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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE TECNOLOGIA – ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA Construção de PSV’s – Análise de casos reais Pedro Lanari Ribeiro DRE: 104030024 Orientadora: Marta Cecília Tapia Reyes, D. SC. DENO/UFRJ Rio de Janeiro Dezembro de 2009

2009_graduando_pedro_lanari.pdf

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE TECNOLOGIA ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCENICA

    Construo de PSVs Anlise de casos reais

    Pedro Lanari Ribeiro

    DRE: 104030024

    Orientadora: Marta Ceclia Tapia Reyes, D. SC.

    DENO/UFRJ

    Rio de Janeiro

    Dezembro de 2009

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    Construo de PSVs Anlise de casos reais

    Projeto apresentado ao Departamento de

    Engenharia Naval e Ocenica de Universidade

    Federal do Rio de Janeiro, como requisito

    Obteno do ttulo de bacharel em Engenharia

    Naval

    Banca Examinadora

    Marta Ceclia Tapia Reyes, D.SC.

    DENO/UFRJ

    Fernando Antonio Sampaio de Amorim, D.Sc.

    DENO/UFRJ

    Isaas Masetti

    Transpetro

    Luiz Carlos Almada

    Det Norske Veritas

    Rio de Janeiro

    Dezembro de 2009

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    AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar, agradeo minha famlia pelo constante incentivo ao longo

    destes cinco anos de faculdade. Meu pai e tambm Engenheiro Naval Eduardo, minha

    me Heloisa e meu irmo Victor nunca pouparam esforos para que eu atingisse os

    meus objetivos, fossem acadmicos ou no.

    Agradeo tambm a todos os meus amigos, em especial os da turma de

    2004.2, que sempre me incentivaram durante inmeras conversas. minha namorada

    Erica, que suportou noites sem cinemas em favor de provas da faculdade desde o 5

    perodo.

    A todos da DNV que me ajudaram, seja com conselhos, com material, com

    experincia ou com dados. Alm, claro, da ajuda do prprio estaleiro (e seus

    funcionrios) no qual realizei todas as inspees que serviram de base para o presente

    projeto.

    Por fim, agradeo imensamente a dois amigos: Rafael Amaral, amigo dos

    tempos de Santo Agostinho que, nos 7282 dias em que esteve vivo, tocou com

    primazia suas guitarras, e Victor Muanis, craque nos campos, nas ondas e nos estudos

    e para sempre um exemplo em minha vida.

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    NDICE

    NDICE DE GRFICOS ............................................................................................................ 5 NDICE DE FIGURAS............................................................................................................... 6 1.INTRODUO ....................................................................................................................... 8 2.A EMBARCAO ............................................................................................................... 10 3.PRINCIPAIS NO-CONFORMIDADES ............................................................................ 13 3.1.NO-CONFORMIDADES EM JUNTAS SOLDADAS .................................... 13 3.1.1.POROSIDADE ................................................................................................. 13 3.1.2.FALTA DE FUSO ......................................................................................... 14 3.1.3.FALTA DE PENETRAO ............................................................................ 15 3.1.4.MORDEDURA ................................................................................................. 16 3.1.5.INCLUSO DE ESCRIA .............................................................................. 17 3.1.6.EXCESSO DE METAL DE SOLDA ............................................................... 17 3.1.7.SOBREPOSIO DE SOLDAS ...................................................................... 18 3.2.NO-CONFORMIDADES ESTRUTURAIS ..................................................... 19 3.2.1.DESALINHAMENTO ..................................................................................... 19 3.2.2.PROBLEMAS COM PEAS ESTRUTURAIS ............................................... 21 3.2.3.EMPENO .......................................................................................................... 21 3.2.4.INTERFERNCIA DE ESCALOPES ............................................................. 22 4.O PAPEL DA SOCIEDADE CLASSIFICADORA NA CONSTRUO NAVAL ............ 25 4.1.TIPOS DE INSPEO........................................................................................ 26 4.1.1.INSPEO ESTRUTURAL DE BLOCOS ..................................................... 26 4.1.2.INSPEO ESTRUTURAL DE EMENDAS ................................................. 27 4.1.3.TESTE PNEUMTICO DE TANQUES ......................................................... 28 4.2.PROCEDIMENTOS DURANTE E APS INSPEES ................................... 29 4.3.CRITRIOS DE ACEITAO PARA DEFEITOS ........................................... 30 5.COLETA DE DADOS ........................................................................................................... 31 5.1.DESCRIO DO ESTALEIRO ......................................................................... 31 5.2.DESCRIO DAS EMBARCAES ............................................................... 32

    5.3.A ORGANIZAO DOS DADOS .................................................................... 33 6.ANLISE DOS DADOS ....................................................................................................... 35 6.1.DADOS POR NAVIO ......................................................................................... 35 NAVIO 1 ................................................................................................................ 35 NAVIO 2 ................................................................................................................ 37 NAVIO 3 ................................................................................................................ 39 6.2.ANLISE GERAL .............................................................................................. 41 6.3.ESTIMATIVAS DE RE-TRABALHO ............................................................... 46 7.TCNICAS E MEDIDAS MITIGADORAS ........................................................................ 50 7.1.PROBLEMAS COM SOLDA E ESMERIL........................................................ 50 7.2.DESALINHAMENTO ........................................................................................ 51 7.3.PROBLEMAS COM PEAS .............................................................................. 52 7.4.EMPENO ............................................................................................................. 53 7.5.PROBLEMAS COM ESCALOPES .................................................................... 54 7.6.PROJETO ORIENTADO PRODUO (P.O.P.) ........................................... 55 8.CONCLUSES ..................................................................................................................... 58 9.BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 59

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    NDICE DE GRFICOS

    Grfico 1: Evoluo da produo de petrleo no Brasil, entre 2000 e 2007................. 8

    Grfico 2: Diviso dos blocos de acordo com a forma. ........................................... 33

    Grfico 3: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 1; ....................... 35

    Grfico 4: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 1. ................... 36

    Grfico 5: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 1. ...................... 36

    Grfico 6: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 2. ....................... 37

    Grfico 7: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 2. ................... 38

    Grfico 8: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 2. ...................... 38

    Grfico 9: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 3. ....................... 39

    Grfico 10: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 3. .................. 40

    Grfico 11: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 3. .................... 40

    Grfico 12: Anlise global dos defeitos nos blocos ................................................. 41

    Grfico 13: A evoluo das marcaes de solda e esmeril. ..................................... 42

    Grfico 14: A evoluo da falta de solda nas inspees. ......................................... 42

    Grfico 15: Evoluo da ocorrncia de desalinhamento nas inspees. .................... 43

    Grfico 16:Evoluo da ocorrncia de problemas com peas nos blocos. .................. 43

    Grfico 17: Evoluo da ocorrncia de problemas com escalopes nos blocos. ........... 43

    Grfico 18: Anlise global dos defeitos nas emendas. ............................................ 44

    Grfico 19: Evoluo dos problemas com S/E nas emendas. .................................. 44

    Grfico 20: Evoluo dos problemas com escalopes nas emendas. .......................... 45

    Grfico 21: Evoluo dos problemas com peas nas emendas. ............................... 45

    Grfico 22: Resultado geral dos testes pneumticos. ............................................. 46

    Grfico 23: Evoluo da aprovao de tanques. .................................................... 46

    Grfico 2: Proporo de HHs para cada defeito, de acordo com o estaleiro. ............. 47

    Grfico 3: HH gasto com problemas de solda e esmeril X localizao do bloco. ......... 48

    Grfico 4: HH gasto com problemas de escalopes X localizao do bloco. ................. 48

    Grfico 5: HH gasto com empenos X localizao do bloco. ..................................... 49

    Grfico 6: HH gasto com desalinhamento X localizao do bloco. ............................ 49

    Grfico 7: HH gasto com problemas com peas X localizao do bloco. .................... 49

    Grfico 8: HH gasto com falta de solda X localizao do bloco. ............................... 50

  • 6

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1, Figura 2, Figura 3 e Figura 4: Alguns exemplos de PSVs. ......................... 10

    Figura 5 e Figura 6: esquerda, um Thruster e, direita, um canho do sistema de

    combate a incndios. ........................................................................................ 11

    Figura 7, Figura 8 e Figura 9: A grande rea livre de convs; uma foto de um tanque

    cilndrico; o espao de convs perdido com a presena do cargo rail. .................... 11

    Figura 10: Ilustrao de uma seo mestra tpica de um PSV. ................................ 12

    Figura 11: Ilustrao dos tipos de distribuio da porosidade. ................................ 13

    Figura 12: Exemplo de poros alinhados. .............................................................. 13

    Figura 13: Exemplo de poros agrupados. ............................................................. 14

    Figura 14: esquerda, falta de continuidade entre passes e, direita, falta de unio

    entre o cordo e o metal base. ........................................................................... 15

    Figura 15:Falta de fuso entre metal de solda e a parede do chanfro. ..................... 15

    Figura 16: Ilustrao de uma junta soldada com falta de penetrao. ..................... 15

    Figura 17, Figura 18 e Figura 19: Radiografias de juntas sem penetrao total. ........ 16

    Figura 20 e Figura 21: Exemplos de juntas soldadas com mordeduras externas. ....... 16

    Figura 22: Ilustrao e radiografia de uma junta soldada com mordedura interna. .... 17

    Figura 23 e Figura 24: Radiografias de juntas soldadas com incluso de escria. ...... 17

    Figura 25: Ilustrao de uma junta soldada com excesso de metal de solda. ............ 18

    Figura 26: Foto que exemplifica a sobreposio de soldas. ..................................... 18

    Figura 27: Verificao de alinhamento atravs da tcnica do giz. ............................ 19

    Figura 28: Foto que evidencia o desalinhamento. .................................................. 20

    Figura 29: Foto que exemplifica o perfeito alinhamento e a posio do giz nesta

    verificao. ...................................................................................................... 20

    Figura 30 e Figura 31:Fotos que retratam a aferio de um empeno. ...................... 22

    Figura 32: Escalope aberto para a execuo da solda horizontal contnua. ............... 22

    Figura 33: Esquematizao de pea parcialmente sem suporte. .............................. 23

    Figura 34 e Figura 35: Escalopes com contornos mal definidos. .............................. 23

    Figura 36: Desenho esquemtico de m localizao de escalope. ............................ 23

    Figura 37: Foto com exemplos de peas no soldadas na fase de blocos, os takings.

