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1 2 Coríntios 2.511 Paulo nesta perícope explica sua perspectiva sobre as experiências positivas e desencorajadoras de seu ministério recente. Ele faz isso para deixar os Coríntios cientes de como ele se sentia sobre eles e assim incentivandoos a adotar a mesma atitude para com o ministério 1 . Particularmente evidente aqui é a sensibilidade de Paulo como um pastor: 1. Evita nomear o culpado (vs. 58); 2. Reconhece que a disciplina cristã não é simplesmente retributiva, mas corretiva (vs. 67); 3. Entende os sentimentos e necessidades emocionais do pecador arrependido (vs. 68); 4. Apela à sua própria conduta como um exemplo para os Coríntios seguirem (vs. 10); 5. Está ciente da ação de Satanás causando divisão na comunidade cristã (vs. 11). 5 Eij dev ti" leluvphken, ti;" lupevw Conj. Sub. Cond. Conj. Co. Adv. Pron. Indef. Nom. MS 3 a S Perf. Ind. At. Se mas alguém (ele) tem entristecido A forma condicional introduzida por eij (se) aponta para um caso real de ofensa que realmente aconteceu e trousse tristeza a Paulo e como ele mesmo diz abaixo a parte da comunidade. oujk ejmev leluvphken, ajlla; ajpov mevrou", ouj ejgwv lupevw mevro" Part. Neg. Pron. 1 a Ac. S 3 a S Perf. Ind. At. Conj. Co. Adv. Prep. Gen. Gen. NS não (apenas) à mim (ele) tem entristecido mas também desde até certo ponto (medida) em parte (parcialmente) i{na mh; ejpibarw', pavnta" uJma'". ejpibarevw pa'" uJmei'" Conj. Sub. Final Part. Neg. 1 a S Pres. Subj. At. Adj. Ac. MP Pron. 2 a Ac. P para que não (que)(eu) sobrecarregue todos vocês Grande parte dos comentaristas costumam relacionar este homem referido aqui ao homem que estava “vivendo com a mulher de seu pai”, mencionado em 1 Coríntios 5. Essa, apesar de ser uma possibilidade, a meu ver não é razoável, pelas seguintes razões: 1. Em nenhum lugar Paulo identificar especificamente essa pessoa no nosso texto com a pessoa mencionada em 1 Coríntios 5. Se as suas instruções fossem sobre aquele homem, por que Paulo simplesmente não diz isso? 2. As referências de Paulo a essa pessoa parecem ser deliberadamente vagas, como se ele não quisesse que a pessoa fosse identificada, a não ser para as pessoas da própria Igreja de Corinto. 3. Não teria nada de realmente relevante ao ensino de Paulo neste texto que uma identificação pessoal pudesse acrescentar. A Igreja de Corinto saberia a quem se referia e o que eles deveriam fazer. O restante dos leitores de Paulo não precisam saber desta informação, mas poderiam aprender um princípio importante quanto ao processo de disciplina e restauração ao ler esta carta. 4. Paulo fala da medida disciplinar a tomar contra o homem em 1 Coríntios 5, como se o resultado fosse a morte física. Os Coríntios poderiam muito bem já ter realizado o funeral deste homem. 5. Aparentemente, o pecado referido aqui não se refere a uma ação moral como a de 1 Coríntios 5, mas que a pessoa referida tenha cometido alguma ofensa direta contra Paulo, e a igreja de Corinto em obediência a Paulo o afastou da comunhão dos irmãos. 6. O que parece, dentro do contexto, é que esta ofensa contra Paulo ocorreu em sua segunda visita, a “visita dolorosa”, o que resultou na “carta severa”, que gerou tanto a obediência dos Corintos como no arrependimento do ofensor. 1 CONSTABLE, Thomas. In: https://lumina.bible.org/bible/2+Corinthians+2 2 DEFFINBAUGH, Robert L. Why Paul’s Absence Should Make the Corinthians’ Hearts Grow Fonder (2 Cor. 1:122:11). In:

2 Coríntios 2.5-11 - pibbarueri.org.brpibbarueri.org.br/arquivos/2-Corintios-2.5-11.pdf · !2" 7. No1caso1dohomem1de11Coríntios,1a1igreja1parece1ter1agido1um1poucotarde1demais1quanto1

