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Área Penal OAB 38º Exame de Ordem

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“Particularmente, a Constituição brasileira é extremamente caprichosa, minuciosa, ao demarcar, de forma precisa, os limites da intervenção estatal na esfera das liberdades individuais – melhor dizer liberdades públicas. Aí está a maneira pela qual o povo brasileiro em sua soberania resolveu aquele conflito antes mencionado: traçando com precisão as hipóteses e formas em que ao

Estado é lícito interferir na esfera particular do cidadão. É justamente para isso que servem as garantias constitucionais e o Código de Processo Penal. Não foi por outro motivo que Hélio Tornaghi disse que o “Código de Processo Penal é

o estatuto protetor dos inocentes” e Luigi Ferrajoli arrematou que “o escopo justificador do processo penal se identifica com a garantia das liberdades do cidadão, mediante a garantia da verdade – uma verdade não caída do céu,

mas atingida mediante provas e debatida – contra o abuso e o erro.”

Trecho do livro Processo Penal e Constituição L.G. Grandinetti Castanho de Carvalho

Prezados Alunos,

Com o intuito de ajudá-los na preparação do Exame de Ordem foi

organizado este material complementar às aulas.

Trata-se de exercícios e informações importantes, tais como as

alterações legislativas recentes pertinentes à Ciência Criminal.

Além deste, foi desenvolvido também um site eletrônico onde estão

disponíveis o inteiro teor de todas as leis mencionadas neste material,

jurisprudência dos principais tribunais, quadros sistemáticos, artigos jurídicos

de temas controvertidos e muito mais não só para Exame de Ordem como

também para a preparação de concursos públicos.

Acesse:

www.rodrigobello.wikidot.com/ Boa sorte a todos e espero vê-los, em breve, como futuros

advogados.

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ÍNDICE

Indicações Bibliográficas � 3 Planejamento 1ª Fase � 4

Planejamento 2ª Fase Penal � 5 Quadro Definição Analítica do Crime � 6

Quadro Crimes Funcionais � 7 Atualizações Legislativas � 9 Quadro Últimos Exames � 11

Comentários do 26º Exame � 12 Comentários do 27º Exame � 17 Comentários do 28º Exame � 21 Comentários do 29º Exame � 24 Comentários do 30º Exame � 26 Comentários do 31º Exame � 32 Comentários do 32º Exame � 36 Comentários do 33º Exame � 38

Comentários 34º Exame � 41 Comentários 35º Exame � 44

35 Exercícios para Treinamento � 50

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS Curso de Direito Penal – 4 volumes – Rogério Greco – Editora Impetus Direito Processual Penal – Paulo Rangel – Editora Lumen Júris Curso de Processo Penal – Fernando Capez – Editora Saraiva Leituras Dinâmicas – Penal e Processo Penal – Editora Atlas Para 2ª Fase: Código de Processo Penal Comentado – Guilherme de Souza Nucci – Editora RT Código Penal Comentado – Rogério Greco – Editora Impetus Leis Penais e Processuais Penais Comentadas – Guilherme de Souza Nucci - RT

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PLANEJAMENTOS

1ª Fase:

Penal

1ª aula 2ª aula 3ª aula Princípios

Classificações

Teoria do Crime

Teoria do Crime

Pena

Prescrição Penal

Parte Especial

Parte Especial

Processo Penal

1ª aula 2ª aula 3ª aula Princípios

Inquérito Policial

Ação Penal

Competência Penal

Prova Penal

Procedimento Ordinário

Prisões Cautelares

Nulidades

Recursos

HC

Revisão Criminal

Turma de Sábado: Pontos Relevantes Acima

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2ª Fase:

Para a 2ª Fase em PENAL, acompanhe pelo site, locais e horários de preparação:

Ponto 1: Apresentação da Metodologia de Aula e da respectiva apostila com todas as peças e exercícios. Ainda, possibilidade de correção das peças pelo professor.

Ponto 2: Bibliografia.

Ponto 3: Panorama sobre a Persecução Criminal (conceito, fase investigativa, fase processual, princípios do devido processo legal, ampla defesa, contraditório e presunção de inocência).

Ponto 4: Ação Penal (pública, privada, princípios, renúncia, perdão, perempção).

Ponto 5: Procedimentos (Ordinário, Jecrim, Júri, Funcionais e Honra).

Ponto 6: Demonstração de como identificar a peça com provas anteriores.

Ponto 7: Teoria Geral das Peças (requisitos gerais).

Ponto 8: Mandamentos.

Ponto 9: Momento Procedimental e Peças Correspondentes.

Ponto 10: Estudo Individual das Peças com as respectivas considerações de Direito Material pertinentes – análise de crimes, teses defensivas e alertas sobre o que pode ser feito e o que não pode ser feito peça a peça, além de individualidades processuais.

Ponto 11: Análise das Prisões Cautelares e elaboração de suas respectivas contra cautelas (relaxamento de prisão, liberdade provisória e revogação da prisão preventiva).

Ponto 12: Como fazer a prova discursiva com base em provas anteriores.

Ponto 13: Abordagem das últimas atualizações legislativas.

Ponto 14: Estudo sobre Competência Penal

Ponto 15: Última aula com simulado interativo

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DEFINIÇÃO ANALÍTICA DE CRIME DEFINIÇÃO ANALÍTICA DE CRIME DEFINIÇÃO ANALÍTICA DE CRIME DEFINIÇÃO ANALÍTICA DE CRIME ���� DIVISÃO TRIPARTIDA DIVISÃO TRIPARTIDA DIVISÃO TRIPARTIDA DIVISÃO TRIPARTIDA Teoria do crime ou delito – proteção dos bens jurídicos mais importantes. Apenados

com reclusão ou detenção. Contravenção é diferente, são mais leves e apenados apenas com prisão simples ou multa (delitos-anões)

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL Punibilidade Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal; é a descrição concreta da conduta proibida. Tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura descrita na lei penal. Para o fato ser típico deve compreender: Dolo ou culpa – resultado – nexo causal – tipicidade. Dolo é a consciência e vontade de realização da conduta no tipo. Culpa é a inobservância do dever objetivo de cuidado (imprudência negligência-imperícia Elementares são imprescindíveis para a configuração do tipo e as circunstâncias são dados. CONDUTA (ação ou comportamento humano) – Finalismo: dirigida à consecução de um fim. Se este for lícito, gerará culpa; ao revés, sendo fim ilícito, haverá dolo. + RESULTADO + NEXO DE CAUSALIDADE + TIPICIDADE (formal e/ou conglobante) = FATO TÍPICO

Ilícito é o comportamento humano contrário à ordem jurídica que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos tutelados. Ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre a conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico. Causas excludentes de Ilicitude: estado de necessidade – legítima defesa – estrito cumprimento do dever legal – exercício regular do direito – consentimento do ofendido Quando o agente não atua em: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito e consentimento do ofendido. = FATO ILÍCITO

Culpabilidade é a censurabilidade, a reprovabilidade social. Para ser culpável deve haver: imputabilidade, que é a condição de maturidade; potencial consciência da ilicitude, que é a possibilidade do agente saber que a conduta é ilícita e exigibilidade de conduta diversa. As excludentes de culpabilidade são: doença mental, menoridade, embriaguez, erro de proibição, coação moral irresistível e obediência hierárquica. IMPUTABILIDADE + POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE + EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA = FATO CULPÁVEL OBS: 3 sentidos da culpabilidade �

a) Elemento integrante do tipo

b) Como medidor de pena

c) Como impedimento para resp. obj.

Depois de verificada a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade há o crime e este, portanto, deve ser punido. Punibilidade é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao autor do delito. Causas de Extinção da Punibilidade: morte do agente, anistia, graça, indulto, abolitio

criminis, decadência, prescrição, perempção, renúncia, perdão do ofendido, retratação do agente, casamento da vítima com o agente, com terceiro, perdão judicial.

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICACRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICACRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICACRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Praticados por funcionário público

Artigo Crime Núcleo Obs

312 Peculato Apropriar-se ou desviá-lo ou subtrair

Reparação, compensação e restituição não excluem a punibilidade; em concurso o particular também responde.

312 §2°

Forma culposa Admite-se a extinção da punibilidade se o pagamento for antes da sentença. Se depois, reduz da metade

316 Concussão Exigir (=constranger) devido à autoridade que exerce

Exigência antes da ação

316 §1°

Excesso de Exação

Exigência de [tributo ou contribuição social]

A vantagem é para o Estado (diferença com a concussão)

316 §2°

Excesso de Exação

Ou desvio do que recebeu indevidamente

317 Corrupção Passiva

Solicita ou recebe ou aceita Nem sempre preexiste corrupção ativa

317 §1°

Corrupção Passiva

Retarda ou deixa de fazer em virtude do que recebeu

318 Facilitação ou Contrabando

Competência da JF

319 Prevaricação Retarda ou deixa de praticar em virtude de interesse ou sentimento pessoal (diferença esta com o 317 §1°)

319-A Deixar aparelho telefônico para comunicação de presos

Acrescentado pela lei 11.466/07

320 Condescendência Criminosa

Deixar de responsabilizar funcionário subordinado

Crime omissivo próprio

321 Advocacia Administrativa

Patrocinar interesse privado legítimo ou ilegítimo

323 Abandono de Função

Abandonar

325 Violação de Sigilo Funcional

Revelar ou facilitar a revelação

A partir do artigo 326 são crimes praticados por

particular, mas que também podem ser praticados por

funcionário público.

328 Usurpação de função pública

Usurpar = assumir Funcionário em outra função pode ser sujeito ativo. Cuidado, pois se alguém se intitula funcionário público e induz a erro, o crime é de estelionato.

329 Resistência Opor-se à execução 330 Desobediência Desobedecer à ordem legal Se a desobediência estiver

relacionada à decisão judicial, o

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crime é de desobediência do art. 359; Se tiver violência ou ameaça o crime é de Resistência.

331 Desacato Desacatar funcionário Na ausência do funcionário, responde por injúria qualificada do art. 141 II

332 Tráfico de Influência

Solicitar, exigir, cobrar ou obter a pretexto de influir em ato de funcionário.

Se houver acordo entre o particular e o funcionário o crime é de corrupção; Se a influência é em membros do P. Judiciário, o crime é exploração de prestígio, art. 357.

333 Corrupção Ativa Oferecer ou prometer Sempre antes do ato do funcionário

334 Contrabando ou Descaminho

Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir pagamento de direito ou imposto devido pela entrada ou saída de mercadoria

Competência da J. Federal.

337-A Sonegação de Contribuição

Previdenciária

Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária

Sujeitos ativos são os sócios, gerentes de empresas. Confissão sem pagamento antes da ação fiscal � extinção da punibilidade Pagamento depois da ação fiscal, mas antes da denúncia � extinção da punibilidade. A diferença com a Apropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A) é que nesta deixa-se de repassar e para haver a extinção da punibilidade, deve-se pagar antes da ação fiscal.

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ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS Inteiro teor, acesse: www.rodrigobello.wikidot.com

Lei 11.900/09 Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de interrogatório

e outros atos processuais por sistema de videoconferência, e dá outras providências.

Lei 11.829/08 Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do

Adolescente, para aprimorar o combate à produção, venda e distribuição de pornografia infantil, bem como criminalizar a aquisição e a posse de tal material

e outras condutas relacionadas à pedofilia na internet.

Lei 11.767/08

Altera o art. 7o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994, para dispor sobre o direito à inviolabilidade do local e instrumentos de trabalho do advogado, bem

como de sua correspondência.

Lei 11.719/08 Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código

de Processo Penal, relativos à suspensão do processo, emendatio libelli, mutatio libelli e aos procedimentos.

Lei 11.706/08 Altera e acresce dispositivos à Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição e

sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm e define crimes.

Lei 11.705/08 Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de

Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas

alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica

por condutor de veículo automotor, e dá outras providências.

Lei 11.690/08 Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código

de Processo Penal, relativos à prova, e dá outras providências.

Lei 11.689/08 Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código

de Processo Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá outras providências.

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Lei 11.671/08 Dispõe sobre a transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais

federais de segurança máxima e dá outras providências.

Lei 11.596/07

Altera o inciso IV do caput do art. 117 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para definir como causa interruptiva da prescrição a publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível.

Lei 11.466/07

Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal, e o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para prever como falta disciplinar grave do preso e crime do agente público a utilização de telefone celular.

Lei 11.464/07

Dá nova redação ao art. 2o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal.

Lei 11.449/07

Altera o art. 306 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.

Lei 11.435/06

Altera os arts. 136, 137, 138, 139, 141 e 143 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, para substituir a expressão “seqüestro” por “arresto”, com os devidos ajustes redacionais.

Lei 11.313/06

Altera os arts. 60 e 61 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e o art. 2o da Lei no 10.259, de 12 de julho de 2001, pertinentes à competência dos Juizados Especiais Criminais, no âmbito da Justiça Estadual e da Justiça Federal.

Lei 11.113/05

Dá nova redação ao caput e ao § 3o do art. 304 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.

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� Lei de Violência Doméstica : 11.340/06 � Lei de Tóxicos : 11.343/06 � Lei 11.428/06 : Altera a Lei Ambiental (9.605/98) � Lei 11.275/06 : Altera o Código de Trânsito Brasileiro (9.503/97) � Lei 11.106/05 : Altera o Código Penal � Lei 10.792/03 : Altera Procedimento do Interrogatório (CPP) e cria o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD – LEP)

ÚLTIMOS EXAMES DE ORDEM Cespe/Unb

32º Exame

Total de Questões Área Penal 15 Nº Questões de Direito Penal Geral 4

Temas Teoria da Pena, Excludentes de Culpabilidade, Exlcludentes de

Ilicitude e Prescrição Nº Questões de D. Penal Especial 4

Temas Lavagem de Dinheiro, Patrimônio, Funcionais e Contra a Vida

Nº Questões de D. Processual Penal 7 Temas Prova Penal, Princípios da Ação,

Prazos da Ação Penal, Competência, Prisão Preventiva, Inquérito Policial e

Execução Penal

33º Exame Total de Questões Área Penal 15

Nº Questões de Direito Penal Geral 4 Temas Teoria da Pena, Garantidor, Concurso

Aparente de Normas e Exlcludentes de Ilicitudes

Nº Questões de D. Penal Especial 6 Temas Crimes Hediondos, Crimes

Funcionais, Contra o Patrimônio, Tributários, Falso Testemunho e

Tortura Nº Questões de D. Processual Penal 5

Temas Sentença Penal, Prova Penal, Princípios Constitucionais, Perdão e

Recurso

34º Exame Total de Questões Área Penal 15

Nº Questões de Direito Penal Geral 5 Temas Aplicação da Lei, Teoria da Pena,

Crime Culposo, Prescrição e Extinção

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da Punibilidade Nº Questões de D. Penal Especial 4

Temas Contra a Vida (2), Tóxicos e Hediondo Nº Questões de D. Processual Penal 6

Temas Inquérito Policial, Princípios Constitucionais, Citação, Nulidades,

Recursos (2)

