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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE TECNOLOGIA ESCOLA POLITCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCENICA
Construo de PSVs Anlise de casos reais
Pedro Lanari Ribeiro
DRE: 104030024
Orientadora: Marta Ceclia Tapia Reyes, D. SC.
DENO/UFRJ
Rio de Janeiro
Dezembro de 2009
2
Construo de PSVs Anlise de casos reais
Projeto apresentado ao Departamento de
Engenharia Naval e Ocenica de Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como requisito
Obteno do ttulo de bacharel em Engenharia
Naval
Banca Examinadora
Marta Ceclia Tapia Reyes, D.SC.
DENO/UFRJ
Fernando Antonio Sampaio de Amorim, D.Sc.
DENO/UFRJ
Isaas Masetti
Transpetro
Luiz Carlos Almada
Det Norske Veritas
Rio de Janeiro
Dezembro de 2009
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeo minha famlia pelo constante incentivo ao longo
destes cinco anos de faculdade. Meu pai e tambm Engenheiro Naval Eduardo, minha
me Heloisa e meu irmo Victor nunca pouparam esforos para que eu atingisse os
meus objetivos, fossem acadmicos ou no.
Agradeo tambm a todos os meus amigos, em especial os da turma de
2004.2, que sempre me incentivaram durante inmeras conversas. minha namorada
Erica, que suportou noites sem cinemas em favor de provas da faculdade desde o 5
perodo.
A todos da DNV que me ajudaram, seja com conselhos, com material, com
experincia ou com dados. Alm, claro, da ajuda do prprio estaleiro (e seus
funcionrios) no qual realizei todas as inspees que serviram de base para o presente
projeto.
Por fim, agradeo imensamente a dois amigos: Rafael Amaral, amigo dos
tempos de Santo Agostinho que, nos 7282 dias em que esteve vivo, tocou com
primazia suas guitarras, e Victor Muanis, craque nos campos, nas ondas e nos estudos
e para sempre um exemplo em minha vida.
4
NDICE
NDICE DE GRFICOS ............................................................................................................ 5 NDICE DE FIGURAS............................................................................................................... 6 1.INTRODUO ....................................................................................................................... 8 2.A EMBARCAO ............................................................................................................... 10 3.PRINCIPAIS NO-CONFORMIDADES ............................................................................ 13 3.1.NO-CONFORMIDADES EM JUNTAS SOLDADAS .................................... 13 3.1.1.POROSIDADE ................................................................................................. 13 3.1.2.FALTA DE FUSO ......................................................................................... 14 3.1.3.FALTA DE PENETRAO ............................................................................ 15 3.1.4.MORDEDURA ................................................................................................. 16 3.1.5.INCLUSO DE ESCRIA .............................................................................. 17 3.1.6.EXCESSO DE METAL DE SOLDA ............................................................... 17 3.1.7.SOBREPOSIO DE SOLDAS ...................................................................... 18 3.2.NO-CONFORMIDADES ESTRUTURAIS ..................................................... 19 3.2.1.DESALINHAMENTO ..................................................................................... 19 3.2.2.PROBLEMAS COM PEAS ESTRUTURAIS ............................................... 21 3.2.3.EMPENO .......................................................................................................... 21 3.2.4.INTERFERNCIA DE ESCALOPES ............................................................. 22 4.O PAPEL DA SOCIEDADE CLASSIFICADORA NA CONSTRUO NAVAL ............ 25 4.1.TIPOS DE INSPEO........................................................................................ 26 4.1.1.INSPEO ESTRUTURAL DE BLOCOS ..................................................... 26 4.1.2.INSPEO ESTRUTURAL DE EMENDAS ................................................. 27 4.1.3.TESTE PNEUMTICO DE TANQUES ......................................................... 28 4.2.PROCEDIMENTOS DURANTE E APS INSPEES ................................... 29 4.3.CRITRIOS DE ACEITAO PARA DEFEITOS ........................................... 30 5.COLETA DE DADOS ........................................................................................................... 31 5.1.DESCRIO DO ESTALEIRO ......................................................................... 31 5.2.DESCRIO DAS EMBARCAES ............................................................... 32
5.3.A ORGANIZAO DOS DADOS .................................................................... 33 6.ANLISE DOS DADOS ....................................................................................................... 35 6.1.DADOS POR NAVIO ......................................................................................... 35 NAVIO 1 ................................................................................................................ 35 NAVIO 2 ................................................................................................................ 37 NAVIO 3 ................................................................................................................ 39 6.2.ANLISE GERAL .............................................................................................. 41 6.3.ESTIMATIVAS DE RE-TRABALHO ............................................................... 46 7.TCNICAS E MEDIDAS MITIGADORAS ........................................................................ 50 7.1.PROBLEMAS COM SOLDA E ESMERIL........................................................ 50 7.2.DESALINHAMENTO ........................................................................................ 51 7.3.PROBLEMAS COM PEAS .............................................................................. 52 7.4.EMPENO ............................................................................................................. 53 7.5.PROBLEMAS COM ESCALOPES .................................................................... 54 7.6.PROJETO ORIENTADO PRODUO (P.O.P.) ........................................... 55 8.CONCLUSES ..................................................................................................................... 58 9.BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 59
5
NDICE DE GRFICOS
Grfico 1: Evoluo da produo de petrleo no Brasil, entre 2000 e 2007................. 8
Grfico 2: Diviso dos blocos de acordo com a forma. ........................................... 33
Grfico 3: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 1; ....................... 35
Grfico 4: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 1. ................... 36
Grfico 5: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 1. ...................... 36
Grfico 6: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 2. ....................... 37
Grfico 7: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 2. ................... 38
Grfico 8: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 2. ...................... 38
Grfico 9: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 3. ....................... 39
Grfico 10: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 3. .................. 40
Grfico 11: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 3. .................... 40
Grfico 12: Anlise global dos defeitos nos blocos ................................................. 41
Grfico 13: A evoluo das marcaes de solda e esmeril. ..................................... 42
Grfico 14: A evoluo da falta de solda nas inspees. ......................................... 42
Grfico 15: Evoluo da ocorrncia de desalinhamento nas inspees. .................... 43
Grfico 16:Evoluo da ocorrncia de problemas com peas nos blocos. .................. 43
Grfico 17: Evoluo da ocorrncia de problemas com escalopes nos blocos. ........... 43
Grfico 18: Anlise global dos defeitos nas emendas. ............................................ 44
Grfico 19: Evoluo dos problemas com S/E nas emendas. .................................. 44
Grfico 20: Evoluo dos problemas com escalopes nas emendas. .......................... 45
Grfico 21: Evoluo dos problemas com peas nas emendas. ............................... 45
Grfico 22: Resultado geral dos testes pneumticos. ............................................. 46
Grfico 23: Evoluo da aprovao de tanques. .................................................... 46
Grfico 2: Proporo de HHs para cada defeito, de acordo com o estaleiro. ............. 47
Grfico 3: HH gasto com problemas de solda e esmeril X localizao do bloco. ......... 48
Grfico 4: HH gasto com problemas de escalopes X localizao do bloco. ................. 48
Grfico 5: HH gasto com empenos X localizao do bloco. ..................................... 49
Grfico 6: HH gasto com desalinhamento X localizao do bloco. ............................ 49
Grfico 7: HH gasto com problemas com peas X localizao do bloco. .................... 49
Grfico 8: HH gasto com falta de solda X localizao do bloco. ............................... 50
6
NDICE DE FIGURAS
Figura 1, Figura 2, Figura 3 e Figura 4: Alguns exemplos de PSVs. ......................... 10
Figura 5 e Figura 6: esquerda, um Thruster e, direita, um canho do sistema de
combate a incndios. ........................................................................................ 11
Figura 7, Figura 8 e Figura 9: A grande rea livre de convs; uma foto de um tanque
cilndrico; o espao de convs perdido com a presena do cargo rail. .................... 11
Figura 10: Ilustrao de uma seo mestra tpica de um PSV. ................................ 12
Figura 11: Ilustrao dos tipos de distribuio da porosidade. ................................ 13
Figura 12: Exemplo de poros alinhados. .............................................................. 13
Figura 13: Exemplo de poros agrupados. ............................................................. 14
Figura 14: esquerda, falta de continuidade entre passes e, direita, falta de unio
entre o cordo e o metal base. ........................................................................... 15
Figura 15:Falta de fuso entre metal de solda e a parede do chanfro. ..................... 15
Figura 16: Ilustrao de uma junta soldada com falta de penetrao. ..................... 15
Figura 17, Figura 18 e Figura 19: Radiografias de juntas sem penetrao total. ........ 16
Figura 20 e Figura 21: Exemplos de juntas soldadas com mordeduras externas. ....... 16
Figura 22: Ilustrao e radiografia de uma junta soldada com mordedura interna. .... 17
Figura 23 e Figura 24: Radiografias de juntas soldadas com incluso de escria. ...... 17
Figura 25: Ilustrao de uma junta soldada com excesso de metal de solda. ............ 18
Figura 26: Foto que exemplifica a sobreposio de soldas. ..................................... 18
Figura 27: Verificao de alinhamento atravs da tcnica do giz. ............................ 19
Figura 28: Foto que evidencia o desalinhamento. .................................................. 20
Figura 29: Foto que exemplifica o perfeito alinhamento e a posio do giz nesta
verificao. ...................................................................................................... 20
Figura 30 e Figura 31:Fotos que retratam a aferio de um empeno. ...................... 22
Figura 32: Escalope aberto para a execuo da solda horizontal contnua. ............... 22
Figura 33: Esquematizao de pea parcialmente sem suporte. .............................. 23
Figura 34 e Figura 35: Escalopes com contornos mal definidos. .............................. 23
Figura 36: Desenho esquemtico de m localizao de escalope. ............................ 23
Figura 37: Foto com exemplos de peas no soldadas na fase de blocos, os takings.
