2- Controle de Qualidade Na Farmacia Magistral

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  • Controle da Qualidade na

    Farmcia Magistral

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Introduo

    A Farmcia Magistral representa hoje um nicho de mercado para o para o profissional farmacutico. Possibilita ao farmacutico a ascenso social e econmica com completa realizao profissio-nal, encontrando na farmcia a possibilidade de exercer com ampli-tude todas as atividades inerentes ao verdadeiro profissional do medicamento.

    Contudo, apesar das inmeras vantagens que o medicamento manipulado oferece em relao ao industrializado que vo desde a facilidade posolgica at a econmica, so inmeros os obstculos que dificultam o crescimento do setor. 0 maior destes obstculos a falta de credibilidade do produto manipulado pela suposta ausn-cia de um controle da qualidade rigido das matrias-primas e produ-tos acabados, ausncia de controle do processo de produo e sua reprodutibilidade. Qualidade a patavra de ordem e deve ser ine-rente a qualquer produto ou prestao de servio na atualidade e, para a farmcia magistral fundamental para sua sobrevivncia.

    Dentro deste contexto de busca pela Qualidade, importan-te citar a participao destacada da ANFARMAG (Associao Nacio-nal dos Farmacuticos Magistrais) na elaborao da Resoluo 33, de maio de 2000 que trata sobre Boas Prticas de Manipulao e da lei sancionada pelo presidente Bill Clinton em 1998 instituindo a farmcia magistral nos Estados Unidos que culminou com a publica-o dentro da United States Pharmacopoeia na 24a edio (USP24) em 2000 do Pharmacy Compounding e o conseqente reconhecimen-to deste setor nos Estados Unidos da Amrica. Estes dados indicam o caminho da qualidade para a consolidao do setor magistral.

    Nos ltimos anos o setor magistral apresentou um vertiginoso crescimento, assumindo uma importncia cada vez maior dentro do mercado de medicamentos e, conseqentemente contribuindo para a sade pblica brasileira. Como era de se esperar, a qualidade do produto manipulado tem sido objeto de inmeras discusses e deba-tes, sendo o tema mais freqente nos ltimos dois anos, principal-mente em funo da RDC 33. Aqui importante lembrar que o cer-ne bsico desta legislao a busca por um processo de qualidade conduzido atravs das Boas Prticas de Manipulao Farmacutica (BPMF), onde o controle da qualidade ferramenta indispensvel

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  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    para sua verificao, para atingir um produto com qualidade farma-copica e que possa ser manipulado quantas vezes for necessrio, com os mesmos parmetros de qualidade.

    Analisando tecnicamente a RDC 33 podemos dizer que uma legislao exigente que se mostra como um grande desafio para o setor magistral e para os rgos de vigilncia sanitria. Contudo, se lembrarmos que o medicamento uma ferramenta para a sade fsica e mental e que esta ref lete na vida humana, esta grande res-ponsabilidade transforma-se no privilgio de discutir os pontos fra-cos, de demonstrar competncia e segurana, de ganhar credibil i-dade e de mostrar sociedade a importncia crescente do produto manipulado na promoo da sade.

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    Qualidade da matria prima no setor magistral

    Nos ltimos anos, o setor magistral concentrou seus esforos na qualidade da matria prima farmacutica. Hoje podemos afirmar que o nmero de no conformidades para matria prima extre-mamente pequeno o que reflete a preocupao do setor farmacu-tico, impulsionado por novas legislaes e pelo remodelamento do rgo de vigilncia sanitria, agora denominado ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria). Contudo, no devemos deixar de nos preocupar, pois nos ltimos anos cresceu o nmero de importa-dores e distribuidores de matria- prima, o que pode significar uma maior possibilidade de problemas. Desta forma, importante lem-brar o item 4.4.1 da RDC 33 que discorre sobre a aquisio de mate-riais, cujo sub-item 4.4.1.2.1 nos fala sobre a qualificao do forne-cedor, tornando obrigatria a comprovao de regularidade perante a autoridade sanitria, o compromisso com a qualidade da matria prima atravs do certificado de anlise e etc. Conhecer os nossos fomecedores etapa indispensvel na consolidao do setor magis-tral e o primeiro passo para evitar erros.

    Ainda discutindo sobre as matrias primas, as perspectivas so ainda melhores. At o presente momento o controle da qualida-de foi realizado por laboratrios que terceirizam a realizao de anlises fsico-qumicas e microbiolgicas. Com a implantao da RDC 33 no item 4.6.2, sub-item 4.6.2.7 torna-se obrigatria a realizao de testes bsicos como pH, o ponto de fuso e etc.

    Para destacar a importncia deste trabalho, vamos conside-rar o enalapril: potente inibidor da enzima de converso de angio-tensina, utilizado no controle da presso arterial.

    Segundo a Farmacopia Europia deve ser acondicionado em recipientes bem fechados ao abrigo da luz e, um dos parmentros de identificao o pH que deve estar entre 2,4 e 2,9. Ao obser-varmos a seguir a reao qumica de degradao do enalapril pela gua, percebemos a importncia do armazenamento sob condies de temperatura e umidade controladas, tanto na distribuidora quan-to na farmcia bem, como a importncia de uma anlise simples de pH. 0 enalapril ao ser degradado pela gua, converte-se em enapri-lato que no tem uma absoro adequada no trato gastrointestinal, com conseqente alterao na biodisponibilidade e na atividade antihipertensiva. Esta degradao pode ser observada pelo pH que deve estar entre 2,4 e 2,9 para o enalapril como citado acima. A faixa de pH do enaprilato dever ser menor que 2,4 pois apresenta

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    caractersticas mais cidas. Podemos assim observar que o i tem 4.6.2.7 da RDC 33 juntamente com a terceirizao uma importan-te ferramenta para separar os bons dos maus fornecedores, ou seja, QuaUficar o Fornecedor segundo a RDC 33.

    - f H HCH3

    K^ H N . XOOH Cr Knaljipril

    H 2 |f ^

    Com u (U-wruduvo o p l l

    ' ^ T v ^

    l l(

    s * l : i l l H l l o l

    .o *\.H HCH3

    + Klanol

    H N. ...COOH

    Eaaprilato

    (|ue 2,4

    Assim, temos a convico que o laboratrio de controle da qualidade uma ferramenta indispensvel para o crescimento e a solidificao do setor magistral e, que perfeitamente possvel a implantao do controle da qualidade dentro das farmcias magis-trais. Desta forma, o objetivo colocar de forma simplificada e ob-jetiva, os conceitos de qumica analtica e de controle da qualidade, aplicando-os em frmacos de grande importncia teraputica e eco-nmica dentro da farmcia magistral. A seguir discutiremos itens importantes ao Controle da Qualidade para a Farmcia Magistral.

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    1. Qualificao dos fornecedores

    Ao adquirirmos uma matria-prima de um fornecedor e transformarmos a mesma em medicamento, assumiremos toda a responsabilidade da qualidade do produto perante o consumidor. Assim sendo, podemos vir a responder judicialmente, caso o medi-camento no cumpra as especificaes contidas no rtulo. A escolha de um fomecedor idneo, criterioso e competente trar tranqil i-dade e segurana na relao de negcios. importante conhecer pessoalmente o fornecedor, suas instalaes, as condies em que so armazenadas as matrias-primas (tipo de embalagem, tempera-tura, luminosidade, umidade, identificao e ordenao), limpeza, como feito o fracionamento (vestimenta e higiene dos funcion-rios, instrumentos de medida utilizados, embalagens utilizadas), rapidez e pontualidade na entrega, condies de pagamento e pre-os, etc.

    Devemos solicitar ao fomecedor o certif icado de anlise das matrias-primas, no s com os resultados das anlises mas tambm com as especificaes, a data de fabricao, a validade, as condi-es de conservao e armazenagem ideais, o nmero do lote e o pas de procedncia. A relao entre a farmcia e o fomecedor de-ve ser de parceria, visando a completa satisfao do cl iente. Os fomecedores que no atendam s especificaes devem ser exclu-dos.

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    2. Controle da Qualidade das Matrias-primas

    2.1. Laboratrio de Controle da Qualidade

    2.1.1. Instalao fisica rea fsica ideal: mnimo de 10 m2 Localizao: preferencialmente prximo ao almoxarifado e ao labo-ratrios de produo, porm deve ser isolado e independente das outras instalaes. Piso: cermica ou piso vinlico de fcil limpeza. Paredes: azulejo ou parede com revestimento liso e pintura a leo. Iluminao: natural e artificial adequada, porm com a possibilida-de de uma rea escura (para leituras cromatogrficas). Ventilao: a rea deve ser ventilada com capela de exausto. Refrigerao: deve conter ar condicionado, mantendo a temperatu-ra ambiente em torno de 20C (necessrio para o funcionamento e conservao ideal dos equipamentos analticos). Bancadas: alvenaria ou madeira formicada com revestimento prote-tor, impedindo a quebra de vidrarias. Instalaes eltricas: tomadas de 110 V e 220 V. Instalaes hidrulicas: as bancadas devem possuir torneiras. Outras benfeitorias: gs, vcuo

    2.1.2. Equipamentos A instalao e os equipamentos de um laboratrio de contro-

    le da qualidade com recursos bsicos, podem ser obtidos a custos razoveis. Todavia, o investimento retorna sob a forma de economi-a, com a maior eficincia nos processos de produo, na avaliao do desempenho dos funcionrios, na segurana, no controte do de-sempenho da empresa, na conscientizao sobre a importncia da qualidade, na credibilidade e na conquista de uma posio estvel no mercado.

    Os equipamentos necessrios para o funcionamento de um laboratrio de controle da qualidade na farmcia de manipulao, devem ser proporcionais amplitude das anlises que se pretende realizar e disponibilidade financeira para adquiri-los. Considera-

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    mos como ideal: pHmetro aparelho para determinao do ponto de fuso viscosmetro espectrofotmetro (visvel e ultravioleta):faixa 190 a 750 nm estufa balana analtica de preciso mufla banho-maria centrfuga (com pelo menos 3.000 rpm) microscpio refratmetro dessecador bico de Bunsen tamizes para classificao de ps: 100, 150, 200 mesh densmetros (alcometros e picnmetros) vidrarias (provetas, buretas, condensadores, bales, Erlen-

    meyers, cpsulas de porcelana, tubos de ensaio, funis de se-parao, pipetas graduadas e volumtricas, tubos de Nessler, bales volumtricos, termmetros, pesa-filtros, frascos para reagentes, etc.)

    refrigerador cromatoplacas lmpada UV cuba cromatogrfica (para cromatografia de camada delga-

    da) balana com dessecador para determinao de umidade

    2 . 1 . 3 . Principais fontes bibliogrficas de metodologia anal-t ica

    Index Merck USP - National Formulary BP - British Pharmacopoeia Martindale Farmacopia Brasileira Anlise Farmacutica (Andrejus Korolkovas) CTFA Standarts Methods - Cosmetic, Toiletry and Fragance

    Association

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    Manual de Solues, Reagentes e Solventes (Morita) Livros de Farmacognosia Livros de Qumica Analitica Handbook of Pharmaceutical Excipients Farmacopia Europia

    2.2. Recepo, Identificao e Amostragem das mat-rias-primas

    2.2.1. Recepo das matrias-primas Quando a matria-prima chegar ao almoxarifado sua embala-

    gem deve ser examinada visualmente, observada sua integridade, sua conformidade com o declarado na nota fiscal; a confirmao de peso ou votume (ainda na presena da transportadora) a necessida-de de conservao especial e a validade.

    2.2.2. Identificao Todas as matrias-primas recm-chegadas devem ser conser-

    vadas em uma rea isolada considerada "quarentena", at que o laboratrio de controle da qualidade tenha determinado ou no a sua aceitabilidade.