35º Exame Total de Questões Área Penal 15

Nº Questões de Direito Penal Geral 4 Temas Dolo-Culpa, Reincidência, Prescrição

e Excludentes de Ilicitude Nº Questões de D. Penal Especial 4

Temas ECA (2), Lavagem de Dinheiro e Previdenciário

Nº Questões de D. Processual Penal 7 Temas Recursos, Competência, Inquérito

Policial, Princípios Constitucionais, Procedimentos, Sujeitos Processuais

e Ações Autônomas

36º Exame Total de Questões Área Penal 14

Nº Questões de Direito Penal Geral 2 Temas Elementos, Teoria da Pena,

Nº Questões de D. Penal Especial 5 Temas Tipificação, Lavagem de Dinheiro,

Crimes contra a Honra, Execução Penal, Violência Doméstica

Nº Questões de D. Processual Penal 7 Temas Ações Autônomas , Ação Penal,

Competência (2), Princípios Constitucionais, Fiança,

37º Exame Total de Questões Área Penal 14

Nº Questões de Direito Penal Geral 3 Temas Classificação, Remição, Erro

Nº Questões de D. Penal Especial 4 Temas Honra, Drogas, RDD, Violência

Doméstica Nº Questões de D. Processual Penal 7

Temas Reabilitação, Pena, Revisão Criminal, Recursos, Inquérito Policial,

Seqüestro e Lei Processual no Tempo

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COMENTÁRIOS DO 26º EXAME – PROVA OBJETIVA

31 - Fulana, prostituta, é convidada por Beltrano para ir a seu apartamento para um “programa”. Uma vez na residência do rapaz, a messalina pede a Beltrano para ir ao banheiro, tendo sido informada que o mesmo ficava localizado no segundo andar da casa. A caminho do toalete a moça, ao passar por um dos cômodos, repara que há em cima de uma cama um relógio caríssimo e raro. Voltando do sanitário, Fulana apanha o relógio e põe dentro de sua bolsa, retornando em seguida para o primeiro piso, onde Beltrano a aguardava ansioso e com duas taças de vinho. Após alguns minutos de conversa, a meretriz despeja algumas gotas de uma substância sedativa na bebida do jovem que, ao bebê-la cai desmaiado. Com esse quadro fático, a conduta de Fulana pode ser capitulada como:

a. Furto em concurso (material ou formal) com lesão corporal b. Roubo impróprio c. Roubo próprio d. Nenhuma das alternativas acima

Comentários: (letra A - gabarito) � Devemos tomar cuidado com esta questão, tendo em vista seu grande

conteúdo. Ao realizar a prova, nos cabe filtrarmos as informações pertinentes, pois muitas destas são apenas para, literalmente, “cansar” o candidato.

Questões de Penal especial podem gerar sérias controvérsias e, para nós, em questões de múltipla escolha estas discussões ficariam em segundo plano.

Tratando-se de crime contra o patrimônio, os artigos legais que deverão ser confrontados serão os dispostos a partir do artigo 155 do Código Penal.

Inicia-se este estudo com o crime de furto, que por uma primeira leitura, já poderíamos encaixar como sendo a conduta realizada pela prostituta Fulana. No entanto, recomendamos aos alunos segurarem seus ímpetos e analisarem com mais calma a questão, principalmente problemas que envolvam tipificações legais.

Afirma o artigo que furto seria “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” Perfeito.

O relógio de Beltrano encaixa-se na elementar coisa alheia móvel. Pela leitura do enunciado da questão, percebemos que a prostituta utilizou-se de uma artimanha para apoderar-se do relógio, ou seja, no momento que ficou sozinha, sem qualquer tipo de vigilância, agindo diretamente, subtraiu o acessório masculino de seu cliente.

Assim sendo, evidencia-se a prática de furto por parte da prostituta. Fazendo inclusive uma análise conjunta com os demais crimes contra o patrimônio, verificaremos que o encaixe legal só será possível neste quadro tipificado como furto. Da análise das demais opções demonstraremos o porquê de não serem os demais crimes.

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Prosseguindo, a conduta posterior da Fulana merece ficar impune? Verificamos que num primeiro contexto fático, nossa agente cometeu furto e depois agiu novamente, propiciando o desmaio do surpreendente inocente cliente.

Assim, quando nos deparamos com 2 ou mais crimes cometidos pela mesma pessoa, crucial e interessante o estudo do Concurso de Crimes, e é o que passaremos a fazer neste instante.

Valer-nos-emos, neste tema, dos ensinamentos do professor paranaense René Ariel Dotti, que, inclusive, prefere a terminologia “concurso de infrações”. Em sua obra, Curso de Direito Penal, diz: “O concurso de infrações se caracteriza pela existência de dois ou mais ilícitos penais praticados pelo mesmo agente.”

Adiante, determina e conceitua as 3 modalidades de concurso de infrações: concurso material, concurso formal e crime continuado.

“Ocorre concurso material (ou real) de infrações quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. (art. 69 CP)”

“Ocorre o concurso formal (ou ideal) de infrações, quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais ilícitos. (art. 70 CP)”

“Diz-se o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro. (art. 71 CP)”

Com as lições aprendidas, fica fácil resolvermos à questão e entendermos pela marcação desta letra A. Não haveria, para a resolução desta, a obrigação de sabermos qual o tipo de concurso de crimes. Todavia, verificar-se-á que se trata de concurso material, pelo fato de ter havido duas condutas bem distintas.

Para completarmos, com chave de ouro, cabe-nos identificarmos o segundo crime cometido pela malandra prostituta. A opção nos informa que seria lesão corporal (art. 129 CP), ministrar substância em bebida alheia e a vítima cair desmaiada. Será que valeria a pena termos em mente àquele conceito sólido de que lesões corporais são apenas socos, pontapés etc.?

Para abrirmos os horizontes e fecharmos estes comentários, eis os ensinamentos do professor Mirabete acerca da amplitude do crime de lesões corporais: “O delito de lesão corporal pode ser conceituado como a ofensa à integridade corporal ou à saúde, ou seja, como o dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental.” (grifos nossos).

(letra B) � A “grave ameaça ou a violência a pessoa”, são elementares do crime de

roubo descrito no artigo 157 do Código Penal Brasileiro. Isto posto, descartaríamos por completo a marcação desta opção. Nossa

personagem em nenhum momento utilizou-se destes meios para conseguir seu objetivo e saciar sua vontade em aumentar seu patrimônio.

Não poderíamos deixar de conceituarmos o chamado roubo impróprio. Fugiríamos totalmente da intenção proposta, que é levar uma análise conjunta e sistemática de todas as questões e opções.

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Nas palavras, do constantemente visitado Delmanto, “Roubo Impróprio (art. 157 § 1º CP) é aquele roubo com o emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa, após a subtração.”

(letra C) � Acreditamos já ter sido sanada qualquer eventual dúvida que possa

existir. Apenas pelo amor à didática, roubo próprio é o descrito no caput do artigo 157 do CP.

(letra D) � Descartada.

34 - Mario adentra residência alheia durante a noite com o intuito de furtar jóias. Surpreendido pelo casal de moradores, Mario mata o marido e estupra a esposa, causando-lhe lesões corporais graves. Acusado pela prática dos delitos de homicídio e estupro qualificado pelas lesões corporais graves, a ação penal correspondente será:

a. pública condicionada em relação a ambos os crimes b. pública condicionada em relação ao homicídio e privada em relação ao

estupro c. privada em relação a ambos os crimes d. pública incondicionada em relação a ambos os crimes

Comentários:

Antes de adentrarmos na análise da questão, que será feita unitariamente, é de suma importância introduzirmos o estudo sobre ação penal (100 CP e 24 CPP), sendo esta uma das matérias mais importantes de Processo Penal para um Exame de Ordem.

Verificaremos suas modalidades com os correspondentes dispositivos legais.

� . Pública � Incondicionada (100 CP – 24 CPP)

� Condicionada a) representação do ofendido (100 §1º CP e 24 CPP)

b) requisição do Ministro da Justiça (100§1º CP e 24 CPP)

� . Privada � Exclusiva (100 §2º CP e 30 CPP) � Personalíssima (236 §único CP) � Subsidiária da Pública (100 §3º CP e 29-46 CPP)

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Isto posto, depois desta separação que se justifica devido à titularidade

da ação penal, ou seja, propõe a ação penal pública o órgão oficial do Estado, o Ministério Público e ajuíza a ação penal privada, o particular. Lembrando que denúncia é o nome que se dá à ação penal pública e queixa-crime o nome correspondente à ação privada.

Poderíamos indagar quando seria caso de uma ação e quando seria caso de outra. Quando a titularidade seria do MP e quando seria da vítima?

Facilmente observado quando da análise de dispositivos legais. A regra que se observa é a seguinte: Em não havendo exigência quanto à propositura da ação penal, esta será pública incondicionada (na maioria dos casos). Por sua vez, havendo exigência legal neste sentido, logicamente o dispositivo de lei deverá ser observado sob pena de inobservância de uma das condições da ação, que seria a legitimidade ad causam.

Vejamos o exemplo do estupro, por inclusive encaixar-se na questão sob análise.

O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 225, assim determina:

Art. 225: “Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa. §1º. Procede-se, entretanto, mediante ação pública: I – se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família; II – se o crime é cometido com abuso de pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador. §2º - No caso do nº1 do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende de representação.

Com estas informações iniciais, começares o estudo da questão de

forma pormenorizada. Partiremos da informação última que nos foi dada. Mário foi acusado de

homicídio e estupro qualificado pelas lesões corporais graves. Sem maiores problemas verificamos que o homicídio (121 CP) procede-se mediante ação penal pública incondicionada, isto porque não há qualquer tipo de exigência legal, tanto no artigo supra mencionado quanto em algum artigo final do capítulo correspondente aos crimes contra a pessoa.

Quanto ao estupro reside uma maior complexidade. Pelo artigo 225 do CP, já analisado momentos atrás, a ação penal seria privada.

Todavia, nosso criminoso não cometeu o estupro (art. 213 do CP) em sua modalidade simples. Houve uma séria qualificadora presente, que nos faz pensar e refletir sobre o assunto.

Para o candidato que se habituou a manusear sua lei penal, a questão fica mais fácil, pois ele provavelmente lembrou-se do artigo 223, que inicia o Capítulo IV – Dos Crimes contra os Costumes. Senão vejamos:

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Art. 223: “Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave:

O detalhe, que às vezes passa despercebido, não foi esquecido pelo

atento professor Delmanto em seus comentários: “Nos crimes previstos nos arts. 213 a 220 (que são os inscritos nos capítulos precedentes), a ação penal é de iniciativa privada (queixa-crime). Se ocorre o resultado lesão corporal grave ou morte, referido no art. 223, o estupro ou atentado violento ao pudor será objeto de ação penal pública incondicionada, pois o artigo. 223 não se inclui nos capítulos anteriores a que este art. 225 faz menção.”

Com todas estas informações apresentadas, nos resta marcarmos com convicção a letra D.

Tamanha a importância do tema que a seguir demonstraremos esta afirmação.

Jurisprudência: Súmula 608 Supremo Tribunal Federal NO CRIME DE ESTUPRO, PRATICADO MEDIANTE VIOLÊNCIA REAL, A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2002.050.02065 - APELACAO CRIMINAL -

DES. TELMA MUSSE DIUANA - Julgamento: 06/02/2003 - QUARTA CAMARA CRIMINAL ESTUPRO ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR VIOLENCIA REAL CONCURSO MATERIAL ACAO PENAL PUBLICA INCONDICIONADA

Estupro, atentado violento ao pudor e corrupcao ativa. Decreto condenatorio. Recurso do reu suscitando preliminar de nulidade do feito, ao argumento de ilegitimidade "ad causam" do Ministerio Publico, requerendo, quanto ao merito, a absolvicao e, alternativamente, a reducao das penas, a aplicacao da regra do crime continuado e o afastamento da incidencia da Lei n. 8072/90. Preliminar rejeitada. Pleitos defensivos inacolhiveis. Recurso a que se nega provimento. Praticados os crimes de estupro e atentado violento ao pudor com violencia real, traduzida em lesoes corporais positivadas, inclusive, quando do exame de corpo de delito a que se submeteu a vitima, a acao penal e' publica incondicionada, conforme entendimento consolidado na Sumula 608 editada pelo E. Supremo Tribunal Federal. Preliminar rejeitada. Inexistindo hierarquia entre as provas, dentre as quais o legislador patrio incluiu os indicios, seria incongruente desconsiderar-se a palavra da vitima porque obtida somente em sede policial. Maxime quando, como e' o caso, o positivo reconhecimento do autor dos fatos, pela mesma, vem confirmado na instrucao criminal atraves dos policiais militares que efetuaram a prisao em flagrante do agente. E, sendo ele detido nas proximidades do local onde os delitos foram perpetrados, logo apontado pela vitima como seu ofensor, apurando-se, ainda, que as vestes intimas do agente apresentavam manchas de sangue humano. Indicios ha', que, pela forca da logica, falam tao ou mais claramente sobre a verdade, do que a prova direta, a qual, em se tratando de alguns injustos penais, cometidos sempre longe de testemunhas, hao de ser prescrutados atraves da prova indiciaria. Estupro e atentado violento ao pudor sao crimes hediondos, ainda quando nao qualificados pelo resultado morte ou lesoes corporais da vitima. Logo,

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COMENTÁRIOS DO 27º EXAME – PROVA OBJETIVA

19 - O réu está sendo processado por furto (caput do art. 155, do CP) que praticou em 05/03/1998. A denúncia foi recebida em 10/03/2000 e o juiz sentenciou condenando-o a 2 anos de reclusão, em 10/03/2004. Para a hipótese temos:

a. Não há que se falar em prescrição b. Prescrição executória c. Prescrição retroativa d. Prescrição superveniente

Comentários:

Já podemos verificar que a questão é relativa a uma das causas de extinção da punibilidade (artigo 107 IV do CP). Prescrição Penal, nas palavras do professor Delmanto “é a perda do poder de punir do Estado, causada pelo decurso do tempo fixado em lei.”

Neste tipo de questão, sugiro sempre aos alunos que façam uma linha imaginária do tempo para que se torne mais fácil à elucidação da mesma. Sendo assim, mãos à obra:

2 anos e 5 dias 4 anos *__________________________*______________________________________________* Furto recebimento sentença em Em da Denúncia 10.03.04 05.03.98 10.03.00 2anos de recl.

Com estas informações, analisaremos a ocorrência ou não da prescrição

e prevalecendo aquela conclusão, qual seria a sua espécie. Para esta questão específica, o candidato deve ter em mente o artigo

109 do CP que traz os prazos prescricionais. Evidencia-se neste momento a necessidade que todos nós devemos ter em estar constantemente analisando os artigos de lei junto com a doutrina ou apontamentos de sala de aula.

Feita a ressalva, o furto (art. 155 CP) possui como preceito secundário, uma pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa. O artigo 109 do CP baseia-se na pena máxima e pela tabela inserida neste preceito legal, o prazo de 4 anos do furto se encaixa no inciso IV do artigo 109:

submetem-se `a disciplina da Lei n. 8072/90, em pleno vigor, a qual impoe o regime prisional integralmente fechado para cumprimento da pena em decorrencia do cometimento de tais delitos. A regra a ser aplicada nos casos de delitos de estupro e atentado violento ao pudor e' a do concurso material, sobretudo quando a pluralidade de acoes criminosas contra a mesma vitima ocorrem ao longo de periodo de tempo (cerca de duas horas) expressivo o bastante para destacar os designios do agente. Penas fixadas criteriosamente. Recurso a que se nega provimento.

