2004 - Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular

Embed Size (px)

Citation preview

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 21

    Adaptaes agudas e crnicas

    Adaptaes agudas e crnicas do exerccio fsicono sistema cardiovascular

    Patricia Chakur BRUM*Cludia Lcia de Moraes FORJAZ*

    Tas TINUCCI*Carlos Eduardo NEGRO*

    * Escola de EducaoFsica e Esporte daUSP

    IntroduoOs pesquisadores que hoje compem os Labora-

    trios Fisiologia e Hemodinmica da AtividadeMotora da Escola de Educao Fsica e Esporte daUniversidade de So Paulo tm como principal li-nha de pesquisa, as adaptaes agudas e crnicas doexerccio fsico sobre o sistema cardiovascular. Osestudos realizados nesta linha de pesquisa, hoje sobastante abrangentes, e envolvem desde estudos cl-nicos at estudos com experimentao animal, comintuito de investigar os mecanismos pelo qual o exer-ccio fsico agudo e crnico influenciam o sistemacardiovascular de indivduos controle e portadoresde diversas cardiopatias e distrbios metablicos.Mais recentemente, tambm acrescentamos aos

    nossos estudos uma abordagem gentica e molecularonde investigamos a influncia de polimorfismosgenticos dos receptores a e b- adrenrgicos sobre aresposta cardiovascular durante o exerccio emcardiopatas e obesos. Alm disso, temos utilizadoanimais geneticamente modificados para o estu-do de mecanismos celulares envolvidos nas adap-taes cardiovasculares ao treinamento fsico nainsuficincia cardaca.

    No presente artigo faremos uma exposio re-trospectiva dos principais estudos realizados nalinha de pesquisa Adaptaes agudas e crnicasdo exerccio fsico sobre o sistema cardiovascularnos ltimos 10 anos.

    Efeitos agudos do exerccio fsico sobre afuno cardiovascularO exerccio fsico caracteriza-se por uma situao

    que retira o organismo de sua homeostase, pois impli-ca no aumento instantneo da demanda energtica damusculatura exercitada e, conseqentemente, do or-ganismo como um todo. Assim, para suprir a novademanda metablica, vrias adaptaes fisiolgicas sonecessrias e, dentre elas, as referentes funocardiovascular durante o exerccio fsico.

    Na TABELA 1 observa-se um sumrio dasprincipais respostas cardiovasculares ao exerccio fsicoagudo. No entanto, o tipo e a magnitude da respostacardiovascular dependem das caractersticas doexerccio executado, ou seja, o tipo, a intensidade, adurao e a massa muscular envolvida.

    Em relao ao tipo de exerccio, podemos carac-terizar dois tipos principais: exerccios dinmicosou isotnicos (h contrao muscular, seguida de

    movimento articular) e estticos ou isomtricos (hcontrao muscular, sem movimento articular), sen-do que cada um desses exerccios implica em res-postas cardiovasculares distintas (FORJAZ & TINUCCI,2000). Nos exerccios estticos observa-se aumentoda freqncia cardaca, com manuteno ou at re-duo do volume sistlico e pequeno acrscimo dodbito cardaco. Em compensao, observa-se au-mento da resistncia vascular perifrica, que resultana elevao exacerbada da presso arterial. Esses efei-tos ocorrem porque a contrao muscular mantidadurante a contrao isomtrica promove obstruomecnica do fluxo sangneo muscular, o que fazcom que os metablitos produzidos durante a con-trao se acumulem, ativando quimiorreceptoresmusculares, que promovem aumento expressivo daatividade nervosa simptica. interessante observar

  • 22 Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp.

    BRUM, P.C. et al.

    que a magnitude das respostas cardiovasculares du-rante o exerccio esttico dependente da intensi-dade do exerccio, de sua durao e a da massamuscular exercitada, sendo maior quanto maioresforem esses fatores (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Poroutro lado, nos exerccios dinmicos, como as con-traes so seguidas de movimentos articulares, noexiste obstruo mecnica do fluxo sangneo, demodo que, nesse tipo de exerccio, tambm se ob-serva aumento da atividade nervosa simptica, que desencadeado pela ativao do comando central,mecanorreceptores musculares e, dependendo daintensidade do exerccio, metaborreceptores mus-culares (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Em resposta aoaumento da atividade simptica, observa-se aumentoda freqncia cardaca, do volume sistlico e dodbito cardaco. Alm disso, a produo demetablitos musculares promove vasodilatao namusculatura ativa, gerando reduo da resistnciavascular perifrica. Dessa forma, durante os exerc-cios dinmicos observa-se aumento da presso arte-rial sistlica e manuteno ou reduo da diastlica(FORJAZ, MATSUDAIRA, RODRIGUES, NUNES &NEGRO, 1998a). Essas respostas so tanto maioresquanto maior for a intensidade do exerccio, mas nose alteram com a durao do exerccio, caso ele sejarealizado numa intensidade inferior ao limiaranaerbio. Alm disso, quanto maior a massa muscu-lar exercitada de forma dinmica, maior o aumentoda freqncia cardaca, mas menor o aumento dapresso arterial (FORJAZ & TINUCCI, 2000).

    Embora as respostas cardiovasculares aos exercciosdinmicos e estticos sejam bem caractersticas, na

    prtica diria, os exerccios executados apresentamcomponentes dinmicos e estticos, de modo que aresposta cardiovascular a esses exerccios depende dacontribuio de cada um desses componentes. Nessesentido, os exerccios resistidos ou exerccios demusculao (exerccios localizados contra resistn-cias) possuem papel de destaque, pois quando exe-cutados em altas intensidades, apesar de serem feitosde forma dinmica apresentam componenteisomtrico bastante elevado (FORJAZ, REZK, MELO,SANTOS, TEIXEIRA, NERY & TINUCCI, 2003), fazen-do com que a resposta cardiovascular durante suaexecuo assemelhe-se quela observada com exer-ccios estticos, ou seja, aumento da freqncia car-daca e, principalmente, aumento exacerbado dapresso arterial, que se amplia medida que o exer-ccio vai sendo repetido (FORJAZ et al., 2003). Defato, em nosso laboratrio, elevaes pressricas naordem de 60/50 mmHg para a presso arterial sistlica/diastlica tem sido observadas com a medida intra-arterial da presso arterial em indivduos normotensos,que realizam uma srie de movimentos de extenso depernas na mesa romana com carga correspondente a80% da carga voluntria mxima at a exausto, oque corresponde em mdia entre seis a 12 repeties(dados no publicados).

