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TÉCNICAS DE SEGURANÇA I Profº Carlos Nunes INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO – IESFTEC Reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão através da Resolução nº 038/2010 e Parecer nº 053/2010. Curso Técnico em Segurança do Trabalho TÉCNICAS DE SEGURANÇA I 1

2 introdução

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TÉCNICAS DE SEGURANÇA I Profº Carlos Nunes

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO – IESFTEC

Reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão através da Resolução nº 038/2010

e Parecer nº 053/2010.

Curso Técnico em Segurança do Trabalho

TÉCNICAS DE SEGURANÇA I

Profº Carlos Nunes

Especialista em RH

Administrador

Técnico em Segurança

1

TÉCNICAS DE SEGURANÇA I Profº Carlos Nunes

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO – IESFTEC

Reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão através da Resolução nº 038/2010 e

Parecer nº 053/2010.

Curso Técnico em Segurança do Trabalho

Componente Curricular: TÉCNICAS DE SEGURANÇA I

Carga-Horária: 100 horas

COMPETÊNCIAS BASES TECNOLÓGICAS Estabelecer relação entre o trabalho e a saúde do

trabalhador e compreender as interfaces com o meio ambiente.

Identificar e relacionar os aspectos econômicos, sociais e tecnológicos que compõem os processos laborais e que interferem na qualidade de vida.

Desenvolver e viabilizar procedimentos técnicos e administrativos voltados para a elevação do nível da qualidade de vida.

Reconhecer e avaliar as convenções e cultura prevencionista do país e sua região.

Planejar e executar programas e projetos de análise de riscos, estabelecendo metas, cronogramas, custos e procedimentos de avaliação.

Selecionar e processar as referências necessárias à elaboração de pareceres técnicos.

Formular estratégias para a implantação dos programas necessários.

Falando de Qualidade Total: Requisitos do Programa de Segurança com Qualidade Total

Falando de Qualidade Total: Como desenvolver um programa de Segurança no Trabalho com Qualidade Total

Acidente do Trabalho: Conceito legal / Conceito prevencionistas

Acidente do Trabalho: Benefícios previdenciários (acidentários)

Acidente do Trabalho: Aposentadoria por Invalidez Acidentária

Acidente do Trabalho: Pecúlio por morte acidentária Acidente do Trabalho: Auxílio-Doença Acidentária /

Auxílio Acidente Acidente do Trabalho: Pensão / Custeio Causas do Acidente no Trabalho: Atos Inseguros Causas do Acidente no Trabalho: Condições inseguras Causas do Acidente no Trabalho: Ordem e Limpeza Normas Regulamentadoras (NR’S): NR-1 Normas Regulamentadoras: NR – 2 Normas Regulamentadoras: NR – 3 Avaliação de Segurança I Inspeção de Segurança: Importância / Tipos Inspeção de Segurança: Levantamento dos Riscos de

Acidente Inspeção de Segurança: Relatório de Inspeção Inspeção de Segurança: Simulação de Inspeção de

Segurança Inspeção de Segurança: Mapas de Riscos Normas Regulamentadoras: NR– 4 – SESMT Normas Regulamentadoras: NR – 5 – CIPA

1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

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A segurança do trabalho pode hoje ser definida com ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle dos riscos

de acidentes laborais. É ciência porque os seus exercícios requer o desenvolvimento de um espírito de pesquisa e

comprovação das causas dos acidentes do trabalho, tanto na esfera técnica quanto na área humana e

comportamental. Pode ser considerada ainda como uma ciência multidisciplinar porque, embora seja exercida pelos

profissionais de segurança, não pode prescindir do apoio de outros ramos das ciências como a MEDICINA,

PISCICOLOGIA, ASSISTENCIA SOCIAL, ENGENHARIA, DIREITO, ECONOMIA, ERGONOMIA, EDUCAÇÃO, QUIMICA e

RECURSOS HUMANOS. É também arte, porque requer de seus profissionais sensibilidade para reconhecer os valores

humanos e universais presente nos processos produtivos, e que devem ser preservados. Alem disso o profissional de

segurança deve ter a sensibilidade de um educador, para obter das pessoas comportamentos voltados para a pratica

da segurança, em consonância com os interesses de empregados e empregadores.

Comparada às outras ciências ou atividades, a segurança do trabalho é relativamente nova, já que as relações entre o

trabalho e as doenças ou acidentes, permaneceram ignoradas ate cerca de 250 anos atrás, ou seja, de 1.740 até os

nossos dias. Para exemplificar daremos a seguir um resumo cronológico de sua evolução histórica:

Em 1.556, George Bauer publica o livro "De Re Metallica" que descreve doenças relacionadas à mineração da prata

e do ouro.

Em 1.567 Aureolus T. B. Hohenhein (Paracelso) divulga monografia relações entre o trabalho profissional e as

doenças.

Em 1.700, Bernardino Ramazzine publica na Itália uma obra, descrevendo uma serie de doenças relacionadas a 50

profissões diversas, e introduz entre as perguntas imperativas da anamnese da época uma nova: "Qual é sua

ocupação?". Este trabalho lhe deu o cognome de pais da medicina do trabalho.

Em 1.760 ocorre na Inglaterra a Revolução Industrial que intensifica a relação homem/maquina, aumentando os

índices de acidentes e despertando as autoridades para a importância da prevenção destes eventos.

Em 1.802 é publicada na Inglaterra a primeira lei de proteção aos trabalhadores, intitulada lei de saúde e moral

dos aprendizes, que limitavam a 12 horas a jornada diária de trabalho e proibia o trabalho noturno para menores

aprendizes.

Em 1.830 Robert Baker, famoso medico inglês, interessado em proteger a saúde dos trabalhadores, foi nomeado

Inspetor Médico das Fábricas pelo governo britânico.

Em 1.831 Michael Sabddler chefiou uma Comissão Parlamentar de Inquérito que denunciava a situação critica dos

trabalhadores.

Em 1.833 foi baixado o "Factory Act", primeira legislação realmente eficiente na proteção do trabalhador inglês.

Em 1.842 James Smith, diretor-gerente de uma indústria têxtil escocesa, contratou um médico para fizer exames

pré-admissionais, exames periódicos e orientar os trabalhadores para a preservação da saúde.

Em 1.952, na França, a Circular Ministerial de 18 de Dezembro, torna obrigatório a existência de Serviço Médico

nas empresas, tanto industriais como comerciais.

Na década de 50, duas grandes organizações de âmbito mundial (OMS - Organização Mundial de Saúde) e (OIT -

Organização Internacional do Trabalho) se unem para proteger a saúde dos trabalhadores, fixando de forma ampla

os objetivos da Saúde Ocupacional.

Em 1.953 a Conferencia Internacional do Trabalho elaborou a Recomendação N.º 97, através da qual insistiu com

os países membros a incrementares a criação de serviços médicos em locais de trabalho.

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Em 1.954 um grupo de 10 peritos da Ásia, América do Sul e Sul da Europa reuniu-se em Genebra para discutir a

elaboração de normas para a instalação de serviços médicos de empresa nos países membros, e que serviu de guia

para a adoção pela OIT.

Em junho de 1959 a 42 Conferência Internacional do Trabalho, reunida em Genebra, estabeleceu a Recomendação

N 112 que tomou o nome de Recomendação para os Serviços de Saúde Ocupacional.

No Brasil, diversos movimentos científicos e legislativos se empenharam em levar o Governo Brasileiro a seguir a

Recomendação N 112, mas não se obteve resultado.

Em 1.964, a tomada do poder pelos militares permitiu a introdução de diversas modificações estruturais em

Órgãos Estaduais e Federais. Uma delas foi a unificação dos Institutos de Aposentadoria das diversas categorias

profissionais em um Instituto Nacional de Previdência (INPS). O seguro de acidente do trabalho, que era

administrado pelos institutos das diversas categorias, passou a ser privativo do INPS. Esta unificação permitiu

estatísticas de acidentes do trabalho a nível nacional e da mesma forma a apuração dos custos das indenizações

pagas pelos cofres públicos aos acidentados e aos familiares. Tão elevados foram os números de acidentes do

trabalho apurados, e tão alto os prejuízos que acarretaram para o governo, que os Poderes Legislativo e Executivo

foram acionados para a elaboração de um programa de âmbito nacional, com objetivo de reduzir os acidentes e

seus efeitos. O Brasil, na década de 70 possuía o triste título de "Campeão Mundial de Acidentes do Trabalho".

O plano elaborado pelo Governo em 1.972 denominou-se PNVT (Plano Nacional de Valorização do Trabalhador).

Integrando este plano, o Governo Federal Baixou a Portaria 3.237, que tornou obrigatória a formação de Serviços

Especializados em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho pelas empresas conforme o grau de risco de suas

atividades e o número de seus empregados.

Para tornar possível o cumprimento desta obrigatoriedade pelas empresas, o PNVT previa a formação de

profissionais de Segurança e Medicina do Trabalho em Caráter emergencial, através da estruturação de recursos

intensivos, para formação de Médicos e Enfermeiros do Trabalho e de Engenheiros e Inspetores de Segurança do

Trabalho.

Em 1.985 não mais se ministravam estes cursos intensivos de emergência, que foram substituídos pelos cursos de

especialização para engenheiros e técnicos de segurança.

Esta respectiva histórica nos permite reconhecer como a Segurança do Trabalhão vem crescendo em importância,

na medida em que o homem vai se tornando consciente de que o objeto do trabalho é gerar bens que tornem

mais felizes e confortáveis a existência do homem e jamais o infortúnio.

2 ACIDENTE DE TRABALHO

Conceito de Acidente de Trabalho: Descreveremos a seguir os conceitos correntes de acidente do trabalho sob dois

enfoques distintos, ou seja, o Conceito Legal e o Conceito Prevencionista.

Conceito Legal: De acordo com o artigo 190 da Lei no. 8213 de 24 de julho de 1991: Acidente do trabalho é aquele

que ocorro no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que

cause a morte, perda, redução permanente ou temporária de sua capacidade para o trabalho.

Conceito Prevencionista: Acidente do trabalho será toda a ocorrência, não programada e não planejada, que interferir

no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos materiais

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ou as três situações simultaneamente.

2.1 Diferença entre o Conceito Legal e o Conceito Prfvencionista

A diferença entre os dois conceitos reside no fato de que no primeiro é necessário haver, apenas lesão física,

enquanto que no segundo são levados em consideração, além das lesões físicas a perda de tempo e os danos

materiais. A prevenção de acidente de trabalho, também é uma obrigação legal fixada pela Constituição Federal (Art.º

7º Inciso XXII), tendo inclusive, um Capítulo especial na Consolidação das Leis Trabalhistas que trata deste assunto o

Capítulo V ( “Da Segurança e Medicina do Trabalho”).

As atividades legais e administrativas estão vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) no que

diz respeito à prevenção de acidentes nas empresas, sendo que a Portaria MTb 3214/78 disciplina todo o assunto,

através de 32 Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, fixando obrigações para empregados

e empresas, no que diz respeito às medidas prevencionistas.