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“Art.109 - IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;”

Destarte, pela pena em abstrato não verificamos qualquer espécie de

prescrição com a situação trazida no enunciado da questão. No entanto, para ficar ainda mais claro este comentário, analisaremos as espécies de prescrição trazidas pelo examinador e que correspondem a algumas das opções da questão.

(letra B) � Comecemos pela letra B, pois a letra A será analisada posteriormente. Prescrição Executória ocorre depois de transitar em julgado a sentença

condenatória (art. 110 caput CP) e produz a perda da execução. Analisando o artigo legal, verificamos que agora o prazo prescricional terá como base a pena aplicada.

Acredito que esta não deva ser a opção correta por faltarem elementos subseqüentes para uma análise desta espécie de prescrição.

(letra C - gabarito) � A Prescrição Retroativa se torna possível pela conjugação dos §§1º e 2º

do artigo 110 do CP, também combinados com a exceção trazida pelo artigo 109 do mesmo diploma legal. O professor Delmanto faz a ressalva de que mesmo estando esta forma de prescrição inserida no artigo 110, que traz a prescrição executória, a prescrição retroativa é na verdade uma forma da pretensão punitiva.

Prosseguindo, a particularidade desta prescrição é a contagem para trás, razão esta de seu nome – regressiva. Assim, deve o operador do direito se valer da pena aplicada ao caso concreto e, simplesmente, voltar atrás para verificar algum desrespeito ao prazo prescricional.

Com os dados oferecidos, chegaremos à conclusão de que esta é a opção correta. Senão vejamos:

O prazo agora tem novo parâmetro – 2 anos, pois este foi o prazo da condenação. Inserindo-o no artigo 109 do CP, precisamente no seu inciso V, o lapso temporal prescricional agora é de 4 anos.

Sendo prescrição retroativa, “voltemos atrás” e com ajuda de nossa linha imaginária verificamos que do recebimento da denúncia, em 10.03.00, que é uma das causas interruptivas da prescrição (artigo 117 I CP), até a sentença em 10.03.04, passaram-se justamente os 4 anos necessários para que seja configurada a prescrição.

(letra A) � consequentemente descartada. (letra D) � Prescrição Superveniente é aquela do §1º do artigo 110 do CP. Esta

espécie de prescrição também tem como prazo a pena aplicada ao caso concreto, porém o prazo referido é o da prolação da sentença até o seu trânsito

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em julgado. Explicando melhor, conta-se o tempo decorrido entre a sentença condenatória e o seu trânsito em julgado.

Por não termos elementos suficientes, esta questão não deve ser a escolhida.

Jurisprudência:

21 - Considerando-se o crime de Aborto no Código Penal Brasileiro, é correto afirmar que:

a. O Aborto é permitido somente nos casos em que não haja outra maneira de salvar a vida da gestante

b. O Aborto é permitido nos casos em que não haja outra maneira de salvar a vida da gestante ou a gravidez tenha sido resultado de estupro, devendo existir autorização da gestante ou, se incapaz, de seu representante legal

c. O Aborto é permitido nos casos em que não haja outra maneira de salvar a vida da gestante ou a gravidez tenha sido resultado de estupro, devendo existir autorização do médico

d. O Código Penal Brasileiro somente permite o Aborto nos casos de gravidez resultante de estupro

Comentários: Aborto é a interrupção da gravidez, com a morte de seu produto, ou seja,

do feto. Para esta questão, analisaremos os artigos 124 até o 128 do CP. (letra A) � De plano já devemos ter cuidado com esta opção, pelo fato do

examinador afirmar veementemente que SÓ existe uma forma do aborto, mesmo realizado, não ser considerado crime.

E assim nossa desconfiança se torna realidade, pois este não seria o único caso (art. 127 do CP). Denomina-se aborto necessário aquele realizado para salvar a vida da gestante e de aborto sentimental aquele realizado para interromper a gravidez de uma gestante que foi estuprada e que este produto tenha sido resultado deste crucial crime. Alguns doutrinadores ainda o chamam de humanitário ou ético (art. 127 II CP).

(letra B - gabarito) � Com as informações trazidas quando dos comentários da letra A, já

podemos nos inclinar para assinalarmos esta opção B. Entretanto, cabe-nos examinar a necessidade ou não de autorização da gestante. Resposta tranqüila

2005.050.05344 - APELACAO CRIMINAL

DES. MARIA RAIMUNDA T. AZEVEDO - Julgamento: 09/01/2006 - OITAVA CAMARA CRIMINAL – TJ/RJ

FURTO. ARTIGO 155 DO CÓDGO PENAL. PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. ACOLHIMENTO. PROVIMENTO DO RECURSO. Se a Apelante foi condenada a 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão e entre as datas do delito, 01 (um) dia de março e 12 de maio de 1997, e a do recebimento da denúncia, em 25 de setembro de 2002, decorreu tempo superior a 04 (quatro) anos, operou-se a prescrição da pretensão punitiva do Estado, pelo que se declara a extinção da punibilidade pela prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado, com base na pena aplicada, na forma dos artigos 107, IV c.c.109, V, e c.c. 110, todos do Código Penal. Apelo provido.

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com a continuação da leitura do mesmo artigo 127 inciso II do CP. O próprio legislador traz a necessidade de consentimento.

Opção correta que ainda nos cabe consignar uma última observação. Não devemos confundir consentimento com autorização judicial. A doutrina e jurisprudência mais abalizada vêm sustentando que a simples manifestação de vontade da gestante, quando capaz ou de seu representante legal, quando incapaz, supre a exigência legal.

(letra C) � Respondendo a questão B e trazendo sua justificativa, vimos que a

exigência legal está tão somente no consentimento da gestante e não de autorização médica. Nesta situação não deve ser feita uma interpretação extensiva.

(letra D) � Esclarecedoras as justificativas acima e que descartam a marcação

desta opção trazida pelo examinador da Banca de Penal.

Jurisprudência:

TIPO DE PROCESSO: Apelação Cível

NÚMERO: 70001010446

RELATOR: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves

EMENTA: PEDIDO DE ABORTO . ESTUPRO. VIOLENCIA INDEMONSTRADA .DIREITO DO FETO A VIDA. PROTECAO CONSTITUCIONAL. DIREITO NATURAL. DIANTE DA AUSENCIA DE ELEMENTOS SEGUROS DE CONVICCAO ACERCA DA OCORRENCIA DE VIOLENCIA SEXUAL, NAO SE MOSTRA RECOMENDAVEL NEM INDICADA A INTERRUPCAO DA GRAVIDEZ PRETENDIDA, VISTO QUE MAIORES SERIAM OS MALEFICIOS. DESTACO QUE MERECE MAIOR PROTECAO O INTERESSE DO NASCITURO EM VIVER, CONFORME O ART-227 DA CF. O FATO DE EXISTIR E DE PERMANECER VIVO, ENQUANTO AS FUNCOES BIOLOGICAS PERMITIREM, CONSTITUI DIREITO NATURAL INALIENAVEL DE TODO O SEU HUMANO E E, EM SI MESMO, O PONTO DE PARTIDA PARA TODOS OS DEMAIS DIREITO QUE O ORDENAMENTO JURIDICO POSSA CONCEBER. RECURSO DESPROVIDO. (7 FLS.) (Apelação Cível Nº 70001010446, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 03/05/2000)

TRIBUNAL: Tribunal de Justiça do RS

DATA DE JULGAMENTO: 03/05/2000

Nº DE FOLHAS:

COMENTÁRIOS DO 28º EXAME – PROVA OBJETIVA 21 - O chamado “princípio de bagatela”, considerado basilar em nosso ordenamento jurídico-penal, pode ser aplicado na hipótese de:

a. Havendo crime de roubo mediante grave ameaça, a vítima perdoa o sujeito ativo do delito;

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b. Ocorrendo importação de produto proibido, mesmo que de valor expressivo quando considerado individualmente, não chega a ocasionar abalo nas finanças públicas;

c. Praticando-se crime de furto, a coisa subtraída não tenha valor significativo para seu dono;

d. Prática de crimes patrimoniais contra instituições financeiras de pequeno porte.

Comentários:

Inicialmente, trazemos à colação os ensinamentos dos professores Nilo Batista e Raúl Zaffaroni, em sua obra Direito Penal Brasileiro I, acerca do princípio de bagatela, também chamado de princípio da insignificância. Dizem os mestres: “Pode-se afirmar que o bem jurídico lesionado ou exposto a perigo representa o outro no conflito jurídico-penal, constitui o seu signo no recorte típico, cabendo compreender o chamado princípio da insignificância, que exclui a tipicidade nos casos de ínfimas e irrisórias afetações do bem jurídico, como defecção da alteridade.”

Antes de adentrarmos mais especificamente nesta questão, vale ressalvarmos que existem alguns autores radicais, diria assim, que não reconhecem o princípio da bagatela no estudo do Direito Penal.

(letra A) � De plano excluiríamos esta opção, pois se entendermos pela

aplicabilidade do princípio de bagatela, com certeza nos casos onde estejam presentes a violência e a grave ameaça, este princípio não poderia se evidenciar.

Por ser um princípio de alto teor de análise subjetiva, temeríamos por uma massificação do mesmo. Além de, logicamente, não estar dando proteção jurídica aos bens que sofrem violência e grave ameaça.

(letra B) � Entendemos que crimes complexos e que afetam a coletividade, tal

como a importação de produto proibido, por mais irrisório que seja a quantidade e o valor deste, devem sofrer punição estatal através da persecução penal.

Não conseguimos visualizar a possibilidade de aplicabilidade do princípio nestes casos.

(letra C - gabarito) � Podemos afirmar com tranqüilidade que os maiores índices de

aplicabilidade do princípio da insignificância seriam nos crimes de furto. Primeiro porque este crime não possui como elementares a grave ameaça e a violência e, em segundo lugar, por haver a possibilidade de se aferir com maior precisão o valor significativo da coisa furtada.

Importante neste aspecto do furto, que o princípio de bagatela não se afere tão-somente pelo valor patrimonial e sim, pelo valor simbólico que a coisa representa para seu dono. Quem duvidaria que um quadro pintado por um filho falecido tivesse muito mais valor, por parte da mãe, de que um outro quadro

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pintado por um artista mais famoso e consequentemente com um valor econômico superior?

O candidato deve marcar esta opção por tudo que foi dito até agora e se observarmos com atenção, o próprio examinador nos fornece uma informação chave, que seria o valor irrisório para seu dono.

(letra D) � Não poderíamos generalizar e aplicar o princípio de bagatela em todos

os crimes patrimoniais, até porque uns possuem elementares conflitantes com o princípio em análise. Além disso, as instituições financeiras, por sua importância, devem possuir uma maior proteção estatal.

22 - Em dificuldades financeiras, Anderson idealiza conseguir algum dinheiro às custas do filho de seu patrão. Para conseguir seu intento, resolve planejar um seqüestro, reunindo os petrechos necessários: adquire anestesia cirúrgica para controlar o menino, rouba um carro e aluga uma casa para se esconder. Entretanto, a segurança pessoal desconfia, de tanto ver Anderson rondando a casa, e chama a polícia, que prende o rapaz antes que ele consiga seu intento. Sendo assim:

a. Anderson responderá por tentativa de extorsão mediante seqüestro e tentativa de roubo;

b. Anderson responderá pelo crime de roubo consumado, mesmo tendo sido ato preparatório para o crime de extorsão mediante seqüestro;

c. Hipótese de crime impossível, pois Anderson não conseguiria realizar seu intento, tendo em vista a presença constante de seguranças;

d. Anderson responderá por roubo e tentativa de extorsão mediante seqüestro.

Comentários:

(letra A) � Sobre a tentativa do artigo 14, inciso II do CP, devemos considerar duas

regras importantíssimas e que nos ajudarão no esclarecimento desta questão. A primeira é que não existe um dolo específico para a tentativa. O dolo, a livre ação consciente em agir, é semelhante na tentativa e na consumação. A segunda regra, que inclusive explicará melhor a primeira indagação, está atrelada ao conceito de tentativa. Esta ocorre quando circunstâncias alheias à vontade do indivíduo o crime não chega ao seu final, acarretando, logicamente, a sua não consumação. Frise-se, portanto, alheias a sua vontade.

Assim sendo, esta letra a não merece ser selecionado pelo simples fato de nos trazer a informação de que houve uma tentativa de roubo e um roubo consumado. Ora, o enunciado da questão nos esclarece abertamente que houve um roubo de veículo num primeiro momento, ou seja, um crime patrimonial consumado em sua plenitude e não um crime tentado.

(letra B - gabarito) � Esta última informação por nós dada quando da análise da letra A já nos

adianta nesta explicação da letra B. Vimos que há um crime de roubo consumado, no caso, de um carro.

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A questão agora é saber se houve início qualquer ato executório em relação ao outro crime intencionado por Anderson. Sabemos que, grande parte dos crimes do Código Penal, possuem atos preparatórios que antecedem o início da execução. Inclusive, a grande dificuldade seria em delimitar claramente o que seria ato preparatório e o que seria início da execução. O que podemos afirmar, sem dúvida alguma, que o crime tão somente se inicia quando dos atos executórios e que os atos preparatórios não são punidos penalmente. Não haveria possibilidade do Direito Penal ir tão longe assim e punir condutas prévias.

Com esta gama de informações, a resposta correta seria esta, pois nosso personagem não iniciou os atos de execução do segundo crime, ficando apenas em seus atos preparatórios, que, como vimos, são irrelevantes para o Direito Penal.

(letra C) � Crime impossível (artigo 17 do CP), também chamada de tentativa

inidônea, “parte da premissa de que o agente já ingressara na fase dos chamados atos de execução, e a consumação da infração penal só não ocorrem por circunstâncias alheias à sua vontade”, como nos ensina, brilhantemente, o professor Rogério Greco.

Vale observar ainda que a letra da lei, a redação do artigo 17 do CP, faz a exigência de que o meio para que se conseguir a consumação do crime seja absolutamente ineficaz.

Assim, duas razões evidentes para não se marcar esta opção. Primeiro porque Anderson não iniciara os atos executórios e, em segundo lugar, não podemos considerar a presença de seguranças como um meio absolutamente ineficaz.

(letra D) � A opção que poderia complicar o candidato seria o confronto entre a

letra B, correta e esta letra D. Além das justificativas já expostas, não custa lembrar acerca do iter

criminis ou caminho do crime. Para o estudo da tentativa e da consumação devemos partir deste paradigma que nos é fornecido.

Compõem o iter criminis as seguintes fases: a) cogitação; } atos b) preparação; } preparatórios c) execução; d) consumação e e) exaurimento. A partir da letra c, execução, é que podemos falar em tentativa e

consumação. Como Anderson nem ao menos iniciou o seu plano (leia-se cogitação e preparação) de seqüestro e extorsão, não poderíamos tipificar a sua conduta como sendo tentada.

COMENTÁRIOS DO 29º EXAME – PROVA OBJETIVA 20 - Em Matéria de processo penal, assinale a resposta correta:

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a. O prazo para o assistente de acusação apelar é de 20 dias após a publicação;

b. Em recurso de apelação cabe juízo de retratação; c. Somente a defesa pode opor embargos infringentes; d. Não há previsão legal de embargos de declaração nos delitos de menor

potencial ofensivo.