    Alm das alteraes cardiovasculares observa-das durante a execuo do exerccio fsico, algu-mas modificaes ocorrem aps a finalizao doexerccio. Dentre elas, uma que tem atrado muitoa ateno o fenmeno da Hipotenso Ps-Exerccio, que tem sido alvo de vrias pesquisasdo Laboratrio de Hemodinmica da Atividade

    TABELA 1 - Efeitos agudos do exerccio fsico sobre a funo cardiovascular.

    EXERCCIO FC VS DC RVP PA MECANISMO

    DINMICO

    PAS

    / PAD

    Mecanorreceptores musculares e

    comando central

    atividade simptica

    ESTTICO

    /

    /

    Ativao dos quimiorreceptores

    atividade simptica

    RESISTIDO ?

    FC, freqncia carda-ca; VS, volume sistlico;DC, dbito cardaco;RVP,resistncia vascularperifrica; PA, pressoarterial; PAS, presso ar-terial sistlica;PAD, pres-so arterial diastlica.

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 23

    Adaptaes agudas e crnicas

    Motora desta Escola (FORJAZ, REZK, SANTAELLA,MARANHO, SOUZA, NUNES, NERY, BISQUOLO,RONDON, MION JUNIOR & NEGRO, 2000a).

    A hipotenso ps-exerccio caracteriza-se pelareduo da presso arterial durante o perodo derecuperao, fazendo com que os valores pressricosobservados ps-exerccios permaneam inferioresqueles medidos antes do exerccio ou mesmo aque-les medidos em um dia controle, sem a execuo deexerccios. Para que a hipotenso ps-exerccio te-nha importncia clnica necessrio que ela tenhamagnitude importante e perdure na maior parte das24 horas subseqentes finalizao do exerccio. Emnossos estudos com indivduos normotensos (FORJAZet al. 1998a; FORJAZ, CARDOSO JUNIOR, REZK,SANTAELLA & TINUCCI, no prelo; FORJAZ, RAMIRES,TINUCCI, ORTEGA, SALOMO, IGNS, WAJCHENBERG,NEGRO & MION JUNIOR, 1999; FORJAZ, SANTAELLA,REZENDE, BARRETTO & NEGRO, 1998b; SANTAELLA,2003) temos observado que a execuo de uma nicasesso de 45 minutos de exerccio em cicloergmetroem 50% do VO

    2pico reduz a presso arterial

    sistlica/diastlica em torno de -7/-4 mmHg. Almdisso, nessa populao, essa reduo perdura porum perodo prolongado ps-exerccio, visto que amdia da presso arterial nas 24 horas ps-exerccioestava diminuda (FORJAZ, TINUCCI, ORTEGA,SANTAELLA, MION JUNIOR & NEGRO, 2000b). En-tretanto, na populao normotensa idosa (RONDON,ALVES, BRAGA, TEIXEIRA, BARRETTO, KRIEGER &NEGRO, 2002), observamos que uma sesso de exer-ccio similar no promove reduo da presso arte-rial aps sua execuo. Por outro lado, emhipertensos, tanto jovens (SANTAELLA, 2003) quan-to idosos (RONDON et al., 2002), a queda pressrica mais evidente que em normotensos.

    Um aspecto importante diz respeito s caracte-rsticas do exerccio (tipo, intensidade e durao)que promovem maior queda pressrica aps suaexecuo (FORJAZ et al., 2000a). Em relao ao tipo,a hipotenso ps-exerccio est bastante demons-trada em resposta aos exerccios aerbios (dinmi-cos, cclicos, com intensidade leve a moderada elonga durao) (FORJAZ et al., 2000a), porm, temcrescido o interesse sobre o efeito do exerccio re-sistido sobre a presso arterial ps-exerccio. Nessesentido, num estudo recente (REZK, 2004), demons-tramos em indivduos normotensos que aps osexerccios localizados, tanto de baixa (40% da car-ga voluntria mximo - CVM) quanto de alta (80%da CVM) intensidade ocorre reduo da pressoarterial sistlica, porm apenas o exerccio de baixa

    intensidade reduz a presso diastlica. De formasemelhante, em mulheres hipertensas, o exerccioresistido de baixa intensidade tambm reduz a pres-so arterial por at duas horas aps sua finalizao(dados no publicados). Nesses estudos, a quedapressrica obtida aps o exerccio resistido seme-lhante observada com o exerccio aerbio, pormsua durao por perodos prolongados ainda preci-sa ser mais bem investigada.

    Em relao ao exerccio aerbio, a influncia dadurao desse exerccio est bem demonstrada,apontando para o fato de que exerccios mais pro-longados possuem efeitos hipotensores maiores emais duradouros (FORJAZ et al., 1998b), porm oefeito da intensidade do exerccio ainda contro-verso. Em um de nossos estudos (FORJAZ et al.,1998a) verificamos que, em indivduos normotensosjovens, os exerccios de diferentes intensidades (30,50 e 80% da VO

    2pico) promoviam redues

    pressricas ps-exerccio semelhantes, enquanto quenum segundo estudo (FORJAZ et al., no prelo), ob-servamos que o exerccio mais intenso (75% doVO

    2pico) promovia maior reduo pressrica. Na

    realidade, a execuo de outras medidas conjuntas medida da presso arterial pode ser responsvelpela diferena de respostas observada entre os estu-dos, ou seja, o exerccio mais intenso promove umamaior reduo da resposta de alerta s medidashemodinmicas, fazendo com que quando essamedida for feita junto com a medida de PA, o efei-to hipotensor dessa execuo seja evidente.

