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AEDITORAFORENSEseresponsabilizapelosvíciosdoprodutonoqueconcerneàsuaedição(impressãoeapresentaçãoafimdepossibilitaraoconsumidorbemmanuseá-loelê-lo).Nemaeditoranemoautorassumemqualquerresponsabilidadeporeventuaisdanosouperdasapessoaoubens,decorrentesdousodapresenteobra.Todososdireitosreservados.NostermosdaLeiqueresguardaosdireitosautorais,éproibidaareproduçãototalouparcialdequalquerformaouporqualquermeio,eletrônicooumecânico, inclusiveatravésdeprocessosxerográficos,fotocópiaegravação,sempermissãoporescritodoautoredoeditor.

ImpressonoBrasil–PrintedinBrazil

DireitosexclusivosparaoBrasilnalínguaportuguesaCopyright©out./2014byEDITORAFORENSELTDA.UmaeditoraintegrantedoGEN|GrupoEditorialNacionalTravessadoOuvidor,11–Térreoe6ºandar–20040-040–RiodeJaneiro–RJTel.:(21)3543-0770–Fax:(21)[email protected]|www.grupogen.com.br

Otitularcujaobrasejafraudulentamentereproduzida,divulgadaoudequalquerformautilizadapoderárequereraapreensãodosexemplaresreproduzidosouasuspensãodadivulgação,semprejuízodaindenizaçãocabível(art.102daLein.9.610,de19.02.1998).Quemvender,expuseràvenda,ocultar,adquirir,distribuir,tiveremdepósitoouutilizarobraoufonogramareproduzidoscomfraude,coma finalidadedevender,obterganho,vantagem,proveito, lucrodiretoou indireto,parasiouparaoutrem,serásolidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores oimportadoreodistribuidoremcasodereproduçãonoexterior(art.104daLein.9.610/98).

AEditoraForensepassouapublicarestaobraapartirda8.ªedição.Capa:DaniloOliveiraProduçãodigital:GeethikCIP–Brasil.Catalogação-na-fonte.SindicatoNacionaldosEditoresdeLivros,RJ.

Nucci,GuilhermedeSouza

PráticaForensePenal/GuilhermedeSouzaNucci.–8.ed.rev.,atual.eampl.–RiodeJaneiro:Forense,out./2014.ISBN978-85-309-5905-0

1.Direitopenal.I.Título.

14-15606 CDU:343.2

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Em decorrência do sucesso alcançado dentre os leitores, chega à oitava edição a obra PráticaForensePenal,depoisdeoitoanosdeseulançamento.

Apreparaçãodo estudante deDireito e dobacharel para o examedeordem, coma finalidadedeteremaptidãoetécnicaaoexercíciodesuaatividadeprofissional,comoadvogado,delegado,promotoroujuiz,éoprincipalobjetivodestetrabalho.

Esta é a primeira edição lançada pela Editora Forense, dando continuidade ao projeto de sempreaprimorar este livro, inserindo peças práticas inéditas, acrescendo dados doutrinários e atualizando otextoexistente.

Nestaedição,emparticular,alémdasreferidaspeçasinéditas,ingressou-seemnovocenário:oatoinfracionaleoadolescenteinfrator.Cuida-sedaelaboraçãodepeçasreferentesàapreensãodomenor,mantença de internação provisória ou sua decretação, liberação do jovem, representação feita peloMinistérioPúblico,decisõesjudiciaispertinentes,dentreoutras.

Aobramantémseupropósitomaiordeexpora teoriaessencialparaacompreensãodos institutos,acompanhada de modelos de peças processuais, com anotações específicas, além de esquemasindicativosdeprocedimentoseritos.

AgradeçooempenhodaEditoraForensepara a realizaçãodestaparceria, e ao leitor,que sempreapoiouonossotrabalhonasediçõesanteriores.

SãoPaulo,setembrode2014.

OAutor

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MaterialSuplementar

EstelivrocontémMaterialSuplementar.

Vejainstruçõesdeacessonaorelhadacapa.

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CapítuloI–InquéritoPolicialConceito

Finalidade

Fundamentolegal

Pontosrelevantes

Perfil

Prazodeconclusão

Inícioetérmino

Indiciamento

Individualizaçãodoindiciadoeidentificaçãocriminal

Princípiododelegadonatural

Arquivamentodoinquérito

Procedimentoesquemático

Inquéritopolicial

Modelosdepeças

Autodeprisãoemflagrante

Portariadeinstauraçãodeinquéritopolicial

Termocircunstanciado–Lesãodolosa

Termocircunstanciado–Portededrogasparausopróprio

Termodecomparecimento

Autodeapreensãodeadolescenteinfratornadelegaciadepolícia

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RequisiçãoderepresentantedoMinistérioPúblicooujuizparainstauraçãodeinquéritopolicial

Requerimentodoofendidoparainstauraçãodeinquéritopolicial

Procuraçãoadjudicia

Termoderepresentaçãodoofendidoparaaçãopúblicacondicionada

Notadeculpaemcasodeprisãoemflagrante

Termodequalificaçãoevidapregressa

Relatóriodaautoridadepolicial

Representaçãodaautoridadepolicialpelabuscaeapreensão

Representaçãodaautoridadepolicialpelaquebradesigilobancáriooufiscal

Representaçãodaautoridadepolicialpelaquebradesigilodedadostelefônicos

Representaçãodaautoridadepolicialpelainterceptaçãotelefônica

Representaçãodaautoridadepolicialpelainstauraçãodeincidentedeinsanidade

Representaçãodaautoridadepolicialpelaapreensão

Representaçãodaautoridadepolicialpelabusca

Representaçãodaautoridadepolicialpeladeclaraçãodamedidacautelardeinternaçãoprovisória

Decisãojudicialdedecretaçãodabuscaeapreensão

Decisãojudicialdequebradesigilobancáriooufiscal

Decisãojudicialdequebradesigilodedadostelefônicos

Decisãojudicialdeautorizaçãoparainterceptaçãotelefônica

Decisãojudicialdedecretaçãodaapreensão

Decisãojudicialdedecretaçãodabusca

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28) Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativadeinternaçãoprovisória

CapítuloII–AçãoPenalConceito

Finalidade

Fundamentolegal

Pontosrelevantes

Perfil

Prazo

Inícioetérmino

Desistênciadaaçãopenal

Conteúdodadenúnciaouqueixa

Procedimentosesquemáticos

Identificaçãodemodalidadedeação

Identificaçãoderito

Comum(ordinário)

Sumaríssimo

Especiais–Crimesderesponsabilidadedefuncionáriopúblico

Especiais–Crimescontraapropriedadeimaterial(açãopública)

Especiais–Crimescontraapropriedadeimaterial(açãoprivada)

Especiais–Crimesfalimentares–Falênciasanterioresa09.06.2005

Especiais–Crimesfalimentares–Condutasocorridasapós09.06.2005

Especiais–ProcedimentoprevistonaLeideDrogas–11.343/2006

Especiais–ProcedimentoparacondutasalcançadaspelaLei11.340/2006–ViolênciaDoméstica

Especiais–Resumodeteses–Faltadejustacausa

Especiais–Resumodeteses–Nulidadeprocessual

Termosparaidentificaçãodomomentoenfrentadonapersecuçãopenal

Princípiosconstitucionaisexplícitosdoprocessopenal

Princípiosconstitucionaisimplícitosdoprocessopenal

Modelosdepeças

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1.º) Denúncia

Denúnciagenérica

Queixa-crime

Queixa-crimeemaçãopenalprivadasubsidiáriadapública

RepresentaçãodoMinistérioPúblico–AtoInfracional

OferecimentoderepresentaçãoeparecerpelainternaçãoprovisóriaporpartedoMinistérioPúblico

Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusação

Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusaçãoparaofimdepleitearreparaçãocivildodanocausadopelapráticadocrime

Defesaprévia

Defesapreliminar–Funcionáriopúblico

Defesapreliminar–LeideDrogas(Lei11.343/2006)

Memoriais–MinistérioPúblico

Memoriais–Defesa

Pedidodeexplicações

Audiênciadeapresentaçãodomenor–art.184,ECA

CapítuloIII–AçãoCivilExDelictoConceito

Finalidade

Fundamentolegal

Pontosrelevantes

Perfil

Excludentesdeilicitudereconhecidasnaesferacriminal

Sentençascriminaisabsolutóriaseseureflexonocível

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Procedimentoesquemático

Açãocivilexdelicto

Modelosdepeça

Açãocivilexdelicto

Pedidodereparaçãocivildodanoemaçãopenal

CapítuloIV–JurisdiçãoeCompetênciaConceitos

Competênciaabsolutaerelativa

Regrasbásicasparaafixaçãodacompetência

Procedimentosesquemáticos

EstruturageraldoPoderJudiciário(naesferacriminal)

Jurisdiçãoecompetência–OrganizaçãodaJustiçaEstadual

Jurisdiçãoecompetência–OrganizaçãodaJustiçaFederal

Competênciaorigináriaporprerrogativadefunçãoematéria

CompetênciadaJustiçaFederal–Art.109daCF

CapítuloV–IncidentesProcessuaisConceito

Questõesprejudiciais

Procedimentosincidentes

Exceções

Incompatibilidadeseimpedimentos

Conflitosdecompetência

Restituiçãodecoisaapreendida

Medidasassecuratórias

Incidentedefalsidade

Incidentedeilicitudedeprova

Incidentedeinsanidademental

Procedimentosesquemáticos

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Conflitonegativodecompetência

Conflitopositivodecompetência

Quadroresumodeconflitodecompetência

Restituiçãodecoisasapreendidas

Incidentedeinsanidademental

Modelosdepeças

Questãoprejudicialheterogênea

Questãoprejudicialhomogênea

Exceçãodesuspeição

Exceçãodeimpedimento

Exceçãodeincompetência

Exceçãodelitispendência

Exceçãodecoisajulgada

Exceçãodeilegitimidadedeparte

Suscitaçãodeconflitopositivodecompetência

Suscitaçãodeconflitonegativodecompetência

Restituiçãodecoisaapreendida

Pedidodesequestro

Pedidodesequestrodebensevaloreslícitos,combasenoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal

Pedidodeespecializaçãodehipotecalegal

Pedidodearresto

Embargosdeterceiroemcasodesequestro

Embargosdeterceirodeboa-fé

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18) Embargosapresentadospeloréu

Impugnaçãoaoarresto

Impugnaçãoàespecializaçãodehipotecalegal

Pedidodeinstauraçãodeincidentedefalsidadedocumental

Pedidodeinstauraçãodeincidentedeilicitudedeprova

Pedidodeinstauraçãodeincidentedeinsanidadementalpelaacusação

Portariadeinstauraçãodeincidentedeinsanidademental

CapítuloVI–PrisãoeLiberdadeProvisóriaConceitos

Regrasgeraisparaaefetivaçãodaprisão

Prisãopreventiva

Prisãoemflagrante

Prisãotemporária

Prisãodecorrentedepronúncia

Prisãodecorrentedesentençacondenatória

Prisãoparaconduçãocoercitiva

Medidascautelaresalternativas

Prisãodomiciliar

Regrasgeraisparaaconcessãodeliberdadeprovisória

Procedimentosesquemáticos

Quadro-resumo–Prisõesdecaráterpenal

Prisõeseseusremédios

ModelosdePeças

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãotemporária

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodemedidacautelaralternativa

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãotemporária(modeloII)

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4.º) Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãopreventiva

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodeprisãopreventiva

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodemedidacautelaralternativa

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãopreventiva

Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativa

Requerimentodadefesaparaarevogaçãodaprisãopreventiva

Requerimentodadefesaparaarevogaçãodamedidacautelaralternativa

Decisãojudicialderevogaçãodaprisãopreventiva

Decisãojudicialderevogaçãodamedidacautelaralternativa

Requerimentodadefesaderevogaçãodaprisãotemporária

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodeprisãotemporária

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãotemporária

Decisãojudicialderevogaçãodaprisãotemporária

Requerimentoparaorelaxamentodaprisãoemflagrante

Decisãojudicialdemanutençãodaprisãoemflagranteeconversãoempreventiva

Decisãojudicialderelaxamentodaprisãoemflagrante

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,antesdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,depoisdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,antesdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,depoisdooferecimentodadenúncia

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24) Requerimentodeaplicaçãodemedidacautelaralternativaemlugardaprisãopreventiva

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,antesdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,depoisdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,antesdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,depoisdadenúncia

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãoporpronúncia

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãoporsentençacondenatória

Decisãojudicialdedecretaçãodeinternaçãoprovisóriadeadolescenteinfrator

Decisãoderevogaçãodainternaçãoprovisória

Decisãojudicialderevogaçãodainternaçãoprovisóriaporexcessodeprazo

CapítuloVII–JúriConceito

Princípiosconstitucionaisregentes

Procedimentotrifásico

Possibilidadesdomagistradoaotérminodafasedeformaçãodaculpa

Pontosrelevantes

Fasedasdiligências

JulgamentoemPlenário

Procedimentosesquemáticos

1.ªfase–formaçãodeculpa–judiciumaccusationis

2.ªfase–preparaçãodoPlenário

3.ªfase–juízodemérito–judiciumcausae

Modelosdepeças

Sentençadepronúncia

Sentençadeimpronúncia

Decisãodedesclassificação

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4.º) Sentençadeabsolviçãosumária

Pedidodediligênciasapósapronúncia(acusação)

Pedidodediligênciasapósapronúncia(defesa)

Decisãodojuizdedeferimento

Decisãodojuizdeindeferimento

Quesitos–Homicídiosimples

Quesitos–Homicídioqualificado

Quesitos–Induzimento,instigaçãoouauxílioaosuicídio

Quesitos–Infanticídio

Quesitos–Abortopraticadopelagestante

Quesitos–Crimeconexo

Quesitos–Coautoria

Quesitos–Participação

Quesitos–Legítimadefesaeoutrastesesdefensivas

SentençaabsolutóriaemPlenário

SentençacondenatóriaemPlenário

Pedidodedesaforamento

CapítuloVIII–SentençaConceito

Outrasdecisõesjudiciais

Conteúdodasentença

Correlaçãoentreimputaçãoesentença

Absolviçãovinculada

Fundamentaçãodasentença

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Modelosdepeças

Sentençacondenatória(rouboemconcursodeagentes–penasvariadas)

Sentençacondenatória(receptaçãoqualificada–penamínima)

Sentençaabsolutória(art.386,I,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,II,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,III,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,IV,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,V,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,VI,CPP)

Sentençaabsolutóriaimprópria(art.386,VI,c.c.parágrafoúnico,III,CPP)

Sentençajudicialdeaplicaçãodamedidasocioeducativadeinternação

Sentençaparaadolescenteinfratoraplicandomedidasocioeducativadesemiliberdade

CapítuloIX–RecursosConceitoeefeitos

Pressupostosdeadmissibilidade

Recursoemsentidoestrito

Correiçãoparcial

Agravoemexecução

Apelação

Embargosdedeclaração

Protestopornovojúri

Cartatestemunhável

Embargosinfringentesedenulidade

Recursoespecial

Recursoextraordinário

Agravodeinstrumentodedecisãodenegatóriaderecursoespecialouextraordinário

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Recursoordinárioconstitucional

Agravoregimentalnostribunais

Reclamação

Procedimentosesquemáticos

Esquemaparaidentificaçãodorecurso

Recursoemsentidoestrito

Correiçãoparcial

Agravoemexecução

Apelação

ApelaçãonaLei9.099/95

Embargosdedeclaraçãodesentença

Embargosdedeclaraçãodeacórdão

Cartatestemunhável

Embargosinfringentesedenulidade

Recursoespecial

Recursoextraordinário

Recursoordinárioconstitucional

Agravoregimental

Análisedoart.581doCPP

Análisedoart.593doCPP

ApelaçãodesentençadoTribunaldoJúri

Modelosdepeças

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoemsentidoestritoemcasodepronúncia

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoemsentidoestritoemcasodepronúncia

Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeapelaçãoemcasodecondenaçãoporcrimecomum

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdeapelaçãoemcasodecondenaçãoporcrimecomum

Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeagravoemexecução

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdeagravoemexecução

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7.º) Petiçãodeinterposiçãoerazõesdecorreiçãoparcial

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdecorreiçãoparcial

Embargosdedeclaraçãodesentença

Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedesentença

Embargosdedeclaraçãodeacórdão

Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedeacórdão

Cartatestemunhávelerazões

Embargosinfringentesedenulidade,noaspectonulidade

Embargosinfringentesedenulidade,noaspectoinfringência

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoespecial

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoespecial

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoextraordinário

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoextraordinário

Interposiçãodeagravodeinstrumentodedespachodenegatórioderecursoespecial

Razõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

Interposiçãodecontrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

Interposiçãodeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Interposiçãoderazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Interposiçãodecontrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Petiçãoerazõesdeagravoregimentalcontradecisãoderelatoremtribunal

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4.º)

29) Reclamação

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoordinárioconstitucional

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesemrecursoordinárioconstitucional

CapítuloX–AçõesdeImpugnaçãoConceitosevisãoconstitucional

Particularidadessobreohabeascorpus

Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

Extensãodohabeascorpus

Processamentoecompetência

Hipóteseslegaisdecabimento

Conteúdodapetiçãoinicial

Espéciesdehabeascorpus

Particularidadessobreomandadodesegurança

Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

Extensãodomandadodesegurança

Processamentoecompetência

Hipóteseslegaisdecabimento

Conteúdodapetiçãoinicial

Espéciesdemandadodesegurança

Particularidadessobrearevisãocriminal

Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

Extensãodarevisãocriminal

Processamentoecompetência

Hipóteseslegaisdecabimento

Conteúdodapetiçãoinicial

Procedimentosesquemáticos

Identificaçãodaautoridadecoatora

Mandadodesegurança

Justificação

Revisãocriminal

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HabeasCorpus

RoteiroorientadordepedidosdeHabeasCorpus

ResumodetesesdoHC

Modelosdepeças

Habeascorpuscontradecisãojudicialdeterminandoaprisãodoréu

Habeascorpusvisandoaotrancamentodaaçãopenal

Habeascorpusparaimpediroindiciamentodeinvestigado

Habeascorpusparaanularprocessopenal

Habeascorpusparaasolturadoréupresopormaistempodoquedeterminaalei

Habeascorpusparaasolturaderéuquandocessadososmotivosdeterminantesdaprisão

Habeascorpus–Telefonecelularempresídio

Habeascorpuscontradecisãojudicialconvertendoflagranteempreventiva,compedidosubsidiáriodemedidacautelaralternativa