É considerado acidente do trabalho o sofrido por empregado, ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa, para lhe evitar prejuízo ou proporcionar lucro;

c) Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por estar, dentro de seus planos

para capacitação de mão-de-obra;

d) No percurso da sua residência para o trabalho, ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção

utilizando, inclusive veículo de propriedade do segurado.

e) Parágrafo 1º: Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras

necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado será considerado no exercício do

trabalho.

f) Parágrafo 2º: Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante

de outra origem, se sobreponha à primeira.

Artigo 20 – Consideram-se Acidentes do Trabalho, As Seguintes Entidades Mórbidas:

I – Doença profissional assim entendida é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a

determinada atividade da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

(Está ligada a determinado trabalho: como a silicose (Poeira), bagaçose (Cana-de Açúcar), Hidrargirismo (mercúrio)

Saturnismo (Chumbo), asbestose (Amianto), etc.), como a L.E. R.;

II – Doença do Trabalho assim entendida é adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o

trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

A forma em que o trabalho é desenvolvido e que pode levar a doença: Dermatite de contato, Surdez, acuidade visual,

pneumopatias;

Não são consideradas como doenças do trabalho:

§ 1º do inciso II, Art. 20 da Lei 8.213 de 24/07/91.

a) A doença degenerativa;

b) A inerente a grupo etário;

c) A que não produza incapacidade laborativa;

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d) A doença endêmica adquirida por segurado habitante da região em que ela se desenvolva, salvo

comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º do inciso II, Art. 20 da Lei 8.213 de 24/07/91.

A doença excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo,

resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência

Social deve considerá-la acidente do trabalho.

Artigo 21 – Equiparam-se ao acidente do trabalho, para efeito desta Lei:

I - a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade e

constante de relação organizada pelo Ministério da Previdência Social.

III - o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro, ou por companheiro de trabalho;

b) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho;

c) Ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho;

d) Ato de pessoa privada do uso da razão;

e) Desabamento, inundação ou incêndio.

Artigo 22 - Comunicação de Acidente

A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º dia útil seguinte ao da ocorrência e,

em caso de morte, de imediato a autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite

máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência

Social.”

§ 1º. “Da comunicação a que se refere este artigo, receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes bem como

o sindicato a que corresponde a sua categoria”. Também terão uma cópia fiel, hospital a qual o trabalhador foi

atendido, o INSS e ficará uma cópia na empresa para futuras fiscalizações e controle da empresa, podendo o SESMT

também obter uma cópia. A cópia original ficará com o funcionário. (ver cópia da CAT em anexo 1)

§ 2º. Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a

entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo, nestes

casos, o prazo previsto neste artigo.

§ 3º. A comunicação a que se refere o parágrafo 2º não exime a empresa de responsabilidade pelo falta do

cumprimento do disposto neste artigo.

§ 4º. Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das

multas previstas neste arquivo.

Artigo 23 – Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da

incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que

for realizado o diagnóstico, valendo, para este efeito, o que ocorrer primeiro.

Artigo 169 – O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantido, pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses, a

manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio doença acidentaria, independente da

percepção do auxílio doença.

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Artigo 171 – As ações referentes às prestações por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observando o

disposto no art. 241, contados da data.

3 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DO TRABALHO

Acidente Típico: É aquele sofrido pelo empregado no desempenho de suas tarefas habituais, no ambiente do

trabalho ou fora deste quando estiver a serviço do empregador.

Acidente De Trajeto: É aquele sofrido pelo empregado no percurso de sua residência para o local de trabalho

ou vice-versa, desde que o trajeto percorrido seja considerado como o habitual e o horário da ocorrência seja

condizente com o início ou término de suas atividades profissionais.

3.1 Caracterização do Acidente Do Trabalho

Compete ao setor de benefícios do INSS verificar se o segurado tem ou não o direito à habilitação do benefício

acidentário, e a perícia médica do INSS compete caracterizá-lo tecnicamente, fazendo o reconhecimento técnico do

nexo causal entre: O acidente e a lesão;

a doença e o trabalho;

a causa mortis e o acidente.

3.2 Legislação Trabalhista

Seção I Disposições Gerais:

Artigo 154: A observância, em todos os locais de trabalho, do dispositivo neste Capítulo, não desobriga as empresas

do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou

regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como,

daqueles oriundas de convenções coletivas de trabalho.

Artigo 157 - Cabe às empresas:

1. Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

2. Instruir os empregados, através de ordens de serviços, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar

acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

3. Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;

4. Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Artigo 158 - Cabe aos empregados:

5. Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que se trata o item 2 do

artigo anterior;

6. Colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.

Parágrafo único

Constitui ato faltoso do empregado a recusa sem justificativa, nos seguintes casos;

a) À observância das instruções expedidas pelo empregador na forma de item 2 do artigo anterior;

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b) Ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecido pela empresa.

4 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

4.1 Auxílio-Doença Acidentário

Terá direito ao auxílio-doença acidentário, independentemente de carência, o segurado (empregado, avulso,

temporário, segurado especial e médico-residente) que, por motivo de acidente do trabalho, doença profissional ou

do trabalho, ou ainda acidente de trajeto, ficar incapacitado para a sua atividade habitual.

O benefício terá início, para o segurado empregado, a partir do 16º dia consecutivo de afastamento do trabalho e

para o segurado especial, médico-residente e trabalhador avulso, a partir do início da incapacidade ou a contar da

data de entrega do requerimento – DER, quando solicitado após o 30º dia de afastamento da atividade, para todos os

segurados e, consiste o valor da sua renda inicial a 91% do salário-de-benefício (art. 41 da Instrução Normativa

DC/INSS n.º 20/2000).

Se após a cessação do auxílio-doença decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, o segurado tiver

retornado ou não ao trabalho, e houver agravamento ou seqüela que resulte a reabertura do benefício, a renda

mensal será igual a 91% do salário-de-benefício do auxílio-doença cessado, corrigido até o mês anterior ao da

reabertura do benefício pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral (art. 47 da IN/INSS/DC n.º

20/2000).

Lembramos que nos termos do art. 337, § 2º do RPS, será considerado agravamento do acidente aquele sofrido pelo

acidentado quando estiver sob a responsabilidade da reabilitação profissional.

Complementação do benefício

Não há qualquer dispositivo legal obrigando a empresa a complementar o benefício acidentário pago pelo INSS ao

empregado. Entretanto, alguns sindicatos representativos de categorias profissionais, por meio do documento

coletivo de trabalho respectivo, concedem este benefício aos seus representados. Algumas empresas também o fazem

por mera liberalidade ou por previsão no seu regulamento interno.

Assim, tratando-se de obrigação decorrente do documento coletivo de trabalho ou da liberalidade do empregador,

deverá este pagar ao trabalhador acidentado a diferença entre o valor do benefício pago pelo INSS e o salário que o

trabalhador estaria recebendo caso não tivesse havido o afastamento, salvo outra previsão no citado documento

coletivo.

Os valores pagos a título de complementação de auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos

empregados da empresa, não sofrem influência do INSS e FGTS.

4.2 Reabilitação Profissional

O segurado em gozo de auxílio-doença está obrigado, independentemente de sua idade, sob pena de suspensão do

benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, tratamento e processo de reabilitação

profissional por ela prescritos e custeados podendo, apenas, recusar-se a ser submetido a cirurgias e transfusões de

sangue.

A reabilitação profissional consiste na assistência reeducativa e de readaptação profissional, visando proporcionar ao

trabalhador incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho os meios indicados para a sua volta à atividade. O

empregado acidentado pode ser reabilitado para o exercício da mesma função exercida ou para uma nova função.

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Caso a reabilitação o torne apto a exercer uma função inferior àquela que exercia antes do infortúnio, a sua

remuneração, após o seu retorno ao trabalho, não poderá ser reduzida, sob pena de ferir o artigo 7º, VI, da

Constituição Federal, o qual assegura a irredutibilidade salarial. Contudo, o aludido trabalhador não servirá de

paradigma para fins de equiparação salarial.

4.3 Auxílio-Acidente

O auxílio-acidente será concedido como indenização ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador

avulso, ao segurado especial e ao médico-residente quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente

de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva que implique em:

redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e se enquadre nas situações

discriminadas no Anexo III do RPS;

redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e exija maior esforço para o

desempenho da mesma atividade que exerciam à época do acidente;

impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permitam o

desempenho de outra, após o processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica

do INSS;

Este benefício é devido a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença e será pago mensalmente,

correspondente a 50% do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio-doença do segurado, corrigido até o mês

anterior ao do início do auxílio-acidente (art. 104 do RPS).

4.4 Estabilidade Provisória

O art. 118 da Lei n.º 8.213/91 e o art. 346 do RPS determinam que o empregado que sofrer acidente do trabalho terá

garantido, pelo prazo mínimo de 12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa após a cessação do

auxílio-doença acidentário, independentemente do recebimento do auxílio-acidente.

Observa-se que, de acordo com a jurisprudência predominante, só terá direito à estabilidade mencionada o

empregado cujo afastamento decorrente de acidente do trabalho ultrapasse 15 dias consecutivos.

Ocorrendo a reabertura do beneficiamento, entende-se que será iniciada nova contagem do período de estabilidade

provisória a partir da última alta médica.

5 INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTES

5.1 Procura das causas do acidente

Quando um acidente ocorre, seja grave ou não, os componentes da CIPA devem analisá-lo profundamente, com o

objetivo de agir eficazmente no sentido de evitar a sua repetição. Faz-se necessário lembrar que a finalidade da

investigação não e a de procurar um culpado ou um responsável mas encontrar as causas que contribuíram direta ou

indiretamente para a ocorrência do acidente.

O local da ocorrência deve permanecer sem alteração, para que as condições do momento do acidente sejam

perfeitamente identificadas pela comissão encarregada da investigação do mesmo. Essa comissão deverá ser

nomeada pelo presidente da CIPA, dela fazendo parte o encarregado do setor onde ocorreu o acidente, membros da

CIPA e membros do SESMT, caso houver. Até a chegada da comissão, o encarregado deve iniciar a coleta de dados que

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servirão como ponto de partida para um exame pormenorizado.

A parte mais importante na investigação de acidentes é a CIPA, pois ela que terá a função de estudar os acidentes e

suas causa para que, o risco que ocasionou os acidentes seja eliminado ou coibido de alguma forma. Isto deve partir

de um estudo minucioso dos acidentes, pois estarão futuramente em jogo, vidas humanas e o patrimônio da Empresa.

As conseqüências dos acidentes geram uma série de providências administrativas, técnicas, médicas, psicológicas e

educativas dentro da empresa e também na área de prevenção social que visa amparar da melhor maneira o

trabalhador.

A análise de acidentes corresponde a uma visão geral da ocorrência que, deve-se também a função e o posto de

trabalho do acidentado visando descobrir se aquele ambiente necessita de uma atenção maior dos membros da CIPA

por ter outros casos similares.

Podemos absorver uma série de informações, sobre setores da empresa que receberão maior atenção dos membros

da CIPA, e quando existir do SESMT, além dos acidentes mais comuns e outras informações úteis.

Como roteiro básico na investigação, pode-se utilizar as perguntas seguintes:

• O que fazia o trabalhador no momento imediatamente anterior à ocorrência?