    Um outro fator relevante quando se aborda ahipotenso ps-exerccio o mecanismo respons-vel pela reduo pressrica. Entretanto, esses me-canismos parecem diferir de acordo com o tipo deexerccio empregado e a populao estudada. As-sim, em indivduos hipertensos idosos (RONDON etal., 2002), verificamos que a queda pressrica ps-exerccio aerbio se deve reduo do dbito car-daco, em funo da diminuio do volumesistlico. Por outro lado, em jovens normotensos(FORJAZ et al., no prelo), o mecanismo responsvelpela reduo da presso arterial parece diferir entreos indivduos, de modo que alguns respondem emfuno da reduo do dbito cardaco e outros, emfuno da reduo da resistncia vascular perifri-ca. Independentemente do mecanismohemodinmico sistmico, a resistncia vascularmuscular est reduzida aps o exerccio, o que sedeve vasodilatao muscular mantida aps o exer-ccio (FORJAZ et al., 1999). Um dos mecanismosresponsveis por essa vasodilatao a reduo da

  • 24 Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp.

    BRUM, P.C. et al.

    atividade nervosa simptica, que pode ser medidade forma direta pela tcnica da microneurografia(FORJAZ et al., 1999). interessante observar que,em todos os nossos estudos (FORJAZ et al., 1998a,1998b, 1999, no prelo; SANTAELLA, 2003; RONDONet al., 2002), a freqncia cardaca permaneceu ele-vada aps o exerccio, sugerindo um aumento daatividade nervosa simptica cardaca e, demonstran-do, que a regulao simptica para o corao e acirculao perifrica podem sofrer adaptaes dife-rentes aps o exerccio. Vale a pena ressaltar quealm dos mecanismos hemodinmicos envolvidosna hipotenso ps-exerccio, em trabalhos realiza-dos com ratos espontaneamente hipertensos (SILVA,BRUM, NEGRO & KRIEGER, 1997). Demonstramosum aumento na sensibilidade barorreflexa at 60minutos aps a execuo de exerccio realizado em50% do VO

    2 pico durante 30 minutos. Esses dados

    sugerem que alteraes reflexas no controle da pres-so arterial tambm podem influenciar na respostaobservada na fase de recuperao.

    Em relao aos exerccios resistidos, verificamos(REZK, 2004) que a queda da presso arterial ps-exerccio em indivduos normotensos se deve re-duo do dbito cardaco por diminuio do volumesistlico, sendo que essa queda no compensadapelo aumento da resistncia vascular perifrica. Esse

    Efeito crnico do exerccio fsico aerbiosobre a presso arterialOs efeitos do treinamento fsico sobre o nvel tensional

    em repouso de indivduos normotensos e hipertensos temsido objeto de vrios estudos. H um consenso na litera-tura de que o treinamento fsico leva diminuio dapresso arterial de repouso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HI-PERTENSO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SO-CIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2002). No entanto,esse efeito mais pronunciado em indivduos hipertensos,uma vez que a maioria dos estudos realizados emnormotensos no mostrou modificao da presso arte-rial (SILVA et al., 1997) ou, ento, redues de pequenamagnitude, tanto na presso arterial de consultrio comona monitorizao ambulatorial da presso arterial de 24horas (VAN HOOF, HESPEL, FAGARD, LIJNEN, STAESSEN &AMERY, 1989). Portanto, a seguir, discorreremos sobre osefeitos do treinamento fsico na hipertenso arterial comenfoque nos trabalhos realizados pelos grupos de Fisiolo-gia da Atividade Motora da Escola de Educao Fsica eEsporte da Universidade de So Paulo e pela Unidade de

    Reabilitao Cardiovascular e Fisiologia do Exerccio eUnidade de Hipertenso do Instituto do Corao da Fa-culdade de Medicina da Universidade de So Paulo.

    Nossa contribuio iniciou-se na dcada de 90quando observamos que a eficcia do treinamentofsico em reduzir a presso arterial era dependente daintensidade de exerccio realizado nas sesses detreinamento (VRAS-SILVA, MATTOS, GAVA, BRUM,NEGRO & KRIEGER, 1997). Somente o treinamentofsico realizado em intensidade leve a moderada,correspondente a 55% do VO

    2 de pico, atenuou a

    hipertenso arterial de ratos com hipertenso severaquando comparados a ratos sedentrios e treinadosem 85% do VO

    2 de pico (FIGURA 1). O mecanismo

    hemodinmico envolvido na atenuao da hipertensonesses animais foi a reduo do dbito cardacoassociada a bradicardia de repouso (VRAS-SILVA et al.,1997) e reduo do tnus simptico cardaco (GAVA,VRAS-SILVA, NEGRO & KRIEGER, 1995).

    mecanismo parece ser o mesmo nos exerccios debaixa e alta intensidade. Porm quando se conside-ra perodo mais longo aps o exerccios de alta in-tensidade, a resistncia vascular perifrica no incioda recuperao, compensa parcialmente a reduodo dbito cardaco, impedindo a reduo da pres-so arterial diastlica, mas no a reduo da pressoarterial sistlica. Em indivduos hipertensos, essesmecanismos ainda no foram investigados.

    Um outro aspecto importante que, alm do exerc-cio, outras condutas comumente utilizadas em sesses decondicionamento fsico, como o relaxamento tambmpossuem efeito hipotensor aps sua realizao (SANTAELLA,2003). Alm disso, quando o relaxamento associado aoexerccio aerbio, a queda pressrica obtida ainda maiore mais duradoura, sugerindo que a prtica conjunta des-sas intervenes deva ser aplicada.

    Diante do exposto, observa-se que mesmo aguda-mente, o exerccio fsico tem um papel hipotensor derelevncia clnica, principalmente para indivduoshipertensos, o que sugere que o exerccio deve ser in-dicado no tratamento no-farmacolgico da hiperten-so arterial. Entretanto, apesar dos grandes avanosno estudo dos efeitos agudos do exerccio vrias lacu-nas ainda existem e precisam ser preenchidas. Este temsido o estmulo para os novos projetos e pesquisa doslaboratrios desta Escola.