Habeascorpuscontradecisãojudicialnegandoliberdadeprovisóriaaacusadoportráficoilícitodedrogas

Habeascorpuscontraa“esperadevaga”,naexecuçãopenal,quandodeferidaaprogressãodoregimefechadoaosemiabertopelojuiz

Habeascorpuscontrasentençafixandoregimemaisbenéficodoqueovigenteemfacedaprisãocautelar,semtomarmedidaemproldoréu

Habeascorpuscontradecisãodojuizdaexecuçãopenal,indeferimentodarevisãodafixaçãodoregimefechadoinicialparacondenadoportráficoilícitodedrogas

Habeascorpuscontradecretaçãodeprisãopreventivaemcasodeviolênciadoméstica

Habeascorpuscontradecisãoderecebimentodadenúncia,combasenoart.29daLei9.605/98,ofendendooprincípiodataxatividade

Habeascorpuscontradecisãoderecebimentodadenúnciabaseadaemcrimedebagatela

Habeascorpuscontradecisãodedecretaçãodaprisãotemporáriasemnecessidade

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comprovada

Habeascorpuscontradecisãodedecretaçãodaprisãopreventivasemmotivaçãoadequada

Habeascorpuscontradecisãoderecebimentodadenúncia,apósacórdãoquederaprovimentoarecursodaacusaçãoparareceberapeçaacusatória,buscandoafastaranulidadegerada

Habeascorpuscontradecisãodenegatóriaderevogaçãodeprisãopreventivaporexcessodeprazonaconclusãodainstrução

Habeascorpuscontradecisãonãofundamentadadeindiciamentopromovidopelodelegado

Habeascorpuscontraoindeferimentodepleitodeafastamentoadministrativodaautoridadepolicialemvirtudedesuspeição

Habeascorpuscontrainternaçãoprovisóriadeadolescenteporexcessodeprazo

Mandadodesegurançaparaimpediraquebradosigilobancário

Mandadodesegurançaparaimpediraquebradosigilofiscal

Mandadodesegurançaparagarantiraadmissãodoassistentedeacusação

Mandadodesegurançaparaimpedirasolturadoréu

Mandadodesegurançaparaliberarbenslícitosdoréu,bloqueadoscombasenoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal

Revisãocriminalcontrasentençacondenatóriaqueforcontráriaaotextoexpressodeleipenal

Revisãocriminalcontradecisãocondenatóriaqueforcontráriaàevidênciadosautos

Revisãocriminalcontradecisãocondenatóriaquesefundaremprovafalsa

Revisãocriminalcontradecisãocondenatóriaemfacedeprovanovademonstrativadainocênciadoréu

Justificaçãoparaarevisãocriminal

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CapítuloXI–ExecuçãoPenalConceitoenaturezajurídica

Individualizaçãoexecutóriadapena

Sistemaprogressivodecumprimentodapena

Livramentocondicional

Remição

Indulto

Modelosdepeças

Pedidodeprogressãodoregimefechadoparaosemiaberto

Pedidodeprogressãodoregimesemiabertoparaoaberto

Pedidodeprogressãoderegime–Crimehediondo

Pedidodelivramentocondicional

Pedidoderemiçãoportrabalho

Pedidoderemiçãoporestudo

Pedidodeindulto

Pedidodecomutação(indultoparcial)

Pedidodeincidentededesviodeexecução

Pedidodeconversãodepenaemmedidadesegurança

Pedidodeunificaçãodepenasporcrimecontinuado

Pedidodeunificaçãodepenasporconcursoformal

Pedidodeaplicaçãodeleipenalbenéfica

Pedidodeaplicaçãodenovainterpretaçãodeleipenalbenéfica,conformedecisãodoSTF

Decisãodojuiz–Leiposteriorbenéfica

Pedidodereabilitação

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17) Pedidodesaídatemporária

Decisãodojuizdeferindoasaídatemporária

Pedidodevisitaíntima

Decisãodojuizdeferindoavisitaíntima

CapítuloXII–OrientaçõesgeraisparaapráticaforenseIntrodução

OrientaçõesaosoperadoresdoDireito

Orientaçõesaosadvogadosedefensorespúblicos

Orientaçõesaosjuízes

OrientaçõesaosmembrosdoMinistérioPúblico

Orientaçõesaosdelegadosdepolícia

ObrasdoAutor

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________(*) Conteúdoexclusivonositehttp://gen-io.grupogen.com.br

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1.

2.

3.

Conceito

Trata-se de um procedimento administrativo, preparatório da ação penal, conduzido pela políciajudiciária,comopropósitodecolherprovasparaapuraramaterialidadedeumainfraçãopenaleasuaautoria.ALei12.830/2013menciona,noart.2.º,caput,oseguinte:“asfunçõesdepolíciajudiciáriaeaapuraçãodeinfraçõespenaisexercidaspelodelegadodepolíciasãodenaturezajurídica,essenciaiseexclusivasdeEstado” (grifamos).Esse termoemdestaque (jurídica) foimal empregado e nãopossuinenhum relevo no tocante à autêntica natureza jurídica do inquérito, que é um procedimentoadministrativo, pois conduzido por autoridade policial, integrante do Poder Executivo, sem nenhumaligaçãocomoJudiciário.Portanto,somentesepodededuzirdaexpressãonaturezajurídicadoreferidoartigoointuitolegislativodefrisarqueapolíciajudiciáriatrabalhaem funçãodapersecuçãopenal,aserviçodoEstado-investigação,parafornecerelementosaotitulardaaçãopenal(MinistérioPúblico–açãopública;vítima–açãoprivada),dando-lhe suporte aooferecimentodapeçaacusatória.Algumasprovascolhidasnafasedoinquéritosãodefinitivas,comoaspericiais,motivopeloqualterminamporauxiliar,duranteoprocesso,aformaçãodoconvencimentodojuiz.Esseéocenáriojurídicodafunçãoexercidapelodelegadodepolícia.Nomais,o§1.ºdoart.2.ºdareferidaLeiratificaoentendimentodequeoobjetivodoinquéritoéapuraramaterialidadeeaautoriadeinfraçõespenais.

Finalidade

Oinquéritoéproduzidocomafinalidadedeformaraconvicção(opiniodelicti)doórgãoacusatório(MinistérioPúblico,nasaçõespúblicas;ofendido,nasaçõesprivadas)paraapromoçãodaaçãopenal.Temafunçãodefornecerelementosdesustentaçãoàdenúnciaouàqueixa,istoé,paraquealguémsejadenunciado por um crime, visando a evitar acusações infundadas e levianas, deve haver provas pré-constituídassuficientesarespeitodaexistênciadainfraçãopenaledosindíciosdeautoria.Oconjuntoprobatóriopré-processualpermite a constituiçãodabasedapeçaacusatória, assegurando justa causaparaoajuizamentodademandacriminal.

Fundamentolegal

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4.

NaConstituiçãoFederal,encontra-seprevisto,comoatividadeprivativadapolíciajudiciária,nos§§1.º e 4.º do art. 144. No Código de Processo Penal, consultar os arts. 4.º a 23. Ver, ainda, a Lei12.830/2013.

Pontosrelevantes

4.1Perfil

O inquérito é inquisitivo e sigiloso. Inquisitivo, porque a autoridade policial colhe a prova semnecessidadededarciênciaaosuspeito,valendodizerquenãosesubmeteaosprincípiosdaampladefesaedocontraditório.Sigiloso,porqueoseutrâmitesefazsemapublicidadeinerenteaoprocessopenal,ouseja,nãosepermiteoacessodequalquerpessoadopovoaoprocedimentoadministrativoinvestigatório.Oadvogado,noentanto,temdireitodeconsultarosautosdoinquérito,poiséprerrogativainstituídapeloEstatutodaAdvocacia(Lei8.906/94,art.7.º,XIV).EsseéoteordaSúmulaVinculante14doSupremoTribunalFederal:“Édireitododefensor,nointeressedorepresentado,teracessoamploaoselementosdeprovaque,jádocumentadosemprocedimentoinvestigatóriorealizadoporórgãocomcompetênciadepolíciajudiciária,digamrespeitoaoexercíciododireitodedefesa”.Porém,seojuizdecretarosigilodainvestigação policial, somente o representante do Ministério Público e o advogado constituído doindiciadotêmacessoaosautos,além,obviamente,dodelegadoedomagistrado.

Lembremosqueoindiciadonãopodeficarincomunicável,quandoestiverpreso,poisseuadvogadopodeteracessoaocliente,aqualquermomento,mesmosemprocuração.Cuida-sedeoutraprerrogativaestabelecida pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94, art. 7.º, III). Além disso, considera-se nãorecepcionadopelaConstituiçãoFederalde1988odispostopeloart.21doCódigodeProcessoPenal,queautorizaaincomunicabilidade.Omotivoprincipaléavedaçãoàmencionadaincomunicabilidadeemplenoestadodedefesa,quandováriasgarantiasindividuaisrelevantesficamsuspensas(art.136,§3.º,IV,CF). Portanto, commuitomaior razão, durante estado de normalidade política, inexiste cabimentoparasemanteropresoincomunicável,mesmoqueporordemjudicial.

Porém,éconvenienteregistrarodispostonoart.5.º,IV,daLei10.792/2003,queinstituiuoregimedisciplinar diferenciado (RDD): “Nos termos do disposto no inciso I do art. 24 da Constituição daRepública,observadososarts.44a60daLei7.210,de11de junhode1984,osEstadoseoDistritoFederalpoderãoregulamentaroregimedisciplinardiferenciado,emespecialpara:(...)IV–disciplinarocadastramentoeagendamentopréviodasentrevistasdospresosprovisóriosoucondenadoscomseusadvogados, regularmente constituídos nos autos da ação penal ou processo de execução criminal,conformeocaso”.Comafinalidadedeassegurarmaiorcontroleeamantençadaordemdospresídiosdesegurançamáxima,mormenteondeháoreferidoregimedisciplinardiferenciado(consultaroart.52daLei 7.210/84 – Lei de Execução Penal), pode haver legislação estadual específica regulando oprocedimento das visitas que os advogados poderão fazer aos seus clientes presos, com prévioagendamento junto à direção do estabelecimento penal. Além disso, deixa-se claro que somente o

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advogado constituído, nos autos da ação penal ou do processo de execução criminal, terá acesso aodetento. Cuida-se de lei posterior ao Estatuto da Advocacia, portanto, restritiva das prerrogativasestabelecidasaocausídico,emborasomentenocenáriodospresosnoRDD.

4.2Prazodeconclusão

Comoregra,oinquéritodeveestarconcluídoem10dias,seoindiciadoestiverpreso;eem30dias,se estiver solto (art. 10, caput, CPP). Neste último caso, pode haver prorrogação, sem qualquerconsequência,concedidapelojuiz,atéquandosejanecessárioparasuaconclusão.Naprimeirahipótese,no entanto, se houver prorrogação, o indiciado deve ser colocado em liberdade.Quando se tratar decrime sujeito à esfera federal, caso o indiciado esteja preso, o prazo é de 15 dias, podendo serprorrogadoporoutros15,sedeferidopelomagistradoehouverfundamentação,calcadananecessidadedamantençadacustódiacautelar,porpartedaautoridadepolicial(art.66,caput,Lei5.010/66).

NaLeideDrogas(Lei11.343/2006),oprazoparaaconclusãoéde30dias,seoindiciadoestiverpreso. Estando solto, o prazo é de 90 dias. Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido oMinistério Público, desde que exista pedido justificado formulado pela autoridade policial (art. 51).Cuida-se,naturalmente,dehipótesedestinada,primordialmente,aotraficante,poisousuário,segundoanova Lei, não mais será preso, em qualquer hipótese. Neste caso, lavra-se apenas o termocircunstanciado,encaminhando-oaoJECRIM(consultarosarts.28e48daLei11.343/2006).

Nassituaçõesdecrimescontraaeconomiapopular,oprazoésemprede10dias(presoousolto–§1.º,art.10,daLei1.521/51).Oinquéritomilitardeveserconcluídoem20dias,seoindiciadoestiverpreso(ou40dias,prorrogáveisporoutros20,sesolto–art.20,capute§1.º,doDec.-lei1.002/69).

Quandohouverdecretaçãodeprisãotemporária,fixa-seoprazodecincodias,podendo-seprorrogá-loporoutroscinco, emcasodeabsolutanecessidade.Findososdezdias,deveodelegadocolocarodetidoemliberdade.Podecontinuarainvestigação,emborasemantenhasoltoosuspeito.Entretanto,se,durante o período da temporária, foram apurados os elementos suficientes para dar base à acusação,encaminha-se o inquérito relatado, antes de terminar a prisão temporária, para que haja a denúncia.Nessa ocasião, apresentada a peça inicial acusatória, pode-se pleitear a prisão preventiva, quandopreenchidos os requisitos do art. 312 do CPP. Sob outro aspecto, nos casos de crimes hediondos eequiparados,épossívelmanteroindiciadopresopor30dias,prorrogáveisporoutros30(art.2.º,§4.º,Lei 8.072/90).Naturalmente, se assimocorrer, a autoridade policial terá o prazo de até 60 dias paraconcluir o inquérito. Mas, cuida-se de hipótese excepcional, que deve ser utilizada em situações deextremaecomprovadanecessidade.

4.3Inícioetérmino

Oinquéritoteminíciopelasseguintesformas:a)deofício,porportaria,quandoaautoridadepolicialtomaconhecimentodapráticadeumcrimedeaçãopúblicaincondicionada;b)porrequisiçãodojuizou

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domembro doMinistério Público; c) por requerimento (ação pública incondicionada ou privada) ourepresentação(açãopúblicacondicionada)davítima;d)pelalavraturadoautodeprisãoemflagrante.

Finaliza-se o inquérito quando a autoridade policial esgota as possibilidades de investigação,apurandoounãoapráticadainfraçãopenalousuaautoria.Elaboraumrelatórioeoencaminhaaojuiz,ouvindo-se o representante do Ministério Público. Se houver prova suficiente, o órgão acusatóriopromoveaaçãopenal(denúncia).Tratando-sedeaçãoprivada,oofendido,porseuadvogado,oferecequeixa-crime. Não havendo provas suficientes, requer o representante do Ministério Público oarquivamento.Sobreaspossibilidadesdearquivamentooudecontinuidadedasinvestigações,consultarasnotas24-Aa32aoart.28donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4.4Indiciamento

Trata-sedaformalescolhadosuspeito,feitapelaautoridadepolicial,desereleoautordainfraçãopenal,colhendoseusdadospessoaisedeterminandooregistronasuafolhadeantecedentes.Logo,nãosecuida de ato discricionário, devendo estar fundado em provas suficientes, sob pena de se configurarconstrangimentoilegal,passíveldeimpugnaçãopeloajuizamentodehabeascorpus.Dispõeoart.2.º,§6.º,daLei12.830/2013oseguinte:“oindiciamento,privativododelegadodepolícia,dar-se-áporatofundamentado,mediante análise técnico-jurídicado fato, quedeverá indicar a autoria,materialidade esuas circunstâncias”. Significa, pois, tratar-se de ato exclusivo do delegado, mediante a necessáriamotivação, o que confirma o seu caráter não discricionário. De outra parte, não cabe aoMinistérioPúblicoouaojuizrequisitaroindiciamentoàautoridadepolicial,justamentepelofatodesetratardeatoprivativodequempresideoinquérito.Consultarasnotas40,40-Ae40-Baoart.6.ºdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4.5Individualizaçãodoindiciadoeidentificaçãocriminal

Aindividualizaçãodapessoadoindiciadoéfeitaporintermédiodacolheitadosseusdadospessoais(nome,filiação,naturalidade,estadocivil,profissão,endereçoetc.).Éadenominadaqualificação.Quemapresentar o documento civil de identidade (RG, CarteiraNacional deHabilitação – CNH etc.), nãoprecisaseridentificadocriminalmente(colheitadasimpressõesdactiloscópicas,fotografiaeatémesmocoletadematerialbiológicoparaaobtençãodoperfilgenético),conformegaranteoart.5.º,LVIII,daConstituição Federal. Entretanto, a própria norma constitucional estabelece ressalva, mencionando“salvonashipótesesprevistasemlei”.Atualmente,encontra-seemvigoraLei12.037/2009,modificadapela Lei 12.654/2012, cuidando das exceções (consultar a nota 46 ao art. 6.º, do nossoCódigo deProcesso Penal, bem como a pormenorizada análise à referida lei feita em nosso Leis penais eprocessuaispenaiscomentadas).Apenasumexemploparailustrar:cabeaidentificaçãocriminal,apesarda exibição do RG ao delegado, quando “constar de registros policiais o uso de outros nomes oudiferentesqualificações”(art.3.º,V,Lei12.037/2009).

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4.6Princípiododelegadonatural

Espera-sedaautoridadepolicialumaatuaçãoimparcialnaconduçãodainvestigaçãocriminal;nãosedeve aceitar, no Estado Democrático de Direito, o delegado comprometido, seja pelo indiciamentoforçadodedeterminadosuspeito,sejapeladesvinculaçãodoculpadoemfacedasprovascolhidas.Porisso, a Lei 12.830/2013 indicou, no art. 2.º, § 4.º, que o inquérito somente pode ser avocado porautoridadesuperiorouredistribuídoaoutrodelegado,mediantedespachofundamentado,pormotivodeinteressepúblicoounashipótesesdenãoobservânciadosprocedimentosprevistosemregulamentodacorporaçãoqueprejudiqueaeficiênciadainvestigação.