...................................................................................................................... 27
Figura 38 e Figura 39: Fotos da margem sem solda deixada pelo estaleiro. .............. 28
Figura 40: Esquematizao da planilha desenvolvida. ............................................ 34
Figura 41: Diferentes maneiras de se dividir um painel. ......................................... 52
Figura 42: Exemplo de adesivo de rastreabilidade utilizado pelos estaleiros. ............ 53
Figura 43: Maneira correta de se corrigir a abertura errnea de um escalope. .......... 55
Figura 44: Maneira de se subdividir que dificulta de alinhamento. ........................... 56
7
Figura 45: Maneira de se subdividir que facilita o alinhamento. .............................. 56
Figura 46: Diferentes maneiras de se projetar abertura para reforos. .................... 56
8
1. INTRODUO
A crescente demanda por energia ao redor do planeta vem impulsionando a
indstria petrolfera nacional e internacional nos ltimos anos. Fontes de energia
alternativas (tambm chamadas de limpas) esto sendo cada vez mais pesquisadas
e aplicadas, como a elica e a solar. Entretanto, a busca por poos de petrleo nunca
esteve to intensa, assim como as pesquisas acerca de possveis camadas at ento
desconhecidas, como a recm-descoberta pr-sal, a qual pode aumentar as reservas
nacionais em at 40%.
Nos ltimos anos, a poro offshore da explorao de petrleo no Brasil vem
crescendo significativamente, saltando de 83 para 89% entre os anos de 2000 e 2007
(ver grfico abaixo). Como se sabe, as unidades de explorao de petrleo em alto-
mar so construdas com a inteno de operar ininterruptamente por at 30 anos.
Assim sendo, nota-se uma necessidade por alguma maneira de se oferecer suporte a
estas plataformas, seja transportando combustvel, pessoal, alimentao, cargas ou
simplesmente gua. E foi desta necessidade que o PSV foi concebido. Tem-se no
Brasil, portanto, um cenrio muito favorvel construo de navios deste tipo,
visando uma completa estruturao do ciclo de produo do petrleo e seus derivados.
Grfico 1: Evoluo da produo de petrleo no Brasil, entre 2000 e 2007.
No presente trabalho, o objetivo final ser alcanado atravs da execuo de
diversas etapas. Primeiramente, ser feita uma breve descrio do tipo de embarcao
tida como base para este trabalho, o PSV. Atuao, principais caractersticas e outros
detalhes sero analisados. Em seguida, um resumo do papel da Sociedade
Classificadora (doravante denominada S.C.) durante a construo de novos navios
ser feito, visto que os dados usados neste trabalho foram obtidos durante inspees
realizadas em um estaleiro fluminense. Alm do papel da S.C., sero apresentados
tambm os tipos de inspeo considerados neste projeto, assim como a dinmica das
inspees.
9
Posteriormente, sero estudados os dados obtidos durante a construo de trs
navios no mencionado estaleiro, formando um espectro de mais de 300 inspees. A
fim de gerar concluses mais embasadas, informaes sobre a infra-estrutura do
estaleiro sero avaliadas, assim como as individualidades dos navios em questo.
Sendo o objetivo principal do presente projeto, sero estudadas e propostas
algumas solues atenuadoras para os principais problemas encontrados no banco de
dados formado anteriormente.
Por fim, mas no menos importante, sero tiradas as concluses e apresentada
a bibliografia.
10
2. A EMBARCAO
Apesar de no ser um tipo de navio considerado tpico, como por exemplo um
petroleiro ou um graneleiro, o PSV tampouco varia radicalmente a sua forma. Dentre
os navios deste mesmo tipo, facilmente nota-se uma geometria praticamente
constante entre eles, com comprimentos entre 70 e 90 metros, superestrutura (e
praa de mquinas) vante, grande rea livre de convs, impelidores laterais (mais
conhecidos como thrusters), protees carga, geralmente transportada em
contineres, no convs principal (comumente chamadas de cargo rail) e o formato
cilndrico de tanques destinados ao cimento e lama. A seguir, algumas fotos de
embarcaes do tipo, evidenciando a pouca variao na geometria deste tipo de navio.
Figura 1, Figura 2, Figura 3 e Figura 4: Alguns exemplos de PSVs.
Como anteriormente citado, um PSV supre as plataformas com o que for
preciso, ou seja, capaz de transportar:
Elementos necessrios perfurao: cimento, lama lquida, salmoura, gua
de perfurao, entre outros;
Equipamentos e peas destinados aos provveis reparos a bordo da
plataforma;
Elementos para a operao da prpria plataforma: gua potvel e no-
potvel, combustvel, comida (rancho), etc.;
11
Cargas acondicionadas em contineres no convs principal;
Alm desta principal funo, a de fornecer apoio s plataformas, os PSVs atuais
esto cada vez mais diversificados, possuindo funes como combate a incndio e
recolhimento de leo derramado. Abaixo, algumas fotos e ilustraes acerca das
principais caractersticas em um PSV:
Figura 5 e Figura 6: esquerda, um Thruster e, direita, um canho do sistema de
combate a incndios.
Figura 7, Figura 8 e Figura 9: A grande rea livre de convs; uma foto de um tanque
cilndrico; o espao de convs perdido com a presena do cargo rail.
Um dos aspectos mais importantes relativos a uma embarcao deste tipo, o
perfil estrutural o chamado misto, j que possui tanto reforos transversais quanto
longitudinais. Este tipo de topologia tpico de navios menores que 100 metros, visto
que neste caso o momento fletor experimentado pela viga-navio relativamente
baixo. Assim sendo, por implicar em um menor peso de ao, a maior parte da
estrutura destes navios transversal, deixando apenas o convs com reforos
longitudinais. importante ressaltar que, apesar de ser uma prtica comum ao redor
do mundo, o tipo de estrutura uma deciso do projetista, que deve sempre respeitar
os requisitos impostos pelas regras das Sociedades Classificadoras. Abaixo, uma
ilustrao de uma seo mestra tpica.
12
Figura 10: Ilustrao de uma seo mestra tpica de um PSV.
Na ilustrao acima, os nmeros correspondem aos seguintes elementos:
1. Longitudinal gigante do convs (sicorda);
2. Reforador longitudinal do convs;
3. Costado;
4. Caverna;
5. Reforador contra flambagem;
6. Hastilha;
7. Longitudinal gigante do fundo (longarina);
8. Tanques cilndricos;
9. Tanques comuns (leo, gua, etc.);
13
3. PRINCIPAIS NO-CONFORMIDADES
A seguir sero apresentados os principais tipos de defeitos, ou no-
conformidades, encontrados durante as inspees realizadas. Para melhor
entendimento destes defeitos, eles sero divididos em dois subgrupos: defeitos em
juntas soldadas e estruturais.
3.1. NO-CONFORMIDADES EM JUNTAS SOLDADAS
3.1.1. POROSIDADE
Os poros, de acordo com [2], so causados pela evoluo de gases durante a
solidificao do metal de solda, na maioria das vezes tm formato esfrico (existem os
alongados tambm) e so facilmente detectados. Quanto distribuio destes ao
longo do cordo, pode ser basicamente de trs tipos diferentes: agrupada, dispersa e
alinhada, como mostram as figuras abaixo.
Figura 11: Ilustrao dos tipos de distribuio da porosidade.
Figura 12: Exemplo de poros alinhados.
14
Figura 13: Exemplo de poros agrupados.
Analisada pela tica operacional, a porosidade causada majoritariamente pela
contaminao atmosfrica da solda. Entretanto, outros fatores podem ocasionar a
porosidade, como a presena de oxidao ou umidade na pea soldada, nos
consumveis ou no prprio equipamento de soldagem, inadequao de parmetros
como corrente e arco e disfunes na proteo gasosa.
No que diz respeito contaminao atmosfrica, a causa maior a presena de
vento que, dependendo da intensidade, pode impedir que o gs de proteo atue como
deve, permitindo assim a formao de poros.
importante ressaltar que, apesar de ser um srio defeito de solda, h critrios
de aceitao para a porosidade. A presena de poros em um tanque de lastro, por
exemplo, deve ser rigorosamente combatida, ao passo que em soldas de
compartimentos secos (como em uma CCM Centro de Controle de Mquinas), no h
motivos maiores para se preocupar. Isto se deve ao fato de que as duas maiores
preocupaes relativas aos poros em uma embarcao so: a futura formao de
trincas, decorrentes da oxidao do metal de solda por dentro do poro e a possvel
ocorrncia de vazamentos, sejam entre tanques ou entre um tanque e um
compartimento seco.
3.1.2. FALTA DE FUSO
Defeito causador de altos nveis de concentrao de tenso e de perda de rea
de solda, a falta de fuso defere-se descontinuidade da unio entre dois passes
consecutivos de solda ou entre um passe e o metal base (linha de fuso). As principais
causas para este defeito so: falta de controle sobre os consumveis ou dos
parmetros de soldagem ou um chanfro demasiadamente estreito.
15
Figura 14: esquerda, falta de continuidade entre passes e, direita, falta de unio
entre o cordo e o metal base.
Figura 15:Falta de fuso entre metal de solda e a parede do chanfro.
Como medidas corretivas para este tipo de problema, o arco deve ser
direcionado perfeitamente para a face do chanfro, para que se d a unio perfeita dos
materiais, ou o formato da junta refeito.