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  1  

2  Coríntios  2.5-­‐11       Paulo   nesta   perícope   explica   sua   perspectiva   sobre   as   experiências   positivas   e   desencorajadoras   de  seu  ministério  recente.  Ele  faz  isso  para  deixar  os  Coríntios  cientes  de  como  ele  se  sentia  sobre  eles  e  assim  incentivando-­‐os  a  adotar  a  mesma  atitude  para  com  o  ministério1.     Particularmente  evidente  aqui  é  a  sensibilidade  de  Paulo  como  um  pastor:      

1. Evita  nomear  o  culpado  (vs.  5-­‐8);  2. Reconhece  que  a  disciplina  cristã  não  é  simplesmente  retributiva,  mas  corretiva  (vs.  6-­‐7);    3. Entende  os  sentimentos  e  necessidades  emocionais  do  pecador  arrependido  (vs.  6-­‐8);    4. Apela  à  sua  própria  conduta  como  um  exemplo  para  os  Coríntios  seguirem  (vs.  10);    5. Está  ciente  da  ação  de  Satanás  causando  divisão  na  comunidade  cristã  (vs.  11).  

 

5  

Eij dev ti" leluvphken, ti;" lupevw

Conj.  Sub.  Cond.     Conj.  Co.  Adv.   Pron.  Indef.  Nom.  MS   3a  S  Perf.  Ind.  At.  

Se   mas   alguém   (ele)  tem  entristecido  

 A   forma  condicional   introduzida  por  eij   (se)  aponta  para  um  caso  real  de  ofensa  que  realmente  aconteceu  e  trousse  tristeza  a  Paulo  e  como  ele  mesmo  diz  abaixo  a  parte  da  comunidade.  

 

oujk ejmev leluvphken, ajlla; ajpov

mevrou", ouj ejgwv lupevw mevro"

Part.  Neg.   Pron.  1a  Ac.  S   3a  S  Perf.  Ind.  At.   Conj.  Co.  Adv.   Prep.  Gen.   Gen.  NS  

não  (apenas)   à  mim   (ele)  tem  entristecido   mas  também  desde   até  certo  ponto  (medida)  

em  parte  (parcialmente)    

i{na mh; ejpibarw', pavnta" uJma'". ejpibarevw pa'" uJmei'"

Conj.  Sub.  Final   Part.  Neg.   1a  S  Pres.  Subj.  At.   Adj.  Ac.  MP   Pron.  2a  Ac.  P  

para  que   não   (que)  (eu)  sobrecarregue   todos   vocês       Grande   parte   dos   comentaristas   costumam   relacionar   este   homem   referido   aqui   ao   homem   que  estava   “vivendo   com   a   mulher   de   seu   pai”,   mencionado   em   1   Coríntios   5.   Essa,   apesar   de   ser   uma  possibilidade,  a  meu  ver  não  é  razoável,  pelas  seguintes  razões:    

1. Em   nenhum   lugar   Paulo   identificar   especificamente   essa   pessoa   no   nosso   texto   com   a  pessoa  mencionada   em  1  Coríntios   5.   Se   as   suas   instruções   fossem   sobre   aquele   homem,  por  que  Paulo  simplesmente  não  diz  isso?  

2. As  referências  de  Paulo  a  essa  pessoa  parecem  ser  deliberadamente  vagas,  como  se  ele  não  quisesse   que   a   pessoa   fosse   identificada,   a   não   ser   para   as   pessoas   da   própria   Igreja   de  Corinto.  

3. Não   teria   nada   de   realmente   relevante   ao   ensino   de   Paulo   neste   texto   que   uma  identificação  pessoal  pudesse  acrescentar.  A  Igreja  de  Corinto  saberia  a  quem  se  referia  e  o  que   eles   deveriam   fazer.   O   restante   dos   leitores   de   Paulo   não   precisam   saber   desta  informação,   mas   poderiam   aprender   um   princípio   importante   quanto   ao   processo   de  disciplina  e  restauração  ao  ler  esta  carta.  