Nesseponto,oCódigodeProcessoPenalestáemfrancoatraso,pois,noart.107,preceituanãocaberexceçãodesuspeiçãocontraaautoridadepolicial,emboraesta,havendomotivolegal–qualquerfatorpassível de gerar parcialidade –, deva declarar-se suspeita. Ora, se a Lei 12.830/2013 consagra oprincípiodaimparcialidadedodelegado,quenãopodeserremovidosemjustomotivo,porevidenteécabívelaexceçãodesuspeiçãocontraaautoridadepolicial.Alémdomais,oreferidoart.107apontaodever de ofício do delegado para se declarar suspeito. Se não o fizer, o indiciado não pode serprejudicado, logo, deve interpor exceção de suspeição ao juiz, que supervisiona o inquérito. Se omagistradonãoacolheropleito, torna-se autoridade coatora, sendopossívelo ajuizamentodehabeascorpus.

4.7Arquivamentodoinquérito

Finda a investigação, sem provas suficientes para a promoção da demanda criminal, cabe aoMinistérioPúblicorequereraojuizoarquivamentodofeito.Odelegadonãopoderá,emhipótesealguma,mandararquivá-lo(art.17,CPP).

Vige,nosistemaprocessual,oprincípiodaobrigatoriedadedaaçãopenalpública,motivopeloqualcompeteaomagistradoaveriguarse,realmente,écasodearquivamentodoinquérito.Discordandodasrazões invocadas pelomembrodoMinistérioPúblico, deverá remeter o feito aoProcurador-Geral daJustiça,nostermosdoart.28doCPP.SeoChefedaInstituiçãoconcordarcomojuiz,designaráoutropromotor para o oferecimento da denúncia. Estemembro doMPdeverá propor a ação, pois age pordelegação do Procurador-Geral. Se a Chefia discordar do juiz, expondo seu fundamento, insistirá noarquivamento;deverá,então,omagistradodeterminaroreferidoarquivamento.

Quandose tratardeaçãoprivada,oofendidopoderequerera instauraçãodoinquéritoparacolherprovaspré-constituídas,afimdeajuizarqueixa.Porém,seainvestigaçãoforinsatisfatória,avítimanãofará uso do material coletado, devendo requerer o arquivamento ao juiz. Não o fazendo, o própriomagistradoassimdeterminará.

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5.

Procedimentoesquemático

1.º)Inquéritopolicial

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6.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

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23)

Modelosdepeças

Autodeprisãoemflagrante

Portariadeinstauraçãodeinquéritopolicial

Termocircunstanciado–Lesãodolosa

Termocircunstanciado–Portededrogasparausopróprio

Termodecomparecimento

Autodeapreensãodeadolescenteinfratornadelegaciadepolícia

RequisiçãoderepresentantedoMinistérioPúblicoou juizpara instauraçãode inquéritopolicial

Requerimentodoofendidoparainstauraçãodeinquéritopolicial

Procuraçãoadjudicia

Termoderepresentaçãodoofendidoparaaçãopúblicacondicionada

Notadeculpaemcasodeprisãoemflagrante

Termodequalificaçãoevidapregressa

Relatóriodaautoridadepolicial

Representaçãodaautoridadepolicialpelabuscaeapreensão

Representaçãodaautoridadepolicialpelaquebradesigilobancáriooufiscal

Representaçãodaautoridadepolicialpelaquebradesigilodedadostelefônicos

Representaçãodaautoridadepolicialpelainterceptaçãotelefônica

Representaçãodaautoridadepolicialpelainstauraçãodeincidentedeinsanidade

Representaçãodaautoridadepolicialpelaapreensão

Representaçãodaautoridadepolicialpelabusca

Representaçãodaautoridadepolicialpeladeclaraçãodamedidacautelarde internaçãoprovisória

Decisãojudicialdedecretaçãodabuscaeapreensão

Decisãojudicialdequebradesigilobancáriooufiscal

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25)

26)

27)

28)

24) Decisãojudicialdequebradesigilodedadostelefônicos

Decisãojudicialdeautorizaçãoparainterceptaçãotelefônica

Decisãojudicialdedecretaçãodaapreensão

Decisãojudicialdedecretaçãodabusca

Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativadeinternaçãoprovisória

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1.º)Autodeprisãoemflagrante

“R”e“W”sequest raram“E”comaf inalidadedeexigirdafamíliaumvaloremdinheirocomopreçodoresgate.Apósdois dias de negociação coma família, uma viatura policial, at raída ao lugar do cat iveiro por denúncia de vizinhos,ingressounolocalesurpreendeuavít imaeosagentes,dandovozdeprisãoaestes.

Dependênciapolicial:____.ºDP–Bairro____B.O.n.º____

AUTODEPRISÃOEMFLAGRANTE

Às17horasdodia20demarçode2000,nacidadede____,nasededo ____.º DP – Bairro ____, onde presente estava o Dr. ____,DelegadodePolícia,comigo,EscrivãodePolíciaaofinalnomeadoeassinado, aí compareceu o Senhor ____, adiante qualificado,conduzindopresos“R”e“W”,aquemderavozdeprisãopelapráticade extorsão mediante sequestro, nesta data, às 16:00 horas, naTravessa ____, n.º ____, Bairro ____, nesta cidade. Convicta doestadodeflagrânciae,apósinformaraospresossobreseusdireitosconstitucionais,1 dentre os quais o de permanecer calado, terassistência de familiar e de advogado da sua confiança, bem comoconhecer o responsável pela sua prisão, a autoridade policial,identificando-se como responsável pelos seus interrogatórios,determinou a lavratura do presente auto de prisão em flagrante.Providenciada a incomunicabilidade das testemunhas, a autoridadeconvocouoCONDUTORePRIMEIRATESTEMUNHA,2Senhor____,titulardodocumento____,filhode____,naturalde____,nacionalidade____,sexo____,pele____,nascidoem____,estadocivil____,profissãopolicialmilitar,localdetrabalho____,comendereçoàRua____,na cidade de ____, telefone ____, sabendo ler e escrever.Compromissadanaformadalei,prometeudizeraverdadearespeitodoquesoubesseelhefosseperguntado.Inquiridapelaautoridade,respondeu que “encontrava-se em patrulhamento, no dia de hoje,quandofoichamadoporpopularesdobairro,queestavamdesconfiados

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dasatitudesestranhasdeocupantesdeumimóvelsituadonaTravessa____;afirmaramqueacasaestavavagae,subitamente,passouaserutilizada por duas pessoas desconhecidas, que vedaram todas asjanelaseportas,nãocumprimentandoninguémaoentraresair,oquesomente faziam carregando compras, aparentando tratar-se dealimentos; disseram essas pessoas serem vizinhos do imóvel e que,por vezes, chegaram a ouvir alguns gritos na casa; o depoenteconsultou seus superiores e soube que ocorrera o sequestro de umestudante nas imediações, há dois dias aproximadamente; dirigiu-secom seus companheiros de viatura ao local, acompanhado porpopulares; cercando o imóvel, logo perceberam que os ocupantes seagitaram e tentaram fugir pelos fundos, cada qual portandorevólveres, motivo pelo qual foram imediatamente detidos pelodepoente e outros policiais; ingressando na casa, encontraram avítima “E” amarrada e deitada sobre um colchão colocado num dosquartos; ao redor, o depoente constatou a existência de váriospapéis contendo anotações que pareciam ser de valores pedidos àfamília,bemcomotelefonesenomesdeparentesde“E”;osdetidosnãosouberamexplicaroquefaziamali,primeiramentealegandoquesomente faziam a vigilância do local, mas, depois, quandoreconhecidospelavítimacomoossequestradores,acabaramadmitindoapráticadaextorsãomediantesequestro,oquelevouodepoenteadar-lhes voz de prisão,3 conduzindo-os a este distrito policial.Nadamaisdisse,nemlhefoiperguntado.Aseguir,assinadootermoedispensado,4aautoridadepolicialconvocouaSEGUNDATESTEMUNHA,5

Sr.____,titulardodocumento____,filhode____,naturalde____,nacionalidade ____, sexo ____, pele ____, nascido em ____, estadocivil____,profissãopolicialmilitar,localdetrabalho____,comendereçoàRua____,nacidadede____,telefone____,sabendolereescrever.Compromissadanaformadalei,prometeudizeraverdadearespeito do que soubesse e lhe fosse perguntado. Inquirida pelaautoridade, respondeu que: “____”. Nada mais disse, nem lhe foiperguntado. Assinado o termo e dispensado, convocou a autoridadepolicialaTERCEIRATESTEMUNHA,Sr.____,titulardodocumento____,filhode____,naturalde____,nacionalidade____,sexo____,pele____, nascido em ____, estado civil ____, profissão policialmilitar,localdetrabalho____,comendereçoàRua____,nacidadede ____, telefone ____, sabendo ler e escrever. Compromissada na

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formadalei,prometeudizeraverdadearespeitodoquesoubesseelhe fosse perguntado. Inquirida pela autoridade, respondeu que:“____”.Nadamaisdisse,nemlhefoiperguntado.Assinadootermoedispensado,determinouaautoridadepolicialqueficasseregistradonão ter sido possível ouvir de imediato a vítima, por ter sidoencaminhadaaohospitalpararecebercuidadosmédicos.6Emseguida,passou a autoridade policial a qualificar7 o PRIMEIRO INDICIADO,“R”,vulgo____,titulardodocumento____,filhode____,naturalde____,nacionalidade____,sexo____,pele____,nascidoem____,estadocivil____,profissão____,graudeinstrução____,residenteedomiciliadonestacidade,naRua____,Bairro____,comlocaldetrabalhonaAv.____,telefone____,sabendolereescrever.Cienteda imputação que lhe é feita e do direito constitucional depermanecercalado,acompanhadodoseuadvogado,Dr.____,manifestouo desejo de falar somente em juízo. Nada mais disse, nem lhe foiperguntado.8Aseguir,passouaautoridadepolicialaqualificaroSEGUNDOINDICIADO,“W”,vulgo____,titulardodocumento____,filhode____,naturalde____,nacionalidade____,sexo____,pele____,nascido em ____, estado civil ____, profissão ____, grau deinstrução____,residenteedomiciliadonestacidade,naRua____,Bairro ____, com local de trabalho na Av. ____, telefone ____,sabendo ler e escrever. Ciente da imputação que lhe é feita e dodireito constitucional de permanecer calado, acompanhado do seuadvogado, Dr. ____, manifestou-se nos seguintes termos: “estavasomente visitando seu amigo “R”, a quem não via há muito tempo,quandopercebeuagitaçãoforadaresidência;imaginandotratar-sedeum assalto, tentou fugir pela porta dos fundos, quando foi detidopor policiais; não viu a vítima amarrada em um dos quartos; nãoestranhouofatodeestaremasjanelascobertasporlençóiseoutrospanos,pois“R”lhedissequeeraprovisório;soubedonovoendereçode“R”quandooencontrounosupermercadodobairro,pelamanhãdeontem,ocasiãoemquerecebeuoconviteparavisitá-lo;orevólverque foi encontrado ao seu lado por ocasião de sua prisão não lhepertence e não sabe dizer quem é o proprietário; é trabalhador ejamaisseenvolveriaematividadeilícita;conhece“R”devista,masresolveu visitá-lo assim mesmo. Nada mais disse, nem lhe foiperguntado. Em seguida, determinou a autoridade policial oencerramento do presente auto que, lido e achado conforme, segue

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devidamente assinado pela autoridade, pelo condutor, pelastestemunhas, pelos indiciados e seu advogado e por mim, ____,EscrivãodePolícia,queodigitei.

_______________

AutoridadePolicial

_______________

CondutorePrimeiraTestemunha

_______________

SegundaTestemunha

_______________

TerceiraTestemunha

_______________

“R”

_______________

“W”

_______________

Advogado

_______________

Escrivão

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1Consultaroart.5.º,LXI,LXII,LXIII,LXIV,daCF.

2Admite-sequeocondutorsejaouvido,igualmente,comoprimeiratestemunha,afinal,emboratenhasidoapessoaquedeuavozdeprisão,tambémpodeterconhecimentodosfatos.

3Vale ressaltarqueocrimedeextorsãomediantesequestroépermanente, razãopelaqualaconsumaçãosearrastanotempo,propiciandoàpolícia,seprecisofor,invadirdomicílioaqualquerhoradodiaoudanoite,mesmosemmandadojudicial(art.5.º,XI,CF).

4 A atual redação do art. 304 do CPP (Lei 11.113/2005) permite que cada pessoa ouvida assine o termo e retire-se dadelegacia.

5Segundooart.304doCPP,caput,éprecisoouvir,alémdocondutor,pelomenosduastestemunhas.Eventualmente,pode-seouvir,alémdocondutor,consideradoaprimeira testemunha,maisumapessoaapenas.Adefesa,nestahipótese,podeargumentar ter havido erro formal no auto de prisão em flagrante. Quando inexistirem testemunhas do fato, ouvem-sepessoasqueviramaapresentaçãodopresoàautoridadepolicial(art.304,§2.º,CPP).

6Avítimaéouvidaapósastestemunhas,quandoforpossível.Seaordemprevistanoart.304doCPPnãoforrespeitada,podedarmotivoaorelaxamentodaprisãoemflagrante.

7ConsultaraLei12.037/2009paraciênciadashipótesescabíveisparaaformalidentificaçãocriminaldoindiciado.

8 O direito ao silêncio é prerrogativa constitucional (art. 5.º, LXIII, CF). Deve-se ressaltar, ainda, que há indiciadosimpossibilitados de depor porque foram encaminhados ao hospital para cuidadosmédicos (feridos pela polícia durante aprisão,porexemplo),oqueficaráconsignadonoautodeprisão.

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3.º)Termocircunstanciado–Lesãodolosa

“U”agrediuf isicamenteovizinho,que,logoapós,comunicouofatoàautoridadepolicial.Porset ratardeinfraçãodemenorpotencialofensivo(lesãocorporalleve), 1 lavrou-seot ermocircunstanciado.2

DistritoPolicial:____.ºDP

Termon.º____

Município:____

Comarca:____

TERMOCIRCUNSTANCIADODEOCORRÊNCIAPOLICIALN.º____

Lei9.099/95

Datadofato:____

Horadofato:____

Datadacomunicação:____

Horadacomunicação:____

Localdaocorrência:____

Naturezadaocorrência:LESÃOCORPORALDOLOSA

Condutoreprimeiratestemunha:____(nomeequalificação).3

Depoimento:“estavaempatrulhamentoderotina,quandoouviugritosdesocorro;chegandoaolocaldosfatos,deparou-secomoautoremfuga, ocasião em que o segurou; em seguida, percebeu que havia umrapazcomolábioferido,sangrandobastante,dizendo-sevítimadeum soco que teria sido desferido pelo agente; foram conduzidosagressorevítimaaestadelegacia”.

Segundatestemunha:____(nomeequalificação)

Depoimento:“____”.

Vítima:____(nomeequalificação)

Declarações: “o declarante é vizinho do autor há aproximadamentesete anos; de seis meses para cá, sem qualquer motivo, o agentepassou a implicar com os latidos do cachorro mantido pelo

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declarante;emboranãosejaverdadequeoanimalcausealgumtipodeperturbação,dessassituaçõesadvierammuitasdiscussões,inclusivecom ofensas verbais recíprocas; o autor, por não aceitar asjustificativas do declarante, passou a ameaçá-lo de agressãosistematicamente;tendoemvistaque,nodiadehoje,odeclaranterecusou-seasedesfazerdoseucão,oautorsaltouopequenomuroque separa as duas casas e desferiu-lhe um violento soco, queprovocouumcortenolábio;talfatoocorreunaportadaresidênciadodeclarante,quandosepreparavaparasairparaotrabalho;logoapós a agressão, vizinhos interferiram e o autor fugiu, mas foidetidoporumaviaturaquepassavapelolocal;apóssermedicado,odeclarantecompareceuaestadelegacia”.

Autor:____(nomeequalificação)

Declarações:“nãoéverdadequetenhadesferidoumsoconavítima;deu-lheapenasumtapanorosto,porqueesteoofendeunafrentedosvizinhosqueestavamporperto;omotivodadesavençaéofatodenão suportar mais os constantes latidos do cachorro mantido pelovizinho, que não o deixa dormir em paz; afirma que já tentou,amigavelmente, uma solução, porém a vítima é teimosa e não admitedispordoanimal;arrepende-sedoquefez,poisdeveriatertomadooutrasprovidênciasenãoprecisavateragredidoavítima”.

Exames periciais requisitados: laudo de exame de corpo de delito(IMLparavítima).

Juntem-seinformaçõessobreosantecedentescriminaisdoautor.

Entreguecópiadesteàvítimaeaoautor,medianterecibo.

Registre-se.Cumpra-se.

Comarca,data.

_______________

AutoridadePolicial

_______________

Condutoreprimeiratestemunha

_______________

Segundatestemunha

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_______________

Vítima

_______________

Autor

_______________

Escrivão

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1 São demenor potencial ofensivo as infrações cuja penamáxima em abstrato não ultrapasse o limite de dois anos dereclusãooudetenção,cumuladaounãocommulta(art.61daLei9.099/95,comaredaçãodadapelaLei11.313/2006).

2Emcasosdeviolênciadomésticaoufamiliarcontraamulher,nãomaisseaplicaodispostonaLei9.099/95(art.41daLei11.340/2006), razão pela qual haverá inquérito ou prisão em flagrante, conforme o caso, sem lavratura do termocircunstanciado.

3 Não há, na Lei 9.099/95, uma fórmula específica para a lavratura do termo circunstanciado, razão pela qual se podeobedeceraordemutilizadaparaoautodeprisãoem flagrante (condutor, testemunhas,vítimaeautor).Pode-se, também,ouvir,emtermosapartados,outrastestemunhasquenãoocondutor.

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4.º)Termocircunstanciado–Portededrogasparausopróprio

“H” foi det ido por policiais, após t er sido surpreendido carregando consigo, para consumo pessoal, dois cigarros demaconha.Porset ratardeinfraçãodemenorpotencialofensivo, 1 lavrou-seot ermocircunstanciado.

