compressões

torácicas e prepare-se para aplicar o DEA; 5. Tente a desfibrilação com o DEA.

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6. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO – OVACE

Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de ventilação, o socorrista pode se deparar com uma resistência ao tentar insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar insuflado não está conseguindo chegar aos pulmões da vítima. Caso isso aconteça, não adianta prosseguir na análise primária, sem antes corrigir e eliminar a obstrução. 6.1 CAUSAS DA OVACE Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas, total ou parcial. Em nível de suporte básico da vida pode-se atuar e corrigir as mais comuns, que são: • Obstrução causada pela língua; • Obstrução causada por corpos estranhos. 6.2 SINAIS DA OVACE O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no atendimento. O socorrista deve estar atento, pois a obstrução de vias aéreas e consequente parada respiratória evoluem rapidamente para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (leve) ou total (grave). Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas quando: • Sua respiração é muito dificultosa, com ruídos incomuns; • Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica), principalmente ao redor

dos lábios, leito das unhas, lóbulo da orelha e língua; e • Quando a vítima está tossindo. Quando a vítima apresentar estes sinais, estará consciente e, caso a troca gasosa ainda esteja satisfatória, o socorrista apenas irá encorajá-la a tossir, aguardando que o corpo estranho seja expelido. A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por exemplo, a vítima está se alimentando ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte.

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6.3 TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 6.3.1 REMOÇÃO MANUAL Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for visível. A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração da mandíbula (em caso de trauma) ou a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador “em gancho”, do canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar o dedo indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível. Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a queda da língua, a introdução a cânula orofaríngea será suficiente para restabelecer a passagem do ar. 6.3.2 ASPIRAÇÃO Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. O vácuo necessário pode ser produzido com gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente. Os dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou flexíveis. Técnica • Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro de pulso; • Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio; • Efetuar a limpeza manual da orofaringe; • Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar; • Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10 segundos; • Retirar com movimentos rotatórios; • Não é necessário aspirar as narinas de adultos, pois a obstrução de vias aéreas

é na boca e orofaringe; • Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser novamente oxigenado. Complicações A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da ventilação, que pode causar arritmias cardíacas ou mesmo parada cardiorrespiratória.

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6.3.3 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM ADULTOS 6.3.3.1 Vítima consciente: Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a vítima: “Você está engasgado?”. Se a vítima confirmar através de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista deverá avisar-lhe que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que consiste:

a) Vítima em pé ou sentada:

� Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome;

� Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifóide;

� Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com a outra mão; � Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas e

colocando uma delas entre as pernas da vítima;

Sinal universal do engasgado.

Manobra de Heimlich para desobstrução de vias aéreas (obstrução por corpo sólido).

Vítima consciente e em pé.

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� Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima, por 5 vezes, forçando a saída do corpo estranho;

� Observar se a vítima expele o corpo estranho e volta a respirar normalmente; � Continuar as compressões até que a vítima expila o objeto ou perca a

consciência. Obs.1: caso a compressão abdominal seja inviável, por tratar-se de paciente obeso ou gestante, realizar as compressões na porção média inferior do osso esterno.

Compressão torácica em gestante

Vítima torna-se inconsciente durante a manobra. Socorrista

evita-lhe a queda.

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Obs. 2: Se a vítima da obstrução for a própria pessoa e essa se encontrar sozinha, deverá forçar a tosse de maneira insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira para que seja possível comprimir o abdome.

b) Vítima deitada: � Posicionar a vítima em decúbito dorsal; � Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas,

com seus joelhos tocando-lhe lateralmente o corpo; � Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o apêndice xifóide e

a cicatriz umbilical, mantendo as mãos sobrepostas; � Aplicar cinco compressões abdominais no sentido do tórax; � Abrir a cavidade oral e observar se o corpo estranho está visível e removê-lo; � Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral até que o

objeto seja visualizado e retirado ou até a vítima perder a consciência.

Utilização do espaldar de uma cadeira.

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6.3.3.2 Vítima inconsciente: Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as compressões torácicas forçam a expelição do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões. Vale ressaltar que durante a abertura das vias aéreas para a aplicação das ventilações de resgate, o socorrista deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis (Protocolo 2005 AHA).

6.3.4 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇAS E

LACTENTES Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto, levando-se em consideração a intensidade das compressões que será menor; nos lactentes, para realizar a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os seguintes procedimentos, após falhar a segunda tentativa de ventilação de resgate: � Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os dedos médio e

polegar e com o dedo indicador segurar o queixo da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com as costas voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco;

� Dar 5 pancadas com a palma da mão entre as escápulas do bebê; � Girar o bebê de modo que ele fique de frente, ainda mantendo a cabeça mais

baixa do que o tronco, e efetuar 5 compressões torácicas através dos dedos

Após a vítima ter ficado inconsciente durante a manobra de Heimlich, rapidamente o socorrista a deposita sobre o solo para, caso não tenha ocorrido a desobstrução das vias aéreas, dar início as compressões torácicas.

O socorrista, após constatar que as vias aéreas continuam obstruídas, dá início às compressões torácicas.

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indicador e médio sobre a linha dos mamilos (idêntica às compressões realizadas na RCP);

� Colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o corpo estranho; � Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a abertura das vias

aéreas; � Abrir as vias aéreas e efetuar outra insuflação. Caso o ar não passe, retornar

para as pancadas entre as escápulas e as compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o objeto seja expelido ou a vítima fique inconsciente. Nesse caso, proceder a manobras de RCP.

OVACE em Lactentes

Inspeção visual das vias aéreas (VA) de lactente, a procura de corpos estranhos.

Desobstrução de VA de lactente – 05 palmadas no dorso, entre as escápulas.

Desobstrução de VA de lactente – 05 compressões torácicas.

