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DIREITO EMPRESARIAL Graduação

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Direito Empresarial

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DIREITO EMPRESARIAL

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DIREITO EMPRESARIAL

Graduação

DIREITO EMPRESARIAL

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UN

IDA

DE 1 EMPRESA, EMPRESÁRIO E

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

O novo Código Civil brasileiro entrou em vigor em janeiro de 2003,

trazendo significativas mudanças, principalmente nas questões ligadas ao

desenvolvimento da atividade econômica. Analisando-o a partir de seu artigo

966, encontramos os conceitos de empresa, empresário e estabelecimento

empresarial; termos estes que são objeto de estudo desta unidade. A

compreensão de cada um deles é imprescindível para o aprendizado das

próximas unidades, portanto, dedique-se com atenção ao estudo desta

Unidade.

OBJETIVOS DA UNIDADE:

Demonstrar a importância do Direito Empresarial no cenário econômico

nacional, relacionando-o aos demais ramos do Direito; apresentar elementos

conceituais e teóricos, além de experiências práticas dos aspectos jurídicos

que norteiam as decisões dos alunos; trazendo-lhes alto nível de

conhecimento, tornando-os aptos para dirimir questões de grande relevância

do mundo jurídico empresarial; desenvolver a capacidade do aluno de

conhecer e aplicar em sua atividade diária os conceitos que sustentam a

atividade econômica, objeto de nosso estudo; proporcionar ao aluno

competência para aplicar o conhecimento teórico ministrado neste material

às situações simuladas ou reais; permitir que o estudante compreenda a

importância de se adequar toda e qualquer decisão ao que está previsto em

lei, evitando assim, futuros problemas jurídicos; despertar em cada estudante

que é seu dever divulgar o aprendizado de toda e qualquer matéria, sendo

sua obrigação tornar-se um distribuidor do conhecimento.

PLANO DA UNIDADE:

• A teoria da empresa no direito brasileiro.

• Regime jurídico empresarial: obrigações gerais dos empresários.

• Registro de empresas e livros comerciais.

• Elementos do estabelecimento empresarial.

• A marca e a proteção ao título do estabelecimento.

Bons estudos!

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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INTRODUÇÃO AO DIREITO

Antes de adentrar a abordagem do tema em comento, faz-se necessário

compreender a formação desta ciência chamada Direito.

Desde os primórdios, o homem procurou agrupar-se visando atingir um

bem comum, unindo as características físicas e mentais de cada indivíduo

para melhorar a produção de bens de uso e consumo. Entretanto, a vida em

conjunto sempre exigiu a criação de normas de conduta aptas a manter a

paz e a harmonia da sociedade.

A própria evolução do homem obrigou-o a começar a estudar tais normas

de conduta, observando o interesse da sociedade e transformando em lei, o

mínimo de comportamento exigido para que os homens pudessem conviver

em harmonia.

Anteriormente às leis, existiam apenas normas de ordem “MORAL”, criadas

com o tempo, por um determinado agrupamento social, seguindo seus

costumes e tradições, o que nos permite compreender que essas normas

variavam de região para região.

Desta forma, podemos dizer que “Moral” consiste em um conjunto de

regras de conduta do indivíduo enquanto membro de uma sociedade, sendo

cumprida de maneira espontânea e sofrendo variações conforme o processo

de evolução de cada agrupamento social. As transgressões das normas

morais recebem apenas uma resposta imediata dos membros do grupo, como

por exemplo, a crítica, o isolamento, o afastamento etc.

Todavia, para que a sociedade possa viver pacificamente, não bastam

apenas normas morais; é necessário que exista também um conjunto de

normas rígidas, que punam os infratores, visando inibir a repetição da

transgressão. Por esse motivo surgiu o DIREITO.

Para Georg Jellinek, “o Direito representa apenas o mínimo de Moral

declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver”. Essa linha

de pensamento deu origem à Teoria do Mínimo Ético, que pode ser

reproduzida através da imagem de dois círculos concêntricos, sendo o círculo

maior o da Moral, e o círculo menor, o do Direito.

Haveria, portanto, um campo de ação comum a ambos, sendo o Direito

envolvido pela Moral. Desta forma, podemos dizer, de acordo com essa

imagem, que “tudo o que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é

jurídico”.

Essa teoria sofreu algumas críticas: será certo dizer que todas as normas

jurídicas estão no plano moral? Será mesmo que o bem social sempre se

realiza com plena satisfação dos valores da subjetividade, do bem pessoal

de cada um? Para melhor compreensão, imaginemos o seguinte caso: um

motorista de caminhão, antes de viajar, faz uma revisão em seu veículo e a

concessionária declara que ele está em perfeitas condições de uso. Durante

a viagem, um dos pneus estoura e o motorista perde o controle, vindo a

atropelar um “carona” que estava à margem da rodovia, matando-o

imediatamente. Pergunta-se: o motorista, que avaliou seu veículo e trafegava

DIREITO EMPRESARIAL

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em velocidade compatível com o local, desrespeitou alguma norma moral?

Somos da opinião que não. Todavia, agindo dessa forma, diante da legislação

vigente, temos que o motorista desrespeitou uma norma de direito: matar

alguém! (Art. 121 do Código Penal).

Para suprir essa “falha” da teoria acima, surgiu então, a chamada Teoria

da Coercibilidade, criada por Hans Kelsen, na qual “o Direito é uma ordenação

coercitiva da conduta humana”.

Segundo esta Teoria, aquele que desrespeita certa norma jurídica, será

COAGIDO pelo Estado a fazer algo, ainda que contra sua própria vontade,

como por exemplo, indenizar alguém que lesou ou até mesmo ser preso.

Para melhor entender tal teoria, se faz necessário compreender que a

palavra coação apresenta duas acepções distintas para a área jurídica.

Em um primeiro sentido, coação significa a violência física ou psíquica, que

pode ser praticada contra uma pessoa ou um grupo de pessoas. A mera

violência não é uma figura jurídica, mas quando se contrapõe ao Direito,

torna anuláveis os atos jurídicos. Nessa acepção genérica, a palavra coação

é, de certa maneira, sinônimo de violência praticada contra alguém.

Exemplos:

1) O assaltante que exerce violência está coagindo a vítima a

entregar os seus pertences.

2) Cidadão que pressiona (coage) alguém a assinar determinado

contrato que lhe dá certos benefícios.

Num segundo momento, a palavra coação apresenta-se como sendo a

manifestação do poder estatal utilizado em defesa do cumprimento do direito

ou, nas palavras de Miguel Reale, “quando a força se organiza em defesa do

cumprimento do Direito mesmo é que nós temos a segunda acepção da

palavra coação”.

E é esse segundo significado que importa, pois, o que irá distinguir o

Direito da Moral é justamente o fato de haver punição prevista em lei para o

infrator no campo do Direito, enquanto na Moral, somente há a crítica, o

isolamento, etc.

A TEORIA DA EMPRESA NO DIREITO BRASILEIRO

O surgimento do Direito Empresarial ocorreu há longa data, mais

precisamente com a publicação do Código Comercial, através da Lei nº. 556,

de 25 de junho de 1850.