DistritoPolicial:____.ºDP

Termon.º____

Município:____

Comarca:____

TERMOCIRCUNSTANCIADODEOCORRÊNCIAPOLICIALn.º____

Lei9.099/95

Datadofato:____

Horadofato:____

Datadacomunicação:____

Horadacomunicação:____

Localdaocorrência:____

Naturezadaocorrência:PORTEILEGALDEDROGAPARACONSUMOPESSOAL

Condutoreprimeiratestemunha:____(nomeequalificação)2

Depoimento:“estavaempatrulhamentoderotina,quandoviuoautorematitudesuspeita,fumandoumcigarro,escondidoatrásdeumbancoda praça; chegando ao local dos fatos, deparando-se com aaproximaçãodaviatura,oautorfugiu,ocasiãoemquefoiperseguidoe detido; em seguida, percebeu que havia um volume no bolso doautor,constatando-seserdoiscigarrosdemaconhaembrulhadosemumlenço;essaéarazãopelaqualfoiencaminhadoaestedistrito”.3

Segundatestemunha:____(nomeequalificação)

Depoimento:“____”.

Terceiratestemunha:____(nomeequalificação)

Depoimento:“____”.

Autor:____(nomeequalificação)

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Declarações: “realmente carregava consigo dois cigarros de maconhaemseubolso,alémdaquelequeestavautilizandonomomentoemquepassou a viatura policial; alega ser viciado e não conseguircontrolar o consumo pessoal de drogas; nunca foi processado porcrime algum; não sabe indicar a pessoa de quem adquiriu oentorpecente,poiscompletamentedesconhecida”.

Examespericiaisrequisitados:laudotoxicológicoelaudodeexamedecorpodedelito(IMLparaoautor).4

Juntem-seinformaçõessobreosantecedentescriminaisdoautor.5

Entreguecópiadesteaoautor,medianterecibo.

Registre-se.Cumpra-se.

Comarca,data.

_______________

AutoridadePolicial

_______________

Condutoreprimeiratestemunha

_______________

Segundatestemunha

_______________

Terceiratestemunha

_______________

Autor

_______________

Escrivão

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1Consideram-sedemenorpotencialofensivoas infraçõescujapenamáximaemabstratonãoultrapasseo limitededoisanos de reclusão ou detenção, cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei 9.099/95, com a redação dada pela Lei11.313/2006).Noespecíficocasodoart.28daLei11.343/2006,cuida-sedeinfraçãodeínfimopotencialofensivo,poisnemmesmo pena privativa de liberdade é prevista em lei. Além do mais, há expressa determinação para a aplicação dosbenefíciosdaLei9.099/95(art.48,§1º,Lei11.343/2006).

2 Não há, na Lei 9.099/95, uma fórmula específica para a lavratura do termo circunstanciado, razão pela qual se podeobedeceràordemutilizadaparaoautodeprisãoem flagrante (condutor, testemunhas,vítimaeautor).Pode-se, também,ouvir,emtermosapartados,outrastestemunhasquenãoocondutor.

3EmboraaLei11.343/2006tenhaprocuradoevitara“prisão”doautordeporteilegaldedroga,paraconsumopessoal(art.28,Lei11.343/2006),atodocusto,omínimoqueapolíciaprecisafazeréconduzi-loàautoridadepolicial,aindaqueàforça,paraqueestadelibereseécasodeporteparaconsumo(art.28),lavrandootermocircunstanciado,ououtramodalidadedecrime,comootráfico(art.33eseguintes,Lei11.343/2006),lavrando-seautodeprisãoemflagrante.

4Permiteoart.48,§4.º,daLei11.343/2006,arealizaçãodeexamedecorpodedelitodoautordofato,oquenãodeixadeserestranho,poisnempresoformalmenteelefoi.

5Conformedispõeoart.28,§2.º,daLei11.343/2006,“paradeterminarseadrogadestinava-seaconsumopessoal,ojuizatenderáànaturezaeàquantidadedasubstânciaapreendida,aolocaleàscondiçõesemquesedesenvolveuaação,àscircunstânciassociaisepessoais,bemcomoàcondutaeaosantecedentesdoagente”.Osmesmoscritériosserãousadospelaautoridadepolicialparadistinguirentreousuárioeo traficante,como fimde lavrar termocircunstanciadoouautodeprisãoemflagrante.

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6.º)Autodeapreensãodeadolescenteinfratornadelegaciadepolícia

Às15horasdodia__domêsde___doanode____,nestacidadede______, Estado de ______, na sede do ___ Distrito Policial, ondepresente se achava o Doutor ______, Delegado de Polícia, comigoEscrivão de seu cargo, ao final assinado, aí compareceu o Senhor______adiantequalificado,oqual,napresençadastestemunhasqueseguem,apresentouapreendidooadolescente_______,emrazãodetê-losurpreendido,naRua_______,bairro_____,nestaComarca,cujolocaléumaviapública,naprática(ouapósarealização)doATO(S)INFRACIONAL(IS) consistente(s) na figura equiparada a (infraçãopenal)1emfacedavítima_____.

Preliminarmente, a Autoridade cientificou-se da menoridade doconduzido e da efetiva prática do(s) ato(s) infracional(is) a eleatribuído, determinando a sua apreensão e cientificando-o de seusdireitos,dentreeles:osdepermanecercalado,terassistênciadafamíliaedeadvogado,tendooadolescentesemanifestadonosentidode _____________. Fez saber ainda que está sendo providenciada acomunicação aos pais ou responsáveis por meio do telefone__________________.2

Em seguida, foi identificado o adolescente, o policial apreensor,3

bemcomoaAutoridadequepresideesteprocedimento.

Após providenciada a incomunicabilidade das testemunhas, passou aAutoridade a ouvir o aprensor e primeira testemunha, ________(qualificação). Sabendo ler e escrever, compromissada na forma dalei, prometeu dizer a verdade do que soubesse e lhe fosseperguntado. Inquirida pela Autoridade, respondeu:___________________.Nadamaisdissenemlhefoiperguntado.

Depois, passou-se à oitiva da segunda testemunha, _______

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(qualificação).Sabendolereescrever,àsperguntasdaautoridade,respondeu: _____________________________.4 Nada mais disse nem lhefoiperguntado.

Finalmente,passouaAutoridadeaqualificaroadolescentequedissechamar-se ________________, o qual, inquirido, respondeu:______________________________.5 Nada mais disse e nem lhe foiperguntado.

Por último, determinou a Autoridade que constasse, pelo que foiexpostoeapurado,teroadolescenteinfringido,porequiparação,oartigo______,6eque,tendoemvistaagravidadedofatoimputado,conformedispõeoart.175doEstatutodaCriançaedoAdolescente,não será liberado a seus responsáveis, devendo ser encaminhado aoMinistério Público da Infância e Juventude e à Vara Especial deInfratores, onde permanecerá à disposição do MM Juiz de Direitocompetente.7 Nada mais havendo a tratar, mandou a Autoridadeencerrar este auto, que, depois de lido e achado conforme, vaidevidamenteassinadopelamesmaAutoridade,peloapreensoredemaistestemunhas,pelavítima,peloadolescenteepormim,Escrivão(ã)dePolíciaqueodigitei.

_______________

Delegado(a)dePolícia

_______________

Apreensor

_______________

Testemunhas

_______________

Advogado(a)

_______________

Pai/mãeouresponsávelp/menorAdolescente

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_______________

Escrivão(ã)dePolícia

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1Deve-semencionarocrimeoucontravençãoqueguardacorrespondênciaaoato infracional.Exemplo: roubo–art.157,caput,doCódigoPenal.

2 Não havendo telefone, é preciso indicar um endereço (de familiar ou responsável), onde o agente da autoridade irácomunicarospaisouresponsável.

3Policialapreensoréafiguraequivalenteaocondutornoautodeprisãoemflagrante.

4Sehouvervítima,deveserouvida igualmente,antesdas testemunhas.Havendomaisdeduas testemunhas–omínimodevido–serãocolocadosseusdepoimentosnasequência.

5 Considera-se ter o adolescente concordado em prestar declarações, abrindomão do direito de permanecer calado. Éfundamentalapresençadoadvogadoparaqueissosedêdemaneiralegítima,poisojovempodenãocompreenderoalcancedesuaspalavrasnaqueleinstante.

6Menciona-se,novamente,oartigodoCódigoPenaloudeoutraLeiPenal,queservedebaseparaaconfiguraçãodoatoinfracional.

7Preceituaoart.175,caput,doECA,queoinfratordeveráserencaminhado,quandonãoliberadopelaautoridadepolicial,aorepresentantedoMinistérioPúblico,paraaaudiênciainformal.Dali,seguiráàunidadecorrespondenteecaberáaojuizmantê-loeminternaçãoprovisóriaouliberá-lo.

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7.º)RequisiçãoderepresentantedoMinistérioPúblicooujuizparainstauraçãodeinquéritopolicial1

Comarca,data.

Ofícion.º____.

SenhorDelegadodePolícia

Chegando ao meu conhecimento, nesta data, que “Z”, ____(qualificação),2 valendo-se de um talão de cheques pertencente a“V”, passando-se por este, ingressou no estabelecimento comercialdenominado____,situadoàRua____,n.º____,nestacidade,emitiuchequeeretiroumercadoria,obtendo,parasi,vantagemilícita,emprejuízoalheio,levandoocomercianteaerro,oquecaracteriza,emtese,odelitodeestelionato,conformedeclaraçõesprestadaspelavítima em meu Gabinete (documento anexo), requisito de VossaSenhoriaasprovidênciasnecessáriasparaaINSTAURAÇÃODOINQUÉRITOPOLICIAL,nostermosdoart.5.º,II,doCPP.

Indico, desde logo, as seguintes testemunhas, que poderão serencontradas no mesmo endereço do estabelecimento comercial suprareferido:____,____,____e____.3

Nesta oportunidade, renovo a Vossa Senhoria os meus protestos deelevadaestimaedistintaconsideração.

_______________

PromotordeJustiça

Ilmo.Sr.

Dr.____________.

DD.DelegadodePolíciadaComarcade____.

____.ºDistritoPolicial–Bairro____.

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1Oinquérito,porcrimedeaçãopúblicaincondicionada,podeserinstauradoporprovocaçãodoMinistérioPúblicooudoJuizdeDireito(art.5.º,II,CPP).PreferimosinserirummodeloderequisiçãodoMP,poisémaiscomumqueofaça.Omodelodomagistradoépraticamenteidêntico.

2Aqualificaçãoéimportanteparaqueaautoridadepolicialpossaencontrar,ouvire,seforocaso,indiciaroautordainfraçãopenal.Entretanto,seoMinistérioPúbliconãoativer,cabeaodelegadoinvestigararespeito.

3Fornecer,sepossível,aqualificaçãodetodas.

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8.º)Requerimentodoofendidoparainstauraçãodeinquéritopolicial

Ilmo.Sr.Dr.DelegadodePolíciadaComarca____.1

“I”,brasileiro,casado,empresário,titulardoRGn.º____edoCPFn.º ____, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua ____, n.º____,bairro____,telefone____,vem,2respeitosamente,àpresençadeVossaSenhoriarequerera

INSTAURAÇÃODEINQUÉRITOPOLICIAL,

paraapurarapráticadocrimedeviolaçãodedireitoautoral(art.184,§2.º,CP),pelosseguintesmotivos:

1.Orequerenteéautordoromanceintitulado____,aserpublicadopelaeditora____,embreve,conformecontratodeediçãocelebradono dia ____ (cópia anexa). Ocorre que, nesta data, tomouconhecimento de estar sendo sua obra impressa e distribuída pelaeditora ____, situada nesta cidade, na Rua ____, n.º ____, com aqual não possui contrato, nem lhe foi entregue cópia do trabalhoparaserpublicado.

2. Agindo os proprietários da editora não autorizada, ____(qualificação)e____(qualificação),comointuitodelucro,cuida-se de ação pública incondicionada,3 propiciando a atuação eintervenção de Vossa Senhoria, inclusive para o fim de busca eapreensão dos exemplares produzidos sem minha expressaconcordância.4

Termos em que, colocando-me à disposição para ser formalmenteouvido,bemcomoindicandoabaixotestemunhasdoocorrido,

Pededeferimento.

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Comarca,data.

_______________

Vítima

Testemunhas:

_______________(qualificação)

_______________(qualificação)

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1Sehouverváriosdistritos,deve-semencionaraautoridadedaáreaondeocrimesedeu.

2Orequerimentopodeserfeitoporadvogado,bastandoapresentarprocuraçãoouassinandooofendidojuntamentecomoadvogado.

3 Quando se tratar de crime de ação privada, pode a vítima apresentar requerimento para a instauração de inquérito,igualmente, pois toda ação penal deve ter justa causa, isto é, a petição inicial precisa ser acompanhada de prova pré-constituída,compoderesespecíficosnaprocuraçãodoadvogado.

4Sobreoprocedimentoaserutilizadonestecaso,consultarosarts.530-BeseguintesdoCPP.

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14)Representaçãodaautoridadepolicialpelabuscaeapreensão

Dependência:____.ªDelegaciadePolícia

Inquéritopolicialn.º____

REPRESENTAÇÃOMANDADODEBUSCA1EAPREENSÃO2

MM.Juiz

Tem esta a finalidade de informar a Vossa Excelência que, no dia____,determineiainstauraçãodeinquéritopolicialparaapuraroscrimes de ameaça e injúria que teriam sido cometidos por “D”,qualificadonosautos,contraavítima“H”.

Conforme as provas até o momento colhidas, bem como levando emconsideraçãoarepresentaçãoformuladapeloofendidonosentidodeserapuradaapráticadasinfraçõessupramencionadas,evidenciou-seteroindiciado“D”,porintermédiodaexpediçãodeinúmerose-mailsàvítima,utilizadoasseguintesexpressões:“Prepare-se,poisvoutematar”;“Vagabundocomovocêtemquemorrer”;“Animal,palhaço,covarde, suas atitudes vão lhe custar muito caro”; “Seu ladrão,conheçobemgentedasualaia”,dentreoutras.

Observe-sequeoofendidoexibiucópiasimpressasdessese-mailsquelhe teriam sido enviados pelo indiciado. Investigando sua vidapregressa,constatou-sequeháinquéritoinstauradocontraeleparaapurar o delito de lesões corporais, cuja vítima “B” ofereceurepresentação,bemcomohá,ainda,outrainvestigaçãoemandamentopelo crime de ameaça contra “M”, que, igualmente, ofereceurepresentação.

Ante o exposto, para que a investigação tenha maior êxito, com ointento de realização de prova pericial, encaminhados a Vossa

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Excelênciaestarepresentação,combasenoart.240,§1.º,eeh,doCódigodeProcessoPenal,paraquesejaexpedidoodevidomandadodebuscaeapreensão,asercumpridonaresidênciade“D”,situadaàRua ____, n.º ____, nesta Comarca, com o fim de apreender o(s)computador(es) encontrados no local, de onde, provavelmente, foramexpedidosose-mailssupramencionados.3

Comarca,data.

_______________

Autoridadepolicial

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1Preceituaoart.5.º,XI,daCFseracasa“asiloinvioláveldoindivíduo,ninguémnelapodendopenetrarsemconsentimentodomorador,salvoemcasodeflagrantedelitooudesastre,ouparaprestarsocorro,ou,duranteodia,pordeterminaçãojudicial”.Por isso, a autoridade policial necessita de mandado judicial para ingressar no domicílio do indiciado e, eventualmente,apreenderseuspertences.

2Lembremosqueabuscaeaapreensãopodemseratosisoladosoupraticadosemconjunto(verasnotas1e2aoLivroI,TítuloVII,CapítuloXIdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado).

3Conformeestipulaoart.243doCPPomandadodeveseromaisprecisopossívelquantoaolocal,omoradoreafinalidadedadiligência.

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15)Representação 1 daautoridadepolicialpelaquebradesigilobancáriooufiscal2

Distrito:____.ªDelegaciadePolícia

InquéritoPolicialn.º____

MM.Juiz

No dia ____, determinei a instauração de inquérito para apurar ocrimederoubo,comempregodearmadefogo,cometidopor“A”e“B”contra o estabelecimento comercial denominado “Supermercado X”,situadonestaComarca,naRua____,n.º____,deondesubtraíramaquantiadeR$30.000,00.

Conforme as provas até o momento colhidas, apurou-se que parceladesse montante resultou de cheques emitidos por clientes doestabelecimento e que foram depositados na conta corrente de “C”,algunsdiasapósoevento.

Ouvidos,osclientesqueemitiramosreferidoschequesapresentaramamicrofilmagemdostítulosdevidamentecompensados.Poroutrolado,verificou-seque“C”foifuncionáriodo“SupermercadoX”,tendosidodemitidoalgumassemanasantesdaocorrênciadoroubo.

Diante dos indícios de participação de terceiro na atividadecriminosa de “A” e “B”, para melhor apurar os fatos, represento aVossaExcelênciapelaquebradosigilobancáriode“C”,quepossuiaconta n.º ____, no Banco ____, Agência ____, determinando àmencionada instituição que envie a esta Delegacia o cadastro e oextratodoinvestigado,constandooregistrododiaemqueforamoschequesdepositadosequalodestinododinheiroapurado.

Comarca,data.

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_______________

Autoridadepolicial

Exmo.Sr.

Dr.JuizdeDireitoda____.aVaraCriminal

Comarca____.

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1Omesmomodelopodeserutilizadoparaaquebradosigilofiscal,promovendoasdevidasadaptações.

2 O sigilo bancário encontra amparo constitucional: “art. 5.º, X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e aimagemdaspessoas,asseguradoodireitoaindenizaçãopelodanomaterialoumoraldecorrentedesuaviolação”(grifamos).Somentepodeserquebradoporordemjudicial,comoregra.

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16)Representaçãodaautoridadepolicialpelaquebradesigilodedadostelefônicos

A autoridade policial instaurou inquérito, at endendo requisição judicial, t endo em vist a que o juiz presidente doTribunal do Júri, dias antes da sessão de julgamento de determinado réu, obteve a informação de que juradosestariamsendoameaçadosport elefoneadecidiremfavordoacusado.Alist aparaasessãojáforapublicada,comoconhecimentodeváriaspessoas.Cuidando-se,emtese,docrimedecoaçãonocursodoprocesso,comosdepoimentosdosjuradosameaçadosjácolhidos,hánecessidadedesedescobriraautoria.Porisso,arepresentaçãopelaquebradosigilodedados.

____.ºDistritoPolicialdaComarca____.

Inquériton.º____

Ofícion.º____

REPRESENTAÇÃOPELAQUEBRADESIGILODEDADOSTELEFÔNICOS

Comarca,data.

