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7/21/2019 2006DO_GustavoATristao
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Gustavo Alves Tristo
ANLISE TERICA E EXPERIMENTAL DE
LIGAES VIGA MISTA-PILAR DE EXTREMIDADE
COM CANTONEIRAS DE ASSENTO E ALMA
Tese apresentada Escola de Engenharia
de So Carlos da Universidade de So
Paulo, como parte dos requisitos para
obteno do ttulo de Doutor em Engenharia
de Estruturas.
Orientador: Prof. Associado Roberto Martins Gonalves
.
So Carlos
2006
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minha famlia, ao Pauloe querida Lorena
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Roberto Gonalves pela amizade, confiana e apoio nosmomentos mais importantes deste trabalho, possibilitando um grande
amadurecimento profissional.
Ao Professor Lus Calado pela confiana, respeito e dedicao nos 8
meses em que estive em Lisboa, proporcionando experincias em que muito
contribuir para meu aperfeioamento como pesquisador e engenheiro.
Ao professor Jorge Proena, do Instituto Superior Tcnico de Lisboa, pelaenorme contribuio na realizao dos ensaios experimentais.
Ao CNPQ e a CAPES pelo auxlio financeiro no desenvolvimento deste
trabalho no Brasil e no Exterior, respectivamente.
Aos companheiros da AGYL, Alex Sander, Yuri Maggi e Luciana
Figueiredo.
A funcionria do Departamento de Engenharia de Estruturas, Rosi Jordo,
que sempre com dedicao e pacincia ajudou-me em momentos difceis ao longo
dos quatro anos do doutorado.
Aos funcionrios do Laboratrio de Estruturas e Resistncia dos Materiais
do Instituto Superior Tcnico de Lisboa, Fernando Alves, Fernando Costa e Pedro.
Aos amigos e amigas, Gustavo Chodraui, Ricardo Carrazedo, Walter,
Claudius, Fernando Menezes, Rodrigo Gustavo, Rodrigo Neves, Joel Nascimento,
Valrio, Luciano Barbosa, Josaf, Silvana, Raissa, Suzana, Patrcia Maggi.
Aos amigos do QG, Base Area e agregados, Joo Marcelo, Rmulo,
Everton, Ricardo, Marcos Vincios, Mrio Garrido, Cludio, Alexandre e Renato.
A minha querida me e tia Terezinha pela reviso desse texto.
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ii
RESUMO
TRISTO, G. A. (2006).Anlise Terica e Experimental de Ligaes Viga Mista-Pilar
de Extremidade com Cantoneiras de Assento e Alma. So Carlos. Tese (Doutorado).
Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, Brasil.
Este trabalho apresenta um estudo numrico e experimental do
comportamento estrutural das ligaes viga mista-pilar com cantoneiras de assento
e alma.
No estudo terico foi desenvolvido, com base nos EUROCODES 3 e 4,
um procedimento para avaliao do comportamento das ligaes mistas com
cantoneiras de alma e assento e com chapa de topo.
O trabalho de investigao experimental, abrangendo modelos
submetidos a carregamentos monotnico e cclico, foi realizado no Instituto Superior
Tcnico (IST), Portugal, em que o objetivo principal foi avaliar a influncia da fora
axial de compresso no pilar para o comportamento do painel da alma do pilar, econseqentemente no comportamento global da ligao mista localizada em n de
extremidade.
Nos ensaios experimentais foram analisadas as rotaes e deformaes
no painel da alma do pilar sem e com enrijecedor na alma do pilar. Adicionalmente, a
eficincia da ancoragem das barras de armadura longitudinal foi verificada.
Paralelamente investigao experimental, um estudo numrico de
ligaes mistas foi realizado por meio do modelo em elementos finitos, o qualmostrou-se representativo, tornando-se uma ferramenta para anlises paramtricas.
Palavras-chave: Estrutura mista, ao, ligaes mistas, viga-pilar, mtodo das
componentes, semi-rgidas, pilar de extremidade, comportamento cclico, ligaes
com cantoneiras.
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iii
ABSTRACT
TRISTO, G. A. (2006). Theoretical and Experimental Analysis of Single-sidedBeam-to-Column Composite Joints with Bottom and Web Angle Connections. So
Carlos. Thesis (Doctorate). So Carlos School of Engineering, University of So
Paulo, Brazil.
This work presents a numerical and experimental study of the structural
behavior of beam-to-column composite joints with bottom and web angle
connections.
In the theoretical study, basing in EUROCODES 3 and 4, an analytic
procedure for evaluation the static behavior of beam-to-column composite joints with
bottom and web angle connections was developed.
The experimental test program, enclosing monotonic tests and a cyclic
test, was carried out at the Instituto Superior Tcnico of Lisbon (IST), where the main
objective was to evaluate the effect of column axial load on column web panel and
consequently in the global behavior of single-sided composite joint.
In the tests, the panel zone rotations and deformations were analyzed for
stiffened and unstiffened column web. In addition, the efficiency of the main rebar
was verified.
Finally, a thorough of finite element model, a numerical study of composite
joints was developed. This model was found to be representative and reliable as a
tool to futures parametric analyses.
Keywords: Composite structures, steel, composite joints, beam-to-column,
component model, semi-rigid, single-sided joint configuration, cyclic behavior, angle
connections.
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SUMRIO
RESUMO................................................................................................................................. ii
ABSTRACT............................................................................................................................ iii
1 INTRODUO .................................................................................................................. 1
1.1 Consideraes iniciais.......................................................................................... 1
1.2 Justificativas e objetivos do trabalho.................................................................. 2
1.3 Metodologia............................................................................................................ 51.4 Descrio dos captulos........................................................................................ 6
2 REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................................. 7
2.1 Consideraes gerais............................................................................................ 7
2.2 Conceituao e aspectos gerais das ligaes mistas ....................................... 7
2.3 Vigas mistas ......................................................................................................... 15
2.3.1 Largura efetiva ............................................................................................... 16
2.3.2 Comportamento em estado limite ltimo........................................................ 19
2.3.3 Comportamento em estado limite de utilizao ............................................. 23
2.3.4 Grau de conexo de cisalhamento ................................................................ 25
2.3.5 Armaduras transversais na laje...................................................................... 26
2.3.6 Armaduras longitudinais................................................................................. 29
2.4 Aspectos da relao momento-rotao da ligao .......................................... 29
2.5 Aspectos sobre rigidez e resistncia das ligaes .......................................... 33
2.5.1 Classificao pelo AISC/LFRD ...................................................................... 35
2.5.2 Classificao pelo EUROCODE 3 ................................................................. 36
2.5.3 Classificao proposta por NETHERCOT ..................................................... 40
2.6 Mtodos de anlise considerando a no-linearidade dos materiais............... 46
2.6.1 Anlise elstica linear para o estado limite ltimo ......................................... 47
2.6.2 Anlise elstica linear para o estado limite de utilizao............................... 50
2.6.3 Anlise rgido-plstica.................................................................................... 51
2.6.4 Anlise elasto-plstica ................................................................................... 53
2.7 Comentrios parciais .......................................................................................... 55
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3 MODELO ANALTICO PARA LIGAES VIGA MISTA-PILAR ................................... 56
3.1 Introduo ............................................................................................................ 56
3.2 Mtodo proposto pelo EUROCODE 3 (2005) parte 1.8 .................................. 573.2.1 Consideraes iniciais ................................................................................... 57
3.2.2 Esforos atuantes na ligao......................................................................... 60
3.2.3 T-Stub equivalente....................................................................................... 63
3.2.4 Componentes individuais em trao .............................................................. 68
3.2.4.1 Flexo na mesa do pilar............................................................................. 68
3.2.4.2 Trao na alma do pilar ............................................................................. 71
3.2.4.3 Trao na alma da viga.............................................................................. 72
3.2.4.4 Flexo na chapa de topo............................................................................ 73
3.2.4.5 Trao na armadura longitudinal da laje.................................................... 74
3.2.5 Componentes individuais em compresso .................................................... 76
3.2.5.1 Compresso transversal na alma do pilar.................................................. 76
3.2.5.2 Compresso na mesa e alma da viga........................................................ 79
3.2.5.3 Compresso na aba da cantoneira de assento.......................................... 79
3.2.6 Componente individual em cisalhamento horizontal...................................... 79
3.2.7 Determinao do momento resistente da ligao.......................................... 82
3.2.7.1 Ligao com chapa de topo ....................................................................... 85
3.2.7.2 Ligao com cantoneiras de alma e assento............................................. 88
3.2.8 Determinao da rigidez inicial da ligao..................................................... 90
3.3 Estimativa da capacidade rotacional da ligao............................................... 97
3.4 Mtodo proposto pelo AISC: Steel design Guide Series 8 (2001) ............. 102
3.5 Comentrios sobre os mtodos de clculo apresentados............................ 105
4 ENSAIOS EXPERIMENTAIS DE LIGAES MISTAS COM CANTONEIRAS ........... 106
4.1 Introduo .......................................................................................................... 1064.2 Definio e geometria dos modelos ensaiados.............................................. 107
4.3 Metodologia e sistema dos ensaios................................................................. 112
4.4 Instrumentao .................................................................................................. 116
4.5 Caracterizao dos materiais ........................................................................... 118
4.6 Resultados experimentais ................................................................................ 122
4.7 Avaliao dos resultados experimentais ........................................................ 134
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4.7.1 Ensaios monotnicos................................................................................... 134