Comentários:

(letra A) � Incabível a assertiva disposta nesta opção. A letra crua e pura da lei nos

dá a confirmação de que o prazo estipulado em epígrafe não é o correto e de que seu momento inicial também não coaduna com a verdade legal.

Art. 598 CPP: “Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se dá sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. § único: O prazo para interposição desse recurso será de 15 dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.”

(letra B) � Nesta opção o i. examinador tentou confundir o candidato colocando um

efeito, o de retratação, de outro recurso como sendo efeito do recurso de apelação. A apelação é, por excelência, o recurso mais abrangente de nosso sistema processual. Há uma devolução ampla acerca da matéria a ser enfrentada. Será o Tribunal de 2ª instância que irá substituir o pronunciamento de juízo de 1ª instância. O acórdão proferido substituirá a sentença em todos os seus termos. Mesmo que confirmando os ideais de uma sentença, haverá uma substituição no mundo dos fatos.

Uma vez proferida e publicada a sentença, o magistrado não tem a possibilidade de, num linguajar mais simples e corriqueiro, “voltar atrás”. Em apertada síntese isso seria a retratação. Vejamos um exemplo esclarecedor.

O recurso em sentido estrito (artigo 581 e seguintes) possui este efeito. Uma vez interposto o recurso em sentido estrito, o magistrado, que proferiu àquela decisão interlocutória atacada, terá, antes de enviar o recurso à 2ª instância, a possibilidade de se retratar e reformar a decisão. Ele tem a possibilidade de rever sua decisão e “voltar atrás”.

(letra C – gabarito) � Sábias são as palavras do professor Guilherme da Souza Nucci, em seu

didático Manual de Processo e Execução Penal, ao falar sobre o recurso de

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Embargos Infringentes: “Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da matéria decidida pela turma julgadora, por ter havido maioria de votos e não unanimidade, ampliando-se o quorum do julgamento.”

(letra D) � Mais uma vez recorreremos ao positivismo. O artigo 83 da lei 9.099/95 –

Juizados Especiais assim determina:

Art. 83: “Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.”

25 - Adelaide, empregada doméstica, após efetuar o pagamento de Rodrigo pela limpeza da piscina, fica com o troco destinado a sua patroa Lucinda. Considerando o fato de Adelaide trabalhar para Lucinda assinale a opção correta acerca da tipificação dada à sua conduta:

a. Adelaide praticou o delito de furto simples; b. Adelaide praticou o delito de furto qualificado pelo abuso de confiança; c. Adelaide praticou o delito de apropriação indébita; d. Adelaide praticou o delito de apropriação indébita majorado pelo abuso

de confiança.

Comentários:

Fundamentalmente nesta questão devemos nos ater ao momento do dolo do agente. A partir de que instante nossa empregada doméstica criou em sua consciência a vontade livre de se apoderar do dinheiro alheio?

(letra A) � Para que configurasse o furto, Adelaide teria que ter uma atitude mais

contundente e mais ativa, se nos for permitido falar assim. No furto, o agente deve dirigir-se ao local e usando de subterfúgios ou artimanhas, diminuir o patrimônio de determinada pessoa. Há sim uma atitude prévia, anterior, ou seja, o agente desejava desde o início furtar determinada coisa alheia móvel. A intenção, o dolo inicial era este.

(letra B) � Como demonstramos acima que não seria furto, tampouco poderia sê-lo

com abuso de confiança. A tentativa, no caso, é iludir o candidato pelo fato de Adelaide ser empregada doméstica.

(letra C – gabarito) � Para a configuração do crime de apropriação indébita, artigo 168 do CP,

a corrente clássica afirmava que o dolo deveria ser específico. Esta vontade livre e consciente deve ser posterior ao recebimento da coisa.

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E foi assim que nossa empregada doméstica procedeu. A partir do momento da posse daquela quantia que não era dela, criou-se em seu subconsciente a vontade de permanecer com àquele troco. Fica evidente, portanto, o momento consumativo do crime, que é o da negativa na devolução.

(letra D) � Visto tratar-se realmente de apropriação indébita, surge a pergunta:

Relação de empregada doméstica enseja confiança qualificando o crime? Questão polêmica e que nos faz trazer a colação de um julgado proferido pelo Tribunal mais progressista de nosso território nacional, o do Rio Grande do Sul:

“Para a causa de aumento em razão do emprego, é necessário que haja

nexo de causalidade, e não nexo de ocasionalidade; assim, não se configura o aumento na conduta de empregada doméstica que efetua depósitos bancários para a sua empregadora (TJRS, RT 762/702).”

COMENTÁRIOS DO 30º EXAME – PROVA OBJETIVA 32 - Assinale a alternativa incorreta acerca da progressão e da regressão de regimes prisionais:

a. Tem como requisitos, dentre outros, a mérito do apenado, traduzido pelo seu bom comportamento prisional e o cumprimento de ao menos um sexto da pena privativa de liberdade no regime anterior;

b. Segundo o entendimento mais moderno da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é possível a progressão de regime para os crimes hediondos ou para os àqueles equiparados;

c. Assim como a progressão de regime, a regressão não pode se dar “por saltos”, de forma que o apenado não pode regredir do regime prisional aberto diretamente para o regime prisional fechado;

d. Após a edição da Lei nº 10.792/03, a realização e o parecer positivo no exame criminológico e a realização e o parecer positivo da Comissão Técnica de Classificação não mais são requisitos legais para a concessão da progressão de regime.

Comentários:

Conceituemos progressão e regressão de regimes prisionais, antes de qualquer indagação, dúvida ou análise. Para isso, nos valeremos dos ensinamentos do clássico professor Mirabete:

“Iniciado o cumprimento da pena no regime estabelecido na sentença, possibilita-se ao sentenciado, de acordo com o sistema progressivo, a transferência para regime menos rigoroso desde que tenha cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e o mérito do condenado recomendar a progressão. A decisão do juiz do processo é provisória e, a partir do regime fechado, pode-se transferir o sentenciado para o regime semi-aberto e deste para o regime aberto.”

“Por outro lado, instituiu-se também a regressão, ou seja, a transferência de um regime para outro mais rigoroso. O condenado que cumpre pena em

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regime aberto pode ser transferido para o regime semi-aberto ou fechado, e o que cumpre a sanção no regime semi-aberto será recolhido a estabelecimento de segurança máxima ou média.” O artigo 118 da LEP é claro em permitir a regressão para qualquer dos regimes mais rigorosos.

Assim, com esta gama de maciças informações, colocadas de propósito porque, como veremos, muitas das justificativas das opções abaixo, já se encontram acima, iniciaremos os comentários desta questão de Direito Penal.

Lembrando que a marcação deve ser da opção errada! (letra A) � Correta. Basta verificarmos o conceito de progressão acima descrito do

professor Mirabete. Eis também o referente dispositivo de lei: Art. 33 §2º CP : “As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso.”

(letra B) � Matéria das mais interessantes e que todos os amantes da Ciência

Penal discutem e ficam atentos aos novos entendimentos de um Supremo Tribunal Federal reformulado. Enfrentado esta questão recentemente, pudemos verificar a mudança de postura da Alta Corte. Tendo em vista a importância do tema, insiro, neste singelo trabalho, as informações prestadas pelo STF, através de seus informativos de jurisprudência, quanto a questão trazida pelo examinador.

Uma ressalva: fica mais uma vez evidente a necessidade do candidato estar atualizado com as questões que movimentam as discussões jurídicas. Criem o hábito de ler os informativos do STF, que são gratuitos na internet. Um operador do direito atualizado dificilmente será surpreendido.

Eis as informações colhidas e que confirmam a correção desta opção:

Lei 8.072/90: art. 2º, § 1º (informativo 315) Iniciado o julgamento de habeas corpus em que se discute, ante a nova composição da Corte, a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 - que veda a possibilidade de progressão do regime de cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º da mesma Lei - em face dos princípios da individualização da pena e da isonomia, bem como se os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, dos quais não resulta lesão corporal grave ou morte, caracterizam-se como hediondos. O Min. Marco Aurélio, relator, na linha dos votos por ele proferidos no HC 69.657-SP (RTJ 147/598) e no HC 76.371-SP (RTJ 168/577), votou no sentido de declarar a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, assentando, ainda, que os crimes de estupro e atentado violento ao pudor somente se enquadram como hediondos quando cometidos com grave lesão ou seguidos de morte. Portanto, o Min. Marco Aurélio deferiu o writ para, cassando o acórdão recorrido, assentar o direito do paciente à progressão no regime de cumprimento da pena. O Min. Carlos Britto, acompanhando o relator apenas quanto ao primeiro fundamento, qual seja, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90,

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também proferiu voto no sentido do deferimento do habeas corpus. O Min. Carlos Velloso, por sua vez, citando a jurisprudência firmada pelo STF no julgamento do mencionado HC 69.657-SP e do HC 81.288-SC (DJU de 25.4.2003) antecipou seu voto no sentido do indeferimento do writ, no que foi acompanhado pelo Min. Joaquim Barbosa. Após, o julgamento foi adiado, em face do pedido de vista do Min. Cezar Peluso. HC 82.959-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 6.8.2003. (HC-82959)

Lei 8.072/90: art. 2º, § 1º - 2 (informativo 334)

Retomado o julgamento de habeas corpus no qual se discute a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 - que veda a possibilidade de progressão do regime de cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º da mesma Lei -, em face dos princípios da individualização da pena e da isonomia, bem como se os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, dos quais não resulta lesão corporal grave ou morte, caracterizam-se como hediondos (v. Informativo 315). O Min. Cezar Peluso, salientando, de um lado, ser imperativa a adoção de interpretação restrita a normas que reduzam direitos fundamentais, sobretudo aquelas previstas na Lei 8.072/90, e, de outro, o fato de que o momento de maior concreção da pena é o do seu cumprimento, não se limitando, portanto, à questão da dosimetria, acompanhou o Min. Marco Aurélio e proferiu voto-vista no sentido de declarar a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, assentando, ainda, que os crimes de estupro e atentado violento ao pudor somente se enquadram como hediondos quando cometidos com grave lesão ou seguidos de morte. Prosseguindo em seu voto, o Min. Cezar Peluso, por entender que, com a superveniência de leis que permitem a dissolução do casamento, perdeu relevo a maior reprovabilidade imputada aos crimes contra a liberdade sexual na hipótese de o agente ser casado - inclusive porque a lei, no ponto, não visa à proteção da tutela da fidelidade no casamento -, e salientando, ainda, o fato de que os demais incisos do art. 226 do CP guardam relação de pertinência com o bem jurídico tutelado, também afastou, de ofício, no caso concreto, a incidência da causa de aumento prevista no inciso III do citado art. 226, determinando que o magistrado proceda à nova adequação da pena. Após, o julgamento foi adiado, em virtude do pedido de vista do Min. Gilmar Mendes (CP, art. 226: "A pena é aumentada de quarta parte: ... III - se o agente é casado"). HC 82959/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 18.12.2003. (HC-82959)

Lei 8.072/90: Art. 2º, § 1º - 3 (informativo 372) O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus no qual se discute a constitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90, que veda a possibilidade de progressão do regime de cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º da mesma Lei, em face dos princípios da individualização da pena e da isonomia, bem como se os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, dos quais não resulta lesão corporal grave ou morte, caracterizam-se como hediondos - v. Informativos 315 e 334. O Min. Gilmar Mendes, em voto-vista, declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 2º da Lei 8.072/90, com eficácia ex nunc, e deferiu a ordem para que se devolva ao juízo de origem o exame sobre o preenchimento pelo paciente das condições para a progressão de regime. Entendeu que a vedação de progressão de regime prevista na Lei 8.072/90 afronta o direito fundamental à individualização da pena (CF, art. 5º, LXVI), já que, ao não permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa, a sua capacidade de reintegração social e os esforços aplicados com vistas à ressocialização, acaba por afetar o núcleo essencial desse direito - limite ao qual a atuação do legislador estaria submetida -, tornando inócua a garantia constitucional. Afirmou que o dispositivo impugnado também ofende o princípio da proporcionalidade, em face da desnecessidade da medida como instrumento de combate à criminalidade, haja vista a existência de outros meios

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eficazes menos lesivos aos direitos fundamentais, e, ainda, apresenta incoerência, porquanto impede a progressividade, mas admite o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena (CP, art. 83, V). Salientou, ainda, a incidência do disposto no art. 27 da Lei 9.868/99 também no controle incidental, e, considerando o reiterado posicionamento do Tribunal quanto ao reconhecimento da constitucionalidade da vedação da progressão de regime nos crimes hediondos e as possíveis conseqüências decorrentes da referida declaração nos âmbitos civil, processual e penal, ressaltou que o efeito ex nunc conferido deve ser entendido como aplicável às condenações que envolvam situações passíveis de serem submetidas ao regime de progressão. Quanto às demais questões levantadas, manteve a orientação da Corte no sentido de que o atentado violento ao pudor, tanto na forma simples quanto qualificada, é considerado crime hediondo, e de que incide a causa de aumento prevista no inciso III do art. 226 do CP. O julgamento foi suspenso com o pedido de vista da Min. Ellen Gracie. HC 82959/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 2.12.2004. (HC-82959)

Lei 8.072/90: Art. 2º, § 1º - 4 (informativo 417)

Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, deferiu pedido de habeas corpus e declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90, que veda a possibilidade de progressão do regime de cumprimento da pena nos crimes hediondos definidos no art. 1º do mesmo diploma legal — v. Informativos 315, 334 e 372. Inicialmente, o Tribunal resolveu restringir a análise da matéria à progressão de regime, tendo em conta o pedido formulado. Quanto a esse ponto, entendeu-se que a vedação de progressão de regime prevista na norma impugnada afronta o direito à individualização da pena (CF, art. 5º, LXVI), já que, ao não permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa, a sua capacidade de reintegração social e os esforços aplicados com vistas à ressocialização, acaba tornando inócua a garantia constitucional. Ressaltou-se, também, que o dispositivo impugnado apresenta incoerência, porquanto impede a progressividade, mas admite o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena (Lei 8.072/90, art. 5º). Considerou-se, ademais, ter havido derrogação tácita do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90 pela Lei 9.455/97, que dispõe sobre os crimes de tortura, haja vista ser norma mais benéfica, já que permite, pelo § 7º do seu art. 1º, a progressividade do regime de cumprimento da pena. Vencidos os Ministros Carlos Velloso, Joaquim Barbosa, Ellen Gracie, Celso de Mello e Nelson Jobim, que indeferiam a ordem, mantendo a orientação até então fixada pela Corte no sentido da constitucionalidade da norma atacada. O Tribunal, por unanimidade, explicitou que a declaração incidental de inconstitucionalidade do preceito legal em questão não gerará conseqüências jurídicas com relação às penas já extintas nesta data, já que a decisão plenária envolve, unicamente, o afastamento do óbice representado pela norma ora declarada inconstitucional, sem prejuízo da apreciação, caso a caso, pelo magistrado competente, dos demais requisitos pertinentes ao reconhecimento da possibilidade de progressão. HC 82959/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 23.02.2006. (HC-82959)

(letra C – gabarito) � O termo “por saltos”, é muito utilizado em sede de Execução Penal.