Este Código, que trazia em seu conteúdo normas de conduta para os

exercentes dos atos de comércio, foi embasado no Código Comercial Francês,

de 1808, e foi tão bem elaborado que somente com a publicação do novo

Código Civil, em 2002, que o Código Comercial brasileiro deixou de ser fonte

do Direito.

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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Ressalte-se ainda que há normas nele contidas vigentes até hoje! Refiro-

me à Parte Segunda, relativa ao Comércio Marítimo, ou seja, as regras

referentes a este assunto estão disciplinadas em uma lei de 1850!

No entanto, se aquele código era excepcional, qual a razão de ter sido

revogado pelo Novo Código Civil? A resposta é bastante simples: em 1850

não havia diversas atividades econômicas como nos dias de hoje. As pessoas,

para ter renda, viviam do artesanato, do comércio, da agricultura, não se

imaginava àquela época que alguém seria remunerado por fabricar

computadores, impressoras, por comercializar espaços em endereços

eletrônicos na rede mundial de computadores, enfim, todas estas atividades

que foram gradativamente surgindo, não eram previsíveis naquele momento

de criação do Código Comercial.

Ocorre que o Código Comercial criou procedimentos para se registrar a

atividade, de tal forma a permitir a constituição de pessoas jurídicas para a

exploração da atividade exercida, porém, restringia o registro apenas aos

praticantes dos atos de comércio. Havia, porém, uma falha: o que são atos

de comércio?

Para suprir a lacuna, foi publicado o Regulamento 737 que dizia serem

exercentes dos atos de comércio, o próprio comerciante, o banqueiro, o dono

de empresas de seguro e os industriais, senão vejamos:

Regulamento nº. 737, de 1850

Art. 19. Considera-se mercancia:

§ I° A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes,

para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou

manufaturados, ou para alugar o seu uso;

2° As operações de câmbio, banco e corretagem;

§ 32 As empresas de fábrica, de comissões, de depósito, de

expedição, consignação e transporte de mercadorias, de

espetáculos públicos;

§ 42 Os seguros, freta meti tos, riscos e quaisquer contratos

relativos ao comércio marítimo;

§ S° A armação e expedição de navios.

Naquela época, ao se dar vida a uma pessoa jurídica – Sociedade Limitada,

por exemplo – permitia-se que os sócios tivessem proteção de seu patrimônio

pessoal, sendo que, em caso de “quebra”, não perderiam seus bens pessoais,

como sua casa, veículos etc.

Outro fator que merece destaque é que o registro da atividade era

Facultativo, podendo o praticante do ato de comércio optar em exercer seu

ofício como pessoa física ou jurídica; lembrando que, nesta segunda hipótese,

passava a proteger seu patrimônio pessoal.

DIREITO EMPRESARIAL

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Mas, o problema do Código Comercial de 1850 começou a ganhar

proporção à medida que exercentes de certas atividades econômicas

pretendiam se registrar para obter a proteção de seu patrimônio pessoal e

não o podiam fazer.

Imagine a seguinte situação: na década de 20 do século passado, sabe-

se que o café brasileiro era cobiçado por diversos países, fazendo surgir os

barões do café. Eram fazendeiros que enriqueceram, ergueram verdadeiros

impérios, possuíam bens no Brasil e na Europa.

Agora, reflita: o fazendeiro poderia se registrar, constituindo uma pessoa

jurídica, para explorar sua atividade econômica, lembrando que a regra

somente era aplicada aos comerciantes, banqueiros, donos de seguradoras

e de indústrias? Muitos diriam que seria possível o registro já que o fazendeiro

planta e vende sua produção, assemelhando-se ao comércio; todavia, o

comércio se caracteriza pela compra para revenda, o que não acontece na

atividade agrária, como no caso, o plantio de café, ou seja, o fazendeiro,

ainda que pretendesse, não teria como constituir uma sociedade e, por

conseguinte, não possuía proteção de seu patrimônio.

Já aquele que adquiria o café in natura e o beneficiava (indústria) bem

como o atacadista que comprava o café beneficiado e o revendia e/ou

exportava, poderia ter o registro da atividade e, conseqüentemente, protegia

seu patrimônio pessoal.

Com a crise de 1929, os barões do café assistiram à queda de seus

impérios, vindo a perder tudo o que possuíam, inclusive casas de campo,

ranchos, enfim, bens que não eram utilizados em sua atividade passaram

para as mãos dos credores; enquanto o industrial e o atacadista preservaram

seu patrimônio pessoal.

Diante deste cenário, nota-se que o fazendeiro foi o mais prejudicado,

pois o Código Comercial não lhe permitia se proteger, enquanto os demais

agentes da cadeia produtiva do café naquela época poderiam se registrar e

assegurar o seu patrimônio em caso de crise. Ora, os fazendeiros eram, sem

dúvida alguma, as pessoas mais importantes daquela cadeia produtiva, mas

a legislação não lhes dava segurança jurídica. Todos conhecemos o resultado

quando estudamos história: a “quebra” dos barões do café!

Este exemplo torna claro que era necessário se adaptar a legislação,

pois começavam a surgir novas atividades, cujos exercentes não tinham a

possibilidade de se registrar, como por exemplo, as imobiliárias, as prestadoras

de serviços entre outras.

Paralelamente surgia na Itália, em plena Segunda Guerra Mundial, uma

Teoria que tinha por objetivo permitir que todos os exercentes de atividades

econômicas pudessem proteger seu patrimônio pessoal, já que lá havia a

mesma restrição que o Código Comercial brasileiro impunha.

Foi assim que surgiu, em 1942, à época do ditador Mussolini, a Teoria da

Empresa.

Aqui no Brasil, nas décadas de 50 e seguintes, nossos tribunais começaram

a fazer uso discreto de suas regras, pois não se podem aplicar regras

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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estrangeiras a casos ocorridos aqui, salvo quando houver omissão sobre

determinado assunto.

Frise-se que entre 1968 e 1975 começou-se a discutir a criação de um

novo Código Civil, pois o que estava vigente era de 1916 e dentre os assuntos

a serem tratados, estava a possibilidade de se importar a Teoria da Empresa

para nosso país.

Aqueles que não são estudantes de direito, como é o seu caso, precisam

saber que hoje está vigente um Código Civil publicado em 2002 e que passou

a ter validade a partir de 2003. No entanto, o projeto de lei que o criou

começou a ser elaborado em 1975. Isto quer dizer que hoje temos uma

legislação vigente com idéias de meados do século passado! E

especificamente na nossa matéria, Direito Empresarial, há normas criadas

na Itália entre 1928 e 1942 que estão em nosso Código Civil...