4.7.2 Influncia do enrijecedor de alma do pilar ................................................... 143
4.7.3 Influncia da fora axial de compresso no pilar ......................................... 145
4.7.4 Ensaio cclico ............................................................................................... 146
4.8 Comentrios sobre os resultados experimentais........................................... 149
5 DESCRIO DOS MODELOS NUMRICOS, VIA MEF, DE LIGAES MISTAS .... 151
5.1 Consideraes iniciais...................................................................................... 151
5.2 Critrios gerais adotados no modelo numrico ............................................. 152
5.3 Elementos finitos adotados .............................................................................. 153
5.3.1 Elemento SOLID 45 ..................................................................................... 153
5.3.2 Elemento BEAM 23...................................................................................... 154
5.3.3 Elementos BEAM 4 e COMBIN 39............................................................... 155
5.3.4 Elemento de contato TARGE 170 e CONTAC 173...................................... 156
5.4 Definio da geometria e malha de elementos finitos ................................... 158
5.5 Modelos constitutivos para os materiais......................................................... 163
5.6 Condies de contorno e carregamento ......................................................... 167
5.7 Comentrios finais............................................................................................. 169
6 ESTUDO NUMRICO DAS LIGAES VIGA MISTA-PILAR COM CANTONEIRAS 170
6.1 Introduo .......................................................................................................... 170
6.2 Comportamento global da ligao................................................................... 171
6.3 Anlise das tenses na alma do pilar .............................................................. 182
6.4 Comentrios finais............................................................................................. 190
7 ANLISE E COMPARAO DOS RESULTADOS ..................................................... 193
7.1 Introduo .......................................................................................................... 193
7.2 Anlise e comparao dos resultados experimental e numrico ................. 194
7.2.1 Curva momento-rotao total da ligao ..................................................... 194
7.2.2 Anlise do painel da alma do pilar e dos elementos de ligao .................. 196
7.3 Anlise das ligaes pelo mtodo das componentes.................................... 201
7.4 Discusso dos resultados de acordo com as trs anlises.......................... 206
7.5 Estudo de caso: anlise de um prtico misto de edifcios............................ 213
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7.6 Comentrios finais............................................................................................. 219
8 CONCLUSES FINAIS................................................................................................. 220
9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................. 225
ANEXO A: ANLISE DE LIGAES COM CHAPA DE TOPO ........................................ 232
A.1 Ligao com chapa de topo estendida................................................................. 232
A.1.1 Resultados experimentais.................................................................................. 237
A.1.2 Resultados numricos........................................................................................ 240
A.1.3 Anlise paramtrica de alguns componentes da ligao................................... 245
A.2 Ligao com chapa de topo (flush end-plate) .................................................. 252
A.2.1 Ensaios realizados por Nethercot ...................................................................... 252
A.2.1.1 Resultados experimentais e numricos....................................................... 255
A.2.2 Ensaios realizados por Anderson....................................................................... 262
A.2.2.1 Resultados experimentais e numricos....................................................... 265
ANEXO B: CARACTERIZAO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NOS ENSAIOS .......... 272
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10/282
Captulo 1: INTRODUO 1
1INTRODUO
1.1 Consideraes iniciaisO crescente desenvolvimento da tecnologia dos materiais, dos mtodos
construtivos e dos programas computacionais para anlise estrutural est
possibilitando novos procedimentos de construo e anlise estrutural em edifcios
de andares mltiplos.
Nos edifcios de andares mltiplos a viga mista, viga de ao ligada por
conectores de cisalhamento laje de concreto, uma soluo com boa relao
custo benefcio.As vigas mistas tm grande capacidade de resistir a momentos positivos
possibilitando vos maiores e um nmero menor de pilares, no entanto, na regio de
momento fletor negativo a laje de concreto ser tracionada e somente a armadura
contribui para resistncia da viga ao momento fletor.
Quando a ligao viga-pilar articulada, ou seja no h transmisso de
momento fletor para o pilar, a menor resistncia da viga mista na regio de momento
fletor negativo no influencia na capacidade do sistema. Na ligao viga-pilar
engastada h transmisso de momento fletor, exigindo uma soluo construtiva que
considere a armadura longitudinal posicionada na laje de concreto e seu
desempenho.
A ligao mista, com transmisso de momentos da viga para o pilar,
dever considerar contribuio da laje de concreto e, conseqentemente, a sua
armadura longitudinal, no comportamento da ligao metlica.
As ligaes mistas so mais rgidas e resistentes se comparadas com a
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11/282
Captulo 1: INTRODUO 2
mesma ligao em ao (mesmos perfis) sem a considerao da laje, logicamente
com uma capacidade rotacional compatvel. A contribuio da laje para o
comportamento da ligao, no projeto de prticos de ao, significa buscar um
equilbrio entre economia e eficincia estrutural.
Os benefcios das ligaes mistas incluem a reduo da altura e peso
prprio das vigas e um melhor desempenho em servio, reduzindo as fissuras junto
aos pilares devido presena de armaduras na laje. No entanto, a utilizao das
ligaes mistas requer mtodos de clculos mais avanados e controle na
disposio das armaduras longitudinais.
As ligaes metlicas correntemente utilizadas podem ser mistas, com
maior capacidade de transmisso de momentos fletores, sem um custo adicional
elevado, alm de poucas mudanas no projeto estrutural e prticas de construo.
Os projetos desenvolvidos correntemente nos escritrios consideram as
ligaes viga-pilar como articuladas ou engastadas. Uma observao mais apurada
mostra a inadequao dessa simplificao, uma vez que vrios fatores influenciam o
comportamento das ligaes e conduzem ao estabelecimento de um comportamento
intermedirio denominado de ligaes semi-rgidas (semi-contnuas).
O efeito de ligaes semi-rgidas na anlise global das estruturas, ao
invs das ligaes rgidas ou rotuladas, no altera somente os deslocamentos, mas
tambm a distribuio e magnitude dos esforos internos na estrutura.
O principal problema em utilizar uma ligao semi-rgida nas estruturas
a caracterizao do comportamento momento-rotao da ligao e a implementao
dessas caractersticas na anlise estrutural, associado ao real conhecimento dos
estados limites ltimos envolvidos nessas ligaes. Essa relao momento-rotao
pode ser obtida por meio de dados experimentais, numricos ou expressesanalticas.
1.2 Justificativas e objetivos do trabalho
Nos ltimos 15 anos vm sendo realizados estudos, nos Estados Unidos
e na Europa, com o objetivo de avaliar o real comportamento das ligaes mistas
ao-concreto. No mbito dos trabalhos foram realizados ensaios experimentais,
mtodos analticos e alguns modelos numricos, utilizando principalmente os
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12/282
Captulo 1: INTRODUO 3
detalhes de ligaes em ao com chapa de topo e com cantoneiras de alma e
assento.
A maioria dos ensaios experimentais realizados em ligaes mistas foi
direcionada para modelos cruciformes, ou seja, ligaes em pilar interno submetidos
a momentos balanceados ou desbalanceados. No entanto, numa estrutura real
existem as ligaes mistas com pilar de extremidade, que alm da diferena do
carregamento em relao ao pilar interno, h problemas construtivos com relao
ancoragem das barras de armadura longitudinal que contribuem para rigidez e
resistncia da ligao.
Ainda com relao aos ensaios experimentais realizados relatados em
trabalhos tcnicos, a grande maioria dos modelos isolados para caracterizao do
comportamento da ligao no considerou a situao real da estrutura que o pilar
submetido a uma fora axial de compresso.
Nos modelos numricos desenvolvidos para o estudo das ligaes mistas,
na sua grande maioria, foram utilizados elementos finitos bi-dimensionais (2D)
quando conhecido que a anlise numrica em elementos finitos tri-dimensionais
permite melhores resultados quanto ao comportamento global das ligaes e
representao dos estados limites ltimos.
No Brasil, os poucos trabalhos investigativos realizados em ligaes
mistas adotaram modelos representando ligaes em pilar interno. Nesses ensaios
no se avaliaram as influncias das presenas do enrijecedor de alma do pilar e da
fora axial de compresso no pilar.
Com relao norma brasileira, ainda no est includa uma seo
destinada ao comportamento e dimensionamento das ligaes mistas.
As observaes mencionadas acima serviram de base para desenvolvermais investigaes sobre o comportamento das ligaes viga mista-pilar sob
carregamento monotnico (submetidos a momentos negativos) e cclico.
Portanto, os principais objetivos que estimularam o desenvolvimento
deste trabalho esto descritos abaixo:
Analisar a influncia do enrijecedor na alma do pilar para a rigidez inicial,
momento resistente e capacidade rotacional das ligaes mistas;
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Captulo 1: INTRODUO 4
Investigar o comportamento da ligao, e o seu estado limite ltimo e de
utilizao, quando da aplicao da fora de compresso axial no pilar com e
sem enrijecedor de alma;
Analisar o comportamento da ligao mista submetida a aes cclicas, uma
vez que os ensaios foram realizados em Portugal onde existem as
ocorrncias de sismos;
Realizar uma anlise numrica de ligaes viga mista-pilar com cantoneiras
de alma e assento submetidas a carregamento monotnico, complementando
as investigaes no mbito experimental;
Avaliar a metodologia apresentada pelo EUROCODE 3 e EUROCODE 4, para
determinao da rigidez inicial e momento resistente de ligaes mistas com
cantoneiras de alma e assento;
Realizar a anlise estrutural de um prtico misto para verificar a influncia do
comportamento semi-rgido da ligao;
Proporcionar um maior conhecimento do comportamento global e do
dimensionamento das ligaes viga mista-pilar no eixo de maior inrcia do
pilar.
Embora o foco principal do trabalho foi investigar o comportamento das
ligaes mistas com cantoneiras de alma e assento, no ANEXO A encontra-se
alguns estudos numricos para ligaes mistas com chapa de topo realizados por
meio do modelo numrico apresentado neste trabalho.
Nos ensaios experimentais foram utilizados perfis laminados para a viga e
pilar uma vez que so os mais utilizados na Europa. Os ensaios com perfis
laminados foi um ponto importante, uma vez que no Brasil a maioria dos ensaios de
ligaes mistas foi com perfis soldados.