• Como aconteceu?

• Quais foram às conseqüências?

• Quais as causas que contribuíram direta ou indiretamente para a ocorrência do acidente?

• Quando ocorreu? (data e hora)

• Onde ocorreu? (especificando o setor ou seção)

Importante: Na medida do possível, o acidentado deve ser envolvido na investigação do acidente.

5.2 Causas dos Acidentes do Trabalho

Para que haja um estudo preciso do fato ocorrido, deve-se conhecer as causas do acidente.

Três são os motivos que podem gerar a ocorrência de um acidente. Cabe à CIPA estar atenta para evitar o acidente

através da identificação e análise desses fatores que são:

- CONDIÇÃO INSEGURA;

- ATO INSEGURO;

- FATOR PESSOAL DE INSEGURANÇA

A) Condições Inseguras – É a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo ou risco ao trabalhador. Exemplo

de condições inseguras: instalação elétrica com fios desemcapados, máquinas em estado precário demanutenção,

andaimes de obras, construção civil feitos com material inadequado.

1. Defeito na máquina, no equipamento, na edificação, etc.

2. Iluminação e ventilação inadequadas

3. instalações elétricas defeituosas ou em mau estado

4. Má arrumação, falta de espaço, mau empilhamento

5. Máquina ou equipamento com proteção inadequada ou sem proteção

6. Método inseguro de trabalho

7. Piso inseguro — escorregadio, esburacado, desnivelado, e outros

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8. Ruído, frio, calor excessivo e poeiras

9. Sinalização insuficiente ou inexistente

10. Outras (descrever)

B) Ato Inseguro – É o ato praticado pelo homem, em geral consciente do que está fazendo, que está contra as normas

de segurança. Exemplo de atos inseguros: subir no telhado sem cinto contra quedas, ligar tomas de aparelhos

elétricos com as mãos molhadas, dirigir a altas velocidades. Seguem-se alguns fatores que podem levar os

trabalhadores a praticarem atos inseguros:

1. Carregar, manusear ou dispor materiais de modo inseguro;

2. Deixar de usar EPI ou usá-lo incorretamente;

3. Distrair-se, brincar, abusar do perigo;

4. Limpar, lubrificar ou ajustar máquinas em movimento;

5. Manipular, misturar produtos químicos de maneira imprópria;

6. Operar máquinas ou outro equipamento sem habilitação ou autorização;

7. Tentativa de ganhar tempo;

C) Fatores pessoais - Causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou pratica

do ato inseguro.

As pessoas, pelo seu modo de agir, como indivíduos ou profissionais cometem atos inseguros e/ou criam condições

inseguras, ou colaboram para que elas continuem existindo. Devem ser apurados e anotados no relatório de acidente

os fatores pessoais que estiveram presentes no momento em que ele ocorreu. Esses fatores de insegurança ficam

evidentes quando o indivíduo apresenta:

- desconhecimento dos riscos de acidentes;

- treinamento inadequado;

- excesso de confiança;

- incapacidade física para o trabalho;etc.

- Atitude imprópria

- Conhecimento ou treinamento insuficiente

- Desconhecimento do risco

- Alcolismo

5.3 Estatística de Acidentes

Com o número de acidentes, com o número de dias ia e Taxa de Gravidade. Muito embora, não se trate de dados, que

precisem ser encaminhados a DRT, eles são de grande perdidos e com o número de dias debitados, podem ser

calculados, dois valores, denominados Taxa de Frequênc importância por se prestam a comparação destinadas a

acompanhar a evolução dos problemas relativos a acidentes.

Termos Utilizados na Realização da Estatísticas

1 - Acidentes Com Perda De Tempo: é aquele cuja lesão, oriunda de acidente do trabalho, o impede de voltar ao

trabalho no dia seguinte ao do acidente.

2 - Homens - Horas Trabalhadas: é o tempo real em que os empregados permaneceram expostos aos riscos do

trabalho, a serviço do empregador.

3 - Dias Perdidos: são os dias em que o empregado ficou afastado do trabalho, para recuperação da lesão sofrida em

consequência de acidente. Não são contados o dia do acidente e o dia da alta. Faz-se a contagem de dias corridos,

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incluindo domingos, feriados e outros dias que, por qualquer motivo, não houve expediente no estabelecimento.

4 - Dias Debitados: são números de dias que se somam aos dias perdidos, nos casos de morte ou de qualquer

incapacidade permanente, total ou parcial, adquirida por algum acidentado de acordo com a tabela específica para tal

fim.

A Taxa de Frequência representa o número de acidentes com perda de tempo, que podem ocorrer em cada milhão

de homens – horas trabalhadas. A fórmula é a seguinte:

Número de acidente com perda de tempo X 1.000.000

Homes horas trabalhadas

Exemplo: Se em uma fábrica houve, em um mês, um acidente com perda de tempo e nesse mês foram trabalhadas 5

000 horas, o cálculo será feito da seguinte maneira:

TF=1 x 1 000 000 = 200 acidentes

5 000

Isto significa que quando a Empresa atingir 1 000 000 de hht, se nenhuma providência for tomada, terão ocorrido 200

acidentes.

A taxa de Gravidade representa a perda de tempo (dias perdidos + dias debitados) que ocorre em conseqüência

de um acidente em cada milhão de homens - horas trabalhadas.

A fórmula da Taxa de Gravidade ó a seguinte

(dias perdidos + dias debitados) x 1.000.000

homens - horas trabalhadas

Exemplo: Se em uma fábrica houve, em um mês, três acidentes cada um com:

12 dias perdidos

03 dias perdidos

600 dias debitados (perda do 1º quirodátilo polegar)

TG = (15 + 600) x 1 000 000 = 6 150

100 000

Isto significa que quando a Empresa atingir 1 000 000 de hht, se nenhuma providência for tomada, terá uma perda de

tempo equivalente a 6 150 dias. Os dias debitados só aparecem quando do acidente resulta a morte ou a incapacidade

total permanente ou parcial permanente. Nesses casos, é preciso a tabela especial para cálculo dos dias debitados

segundo a natureza das lesões

Calcular a Taxa de Freqüência e a Taxa de Gravidade:

1

Com afastamento: 02

01 no dia 02/04 com 03 dias perdidos.

01 no dia 15/04 com 04 dias perdidos.

Horas Homens Trabalhadas – 100.000

12

T.G.T.G.

T.F.T.F.DDDTDPASAACAHHT

TRAJETOTRAJETO TÍPICO TÍPICO

TIPOTIPO

S S

ESTATÍSTICA DEESTATÍSTICA DE ACIDENTES ACIDENTES

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2

Com afastamento: 03

01 no dia 07/04 com 03 dias perdidos (acidente de trajeto)

01 no dia 10/04 com 04 dias perdidos.

01 no dia 15/04 com 20 dias perdidos

Horas Homens Trabalhadas – 100.000

QUADRO 1 – A

Tabela de Dias Debitados

NATUREZAAVALIAÇÃO

PERCENTUALDIAS

DEBITADOS

MORTE 100 6000INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE 100 6000PERDA DA VISÃO DE AMBOS OS OLHOS 100 6000PERDA DE VISÃO DE UM OLHO 30 1800PERDA DO BRAÇO ACIMA DO COTOVELO 75 4500PERDA DO BRAÇO ABAIXO DO COTOVELO 60 3500PERDA DA MÃO 50 3000PERDA DO 1º QUIRODÁTILO (POLEGAR) 10 600PERDA DE QUALQUER OUTRO QUIRODÁTILO (DEDO) 5 300PERDA DE 2 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDOS ) 12 1/2 750PERDA DE 3 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDOS ) 20 1200PERDA DE 4 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDOS ) 30 1800PERDA DO 1º QUIRODÁTILO ( POLEGAR ) E QUALQUER OUTRO QUIRODÁTILO ( DEDO )

20 1200

PERDA DO 1º QUIRODÁTILO ( POLEGAR ) E DOIS OUTROS QUIRODÁTILO ( DEDO 25 1500PERDA DO 1º QUIRODÁTILO ( POLEGAR ) E 2 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDO ) 33 1/2 2000PERDA DO 1º QUIRODÁTILO ( POLEGAR ) E 3 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDO ) 40 2400PERDA DO 1º QUIRODÁTILO ( POLEGAR ) E 4 OUTROS QUIRODÁTILOS ( DEDO ) 75 4500PERDA DA PERNA ACIMA DO JOELHO 50 3000PERDA DA PERNA NO JOELHO OU ABAIXO DELE 40 2400PERNA DO PE 6 300PERDA DO PODODÁTILO ( DEDO GRANDE ) OU DE DOIS OUTROS OU MAIS PODODÁTILOS ( DEDOS DO PÉ )

10 600

PERDA DO 1º PODODÁTILO ( DEDO GRANDE ) DE AMBOS OS PÉS 0 0PERDA DA AUDIÇÃO DE UM OUVIDO 10 600PERDA DA AUDIÇÃO DE AMBOS OS OUVIDOS 50 3000

O CASO DO JOÃO

Para suprir uma vaga do setor de Conservação e Reparos, um supervisor convidou o funcionário João, do setor de

Serviços Gerais, para trabalhar com ele.

João fora admitido como faxineiro há dois anos e três meses.

13

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Indagado sobre a transferência, alegou não ter conhecimentos técnicos para realização das atividades futuras, pois o

trabalho do setor se caracteriza por erguer paredes, fazer pinturas, reparos hidráulicos e pequenas instalações

elétricas. O supervisor tentou convencê-lo dizendo que o mesmo iria adquirir esses conhecimentos com o tempo,

realizando as atividades inerentes ao novo setor e que teria seu salário aumentado.

Sendo assim, João aceitou o cargo.

Fazia seis meses que João estava na seção. Como estava próxima a festa do “Dia das Mães” e haveria na fábrica uma

comemoração da data, João foi incumbido de fazer a instalação de um cano no teto do galpão onde seria realizada

uma apresentação teatral.

O supervisor lhe ordenou que o procurasse, tão logo terminasse trabalho, para que juntos colocassem a cortina.

Para furar o cano, João se equilibrava em cima algumas caixas em forma de escada, utilizando uma furadeira elétrica

portátil. Ele já havia feito vários furos e a broca estava com o fio gasto; por esta razão, forçava a penetração da

mesma.

Momentaneamente, a sua atenção foi desviada por algumas faíscas saíam do cabo da extensão, exatamente onde

havia um rompimento que deixava a descoberto os fios condutores da eletricidade. Ao desviar a atenção ele torceu o

corpo, forçando a broca no furo. Com a pressão ela quebrou e, neste mesmo instante, João voltou o rosto para ver o

que acontecia, sendo atingido por um estilhaço da broca em um dos olhos. Com um grito, largos a furadeira, pôs as

mãos no rosto, perdeu o equilíbrio e caiu.

Um acontecimento semelhante, ocorrido há um ano atrás nessa mesma empresa, determinava o uso de óculos de

segurança na execução desta tarefa.

Os óculos que João devia ter usado estavam sujos e quebrados, pendurados em um prego.