    ...................................................................................................................... 27

    Figura 38 e Figura 39: Fotos da margem sem solda deixada pelo estaleiro. .............. 28

    Figura 40: Esquematizao da planilha desenvolvida. ............................................ 34

    Figura 41: Diferentes maneiras de se dividir um painel. ......................................... 52

    Figura 42: Exemplo de adesivo de rastreabilidade utilizado pelos estaleiros. ............ 53

    Figura 43: Maneira correta de se corrigir a abertura errnea de um escalope. .......... 55

    Figura 44: Maneira de se subdividir que dificulta de alinhamento. ........................... 56

  • 7

    Figura 45: Maneira de se subdividir que facilita o alinhamento. .............................. 56

    Figura 46: Diferentes maneiras de se projetar abertura para reforos. .................... 56

  • 8

    1. INTRODUO

    A crescente demanda por energia ao redor do planeta vem impulsionando a

    indstria petrolfera nacional e internacional nos ltimos anos. Fontes de energia

    alternativas (tambm chamadas de limpas) esto sendo cada vez mais pesquisadas

    e aplicadas, como a elica e a solar. Entretanto, a busca por poos de petrleo nunca

    esteve to intensa, assim como as pesquisas acerca de possveis camadas at ento

    desconhecidas, como a recm-descoberta pr-sal, a qual pode aumentar as reservas

    nacionais em at 40%.

    Nos ltimos anos, a poro offshore da explorao de petrleo no Brasil vem

    crescendo significativamente, saltando de 83 para 89% entre os anos de 2000 e 2007

    (ver grfico abaixo). Como se sabe, as unidades de explorao de petrleo em alto-

    mar so construdas com a inteno de operar ininterruptamente por at 30 anos.

    Assim sendo, nota-se uma necessidade por alguma maneira de se oferecer suporte a

    estas plataformas, seja transportando combustvel, pessoal, alimentao, cargas ou

    simplesmente gua. E foi desta necessidade que o PSV foi concebido. Tem-se no

    Brasil, portanto, um cenrio muito favorvel construo de navios deste tipo,

    visando uma completa estruturao do ciclo de produo do petrleo e seus derivados.

    Grfico 1: Evoluo da produo de petrleo no Brasil, entre 2000 e 2007.

    No presente trabalho, o objetivo final ser alcanado atravs da execuo de

    diversas etapas. Primeiramente, ser feita uma breve descrio do tipo de embarcao

    tida como base para este trabalho, o PSV. Atuao, principais caractersticas e outros

    detalhes sero analisados. Em seguida, um resumo do papel da Sociedade

    Classificadora (doravante denominada S.C.) durante a construo de novos navios

    ser feito, visto que os dados usados neste trabalho foram obtidos durante inspees

    realizadas em um estaleiro fluminense. Alm do papel da S.C., sero apresentados

    tambm os tipos de inspeo considerados neste projeto, assim como a dinmica das

    inspees.

  • 9

    Posteriormente, sero estudados os dados obtidos durante a construo de trs

    navios no mencionado estaleiro, formando um espectro de mais de 300 inspees. A

    fim de gerar concluses mais embasadas, informaes sobre a infra-estrutura do

    estaleiro sero avaliadas, assim como as individualidades dos navios em questo.

    Sendo o objetivo principal do presente projeto, sero estudadas e propostas

    algumas solues atenuadoras para os principais problemas encontrados no banco de

    dados formado anteriormente.

    Por fim, mas no menos importante, sero tiradas as concluses e apresentada

    a bibliografia.

  • 10

    2. A EMBARCAO

    Apesar de no ser um tipo de navio considerado tpico, como por exemplo um

    petroleiro ou um graneleiro, o PSV tampouco varia radicalmente a sua forma. Dentre

    os navios deste mesmo tipo, facilmente nota-se uma geometria praticamente

    constante entre eles, com comprimentos entre 70 e 90 metros, superestrutura (e

    praa de mquinas) vante, grande rea livre de convs, impelidores laterais (mais

    conhecidos como thrusters), protees carga, geralmente transportada em

    contineres, no convs principal (comumente chamadas de cargo rail) e o formato

    cilndrico de tanques destinados ao cimento e lama. A seguir, algumas fotos de

    embarcaes do tipo, evidenciando a pouca variao na geometria deste tipo de navio.

    Figura 1, Figura 2, Figura 3 e Figura 4: Alguns exemplos de PSVs.

    Como anteriormente citado, um PSV supre as plataformas com o que for

    preciso, ou seja, capaz de transportar:

    Elementos necessrios perfurao: cimento, lama lquida, salmoura, gua

    de perfurao, entre outros;

    Equipamentos e peas destinados aos provveis reparos a bordo da

    plataforma;

    Elementos para a operao da prpria plataforma: gua potvel e no-

    potvel, combustvel, comida (rancho), etc.;

  • 11

    Cargas acondicionadas em contineres no convs principal;

    Alm desta principal funo, a de fornecer apoio s plataformas, os PSVs atuais

    esto cada vez mais diversificados, possuindo funes como combate a incndio e

    recolhimento de leo derramado. Abaixo, algumas fotos e ilustraes acerca das

    principais caractersticas em um PSV:

    Figura 5 e Figura 6: esquerda, um Thruster e, direita, um canho do sistema de

    combate a incndios.

    Figura 7, Figura 8 e Figura 9: A grande rea livre de convs; uma foto de um tanque

    cilndrico; o espao de convs perdido com a presena do cargo rail.

    Um dos aspectos mais importantes relativos a uma embarcao deste tipo, o

    perfil estrutural o chamado misto, j que possui tanto reforos transversais quanto

    longitudinais. Este tipo de topologia tpico de navios menores que 100 metros, visto

    que neste caso o momento fletor experimentado pela viga-navio relativamente

    baixo. Assim sendo, por implicar em um menor peso de ao, a maior parte da

    estrutura destes navios transversal, deixando apenas o convs com reforos

    longitudinais. importante ressaltar que, apesar de ser uma prtica comum ao redor

    do mundo, o tipo de estrutura uma deciso do projetista, que deve sempre respeitar

    os requisitos impostos pelas regras das Sociedades Classificadoras. Abaixo, uma

    ilustrao de uma seo mestra tpica.

  • 12

    Figura 10: Ilustrao de uma seo mestra tpica de um PSV.

    Na ilustrao acima, os nmeros correspondem aos seguintes elementos:

    1. Longitudinal gigante do convs (sicorda);

    2. Reforador longitudinal do convs;

    3. Costado;

    4. Caverna;

    5. Reforador contra flambagem;

    6. Hastilha;

    7. Longitudinal gigante do fundo (longarina);

    8. Tanques cilndricos;

    9. Tanques comuns (leo, gua, etc.);

  • 13

    3. PRINCIPAIS NO-CONFORMIDADES

    A seguir sero apresentados os principais tipos de defeitos, ou no-

    conformidades, encontrados durante as inspees realizadas. Para melhor

    entendimento destes defeitos, eles sero divididos em dois subgrupos: defeitos em

    juntas soldadas e estruturais.

    3.1. NO-CONFORMIDADES EM JUNTAS SOLDADAS

    3.1.1. POROSIDADE

    Os poros, de acordo com [2], so causados pela evoluo de gases durante a

    solidificao do metal de solda, na maioria das vezes tm formato esfrico (existem os

    alongados tambm) e so facilmente detectados. Quanto distribuio destes ao

    longo do cordo, pode ser basicamente de trs tipos diferentes: agrupada, dispersa e

    alinhada, como mostram as figuras abaixo.

    Figura 11: Ilustrao dos tipos de distribuio da porosidade.

    Figura 12: Exemplo de poros alinhados.

  • 14

    Figura 13: Exemplo de poros agrupados.

    Analisada pela tica operacional, a porosidade causada majoritariamente pela

    contaminao atmosfrica da solda. Entretanto, outros fatores podem ocasionar a

    porosidade, como a presena de oxidao ou umidade na pea soldada, nos

    consumveis ou no prprio equipamento de soldagem, inadequao de parmetros

    como corrente e arco e disfunes na proteo gasosa.

    No que diz respeito contaminao atmosfrica, a causa maior a presena de

    vento que, dependendo da intensidade, pode impedir que o gs de proteo atue como

    deve, permitindo assim a formao de poros.

    importante ressaltar que, apesar de ser um srio defeito de solda, h critrios

    de aceitao para a porosidade. A presena de poros em um tanque de lastro, por

    exemplo, deve ser rigorosamente combatida, ao passo que em soldas de

    compartimentos secos (como em uma CCM Centro de Controle de Mquinas), no h

    motivos maiores para se preocupar. Isto se deve ao fato de que as duas maiores

    preocupaes relativas aos poros em uma embarcao so: a futura formao de

    trincas, decorrentes da oxidao do metal de solda por dentro do poro e a possvel

    ocorrncia de vazamentos, sejam entre tanques ou entre um tanque e um

    compartimento seco.

    3.1.2. FALTA DE FUSO

    Defeito causador de altos nveis de concentrao de tenso e de perda de rea

    de solda, a falta de fuso defere-se descontinuidade da unio entre dois passes

    consecutivos de solda ou entre um passe e o metal base (linha de fuso). As principais

    causas para este defeito so: falta de controle sobre os consumveis ou dos

    parmetros de soldagem ou um chanfro demasiadamente estreito.

  • 15

    Figura 14: esquerda, falta de continuidade entre passes e, direita, falta de unio

    entre o cordo e o metal base.

    Figura 15:Falta de fuso entre metal de solda e a parede do chanfro.

    Como medidas corretivas para este tipo de problema, o arco deve ser

    direcionado perfeitamente para a face do chanfro, para que se d a unio perfeita dos

    materiais, ou o formato da junta refeito.