O estudo numrico foi realizado para contribuir com as anlises dos
resultados do trabalho experimental. Adicionalmente, a validao dos resultados
obtidos pelo modelo numrico de ligaes mistas possibilita no futuro a utilizao do
modelo para estudos paramtricos.
Este trabalho insere-se na linha de pesquisa do Departamento de
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14/282
Captulo 1: INTRODUO 5
Estruturas da EESC-USP em estruturas mistas e mais especificamente no estudo do
comportamento das ligaes que teve incio com PRELORENTZOU (1992), seguido
por RIBEIRO (1998), MAGGI (2004) e FIGUEIREDO (2004).
1.3 Metodologia
A metodologia empregada no desenvolvimento deste trabalho envolveu
abordagens tericas e experimentais, com as etapas relativas reviso bibliogrfica,
estudo dos mtodos analticos disponveis para avaliao do comportamento das
ligaes mistas, investigao experimental de ligaes mistas com cantoneiras de
alma e assento, anlise numrica das ligaes mistas ensaiadas e anlisecomparativa dos resultados obtidos numericamente, experimentalmente e por meio
dos modelos analticos.
A reviso bibliogrfica foi realizada no intuito de aprimorar os principais
conceitos relativos ao comportamento das vigas mistas e das ligaes viga mista-
pilar. Uma ampla pesquisa bibliogrfica abordando aspectos tericos e
experimentais foi desenvolvida para que as investigaes experimentais e numricas
pudessem ser realizadas.O programa experimental foi realizado no Laboratrio de Estruturas e
Resistncia dos Materiais (LERM) do Departamento de Engenharia e Arquitetura do
Instituto Superior Tcnico (IST), Portugal, sob a orientao do Professor Lus Calado
e com o acompanhamento do Professor Roberto M. Gonalves, orientador deste
trabalho. Os custos da investigao experimental com relao aos materiais e mo
de obra especializada foram financiados pelo grupo de pesquisa coordenada pelo
Professor Lus Calado.Os modelos numricos foram preparados e analisados pelos programas
comerciais TRUEGRID e ANSYS, respectivamente, num processo contnuo de
aperfeioamento da anlise numrica. As anlises contriburam para aprimorar a
investigao experimental desenvolvida.
A comparao de resultados numricos, experimentais e analticos foi
realizada visando comprovao da confiabilidade da anlise numrica e
verificao dos resultados analticos para as ligaes mistas com cantoneiras de
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15/282
Captulo 1: INTRODUO 6
alma e assento.
1.4 Descrio dos captulosO trabalho desenvolvido dividiu-se em oito captulos, abrangendo
principalmente os estudos analtico, experimental e numrico do comportamento das
ligaes viga mista-pilar.
O captulo 2 introduz alguns conceitos sobre o comportamento global das
ligaes mistas, sendo relatado os trabalhos experimental e numrico mais
relevantes nos ltimos 25 anos. Como o trabalho trata-se de ligao mista, uma
abordagem sucinta realizada sobre o comportamento das vigas mistas nosestados limites de utilizao e ltimo. No final do captulo foram apresentadas as
metodologias para classificao de uma ligao e os tipos de anlise global
existentes para determinao dos esforos internos e deslocamentos na estrutura.
O captulo 3 introduz os conceitos relativos ao mtodo das componentes
proposto pelos EUROCODES 3 e 4. Com base no mtodo foi desenvolvido um
procedimento para avaliao analtica do comportamento das ligaes viga mista-
pilar com cantoneiras de assento e alma e com chapa de topo.
Apresentados os principais conceitos que envolvem o comportamento da
ligao mista, o captulo 4 mostra os modelos e a metodologia para a realizao dos
ensaios experimentais. Os resultados experimentais so analisados e discutidos.
Realizada a investigao experimental, a descrio dos conceitos e dos
procedimentos adotados para o desenvolvimento do modelo numrico em elementos
finitos constitui o objetivo do captulo 5, que referncia para a realizao das
anlises numricas contidas no captulo 6.
No captulo 7 faz-se uma anlise e comparao dos resultados
numricos, experimentais e analticos, apontando os principais fatores que
influenciaram na rigidez inicial e momento resistente da ligao. No final do captulo
realizado um estudo de caso de um prtico misto considerando diferentes
condies de momento-rotao na regio nodal.
Finalmente, no captulo 8 so apresentadas as concluses obtidas neste
trabalho.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 7
2REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 Consideraes gerais
O comportamento global de uma estrutura mista est relacionado ao
desempenho das ligaes entre suas vigas mistas e pilares, uma vez que nesse tipo
de estrutura no se tem o monolitismo caracterstico das estruturas de concretos
convencionais.
As ligaes nas estruturas metlicas, segundo RIBEIRO (1998), so a
origem de descontinuidades geomtricas e mecnicas e que devem ser observadas
e tratadas com cuidado, analisando-se o seu comportamento da forma mais precisa
possvel tanto nos estados limites de utilizao e ltimo.
De acordo com estudos realizados por companhias de construo
metlica do Norte da Europa, as porcentagens dos custos destinados s ligaes
nas diversas etapas que compem uma construo metlica so: projeto (8,6%),
material (15,2%), fabricao (17%), revestimento (3,5%) e montagem (5,4%).
No Brasil, onde a mo-de-obra mais barata, os custos de fabricao e
montagem so reduzidos, mas deve-se levar em considerao a necessidade de
qualificao do trabalhador, j que peas mal fabricadas podem acarretar srios
problemas na montagem da estrutura, principalmente para certos tipos de ligaes,
como as com chapa de topo.
2.2 Conceituao e aspectos gerais das ligaes mistas
Na etapa de anlise e dimensionamento de uma estrutura mista, alm de
conhecer o comportamento dos elementos estruturais como lajes, pilares, vigas e
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 8
conectores de cisalhamento, importante avaliar o comportamento da ligao.
O comportamento de uma ligao mista representado pela sua rigidez,
resistncia e capacidade rotacional, como apresentado pela Figura 2.1, que podemser obtidas por investigaes experimentais, numricas e modelos analticos. A
simbologia adotada na Figura 2.1 descrita abaixo:
Mf o momento referente ao incio das fissuras na laje;
Me o momento referente ao final do trecho elstico;
Mu o momento ltimo da ligao;
a rotao da ligao para cada patamar de momento.
e u
Me
Mu
M
f
Mf
Figura 2.1: Comportamento momento-rotao idealizado
O estudo experimental do comportamento das ligaes mistas
normalmente realizado por meio de modelos isolados como os modelos cruciformes
(simulando os ns internos) e modelos em T (simulando os ns externos). Os dois
tipos de modelos so ilustrados na Figura 2.2.
Os principais detalhes de ligao em ao utilizados para as ligaes
mistas so apresentados na Figura 2.3, na qual a laje de concreto esta conectada
viga por meio dos conectores de cisalhamento.
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18/282
Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 9
(a) (b)
Figura 2.2: Modelo experimental cruciforme (a) e modelo em T (b)
As ligaes (a), (b) e (c) apresentam detalhes da ligao em ao quepossibilitam o comportamento rgido, enquanto que as ligaes (d), (e) e (f)
apresentam detalhes mais simples, associados a um comportamento semi-rgido.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
Figura 2.3: Tipos de ligao viga mista-pilar: (a) cantoneira de assento e topo com
dupla cantoneira de alma; (b) cantoneira de assento e topo; (c) chapa de topo
estendida; (d) chapa de topo no-estendida; (e) cantoneira de assento com dupla
cantoneira de alma; (f) cantoneira de assento
Como apresentado na Figura 2.1, a relao momento-rotao de uma
ligao mista pode basicamente ser dividida em duas fases:
Fase elstica: dividida normalmente nas etapas relativas a antes e depois da
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 10
fissurao do concreto. Ensaios experimentais demonstram que o concreto
comea a fissurar na regio prxima face do pilar e propaga rapidamente
para a extremidade da laje no momento equivalente a aproximadamente 25%
do momento ltimo da ligao.
Fase no linear: a no linearidade no comportamento da ligao mista pode ser
devida aos motivos apresentados abaixo:
a) plastificao da armadura, elementos da viga ou pilar, elementos da ligao
(parafusos, chapa de topo, cantoneiras);
b) aumento do tamanho e extenso das fissuras da laje;
c) deslizamento dos parafusos na ligao viga-pilar ou do conector na interface
laje-viga;
d) imperfeies devido ao processo de fabricao ou tenses residuais.
Diversos trabalhos, principalmente experimentais, vm sendo realizados
nos ltimos 25 anos com o objetivo de avaliar o comportamento das ligaes vigas
mistas-pilar. Aps o incio do estudo das ligaes mistas nos anos 70, foram
desenvolvidos, na metade dos anos 90, vrios outros ensaios experimentais,
principalmente na Europa, fornecendo subsdios para a introduo do tpico de
ligaes mistas no EUROCODE 4 (2004).
A Tabela 2.1 apresenta os principais trabalhos experimentais e numricos
realizados nesse perodo, enfatizando que se trata somente do comportamento das
ligaes submetidas a carregamento monotnico.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 11
Tabela 2.1: Reviso dos principais trabalhos experimental e numrico
TrabalhoTipo de
investigaoDescrio Objetivo da investigao
Johnson &
Hope Gill(1972)
Experimental
5 ensaios em modelos cruciformes;carregamento simtrico em ligaes
mistas com duas cantoneiras fixadassimetricamente sobre a mesa comprimida
da viga
Relao entre a fora na
armadura e a fora namesa comprimida da viga
Van Dalen& Godoy(1982)
Experimental
4 ensaios em modelos cruciformes ecarregamento simtrico; ligao com
cantoneira de assento e topo eenrijecedores de alma no pilar; taxa de
armadura de 0,46 e 0,80%.