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7. CHOQUE 7.1 DEFINIÇÃO É o quadro clinico que resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover circulação sanguínea suficiente para os órgãos. A chegada de sangue rico em O2 aos órgãos é denominada perfusão. 7.2 FISIOLOGIA Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para produzir energia através da queima da glicose – metabolismo aeróbico. A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é extraído da atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos pela circulação do sangue aos tecidos onde é utilizado. A função do sistema circulatório é transportar as hemácias para se abastecerem de oxigênio nos pulmões e depois transportá-las aos tecidos. Na ausência de O2 as células do corpo possuem uma fonte alternativa de produção de energia que é o metabolismo anaeróbico, que produz menos energia e gera o acúmulo de ácido lático. Os órgãos mais sensíveis à deficiência de O2 são cérebro, coração e pulmões, sobrevivendo poucos minutos em metabolismo anaeróbico. A pele e os músculos podem sobreviver de quatro a seis horas em metabolismo anaeróbico e os órgãos abdominais podem sobreviver de 45 a 90 minutos. O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido movimentado sob pressão. A pressão necessária à movimentação do sangue é gerada pela força de contração do coração. A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada pelo coração e do grau de contração das artérias ou resistência vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os vasos sanguíneos são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as necessidades do corpo. Por exemplo, no exercício físico ocorre dilatação nos músculos utilizados e contração dos vasos do tubo digestivo; durante a digestão ocorre o contrário. As condições fundamentais para contração eficaz do coração são a existência de um volume suficiente de sangue para encher os vasos sanguíneos e a manutenção de um grau eficaz de contração dos vasos sanguíneos. Condições causadoras do estado de choque: • Queimaduras graves; • Hemorragias; • Acidentes por choque elétrico; • Envenenamento por produtos químicos e intoxicações;

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• Ataque cardíaco; • Exposição a extremos de calor ou frio; • Dor aguda; • Infecção grave; • Emoções fortes; • Lesões graves; • Politraumatismos. 7.3 CLASSIFICAÇÃO a) Hipovolêmico Hemorragias internas e externas, perda de plasmas em queimaduras graves e por desidratação intensa (exemplo: diarréia e vômitos). b) Cardiogênico Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva. c) Séptico Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas pelo agente causador com efeito vasodilatador. d) Anafilático Resulta de reação alérgica grave, que produz substância vasodilatadores. Ex.: venenos de insetos, medicamentos, alimentos etc.. e) Neurogênico Desenvolve-se quando o controle autônomo dos vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema nervoso controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a pressão arterial. O traumatismo de coluna cervical com dano para a medula espinhal, que interrompe a comunicação entre as fibras do sistema nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso dilatação e incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas são outra causa.

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f) Obstrutivo É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao bombeamento cardíaco. São causas o pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco. 7.4 FASES DO ESTADO DE CHOQUE Na ausência de tratamento é um quadro com agravamentos progressivos que se apresenta em duas fases: • Choque compensado: é o primeiro estágio, o organismo consegue se equilibrar através dos mecanismos compensatórios. A perfusão dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são mínimos. Não há dano permanente, se o tratamento reverter a causa básica. • Choque descompensado: nesta fase ocorre redução na perfusão, queda na pressão arterial e alterações do estado mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde que realizado rapidamente. 7.5 SINAIS DO ESTADO DE CHOQUE • Pele fria e pegajosa; • Suor na testa e na palma das mãos; • Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação; • Frio, chegando às vezes a ter tremores; • Náusea e vômito; • Fraqueza; • Respiração rápida, curta e irregular; • Visão nublada, tontura; • Pulso fraco e rápido; • Sede; • Extremidades frias; • Queda da pressão arterial; • Poderá está total ou parcialmente inconsciente. 7.6 TRATAMENTO • Posicionar a vítima em decúbito dorsal;

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• Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a cabeça da vítima para que ela não se asfixie. Caso haja suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser virada;

• Afrouxar as roupas da vítima, para facilitar respiração e circulação; • Fornecer oxigênio; • Não administrar nada via oral; • Cobri-lo com cobertores ou sacos plásticos; • Reavaliar frequentemente os sinais vitais. 8. HEMORRAGIA 8.1 INTRODUÇÃO

O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e de gás carbônico e outros excretas para os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado plasma que representa cerca de 55% a 60% de seu volume total, sendo composto por água, sal e proteínas. O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 70 ml/kg de peso corporal para adultos e 80 ml/kg para crianças, ou seja, um indivíduo com 70 kg possui aproximadamente 4.900 ml de sangue.

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Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são: • Contração da parede dos vasos sanguíneos: Os vasos sanguíneos que possuem camada muscular contraem sua parede,

diminuindo o tamanho da abertura por onde o sangue está escapando. • Coagulação do sangue: Inicia-se pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção

sólida do sangue sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações químicas que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo orifício do vaso lesado.

8.2 DEFINIÇÕES a) Hemorragia É o extravasamento de sangue provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo: artéria, veia ou capilar. Dependendo da gravidade pode provocar a morte em alguns minutos. O controle da hemorragia é prioridade. A hemorragia deve ser tratada na análise primária, para depois tratar as vias aéreas e a ventilação do paciente. Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as hemorragias. b) Hemostasia Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através dos mecanismos normais de defesa do organismo isoladamente ou em associações com técnicas de tratamento médico-básicas e avançadas. Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais. 8.3 CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS

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Podem ser classificadas de acordo com: Tipo de vaso sanguíneo: • Arterial: sangramento em jato acompanhamento a contração cardíaca.

Geralmente o sangue é de coloração vermelho-viva. É mais grave que o sangramento venoso em vasos de mesmo calibre, pois a pressão no sistema venoso e a velocidade da perda sanguínea são maiores.

• Venoso: Sangramento contínuo geralmente de coloração escura. • Capilar: Sangramento contínuo com fluxo lento.

Localização do vaso sanguíneo: • Externa: sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do

sangramento. Podem ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros.

• Interna: sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar.

As médias básicas de socorro não funcionam. O paciente deve ser tratado no hospital.