4. Paulo   fala   da   medida   disciplinar   a   tomar   contra   o   homem   em   1   Coríntios   5,   como   se   o  resultado  fosse  a  morte  física.  Os  Coríntios  poderiam  muito  bem  já  ter  realizado  o  funeral  deste  homem.    

5. Aparentemente,   o   pecado   referido   aqui   não   se   refere   a   uma   ação   moral   como   a   de   1  Coríntios  5,  mas  que  a  pessoa  referida  tenha  cometido  alguma  ofensa  direta  contra  Paulo,  e  a  igreja  de  Corinto  em  obediência  a  Paulo  o  afastou  da  comunhão  dos  irmãos.    

6. O  que  parece,  dentro  do  contexto,  é  que  esta  ofensa  contra  Paulo  ocorreu  em  sua  segunda  visita,  a  “visita  dolorosa”,  o  que  resultou  na  “carta  severa”,  que  gerou  tanto  a  obediência  dos  Corintos  como  no  arrependimento  do  ofensor.  

                                                                                                               1  CONSTABLE,  Thomas.  In:  https://lumina.bible.org/bible/2+Corinthians+2    2  DEFFINBAUGH,  Robert  L.  Why  Paul’s  Absence  Should  Make  the  Corinthians’  Hearts  Grow  Fonder  (2  Cor.  1:12-­‐2:11).  In:    

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  2  

7. No  caso  do  homem  de  1  Coríntios,  a  igreja  parece  ter  agido  um  pouco  tarde  demais  quanto  à  disciplina.  No  caso  do  homem  de  2  Coríntios  2,  a  igreja  parece  ter   ido  longe  demais,  por  tempo  demais  quanto  à  disciplina.2  

 

6  

iJkano;n tw/' toiouvtw/ hJ ejpitimiva au{th hJ uJpo;

tw'n pleiovnwn, iJkanov" toiou'to" ejpitimiva ou|to" poluv"

Adj.  Nom.  NS   Pron.  Dem.  Dat.  MS   Nom.  FS   Pron.  Dem.  Nom.  FS   Nom.  FS   Prep.  Gen.   Adj.  Comp.  Gen.  MP  

suficiente   para  o  tal   a  punição   esta   a   por   da  maioria    

7  

w{ste tounantivon

ma'llon uJma'" carivsasqai

kai; parakalevsai,

ejnantivon uJmei'" carivzomai parakalevw Conj.  Sub.  Cons.   Ac.  NS   Adver.  Comp.   Pron.  2a  Ac.  P   1o  Aor.  Inf.  Med.   Conj.  Co.  Ad.   1o  Aor.  Inf.  At.  

de  forma  que   pelo  contrário   antes   vocês   perdoar  (-­‐lhe)   e   encorajar  (exortar)    

carivzomai   (charízomai)   –   Fazer   algo   confortável   ou   agradável   (a   alguém),   fazer   um   favor   a,   agradar,  mostrar-­‐se   generoso,   bom,   benevolente,   conceder   perdão,   perdoar,   dar   graciosamente,   dar   livremente,  entregar,  graciosamente  restaurar  alguém  a  outro,  cuidar  de  uma  pessoa  em  perigo  para  alguém.  

 

mhv pw"

th/' perissotevra/ luvph/ katapoqh'/ oJ toiou'to".

pwv" perissoterov" luvph katapivnw toiou'to" Part.  Neg.   Part.  Indef.   Dat.  FS   Adj.  Comp.  Dat.  FS   Dat.  FS   3a  S  1o  Aor.  Subj.  Pass.   Pron.  Dem.  Nom.  MS  

não   de  algum  modo   a   excessiva   tristeza   (que)  (ele)  seja  destruído   o  tal    

8  

dio; parakalw' uJma'" kurw'sai

eij" aujto;n ajgavphn:

parakalevw uJmei'" kurovw aujtov" ajgavph Conj.  Co.  Con.   1a  S  Pres.  Ind.  At.   Pron.  2a  Ac.  P   1o  Aor.  Inf.  At.   Prep.  Ac.   Pron.  3a  Ac.  MS   Ac.  FS  

Portanto   (eu)  peço   a  vocês   ratificar  (reafirmar)   para   ele   o  amor       O   pecado   de   uma   única   pessoa   pode,   e   de   certo   modo   até   deve,   causar   tristeza   em   toda   uma  comunidade  (1  Coríntios  12.20-­‐26).      