Trata-se da possibilidade de não se seguir à ordem quanto aos regimes, do mais rigoroso para o menos rigoroso, ou vice-versa.

O mais rigoroso é o fechado (art. 33 §1º a CP). O cumprimento se procede em penitenciária.

O intermediário é o semi-aberto (art. 33 §1º b CP). O cumprimento é em sede de colônia agrícola ou estabelecimento similar.

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O menos rigoroso é o aberto (art. 33 §1º c CP). O cumprimento é realizado em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Sem nenhuma dúvida agora, e com os ensinamentos já vistos do professor paulista Mirabete, atestamos que a progressão não pode se dar por saltos, no entanto, a regressão pode.

Marquemos então a opção incorreta. (letra D) � Uma das verdadeiras atrocidades que o legislador fez foi retirar o Exame

Criminológico da seara da Execução Penal. Pelo novo artigo 112 da LEP, basta o diretor do estabelecimento atestar “bom comportamento carcerário.” Um verdadeiro absurdo, pois seria um administrador de presídio a pessoa ideal para aferir algo técnico, complicado e importante?

Salta aos olhos tamanha insensatez do legislador. O diretor do presídio, na grande maioria das vezes, nem tem contato direto com o condenado!

Ora, o Estado não quer ter gastos com um Exame Criminológico bem feito, realizado por profissionais altamente especializados. São os psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais que deveriam realizar este exame da forma mais técnica e especializada possível.

Agora, fácil mesmo é reclamar através da mídia e enaltecer as notícias de inúmeros criminosos que deixam as prisões e voltam a cometer crimes.

Haveria sim benefícios, se nossos administradores públicos e legisladores respeitassem a Lei de Execuções Penais e dessem assistência aos condenados, que muita das vezes, são colocados como benefícios para que o povo, em geral, adote uma atitude emergencial de “lei e ordem”.

33 - Acerca da prova no processo penal, assinale a opção incorreta:

a. O sistema da prova tarifada não é adotado no Brasil; b. Os crimes que deixam vestígios serão objetos de exame de corpo de

delito que só poderá ser direto; c. O sistema da livre convicção não estabelece valor entre as provas; d. A confissão não se presume.

Comentários: Para nossa felicidade pessoal, pelo fato de ministrarmos aulas dessa

matéria, vimos que o examinador deste 30º Exame de Ordem dos Advogados do Brasil – Rio de Janeiro preocupou-se bastante com a ciência processual penal.

Das 10 questões de Direito Penal, podemos afirmar que 7 delas tem cunho processual. Valeria a pena “esquecer” Processo Penal em uma próxima prova qualquer?

Vejamos a questão de nº 33, já dizendo que se trata de assertiva bem simples.

(letra A e C) � Por tratar de matéria bem semelhante, por amor mais uma vez à

didática, estabelecemos essa análise conjunta das opções a e c.

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O que seria prova tarifada? Quando nosso Código de Processo Penal foi elaborado, em plena Ditadura Vargas, no ano de 1941, seria “normal” termos valores diferentes para as inúmeras provas possíveis dentro de uma persecução penal. A confissão, por exemplo, era a chamada “rainha das provas”. Uma vez confessado o crime, cessavam-se as investigações, pois o crime estaria solucionado e bastava apenas a sentença penal condenatória. Simples, porém totalmente despreocupado com os direitos fundamentais.

Por falar neles, foi a Carta Magna de 1988 que os colocou no mais alto ponto do ordenamento jurídico. Com a Constituição cidadã, as provas não teriam mais valores indicativos. O magistrado, durante o processo penal, deve analisar todo o conjunto probatório e, em hipótese alguma, ele poderá dar uma valor maior a alguma prova.

Vigora, portanto, hoje em nosso ordenamento jurídico, o princípio da persuasão racional ou do livre convencimento. (artigo 157 do CPP).

Preceitua Paulo Rangel em seu ótimo e dinâmico Direito Processual Penal: “O sistema da livre convicção não estabelece valor entre as provas, pois nenhuma prova tem mais valor do que outra nem é estabelecida uma hierarquia entre elas...a confissão do acusado deixa de constituir prova plena de sua culpabilidade. Todas as provas são relativas; nenhuma delas terá valor decisivo, ou necessariamente maior prestígio que outra (cf. Exposição de Motivos, item VII do CPP).”

Não poderia deixar de externar uma de minhas maiores preocupações em sala de aula quando do estudo de Processo Penal. Devemos estudar esta ciência confrontando sempre os dogmas constitucionais com a legislação, muita das vezes, devassada, como a de 1941. Os olhos dos juristas que trabalham com processo penal hoje em dia, devem ser os olhos do constituinte de 1988. Deixemos de lado raízes positivistas ao extremo que teimam em externar o “mas tá na lei....” Cuidado com isso. Para uma visão dessa afirmativa algumas obras são de suma importância para nosso estudo. Destaco, em primeiro lugar o excelente “Sistema Acusatório” de Geraldo Prado. Obra de cabeceira para os amantes da matéria. Não menos importantes são as obras de Antônio Scarance Fernandes, “Processo Penal Constitucional” e a de L.G. Grandinetti Castanho de Carvalho, “Processo Penal e Constituição”. Dicas de leitura das mais valiosas.

Concluindo, no Brasil não se adota o sistema de prova tarifada e, o sistema da livre convicção preceitua justamente a liberdade da análise probatória. As duas opções não devem ser marcadas por estarem corretas.

(letra B - gabarito) � Os crimes que deixam vestígios são os chamados crimes materiais. São

crimes que visualmente verificam-se mudanças naturalísticas. A lei processual penal cria uma obrigatoriedade, indispensabilidade e urgência quanto a esses crimes, que seria a necessidade do chamado exame de corpo de delito, capitulado no artigo 158 do CPP.

Art. 158: “Quando a infração deixar vestígio, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.”

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Por essa simples leitura, já verificaríamos que a opção deve ser marcada por estar errada, pois o legislador dá a opção da realização do exame de corpo de delito indireto. Vejamos mais detalhadamente esta possibilidade.

Corpo de Delito são os vestígios do delito. Exame de Corpo de Delito é o nome que se dá a prova pericial realizada sempre por 2 peritos oficiais. Pois bem. Imaginemos a hipótese onde os vestígios do crime não são encontrados. Por exemplo, o cadáver foi jogado ao mar e as buscas não o encontram ou se os documentos de eventual crime de falso foram queimados em um incêndio. Os agentes incumbidos da persecução criminal ficarão de mãos atadas para provar a materialidade do crime? Sensível a esta questão, o legislador criou o chamado exame de corpo de delito indireto.

Vejamos o artigo 167 da lei processual:

Art. 167: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.”

Críticas a parte, por entenderem significativos doutrinadores que esse

exame indireto deveria ser suprido por uma aferição verbal dos peritos, que são pessoas gabaritadas e conhecedoras das situações criminosas, o exame de corpo de delito indireto existe dessa maneira.

Em tempo, tal tema foi recentemente alterado pela lei 11.690/08. (letra D) � A confissão (art. 197 CPP), meio de prova com o mesmo valor que

qualquer outra prova produzida e amparada pelo ordenamento jurídico, jamais poderá ser presumida. Nesse sentido afirma o Procurador de Justiça do Ministério Público fluminense, Marcellus Polastri Lima, em sua mais nova edição do seu Curso de Processo Penal: “Será sempre ato formal, já que no processo penal não pode haver confissão ficta ou presumida; voluntária, já que não se admite meios de coação ao acusado, e quem confessa tem que estar gozando de plena saúde mental, e, ainda, sempre que se dá a confissão, faz-se uma renúncia, e, destarte, direitos inalienáveis não podem ser objeto de confissão.”

COMENTÁRIOS DO 31º EXAME – PROVA OBJETIVA 32) João, com emprego de arma de fogo, invade uma locadora de vídeo e anuncia um assalto exigindo do funcionário da mesma que lhe entregue todo o dinheiro que está no caixa. Diante da recusa do funcionário da locadora João desfere dois tiros no mesmo, que vem a falecer instantaneamente e foge do local do crime sem levar dinheiro algum. Neste caso, qual a tipificação correta à conduta de João? a. João praticou o delito de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo na forma tentada;

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b. João praticou o delito de homicídio qualificado para assegurar a execução de outro crime; c. João praticou o delito de latrocínio; d. Todas as respostas acima estão incorretas. Comentários: A questão toda está em sabermos se um agente ao dirigir-se a um determinado local, com intenção de roubo, acaba matando uma pessoa e não leva bem patrimonial algum estaria, mesmo assim, cometendo o crime de roubo seguido de morte, ou seja, o famoso latrocínio. Em resumo: para a consumação do latrocínio exige-se retirada do bem patrimonial? É o que passamos a expor, tendo como norte a questão acima. Retiramos já da esfera de possíveis opções a assertiva que nos revela o cometimento de homicídio. Diferentemente do latrocínio, que é um crime tipicamente contra o patrimônio (art. 157 §3º CP – Título II – Dos crimes contra o patrimônio), o homicídio (art. 121 CP) é um crime doloso contra a vida. Para que o agente responda por homicídio, o dolo, o elemento subjetivo do tipo, a intenção inicial que habita o psicológico do agente criminoso é de retirar a vida de outrem. No caso de João, nosso personagem da 32ª questão era de roubar dinheiro de uma locadora. Vale lembrar que o latrocínio, por não ser um crime doloso contra a vida, não tem sua competência determinada precipuamente pelo Tribunal do Júri (art. 5º XXXVIII CF). A súmula 603 do STF é determinante nesse sentido. Senão vejamos: Súmula 603 STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri” Em relação à utilização de arma durante o roubo, oportunas são as palavras de Cezar Roberto Bittencourt em seu Tratado de Direito Penal: “Segundo a dicção do texto legal, é necessário o emprego efetivo de arma, sendo insuficiente o simples portar. Para Luiz Régis Prado, no entanto, é suficiente para a caracterização da majorante que o sujeito ativo porte a arma ostensivamente, de modo que ameace a vítima, vale dizer, não é imprescindível que venha a fazer uso do instrumento para praticar a violência ou grave ameaça, sob pena de esvaziamento da ratio legis. Divergimos desse entendimento, uma vez que a tipificação legal condiciona a ser a violência ou grave ameaçada exercida como o emprego de arma e empregá-la significa uso efetivo, concreto, real” Eventuais dúvidas entre as opções acima são sanadas com a análise de importante súmula do Supremo Tribunal Federal: Súmula 610 STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima” Em sua clássica obra Manual de Direito Penal volume II, Julio Fabbrini Mirabete não nos deixa dúvidas: “Fragoso, com apoio em Bohemero e Carrara, reserva para tipo penal a denominação de latrocínio somente aos casos em que a morte da vítima é querida pelo agente. Nos termos legais, o latrocínio não exige que o evento morte esteja nos planos do agente. Basta que ele empregue violência para roubar e que dela resulte a morte para que se tenha como caracterizado o delito. É mister, porém, que a violência tenha sido exercida para o fim de subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída. Caso a motivação da violência seja

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outra, como a vingança, por exemplo, haverá homicídio em concurso com o roubo.” Assim, mesmo não tendo ganho patrimonial, comete João crime de latrocínio. Opção C deve ser marcada. 33) Com relação à prisão processual assinale a alternativa INCORRETA: a. Configuram prisão em flagrante delito as seguintes espécies de flagrante: próprio, impróprio, presumido, compulsório, facultativo, esperado e prorrogado; b. No caso de acidentes de trânsito dos quais resulte vítima, ao condutor do veículo que o tenha causado culposamente e que tenha prestado pronto e integral socorro à vítima não se imporá prisão em flagrante, mas se exigirá a prestação de fiança; c. São circunstâncias caracterizadoras da decretação da prisão preventiva: garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução penal e asseguramento da aplicação da lei penal; d. Admite-se a decretação da prisão preventiva para os crimes dolosos, não sendo aplicável aos crimes culposos. Comentários: Uma das questões mais pedidas pelos examinadores da Cespe é as referentes às prisões em flagrante. A opção A acima enfrenta o tema, misturando o que chamamos de hipóteses de flagrante com situações de flagrante. Hipóteses tendo em vista as disposições na lei, no Código de Processo Penal, nos artigos 301 e 302. Situações, por sua vez, pois acontecem diariamente no dia-a-dia da perigosíssima persecução criminal. Constantemente, inclusive, nos deparamos com reportagens, até com caráter sensacionalista, onde uma câmera escondida filma atividades de flagrante, nem sempre dentro da legalidade. O compromisso real nestes casos, sem sombra de dúvidas, é com a audiência. Passemos então a analisar os artigos supra mencionados do CPP: Art. 301 1ª parte: Qualquer do povo poderá... Nesta primeira parte configura-se o flagrante facultativo. Art. 301 2ª parte: e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender....Já nesta segunda parte, estamos diante do flagrante obrigatório ou compulsório. Adiante, no artigo 302 temos:

I – está cometendo a infração penal; II – acaba de cometê-la; Estes dois primeiros incisos retratam as hipóteses de flagrante próprio, real ou perfeito.

III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; Este inciso é chamado pela doutrina de flagrante imperfeito ou impróprio.

IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Hipótese final de flagrante presumido ou ficto.

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Já as situações são 4(quatro). Flagrante Esperado, Flagrante Retardado ou Diferido ou Prorrogado, Flagrante Preparado e Flagrante Forjado. Todos complexos e com nuances, às vezes, tênue entre eles. Concluindo a análise da opção A, verificamos que todas as colocações feitas na opção estão corretas, gerando assim a não marcação da mesma. A opção B demonstra também uma tendência do examinador atual do “Concurso” de Ordem: pedir legislação extravagante. A lei 9.503/97 institui o Código de Trânsito Brasileiro. A partir do artigo 302, os crimes são definidos, todavia em artigo anterior, a disposição é clara, precisa e nos remete a marcarmos a opção B, pois é a incorreta por um detalhe da assertiva. Vejamos o artigo e confrontemos com a opção dada: Art. 301: “Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela”. A opção C corretamente traz os fundamentos da prisão preventiva (art. 312 CPP). No mesmo sentido, a opção D traz a afirmação correta que só cabe prisão preventiva para os crimes dolosos (art. 313 CPP). 37) É considerado crime preterdoloso: a. A lesão corporal qualificada pelo aborto (art. 129, §2º, inciso V, CP); b. O induzimento, a instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122, CP); c. O roubo agravado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, §2º, inciso I, CP); d. A extorsão indireta (art.160, CP). Comentários: Utilizemos a maestria do professor Álvaro Mayrink da Costa, através de seus ensinamentos, para iniciarmos o presente comentário. Em sua profunda e clássica obra “Direito Penal – Parte Geral volume 2” diz o mestre: “A doutrina costuma diferençar o tipo qualificado pelo resultado do preterintencional. Na preterintencionalidade, sustenta-se, há uma progressão na mesma linha de lesão do bem-interesse; passa-se de um resultado menos grave para outro, do mesmo gênero, mais grave. Os bens agredidos ou ameaçados haverão, pois, que ser da mesma natureza, em ambos os resultados (antecedentes e subseqüente). O resultado ulterior, mais grave que o desejado, e o resultado antecessor deverão ser homogêneos. No tipo agravado pelo resultado, por seu turno, o resultado qualificador poderá não ser da mesma natureza do resultado-base. Assim é no caso da violência carnal (fato-base constante dos crimes contra a liberdade sexual) de que deriva morte ou lesão (resultado agravador classificado entre os delitos contra a vida ou integridade física). No tipo preterintencional, o tipo-base haverá de ser doloso, ao passo que no qualificado pelo resultado, o antecedente poderá ser doloso ou negligente. Estes são pontos divergentes, não havendo aspectos comuns. Num e noutro existe um resultado que deflui do tipo-base e que poderá ser atribuído ao agente a título de mera responsabilidade objetiva” Ensinamentos que nos ajudam a diferenciar o crime qualificado do crime preterdoloso, também chamado de preterintencional. Regra estabelecida com o dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Assim, marquemos a opção A,

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onde a intenção do agente é de lesionar dolosamente a vítima, todavia, não sabendo de seu estado de gravidez, esta vítima vem a perder a criança. Responde pelo aborto, a título de culpa. O estado de gravidez não adentrou no elemento subjetivo do tipo que é o dolo. Caso o agente soubesse do estado em que a vítima se encontrava, provavelmente a tipificação seria o inverso, aborto qualificado pelas lesões corporais, caso elas existissem.