3.1.3. FALTA DE PENETRAO
Localizado ou na raiz da solda ou no meio do chanfro (quando a solda feita
pelos dois lados), este tipo de defeito pode ser causado por inmeros fatores, entre
eles: abertura de chanfro muito pequena ou de forma inapropriada, parmetros de
solda inadequados e formato do fundo do chanfro (onde ser feito o passe da raiz)
desfavorvel. Geralmente, nem todas as soldas tm como requisito a penetrao total,
mas h locais em que necessrio, como por exemplo, em caixas de mar e bases de
equipamentos que solicitaro bastante a estrutura.
A fim de se combater este defeito, deve-se corrigir a causa uma das
mostradas anteriormente , aps esta haver sido identificada.
Figura 16: Ilustrao de uma junta soldada com falta de penetrao.
16
Figura 17, Figura 18 e Figura 19: Radiografias de juntas sem penetrao total.
3.1.4. MORDEDURA
Defeito decorrente da fuso do metal de base na margem do cordo de solda,
sem que ocorra o total preenchimento desta rea, o que leva formao de uma
reentrncia (que pode ser interna ou externa). Os motivos que levam a esta fuso
errnea do metal de base podem ser basicamente dois: valor de corrente alto demais
e tcnicas de soldagem imprprias.
Este defeito, por causar uma descontinuidade geomtrica na junta soldada,
leva a duas maiores conseqncias: diminuio da resistncia fadiga e aumento do
nvel de concentrao de tenses.
Figura 20 e Figura 21: Exemplos de juntas soldadas com mordeduras externas.
17
Figura 22: Ilustrao e radiografia de uma junta soldada com mordedura interna.
3.1.5. INCLUSO DE ESCRIA
Alguns dos processos de soldagem (arco submerso, eletrodo revestido e arame
tubular so os mais conhecidos) utilizam um fluxo que previne que o material fundido
reaja com os gases atmosfricos. A escria, que por sua vez resultado deste fluxo,
por vezes no consegue se livrar e acaba por ficar presa, seja entre os passes de solda
ou entre estes e o metal de base.
Figura 23 e Figura 24: Radiografias de juntas soldadas com incluso de escria.
Os principais motivos da formao deste defeito so: a manipulao incorreta
do eletrodo, fazendo com que a escria seja depositada frente da poa de fuso,
remoo insuficiente da prpria escria entre os passes e parmetros de soldagem
inadequados. Por se tratar de uma descontinuidade interna da junta soldada, a
incluso de escria um concentrador de tenses de alta severidade, pois trincas
podem decorrer deste defeito.
3.1.6. EXCESSO DE METAL DE SOLDA
Causado por motivos como baixa velocidade de avano impressa pelo soldador,
baixo valor de corrente e mau planejamento da seqncia dos passes, o excesso de
metal de solda pode levar a uma reduo da resistncia fadiga da junta.
18
Figura 25: Ilustrao de uma junta soldada com excesso de metal de solda.
3.1.7. SOBREPOSIO DE SOLDAS
No-conformidade que confronta um dos princpios da soldagem: o de se
evitar, sempre que possvel, uma nova solda sobre uma junta soldada anteriormente
quela. Normalmente, neste tipo de navio, este problema ocorre majoritariamente ao
se instalar, posteriormente, reforos estruturais como barras-chatas. A sobreposio
de soldas leva a um acmulo de tenses, podendo futuramente gerar trincas no local.
Normalmente, pedido que se afaste seja com maarico, seja com esmeril
a terminao do elemento que foi soldado posteriormente. Na figura 26 tem-se um
exemplo deste defeito: a solda vertical foi feita sobre a solda que j havia sido feita no
elemento de reforo horizontal.
Figura 26: Foto que exemplifica a sobreposio de soldas.
19
3.2. NO-CONFORMIDADES ESTRUTURAIS
3.2.1. DESALINHAMENTO
O alinhamento de elementos estruturais um fator de extrema importncia em
se tratando de qualquer conjunto estrutural e, evidentemente, os navios no fogem a
esta regra.
Seja entre dois prumos, entre anteparas, entre borboletas e prumos ou
qualquer outra combinao, quase sempre previsto pelo projeto que estes elementos
estejam alinhados uns aos outros, para que toda a carga recebida por um determinado
elemento seja total ou parcialmente transmitida para o elemento adjacente, e assim
por diante. Como conseqncia desta no-conformidade, pode-se ter uma solicitao
acima do recomendado para uma determinada pea/elemento/painel, diminuindo
assim suas vidas teis.
H diferentes maneiras de se verificar o alinhamento de elementos: avaliao
visual; avaliao tctil; medio da distncia de cada um dos elementos em questo
em relao a uma mesma referncia; e, por ltimo, uma tcnica pouco conhecida: ao
se passar um giz lateralmente ao chapeamento localizado entre os elementos
supostamente alinhados, identifica-se a posio da solda do elemento localizado do
lado oposto. No par de ilustraes a seguir, o elemento nmero um uma borboleta,
o dois representa a barra que a suporta e o nmero trs um prumo (em formato
de bulbo) da antepara vertical. No segundo desenho, possvel verificar que, ao se
passar lateralmente o giz sobre o convs, a barra-chata (elemento nmero dois)
revelada.
Figura 27: Verificao de alinhamento atravs da tcnica do giz.
20
Na fotografia abaixo, um caso real e muito prximo do exemplo dado
anteriormente, sendo possvel notar o efeito revelador do giz no convs que separa a
borboleta e a barra que a suporta por baixo.
Figura 28: Foto que evidencia o desalinhamento.
Como j explicado acima, caso este desalinhamento no fosse detectado pelo
vistoriador, a borboleta que est acima do convs no descarregaria as tenses para a
barra. O alinhamento ideal, devidamente explicado anteriormente, pode ser notado na
foto abaixo, tirada durante inspeo de uma emenda entre um bloco de fundo e um
superior adjacente.
Figura 29: Foto que exemplifica o perfeito alinhamento e a posio do giz nesta
verificao.
21
3.2.2. PROBLEMAS COM PEAS ESTRUTURAIS
Talvez esta seja a no-conformidade que melhor evidencia a falta de
organizao das diferentes partes de um estaleiro nacional. Evidentemente, todas (os)
as (os) peas/chapas/elementos (reforos, borboletas, acessrios, etc.) necessrias
(os) para a fabricao de um bloco so adquiridas (os) e disponibilizadas pelo P.C.P.
(Planejamento e Controle da Produo) ao responsvel pelo bloco em questo, por
exemplo. Entretanto, como ser comprovado atravs da Anlise de Dados, por
diversas vezes h discordncias entre o projetado e o encontrado durante inspees.
Na maioria das vezes, estes problemas dizem respeito falta das peas previstas em
desenho aprovado. Alm disto, tambm no raro que se encontre uma pea
diferente da que havia sido prevista como, por exemplo, uma borboleta 150 x 150 mm
no lugar de uma 200 x 200 mm.
Um pouco menos freqentes, mas igualmente graves, os problemas estruturais
provenientes de erros de projeto tambm so presenciados nos estaleiros nacionais.
Na maioria das vezes, este problema ocorre na emenda de blocos, com um elemento
necessitando de suporte que estaria localizado no bloco adjacente, o que no
acontece. Desta forma, ao realizar a inspeo, o vistoriador pode e deve requisitar a
instalao de alguma pela que supra as necessidades locais.
3.2.3. EMPENO
Uma das no-conformidades mais comumente encontradas no dia-a-dia das
inspees estruturais de embarcaes do tipo PSV, o empeno deve ser atentamente
analisado, caso a caso. As causas do empeno so vrias, podendo ser desde a m
manipulao dos blocos ao edific-los at a falta de preciso no controle dimensional
dos elementos.
Apesar de ser um grave problema estrutural, na maioria das vezes necessrio
que se pense em como a estrutura responder globalmente a esta no-conformidade,
visto que a nica maneira de se reparar um empeno atravs do uso de um maarico,
que desempena a rea danificada. Esta adio de calor, dependendo da durao, pode
ser nociva s caractersticas do material, como resistncia e tenacidade. Devido a esta
possvel conseqncia, um empeno deve sempre ser avaliado criteriosamente antes de
ser reparado. Abaixo, um exemplo de empeno no qual no houve necessidade de
aplicao de calor, j que o mesmo se encontrava num convs da superestrutura (no
exerce maiores contribuies estruturais). Na mesma foto, pode-se perceber a
maneira com que se mede um empeno: so presas as extremidades de um barbante
22
nos pontos que se deseja medir o empeno e, atravs do uso de uma trena, feita a
medio (geralmente so necessrias duas pessoas para esta aferio).
Figura 30 e Figura 31:Fotos que retratam a aferio de um empeno.
3.2.4. INTERFERNCIA DE ESCALOPES
Os escalopes, como podem ser observados na imagem abaixo, tm como
funo permitir a execuo da solda de modo contnuo, sem ser interrompida pela
chapa ou elemento transversal. Desta forma, constituem uma boa soluo para o
problema da soldagem.
Figura 32: Escalope aberto para a execuo da solda horizontal contnua.
O problema se d quando, ao se projetar um escalope, posiciona-se tambm
um elemento que deveria ser suportado pela frao retirada para a abertura do
escalope. A ilustrao abaixo exemplifica o problema citado:
23
Figura 33: Esquematizao de pea parcialmente sem suporte.
No exemplo, a pea um representa uma borboleta, a dois a barra que a
suporta e a trs o convs que separa os elementos um e dois. Como pode ser
notado, um escalope foi aberto para que a solda do convs fosse contnua. Entretanto,
a pea um ficou sem apoio por quase metade de sua rea de contato, prejudicando
assim a continuidade estrutural desta rea.