“...  quando  o  pecado  acontece  na    Igreja  é  a  tristeza  que  deve  reinar  em  nosso  coração.  E  isso  deve   mexer   com   as   pessoas   que   vivem   no   pecado.   Entristecer   uma   igreja,   deveria   causar  terror  em  nós.  Sermos  a  fonte,  a  razão,  da  tristeza  de  uma  Igreja,  deveria  causar  em  nós  um  profundo  desespero,  pânico  verdadeiro:   ‘Eu   sou  a   causa  da   tristeza  do  povo  de  Deus.   Jesus  Cristo  morreu  para  este  povo  ser  alegre,  Jesus  Cristo  deu  a  sua  vida  na  cruz  para  este  povo  ser  alegre,   e   eu   estou   destruindo   esta   alegria.   O   Senhor   se   fez   homem,   nasceu   numa  mangedoura,   andou   fazendo   o   bem,   foi   pregado   numa   cruz,   ressuscitou   dentre   os  mortos,  para   construir   no   coração   destas   pessoas   o   império   da   alegria   e   da   felicidade,   e   eu   sou   a  causa  da  destruição  desta  alegria,  com  meu  pecado’”3.  

    Mas,   o   que   parece   estar   acontecendo   em   Corinto,   que   aparentemente   é   algo   comum   à   toda  comunidade  cristã,    é  que  um  grupo,  uma  minoria,  provavelmente  parentes  e  amigos  do  ofensor,  ao  invés  de  ficarem  tristes  com  o  pecado,  defenderam  a  pessoa  e  sua  atitude  alvo  da  repreensão  de  Paulo,  lançando  um  duro  ataque  contra  Paulo.  Ao  mesmo  tempo,  a  maioria   inicialmente  ficou  paralisada,  sem  saber  o  que  fazer  e  não  tomou  partido  de  Paulo,  o  que  como  já  vimos  nos  versículos  anteriores  lhe  causou  muita  tristeza.    

O  silêncio  diante  do  mal  é  o  próprio  mal  Deus  não  vai  nos  tomar  por  inocentes  

não  falar  é  falar  não  agir  é  agir4  

 

                                                                                                               2  DEFFINBAUGH,  Robert  L.  Why  Paul’s  Absence  Should  Make  the  Corinthians’  Hearts  Grow  Fonder  (2  Cor.  1:12-­‐2:11).  In:       https://bible.org/seriespage/2-­‐why-­‐paul-­‐s-­‐absence-­‐should-­‐make-­‐corinthians-­‐hearts-­‐grow-­‐fonder-­‐2-­‐cor-­‐112-­‐211    3  GRANCONATO,  Marcos.  In:  http://www.igrejaredencao.org.br/audio/2corintios/2Co2_5-­‐11.mp3    4  Dietrich  Bonhoeffer.  

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  3  

  Depois  então,  da  carta  severa,  Paulo  aqui,  reconhecendo  que  “a  maioria”  (tw'n pleiovnwn)  tomou  uma  atitude  e  obedeceu  à  ele  como  seu  líder  espiritual,  e  puniu  o  causador  da  agressão,  o  que  gerou  tristeza  em  toda   a   comunidade,   e   aparentemente   levou   o   pecador   ao   arrependimento,   para   que   não   houvesse   uma  divisão  da  igreja,  pede  que  o  grupo  novamente  se  una  e  apoie  o  pecador  arrependido.    