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 25

    Adaptaes agudas e crnicas

    Entretanto, um aspecto importante quando se es-tuda a hipertenso so as alteraes fisiopatolgicasque a acompanham. Neste sentido, uma das disfunesneurovegetativas associadas hipertenso arterial adiminuio da sensibilidade dos reflexoscardiovasculares, tais como, o reflexo pressorreceptore cardiopulmonar, que so importantes para aregulao momento-a-momento da presso arterial(KRIEGER, 1989). De fato a disfuno do reflexopressorreceptor est associada a um alto ndice demortalidade por doenas cardiovasculares, especial-mente na insuficincia cardaca (MORTARA, LA ROVERE,PINNA, PRPA, MAESTRI, FEBO, POZZOLI, OPASICH &TAVAZZI, 1997; OSTERZIEL, HANLEIN, WILLENBROCK,EICHHORN, LUFT & DIETZ, 1995) representando, por-tanto, um tema de grande relevncia clnica. Uma dasimportantes contribuies do nosso grupo neste temafoi o estudo do efeito do treinamento fsico sobre asensibilidade dos reflexos pressorreceptor e

    cardiopulmonar em ratos espontaneamentehipertensos. Nesse aspecto, observamos que o treina-mento fsico restaura a sensibilidade do reflexopressorreceptor e cardiopulmonar (SILVA et al., 1997),alm de aumentar a atividade aferente pressorreceptoraa variaes na presso arterial (BRUM, SILVA, MOREIRA,IDA, NEGRO & KRIEGER, 2000).

    Mais recentemente comprovamos em seres humanos,os resultados obtidos em animais de laboratrio. Verifica-mos reduo da PA clnica em indivduos hipertensos sus-tentados e hipertensos do avental branco, aps um perodode quatro meses de exerccio fsico aerbio de baixa inten-sidade (SOUZA, 2003). Portanto, a prtica regular e ade-quada de exerccio fsico deve ser recomendado para apreveno e o tratamento da hipertenso arterial. Por fim,o treinamento fsico pode se associar ao tratamentofarmacolgico minimizando seus efeitos adversos e redu-zindo o custo do tratamento para o paciente e para asinstituies de sade (RONDON & BRUM, 2003).

    100110120130140150160170180190200210220

    PA M PA S PA D

    mm

    Hg

    SEDTATB

    *

    *

    *

    *

    * p0,05).

    Efeito crnico do exerccio fsico sobre a freqncia cardacaEstudos epidemiolgicos demonstram uma re-

    lao inversa entre a capacidade funcional,morbidade e mortalidade cardiovasculares (LEE,HSIEH & PAFFENBARGER, 1993). No tocante fre-qncia cardaca, vrios estudos tm demons-trado uma relao direta entre a freqnciacardaca de repouso ou submxima e risco dedesenvolvimento de doenas cardiovasculares,ou seja, indviduos com menor freqncia car-daca em repouso ou menor taquicardia du-rante o exerccio fsico submximo apresentam

    menor probab i l idade de desenvo lve remcardiopatias (SECCARECIA & MENOTTI, 1992).

    Dessa forma, um dos objetos de estudo do nossogrupo foi verificar os efeitos do treinamento fsicosobre a resposta da freqncia cardaca de repouso edurante o exerccio fsico, assim como, osmecanismos neurais envolvidos nessas respostas. Em1992, NEGRO, MOREIRA, SANTOS, FARAH e KRIEGERdemonstraram que o treinamento fsico aerbioresultava em bradicardia de repouso e que omecanismo associado a essa resposta era uma

    FIGURA 2 -

  • 26 Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp.

    BRUM, P.C. et al.

    Insuficincia cardaca e exerccio fsicoA insuficincia cardaca uma sndrome clnica

    caracterizada por anormalidades da funo doventrculo esquerdo e regulao neuro-hormonal,que resulta em intolerncia aos esforos, retenode fludo e reduo da longevidade (PACKER, 1997).Representa um importante problema de sade p-blica, considerando-se sua morbi-mortalidade eprevalncias crescentes.

    Nos ltimos anos, o nosso grupo tem se dedicadobastante ao estudo do paciente com insuficinciacardaca e s possveis condutas que possam melhoraro estado clnico e mesmo o prognstico de vida dessespacientes. Neste sentido, observamos que a atividadenervosa simptica uma varivel fidedigna para avaliara gravidade da doena (NEGRO, RONDON, TINUCCI,ALVES, ROVEDA, BRAGA, REIS, NASTARI, BARRETTO,KRIEGER & MIDDLEKAUFF, 2001a), uma vez que elaaumenta progressivamente do indivduo saudvelpara o paciente com insuficincia cardaca leve,moderada e severa (FIGURA 2). Resultadossemelhantes foram verificados em relao ao fluxosangneo muscular, isto , quanto menor o fluxosangneo muscular pior o estado clnico do pacientecom insuficincia cardaca (NEGRO et al., 2001a).Outro aspecto, tambm foi descrito pelo nosso grupo, que pacientes com insuficincia cardaca apresentamatividade nervosa simptica muscular e fluxossangneos muscular basais diminudos durante o

    exerccio fsico e o estresse mental (MIDDLEKAUFF,NGUYEN, NEGRO, NITZSCHE, HOH & NATTERSON,1997; NEGRO et al., 2001a), evidenciando o estadovasoconstritor decorrente da insuficincia cardaca.

    Dentro dessa proposta de estudar a insuficinciacardaca, temos verificado que o exerccio fsico re-presenta, hoje, uma alternativa extremamente im-portante no tratamento desses pacientes. Nessesentido, constatamos que quatro meses de umprograma de treinamento fsico aerbio, com in-tensidade entre o limiar anaerbio at 10% abai-xo do ponto de compensao respiratria melhorasignificativamente a capacidade fsica desses pa-cientes com complicaes cardacas (ROVEDA,MIDDLEKAUFF, RONDON, REIS, SOUZA, NASTARI,BARRETO, KRIEGER & NEGRO, 2003). Mais im-portante ainda foi o fato de verificarmos que aatividade nervosa simptica muscular muito re-duzida aps esse programa de exerccios fsicos.Sendo essa reduo to expressiva, que chegou anormalizar a atividade nervosa simptica mus-cular (ROVEDA et al., 2003). Outro resultadomarcante foi que o fluxo sangneo muscular au-mentou proporcionalmente reduo da ativi-dade nervosa simptica muscular (ROVEDA et al.,2003). Destes resultados, trs aspectos muitoimportantes emergem. Primeiro, o treinamentofsico melhora a qualidade de vida do paciente com

    diminuio na freqncia cardaca intrnseca. Maisrecentemente, observamos que os mecanismosenvolvidos na bradicardia de repouso ps-treinamento fsico sofrem influncia da modalidadedo treino, visto que em ratos submetidos aotreinamento fsico de baixa intensidade com natao,a bradicardia est associada ao aumento ao tnusvagal cardaco (MEDEIROS, OLIVEIRA, GIANOLLA,CASARINI, NEGRO & BRUM, no prelo).