Segundo o que o supervisor disse, não ocorrera nenhum acidente nos últimos meses e o pessoal não gostava de usar

os óculos. Por esta razão, ele não se preocupava em recomendar o uso dos mesmos nesta operação, pois tinha coisas

mais importantes a fazer.

Questionário

01 — Qual a última ação do trabalhador antes do acidente?

02 — Quais as falhas da supervisão?

03 — Quais foram os atos inseguros do João?

04- Quais as condições inseguras presentes no ambiente de trabalho?

05 — Qual a principal causa do acidente?

06 — Quanto tempo de experiência na função tinha o acidentado?

07 — Quais as propostas possíveis para se evitar esse tipo de acidente?

6 NR -4: SESMT - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO.

Grande parte dos acidentes de trabalho ocorre porque os trabalhadores encontram-se despreparados para enfrentar

certos riscos.

6.1 O que o SESMT faz?

• Aplica as melhores Práticas Prevencionistas

• Responde as Entidades de Fiscalização

14

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• Atua para que as medidas sejam respeitadas

• Apura os acontecimentos

Principais Benefícios

• Desenvolvimento da Cultura Prevencionista

• Orientações

• Condições Ambientais

• Clima Organizacional

• Motivação e Otimização

• Contribui para melhor qualidade de vida

Quem Compõe o SESMT?

• Técnico de Segurança do Trabalho

• Engenheiros de Segurança do trabalho

• Enfermeiros do Trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho

• Médicos do trabalho

Principais Ações

• Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

• Programa de Controle Médico e Saúde Ocupável – (PCMSO)

• Análises Ergonômicas do Trabalho (AET)

• Laudos de Periculosidade e Insalubridade

• Planos de Prevenção e de Emergência

• Palestras

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

- Estabelecido pela NR-9

- Objetivo de definir uma metodologia de ação, afim de preservar a saúde e integridade dos trabalhadores

Programa de Controle Médico e Saúde Ocupável – (PCMSO)

- Orientar a realização de exames médicos

- Orientação educacional sobre saude

Análise Ergonômica do Trabalho

- Entrevista com os trabalhadores;

- Identificação sistemática de ações técnicas no trabalho;

- Definição do risco ergonômico;

- Definição das melhorias necessárias;

6.2 SESMT – Como Dimensionar

1º - Identificar o grau de risco

2º - Relacionar o grau de risco com o numero de empregados.

15

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Motivos de Fracasso do SESMT

1 – Selecionar mal a equipe,

2 – Remunerar mal a equipe do SESMT,

3 – Isolar o SESMT

4 - A organização promover o desvio de função

5 – Não existir investimento na atualização do profissional

(*) – Tempo parcial (mínimo de três horas);

(**) – O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento de faixas de 350.1 a

5000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4000 ou fração acima de 2000.

Obs.: Hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com

mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um enfermeiro de trabalho em tempo integral.

Dificuldades para o exercício do SESMT

- Financeiras, por parte das empresas;

- Desconhecimento das características da Empresa (política, convenção coletiva do trabalho, metas

empresariais, etc) ;

- Despreparo Técnico – Cientifico;

7 NR 05 - CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é um instrumento que os trabalhadores dispõem para tratar da

prevenção de acidentes do trabalho, das condições do ambiente do trabalho e de todos os aspectos que afetam sua

saúde e segurança. A CIPA é regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nos artigos 162 a 165 e pela 16

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Norma Regulamentadora 5 (NR-5), contida na portaria 3.214 de 08.06.78 baixada pelo Ministério do Trabalho. A CIPA

não é uma invenção brasileira. Este instrumento de prevenção surgiu a partir de uma sugestão de trabalhadores de

diversos países reunidos na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Eles recomendaram a criação dos Comitês de

Seguridade para grupos de 20 trabalhadores. Nos mais de 150 países atualmente filiados à OIT existem órgãos com

diferentes nomes mas com uma só função: preservar a integridade do trabalhador.

7.1 Como a CIPA é formada?

A organização da CIPA é obrigatória nos locais de trabalho seja qual for sua característica - comercial, industrial,

bancária, com ou sem fins lucrativos, filantrópica ou educativa e empresas públicas - desde que tenham o mínimo

legal de empregados regidos pela CLT conforme o quadro 1 da NR-S. A CIPA é composta por representantes titulares

do empregador e dos empregados e seu número de participantes deve obedecer as proporções mínimas

estabelecidas no quadro citado e reproduzido ao lado. O grau de risco no local de trabalho também é levado em conta

para a organização da CIPA. Assim, por exemplo, para uma empresa metalúrgica (grau 4) basta ter 20 empregados

para ter uma CIPA organizada, enquanto que um banco (grau 1) precisa legal de trabalhadores em uma empresa, mas

eles estejam divididos em vários locais de trabalho, a lei determina que deva haver pelo menos uma CIPA que tratará

da segurança de todos os trabalhadores da referida empresa.

Os representantes do empregador são designados pelo próprio, enquanto que os dos empregados são eleitos em

votação secreta representando, obrigatoriamente, os setores de maior risco de acidentes e com maior número de

funcionários. A votação deve ser realizada em horário normal de expediente e tem que contar com a participação de,

no mínimo, a metade mais um do número de funcionárias de cada setor. A lista de votação assinada pelos eleitores

deve ser arquivada por um período mínimo de três anos na empresa. A lei confere à DRT, como órgão de fiscalização

competente, o poder de anular uma eleição quando for constatada qualquer tipo de irregularidade na sua realização.

Os candidatos mais votados assumem a condição de membros titulares. Em caso de empate, assume o candidato que

tiver maior tempo de trabalho na empresa. Os demais candidatos assumem a condição de suplentes, de acordo com a

ordem decrescente de votos recebidos. Os candidatos votados não eleitos como titulares ou suplentes devem ser

relacionados na ata da eleição, em ordem decrescente de votos, possibilitando uma futura nomeação. A CIPA deve

contar com tantos suplentes quantos forem os titulares sendo que estes não poderão ser reconduzidos por mais de

dois mandatos consecutivos.

A estrutura da CIPA é composta pelos seguintes cargos: Presidente (indicado pelo empregador); Vice-presidente

(nomeado pelos representantes dos empregados, entre os seus titulares); Secretário e suplente (escolhidos de comum

acordo pelos representante do empregador e dos empregados). Cabe ao Ministério do Trabalho, através das

Delegacias Regionais do Trabalho (DRTS) fiscalizar a organização das CIPAS. A que não cumprir a lei será autuada por

infração ao disposto no artigo 163 da CLT, sujeitando-se à multa prevista no artigo 201 desta mesma legislação.

7.2 As atribuições básicas de urna CIPA são as seguintes:

1) Investigar e analisar os acidentes ocorridos na empresa.

2) Sugerir as medidas de prevenção de acidentes julgadas necessárias por iniciativa própria ou sugestão de outros

empregados e encaminhá-las ao presidente e ao departamento de segurança da empresa.

17

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3) Promover a divulgação e zelar pela observância das normas de segurança, ou ainda, de regulamentos e

instrumentos de serviço emitidos pelo empregador.

4) Promover anualmente a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT).

5) Sugerir a realização de cursos, palestras ou treinamentos, quanto à engenharia de segurança do trabalho, quando

julgar necessário ao melhor desempenho dos empregados.

6) Registrar nos livros próprios as atas de reuniões ordinárias e extraordinárias e enviar cópia ao departamento de

segurança.

7) Preencher ficha de informações sobre situação da segurança na empresa e atividades da CIPA e enviar para o

Ministério do Trabalho. Preencher ficha de análise de acidentes. Deve ser enviada cópia de ambas as fichas ao

departamento de segurança da empresa. O modelo destas fichas pode ser encontrado em qualquer DRT.

8) Manter controle sobre as condições de trabalho dos funcionários e equipamentos das ernpreiteiras e comunicar ao

presidente as irregularidades encontradas.

9) Elaborar anualmente o Mapa de Riscos da empresa.

Tarefas - O presidente da CIPA deve coordenar todas as atribuições citadas anteriormente. Ele deve presidir as

reuniões e é responsável pela convocação dos cipeiros. Pode determinar tarefas aos membros da comissão,

isoladamente ou em grupos de trabalho. Além disso, deve promover o bom relacionamento da CIPA com o

departamento de segurança e com os demais setores da empresa. O vice-presidente, por sua vez, deve executar as

atribuições que lhe forem delegadas e substituir o presidente em suas faltas ocasionais. Ao secretário da CIPA cabe

elaborar as atas de eleições, da posse e das reuniões e manter o arquivo e o fluxo de correspondência atualizados.

Os demais membros da CIPA devem participar das reuniões, investigar e analisar os acidentes ocorridos, sugerindo

medidas preventivas e realizar inspeções nos locais de trabalho. Além disso, têm a obrigação de promover a

divulgação de princípios e normas de segurança junto aos demais trabalhadores e atuar como porta-vozes dos

problemas de segurança comunicados pelos empregados. Para o empregador a tarefa é simples: deve prestigiar

integralmente a CIPA.

Quando houver denúncia de riscos ou mesmo por iniciativa própria, a CIPA pode promover uma inspeção nas

dependências da empresa, divulgando os riscos encontrados ao responsável pelo setor, ao Ministério do Trabalho e ao

empregador. Trata-se de uma medida que, em caso de acidente de trabalho, poderá caracterizar a responsabilidade

do empregador por omissão ao não atender as providências requerídas. Constatando o risco ou acidente de trabalho,

a CIPA discute e encaminha à DRT e ao empregador o resultado das solicitações de providências. Ouvida a DRT, o

empregador tem um prazo de oito dias para responder à CIPA, indicando as providências adotadas ou a sua

discordância devidamente justificada. Caso a CIPA não aceite a justificativa do empregador, deve solicitar a presença

do Ministério do Trabalho no prazo de oito dias a partir da data da comunicação da não-aceitação.

7.3 Mandato

O mandato dos membros titulares da CIPA é de um ano e aqueles que faltarem a quatro reuniões ordinárias sem

justificativa perderão o cargo, sendo substituídos pelos suplentes. Não é válida, como justificativa, a alegação de

ausência por motivo de trabalho. Os representantes dos empregados titulares da CIPA não podem sofrer demissão

arbitrária entendendo-se como tal a que não se fundamentar em motivo disciplinar, técnico ou econômico. Esta

18

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garantia no emprego é assegurada ao cipeiro desde o momento em que o empregador tomar conhecimento da sua

inscrição de candidatos às eleições da CIPA e prolonga-se até um ano após o término do mandato.

Os cipeiros não podem também ser transferidos para outra localidade a não ser que concordem expressamente. A

reeleição deve ser convocada pelo empregador, com um prazo mínimo de 45 dias antes do término do mandato e

realizada com antecedência de 30 dias em relação ao término do atual mandato. Os membros da CIPA eleitos e

designados para um novo mandato serão empossados automaticamente no primeiro dia após o término do mandato

anterior.

8 FORMAS DE PROTEÇÃO

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC: É um dispositivo mecânico, físico ou químico destinado a

proteger um ambiente de trabalho, as pessoas e/ou equipamento nele existente, contra agentes agressivos

provenientes de um processo industrial.

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI: É todo o dispositivo de uso individual, de fabricação

nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.