8.4 PRIMEIROS SOCORROS Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos métodos que veremos mais à frente (nos casos de hemorragia externa, pois não existe nenhum método de estancamento para hemorragia interna). 8.4.1 HEMORRAGIA INTERNA Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do vaso sanguíneo permanece dentro do corpo da vítima. É o tipo de hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação quanto o seu controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar.

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8.4.1.1 Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna: • Dor local; • Pele pálida e fria; • Edema em expansão; • Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral); • Sede; • Fraqueza, tontura e desmaio; • Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura. 8.4.1.2 Tratamento da Hemorragia Interna: • Mantenha as vias aéreas liberadas; • Manter a vítima deitada e o mais imóvel possível; • Use talas infláveis em caso de fraturas (exceto fraturas expostas); • Transporte na posição de prevenção ao estado de choque; • Administre oxigênio; • Não dê nada para a vítima beber; • Eleve o membro, caso não haja suspeita de fratura; • Aplicar uma bolsa de gelo sobre o provável local da hemorragia; • Conduzir a vítima com urgência para um pronto socorro. 8.4.1.3 Alguns Tipos De Hemorragia Interna Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas neste tópico vamos abordar aqueles que podem ser encontrados com mais frequência. a) Hemorragia na Cabeça (narinas): • Mantenha a vítima sentada, com a cabeça para cima; • Comprima a narina que sangra;

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• Afrouxe-lhe a roupa em torno do pescoço; • Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos, tampe a narina que

sangra com algodão ou gaze enchumaçada; • Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de hemorragia pode ser a

manifestação de determinadas doenças.

b) Tórax e Abdome: • Comprima o ferimento com um pano dobrado, amarrando-o com atadura larga; • Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, exceto

em casos de fratura de crânio. c) Hemorragia dos Pulmões: Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela boca é de cor vermelho rutilante. • Deite a vítima mantendo-a em repouso; • Tranquilize-a e não a deixe falar; • Procure imediato auxílio médico e remova a vítima para um pronto socorro. d) Hemorragia Digestiva: • A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou digerido, semelhante

à borra de café; • Mantenha a vítima em repouso e providencie sua remoção para o hospital.

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8.4.2 HEMORRAGIA EXTERNA É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde ocorre a perda de sangue. Os sinais e sintomas são praticamente os mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de contensão, veremos a seguir: a) Compressão Direta Comprimir diretamente o local de sangramento usando compressa estéril, se possível. Nos ferimentos com objetos penetrantes, devem-se comprimir ambos os lados do objeto. Pode-se fazer um curativo compressivo usando compressas ou faixas elásticas, se isso for suficiente para o estancamento da fratura, caso contrário mantenha a compressão direta.

É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar o sangramento, não interrompe a circulação sanguínea para o membro ferido. Quando se localiza grande hemorragia deve-se imediatamente realizar-se a compressão direta para posteriormente fazer o tamponamento. b) Elevação do Membro A compressão direta não sendo suficiente para estancar o sangramento, deve-se elevar o membro lesionado. Deve-se ter cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação.

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c) Pontos de Pressão Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão profunda sobre uma artéria proximal à lesão. Esta é uma tentativa de diminuir a chegada de sangue à ferida. Os principais pontos de pressão é a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria femoral.

d) Tamponamento Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano limpo e estéril, se possível, e envolvê-lo firmemente com uma atadura. É uma técnica de estancamento adequada e mais utilizada, pois para o sangramento e não interrompe a circulação.

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e) Torniquete Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá ser utilizada em duas situações, se necessário: no caso de amputação de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia. Essa técnica não é aconselhada por provocar o necrosamento do órgão, ou membro e, consequentemente sua amputação. Deve-se usá-la como último recurso. 8.4.2.1 Tratamento De Uma Hemorragia Externa • Nunca toque na ferida; • Não toque e nem aplique medicamento ou qualquer produto no ferimento; • Não tente retirar objeto empalado; • Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem, sem apertar o

ferimento; • Fazer compressão local suficiente para cessar o sangramento; • Se o ferimento for a membros, deve-se elevar o membro ferido, caso não haja

fratura; • Caso não haja controle do sangramento, pressione os pontos arteriais; • Encaminhar a vítima o mais rápido possível para um pronto socorro.

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9. QUEIMADURAS 9.1 INTRODUÇÃO Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais profundas (músculos, tendões e ossos). 9.2 NOÇÕES BÁSICAS A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira contra perda de água e calor pelo corpo, tendo também um papel importante na proteção contra infecções. Pacientes com lesões extensas de pele tendem a perder líquido corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções. 9.3 ORIGEM DAS QUEIMADURAS As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, química ou por radiação. a) Térmicas Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases e do calor de chamas. b) Elétricas Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é ocasionado pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido. São difíceis de avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos a músculos, nervos e vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do sistema nervoso. c) Químicas Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, liquidas ou sólidas, com a pele. d) Radiação Resulta da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra fonte de energia emitida sob forma de ondas ou partículas.

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9.4 GRAVIDADE DA QUEIMADURA

Depende da causa, profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação com outras lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima. 9.4.1 QUEIMADURAS DE 1º GRAU: • Lesão superficial da epiderme; • Vermelhidão; • Dor local suportável; • Não há formação de bolhas; • Lavar o local com água fria corrente.

9.4.2 QUEIMADURAS DE 2º GRAU • Lesão da epiderme e derme; • Formação de bolhas;

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• Desprendimento de camadas da pele; • Dor e ardência locais de intensidade variável; • Lavar o local com água fria corrente.

9.4.3 QUEIMADURAS DE 3º GRAU • Lesão da epiderme, derme e tecido subcutâneo; • Destruição dos nervos, músculos, ossos etc.; • Retirar anéis, pulseiras, tornozeleiras e congêneres, pois a vítima provavelmente

sofrerá inchaço.