    Alm de sofrer influncia da modalidade de treinamen-to, o mecanismo envolvido na bradicardia de repouso tam-bm se modifica no processo de doenas cardiovasculares,como, a hipertenso arterial. Assim, em ratos esponta-neamente hipertensos, observamos que bradicardia derepouso ps-treinamento est associada diminuiodo tnus simptico cardaco (GAVA et al., 1995). Essaresposta foi, na poca, surpreendente uma vez que ahiperatividade simptica observada nos ratoshipertensos foi normalizada pelo treinamento fsico.

    Dentre as adaptaes da freqncia cardacaao treinamento fsico tambm est a menor res-posta taquicardica durante a execuo de exerc-cios fsicos em mesma intensidade absoluta. Nessesentido, observamos menor resposta taquicrdicaao exerccio progressivo em ratos normotensostreinados quando comparados aos sedentrios(NEGRO, MOREIRA, BRUM, DENADAI & KRIEGER,1992a). Em relao ao balano autonmico du-rante esse exerccio incremental, observamos umaprogressiva retirada vagal seguida por uma in-tensificao simptica. Ao estudarmos os meca-nismos envolvidos na menor respostataquicardica ao exerccio fsico, observamos umamodificao no balano autonmico cardacops-treinamento. Dessa forma ratos treinadosapresentaram menor taquicardia associada a umamenor retirada vagal e menor intensificao sim-ptica quando comparados aos ratos controles.

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 27

    Adaptaes agudas e crnicas

    insuficincia cardaca. Segundo, o treinamentofsico pode corrigir a disfuno neurovascular nainsuficincia cardaca. E, terceiro, concluindo-se que a atividade nervosa simptica muscularest diretamente relacionada ao prognstico de

    vida do paciente com insuficincia cardaca eo treinamento fsico provavelmente melhorao prognstico de vida desses pacientes, embo-ra esse ponto ainda necessite de comprovaocientfica mais especfica.

    Atividade nervosa simptica muscular medida atravs da impactao de um eletrodo no nervofibular em indivduos controle e portadores de insuficincia cardaca leve (ICC leve) e grave (ICCgrave), respectivamente.

    2s

    ControleH- 52anos

    ICC leveH- 55 anos

    ICC graveM- 50 anos

    27 impulsos/min

    41 impulsos/min

    51 impulsos/min

    Cabe ainda colocar em perspectiva que a diminuioda atividade nervosa simptica muscular e a melhora dofluxo sangneo muscular podem ainda provocar dimi-nuio nas espcies reativas de oxignio e, conseqente-mente, diminuio nos nveis de citoquinas, explicando,portanto, os achados de outros autores (GIELEN, ADAMS,MOBIUS-WINKLER, LINKE, ERBS & YU, 2003) de que oexerccio fsico regular diminui a expresso de TNF-alfa,IL-1-beta, IL-6 e iNOS na musculatura esqueltica napresena de insuficincia cardaca. Em conjunto, o au-mento na condutncia vascular e a diminuio decitoquinas podem contribuir decisivamente para a me-lhora da capacidade oxidativa muscular e, em ltimainstncia, da capacidade fsica de pacientes com insu-ficincia cardaca.

    Mais recentemente iniciamos alguns estudos em ummodelo gentico de cardiomiopatia induzida porhiperatividade simptica (BRUM, KOSEK, PATTERSON,

    BERNSTEIN & KOBILKA, 2002). Esse modelo consisteem camundongos nocaute para os receptores a

    2A/a

    2C-

    adrenrgicos, cuja principal caracterstica disfunoventricular associada a hiperatividade simptica, refle-tindo um quadro semelhante insuficincia cardaca.Aps desenvolver um protocolo de treinamento fsicopara esses camundongos (EVANGELISTA, BRUM &KRIEGER, 2003), constatamos que o treinamento fsi-co atenuou a taquicardia e a intolerncia aos esforoscaractersticos deste modelo de cardiomiopatia. Almdisso, o treinamento fsico restaurou a funo contrtilcardaca, que se apresentava diminuda nos camun-dongos nocaute para os receptores a

    2A/a

    2C-adrenrgicos

    (MEDEIROS et al., no prelo). Assim, com esse modelogentico, iniciaremos, em um futuro prximo, o estu-do dos efeitos dos mecanismos celulares associados disfuno ventricular e a restaurao dessa funo pelotreinamento fsico.

    FIGURA 2 -

    A quantificao da ati-vidade nervosa simp-tica foi realizada atra-vs de um integradorde sinais biolgicoscom posterior conta-gem do nmero deespcolas por unidadede tempo. (Adaptadode NEGRO et al., 2001).

  • 28 Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp.

    BRUM, P.C. et al.

    Obesidade e exerccio fsicoUm outro objeto de estudo de nossos laboratrios

    a avaliao do efeito do exerccio na obesidade.A obesidade pode ser visualizada como um dos

    maiores problemas de sade pblica nos pases in-dustrializados. No Brasil, lamentavelmente, o n-mero de pessoas com sobrepeso ou obesas temcrescido consideravelmente nos ltimos anos. Co-nhecimentos atuais explicam a prevalncia da obe-sidade como o resultado da interao de fatoresgenticos com fatores ambientais (KOPELMAN,2000). Na tentativa de contribuir para o conheci-mento da obesidade e para o tratamento de pessoasobesas, nosso grupo tem estudado as alteraescardiovasculares e seus mecanismos na obesidadehumana, bem como, os efeitos da dieta hipocalricae do exerccio fsico regular.