Avaliar o deslizamentoentre a viga e a laje;diferentes taxas de
armadura
Echeta(1982)
Experimental
5 ensaios em modelos cruciformes emodelos em T (simulando um pilar de
extremidade); ligaes com cantoneira dealma e assento
Comportamento da ligaoem n interno e externo;
relao cortante/momentona ligao
Law (1983) Experimental
12 ensaios de ligaes mistas com chapade topo; 6 em modelos cruciformes
Distribuio dos conectoresde cisalhamento; ligaono eixo de maior e menorinrcia do pilar; relao
entre as alturas da laje e daviga de ao; presena defora de compresso no
pilar e momentodesbalanceado
Benussi et.al.(1986)
Experimental4 ensaios modelos cruciformes com
momentos desbalanceados; ligaes comchapa de topo
Ligao metlica; taxa dearmadura
Ammerman& Leon(1987)
Experimental
2 ensaios em modelos cruciformes emque num lado do pilar tinha ligao mistacom cantoneira de assento, alma e topo e
no outro uma ligao mista comcantoneira de alma e assento; alma do
pilar no enrijecida
Avaliao da ligao comcantoneiras
Leon(1990)
Experimentalligao com cantoneira de alma e
assento sendo a alma do pilar enrijecida
Avaliao docomportamento da
armadura
Altmann,Maquoi,Jasspart
(1991)
Experimental
38 ensaios em modelos cruciformes;ligaes com cantoneiras de alma e
assento; ligaes com cantoneiras de
alma, assento e topo
Tipo de ligao metlica;tipo de perfil para pilares evigas; rigidez relativa entreviga e pilar; espessura das
cantoneiras; taxa dearmadura
Bernuzzi,No &
Zandonini(1991)
Experimental
12 ensaios em modelos cruciformes comcarregamento simtrico; interao
completa entre laje e viga
Detalhe da ligao; taxa dearmadura; tipo de laje
(macia ou mista); tipo deconector de cisalhamento;tipo de pilar (I ou tubular
preenchido com concreto);detalhe da laje ao redor dopilar; tipo de carregamento
(simtrico ou no)
Xiao, Choo&
Nethercot(1994)
Experimental
Ensaios em modelos cruciformes e
modelos em T; interao completa entreviga e laje
Tipo de ligao; taxa dearmadura; enrijecedores de
alma no pilar; razocortante/momento;
comportamento da ligaoem n interno e externo
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 12
Anderson& Najafi(1994)
Experimental7 ensaios em ligao com chapa de topo
(estendida ou no-estendida)Tipo de ligao; taxa dearmadura; perfil da viga
Li,Nethercot& Choo(1996a)
Experimental
7ensaios em modelos cruciformes;ligao com chapa de topo; vigas foramconectadas no eixo de menor inrcia do
pilar
Analisar a influncia docarregamento assimtrico;relao cortante/momento
Benussi,Bernuzzi,
Noe &Zandonini
(1996)
ExperimentalEnsaios em prtico misto com 1 andar
sendo composto por 2 vigas e 3 pilares;ligaes com chapa de topo
Comportamento de umprtico com ligao mista
Benussi,Nethercot
&Zandonini
(1996)
ExperimentalEnsaios em modelos de prtico misto
com dois vos e dois andares
Anlise das ligaes mistasno prtico; comparao
com resultados de modelos
cruciformes
Ahmed, B.&
Nethercot,(1995)
Numrica
Anlise numrica de ligao mista comchapa de topo; modelo validado por
comparaes com os resultadosexperimentais de Li et al. (1996a)
Taxa de armadura;interao viga-laje;
espessura da chapa detopo; espessura da mesainferior da viga; espessura
da alma do pilar
Alves &Queiroz(2000)
ExperimentalEnsaios de ligaes mistas viga-viga eviga-pilar, ambas com cantoneiras de
alma e assento
Comportamento da ligaocom cantoneiras
Brow &Anderson
(2001)Experimental
4 ensaios em modelos cruciformes;ligaes com chapa de topo; altura da
seo de ao de 457 e 533 mm
Comportamento da ligao
com altura de seo de aoelevada; posio da
armadura na laje;espessura da chapa de
topo
Figueiredo(2004)
Experimental
2 ensaios em modelos cruciformes;ligao com chapa de topo estendida;taxa de armadura de 1%; 22,4 mm de
espessura de chapa
Avaliao do detalhe daligao de ao
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 13
As principais consideraes provenientes da Tabela 2.1 so apresentadas
a seguir:
Uma laje de concreto com certa taxa de armadura longitudinal, ligada viga pormeio de conectores de cisalhamento, provoca um aumento substancial da
rigidez e resistncia de uma ligao metlica.
Quanto maior a taxa de armadura longitudinal maior a rigidez e resistncia da
ligao mista. No entanto, para taxas de armaduras muito elevadas, o
comportamento da ligao mista fica condicionado as componentes da zona
comprimida, como, por exemplo, a mesa e alma da viga e a alma do pilar
quando no enrijecida.
A capacidade rotacional da ligao mista (em geral maior que 30 mrad)
suficiente para realizar uma anlise plstica de estruturas. Entretanto alguns
cuidados devem ser tomados para prevenir o comportamento frgil da viga
mista na regio adjacente ligao, como, por exemplo, prevenir a ruptura dos
conectores de cisalhamento, o cisalhamento longitudinal da laje e a flambagem
local da mesa e alma da viga.
As ligaes mistas com cantoneiras de alma e assento apresentam elevada
rigidez e resistncia. Nessas ligaes, a flambagem da mesa comprimida torna-
se improvvel de acontecer, uma vez que a cantoneira confere uma resistncia
adicional mesa da viga e, alm disso, normalmente so calculadas para ter
resistncia maior que a armadura. A espessura da cantoneira no influencia
muito o comportamento da ligao.
Nas ligaes com cantoneiras importante o controle do deslizamento dos
parafusos na fase inicial do carregamento. Em vrios ensaios houve uma perda
de rigidez inicial devido ao deslizamento dos parafusos.
Nas ligaes com laje mista fica evidenciada a importncia da armadura
transversal para a capacidade rotacional e resistncia da ligao.
O aumento da razo cortante/momento resulta numa diminuio do momento
resistente e da rigidez. O esforo cortante tem pouca influncia na resistncia
da ligao, exceto quando muito maior que a resistncia ao esforo cortante
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 14
da alma da viga.
O efeito do carregamento no simtrico na resistncia da ligao s
significativo quando a fora na armadura maior que a resistncia foracortante do pilar ou que a resistncia ao contato entre o concreto da laje e a
face do pilar.
Quanto maior a altura da seo da viga de ao maior a resistncia e rigidez da
ligao e menor a capacidade rotacional.
Com um taxa de armadura em torno de 1%, a espessura da chapa de topo no
altera significativamente a rigidez inicial e o momento ltimo da ligao mista.
Comparando a curva M- de uma ligao do prtico com a de um modelo
cruciforme, observa-se que a curva da ligao do prtico est abaixo da curva
do modelo cruciforme.
O principal parmetro para a elevada rigidez inicial da ligao mista a laje de
concreto, sendo o detalhe da ligao de ao um fator de pouca influncia. A
rigidez inicial influenciada pela ancoragem da armadura, principalmente em
pilares de extremidade, na qual consegue-se uma ancoragem eficiente quando40% da armadura longitudinal efetiva contorna o pilar.
Ensaios realizados por Aribert (1995) apontam que a conexo de cisalhamento,
quando parcial, diminui o momento de plastificao da ligao.
Quando se utilizam enrijecedores de alma do pilar, normalmente a plastificao
devido flambagem da mesa comprimida da viga ou plastificao da
armadura.
Ligaes mais flexveis e com conexo de cisalhamento menos efetiva
permitem uma distribuio mais uniforme das fissuras na laje, na direo
perpendicular ao eixo longitudinal da viga. Ligaes mais rgidas resultam na
inclinao das fissuras. Van Dalen e Godoy apud Zandonini (1989)
recomendam uma taxa de armadura de no mnimo 0,80% para que a
distribuio das fissuras seja uniforme.
Segundo Leon pode-se determinar uma rea de armadura, eq (1), que depende
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 15
de quanto o calculista deseja que a resistncia da ligao mista tenha em
relao resistncia da viga de ao. Caso se deseje resistncia total o fator n
deve ser maior ou igual a 1, no entanto se desejada resistncia parcial um
bom valor 0,75.
d
MnA
s
p
.= (1)
Onde:
n a frao do momento de plastificao;
d o brao de alavanca da armadura at a linha mdia da mesa inferior.
Em resumo, os parmetros que mais influenciam no comportamento das
ligaes mistas so:
Elemento de ligao entre a viga e o pilar (chapa de topo, cantoneiras,
parafusos, soldas);
Relao de inrcias entre os perfis da viga e do pilar;
Laje de concreto armado (taxa de armadura longitudinal e resistncia doconcreto);
Presena ou no de enrijecedores de alma do pilar;
Conexo de cisalhamento entre a viga e a laje (quantidade e distribuio);
Tipo de carregamento (simtrico ou assimtrico);
2.3 Vigas mistas
Vigas mistas ao-concreto so elementos estruturais que consistem da
associao de um perfil de ao (soldado, laminado ou chapa dobrada) com uma laje
de concreto (usualmente macia ou mista com forma de ao incorporada). A
interao entre o perfil de ao e a laje de concreto estabelecida por meio de
conectores mecnicos denominados conectores de cisalhamento dever garantir
que ambos os materiais trabalhem em conjunto para resistir a esforos de flexo em
torno do eixo perpendicular ao plano mdio da alma da viga.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 16
Atualmente no Brasil, as vigas mistas constituem o sistema de piso misto
mais utilizado em edifcios devido eficincia do sistema em suportar aes
gravitacionais nos pisos de edifcios, podendo reduzir o peso da viga de ao em
aproximadamente 20 a 40% quando bem dimensionadas.