9.5 GRAVIDADE QUANTO À EXTENSÃO Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem mais de 13% de área corporal queimada. O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque, infecção) do que com a profundidade.

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São consideradas queimaduras graves: • Em períneo; • Queimaduras do 3º Grau, elétricas, por radiação; • Com mais de 13% da área corpórea; • Com lesão das vias aéreas; • Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com doença pulmonar.

9.6 PRIMEIROS SOCORROS • Prevenir o Estado de Choque (cobrir o paciente); • Evitar infecções na área queimada, protegendo-o; • Controlar a dor; • Umedecer o local com soro fisiológico; • Administrar oxigênio; • Encaminhar a vítima ao pronto socorro o mais rápido possível.

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9.7 PROCEDIMENTOS 9.7.1 QUEIMADURAS TÉRMICAS • Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um

cobertor (em direção aos pés); • Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção

para VAS em queimadas de face); • Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao local,

recortar em volta; • Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.; • Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas; • Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico; • Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção; • Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para

aliviar a dor e diminuir os riscos de contaminação; • Transporte o paciente para um hospital, se necessário. 9.7.2 QUEIMADURAS QUÍMICAS

• Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto; • Verificar VAS, respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque; • Retirar as roupas da vítima; • Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;

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• Identificar o agente químico: - ácido lavar por 05 minutos; - álcali lavar por 10 minutos; • Na dúvida lavar por 15 minutos; • Se álcali seco não lavar, retirar manualmente (exemplo: soda cáustica); • Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o choque. 9.7.3 QUEIMADURA NOS OLHOS

• Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por

no mínimo 15 minutos; • Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido possível. 9.7.4 QUEIMADURAS ELÉTRICAS

• Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte; • Verificar sinais vitais da vítima; • Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída); • Aplicar curativo seco; • Prevenir o choque.

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10. LESÃO CEREBRAL TRAUMÁTICA 10.1 FRATURAS DE CRÂNIO As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na cabeça. A gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro. São mais frequentes lesões cerebrais nos traumatismos sem fratura de crânio. As fraturas poderão ser abertas ou fechadas: Fraturas Abertas: São aquelas que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro e o meio exterior. Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura. Fraturas fechadas: São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana, não existe solução de continuidade da pele.

10.2 LESÕES ENCEFÁLICAS • Concussão Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, pode haver uma

concussão encefálica. Não existe um acordo geral sobre a definição de concussão, exceto, que esta envolve a perda temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica. Pode não haver lesão encefálica demonstrável.

O paciente que sofre uma concussão pode se tornar completamente inconsciente

e incapaz de respirar em curto período de tempo ou ficar apenas confuso. Em geral o estado de concussão é bastante curto e não deve existir quando o socorrista chegar ao local do acidente.

� Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos ocorridos antes da lesão (amnésia), existe uma concussão mais grave.

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• Contusão

O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer objeto bate com força no crânio. A contusão indica a presença de sangramento a partir de vasos lesados.

Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a consciência.

Outros sinais de disfunção por contusão incluem a paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de uma pupila e alteração dos sinais vitais. As contusões muito graves podem produzir inconsciência por período de tempo prolongáveis e também causar paralisia em todos os membros.

Mesmo em contusões graves, pode haver recuperação sem necessidade de

cirurgia intracraniana. As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais aos cuidados

dispensados ao paciente desde o inicio das lesões. Os pacientes devem receber ventilação adequada, reanimação cardiorrespiratória quando necessário, devendo ser transportado para o serviço de emergência para uma avaliação e cuidados neurocirúrgicos.

10.2.1 TIPOS DE LESÕES ENCEFÁLICAS • Diretas São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando

o encéfalo. • Indiretas Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota

craniana, com consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão do tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa lesão nas células cerebrais.

10.3 SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) • Cefaléia e/ou dor no local da lesão. • Náuseas e vômitos. • Alterações da visão. • Alteração do nível de consciência podendo chegar à inconsciência. • Ferimento ou hematoma no couro cabeludo.

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• Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento). • Pupilas desiguais (anisocoria). • Sangramento observado através do nariz ou ouvidos. • Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz. • Alteração dos sinais vitais. • Postura de decorticação ou descerebração.

10.4 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR: a) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a

respiração e a circulação. Administrar oxigênio (conforme protocolo local). b) Suspeite de lesão cervical associada ao acidente e adote os procedimentos

apropriados. c) Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelo ouvidos ou

nariz). d) Cubra e proteja os ferimentos abertos. e) Mantenha a vítima em repouso. f) Proteja a vítima para a possibilidade de entrar em convulsão. g) Monitore o estado de consciência, a respiração e o pulso. h) Trate o choque e evite a ingestão de líquidos ou alimentos.

Hematoma Ferimento aberto no

couro

Hematoma periorbital

Equimose no mastóide

Sangramento

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i) Esteja preparado para o vômito.

� Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.

� Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de líquor pelo nariz ou ouvidos nos traumatismos crânio-encefálicos (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão intracraniana ou infecção no encéfalo.

10.5 TRAUMATISMOS DE FACE O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão provocar obstruções nas vias aéreas. 10.5.1 SINAIS E SINTOMAS: • Coágulos de sangue nas vias aéreas; • Deformidade facial; • Equimose nos olhos; • Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula; • Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de próteses dentárias); • Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face. 10.5.2 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve estar voltada para manutenção da permeabilidade das vias aéreas e controle de hemorragias. Cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para o choque.

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11. TRAUMATISMO RAQUI MEDULAR (TRM) São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula espinhal. Os danos causados por traumas nessas estruturas poderão ocasionar lesões permanentes, se a região atingida for a cervical poderá comprometer a respiração, levar à paralisia ou até mesmo a morte.

11.1 SINAIS E SINTOMAS • Dor regional (pescoço, dorso, região lombar); • Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores; • Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia); • Sensação de formigamento nas extremidades; • Deformidade em topografia da coluna; • Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região dorsal do

paciente; • Perda do controle urinário ou fecal; • Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico; • Priaprismo (ereção peniana contínua). 11.2 COMPLICAÇÕES • Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios). A respiração sendo feita

exclusivamente pelo diafragma. • A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se instalar o

choque (neurogênico).