Acerca do assunto, o ilustre Fábio Ulhôa Coelho, festejado autor de livros

de Direito Empresarial assim se pronunciou:

Com a aprovação do projeto de Código Civil de Miguel Reale,

que tramitou no Congresso entre 1975 e 2002, o direito privado

brasileiro conclui seu demorado processo de transição entre os

sistemas francês e italiano. À semelhança do anteprojeto de 1965,

de cujo livro 111 sobre a atividade negociai encarregou-se Sylvio

Marcondes, o Código Civil de 2002 inspira-se no Codice Civile e,

adotando expressamente a teoria da empresa, incorpora o

modelo italiano de disciplina privada da atividade econômica. A

despeito de seu inegável envelhecimento precoce em muitos

aspectos, trata-se de texto sintonizado com a evolução dos

sistemas de tratamento da economia, pelo ângulo das relações

entre os particulares.

Desta forma, está vigente hoje no Brasil o Código Civil criado pela Lei n.

10.406, de 10 de janeiro de 2002, disciplinando no Livro II, de sua Parte

Especial, a partir do artigo 966, o chamado Direito de Empresa.

É importante se esclarecer que os termos Direito de Empresa e Direito

Empresarial NÃO são sinônimos! O segundo é mais abrangente, englobando

o primeiro e outros ramos do Direito, como Direito do Consumidor e Direito

Econômico, como será demonstrado ao longo desta disciplina.

REGIME JURÍDICO EMPRESARIAL: OBRIGAÇÕES GERAIS DOS EMPRESÁRIOS

Agora que você já aprendeu que a matéria desta Unidade está contida

no Código Civil e que o Brasil adota a Teoria da Empresa para regulamentar

as relações empresariais, passemos ao estudo do conceito de empresário e

de suas obrigações.

Inicialmente, deve-se destacar que tanto a palavra EMPRESA como a

EMPRESÁRIO possuem significados DISTINTOS.

IMPORTANTE

DIREITO EMPRESARIAL

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Popularmente falando, tem-se que empresa é uma organização

devidamente estabelecida para produzir produtos ou prestar serviços;

enquanto por empresário se entende o proprietário da empresa. Para facilitar

a compreensão, pode-se dizer que a Votorantin é uma empresa e um dos

seus donos, Antônio Ermírio de Moraes, o empresário.

Entretanto, em termos jurídicos, ambas as palavras possuem significados

distintos que estão descritos no artigo 966 do Código Civil:

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada para a

produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Assim sendo, observe-se que empresário, segundo o citado artigo, não

significa o dono da empresa, mas QUEM exerce a atividade econômica.

Resta, portanto, compreender o sentido da palavra QUEM, utilizada pelo

legislador.

Naturalmente, QUEM se refere à PESSOA e por assim ser, empresário é

tanto a pessoa FÍSICA como a pessoa JURÍDICA.

Segundo a legislação vigente, pessoa física é a pessoa natural, o ser

humano nascido com vida, enquanto pessoa jurídica é um ente jurídico criado

para fins de se realizar, coletivamente, atividades econômicas ou não. Há

três espécies de pessoas jurídicas:

As duas primeiras modalidades são constituídas para fins filantrópicos,

beneficentes, enfim, não há nelas fim lucrativo, fator que diferencia a terceira

espécie, a sociedade.

Sociedades sempre são criadas para o exercício de atividades com fim

lucrativo.

Se a pessoa exerce a sua atividade lucrativa de forma individual, sem

sócios, é considerada EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (anteriormente

denominado FIRMA INDIVIDUAL); já o fazendo com outras pessoas – sócios

– constituirá a chamada SOCIEDADE.

Desta forma, tem-se que empresário é tanto o EMPRESÁRIO

INDIVIDUAL como a SOCIEDADE EMPRESÁRIA.

Por outro lado, a palavra EMPRESA tornou-se sinônimo de ATIVIDADE

ECONÔMICA, quer dizer, empresa é o fim social, a atividade desenvolvida

pelo empresário.

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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Para visualizar mais facilmente o que fora escrito anteriormente, veja a

tabela a seguir:

A partir deste ponto, passa-se a utilizar as expressões empresa e

empresário sempre no sentido jurídico. Por esta razão, dedique alguns

minutos para realmente compreender o quadro acima antes de continuar

sua leitura.

Antes de seguir, vale lembrar:

Extrai-se do fluxograma acima que empresário tanto é sinônimo de

empresário individual como de sociedade empresária. A sociedade empresária

e o empresário individual serão estudados na Unidade 2, intitulada Direito

Societário.

Passemos, então, a abordar a questão das OBRIGAÇÕES do empresário,

lembrando que não se está referindo ao dono da empresa, mas ao exercente

da atividade econômica.

• 1ª. Obrigação: Registro na Junta Comercial.

Como dito anteriormente, o antigo Código Comercial de 1850 trazia como

uma FACULDADE o registro da atividade econômica, podendo os praticantes

dos atos de comércio optar entre exercer sua profissão como pessoa física

ou pessoa jurídica. Escolhendo esta segunda opção, apenas para relembrar,

protegiam seu patrimônio pessoal em caso de crise.

Atualmente, o Código Civil trouxe uma inovação sobre o assunto, contida

no artigo 967, a saber:

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro

Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início

de sua atividade. (grifos nossos)

Note que, com a entrada em vigor do Código Civil, a partir de 2003 toda

e qualquer pessoa que exerça profissionalmente atividade com fins lucrativos

DIREITO EMPRESARIAL

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tem o dever de se registrar na Junta Comercial da cidade em que desenvolverá

sua atividade, seja como empresário individual ou como sociedade empresária

(quando tiver sócio(s)).

Destaque-se que é conferido apenas ao exercente de atividade agrária

a FACULDADE do registro, como dito no artigo 971:

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua

principal profissão, pode, observadas as formalidades de que

tratam o art.968 e seus parágrafos, requerer a inscrição no

registro público de empresas mercantis da respectiva sede, caso

em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os

efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Fica evidente que todos que exerçam qualquer atividade econômica são

obrigados a fazer o registro de sua atividade, enquanto o empresário rural

escolhe a forma que melhor lhe convier.

Recentemente, muitos concursos públicos têm abordado esta questão

da facultatividade de inscrição do empresário rural, por esta razão, memorize

este assunto!

Importante também demonstrar quem é o empresário rural:

Muito bem! Uma vez demonstrado que ao empresário rural é facultada

sua inscrição na Junta Comercial e qual atividade caracteriza a atividade

agrária, voltemos ao estudo da obrigatoriedade do registro.

Esclareça-se, de imediato, que com o respectivo registro, os sócios

passam a ter proteção de seu patrimônio pessoal no caso de constituição de

sociedade, não ocorrendo o mesmo em se tratando de empresário individual.

Outra questão que foi destacada na citação do artigo 967 - transcrito

acima - se refere ao fato de que o registro deve ocorrer antes de se começar

a exercer a atividade.

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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Sabe-se que, nos dias atuais, os profissionais optam por começar seu

negócio de forma informal e caso venha a prosperar, regularizam a situação.

Porém, não é isto que estabelece a legislação.

A esta altura o leitor deve estar se indagando: qual a conseqüência

para quem não se registra na Junta Comercial ANTES de iniciar seu trabalho?