    A rea de quarentena deve ter acesso restrito de maneira a evitar a utilizao inadvertida da matria-prima no analisada.

    As matrias-primas que necessitam condies especiais de conservao sero retidas at que as anlises indiquem sua confor-midade.

    Conforme o controle da qualidade aprove ou rejeite o lote de matria-prima, identific-la com etiqueta de aprovao ou re-provao.

    2.2.3. Etiquetas As etiquetas de identificao devem seguir os seguintes pa-

    dres de cores: Quarentena: amarela Aprovado: Verde Reprovado: Vermelho

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    Podem ser preenchidas com os seguintes dados:

    A. Quarentena Nome da matria-prima Nmero do lote Data do recebimento Data da fabricao Data da validade Nome do fornecedor Quantidade Nome da transportadora Aguardando aprovao

    B. Aprovado: etiqueta de aprovao Nome da matria-prima Nmero do lote Data do recebimento Data da validade Nome do fornecedor Quantidade Analista responsvel Aprovado

    C. Reprovado: etiqueta de reprovao Nome da matria-prima Nmero do lote Data do recebimento Data da validade Nome do fornecedor Analista responsvel Reprovado

    2 . 2 . 3 . Amostragem A amostragem dever ser fei ta por uma pessoa qualificada,

    sob a superviso do controle da qualidade. Devem ser recolhidas amostras representativas de cada em-

    balagem de cada lote, caso venha mais de uma embalagem de um mesmo lote. 25

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    Utiliza-se

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    2 .3 .1 . Caracterizao organolptica So consideradas caractersticas organolpticas aquelas que

    utilizam os cinco sentidos como instrumentos de anlise. impor-tante na identificao inicial da matria-prima que chega farm-cia, sendo portanto, um mtodo inicial de custo zero. As caracters-ticas organolpticas guardam relao com a integridade e a quali-dade da matria-prima, mas no podem ser utilizadas com fins ana-lticos, pois so consideradas subjetivas.

    Tabela 2 - Caractersticas organolpticas X Sentido

    Caractersticas organolpticas Aparncia Cor Odor Sabor

    Sentido Tato, viso Viso Olfato paladar

    A - Substncias slidas (p) Aparncia: amostrar uma alquota homognea e espalhar sobre um papel branco. Fazer comparao visual e tctil com um padro (a-mostrateca), confrontando a observao com as especificaes do fornecedor e com a da bibliografia analtica adotada. Cor: a observao da cor da amostra deve ser realizada em local bem iluminado (luz branca) contra um fundo branco e em confronto com padro da amostrateca e a descrio da metodologia analtica adotada. Descries mais comuns: branco, quase branco, levemente amarelado, etc... Odor: deve ser observado em confronto com padro da amostrateca e bibliografia adotada. Devemos tomar precauo com substncias volteis, txicas e irritantes (por exemplo: capsaicina, cido clor-drico, cido sulfrico, hidrxido de amnio, e tc ) . um parmetro organolptico apenas descritivo e no deve ser considerado como padro de pureza, exceto para aqueles casos nos quais um odor par-ticular sinal de alterao (como odor de rano em materiais gra-xos e odor caracterstico de hidrlise na dietilpropiona). Geralmen-te classificado como: odor caracterstico ou inodoro. Sabor: no determinado para slidos (risco de intoxicao para o analista).

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    B - Substncias lquidas Aparncia: homogeneizar a amostra e transferir uma alquota para um tubo de ensaio e observar contra um fundo branco. Deve-se con-siderar a presena ou no de resduos, o grau de turvao e a sepa-rao de fases. Cor: a cor ser determinada usando amostras-padro, fazendo uma identificao visual ou por mtodo colorimtrico. A tcnica ser realizada preferencialmente em tubos de comparao de cor rigoro-samente iguais, sob condies que assegurem que a soluo de refe-rncia colorimtrica e a substncia testada sejam tratadas similar-mente em todos os aspectos. A comparao de cores melhor se realizada em camadas de iguais profundidades e, sendo observadas transversalmente contra um fundo branco, sendo particularmente importante que as solues sejam comparadas na mesma tempera-tura, preferencialmente aos 25C.

    Odor: deve-se tomar precauo com lquidos volteis txicos e i r r i -tantes. Geralmente classificado como: odor caracterstico ou inodo-ro, confrontando com amostra padro recente. No caso de leos ou materiais graxos, esteja atento ao odor caracterstico de rano. Sabor: no determinado para lquidos.

    C - Essncias e aromas Aparncia: deve-se considerar a presena ou no de resduos e tur-vao. Isto possvel atravs da observao na embalagem original do produto, seno atravs de frascos transparentes. Cor: segue-se o mesmo mtodo descrito para lquidos. Odor: o odor das essncias ser identif icado utilizando-se uma f i ta de papel de f i l t ro na qual mergulha-se o produto. Espera-se secar levemente, para logo em seguida cheir-la, comparando com seu aroma padro. importante no se realizar a anlise de vrias es-sncias ao mesmo tempo devido possibilidade de mistura de odo-res, dificultando uma perfeita identif icao.

    Sabor: pode-se proceder preparao de uma soluo aucarada (xarope), adicionando a mesma quantidade de aroma para a amos-tra e para o padro. Deve-se experimentar a amostra, enxaguar a boca com gua e logo a seguir experimentar o padro.

    D - Corantes Aparncia: fazer comparao visual com um padro pr-determinado, em papel branco, seguindo as especificaes do for-necedor.

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    Cor: prepara-se uma soluo de porcentagem variada, porm baixa (translcida), idntica ao padro. Em seguida analisar de acordo ao mtodo descrito na cor dos lquidos. Odor: inodoro ou caracterstico, segundo a especifcao do forne-cedor. Sabor: no determinado para corantes.

    2 .3 .2 . Identificao fsico-qumica 0 teste de identificao um meio de se determinar a iden-

    tidade de uma substncia, no fornecendo obrigatoriamente dados sobre a sua pureza. Quando se dispe de equipamentos, a ident i f i -cao feita por espectroscopia no infravermelho pode ser uma me-todologia de escolha.

    A - Solubilidade As indicaes sobre solubilidade referem-se a determinaes

    feitas a 25C. Pode-se verif icar a solubilidade em solventes com a gua, lcool et l ico, metanol, glicerol, clorofrmio, acetona, ter, solues cidas diluidas, solues alcalinas diludas, leo mineral, leo vegetal, acetato de et i la, propilenoglicol e outros solventes que vo interessar manipulao especfica.

    Tabela 3: Classificao farmacopica da solubilidade

    Termo descritivo Muito solvel Facilmente solvel Solvel Ligeiramente solvel Pouco solvel Muito pouco solvel Insolvel

    Quantidade de solvente Menos de uma parte * De 1 a 30 partes De 10 a 30partes De30a 100 partes De 100 a 1.000 partes De 1.000 a 10.000 partes Maisde 10.000 partes

    Nota: ' A expresso "partes" refere-se dissoluo de 1 $ de um stido ou 1 mL de um liqui-do no nmero de mililitros do solvente estabelecido no nmero de partes.

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    B - Determinao do pH 0 pHmetro um aparelho indispensvel na farmcia com

    manipulao, sendo importante tanto no controle da qualidade da matria-prima como no produto acabado. A medio do pH muito importante, pois vrias matrias-primas podem ter seu pH alterado em funo de impurezas ou instabilidades (hidrlise, por exemplo). Esta instabilidade pode ocorrer devido ao tempo de estocagem e/ou condies inadequadas de transporte e armazenamento.

    Altas temperaturas predispem instabilidade. Algumas ma-trias-primas podem ser caracterizadas atravs da medio do pH de uma soluo da amostra determinada concentrao.

    Descrio Passo 1: Retirar o bquer contendo soluo de KCl 3 M no qual est mergulhado o eletrodo quando o medidor no est em uso; Passo 2: Lavar o eletrodo com jatos de gua destilada e enxug-lo com papel de f i l t ro ; Passo 3: Imergir o eletrodo em soluo-tampo de referncia, veri-ficando-se a temperatura em que se vai operar; Passo 4: Ajustar o valor de pH 7, mediante o boto de calibrao; Passo 5: Lavar o eletrodo com vrias pores de um segundo tampo de referncia, imergindo-o neste, verificar o valor do pH registrado, aferir o pHmetro com valor de pH 4 do segundo tampo; Passo 6: Aps a aferio, lavar o eletrodo com gua destilada e com vrias pores da soluo da amostra; Passo 7: Para a diluio das amostras, deve-se usar gua destilada isenta de dixido de carbono (gua destilada fervida recentemen-te); Passo 8: Proceder determinao da leitura do pH da soluo da amostra, a primeira determinao fornece o valor varivel, havendo necessidade de proceder novas leituras (ideal: 3 leituras); Passo 9: Lavar novamente o eletrodo com gua destilada, conser-vando-o a seguir em soluo de cloreto de potssio.

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    B.1. Sugesto de Solues-tampo

    Tampo pH 7 Fosfato monopotssico 0,2 M 50,0 mL Hidrxido de sdio 0,2 M 29,1 mL gua destilada qsp 200,0 mL

    Tampo pH 4 Biftalato de potssio 0,2 M 50,0 mL cido clordrico 0,2 M 0,1 mL gua destilada qsp 200,0 mL

    C - Densidade A densidade uma propriedade fsica cujo valor calculado

    atravs do peso (em gramas) e do volume (em mililitros) de uma dada substncia pura (lquida ou slida) ou mistura.

    Exemplo: a gua a 25C tem densidade igual a 1,000; isto significa que 1 grama de gua nessa temperatura ocupa o volume de 1 mL. Adicionando-se sal na gua, a densidade ser alterada para mais. J na mistura gua-lcool etlico, a densidade ser menor que 1,000.

    Portanto, nas misturas a densidade das substncias adiciona-das interferir na densidade final, permitindo determinar possveis adulteraes atravs da medio da densidade.

    A densidade til para avaliar a pureza de certas substn-cias, como por exemplo: lcool, leos vegetais e minerais.

    Para a determinao da densidade (densidade especfica) em lquidos e densidade aparente em p utilizam-se densmetros de vidro, picnmetros, provetas e balanas analticas.

    C. 1. Determinao da densidade aparente f d ^ l para ps Para a determinao da densidade de ps (densidade aparen-

    te) uti(iza-se a proveta. A densidade aparente til tanto na identi-ficao da amostra como tambm para viabilizar o mtodo de en-chimento volumtrico de cpsulas, densidade aparente de ps e a relao de peso por unidade de volume, incluindo os espaos vazios que normalmente existem entre as partculas.

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  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    A determinao da densidade aparente requer apenas uma proveta em uma balana.

    d(ap) = P/V d(ap) = densidade aparente P = peso em gramas v = volume em mililitros

    C.2. Determinao da densidade relativa (mtodo do picnmetro) para liquidos Passo 1: Utilizar um picnmetro limpo e seco que tenha sido previ-amente calibrado. A calibrao consiste na determinao da massa do picnmetro vazio e da massa do seu contedo com gua, recen-temente destilada e fervida, medida a 20C. Passo 2: Colocar a amostra no picnmetro a 20C, remover o excesso da substncia, se necessrio, e pesar. Obter o peso da amostra (em gramas) atravs da diferena da massa do picnmetro cheio e vazio. Passo 3: A diviso entre a massa da amostra lquida e a massa da gua, ambas a 20C a densidade relativa.

    , nn0r> massa da amostra lquida d(rel)ZU U = massa da gua

    C.3. Determinao da densidade especifica calculada a partir de sua densidade relativa

    D(esp)20C = 0,99703 x d ( re l ) + 0,0012

    Nota: normalmente as monorafias fornecem dados de densidade espefica.