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11.3 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR a) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das V A, a

respiração e a circulação. b) Controle o sangramento importante. c) Administre oxigênio. d) Evite movimentar o paciente e não deixe que ele se movimente. e) Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite de RCP,

de controle de sangramento que ameace a vida e/ou de remoção do local por risco iminente.

f) Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de

cabeça e prancha rígida. g) Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada

respiratória).

� Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista deverá realizar todas as manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço.

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12. TRAUMA TORÁCICO 12.1 SINAIS E SINTOMAS Dependendo da extensão, presença de lesões associadas (fratura de esterno, costelas e vértebras) e comprometimento pulmonar e/ou dos grandes vasos, o paciente poderá apresentar: • Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura que se agrava com os

movimentos respiratórios; • Respiração superficial (dificuldade de respirar, apresentando movimentos

respiratórios curtos); • Eliminação de sangue através de tosse; • Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas; • Postura característica: o paciente fica inclinado sobre o lado da lesão, com a mão

ou o braço sobre a região lesada. Imóvel; • Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa). 12.2 FRATURA DE COSTELAS Sinais e Sintomas: � Dor na região da fratura; � Dor à respiração, movimentos respiratórios curtos; � Crepitação. Tratamento pré-hospitalar a) Na fratura de uma ou duas costelas, o socorrista deverá posicionar o braço do

paciente sobre o local da lesão. b) Usar bandagens triangulares como tipóia e outras para fixar o braço no tórax.

� Não use esparadrapo direto sobre a pele, para imobilizar costelas fraturadas. 12.3 TÓRAX INSTÁVEL Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração paradoxal. O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da caixa torácica durante a inspiração e a expiração. Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se retrai e quando a caixa torácica se contrai o segmento se eleva.

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Tratamento pré-hospitalar a) Estabilize o segmento instável que se move paradoxalmente durante as

respirações;

b) Use almofadas pequenas ou compressas dobradas presas com fita adesiva larga;

c) O tórax não deverá ser totalmente enfaixado;

d) Transporte o paciente deitado sobre a lesão ou na posição que mais lhe for confortável;

e) Ministre oxigênio suplementar. 12.4 FERIMENTOS PENETRANTES São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram cravados, assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos acidentes de trânsito etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício. Tratamento pré-hospitalar a) Tampone o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas, após a

expiração; b) Faça um curativo oclusivo com plástico ou papel aluminizado (curativo de três

pontas), a oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax hipertensivo grave;

c) Conduza com urgência para um hospital e ministre O2 (ver protocolo local).

12.5 OBJETOS CRAVADOS OU ENCRAVADOS Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens etc.). As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos próximos da lesão. Tratamento pré-hospitalar a) Controle a hemorragia por pressão direta; b) Use curativo volumoso para estabilizar o objeto encravado, fixando-o com fita

adesiva;

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c) Transporte o paciente administrando oxigênio suplementar. 12.6 AMPUTAÇÕES São lesões geralmente relacionadas a acidentes automobilísticos (amputações traumáticas). Seu tratamento inicial deve ser rápido, pela gravidade da lesão e pela possibilidade de reimplante. Deve-se controlar a hemorragia, aplicar curativo estéril e fixá-lo com bandagens ou ataduras; guardar a parte amputada envolta em gaze estéril umedecida com soro fisiológico, colocando-a dentro de um saco plástico e este então dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo. 12.7 LESÕES DO CORAÇÃO E PULMÃO. O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax hipertensivo que resulta em colapso pulmonar. As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam provocando lesões internas nos pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do pericárdio pode também resultar em uma perigosa compressão no coração.

� Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica. Sinais e Sintomas (lesões do coração e pulmão): • Desvio de traquéia; • Estase jugular; • Cianose; • Sinais de choque; • Enfisema subcutâneo etc.. Tratamento pré-hospitalar: Ministre O2 e conduza com urgência para receber tratamento médico.

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13. TRAUMA ABDOMINAL 13.1 INTRODUÇÃO Ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50% das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo fato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial da sala de emergência. 13.2 TIPOS DE LESÃO Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da parede abdominal. Os traumatismos fechados podem ser por compressão dos órgãos abdominais ou por aceleração-desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. Os pacientes podem não ter dor ou evidencias de trauma ao exame. Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou da lâmina pode ser imaginada, levando o socorrista a suspeitar da lesão de determinados órgãos. Porém, deve-se levar em conta que lesões torácicas baixas podem atingir órgãos do abdome, pois o diafragma se eleva até o quarto espaço intercostal durante a expiração. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais frequentes. 13.3 ANATOMIA DO ABDOME O abdome contém os principais órgãos do sistema digestivo, endócrino e urogenital e os grandes vasos do sistema circulatório. A cavidade abdominal fica abaixo do diafragma e seus limites são: na frente, a parede abdominal anterior; inferiormente, os ossos pélvicos; posteriormente, a coluna vertebral e lateralmente os músculos do abdome e flancos. Na porção superior do abdome ficam o fígado e o baço, órgãos estes protegidos anteriormente pela coluna vertebral. As fraturas de costelas inferiores se associam a lesões a estes órgãos. A porção inferior dos intestinos é protegida pela pelve e a hemorragia pela fratura de pelve, é um problema nestes casos. Os órgãos do abdome podem ser divididos em três grupos: vasculares, sólidos e ocos. • Órgãos sólidos: fígado, baço, pâncreas e rins. Estas estruturas se caracterizam

por possuir suprimento sanguíneo importante. As lesões a estes órgãos produzem hemorragia e choque hipovolêmico.