Antes de responder, faz-se necessário frisar que este material foi

elaborado para alunos dos cursos de Administração, Análise de Sistemas,

Contábeis e Engenharia de Produção.

Suponha-se que você preste serviços de consultoria em sua área, aluga

uma sala comercial e trabalha com um colega. Vocês terão que se registrar,

ou seja, se transformar em empresário, juridicamente falando? Segundo a

legislação, a resposta é AFIRMATIVA! Mas, qual a conseqüência se vocês

não se registrarem?

A resposta pode ser encontrada no artigo 986 do Código Civil:

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-

se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo

disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que

com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.

Trata-se de Sociedade em Comum, que a doutrina a subdivide em de

fato, quando entre os sócios não há qualquer documento comprovando a

existência da sociedade ou Irregular, quando há documento de constituição

que não fora levado a registro.

As conseqüências da falta de registro são bem explicadas por Fábio Ulhôa

Coelho:

Por ora, importa deixar assente que os sócios poderão vir a

responder com o seu próprio patrimônio, por todas as obrigações da

sociedade, se não for providenciado o registro do respectivo ato

constitutivo na Junta Comercial.

Além dessa sanção, a sociedade empresária irregular não tem

legitimidade ativa para o pedido de falência de outro comerciante e

não pode impetrar pedido de recuperação judicial ou extrajudicial.

A falta do registro na Junta Comercial importa, também, a aplicação

de sanções de natureza fiscal e administrativa. Assim, o

descumprimento da obrigação comercial acarretará a impossibilidade

de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacional de Pessoas

Jurídicas (CNPJ), e nos cadastros estaduais e municipais; também

impossibilitará a matrícula do empresário no Instituto Nacional da

Seguridade Social. Aliás, são simultâneos o registro na Junta e a

matrícula no INSS (Lei n. 8.212/92, art. 49, 1). A falta do CNPJ, inclusive,

além de dar ensejo à incidência de multa pela inobservância da

obrigação tributária instrumental, impede o empresário de entabular

negócios regulares; sua atividade fica forçosamente restrita ao universo

da economia informal.

VAMOS REFLETIR!

DIREITO EMPRESARIAL

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Vê-se, portanto, que o não registro acarreta conseqüências que vão

desde a afetação de seu patrimônio pessoal até questões administrativas,

como a impossibilidade de regulamentação da atividade em órgãos

governamentais.

Acerca do registro, deve-se destacar que há dois órgãos específicos para

regularizar e orientar os interessados.

a) D. N. R. C – Departamento Nacional de Registro do Comércio.

Este órgão não tem a função de constituir as sociedades empresárias ou

os empresários individuais. Trata-se de órgão federal, componente do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Pode-se dizer que possui as seguintes atribuições:

1 – Normatizar: a legislação vigente permite que o DNRC crie normas

sobre registro de empresas visando suprimir lacunas da legislação ou dúvidas

existentes quanto a procedimentos a serem adotados e que deverão ser

seguidos pelas Juntas Comerciais de todos os Estados; porém, estas regras

não poderão, em hipótese alguma, ser contrárias à legislação. Por exemplo:

o DNRC não poderá normatizar assunto contido no Código Civil, mas sim, em

eventual ausência de regra sobre algum assunto previsto naquele código.

2 – Cadastrar: de empresas: compete-lhe, ainda, criar e manter o Cadastro

Nacional de Empresas Mercantis, bem como, gerenciar os procedimentos de

autorização para nacionalização ou instalação no Brasil de empresa

estrangeira.

3 – Supervisionar: possui o DNRC capacidade jurídica para fiscalizar os

atos praticados pelas Juntas Comerciais, instruindo-as sobre procedimentos

a serem adotados, se necessário for.

Em síntese, eis as principais atividades realizadas pelo referido órgão,

porém, para o aprimoramento do estudo, sugerimos aos leitores que acessem

o site www.dnrc.gov.br, onde se pode conhecer com maior clareza, identificar

o cenário das empresas brasileiras em termos de quantitativo, aprender

sobre sua estrutura, etc.

b) Junta Comercial

Para se executar todas as tarefas ligadas à criação, existência e

encerramento dos empresários no Brasil, cada Estado mantém a chamada

Junta Comercial, distribuída por diversas cidades.

Para conhecer melhor a Junta Comercial do Estado em que o leitor reside,

basta acessar qualquer site de busca (www.google.com.br) e digitar “Junta

Comercial” + a sigla do Estado desejado, por exemplo, RJ, MG, SP e assim

sucessivamente.

As Juntas Comerciais são, portanto, órgãos estaduais que possuem

autonomia financeira e administrativa para funcionar. Assim sendo, todo

Estado brasileiro necessita deste órgão para organizar a atividade

empresarial.

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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Como dito anteriormente, o Departamento Nacional do Registro de

Comércio pode fiscalizar o procedimento adotado por cada Junta Comercial,

além de lhe prestar consultas, criar normas para esclarecer questões obscuras

da legislação; enquanto a Junta Comercial propriamente dita, apenas executa

procedimentos previamente criados por lei, atos normativos, enfim, por todo

o ordenamento jurídico aplicável ao caso.

Por assim ser, podemos dizer que as Juntas Comerciais são órgãos de

execução de procedimentos, que passamos a analisar a seguir:

Funções Executivas:

1- Matrícula: certos profissionais, para exercerem adequadamente sua

atividade profissional, precisam possuir carteiras profissionais expedidas pela

autoridade competente. No caso, a Junta Comercial possui competência para

expedir carteiras para diversos profissionais, dentre eles leiloeiros, tradutores

de documentos de constituição, alteração e encerramento de sociedades,

trapicheiros (proprietários de atacadistas) e também diretores de atacadistas.

Estes são alguns exemplos de profissionais cujo regular desempenho de

suas atividades depende da expedição de carteira pelo citado órgão.

2- Arquivamento: arquivar significa levar todo e qualquer documento

relativo à constituição, à alteração e ao encerramento do empresário, seja

empresário individual ou sociedade empresária, tanto as nacionais como as

estrangeiras. O papel da Junta Comercial é de relevante importância social,

vez que através de minuciosa análise, consegue impedir a criação de

empresas fictícias, o uso indevido de documentos de terceiros, entre tantas

outras situações ilícitas ou ilegais. Se a documentação estiver em

conformidade com as regras exigidas, a Junta Comercial fará o Arquivamento

do documento que lhe foi entregue, via protocolo.

Para entender melhor: documento de constituição de sociedade

empresária pode ser tanto o contrato social ou o estatuto social. O primeiro

é o documento utilizado para a constituição das sociedades Limitadas,

Comanditas Simples e Em Nome Coletivo; enquanto o segundo para as

sociedades Anônimas e as Comanditas por Ações. Ambos os documentos,

bem como as cinco espécies de sociedades citadas, serão estudados na

Unidade 2.

Já como exemplo de documento de alteração, podemos citar a Alteração

Social para Admissão de Novo Sócio; ou ainda para comunicar o falecimento

de certo sócio; também se faz alteração para aumentar ou reduzir o capital

social, para alterar endereço, criar ou fechar filiais, enfim, toda mudança

significativa que altere o estatuto ou contrato social deve ser informada à

Junta Comercial.