    3.1.3. FALTA DE PENETRAO

    Localizado ou na raiz da solda ou no meio do chanfro (quando a solda feita

    pelos dois lados), este tipo de defeito pode ser causado por inmeros fatores, entre

    eles: abertura de chanfro muito pequena ou de forma inapropriada, parmetros de

    solda inadequados e formato do fundo do chanfro (onde ser feito o passe da raiz)

    desfavorvel. Geralmente, nem todas as soldas tm como requisito a penetrao total,

    mas h locais em que necessrio, como por exemplo, em caixas de mar e bases de

    equipamentos que solicitaro bastante a estrutura.

    A fim de se combater este defeito, deve-se corrigir a causa uma das

    mostradas anteriormente , aps esta haver sido identificada.

    Figura 16: Ilustrao de uma junta soldada com falta de penetrao.

  • 16

    Figura 17, Figura 18 e Figura 19: Radiografias de juntas sem penetrao total.

    3.1.4. MORDEDURA

    Defeito decorrente da fuso do metal de base na margem do cordo de solda,

    sem que ocorra o total preenchimento desta rea, o que leva formao de uma

    reentrncia (que pode ser interna ou externa). Os motivos que levam a esta fuso

    errnea do metal de base podem ser basicamente dois: valor de corrente alto demais

    e tcnicas de soldagem imprprias.

    Este defeito, por causar uma descontinuidade geomtrica na junta soldada,

    leva a duas maiores conseqncias: diminuio da resistncia fadiga e aumento do

    nvel de concentrao de tenses.

    Figura 20 e Figura 21: Exemplos de juntas soldadas com mordeduras externas.

  • 17

    Figura 22: Ilustrao e radiografia de uma junta soldada com mordedura interna.

    3.1.5. INCLUSO DE ESCRIA

    Alguns dos processos de soldagem (arco submerso, eletrodo revestido e arame

    tubular so os mais conhecidos) utilizam um fluxo que previne que o material fundido

    reaja com os gases atmosfricos. A escria, que por sua vez resultado deste fluxo,

    por vezes no consegue se livrar e acaba por ficar presa, seja entre os passes de solda

    ou entre estes e o metal de base.

    Figura 23 e Figura 24: Radiografias de juntas soldadas com incluso de escria.

    Os principais motivos da formao deste defeito so: a manipulao incorreta

    do eletrodo, fazendo com que a escria seja depositada frente da poa de fuso,

    remoo insuficiente da prpria escria entre os passes e parmetros de soldagem

    inadequados. Por se tratar de uma descontinuidade interna da junta soldada, a

    incluso de escria um concentrador de tenses de alta severidade, pois trincas

    podem decorrer deste defeito.

    3.1.6. EXCESSO DE METAL DE SOLDA

    Causado por motivos como baixa velocidade de avano impressa pelo soldador,

    baixo valor de corrente e mau planejamento da seqncia dos passes, o excesso de

    metal de solda pode levar a uma reduo da resistncia fadiga da junta.

  • 18

    Figura 25: Ilustrao de uma junta soldada com excesso de metal de solda.

    3.1.7. SOBREPOSIO DE SOLDAS

    No-conformidade que confronta um dos princpios da soldagem: o de se

    evitar, sempre que possvel, uma nova solda sobre uma junta soldada anteriormente

    quela. Normalmente, neste tipo de navio, este problema ocorre majoritariamente ao

    se instalar, posteriormente, reforos estruturais como barras-chatas. A sobreposio

    de soldas leva a um acmulo de tenses, podendo futuramente gerar trincas no local.

    Normalmente, pedido que se afaste seja com maarico, seja com esmeril

    a terminao do elemento que foi soldado posteriormente. Na figura 26 tem-se um

    exemplo deste defeito: a solda vertical foi feita sobre a solda que j havia sido feita no

    elemento de reforo horizontal.

    Figura 26: Foto que exemplifica a sobreposio de soldas.

  • 19

    3.2. NO-CONFORMIDADES ESTRUTURAIS

    3.2.1. DESALINHAMENTO

    O alinhamento de elementos estruturais um fator de extrema importncia em

    se tratando de qualquer conjunto estrutural e, evidentemente, os navios no fogem a

    esta regra.

    Seja entre dois prumos, entre anteparas, entre borboletas e prumos ou

    qualquer outra combinao, quase sempre previsto pelo projeto que estes elementos

    estejam alinhados uns aos outros, para que toda a carga recebida por um determinado

    elemento seja total ou parcialmente transmitida para o elemento adjacente, e assim

    por diante. Como conseqncia desta no-conformidade, pode-se ter uma solicitao

    acima do recomendado para uma determinada pea/elemento/painel, diminuindo

    assim suas vidas teis.

    H diferentes maneiras de se verificar o alinhamento de elementos: avaliao

    visual; avaliao tctil; medio da distncia de cada um dos elementos em questo

    em relao a uma mesma referncia; e, por ltimo, uma tcnica pouco conhecida: ao

    se passar um giz lateralmente ao chapeamento localizado entre os elementos

    supostamente alinhados, identifica-se a posio da solda do elemento localizado do

    lado oposto. No par de ilustraes a seguir, o elemento nmero um uma borboleta,

    o dois representa a barra que a suporta e o nmero trs um prumo (em formato

    de bulbo) da antepara vertical. No segundo desenho, possvel verificar que, ao se

    passar lateralmente o giz sobre o convs, a barra-chata (elemento nmero dois)

    revelada.

    Figura 27: Verificao de alinhamento atravs da tcnica do giz.

  • 20

    Na fotografia abaixo, um caso real e muito prximo do exemplo dado

    anteriormente, sendo possvel notar o efeito revelador do giz no convs que separa a

    borboleta e a barra que a suporta por baixo.

    Figura 28: Foto que evidencia o desalinhamento.

    Como j explicado acima, caso este desalinhamento no fosse detectado pelo

    vistoriador, a borboleta que est acima do convs no descarregaria as tenses para a

    barra. O alinhamento ideal, devidamente explicado anteriormente, pode ser notado na

    foto abaixo, tirada durante inspeo de uma emenda entre um bloco de fundo e um

    superior adjacente.

    Figura 29: Foto que exemplifica o perfeito alinhamento e a posio do giz nesta

    verificao.

  • 21

    3.2.2. PROBLEMAS COM PEAS ESTRUTURAIS

    Talvez esta seja a no-conformidade que melhor evidencia a falta de

    organizao das diferentes partes de um estaleiro nacional. Evidentemente, todas (os)

    as (os) peas/chapas/elementos (reforos, borboletas, acessrios, etc.) necessrias

    (os) para a fabricao de um bloco so adquiridas (os) e disponibilizadas pelo P.C.P.

    (Planejamento e Controle da Produo) ao responsvel pelo bloco em questo, por

    exemplo. Entretanto, como ser comprovado atravs da Anlise de Dados, por

    diversas vezes h discordncias entre o projetado e o encontrado durante inspees.

    Na maioria das vezes, estes problemas dizem respeito falta das peas previstas em

    desenho aprovado. Alm disto, tambm no raro que se encontre uma pea

    diferente da que havia sido prevista como, por exemplo, uma borboleta 150 x 150 mm

    no lugar de uma 200 x 200 mm.

    Um pouco menos freqentes, mas igualmente graves, os problemas estruturais

    provenientes de erros de projeto tambm so presenciados nos estaleiros nacionais.

    Na maioria das vezes, este problema ocorre na emenda de blocos, com um elemento

    necessitando de suporte que estaria localizado no bloco adjacente, o que no

    acontece. Desta forma, ao realizar a inspeo, o vistoriador pode e deve requisitar a

    instalao de alguma pela que supra as necessidades locais.

    3.2.3. EMPENO

    Uma das no-conformidades mais comumente encontradas no dia-a-dia das

    inspees estruturais de embarcaes do tipo PSV, o empeno deve ser atentamente

    analisado, caso a caso. As causas do empeno so vrias, podendo ser desde a m

    manipulao dos blocos ao edific-los at a falta de preciso no controle dimensional

    dos elementos.

    Apesar de ser um grave problema estrutural, na maioria das vezes necessrio

    que se pense em como a estrutura responder globalmente a esta no-conformidade,

    visto que a nica maneira de se reparar um empeno atravs do uso de um maarico,

    que desempena a rea danificada. Esta adio de calor, dependendo da durao, pode

    ser nociva s caractersticas do material, como resistncia e tenacidade. Devido a esta

    possvel conseqncia, um empeno deve sempre ser avaliado criteriosamente antes de

    ser reparado. Abaixo, um exemplo de empeno no qual no houve necessidade de

    aplicao de calor, j que o mesmo se encontrava num convs da superestrutura (no

    exerce maiores contribuies estruturais). Na mesma foto, pode-se perceber a

    maneira com que se mede um empeno: so presas as extremidades de um barbante

  • 22

    nos pontos que se deseja medir o empeno e, atravs do uso de uma trena, feita a

    medio (geralmente so necessrias duas pessoas para esta aferio).

    Figura 30 e Figura 31:Fotos que retratam a aferio de um empeno.

    3.2.4. INTERFERNCIA DE ESCALOPES

    Os escalopes, como podem ser observados na imagem abaixo, tm como

    funo permitir a execuo da solda de modo contnuo, sem ser interrompida pela

    chapa ou elemento transversal. Desta forma, constituem uma boa soluo para o

    problema da soldagem.

    Figura 32: Escalope aberto para a execuo da solda horizontal contnua.

    O problema se d quando, ao se projetar um escalope, posiciona-se tambm

    um elemento que deveria ser suportado pela frao retirada para a abertura do

    escalope. A ilustrao abaixo exemplifica o problema citado:

  • 23

    Figura 33: Esquematizao de pea parcialmente sem suporte.

    No exemplo, a pea um representa uma borboleta, a dois a barra que a

    suporta e a trs o convs que separa os elementos um e dois. Como pode ser

    notado, um escalope foi aberto para que a solda do convs fosse contnua. Entretanto,

    a pea um ficou sem apoio por quase metade de sua rea de contato, prejudicando

    assim a continuidade estrutural desta rea.