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• Órgãos ocos: estômago, vesícula biliar, intestino delgado e grosso. A lesão a

qualquer um destes órgãos causa vazamento de secreções para a cavidade abdominal e peritonite (inflamação do peritônio, membrana que envolve as vísceras).

• Vasos sanguíneos: os mais importantes são a aorta e cava inferior. A lesão

destas estruturas causa hemorragia volumosa e choque hipovolêmico. A complicação pré-hospitalar que deve ser mais temida pelo socorrista é a hemorragia interna, que pode causar o choque hipovolêmico. A perfuração de vísceras ocas e perda de função dos órgãos também são graves, podendo causar a morte, porém são manifestações tardias e ocorrem no hospital. Pelo que pode ser observado nos dados da tabela 11.1, os traumatismos de fígado e de baço são os mais comuns. Os de fígado, nos traumatismos penetrantes, e os de baço nos fechados. 13.4 AVALIAÇÃO Não tentar fazer diagnóstico preciso no pré-hospitalar, o tempo é fundamental. 13.5 MECANISMO DE TRAUMA Ferimentos penetrantes: devem ser considerados lesões críticas mesmo que o paciente esteja aparentemente estável. Suspeitar de traumatismo abdominal significativo em todos os pacientes com ferimentos penetrantes, especialmente os causados por arma de fogo. Nos traumatismos fechados, avaliar o estado do painel do carro e da carroceria do veiculo, correlacionando-os com as lesões observadas no paciente. 13.6 HISTÓRIA Dor abdominal: pode ser mascarada por alterações do nível de consciência e produzida por drogas, traumatismos de cabeça ou por lesões de medula espinhal. Alguns pacientes têm dor abdominal produzida por fratura de arcos costais ou de pelve. 13.7 INSPEÇÃO Expor o abdome e observar ferimentos penetrantes (entrada e saída), evisceração, contusões, empalamento e hemorragias externas. A distensão abdominal sugere lesão visceral.

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13.8 PALPAÇÃO Deve ser feita nos quatro quadrantes, visando determinar: sensibilidade, descompressão dolorosa e defesa. O exame detalhado feito no ambiente hospitalar está contra-indicado no atendimento emergencial. A dor e a distensão abdominais indicam que o paciente tem risco de choque iminente e são indicações de transporte rápido. 13.9 TÉCNICA O abdome é dividido em quatro quadrantes formados por duas linhas imaginárias, uma indo da sínfise pública ao apêndice xifóide e a outra, perpendicular, passando no nível da cicatriz umbilical. • Ausculta: não é importante no ambiente pré-hospitalar, pois não altera a conduta. • Hipotensão arterial e taquicardia: nas vítimas de traumatismo sem evidências de

hemorragia externa, devem fazer o socorrista suspeitar de sangramento interno. Por vezes estes são os únicos sinais de traumatismos de abdome.

13.10 CONDUTA A prioridade é a desobstrução das vias aéreas, ventilação pulmonar e manutenção circulatória. Manter cuidados com a coluna cervical, se indicados. Como o tratamento das lesões abdominais é cirúrgico, o tempo de chegada ao hospital é crucial. • O pulso e a pressão arterial devem ser constantemente monitorizados durante o

transporte devido ao risco de hemorragia interna que levam ao choque. • Administrar oxigênio suplementar em alto fluxo em todos os casos. • Obter acesso venoso e o iniciar durante o transporte a reposição com Ringer-

lactato, desde que autorizado pelo controle médico. • O transporte rápido ao hospital é fundamental para diminuir a mortalidade. Ter sempre um alto índice de suspeita na presença de mecanismo de lesão compatível.

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13.11 LESÕES ESPECÍFICAS 13.11.1 OBJETO PENETRANTE PARCIALMENTE EXTERIORIZADO. • Não remover os objetos que penetram o abdome, pois existe risco significativo de

precipitar hemorragia. • Expor a lesão. • Estabilizar o objeto com curativo. • Não tentar quebrar ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isso seja

essencial para o transporte. 13.11.2 EVISCERAÇÃO • Não tentar reintroduzir no abdome os órgãos eviscerados. • Cobrir as vísceras com compressas estéreis úmidas (solução salina). • Envolver o curativo com bandagem. • Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos (se não

houver traumatismos de membros inferiores que contra-indiquem esta posição).

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14. TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO 14.1 FRATURA É a ruptura total ou parcial de um osso. 14.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS • Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas; • Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele ou existe uma ferida

associada que se estende desde o osso fraturado até a pele.

14.1.2 SINAIS E SINTOMAS DE FRATURA: a) Deformidade: A fratura produz uma posição anormal ou angulação, num local

que não possui articulação; b) Sensibilidade: O local da fratura está muito sensível à dor; c) Crepitação: Quando a vítima é movimentada podemos escutar um som áspero,

produzido pelo atrito das extremidades fraturadas. Este sinal não deve ser pesquisado intencionalmente, porque aumenta a dor e pode provocar outras lesões nos tecidos moles;

d) Edema e Alteração de coloração: Quase sempre a fratura é acompanhada de

certo inchaço, que é provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. Esta alteração pode demorar horas para aparecer;

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e) Impotência Funcional: É a perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima geralmente protege o local fraturado, pois qualquer movimentação é difícil e dolorida;

f) Fragmentos expostos: Numa fratura aberta ou exposta, os fragmentos ósseos

podem se projetar através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento. 14.2 LUXAÇÃO É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies articulares percam o contato entre si.

SINAIS E SINTOMAS DE LUXAÇÃO: • Deformidade mais acentuada na articulação luxada; • Edema; • Dor, principalmente quando a região é movimentada; e • Impotência funcional, com a perda completa ou parcial dos movimentos.

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14.3 ENTORSE É a tração ou distensão brusca de uma articulação, além do seu grau normal de movimentação (amplitude).