Por fim, documento de encerramento é aquele que trata da extinção da

sociedade, seja por pretensão dos sócios ou por determinação judicial, como

veremos na Unidade 2.

IMPORTANTE

DIREITO EMPRESARIAL

25

Portanto, todo ato de constituição, alteração ou encerramento do

empresário, deverá ser arquivado na Junta Comercial.

3- Autenticação: constituído o empresário, surge a obrigação de manter

documentada a sua vida contábil, permitindo assim que todo interessado

possa conhecer os fatos econômico-financeiros relevantes ocorridos em

determinado período. Desta forma, todo empresário deve escriturar, através

das normas contábeis vigentes, sua contabilidade, em livros próprios que

serão levados para autenticação na Junta Comercial onde está sediada a

sociedade. Ressalte-se que, como veremos no próximo tópico, os livros

contábeis NÃO têm o seu conteúdo analisado pela Junta Comercial, ou melhor

dizendo, este órgão não tem o dever de averiguar se as informações contidas

naqueles livros são falsas ou verdadeiras, o que a Junta Comercial faz é

analisar a FORMA como os dados foram lançados.

• 2ª. Obrigação: Escrituração dos livros obrigatórios

Como foi observado no tópico anterior, é obrigação de toda e qualquer

sociedade empresária manter em livros próprios a ocorrência de suas

movimentações econômico-financeiras, através de lançamentos contábeis

elaborados em padrão determinado por lei.

O lançamento destes dados e informações acerca do patrimônio e

faturamento da sociedade somente pode ser realizado por profissional

habilitado, qual seja, o contabilista ou contador que, segundo o Código Civil,

é o responsável pela veracidade das informações contidas nos livros, podendo

ser responsabilizado, civil e criminalmente, por equívocos contidos nos citados

livros.

A escrituração da atividade empresarial possui três principais finalidades:

Deve ser ressaltado que a contabilidade da sociedade empresária é

um documento UNILATERAL, pois sua realização se dá por lançamento feito

exclusivamente pela própria sociedade, através de profissional habilitado.

Quer se dizer com isto que não há participação ou fiscalização da redação da

contabilidade, o que propicia lançamentos fraudulentos e/ou incorretos.

Atualmente, no Brasil, a contabilidade pode ser feita de forma manual,

por meio mecanográfico (máquina de escrever), através de microfilmagem

ou ainda, via procedimento eletrônico.

Com o advento e a proliferação de computadores e programas específicos,

a forma de lançamento mais usual é a última citada, por economizar tempo e

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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ser mais precisa; não obstante, nada impede a utilização de qualquer dos

outros três métodos previstos em lei.

Independentemente do meio adotado para manter seus dados contábeis

atualizados, ao providenciar a inserção das informações o empresário deve

se atentar para fazê-lo seguindo duas espécies de requisitos: intrínsecos e

extrínsecos.

Os primeiros estão ligados à forma de realização da inserção dos dados,

enquanto os extrínsecos se referem às regras exigidas e analisadas pelas

Juntas Comerciais.

Há pouco, no tópico anterior, dissemos que as Juntas Comerciais NÃO

têm competência para analisar se os dados contábeis inseridos nos livros

pelos empresários são reais ou fictícios, pois, somente é DEVER destes

órgãos analisar o formato do lançamento.

É preciso ficar claro que, caso eventual fiscalização feita pelas Receitas

Federal, Estadual ou Municipal identificar equívocos contidos na contabilidade

que FORA AUTENTICADA pela Junta Comercial, evidenciando sonegação fiscal,

este órgão (Junta Comercial) NÃO será responsabilizado, vez que não é de

sua competência analisar a veracidade das informações existentes nos livros.

Já que adentramos a questão da fiscalização dos livros, passemos a

entender as regras relativas ao direito de sua análise.

Inicialmente, os livros contábeis são pertencentes ao empresário, e graças

ao Direito de Propriedade previsto na Constituição Federal, tais livros são

para visualização dos próprios administradores e sócios da sociedade

empresária.

De outro lado, o Estado tem o poder e também o dever de fiscalizar o

dia-a-dia econômico-financeiro das sociedades empresárias distribuídas pelo

território nacional. Para cumprir tal mister, a legislação autoriza que os fiscais

das Receitas Federal, Estadual, Distrital e Municipal tenham acesso à

contabilidade da empresa para, em comparação com a documentação

existente na sociedade, identificar se está havendo recolhimento tributário

devido. Tal atribuição também é estendida aos fiscais da Previdência Social.

Porém, além destas autoridades administrativas pertencentes à

Administração Pública, há também a possibilidade de se requerer

judicialmente, portanto através do Poder Judiciário, via ação própria, a

DIREITO EMPRESARIAL

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exibição dos livros para se esclarecer questões diretamente ligadas ao

patrimônio e ou faturamento da sociedade.

Imagine o falecimento de um sócio de certa sociedade em cujo documento

de constituição (estatuto ou contrato social) haja cláusula dizendo que os

herdeiros não ocuparão o lugar do sócio falecido, recebendo, portanto, valor

equivalente à sua participação societária. Continuando nosso caso hipotético,

suponha que o falecido detinha 20% (vinte por cento) do capital social, ou

seja, era dono de um quinto da empresa e, portanto, seus herdeiros

receberão 20% do valor total da sociedade.

E é exatamente neste ponto que surge o problema: quanto vale a

empresa toda?

Sabemos que a sociedade possui patrimônio físico, como veículos, imóveis,

móveis e utensílios, enfim, diversos bens materiais, que, em tese, são fáceis

de serem avaliados. Digo em tese porque, como advogado atuante no meio

empresarial, deparei-me com avaliações de imóveis realizados por duas ou

mais imobiliárias com valores discrepantes em mais de 50%! No entanto,

não resta dúvida no fato de ser mais complicado ainda se avaliar bens

imateriais, como patentes, marcas, entre outros. Quanto vale a marca

Petrobrás® ou a expressão “Casas Bahia”? E a patente de motor para aviões

movido a álcool? Posso lhes afirmar que quanto mais consultorias e auditorias

especializadas forem contratadas, maiores serão as diferenças nos valores

atribuídos!

Mas estes exemplos serviram apenas para elucidar o quão difícil é

quantificar o valor total de uma sociedade empresária e, por esta razão,

torna-se bastante complicado descobrir quanto irão receber os herdeiros no

caso de falecimento de sócio.

Voltando agora ao nosso caso acima descrito, imaginemos que pelos

20% de participação deixada pelo finado, tenham os herdeiros recebido

R$100.000,00 (cem mil reais). Segundo esta conta, o valor total de empresa

seria R$500.000,00. Discordando os herdeiros de tais valores, poderão

questionar na Justiça, através de ação própria, nova avaliação da sociedade

e, conseqüentemente, revisão do valor que lhes fora pago.