8.1 ASPECTOS LEGAIS

Norma Regulamentadora N.º 6 da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.

6.1.1 – Fornecimento obrigatório e gratuito, pela empresa, do EPI adequado ao risco, em perfeito estado de

conservação e funcionamento.

a) Quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis;

b) Enquanto estas medidas estiverem sendo implantadas;

c) Em situações de emergência.

6.1.2 – A recomendação ao empregador, quanto ao EPI adequado ao risco, é de competência:

a) do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT;

b) da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, nas empresa desobrigadas de manter o SESMT.

6.1.3 - Nas empresas desobrigadas de possuir CIPA, cabe ao empregador, mediante orientação técnica, fornecer o EPI

adequado e determinar o seu uso correto.

6.2 – Obrigações do empregador:

a) Adquirir o tipo adequado à atividade do empregado;

b) Fornecer somente o EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE;

c) Treinar o trabalhador sobre o seu uso adequado;

d) Tornar obrigatório o seu uso;

e) Substituí-lo imediatamente, quando extraviado ou danificado;

f) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade do EPI.

6.3 - Obrigação do empregado:

a) Usá-lo apenas para a finalidade que se destina;

b) Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;

c) Comunicar ao empregador qualquer irregularidade que o torne impróprio para o uso.

6.4 – Certificado de Aprovação – CA

19

Alto Risco, Risco presente;

Controle do Risco, mas, com risco ainda presente.

Eliminação/controle do risco, “Risco isolado”.

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6.4.1 – O C.A terá a validade de 5 anos (para fins de comercialização);

6.4.2 – Quando julgar necessário, o Departamento Nacional de Saúde e Segurança do Trabalho (DNSST) poderá

estabelecer prazos de validade inferiores para o C.A;

6.4.3 – Todo EPI deverá apresentar, em caracteres indeléveis e visíveis, o nome do fabricante ou importador e o n.º do

C.A.

9 RISCOS AMBIENTAIS

9.1 Algumas Definições sobre Riscos:

Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas. Os riscos

podem ser eliminados ou controlados.

Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas

por ausência de medidas de controle.

Causa de acidente é a qualificação da ação, frente a um risco/perigo, que contribuiu para um dano seja

pessoal ou impessoal. Ex.: A avenida com grande movimento não constitui uma causa do acidente, porém o

ato de atravessá-la com pressa, pode ser considerado como uma das causas.

Controle é uma ação que visa eliminar/controlar o risco ou quando isso não é possível, reduzir a níveis

aceitáveis o risco na execução de uma determinada etapa do trabalho, seja através da adoção de materiais,

ferramentas, equipamentos ou metodologia apropriada.

Exemplificação:

9.2

Classificação dos Riscos

Riscos Físicos

Ruídos: Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento da pressão arterial, problemas do

aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto.

Vibrações: Cansaço, irritação, dores dos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas

digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias, etc.

Calor: Taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, choques térmicos, fadiga térmica, perturbações das

funções digestivas, hipertensão.

20

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Radiações ionizantes: Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes de trabalho.

Radiações não ionizantes: Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e nos outros órgãos

Umidade: Doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias

Frio: Fenômenos vasculares periféricos, doenças do aparelho respiratório, queimaduras pelo frio.

Riscos Químicos

Poeiras minerais (Ex.: sílica, asbesto, carvão, minerais): Silicose (quartzo), asbestose (amianto) e pneumoconiose dos

minerais do carvão.

Poeiras vegetais (Ex.: algodão, bagaço de cana de açúcar): Bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar), etc

Poeiras alcalinas: Doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisema pulmonar.

Fumos metálicos: Doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metálicos e intoxicação específica de acordo

com o metal.

Névoas, gases e vapores: Irritantes (irritação das vias aéreas superiores. Ex.: ácido clorídrico, ácido sulfúrico, amônia,

cloro etc.), Asfixiantes (dores de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma, morte. Ex.: hidrogênio, nitrogênio,

metano, acetileno, dióxido e monóxido de carbono etc.).

Riscos Biológicos

Vírus, bactérias e protozoários: Doenças infectocontagiosas. Ex.: hepatite, cólera, amebíase, AIDS, tétano, etc.

Fungos e bacilos: Infecções variadas externas (na pele, ex.: dermatites) e internas (ex.: doenças pulmonares).

Parasitas: Infecções cutâneas ou sistêmicas podendo causar contágio.

Riscos Ergonômicos

Esforço físico, Levantamento e transporte manual de pesos, Exigências de posturas: Cansaço, dores musculares,

fraquezas, hipertensão arterial, diabetes, úlcera, doenças nervosas, acidentes e problemas da coluna vertebral.

Ritmos excessivos, Trabalho de turno e noturno, Monotonia e repetitividade, Jornada prolongada, Controle rígido

da produtividade, Outras situações (conflitos, ansiedade, responsabilidade): Cansaço, dores musculares, fraquezas,

alterações do sono, da libido e da vida social, com reflexos na saúde e no comportamento, hipertensão arterial,

taquicardia, cardiopatia, asma, doenças nervosas, doenças do aparelho digestivo(gastrite, úlcera, etc.), tensão,

ansiedade, medo e comportamentos estereotipados.

Riscos Mecânicos ou de Acidentes

Arranjo físico inadequado: Acidentes e desgaste físico excessivo.

Máquinas sem proteção: Acidentes graves.

Iluminação deficiente: Fadiga, problemas visuais e acidentes de trabalho.

Ligações elétricas deficientes: Curto circuito, choques elétricos, incêndios, queimaduras, acidentes fatais.

Armazenamento inadequado: Acidentes por estocagem de materiais sem observação

das normas de segurança.

Equipamento de proteção individual inadequado: Acidentes e doenças profissionais.

Animais peçonhentos (escorpiões, aranhas, cobras): Acidentes por animais peçonhentos.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS EM GRUPOS, DE ACORDO COM A SUA NATUREZA E A

PADRONIZAÇÃO DAS CORES CORRESPONDENTES:

GRUPO 1:VERMELHO

GRUPO 2:VERDE

GRUPO 3:MARROM

GRUPO 4;AMARELO

GRUPO 5:AZUL

RISCOS RISCOS FÍSICOS RISCOS RISCOS ERGONÔMICOS RISCOS DE ACIDENTES

21

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QUÍMICOS BIOLÓGICOS

PoeirasFumosNévoasNeblinasGasesVaporesSubstâncias, compostos ou produtos químicos em geral.

RuídosVibraçõesRadiações IonizantesRadiações não IonizantesFrioCalorPressões AnormaisUmidade

VírusBactériasProtozoáriosFungosParasitasBacilos

Esforço físico intensoLevantamento e transporte manual de pesoExigência de postura inadequadaControle rígido da produtividadeImposição de ritmos excessivosTrabalho em turno e noturnoJornadas de trabalho prolongadasMonotonia e repetitividadeOutras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico.

Arranjo físico inadequadoMáquinas e equipamentos sem proteçãoFerramentas inadequadas ou defeituosasEletricidadeProbabilidade de incêndio ou explosãoIluminação indadeqadaArmazenamento inadequadoAnimais peçonhentosOutras situações de riscos que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

9 - INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

Como já se sabe, o acidente é conseqüência de diversos fatores que, combinados, possibilitam a ocorrência do

mesmo. Portanto, não se deve esperar que aconteçam.

É muito importante localizar situações que possam provoca-lo e providenciar para que as medidas prevencionista

sejam tomadas. Por isso, recomenda-se ao membro da CIPA que procure percorrem sua área de ação para identificar

fatores que poderão ser causas de acidentes, empenhando-se no sentido de serem tomadas as providências devidas.

9.1 - Tipos

A inspeção de segurança permite detectar riscos de acidentes, possibilitando a determinação de medidas preventivas,

podendo ser:

Geral – envolve todos os setores da empresa em todos os problemas relativos à segurança;

Parcial – quando é feita em alguns setores da empresa, certos tipos de trabalho, certos equipamentos ou

certas máquinas;

Rotina – traduz –se pela preocupação constante de todos os trabalhadores, do pessoal de manutenção, dos

membros da CIPA e de setores de Segurança;

Periódica – efetuada em intervalos regulares, programada previamente e que visa apontar riscos previstos,

como os desgastes, fadigas, super esforço e exposição e certas agressividades do ambiente a que são

submetidas máquinas, ferramentas, instalações, etc;

Eventual – realizada sem dia ou período estabelecido e com o envolvimento do pessoal técnico da área;

Oficial – efetuada pelos órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Para esse caso e muito

importante que os serviços de segurança mantenha o controle de tudo o que ocorre e o andamento de tudo

o que estiver pendente relativamente à segurança e que estejam em condições de atender informar à

fiscalização;

Especial – É que requer conhecimentos e/ou aparelhos especializados. Inclui-se aqui inspeção de caldeira,

22

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elevadores, medição de nível de ruídos, de iluminação, etc.

9.2 - Levantamento dos Riscos de Acidentes

Uma inspeção de segurança, para que seja corretamente realizada, deve ser desenvolvida em cinco fases:

1. Observação – tanto dos atos como das condições inseguras;

2. Informação – a irregularidades deve ser discutida no momento em que é detectada para que a solução do

problema venha antes que qualquer ocorrência desagradável;

3. Registro – os itens levantados na inspeção devem ser registrados em formulário próprio, para que se possa

propor as recomendações e as sugestões necessárias;

4. Encaminhamento – Os pedidos e recomendações provenientes da inspeção de segurança devem ser enviados

aos setores e/ou pessoas envolvidas, seguindo os procedimentos próprios da empresa;

5. Acompanhamento – não se pode perder de vista qualquer proposta ou sugestão para resolver problemas de

segurança, desde o seu encaminhamento ao setor competente até a sua solução.

9.3 - Relatórios de Inspeção

Toda inspeção de segurança implica a emissão de um relatório que muito embora não tenha um modelo próprio deve

ser minuciosamente elaborado.

10 - MAPAMENTO DE RISCOS AMBIENTAIS

A portaria Nº 25 de 29 de dezembro de 1994 estabelece a criação do Programa de Prevenção a Riscos Ambientais –

PPRA e altera a portaria n.º 05 de 17 de agosto de 1992 que estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração de Mapa de

Riscos Ambientais, que foi editada como complemento dos dispositivos legais que já determinavam ser do

empregador a responsabilidade em adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condições

inseguras do trabalho.

A Constituição da Republica Federativa do Brasil através do inciso XXII do artigo 7º, inclui com o direito do trabalhador

a redução dos riscos inerentes ao trabalho.

A NR – 01 – Disposições Gerais, da Portaria 3214/78, obriga as empresas a adotarem medidas para eliminar ou

neutralizar a insalubridade e as condições inseguras do trabalho, informando aos trabalhadores os riscos profissionais

dos locais de trabalho.

A NR – 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, Portaria 3214/78, entre outras atribuições delegadas

a seus membros enfoca também, no item 5.16 alínea “a” que a CIPA tem como das atribuições, identificar os riscos do

processo de trabalho e elaborar um mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com a

assessoria do SESMT onde houver.