    Alm deste problema, h outros relacionados aos escalopes, como a m

    execuo do contorno do mesmo, deixando quinas vivas que elevam o grau de

    concentrao de tenses, como ilustra a foto abaixo:

    Figura 34 e Figura 35: Escalopes com contornos mal definidos.

    Por fim, a abertura do escalope de forma que seu fim coincida com um cordo

    de solda tambm deve ser combatida (como mostra a figura abaixo):

    Figura 36: Desenho esquemtico de m localizao de escalope.

  • 24

    Na ilustrao acima, o elemento nmero um representa uma chapa horizontal

    (teto do fundo duplo, por exemplo), o dois uma chapa transversal (uma caverna, por

    exemplo), o trs um cordo de emenda do elemento um e o quatro o escalope.

    Como pode ser observado, a terminao do escalope localiza-se exatamente em cima

    do cordo, o que facilita a ocorrncia de trincas neste local, aps alguns anos em

    operao.

  • 25

    4. O PAPEL DA SOCIEDADE CLASSIFICADORA NA CONSTRUO NAVAL

    O real papel de uma sociedade classificadora no aconselhar ou tampouco

    sugerir. De fato, a classificao de um navio em construo um tipo diferenciado de

    certificao, que somente confirma a adequao ou no da estrutura e dos sistemas a

    bordo com respeito a regras da prpria S.C., regulamentos e requerimentos.

    No que diz respeito ao escopo da classificao, o vistoriador responsvel deve

    verificar, ao longo de toda a construo da embarcao, se o que est sendo feito est

    de acordo com os desenhos aprovados anteriormente pela prpria S.C., atentando aos

    seguintes pontos:

    Estruturas pertencentes ao casco;

    Sistemas de tubulao;

    Sistemas eltricos;

    Motores;

    Geradores;

    Sistema de governo;

    Sistema propulsivo;

    Outros elementos de mquinas;

    Testes funcionais (Prova de Mar, inclusive);

    Neste tipo de classificao, vistoria-se todo o escopo j citado. Ou seja, desde a

    aprovao do ao que ser utilizado na estrutura (inspeo esta realizada em uma

    siderrgica, aferindo as propriedades e composio qumica do mesmo) at os ltimos

    testes realizados nas provas de mar, pouco antes da entrega da embarcao.

    Entretanto, o papel de um vistoriador residente em um estaleiro comea, na maioria

    das vezes, na inspeo de blocos. Nesta fase, todo o escopo referente aos diferentes

    materiais empregados j foi coberto por outro vistoriador, especialista neste tipo de

    certificao.

  • 26

    4.1. TIPOS DE INSPEO

    Como j citado anteriormente, diferentes tipos de vistorias so feitas pela S.C.

    ao longo da construo de um navio, entre elas: testes de bancadas de equipamentos,

    inspees estatutrias (ILLC, MARPOL, SOLAS, entre outras), inspees estruturais,

    testes de inclinao e provas de mar. importante frisar que, apesar de ser

    diariamente convocado para as inspees, o vistoriador tem o dever de realizar as

    chamadas inspees no programadas (em ingls non-scheduled inspections),

    sempre que tiver disponibilidade para tal, pois nestas ocasies muitas no-

    conformidades que no seriam observadas em uma inspeo programada so

    detectadas.

    A seguir, sero apresentados aqueles tipos de inspeo que serviram de base

    para a anlise das principais no-conformidades.

    4.1.1. INSPEO ESTRUTURAL DE BLOCOS

    Este tipo de inspeo , normalmente, o primeiro contato de um vistoriador

    residente em um estaleiro com a estrutura dos navios em construo. A inspeo

    estrutural de um bloco extremamente importante e tem alguns pontos que devem

    ter ateno especial por parte de quem a executa.

    Logicamente, dependendo da regio em que se encontra o bloco em questo,

    deve-se analisar quais sero os maiores e mais significativos carregamentos a que

    estaro sujeitos os elementos do mesmo. Por exemplo, se a unidade inspecionada est

    dentro de 0,4L do navio (parte central), prevalecer o momento fletor, enquanto que

    nas extremidades (proa e popa), os esforos cortantes sero mais significativos.

    extremamente importante, portanto, que se tenha uma viso global da estrutura, ou

    seja, pensar em como esta parte da estrutura ir trabalhar com o restante dos blocos

    aps serem edificados, adjacentes uns aos outros.

    Para que uma inspeo deste tipo seja executada de maneira satisfatria,

    necessrio que se tenha em mos os desenhos aprovados por classe para a devida

    unidade. Na maioria das vezes, tais desenhos contm comentrios (que devem ser

    atendidos pelo estaleiro) feitos pelos engenheiros responsveis pela aprovao de

    planos.

    Ao se executar uma inspeo estrutural de um bloco, deve-se prestar especial

    ateno aos seguintes pontos:

    Correta instalao de elementos e peas;

    Correto dimensionamento dos elementos principais e chapeamentos;

  • 27

    Alinhamento entre elementos;

    Continuidade estrutural;

    Possibilidade de se rastrear determinado elemento (especialmente em caso

    de propriedades mecnicas diferenciadas);

    Qualidade geral da solda, dando ateno maior aos elementos com altos

    nveis de concentrao de tenso;

    Identificar possveis pontos que devem passar por algum tipo de teste no-

    destrutivo (NDT, em ingls);

    Presena de elementos no estruturais, mas presentes nos desenhos, como

    pocetos e dutos de ventilao;

    4.1.2. INSPEO ESTRUTURAL DE EMENDAS

    Aps ser aprovado, o bloco est apto a ser edificado, ou seja, iado e levado

    para o local de montagem do navio em si, que pode ser uma carreira, um dique ou

    um canteiro de obras. Entretanto, este processo implica em diversas dificuldades por

    parte dos estaleiros, pois necessrio um bom controle dimensional que garanta um

    correto posicionamento e um conseqente alinhamento entre elementos de dois ou

    mais blocos adjacentes. Assim sendo, os estaleiros optam por deixar que algumas das

    peas j presentes nos blocos somente sejam soldadas na fase de edificao. Tais

    peas so comumente conhecidas como takings, referindo-se ao fato de serem

    levadas junto dos blocos para a edificao e devem, portanto, ser checadas em uma

    inspeo de emenda. Na foto abaixo, se tem um exemplo prtico desta prtica:

    Figura 37: Foto com exemplos de peas no soldadas na fase de blocos, os takings.

    Outra prtica bastante comum dos estaleiros a de se deixar uma margem nas

    soldas de emenda para ser feita no ato da edificao, para facilitar o processo de

  • 28

    alinhamento entre os blocos adjacentes. Nas fotos seguintes, tal prtica pode ser

    observada:

    Figura 38 e Figura 39: Fotos da margem sem solda deixada pelo estaleiro.

    Alm deste aspecto, outros devem ser analisados durante uma inspeo de

    emenda de bloco, como:

    Alinhamento entre elementos de blocos adjacentes;

    Condio geral da solda feita na emenda;

    Identificar possveis pontos que devem passar por algum tipo de teste no-

    destrutivo (como a emenda entre perfis bulbo de blocos adjacentes, que

    geralmente so testados pelo mtodo do ultra-som);

    Verificar se as margens no soldadas na fase de blocos foram devidamente

    finalizadas;

    4.1.3. TESTE PNEUMTICO DE TANQUES

    Com o objetivo de verificar a estanqueidade de tanques ou compartimentos

    estanques, o teste pneumtico feito atravs da pressurizao do local a uma presso

    em torno de 20 KN/m2. A aferio da presso de teste pode ser feita tanto atravs de

    um manmetro quanto de uma coluna de gua. Todas as fronteiras soldadas devem

    ser testadas ( exceo daquelas feitas por processo automtico de soldagem, que

    tm baixssimas chances de vazarem) antes da pintura do local, fazendo uso de uma

    mistura de gua e sabo, que facilitar a visualizao de bolhas na presena de

    vazamentos.

  • 29

    Como ser apresentado mais adiante no banco de dados, quase todos os

    tanques testados apresentaram vazamentos, o que representa um alto grau de re-

    trabalho ao longo da construo de um PSV, pois necessrio que se desfaa a solda

    do local (processo conhecido como goivagem, que utiliza eletrodos como o de

    carvo), se solde e que sejam testadas novamente as regies previamente

    reprovadas. Para que esta vistoria seja bem executada, de extrema importncia que

    se saiba quais so as fronteiras do tanque, que por muitas vezes bastante

    complicada em PSVs.

    4.2. PROCEDIMENTOS DURANTE E APS INSPEES

    Como j explicitado, o vistoriador responsvel no deve, em hiptese alguma,

    dar conselhos ao estaleiro. Seu papel somente aprovar ou, em caso negativo,

    apontar as no-conformidades presentes. Pensar em como corrigir os defeitos funo

    do estaleiro, podendo ficar restrito somente produo ou, em casos mais srios, ser

    levado seo de engenharia do mesmo. importante ressaltar que, em toda

    inspeo, necessrio que esteja presente o responsvel pela obra (contra-mestre),

    alm de um supervisor do prprio estaleiro.

    Em geral, aps cada inspeo, o vistoriador deve relatar todas as informaes

    relevantes em um relatrio sobre a mesma, identificando basicamente:

    Qual inspeo foi feita;

    Pessoas do estaleiro presentes inspeo;

    Condies gerais de segurana e limpeza;

    No-conformidades encontradas;

    Resultado final da inspeo;

    Posteriormente, o estaleiro solicitar novamente Sociedade Classificadora que

    se apresente para realizar uma nova inspeo, chamada comumente de retirada de

    pendncias. Geralmente, aps esta inspeo, o vistoriador verifica se as correes

    feitas pelo estaleiro satisfazem os requerimentos.