Para que o juiz consiga encontrar uma resposta adequada ao caso,

necessário se fará a apresentação do histórico contábil da sociedade, contido

nos livros que foram autenticados pela Junta Comercial.

Assim sendo, apesar de serem sigilosos, os livros contábeis poderão ser

apresentados, por ordem judicial, em processos cuja resolução depende de

sua análise.

Ainda assim, a utilização dos livros contábeis em favor da empresa

somente será admissível se estiverem regulares e ainda, se a outra parte

do processo (o autor ou réu) for outra sociedade ou algum sócio; já contra a

sociedade, qualquer forma de escrituração poderá ser utilizada.

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Veja o quadro abaixo:

Diante de todo o exposto sobre a 2ª. Obrigação do empresário, resta-

nos apenas concluir o estudo analisando quais as conseqüências decorrentes

da falta de escrituração, vez que sua realização e manutenção são

obrigatórias.

De um lado há as conseqüências denominadas SANCIONADORAS e de

outro, as MOTIVADORAS, que devem ser entendidas da seguinte forma:

a) Sancionadoras: se dividem em duas:

1- Civil: presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte contrária.

Utilizando o exemplo do sócio falecido que possuía 20% da sociedade e

supondo que não haja livros contábeis para comprovar o valor da sociedade,

em tese, a alegação feita pelos herdeiros prevalecerá sobre a da sociedade.

2- Penal: tipificação de crime falimentar - o fato de não ter escrituração,

por si só, não é crime; no entanto, em caso de processo de falência da

sociedade, quando houver determinação do juiz para apresentação de certo

livro contábil e este não existir, configura-se crime falimentar.

b) Motivadoras: pelas conseqüências abaixo, a sociedade deixa de ter

benefícios que, por vezes, são essenciais à sua continuidade.

1- Inacessibilidade à Recuperação de Empresas: toda sociedade que

não tem a escrituração fica impedida de requerer pedido de recuperação de

empresas, antes chamada de Concordata.

2- Ineficácia probatória: inexistindo escrituração, fica a sociedade

impossibilitada de fazer prova em seu favor, no sentido de comprovar

determinada movimentação financeira, alteração patrimonial, eventual

prejuízo etc.

3- Impossibilidade parcial de verificação da conta: um processo de

falência é o levantamento do ativo e passivo da empresa. Não dispondo a

sociedade de sua contabilidade, fica impedida de comprovar sua

movimentação financeira.

• 3ª. Obrigação: Realização das demonstrações contábeis

A terceira e última obrigação sob a ótica do Direito de Empresa é a

elaboração dos balanços contábeis.

DIREITO EMPRESARIAL

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Através deste procedimento, toda a escrituração contida em diversos

livros contábeis é sintetizada em algumas poucas páginas, facilitando a

pesquisa de informações e a visualização da situação da sociedade.

Segundo a legislação vigente, as sociedades empresárias em geral

devem elaborar o balanço, ao menos, uma vez por ANO.

De outro lado, outras sociedades devem fazê-lo a cada seis meses.

Trata-se das Sociedades Anônimas com previsão em seu estatuto social,

bem como as instituições financeiras. A finalidade desta regra é permitir que

os interessados acompanhem a situação patrimonial, econômica e financeira

dos Bancos, Financeiras, enfim, das sociedades que trabalham com a

capacitação do dinheiro da chamada economia popular, ou seja, da população

em geral, visando antever a possível “quebra” destas sociedades, pois como

sabemos, a falência de um supermercado, por exemplo, tem conseqüências

infinitamente inferiores a de um Banco, onde estão depositadas as economias

de diversos investidores.

Seguindo as regras jurídicas (que diferem das contábeis), há três

espécies de balanços:

1 – Ordinário: é o balanço obrigatório, que deve ser feito anual ou

semestralmente, como vimos acima. A prática tem demonstrado que o critério

de elaboração desta espécie gera divergências entre o valor real dos bens

e o contido no balanço.

2 – Especial: o critério de elaboração e os dados são os mesmos do

balanço ordinário, com a diferença de que neste, o MOMENTO da realização

é diverso. O feitio do balanço especial, diferentemente do ordinário, não é

obrigatório; sua realização somente ocorre se houver necessidade.

Geralmente são realizados a pedido de pessoa que pretende adentrar

sociedade já existente e quer conhecer a situação da sociedade bem como

por pedido de sócio que está se retirando da sociedade ou herdeiros de

sócio falecido que pretendem apurar o valor da participação societária.

3 – De Determinação: tal qual o especial, também não é obrigatório,

sendo realizado sempre que houver interesse da sociedade, de sócio, de

herdeiros ou sócios ingressantes. Através desta espécie, procura se

aproximar ao máximo do valor real da sociedade. Este balanço geralmente é

realizado por empresas especializadas de consultoria ou auditoria, que fazem

a reavaliação de todo o patrimônio da sociedade. Sem dúvida alguma, dos

três balanços estudados, o balanço de determinação é aquele que mais se

aproxima da verdadeira situação em que a sociedade empresária se encontra.

Para encerrar o estudo da terceira e última obrigação do empresário,

passemos a analisar as conseqüências advindas da falta de realização dos

balanços, que podem ser enumeradas da seguinte forma:

- proibição de participar de licitações públicas: sociedades que prestam

serviços ou fornecem bens para o Poder Público serão desclassificadas se

deixarem de juntar os balanços solicitados no edital de licitação;

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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- proibição de requerer a recuperação da empresa (antiga concordata):

em anexo ao pedido de recuperação judicial, feito ao Poder Judiciário, devem

ser juntados balanços dos três últimos anos que antecederam à crise da

sociedade, assim o empresário que não possui o balanço, fica impossibilitado

de ajuizar o pedido citado.

ELEMENTOS DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

Foi dito anteriormente que dentre as pessoas jurídicas de direito privado

existentes no Código Civil, apenas as sociedades empresárias possuem fins

lucrativos, enquanto as associações e fundações têm fins não-lucrativos

(assistencial, filantrópico, desenvolvimento do bem comum, etc).

Assim sendo, para concretizar sua finalidade e atingir seu objetivo social,

depende a sociedade da formação de um CONJUNTO DE BENS organizados e

dispostos de forma a permitir o desenvolvimento da atividade econômica

(lucrativa) pretendida.

Segundo o Código Civil, este conjunto de bens, tanto materiais como

imateriais, é denominado ESTABELECIMENTO.

Desta forma, todos os bens adquiridos de forma lícita pela sociedade

passam a integrar o seu estabelecimento.

Devemos nos lembrar que para iniciar a atividade econômica pretendida,

os sócios contribuem com recursos próprios que são transferidos para a

sociedade, sendo o total destes recursos denominado de Capital Social, cujo

valor constará do contrato ou estatuto social, como teremos a oportunidade

de ver na unidade II.

Com o passar dos dias, os bens da sociedade sofrem desvalorização,

como ocorre com veículos, móveis e utensílios e outros podem se valorizar,

como ocorre com a marca ou o imóvel localizado em região que se valorizou.