COMENTÁRIOS DO 32º EXAME – PROVA OBJETIVA 26) Assinale a opção incorreta. a. O juiz criminal pode rejeitar o laudo pericial. b. Os jurados no tribunal do júri julgam por íntima convicção. c. Na falta de exame de corpo de delito, a prova testemunhal pode suprir a sua falta. d. O juiz criminal deve observar regime de provas legais. Comentários: Questão relativa a um dos temas mais pedidos na curta estória da Cespe/UNB no Rio de Janeiro. Prova Penal tem sido tema constante nas provas de Penal da OAB/RJ. Para começarmos a responder essa questão, de suma importância termos em mente um dos principais princípios basilares do estudo da prova, o princípio do livre convencimento ou da persuasão racional. Dentre inúmeras facetas este princípio combate o antigo princípio da prova tarifada ou das provas legais, onde a confissão era a rainha das provas, gerando assim uma graduação nos meios de prova, que o atual princípio do livre convencimento combate. Por estarmos num contexto histórico de Democracia, o juiz criminal é obrigado a se manifestar em relação a todas as provas e formar sua convicção, de forma fundamentada (art. 93 IX CF). O contexto probatório, assim, deve ser analisado de forma global. Diferente quando estamos diante do procedimento do Tribunal do Júri. Quem irá decidir são os jurados e estes, além de não terem o conhecimento jurídico adequado, não precisam fundamentar suas decisões como o magistrado. Trata-se, portanto, da aplicabilidade da íntima convicção dos jurados, restando ao juiz formalizar juridicamente tal decisão. Nesta breve introdução respondemos a questão, onde a opção incorreta é a letra D. Concluindo, o exame de corpo de delito, prova em espécie disposta no artigo 158 do CPP, é a chamada prova pericial que analisa os vestígios que o crime deixa. Uma de suas características é a sua imprescindibilidade para se aferir a materialidade da conduta criminosa. Todos nós imaginamos as enormes dificuldades da perícia técnica nos dias atuais. Como conciliar a falta dos vestígios que sumiram ou não foram encontrados com a necessidade de se fazer a perícia? O legislador criou o exame de corpo de delito indireto (art. 167 CPP), onde testemunhas suprem a impossibilidade de peritos oficiais e técnicos realizarem a perícia. Esse exame de corpo de delito indireto é criticado por boa parte da doutrina que o critica pelo fato de substituirmos uma prova altamente técnica por “disse me disse” de testemunhas. Em observação final, a reforma do CPP trata de matérias que foram colocadas nesta questão. Por exemplo, o princípio do livre convencimento agora terá

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disposição em lei. O novo artigo 155, alterado pela lei 11.690/08, terá a seguinte redação: “Art. 155: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” 30) No rol de requisitos e pressupostos para a decretação da prisão preventiva do art. 312 do CPP não consta o(a) a. asseguramento da aplicação da lei penal. b. conveniência da instrução criminal. c. satisfação do clamor público causado pelo crime. d. prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Comentários: Vejamos de início jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça: HC 99571/PBHABEASCORPUS 2008/0020732-8 PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. REVOGAÇÃO. I - A prisão preventiva deve ser considerada exceção, já que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em julgado. É por isso que tal medida constritiva só pode ser decretada se expressamente for justificada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal. II - Em razão disso, deve o decreto prisional ser necessariamente fundamentado de forma efetiva. É dever do magistrado demonstrar, com dados concretos extraídos dos autos, a necessidade da custódia do paciente, dada sua natureza cautelar (Precedentes). III - Assim, a c. Suprema Corte tem reiteradamente reconhecido como ilegais as prisões preventivas decretadas, por exemplo, com base na gravidade abstrata do delito (HC 90.858/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 21/06/2007; HC 90.162/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJU de 28/06/2007); na periculosidade presumida do agente (HC 90.471/PA, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 13/09/2007); no clamor social decorrente da prática da conduta delituosa (HC 84.311/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007) ou, ainda, na afirmação genérica de que a prisão é necessária para acautelar o meio social (HC 86.748/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007). IV - No caso concreto, a necessidade da prisão cautelar restou fundamentada, tão somente, com base na gravidade do delito, em face de sua repercussão no meio social, e na possibilidade de fuga da acusada. Contudo, segundo consta dos autos, a paciente, na data designada para realização de seu interrogatório, se apresentou espontaneamente em Juízo, o que, per si, evidencia sua

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intenção de não se furtar a aplicação da lei penal ou prejudicar o bom andamento da instrução criminal. Ordem concedida. Resposta, portanto, que deve ser marcada pelo candidato é a opção C. Jamais a mídia, que manipula a ordem pública, pode determinar a prisão de uma pessoa que, constitucionalmente, tem seus direitos e garantias protegidos. 40) João obrigou Leila, mediante ameaça exercida com arma de fogo, a com ele praticar sexo anal. Após isso, João matou-a, para assegurar que ela não noticiaria o fato à autoridade policial.Nessa situação hipotética, João cometeu o crime de a. homicídio qualificado e atentado violento ao pudor, em concurso material. b. estupro seguido de morte (crime preterdoloso). c. homicídio qualificado e estupro, em continuidade delitiva. d. atentado violento ao pudor seguido de morte (crime preterdoloso). Comentários: Questão que mescla parte geral de Direito Penal e sua parte especial. Preliminarmente nos remetemos aos crimes contra a liberdade sexual, a partir do artigo 213 do Diploma Penal. Descarta-se o estupro, de plano, pois para a consumação do mesmo há a necessidade de conjunção carnal, leia-se, defloramento vaginal. Na situação acima descrita, como há uma prática diferente o agente comete o crime de atentado violento ao pudor (art. 214 CP). A ameaça para a realização do fato já é elementar típica do crime de atentado. Todavia, em seguida, com dolo diferenciado, João resolve matar a vítima. Evidencia-se, assim, a realização de duas condutas distintas e autônomas, configurando, portanto, o crime de homicídio (art. 121). Concluímos pelo concurso material entre os dois crimes, pois como reza o art. 69 do CP: “quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não...”. Ainda, o homicídio é qualificado, tendo em vista a mesma situação de “assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime” (art. 121 §2º V CP). Por exclusão, não marcaríamos nem a opção B, nem a D pois para o estupro e o atentado violento ao pudor serem qualificados pelo resultado morte, este resultado final deveria ser a título de culpa. O crime preterdoloso tem como característica o dolo no antecedente e a culpa no conseqüente. Na questão, João quis matar, descartando assim essas opções. Também descartamos a opção C, pois para termos o chamado crime continuado ou continuidade delitiva, como quis o examinador, precisamos examinar com cuidado os requisitos desta situação no art. 71 do CP. Eis os requisitos: a) crimes da mesma espécie ; b) mesmas condições de tempo e lugar; c) mesma maneira de execução. Assim, a conduta não se amolda legalmente.

COMENTÁRIOS DO 33º EXAME – PROVA OBJETIVA

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36) Assinale a opção em que o preceito apresentado não é previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. B A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. C Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. D Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Comentários: Uma das principais características da prova da Cespe/UNB é constitucionalizar o Direito Processual Penal extremamente autoritário e ditatorial. Nossa legislação ainda nos remete aos idos de 1941, época do Estado Novo, Estado de exceção presidido por Getúlio Vargas. Assim, a doutrina moderna traz os ensinamentos, principalmente, do artigo 5º constitucional, para a seara penal. Uma das recomendações para uma boa preparação para o “concurso” de ordem é separar os incisos do artigo 5º da CF relativos à Penal e à Processo Penal. Feito isso, esta questão torna-se relativamente tranqüila. Artigo 5º inciso LVII – Princípio da Presunção de Inocência: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” Costumamos asseverar em sala de aula que este é, atualmente, o princípio constitucional mais desrespeitado. Jornais têm a capacidade de pré-julgamentos descompromissados e dificilmente o suposto condenado terá sua imagem retornada ao status a quo. Artigo 5º inciso LXV – “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária.” O relaxamento de prisão é a contracautela específica para a prisão ilegal, ou seja, aquela que desrespeita qualquer formalidade imposta pela lei. Artigo 5º inciso LXVI – “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.” A regra, portanto, é a liberdade. Prisão, exceção. Restando a opção D, que apesar de trazer uma afirmação correta, não possui disposição constitucional. 39) Da decisão judicial que decide pela incompetência do juízo é cabível A recurso em sentido estrito. B mandado de segurança. C revisão criminal. D carta testemunhável. Comentários: Questão que ora se apresenta é pura letra da lei. O artigo 581 inciso II traz a possibilidade de ser recorrer em sentido estrito da decisão interlocutória que conclui pela incompetência do juízo. Vale lembrar que tal rol do artigo 581 é

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taxativo, ressalvando apenas as decisões que depois da lei de execução penal, 7210/84, passaram a ser impugnadas por um outro recurso, o agravo em execução. Tais recursos seguem a mesma forma de interposição, direcionadas ao magistrado que proferiu a decisão, pois nestes recursos cabe o juízo de retratação estampado no artigo 589 do Diploma Processual Penal. Concluindo assim, o recurso em sentido estrito é o recurso que é interposto que retrata o inconformismo com determinada decisão interlocutória. 43) O agente que pratica fato típico em estrito cumprimento do dever legal A não comete crime, pois sua conduta não é culpável. B não comete crime, pois sua conduta não é ilícita. C comete crime, mas terá sua pena atenuada. D comete crime, mas estará isento de punibilidade. Comentários: Mais uma questão que será respondida com base em recente jurisprudência do STJ, Apn 511 / CE AÇÃO PENAL 2007/0303905-9 PENAL. QUEIXA-CRIME. REJEIÇÃO. 1 - É de ser rejeitada a queixa-crime apresentada contra Desembargadores quando não se comprova haver sido efetivamente praticada a ação apontada como ilícita. 2 - Adoção da ementa do parecer do Ministério Público, nos termos seguintes: QUEIXA-CRIME. CALÚNIA. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. INÉPCIA DA QUEIXA. CONFIGURADA. EXPRESSÕES PROFERIDAS NO BOJO DE DECISÃO JUDICIAL. IMUNIDADE CONFERIDA AOS JULGADORES. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. REJEIÇÃO DA QUEIXA. Não há que se falar em decadência do direito de ação, se o acórdão foi publicado em 25 de junho de 2007 e a Queixa-Crime foi protocolada em 13 de dezembro de 2007. Consoante inteligência do artigo 41, do Código de Processo Penal, a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado, a classificação do crime e, quando necessário o rol de testemunhas. Se o Querelante não apontou a conduta dos Querelados, notadamente, dos Desembargadores que se limitaram a acompanhar o voto do Relator, como componentes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, não há como atribuir-lhes a prática de crime de calúnia. De igual modo, impossível prosperar a Queixa-Crime, contra o Relator da decisão Colegiada, na medida em que a petição inicial, de redação confusa, não especifica o momento em que se praticou, no bojo do acórdão, o crime de calúnia, porque afirma ter sido tachado de estelionatário, conquanto não circunscreva a ação, impedindo a exata compreensão a respeito dos fatos, prejudicando o direito constitucional de defesa desse Querelado. O artigo 41, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional contempla a hipótese de relativa imunidade em prol dos Juízes, que em regra se traduz na própria segurança para que a judicatura seja exercida com destemor e independência.

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Tem-se que o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito atuam em favor dos Querelados como circunstâncias de “exclusão de ilicitude” de eventual tipicidade penal, configurando, a sua caracterização, a própria antijuridicidade do fato material. Parecer pela rejeição da queixa-crime. 3 - Queixa-crime rejeitada. 45) O agente que se vale do cargo público que ocupa para exigir da vítima vantagem indevida comete o crime de A corrupção passiva. B corrupção ativa. C prevaricação. D concussão. Comentários: Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral é tema recorrente nas provas da Cespe/UNB. Hoje a mídia retrata com bastante ênfase tais circunstâncias e como todos sabemos, a organizadora é preocupada com o candidato atualizado. Sensível a isto, colocamos na página 7 deste material o quadro informativo de todos os crimes que estão dispostos a partir do artigo 312 do CP. Para respondermos a questão acima temos que ter em mente que o detalhe dos crimes funcionais está justamente no núcleo verbal. Cada crime possui a particularidade em relação ao verbo do tipo penal. Por exemplo: Apropriar-se é peculato (art. 312 CP); Retardar ou deixar de praticar é prevaricação (art. 319 CP); Solicitar ou receber é corrupção passiva (art. 317 CP); Oferecer ou prometer vantagem é corrupção ativa (art. 333 CP); Exigir tributo é excesso de exação (316 §único CP) e exigir vantagem indevida é concussão (art. 316 CP). Resposta correta, portanto, letra D.

COMENTÁRIOS DO 34º EXAME – PROVA OBJETIVA 47 - Alonso, com evidente intenção homicida, praticou conduta compatível com a vontade de matar Betina. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta. A Caso Alonso interrompesse voluntariamente os atos de execução, caracterizar-se-ia desistência voluntária, e ele só responderia pelos atos já praticados. B Caso Alonso utilizasse os meios que tinha ao seu alcance para atingir a vítima, mas não conseguisse fazê-lo, ele só responderia por expor a vida de terceiro a perigo. C Caso Alonso fosse interrompido, durante os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chegando a fazer tudo que pretendia para consumar o crime, não se caracterizaria a tentativa de homicídio, mas lesão corporal.