10.1 - Mapa De Riscos - É a representação gráfica dos riscos dentro de um determinado local de

trabalho, onde será expresso por círculos, cores, desenhos e textos que possam informar através de

dados visuais os riscos ou agentes que poderão levar o trabalhador a se acidentar ou adquirir

doenças profissionais.

1) O Mapa de Riscos tem como objetivos:

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a) reunir informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no

trabalho da empresa.

b) Possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores,

bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

2) Etapas da Elaboração:

a) Conhecer o processo de trabalho no local analisado:

- Os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamento profissionais de segurança e saúde;

- Os instrumentos e materiais de trabalho;

- As atividades exercidas;

- O ambiente;

b) Identificar os riscos existentes no local analisados, conforme a classificação da tabela:

c) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:

- Medidas de proteção coletiva;

- Medidas de organização do trabalho;

- Medidas de proteção individual;

- Medidas de higiene e conforto, banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouros e refeitórios.

d) Identificar os indicadores da saúde:

- Queixas mais freqüentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos;

- Acidentes de trabalhos ocorridos;

- Doenças profissionais diagnosticadas;

- Causas mais freqüentes de ausências do trabalho.

e) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;

f) Elaborar o mapa de riscos, sobre o lay- out da empresa indicando através de círculos:

- O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na tabela;

- O número de trabalhadores expostos ao risco, a qual deve ser anotado dentro do círculo;

- A especificação do agente ( por exemplo: químico – sílica, ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo )

que deve ser também anotada dentro do círculo;

3) Após discutido e aprovado pela CIPA o mapa de riscos completo ou setorial deverá ser afixado em cada local,

analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores.

4) No caso das empresas da industria da construção, o mapa de riscos do estabelecimento deverá ser realizado

por etapa de execução dos serviços devendo ser revisto sempre que um fato novo e superveniente modificar a

situação de riscos estabelecida.

Bibliografia: Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho - FUNDACENTRO

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ANEXOS

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ANEXO I - CAUSAS DO ACIDENTE DE TRABALHO

PORQUE AS PESSOAS ERRAM (FALHA HUMANA)

Dan Pertersen classifica os comportamentos perigosos em três categorias ele diz que o erro humano se origina de:

1. Decisão de errar (trabalhar em condições inseguras)

Em certas condições, parece lógico ao empregado preferir a ação insegura. As razões dessa decisão poderiam incluir:

- Pressão de colegas, exigências de produtividade da gerência, aborrecimento, falta de interesse, ou muitas outras.

- Uma atitude mental que dê á pessoa uma razão inconsciente para se acidentar.Isto se chama tendência a acidentes.

- Crença que não possa sofrer acidentes.

2. Armadilhas

Armadilhas, ou erros humanos causados pelo sistema, são também uma razão básica para que as pessoas errem.

Neste caso, falamos principalmente sobre fatores humanos. Uma dessas armadilhas é a incompatibilidade. O

funcionário pode ser forçado a atos inseguros porque a situação de trabalho é incompatível com seu físico ou com as

condições a que está habituado. A segunda armadilha é o layout do local de trabalho, certos layouts levam a erro

humano. Por exemplo, nas instalações de uma nova oficina os empregados eram obrigados a estirar demais certos

músculos no processo de movimentação de material. Nesse caso, o local de trabalho mal projetado transformava os

empregados em uma armadilha.

3. Sobrecarga

A sobrecarga pode ser física, fisiológica ou psicológica. Para lidar com a sobre carga como causa de acidentes, temos

que examinar a capacidade, carga de trabalho e o estado ou condição motivacional atual do individuo.

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Capacidade diz respeito ás habilidades físicas, fisiológicas e psicológicas da pessoa, estado atual da mente, e nível

atual de conhecimento e habilidades do individuo para o trabalho em questão. A capacidade do individuo pode ser

temporariamente, reduzida pelo uso de drogas, álcool, tensão, fadiga, etc.

Carga refere-se á tarefa e o que é necessário para realizá-la. Cargas diz respeito também á quantidade de

processamento de informações que a pessoa deve fazer, ambiente de trabalho, quantidade de preocupações, tensão

e outras pressões, e situação da vida total e privada da pessoa.

Estado ou condição refere-se ao nível de motivação, atitude, atenção e situação biorrítmica da pessoa.

O PRINCIPIO DAS CAUSAS MÚLTIPLAS

A maioria dos acidentes tem mais de uma causa. Nossa tendência comum para simplificar, muitas vezes nos leva a

identificar erradamente uma só causa. Na verdade existe quase sempre uma série de causas em conseqüência que

provoca o acidente. A idéia das causas múltiplas afirma que muitos fatores se combinam ao acaso para provocar

acidentes.

EXAMINAREMOS UM ACIDENTE COMUM EM TERMOS DE CAUSAS MÚLTIPLAS: UM FUNCIONÁRIO CAI DE UMA

ESCADA DEFEITUOSA.

Por que a escada defeituosa não foi descoberta durante as inspeções de rotina?

Por que o supervisor permitiu que fosse usada?

Se o funcionário machucado sabia que escada estava com defeito, por que a usou?

O funcionário foi adequadamente treinado?

O funcionário foi lembrado sobre as praticas de segurança?

A escada estava corretamente marcada com avisos de segurança?

O supervisor examinou o trabalho de antemão?

As respostas a essas e outras perguntas poderiam conduzir aos seguintes tipos de correções:

Melhor procedimento de inspeção

Melhor Treinamento

Definição melhor das responsabilidades de trabalho

Melhor planejamento prévio do trabalho pelos supervisores

Como em qualquer acidente, se quisermos impedir repetição, precisamos encontrar e remover as causas básicas. Citar

exclusivamente o ato inseguro de “galgar uma escada defeituosa” e uma condição insegura que chamamos de “Escada

defeituosa” não irá ajudar muito. Quando examinamos exclusivamente ato e condição, estamos lidando com sintomas

e não com as causas.

Freqüentemente, encontram-se causas arraigadas no sistema de gerência. Essas causas podem decorrer de políticas e

procedimentos, supervisão e sua efetividade, treinamento, etc. Causas arraigadas são aquelas que, se fossem

corrigidas, teriam efeito permanente sobre resultados positivos. Causas arraigadas são pontos fracos que poderiam

afetar não só o acidente sob investigação, mas também muitos outros acidentes e problemas operacionais futuros.

CAUSAS QUE OS FUNCIONÁRIOS SE ARRISCAM

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Como já foi sugerido, os empregados podem agir em condições inseguras porque não conhecem o meio seguro de

faze-lo ou, as vezes , porque preferem deliberadamente o comportamento inseguro. Seguem-se algumas das razões

para essa atitude.

1. Consciência do perigo: Muitas vezes os empregados agem de maneira perigosa porque simplesmente não

reconhecem o perigo.

2. Falta de informação: Às vezes, os empregados agem perigosamente porque não conhecem a forma de realizar

determinado trabalho, ou não sabem como evitar um risco conhecido do trabalho. Não podemos esperar que um

novo funcionário limpe corretamente respingos de ácido, se ele não tiver recebido instruções adequadas.

3. Nível de habilidade: As habilidades e informações não são as mesmas. Muitas habilidades exigem o uso das mãos,

dos olhos, e de certos músculos de forma coordenada para se obter o resultado desejado. Poucos têm habilidade e

coordenação naturais para dirigir um carro-guincho ou para atingir uma bola de golfe na primeira tacada. Nem a

maioria das pessoas conseguem operar um guindaste, uma locomotiva ou outro qualquer equipamento industrial

pesado sem uma soma considerável de treinamento e experiência.

4. Restrição de tempo: Se o meio seguro for mais demorado do que o inseguro, muitos funcionários irão preferir o

caminho mais curto, ganhando tempo. Quanto maior a vantagem de tempo oferecida pelo comportamento inseguro,

maior a tentação de correr o risco e adota-lo.

5. O meio mais fácil: Sempre que o comportamento seguro exigir mais esforço ou aplicação física, podemos prever

que alguns empregados prefiram o meio mais fácil. Quanto maior a imposição, maior a tentação.

6. Prevenção de desconforto: Quando o comportamento seguro envolver algum desconforto físico (como o uso de

equipamento de proteção individual) alguns darão preferência para a alternativa mais confortável.

7. Motivo de atenção: Algumas pessoas preferem enfrentar riscos de vida apenas para ganhar a aprovação do grupo

ou para atrair a atenção dos colegas.

8. Ressentimento: Alguns funcionários se ressentem e reagem á supervisão. Essas pessoas, as vezes, seguem um

comportamento perigoso para expressar sua independência ou para se desforrar, da supervisão por injustiça real ou

imaginária.

9. Incapacidade física: Os funcionários podem ser induzidos aos comportamentos arriscados devido a intoxicação,

ressacas, uso de drogas, fadiga, pequenos ferimentos ou outro tipo de incapacidade física.

10. Condições mentais: Raiva, frustração, aborrecimento, preocupação, tensão por problemas familiares, tudo isso

pode distrair o funcionário e intervir com sua capacidade de concentração para realizar o trabalho em segurança.

EXEMPLOS DE CONDIÇÕES ARRAIGADAS DE COMPORTAMENTO INSEGURO

A seguinte estória ilustra a importância de se descobrir as razões ou causas arraigadas sob atos inseguros, antes de se

decidir sobre ação corretiva. Depois de um registro na área de segurança particularmente medíocre de um grupo de

motoristas profissionais, o departamento de segurança procedeu um estudo detalhado sobre o desempenho da frota.

Constatou-se que o equipamento mecânico estava em ordem.

Os erros dos motoristas eram, obviamente, o problema. Mas que motorista e que erros? Outras análises realizadas

mostraram que um grande número de colisões era causado pela distância que o motorista interpunha entre seu carro

e o da frente. A experiência indicava que os avisos normais do Departamento de Segurança sobre manter a distância

segura tinham pouco efeito, não evitando assim a freqüência dos acidentes.

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Fez-se, então, um estudo profundo sobre os acidentes recentes e motoristas envolvidos - estudo este destinado a

descobrir por que os motoristas não se desempenhavam de acordo com as expectativas - que mostrou resultados

surpreendentes.

A evidência do estudo indicava que um grupo de motoristas - aquele com os piores registros de acidentes -

simplesmente não estavam dirigindo tão bem quanto sabiam. Esses motoristas tinham problemas de disposição de

ânimo e apresentavam comportamentos descuidados na direção. O remédio, no caso, foi um programa de contatos

mais freqüentes por parte dos supervisores e retorno positivo, quando os resultados melhoraram.

O segundo grupo de motoristas não estavam convencidos do que a distância entre seu carro e o carro da frente

oferecia perigo. Para estes, foi necessário mais treinamentos em direção defensiva.

O terceiro grupo era composto de motoristas com problemas de visão que dificultavam o calculo exato das distâncias.

Para estes foram indicados exames oftalmológicos e lentes corretivas.

Havia ainda um outro grupo de motoristas muito pressionado em termos de tempo que julgava impossível atender o

programa exigido pelos chefes sem dirigir em alta velocidade. Os registros deste grupo melhoraram assim que os

programas foram reformulados mais realisticamente.

Na situação acima, a gerência usou quatro ações corretivas diferentes para melhorar o desempenho da frota na área

de segurança, procurando causas arraigadas dos atos inseguros dos motoristas.