    D - Densitometria a utilizao de aermetros ou densmetros para determina-

    o da densidade. Observar a temperatura que ser efetuada a me-dio da densidade, caso seja necessrio faa a correo da leitura.

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  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Descrio Verta a amostra liquida numa proveta, coloque a proveta em

    posio vert ical, introduza um termmetro no lquido fixando-o so-bre o bordo da proveta. Quando a coluna termomtrica ficar esta-cionria, mergulhe no lquido o densmetro previamente molhado no lquido em ensaio e enxugado cuidadosamente. 0 densmetro deve-r flutuar livremente na proveta, sem aderir s paredes e o lquido no dever atingir os bordos da proveta. Quando o densmetro dei-xar de oscilar faa a leitura.

    E - Alcoometr ia Quando se introduz o alcometro centesimal (alcometro de

    Gay Lussac) em uma mistura de gua e lcool, temperatura de 15C, a leitura indica em centsimos e em volume o teor em lcool absoluto na mistura hidroalcolica.

    A graduao Gay Lussac determina o nmero de volume de lcool etlico contido em 100 volumes de uma mistura feita exclusi-vamente de lcool etl ico e gua, determinado a 15C.

    Exemplo: 1 l i tro de lcool etl ico a 96 GL encerra a 15C, 960 mL de lcool etl ico absoluto.

    Para se determinar a quantidade de lcool etl ico por cento em volume, em determinada temperatura, por meio da porcenta-gem em peso, devemos levar em conta a densidade da mistura e a do lcool puro e empregar a seguinte frmula:

    p X D

    X = quantidade de lcool em volume (mL) p = porcentagem em peso D = densidade da mistura hidroetanlica (a uma dada temperatura) d = densidade do lcool puro (a uma dada temperatura)

    Exemplo: Quer se saber o volume em mL de lcool etl ico absoluto necessrio para preparar uma mistura hidroalcolica a 70% em peso de etanol (lcool 70% p/v).

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Devemos considerar a temperatura de 25C. Densidade do lcool absoluto a 25C = 0,78506* Densidade da mistura a 25C = 0,86340*

    x_ 70,0,86340 ^X__769K=>X = 11% 0,78506

    Sero necessrios 770 mL de lcool absoluto + 230 mL de gua.

    E se partssemos do lcool a 96 GL, quanto teramos que util izar desta mistura a 25C?

    lcool a 96 GL = 960 mL de etanol em 1 l i tro da mistura lcool a 70% = contm 770 mL de etanol em 1 l i tro da mistura.

    Portanto: 770x1000

    v = - 802 mLdo alcool a 96 GL(+agua qsp 1000 mL). 960

    * valores obtidos na tabela alcoomtrica na pgina 35

    34

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Tabela 4 - Tabela alcoomtr ica

    C2H5OH (%p/p) 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73

    D = 1 4" 0,91238

    0,94042 0,93842 0,93639 0,93433 0,93226 0,93017 0,92806 0,92593 0,92379 0,92162 0,91913 0,91723 0,91502 0,91279 0,91055 0,90831 0,90607 0,90381 0,90154 0,89927 0,89698 0,89468 0,89237 0,89006 0,88774 0,88541 0,88308 0,88074 0,87839 0,87602 0,87365 0,87127 0,86888

    D=15 4 0,93882

    0,93682 0,93478 0,93271 0,93062 0,92852 0,92640 0,92126 0,92211 0,91995 0,91776 0,91555 0,91333 0,91110 0,90885 0,90659 0,90433 0,90207 0,89980 0,89752 0,89523 0,89293 0,89062 0,88830 0,88597 0,88364 0,88130 0,87895 0,87660 0,87424 0,87187 0,86949 0,86710 0,86470

    D=2 4" 0,93518

    0,93314 0,93107 0,92897 0,92685 0,92172 0,92172 0,92041 0,91823 0,91604 0,91384 0,91160 0,90936 0,90711 0,90485 0,90258 0,90031 0,89803 0,89574 0,89344 0,89113 0,88882 0,88650 0,88417 0,88183 0,87948 0,87713 0,87477 0,87241 0,87004 0,86766 0,86527 0,86287 0,86047

    D = 25 4

    0,93148 0,92040 0,92729 0,92516 0,92301 0,92085 0,92085 0,91649 0,91429 0,91208 0,90985 0,90760 0,90334 0,90307 0,90079 0,89850 0,89621 0,89392 0,89162 0,88931 0,88699 0,88466 0,88233 0,87998 0,87763 0,87527 0,87291 0,87054 0,86817 0,86479 0,86340 0,86100 0,85859 0,85618

    D = 3 0 4"

    0,92770 0,92580 0,92311 0,92128 0,91910 0,91692 0,91692 0,91250 0,91028 0,90805 0,90580 0,90353 0,90125 0,89896 0,89667 0,89137 0,89206 0,88975 0,88744 0,88312 0,88278 0,88044 0,87809 0,87574 0,87337 0,87100 0,86863 0,86625 0,86387 0,61480 0,85908 0,85667 0,85426 0,85184

    35

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Continuao Tabeia 4

    C2H5OH (%P/P) 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100

    D = 1 0 4

    0,86648 0,86408 0,86168 0,85927 0,85685 0,85442 0,98197 0,81930 0,84702 0,81153 0,81203 0,83951 0,83697 0,83441 0,83181 0,81919 0,82634 0,82386 0,82114 0,81839 0,81561 0,81278 0,80991 0,80698 0,80399 0,80094 0,79784

    D = 15 4"

    0,86229 0,85988 0,85747 0,85505 0,85262 0,85018 0,84772 0,84525 0,84277 0,84028 0,83777 0,83525 0,83721 0,83014 0,82754 0.82492 0,82227 0,81939 0,81668 0,81413 0,81134 0,80352 0,80566 0,80274 0,79975 0,79670 0,79360

    D = 2 0 4"

    0,85806 0,85564 0,85322 0,85079 0,84835 0,84590 0,81311 0,84096 0,84348 0,83599 0,83318 0,83035 0,82810 0,82583 0,82323 0,82062 0,81797 0,81529 0,81257 0,80983 0,80705 0,80424 0,80138 0,79846 0,79347 0,79213 0,78934

    D = 2 5 4"

    0,85376 0,85134 0,84891 0,84647 0,84403 0,84158 0,83911 0,83664 0,83415 0,83161 0,82913 0,82660 0,82103 0,82143 0,81888 0,81626 0,81362 0,81094 0,80823 0,80349 0,80272 0,79991 0,79706 0,79415 0,79117 0,78814 0,78506

    D = 3 0 4"

    0,81941 0,84698 0,84455 0,84211 0,83966 0,83720 0,83473 0,83224 0,82974 0,82724 0,82473 0,82220 0,84965 0,81708 0,81418 0,81186 0,80922 0,80655 0,80834 0,80111 0,79835 0,79555 0,79271 0,78981 0,78634 0,78382 0,78075

    36

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    F - Viscosidade A viscosidade dos lquidos pode ser determinada pela medida

    do tempo de escoamento dos mesmos, sob determinadas condies. Em igualdade de condies os lquidos mais viscosos escoam-se mais lentamente. A viscosidade de uma substncia funo de sua estru-tura molecular. muito importante a temperatura do teste, pois esta interfere diretamente na viscosidade.

    Cada lquido pode ser caracterizado por um determinado coeficiente de viscosidade.

    Unidade de coeficiente de viscosidade: poise. Coeficiente de viscosidade da gua a 20C: 1 centipoise

    (1 centipoise = 0,01 poise).

    Tabela 5: Viscosidade em centipoise de alguns liquidos a 25C.

    Substncia

    ter etlico Acetona Clorofrmio Agua Glicerina

    Viscosidade em centipoise (cp) 0,22 cp 0,32 cp 0,54 cp 0,89 cp 954x104cp

    H processos absolutos e relativos para a medida da viscosi-dade. A viscosidade absoluta medida por viscosmetros como o de Brookfield, atravs da velocidade de rotao de eixos metlicos imersos no lquido.

    A determinao da viscosidade relativa de mais fcil exe-cuo (tempo de escoamento relacionando-o a outro lquido de vis-cosidade conhecida, geralmente a gua).

    Viscosidade relativa de lquido (n) r\ = k. t. d t = tempo de escoamento da amostra d = densidade da amostra k = constante a uma dada temperatura

    37

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Clculo de k

    k = x d(gua), a uma dada temperatura. t(gua)

    Tabela 6: Viscosidade da gua em diversas temperaturas

    c 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

    T,(cP) 1,140 1,110 1,082 1,055 1,029 1,004 0,980 0,957 0,936 0,915 0,895

    Nota: A viscosidade reiativa pode ser medida no copo de Ford", assegurando o enchimento total do mesmo tanto para gua como para a amostra na mesma temperatura. Observaqo: a viscosidade da matria-prima pode interferir na viscosidade do produto finat.

    G - Determinao do ndice de refrao 0 ndice de refrao uma constante fsica, freqentemente

    usada na determinao da identidade e da pureza de frmacos e produtos alimentcios. Pode ser usado para determinar quantitati-vamente a pureza das solues ou as propores que certos lquidos so misturados: por exemplo, a porcentagem de acar no xarope e a porcentagem de lcool na gua. 0 ndice de refrao uma ca-racterstica de muitas substncias tais como gorduras, leos graxos, ceras, acares, solventes orgnicos e leos essenciais.

    A determinao do ndice de refrao realizada no refra-tmetro tipo Abb"'' e pelo refratmetro manual.

    38

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Tabela 7: ndice de Refrao

    Substncia gua destilada Acetona Clorofrmio Etanol(18C) Eugenol Fitonadiona (25 C) Glicerina Salicilato de metila Trietanolamina (40C)

    Indice 1,3330 1,3589 1,4476 1,3624 1,5400- 1,5420 1,5230- 1,5252 1,4729 1,5350- 1,5380 1,4537- 1,4585

    Descrio Passo 1: Verificar a temperatura do liquido padro (gua destilada). Passo 2: Colocar gua destilada entre os prismas e aferir em 1,3330 pois o ndice de refrao da gua a 20C 1,3330. Passo 3: Determinar o erro inicial mediante deslocamento da crema-Iheira at obter campo constitudo de metades iguais, mas desi-gualmente iluminadas, isto , uma clara e outra escura. Passo 4: lluminar o prisma com luz solar ou eltrica de modo a ter campo bem claro. Colocar duas a trs gotas do lquido problema na face do prisma mantido horizontalmente e determinar o ndice de refrao.

    Correo: o aparelho est calibrado para 20C. O erro de aproxi-madamente 0,4% para cada 5 graus de temperatura (a ser subtraido se a temperatura for inferior a 20C; somando se a temperatura for superior a 20C).

    H - Determinao da umidade na matria prima Quando a porcentagem de umidade na matria-prima slida

    no for especificada na monografia permitido um mximo de 1%, exceto para certos produtos qumicos eflorescentes cujos limites de tolerncia so maiores.

    A determinao da umidade pode ser realizada em balana com dessecador infravermelho.

    O teor maior de umidade acima do especificado, demonstra deteriorao ou m conservao das matrias-primas.

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  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    I - Teste da peneira (granulometria) Certas matrias-primas como o talco, o dixido de t i tnio, o

    xido de zinco e os f itoterpicos so utizados na forma de p e necessitam ser homogneos. A presena de partculas maiores que o especificado iro interfer ir na aparncia e na performance do pro-duto, bem como, ocasionar diferenas no enchimento das cpsulas (ex.: f i toterpicos). Para realizao deste teste, empregam-se tami-ses de malhas definidas.