Alm deste problema, h outros relacionados aos escalopes, como a m
execuo do contorno do mesmo, deixando quinas vivas que elevam o grau de
concentrao de tenses, como ilustra a foto abaixo:
Figura 34 e Figura 35: Escalopes com contornos mal definidos.
Por fim, a abertura do escalope de forma que seu fim coincida com um cordo
de solda tambm deve ser combatida (como mostra a figura abaixo):
Figura 36: Desenho esquemtico de m localizao de escalope.
24
Na ilustrao acima, o elemento nmero um representa uma chapa horizontal
(teto do fundo duplo, por exemplo), o dois uma chapa transversal (uma caverna, por
exemplo), o trs um cordo de emenda do elemento um e o quatro o escalope.
Como pode ser observado, a terminao do escalope localiza-se exatamente em cima
do cordo, o que facilita a ocorrncia de trincas neste local, aps alguns anos em
operao.
25
4. O PAPEL DA SOCIEDADE CLASSIFICADORA NA CONSTRUO NAVAL
O real papel de uma sociedade classificadora no aconselhar ou tampouco
sugerir. De fato, a classificao de um navio em construo um tipo diferenciado de
certificao, que somente confirma a adequao ou no da estrutura e dos sistemas a
bordo com respeito a regras da prpria S.C., regulamentos e requerimentos.
No que diz respeito ao escopo da classificao, o vistoriador responsvel deve
verificar, ao longo de toda a construo da embarcao, se o que est sendo feito est
de acordo com os desenhos aprovados anteriormente pela prpria S.C., atentando aos
seguintes pontos:
Estruturas pertencentes ao casco;
Sistemas de tubulao;
Sistemas eltricos;
Motores;
Geradores;
Sistema de governo;
Sistema propulsivo;
Outros elementos de mquinas;
Testes funcionais (Prova de Mar, inclusive);
Neste tipo de classificao, vistoria-se todo o escopo j citado. Ou seja, desde a
aprovao do ao que ser utilizado na estrutura (inspeo esta realizada em uma
siderrgica, aferindo as propriedades e composio qumica do mesmo) at os ltimos
testes realizados nas provas de mar, pouco antes da entrega da embarcao.
Entretanto, o papel de um vistoriador residente em um estaleiro comea, na maioria
das vezes, na inspeo de blocos. Nesta fase, todo o escopo referente aos diferentes
materiais empregados j foi coberto por outro vistoriador, especialista neste tipo de
certificao.
26
4.1. TIPOS DE INSPEO
Como j citado anteriormente, diferentes tipos de vistorias so feitas pela S.C.
ao longo da construo de um navio, entre elas: testes de bancadas de equipamentos,
inspees estatutrias (ILLC, MARPOL, SOLAS, entre outras), inspees estruturais,
testes de inclinao e provas de mar. importante frisar que, apesar de ser
diariamente convocado para as inspees, o vistoriador tem o dever de realizar as
chamadas inspees no programadas (em ingls non-scheduled inspections),
sempre que tiver disponibilidade para tal, pois nestas ocasies muitas no-
conformidades que no seriam observadas em uma inspeo programada so
detectadas.
A seguir, sero apresentados aqueles tipos de inspeo que serviram de base
para a anlise das principais no-conformidades.
4.1.1. INSPEO ESTRUTURAL DE BLOCOS
Este tipo de inspeo , normalmente, o primeiro contato de um vistoriador
residente em um estaleiro com a estrutura dos navios em construo. A inspeo
estrutural de um bloco extremamente importante e tem alguns pontos que devem
ter ateno especial por parte de quem a executa.
Logicamente, dependendo da regio em que se encontra o bloco em questo,
deve-se analisar quais sero os maiores e mais significativos carregamentos a que
estaro sujeitos os elementos do mesmo. Por exemplo, se a unidade inspecionada est
dentro de 0,4L do navio (parte central), prevalecer o momento fletor, enquanto que
nas extremidades (proa e popa), os esforos cortantes sero mais significativos.
extremamente importante, portanto, que se tenha uma viso global da estrutura, ou
seja, pensar em como esta parte da estrutura ir trabalhar com o restante dos blocos
aps serem edificados, adjacentes uns aos outros.
Para que uma inspeo deste tipo seja executada de maneira satisfatria,
necessrio que se tenha em mos os desenhos aprovados por classe para a devida
unidade. Na maioria das vezes, tais desenhos contm comentrios (que devem ser
atendidos pelo estaleiro) feitos pelos engenheiros responsveis pela aprovao de
planos.
Ao se executar uma inspeo estrutural de um bloco, deve-se prestar especial
ateno aos seguintes pontos:
Correta instalao de elementos e peas;
Correto dimensionamento dos elementos principais e chapeamentos;
27
Alinhamento entre elementos;
Continuidade estrutural;
Possibilidade de se rastrear determinado elemento (especialmente em caso
de propriedades mecnicas diferenciadas);
Qualidade geral da solda, dando ateno maior aos elementos com altos
nveis de concentrao de tenso;
Identificar possveis pontos que devem passar por algum tipo de teste no-
destrutivo (NDT, em ingls);
Presena de elementos no estruturais, mas presentes nos desenhos, como
pocetos e dutos de ventilao;
4.1.2. INSPEO ESTRUTURAL DE EMENDAS
Aps ser aprovado, o bloco est apto a ser edificado, ou seja, iado e levado
para o local de montagem do navio em si, que pode ser uma carreira, um dique ou
um canteiro de obras. Entretanto, este processo implica em diversas dificuldades por
parte dos estaleiros, pois necessrio um bom controle dimensional que garanta um
correto posicionamento e um conseqente alinhamento entre elementos de dois ou
mais blocos adjacentes. Assim sendo, os estaleiros optam por deixar que algumas das
peas j presentes nos blocos somente sejam soldadas na fase de edificao. Tais
peas so comumente conhecidas como takings, referindo-se ao fato de serem
levadas junto dos blocos para a edificao e devem, portanto, ser checadas em uma
inspeo de emenda. Na foto abaixo, se tem um exemplo prtico desta prtica:
Figura 37: Foto com exemplos de peas no soldadas na fase de blocos, os takings.
Outra prtica bastante comum dos estaleiros a de se deixar uma margem nas
soldas de emenda para ser feita no ato da edificao, para facilitar o processo de
28
alinhamento entre os blocos adjacentes. Nas fotos seguintes, tal prtica pode ser
observada:
Figura 38 e Figura 39: Fotos da margem sem solda deixada pelo estaleiro.
Alm deste aspecto, outros devem ser analisados durante uma inspeo de
emenda de bloco, como:
Alinhamento entre elementos de blocos adjacentes;
Condio geral da solda feita na emenda;
Identificar possveis pontos que devem passar por algum tipo de teste no-
destrutivo (como a emenda entre perfis bulbo de blocos adjacentes, que
geralmente so testados pelo mtodo do ultra-som);
Verificar se as margens no soldadas na fase de blocos foram devidamente
finalizadas;
4.1.3. TESTE PNEUMTICO DE TANQUES
Com o objetivo de verificar a estanqueidade de tanques ou compartimentos
estanques, o teste pneumtico feito atravs da pressurizao do local a uma presso
em torno de 20 KN/m2. A aferio da presso de teste pode ser feita tanto atravs de
um manmetro quanto de uma coluna de gua. Todas as fronteiras soldadas devem
ser testadas ( exceo daquelas feitas por processo automtico de soldagem, que
tm baixssimas chances de vazarem) antes da pintura do local, fazendo uso de uma
mistura de gua e sabo, que facilitar a visualizao de bolhas na presena de
vazamentos.
29
Como ser apresentado mais adiante no banco de dados, quase todos os
tanques testados apresentaram vazamentos, o que representa um alto grau de re-
trabalho ao longo da construo de um PSV, pois necessrio que se desfaa a solda
do local (processo conhecido como goivagem, que utiliza eletrodos como o de
carvo), se solde e que sejam testadas novamente as regies previamente
reprovadas. Para que esta vistoria seja bem executada, de extrema importncia que
se saiba quais so as fronteiras do tanque, que por muitas vezes bastante
complicada em PSVs.
4.2. PROCEDIMENTOS DURANTE E APS INSPEES
Como j explicitado, o vistoriador responsvel no deve, em hiptese alguma,
dar conselhos ao estaleiro. Seu papel somente aprovar ou, em caso negativo,
apontar as no-conformidades presentes. Pensar em como corrigir os defeitos funo
do estaleiro, podendo ficar restrito somente produo ou, em casos mais srios, ser
levado seo de engenharia do mesmo. importante ressaltar que, em toda
inspeo, necessrio que esteja presente o responsvel pela obra (contra-mestre),
alm de um supervisor do prprio estaleiro.
Em geral, aps cada inspeo, o vistoriador deve relatar todas as informaes
relevantes em um relatrio sobre a mesma, identificando basicamente:
Qual inspeo foi feita;
Pessoas do estaleiro presentes inspeo;
Condies gerais de segurana e limpeza;
No-conformidades encontradas;
Resultado final da inspeo;
Posteriormente, o estaleiro solicitar novamente Sociedade Classificadora que
se apresente para realizar uma nova inspeo, chamada comumente de retirada de
pendncias. Geralmente, aps esta inspeo, o vistoriador verifica se as correes
feitas pelo estaleiro satisfazem os requerimentos.