 “Disciplina  eclesiástica…  é  uma  clara   implicação  do  amor  do  evangelho  centrado  em  Deus.  É  uma   amorosa   ferramenta   que   é   inevitável   em   um   mundo   onde   o   Reino   de   Cristo   foi  inaugurado,   mas   não   consumado.   Se   o   amor   de   Deus   fosse   centrado   no   homem,   então   a  disciplina  seria  cruel  –  e  para  aqueles  que  se  mantêm  convencidos  na  mentira  de  Satanás  sobre  Deus,  ela  sempre  soará  assim.  Entretanto,  por  buscar  uma  igreja  santa,  a  disciplina  eclesiástica  é  uma  recusa  de  chamar  o  profano  de  “santo”.  É  a  forma  de  se  retirar  uma  afirmação  para  que  o  autoengano  não  reine.  Em  um  radical  desafio  à  sabedoria  deste  mundo,  a  disciplina  clarifica  exatamente  o  que  o  amor  é”.5  

    Algumas  percepções  sobre  a  disciplina  na  igreja  podem  ser  destacadas  aqui:  

 1. O  pecado  sempre,  sem  exceção  deve  ser  motivo  de  tristeza  em  uma  comunidade  cristã.  2. A  punição  de  um  pecador  não  é  opção  para  uma  comunidade  cristã,  mas  dever.  Assim,  

como  o  amor  no  caso  de  arrependimento.  3. A  punição   do   pecado   nem   sempre   terá   o   apoio   de   toda   a   comunidade,  mas   isso   não  

deve  impedir  que  a  punição  aconteça.  4. Ainda   assim   a   punição   de   um   pecado   deve   ser   comunitária   (o   rompimento   do  

relacionamento  comunitário),  ainda  que  estejam  apenas  dois  ou  três  dispostos  a  punir  o  pecador  (Mateus  18.15-­‐20).  

5. A   punição   de   um   pecador   visa   exclusivamente   (e   sessa   completamente   com)   o  arrependimento,  não  sendo  nada  mais  necessário  a  ser  feito.  

    Ao  aceitar  o  ofensor,  depois  que  ele  se  arrependeu,  a  igreja  estaria  confirmando  o  perdão  do  Senhor  sobre  ele  (cf.  Mateus  16.19,  18.18;  Lucas  17.3;  João  20.23)  e  reafirmando  o  amor  da  comunidade,  e  de  Paulo  consequentemente,  à  ele.     A   Disciplina   na   Igreja   é   necessária   por   um   tempo   tão   longo   quanto   a   pessoa   persistir   pecando   em  rebelião   contra   Deus,  mas   uma   vez   que   houve   arrependimento,   a   restauração   deve   seguir   rapidamente.  Deixar  de  exercitar  a  disciplina  é  perigoso  para  toda  a  igreja  (1  Coríntios  5.6),  mas,  não  remover  a  disciplina  é  tão  perigoso  quanto  (2  Coríntios  2.5-­‐11).    

9  

eij" tou'to

ga;r kai; e[graya,

ou|to" gravfw Prep.  Ac.   Pron.  Dem.  Ac.  NS   Conj.  Co.  Exp.   Adver.   1a  S  1o  Aor.  Ind.  At.  

para   isto   pois   também   (eu)  escrevi    

i{na gnw' th;n dokimh;n uJmw'n,

ginwvskw dokimhv uJmei'" Conj.  Sub.  Final   1a  S  1o  Aor.  Subj.  At.   Ac.  FS   Pron.  2a  Gen.  P  

a  fim  de  que   (que)  (eu)  viesse  a  saber   a  prova  (o  caráter  aprovado)   de  vocês  

 Subjuntivo   expressando   propósito  com  Aoristo  ingressivo  

   

 

eij eij" pavnta uJphvkooi ejste. pa'" uJphvkoo" eijmiv

Conj.  Sub.  Cond.   Prep.  Ac.   Adj.  Ac.  NP   Adj.  Nom.  MP   2a  P  Pres.  Ind.  At.  

se   em   tudo   obedientes   (vós)  sois      

                                                                                                               5  LEEMAN,   Jonathan   A   Igreja   e   a   surpreendente   ofensa   do   amor   de   Deus:   Reintroduzindo   as   doutrinas   sobre   a   disciplina   e   a  membresia  da  Igreja.  São  José  dos  Campos,  SP:  Editora  Fiel,  2013.  

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  4  

10  

w|/ dev

ti carivzesqe, kagwv: o{" ti;" carivzomai kaiv  +  ejgwv

Pron.  Rel.  Dat.  MS   Conj.  Co.  Ad.   Pron.  Indef.  Ac.  NS   2a  P  Pres.  Ind.  Med.   Adver.  