MeritíssimaJuíza

Instaurou-se a presente investigação policial atendendo-se àrequisição enviada pelo MM. Juiz Titular da ____.ª Vara do JúridestaComarca,noticiandofatosgraves,quelheforamtransmitidospelos jurados alistados no Tribunal Popular. Segundo a narrativafeitaporváriosdelesdiretamenteaomagistrado,algunsdiasantesda sessão de julgamento designada para analisar o processo-crimemovido pelo Ministério Público contra o réu “O”, uma série detelefonemasanônimosfoifeitaparaassuasresidências,comgravesameaças,visandoumveredictofavorávelaoacusado.

Asessãofoiadiadaeosjuradosalistadosforamouvidos(fls.____,____,____e____),confirmando,deformaharmônica,quereceberam

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ameaçasparavotarfavoravelmenteaoréu.Entretanto,nãoseapurou,ainda,aautoriadocrimedecoaçãonocursodoprocesso(art.344,CP).

Ouvido,oréunaquelefeitonegouqualquerinterferênciaeafirmouque pode ter sido obra de algum inimigo seu, justamente com ointuitodeprejudicá-lo,massemfornecerqualquernomeouindicaçãomaisprecisa.

Comafinalidadededarprosseguimentoàinvestigação,REPRESENTOaVossa Excelência pela quebra do sigilo de dados dos telefones dosjuradosameaçados(números____e____daempresa____),nosúltimosdois meses, bem como do acusado (número ____ da empresa ____) noprocessoquetramitanaVaradoJúri.1Depossedessesdados,haverácondiçãodeseencaminharapuraçãomaisdetalhadaacercadaautoria,lembrando que há forte suspeita de ter sido o réu o autor dasameaças,deformadiretaouporinterpostapessoa,bemcomoporqueaprovadepende,fundamentalmente,doconhecimentodetaisregistros.

Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência os meus protestos deestimaeconsideração.

_______________

Autoridadepolicial

ExcelentíssimaSenhora

Dra.____

Meritíssima Juíza de Direito da ____.ª Vara Criminal da Comarca____.2

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1Hápolêmicaquantoàpossibilidade jurídicadesedecretaraquebradosigilodedadostelefônicos(registrodas ligaçõesefetuadasdedeterminadoaparelho),poisoart.5.º,XII,daCF, teria feitomençãoapenasàpossibilidadede interceptaçãotelefônica(conhecimentodasconversasentreinterlocutores).Nãosepretendeingressarnessedebatenestaobra.Sugere-seconsultaànota34aoart.157,donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

2Quandoexistente,arepresentaçãoseráencaminhadaaoDepartamentoouVaraEspecializadaemInquéritos.

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17)Representaçãodaautoridadepolicialpelainterceptaçãotelefônica

Aautoridadepolicialinstaurouinquéritoparaapurarváriosroubosdecargasdeveículosdet ransporteocorridosemumadeterminadaregião,emcurtoespaçodet empo.Ouvidosváriosdepoimentos,inclusiveasdeclaraçõesdasvít imas,obt iveram-se indícios suf icientesdaatuaçãodeumaassociação criminosaespecializadanessa infraçãopenal. Comoobjet ivodemonitorarasconversast elefônicasent reosintegrantessuspeitos,representapelainterceptação.

____.ºDistritoPolicialdaComarca____

Inquériton.º____

Ofícion.____

REPRESENTAÇÃOPELAINTERCEPTAÇÃOTELEFÔNICA

Comarca,data.

MeritíssimoJuiz

Instaurou-seapresenteinvestigaçãopolicialparaapuraroroubodecargas de veículos de transporte, ocorridas nas últimas semanas,sempre na Rodovia ____, entre os quilômetros ____ e ____, dando aentender tratar-se de associação criminosa especializada nessaespéciedeinfraçãopenal.

Asvítimasforamouvidasecontribuíramparaarealizaçãodoretratofaladodossuspeitos(fls.____).Estes,conformeindicaolivroderegistro de fotografias de indiciados por roubo neste Estado,coincidemcomosseguintessuspeitos:____.

Hátestemunhas,igualmente,queviramaocorrênciadedeterminadosroubos,proporcionandoamesmadescriçãofeitapelosofendidos.

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Com a finalidade de dar prosseguimento à investigação, antes dealertarossuspeitosparaadescobertaoraempreendida,REPRESENTOaVossa Excelência pela interceptação telefônica dos seguintesnúmeros:____,nostermosdoart.3.º,I,daLei9.296/96.

Taldiligênciaéindispensávelàapuraçãododelitoemtela,poisasassociações criminosas que agem na região dispõem de sofisticadoesquemadeatuação,oquedificulta,sobremaneira,arealizaçãodeprisãoemflagrante.

Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência os meus protestos deestimaeconsideração.

_______________

Autoridadepolicial

ExcelentíssimoSenhor

Dr.____________

Meritíssimo Juiz de Direito da ____.ª Vara Criminal da Comarca____.1

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1Quandoexistente,arepresentaçãoseráencaminhadaaoDepartamentoouVaraEspecializadaemInquéritos(ex.:emSãoPaulo,háoDIPO–DepartamentodeInquéritosPoliciais).

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19)Representaçãodaautoridadepolicialpelaapreensão

Dependência:____.ªDelegaciadePolícia

Inquéritopolicialn.º____

REPRESENTAÇÃO

MANDADODEAPREENSÃO1-2

MM.Juiz

Tem esta a finalidade de informar a Vossa Excelência que, no dia____,determineiainstauraçãodeinquéritopolicialparaapurarocrime de maus-tratos, com suspeita de lesão grave, que teria sidocometidopor“M”e“V”,qualificadosnosautos,contraavítima“L”.

Conformeasprovasatéomomentocolhidas,apurou-sequeocasal“M”e“V”vivemnasruas,semendereçofixo,carregandoconsigoamenor“L”,nãopermitindoqueestasesubmetaaexamedecorpodedelito,nemtampoucosejadevidamentecuidada.

Éfundamentalresguardaraintegridadedavítima,inclusive,sendoocaso,colocando-seemlarsubstituto.Paratanto,nãotendohavidohipótesedeflagrante,necessita-sedaordemjudicialdeapreensãoparaque,legitimamente,seja“L”recolhidadaesferadeatuaçãodeseuspais.

Ante o exposto, para que a investigação tenha maior êxito, com ointentoderealizaçãodeexamedecorpodedelito,preservando-seaintegridade da menor, encaminho a Vossa Excelência estarepresentação,combasenoart.240,§1.º,g,doCódigodeProcessoPenal,paraquesejaexpedidoodevidomandadodeapreensão,asercumpridoemlocalpúblico,comofimdeapreender“L”.3

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Comarca,data.

_______________

Autoridadepolicial

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1Preceituaoart.5.º,XI,daCFseracasa“asiloinvioláveldoindivíduo,ninguémnelapodendopenetrarsemconsentimentodomorador,salvoemcasodeflagrantedelitooudesastre,ouparaprestarsocorro,ou,duranteodia,pordeterminaçãojudicial”.Entretanto,quandosetratadelocalpúblico,nãohánecessidadedemandadodebusca.

2Aapreensãoéumamedidaassecuratóriacuja finalidadeéacoletadeobjetosou instrumentos interessantesàprovaounecessáriosparaoconfiscoouparaadevoluçãoaquemdedireito(verasnotas1e2aoLivroI,TítuloVII,CapítuloXIdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado).

3Conformeestipulaoart.243doCPPomandadodeveseromaisprecisopossívelquantoaolocal,omoradoreafinalidadedadiligência

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20)Representaçãodaautoridadepolicialpelabusca

Dependência:____.ªDelegaciadePolícia

Inquéritopolicialn.º____

REPRESENTAÇÃOMANDADODEBUSCA1-2

MM.Juiz

Tem esta a finalidade de informar a Vossa Excelência que, no dia____,determineiainstauraçãodeinquéritopolicialparaapurarocrimedehomicídio,queteriasidocometidopor“E”,qualificadonosautos,contraavítima“G”.

Conforme as provas até o momento colhidas, surge a necessidade deser realizado o exame de local, fotografando-se o ambiente para acomposiçãodolaudotécnico.Entretanto,afamíliadavítimanega-seapermitiraentradadaperíciatécnicanodomicílio,possivelmentepelotraumacausadopelocrime.

Cuidando-sededelitodacompetênciadoTribunaldoJúri,torna-semuitoimportantearetrataçãodolocaldodelitoparaconhecimentodosjurados.Esclareçonãotersidopossívelapreservaçãodolugar,nostermosdoart.169doCódigodeProcessoPenal,poisocorpofoiremovidoporfamiliares,levando-oaohospitalparaprestarsocorro,deixandooimóvelfechado.

Diante disso, quando nossa equipe dirigiu-se ao local, houveimpedimento de acesso ao imóvel, razão pela qual se necessita deautorizaçãojudicialparaolegítimoingresso.

Ante o exposto, para que a investigação tenha maior êxito, com ointento de realização de prova pericial, encaminho a Vossa

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Excelênciaestarepresentação, combase noart.240, §1.º, h, doCódigodeProcessoPenal,paraquesejaexpedidoodevidomandadodebusca,asercumpridonaresidênciade“D”,situadaàRua____,n.º____, nesta Comarca, com o fim de examinar o local e elaborar olaudo.3

Comarca,data.

_______________

Autoridadepolicial

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1Preceituaoart.5.º,XI,daCFseracasa“asiloinvioláveldoindivíduo,ninguémnelapodendopenetrarsemconsentimentodomorador,salvoemcasodeflagrantedelitooudesastre,ouparaprestarsocorro,ou,duranteodia,pordeterminaçãojudicial”.Por isso, a autoridade policial necessita de mandado judicial para ingressar no domicílio do indiciado e, eventualmente,apreenderseuspertences.

2Abuscaéummovimentoinvestigatório,cujafinalidadeédescobrirprovasouobjetosinteressantesaoprocesso.Podeseracompanhadadamedidadeapreensãoouserexecutadaisoladamente(verasnotas1e2aoLivroI,TítuloVII,CapítuloXIdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado).

3Conformeestipulaoart.243doCPPomandadodeveseromaisprecisopossívelquantoaolocal,omoradoreafinalidadedadiligência

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21)Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodamedidacautelardeinternaçãoprovisória

____.ªDelegaciadePolíciadaComarcade____.

Inquéritopolicialn.º____

Naturezadainvestigação:estupro

Vítima:____

Indiciado:____

REPRESENTAÇÃOPELADECRETAÇÃODEINTERNAÇÃOPROVISÓRIA1

MM.Juiz

Instaurou-se inquérito policial para apurar o crime de estupro,cometidocomempregodeviolênciareal,por“O”,qualificadoafls.____,tendoporvítima“K”,aindanãoconcluído.Apósavítimaterregistrado a ocorrência e apresentado representação, váriasdiligênciasforamempreendidasetestemunhas,ouvidas.

Em interrogatório nesta unidade policial, observou-se que oindiciadodeumostradenãocompreenderocaráterilícitodofatoàépoca da sua realização, porque, possivelmente, é portador deenfermidademental,aindanãodiagnosticada.

Éimprescindívelarealizaçãodoexamedeinsanidademental,aindaduranteafasedoinquérito,bemcomodeveoindiciadoserinternadoprovisoriamente,evitando-seacontinuidadedeseusatosagressivos,bemcomoparasuaautopreservação.

Anecessidadedamedidadeve-seaexpressaprevisãolegal(art.319,VII, CPP) para evitar a prática de outras infrações penais; aadequaçãosemostrapelagravidadedodelito,consideradohediondo,alémdoindiciadonãoterparadeirofixo.2

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Anteoexposto,comamparonoart.282,§2.º,c.c.art.319,VII,doCódigodeProcessoPenal,estaAutoridadePolicialrepresentaaVossa Excelência pela decretação da medida cautelar de internaçãoprovisória, enquanto se desenvolve o exame de insanidade mental,paraquepossaserconcluídaacolheitadeprovas.

Eraoquetinhaaponderarnomomento,apresentandocópiadoboletimdeocorrênciaedosdepoimentosatéentãocolhidos.

Comarca,data.

_______________

Autoridadepolicial

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1 A internação provisória é umamedida cautelar inserida no Código de Processo Penal, com a finalidade de recolher ahospitaldecustódiaetratamentooindiciadoconsideradoinimputávelousemi-imputável,desdequenecessário.Emboraoart.319,VII,mencioneasuaviabilidadequandoosperitosconcluíremserinimputávelousemi-imputável,dandoaentenderqueamedidasomenteteriacabimentoapósoexamedeinsanidademental,nãosedeveaguardarafinalizaçãodetalexame,poisoriscoparaasegurança,enquantooagenteseencontraemliberdade,podeserelevado.Maisadequadoquedecretaraprisãopreventivaéaaplicaçãodainternaçãoprovisória.

2Anecessariedadeeaadequabilidadesãoos requisitosparaadecretaçãodamedidacautelarprovisória (art.282, Ie II,CPP).

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22)Decisãojudicialdedecretaçãodabuscaeapreensão

____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Vistos.

Trata-se de representação formulada pela Autoridade Policial do____.º Distrito Policial desta Comarca, relatando o trâmite deinquérito policial para apurar a prática dos crimes de ameaça einjúria,queteriamsidocometidospor“D”,jáindiciado,contraavítima“H”,queapresentourepresentação.

Observa-se que as mensagens ameaçadoras e injuriosas foramtransmitidaspore-mail,logonoiníciodestemês,fazendocomqueavítima,médico,sofresseprejuízoemsuaatividadeprofissional,umavezquedeixoudeiraoconsultórioportemerrepresáliadapartede“D”.

Os fatos narrados permitem visualizar a gravidade da situação,inclusivecompossibilidadedeconcretizaçãodasameaças,atéporquenão se sabe o grau de probabilidade de o indiciado efetivamenteagir,poisjáseencontrainvestigadoporlesõescorporaiseoutraameaça.

A medida pleiteada é viável e servirá para a melhor elucidação dofato, bem como de sua autoria, podendo-se submeter à períciaeventual computador apreendido, avaliando-se o conteúdo do discorígidoedosarquivosnelegravados.

Nos termos da representação, presentes o fumus boni iuris2 e opericulum in mora,3 defiro a expedição de mandado de busca eapreensão,paraofimde,ingressandonodomicíliode“D”,duranteodia,situadoàRua____,n.º____,nestacidade,procedaàbuscadocomputador de onde partiram os e-mails contendo as ameaças,

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apreendendo exclusivamente essa máquina, ligada, pois, aos fatoscriminososretratadosnoinquérito.Omandadodevesercumpridonoprazodecincodias,vedadaacoberturapelaimprensa,elaborando-seautodeexibiçãoeapreensão,seforocaso.

Apósodecursodoprazodequinzedias,solicitem-seinformaçõesàAutoridadePolicialacercadoandamentodainvestigaçãopolicial.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1 O pedido pode ser examinado por Departamento ou Vara específica de Inquéritos Policiais, dependendo da lei deorganizaçãojudiciárialocal.

2“Fumaçadobomdireito”,significandoquehárespaldolegalefatosjustificadoresdamedida.

3“Perigonademora”,oquejustificaaurgênciadopedidoedaconcessãodamedida,paraqueaprovanãoseperca.

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23)Decisãojudicialdequebradesigilobancáriooufiscal1

____.ªVaraCriminaldaComarca____.2

Vistos.

Trata-se de representação formulada pela autoridade policial do____.º Distrito Policial desta Comarca, relatando o trâmite deinquérito policial para apurar a prática do crime de roubo, queteria sido cometido por “A” e “B”, já indiciados, contra o“Supermercado X”, resultando na subtração de R$ 30.000,00. Partedesse montante resulta de cheques emitidos por clientes doestabelecimento.

Apurou-se que os títulos de crédito foram depositados na contacorrente de “C”, ex-funcionário do supermercado, possivelmentepartícipedoevento.

Os fatos narrados permitem visualizar a gravidade da situação,inclusivecompossibilidadedeconcretizaçãodamedidaassecuratóriadesequestro,casofiquedemonstradaaorigemilícitadodinheiro,comoprodutodorouboocorrido.

A medida pleiteada é viável e servirá para a melhor elucidação dofato,bemcomodaeventualparticipaçãodeterceiro.

Nos termos da representação, presentes o fumus boni iuris3 e opericulum in mora,4 defiro a quebra do sigilo bancário de “C”,expedindo-se ofício ao Banco ____, Agência ____, para que envie aeste juízo, em caráter sigiloso, o cadastro e o extrato da contacorrente n.º ____, com destaque para o período de ____. Oestabelecimentobancárioteráoprazode15diasparaaresposta.

Comarca,data.

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_______________

JuizdeDireito

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1 O mesmo modelo pode ser utilizado para a decretação da quebra do sigilo fiscal, feitas as devidas adaptações. Porexemplo,aviolaçãodosigilo fiscalnãodariaensejoaosequestrodiretodebens,massomenteà localizaçãodevaloresaserembuscadosemoutroslugares.

2 O pedido pode ser examinado por Departamento ou Vara específica de Inquéritos Policiais, dependendo da lei deorganizaçãojudiciárialocal.

3“Fumaçadobomdireito”,significandoquehárespaldolegalefatosjustificadoresdamedida.

4“Perigonademora”,oquejustificaaurgênciadopedidoedaconcessãodamedida,paraqueaprovanãoseperca.

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24)Decisãojudicialdequebradesigilodedadostelefônicos

____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Inquériton.º____

Ofícion.º____

Vistos.

Trata-se de representação da autoridade policial pela quebra dosigilodedadostelefônicosdeváriosnúmeros,relacionadostantoàsvítimasdocrimedecoaçãonocursodoprocesso,quantodosuspeito,comoobjetivodeaclararaautoriadareferidainfraçãopenal.

Instaurou-seinquéritopolicialeváriosdepoimentosforamcolhidos,restandoinduvidosaamaterialidadedodelito,mashavendoabsolutanecessidadedesedetectar,comsegurança,aautoria.