    J - Classificao dos ps P grosso: aquele cujas partculas em sua total idade, passam pelo tamis com abertura de 2mm (tamis n 10) e, no mximo 40% pelo tamis com abertura nominal de malhas de 0,355mm (tamis n 44). P moderadamente grosso: aqueles cujas partculas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,71 Omm, (tamis n 22) e, no mximo 40% pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,250mm (tamis n 60). P semi-fino: aquele cujas partculas passam em sua totalidade pelo tamis de abertura nominal de malha de 0,355mm (tamis n 44) e no mximo 40% pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,180mm (tamis n 85). P fino: aquele cujas partculas passam em sua total idade pelo ta-mis com abertura nominal de malha de 0,180mm (tamis n 85). P finssimo: aquele cujas partculas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha de 0,125mm (tamis n 120).

    Descrio: Para ps grossos, moderadamente grossos e semi-finos Passo 1: Utilizar amostras de 25 a 100 gramas de p. Passo 2: Colocar a amostra sobre o tamis de malha selecionada. Passo 3: Agitar o tamis em movimentos horizontais rotativos e vert i -cais, sobre um recipiente para coleta (durante cerca de 20 minu-tos). Passo 4: Pesar cuidadosamente o p recolhido e a frao remanes-cente sobre o tamis.

    Obs.: Para ps finos e muito finos, proceder como descrito acima, porm util izando amostras de 25 gramas.

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    L - Determinao de resduo pela incinerao (cinzas) - drogas vegetais

    A determinao de cinzas totais destina-se a estabelecer a quantidade de substncia residual no-voltil no processo de incine-rao especificado. As cinzas totais, incluem as derivadas de tecido vegetal (cinzas fisiolgicas) e de materiais estranhos, como areia e terra (cinzas no-fisiolgicas).

    Descrio Exemplo de procedimento geral normalmente empregado: Passo 1: Calcinar previamente cadinho de porcelana em mufla a 450C por 30 minutos. Passo 2: Resfriar no dessecador. Passo 3: Tarar o cadinho (P1). Passo 4: Pesar exatamente 3 g da droga (P2). Passo 5: Distribuir o material uniformemente no cadinho. Passo 6: Colocar o cadinho inclinado sobre um suporte e iniciar a combusto com chama pequena do bordo superior ao fundo do cadi-nho, aumentando o aquecimento gradativamente. Passo 7: Aps completa combusto (ausncia de fumaa), calcinar em mufla a 450C por duas horas (eliminao tota l do carvo). Passo 8: Resfriar o cadinho em dessecador e pesar (P3).

    Nota: caso o carvo no tenha sido eliminado, resfriar o cadinho, adicionar ao residuo 2 mL de gua destilada ou soluqo saturada de nitrato de amnio (oxidante). evaporar em banho-maria at secura, calcinar em mufla a 450C at peso constante.

    Ciculos

    Exemplo P1 = cadinho = 45,0000 gramas P2 = cadinho + droga = 48,0000 gramas P3 = cadinho + cinzas = 45,3000 gramas P1 - P2 = droga (total de amostra) = 3,0000 gramas P1 - P3 = cinzas = 0,3000 gramas

    Clculo percentual 3,0000 gramas da droga 0,3000 gramas de cinzas 100 gramas da droga X X = 10%decinzas

    Nota: o procedimento para determinao de cinzas pode variar conforme a droga a ser anati-sada, devendo ser consultada a monografia farmacopica especifica.

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    M - Pesquisa de matria orgnica estranha (drogas vegetais) Amostras de 25g a 500g da droga bem misturada, distenda-a

    em camada delgada, separe a matria orgnica estranha mo o mais completamente possvel, pese-a calcule a sua porcentagem na droga examinada.

    N - Microscopia 0 exame microscpico, em numerosos casos, t i l na anlise

    de produtos farmacuticos. Com uso do microscpico caracteriza-mos e diferenciamos frmacos de origem vegetal, animal ou mesmo sintticos. Com o recurso qumico (algumas gotas de iodo deci-normal), podemos saber se a amostra pura ou adulterada com substncias amilceas. Podemos observar adulteraes comuns co-mo glucomanan com gelatina, clhorella com spirullina, vitamina C revestida com vitamina C injetvel e etc.

    0 - Ponto de fuso 0 ponto de fuso de uma substncia ou frmaco definido

    como a temperatura onde ocorre a passagem do estado slido ao estado lquido por influncia do calor. regida por duas leis que so:

    1a Lei: toda substncia quimicamente pura entra em fuso a uma temperatura determinada.

    2a Lei: durante a fuso a temperatura permanece constante. Na prtica, utilizamos o intervalo de fuso que o intervalo

    de temperatura onde ocorre a fuso do frmaco, isto porque os f-macos no apresentam um grau de pureza absoluto de 100%. Desta forma, a Organizao Mundial da Sade (OMS) estabelece uma vari-ao de +/-4C da temperatura indicada para fuso, j a United States Pharmacopea (USP24) indica que o ponto de fuso deve ser expresso como a mdia entre a temperatura inicial (quando h for-mao de pequenas goticulas) e a f inal (completa formao de go-tas lmpidas e transparentes) de fuso. Este critrio tambm ado-tado pela Farmacopia Brasileira.

    A adio de um segundo componente a um composto puro, resultando em uma mistura, produz em geral um ponto de fuso inferior ao composto puro. 0 grau de reduo do ponto de fuso, tambm est relacionado com o ponto de fuso propriamente dito. Os compostos com ponto de fuso baixo so mais influenciados que

    42

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    os compostos com ponto de fuso alto aps a adio de um segundo componente (isto , os compostos com baixo ponto de fuso sofrem reduo mais acentuada no ponto de fuso do que aqueles cujo pon-to de fuso alto).

    Sem dvida nenhuma, o ponto de fuso uma ferramenta importante para identificao de um frmaco bem como seu grau de pureza. Contudo, para alguns frmacos surge um outro conceito: o comportamento de fuso que observado para aqueles frmacos que quando so aquecidos, sofrem decomposio. Assim, o ponto de fuso observado no verdadeiro mas, sim uma temperatura onde existe uma mistura do frmaco ntegro e produtos de degradao. Um exemplo importante o pantoprazol que se decompe em torno de 190C.

    Tabela 8: Ponto de Fuso de alguns frmacos

    Frmaco cido mefenmico AlprazolaiV

    Carnitina (L) (DL)

    Cloridrato de amilorida

    Cloridrato de dietilpropiona Cloridrato de fluoxetina Cloridrato de Hidroxizina Finasterida Hidroclorotiazida Maleato de Enalapril Nimodipina* Pantoprazol sdico Pentoxifilina Prednisolona Sulfassalazina

    Ponto de Fuso (UC) 230 - 231 (efervescente) 228,0 228,5 (ponto de fuso misto. No deve desviar mais que 2C) DL:195-197c/dec/D:210-212 com de-comp. L: 197-198 c/decomposio Anidro: 293 - 295 Dehidratado: 285 - 288 c/decomp. 168 com decomposio 158,4 - 158,9 200 com decomposio Cerca de 257 273 275 143 a 145 125 Decompe acima de 130 (190) 103 a 107 Decompe a 240 - 241 Decompe em 240 - 245

    Nota: ' Frmacos que apresentam o fenmeno de polimorfismo: Prednisolona, cido mefen-mico, fosfato sdico de dexametasona, nimodipina, alprazolan, etc. Veja na seo Anexo tabela com outros frmacos e seus respectivos pontos de fuso.

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    3. Obteno do teor dos frmacos

    3.1 Conceitos em Qumica Analtica

    Utiliza-se com freqncia, a palavra "concentrao" como um termo geral que se refere a uma quantidade da substncia num volume definido de soluo. Segundo as regras IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), na anlise titrimtrica quan-titativa, usam-se solues-padres nas quais a unidade bsica da quantidade empregada o mol. Entretanto, em anlise farmacuti-ca, a concentrao da maioria das solues-padres dada em normalidade. Discutiremos esses termos detalhadamente a seguir.

    3 .1 .1 . Molaridade Segundo a IUPAC, mol " a quantidade de substncia que

    contm tantas unidades elementares quantos so os tomos em 0,012 kg de carbono 12. A unidade elementar deve ser especificada e pode ser um tomo, uma molcula, um on, um radical, um el-tron ou outra partcula ou grupo especificado destas partculas".

    Por isso, algumas solues-padres so expressas em concen-traes molares ou molaridade (M). Estas solues so definidas em termos do nmero de moles do soluto dissolvidos em 1 litro da solu-o, assim, em qualquer soluo:

    , , , . , . _ _ moles do soluto Molandadc(M) = -volumeda soluoem litros

    Como o conceito de "mol" se refere a uma quantidade de substncia com referncia massa especificada de carbono 12, possvel expressar a massa molecular relativa (que a base do mol) de qualquer substncia, pelas somas das massas atmicas relativas dos seus elementos constitutivos. Por exemplo: cido sulfrico (H2S04):

    44

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    Tabela 9: Elemento X Massa Atmica relativa

    Elemento Hidrognio Enxofre Oxignio Massa molecular relativa

    Massa atmica relativa 1,0079X2 = 2,0158 32,06 X 1 = 32,06 15,9994X4 = 63,9986 98,0744

    Da, uma soluo molar de cido sulfrico conter 98,074 g de cido sulfrico em 1 litro de soluo ou 49,037 gramas em 500 ml_ da soluo.

    Exemplo 1: Preparo de 500 mL de cido sulfrico 0,25 M. Dados sobre o cido sulfrico P.A.: Peso molecular: 98,0 / Densidade: 1,84 / Pureza: 96,0%

    Resoluo: Soluo 1M: 98,Og de H2S04 em I.OOOmL Para uma soluo 0,25M teremos: 98 / 4 = 24,5g de H2S04 A concentrao do cido sulfrico : 96,Og de H2S04 em 100g de soluo 12,25 x = 1276g de soluo Usando densidade: d=m/v ou v=m/d teremos v=12,76g/1,84 = 6,9mL Tomar 6,9mL de H2S04 a 96% e diluir para 500mL com gua destila-da.

    3.1.2. Normalidade: Embora as concentraes molares sejam as oficialmente a-

    ceitas, nas anlises farmacuticas comum utilizar conceitos que se chamam "pesos equivalentes" e "normalidade". Nas reaes de neutralizao, o conceito de peso equivalente (ou equivalente-bgrama) relativamente direto, mas nas titulaes de oxirreduo exige-se o conhecimento do que se conhece como "nmero de oxi-dao" das substncias envolvidas na reao.

    A IUPAC define como equivalente-grama "a quantidade da substncia que em determinada reao, combina-se com a quanti-dade de hidrognio (ou liberta ou substitui essa quantidade) que se combina com 3 gramas de carbono 12 no metano (CH4)".

    Da, segue que uma soluo normal uma soluo que tem um equivalente da espcie por litro, de acordo com uma reao 45

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    particular. A vantagem maior do sistema de equivalentes de que os clculos na anlise titrimtrica so muito simples, pois no ponto finat, o nmero de equivalentes da substncia titulada igual ao nmero de equivalentes da soluo-padro empregada. Podemos escrever:

    Normatidade = nmero de equivalentes-grama um litro da soluo

    3.1.3. Clculo dos equivalentes-grama

    A. Para cidos e bases: divide-se o peso molecular pela quantidade de prtons (ou hidroxilas) ionizveis presentes. Se o cido mono-prtico, o equivalente-grama corresponde ao mol; se for um cido diprtico ou triprtico, o equivalente-grama corresponde, respecti-vamente, metade ou tera parte do mol.

    B. Para reaes de oxirreduo: corresponde ao peso molecular di-vidido pela quantidade de eltrons disponveis para participar da reao.

    C. Para formao de complexos e reaes de precipitao: o peso molecular dividido pela carga do ction ou nion que participa da reao.