  • 30

    4.3. CRITRIOS DE ACEITAO PARA DEFEITOS

    Obviamente, durante as vistorias de um navio em construo, o vistoriador

    responsvel deve seguir os livros de regra de sua S.C. Entretanto, h outros

    documentos que devem ser levados em considerao no momento de se avaliar os

    defeitos citados. O principal documento utilizado o Regulamento n. 47 da IACS,

    referncia [3] (International Association of Classification Societies, associao

    formada pelas 10 maiores e mais confiantes Sociedades Classificadoras do mundo:

    ABS, Lloyds Register, DNV, BV, RINA, NKK, GL, KR, CCS e RS), que define padres e

    limites de aceitao para diversas no-conformidades. Por exemplo, o padro para

    empenos em chapeamentos na regio do corpo paralelo de 4 mm, enquanto que o

    limite de 8 mm. J em relao ao alinhamento, o limite 1/3 da espessura do menor

    elemento envolvido. Tambm no mesmo documento, so estabelecidos diversos

    limites para a abertura de chanfros e razes de juntas soldadas, como por exemplo, no

    caso de uma junta em T, a maior distncia entre os dois elementos de 3 mm.

    J no que diz respeito aos defeitos de solda, h outros documentos a serem

    levados em conta. Conforme especificado em [2], que estabelece limites de aceitao

    relativos a diferentes nveis de qualidade exigidos, o limite de dimetro para poros (em

    soldas de filete) em 30% do valor da garganta, enquanto o mesmo no admite falta de

    penetrao em nenhum dos nveis de qualidade.

    O vistoriador responsvel deve, portanto, realizar suas marcaes baseando-se

    nos citados documentos, alm claro de sua prpria satisfao.

  • 31

    5. COLETA DE DADOS

    Neste captulo, sero apresentados os fatores relevantes em relao captao

    dos dados utilizados neste trabalho. Primeiramente, sero descritas as principais

    caractersticas do estaleiro onde esto sendo construdas as embarcaes-base para

    este projeto. Em seguida, os prprios PSVs sero detalhadamente descritos, para que

    as anlises dos dados sejam bem embasadas.

    Posteriormente, a maneira com a qual os dados foram organizados ser

    detalhadamente explicada, seguida de um resumo das principais no-conformidades

    encontradas, tanto relativas solda quanto estrutura. Por ltimo, sero

    apresentadas as referncias usadas em novas construes para a aceitao dos

    defeitos apresentados.

    5.1. DESCRIO DO ESTALEIRO

    Com aproximadamente duas entregas de embarcaes previstas por ano e um

    total de 800 funcionrios (metade contratada e a outra metade, terceirizada), o

    estaleiro no qual foram realizadas as inspees presentes neste relatrio apresenta

    carteira cheia at aproximadamente 2015. Devido s suas limitaes fsicas, o

    estaleiro constri somente pequenas embarcaes, entre PSVs (maioria) e AHTSs.

    Suas principais caractersticas so as seguintes:

    Guindaste da carreira de 60 t;

    Carreira longitudinal de 100x23 metros, 3,57 de inclinao e 3000 t de

    capacidade;

    rea de 56.000 m2 (11.000 m2 construdos);

    Guindaste do cais de 20 t;

    Cais com capacidade para dois navios de at 100 m de comprimento;

    No que diz respeito solda empregada pelo estaleiro, so utilizadas

    aproximadamente 30 toneladas por navio construdo. Deste total, a maioria absoluta

    de arame para solda tipo MAG (60%), seguida por eletrodo revestido (25%), arco

    submerso (6%) e o restante divide-se entre outros tipos de soldagem, como TIG,

    INOX, prata, entre outros.

    J no aspecto de instalaes, o estaleiro possui um galpo destinado ao

    trabalho com tubulaes e seus sistemas. neste galpo que a maior parte da solda

    TIG empregada, na execuo da raiz das soldas em tubulaes (j que no h

  • 32

    acesso por dentro do tubo, a raiz da solda deve ser extremamente bem feita, com

    penetrao total).

    Alm disso, possui dois galpes destinados submontagem, equipados com

    quatro pontes rolantes de 10 t de capacidade cada. J para a montagem de blocos, o

    estaleiro conta com uma rea de 1.600 m2, dividida em diversas bases, nas quais so

    montadas as unidades. Esta rea de construo dos blocos plenamente atendida pelo

    guindaste da carreira, de 60 t de capacidade de iamento. Atualmente, por deciso do

    prprio estaleiro, a maioria dos blocos est sob responsabilidade de empresas

    contratadas.

    importante ressaltar tambm que o estaleiro em questo no efetua o

    processamento do ao, ou seja, no possui mquinas de corte. Todas as chapas e

    peas j vm previamente cortados das siderrgicas fornecedoras e so estocadas em

    uma rea de 2.500 m2 no estaleiro.

    O mencionado estaleiro foi selecionado pois, alm de ser o principal local de

    trabalho do autor, vem construindo navios idnticos em srie (sister vessels), ou

    seja, est em destaque na indstria naval brasileira.

    5.2. DESCRIO DAS EMBARCAES

    Como j citado no segundo captulo, os navios-base para este trabalho no

    fogem muito s caractersticas principais de grande parte dos semelhantes existentes

    no mundo. Superestrutura e praa de mquinas vante, grande rea livre de convs e

    as demais peculiaridades esto presentes.

    No que diz respeito ao tamanho destas embarcaes, o porte bruto dos navios

    da srie de 3000 toneladas, com um comprimento total de 76,70 m, boca de 17,0 m

    e calado de projeto igual a 5,00 m. J em relao diversidade de carga transportada,

    estes navios so projetados para transportar lama, cimento, gua doce, leo

    combustvel e lubrificante para as plataformas alm, claro, dos tanques necessrios

    para a operao do mesmo, como tanques de leo sujo, lastro, entre outros.

    Estruturalmente, os navios possuem topologia semelhante que foi explicada

    anteriormente, com estrutura transversal no fundo e no costado, enquanto que no

    convs, tem-se a longitudinal.

    Alm destas caractersticas gerais, os navios da srie possuem grau um de

    combate a incndio, com capacidade (especificada por regra) de 2400 metros cbicos

    por hora, possuindo duas bombas para este fim, cada uma acoplada a um dos motores

    principais. Tambm relativa a esta notao de classe, as embarcaes possuem um

    sistema de nvoa que protege o navio do calor emitido em caso de incndio,

    permitindo que se aproxime da plataforma ou navio sob fogo.

  • 33

    Outro aspecto a ser aqui estudado a dificuldade em se construir estes navios.

    Em virtude da diminuta capacidade de levante do estaleiro, a diviso dos blocos levou

    a uma grande quantidade de blocos curvos, o que dificulta significativamente a

    conformao destas unidades. Abaixo, um resumo da forma bsica dos blocos destas

    embarcaes:

    Grfico 2: Diviso dos blocos de acordo com a forma.

    Como possvel notar, aproximadamente dois teros de todo o navio

    composto por painis curvos, o que dificulta bastante o trabalho do estaleiro. O

    formato curvo implica em diversas complicaes, como o dobramento de chapas, de

    perfis e painis atravs de mquinas como a calandra.

    5.3. A ORGANIZAO DOS DADOS

    Como em qualquer S.C., os vistoriadores residentes em um estaleiro ou obra

    possuem uma caderneta de anotaes, na qual as observaes, dvidas e pendncias

    acerca das inspees feitas so relatadas. A partir destas cadernetas de anotao, o

    autor obteve dados de trs navios da srie de PSVs com 3000 toneladas de TPB

    (Toneladas de Porte Bruto) e organizou-os em uma planilha, dividindo navio por navio,

    num total de mais de 350 inspees. Nesta planilha, os dados foram organizados da

    seguinte maneira:

  • 34

    Figura 40: Esquematizao da planilha desenvolvida.

  • 35

    6. ANLISE DOS DADOS

    A fim de melhor propor alternativas e prticas que diminuam a quantidade de

    re-trabalho causada pelos citados defeitos, ser feita uma minuciosa anlise dos dados

    de cada navio, assim como dos dados de todas as obras em conjunto.

    6.1. DADOS POR NAVIO

    Nesta seo, sero estudados os defeitos separadamente em cada navio, para

    que se possa analisar possveis aumentos ou decrscimos na qualidade do estaleiro em

    longo do tempo.

    NAVIO 1

    O primeiro navio da srie de trs que serviu de base para este projeto bateu

    quilha em Maro de 2008 e foi entregue em Maio de 2009. Para este navio, os

    seguintes dados foram obtidos a partir das cadernetas usadas nas inspees:

    Grfico 3: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 1;

    Primeiramente, possvel notar que em 80% dos blocos inspecionados o autor

    encontrou problemas relacionados solda e esmeril (doravante S/E), um percentual

    bastante alto. O segundo problema mais freqente destes blocos foi referente ao

    desalinhamento entre elementos, com aproximadamente 60% de ocorrncia. Em

    seguida, aparecem defeitos de peas e escalopes, com 40% dos blocos apresentando-

    os. Por ltimo, a falta de solda foi detectada pelos vistoriadores responsveis em 20%

    dos blocos do navio 1.

  • 36

    Abaixo, o grfico 6, que identifica as propores de cada defeito nas emendas

    de blocos do navio A. Como novamente possvel observar, problemas relacionados

    solda e esmeril so os mais freqentes, com mais de 70% de ocorrncia. Em seguida,

    com valores em torno de 20%, 4 no-conformidades: escalopes interferindo na

    continuidade estrutural, desalinhamento, problemas com peas e falta de solda. Por

    fim, com apenas 3% de ocorrncia, os empenos no representaram maiores

    problemas para a Sociedade Classificadora.

    Grfico 4: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 1.

    Por fim, apresentado abaixo o grfico nmero 7, relativo aos testes

    pneumticos (de estanqueidade) dos tanques do navio 1. Como possvel notar,

    apenas 27% dos tanques foram aprovados logo na primeira inspeo, ou seja, no

    apresentaram vazamentos. Por outro lado, 73% dos tanques tiveram que ser re-

    testados, por apresentarem um ou mais pontos de vazamento.

    Grfico 5: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 1.