30
4.3. CRITRIOS DE ACEITAO PARA DEFEITOS
Obviamente, durante as vistorias de um navio em construo, o vistoriador
responsvel deve seguir os livros de regra de sua S.C. Entretanto, h outros
documentos que devem ser levados em considerao no momento de se avaliar os
defeitos citados. O principal documento utilizado o Regulamento n. 47 da IACS,
referncia [3] (International Association of Classification Societies, associao
formada pelas 10 maiores e mais confiantes Sociedades Classificadoras do mundo:
ABS, Lloyds Register, DNV, BV, RINA, NKK, GL, KR, CCS e RS), que define padres e
limites de aceitao para diversas no-conformidades. Por exemplo, o padro para
empenos em chapeamentos na regio do corpo paralelo de 4 mm, enquanto que o
limite de 8 mm. J em relao ao alinhamento, o limite 1/3 da espessura do menor
elemento envolvido. Tambm no mesmo documento, so estabelecidos diversos
limites para a abertura de chanfros e razes de juntas soldadas, como por exemplo, no
caso de uma junta em T, a maior distncia entre os dois elementos de 3 mm.
J no que diz respeito aos defeitos de solda, h outros documentos a serem
levados em conta. Conforme especificado em [2], que estabelece limites de aceitao
relativos a diferentes nveis de qualidade exigidos, o limite de dimetro para poros (em
soldas de filete) em 30% do valor da garganta, enquanto o mesmo no admite falta de
penetrao em nenhum dos nveis de qualidade.
O vistoriador responsvel deve, portanto, realizar suas marcaes baseando-se
nos citados documentos, alm claro de sua prpria satisfao.
31
5. COLETA DE DADOS
Neste captulo, sero apresentados os fatores relevantes em relao captao
dos dados utilizados neste trabalho. Primeiramente, sero descritas as principais
caractersticas do estaleiro onde esto sendo construdas as embarcaes-base para
este projeto. Em seguida, os prprios PSVs sero detalhadamente descritos, para que
as anlises dos dados sejam bem embasadas.
Posteriormente, a maneira com a qual os dados foram organizados ser
detalhadamente explicada, seguida de um resumo das principais no-conformidades
encontradas, tanto relativas solda quanto estrutura. Por ltimo, sero
apresentadas as referncias usadas em novas construes para a aceitao dos
defeitos apresentados.
5.1. DESCRIO DO ESTALEIRO
Com aproximadamente duas entregas de embarcaes previstas por ano e um
total de 800 funcionrios (metade contratada e a outra metade, terceirizada), o
estaleiro no qual foram realizadas as inspees presentes neste relatrio apresenta
carteira cheia at aproximadamente 2015. Devido s suas limitaes fsicas, o
estaleiro constri somente pequenas embarcaes, entre PSVs (maioria) e AHTSs.
Suas principais caractersticas so as seguintes:
Guindaste da carreira de 60 t;
Carreira longitudinal de 100x23 metros, 3,57 de inclinao e 3000 t de
capacidade;
rea de 56.000 m2 (11.000 m2 construdos);
Guindaste do cais de 20 t;
Cais com capacidade para dois navios de at 100 m de comprimento;
No que diz respeito solda empregada pelo estaleiro, so utilizadas
aproximadamente 30 toneladas por navio construdo. Deste total, a maioria absoluta
de arame para solda tipo MAG (60%), seguida por eletrodo revestido (25%), arco
submerso (6%) e o restante divide-se entre outros tipos de soldagem, como TIG,
INOX, prata, entre outros.
J no aspecto de instalaes, o estaleiro possui um galpo destinado ao
trabalho com tubulaes e seus sistemas. neste galpo que a maior parte da solda
TIG empregada, na execuo da raiz das soldas em tubulaes (j que no h
32
acesso por dentro do tubo, a raiz da solda deve ser extremamente bem feita, com
penetrao total).
Alm disso, possui dois galpes destinados submontagem, equipados com
quatro pontes rolantes de 10 t de capacidade cada. J para a montagem de blocos, o
estaleiro conta com uma rea de 1.600 m2, dividida em diversas bases, nas quais so
montadas as unidades. Esta rea de construo dos blocos plenamente atendida pelo
guindaste da carreira, de 60 t de capacidade de iamento. Atualmente, por deciso do
prprio estaleiro, a maioria dos blocos est sob responsabilidade de empresas
contratadas.
importante ressaltar tambm que o estaleiro em questo no efetua o
processamento do ao, ou seja, no possui mquinas de corte. Todas as chapas e
peas j vm previamente cortados das siderrgicas fornecedoras e so estocadas em
uma rea de 2.500 m2 no estaleiro.
O mencionado estaleiro foi selecionado pois, alm de ser o principal local de
trabalho do autor, vem construindo navios idnticos em srie (sister vessels), ou
seja, est em destaque na indstria naval brasileira.
5.2. DESCRIO DAS EMBARCAES
Como j citado no segundo captulo, os navios-base para este trabalho no
fogem muito s caractersticas principais de grande parte dos semelhantes existentes
no mundo. Superestrutura e praa de mquinas vante, grande rea livre de convs e
as demais peculiaridades esto presentes.
No que diz respeito ao tamanho destas embarcaes, o porte bruto dos navios
da srie de 3000 toneladas, com um comprimento total de 76,70 m, boca de 17,0 m
e calado de projeto igual a 5,00 m. J em relao diversidade de carga transportada,
estes navios so projetados para transportar lama, cimento, gua doce, leo
combustvel e lubrificante para as plataformas alm, claro, dos tanques necessrios
para a operao do mesmo, como tanques de leo sujo, lastro, entre outros.
Estruturalmente, os navios possuem topologia semelhante que foi explicada
anteriormente, com estrutura transversal no fundo e no costado, enquanto que no
convs, tem-se a longitudinal.
Alm destas caractersticas gerais, os navios da srie possuem grau um de
combate a incndio, com capacidade (especificada por regra) de 2400 metros cbicos
por hora, possuindo duas bombas para este fim, cada uma acoplada a um dos motores
principais. Tambm relativa a esta notao de classe, as embarcaes possuem um
sistema de nvoa que protege o navio do calor emitido em caso de incndio,
permitindo que se aproxime da plataforma ou navio sob fogo.
33
Outro aspecto a ser aqui estudado a dificuldade em se construir estes navios.
Em virtude da diminuta capacidade de levante do estaleiro, a diviso dos blocos levou
a uma grande quantidade de blocos curvos, o que dificulta significativamente a
conformao destas unidades. Abaixo, um resumo da forma bsica dos blocos destas
embarcaes:
Grfico 2: Diviso dos blocos de acordo com a forma.
Como possvel notar, aproximadamente dois teros de todo o navio
composto por painis curvos, o que dificulta bastante o trabalho do estaleiro. O
formato curvo implica em diversas complicaes, como o dobramento de chapas, de
perfis e painis atravs de mquinas como a calandra.
5.3. A ORGANIZAO DOS DADOS
Como em qualquer S.C., os vistoriadores residentes em um estaleiro ou obra
possuem uma caderneta de anotaes, na qual as observaes, dvidas e pendncias
acerca das inspees feitas so relatadas. A partir destas cadernetas de anotao, o
autor obteve dados de trs navios da srie de PSVs com 3000 toneladas de TPB
(Toneladas de Porte Bruto) e organizou-os em uma planilha, dividindo navio por navio,
num total de mais de 350 inspees. Nesta planilha, os dados foram organizados da
seguinte maneira:
34
Figura 40: Esquematizao da planilha desenvolvida.
35
6. ANLISE DOS DADOS
A fim de melhor propor alternativas e prticas que diminuam a quantidade de
re-trabalho causada pelos citados defeitos, ser feita uma minuciosa anlise dos dados
de cada navio, assim como dos dados de todas as obras em conjunto.
6.1. DADOS POR NAVIO
Nesta seo, sero estudados os defeitos separadamente em cada navio, para
que se possa analisar possveis aumentos ou decrscimos na qualidade do estaleiro em
longo do tempo.
NAVIO 1
O primeiro navio da srie de trs que serviu de base para este projeto bateu
quilha em Maro de 2008 e foi entregue em Maio de 2009. Para este navio, os
seguintes dados foram obtidos a partir das cadernetas usadas nas inspees:
Grfico 3: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 1;
Primeiramente, possvel notar que em 80% dos blocos inspecionados o autor
encontrou problemas relacionados solda e esmeril (doravante S/E), um percentual
bastante alto. O segundo problema mais freqente destes blocos foi referente ao
desalinhamento entre elementos, com aproximadamente 60% de ocorrncia. Em
seguida, aparecem defeitos de peas e escalopes, com 40% dos blocos apresentando-
os. Por ltimo, a falta de solda foi detectada pelos vistoriadores responsveis em 20%
dos blocos do navio 1.
36
Abaixo, o grfico 6, que identifica as propores de cada defeito nas emendas
de blocos do navio A. Como novamente possvel observar, problemas relacionados
solda e esmeril so os mais freqentes, com mais de 70% de ocorrncia. Em seguida,
com valores em torno de 20%, 4 no-conformidades: escalopes interferindo na
continuidade estrutural, desalinhamento, problemas com peas e falta de solda. Por
fim, com apenas 3% de ocorrncia, os empenos no representaram maiores
problemas para a Sociedade Classificadora.
Grfico 4: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 1.
Por fim, apresentado abaixo o grfico nmero 7, relativo aos testes
pneumticos (de estanqueidade) dos tanques do navio 1. Como possvel notar,
apenas 27% dos tanques foram aprovados logo na primeira inspeo, ou seja, no
apresentaram vazamentos. Por outro lado, 73% dos tanques tiveram que ser re-
testados, por apresentarem um ou mais pontos de vazamento.
Grfico 5: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 1.