    Exemplo 1: Preparo de 500 ml_ de cido sulfrico 0,25 N. Dados sobre o cido sulfrico P.A.: Peso molecular: 98,0 Densidade: 1,84 Pureza: 96,0% Resoluo: Para uma soluo 1N de H2S04 temos Equivalente-grama = 98,0/2 = 49g, portanto 49g de H2S04 e diluir para LOOOmL. Assim, para 0,25N, teremos: 49/4 = 12,5g/2 = 6,125g de H2S04 A concentrao do cido sulfrico 96,Og de H2S04 em 100g de soluo 6,125 de H2S04 x = 6,4g de soluo Usando densidade v=m/d v=6,4/1,84 = 3,5 mL Tomar 3,5mL de H2S04 a 96% e diluir para 500mL.

    46

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.1.4. Padres primrios e padres secundrios Na titrimetria alguns reagentes so adotados em concentra-

    es definidas como solues de referncia. Essas substncias so conhecidas como padres primrios e padres secundrios.

    Um padro primrio um composto com pureza suficiente para permitir a preparao de uma soluo padro, mediante a pe-sagem direta da quantidade da substncia, seguida pela diluio at um volume definido da soluo. A soluo que se obtm uma solu-o padro primria.

    Um padro primrio deve atender s seguintes condies: Deve ser fcil de obter, de purificar, de secar (preferivel-

    mente a 110-120C) e de preservar em estado puro. A substncia deve permanecer inalterada ao ar, durante a

    pesagem; no deve ser higroscpica, no pode oxidar-se ao ar e nem ser afetada pelo dixido de carbono. Durante a es-tocagem, a composio do padro deve permanecer invari-vel.

    0 total de impurezas no deve exceder, em geral, de0,01 a 0,02%.

    0 padro deve ter uma massa molecular relativa elevada, a fim de que os erros de pesagem possam ser desprezveis.

    A substncia deve ser facilmente solvel nas condies em que ser empregada.

    A reao com a soluo padro deve ser estequiomtrica e praticamente instantnea. 0 erro de titulao deve ser des-prezvel ou fcil de determinar exatamente por mtodo ex-perimental.

    Na prtica, difcil obter um padro primrio ideal. Em mui-tas tcnicas farmacopicas de aferio de solues, os m-todos preconizam a utilizao de uma quantidade de padro primrio que reaja com cerca de 20 ml_ da soluo a ser pa-dronizada (aproximadamente 80% da capacidade total de uma bureta de 25 mL).

    Algumas das substncias empregadas mais comumente como padres primrios esto descritas a seguir:

    reaes cido base: carbonato de sdio (Na2CC>3), tetrabora-to dc sdio (Na,B,0,). biftalato de potssio ou hidrogenofta-lato de potssio (KHC8H404), cido benzico (C6H5COOH).

    reaes de formaco de compiexos: nitrato de prata (Ag-

    47

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    N03), cloreto de sdio (NaCl) e alguns outros sais utilizados em reaes especficas.

    reaes de precipitao: nitrato de prata, cloreto de sdio, cloreto de potssio e brometo de potssio.

    reaes de oxirreduo: dicromato de potssio (K2Cr207), bromato de potssio (KBr03), iodato de potssio (KI03), oxa-lato de sdio (Na2C204), trixido de arsnio (As203)

    Um padro secundrio uma substncia que pode ser usada nas padronizaes cujo teor de substncia ativa foi determinado pela comparao contra um padro primrio. Segue da que uma soluo padro secundria uma soluo na qual 0 soluto dissolvido no foi determinado pela pesagem do composto dissolvido, mas pela reao de um volume da soluo contra um volume conhecido de uma soluo padro primria.

    3.2. Volumetria de neutralizao

    3.2.1. Preparo de fenolftaleina Sl: Dissolva 100 mg de fenolftalena em lcool et l ico suficiente

    para obter 100 mL de soluo.

    3.2 .2 . Preparo de hidrxido de sdio 0,1 N: Pese cerca de 4 gramas de hidrxido de sdio R e dissolva

    cuidadosamente em cerca de 100 mL de gua isenta de dixido de carbono, resfriando sob gua corrente se necessrio. Complete o voiume a 1000 mL com gua isenta de dixido de carbono.

    3.2 .3 . Aferio (padronizao) de hidrxido de sdio 0,1 N: Pese exatamente cerca de 400 mg de biftalato de potssio

    padro primrio, previamente tr i turado e dessecado a 100-105C por duas horas. Dissolva em cerca de 50 mL de gua e t i tule com a solu-o de hidrxido de sdio 0,1 N, utilizando fenolftalena Sl como indicador. Cada mL de hidrxido de sdio 0,1 N corresponde a 20,42 mg biftalato de potssio. Calcuie 0 fator de correo atravs da frmula:

    massa de padro pnmrio correao = :

    fator de anlise X volume gasto na titulao 48

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.2.4. Doseamento de cido gliclico: Pese exatamente cerca de 2 mL de cido gliclico, dilua com

    cerca de 50 mL de gua e titule com hidrxido de sdio 1 N SV, uti-lizando fenolftalena Sl como indicador. Cada mL de hidrxido de sdio 1 N corresponde a 76,05 mg de C2H4O3.

    3.2.5. Doseamento de furosemida: Dissolva cerca de 250 mg de furosemida em 20 mL de dime-

    tilformamida R. Titule com hidrxido de sdio 0,1 N SV, utilizando 0,2 mL de azul de bromotimol Sl como indicador. Faa uma prova em branco. Cada mL de hidrxido de sdio 0,1 N SV corresponde a 33,07 mg de dzHnClNjO^S.

    3.2.6. Doseamento de alendronato de sdio: Pese exatamente cerca de 600 mg da amostra, adicione cer-

    ca de 100 mL de gua e deixe sob agitao mecnica por 10 minu-tos. Adicione 3 a 5 gotas de fenolftalena Sl e titule com hidrxido de sdio 0,1 N SV at viragem do incolor para rosa. Cada mL de hi-drxido de sdio 0,1 N corresponde a 32,51 mg de C4H12NNa07P2.3H20.

    3.3 . Volumetria de oxireduo

    3 .3 .1 . Preparao de ferroina Sl (ortofenantrolina ferrosa Sl):

    Dissolva 1,48 g de cristais lmpidos de sulfato ferroso R em 100 mL de gua. Dissolva 150 mg de ortofenantrolina em 10 mL da soluo de sulfato ferroso. A soluo de sulfato ferroso deve ser preparada imediatamente antes da solubilizao da ortofenantroli-na. Guarde em recipientes bem fechados.

    3.3.2. Preparao de sulfato crico 0,1 N: Dissolvem-se 34 g de sulfato crico em 500 mL de gua con-

    tendo 28 mL de cido sulfrico concentrado, por aquecimento. Aps resfriamento, dilui-se com gua e completa-se o volume a 1000 mL.

    3.3.3. Padronizao de sulfato crico 0,1 N: Dissotva cerca de 130 mg de oxalato de sdio, previamente

    dessecado a 110C at peso constante e dissolva em 50 mL de gua. Adicione 7 mL de cido sulfrico R e aquea a 70C. Titule lenta-

    49

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    mente com a soluo de sulfato crico, sob agitao constante, at que se produza colorao amarela persistente por 15 segundos. A temperatura ao final da titulao no deve ser inferior a 60C. Cada mL de sulfato crico 0,1 N corresponde a 6,7 mg de oxalato de s-dio. Calcule o fator de correo atravs da frmula:

    massa de padro primrio correao =

    fator de anlise X volume gasto na titulao

    3.3.4. Preparao de difenilamina Sl: Dissolva 1,0 g de difenilamina R em 100 mL de cido sulfri-

    co. A soluo deve ser incolor.

    3.3.5. Doseamento de acetato de vitamina E: Pese exatamente cerca de 250 mg da amostra, transfira para

    balo de fundo redondo de 150 mL, acoplado a um condensador de refluxo, com auxilio de vrias pores de lcool absoluto, totalizan-do 25 mL. Adicione 20 mL de cido sulfrico 5 N em lcool e ferva sob refluxo, ao abrigo da luz, por 3 horas. Resfrie, transfira para um balo volumtrico de 100 mL e complete o volume com lcool abso-luto. Transfira 25,0 mL dessa soluo hidrolisada para um frasco erlenmeyer de 250 mL, adicione 20 mL de cido sulfrico a 12% v/v em lcool absoluto, 20 mL de gua e duas gotas de difenilamina Sl. Titule com sulfato crico 0,01 N SV, agitando continuamente, at o aparecimento de colorao azul estvel por pelo menos 10 segun-dos. Faa um branco para as correes necessrias. Cada mL de sulfato crico 0,01 N SV, corresponde a 2,364 mg de C31H5203.

    3.3.6. Doseamento de nifedipina: Dissolva exatamente cerca de 0,1300g em uma mistura de 25

    mL de lcool t-butlico e 25 mL de cido perclrico R. Titule com sulfato crico amoniacal 0,1 M utilizando 0,1 mL de ortofenantrolina ferrosa Sl como indicador at que a colorao rsea desaparea. Titule vagarosamente ao se aproximar o ponto final da titulao. Faa uma prova em branco. Cada mL de sulfato crico amoniacal 0,1, M corresponde a 17,32 mg de C17H18N206.

    50

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.3.7. Doseamento de hidroquinona: Dissolva cerca de 250 mg de hidroquinona, exatamente pesa-

    dos, em uma mistura de 100 mL de gua e 10 mL de cido sulfrico 0,1 N, adicione 3 gotas de difenilamina Sl e titule com sulfato crico 0,1 N SV at se obter uma coVorao vermelho-violeta. Faa uma prova em branco para as correes necessrias. Cada mL de sulfato crico 0,1 N, corresponde a 5,506 mg de C6H602.

    3.3.8. Preparao do lodato de potssio 0,1 N: Dissolva 3,567g de iodato de potssio, previamente desseca-

    do a 110C a peso constante, em gua para se obter 1000 mL.

    3.3.9. AmidoSI: Triture 1 g de amido R em 10 mL de gua fria e despeje len-

    tamente, sob agitao constante, em 200 mL de gua fervente. Fer-va a mistura at obter um fluido translcido e pouco denso (fervura mais prolongada que a necessria torna a soluo menos sensvel). Deixe sedimentar e use somente o liquido sobrenadante lmpido. Prepare soluo nova no dia do uso.

    3.3.10. Doseamento de captopril: Dissolver cerca de 300 mg de captopril, exatamente pesados,

    em 100 mL de gua, em frasco com rolha esmerilhada. Adicionar 10 mL de cido sulfrico 3,6 N, 1 g de iodeto de potssio e 2 mL de amido Sl. Titular com iodato de potssio 0,1 N, at viragem para azul, persistente por pelo menos 30 segundos. Faa uma prova em branco. Cada mL de iodato de potssio 0,1 N eqivale a 21,73 mg de captopril.

    3.4. Titulao Potenciomtrica

    Em 1906, Srensem apresentou o mtodo potenciomtrico (eletrodo hidrognio-platina) e definiu o conceito de pH. A idia do eletrodo de vidro foi desenvolvida na dcada de 20.

    Os mtodos titrimtricos caracterizam-se pelo fato de nas imediaes do ponto de equivalncia, ter lugar a modificaes brus-cas de concentraes dos ons que esto sendo determinados, seja devido formao de compostos pouco ionzados (gua, precipita-dos ou complexos) ou ainda devido a reaes de oxireduo. A de-51

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    terminao potenciomtrica do ponto f inal baseada no uso de eletrodos indicadores capazes de acusar as variaes de concentra-o no curso das titulaes. 0 ponto final acusado pela variao brusca do potencial do eletrodo indicador sendo que a escolha do mesmo est condicionada natureza da reao.