  • 37

    Como j explicado anteriormente, o ponto da solda no qual foi identificado o

    vazamento deve passar por um processo chamado de goivagem, que retira a solda

    naquele ponto. Tal processo pode ser feito de diferentes maneiras, mas a usada pelo

    estaleiro faz uso de eletrodos de carvo. Em seguida, solda-se o local para que assim

    seja testado novamente.

    Todo este processo requer mo-de-obra, equipamentos e consumveis e leva,

    em mdia, meia hora por vazamento.

    NAVIO 2

    O segundo navio da srie levou, do batimento de quilha entrega ao armador,

    treze meses. A seguir, os dados relativos a este navio.

    Grfico 6: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 2.

    De acordo com o grfico nmero 8, nota-se uma elevada ocorrncia de defeitos

    de solda e esmeril nas inspees de blocos deste navio (em torno de 81%).

    Diferentemente do primeiro navio, o desalinhamento no foi to freqente, dando

    lugar aos problemas com peas, seja a falta ou a troca destas. Em seguida, trs no-

    conformidades igualmente freqentes: problemas com escalope, desalinhamento e

    falta de solda, com 12%. Nos blocos deste navio no foram detectados empenos.

  • 38

    Grfico 7: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 2.

    O grfico acima, de nmero 9, apresenta as marcaes de defeitos encontrados

    nas inspees de emendas do segundo navio estudado. Como de costume, os defeitos

    relacionados solda e esmeril foram dominantes, novamente com um alto percentual

    de ocorrncia (81%). Assim como nos blocos, os problemas com peas aparecem logo

    aps, em 22% dos blocos. Em seguida, o desalinhamento e a falta de solda foram os

    mais percebidos (aproximadamente 15%). Por ltimo, como no navio 1, os empenos

    foram os menos freqentes, em apenas 5% das inspees.

    A seguir, no grfico 10, os dados relativos aos testes de estanqueidade nos

    tanques do navio 2. Como possvel notar, o ndice de inspees aprovadas reduziu

    drasticamente em comparao ao navio 1, caindo de 36% para apenas 26%.

    Grfico 8: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 2.

  • 39

    NAVIO 3

    Com batimento de quilha em incio de 2009 e entrega prevista para o incio de

    2010, o terceiro e ltimo navio do estudo encontra-se (no momento de execuo deste

    projeto) no cais de acabamento, com todos os blocos, emendas e tanques j

    aprovados. Abaixo, os resultados das inspees referentes a este navio:

    Grfico 9: No-conformidades encontradas nos blocos do navio 3.

    Como pode ser observado no grfico acima, as marcaes de solda e esmeril

    continuam sendo as mais freqentes, apesar de terem apresentado uma reduo de

    ndice (72%) se comparado aos ndices dos navios anteriores. Esta reduo

    provavelmente se deve ao fato de as empresas terceirizadas pelo estaleiro terem se

    adaptado aos nveis de qualidade exigidos pela S.C..

    Assim como no navio 2, os problemas com peas estruturais foram bastante

    comuns, em aproximadamente 28% dos blocos. Em seguida, desalinhamento (com

    20%), falta de solda (10%), problemas com escalopes (6%) e empenos (2%).

  • 40

    Grfico 10: No-conformidades encontradas nas emendas do navio 3.

    J em relao s emendas inspecionadas, observa-se no grfico 12 que os

    ndices, exceo das marcaes de solda e esmeril (69%), no foram to altos.

    Problemas com alinhamento e peas estruturais foram observados em 15% das

    emendas, seguidos pela falta de solda (12%), pelos problemas com escalopes e, sem

    nenhuma ocorrncia, o empeno.

    Grfico 11: Dados relativos aos testes de estanqueidade do navio 3.

    Conforme possvel observar no grfico 13, o ndice de tanques aprovados em

    suas estanqueidades caiu ainda mais. Apenas 11% destes puderam ser aprovados

    aps a primeira inspeo da S.C., causando um enorme volume de re-trabalho para o

    estaleiro, demandando soldadores e material para solda disponveis.

  • 41

    6.2. ANLISE GERAL

    Neste item do projeto, sero avaliados os defeitos encontrados no estaleiro ao

    longo da construo dos navios 1, 2 e 3, constituindo assim uma anlise de

    carter global.

    Assim como nos itens anteriores, ser feita uma anlise dos principais defeitos

    nos blocos, nas emendas e nos tanques. Como mostra o grfico 14, logo abaixo, no

    decorrer dos navios 1, 2 e 3, em 76% dos blocos houve re-trabalho relativo

    solda e esmeril. Em seguida, fortemente influenciados pelos navios 2 e 3, os

    problemas com peas foram bastante freqentes, em 27% das inspees. Uma das

    no-conformidades que demandam mais HH, o desalinhamento foi detectado em 19%

    dos blocos. Logo aps, a falta de solda e os problemas com escalope foram observados

    praticamente na mesma proporo, com 11% e 10% respectivamente. Por ltimo, os

    empenos foram responsveis por re-trabalho em apenas 1% dos blocos.

    Grfico 12: Anlise global dos defeitos nos blocos

    Antes de analisar os defeitos nas emendas dos trs navios, ser feita uma

    anlise dos defeitos separadamente, ou seja, como cada defeito evoluiu ao longo da

    construo dos trs navios.

    Primeiramente, como mostra o grfico 15, notria a diminuio das

    marcaes de solda e esmeril do navio 2, no qual estiveram presentes em 81%, para

    o 3, presentes em 72%. Uma reduo de, portanto, 11%. Tal fato explicado em

    grande parte pela manuteno das empresas terceirizadas responsveis pela maioria

    dos blocos no estaleiro, que ao longo do tempo se aperfeioam, seguindo sempre as

    exigncias da S.C..

  • 42

    Grfico 13: A evoluo das marcaes de solda e esmeril.

    Assim como no caso anterior, o grfico 16 demonstra uma drstica reduo das

    marcaes de falta de solda do navio 1 para o 3, caindo de 20% para 10%.

    Grfico 14: A evoluo da falta de solda nas inspees.

    Entretanto, para mostrar que no necessariamente o aprendizado adquirido

    com o tempo, o grfico abaixo evidencia um aumento de aproximadamente 100%, do

    navio 2 para o 3, nas marcaes relativas ao desalinhamento nos blocos

    vistoriados.

  • 43

    Grfico 15: Evoluo da ocorrncia de desalinhamento nas inspees.

    Grfico 16:Evoluo da ocorrncia de problemas com peas nos blocos.

    Grfico 17: Evoluo da ocorrncia de problemas com escalopes nos blocos.

    Com relao s emendas, o cenrio global acompanha perfeitamente o dos

    blocos, apresentando os defeitos na mesma ordem de freqncia. Presente em 74%

  • 44

    das emendas, as marcaes de solda e esmeril so as mais comuns. Em seguida,

    assim como nos blocos, os problemas com peas estiveram presentes em 18% das

    inspees, acompanhados de perto pelo desalinhamento (17%) e pela falta de solda

    (15%). J com relao aos escalopes, estes representaram problemas em 10% das

    vistorias, enquanto que os empenos em apenas 3%.

    Grfico 18: Anlise global dos defeitos nas emendas.

    Assim como nos blocos, a maioria dos defeitos em emendas apresentou queda

    ao longo dos trs navios. Como possvel notar no grfico 26, os problemas

    envolvendo escalopes caram abruptamente de 18% no primeiro navio para 6% no

    navio 3.

    Grfico 19: Evoluo dos problemas com S/E nas emendas.

  • 45

    Grfico 20: Evoluo dos problemas com escalopes nas emendas.

    Apesar de tambm haver diminudo ao longo do tempo, os problemas com

    peas evoluram de maneira mais irregular, aumentando do navio 1 para o 2 (de

    18 para 21%) e, posteriormente, diminuindo para 15,5% no navio 3.

    Grfico 21: Evoluo dos problemas com peas nas emendas.

    Por fim, no que diz respeito aos testes de estanqueidade ao longo dos trs

    navios, foi obtido um percentual de 80% de reprovao nos tanques testados. Este

    alto ndice pode ser explicado tanto pelo mau planejamento dos testes quanto pela

    ausncia de uma equipe de controle de qualidade (doravante C.Q.) destinada a esta

    funo.

  • 46

    Grfico 22: Resultado geral dos testes pneumticos.

    Grfico 23: Evoluo da aprovao de tanques.

    6.3. ESTIMATIVAS DE RE-TRABALHO

    Principal critrio para avaliao do volume de re-trabalho, a quantidade de

    homens-horas (doravante HHs) empregadas para cada defeito ser apresentada nesta

    seo, tendo como base algumas planilhas desenvolvidas pelo prprio estaleiro,

    somente referentes ao navio 3 (que no diferem muito dos demais navios). Ainda de

    acordo com o estaleiro, do total de HHs gastas em um bloco, um percentual entre 5 e

    8% referente ao re-trabalho, que por sua vez divide-se da seguinte maneira:

  • 47

    Grfico 24: Proporo de HHs para cada defeito, de acordo com o estaleiro.

    A fim de obter um valor, em HH, que seja mais representativo quanto

    diversidade dos blocos construdos para esta srie de navios, uma mdia para cada

    diferente tipo de unidade ser calculada. Em primeiro lugar, uma mdia dos blocos de

    fundo foi calculada, chegando-se aos valores de: 2,20 HH de re-trabalho para defeitos

    de solda e esmeril por tonelada de bloco, 0,75 HH/t para problemas com escalopes e

    0,50 HH/t para empenos.

    Ou seja, para um bloco de fundo de tamanho mdio, com aproximadamente 40

    toneladas, tem-se em mdia 85 HH de re-trabalho para marcaes de solda e esmeril,

    30 HH para fechamento e abertura de escalopes e, por fim, 18 HH para empenos,

    dentre outros defeitos.

    Em seguida, os blocos de costado e convs foram estudados quanto

    quantidade de re-trabalho dispensada. Nitidamente mais simples de serem

    construdos, principalmente pela questo do espao disponvel para se trabalhar, as

    respectivas quantidades de HH para cada defeito so consideravelmente menores se

    comparadas s observadas nos blocos de fundo duplo. Por exemplo, para reparos

    referentes a escalopes, o valor mdio diminui 27%, com 0,54 HH por tonelada de

    bloco. Acompanhando a mesma tendncia, os empenos demandam menos tempo para

    serem reparados, passando a 0,36 HH/t.