àquilo  que   e   a  alguém   (vós)  perdoais   eu  também    

kai; gavr ejgw; o} kecavrismai, o}" carivzomai

Conj.  Co.  Ad.   Conj.  Co.  Exp.     Pron.  1a  Nom.  S   Pron.  Rel.  Ac.  NS   1a  S  Perf.  Ind.  Med.  

e   que   eu   aquilo  que   (eu)  tenho  perdoado  para  mim    

ei[ ti kecavrismai, ti;" carivzomai

Conj.  Sub.  Cond.   Pron.  Indef.  Ac.  NS   1a  S  Perf.  Ind.  Med.  

se   a  alguém   (eu)  tenho  perdoado  para  mim  “se  é  que  tenho  alguém  (ou  alguma  coisa)  a  ser  perdoado”  

 

dij uJma'" ejn

proswvpw/ Cristou', diav uJmei'" provswpon Cristov"

Prep.  Ac.   Pron.  2a  Ac.  P   Prep.  Dat.   Dat.  NS   Gen.  MS  

por  causa  de   vocês   em   a  face   de  Cristo  

  Paulo   aqui   se   antecipa   aos   seus   leitores,   ou   pelo   menos   um   grupo   deles,   tomando   a   iniciativa,   e  perdoa  o  agressor   (ou  pecador)  antes  mesmo  que  os  outros  cristãos  de  Corinto  o   fizesse.  Quando  Paulo  diz:   «se   é   que   há   algo   a   ser   perdoado»,   isso   provavelmente   pode   indicar,   que   a   pessoa   a   que   Paulo   se  refere  aqui  (tw/' toiouvtw/),  praticou  um  delito  de  questões  de  divergência  com  a  pessoa  de  Paulo,  um  delito  menos  grave,  o  que  é  a  mais  forte  evidência  de  que  o  crime  não  era  incesto  mencionado  em  1  Coríntios  5,  algo  que  o  próprio  Paulo  indica  sua  gravidade  tanto  mencionando  o  fato  de  ser  algo  que  nem  os  incrédulos  aceitavam,   quanto   a   dureza   da   punição.   De   qualquer   forma,   mesmo   mediante   esta   percepção   o  agressor/pecador  não  é  identificado,  nem  tão  pouco  a  agressão.  Talvez  essa  não  menção  seja  proposital,  e  aqui  Paulo  esteja  mostrando  o  padrão  de  conduta  cristã  em  termos  do  perdão  de  qualquer  ofensor.  

 «Alguém   pecou   contra   Paulo,   e   a   igreja   tomou  medidas   disciplinares   contra   essa   pessoa.   O  homem  se  arrependeu,  mas  a  igreja  não  o  perdoou,  nem  o  recebeu  de  volta  à  comunhão.  Paulo  agora  menciona  esta  situação  no  contexto  de  sua  ausência  prolongada  de  Corinto.  Eu  acredito  que  este  é  realmente  o  desejo  de  Paulo  de  perdoar  esse  homem  e  se  reconciliar  com  ele,  mas  em  primeiro   lugar   a   Igreja   deveria   reconhecer   o   seu   arrependimento   e   reverter   a   sua   acção  disciplinar.  Se  Paulo  voltasse  antes  que  a   igreja  restaurasse  este  homem,  ele  não  estaria   livre  para  ter  comunhão  com  ele,  porque  o  homem  se  encontra  vinculado  às  ações  disciplinares  da  Igreja  contra  ele.  Quando  a  igreja  promove  a  restauração  do  homem,  Paulo  poderia  então  vir  e  se  reconciliar,  e  assim,  encontrar  alegria  e  conforto  em  seu  reencontro  com  ele.  A  igreja  deve  primeiro  agir  para  restaurá-­‐lo  e,  em  seguida,  Paulo  poderia   ter  um  reencontro  doce  com  ele,  assim  como  com  o  resto  da  igreja».6    