SINAIS E SINTOMAS DE ENTORSE: São similares aos das fraturas e aos da luxação. Mas nas entorses, os ligamentos geralmente sofrem ruptura ou estiramento, provocado por movimentação brusca. 14.4 AMPUTAÇÃO Lesão geralmente relacionada a acidente automobilístico (amputação traumática). Pela gravidade da lesão, o tratamento inicial deve ser rápido, principalmente pela possibilidade de reimplante.

PROCEDIMENTO EM CASO DE AMPUTAÇÃO • Controlar a hemorragia; • Aplicar curativo estéril, fixando-o com bandagem ou atadura;

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• Guardar a parte amputada envolta em gaze ou compressa estéril (pode ser também um pano limpo), umedecido com solução fisiológica;

• Colocar a parte amputada, agora protegida, dentro de um saco plástico e, em

seguida, dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo; e • Transportar rapidamente ao pronto socorro. 14.5 REGRAS GERAIS DE IMOBILIZAÇÃO a) Informe o que irá fazer;

b) Exponha o local, removendo ou cortando as roupas da vítima; c) Controle hemorragias e cubra feridas. Não empurre fragmentos ósseos para

dentro do ferimento, nem tente removê-los. Use curativos estéreis; d) Verifique o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a perfusão; e) Prepare todo o material de imobilização antes de mexer no local para imobilizá-

lo; f) Proteja as talas que estiverem em contato com o osso fraturado; g) A imobilização de fraturas deve impedir a movimentação de uma articulação

acima e uma abaixo do local da fratura e, no caso de lesões em articulações, imobilize um osso acima e um abaixo da articulação lesada. Movimentar o mínimo possível. Dependendo da fratura, faça a imobilização na posição encontrada;

h) Refaça o exame da extremidade após imobilização; caso haja alterações

vasculares ou neurológicas, refaça a imobilização; i) Previna o estado de choque; e j) Transporte para um pronto socorro ou aguarde uma equipe especializada. 14.6 MATERIAIS USADOS NA IMOBILIZAÇÃO • Talas rígidas, moldáveis ou infláveis; • Talas de tração; • Colares cervicais; • Colete de imobilização dorsal (KED);

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• Macas rígidas; e • Bandagens triangulares ou ataduras. Muitas vezes, é impossível saber se a vítima é mesmo portadora de uma fratura, entorse ou luxação. A confirmação virá quando a vítima for submetida a um exame de raio-x. No entanto, até que se faça o exame em ambiente hospitalar, devemos tratá-la como se tivesse sofrido uma fratura.

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15. INTOXICAÇÕES As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas, como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em laboratório e limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos. As intoxicações podem ser subdivididas de acordo com o tempo de ocorrência: aguda (até 24 horas do acidente), subagudas ( os primeiros dias após) e, seguidamente subcrônicas ( até um mês) e crônicas, exposição a determinada substância durante longo tempo, resultando em acumulação do composto no corpo (metais, como o chumbo, por exemplo). 15.1 TÓXICO Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou causa a morte por sua ação química quando interage com o organismo. É importante informar que todo medicamento apresenta propriedades terapêuticas. Entretanto, em doses excessivas, todos podem tornar-se tóxicos. 15.2 INTOXICAÇÃO Emergência médica caracterizada por distúrbios no funcionamento de órgãos ou sistemas causados pela interação com o organismo humano de substâncias tóxicas de quaisquer naturezas. SUBSTÂNCIAS NORMALMENTE ENVOLVIDAS: − Medicamentos: antidepressivos, estimulantes, analgésicos; − Derivados de petróleo: gasolina, óleo diesel, graxa, naftalina; − Cosméticos: esmalte, acetona, talcos; − Pesticidas, raticidas, agrotóxicos; − Plantas venenosas: comigo-ninguém-pode; trombeta; − Outros: drogas; alimentos contaminados; limpadores domésticos; chumbo;

pomadas, cremes, contato com insetos (taturana); picada de insetos, acidente ofídico, drogas injetáveis.

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15.3 VIAS DE INGRESSO DO AGENTE NOCIVO a) Ingestão: deglutição de substâncias químicas, acidental ou intencionalmente; b) Inalação: aerossóis, pós, fumaças, gases; c) Absorção: através do contato direto da pele com certas substâncias; d) Injeção: inoculada no organismo humano através de peçonhas ou seringas. 15.4 SINAIS E/OU SINTOMAS GERAIS DAS INTOXICAÇÕES: • Queimaduras ou manchas ao redor da boca; • Formação excessiva de saliva ou espuma na boca; • Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da vítima; • Respirações rápidas e superficiais; • Pulso alterado na frequência e ritmo; • Sudorese; • Alteração do diâmetro das pupilas; • Dor abdominal; • Náuseas; vômitos; • Diarréia; • Hemorragias digestivas; • Distúrbios visuais; • Tosse; • Reações na pele, que podem variar de irritação até queimaduras químicas; • Coceiras (pruridos) e ardência na pele; • Aumento da temperatura da pele; • Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;

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• Confusão mental, inconsciência; • Convulsões; • Choque anafilático; • Parada respiratória ou cardiorrespiratória. 15.5 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DAS INTOXICAÇÕES: • Garantir a segurança pessoal e da equipe de resgate - (uso de EPI e EPR); • Remover a vítima do local de risco, especialmente quando exposta à atmosfera

gazeada; • Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de

prioridade; • Remover as roupas do acidentado caso estejam contaminadas; • Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias químicas, lavar com

água limpa ou soro fisiológico, a fim de remover o máximo de substâncias possíveis;

• Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada; • Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de vomitar devem ser

posicionadas e transportadas na Posição de Recuperação; • Vítimas conscientes apresentando dificuldade respiratória devem ser

posicionadas e transportadas em decúbito elevado (semissentada); • Transporte junto com a vítima: resto de substâncias, recipientes e aplicadores de

drogas ou vômito. Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas podem "mascarar" a dor!