No dimensionamento da viga mista necessrio que o projetista tenha o
pleno conhecimento do projeto como um todo, uma vez que o piso com viga mista
permite sistema de construo escorado e no-escorado.
No sistema escorado, a viga deve ter escoramento at que o concreto da
laje atinja a resistncia de 75% da resistncia compresso do concreto. No
sistema no-escorado deve-se verificar a viga de ao trabalhando isoladamente
antes da cura do concreto. Essa viga deve resistir ao peso prprio do concreto
fresco e outras aes de construo aplicadas antes da cura do concreto.
Segundo QUEIROZ et al. (2000), caso a laje seja mista e tenha formas de
ao com nervuras perpendiculares seo da viga, a viga de ao pode ser
calculada assumindo que esteja lateralmente travada. Nos outros casos, as vigas
so consideradas lateralmente destravadas entre apoios ou entre pontos de ligao
de vigas que nelas se apiam.
O comportamento das vigas mistas est intimamente ligado ao tipo de
interao e conexo entre o perfil de ao e a laje de concreto. No grau de interao
total assumido no haver deslocamento relativo entre a viga e a laje, enquanto que
na interao parcial h deslocamentos. Seguindo a mesma filosofia, porm com
relao resistncia dos elementos, na conexo completa a resistncia da viga
mista no depende da resistncia dos conectores de cisalhamento, enquanto que na
conexo parcial a resistncia dos conectores menor que a resistncia da viga de
ao e da laje de concreto.
2.3.1 Largura efetiva
O sistema de piso com vigas mistas concebido de vrias vigas T
paralelas, sendo a mesa larga e de pequena espessura. A hiptese da conservao
das sees planas utilizadas no desenvolvimento da teoria geral de flexo de vigas
no mais se aplica devido presena de deformaes de cisalhamento no plano da
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 17
laje de concreto. Essas deformaes ocasionam uma variao de tenso normal ao
longo da largura da mesa, efeito denominado de shear lag, que maior sobre a
viga e vai diminuindo medida que se distancia do plano mdio da seo.
Para continuar utilizando expresses da teoria geral da flexo,
necessrio recorrer hiptese de considerar vigas equivalentes com mesa de
largura efetiva, uniformizando assim as tenses.
O EUROCODE 4 (2004) e o AISC-LFRD (1999) fornecem expresses
simplificadas para o clculo da largura efetiva (Tabela 2.2). A largura efetiva no
EUROCODE 4 (2004) depende do vo da viga e da distncia entre centros de
conectores. Por outro lado, no AISC-LFRD (1999) depende do vo da viga e da
distncia entre vigas adjacentes. No existe qualquer limite em relao espessura
da laje.
No caso do apoio externo (ligao viga-pilar de extremidade) a largura
efetiva total da laje pode ser determinada pela eq (2), segundo o EUROCODE 4
(2004).
eiieff bbb 20+= (2)
onde:
0,1025,055,0
+=
ei
ei
b
L
bei a largura efetiva no meio do vo externo
8
85,0 1L ;
Le o comprimento equivalente do vo externo (0,85L1).
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 18
Tabela 2.2: Clculo da largura efetiva para vigas mistas
Normalizao Viga Biapoiada Viga contnua ou semi-contnua
40eeff
Lbb +=
Onde:
b0 a distncia entre centros de
conectores, podendo adotar o valor
de zero para estruturas de edifcios;
Le o vo da viga.
40e
eff
Lbb +=
EUROCODE 4
(2004)Le = 0,25(L
L1
1
L2 L3
Le = 0,7L2
1+L )2 Le = 2L3
Le = 0,85L
A largura efetiva da mesa de
concreto, de cada lado da linha de
centro da viga, deve ser igual ao
menor dos seguintes valores:
1) 1/8 do vo da viga mista
considerado entre linhas de centro
dos apoios;
2) metade da distncia entre a linha
de centro da viga analisada e a linha
de centro da viga adjacente;
3) distncia da linha de centro da viga
borda de uma laje em balano.
A largura efetiva pode ser determinada
conforme as vigas biapoiadas,
tomando-se em lugar dos vos da viga
as distncias entre pontos de momento
nulo (Figura abaixo):
1) nas regies de momento positivo
- 4/5 da distncia entre apoios, para
vos externos;
- 7/10 da distncia entre apoios, para
vos internos;
2) nas regies de momento negativo
- 1/4 da soma dos vos adjacentes.
AISC-LFRD
(1999)
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 19
2.3.2 Comportamento em estado limite ltimo
De acordo com o EUROCODE 4 (2004), a determinao da resistncia da
viga mista no estado limite ltimo depende do tipo seo de viga de ao (1, 2, 3ou4), do grau de conexo de cisalhamento (completa ou parcial), do sistema de
construo (escorada ou no-escorada) e do tipo de concreto.
As vigas mistas devem ser verificadas para os seguintes estados limites
ltimos:
resistncia da seo mista flexo e da seo de ao ao cisalhamento;
resistncia flambagem lateral com distoro;
resistncia ao cisalhamento longitudinal.
Nos caso de viga mista em regio de momento positivo, quando a seo
da viga for de classe 1e 2, EUROCODE 4 (2004), ou compacta conforme o AISC-
LFRD (1999), a resistncia ltima flexo da viga mista pode ser calculada
considerando a distribuio de tenses plsticas (teoria rgido-plstica) tanto na laje
quanto na seo de ao, uma vez que na mesa superior da viga no ocorrer
flambagem local, como tambm flambagem lateral por toro devido presena da
laje de concreto quando devidamente ligada a viga de ao.
Para situaes de momento positivo em vigas mistas contnuas ou semi-
contnuas com ao de resistncia mais elevada (S420 ou S460) deve-se considerar,
no clculo do momento resistente positivo, um coeficiente que leva em conta a
impossibilidade da viga no interior dos tramos atingir a plastificao total.
O coeficiente no EUROCODE 4 (2004) determinado em funo da
distncia entre a linha neutra plstica face externa da laje de concreto na
compresso (xpl), sendo xpl maior que 15% da altura da viga mista. A Figura 2.4
ilustra o diagrama para obteno do fator de reduo. Para valores de hx /pl
maiores que 0,4 deve-se realizar anlise elstica.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 20
Figura 2.4: Fator de reduo, EUROCODE 4 (2004)
Nas sees de classe 3, EUROCODE 4 (2004), ou no-compacta
conforme o AISC-LFRD (1999), a resistncia da viga a primeira plastificao naseo, calculada pela teoria elstica. Nesse caso, quando o sistema for no-
escorado, as tenses na seo de ao devido a aes permanentes aplicadas antes
do endurecimento do concreto precisam ser superpostas s tenses na seo mista
devido a aes aplicadas aps o endurecimento do concreto. Quando o sistema for
escorado deve-se desconsiderar a primeira parcela.
A seo transformada obtida pela diviso da largura efetiva do concreto
por nLque relaciona os mdulos de elasticidade do ao e do concreto. O mdulo de
elasticidade do concreto (Ecm) deve ser reduzido para considerar o efeito da fluncia,
na qual o EUROCODE 4 (2004) apresenta uma expresso que depende do tipo de
carregamento.
Para simplificao nas estruturas de edifcios o valor para a reduo do
mdulo de elasticidade do concreto pode ser dois para carregamentos de curta e
longa durao, desde que os esforos internos causados por deformaes devido
anlise global em 2aordem no ultrapassem os da anlise em 1aordem em 10%.
Ainda na regio de momento positivo, se a viga mista for no escorada
deve-se verificar a viga de ao para aes aplicadas antes do concreto atingir
resistncia de 75% da resistncia compresso.
O EUROCODE 4 (2004) permite que quando a seo for de classe 3
devido alma da viga (mesas de classe 1 ou 2), a parte da alma comprimida
indicada na Figura 2.5 poder ser desprezada, alterando a alma da viga para classe
2, podendo assim adotar a teoria rgido-plstica.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 21
1 Compresso2 Trao3 Linha neutra plstica4 parte da alma desprezada
yf235= , fyem MPa
Figura 2.5: Alterao da classe de alma 3para 2de acordo com
EUROCODE 4 (2004)
Nas sees de classe 4o EUROCODE 4 (2004) adota a teoria elstica. A
avaliao da resistncia efetuada com base numa seo transversal efetiva,
deduzindo a rea das partes susceptveis de instabilizar localmente, o que resulta
normalmente numa alterao da posio do centro de gravidade. O mdulo elstico
efetivo (Weff) dessas sees utilizadas em vigas mistas pode ser calculado de acordo
com o EUROCODE 3 (2005) - parte 1.5.Em regies de momento negativo, para adotar a teoria plstica na seo
mista composta pela seo de ao e armadura longitudinal, o AISC-LFRD (1999)
determina que a relao entre duas vezes altura da parte comprimida da alma e a
espessura desse elemento deve ser inferior ou igual a yfE/76,3 , e, alm disso, a
mesa comprimida deve ser compacta.
Caso no sejam atendidas as exigncias para adotar a teoria plstica,
permitida a considerao da teoria elstica, usando as propriedades elsticas dos
materiais. Nesse caso seguem as mesmas recomendaes para vigas na regio de
momento positivo, exceto que no so consideradas a fluncia do concreto e a
homogeneizao da seo mista.
Na regio de momento negativo as vigas mistas podem estar sujeitas ao
modo de instabilidade denominada flambagem lateral com distoro da seo
transversal (Figura 2.6).
Esse fenmeno devido mesa comprimida receber apenas restrio da
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 22
alma, que um elemento flexvel, e a laje restringir a viga toro, levando ao
deslocamento lateral da mesa comprimida caso a alma deforma por flexo. Portanto,
a flambagem lateral com distoro influenciada pela distoro da viga
(deslocamento lateral da mesa comprimida) e pela rigidez a toro da seo.