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D Caso Alonso não fosse interrompido e, após praticar tudo o que estava ao seu alcance para consumar o crime, resolvesse impedir o resultado, obtendo êxito neste ato, caracterizar-se-ia o arrependimento posterior, mas ficaria afastado o arrependimento eficaz. Comentários: A questão em tela trata de um dos temas mais interessantes dentro da Parte Geral do Direito Penal. Para respondermos corretamente, devemos estar atentos ao chamado caminho do crime, ou como preferem alguns: iter criminis. Para preenchermos toda a estrutura típica, devemos analisar a conduta, o nexo de causalidade entre essa conduta e o resultado e, ao final, confrontarmos a sua tipicidade. É no resultado que analisamos o momento da cogitação, da preparação, da execução, da consumação e do exaurimento do crime. Apresentado, enfim, o caminho do crime. Se o agente percorreu todo o caminho, o crime será consumado e deverá ele responder pelo crime consumado (art.14 I CP). Todavia, particularidades podem acontecer neste estudo. O agente quer realizar a conduta delituosa, tem essa intenção, vontade livre e consciente para cometer esse crime, entretanto circunstâncias alheias a sua vontade o impedem de que o crime chegue a seu final. Eis a tentativa (art. 14 II CP). Responsabilidade pelo crime tentado. Esqueçamos agora circunstâncias alheias e pensemos que agora o crime não chega a seu final, a sua consumação total, pois o agente assim não quis e ainda impediu o resultado anteriormente querido. Apresentada, agora, as situações de desistência voluntária (art. 15 1ªparte CP) e arrependimento eficaz (art. 15 2ªparte CP). O legislador não poderia equiparar ambas as situações ao caso de tentativa. Na desistência, o agente interrompe no meio dos atos de execução seu intento criminoso e consegue impedir o resultado. Já no arrependimento eficaz, o agente esgota os meios que ele entendia serem necessários para o cometimento do crime, todavia impede o resultado. A conseqüência jurídica destes, por serem diferentes da tentativa, será a responsabilidade pelos atos então praticados. Concluindo, há ainda o arrependimento posterior (art. 16 CP), que possui como requisitos: serem crimes sem violência ou grave ameaça; reparação do dano ou restituição da coisa e que seja feita antes do recebimento da ação penal. Assim, o candidato marcando a letra A acerta a questão 47 do 34º Exame de Ordem. 49 - É elemento do crime culposo A observância de um dever objetivo de cuidado. B o resultado lesivo não querido, mas assumido, pelo agente. C a conduta humana voluntária, sempre comissiva. D a previsibilidade. Comentários: Crime Culposo (art.18 II CP). Análise da conduta do agente, elemento este estudado na divisão tripartida do crime (típico+ilícito+culpável), mais precisamente no tipo penal. A conduta pode ser dolosa ou culposa. Culpa é, em suma, a falta do dever de cuidado. Desta forma descartamos de plano a

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opção A. A opção B traz hipótese de dolo eventual (art. 18 I 2ª parte CP). A letra C não é a correta, pois a conduta pode ser também omissiva, ao contrário do que sugere a opção. Fica, portanto, claro que devemos marcar a letra D. A previsibilidade é sim elemento do crime culposo, pois podemos exigir do agente o dever de cuidado necessário para que o resultado não aconteça. Há uma previsibilidade no sentido de se não tomar cuidado, a conduta ocorra. 53 - Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. A É indispensável à assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. B A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos suficientes para a propositura da ação penal. C Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível. D A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso da investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais. Comentários: O inquérito policial, procedimento administrativo que tem por objetivo colher o maior número de informações possíveis para que o titular da ação penal possa ajuizá-la, tem como uma das características essenciais, a inquisitoriedade. Uma das visualizações desta característica é a não aplicação durante o inquérito dos princípios da ampla defesa e do contraditório. O indiciado, portanto, figura como espectador das investigações. Outra característica do inquérito, que é um dos exemplos da 1ª fase da persecução criminal, é a sua dispensabilidade desde que o autor possua, de plano, indícios de autoria e materialidade do crime. Durante as investigações, as autoridades envolvidas nesta atividade importantíssima não podem dispor do inquérito policial. É dever e o Estado espera, que as autoridades investiguem crimes. Concluindo, algumas medidas durante o inquérito policial precisam de autorização judicial, dentre elas a interceptação telefônica (lei 9296/96). Assim, essas matérias reservadas a jurisdição (prisão, busca e apreensão também), precisam de manifestação jurisdicional. 55 - É compatível com a Constituição Federal de 1988 A o processo iniciado, de ofício, pela autoridade policial ou judiciária. B a prisão processual. C a prisão para averiguação. D a busca domiciliar determinada pela autoridade policial. Comentários: A doutrina moderna de Processo Penal constitucionaliza nosso autoritário CPP de 1941. Magníficas obras nos trazem essa assertiva, não podendo deixar de serem citadas Processo Penal e Constituição, do prof. Grandinette e Sistema

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Acusatório de Geraldo Prado. Importantíssima a leitura dos incisos do artigo 5º da Constituição Federal. Seguindo o princípio acusatório devemos proteger, blindar o magistrado, ou seja, mantê-lo eqüidistante da acusação e da defesa. Obsessão, portanto, na sua imparcialidade. A prisão para averiguação nos remete a tempos tristes da história brasileira, épocas ditatoriais não perduram mais. Estamos num Estado Democrático de Direito. E busca domiciliar, por ser matéria de interferência na esfera individual do cidadão, a constituição prefere apenas deferir a possibilidade de que ela exista ao juiz de direito. Matéria, assim, de reserva de jurisdição.

COMENTÁRIOS DO 35º EXAME – PROVA OBJETIVA 85 - Com relação às causas excludentes de ilicitude (ou antijuridicidade), assinale a opção correta. A Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual ou iminente que não provocou por sua vontade ou era escusável. B Supondo o agente, equivocadamente, que está sendo agredido, e repelindo a suposta agressão, configura-se a legítima defesa putativa, considerada na lei como caso sui generis de erro de tipo, o denominado erro de tipo permissivo. C Agem em estrito cumprimento do dever legal policiais que, ao terem de prender indiciado de má fama, atiram contra ele para dominá-lo. D O exercício regular do direito é compatível com o homicídio praticado pelo militar que, em guerra externa ou interna, mata o inimigo. Comentários: As causas excludentes de ilicitude estão descritas no art. 23 do Código Penal. São elas: inciso I – estado de necessidade; II – legítima defesa; III- estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito. Sabemos que a ilicitude é um elemento do crime e quando o fato é típico, só não será ilícito com a presença e a verificação das causas excludentes de ilicitude. A opção A é específica em relação ao estado de necessidade (art.24 CP). A nosso ver não deveria ser marcada pelo candidato, pois seu final encontra-se em discordância com a essência do estado de necessidade. Para podermos aplicar o estado de necessidade, que é o enfrentamento de uma situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrificando assim um bem jurídico ameaçado, cuja perda não era razoável exigir, devemos estar analisando, como bem diz esse apertado conceito, situações inescusáveis. Questões de falsa percepção da realidade (20§1º CP), como aborda a letra B, são comuns nos casos de excludentes de ilicitude. Juridicamente falando elas são chamadas de putativas. Vejamos as sábias palavras do professor Fernando Capez, em seu Código Penal Comentado: “É um erro de tipo essencial incidente sobre elementares de um tipo permissivo. O agente, em razão de uma distorcida visão da realidade, imagina uma situação na qual estão presentes os requisitos de uma causa de exclusão da ilicitude ou antijuridicidade. É a causa excludente de ilicitude erroneamente imaginada pelo

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agente. Só existe, portanto, na mente, na imaginação do agente. Por essa razão, é também conhecida como descriminante imaginária ou erroneamente suposta. (...) Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo”. Resposta, portanto, correta. A opção C trata da questão do excesso de alguma das causas excludentes de ilicitude, também chamadas de causas excludentes de antijuridicidade. No caso, do estrito cumprimento do dever legal. Esse excesso, evidente, no caso em tela, tem sua relevância penal e por isso não pode ter a mesma conseqüência dos casos onde não existam excessos. Razoável utilização de arma de fogo para prender indiciado por má fama? Seria crime ostentar essa condição? Opção, de plano, descartada! As causas de exercício regular do direito são direcionadas aos funcionários ou agentes públicos que agem por ordem da lei, bem como aos particulares. Além disso, direito abrange, de forma ampla, qualquer forma de direito subjetivo. Já o estrito cumprimento do dever legal, é a realização de um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei. Assim, a opção está incorreta pois houve uma troca nas excludentes de ilicitude. 91- Acerca do princípio da inocência, assinale a opção correta. A O juiz deve ter plena convicção de que o acusado é responsável pelo delito, bastando a dúvida a respeito da sua culpa para absolvê-lo. B O réu tem o dever de provar sua inocência e cabe ao acusador apresentar indícios de autoria e materialidade. C Com a decisão de pronúncia, que reconhece a existência de crime e indícios de autoria, o nome do réu pode ser incluído no rol dos culpados. D A restrição à liberdade do acusado antes da sentença definitiva deve ser admitida sempre que se verificar o fumus boni iuris, independentemente da existência de periculum in mora. Comentários: O princípio da presunção de inocência com disposição no artigo 5º inciso LVII afirma que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Atualmente ousamos em afirmar que se trata do princípio constitucional mais desrespeitado. A mídia tem a capacidade de condenar indiciados e acusados impossibilitando-os de poderem reverter tais decisões. O Estado Democrático de Direito não permite condenações prematuras e todos precisam ser submetidos a um processo penal justo com todas as garantias constitucionais respeitadas. Após essa breve introdução, passemos a analisar as opções oferecidas pelo examinador do 35º Exame de Ordem. Condenar alguém pelo cometimento de um crime não é uma decisão de mero expediente forense. Trata-se de uma decisão das mais importantes dentro do meio jurídico. Interferir na liberdade de um cidadão brasileiro faz com que o Estado Democrático de Direito e seus agentes se cerquem de vários cuidados. A opção A é, de plano, a correta pois em hipótese alguma a sentença penal pode ser duvidosa. Toda decisão definitiva no Direito Penal deve ser

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fundamentada e com a certeza da materialidade e da autoria do crime. Na dúvida o réu, deve ser absolvido com base no princípio do indubio pro reo. Seguindo a forma escolhida, passemos também a analisar as opções incorretas. A opção B deve ser descartada, pois quem acusa tem o dever de provar o alegado, restando ao réu se defender das alegações proferidas pela acusação. Que fique claro, que o dever de prova é da acusação. A decisão de pronúncia (art. 408 CPP) não é sentença como assim impropriamente reza o código. Não é decisão definitiva e não encerra o procedimento, além de não termos necessidade de certeza para que ela seja proferida. Esta decisão interlocutória do Tribunal do Júri, atacada por recurso em sentido estrito (581 IV CPP) encerra a primeira fase do tribunal do júri, o sumário de culpa, e tem como conseqüência levar o acusado para o plenário do Tribunal do Júri, iniciando, portanto, a 2ª Fase do Tribunal do Júri. Como esta decisão de probabilidade de que o acusado é o autor de crime doloso contra a vida não gera certezas de culpabilidade, a opção C também deverá ser descartada. O erro na opção D está em descartar o requisito do periculum in mora dos requisitos clássicos para que o acusado responda o processo preso. Dentre os requisitos da prisão preventiva (art. 313 CPP) verificamos estes dois requisitos como essenciais para sua decretação. 97- Acerca do dolo e da culpa, assinale a opção correta. A Quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível, fica caracterizada a culpa imprópria e o agente responderá por delito preterdoloso. B Quando o agente, embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta porque acredita, sinceramente, que esse resultado não venha a ocorrer, caracteriza-se a culpa inconsciente. C Quando o agente comete erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime, exclui-se o dolo, embora seja permitida a punição por crime culposo, se previsto em lei. D Quando o agente, embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não se abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito, há culpa consciente. Comentários: Para que acertemos a questão acima, passemos a definir as espécies de dolo e culpa, integrantes da conduta típica. Dolo Direito ou Dolo de 1º Grau � art. 18 I primeira parte do CP. O agente quer o resultado almejado, ou seja, possui uma vontade livre e consciente para o cometimento de delitos. Define-se a vontade, os meios e os realiza diretamente, Dolo Indireto ou Dolo de 2º Grau ou Dolo de Conseqüências Necessárias � Para o cometimento de determinado delito, o agente define um meio e mesmo sabendo que demais conseqüências irão acontecer com certeza este prossegue na realização do crime. Exemplo clássico o agente que coloca uma bomba em um avião para matar um desafeto. Sabendo que os demais tripulantes irão morrer, o agente mesmo assim prossegue.

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Dolo Eventual � art. 18 II segunda parte CP. O agente visualiza conseqüências gravosas incertas e mesmo assim continua a realização da prática criminosa. Assim, o agente assume o risco. Preterdolosos � definição clássica em toda nossa doutrina: dolo no antecedente, culpa no conseqüente. O agente quer lesionar e a vítima acaba morrendo por culpa, ou seja, sem intenção do agente. (129 §3º CP). Outro exemplo seria o de estupro qualificado pelo resultado morte. Vontade de estuprar (dolo no antecedente) e a vítima acaba morrendo (culpa no conseqüente – art. 213 c/c 223 CP) Culpa � falta do dever de cuidado, que pode ser dado causa por imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência é a falta do dever de cuidado positiva. Negligência é falta do dever de cuidado negativa, um deixar de fazer. Já imperícia é a falta do dever de cuidado de que tem aptidão para realizá-lo com os cuidados necessários. Culpa Inconsciente � culpa sem qualquer tipo de previsibilidade do acontecimento Culpa Consciente � O agente prevê o acontecimento futuro, todavia este tem a certeza de que não irá acontecer, pois acredita que é apto o suficiente para impedi-lo, entretanto a conseqüência acontece, de forma culposa. Com todas essas definições acima, verificamos assim que a opção a ser marcada é a letra C, que fala do Erro de Tipo (artigo 20 CP – “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”)

EXERCÍCIOS

1- Com relação à prisão processual assinale a alternativa INCORRETA: (31º OAB/RJ)

a. Configuram prisão em flagrante delito as seguintes espécies de flagrante: próprio, impróprio, presumido, compulsório, facultativo, esperado e prorrogado; b. No caso de acidentes de trânsito dos quais resulte vítima, ao condutor do veículo que o tenha causado culposamente e que tenha prestado pronto e integral socorro à vítima não se imporá prisão em flagrante, mas se exigirá a prestação de fiança; c. São circunstâncias caracterizadoras da decretação da prisão preventiva: garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução penal e asseguramento da aplicação da lei penal; d. Admite-se a decretação da prisão preventiva para os crimes dolosos, não sendo aplicável aos crimes culposos.

2- Os princípios constitucionais, no que se refere à matéria penal e processual penal, têm por objetivo: (2006.1 OAB/RS) (A) garantir à sociedade a aplicação da legislação, evitando o aumento da criminalidade.

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(B) limitar o poder estatal tanto na elaboração quanto na aplicação da lei penal e processual. (C) garantir ao poder estatal o implemento de novas formas de punir. (D) limitar a sociedade na elaboração de novas formas de punir.

3- Assinale a assertiva correta. (28º OAB/RJ)

a. Vem prevalecendo, no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento segundo o qual a remição da pena é possível tanto pelo trabalho quanto pelo estudo do preso; b. Considerando que a Lei dos Crimes Hediondos tem natureza processual, a vedação de progressão de regime aplica-se imediatamente aos processos em curso, mesmo em relação a fatos praticados anteriormente à sua entrada em vigor; c. A nova lei penal que cria um novo delito de natureza permanente não se aplica a fatos cuja permanência iniciou-se antes de sua entrada em vigor, ainda que a conduta típica tenha persistido já na sua vigência; d. A nova lei processual que diminui o prazo para a interposição de um recurso não se aplica a delitos anteriores que venham a ser processados já na sua vigência, tendo em vista seu caráter de lex gravior.