Segundo nos parece, a Lei 9.296/96, autorizando a interceptaçãotelefônica, que significa tomar conhecimento da conversa mantidaentre duas ou mais pessoas pela comunicação estabelecida poraparelho de telefone, terminou regulando a mais grave violação daintimidade alheia. Logo, apurar quais são os dados constantes nosregistros da empresa administradora das linhas enumeradas narepresentaçãoémenosinvasivo,razãopelaqualigualmenteválido.

Normasconstitucionais,aindaqueestabeleçamdireitosougarantias,não têm caráter absoluto, devendo harmonizar-se com outras,identicamenterelevantes.Ocrimedecoaçãonocursodoprocessoégrave, apenado com reclusão, esgotando a autoridade policial asdiligências cabíveis para apurar a sua autoria, restando, pois,conhecer os registros das ligações telefônicas realizadas para asresidências dos jurados nos últimos dois meses para verificar aautoriadainfraçãopenal(art.2.º,Lei9.296/96).

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Justificadaaindispensabilidadedamedida,nãosomentepelofumusboniiuris,2massobretudopelopericuluminmora,3poisasessãodejulgamentodoTribunaldoJúrifoiadiadaatéqueestainvestigaçãotenhaefeito,defiroaquebradosigilodedadosdaslinhas____,4

nosúltimosdoismeses.

Em segredo de justiça, oficie-se à empresa de telefonia para quesejamadotadososprocedimentosnecessáriosàexecuçãodamedida.

Comunique-seàautoridadepolicialeaoMinistérioPúblico.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1QuandohouvernaComarca,adecisãoseráproferidaporDepartamentoouVaraEspecializadaemInquéritos.

2Significa“fumaçadobomdireito”.

3Significa“perigonademora”.

4Enumerar todasasque foram indicadasnoofíciodaautoridadepolicial,quecontamcomaconcordânciado juizparaaobtençãodosdados.

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25)Decisãojudicialdeautorizaçãoparainterceptaçãotelefônica

____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Inquériton.º____

Ofícion.º____

Vistos.

Trata-se de representação da autoridade policial pela autorizaçãopara realização de interceptação telefônica de vários números,relacionadosaossuspeitosdapráticadeseguidosroubosdecargas,ocorridosnamesmaregião,comomesmomododeagir,visandoaclararaautoriadareferidainfraçãopenal.

Instaurou-seinquéritopolicialeváriosdepoimentosforamcolhidos,restandoinduvidosaamaterialidadedodelito,mashavendoabsolutanecessidadedesedetectar,comsegurança,aautoria.

Asvítimasforamouvidaseforneceramadescriçãodossuspeitos,quecoincidecomosregistrosfotográficosdeindiciadosporroubosdecarga já identificados criminalmente. O mesmo ocorreu com astestemunhasinquiridas(fls.____).

Justificadaaindispensabilidadedamedida,nãosomentepelofumusboni iuris,2 mas sobretudo pelo periculum in mora,3 pois aassociação criminosa eventualmente existente pode dar conta dainvestigação,alterandoseucampodeatuação,bemcomofundadonosarts. 2.º, 4.º e 5.º da Lei 9.296/96, defiro a interceptação dosseguintesnúmeros:____,4peloprazodequinzedias.

Em segredo de justiça, oficie-se à empresa de telefonia para quesejamadotadososprocedimentosnecessáriosàexecuçãodamedida.

Comunique-seàautoridadepolicialeaoMinistérioPúblico.

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Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1QuandohouvernaComarca,adecisãoseráproferidaporDepartamentoouVaraEspecializadaemInquéritos.

2Significa“fumaçadobomdireito”.

3Significa“perigonademora”.

4Indicá-losumaum,nadecisão,paramaiorsegurança.

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26)Decisãojudicialdedecretaçãodaapreensão

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

A autoridade policial representou pela expedição de mandado deapreensão,comafinalidadederecolherdaviapúblicaamenor“L”,que seria vítima de maus-tratos, com suspeita de lesão corporalgrave,porpartedeseuspais“M”e“V”.

Váriasprovasjáforamcolhidas,inclusivetestemunhais,indicandoamaterialidadedainfraçãopenaleindíciossuficientesdeautoria,restandoefetivaroexamedecorpodedelitoemrelaçãoàvítima.

Considera-se a indispensabilidade do mandado de apreensão para atomadadamenordoâmbitodevigilânciaeguardadeseuspais,bemcomoaimportânciaderesguardarasuaincolumidadefísica.

OmembrodoMinistérioPúblicoopinoupelaexpediçãodomandadodeapreensão.

Ante o exposto, para que a investigação tenha maior êxito, com ointentodesalvaguardarointeressedavítima,fundamentadonoart.240,§1.º,g,doCódigodeProcessoPenal,determinoaexpediçãodomandadodeapreensão,asercumpridonaviapública,nobairro____,nestaComarca,comafinalidadederecolheramenor“L”,conduzindo-aparalarsubstitutoatéposteriordecisãodestejuízo.

Comarca,data.

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JuizdeDireito

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27)Decisãojudicialdedecretaçãodabusca

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

Aautoridadepolicialrepresentoupelaexpediçãodemandadodebuscadomiciliar,comafinalidadederealizaroexamedelocal,ondesedeuocrimedehomicídio,alegandoqueafamíliadavítimarecusa-seapermitiroingressodaequipepericial.

Várias provas já foram colhidas, inclusive testemunhais, faltandoesseexamepericialparaaconclusãodoinquérito.

Considera-seaindispensabilidadedomandadodebuscaparaaentradaem domicílio, bem como a importância da prova para efeito deesclarecimentodosjurados,casohajaapronúnciaeencaminhamentodofeitoaoTribunaldoJúri.

OmembrodoMinistérioPúblicoopinoupelaexpediçãodomandadodebusca.

Ante o exposto, para que a investigação tenha maior êxito, com ointentoderealizaçãodeprovapericial,fundamentadonoart.240,§1.º, h, do Código de Processo Penal, determino a expedição domandadodebusca,aserrealizadanaresidênciade“D”,situadanaRua ____, n. ____, nesta Comarca, com a finalidade de colhersubsídios para a elaboração do exame de local, fotografando-se eregistrando-seasimagensnecessárias.

Intime-seoréueseudefensor.

Comarca,data.

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_______________

JuizdeDireito

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28)Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativadeinternaçãoprovisória

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

A autoridade policial representou pela decretação da internaçãoprovisória do indiciado “O”, tendo em vista que, pelos documentosofertados,teriacometidoumestupro,comviolênciareal,contraavítima “K”, mostrando-se agressivo e perigoso a si mesmo e aterceiros.

Além disso, não tem paradeiro fixo, vagando pelas ruas, o quedificultasobremaneiraarealizaçãodoexamedeinsanidademental.

Para a decretação da medida cautelar, consistente na internaçãoprovisória, exige a lei processual penal a reunião de, ao menos,trêsrequisitos.Sãoeles:realizaçãodoexamedeinsanidademental,apontando a inimputabilidade ou a semi-imputabilidade; necessidadepara evitar a prática de novas infrações penais; adequaçãoconcernente à gravidade do delito e às condições pessoais doindiciado.

Emboraoincidentedeinsanidademental,paraapuraracapacidadedeentendimentodoilícitodoindiciado,estejaemandamento,manteroagenteemliberdadecolocaemriscoasegurançapúblicaetambémasuaprópriaintegridade.

Olaudodeexamedecorpodedelito(fls.___)comprovaasinúmeraslesõessofridaspelavítima,atestandooseugraudepericulosidade.

O membro do Ministério Público, ouvido, opinou favoravelmente à

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medida.

Anteoexposto,comfundamentonoart.282,§2.º,c.c.art.319,VII, do Código de Processo Penal, decreto a medida cautelar deinternaçãoprovisóriaemhospitaldecustódiaetratamento.

Emfacedaurgênciadasituação,deixodeouviroacusadoantesdadecretação, nos termos do art. 282, § 3.º, do Código de ProcessoPenal,quepoderásemanifestarapósaciênciadamedidaaplicada.

Expeça-seomandado.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1.

2.

3.

4.

Conceito

É o direito do Estado-acusação (Ministério Público) ou do ofendido de ingressar em Juízo,solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação da lei penal ao caso concreto,pleiteandoacondenaçãodepessoaconsideradaautoradeinfraçãopenal.

Finalidade

Pormeiodaaçãopenal,permite-seaoEstadoaefetivaçãododireitodepunir(iuspuniendi)emfacedo autor do crime. É a consagração do princípio constitucional do devido processo legal e seuscorolários,assegurandoaoacusadoampladefesaecontraditório.Semautilizaçãodademanda,oEstadonão tem legitimidade para aplicar qualquer sanção penal (exceto no caso de transação, no JuizadoEspecialCriminal,parainfraçõesdemenorpotencialofensivo).

Fundamentolegal

NaConstituição Federal, consultar o art. 5.º,XXXV (“a lei não excluirá da apreciação do PoderJudiciáriolesãoouameaçaadireito”)eLIX(“seráadmitidaaçãoprivadanoscrimesdeaçãopública,seestanãoforintentadanoprazolegal”).NoCódigodeProcessoPenal,consultarosarts.24a62.

Pontosrelevantes

4.1Perfil

A ação penal pode ser, conforme a iniciativa, pública ou privada. Promovida pelo MinistérioPúblico,épública.Iniciadapeloofendido,éprivada.Aaçãopenalpúblicadivide-seemincondicionada(aatuaçãodoMinistérioPúbliconãoestásujeitaanenhumtipodecondição)econdicionada(somentepodeagiroMinistérioPúblico,casoautorizadoporrepresentaçãodavítimaourequisiçãodoMinistrodaJustiça).

Para identificar a natureza da ação penal (se pública ou privada), torna-se necessário consultar oCódigoPenal.Emcadatipopenal(ex.:ameaça,art.147,parágrafoúnico,CP)ouemnormaespecífica,

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válidaparainúmerosdelitos(ex.:delitoscontraahonra,art.145,caput,CP),demonstra-seseraaçãopenal pública condicionada (“somente se procede mediante representação”) ou privada (“somente seprocedemediante queixa”). Na ausência demenção expressa na letra da lei penal, a ação é públicaincondicionada.

Excepcionalmente,quandooMinistérioPúblicodeixardeingressarcomaaçãopenalnoprazolegal(5 dias, em caso de réu preso; 15 dias, em situação de réu solto ou afiançado, art. 46,CPP), pode oofendido,porseuadvogado,proporaçãopenalprivadasubsidiáriadapública,pormeiodequeixa-crime(art.29,CPP).Estadeveserajuizadanoprazomáximodeseismeses(art.38,partefinal,CPP),acontardotérminodoperíodoparaoMPdenunciar;senãoofizer,cabeapenasaoMinistérioPúblicopromovê-la,desdequeapunibilidadenãoestejaextintapelodecursodoprazoprescricional.

4.2Prazo

Cuidando-sedeaçãopúblicaincondicionada,oMinistérioPúblicotemoprazodecinco(indiciadopreso)ouquinzedias(indiciadosolto)paraoferecerdenúncia,comomencionadonoitemanterior,porémesse prazo não é fatal. Em leis especiais, pode haver prazo diverso. Exemplo: o representante doMinistério Público possui dez dias para oferecer denúncia, quando o delito disser respeito a drogasilícitas,conformeprevêoart.54,caput,III,daLei11.343/2006,poucoimportandoseoindiciadoestápreso ou solto. Se for ultrapassado, o máximo que pode acontecer é dar margem a que o ofendido(quando houver) promova a ação penal privada subsidiária da pública.Entretanto, oEstado-acusaçãoestá sujeitoaoprazoprescricional (art.109,CP).Seeste foratingido,pereceapretensãopunitivadoEstado,julgando-seextintaapunibilidadedoacusado(art.107,IV,CP).

Quantoàaçãopenalpúblicacondicionada,oofendidotemoprazodeseismeses,acontardadataemque souber quem é o autor do crime (art. 38,CPP), para oferecer representação (ou seus sucessores,conforme art. 24, § 1.º,CPP). Se não agir nesse período, ocorrerá a decadência (perda do direito deação)e,consequentemente,provocaráaextinçãodapunibilidadedoacusado(art.107,IV,CP).

Aaçãoprivadadeveserintentadanoprazodeseismeses,acontardadataemqueavítimasouberqueméoautordainfraçãopenal(art.38,CPP).Omesmoprazoseaplicaaosseussucessores(art.31c/cart.38,parágrafoúnico,CPP).Senadaforfeito,ocorreráadecadência(perdadodireitodeação,comaconsequentedecretaçãodaextinçãodapunibilidadedoautordodelito).

Em qualquer caso – ação pública ou privada –, é essencial a colheita de prova pré-constituída,demonstrativa damaterialidade (existência do delito) e de indícios suficientes de autoria, conferindojusta causa para o ajuizamento da demanda. Sem provas, o ingresso de ação penal contra alguémconfigura constrangimento ilegal, sanável por meio de habeas corpus, visando ao trancamento dareferidademanda.

Oprocesso-crimenãopossuiprazoespecíficoparafindar.Apartirdorecebimentodadenúncia(ouqueixa),ojuizordenaacitaçãodoacusadopararesponderàacusação,porescrito,noprazodedezdias

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(art.396,caput,CPP).1Emsuaresposta,quecontinuamosadenominardedefesaprévia,poderáalegartoda matéria de seu interesse (preliminares invocando nulidades, oferecimento de documentos,especificação de provas, rol de testemunhas etc.). Na sequência, pode o magistrado absolvê-losumariamente,emqualquerdashipótesesmencionadaspeloart.397doCPP.Saliente-se,entretanto,serrara essa situação, vez que o recebimento da peça acusatória já pressupõe tenha o juiz verificado aexistênciadejustacausaparaaaçãopenal,tornando-sedifícil,combasenameraapresentaçãodedefesaprévia, encontrar subsídios suficientes para absolver o acusado. Não ocorrendo a hipótese deimprocedência de plano da ação, designa-se audiência para colher toda a prova oral (inquirição doofendido, das testemunhas de acusação e defesa, dos peritos, realização de acareações, dereconhecimentodepessoasecoisas,bemcomoointerrogatóriodoréu).Comometaideal,terminadaaproduçãodasprovas,aspartespromovemosdebatesoralmente,proferindoojuizasentença.Oprocessodevetranscorreremprazorazoável,dentrodadisponibilidadedaVara,conformeonúmerodefeitosemandamento.Emboraaleitenteestipulardeterminadosprazos,como,porexemplo,omáximode60diasparaqueojuizdesigneaaudiênciadeinstruçãoejulgamento(art.400,caput,CPP),cuida-sedeprazoimpróprio,ouseja,ultrapassado,pornecessidadedoserviço,nãohásanção.Logicamente,emcasoderéu preso, pode-se arguir o excesso e pleitear a sua soltura. Cremos que, nessa hipótese, o tribunaldeverá avaliar o motivo do atraso: se foi causado pelo magistrado, pelo Ministério Público ou pormanobra da própria defesa.Dependendo da situação apurada, caberá a revogação da prisão cautelar,quando a lentidão tiver origem em ato judicial ou atividade da acusação, ou será ela mantida, se oretardamentoforprovocadopeladefesa.Aregraapreponderar,portanto,éautilizaçãodoprincípiodarazoabilidadeparaavaliar,nocasoconcreto,aduraçãodaprisãocautelar.Consultarasnotas7-Aaoart.311e22aoart.648donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4.3Inícioetérmino

Dá-seo iníciodaaçãopenal comooferecimentodadenúnciaouqueixa.Quandoo juiz recebe apeçaacusatória,ocorreoajuizamentodaaçãopenal,istoé,consolida-searelaçãoprocessual,devendohaver o chamamento do réu a juízo, através da citação, para defender-se, pois há justa causa para oprocessocriminaldesenvolver-se.Finaliza-seoprocessodeconhecimentocomaprolaçãodasentença.Se for condenatória, espera-se o trânsito em julgado para dar início ao processo de execução,normalmenteemVaraespecializada(VaradaExecuçãoCriminal–VEC).

Quanto à propositura da ação, se o Ministério Público não o fizer no prazo legal, legitima-se oofendidoaingressarcomaaçãoprivadasubsidiáriadapública,nostermosdoart.29doCPP.

4.4Desistênciadaaçãopenal

O Ministério Público não pode desistir da demanda (art. 42, CPP), em virtude do princípio daobrigatoriedadedaaçãopenalpública.Quandosetratardeaçãoprivada,adesistênciaéadmissível.Na

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5.

realidade,hádoismomentosparaisso:a)antesdoajuizamentodaação,oofendidopoderenunciaraodireitodequeixa;essa renúnciaéunilateralenãodependedaconcordânciadoagressor;b)depoisdoajuizamento da demanda, o querelante (vítima) pode perdoar o agressor; esse perdão, no entanto, ébilateral, dependente da aquiescência do querelado (autor do fato). Consolidando-se a renúncia ou operdão, julga-se extinta a punibilidade do agente (art. 107, V, CP). No caso de ação penal públicacondicionada,admite-searenúnciaaodireitoderepresentaçãoporpartedavítima.Entretanto,sehouverarepresentaçãoeoMinistérioPúblico ingressarcomademanda,nãomaispoderáocorrerdesistência(art.25,CPP).

4.5Conteúdodadenúnciaouqueixa

Oart.41doCódigodeProcessoPenalestabeleceosrequisitosdapeçainicial:a)exposiçãodofatocriminoso(éotipobásico,ouseja,afiguracentraldodelito;exemplo:mataralguém,nohomicídio,art.121,caput,CP);b) todasascircunstânciasdofatocriminoso(éo tipoderivado,significandotodasasqualificadorasoucausasdeaumentoexistentes; exemplo:motivo fútil emeiocruel,nohomicídio, art.121,§2.º,IIeIII,CP);c)qualificaçãodoacusado(elementosquepossamindividualizá-lo,taiscomo:nome,filiação,nacionalidade,profissão,RG,CPF,endereçoetc.;normalmente,essesdadosjáconstamdoinquérito,colhidosqueforamnomomentodoindiciamento,razãopelaqual,napeçaacusatória,faz-seconstar apenas a referência:qualificadoa fls., indicando o inquérito); d) classificação do crime (é aindicaçãodoartigodaleipenalnoqualestáincursooacusado;exemplo:art.121,caput;art.155,§1.º;art.171,caput,CP);e)roldetestemunhas(éomomentooportunoparaoórgãoacusatóriooferecerassuastestemunhas,seastiver).