Figura 2.6: Flambagem lateral com distoro
O deslocamento lateral da mesa comprimida consiste de uma meia-onda
em ambos os lados do apoio interno, sendo esses apoios restringidos lateralmente.
Essas meias-ondas estendem-se pelas respectivas regies de momento negativo e
no apresentam uma forma senoidal clssica. Os deslocamentos laterais mximosda mesa comprimida ocorrem numa distncia de aproximadamente 2 a 3 vezes a
altura da viga mista.
Segundo o EUROCODE 4 (2004), as vigas mistas contnuas ou semi-
contnuas para edifcios de classe 1, 2 ou 3 podem ser projetadas sem restries
esse fenmeno caso sejam respeitadas as seguintes condies:
vos adjacentes no diferem no comprimento em mais de 20%, ou em 15%
quando envolve vo de balano;
o carregamento em cada vo uniformemente distribudo e as aes
permanentes excedem 40% da ao total de projeto;
a mesa superior (tracionada) da seo de ao ligada a laje por conectores;
a laje que compem a viga mista analisada tambm suportada por outra
viga paralela a viga considerada;
a viga de ao nos apoios tem sua mesa comprimida restringida lateralmente
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 23
e sua alma enrijecida;
a altura da seo de ao no excede o limite apresentado na Tabela 2.3.
Tabela 2.3: Altura mxima da seo de ao para evitar a verificao da flambagem
lateral por distoro
Tipo de seotransversal
Ao S235 Ao S275 Ao S355Ao S420ou S460
IPE 600 550 400 270
HE 800 700 650 500
Caso no seja respeitado algum item mencionado acima, o EUROCODE
3 (2005) e EUROCODE 4 (2004) apresentam um mtodo simplificado (modelo U
invertido) para reduzir o momento resistente da viga mista na regio de momento
negativo. Esse mtodo vlido apenas para sees de ao uniforme ao longo do
elemento e de classe 1, 2ou 3.
2.3.3 Comportamento em estado limite de utilizao
As verificaes que devem ser realizadas em vigas mistas para o estado
limite de utilizao (servio) so:
Deslocamento vertical (flecha);
Fissurao do concreto;
Vibrao da viga, principalmente para vigas de vo elevado.
No comportamento das vigas mistas na fase de utilizao, considerando
interao total, admite-se que as sees planas permaneam planas aps aes de
flexo, tanto em regies de momento positivo quanto de momento negativo.
Na regio de momento positivo admitida distribuio de tenso
resultante do comportamento elstico linear da relao tenso-deformao para o
concreto e o perfil de ao. Em regio de momento negativo, pelo fato de admitir que
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 24
o concreto no resiste trao, as distribuies de tenso resultante so
proporcionadas pelo comportamento elstico linear da armadura e do perfil de ao.
Para a interao parcial, a viga mista sofrer um escorregamento relativo
na interface laje-viga de ao, proporcionando uma descontinuidade no diagrama de
deformaes. Para o EUROCODE 4 (2004) esse efeito pode ser desprezado desde
que sejam cumpridas algumas regras estabelecidas pela norma. Caso o fenmeno
seja considerado, deve-se haver uma reduo do momento de inrcia da seo
mista.
Outro aspecto relevante a considerao da fluncia do concreto. A
fluncia correlacionada a uma diminuio, com o tempo, do mdulo de elasticidade
do concreto e deve ser considerada conforme o apresentado no item anterior. Ainfluncia da retrao do concreto no deslocamento vertical (flecha) de vigas mistas
de edifcios somente considerada em vigas biapoiadas com relao vo x altura
total da seo maior que 20.
O controle da fissurao do concreto na regio de momento negativo
depende da classe de agressividade da estrutura. A largura da fissura pode ser
estimada pelo EUROCODE 2 (2003) onde deve ser considerado o efeito de tension
stiffening no clculo da tenso atuante na armadura (s).Respeitando o imposto pelo EUROCODE 2 (2003), o limite da largura da
fissura pode ser encontrado por meio de uma armadura mnima, juntamente com
limite de espaamento ou dimetro de barra estabelecido pelo EUROCODE 4
(2004). No mnimo metade dessa armadura mnima deve ser disposta prxima
face da laje com maior tenso de trao.
Nos casos de viga biapoiada, uma armadura mnima longitudinal tambm
deve ser disposta dentro da largura efetiva da laje como descrito abaixo: 0,4% da rea de concreto em sistema escorado;
0,2% da rea de concreto em sistema no-escorado.
Essa armadura mnima em viga biapoiada deve estender 0,25L em cada
lado do apoio, sendo o espaamento mximo determinado pelo EUROCODE 2
(2003).
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 25
2.3.4 Grau de conexo de cisalhamento
O grau de conexo de cisalhamento pode ser completo ou parcial. Em
regies de momento positivo, a conexo completa estabelecida quando a
resistncia da conexo realizada pelos conectores maior ou igual resistncia da
laje de concreto ou do perfil de ao. Em regies de momento negativo, denomina-se
conexo completa quando a resistncia da conexo maior ou igual resistncia da
armadura longitudinal.
Quando se adota a teoria rgido-plstica para determinao da resistncia
da viga mista (seo de classe 1ou 2), o grau de conexo de cisalhamento interfere
na distribuio das tenses plsticas da seo mista.
Ao adotar conexo parcial e utilizando a teoria rgido-plstica necessrio
que os conectores sejam flexveis, sendo que o EUROCODE 4 (2004) estabelece
um limite para o grau de conexo, dado por 1e 2, aplicvel aos conectores pino com
cabea:
1) quando as sees de ao componentes da viga mista tm mesas de reas iguais;
Le 25 m: 1
yf
355
(0,75 0,03 Le), 0,4
Le > 25 m: 1
2) quando as sees de ao componentes da viga mista tm a rea da mesa inferior
igual a trs vezes a rea da mesa superior.
Le 20 m: 1
yf
355(0,30 0,015 Le), 0,4
Le > 20 m: 1
Onde:
a relao entre nmero de conectores no vo considerado e o nmero de
conectores para conexo completa;
fy a resistncia ao escoamento do ao do perfil (MPa);
Le o comprimento do trecho de momento positivo (distncia entre pontos de
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 26
momento nulo), podendo ser tomado para vigas contnuas e semi-contnuas valores
iguais ao considerado para determinao da largura efetiva;
Para sees de ao que tem a rea da mesa inferior menor que trs
vezes a rea da mesa superior pode-se adotar uma interpolao das duas situaes
acima no clculo do .
Na teoria elstica a conexo parcial considerada no clculo do mdulo
de resistncia elstico da seo mista, sendo neste caso possvel adotar conectores
rgidos.
Os conectores devem ser posicionados entre o apoio da viga e o primeiro
ponto de inflexo. Para no precisar da obteno exata do ponto de inflexo, o
EUROCODE 4 (2004) permite que uma quantidade total de conectores flexveis seja
colocada uniformemente entre o apoio da viga e o ponto de momento mximo,
desde que:
- a seo da viga no apoio e no ponto de momento mximo seja de classe 1ou 2;
- o grau de conexo () satisfaz o mencionado acima;
- o momento resistente plstico da seo mista no excede a 2,5 vezes o momento
resistente plstico da seo de ao.
Essa quantidade total o nmero de conectores necessrios na regio de
momento negativo somado ao nmero de conectores necessrios na regio de
momento positivo.
2.3.5 Armaduras transversais na laje
Alm da armadura normalmente utilizada na laje de concreto, armaduras
adicionais transversais ao comprimento da viga devem ser utilizadas para evitar
fissuraes na laje, em regies onde se encontram as linhas de conectores de
cisalhamento.
Essas armaduras adicionais so projetadas para estado limite ltimo de
cisalhamento longitudinal na viga e para fissura longitudinal.
A armadura adicional deve ser disposta ao longo do comprimento entre as
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 27
sees de momento mximo positivo e de momento nulo (regio de momento
positivo) e entre as sees de momento mximo negativo e de momento nulo (regio
de momento negativo).
A ruptura da laje, quando atuada por cisalhamento longitudinal, ocorre por
meio das superfcies de ruptura, como exemplificada na Figura 2.7 para laje macia,
na qual para cada superfcie demonstrada a localizao das armaduras.
Para o dimensionamento destas armaduras deve-se determinar a tenso
de cisalhamento longitudinal atuante para cada tipo de ruptura. Posteriormente, para
o clculo da rea de armadura, pode-se utilizar o modelo de bielas e tirantes
proposto pelo EUROCODE 2 (2003) e apresentado na eq (3) para lajes macias.
)cot( f
fEd
f
ydsf h
s
fA
>
(3)
Onde:
Asf/sf a rea de armadura transversal por unidade de comprimento;
fyd a tenso de escoamento de clculo da armadura;
Ed a tenso de cisalhamento longitudinal atuante calculada pela eq (4);
hf o permetro da superfcie de clculo, dado pelo EUROCODE 4 (2004);
f a inclinao das bielas em relao ao eixo da viga, podendo ser:
para banzos comprimidos: 00 5,2645 f
para banzos tracionados: 00 6,3845 f
f
RdEd
hs
P
.= (4)
Onde:
PRd a resistncia de clculo de um conector;s o espaamento entre conectores.
No caso de lajes mistas com nervuras perpendiculares viga de ao, a
rea da seo transversal da forma metlica pode ser somada ao primeiro termo da
eq (3).
recomendvel, na prtica, que rea de armadura adicional no seja
inferior a 0,2% da rea da seo de cisalhamento do concreto, para cada tipo
ruptura.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 28
Figura 2.7: Superfcies tpicas de ruptura por cisalhamento longitudinal -
EUROCODE 4 (2004)
Sempre que o momento fletor atuante esquerda e direita do pilar for
diferente, devem ser colocadas armaduras transversais do lado do pilar com menor
momento atuante para que a fora na armadura longitudinal possa ser desenvolvida.