“Certa  vez,  deparei-­‐me  com  uma  frase  usada  em  um  curso  para  noivos:  ‘O  que  você  prefere:  ter  razão  ou  ser  feliz?’  –  como  que  a  dizer  que,  se  eu  quisesse  ter  sempre  razão,  seria  infeliz!  Será  que  essa  pergunta  não  nos  ajudaria  a  definir  melhor  a  qual  grupo  [o  do  ‘deixa  pra  lá’  ou  o  do  que  ‘não  abre  mão’]  pertencemos?  …  Talvez  a  atitude  correta  não  seja  o  ‘deixar  pra  lá’,  mas  a  entrega.  Em  vez  de  esquecer,  entrego  meus  direitos,  bens  e  razões  ao  reto  Juiz.  Assim  as  coisas  não  ficarão  sem  consequência,  sem  julgamento,  sem  resposta.  Contudo,  estarei  “deixando  pra  lá”,  em  um  ato  de  fé,  para  ser   feliz.   Imagino  que,  por  esse  caminho,  Deus  me  acrescentará  o  orar  pelos  inimigos  e  me  alegrará  ao  vê-­‐los  abençoados”.7  

       

                                                                                                               6  DEFFINBAUGH,  Robert  L.  Op.  Cit.  7  AMORESE,  Rubem.  In:  http://ultimato.com.br/sites/estudos-­‐biblicos/assunto/vida-­‐crista/perdoar-­‐esquecer-­‐ou-­‐entregar/    

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  Quando  Paulo  evoca  a  presença  de  Cristo,  novamente  está  afirmando  sua  consciência  tranquila  diante  de  Deus,  quanto  ao  perdão  à  ofensa  acontecida  em  Corínto.  Ou  seja,  creiam  os  Coríntos,  ou  não,  em  suas  Palavras,  Jesus  sabia  que  ele  já  havia  perdoado.  Esse  perdão  «em  Cristo»,  talvez  também  pode  implicar  no  perdão  de  Cristo  ao  ofensor,  ou  ainda,  assemelhando  o  perdão  oferecido  por  Paulo  com  o  perdão  que  o  próprio  Paulo  recebera  de  Cristo:  «assim  como  o  Pai  perdoou  a  vocês,  perdoem  também  vocês».     Jesus  ensinou  que  o  perdão  de  um  pelo  outro  é  uma  condição  para  receber  o  perdão  do  Pai  celestial  (Mateus  6.12-­‐15,  18.23-­‐35),  algo  que  o  apóstolo  reproduzia  em  seu  ensino  (Colocensses  3.13;  Efésios  4.32).     Paulo  também  afirma  que  liberou  perdão  preocupado  em  preservar  a  unidade  dele  com  esta  igreja.  E  por   fim,  Paulo  perdoa  o  agressor  para   frustrar  o  desejo  de  Satanás  de  criar  discórdia  na   igreja  e  entre  a  igreja  e  ele.  A  principal  ênfases  destes  versículos  é  a  unidade,  moderação  e  encorajamento  em  face  de  uma  crise.     Lembro-­‐me  que  certa  vez  na  Primeira  Igreja  Batista  em  Ribeirão  Preto,  onde  eu  e  minha  mãe  éramos  membros,   houve   uma   discussão   em   uma   assembléia   da   igreja   e   no   calor   da   discussão   um   irmão  deliberadamente   atacou   minha   mãe   com   palavras   muito   duras   e   ofensivas,     que   inclusive   saiam  completamente  do  escopo  do  assunto  em  questão.  Quando  terminou  a  assembléia  minha  mãe  foi  até  ele  e  pediu  perdão,  disse  que  o  amava  no  Senhor,  e  que  não  entendia  o  porque  daquela  agressão,  e  que  mesmo  que  ele  não  pedisse  perdão  ela   já   o   tinha  perdoado,   e   que  o   acontecido  não  mudaria   em  nada  o   amor  cristão,  o   respeito  e   tratamento  dela  para  com  ele.  Eu  era  adolescente,  me   lembro  que  queria  bater  no  cara,  no  caminho  de  volta  para  casa  questionei  minha  mãe  e  disse:  «Por  que  você  não  revidou?  Por  que  você  não  chamou  o  pastor  para  fazê-­‐lo  se  retratar  publicamente?».  Minha  mãe  respondeu:  «Filho,  se  eu  o  agredisse  ou  me  vingasse  estaria  me  igualando  a  ele,  fazendo  o  que  fiz  estou  me  igualando  a  Cristo,  que  diante  de  seus  ofensores  e  agressores  disse:  ‘Pai  perdoa-­‐os  porque  não  sabem  o  que  estão  fazendo’».  Pois  bem,  grande  lição  aprendida   naquele   dia,   perdoar   o   ofensor,   mesmo   que   a   ofensa   ainda   esteja   doendo,   mesmo   que   o  ofensor  se  ria  da  ofensa  e  do  pedido  de  perdão,  perdoar  não  porque  houve  arrependimento  do  ofensor,  mas  porque  há  da  minha  parte  o  desejo  pela  reconciliação,  perdoar  não  porque  o  outro  reconheceu  que  estava  errado,  mas  porque  você  reconhece  o  certo,  a  vontade  de  Deus.  Sim,  é  algo  difícil  de  ser  feito,  Paulo  já   nos   versículos   da   secção   anterior   disse   que   sofreu   grandemente,   em  muitas   lágrimas,   por   causa   da  ofensa,  mas   aqui   ele  demonstra  que,   quem  viver  na  presença  de  Cristo,   supera   a  ofensa  e  o  ofensor,   e  oferece  o  bem  a  quem  lhe  dá  o  mal.    