Isto posto, devemos nos ater ao fato de que o estabelecimento

empresarial pertence à sociedade empresária e não aos seus sócios. Estes,

pelos recursos particulares que transferiram na constituição da sociedade,

recebem em troca participação societária: um percentual (%) proporcional

ao capital social.

Supondo que um sócio transfira um veículo que lhe pertencia para a

sociedade, este bem agora é propriedade da organização e, em caso de

retirada deste sócio, não há nenhuma regra que obrigue a sociedade a

“devolver-lhe” o automóvel; o retirante terá direito a receber valor

equivalente ao seu percentual de participação na sociedade.

Diante deste cenário, temos que destacar que o estabelecimento

empresarial é composto por todos os bens pertencentes à sociedade

empresária, que os administra, os aliena, os dá em garantia, enfim, dá-lhes

a destinação adequada para o bom desenvolvimento de sua atividade

econômica.

DIREITO EMPRESARIAL

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O estabelecimento empresarial é composto por bens MATERIAIS e

IMATERIAIS.

Outro assunto que merece destaque quando se estuda o estabelecimento

empresarial é o denominado FUNDO DE EMPRESA (ou fundo de comércio),

visualizado como o VALOR AGREGADO atribuído ao negócio.

Note bem: com o desenvolvimento da atividade e o passar dos anos,

parte dos bens do estabelecimento sofrerá valorização e outra,

desvalorização, no entanto, o negócio como um todo passa a ter uma

sobrevalorização.

Imagine que dois sócios invistam R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)

em um posto de combustível. Um ano depois, os bens móveis sofreram

desgastes e passaram a valer menos, mas, em virtude do faturamento, da

clientela formada, do “bom nome na praça”, caso queiram vender o posto de

combustível, certamente o farão por valor superior ao inicialmente investido,

ou seja, por mais de R$500.000,00.

Mas, qual o motivo do negócio valer mais se os bens existentes se

desvalorizaram? O que fez o negócio como um todo ter valor adicional é

exatamente o fundo de empresa, valor que agrega ao estabelecimento em

virtude de um conjunto de fatores, como boa administração, marketing,

conquista de clientela, possibilidade de faturamento condizente dentre tantos

outros.

Considerando-se que, via de regra, o fundo de empresa advém da

valorização dos bens imateriais da sociedade empresária, passemos a

estudá-los para aprender, na prática, quais as providências adequadas para

protegê-los.

I – PONTO COMERCIAL.

Deve-se entender por ponto comercial o local onde a empresa é

desenvolvida, não importando se o imóvel pertence ou não à própria

sociedade.

Sendo o ponto comercial localizado em imóvel pertencente à sociedade

não há, sob a ótica do Direito Empresarial, questões de grande relevância,

salvo as ligadas ao Direito da Concorrência, que serão abordadas em unidade

a seguir.

Já quando o ponto comercial deriva de contrato de locação, a legislação

brasileira tratou de disciplinar a relação locatícia, visando permitir que o

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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proprietário do imóvel e empresário obtenham o resultado esperado quando

firmaram a negociação.

Ao longo da história, principalmente no início do século passado, entre

1910 e 1930, quando não havia legislação sobre o assunto, era corriqueiro

encontrar abusos na relação locatícia. O inquilino, sociedade empresária,

encontrava o ponto ideal para seu negócio, fazia contrato de locação por

prazo curto e às vésperas de seu término, ao procurar o proprietário para

renová-lo, era surpreendido por “reajuste” extremamente elevado. Isto

ocorria com freqüência, pois o proprietário, ao notar que o negócio do inquilino

estava prosperando exatamente em virtude da localização da empresa,

aproveitava-se da oportunidade e impunha valor ao aluguel muito superior

ao inicialmente combinado. O inquilino tinha duas saídas: ou aceitava o

reajuste ou saía do imóvel. Em muitas vezes, como o ponto lhe era essencial,

via-se obrigado a se sujeitar à situação.

Por esta razão, o Estado passou a criar normas protetivas para o inquilino,

sendo que, atualmente, está vigente a Lei n. 8.245"91 que trata tanto da

locação para fins residências e não-residenciais.

Importa-nos compreender a locação chamada de EMPRESARIAL, aquela

em que o inquilino (locatário) é necessariamente sociedade empresária e

que exercerá, no imóvel locado, sua atividade.

Entretanto, para ter proteção legal e evitar abusos, como o citado

anteriormente, o inquilino-empresário deve obter os seguintes requisitos:

1 – contrato escrito e com prazo determinado;

2 – prazo mínimo de 5 anos ininterruptos e

3 – prazo mínimo de exercício da mesma atividade por 3 anos ininterruptos.

Realizando o contrato nestes termos, o empresário não poderá ser

surpreendido por reajustes abusivos ao término de seu contrato, tendo a

oportunidade de renovar o contrato por valor justo e adequado à realidade

do mercado.

Se, antes do término do contrato, o proprietário não demonstrar interesse

em renová-lo, ou exigir valor discrepante do valor de mercado, poderá o

inquilino ajuizar Ação Renovatória, cuja finalidade é dar ao inquilino a

possibilidade de continuar a exercer sua atividade no imóvel locado,

preservando seu ponto comercial e pagando aluguel justo.

Claro que, em caso de ajuizamento da Ação Renovatória, o inquilino deverá

comprovar, além dos requisitos citados, estar adimplente com suas obrigações

contratuais, como pagamento de IPTU, seguro de incêndio, aluguéis, etc.,

além disso, terá que apresentar ao juiz, proposta justa do valor que pretende

pagar em caso de renovação obrigatória.

II – NOME EMPRESARIAL.

Dentre os bens imateriais pertencentes ao estabelecimento, estes três

merecem destaque especial no Direito Empresarial, pois identificam o

DIREITO EMPRESARIAL

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empresário, a atividade que desenvolve e o produto ou serviço que

comercializa ou presta.

Devemos esclarecer que a legislação vigente protege apenas a marca e

o nome empresarial, razão pela qual dedicamos um capítulo, a seguir, relativo

à forma mais adequada para se proteger o título do estabelecimento.

O Nome Empresarial identifica o próprio empresário. É o nome da pessoa

jurídica contido no contrato ou estatuto social. Trata-se do nome que será

utilizado em contratos e em processos, ou seja, é o nome da sociedade

empresária. Por exemplo: Banco do Brasil S.A.; Agropecuária Terra Roxa Ltda;

Companhia Siderúrgica Nacional, entre tantos outros.

O contrato ou estatuto social possui cláusula obrigatória, descrevendo o

nome empresarial e, por assim ser, seu registro se dá na Junta Comercial,

tendo, apenas, proteção estadual, o que significa dizer que poderão existir

dois nomes empresariais IGUAIS, pertencentes a proprietários diversos, desde

que em estados brasileiros diferentes, como ocorre, por exemplo, com o

nome Araguaia Engenharia S.A.. Tal nome foi registrado por uma empreiteira

de Uberlândia (MG) e por outra, concorrente, em São Paulo, capital. Em certa

ocasião, a empreiteira mineira participou de licitação de obra na cidade de

São Paulo e sua concorrente também o fez, momento em que ambas

descobriram a ocorrência. O fato é que a legislação permite tal situação, já

que as empresas possuem CNPJ distintos, endereços próprios, etc., mas,

sem dúvida alguma, gera grande confusão.