4- Assinale a opção correta acerca do direito penal. A O delito de corrupção de menores prescinde da efetiva corrupção do menor, bastando, para a sua configuração, a prova de participação do inimputável em crime juntamente com agente maior de 18 anos. B Os delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, em sua forma simples, não configuram modalidades de crime hediondo. C O crime de denunciação caluniosa dispensa a ciência, pelo agente, da inocência do acusado. D No caso de crime cometido no âmbito de uma empresa, o simples fato de o réu ser administrador da empresa autoriza a instauração de processo criminal pelo crime, mesmo se não restar comprovada a mínima relação de causa e efeito entre as imputações e a condição de dirigente da empresa.

5- Sobre o interrogatório do réu é correto afirmar que: (23º OAB/RJ)

a. É ato privativo do Juiz, sendo vedado ao Ministério Público e a defesa qualquer tipo de interferência; b. O réu não é obrigado a responder às perguntas, mas seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da defesa; c. Ao final do ato, o defensor pode esclarecer fatos para serem indagados ao réu pelo magistrado; d. Havendo mais de um réu, os respectivos interrogatórios são realizados simultaneamente, com possibilidade de imediata acareação.

6- No concurso aparente de normas uma só ação pode, em tese, configurar mais de um delito, entretanto, só uma norma é aplicável, em detrimento das demais mediante a utilização de princípios lógicos e de valoração jurídica do fato. Aponte os princípios que regem o conflito aparente de normas.

a. Especialidade, legalidade e irretroatividade;

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b. Especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade; c. Especialidade, subsidiariedade e consunção; d. Especialidade, legalidade, consunção e irretroatividade.

7- Sobre a ação penal, assinale a alternativa correta. (128º OAB/SP) (A) A representação nos crimes de ação penal pública condicionada será irretratável depois de oferecida a denúncia. (B) Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do inquérito policial, determinará que o Ministério Público ofereça a denúncia. (C) Em caso de ação privada subsidiária da pública, o Ministério Público pode aditar a queixa, mas não repudiá- la e oferecer denúncia substitutiva. (D) Salvo disposição em contrário, o ofendido decairá do seu direito de queixa ou de representar se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que o crime foi praticado.

8- É considerado crime preterdoloso:

a. A lesão corporal qualificada pelo aborto (art. 129, §2º, inciso V, CP); b. O induzimento, a instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122, CP); c. O roubo agravado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, §2º, inciso I, CP); d. A extorsão indireta (art.160, CP).

9- O inquérito policial pode ser considerado um: (OAB/RJ 32ºExame) A) procedimento inquisitivo escrito, sigiloso e não-contraditório. B) processo inquisitivo oral, público e contraditório. C) procedimento acusatório oral, público e não-contraditório. D) processo acusatório sigiloso, escrito e contraditório.

10 - A respeito da detração penal, assinale a alternativa correta:

a. É a redução, pelo trabalho prisional, de parcela do tempo de pena privativa de liberdade a ser cumprida pelo apenado primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença penal condenatória;

b. Não está subordinada a nenhuma condição, bastando apenas que o apenado tenha permanecido preso ou internado provisoriamente durante o curso do processo para que faça jus à detração penal;

c. É direito do apenado a pena privativa de liberdade, desde que tenha permanecido preso ou internado no curso do processo, possua bom comportamento prisional e já tenha cumprido ao menos um sexto da pena privativa de liberdade;

d. O apenado perde o direito à detração acaso, durante o cumprimento da pena privativa de liberdade, venha ser punido por falta grave, seja condenado pela prática de crime doloso ou frustre a execução da pena de multa cumulativamente imposta.

11- São princípios que regem a ação penal de iniciativa privada: (OAB/RJ 32ºExame)

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A) obrigatoriedade, indisponibilidade e divisibilidade. B) oportunidade, indisponibilidade e divisibilidade. C) obrigatoriedade, disponibilidade e indivisibilidade. D) oportunidade, disponibilidade e indivisibilidade.

12- No crime de apropriação indébita previdenciária, o pagamento integral dos débitos oriundos da falta de recolhimento de contribuições sociais, efetuado posteriormente ao recebimento da denúncia, é: A causa de exclusão da tipicidade. B causa de extinção da punibilidade. C indiferente penal. D circunstância atenuante.

13- Entre os critérios de fixação da competência jurisdicional previstos no Código de Processo Penal (CPP) não se inclui a: (OAB/RJ 32ºExame) A) localidade da infração. B) prerrogativa de função. C) nacionalidade da vítima. D) prevenção.

14- João, com emprego de arma de fogo,invade uma locadora de vídeo e anuncia um assalto exigindo do funcionário da mesma que lhe entregue todo o dinheiro que está no caixa. Diante da recusa do funcionário da locadora João desfere dois tiros no mesmo, que vem a falecer instantaneamente e foge do local do crime sem levar dinheiro algum. Neste caso, qual a tipificação correta à conduta de João?

a. João praticou o delito de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo na forma tentada;

b. João praticou o delito de homicídio qualificado para assegurar a execução de outro crime;

c. João praticou o delito de latrocínio; d. Todas as respostas acima estão incorretas.

15- São recursos e meios privativos da defesa: (ABR-2006 OAB/GO) a) a apelação, o Habeas Corpus e o protesto por novo júri. b) o Habeas Corpus, a revisão criminal e o protesto por novo júri. c) a revisão criminal, o protesto por novo júri e os embargos infringentes. d) os embargos infringentes, o Habeas Corpus e a revisão criminal.

16 - Para a maioria dos autores brasileiros a tipicidade:

a. É um indício da ilicitude; b. Não tem relação com a antijuridicidade; c. É a essência da antijuridicidade e da inimputabilidade; d. É um aspecto a ser avaliado na determinação da pena.

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17- Assinale a opção incorreta. (OAB/RJ 32ºExame) A) O juiz criminal pode rejeitar o laudo pericial. B) Os jurados no tribunal do júri julgam por íntima convicção. C) Na falta de exame de corpo de delito, a prova testemunhal pode suprir a sua falta. D) O juiz criminal deve observar regime de provas legais.

18 - O agente que, na qualidade de servidor do INSS, obtém de forma indevida a concessão de benefício previdenciário junto ao INSS, em favor de terceiro, pratica o crime de A peculato-furto. B apropriação indébita. C estelionato. D corrupção passiva.

19- Com relação as nulidades no processo penal, é INCORRETO afirmar que: (ABR/06 – OAB/MG) a) pode o juiz de ofício a qualquer tempo reconhecer a incompetência relativa. b) a nulidade absoluta a favor do réu poderá ser reconhecida a qualquer tempo por um pedido de desconstituição da coisa julgada. c) pode o juiz militar se dar como competente para julgar militar por crime doloso contra a vida de vítima civil. d) quando for reconhecida a nulidade por prerrogativa de função não poderão ser aproveitados os atos não decisórios.

20- Assinale a opção correta acerca do direito penal. A Aos crimes militares não se aplica o princípio da insignificância. B As penas restritivas de direitos admitem a execução provisória. C Ocorrendo a morte da vítima em decorrência de disparo de arma de fogo utilizada para a prática de roubo, há crime de latrocínio tentado se não houve a subtração de bens. D A pena restritiva de direitos, como toda e qualquer resposta penal, está ordenada, na sua aplicação, ao princípio da suficiência.

21- Sobre a aplicação da lei penal e da lei processual penal, assinale a opção incorreta. A Os atos processuais realizados sob a vigência de lei processual anterior são considerados válidos, mesmo após a revogação da lei. B As normas processuais têm aplicação imediata, ainda que o fato que deu origem ao processo seja anterior à entrada em vigor dessas normas. C O dispositivo constitucional que estabelece que a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, aplica-se à lei penal e à lei processual penal. D Lei penal que substitua outra e que favoreça o agente aplica-se aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

22 - Alonso, com evidente intenção homicida, praticou conduta compatível com a vontade de matar Betina. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

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A Caso Alonso interrompesse voluntariamente os atos de execução, caracterizar-se-ia desistência voluntária, e ele só responderia pelos atos já praticados. B Caso Alonso utilizasse os meios que tinha ao seu alcance para atingir a vítima, mas não conseguisse fazê-lo, ele só responderia por expor a vida de terceiro a perigo. C Caso Alonso fosse interrompido, durante os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chegando a fazer tudo que pretendia para consumar o crime, não se caracterizaria a tentativa de homicídio, mas lesão corporal. D Caso Alonso não fosse interrompido e, após praticar tudo o que estava ao seu alcance para consumar o crime, resolvesse impedir o resultado, obtendo êxito neste ato, caracterizar-se-ia o arrependimento posterior, mas ficaria afastado o arrependimento eficaz. QUESTÃO 48

23 - É elemento do crime culposo: A a observância de um dever objetivo de cuidado. B o resultado lesivo não querido, mas assumido, pelo agente. C a conduta humana voluntária, sempre comissiva. D a previsibilidade. QUESTÃO 50

24 - Acerca do instituto da prescrição penal e seus efeitos, assinale a opção correta. A A partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, começa a correr o prazo da prescrição da pretensão punitiva. B O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva significa que o réu pode ser considerado reincidente caso pratique novo crime. C Ocorrendo a prescrição da pretensão executória, o título executório é formado com o trânsito em julgado; entretanto, o Estado perde o direito de executar a sentença penal condenatória. D Ocorrendo a prescrição da pretensão executória, a vítima não tem à sua disposição o título executivo judicial para promover a liquidação e execução cível. QUESTÃO 51

25- Acerca das modificações penais e processuais penais introduzidas pela Lei n.º 11.343/2006 — Lei de Tóxicos — com relação à figura do usuário de drogas, assinale a opção correta. A A conduta daquele que, para consumo pessoal, cultiva plantas destinadas à preparação de substância capaz de causar dependência física ou psíquica permanece sem tipificação. B É possível, além das penas de advertência, prestação de serviços à comunidade ou medida educativa, a imposição de pena privativa de liberdade ao usuário de drogas. C O porte de drogas tornou-se infração de menor potencial ofensivo, estando sujeito ao procedimento da Lei n.º 9.099/1995, que dispõe sobre os juizados especiais criminais. D Poderá ser imposta ao usuário de drogas prisão em flagrante, devendo o autuado ser encaminhado ao juízo competente para que este se manifeste sobre a manutenção da prisão, após a lavratura do termo circunstanciado. QUESTÃO 52

26- Leonardo, indignado por não ter recebido uma dívida referente a venda de cinco cigarros, desferiu facadas no devedor, que, em razão dos ferimentos, faleceu. Logo após o fato, Leonardo escondeu o cadáver em uma gruta. Com base na situação hipotética acima, é correto afirmar que: A a ocultação de cadáver é crime permanente. B há concurso formal entre o homicídio e a ocultação de cadáver.

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C Leonardo praticou crime de homicídio qualificado por motivo torpe. D o fato de Leonardo ter cometido o crime por não ter recebido uma dívida é circunstância que agrava a pena. QUESTÃO 53

27- Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. A É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. B A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos suficientes para a propositura da ação penal. C Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível. D A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso da investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais. QUESTÃO 54 55

28- É compatível com a Constituição Federal de 1988: A o processo iniciado, de ofício, pela autoridade policial ou judiciária. B a prisão processual. C a prisão para averiguação. D a busca domiciliar determinada pela autoridade policial. QUESTÃO 56 TÃO 57

29- Assinale a opção correta no que se refere a procedimentos e nulidades. A No procedimento do juiz singular, após a oitiva das testemunhas, é aberto prazo para a apresentação das alegações finais. B A apresentação de defesa prévia ou de alegações preliminares é mera faculdade processual, mas a falta de concessão de prazo gera nulidade. C O interrogatório do réu é ato privativo do juiz, sendo dispensável a presença de defensor. D A defesa deficiente gera nulidade absoluta, sendo presumido o prejuízo. QUESTÃO 58

30 - Com relação a recursos, assinale a opção correta. A O recurso em sentido estrito será declarado deserto caso o réu fuja após haver recorrido. B No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a sentença seja contrária à decisão dos jurados, o tribunal ad quem deve determinar que o réu seja submetido a novo júri, em respeito à soberania dos veredictos. C No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a decisão dos jurados seja manifestamente contrária à prova dos autos, o tribunal ad quem deve determinar que o réu seja submetido a novo júri, em respeito à soberania dos veredictos. D Na apelação das decisões proferidas por juiz singular, admite-se o juízo de retratação. QUESTÃO 51

31 - Um delegado de polícia, querendo vingar-se de um desafeto, prendeu-o sem qualquer justificativa, amedrontando-o com o seu cargo. Descobriu, posteriormente, que já existia mandado de prisão preventiva contra aquele cidadão, cabendo a ele, delegado, cumpri-lo. Nessa situação, a conduta do delegado A está amparada pelo estrito cumprimento do dever legal putativo. B não está acobertada por qualquer excludente de ilicitude.

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C está amparada pelo estrito cumprimento do dever legal. D está acobertada pelo exercício regular de direito. QUESTÃO 53

32 - Alguém que tenha, em sua residência, para consumo pessoal, substância entorpecente, sem autorização legal, pratica, segundo a nova legislação sobre o tema, conduta caracterizada como A infração penal sui generis. B fato atípico. C contravenção. D crime. QUES TÃO 57

33 - Ernesto, funcionário público, após se aposentar, permitiu o fornecimento de sua senha de acesso aos bancos de dados da administração pública a Vinícius, que, por acaso, acabou perdendo a senha. Na situação narrada, a conduta de Ernesto é A típica e consiste em violação de sigilo funcional através de sistema informatizado. B típica e consiste em inserção de dados falsos em sistema de informações. C atípica, por se tratar de funcionário público aposentado. D atípica, porque não houve prejuízo para a administração pública.

34 - Assinale a opção correta à luz dos princípios regentes do processo penal. A Pode o juiz transmitir o poder jurisdicional a quem não o possui. B No processo penal, o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na realidade, não devendo se conformar com a verdade formal constante dos autos. C O juiz pode abster-se de julgar os casos que lhe forem apresentados, independentemente de causa de suspeição, impedimento ou incompetência. D As partes, se entrarem em acordo, podem subtrair ao juízo natural o conhecimento de determinada causa na esfera criminal.

35 - Assinale a opção correta acerca da prova no processo penal. A O sistema da persuasão racional é o que prevalece no tribunal do júri. B O juiz fica adstrito ao laudo pericial, não podendo decidir, de acordo com sua convicção, a matéria que lhe é apresentada. C A prova, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, pertence ao processo e pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual, destinando-se à apuração da verdade dos fatos alegados. D O sistema da livre convicção, adotado majoritariamente no processo penal brasileiro, com fundamento na Constituição Federal, significa a permissão dada ao juiz para decidir a causa de acordo com seu livre entendimento, devendo o magistrado, no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, e buscar persuadir as partes e a comunidade em abstrato.

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GABARITO

1 B

2 B

3 A

4 A

5 C

6 B

7 A

8 A

9 A

10 B

11 D

12 B

13 C

14 C

15 C

16 A

17 D

18 C

19 C

20 D

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57

21 C

22 A

23 D

24 C

25 C

26 A

27 B

28 B

29 B

30 C

31 B

32 D

33 A

34 B

35 C