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16. TRIAGEM Processo utilizado em situações onde o número de vítimas ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas. 16.1 MÉTODO START (SIMPLE TRIAGE AND RAPID TREATMENT) Triagem Simples e Tratamento Rápido Vantagens: • Sistema de triagem simples que permite triar uma vítima em menos de 1 minuto; • O método utiliza diferentes cores para determinar a prioridade de atendimento e

transporte; Significado das cores: Vermelha: Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em estado grave e necessitam tratamento e transporte imediato. Amarela: Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam tratamento, mas podem aguardar. Verde: Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem atenção imediata. Preta: Significa sem prioridade. Estas vítimas possuem lesões obviamente mortais. Critérios utilizados no Método START Este método baseia-se em três diferentes critérios para classificar as vítimas em diferentes prioridades, a saber: Respiração: NÃO – Se não respira mesmo após abrir as vias aéreas, é considerada vítima sem prioridade (cor preta). SIM – Se após abertura de vias aéreas voltar a respirar é considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Se a respiração apresenta-se de forma espontânea e acima de 30 vpm é também considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até 30 vpm, avalie a perfusão.

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Perfusão: A perfusão é avaliada através do enchimento capilar. Se for superior a 2 segundos, significa uma perfusão inadequada (em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial. Um pulso radial ausente indica uma PA sistólica abaixo de 80mmHg). Controle hemorragias se houver e considere a vítima em primeira prioridade (cor vermelha). Se o enchimento capilar for de até 2 segundos, avalie o status neurológico. Status neurológico: Avaliar se a vítima é capaz de cumprir ordens verbais simples. NÃO – Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira prioridade (cor vermelha). SIM – Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda prioridade (cor amarela). 16.2 AÇÃO DOS PRIMEIROS SOCORRISTAS NA CENA COM MÚLTIPLAS

VÍTIMAS • Primeiro passo: Dimensionar e assumir a situação de emergência, solicitar recurso adicional e iniciar a triagem, método START, das vítimas. Determinar a um socorrista de sua equipe que dirija todas as vítimas que possam caminhar para uma área de concentração previamente delimitada (poderá ser utilizado um megafone para isso). Estas vítimas receberão uma identificação verde de forma individual. • Segundo passo: Determinar para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação das vítimas que permaneceram na cena de emergência e que não apresentam condições de caminhar. Deverá ser avaliada a respiração. A respiração está normal, rápida ou ausente? - Se está ausente: abra imediatamente as VA para determinar se as respirações

iniciam espontaneamente. Se a vítima continua sem respirar, recebe a fita de cor preta (não perca tempo tentando reanimar a vítima). Se voltar a respirar e necessitar de ajuda para manter as VA abertas receberá a fita de cor vermelha (nesses casos, tente conseguir voluntários para manter abertas as VA da vítima).

- Se está presente: avalie a sua frequência respiratória, se superior a 30 vpm,

receberá uma fita de cor vermelha. Caso a respiração esteja normal (até 30 vpm), vá ao passo seguinte.

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• Terceiro passo: O socorrista deverá verificar a perfusão através da prova do enchimento capilar ou através da palpação do pulso radial. - Se o enchimento capilar: for superior a 2 segundos ou se o pulso radial está

ausente, a vítima deverá receber a fita de cor vermelha. - Se o enchimento capilar: for de até 2 segundos ou se o pulso radial está

presente, vá ao passo seguinte. Qualquer hemorragia grave que ameace a vida deverá ser contida neste momento. Caso não haja suspeita de traumatismo raquimedular, posicione a vítima com as pernas elevadas para prevenir o choque (novamente tente conseguir voluntários para fazer pressão direta sobre o local do sangramento).

� Em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial. • Quarto passo: O socorrista deverá verificar o status neurológico da vítima. Se a vítima não consegue executar ordens simples emanadas pelo socorrista, deverá receber a fita de cor vermelha. Se a vítima executa corretamente as ordens simples recebidas, receberá a fita de cor amarela.

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VÍTIMAS ANDANDO PELA CENA DA EMERGÊNCIA

NÃO SIM

RESPIRA APÓS A ABERTURA DAS

VA ? NÃO SIM

RESPIRAÇÕES POR MINUTO

MAIS DE 30

ENCHIMENTO CAPILAR

OU PULSO RADIAL

CONTROLE HEMORRAGIAS

ENCHIMENTO CAPILAR

EM MAIS DE 2 SEGUNDOS

ENCHIMENTO CAPILAR ATÉ 2 SEGUNDOS

OU PULSO RADIAL

NÃO CUMPRE ORDENS SIMPLES

CUMPRE ORDENS SIMPLES

STATUS NEUROLÓGICO

MP IMEDIATO VERMELHA

IMEDIATO VERMELHA

IMEDIATO VERMELHA

IMEDIATO VERMELHA

SECUNDÁRIO AMARELA

LESÕES LEVES VERDE

RESPIRAÇÃO

PERFUSÃO

PRETO

MÉTODO START ALGORITMO

Fonte SBAIT

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17. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, Marcos. Fundamentos do socorro pré-hospitalar. 4ª ed. Revisada- Editograf, 2004. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado/ NAEMT (National Association of Medical Technicians). 6ª edição- Rio de Janeiro, Elsevier, 2007. Manual Técnico profissional de emergência pré-hospitalar- Cap BM Ricardo R. de Oliveira e Paulo José B. de Souza. Brasília., Apostila do Curso de Emergência e Socorros de Urgência. Brasília, 2005. Manual do Participante do Curso de APH de São Paulo, 2008. MTB 12. Resgate e Emergências Médicas. 6ª edição- São Paulo, 2006. Apostila de primeiros socorros. Sgt BM Saulo de Tárcio Corrêa Lima. Maio 2008. PRIMEIRA RESPOSTA. Apostila de capacitação em emergências. Apostila do curso de reanimação cardiorrespiratória e cerebral. EAD- Educação Continuada à distância. Manual de Atendimento pré-hospitalar do CBMPR - 2006. POP’s de APH do CBMES.

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