    A potenciometria um mtodo eletromtrico que consiste na determinao do potencial eltr ico entre dois eletrodos, o indi-cador e o de referncia, os quais se encontram mergulhados na so-luo. Nas titulaes potenciomtricas suficiente determinar a mudana de potencial em relao quantidade de soluo t i tu lante que foi acrescentada.

    3 .4 .1 . Vantagens da t i tulao potenciomtr ica a grande sensibilidade do mtodo permite a sua aplicao a

    solues muito diludas, desde que a exatido do potenci-metro utilizado seja de + 1 mV;

    solues turvas ou coradas podem ser tituladas sem proble-mas de visualizao do ponto de equivalncia;

    diminuio de interferncias, pois no se uti l iza indicador; possvel t i tular mistura de componentes muitas vezes, fa-

    zendo determinaes sucessivas dos mesmos.

    3.4.2. Doseamento de cloridrato de ranit idina: Dissolva exatamente cerca de 280 mg de cloridrato de ranit i -

    dina em gua. Titule com hidrxido de sdio 0,1 N. Determine o ponto de equivalncia potenciometricamente. Cada mL de hidrxido de sdio 0,1 N, corresponde a 35,09 mg de C13H23CIN4O3S.

    3.4.3. Doseamento de tr iac: Dissolva exatamente 0,6g de triac em etanol. Ti tule com hi-

    drxido de potssio alcolico 0,1 N, determinando o ponto de equi-valncia potenciometricamente. Cada mL de hidrxido de potssio aicolico 0,1N corresponde a 62,194 mg de C14H9I3O4.

    3.5. Doseamento em meio no aquoso(anidrovolumetria)

    3.5.1. Introduo: Substncias que so bases muito fracas ou cidos muito fra-

    cos para um ponto de equivalncia ntido em soluo aquosa, po-

    52

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    dem ser tituladas, muitas vezes, em solventes no aquosos. No caso de bases, a titulao em meio aquoso s possvel quando sua basi-cidade corresponde a pelo menos um pkB = 6 (dissociao 10"6). Po-rm, se a base mais fraca, haver uma hidrlise do sal formado impedindo a titulao. No entanto, frmacos com estas caractersti-cas podem ser doseados em meio no aquoso, sendo o cido actico glacial o solvente mais utilizado na metodologia em meio no aquo-so.

    3 .5 .2 . Natureza do solvente: 0 solvente desempenha um papel muito importante na de-

    terminao do carter cido-bsico de uma substncia, uma vez que prov o meio necessrio para que ressalte um ou outro carter. As-sim, a intensidade com que o soluto reage com o solvente est na estreita dependncia da fora dos dois.

    3.5 .3 . Tipos de solventes

    A.Aprticos: tm baixa constante dieltrica e so quimicamente inertes. Exemplos: acetona, acetonitri la, benzeno, clorobenzeno, clorofr-mio, dicloroetileno, tetracloreto de carbono, hidrocarbonetos alif-ticos, 2-butanona, dioxano, isopropilcetona.

    B. Protoflicos: tm alta constante dieltrica so de carter bsico e reagem com cidos para formar prtons solvatados, tm efeito nive-lador sobre os cidos. Exemplos: amnia, anilina hidrazina, hidroxilamina, piridina, n-butilamida, tr ieti lamina, dimetilformamida, morfolina, etilenodia-mina.

    C. Protognicos: tm alta constante dieltrica e so substncias cidas; exercem efeito nivelador sobre as bases. Exemplos: cido sulfrico, cido fluordrico, cido actico glacial, cido propinico, cido frmico, cido clordrico, anidrido actico, cloreto de sulfonila.

    D. Anfiprticos: apresentam alta constante dieltrica e tm propri-edades protofilicas e protognicas. Exemplos: gua, cido actico glacial e lcoois (metanol, etanol e propanol).

    53

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.5.4. Preparo do cristal violeta Sl: DissolvalOO mg de cristal violeta R em 100 mL de cido ac-

    tico glacial

    3.5.5. Preparo de naftolbenzeina Sl: Dissolva 250 mg de r-naftolbenzena em 100 mL de cido a-

    ctico glacial.

    3.5.6. Preparo da soluo de cido perclrico 0,1 N em ci-do actico glacial:

    Transferir, quantitativamente, 8,5 mL de cido perclrico R para balo volumtrico de 1000 mL e adicionar sob agitao, 200 a 300 mL de cido actico glacial. Juntar 20 mL de anidrido actico. Completar o volume com cido actico glacial. Transferir para fras-co escuro e deixar em repouso por 24 horas para completar a rea-o.

    Exemplo: preparo de 500 mL de cido perclrico 0,1 N Dados sobre o cido perclrico P.A.: Peso molecular: 100,5 Densidade: 1,67 Pureza: 70%

    3.5.7. Padronizao do cido perclrico 0,1 N: Pesar exatamente cerca de 200 mg de biftalato de potssio,

    previamente dessecado a 110C por duas horas, dissolver em 50 mL de cido actico glacial. Resfriar se necessrio. Titular com a solu-o de cido perclrico, utilizando cristal violeta actico Sl como indicador. Faa uma prova em branco para as correes necessrias (pode ocorrer uma reao entre o titulante e a umidade atmosfrica e com o indicador). Cada mL de cido actico glacial corresponde a 20,42 mg de biftalato de potssio. Calcule o fator de correo atra-vs da frmula:

    _ , massa dc padro primrio Fatordc correao=

    fatordcanliscX(voIumcgastonatitulao-voIumegastocombranco)

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    3.5.8. Preparao do acetato mercrico SR: Dissolva 6,0 g de acetato mercrico R em quantidade sufici-

    ente de cido actico glacial para obter 100 mL de soluo. Acondi-cionar em frascos hermticos protegidos da luz solar direta.

    3.5.9. Doseamento do cloridrato de anfepramona: Dissolva 0,400 g, exatamente pesados, em 50 mL de cido

    actico glacial, adicione 15 mL de acetato mercrico SR e titule com cido perclrico 0,1 N SV, utilizando 1-naftolbenzena Sl como indicador. Cada mL de cido perclrico 0,1 N, corresponde a 24,18 mg de C13H19N03.HCl.

    3.5.10. Doseamento do cloridrato de femproporex: Pese exatamente cerca de 400 mg da amostra, dissolva em

    50 mL de cido actico glacial, adicione 5 mL de acetato mercrico SR, uma gota de cristal violeta Sl e titule com cido perclrico 0,1 N SV. Cada mL de cido perclrico 0,1 N, corresponde a 22,47 mg de C12H16N2.HCl.

    3.5 .11. Preparo de azul do Nilo Sl: Dissolva 100 mg de azul do Nilo em cido actico glacial sufi-

    ciente para obter 100 mL de soluo.

    3.5.12. Doseamento do diazepam: Dissolva exatamente cerca de 0,500 g de diazepam em 50 mL

    de anidrido actico R. Titule com cido perclrico 0,1 N utilizando azul do Nilo Sl como indicador at que se obtenha uma colorao verde-amarelada. Cada mL de cido perclrico 0,1 N, corresponde a 28,47 mg de C16H13CIN20.

    3.6. Anidrovolumetria + Potenciometria No processo de anidrovolumetria o ponto final determinado po-tenciometricamente. Dessa forma constitui-se uma poderosa ferra-menta para anlise de frmacos e medicamentos. 3.6 .1 . Doseamento de bromazepam:

    Dissolva 250 mg de bromazepam em 20 mL de cido actico anidro R. Junte 50 mL de anidrido actico R. Titule com cido per-clrico 0,1 N determinando o ponto final potenciometricamente. Cada mL de cido perclrico 0,1 N corresponde a 31,62 mg de C14H10BrN3O.

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    3.6.2. Doseamento de aciclovir: Dissolva 0,150 g em 60 mL de cido actico glacial. Titule

    com cido perclrico 0,1 N SV, determinando o ponto final poten-ciometricamente. Faa uma prova em branco. Cada mL de cido perclrico 0,1 N SV corresponde a 22,52 de CsHnNsCh.

    3.6.3. Doseamento de etiladrianol: Dissolva 0,150 g da amostra, exatamente pesados, em uma

    mistura de 20 mL de cido actico glacial e 50 mL de anidrido ac-tico. Titule com cido perclrico 0,1 N SV, determinando o ponto final potenciometricamente. Cada mL de cido perclrico 0,1 N SV corresponde a 21,77 g de C10H16ClNO2.

    3.6.4. Doseamento de diclofenaco sdico: Dissolva 0,250g em 30 mL de cido actico glacial. Titule

    com cido perclrico 0,1 N SV, determinando o ponto final poten-ciometricamente. Cada mL de cido perclrico 0,1 N SV corresponde a 31,81 mg de C14H10Cl2NNaO2.

    3.7. Espectrofotometria na regio do ultravioleta-visvel (UV-Vis)

    Espectrofotometria ou espectroscopia de absoro molecular um dos mtodos mais utilizados no mundo em laboratrios qumi-cos e clnicos. Em anlise farmacutica amplamente usado para identificao (anlise qualitativa) e doseamento (anlise quantitati-va) de frmacos e medicamentos.

    Todos os mtodos espectrofotomtricos so baseados na in-terao de uma substncia qumica com energia radiante. Os tipos de energia radiante de maior aplicao so ultravioleta (190 a 380 nm), visvel (380 a 780 nm) e infra-vermelho prximo (2.500 a 16.000 nm ou 600 a 4.000 cm"1). Na maioria dos casos, o efeito des-ta interao a absoro de energia pela substncia (frmaco) que est sendo analisada.

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    3 .7 .1 . Vantagens e Desvantagens da Espectrofotometria na Regio do Ultravioleta-Visvel

    A principal vantagem da espectrofotometria na anlise de frmacos a sensibilidade. Como por exemplo, nos mtodos volu-mtricos a concentrao ideal do frmaco a ser analisado deve estar em torno de 0,1 mg/mL ou superior. Por outro lado, nos mtodos espectrofotomtricos facilmente trabalhamos em concentraes da ordem de 0,01mg/mL (10mg/mL) e alguns at mesmo 0,001 mg/mL (1mg/mL) o que siginifica uma sensibilidade 10 a 100 vezes superi-or. importante citar que concentraes desta ordem so seme-Ihantes quelas encontradas para frmacos nos fluidos orgnicos, (sangue e urina) o que permite que este mtodo de anlise possa ser utilizado inclusive em ensaios de biodisponibilidade.

    Outra grande vantagem a convenincia e uma segurana razovel do mtodo. Se conduzidas de forma correta e cautelosa, as anlises so facilmente executadas, rpidas, de baixo custo e segu-ras, e se tornam ainda mais eficientes quando utilizamos equipa-mentos automatizados que podem realizar mais de uma anlise de uma s vez.

    Por outro lado algumas desvantagens devem ser menciona-das. A primeira e com certeza a mais importante a falta de espe-cificidade. Esta metodologia analtica baseada na quantidade de energia absorvida por uma substncia em um comprimento de onda especfico. Assim, torna-se muito difcil em anlise farmacutica distinguir entre dois ou mais frmacos ou mesmo impurezas, tais como produtos de degradao ou intermedirios sintticos, que pos-sam estar interagindo com a mesma energia radiante.

    Tambm devemos mencionar que o simples fato de uma substncia apresentar uma absoro na regio do ultra-violeta ou visvel, no significa que possamos utilizar este mtodo para quanti-ficar um frmaco, seja enquanto matria prima ou como produto acabado. O que queremos dizer em sntese, que algumas substn-cias no seguem a lei de Lambert-Beer e consequentemente, no podemos determinar a concentrao de uma determinada soluo. So causas deste efeito: disperso da luz, fluorescncia, reflexes mltiplas e solues concentradas (acima de 0,01 M).