37
Como j explicado anteriormente, o ponto da solda no qual foi identificado o
vazamento deve passar por um processo chamado de goivagem, que retira a solda
naquele ponto. Tal processo pode ser feito de diferentes maneiras, mas a usada pelo
estaleiro faz uso de eletrodos de carvo. Em seguida, solda-se o local para que assim
seja testado novamente.
Todo este processo requer mo-de-obra, equipamentos e consumveis e leva,
em mdia, meia hora por vazamento.
NAVIO 2
O segundo navio da srie levou, do batimento de quilha entrega ao armador,
treze meses. A seguir, os dados relativos a este navio.
Grfico 6: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 2.
De acordo com o grfico nmero 8, nota-se uma elevada ocorrncia de defeitos
de solda e esmeril nas inspees de blocos deste navio (em torno de 81%).
Diferentemente do primeiro navio, o desalinhamento no foi to freqente, dando
lugar aos problemas com peas, seja a falta ou a troca destas. Em seguida, trs no-
conformidades igualmente freqentes: problemas com escalope, desalinhamento e
falta de solda, com 12%. Nos blocos deste navio no foram detectados empenos.
38
Grfico 7: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 2.
O grfico acima, de nmero 9, apresenta as marcaes de defeitos encontrados
nas inspees de emendas do segundo navio estudado. Como de costume, os defeitos
relacionados solda e esmeril foram dominantes, novamente com um alto percentual
de ocorrncia (81%). Assim como nos blocos, os problemas com peas aparecem logo
aps, em 22% dos blocos. Em seguida, o desalinhamento e a falta de solda foram os
mais percebidos (aproximadamente 15%). Por ltimo, como no navio 1, os empenos
foram os menos freqentes, em apenas 5% das inspees.
A seguir, no grfico 10, os dados relativos aos testes de estanqueidade nos
tanques do navio 2. Como possvel notar, o ndice de inspees aprovadas reduziu
drasticamente em comparao ao navio 1, caindo de 36% para apenas 26%.
Grfico 8: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 2.
39
NAVIO 3
Com batimento de quilha em incio de 2009 e entrega prevista para o incio de
2010, o terceiro e ltimo navio do estudo encontra-se (no momento de execuo deste
projeto) no cais de acabamento, com todos os blocos, emendas e tanques j
aprovados. Abaixo, os resultados das inspees referentes a este navio:
Grfico 9: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 3.
Como pode ser observado no grfico acima, as marcaes de solda e esmeril
continuam sendo as mais freqentes, apesar de terem apresentado uma reduo de
ndice (72%) se comparado aos ndices dos navios anteriores. Esta reduo
provavelmente se deve ao fato de as empresas terceirizadas pelo estaleiro terem se
adaptado aos nveis de qualidade exigidos pela S.C..
Assim como no navio 2, os problemas com peas estruturais foram bastante
comuns, em aproximadamente 28% dos blocos. Em seguida, desalinhamento (com
20%), falta de solda (10%), problemas com escalopes (6%) e empenos (2%).
40
Grfico 10: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 3.
J em relao s emendas inspecionadas, observa-se no grfico 12 que os
ndices, exceo das marcaes de solda e esmeril (69%), no foram to altos.
Problemas com alinhamento e peas estruturais foram observados em 15% das
emendas, seguidos pela falta de solda (12%), pelos problemas com escalopes e, sem
nenhuma ocorrncia, o empeno.
Grfico 11: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 3.
Conforme possvel observar no grfico 13, o ndice de tanques aprovados em
suas estanqueidades caiu ainda mais. Apenas 11% destes puderam ser aprovados
aps a primeira inspeo da S.C., causando um enorme volume de re-trabalho para o
estaleiro, demandando soldadores e material para solda disponveis.
41
6.2. ANLISE GERAL
Neste item do projeto, sero avaliados os defeitos encontrados no estaleiro ao
longo da construo dos navios 1, 2 e 3, constituindo assim uma anlise de
carter global.
Assim como nos itens anteriores, ser feita uma anlise dos principais defeitos
nos blocos, nas emendas e nos tanques. Como mostra o grfico 14, logo abaixo, no
decorrer dos navios 1, 2 e 3, em 76% dos blocos houve re-trabalho relativo
solda e esmeril. Em seguida, fortemente influenciados pelos navios 2 e 3, os
problemas com peas foram bastante freqentes, em 27% das inspees. Uma das
no-conformidades que demandam mais HH, o desalinhamento foi detectado em 19%
dos blocos. Logo aps, a falta de solda e os problemas com escalope foram observados
praticamente na mesma proporo, com 11% e 10% respectivamente. Por ltimo, os
empenos foram responsveis por re-trabalho em apenas 1% dos blocos.
Grfico 12: Anlise global dos defeitos nos blocos
Antes de analisar os defeitos nas emendas dos trs navios, ser feita uma
anlise dos defeitos separadamente, ou seja, como cada defeito evoluiu ao longo da
construo dos trs navios.
Primeiramente, como mostra o grfico 15, notria a diminuio das
marcaes de solda e esmeril do navio 2, no qual estiveram presentes em 81%, para
o 3, presentes em 72%. Uma reduo de, portanto, 11%. Tal fato explicado em
grande parte pela manuteno das empresas terceirizadas responsveis pela maioria
dos blocos no estaleiro, que ao longo do tempo se aperfeioam, seguindo sempre as
exigncias da S.C..
42
Grfico 13: A evoluo das marcaes de solda e esmeril.
Assim como no caso anterior, o grfico 16 demonstra uma drstica reduo das
marcaes de falta de solda do navio 1 para o 3, caindo de 20% para 10%.
Grfico 14: A evoluo da falta de solda nas inspees.
Entretanto, para mostrar que no necessariamente o aprendizado adquirido
com o tempo, o grfico abaixo evidencia um aumento de aproximadamente 100%, do
navio 2 para o 3, nas marcaes relativas ao desalinhamento nos blocos
vistoriados.
43
Grfico 15: Evoluo da ocorrncia de desalinhamento nas inspees.
Grfico 16:Evoluo da ocorrncia de problemas com peas nos blocos.
Grfico 17: Evoluo da ocorrncia de problemas com escalopes nos blocos.
Com relao s emendas, o cenrio global acompanha perfeitamente o dos
blocos, apresentando os defeitos na mesma ordem de freqncia. Presente em 74%
44
das emendas, as marcaes de solda e esmeril so as mais comuns. Em seguida,
assim como nos blocos, os problemas com peas estiveram presentes em 18% das
inspees, acompanhados de perto pelo desalinhamento (17%) e pela falta de solda
(15%). J com relao aos escalopes, estes representaram problemas em 10% das
vistorias, enquanto que os empenos em apenas 3%.
Grfico 18: Anlise global dos defeitos nas emendas.
Assim como nos blocos, a maioria dos defeitos em emendas apresentou queda
ao longo dos trs navios. Como possvel notar no grfico 26, os problemas
envolvendo escalopes caram abruptamente de 18% no primeiro navio para 6% no
navio 3.
Grfico 19: Evoluo dos problemas com S/E nas emendas.
45
Grfico 20: Evoluo dos problemas com escalopes nas emendas.
Apesar de tambm haver diminudo ao longo do tempo, os problemas com
peas evoluram de maneira mais irregular, aumentando do navio 1 para o 2 (de
18 para 21%) e, posteriormente, diminuindo para 15,5% no navio 3.
Grfico 21: Evoluo dos problemas com peas nas emendas.
Por fim, no que diz respeito aos testes de estanqueidade ao longo dos trs
navios, foi obtido um percentual de 80% de reprovao nos tanques testados. Este
alto ndice pode ser explicado tanto pelo mau planejamento dos testes quanto pela
ausncia de uma equipe de controle de qualidade (doravante C.Q.) destinada a esta
funo.
46
Grfico 22: Resultado geral dos testes pneumticos.
Grfico 23: Evoluo da aprovao de tanques.
6.3. ESTIMATIVAS DE RE-TRABALHO
Principal critrio para avaliao do volume de re-trabalho, a quantidade de
homens-horas (doravante HHs) empregadas para cada defeito ser apresentada nesta
seo, tendo como base algumas planilhas desenvolvidas pelo prprio estaleiro,
somente referentes ao navio 3 (que no diferem muito dos demais navios). Ainda de
acordo com o estaleiro, do total de HHs gastas em um bloco, um percentual entre 5 e
8% referente ao re-trabalho, que por sua vez divide-se da seguinte maneira:
47
Grfico 24: Proporo de HHs para cada defeito, de acordo com o estaleiro.
A fim de obter um valor, em HH, que seja mais representativo quanto
diversidade dos blocos construdos para esta srie de navios, uma mdia para cada
diferente tipo de unidade ser calculada. Em primeiro lugar, uma mdia dos blocos de
fundo foi calculada, chegando-se aos valores de: 2,20 HH de re-trabalho para defeitos
de solda e esmeril por tonelada de bloco, 0,75 HH/t para problemas com escalopes e
0,50 HH/t para empenos.
Ou seja, para um bloco de fundo de tamanho mdio, com aproximadamente 40
toneladas, tem-se em mdia 85 HH de re-trabalho para marcaes de solda e esmeril,
30 HH para fechamento e abertura de escalopes e, por fim, 18 HH para empenos,
dentre outros defeitos.
Em seguida, os blocos de costado e convs foram estudados quanto
quantidade de re-trabalho dispensada. Nitidamente mais simples de serem
construdos, principalmente pela questo do espao disponvel para se trabalhar, as
respectivas quantidades de HH para cada defeito so consideravelmente menores se
comparadas s observadas nos blocos de fundo duplo. Por exemplo, para reparos
referentes a escalopes, o valor mdio diminui 27%, com 0,54 HH por tonelada de
bloco. Acompanhando a mesma tendncia, os empenos demandam menos tempo para
serem reparados, passando a 0,36 HH/t.