    Assim, em relao obesidade estudos recentesdo nosso grupo tm mostrado que a obesidade au-menta os nveis de leptina plasmtica e provoca re-sistncia insulina (KUNIYOSHI, TROMBETTA,BATALHA, RONDON, LATERZA, GOWDAK, BARRETTO,HALPERN, VILLARES, LIMA & NEGRO, 2003). Almdisso, indivduos obesos tm atividade nervosa sim-ptica muscular aumentada, fluxo sangneo mus-cular diminudo e conseqentemente presso arterialaumenta (RIBEIRO, TROMBETTA, BATALHA, RONDON,FORJAZ, BARRETTO, VILLARES & NEGRO, 2001).

    Baseados nestes conhecimentos, o nosso grupopassou a investigar intervenes que possibilitasse areverso deste quadro de alteraes metablica,neurovascular e hemodinmico da obesidade. As-sim, comeamos a estudar o impacto da dietahipocalrica isolada e associada ao exerccio fsicona obesidade humana. Os resultados desse estudomostraram-se extremamente interessantes, pois ve-rificamos que, apesar de a dieta isoladamente pro-vocar a mesma perda de peso corporal que a dietaassociada ao treinamento fsico num perodo dequatro meses, esta perda ocorria em funo de mas-sa gorda e massa magra (NEGRO, TROMBETTA, BA-TALHA, RIBEIRO, RONDON, TINUCCI, FORJAZ,

    BARRETTO, HALPERN & VILLARES, 2001b). Ao con-trrio, com o treinamento fsico associado dieta aperda do peso se devia somente perda de massagorda. Outro resultado de destaque foi o fato dadieta associada ao exerccio fsico levar a uma me-lhora muito mais expressiva na sensibilidade insu-lina do que a dieta isolada (NEGRO et al., 2001b).

    Dando continuidade a esta linha de investiga-o, passamos a estudar os efeitos da dieta associadaao exerccio fsico na atividade nervosa simpticamuscular, fluxo sangneo muscular e presso arte-rial, de indivduos obesos. Nesta seqncia verifica-mos, que a dieta isolada e a dieta mais o exerccioprovocavam diminuio expressiva na atividadenervosa simptica muscular e na presso arterial(TROMBETTA, BATALHA, RONDON, LATERZA,KUNIYOSHI, BARRETTO, HALPERN, VILLARES &NEGRO, 2003). Foi curioso, no entanto, verificarque apenas a dieta associada ao treinamento fsicolevava melhora no fluxo sangneo muscular e naresposta vasodilatadora muscular. Estes resultadossugerem que a melhora no fluxo sangneo perif-rico no explicada somente pela diminuio daatividade nervosa simptica, j que dieta isolada edieta associada ao treinamento, provocaram dimi-nuio semelhante na atividade nervosa simptica(TROMBETTA et al., 2003). Como explicar este au-mento no fluxo sangneo muscular, ento? A res-posta mais atualizada para esta indagao que oexerccio fsico aumenta a biodisponibilidade dexido ntrico e, com isto, o fluxo sangneo muscu-lar, em indivduos obesos.

    Em conjunto, nossos resultados demonstramque a perda de peso corporal leva diminuiodos nveis plasmticos de leptina e insulina,diminuio da atividade nervosa simptica equeda na presso arterial. Alm disso, elessugerem que a dieta hipocalrica associada aotreinamento fsico deve ser a estratgia de escolhapara o tratamento no-farmacolgico deindivduos obesos.

    Consideraes finaisNo pre sente a r t i go apre sentamos os

    principais estudos conduzidos pelo nossogrupo nos ltimos 10 anos. Em relao aosefeitos do exerccio fsico sobre a presso

    arterial, demonstramos atravs de trabalhosclnicos, o efeito hipotensor do exerccio agudoprincipalmente em indivduos hipertensos.Esse efeito hipotensor apresenta relevncia