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i{na mh; pleonekthqw'men

uJpo; tou' satana':

pleonektevw satana'" Conj.  Sub.  Final   Part.  Neg.   1a  P  1o  Aor.  Subj.  Pass.   Prep.  Gen.   Gen.  MS  

a  fim  de  que   não   (que)  (nós)  sejamos  superados     sobre   satanás    

ouj ga;r aujtou' ta; nohvmata ajgnoou'men. aujtov" novhma ajgnoevw

Part.  Neg.   Conj.  Co.  Exp.     Pron.  3a  Gen.  MS   Ac.  NP   1a  P  Pres.  Ind.  At.  

não   pois   dele   os  propósitos   (nós)  ignoramos    

  Algumas   vezes   pensamos   na   presença   de   Satanás   dentro   da   Igreja   por   meio   das   possessões  demoníacas,  mas  vemos  aqui  que  sua  estratégia  é  bem  mais  sutil,  ele  pode  levar  uma  pessoa  de  influência  na  igreja  ao  pecado,  e  através  dessa  pessoa  manipular  um  grupo  para  se  insurgir  contra  a  disciplina  de  seu  amigo,  e  a  fazer  ataques  contra  a  liderança  da  igreja,  podendo  arrasta  um  monte  de  gente  ao  pecado,  além  de  dividir  a  Igreja.     Ler   isso   me   faz   lembrar   a   estratégia   Satânica   do   governo   Cubano   para   enfraquecer   as   Igrejas,  contratando  prostitutas  para  se  infiltrarem  nas  igrejas,  se  fingindo  de  crentes,  a  fim  de  seduzir  os  pastores  para   fazê-­‐los   cair   em   adultério   abalando   assim   a   fé   de   muitas   pessoas,   causando   divisões,   e   mal  testemunho  para  toda  a  cidade.     No  caso  em  questão  aqui,  a   igreja  está  disciplinado  este  homem,  pensando  que  ao   fazê-­‐lo,  estavam  protegendo   a   pureza   da   igreja.   Mas,   eles   foram   longe   demais   ao   se   recusarem   a   recebê-­‐lo   de   volta   à  comunhão,  e  por  isso  estavam  colocando  em  perigo  a  própria  Igreja  e  este  homem.  Ir  além  do  que  Deus  manda   é   tão   ruim   do   que   ficar   aquém   do   que   Ele   ordenou,   fazendo   até   que   uma   coisa   boa,   como   a  disciplina,  possa  se  tornar  ruim,  assim  como  os  fariseus  fizeram  com  o  sábado,  a  lei,  etc...  

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A PUNIÇÃO deve ser comunitária Ainda que seja prática de POUCOS

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A PUNIÇÃO visa o ARREPENDIMENTOSe ele acontecer nada mais precisa ser feito.

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