Os elementos essenciais, dos quais não se pode prescindir, sob pena de prejudicar seriamente adefesadoacusado,sãoosdoisprimeiros(descriçãodofatocriminosocomtodasassuascircunstâncias).A qualificação do réu, se não puder ser obtida, pode-se substituir por sua identificação criminal(impressõesdactiloscópicas,foto,examedeDNA).Aclassificação,seforomitidaouequivocada,nãoafeta o teor da imputação, pois o acusado se defende de fatos e não de artigos legais. O rol detestemunhaséfacultativo.

Procedimentosesquemáticos

1.º)Identificaçãodemodalidadedeação

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2.º)Identificaçãoderito

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3.º)Comum(ordinário)

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4.º)Sumaríssimo

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5.º)Especiais–Crimesderesponsabilidadedefuncionáriopúblico

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6.º)Especiais–Crimescontraapropriedadeimaterial(açãopública)

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7.º)Especiais–Crimescontraapropriedadeimaterial(açãoprivada)

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8.º)Especiais–Crimesfalimentares–Falênciasanterioresa09.06.2005

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9.º)Especiais–Crimesfalimentares–Condutasocorridasapós09.06.2005

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10)Especiais–ProcedimentoprevistonaLeideDrogas–11.343/2006

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11)Especiais–ProcedimentoparacondutasalcançadaspelaLei11.340/2006–ViolênciaDoméstica

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12)Especiais–Resumodeteses–Faltadejustacausa

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13)Especiais–Resumodeteses–Nulidadeprocessual

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14)Termosparaidentificaçãodomomentoenfrentadonapersecuçãopenal

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15)Princípiosconstitucionaisexplícitosdoprocessopenal

PRINCÍPIOSCONSTITUCIONAISEXPLÍCITOSDOPROCESSOPENAL

PRINCÍPIOS RESPALDOLEGAL TEORIA OBJETIVO

Princípiodapresunçãodainocência

Artigo5.°,LVIIdaCFTambémconhecidocomoprincípiodoestadodeinocênciaounãoculpabilidade:todoacusadoéinocenteatésentençacondenatóriatransitadaemjulgadoqueodeclareculpado

Garantirqueônusdaprovacabeàacusação:nãoprovadaaimputação,insustentávelacondenação

Princípiodaampladefesa Artigo5.°,LVdaCFAoréuéconcedidoodireitodesevalerdeamploseextensosmétodosparasedefenderdaacusaçãodoEstado/vítima

Garantirvastapossibilidadedoacusadosedefender,proporequestionarprovas,participareinterviremtodososatosjudiciais

Princípiodaplenitudedadefesa

Artigo5.°,XXXVIII,alíneaadaCF

NosjulgamentosfrenteaoplenáriodoJúri,defesaaindamaisabrangenteeampladoqueaprevistaparaproced.comuns

Garantiratuaçãocompletaeperfeitaparaadefesa,privilegiando-afrenteaosjurados,leigosejuizesdofatonoT.Júri

PrincípiosregentesdoTribunaldoJúri

Artigo5.°,XXXVIII.alíneasb,c,ddaCF

Alémdaplenitudededefesa,oTrib.doJúrivemresguardadocomosigilodavotaçãopelosjuradoseasoberaniadosveredictos,assegurandoavalidadedodecididopelosjuradoseacompetênciamínimadoTrib.Júri

Garantircomosigiloasegurançaetranquilidadedojurado,comasoberaniaháimpossibilidadedealteraçãodoméritodojulgadopelocorpodejuradosnoscrimesdecompetênciadestetribunal

Princípiodocontraditório Artigo5.°,LVdaCFParatodaalegaçãoouapresentaçãodeprovasfeitanoprocesso,caberámanifestaçãodapartecontrária

Garantirquenãohajaimputaçãooumanifestaçãoquenãosejacontraposta,assegurandoequilíbriodarelaçãoprocessual

PrincípiodoJuiznatural Artigo5.°,XXXVIIeLIIIdaCFTodoréutemdireitodeserjulgadoporumjuizpreviamentedeterminadopelaleiepelasnormasconstitucionais

Garantirjulgamentosimparciais,coibindojuízodeexceção

PrincípiodapublicidadeArtigo5.°,LXeXXXIIIeartigo93.IX,ambosdaCF

Atosprocessuaisdevemserrealizadosàvistadequemqueiraacompanhá-los.Emnomedointeressepúblico,poderáserrestritaapublicidade

Garantiracompanhamentoecontroledosatosacusatórios,coibindoexcessos.Entretanto,podehaversigiloemcasosexcepcionais

Princípiodavedaçãodasprovasilícitas

Artigo5.°,LVIdaCF ProvasdeverãoatentarparaformaprevistanaleienaConst.FederalGarantirrespeitoàsformalidadeslegais,paracoibirproduçãodeprovascomdesatençãoaatosegarantiasindividuais

Princípiodaeconomiaprocessual

Artigo5.°,LXXVIIIdaCF OEstadodeveráproduziratosprocessuaisdeformacélereGarantirrespostarápidae,portanto,maiseficazfrenteaatoscriminosos

Princípiodaestritalegalidadedeprisãocautelar

Artigo5.°,LXI,LXII,LXIII,LXIV,LXV,LXVI,LXVIIIdaCF

OEstadodeveráater-seatodasasformalidadesconstitucionaiselegaisparaprenderalguém

Garantirodireitohumanofundamentalàliberdadecomoregra

Princípiododevidoprocessolegal

Artigo5.°,LIVdaCFÉoápicedetodososprincípios,congregandoosdemais:todaaacusaçãodecondutacriminosaserávinculadaaumprocedimentolegal,resguardadoporequilíbrioeimparcialidade

GarantirlimitesdeatuaçãodoEstado,impondoprocedimentoquejustifiqueeventualpunição

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16)Princípiosconstitucionaisimplícitosdoprocessopenal

PRINCÍPIOSCONSTITUCIONAISIMPLÍCITOSDOPROCESSOPENAL

PRINCÍPIOS RESPALDOLEGAL TEORIA OBJETIVO

Princípiodequeninguéméobrigadoaproduzirprovascontrasi(nemotenetursedetegere)

Decorredeprinc,explícitosart.5.°.LV,LVIIeLXIII,todosdaCF

Comopresumidamenteinocenteepodendosedefenderamplamente,inclusivecalando-se,oréupoderáserecusarafazerprovaqueoprejudique

Garantirqueapartemaisfortedarelaçãoprocessualnãosefavoreçacomprovasproduzidaspelopróprioacusado

Princípiodainiciativadaspartes

Decorredoprevistonoartigo5.°LIXdaCF

OJuiznãoage“deofício”:aaçãopenaldeveserpromovidapeloseutitular:MPouvítima

Garantirjulgamentodoacusadonolimitedaimputação,semotivadaeprovada

Princípiododuplograudejurisdição

Decorrentedoprevistonoartigo102,IIdaCF

Apartetemdireitodebuscaroreexamedacausaporórgãojurisdicionalsuperior

GarantirexamedetalhadoenãoúnicodeimputaçãodecondutacriminosaExpectativaderealizaçãodeJustiça

PrincípiodoJuizimparcialDecorrentedoprevistonoartigo5.°,§2.°daCF

OJuizdeveráserisentoeimparcialparaanalisaraimputaçãofeitaaoréu

Garantirisençãodaatuaçãodojulgador,coibindoinjustiças

Princípiodopromotornaturaleimparcial

Semprevisãoclara,decorrentedaanálisedearts.relativosàatividadedoMP

OacusadodeverásustentarimputaçãodecondutacriminosasubscritaporrepresentantedoEstadopreviamenteconstituído

Garantiramesmaimparcialidadequeseexigedojulgador,aquempromoveaacusação

Princípiodaobrigatoriedadedaaçãopenalpúblicaeprincípioconsequencialdaindisponibilidadedaaçãopenal

Semprevisãoclara,decorrentedaanálisedearts.dalei

Tantoórgãosacusatórios,comooencarregadodainvestigaçãotemodeverdeinvestigarebuscaracondenação

Garantirqueacondutapossíveldeserreconhecidacomocriminosasejaapuradaepunida

PrincípiodaoficialidadeDecorrentedoprevistonoartlao144.I,II,IIIeIVdaCF

ApersecuçãopenaléfunçãoprimordialdoEstado Garantir,nocontextodapunibilidade,aatuaçãodoEstado

PrincípiodaintranscendênciaSemprevisãoclara,decorrentedaconi.dasgarantiasconst.

Aaçãopenalnãodevetranscenderapessoaaquemfoiimputadaacondutacriminosa

Garantirarestriçãodapenaedopróprioprocedimentoaopróprioacusado

Princípiodavedaçãodaduplapuniçãoedoduploprocessopelomesmofato

ConvençãoAmericanadeDireitosHumanos:art.8.°item4

NãopoderáserprocessadooindivíduoduasvezespelomesmofatoGarantiraordemjurídicaeasegurança.Seobtidaaabsolviçãoelanãopoderáserquestionadaporoutroprocedimento

Princípiodabuscadaverdadereal

Semprevisãoclara,decorredaanálisedearts.doCPP

Omagistradodevebuscarprovas,tantoquantoaspartes,nãosecontentandocomoquelheéapresentado

Garantirdeformamaisamplaarealizaçãodajustiça

Princípiodaoralidadeeprincípiosconsequenciaisdaconcentração,daimediatidadeedaidentidadefísicadoJuiz

Decorrentedeprevisõesleaaisdiversasedoprincípiodaeconomiaprocessual

Agilizaçãodosatosprocessuais,viabilizando,inclusiveabuscadaverdadereal

Garantirmaiorrapideznaprestaçãojurisd.emaiorseg.juríd.c/avinculaçãodojuizaoprocedimento

Princípiodaindivisibilidadedaaçãopenalprivada

Decorrentedaanálisedoart.48CPP

Comoaaçãoprivadaéexceção,umavezqueoEstadotemomonopóliodopoderdepunir,nãopodeoofendidoescolhercontraquemproporaação

Garantirnãohavervingança,barganhaouinjustiçaquandoaaçãofordetitularidadedoparticular

Princípiodacomunhãodasprovas

Decorrentedaanálisedeprevisõeslegaisdiversas

Aindaqueaprovasejaproduzidaporumadaspartes,podeedeveserutilizadanoprocesso

Garantiraapuraçãodaverdade,coibindoaimpunidade

Princípiodeprevalênciadointeressedoréu

Conectadoàpresunçãodeinocência/art.5.°LVIIÇF

Tambémconhecidocomofavorrei,indúbioproreo,apontaparanecessidadedefavoreceroréutodavezquehouverdúvidarazoávelsobresuainocência

Decorrentedoprincípiodapresunçãodeinocência,visaprivilegiaroréuquandonãohouverimputaçãoseguraeprovadacontraele

Princípiodaduraçãorazoáveldeprisãocautelar

Decorredaanáliseedospreceitosconstitucionaisedearts.doCPP

OEstadodevedeterpelomenortempopossívelquemestácomaliberdadecerceadaantesdedecisãocondenatóriacomtrânsitoemjulgado

Garantirodireitohumanofundamentalqueéaliberdadedeirevir

Princípiodacolegialidade

Decorredaanálisedospreceitosconstitucionais Asdecisõesdeinstânciasuperiordevemserproferidasporumórgão Asseguraraefetivareavaliaçãodedecisõespormeioderecurso

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arts.doCPPeRea.dosTribunais

colegiado,mediantedebatedeidéiaseprovas

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6.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

Modelosdepeças

Denúncia

Denúnciagenérica

Queixa-crime

Queixa-crimeemaçãopenalprivadasubsidiáriadapública

RepresentaçãodoMinistérioPúblico–AtoInfracional

Oferecimento de representação e parecer pela internação provisória por parte doMinistérioPúblico

Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusação

Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusaçãoparaofimdepleitearreparaçãocivildodanocausadopelapráticadocrime

Defesaprévia

Defesapreliminar–Funcionáriopúblico

Defesapreliminar–LeideDrogas(Lei11.343/2006)

Memoriais–MinistérioPúblico

Memoriais–Defesa

Pedidodeexplicações

Audiênciadeapresentaçãodomenor–art.184,ECA

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1.º)Denúncia

“A”,nodia3defevereirode1999,porvolt adas5horas,matou“B”,seumarido,ateando-lhefogoaocorpoenquantodormia.Agiuassimport erdescobertoqueeleat raíacomout ramulher.Paracriarcoragem,embriagou-se.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____VaradoJúridaComarca____.1

Inquéritopolicialn.º____2

Constadoinclusoinquéritopolicial,iniciadocomoautodeprisãoemflagrantedefls.____,que,nodia3defevereirode1999,porvoltadas5:00horas,nointeriordaresidênciasituadanaRua“Z”,n.º200,Jardim“Y”,nestaComarca,“A”,qualificadaafls.____,3

despejou um litro de álcool sobre o corpo de “B”, seu marido,enquantoestedormia,ateandofogoemseguida,oquelhecausouasqueimadurasdescritasnolaudonecroscópico4defls.____,matando-o.5

Segundo apurado, a denunciada premeditou o crime semanas antes,quandodescobriu,porintermédiodeterceiros,queseuesposoteriaumaamanteháalgumtempo.Paratanto,aguardouomomentopropício,esperou que ele adormecesse, o que lhe prejudicaria a defesa,passando a embriagar-se com o intuito de criar coragem para apráticadaconduta.

Apurou-se,ainda,que,logoapósoiníciodofogo,avítimagritouporajuda,masadenunciadahaviatrancadoaporta,dificultandooacessodevizinhosedosfilhosdocasalquedormiamnacasa.6

Ante o exposto, denuncio a Vossa Excelência “A”, como incursa naspenas do art. 121, § 2.º, III e IV, c/c art. 61, II, e e l, doCódigoPenal,7paraque,recebidaesta,sejaadenunciadacitadae

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interrogada, apresente a defesa que tiver, colhendo-se as provastestemunhaisabaixoindicadas,para,aofinal,serpronunciada,parasubmissãoajulgamentopeloTribunaldoJúri,tudoconformeoritoprevistonosarts.394ess.doCódigodeProcessoPenal.8

Roldetestemunhas:9

1.“C”,fls.____10

2.“D”,fls.____

3.“E”,fls.____

4.“F”,fls.____

_______________

PromotordeJustiça11

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1OscrimesdolososcontraavidadevemserencaminhadosàsVarasdoJúri,quandohouvernaComarca.SenãoexistirVaraPrivativadoJúri,oencaminhamentoseráfeitoaqualquerdasVarasCriminais,queconduziráoprocessoatécincodiasantesdosorteiodosjurados(art.424,CPP).Após,serãoosautosencaminhadosaojuizresponsávelpeloTribunaldoJúri.EmComarcas pequenas, que possuam um único juiz, dirige-se a peça ao “Juiz de Direito da Comarca de ____” e eleprocessarátodoofeito,inclusive,seforocaso,presidiráasessãodoTribunaldoJúri.

2 A referência ao número do inquérito é interessante para demonstrar que a justa causa para a ação penal encontra-senessesautos,queacompanhamadenúncia.

3 O art. 41 doCPP exige que, na denúncia ou queixa, conste a qualificação da pessoa acusada. No entanto, por praxeforense,bastaindicarafolhadosautosdoinquéritoondehouveoindiciamento.Afinal,aautoridadepolicialjácolheutodososdadosdeindividualizaçãodoautordainfraçãopenal.

4Amençãoaolaudonecroscópicoéademonstraçãoaojuizdaprovadamaterialidade, indicando-seinclusiveafolhadosautos do inquérito onde se encontra.Se, eventualmente, o laudoaindanão foi concluído, deve o órgãoacusatório indicar“laudonecroscópicoaserposteriormentejuntado”.

5Aspeçasiniciaisnaáreacriminal(denúnciaequeixa)devemsersintéticasebemobjetivas.Nãohácitaçãodedoutrina,nemdejurisprudência.Afinal,destina-seelanãosomenteaodefensortécnico,mas,sobretudo,aoréu,que,pelasualeitura,tomaráconhecimentodaimputaçãoquelhefoifeitaeteráapossibilidadedesedefenderpessoalmente(autodefesa).Seapeçaformalfeita,comtermoscomplicados,citaçõesemlínguaestrangeira,doutrinaououtrosaspectoscomplexos,oréuficará privado da compreensão necessária para o exercício da ampla defesa. Porém, deve conter todos os elementospertinentesàexposiçãodofatoprincipalcomsuascircunstâncias.

6Oart.41doCPPexigeaexposiçãodofatocriminoso(tipobásico:“mataralguém”)comtodasassuascircunstâncias(tipoderivado:qualificadoras,que,nestecaso,sãoautilizaçãodofogo,comoinstrumentocruelparamataravítima,eadificuldadededefesa,portersidoelasurpreendidaenquantodormia).Ascircunstânciasagravantes(embriaguezpreordenadaecrimecontracônjuge)nãosãodedescriçãoobrigatórianadenúnciaouqueixa,pornãointegraremotipoincriminador.Entretanto,paramelhorperfeição técnicaeproporcionandoao réuamaiorpossibilidadededefesaviável,éválido inseri-lasquandooacusadorjátemcertezadasuaexistência.

7A indicaçãodosartigosdoCódigoPenaléaclassificaçãofeitapeloórgãoacusatório,outraexigênciadoart.41doCPP.Entretanto,sehouvererronaclassificação,nãoinvalidanemanulaadenúnciaouqueixa.Podehaveracorreçãoaqualquermomento,poisoréusedefendedosfatosalegadosenãodaclassificaçãofeita,queéapartetécnicadapeçaacusatória.

8Oprocedimentodosdelitosdolososcontraavidaestáprevistonosarts.406a497doCPP.

9Aacusaçãopodearrolaratéoitotestemunhas,nãoincluindonessenúmeroeventualvítima(art.406,§2.º,CPP).