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 29

    Adaptaes agudas e crnicas

    RefernciasBRUM, P.C.; KOSEK, J.; PATTERSON, A.; BERNSTEIN, D.; KOBILKA, B. Abnormal cardiac function associatedwith sympathetic nervous system hyperactivity in mice. American Journal of Physiology: Heart and Circulatory Physiology,Bethesda, v.283, p.H1838-45, 2002.BRUM, P.C.; SILVA, G.J.J.; MOREIRA, E.D.; IDA, F.; NEGRO, C.E.; KRIEGER, E.M. Exercise training increasesbaroreceptor gain-sensitivity in normal and hypertensive rats. Hypertension, Dallas, v.36, p.1018-22, 2000.EVANGELISTA, F.S.; BRUM, P.C.; KRIEGER, J.E. Duration-controlled swimming exercise training induces cardiachypertrophy in mice. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, Ribeiro Preto, v.36, n.12, p.1751-9, 2003.FORJAZ, C.L.M.; CARDOSO JUNIOR, C.G.; REZK, C.C.; SANTAELLA, D.F.; TINUCCI, T. Post-exercisehypotension and hemodynamics: the role of exercise intensity. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, Turin,2004. No prelo.FORJAZ, C.L.M.; MATSUDAIRA, Y.; RODRIGUS, F.B.; NUNES, N.; NEGRO, C.E. Post-exercise changes inblood pressure, heart rate and rate pressure product at different exercise intensities in normotensive humans. BrazilianJournal Medicine Biological Research, Ribeiro Preto, v.31, n.10, p.1247-55, 1998a.FORJAZ, C.L.M.; RAMIRES, P.R.; TINUCCI, T.; ORTEGA, K.C.; SALOMO, H.E.H.; IGNS, E.C.;WAJCHENBERG, B.L.; NEGRO, C.E.; MION JUNIOR, D. Post-exercise responses of muscle sympathetic nerveactivity, and blood flow to hyperinsulinemia in humans. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.87, n.2, p.824-9,1999.FORJAZ, C.L.M.; REZK, C.C.; MELO, C.M.; SANTOS, D.A.; TEIXEIRA, L.; NERY, S.S.; TINUCCI, T. Exerccioresistido para o paciente hipertenso: indicao ou contra-indicao. Revista Brasileira de Hipertenso, Ribeiro Preto,v.10, n.2, p.119-24, 2003.FORJAZ, C.L.M.; REZK, C.C.; SANTAELLA, D.F.; MARANHO, G.D.F.A.; SOUZA, M.O.; NUNES, N.; NERY, S.;BISQUOLO, V.A.F.; RONDON, M.U.P.B.; MION JUNIOR, D.; NEGRO, C.E. Hipotenso ps-exerccio: caracte-rsticas, determinantes e mecanismos. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de So Paulo, So Paulo, v.10,p.16-24, 2000a. Suplemento 3.FORJAZ, C.L.M.; SANTAELLA, D.F.; REZENDE, L.O.; BARRETTO, A.C.P.; NEGRO, C.E. A durao do exerc-cio determina a magnitude e a durao da hipotenso ps-exerccio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, So Paulo, v.70,n.2, p.99-104, 1998b.FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T. A medida da presso arterial no exerccio. Revista Brasileira de Hipertenso, RibeiroPreto, v.7, n.1, p.79-87, 2000.FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T.; ORTEGA, K.C.; SANTAELLA, D.F.; MION JUNIOR, D.; NEGRO, C.E. Factorsaffecting post-exercise hypotension in normotensive and hypertensive humans. Blood Pressure Monitoring, London, v.5,n.5/6, p.255-62, 2000b.GAVA, N.S.; VRAS-SILVA, A.S.; NEGRO, C.E.; KRIEGER, E.M. Low-intensity exercise training attenuates cardiacbeta-adrenergic tone during exercise in spontaneously hypertensive rats. Hypertension, Dallas, v.26, p.1129-33, 1995.GIELEN, S.; ADAMS, V.; MOBIUS-WINKLER, S.; LINKE, A.; ERBS, S.; YU, J. Anti-inflamatory effects of exercisetraining in the skeletal muscle of patients with chronic heart failure. Journal of American College of Cardiology, NewYork, v.42, p.861-8, 2003.

    c l nica , sendo que demonstramos que otreinamento fsico foi eficaz em atenuar ahipertenso arterial em hipertensos do aventalbranco. Em para l e lo , r ea l i zamos v r io strabalhos com experimentao animal queforam conduzidos com o intuito de estudaros mecanismos neurais e hemodinmicosenvolvidos na atenuao da hipertenso. Nessesentido, os resultados obtidos contriburam emmuito para essa rea do conhecimento.

    Em relao ao estudo dos efeitos do exerccio nainsuficincia cardaca e obesidade, os estudos clnicosdo nosso grupo tem contribudo, sobremaneira, paraos conhecimentos sobre o controle neurovascular nessasdoenas. Mais recentemente, abordagens genticas emoleculares para o estudo dos efeitos do exerccio sobreo sistema cardiovascular tem aberto novas perspectivaspara o nosso grupo de pesquisa e sem dvidaenriquecero os conhecimentos na rea de fisiologiado exerccio.

  • 30 Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp.

    BRUM, P.C. et al.