Ainda com melhores condies de trabalho, os blocos da superestrutura
apresentaram as menores quantidades de HH necessrias para todos os tipos de
reparo. De acordo com os nmeros do estaleiro, so empregados, em mdia, 1,43 HH
por tonelada de ao para os defeitos de solda e esmeril, valor este 35% menor que o
calculado para os blocos de fundo.
A seguir, grficos que traduzem as quantidades de HH para cada tipo de re-
trabalho, em cada tipo de bloco:
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Grfico 25: HH gasto com problemas de solda e esmeril X localizao do bloco.
Grfico 26: HH gasto com problemas de escalopes X localizao do bloco.
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Grfico 27: HH gasto com empenos X localizao do bloco.
Grfico 28: HH gasto com desalinhamento X localizao do bloco.
Grfico 29: HH gasto com problemas com peas X localizao do bloco.
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Grfico 30: HH gasto com falta de solda X localizao do bloco.
Ao observar os grficos acima expostos, fica ntida a maior dificuldade em se
trabalhar nos blocos de fundo, seguido pelos blocos de costado e convs e, por fim,
pelos blocos de superestrutura. Isto se deve ao fato de o duplo fundo destas
embarcaes terem entre 600 (em determinados locais, somente) e 1100 mm de
altura, o que dificulta muito o trabalho nestes locais. No bloco em que est localizado o
jazente do motor, por exemplo, muito difcil para o funcionrio entrar e operar todo
o seu maquinrio. J nos blocos de costado/convs e de superestrutura, os graus de
dificuldade so menores pois, em ambos, o espao disponvel para se trabalhar
consideravelmente maior.
7. TCNICAS E MEDIDAS MITIGADORAS
Neste captulo, sero discutidas possveis solues que atenuem total ou
parcialmente os problemas identificados como principais durante as trs construes
acompanhadas. Solues estas que podem ser operacionais, comportamentais,
organizacionais, entre outros.
7.1. PROBLEMAS COM SOLDA E ESMERIL
Responsveis pela maior parte do re-trabalho, os problemas de solda e esmeril
tm diversas maneiras de serem reduzidos. Em primeiro lugar, o estaleiro somente
deve contratar soldadores que tenham qualificao para as respectivas funes,
levando em considerao, principalmente, o processo e a posio de soldagem.
Entretanto, a contratao de soldadores certificados no elimina as possibilidades de
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ocorrerem defeitos. A constante atualizao do quadro de soldadores, atravs de
cursos tericos e prticos, tambm de extrema importncia.
A fim de incentivar os soldadores a executarem um bom trabalho, alguns
estaleiros ao redor do mundo realizam concursos internos, nos quais o vencedor
ganha, na maioria das vezes, uma mquina de solda nova.
No que diz respeito ao prprio processo de soldagem, importante que se
elabore a especificao do procedimento de soldagem, ou EPS. Este documento, que
contm os valores admissveis para diversas variveis (como tipo de chanfro, tamanho
da garganta de solda, valores de corrente e tenso, entre outros), dificilmente
respeitado no dia-a-dia da construo naval brasileira. Isto se deve ao fato de os
materiais utilizados (ao carbono, na maioria das vezes) no exigirem cuidados
especiais ao serem soldados. J na construo de plataformas, este documento
sempre seguido, tendo em vista o longo perodo (mais de 20 anos ininterruptos) que a
unidade ficar em operao, sem dar margem a falhas.
Por se tratar de um processo muito sensvel s condies climticas, todo
cuidado deve ser tomado para que umidade, vento e poeira no prejudiquem a
qualidade final da junta soldada. Para tanto, pode-se utilizar estruturas conhecidas
como tendas, de material resistente, que previnem contra estas intempries. A sub-
montagem e montagem em galpes tambm so alternativas viveis, tendo em vista a
proteo imposta pelas paredes e cobertura. Neste aspecto, muito importante que o
responsvel do estaleiro pela solda esteja sempre presente na rea de produo,
evitando assim que estas prticas citadas ocorram.
Ao analisar o re-trabalho de solda, deve-se levar em considerao os locais em
que houve maior gasto com mo-de-obra. Como evidenciado na seo 6.3
(Estimativas de re-trabalho), os blocos de fundo destes PSVs tiveram os maiores
nveis de re-trabalho dentre todos os blocos. Este fato advm da combinao de duas
causas: primeiramente, por apresentarem espao restrito, os funcionrios que ali
trabalham tornam-se mais susceptveis ao erro; em segundo lugar, tambm pelo
aspecto j citado, a quantidade de HH gasto ser maior, em virtude da dificuldade
extrema de se trabalhar.
Por ltimo, a ausncia de solda encontrada em diversas inspees pode ser
facilmente combatida, atravs de uma inspeo antes de a S.C. realizar a sua dos
funcionrios do C.Q. do estaleiro.
7.2. DESALINHAMENTO
O problema do desalinhamento pode ser evitado logo no incio da cadeia
construtiva do navio, na rea de projeto. Conforme relatado em [1], os painis devem,
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preferencialmente, ter suas emendas no sentido que gere menos dificuldade adiante,
na fase de produo. Como mostra a figura 41, caso a emenda do painel seja
transversal ao sentido dos reforos locais, a dificuldade em se unir as duas fraes
ser muito maior (com muitas emendas nos reforos) se comparada emenda que
acompanha o sentido dos reforos.
Figura 41: Diferentes maneiras de se dividir um painel.
Alm desta soluo j citada, h de se ter, em primeiro lugar, um bom controle
dimensional desde o incio da montagem dos painis e profissionais capacitados para
fazer a montagem dos elementos nos blocos e realizar a edificao dos blocos.
Atravs do uso de teodolitos (instrumento ptico de preciso que realiza medidas tanto
na horizontal quanto na vertical), possvel que se obtenham bons resultados
dimensionais, evitando assim os desalinhamentos.
Como relatado em [5], os estaleiros mais conceituados do mundo adotaram,
em larga escala, um rgido sistema de controle dimensional, capaz de evitar
desalinhamentos e outras no-conformidades no processo de edificao de blocos. Tal
sistema compara os valores de projeto para determinados pontos crticos do bloco com
os valores reais, j construdos e que so medidos atravs de teodolitos extremamente
avanados. Estes valores so ento fornecidos como valores de entrada a um
programa que os processa e fornece, em troca, um arquivo com as diferenas entre os
valores de projeto e os de fato. Portanto, fazendo uso de um sistema rigoroso como
este, o estaleiro ganha em preciso e qualidade de seu produto final.
7.3. PROBLEMAS COM PEAS
Primeiramente, importante frisar que nem sempre os problemas com peas
so decorrentes de falhas do estaleiro. Em diversos casos, ao realizar uma inspeo, o
vistoriador identifica que a pea instalada est, de fato, como assinalado no desenho.
Entretanto, esta mesma pea no exerce a funo que ela deveria exercer, na maioria
das vezes devido s suas dimenses. Fica evidente, portanto, que o erro ocorreu na
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fase de projeto. Neste caso, necessrio que a S.C. pea ao estaleiro que proponha
uma alternativa para o problema, que ser repassada aprovao de planos da S.C..
Porm, na maioria das vezes, a falta ou a troca de peas pertencentes aos
blocos so problemas decorrentes da falta de organizao interna dos estaleiros. Em
primeiro lugar, os profissionais responsveis pela distribuio das peas e elementos
devem ser altamente capacitados, visto que qualquer erro na distribuio se refletir
na qualidade do produto mais frente. Outra medida que ajuda na preveno deste
tipo de no-conformidade a utilizao de adesivos (ou tags), que so colados s
peas e que contm informaes bsicas, porm essenciais, como o nmero de
identificao da pea, o pedido de compra, e a qual navio e bloco tal pea pertence.
Desta forma, a rastreabilidade destes elementos fica extremamente facilitada. Abaixo,
na figura 42, um exemplo deste utenslio:
Figura 42: Exemplo de adesivo de rastreabilidade utilizado pelos estaleiros.
Muito usados nos estaleiros nacionais e internacionais, os pallets so estrados
de madeira ou de metal empregados para melhor organizar e transportar peas,
chapas, tubulaes e acessrios ao longo da linha de produo. Ao armazenar, por
exemplo, todas as peas de um mesmo bloco em um s pallet, devidamente
identificadas com os tags e, se possvel, com seus nmeros pintados nas prprias
peas, dificilmente haver troca ou falta das mesmas.
7.4. EMPENO
Como j explicado no captulo trs, o empeno oriundo, na maioria das vezes,
de um de duas causas: o grande aporte de calor fornecido ao ao, atravs de soldas e
maaricos em excesso, e a falta de controle dimensional, tanto a fase de blocos quanto
na edificao. No cauda de empeno e causa do empeno no ser descoberto no
primeiro estagio!!!
De acordo com [7], diversas atitudes podem ser tomadas de modo a evitar a
ocorrncia de empenos, como: minimizao da quantidade de solda utilizada na
construo, especificando as seqncias de soldagem que reduziro o aporte de calor;
aumento da rigidez no controle dimensional dos blocos, pois assim diminui a
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necessidade de se forar de maneira exagerada no momento da edificao; e, por fim,
aplicao de pr-aquecimento (atravs de linhas de calor) e pr-tensionamento.
Ainda de acordo com [7], o servio dos prprios trabalhadores e de seus
superiores somente termina aps realizarem o chamado auto-teste (ou self-check,
em ingls), pois assim uma poro considervel do re-trabalho j ser evitada. Esta
checagem, aliada a um competente C.Q., ser de grande valia para o combate aos
empenos.