    Ainda com melhores condies de trabalho, os blocos da superestrutura

    apresentaram as menores quantidades de HH necessrias para todos os tipos de

    reparo. De acordo com os nmeros do estaleiro, so empregados, em mdia, 1,43 HH

    por tonelada de ao para os defeitos de solda e esmeril, valor este 35% menor que o

    calculado para os blocos de fundo.

    A seguir, grficos que traduzem as quantidades de HH para cada tipo de re-

    trabalho, em cada tipo de bloco:

  • 48

    Grfico 25: HH gasto com problemas de solda e esmeril X localizao do bloco.

    Grfico 26: HH gasto com problemas de escalopes X localizao do bloco.

  • 49

    Grfico 27: HH gasto com empenos X localizao do bloco.

    Grfico 28: HH gasto com desalinhamento X localizao do bloco.

    Grfico 29: HH gasto com problemas com peas X localizao do bloco.

  • 50

    Grfico 30: HH gasto com falta de solda X localizao do bloco.

    Ao observar os grficos acima expostos, fica ntida a maior dificuldade em se

    trabalhar nos blocos de fundo, seguido pelos blocos de costado e convs e, por fim,

    pelos blocos de superestrutura. Isto se deve ao fato de o duplo fundo destas

    embarcaes terem entre 600 (em determinados locais, somente) e 1100 mm de

    altura, o que dificulta muito o trabalho nestes locais. No bloco em que est localizado o

    jazente do motor, por exemplo, muito difcil para o funcionrio entrar e operar todo

    o seu maquinrio. J nos blocos de costado/convs e de superestrutura, os graus de

    dificuldade so menores pois, em ambos, o espao disponvel para se trabalhar

    consideravelmente maior.

    7. TCNICAS E MEDIDAS MITIGADORAS

    Neste captulo, sero discutidas possveis solues que atenuem total ou

    parcialmente os problemas identificados como principais durante as trs construes

    acompanhadas. Solues estas que podem ser operacionais, comportamentais,

    organizacionais, entre outros.

    7.1. PROBLEMAS COM SOLDA E ESMERIL

    Responsveis pela maior parte do re-trabalho, os problemas de solda e esmeril

    tm diversas maneiras de serem reduzidos. Em primeiro lugar, o estaleiro somente

    deve contratar soldadores que tenham qualificao para as respectivas funes,

    levando em considerao, principalmente, o processo e a posio de soldagem.

    Entretanto, a contratao de soldadores certificados no elimina as possibilidades de

  • 51

    ocorrerem defeitos. A constante atualizao do quadro de soldadores, atravs de

    cursos tericos e prticos, tambm de extrema importncia.

    A fim de incentivar os soldadores a executarem um bom trabalho, alguns

    estaleiros ao redor do mundo realizam concursos internos, nos quais o vencedor

    ganha, na maioria das vezes, uma mquina de solda nova.

    No que diz respeito ao prprio processo de soldagem, importante que se

    elabore a especificao do procedimento de soldagem, ou EPS. Este documento, que

    contm os valores admissveis para diversas variveis (como tipo de chanfro, tamanho

    da garganta de solda, valores de corrente e tenso, entre outros), dificilmente

    respeitado no dia-a-dia da construo naval brasileira. Isto se deve ao fato de os

    materiais utilizados (ao carbono, na maioria das vezes) no exigirem cuidados

    especiais ao serem soldados. J na construo de plataformas, este documento

    sempre seguido, tendo em vista o longo perodo (mais de 20 anos ininterruptos) que a

    unidade ficar em operao, sem dar margem a falhas.

    Por se tratar de um processo muito sensvel s condies climticas, todo

    cuidado deve ser tomado para que umidade, vento e poeira no prejudiquem a

    qualidade final da junta soldada. Para tanto, pode-se utilizar estruturas conhecidas

    como tendas, de material resistente, que previnem contra estas intempries. A sub-

    montagem e montagem em galpes tambm so alternativas viveis, tendo em vista a

    proteo imposta pelas paredes e cobertura. Neste aspecto, muito importante que o

    responsvel do estaleiro pela solda esteja sempre presente na rea de produo,

    evitando assim que estas prticas citadas ocorram.

    Ao analisar o re-trabalho de solda, deve-se levar em considerao os locais em

    que houve maior gasto com mo-de-obra. Como evidenciado na seo 6.3

    (Estimativas de re-trabalho), os blocos de fundo destes PSVs tiveram os maiores

    nveis de re-trabalho dentre todos os blocos. Este fato advm da combinao de duas

    causas: primeiramente, por apresentarem espao restrito, os funcionrios que ali

    trabalham tornam-se mais susceptveis ao erro; em segundo lugar, tambm pelo

    aspecto j citado, a quantidade de HH gasto ser maior, em virtude da dificuldade

    extrema de se trabalhar.

    Por ltimo, a ausncia de solda encontrada em diversas inspees pode ser

    facilmente combatida, atravs de uma inspeo antes de a S.C. realizar a sua dos

    funcionrios do C.Q. do estaleiro.

    7.2. DESALINHAMENTO

    O problema do desalinhamento pode ser evitado logo no incio da cadeia

    construtiva do navio, na rea de projeto. Conforme relatado em [1], os painis devem,

  • 52

    preferencialmente, ter suas emendas no sentido que gere menos dificuldade adiante,

    na fase de produo. Como mostra a figura 41, caso a emenda do painel seja

    transversal ao sentido dos reforos locais, a dificuldade em se unir as duas fraes

    ser muito maior (com muitas emendas nos reforos) se comparada emenda que

    acompanha o sentido dos reforos.

    Figura 41: Diferentes maneiras de se dividir um painel.

    Alm desta soluo j citada, h de se ter, em primeiro lugar, um bom controle

    dimensional desde o incio da montagem dos painis e profissionais capacitados para

    fazer a montagem dos elementos nos blocos e realizar a edificao dos blocos.

    Atravs do uso de teodolitos (instrumento ptico de preciso que realiza medidas tanto

    na horizontal quanto na vertical), possvel que se obtenham bons resultados

    dimensionais, evitando assim os desalinhamentos.

    Como relatado em [5], os estaleiros mais conceituados do mundo adotaram,

    em larga escala, um rgido sistema de controle dimensional, capaz de evitar

    desalinhamentos e outras no-conformidades no processo de edificao de blocos. Tal

    sistema compara os valores de projeto para determinados pontos crticos do bloco com

    os valores reais, j construdos e que so medidos atravs de teodolitos extremamente

    avanados. Estes valores so ento fornecidos como valores de entrada a um

    programa que os processa e fornece, em troca, um arquivo com as diferenas entre os

    valores de projeto e os de fato. Portanto, fazendo uso de um sistema rigoroso como

    este, o estaleiro ganha em preciso e qualidade de seu produto final.

    7.3. PROBLEMAS COM PEAS

    Primeiramente, importante frisar que nem sempre os problemas com peas

    so decorrentes de falhas do estaleiro. Em diversos casos, ao realizar uma inspeo, o

    vistoriador identifica que a pea instalada est, de fato, como assinalado no desenho.

    Entretanto, esta mesma pea no exerce a funo que ela deveria exercer, na maioria

    das vezes devido s suas dimenses. Fica evidente, portanto, que o erro ocorreu na

  • 53

    fase de projeto. Neste caso, necessrio que a S.C. pea ao estaleiro que proponha

    uma alternativa para o problema, que ser repassada aprovao de planos da S.C..

    Porm, na maioria das vezes, a falta ou a troca de peas pertencentes aos

    blocos so problemas decorrentes da falta de organizao interna dos estaleiros. Em

    primeiro lugar, os profissionais responsveis pela distribuio das peas e elementos

    devem ser altamente capacitados, visto que qualquer erro na distribuio se refletir

    na qualidade do produto mais frente. Outra medida que ajuda na preveno deste

    tipo de no-conformidade a utilizao de adesivos (ou tags), que so colados s

    peas e que contm informaes bsicas, porm essenciais, como o nmero de

    identificao da pea, o pedido de compra, e a qual navio e bloco tal pea pertence.

    Desta forma, a rastreabilidade destes elementos fica extremamente facilitada. Abaixo,

    na figura 42, um exemplo deste utenslio:

    Figura 42: Exemplo de adesivo de rastreabilidade utilizado pelos estaleiros.

    Muito usados nos estaleiros nacionais e internacionais, os pallets so estrados

    de madeira ou de metal empregados para melhor organizar e transportar peas,

    chapas, tubulaes e acessrios ao longo da linha de produo. Ao armazenar, por

    exemplo, todas as peas de um mesmo bloco em um s pallet, devidamente

    identificadas com os tags e, se possvel, com seus nmeros pintados nas prprias

    peas, dificilmente haver troca ou falta das mesmas.

    7.4. EMPENO

    Como j explicado no captulo trs, o empeno oriundo, na maioria das vezes,

    de um de duas causas: o grande aporte de calor fornecido ao ao, atravs de soldas e

    maaricos em excesso, e a falta de controle dimensional, tanto a fase de blocos quanto

    na edificao. No cauda de empeno e causa do empeno no ser descoberto no

    primeiro estagio!!!

    De acordo com [7], diversas atitudes podem ser tomadas de modo a evitar a

    ocorrncia de empenos, como: minimizao da quantidade de solda utilizada na

    construo, especificando as seqncias de soldagem que reduziro o aporte de calor;

    aumento da rigidez no controle dimensional dos blocos, pois assim diminui a

  • 54

    necessidade de se forar de maneira exagerada no momento da edificao; e, por fim,

    aplicao de pr-aquecimento (atravs de linhas de calor) e pr-tensionamento.

    Ainda de acordo com [7], o servio dos prprios trabalhadores e de seus

    superiores somente termina aps realizarem o chamado auto-teste (ou self-check,

    em ingls), pois assim uma poro considervel do re-trabalho j ser evitada. Esta

    checagem, aliada a um competente C.Q., ser de grande valia para o combate aos

    empenos.