Para ficar claro, em cada estado brasileiro somente pode haver um único

nome empresarial, independentemente do ramo de atividade. Em Minas

Gerais, está registrada a sociedade Agropecuária Terra Roxa Ltda, cuja

atividade agrária é o plantio de grãos. Supondo que o dono de loja de

produtos agrícolas queira dar ao seu negócio o mesmo nome, ainda que não

seja concorrente daquela fazenda já existente, não o conseguirá, visto que

naquele estado já há tal nome registrado.

Ao se registrar qualquer sociedade na Junta Comercial, faz-se a chamada

busca prévia do nome pretendido, pois, já tendo o nome sido registrado,

tornar-se-á impossível novo registro.

Outra questão que merece destaque refere-se à formação do nome

empresarial, vez que a legislação proíbe a criação de nome empresarial que

induza em erro. A finalidade, desta norma, é evitar a utilização de nomes de

pessoas ou marcas conhecidas por terceiros.

Sabe-se que Abílio Diniz, renomado empresário no cenário nacional, que

atua no ramo comercial, é proprietário do Grupo Pão de Açúcar. Supondo que

certa pessoa queira criar uma sociedade com o nome Abílio Diniz Comércio

de Máquinas e Implementos Agrícolas Ltda, certamente estará pretendendo

induzir terceiros com os quais manterá negociações e firmará contratos em

erro, fazendo-os acreditar que o afamado empresário seja seu sócio; por

esta razão, não se pode criar nome empresarial utilizando-se de nomes de

terceiros ou marcas.

UNIDADE 1 - EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

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III – MARCA.

Marca é todo sinal distintivo utilizado para distinguir certo produto ou

serviço. Por sinal distintivo, entende-se toda e qualquer palavra, letras,

algarismos, desenhos, logomarcas e formas criadas pelo seu titular para

permitir que o consumidor identifique o produto ou serviço.

O registro da marca deve ser feito no Instituto Nacional de Propriedade

Intelectual – INPI – e após sua concessão, seu titular possui proteção em

todo o território nacional.

A criação da marca segue algumas regras. A primeira é a chamada

Novidade Relativa. O INPI possui extensa classificação de produtos ou serviços

e, ao se registrar certa marca, deve-se fazê-lo por categoria. Isto permite

que existam duas ou mais marcas iguais, porém associadas a produtos ou

serviços diferentes.

A palavra VEJA é marca registrada. Identifica qual produto? Na verdade,

mais de um produto.

Portanto, no Brasil, pode haver mais de um titular (proprietário) para a

mesma marca, SALVO se for marca de ALTO RENOME, como Petrobrás ou

Havaianas. Nestes casos, por serem marcas conhecidas pela maioria dos

consumidores, não se permite registrá-las ainda que em categoria diversa.

O exemplo citado, Havaianas, trata de tradicional marca de sandália de

borracha, no entanto, caso empresário fabricante de lápis queira registrar

esta marca para associar ao seu produto, não obterá o registro no INPI.

Outra regra conhecida como não colidência com marca notória visa

impedir que se cause dúvida ao consumidor. Ocorre quando se pretende

utilizar marca com características similares a de outra marca relativamente

conhecida do público.

Veja o caso ocorrido em Uberlândia, interior mineiro: o dono de certo bar

fez constar na fachada a seguinte palavra: BARMERINDUS. Havia na ocasião

o Banco BAMERINDUS. As palavras não são a mesma, no entanto, o nome do

bar se assemelha ao do banco, cuja marca já estava registrada. Se o dono

do bar tentasse registrar a palavra BARMERINDUS no INPI, ainda que seu

ramo de atividade (categoria) seja completamente diversa da do Banco, não

o conseguiria por colidir com marca notória.

IV – TÍTULO DO ESTABELECIMENTO.

Por Título do Estabelecimento, compreende-se a expressão utilizada na

fachada do ponto comercial. O empresário cria o título para permitir à sua

clientela que o encontre com maior facilidade. Como a marca, pode ser

composto por palavras, algarismos e desenhos.

O título do estabelecimento, segundo a legislação vigente, não possui

órgão para seu registro e conseqüente proteção. Esta falta de legislação

permite a existência de inúmeros títulos iguais, utilizados por empresários

diferentes.

Em diversas cidades brasileiras, encontramos churrascarias em cuja

fachada lê-se “CHURRASCARIA GAÚCHA”! Evidente que não pertencem aos

DIREITO EMPRESARIAL

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mesmos proprietários; não se trata de franquia ou rede, mas sim da utilização

de uma expressão alusiva aos gaúchos, exímios e tradicionais churrasqueiros.

No entanto, o que importa é que uma não concorra com a outra. Em

cidades grandes, como São Paulo, uma churrascaria localizada na Zona Sul

cujo rodízio custe R$60,00 (sessenta reais) pode ter o mesmo nome de outra

localizada na Zona Sul em que o cliente pague R$15,00 (quinze reais) já que

a freguesia não irá associar uma à outra. O que a legislação proíbe é a

tentativa de enganar o consumidor.

Analisados os principais bens imateriais, passemos ao último tópico desta

unidade.

A MARCA E A PROTEÇÃO AO TÍTULO DO ESTABELECIMENTO

Acabamos de demonstrar, no tópico anterior, que não há órgão de registro

para se proteger o título do estabelecimento.

Por esta razão, a estratégia adotada pela maioria dos empresários

brasileiros é registrar a expressão que utiliza como título do estabelecimento

como marca, vez que a marca é protegida em todo o território nacional.

Tomemos o Banco do Brasil como exemplo é já aproveitando para

recapitular o que fora estudado no capítulo anterior.

A expressão “Banco do Brasil S.A.” é o nome empresarial desta instituição

financeira.

Trata-se de um posto de combustível com a marca estampada na fachada.

Agora, responda: qual a marca deste posto? Se você respondeu BR, errou!

Observe novamente e verá que se trata de claro exemplo de indução em

erro para lesar o consumidor! Está escrito na fachada deste posto de

combustíveis a expressão I3R (treze R). A junção do número 1 (em algarismo

romano I) com o algarismo 3, assemelha-se à letra B!

Veja bem. O dono desta rede de postos criou um título do estabelecimento

alterando marca notória. Se este proprietário tentar registrar sua “marca”

I3R no INPI, não o conseguirá por se tratar de palavra que colide com marca

notória.

Por outro lado, a Rede BR de postos de combustíveis tem ajuizado ações

coibindo a prática de tal atitude, cujo ÚNICO e EXCLUSIVO objetivo é induzir

o consumidor em erro, não apenas pelo título do estabelecimento

absolutamente similar, mas também pelo uniforme de seus empregados.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo,

presentes no caderno de exercícios! Elas poderão ajudá-lo a

fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no

processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as

respostas no caderno e depois as envie através do nosso

ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!