Por fim, como uma medida remediadora, o estaleiro deve ter, em seu corpo de
funcionrios, os chamados desempenadores, responsveis pelo reparo deste defeito.
Tal reparo feito atravs de uma fonte de calor (maarico, por exemplo) que diminui a
rigidez da chapa, e uma mangueira de gua, que evita que a temperatura da chapa se
eleve demasiadamente. H, porm, medidas remediadoras que devem ser evitadas,
como o caso do uso de cachorros. Lias as linhas de calor deveriam ser utilizadas
aps a solda!! Para tirar empeno e evitar concentrao de tenses
7.5. PROBLEMAS COM ESCALOPES
A interferncia de escalopes na continuidade estrutural , caso o controle
dimensional do estaleiro no seja muito presente, um dos problemas mais difceis de
identificar com antecedncia, pois na maioria das vezes este problema s
diagnosticado na fase de edificao, quando um escalope pertencente a um
determinado bloco interfere, por exemplo, em um reforo pertencente a outro bloco.
importante, portanto, que os vistoriadores do C.Q. e da S.C. analisem os desenhos
relativos aos blocos adjacentes da emenda, para que toda e qualquer interferncia na
continuidade estrutural seja combatida. Pode ser problema no desenho detalhado??
Entretanto, se o controle dimensional do estaleiro for preciso e eficiente, este
problema pode ser identificado j no estgio de corte e montagem dos blocos.
importante ressaltar que, caso seja necessrio o fechamento de escalope
erroneamente aberto, no permitido por aqui vc deveria dizer que a regra [3] que
simplesmente se insira, na seo aberta, uma pea de formato semicircular. Neste
caso, preciso que se solde uma pea de forma que esta fique sobreposta abertura,
como ilustra a figura 43:
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Figura 43: Maneira correta de se corrigir a abertura errnea de um escalope.
7.6. PROJETO ORIENTADO PRODUO (P.O.P.)
Este conceito, de se ter toda a viso de projeto voltada produo vem sendo
utilizado desde o final da dcada de 1950 e no somente cobria o projeto da produo,
mas tambm a seleo de ferramentas, mtodos, mtodos e seqncias de produo
visando sempre a reduo de custos. Entretanto, mais recentemente, este conceito
evoluiu, passando a compreender o simples fato de se projetar um produto, atendendo
a todos os requisitos e especificaes de maneira que os custos sero minimizados
atravs de baixo volume de trabalho e facilidade na fabricao.
De acordo com [1], uma das maiores dificuldades na aplicao do P.O.P. a
absoro dos conceitos envolvidos por parte da engenharia do estaleiro. Para tanto,
possvel desenvolver uma especificao de produo do estaleiro, que deve conter as
facilidades, capacidades de equipamentos, limites, padres, detalhes de preferncia da
produo e tcnicas de montagem preferidas pelo estaleiro. Desta forma, os
profissionais ligados engenharia do estaleiro podem seguir esta especificao,
melhorando assim a qualidade da produo.
No que diz respeito aplicao deste conceito estrutura de um navio em
construo, o projetista deve levar em considerao os seguintes aspectos:
Limite das dimenses para os navios;
Tamanho e peso mximos para os blocos;
Tamanho e peso mximos para painis;
Facilidades quanto manipulao de painis;
Capacidade mxima da carreira, dique ou canteiro de obras (restringe o
acabamento avanado);
Limite mximo de carga no casco durante o lanamento;
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Como exemplo de medidas que, se tomadas ainda na fase de projeto, podem
facilitar a execuo do trabalho na produo, tem-se as figuras a seguir. Nas de
nmero 44 e 45, uma simples mudana no plano de cortes dos blocos pode reduzir
drasticamente as chances de ocorrncia de desalinhamentos. J na figura 46,
possvel perceber que, alterando-se a forma da abertura nas chapas (cavernas, almas
de gigantes, etc.) para o encaixe dos reforos e instalando uma pequena pea
(comumente chamada de P.I., ou lug, em ingls), o processo de painelizao
torna-se nitidamente mais fcil.
Figura 44: Maneira de se subdividir que dificulta de alinhamento.
Figura 45: Maneira de se subdividir que facilita o alinhamento.
Figura 46: Diferentes maneiras de se projetar abertura para reforos.
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Aqui para finalizar este item tem que diser porque vc falou dele.. ou seja recomendar
a utilizao etcetce e falar dos programas
7.7. ACABAMENTO AVANADO
Segundo diz quem porque caso contrario a banca vai pedir para vc indicar
todas as citaes.. quando diz segun fulano ou tal regra tem que especificar ou s diz
o acabamento etcetce[1], acabamento avanado pode ser definido como a instalao
de acessrios ou seja: tubulaes, mdulos de acomodao, calhas para cabos
eltricos, bases para equipamentos, quadros eltricos, entre outros na estrutura do
navio significativamente mais cedo que o usual, seja isto antes ou depois da
edificao. Esta prtica, quando aplicada de maneira consciente, fora o estaleiro a
pensar de maneira adiantada e, possivelmente, reduz o re-trabalho como um todo.
Entretanto, a aplicao desta prtica depende de alguns fatores, como o grau de
planejamento do estaleiro. No caso de um estaleiro sem nenhuma obra em andamento
e que recebe uma encomenda, o objetivo primrio ser iniciar as obras o mais
rapidamente possvel, impossibilitando assim que um pensamento frente tenha
lugar. J em um estaleiro com a carteira de obras cheia, a aplicao do acabamento
avanado mais vivel, visto que todas as obras so conhecidas com antecedncia.
Desta forma, no h a sobreposio de etapas, uma das maiores responsveis pelo
aumento do re-trabalho. Etapas estas que devem ocorrer, preferencialmente, uma de
cada vez: projeto, compra de materiais e atividades de produo.
Ainda de acordo com idemmm[1], h trs diferentes tipos de acabamento
avanado:no isto esta errado..vc viu na aula.. no so tipos so os estgios em que o
equipamento pode ser inserido!!!!
Em mdulos (unidades de equipamento): normalmente executada em
oficinas, trata-se da construo de mdulos de outfitting em uma base
nica; No.. ela deve ser construda em ma oficina .. as unidades so
vrios tipos de equipamento em uma base ..que podem ser instaladas
no bloco ou a bordo (quanto antes melhor)
Nos blocos: executada nos blocos, antes de serem edificados e consiste
na instalao de mdulos de equipamentos;no veja minha aulas !!!
indica a insero de tubulaes antes do bloco virar ou fechar ou de
unidades de equipamento antes do blco fechar!
A bordo: instalao de grupos de equipamentos/acessrios ou de peas
individuais no prprio navio. No equipamento ppalmente de grande
porte
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H de se atentar ao fato de, no caso de muitos estaleiros nacionais, o
acabamento avanado ser impedido pela baixa capacidade de levante instalada. No
tem nada a ver! Tem mais a ver com o planejamento... o fluxo de caixa ..prazos de
entrega de equipamentos... Ao incluir no peso original de um bloco todos os acessrios
que tradicionalmente s so instalados a bordo, dificilmente os guindastes sero
capazes de suportar tal carga.
possvel perceber, portanto, que o acabamento avanado pode sim ser um
grande aliado dos estaleiros quanto reduo de re-trabalho, ao aumento da
produtividade e diminuio do tempo de construo. Entretanto, a adoo desta
prtica, se no realizada conscientemente e de maneira gradual, pode deteriorar ainda
mais a organizao e a qualidade do estaleiro.
8. CONCLUSES
O vertiginoso aumento na demanda por novas embarcaes nos ltimos anos
refletiu negativamente na qualidade dos navios entregues pelos estaleiros nacionais. A
necessidade de se entregar uma quantidade elevada de navios, principalmente de
apoio, a cada ano, obrigou os estaleiros a contratarem uma mo-de-obra na maioria
das vezes no muito qualificada. Esta falta de treinamento adequado de seus
funcionrios prejudica imensamente os estaleiros, levando a baixos nveis de qualidade
em todos os estgios da construo alm, claro, da qualidade final do produto.
Como constatado ao longo deste projeto, a maior parte do re-trabalho est
relacionada a defeitos de solda, que podem ser amenizados de maneiras diversas,
atravs de cursos, incentivos e documentos reguladores. As demais no-
conformidades encontradas tambm tm medidas mitigadoras ao alcance dos
estaleiros. Entretanto, poucas mudanas a nvel qualitativo so vistas na indstria
naval brasileira, at porque as carteiras dos estaleiros no param de crescer, ou seja,
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a necessidade de entregar as encomendas enorme e, na maioria das vezes, a
vontade de evoluir conceitos ultrapassados no vista como prioridade.
9. BIBLIOGRAFIA [1] Lamb, Thomas Engineering for Ship Production, 1986;
[2] ISO - Welding - Fusion-welded joints in steel, nickel, titanium and their alloys
(beam welding excluded) - Quality levels for imperfections, 2 edio;
[3] IACS Regulamento n 47 Shipbuilding and Repair Quality Standard
Reviso 4, 2008;
[4] Marques, Paulo Villani et al. Soldagem Fundamentos e Tecnologia, Editora
UFMG, 2 edio;
[5] Manninen, Markku et al. 3D Measurement and Analysis of a Ship Block, Leica
AG, 1996;
60
[6] Johnson, George W. et al. Dimensional & Accuracy Control Automation in
Shipbuilding Fabrication: an Integration of Advanced Image Interpretation, Analysis,
and Visualization Techniques ISPRS 2004 Congress XX, Istanbul, Turkey;
[7] Center, Naval Surface Warfare Process Analysis Via Accuracy Control, 1982;