ANEXO II - A QUALIDADE TOTAL

A qualidade total (perfeição) é nossa grande meta, é o que devemos almejar em nossas relações, tanto comerciais

quanto pessoais. Na estrutura tradicional da empresa, quase sempre os clientes são colocados como receptores

passivos dos produtos e dos serviços oferecidos. Não raro, são vistos como aqueles que perturbam a rotina. A

Qualidade Total inverte esse quadro e coloca o cliente como a pessoa mais importante para a organização. Tudo que a

ele se relaciona torna-se prioritário.

Para se obter sucesso na busca da QUALIDADE TOTAL, deve-se observar rigorosamente o cumprimento dos dez

princípios que levarão sua empresa a uma posição de destaque.

1. Busque a plena satisfação dos clientes!

A empresa precisa prever as necessidades e superar as expectativas do cliente. A total satisfação dos clientes é a mola

mestra da gestão pela qualidade. Os clientes são a própria razão de existência de uma organização. A gestão pela

qualidade assegura a satisfação de todos os que fazem parte dos diversos processos da empresa: clientes externos e

internos, diretos e indiretos, parceiros e empregados.

2. Administre de forma participativa!

Estabeleça um vínculo de parceria entre seus colaboradores, sejam empregados, prestadores de serviço e

fornecedores, para que todos estejam comprometidos com ações voltadas ao sucesso da operação.

A participação fortalece decisões, mobiliza forças e gera o compromisso de todos com os resultados. Ou seja:

responsabilidade. O principal objetivo é conseguir o "efeito sinergia", no qual o todo é maior que a soma das partes.

3. Estimule a competência em seu quadro funcional!

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É possível ter o máximo controle sobre os colaboradores, determinar normas rígidas, supervisionar, fiscalizar. Mas

nada será tão eficaz quanto o espírito de colaboração e iniciativa daqueles que acreditam no trabalho.

4. Estabeleça propósito claro e bem definido!

O papel da administração é fundamental no acatamento e na prática dos mandamentos da Qualidade Total. A

prioridade de qualquer projeto é sempre determinada pelas atitudes e cobranças dos dirigentes. Além disso,

determina comprometimento, confiança, alinhamento e convergência de ações dentro da empresa.

Estabeleça um propósito desafiador para seus resultados de todo mês.

Busque envolver e contagiar toda empresa com tais propósitos estabelecidos.

Acompanhe diariamente os resultados obtidos; faça ajustes e correções imediatamente quando isto se fizer

necessário.

Reconheça os resultados atingidos e valorize quem os realizou.

5. Melhore continuamente tudo, sempre!

O avanço tecnológico, a renovação dos costumes e do comportamento, leva a mudanças rápidas as reais necessidades

dos clientes. Acompanhar, e até mesmo antecipar as mudanças que ocorrem na sociedade, é uma forma de garantir

mercado e descobrir novas oportunidades de negócios.

6. Gerencie por processos: veja as partes e enxergue o todo!

A empresa é um grande processo com a finalidade de atender às necessidades dos clientes/usuários, através da

produção de bens e serviços, gerados a partir de insumos recebidos de fornecedores e beneficiados e/ou

manufaturados com recursos humanos e tecnológicos.

Os processos se interligam formando cadeias cliente fornecedor. A partir do cliente externo, os processos se

comunicam: o anterior é o fornecedor; o seguinte, cliente. Para que as vendas aconteçam, deve haver uma integração

adequada entre pedidos, estoques, crédito, atendimento, embalagem e entrega. Se um dos processos falhar, falham

os demais!

7. Permita autonomia e exija responsabilidade!

O melhor controle é aquele que resulta da responsabilidade atribuída a cada um. É impossível ao empresário estar

sempre presente em todas as situações, em todo o lugar e com todos ao mesmo tempo. A saída é delegar

competência.

Mas é necessário saber delegar: transferir poder e responsabilidade a pessoas que tenham condições técnicas e

emocionais para bem assumir o que lhes for delegado. É preciso contar ainda com ágil sistema de comunicação, capaz

de proporcionar respostas rápidas. Assim, é possível vencer medos, barreiras, preconceitos associados à divisão de

poder e responsabilidade.

8. Tenha Qualidade nas Informações!

A implantação da Qualidade Total tem como pré-requisito transparência no fluxo de informações dentro da empresa.

Todos devem entender qual é o negócio, a missão, os grandes propósitos e os planos empresariais.

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A participação coletiva na definição dos objetivos é a melhor forma de assegurar o compromisso de todos com sua

execução. Serve também para promover maior conhecimento do papel que a atividade de cada um representa.

9. Garanta a Qualidade em tudo!

A base da garantia da qualidade está no planejamento e no rastreamento da informação. Esta, por sua vez, baseia-se

principalmente na estrutura da documentação escrita, que deve ser de fácil acesso, permitindo identificar o caminho

percorrido.

O registro e o controle de todas as etapas relativas à garantia proporcionam maior confiabilidade ao produto. Em

qualquer atividade produtiva, fazer certo da primeira vez é o desejável. No setor de serviços, especialmente em

consumo instantâneo, acertar de primeira é fundamental. A garantia de qualidade desses serviços é assegurada pela

utilização das técnicas de gerência de processos.

10. Enxergue os erros e falhas como grande oportunidade para melhoria!

O padrão de desempenho desejável na empresa deve ser o de “zero defeito”. Esse princípio deve ser incorporado à

maneira de pensar de empregados e dirigentes, na busca da perfeição em suas atividades.

Todos na empresa devem ter clara noção do que é estabelecido como “o certo”. Essa noção deve nascer de um

acordo entre empresa e clientes, com a conseqüente formalização dos processos correspondentes dentro do princípio

da garantia da qualidade.

Estas são as 10 abordagens fundamentais que propiciam sua empresa a trabalhar com qualidade. Desta forma,

chegamos a um ponto onde se pode concluir que em qualquer empresa, independente de seu porte, existe a

necessidade de se gerir a qualidade. E somente dessa maneira é que se consegue fazer com que a empresa seja uma

entidade competitiva e vitoriosa no mercado onde atua.

Essa gestão fará com que o processo seja contínuo e permanente, e que estará sendo vivenciado e aprimorado a cada

dia. Qualidade estará para a empresa como está para o homem o ar que ele respira. Todos na empresa deverão estar

empenhados em fazer a cada dia o melhor, dentro do melhor que já se faz.

ANEXO III - Programa 5 S’s

O 5S ou House keeping é um conjunto de técnicas desenvolvidas no Japão e utilizadas inicialmente pelas donas-de-

casa japonesas para envolver todos os membros da família na administração e organização do lar. No final dos anos

60, quando os industriais japoneses começaram a implantar o sistema de qualidade total (QT) nas suas empresas,

perceberam que o 5S seria um programa básico para o sucesso da QT.

Esse programa pode ser conhecido com outros nomes, porém 5S é o mais utilizado e vem das iniciais das cinco

técnicas que o compõe:

Seiri: organização, utilização, liberação da área;

Seiton: ordem arrumação;

Seiso: limpeza;

Seiketsu: padronização, asseio, saúde;

Shitsuke: disciplina, autodisciplina.

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OBJETIVOS DESSE PROGRAMA

Melhoria do ambiente de trabalho;

Prevenção de acidentes;

Incentivo à criatividade;

Redução de custos;

Eliminação de desperdício;

Desenvolvimento do trabalho em equipe;

Melhoria das relações humanas;

Melhoria da qualidade de produtos e serviço.

10.1 SEIRI – ORGANIZAÇÃO, LIBERAÇÃO DA ÁREA

Essa técnica é utilizada para identificar e eliminar objetos e informações desnecessárias, existentes no local de

trabalho. Seu conceito chave é a utilidade, porém, devemos tomar cuidado com o que vai ser descartado para não

perdermos informações e/ou documentos importantes. As vantagens do SEIRI:

• Conseguir liberação de espaço;

• Eliminar ferramentas, armários, prateleiras e materiais em excesso;

• Eliminar dados de controle ultrapassados;

• Eliminar itens fora de uso e sucata;

• Diminuir risco de acidentes.

10.2 SEITON - ORDEM, ARRUMAÇÃO

É uma atividade para arrumarmos as coisas que sobraram depois do Seiri. Seu conceito chave é a simplificação. Os

materiais devem ser colocados em locais de fácil acesso e de maneira que seja simples verificar quando estão fora de

lugar. Vantagens:

• rapidez e facilidade para encontrar documentos, materiais, ferramentas e outros objetos;

• economia de tempo;

• diminuição de acidentes.

10.3 SEISO – LIMPEZA

Nesta etapa devemos limpar a área de trabalho e também investigar as rotinas que geram sujeira, tentando modificá-

las. Todos os agentes que agridem o meio ambiente podem ser englobados como sujeira (iluminação deficiente, mau

cheiro, ruídos, pouca ventilação, poeira, etc.). A prática do Seiso inclui:

• não desperdiçar materiais;

• não forçar equipamentos;

• deixar banheiros e outros recintos em ordem após o uso, etc.

10.4 SEIKETSU - PADRONIZAÇÃO, ASSEIO, SAÚDE

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Após termos cumprido as três primeiras etapas do programa 5S devemos partir para a padronização e melhoria

continua das atividades. Essa etapa exige perseverança, pois se não houver mudanças no comportamento das pessoas

e nas rotinas que geram sujeira logo voltaremos à situação inicial, antes da implantação do 5S. Como principais

vantagens do estabelecimento do Seiketsu, temos:

• Equilíbrio físico e mental;

• Melhoria do ambiente de trabalho;

• Melhoria de áreas comuns (banheiros, refeitórios, etc)

• Melhoria nas condições de segurança.

10.5 SHITSUKE - DISCIPLINA OU AUTODISCIPLINA

O compromisso pessoal com o cumprimento dos padrões éticos, morais e técnicos, definidos pelo programa 5S, define

a última etapa desse programa. Se o Shitsuke está sendo executado significa que todas as etapas do 5S estão se

consolidando.

Quando as pessoas passam a fazer o que tem que ser feito e da maneira como deve ser feito, mesmo que ninguém

veja, significa que existe disciplina. Para que esse estágio seja atingido todas as pessoas envolvidas devem discutir e

participar da elaboração de normas e procedimentos que forem adotados no programa 5S. As vantagens são:

• Trabalho diário agradável;

• Melhoria nas relações humanas;

• Valorização do ser humano;

• Cumprimento dos procedimentos operacionais e administrativos;

• Melhor qualidade, produtividade e segurança no trabalho.

10.6 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5S

Embora composto por técnicas simples, a implantação do programa deve seguir alguns passos:

Sensibilização - é preciso sensibilizar a alta administração para que esta se comprometa com a condução do

programa 5S.

Definição do gestor ou comitê central - quando a direção da empresa adota o programa 5S, deve decidir

quem irá promovê-lo. O gestor deve ter capacidade de liderança e conhecimento dos conceitos que fazem

parte desse programa.

ANEXO VI – NR 05 - NORMA REGULAMENTADORA 5 - NR 5 (COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES)

DO OBJETIVO

5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças

decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a

promoção da saúde do trabalhador.