    Por ltimo, uma desvantagem da espectrofotometria o uso de padres de referncia. Infelizmente no Brasil, nem sempre dis-pomos de substncias de referncia. Mas mesmo a nvel intemacio-nal h uma dependncia dos padres produzidos pela United States Pharmacopeia (USP). A ttulo de esclarecimento, a Organizao

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    Mundial de Saude (OMS), em 1992, dispunha de aproximadamente 147 substncias qumicas de referncia.

    3.7.2. Conceitos Fundamentais em Espectrofotometria

    A. Energia radiante: aquela cuja propagao e transporte se efe-tua como um movimento ondulatrio sem transferncia da matria. Geralmente o termo usado para definir a radiao eletromagnti-ca.

    Em espectrofotometria utilizam-se certas grandezas, assim definidas:

    A.1. absorbncia (A) ou absorvncia (qrafia adotada na F.Bras.lV): antigamente era chamada densidade tica e extino; o logaritmo do inverso da transmitncia.

    A = l o g -

    A.2. transmitncia (T): significa a relao entre o fluxo de radiao transmitido pela substncia-problema e o fluxo de radiao inciden-te. Na prtica, utiliza-se esse valor expresso em porcentagem.

    A.3. absortividade (a): refere-se ao quociente da diviso da absor-vncia (A) pelo produto da concentrao da substncia (c) e a es-pessura atravessada (b).

    a = A

    = bc

    onde b expresso em centmetros e c expresso em gramas/litro

    A.4. absortividade molar (&'): anteriormente chamada ndice de ab-sorvncia molar e coeficiente de extino molar, significa o quoci-ente da diviso da absorvncia (A) pelo produto da concentrao da substncia (c) e a espessura atravessada (b). tambm o produto da absortividade (a) pelo peso molecular da substncia.

    8~-A

    - bc

    b, expresso em centmetros e c, expresso em moles/litro

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  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.7.3. Lei de Lambert e Beer De forma direta e simplificada, podemos dizer que os princ-

    pios de Lambert (1729) nos informam que a absorbncia (A) linear e diretamente proporcional ao caminho percorrido pela energia ra-diante (A = ab), ou seja, espessura da cubeta (b) utilizada no ex-perimento (normalmente 1cm). Por outro lado, os princpios de Beer (1852) determina que a absorbncia (A) diretamente proporcional concentrao da substncia (frmaco) em soluo (A = C).

    Assim, quando combinamos os dois princpios temos a Lei de Lambert-Beer onde a absorbncia (A) diretamente proporcional ao caminho percorrido (b) e concentrao da substncia em soluo, desta forma temos: A = a . b . C a = constante de proporcionalidade; b = espessura da cubeta em cm C = concentrao da substncia em soluo.

    Curva de Calibrao Atenolol

    (Metanol -X = 272nm- Analista Responsvel: Ricardo -11/10/2000)

    o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 20 40 60 83 100 120 140 160 180 200

    Concenlrao (iig/mL)

    59

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    3.7.4. Equipamentos Utilizados em Espectrofotometria A figura a seguir representa de forma simplificada os compo-

    nentes de um espectrofotmetro. Os principais componentes so: fonte de energia que constituda de uma lmpada de deutrio (190-370 nm) e uma lmpada de tungstnio (350-750 nm); o mono-cromador que individualiza o espectro de energia, sendo o de mais alta energia no comprimento de onda mais alto; o compartimento onde se coloca a amostra (ou as amostras); o detector que conti-tudo de um fotomultiplicador que registra a energia sob a forma de um sinal eltrico; o amplificador que amplifica o sinal para uma voltagem suficientemente maior para ser registrada e o registrador que traduz o sinal eltrico a um parmetro matemtico compreens-vel.

    No mercado temos dois tipos de equipamentos: a) o mono-feixe que avalia primeiro a cubeta contendo a amostra e posterio-mente a cubeta contendo o padro ou vice-versa; b) o duplo feixe, constitudo de dois sistemas de espelhos que permitem a avaliao concomitante de amostra e padro.

    Esquema simplificado dos componentes de um espectrofotmetro

    y-i o\ 11:

    r A , +Y1 TST?

    MONOCKOMADOR AMOSTKA

    -HMj-DETECTOR AMPI.IFICADOR

    ^D REGISTRADOR

    3.7.5. Doseamento espectrofotomtrico nas regies visivel e ultravioleta

    Korolkovas menciona que a espectrofotometria nas zonas vi-svel e ultravioleta usada, principalmente, para identificao de compostos qumicos orgnicos, exemplificando que esse mtodo tambm amplamente utilizado para doseamento de frmacos como por exemplo, na USP XX (1980), dos 900 frmacos inscritos, 151 so assim doseados por esta metodologia.

    Este doseamento, como citatado acima, fundamenta-se no fato de a absortividade de um composto qumico ser constante, de-pendente da intensidade da radiao incidente, do comprimento

    60

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    interior da cubeta e da concentrao da soluo, podendo-se ento determinar espectrofotometricamente a concentrao. Por outro lado, a absortividade depende dos seguintes fatores: estrutura mo-lecular, solvente, temperatura e comprimento da radiao.

    Doseamento na regio ultravioleta: Na prtica, o fundamento deste mtodo consiste em compa-

    rar a absorvncia produzida pela soluo da amostra com a absor-vncia de uma soluo da substncia padro de referncia, no com-primento de onda de absoro mxima (geralmente mais de 235 nm) e depois, o mais rapidamente possvel, nas mesmas condies expe-rimentais, a do frmaco analisado, de acordo com a frmula abaixo. Quando se devem usar comprimentos de onda no intervalo de 190 a 210 nm, devem ser tomadas precaues especiais, tais como: usar cubetas que sejam transparentes nesta regio, purg-las com nitro-gnio e empregar solventes prprios para espectrofotometria.

    Ca = conc. amostra (pg/mL) Cp = conc. padro (ng/mL)

    A - Doseamento de acetato de dexametasona: Dissolva exatamente cerca de 100 mg da amostra de acetato de dexametasona em lcool R e dilua a 100,0 mL com o mesmo solven-te . Dilua 2,0 mL dessa soluo a 100,0 mL com lcool R. Concomi-tantemente, prepare uma soluo-padro de forma semelhante ut i -lizando acetato de dexametasona SQR. Mea as absorvncias da so-luo-amostra e da soluo-padro em torno de 233,5 nm. Calcule o teor de C24H31F06 na amostra pesada. Calcule o teor em C24H31F06 tomando 357 como valor de absorvncia especfica.

    B - Doseamento de hidroclorotiazida: Dissolva 50 mg da amostra de hidroclorotiazida em 10 mL de hidr-xido de sdio 0,1 N e dilua a 100,0 mL com gua. Dilua 2,0 mL dessa soluo a 100,0 mL com hidrxido de sdio 0,01 N. Prepare conco-mitantemente, uma soluo-padro util izando hidroclorotiazida SQR, de forma semelhante. Mea as absorvncias da soluo-amostra e da soluo-padro em torno de 273 nm. Calcule o teor de C7H8CIN304S2.

    61

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    C - Doseamento de carbamazepina: Dissolva 0,1000 g em metanol R e dilua a 100,0 mL com o mesmo solvente, dilua 5,0 mL dessa soluo a 50,0 mL com metanol R. Di-lua 5,0 mL da lt ima soluo a 50,0 mL com metanol R. Mea a ab-sorvncia em 285 nm. Calcule o contedo de C15H12N20, consideran-do a absorvncia especfica igual a 490.

    Doseamento na regio do visvel: 0 mtodo o mesmo que o descrito para a regio do ultravi-

    oleta, com as modificaes que forem necessrias. Os comprimen-tos de ondas observados no devem diferir em mais de 5 nm dos especificados na monografia.

    62

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    4. Controle da Qualidade de Produto Acabado no Setor Magistral: Formas Farmacuticas Slidas de Uso Oral

    Sabendo que podemos partir de uma matria prima com grau farmacutico adequado, vamos avaliar a produo do produto mani-pulado sendo que, reiteramos que trataremos da Forma Farmacuti-ca Cpsulas.

    0 processo magistral, como qualquer processo farmacotc-nico, realizado em vrias etapas: solicitao da matria prima e excipientes, pesagem, mistura e homogeneizao, encapsulao e rotulagem. Neste caminho, muitos erros podem ocorrer, sendo que a funo do profissional farmacutico e de toda equipe tcnica da farmcia de manipulao minimizar ao mximo, a possibilidade de erro. 0 primeiro passo para isto definir o que erro: segundo o dicionrio Aurlio, erro pode ser definido como "desvio do bom ca-minho". Mas, o que erro farmacutico? Qual o desvio do caminho aceito para um produto farmacutico?

    Para responder a estas perguntas, vamos discutir brevemente alguns pontos importantes: quando preparamos um medicamento, a quantidade de frmaco contida na preparao farmacutica pode variar em geral de 90% a 110% do valor rotulado (VR), ou seja, o erro farmacutico pode ser quantificado e da ordem de 10%. Ou-tro parmetro importante, diz respeito uniformidade de contedo, ou seja, a variao da quantidade de frmaco em cada unidade da-quela preparao farmacutica. Por exemplo, suponhamos nova-mente o enalapril que produzimos 60 cpsulas: qual a variao per-mitida na primeira cpsula, na dcima cpsula, na vgsima, etc. Segundo as farmacopias esta variao pode ser de 85% a 115% do valor rotulado, ou seja, novamente o erro farmacutico existe e da ordem de 15% no mximo. Um erro da ordem de 15% relativa-mente grande para alguns setores. Podemos imaginar, por exemplo, uma bateria de celular com uma variao de 15%? Simplesmente no falaramos no celular. Ou um cabo de computador com variao de 15%? No haveria conexo. Mas para medicamento isto aceit-vel, pois entre outros pontos, estamos trabalhando para um meio biolgico vivo. Assim, podemos observar que possvel tratar as possibilidades de erro, evit-las e mesmo corrigi-las e, desta forma produzirmos um medicamento com qualidade adequada.

    Neste momento, chegamos a uma pergunta crucial: o que fa-

    63

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    zer e como fazer a qualidade na farmcia de manipulao? A respos-ta simples: Boas Prticas de Manipulao Farmacutica. Este o grande desafio, pois atravs da BPMF, podemos criar parmetros para execuo do processo magistral, prever e corrigir erros, medir farmacopicamente o nosso erro e consequentemente, fornecer um medicamento seguro que venha contribuir com o paciente.

    Para explicar a importncia do termo BPMF, vamos util izar como exemplo, o processo de manipulao de cpsulas de enalapri l : Passo 1: solicitar a matria prima ao setor de armazenamento: ape-sar de ser pouco freqente, a troca de matrias primas, bem como sua rotulagem inadequada um dos fatores que conduzem a no conformidades em produtos magistrais; Passo 2: pesar o enalapril e os excipientes necessrios para manipu-lao de um determinado nmero de cpsulas: pesagem inadequa-da, falta de calibrao de balanas, fal ta de ateno, m f do pro-fissional, etc. . . so responsveis por uma parcela considervel de no conformidades, refletindo diretamente no menor teor de fr-maco ou mesmo excesso de frmaco na formulao. A pesagem as-sume maior importncia quanto menor for a dose do frmaco, ou seja, pesar amoxicilina para preparar cpsulas de 500 mg em ter-mos farmacotcnicos, completamente diferente de pesar digoxina 125 mg ou 0,125 mg. Outro importante ponto a pesagem de uma quantidade superior do frmaco como medida de segurana, por exemplo, 5% acima um procedimento inadequado que ref lete in-segurana tcnica e causa maior custo operacional, alm de poder gerar dosagens superiores s especificadas; Passo 3: misturar, homogeneizar e encapsular: aqui reside a maior possibilidade de erro. Quando misturamos dois slidos distintos es-tamos fazendo uma soluo slido-slido. Se no misturarmos ade-quadamente, no teremos uma soluo slida homognea e, aps encapsular, teremos um problema grave nas mos: a falta de uni-formidade de contedo. Ou seja, apesar de termos 15% de possibili-dade de errar, podemos estar errando mais ainda. Este fato torna-se primordial para frmacos de baixa dosagem (abaixo de 50 mg por unidade) e mais ainda nos frmacos de baixa dosagem e baixo ndice teraputico, onde a dose teraputica prxima da dose txica. So exemplos, digoxina e clonidina, dentre outros.