    KOPELMAN, P.G. Obesity as a medical problem. Nature, London, v.404, p.635-43, 2000.KRIEGER, E.M. Arterial baroreceptor resetting in hypertension (the J. W. McCubbin memorial lecture). ClinicalExperimental Pharmacology and Physiology, Victoria, v.15, p.3-17, 1989. Supplement.,KUNIYOSHI, F.H.S.; TROMBETTA, I.C.; BATALHA, L.T.; RONDON, M.U.P.B.; LATERZA, M.C.; GOWDAK,M.G.; BARRETTO, A.C.P.; HALPERN, A.; VILLARES, S.M.F.; LIMA, E.G.; NEGRO, C.E. Abnormal neurovascularcontrol during sympathoexcitation in obesity. Obesity Research, Silver Spring, v.11, p.1411-9, 2003.LEE, I.M.; HSIEH, C.C.; PAFFENBARGER, R.S.J.R. Exercise intensity and longevity in men: the Harvard alumnihealth study. Journal of American Medical Association, Chicago, v.273, n.15, p.1179-84, 1993.MEDEIROS, A.; OLIVEIRA, E.M.; GIANOLLA, R.; CASARINI, D.E.; NEGRO, C.E.; BRUM, P.C. Swimmingtraining increases cardiac vagal effect and induces cardiac hypertrophy in rats. Brazilian Journal of Medical and BiologicalResearch, Ribeiro Preto, 2004. No prelo.MIDDLEKAUFF, H.R.; NGUYEN, A.H.; NEGRO, C.E.; NITZSCHE, E.U.; HOH, C.K.; NATTERSON, B.A.Impact of acute mental stress on muscle sympathetic nerve activity in patients with advanced heart failure. Circulation,New York, v.96. p.1835-42, 1997.MORTARA, A.; LA ROVERE, M.T.; PINNA, G.D.; PRPA, A.; MAESTRI, R.; FEBO, O.; POZZOLI, M.; OPASICH,C.; TAVAZZI, L. Arterial baroreflex modulation of heart rate in chronic heart failure: clinical and hemodynamic correlatesand prognostic implications. Circulation, New York, v.96, n.10, p.3450-8, 1997.NEGRO, C.E.; MOREIRA, E.D.; BRUM, P.C.; DENADAI, M.L.D.R.; KRIEGER, E.M. Vagal and sympatheticcontrols of the heart rate during exercise in sedentary and trained rats. Brazilian Journal of Medical and BiologicalResearch, Ribeiro Preto, v.25, p.1045-52, 1992a.NEGRO, C.E.; MOREIRA, E.D.; SANTOS, M.C.; FARAH, V.M.; KRIEGER, E.M. Vagal function impairment afterexercise training. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.72, n.5, p.1749-53, 1992b.NEGRO, C.E.; RONDON, M.U.P.B.; TINUCCI, T.; ALVES, M.J.; ROVEDA, F.; BRAGA, A.M.; REIS, S.F.; NASTARI,L.; BARRETTO, A.C.; KRIEGER, E.M.; MIDDLEKAUFF, H.R. Abnormal neurovascular control during exercise islinked to heart failure severity. American Journal of Physiology: Heart and Circulatory Physiology, Bethesda, v.280,p.H1286-92, 2001a.NEGRO, C.E.; TROMBETTA, I.C.; BATALHA, L.T.; RIBEIRO, M.M.; RONDON, M.U.R.P.; TINUCCI, T.;FORJAZ, C.L.M.; BARRETTO, A.C.P.; HALPERN, A.; VILLARES, S.M.F. Muscle metaboreflex control is diminishedin normotensive obese women. American Journal of Physiology: Heart and Circulatory Physiology, Bethesda, v.281,p.H469-75, 2001b.OSTERZIEL, K.J.; HANLEIN, D.; WILLENBROCK, R.; EICHHORN, C.; LUFT, F.; DIETZ, R. Baroreflex sensitivityand cardiovascular mortality in patients with mild to moderate heart failure. British Heart Journal, London, v.73, n.6,p.517-22, 1995.PACKER, M. Effects of beta-adrenergic blockade on survival of patients with chronic heart failure. American Journal ofCardiology, New York, v.80, p.46-54, 1997.REZK, C.C. Influncia da intensidade do exerccio resistido sobre as respostas hemodinmicas ps-exerccio e seusmecanismos de regulao. 2004. 64f. Dissertao (Mestrado) - Escola de Educao Fsica e Esporte, Universidade de SoPaulo, So Paulo.RIBEIRO, M.M.; TROMBETTA, I.C.; BATALHA, L.T.; RONDON, M.U.P.B.; FORJAZ, C.L.M.; BARRETTO, A.C.P.;VILLARES, S.M.F.; NEGRO, C.E. Muscle sympathetic nerve activity and hemodynamic alterations in middle-ageobese women. Brazilian Journal of Medical Biological Research, Ribeiro Preto, v.34, p.475-478, 2001.RONDON, M.U.P.; ALVES, M.J.N.N.; BRAGA, A.M.F.W.; TEIXEIRA, O.T.U.N.; BARRETTO, A.C.P.; KRIEGER,E.M., NEGRO, C.E. Postexercise blood pressure reduction in elderly hypertensive patients. Journal of the AmericanCollege of Cardiology, New York, v.30, p.676-82, 2002.RONDON, M.U.P.B.; BRUM, P.C. Exerccio fsico como tratamento no-farmacolgico da hipertenso arterial. RevistaBrasileira de Hipertenso, Ribeiro Preto, v.10, p.134-9, 2003.ROVEDA, F.; MIDDLEKAUFF, H.R.; RONDON, M.U.P.; REIS, S.F.; SOUZA, M.; NASTARI, L.; BARRETTO, A.C.P.;KRIEGER, E.M.; NEGRO, C.E. The effects of exercise training on sympathetic neural activation in advanced heartfailure: A randomized controlled trial. Journal of American College of Cardiology, New York, v.42, p.854-60, 2003.SANTAELLA, D.F. Efeitos do relaxamento e do exerccio fsico nas respostas pressrica e autonmica ps-intervenoem indivduos normotensos e hipertensos. 2003. 215f. Dissertao (Mestrado) - Faculdade de Medicina, Universidadede So Paulo, So Paulo.

    ENDEREOPatricia Chakur Brum

    Depto. Biodinmica do Movimento do Corpo HumanoEscola de Educao Fsica e Esporte /USP

    Av. Prof. Mello Moraes, 6505508-900 - So Paulo - SP - BRASIL

  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. N.esp. 31

    Adaptaes agudas e crnicas

    SECCARECCIA, F.; MENOTTI, A. Physical activity, physical fitness and mortality in a sample of middle aged menfollowed-up 25 years. Journal of Sports Medicine Physical Fitness, Turin, v.32, n.2, p.206-13, 1992SILVA, G.J.J.; BRUM, P.C.; NEGRO, C.E.; KRIEGER, E.M.. Acute and chronic effects of exercise on baroreflexes inspontaneously hypertensive rats. Hypertension, Dallas, v.30, p.714-9, 1997.SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. SOCIEDADEBRASILEIRA DE NEFROLOGIA. IV diretrizes brasileiras de hipertenso arterial. Campos do Jordo: SBH/SBC/SBN, 2002. p.40.SOUZA, M.O. Efeito do treinamento fsico aerbio nos nveis pressricos clnicos e de 24 horas de indivduos hipertensos.2003. 113f. Dissertao (Mestrado) - Escola de Educao Fsica e Esporte, Universidade de So Paulo, So Paulo.TROMBETTA, I.C.; BATALHA, L.T.; RONDON, M.U.P.B.; LATERZA, M.C.; KUNIYOSHI, F.H.S.; BARRETTO,A.C.P.; HALPERN, A.; VILLARES, S.M.F.; NEGRO, C.E. Weight loss improves muscle metaboreflex control inobesity. American Journal of Physiology: Heart and Circulatory Physiology, Bethesda, v.285, p.H974-82, 2003.VAN HOOF, R.; HESPEL, P.; FAGARD, R.; LIJNEN, P.; STAESSEN, J.; AMERY, A. Effect of endurance training onblood pressure at rest, during exercise and during 24 hours in sedentary men. American Journal of Cardiology, New York,v.63, p.945-9,1989.VRAS-SILVA, A.S.; MATTOS, K.C.; GAVA, N.S.; BRUM, P.C.; NEGRO, C.E.; KRIEGER, E.M. Low-intesityexercise training decreases cardiac output and hypertension in spontaneously hypertensive rats. American Journal ofPhysiology: Heart and Circulatory Physiology, Bethesda, v.273, n. 42, p.H2627-31, 1997.

    ENDEREOPatricia Chakur Brum

    Depto. Biodinmica do Movimento do Corpo HumanoEscola de Educao Fsica e Esporte /USP

    Av. Prof. Mello Moraes, 6505508-900 - So Paulo - SP - BRASIL