Nesse sentido, o guia de projeto srie 8 do AISC (2001) recomenda que
deve ser disposta, em cada lado do pilar, uma rea de armadura transversal
semelhante rea da armadura longitudinal.O EUROCODE 4 (2004) tambm recomenda uma rea de armadura
transversal mnima disposta no lado do pilar com menor momento atuante que pode
ser calculada pela eq (5).
tgAA st /5.0 (5)
Onde:
As a rea de armadura longitudinal detalhada no prximo item;
o parmetro que considera a condio de carregamento do pilar (pilar interno
com momentos balanceados ou desbalanceados e pilar de extremidade) descrito no
captulo 3;
tg= 1.35(eT/eL- 0.2), na qual:
eT a distncia entre o eixo da alma do pilar e o centro de gravidade da
armadura longitudinal localizada em apenas um lado do pilar;
eL a distncia entre a face da seo do pilar e o centro de gravidade da
Tipo
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 30
resistente (Mj,Rd) com inclinao relativa rigidez inicial (Sj,ini). Entre 2/3do momento
resistente e o momento resistente a curva no-linear. Aps o momento resistente
ser encontrado, a relao uma reta horizontal. A relao M- apresentada na
Figura 2.8.
Rotao
Momento
Mj,Rd
Sj,ini
2/3 Mj,Rd
Sj
cd
Figura 2.8: Relao M-no-linear proposta pelo EUROCODE 3 (2005)
A forma da curva no-linear obtida pela eq (6) envolve parmetros como
rigidez inicial, momento resistente da ligao e o momento solicitante na ligao(MSd).
=
Rd
Sd
inij
j
M
M
SS
5,1
, (6)
Onde:
7,2= para ligaes com chapa de topo e 1,3= para ligaes com cantoneiras.
AHMED & NETHERCOT (1997), eq (7) a eq (9), propuseram uma relao
M- para as ligaes vigas mistas pilar, na qual foi calibrada para o detalhe de
ligao com chapa de topo no estendida submetida a momento fletor negativo. A
vantagem dessa relao M- comparada ao EUROCODE 4 (2004) que foi
idealizada considerando o comportamento da ligao mista.
O mtodo considera um primeiro trecho linear at 45% do momento
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 31
resistente (Mj,Rd) com inclinao relativa rigidez inicial (Figura 2.8). Entre 45%do
momento resistente e o momento resistente a curva no-linear sendo representada
por uma elipse (Figura 2.23). Aps o momento resistente ser encontrado a relao
uma reta horizontal (Figura 2.24).
inijSM ,=inij
Rdj
S
M
,
,45,00 (7)
2
, 145,0
+=
abMM uRdj
u
inij
Rdj
S
M
,
,45,0 (8)
RdjMM ,= u (9)
Onde:
inij
Rdj
uS
Ma
,
,45,0=
RdjMb ,55,0=
Rotao
Momento
Mj,Rd
Sj,ini
0,45 Mj,Rdb
a
u
Figura 2.9: Relao M- proposta por AHMED & NETHERCOT (1997)
KISHI & CHEN (1990) tambm propuseram um modelo para representar a
relao M-com base na rigidez inicial, momento resistente e o parmetro de forma
(n), denominado de modelo dos trs parmetros. A eq (10) representa o
comportamento da ligao.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 32
kpjn
n
jS
SM ,1
0
1,
1
+
+
= (10)
Onde:
Sj,kp a rigidez plstica da ligao;
kpjinicjj SSS ,,1, = a rotao plstica de referncia;
inij
Rdj
S
M
,
,0 = uma rotao plstica de referncia;
n o parmetro de forma.
Na relao M- pode-se considerar que a curva abatida perto do
momento resistente da ligao e, portanto, o Sj,kp igual a zero. Nesse caso, a eq
(10) simplificada para a eq (11) que pode ser visualizada na Figura 2.10.
nn
inijSM
1
0
,
1
+
=
(11)
O parmetro de forma (n) foi calibrado por relaes entre o quadrado da
diferena entre o momento resistente estimado e o momento obtido em ensaios
experimentais. Segundo KIM & CHEN (1998), o valor de npode ser calculado pela
eq (12).
721,2)log(827,0
721,2)log(631,4)log(.398,1
0
00
=
> +=
para
para
n
n (12)
Quanto maior o valor de nmais ngreme a curva, ou seja, se n igual a
infinito a relao M- elasto-plstico perfeito, como apresentado na Figura 2.10.
Das trs relaes apresentadas para representar o comportamento no-
linear das ligaes apenas a curva proposta por AHMED & NETHERCOT (1997) foi
derivada de estudos destinados a ligao mista. As outras relaes momento-
rotao tiveram origem do comportamento de ligaes somente em ao.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 33
Rotao
Momento
Mj,Rd
Sj,ini
n=
n=1
n=2
n=4
M= Sj,ini .
0
Figura 2.10: Relao M-proposto por KISHI & CHEN (1990)
2.5 Aspectos sobre rigidez e resistncia das ligaes
Nas ltimas trs dcadas vm sendo proposto sistemas de classificao
para ligao com o objetivo de avaliar se a ligao influencia ou no a distribuio
dos esforos na estrutura nos estados limites de utilizao e ltimo, ou seja, se a
simplificao de considerar na anlise estrutural a ligao como totalmente
engastada ou rotulada pertinente.
O momento que efetivamente transmitido por uma ligao,considerando a anlise elstica, apresentado pela eq (13), mostrando que o
momento efetivamente transmitido pela ligao influenciado pela rigidez da
ligao, da viga e do pilar.
++
=
bj
b
LS
EIMM
22
01 (13)
Onde:
M1 o momento real transferido pela ligao;
M0 o momento negativo de engastamento total;
Ib o momento de inrcia da seo transversal da viga em momento negativo;
Lb o comprimento da viga;
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 34
Sj a rigidez da ligao;
a relao de rigidez rotacional entre o pilar e a viga expressa por
b
bc
EI
LK;
Kc a soma da rigidez rotacional de todos os elementos conectados ligao,
exceto a viga considerada, tomada de acordo com a Tabela 2.4;
Ic o momento de inrcia da seo transversal do pilar;
Lc o comprimento do pilar.
Tabela 2.4: Determinao do Kcpara cada tipo de n de ligao
Tipo de n
Kc 21
2
1
1 44
c
c
c
c
L
EI
L
EI+
c
c
L
EI4
Quando a rigidez da ligao muito elevada comparada com a da viga, a
extremidade da viga pode ser considerada como totalmente engastada, no entanto,
quando a rigidez da ligao muito pequena comparada com a da viga, sua
extremidade comporta-se como rotulada.
Conhecendo as propriedades geomtricas e fsicas da viga e do pilar,
como tambm a rigidez inicial da ligao adotada no projeto, pode-se determinar
uma faixa de comprimento de viga na qual a ligao pode ser considerada rgida,no sendo portanto necessrio considerar o seu comportamento para determinao
dos esforos internos da estrutura.
Adicionalmente, a flecha no meio do vo (Lb) de uma viga com
carregamento distribudo (q), considerando a rigidez da ligao, pode ser encontrada
na eq (14).
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 35
bj
b
bj
b
b
bb
LS
EI
LS
EI
EI
qLf
22
1010
384
4
++
++
= (14)
A seguir as classificaes das ligaes so apresentadas de acordo com
o AISC, EUROCODE e NETHERCOT (1998).
2.5.1 Classificao pelo AISC/LFRD
Em 1986, a norma americana baseada no mtodo dos estados limites
introduziu modificaes na classificao das ligaes em relao ao AISC (1978),passando a considerar apenas duas classes:
Tipo FR : ligaes completamente restringidas (fully restrained)
Tipo PR : ligaes parcialmente restringidas (partially restrained)
As ligaes do tipo FR so as mesmas classificadas anteriormente como
do tipo 1 (rgidas), enquanto as do tipo PR englobam as dos tipos 2 (flexveis) e 3
(semi-rgidas). Se as ligaes so dos tipos FR e flexveis no existe a necessidadede considerar o comportamento da ligao na anlise estrutural.
Conhecendo o momento em estado limite de utilizao (Ms) que atua na
ligao (Figura 2.11) e a relao M- da ligao pode-se delimitar a classificao
como apresentado abaixo:
FR: 20, =b
bsj
L
EIS
Flexvel: 2, =b
bsj
L
EIS
Onde:
sjS , a rigidez tangente da ligao no momento Msdefinido para a rotao (s) de
2,5 mrad.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 36
Rotao
Momento
Mr
Ms
0,2Mr
Sj,ini Sj,s
s r u
Figura 2.11: Caracterizao da ligao segundo a reviso do AISC/LFRD (2005)
A reviso do AISC/LFRD (2005) refere-se tambm resistncia da
ligao na qual classificada como de resistncia total se a resistncia da ligao
maior ou igual resistncia a plastificao total da viga e de resistncia parcial se for
menor.
Como muitas ligaes do tipo PR no exibem patamar na relao M-,
mesmo em grandes rotaes, a resistncia da ligao pode ser definida para uma
rotao de 20 mrad.A capacidade rotacional da ligao (u) deve ser definida quando o
momento da ligao diminuir 80% do seu momento resistente ou quando a ligao
atingir 30 mrad.
Se a resistncia da ligao excede substancialmente o momento de
plastificao total da viga, a ductilidade do sistema viga-pilar controlada pela viga e
a ligao pode ser considerada com um comportamento elstico.
2.5.2 Classificao pelo EUROCODE 3
O EUROCODE 3 (2005) - parte 1.8 prope que uma ligao seja
classificada em trs tipos: simples, contnua e semi-contnua.