DA CONSTITUIÇÃO

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5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as empresas privadas,

públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes,

associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados.

5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes

tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em Normas Regulamentadoras de setores econômicos

específicos.

5.4 A empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das

CIPA e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho.

(Revogado pela Portaria SIT 247/2011)

5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, através de membros de CIPA ou

designados, mecanismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de

acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da

administração do mesmo.

DA ORGANIZAÇÃO

5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento

previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos

específicos.

5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes serão por eles designados.

5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual

participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados.

5.6.3 O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente de votos recebidos,

observará o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos

normativos de setores econômicos específicos.

5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um responsável pelo

cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através de

negociação coletiva.

5.7 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma reeleição.

5.8 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de Comissões

Internas de Prevenção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.

5.9 Serão garantidas aos membros da CIPA condições que não descaracterizem suas atividades normais na empresa,

sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência, ressalvado o disposto nos parágrafos

primeiro e segundo do artigo 469, da CLT.

5.10 O empregador deverá garantir que seus indicados tenham a representação necessária para a discussão e

encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na CIPA.

5.11 O empregador designará entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os representantes dos empregados

escolherão entre os titulares o vice-presidente.

5.12 Os membros da CIPA, eleitos e designados serão empossados no primeiro dia útil após o término do mandato

anterior.

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TÉCNICAS DE SEGURANÇA I Profº Carlos Nunes

5.13 Será indicado, de comum acordo com os membros da CIPA, um secretário e seu substituto, entre os

componentes ou não da comissão, sendo neste caso necessária a concordância do empregador.

5.14 A documentação referente ao processo eleitoral da CIPA, incluindo as atas de eleição e de posse e o calendário

anual das reuniões ordinárias, deve ficar no estabelecimento à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho e

Emprego.

5.14 Empossados os membros da CIPA, a empresa deverá protocolizar, em até dez dias, na unidade descentralizada do

Ministério do Trabalho, cópias das atas de eleição e de posse e o calendário anual das reuniões ordinárias.(Alteração

dada pela Portaria SIT 247/2011)

5.14.1 A documentação indicada no item 5.14 deve ser encaminhada ao Sindicato dos Trabalhadores da categoria,

quando solicitada.

5.14.2 O empregador deve fornecer cópias das atas de eleição e posse aos membros titulares e suplentes da CIPA,

mediante recibo.

5.15 A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo

empregador, antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da

empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento.

5.15 Protocolizada na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, a CIPA não poderá ter seu

número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do

mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da empresa, exceto no caso de

encerramento das atividades do estabelecimento.(Alteração dada pela Portaria SIT 247/2011)

DAS ATRIBUIÇÕES

5.16 A CIPA terá por atribuição:

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de

trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver;

b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no

trabalho;

c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da

avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;

d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações

que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;

e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as

situações de risco que foram identificadas;

f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;

g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de

alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;

h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver

risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;

i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança

e saúde no trabalho;

35

TÉCNICAS DE SEGURANÇA I Profº Carlos Nunes

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções

coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;

l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador da análise das causas das doenças e

acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;

m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde

dos trabalhadores;

n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;

o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do

Trabalho - SIPAT;

p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.

5.17 Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho de suas

atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho.

5.18 Cabe aos empregados:

a. participar da eleição de seus representantes;

b. colaborar com a gestão da CIPA;

c. indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar sugestões para melhoria das

condições de trabalho;

d. observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto a prevenção de acidentes e doenças

decorrentes do trabalho.

5.19 Cabe ao Presidente da CIPA:

a. convocar os membros para as reuniões da CIPA;

b. coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando houver, as decisões da

comissão;

c. manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA;

d. coordenar e supervisionar as atividades de secretaria;

e. delegar atribuições ao Vice-Presidente;

5.20 Cabe ao Vice-Presidente:

a. executar atribuições que lhe forem delegadas;

b. substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus afastamentos temporários;

5.21 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, terão as seguintes atribuições:

a. cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimento de seus trabalhos;

b. coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os objetivos propostos sejam alcançados;

c. delegar atribuições aos membros da CIPA;

d. promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver;

e. divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento;

f. encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA;

g. constituir a comissão eleitoral.

5.22 O Secretário da CIPA terá por atribuição:

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a. acompanhar as reuniões da CIPA, e redigir as atas apresentando-as para aprovação e assinatura dos

membros presentes;

b. preparar as correspondências; e

c. outras que lhe forem conferidas.

DO FUNCIONAMENTO

5.23 A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido.

5.24 As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas durante o expediente normal da empresa e em local apropriado.

5.25 As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes com encaminhamento de cópias para todos os

membros.

5.26 As atas devem ficar no estabelecimento à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.

5.26 As atas ficarão no estabelecimento à disposição dos Agentes da Inspeção do Trabalho - AIT.(Alteração dada

pela Portaria SIT 247/2011)

5.27 Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando:

a) houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas corretivas de

emergência;

b) ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;

c) houver solicitação expressa de uma das representações.

5.28 As decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso.

5.28.1 Não havendo consenso, e frustradas as tentativas de negociação direta ou com mediação, será instalado

processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.

5.29 Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante requerimento justificado.

5.29.1 O pedido de reconsideração será apresentado à CIPA até a próxima reunião ordinária, quando será analisado,

devendo o Presidente e o Vice-Presidente efetivar os encaminhamentos necessários.

5.30 O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando faltar a mais de quatro reuniões

ordinárias sem justificativa.

5.31 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida por suplente, obedecida a ordem de

colocação decrescente que consta na ata de eleição, devendo os motivos ser registrados em ata de reunião.

5.31 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida por suplente, obedecida à ordem de

colocação decrescente registrada na ata de eleição, devendo o empregador comunicar à unidade descentralizada do

Ministério do Trabalho e Emprego as alterações e justificar os motivos.(Alteração dada pela Portaria SIT 247/2011)

5.31.1 No caso de afastamento definitivo do presidente, o empregador indicará o substituto, em dois dias úteis,

preferencialmente entre os membros da CIPA.

5.31.2 No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da representação dos empregados,

escolherão o substituto, entre seus titulares, em dois dias úteis.

5.31.3 Caso não existam suplentes para ocupar o cargo vago, o empregador deve realizar eleição extraordinária,

cumprindo todas as exigências estabelecidas para o processo eleitoral, exceto quanto aos prazos, que devem ser

reduzidos pela metade.(Inclusão dada pela Portaria SIT 247/2011)

5.31.3.1 O mandato do membro eleito em processo eleitoral extraordinário deve ser compatibilizado com o mandato

dos demais membros da Comissão.(Inclusão dada pela Portaria SIT 247/2011)

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5.31.3.2 O treinamento de membro eleito em processo extraordinário deve ser realizado no prazo máximo de trinta

dias, contados a partir da data da posse.(Inclusão dada pela Portaria SIT 247/2011)

DO TREINAMENTO

5.32 A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse.

5.32.1 O treinamento de CIPA em primeiro mandato será realizado no prazo máximo de trinta dias, contados a partir

da data da posse.

5.32.2 As empresas que não se enquadrem no Quadro I, promoverão anualmente treinamento para o designado

responsável pelo cumprimento do objetivo desta NR.

5.33 O treinamento para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, os seguintes itens:

a. estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo produtivo;

b. metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;

c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes na empresa;

d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e medidas de prevenção;

e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e saúde no trabalho;

f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos;

g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão.

5.34 O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias e será realizado

durante o expediente normal da empresa.

5.35 O treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou

por profissional que possua conhecimentos sobre aos temas ministrados.

5.36 A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, inclusive quanto à entidade ou profissional que o

ministrará, constando sua manifestação em ata, cabendo à empresa escolher a entidade ou profissional que

ministrará o treinamento.

5.37 Quando comprovada a não observância ao disposto nos itens relacionados ao treinamento, a unidade

descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, determinará a complementação ou a realização de outro, que

será efetuado no prazo máximo de trinta dias, contados da data de ciência da empresa sobre a decisão.

DO PROCESSO ELEITORAL

5.38 Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo

mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso.

5.38.1 A empresa estabelecerá mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao sindicato da categoria

profissional.

5.39 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo mínimo de 55 (cinquenta e

cinco) dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral - CE, que será a responsável pela organização

e acompanhamento do processo eleitoral.

5.39.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a Comissão Eleitoral será constituída pela empresa.

5.40 O processo eleitoral observará as seguintes condições:

a. publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo de 45 (quarenta e

cinco) dias antes do término do mandato em curso;

b. inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de quinze dias;

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c. liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente de setores ou

locais de trabalho, com fornecimento de comprovante;

d. garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição;

e. realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da CIPA, quando

houver;

f. realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em horário que

possibilite a participação da maioria dos empregados.

g. voto secreto;

h. apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento de representante do

empregador e dos empregados, em número a ser definido pela comissão eleitoral;

i. faculdade de eleição por meios eletrônicos;

j. guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um período mínimo de cinco anos.

5.41 Havendo participação inferior a cinqüenta por cento dos empregados na votação, não haverá a apuração dos

votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação que ocorrerá no prazo máximo de dez dias.

5.42 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na unidade descentralizada do MTE, até trinta

dias após a data da posse dos novos membros da CIPA.

5.42.1 Compete a unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego, confirmadas irregularidades no

processo eleitoral, determinar a sua correção ou proceder a anulação quando for o caso.

5.42.2 Em caso de anulação a empresa convocará nova eleição no prazo de cinco dias, a contar da data de ciência ,

garantidas as inscrições anteriores.

5.42.3 Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará assegurada a prorrogação do mandato

anterior, quando houver, até a complementação do processo eleitoral.

5.43 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais votados.

5.44 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento.

5.45 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em ordem decrescente de

votos, possibilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes.

DAS CONTRATANTES E CONTRATADAS

5.46 Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se estabelecimento, para fins

de aplicação desta NR, o local em que seus empregados estiverem exercendo suas atividades.

5.47 Sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mesmo estabelecimento, a CIPA ou designado da empresa

contratante deverá, em conjunto com as das contratadas ou com os designados, definir mecanismos de integração e

de participação de todos os trabalhadores em relação às decisões das CIPA existentes no estabelecimento.

5.48 A contratante e as contratadas, que atuem num mesmo estabelecimento, deverão implementar, de forma

integrada, medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, decorrentes da presente NR, de forma a

garantir o mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores do estabelecimento.

5.49 A empresa contratante adotará medidas necessárias para que as empresas contratadas, suas CIPA, os designados

e os demais trabalhadores lotados naquele estabelecimento recebam as informações sobre os riscos presentes nos

ambientes de trabalho, bem como sobre as medidas de proteção adequadas.

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5.50 A empresa contratante adotará as providências necessárias para acompanhar o cumprimento pelas empresas

contratadas que atuam no seu estabelecimento, das medidas de segurança e saúde no trabalho.

DISPOSIÇÕES FINAIS

5.52 Esta norma poderá ser aprimorada mediante negociação, nos termos de portaria específica.(Revogado

pela Portaria SIT 247/2011).

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