    Para que possamos ter um processo magistral adequado fun-damental a aplicao do Controle da Qualidade. Como demonstrado acima, esta ferramenta foi e indispensvel para termos uma ma-

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  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    tria prima adequada. Agora, importante aplic-la cada vez mais para consolidarmos a qualidade do produto manipulado e, assim, brevemente teremos o conhecimento necessrio para implantar a Validao do Processo Magistral.

    4 .1 . Mtodos Fsicos e Fsico-qumicos Aplicveis ao Controle da Qualidade de Formas Farmacuticas Sli-das

    Alguns testes fsicos e fsico-quimicos so especficos de for-mas farmacuticas, outros aplicam-se a vrios tipos de materiais, como por exemplo: produtos alimenticios, produtos quimicos, com-bustveis, lubrificantes e etc. Merecem destaque para medicamen-tos, os seguintes:

    variao de peso e peso mdio umidade ou perda por dessecao uniformidade de doses unitrias variao ou uniformidade de peso uniformidade de contedo friabilidade desintegrao dissoluo

    4.2. Identificao

    0 frmaco deve ser identificado por mtodos fsico-qumicos ou quimicos, sendo que as metodologias principais so reaes qu-micas em tubo de ensaio as reaes colorimtricas, cromatografia em camada delgada e as espectrofotometrias no ultravioleta ou infravermelho alm da cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE ou HPLC). Abaixo esto alguns exemplos.

    4 . 2 . 1 . Cpsulas de Betametasona: Para uma quantidade do p que contenha aproximadamente

    5 mg do frmaco adicione uma gota de formaldeido/cido sulfrico. Produz uma colorao alaranjada. Aquea em banho-maria por um minuto; a cor muda para marrom. Este teste tambm se aplica no creme de valerato de betametasona. Citado no livro " Basic Tests 65

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    for Pharmaceutical Dosage Forms" da Organizao Mundial da Sade (OMS):

    4.2.2. Identificao de carbamazepina (em cpsulas): 0 p retirado das cpsulas apresenta uma intensa fluores-

    cncia azul sob luz ultravioleta (365nm). A seguir o espectro na re-gio do ultra-violeta da carbamazepina.

    4.2.3. Identificao de amitriptilina: Teste de cloretos: Responde ao testes de identificao de

    cloretos soluo exame, acidificada com cido ntrico, adicione nitrato de prata SR, forma-se um precipitado caseinoso branco, in-solvel em excesso de cido ntrico, mas solvel em excesso de hi-drxido de amnio 6 N.

    4.2.4. Identificao da digoxina: Suspenda cerca de 0,5 mg em 0,2 mL de lcool (60% v/v). A-

    dicione 0,1 mL de cido dinitrobenzico SR e 0,1 mL de hidrxido de sdio SR: desenvolve-se colorao violeta.

    66

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    4.3. Variao de peso e peso mdio

    Este teste tem por objetivo verificar se as unidades de um mesmo lote apresentam uniformidade de peso e aplica-se a formas farmacuticas slidas, como por exemplo: cpsulas, comprimidos, drgeas, granulados, ps e etc.

    4.3.1. Metodologia: Pese individualmente 20 unidades, retiradas ao acaso, do

    mesmo lote e determine a massa mdia. No mais do que 2 das 20 unidades podero diferir da massa mdia encontrada em percenta-gem superior tabela a seguir indicada e nenhum caso poder a diferena exceder o dobro dessa porcentagem, acima ou abaixo.

    No caso de cpsulas proceda do seguinte modo:

    Cpsulas - Pese uma cpsula cheia. Sem perder quaisquer fragmen-tos do invlucro, lave a cpsula e extraia o seu contedo to com-plemente quanto possvel. No caso de cpsulas de invlucro mole, lave este com ter R ou com outro solvente apropriado e deixe-o exposto ao ar livre at desaparecimento do cheiro do solvente. Pese o invlucro e calcule a massa do contedo por diferena. Repita a operao em mais 19 cpsulas.

    Procedimento suqerido para o setor maqistral - pese 20 cpsulas vazias e faa a mdia dividindo o somatrio do peso das 20 cpsulas por 20 para encontrar o peso mdio das cpsulas vazias (PMCV). Proceda o encapsulamento e posteriormente pese as cpsulas cheias uma a uma, subtraia de cada uma o PMCV, encontrando para cada cpsula o contedo em p. Faa o peso mdio atravs do somatrio de todos os pesos, dividido por 20.

    67

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    Tabela 9: Parmetros de Peso Mdio

    FORMAS FARMACUTICAS Comprimidos comuns, Comprimidos sub-linguais, Comprimidos efervescentes, Comprimidos vaginais e Pastilhas

    Comprimidos revestidos

    Cpsulas duras e moles

    Supositrios e vulos

    Cremes, pomadas, ps e granulados

    Ps estreis e liofilizados

    PESO MDIO

    At 80,0mg Entre 80,0 a 250,Omg acima de 250,0 mg

    At 25,0mg Entre25,0e 150,0mg Entre 150,0e 300,0 mg Acima de 300,0 mg

    At 300,0 mg Acima de 300,0 mg

    Todos os pesos

    At 60,0 g Entre60,0ge 150,0 g

    Abaixo de 40,0 g Acima de 40,0 g

    LIMITE DE VARIAO

    10,0% 7 , 5 % 5 , 0 %

    15,0% 1 0 , 0 % 7 , 5 % 5,0 %

    10,0% 7,5 %

    5,0 %

    10,0% 5,0 %

    15,0% 10,0%

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    4.3.2. Exemplos da importncia do peso mdio

    Tabela 10: Cpsulas de Digoxina 0,25 mg - Peso Mdio

    Cpsula + P (mg) P (mg) 273,90 275,50 277,10 277,50 281,80 282,90 284,10 285,80 296,30 300,60 302.00 305,80 312,50 314,40 315,90 316,50 325,90 333,60 336,70 339,20 Peso Mdio Cpsula Vazia (mdia)

    211,90 213,50 215,10 215,50 2.19,80 220,90 222,10 223,80 234,30 238,60 240,00 243,80 250,50 252,40 253,90 254,50 263,90 271,60 274,70 277,20 239,90 62,00

    Ao observar os dados acima, podemos concluir que o peso mnimo que uma cpsula pode apresentar 215,91 mg, ou seja, 239,90 mg menos 23,99 que 10% do peso mdio. Podemos notar que temos 04 cpsulas (211,90; 213,50; 215,10 e 215,50) abaixo do peso mnimo. Por outro lado, o peso mximo que uma cpsula pode apresentar 263,89 mg ou seja 239,90 somado a 23,99 que 10% do peso mdio. Novamente podemos observar que temos 03 cpsulas acima do peso mximo (271,60; 274,70 e 277,20). Como a especifi-cao "no mais do que 2 das 20 unidades, podero diferir da massa mdia encontrada em percentagem superior a 10%" este medicamento apresenta uma no conformidade para peso mdio.

    69

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Contudo, se tomarmos 06 (seis) dados, observamos que este mesmo produto pode apresentar conformidade. Assim, este exemplo reflete a importncia de realizarmos o ensaio de peso mdio, se-gundo as monografias farmacopicas.

    Tabela 1 1 : Cpsulas de Digoxina 0,25mg - Peso Mdio

    Cpsula + P (mg) 300,60 302,00 305,80 312,50 314,40 315,90 Peso Mdio Cpsula Vazia

    P (mg) 238,60 240,00 243,80 250,50 252,40 253,90 246,53 62,00

    Assim, como podemos concluir util izando o exemplo acima, o simples uso do peso mdio, no conduz a um retrato real do proces-so de manipulao magistral. Desta forma, preciso aprofundar em algumas ferramentas estatsticas, tais como Desvio Padro e Coefi-ciente de Variao. Antes contudo, faremos uma breve discusso sobre alguns conceitos estatsticos.

    4.4. Limites de variao e Validao de Processos

    No exempio anterior, estudamos o Peso Mdio ou Mdia a-ritmtica que de uma forma geral pode ser definida, como o tota l das observaes dividido pelo nmero de observaes. Contudo, apesar de ser a mais usada, pode resultar em falseamento do resul-tado f inal .

    y X 1 + X 2 + X 3 + ... + Xn X=

    n

    Para evitarmos ta l falseamento importante conhecer e a-plicar os conceitos de Desvio Padro e Coeficiente de Variaco. Se-gundo LEITE, a inteno ao se medir o desvio buscar uma quanti-dade que mea a amplitude de variao em torno da mdia, de um

    70

  • Capitulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    conjunto de medidas. Considerando os dois conjuntos de medidas mencionadas pelo mesmo autor como exemplo 1:

    4,

    l-

    5,

    4,

    6,

    6,

    7,

    8,

    8

    10

    A mdia de cada conjunto igual a 6. Contudo, a amplitude dos valores do segundo conjunto o dobro da amplitude do primei-ro. Nesse caso, pode-se concluir que o segundo conjunto de medidas varia duas vezes mais que o primeiro. Outros exemplos so os dados abaixo discutidos no "Remington: The Science and Practice of Pharmacy" Vol 1, pg 97 que poderemos adotar como peso mdio de duas formulaes:

    Formulao 1

    201 204 200 203 202 207 209 206 207 Peso Mdio = 204,33

    Formulao 2

    151 154 150 153 202 257 259 256 257

    PesoMdio = 204,33

    Assim, o peso mdio sozinho tem pouco valor. Devemos por-tanto medir a variao e a extenso dos desvios em relao m-dia, trabalhamos ento com o Desvio Padro.

    V w - 1 Se observarmos os mesmos dados citados no exemplo 1 e aplicarmos o conceito de Desvio Padro observaremos que o primeiro conjunto varia s, = 1,58 enquanto s2 = 3,16. A Formuao 1 varia Si = 3,08 enquanto a Formulao 2 s2 = 52,65.

    71

  • Captulo 2 - Controle da Qualidade da Farmcia Magistral

    Outro conceito importante em estatstica o Coeficiente de variao (CV), tambm chamado de estimativa do Desvio Padro Relativo. Este indicador muito utilizado para expressar a relao percentual da estimativa do desvio padro com a mdia dos valores obtidos (LEITE):

    C. V. = 4x100% X

    Podemos exemplificar com os dados abaixo:

    Tabela 12 - Cpsulas de Digoxina 0,25 mg - Anlise Estatstica

    273,90 275,50 277,10 333,60 336,70 339,20 Mdia D. Pad. C. Var. Cp. Vaz.

    211,90 213,50 215,10 271,60 274,70 277,20 244,00 33,47 13,72% 62,00

    273,90 275,50 277,10 277,50 281,80 282,90 315,90 316,50 325,90 333,60 336,70 339,20 Mdia D. Pad. C. Var. Cp. Vaz.

    211,90 213,50 215,10 215,50 219,80 220,90 253,90 254,50 263,90 271,60 274,70 277,20 241,04 27,02 11,21% 62,00

    273,90 275,50 277,10 277,50 281,80 282,90 284,10 285,80 296,30 300,60 302,00 305,80 312,50 314,40 315,90 316,50 325,90 333,60 336,70 339,20 Mdia D. Pad. C. Var. Cp. Vaz.

    211,90 213,50 215,10 215,50 219,80 220,90 222,10 223,80 234,30 238,60 240,00 243