I. Simples: a ligao no transmite momento fletor e pode ser considerada na
anlise estrutural como uma rtula;
II. Contnua: a ligao totalmente engastada;
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 37
III. Semi-contnua: o comportamento da ligao necessita ser considerado para
determinao dos esforos internos da estrutura (anlise global).
De acordo com o tipo de anlise global da estrutura, para que a ligao
seja do tipo I, II ou III precisa enquadrar-se nas classificaes quanto rigidez e
resistncia apresentadas na Tabela 2.5.
Tabela 2.5: Tipos de ligaes segundo o EUROCODE
Anlise global Classificao da ligao
Elstica Flexvel Rgida Semi-rgida
Rgido-plstica Flexvel Resistncia total Resistncia parcial
Elasto-plstica FlexvelRgida e
Resistncia total
Semi-rgida e Resistncia parcial
Semi-rgida e Resistncia total
Rgida e Semi-rgida e Resistncia parcial
Tipo de ligao Simples Contnua Semi-contnua
Na classificao quanto rigidez rotacional utilizado o comprimento real
da viga para definir os limites de rigidez, sendo dependente do tipo de estrutura
(contraventada ou no), uma vez que os efeitos da semi-rigidez das ligaes diferem
de um para o outro tipo de estrutura.
I. Flexvel: Ligaes que devem ser capazes de transmitir as foras internas
(axial e cortante), sem transmitir momentos significativos. Em geral, essas ligaes
possuem grande capacidade rotacional;
II. Rgida: Ligaes que no tm nenhuma influncia significativa na distribuio
de foras internas e momento na estrutura;
III. Semi-rgida: Ligaes que no se encontram no critrio de ligao flexvel ou
rgida. Essas ligaes so capazes de transmitir foras internas e momento.
As ligaes rgidas tmb
b
binij L
EIkS
, e as flexveis
b
b
inij L
EIS 5,0
, . O
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 38
parmetro kbrelaciona a rigidez da viga com a rigidez da ligao, sendo apresentada
na eq (15). Os valores de contorno de kb, para que uma ligao seja considerada
rgida, foram obtidos a partir da relao com o parmetro que relaciona a rigidez
entre a viga e o pilar dado pela eq (16). A relao entre kb e apresentada na
Figura 2.12.
b
bj
bEI
LSk = (15)
bc
cb
LEI
LEI= (16)
Figura 2.12: Relao entrekbe para prtico contraventado e no contraventado
O presente estudo foi desenvolvido para o prtico de vo e pavimento
nico, sendo admitido que a resistncia do prtico com ligaes semi-rgidas no
mximo 5% inferior resistncia do prtico com ligaes rgidas.
De acordo com a Figura 2.12 para os prticos contraventados, o valor de
igual a 8 atende todos os casos. Para os prticos no-contraventados, apesar do
valor de igual a 25 atender apenas as situaes onde 4,1 , estudos confirmam
que com Kbigual a 25 para 4,1
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 39
degradao da rigidez da seo da viga quando esta excede o momento elstico.
Portanto, os limites e os parmetros para classificao so apresentados abaixo:
Estruturas contraventadas
Para 832 =< mm
Para7
320132
+=
mm
Estruturas no contraventadas
Para 2532 =< mm
Para7
425132
+=
mm
Onde:
M o momento na ligao mista;
Mp o momento resistente negativo da viga mista;
E o mdulo de elasticidade do ao;
r a rotao da ligao para o momento M.
No clculo do momento de inrcia da viga mista (Ib) em momento negativo
a laje de concreto pode ser considerada no-fissurada para obteno dos esforos
internos. No caso de utilizar o mtodo fissurado, a laje de concreto deve ser
desprezada, considerando agora apenas a armadura para obteno dos esforos
internos da estrutura. Maiores detalhes sobre os procedimentos da anlise estrutural
esto apresentados no item 2.6.
Quanto resistncia (Figura 2.14), a ligao pode ser classificada como
de resistncia total, parcial ou rotulada por meio da comparao do seu momento
resistente com o momento resistente da viga mista.
I. Total: O momento resistente da ligao maior ou igual ao momento
resistente da viga.
II. Rotulada: O momento resistente da ligao no maior que 25% do
momento resistente da viga. No entanto deve ser capaz de transmitir os esforos
internos, como tambm ter capacidade rotacional suficiente.
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 40
III. Parcial: Ligaes que no se encontram no critrio para ligao rotulada ou
total.
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
0.00 0.04 0.08 0.12 0.16 0.20 0.24 0.28
Prtico contraventado
Prtico no contraventado
Semi-rgida
Flexvel
Rgida
=r/(M
pL
b/EI
b)
m=M/M
p
Figura 2.13: Limites para classificao da ligao quanto rigidez
EUROCODE 3 (2005) parte 1.8
Figura 2.14: Classificao da ligao quanto a resistncia
2.5.3 Classificao proposta por NETHERCOT
NETHERCOT et al. (1998) propuseram um sistema de classificao
unificado para ligaes viga-pilar. Nessa classificao as caractersticas de rigidez e
de resistncia das ligaes so consideradas simultaneamente para os estados
limites ltimo e de utilizao.
Lig.1
viga
Lig3
Ligao 1- Resistncia total
Ligao 3 - Resistncia parcial
MLig2
Ligao 2 - Rotulada parcial
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 41
A classificao proposta procura eliminar o fato de, por exemplo, a ligao
ser considerada rgida e de resistncia parcial, como pode acontecer pelo
EUROCODE 3. Neste caso, para a determinao dos esforos internos da estrutura,
o mtodo tradicional de ligao perfeitamente rgida s poder ser adotada em
estado limite de utilizao e no em estado limite ltimo.
As categorias definidas por NETHERCOT et al. (1998) foram: totalmente
conectadas, parcialmente conectadas e flexveis. A categoria totalmente conectada
foi definida com o propsito da ligao ser considerada como perfeitamente rgida na
determinao dos esforos internos da estrutura. Por outro lado, a categoria flexvel
foi definida para considerar a ligao como rtula ideal.
Para a classificao no estado limite ltimo foi admitido uma variao de
5% entre os momentos na ligao denominada totalmente conectada e a ligao
perfeitamente rgida.
Na classificao para o estado limite de utilizao foi admitida uma
variao de 10% entre as flechas da viga com ligao perfeitamente rgida e a
denominada ligao totalmente conectada, como tambm uma variao de 10%
entre as flechas da viga com ligao denominada flexvel e a ligao com rtulaideal.
Os principais parmetros para a classificao no estado limite ltimo
foram a capacidade da ligao de transmitir momento, mnima e mxima rigidez da
ligao e a capacidade rotacional da ligao. No estado limite de utilizao o nico
parmetro foi a rigidez.
Os detalhes para o enquadramento de uma ligao nas categorias so
descritos a seguir considerando cada estado limite.
I. Ligaes totalmente conectadas
a) Classificao para o estado limite ltimo
Uma ligao considerada totalmente conectada quando o momento
resistente maior ou igual o momento resistente da viga conectada. Alm disso, a
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 42
rigidez no pode ser inferior dada pela eq (17) para que a ligao consiga
desenvolver o seu momento resistente.
b
bjL
EIS )2(
38
+= (17)
Onde:
Sj a rigidez da ligao;
EIb/Lb a rigidez da viga;
relao de rigidez rotacional entre o pilar e a viga expressa por
bb
c
LEI
K;
Kc a soma da rigidez rotacional de todos os elementos conectados a ligao
exceto a viga considerada.
A relao entre a rigidez necessria ligao em funo de EIb/Lbe o
apresentada na Figura 2.15 para as categorias apresentadas, na qual pode-se
observar a influncia na rigidez da ligao totalmente conectada para valores
menores de , situao esta comum na prtica.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 650
5
10
15
20
25
30
35
40
regio flexvel
regio parcialmente conectada
regio totalmente conectada
Rigideznecessri
aligao
(EIb/L
b)
Relao
Figura 2.15: Relao entre a rigidez necessria a ligao e a rigidez relativa entre o
pilar e a viga () para o estado limite ltimo
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 43
b) Classificao para o estado limite de utilizao
Uma ligao considerada totalmente conectada quando sua rigidez
maior que a rigidez apresentada na eq (18). As deformaes das vigas com ligaes
totalmente conectadas devem ser similares quelas obtidas com ligaes
perfeitamente rgidas.
b
bj
L
EIS
)1220(
20702
2
++
= (18)
A relao entre a rigidez da ligao em funo de EIb/Lb e o
apresentada na Figura 2.16. Para pilar interno, ou seja igual ao infinito, o contornopara ligao totalmente conectada 70EIb/Lb.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000
10
20
30
40
50
60
70
regio flexvel
regio parcialmente conectada
regio totalmente conectada
Rigideznecess
rialigao
(EIb/L
b)
Relao
Figura 2.16: Relao entre a rigidez necessria ligao e a rigidez relativa entre o
pilar e a viga () para o estado limite de utilizao
II. Ligaes flexveis
a) Classificao para o estado limite ltimo
Uma ligao considerada flexvel quando a rigidez inferior dada pela
eq (19) ou o momento resistente inferior a 25% do momento resistente da viga
conectada.
7/21/2019 2006DO_GustavoATristao
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Captulo 2: REVISO BIBLIOGRFICA 44
b
bj
L
EIS
)2(
67,0
+= (19)
Por meio da Figura 2.15 pode-se observar que a rigidez da ligao
muito pequena e quase no afetada pela relao de rigidez rotacional entre o pilar
e a viga ().
As ligaes flexveis devem possuir no mnimo a capacidade rotacional
obtida pela eq (21).
b
bd
yp
yd
rEI
LM
MM
MM
+=
2
561,0344,0 (20)
Onde:
Md o momento positivo solicitante de clculo da viga mista