    Por fim, como uma medida remediadora, o estaleiro deve ter, em seu corpo de

    funcionrios, os chamados desempenadores, responsveis pelo reparo deste defeito.

    Tal reparo feito atravs de uma fonte de calor (maarico, por exemplo) que diminui a

    rigidez da chapa, e uma mangueira de gua, que evita que a temperatura da chapa se

    eleve demasiadamente. H, porm, medidas remediadoras que devem ser evitadas,

    como o caso do uso de cachorros. Lias as linhas de calor deveriam ser utilizadas

    aps a solda!! Para tirar empeno e evitar concentrao de tenses

    7.5. PROBLEMAS COM ESCALOPES

    A interferncia de escalopes na continuidade estrutural , caso o controle

    dimensional do estaleiro no seja muito presente, um dos problemas mais difceis de

    identificar com antecedncia, pois na maioria das vezes este problema s

    diagnosticado na fase de edificao, quando um escalope pertencente a um

    determinado bloco interfere, por exemplo, em um reforo pertencente a outro bloco.

    importante, portanto, que os vistoriadores do C.Q. e da S.C. analisem os desenhos

    relativos aos blocos adjacentes da emenda, para que toda e qualquer interferncia na

    continuidade estrutural seja combatida. Pode ser problema no desenho detalhado??

    Entretanto, se o controle dimensional do estaleiro for preciso e eficiente, este

    problema pode ser identificado j no estgio de corte e montagem dos blocos.

    importante ressaltar que, caso seja necessrio o fechamento de escalope

    erroneamente aberto, no permitido por aqui vc deveria dizer que a regra [3] que

    simplesmente se insira, na seo aberta, uma pea de formato semicircular. Neste

    caso, preciso que se solde uma pea de forma que esta fique sobreposta abertura,

    como ilustra a figura 43:

  • 55

    Figura 43: Maneira correta de se corrigir a abertura errnea de um escalope.

    7.6. PROJETO ORIENTADO PRODUO (P.O.P.)

    Este conceito, de se ter toda a viso de projeto voltada produo vem sendo

    utilizado desde o final da dcada de 1950 e no somente cobria o projeto da produo,

    mas tambm a seleo de ferramentas, mtodos, mtodos e seqncias de produo

    visando sempre a reduo de custos. Entretanto, mais recentemente, este conceito

    evoluiu, passando a compreender o simples fato de se projetar um produto, atendendo

    a todos os requisitos e especificaes de maneira que os custos sero minimizados

    atravs de baixo volume de trabalho e facilidade na fabricao.

    De acordo com [1], uma das maiores dificuldades na aplicao do P.O.P. a

    absoro dos conceitos envolvidos por parte da engenharia do estaleiro. Para tanto,

    possvel desenvolver uma especificao de produo do estaleiro, que deve conter as

    facilidades, capacidades de equipamentos, limites, padres, detalhes de preferncia da

    produo e tcnicas de montagem preferidas pelo estaleiro. Desta forma, os

    profissionais ligados engenharia do estaleiro podem seguir esta especificao,

    melhorando assim a qualidade da produo.

    No que diz respeito aplicao deste conceito estrutura de um navio em

    construo, o projetista deve levar em considerao os seguintes aspectos:

    Limite das dimenses para os navios;

    Tamanho e peso mximos para os blocos;

    Tamanho e peso mximos para painis;

    Facilidades quanto manipulao de painis;

    Capacidade mxima da carreira, dique ou canteiro de obras (restringe o

    acabamento avanado);

    Limite mximo de carga no casco durante o lanamento;

  • 56

    Como exemplo de medidas que, se tomadas ainda na fase de projeto, podem

    facilitar a execuo do trabalho na produo, tem-se as figuras a seguir. Nas de

    nmero 44 e 45, uma simples mudana no plano de cortes dos blocos pode reduzir

    drasticamente as chances de ocorrncia de desalinhamentos. J na figura 46,

    possvel perceber que, alterando-se a forma da abertura nas chapas (cavernas, almas

    de gigantes, etc.) para o encaixe dos reforos e instalando uma pequena pea

    (comumente chamada de P.I., ou lug, em ingls), o processo de painelizao

    torna-se nitidamente mais fcil.

    Figura 44: Maneira de se subdividir que dificulta de alinhamento.

    Figura 45: Maneira de se subdividir que facilita o alinhamento.

    Figura 46: Diferentes maneiras de se projetar abertura para reforos.

  • 57

    Aqui para finalizar este item tem que diser porque vc falou dele.. ou seja recomendar

    a utilizao etcetce e falar dos programas

    7.7. ACABAMENTO AVANADO

    Segundo diz quem porque caso contrario a banca vai pedir para vc indicar

    todas as citaes.. quando diz segun fulano ou tal regra tem que especificar ou s diz

    o acabamento etcetce[1], acabamento avanado pode ser definido como a instalao

    de acessrios ou seja: tubulaes, mdulos de acomodao, calhas para cabos

    eltricos, bases para equipamentos, quadros eltricos, entre outros na estrutura do

    navio significativamente mais cedo que o usual, seja isto antes ou depois da

    edificao. Esta prtica, quando aplicada de maneira consciente, fora o estaleiro a

    pensar de maneira adiantada e, possivelmente, reduz o re-trabalho como um todo.

    Entretanto, a aplicao desta prtica depende de alguns fatores, como o grau de

    planejamento do estaleiro. No caso de um estaleiro sem nenhuma obra em andamento

    e que recebe uma encomenda, o objetivo primrio ser iniciar as obras o mais

    rapidamente possvel, impossibilitando assim que um pensamento frente tenha

    lugar. J em um estaleiro com a carteira de obras cheia, a aplicao do acabamento

    avanado mais vivel, visto que todas as obras so conhecidas com antecedncia.

    Desta forma, no h a sobreposio de etapas, uma das maiores responsveis pelo

    aumento do re-trabalho. Etapas estas que devem ocorrer, preferencialmente, uma de

    cada vez: projeto, compra de materiais e atividades de produo.

    Ainda de acordo com idemmm[1], h trs diferentes tipos de acabamento

    avanado:no isto esta errado..vc viu na aula.. no so tipos so os estgios em que o

    equipamento pode ser inserido!!!!

    Em mdulos (unidades de equipamento): normalmente executada em

    oficinas, trata-se da construo de mdulos de outfitting em uma base

    nica; No.. ela deve ser construda em ma oficina .. as unidades so

    vrios tipos de equipamento em uma base ..que podem ser instaladas

    no bloco ou a bordo (quanto antes melhor)

    Nos blocos: executada nos blocos, antes de serem edificados e consiste

    na instalao de mdulos de equipamentos;no veja minha aulas !!!

    indica a insero de tubulaes antes do bloco virar ou fechar ou de

    unidades de equipamento antes do blco fechar!

    A bordo: instalao de grupos de equipamentos/acessrios ou de peas

    individuais no prprio navio. No equipamento ppalmente de grande

    porte

  • 58

    H de se atentar ao fato de, no caso de muitos estaleiros nacionais, o

    acabamento avanado ser impedido pela baixa capacidade de levante instalada. No

    tem nada a ver! Tem mais a ver com o planejamento... o fluxo de caixa ..prazos de

    entrega de equipamentos... Ao incluir no peso original de um bloco todos os acessrios

    que tradicionalmente s so instalados a bordo, dificilmente os guindastes sero

    capazes de suportar tal carga.

    possvel perceber, portanto, que o acabamento avanado pode sim ser um

    grande aliado dos estaleiros quanto reduo de re-trabalho, ao aumento da

    produtividade e diminuio do tempo de construo. Entretanto, a adoo desta

    prtica, se no realizada conscientemente e de maneira gradual, pode deteriorar ainda

    mais a organizao e a qualidade do estaleiro.

    8. CONCLUSES

    O vertiginoso aumento na demanda por novas embarcaes nos ltimos anos

    refletiu negativamente na qualidade dos navios entregues pelos estaleiros nacionais. A

    necessidade de se entregar uma quantidade elevada de navios, principalmente de

    apoio, a cada ano, obrigou os estaleiros a contratarem uma mo-de-obra na maioria

    das vezes no muito qualificada. Esta falta de treinamento adequado de seus

    funcionrios prejudica imensamente os estaleiros, levando a baixos nveis de qualidade

    em todos os estgios da construo alm, claro, da qualidade final do produto.

    Como constatado ao longo deste projeto, a maior parte do re-trabalho est

    relacionada a defeitos de solda, que podem ser amenizados de maneiras diversas,

    atravs de cursos, incentivos e documentos reguladores. As demais no-

    conformidades encontradas tambm tm medidas mitigadoras ao alcance dos

    estaleiros. Entretanto, poucas mudanas a nvel qualitativo so vistas na indstria

    naval brasileira, at porque as carteiras dos estaleiros no param de crescer, ou seja,

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    a necessidade de entregar as encomendas enorme e, na maioria das vezes, a

    vontade de evoluir conceitos ultrapassados no vista como prioridade.

    9. BIBLIOGRAFIA [1] Lamb, Thomas Engineering for Ship Production, 1986;

    [2] ISO - Welding - Fusion-welded joints in steel, nickel, titanium and their alloys

    (beam welding excluded) - Quality levels for imperfections, 2 edio;

    [3] IACS Regulamento n 47 Shipbuilding and Repair Quality Standard

    Reviso 4, 2008;

    [4] Marques, Paulo Villani et al. Soldagem Fundamentos e Tecnologia, Editora

    UFMG, 2 edio;

    [5] Manninen, Markku et al. 3D Measurement and Analysis of a Ship Block, Leica

    AG, 1996;

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    [6] Johnson, George W. et al. Dimensional & Accuracy Control Automation in

    Shipbuilding Fabrication: an Integration of Advanced Image Interpretation, Analysis,

    and Visualization Techniques ISPRS 2004 Congress XX, Istanbul, Turkey;

    [7] Center, Naval Surface Warfare Process Analysis Via Accuracy Control, 1982;