10Nãohánecessidadedequalificaratestemunhanorolapresentadonadenúnciaouqueixa,quandoapessoajátiversidoouvidanapolícia,bastandoapontarafolhadosautosdoinquérito.Porém,seatestemunhajamaisfoiouvida,éprecisoquesedêasuaqualificação,possibilitandoaoréuverificardequemsetrataepossa,conformeocaso,contraditá-laemaudiência(art.214,CPP).

11Afaltadaassinaturadadenúncia,noentanto,émerairregularidade,podendosersanadaposteriormente.

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2.º)Denúnciagenérica

“A”,”B”,“C”e“D”,nodia13defevereirode2009,porvolt adas5horas,matou“F”,“G”,“H”,“I”e“J”,mediantedisparosdearmasdefogo,apósinvadiremobarondeasvít imasseencont ravam,colhendo-asdesurpresa.Osagentesagiramemat ividadet ípicadegrupodeextermínio.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____VaradoJúridaComarca____.1

Inquéritopolicialn.º____2

Constadoinclusoinquéritopolicialque,nodia13defevereirode2009,porvoltadas5:00horas,nointeriordobarsituadonaRua“M”, n.º 250, Jardim “T”, nesta Comarca, “A”, “B”, “C” e “D”,qualificados às fls. ____,3 desferiram vários disparos de arma defogo contra as vítimas “F”, “G”, “H”, “I” e “J”, que estavam alijogandobilhar,causando-lhesosferimentosdescritosnoslaudosdefls.______,determinandoasuamorte.4

Segundooapurado,osdenunciadosatuam,naregião,comoumgrupode“justiceiros”, recebendo quantias em dinheiro para matar osdesafetos das pessoas que os pagam, além de eliminarem pretensoscriminosos.Nodiaehorasupramencionados,ingressaramdeinopinonoestabelecimento,baixaramasportaseprincipiaramostiros.

Constatou-sequetodosestavamirmanadosnomesmopropósito,emboranãosepossaprecisarqualdenunciadoatingiucadaumadasvítimas,além de alguns deles permanecerem atentos à vigilância do local,evitandoaentradaousaídadepessoas.

Destaque-se ter havido o abrupto ingresso no bar, com imediatodisparodasarmasdefogo,sempermitiràsvítimasquepudessemsedefender,poisnãoesperavamaagressãoatiros.

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Houvereconhecimentoformal,feitoportestemunhas,dequeosquatrodenunciadosdispararamsuasarmas,alémdeestaremotempotodoemperfeitaharmoniadepropósito.5

Ante o exposto, denuncio a Vossa Excelência “A”, “B”, “C” e “D”,como incursos nas penas do art. 121, § 2.º, IV, c/c § 6.º,6 doCódigoPenal,7paraque,recebidaesta,sejamosdenunciadoscitadose interrogados, apresentem a defesa que tiverem, colhendo-se asprovas testemunhais abaixo indicadas, para, ao final, serempronunciados, para submissão a julgamento pelo Tribunal do Júri,tudo conforme o rito previsto nos arts. 394 e ss. do Código deProcessoPenal.8

Roldetestemunhas:9

1.“O”,fls.____10

2.“P”,fls.____

3.“L”,fls.____

4.“N”,fls.____

_______________

PromotordeJustiça11

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1OscrimesdolososcontraavidadevemserencaminhadosàsVarasdoJúri,quandohouvernaComarca.SenãoexistirVaraPrivativadoJúri,oencaminhamentoseráfeitoaqualquerdasVarasCriminais,queconduziráoprocessoatécincodiasantesdosorteiodosjurados(art.424,CPP).Após,serãoosautosencaminhadosaojuizresponsávelpeloTribunaldoJúri.EmComarcas pequenas, que possuam um único juiz, dirige-se a peça ao “Juiz de Direito da Comarca de ____” e eleprocessarátodoofeito,inclusive,seforocaso,presidiráasessãodoTribunaldoJúri.

2 A referência ao número do inquérito é interessante para demonstrar que a justa causa para a ação penal encontra-senessesautos,queacompanhamadenúncia.

3 O art. 41 doCPP exige que, na denúncia ou queixa, conste a qualificação da pessoa acusada. No entanto, por praxeforense,bastaindicarafolhadosautosdoinquéritoondehouveoindiciamento.Afinal,aautoridadepolicialjácolheutodososdadosdeindividualizaçãodoautordainfraçãopenal.

4Amençãoaolaudonecroscópicoéademonstraçãoaojuizdaprovadamaterialidade, indicando-seinclusiveafolhadosautos do inquérito onde se encontra.Se, eventualmente, o laudoaindanão foi concluído, deve o órgãoacusatório indicar“laudonecroscópicoaserposteriormentejuntado”.

5Aspeçasiniciaisnaáreacriminal(denúnciaequeixa)devemsersintéticasebemobjetivas.Nãohácitaçãodedoutrina,nemdejurisprudência.Afinal,destina-seelanãosomenteaodefensortécnico,mas,sobretudo,aoréu,que,pelasualeitura,tomaráconhecimentodaimputaçãoquelhefoifeitaeteráapossibilidadedesedefenderpessoalmente(autodefesa).Seapeçaformalfeita,comtermoscomplicados,citaçõesemlínguaestrangeira,doutrinaououtrosaspectoscomplexos,oréuficará privado da compreensão necessária para o exercício da ampla defesa. Porém, deve conter todos os elementospertinentesàexposiçãodofatoprincipalcomsuascircunstâncias.

6Aatuaçãodegruposdeextermíniosemprefoiconsideradamotivaçãotorpe(qualificadora).Entretanto,apartirdaediçãodaLei12.720/2012,inseriu-seo§6.ºaoart.121,prevendoestasituação(práticapormilíciaprivada,sobopretextodeprestaçãodeserviçodesegurança,ouporgrupodeextermínio)comocausadeaumentodepena.Assim,quandohouversomenteacircunstânciadaatuaçãodegrupodeextermínio,classifica-seodelitocomoqualificado (motivo torpe),masnãoseusaacausa de aumento do § 6.º; porém, se já existir outra circunstância, permitindo a qualificação, como, no caso supra-apresentado,orecursoquedificultouadefesadasvítimas,reserva-seasituaçãodoextermínioparafigurarcomocausadeaumento.Comisso,evita-seaduplaapenaçãopelomesmofato.

7A indicaçãodosartigosdoCódigoPenaléaclassificaçãofeitapeloórgãoacusatório,outraexigênciadoart.41doCPP.Entretanto,sehouvererronaclassificação,nãoinvalidanemanulaadenúnciaouqueixa.Podehaveracorreçãoaqualquermomento,poisoréusedefendedosfatosalegadosenãodaclassificaçãofeita,queéapartetécnicadapeçaacusatória.

8Oprocedimentodosdelitosdolososcontraavidaestáprevistonosarts.406a497doCPP.

9Aacusaçãopodearrolaratéoitotestemunhas,nãoincluindonessenúmeroeventualvítima(art.406,§2.º,CPP).

10Nãohánecessidadedequalificaratestemunhanorolapresentadonadenúnciaouqueixa,quandoapessoajátiversidoouvidanapolícia,bastandoapontarafolhadosautosdoinquérito.Porém,seatestemunhajamaisfoiouvida,éprecisoquesedêasuaqualificação,possibilitandoaoréuverificardequemsetrataepossa,conformeocaso,contraditá-laemaudiência(art.214,CPP).

11Afaltadaassinaturadadenúncia,noentanto,émerairregularidade,podendosersanadaposteriormente.

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3.º)Queixa-crime

“C”e“D”,emreuniãodeprestaçãodecontasdaempresa,daqualpart iciparamváriosdiretoresegerentes,imputarama“F”,com61anos,sabendo-oinocente,acondutadet erconst rangido,mediantegraveameaça,ocontador“H”anãoexercersuaat ividade,regularmente,demodoqueosdadosdelucroseperdasnãoespelhassemarealidade.“F”,assimteria agido, com o propósito de se vingar da gerência que não o promoveu ao posto almejado. “F”, sent indo-secaluniado,cont ratouadvogadoparapromoveramedidapenalcabível.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Inquériton.º____1

“F”(nomecompleto),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),2

titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,3vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,propor

QUEIXA-CRIME

contra “C” (nome completo), (nacionalidade), (estado civil),(profissão), titular da carteira de identidade Registro Geraln.º____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____,domiciliado em (cidade), onde reside (rua, número, bairro) e “D”(nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),4comfundamentonoart.30doCódigodeProcessoPenalemcombinaçãocomoart.145,caput,doCódigoPenal,baseadonasprovascolhidasnoinquéritopolicialqueseguejuntamentecomesta,pelosseguintesmotivos:

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1.Nodia____,porvoltadas____,emreuniãorealizadanasededaempresa____,situadana____,nestacidade,napresençadeinúmerosdiretoresegerentes,muitosdosquaisconstamdoroldetestemunhasabaixoindicado,osquereladosimputaramaoquerelanteapráticadocrimedescritonoart.197,I,doCódigoPenal.Afirmaram,sabendoseroproponenteinocente,queosdadoscontábeisdaempresanãoseencontravamregulares,tendoemvistaqueoquerelante,portersidopreterido em promoção realizada no dia ____, para vingar-se dagerência que deixou de indicá-lo ao posto, teria constrangido ocontador “H”, mediante grave ameaça, a deixar de realizar suaatividade,durantecertoperíodo.Aameaçafundar-se-ianaexpulsãodo filho do contador da escola ____, onde atualmente cursa a 2.ªsérie do ensino fundamental, levando-se em conta que a esposa doquerelanteéadiretora-geraldoreferidoestabelecimentodeensino.

2. A criativa história idealizada pelos querelados teve o fim deprejudicar o querelante, conspurcando sua reputação diante deterceiros,sendocertosaberemelesquenadafoifeitocontra“H”.Apurou-senoinclusoinquéritoterestenegligenciadoseusafazeresemvirtudedeproblemaspessoais,razãopelaqualosdadosestavam,de fato, incompletos, porém, nada disso teve por origem qualquercondutadoquerelante.

Os querelados não somente sabiam ser inocente o querelante comotambémengendraramaversãoapresentadanareuniãomencionadacomoobjetivo de macular a sua imagem entre diretores e gerentes,justamente para afastá-lo da concorrência ao próximo cargo degerênciaaserdisputadodentrodealgunsmeses,quandoocorreráaaposentadoria do atual ocupante. Logo, segundo os depoimentoscolhidos (fls. ____ do inquérito), observa-se que, na últimapromoção,estavaoquerelanteimpossibilitadodeserbeneficiado,emrazão da notória especialidade do posto, incompatível com suahabilitação. Portanto, maliciosamente, os querelados, concorrentesdo querelante, buscaram vincular a negligência do contador daempresa a uma inexistente grave ameaça, associada a um desejo devingançaigualmentefictício.

3.Torna-senítida,pois,apráticadodelitodecalúniaporparte

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dos querelados, sem perder de vista que foi o fato divulgado napresença de várias pessoas, além de possuir o querelante mais desessentaanos,oquetornaodelitomaisgrave.

Anteoexposto,requeraVossaExcelênciasejarecebidaapresentequeixa-crime,apósarealizaçãodoprocedimentodescritonoart.520doCódigodeProcessoPenal,5contra“C”e“D”,incursosnaspenasdoart.138,caput,c.c.art.141,IIIeIV,doCódigoPenal,paraque,citadosenãosendopossívelaaplicaçãodosbenefíciosdaLei9.099/95,6 apresentando a defesa que tiverem, sejam colhidas asprovasnecessáriase,aofinal,possamsercondenados.

Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,7

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado8

ROLDETESTEMUNHAS:

1. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro);

2. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro);

3. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro).

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1Trata-sedeaçãopenalprivada,porém,comoocorrenasaçõespenaisemgeral,deveestaramparadaporprovaspré-constituídas.Oofendido,antesdapropositura,deve requerera realizaçãode inquéritoparadar justacausaàaçãopenal,indicandomaterialidadeeindíciosdeautoria,salvosejápossuirprovassuficientesemmãos,oqueéraro.

2Seoofendido (querelante) for pobre, necessitandoajuizar açãopenal privada contraalguém,oEstadopode indicar-lheadvogadoparatanto(art.32,CPP).

3Oadvogadodevereceberpoderesespeciais,ouseja,aprocuraçãodevefazerexpressamençãoàproposituradaqueixa-crime,comumbreveresumodosfatos.Sepreferir,oofendidopodeassinaraqueixa,juntamentecomseuadvogado(art.44,CPP).

4 Cuidando-se de dois agentes, em homenagem ao princípio da indivisibilidade da ação penal privada, é indispensável ooferecimentodequeixacontraambos,sobpenadeconfiguraçãodarenúncia(arts.48e49,CPP).

5Naaudiênciadereconciliação,podemosquereladosretratarem-se,retirandooqueimputaramaoquerelante.Aqueixaseráarquivadanessahipótese(art.522,CPP).

6Nocasoapresentado,inviabiliza-seatransação,poisapenamáximaédedoisanos(art.138,CP),acrescidadeumterço(art.141,IIIeIV,CP),nãosetratandodeinfraçãodemenorpotencialofensivo.Senãoforrealizadaaconciliação(art.520,CPP),pode-sediscutireventualsuspensãocondicionaldoprocesso(art.89,Lei9.099/95).

7OMinistérioPúblicoparticipadaaçãopenalprivadacomofiscaldalei(art.45,CPP).

8Comojámencionado,oadvogadopodeassinarsozinhoaqueixa,desdequetenhaprocuraçãocompoderesespecíficos,oupodeassiná-lajuntamentecomoquerelante.

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4.º)Queixa-crimeemaçãopenalprivadasubsidiáriadapública

“R” foi vít ima de estelionato, comet ido por “W”. O inquérito, para apuração dos fatos, foi concluído e remet ido aoMinist ério Público, onde já se encont ra há 40 dias, sem qualquer providência. “R”, inconformado com a demora,cont rataadvogado.Promovaaaçãopenalcabível.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Inquériton.º____1

“R”(nomecompleto),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),2

titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,3vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,propor

QUEIXA-CRIME

contra “W” (nome completo), (nacionalidade), (estado civil),(profissão), titular da carteira de identidade Registro Geraln.º____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____,domiciliado em (cidade), onde reside (rua, número, bairro), comfundamento nos arts. 29 e 30 do Código de Processo Penal, baseadonasprovascolhidasnoinquéritopolicialqueseguejuntamentecomesta,pelosseguintesmotivos:

1. No dia ____, por volta das ____, o querelado, passando-se porfuncionário do Banco _____, abordou o querelante, que estava àfrentedeumcaixaeletrônicoparasacardinheiro,afirmandotratar-se de um mecanismo novo, para o qual deveria haver especialorientação,sobpenadenãoseconseguirsacar.

2.Oquerelante,pessoaidosa,acreditounaspalavrasdoquerelado,

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que inclusive estava utilizado um crachá identificador defuncionáriodoestabelecimentobancário.Assimsendo,entregou-lheocartãodedébitoenarrou-lheasenha.

3.Oquerelado,então,fezaoperaçãodesaque,retirandoaquantiadeR$200,00paraoquerelante.Nasequência,simulouestartrocandoasenha,paraqueninguémmaissoubesse,apenasoprópriotitulardaconta.

4. Na realidade, o querelado inseriu outra senha, de conhecimentosomenteseu,para,depois,retornaraocaixaeletrônicoesacarR$5.000,00dacontadavítima.

5.Valeu-seoquereladodeardil,aocriarafiguradefuncionáriodobanco,inclusivecomavestimentaadequada,induzindoemerrooquerelante, obtendo, para si, vantagem ilícita, consistente naquantiadeR$5.000,00.

Anteoexposto,requeraVossaExcelênciasejarecebidaapresentequeixa-crime,contra“W”,comoincursonoart.171,caput,doCódigoPenal, para que, citado, apresente a defesa que tiver, sejamcolhidasasprovasnecessáriase,aofinal,possasercondenado.

Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,4

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado5

ROLDETESTEMUNHAS:

1. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em

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(cidade),ondereside(rua,número,bairro);

2. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro);

3. (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro).

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1Trata-sedeaçãopenalprivadasubsidiáriadapública,comfundamentonoart.29doCódigodeProcessoPenal,tendoemvistaqueomembrodoMinistérioPúblicodeixouescoaroprazolegal(15diasparaindiciadosolto)paraooferecimentodedenúncia.

2Seoofendido (querelante) for pobre, necessitandoajuizar açãopenal privada contraalguém,oEstadopode indicar-lheadvogadoparatanto(art.32,CPP).

3Oadvogadodevereceberpoderesespeciais,ouseja,aprocuraçãodevefazerexpressamençãoàproposituradaqueixa-crime,comumbreveresumodosfatos(art.44,CPP).

4OMinistérioPúblicoparticipadaaçãopenalprivadasubsidiáriadapúblicacomofiscaldalei.Aqualquermomento,sehouverabandonodacausapeloquerelante,oParquetretomaráopoloativo.

5Comojámencionado,oadvogadopodeassinarsozinhoaqueixa,desdequetenhaprocuraçãocompoderesespecíficos.

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5.º)RepresentaçãodoMinistérioPúblico–AtoInfracional

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradaInfânciaeJuventudedaComarcade______.

Processon.º______

O Ministério Público do Estado de ___________, pelo Promotor deJustiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais,respeitosamente, vem, perante Vossa Excelência, oferecerREPRESENTAÇÃOeproporainstauraçãodeaçãosocioeducativaparaaapuraçãodeatoinfracionaleaplicaçãodamedidaqueseafiguraramaisadequada,entreasprevistasnoart.112doEstatutodaCriançaedoAdolescente(Lei8.069/90),aoadolescente___________,nascidoaos ______, filho de ______ e ______, RG n.º ______, residente naRua ________, n.° ___, bairro ____, nesta Comarca, pelos fatos aseguirdescritos:

Relatamosinclusosautosdeinvestigaçãoque,nodia__de_____de____, por volta das 15h30min, na Rua ________, nesta cidade ecomarca de _______, o adolescente supra-apontado trazia consigo,parafinsdeentregaaconsumodeterceiros,152(centoecinquentaeduas)porçõesdadrogacocaína,sendo124(centoevinteequatro)delas na forma de pedras de crack e as demais armazenadas emependorffs,alémdeoutras3(três)porçõesdadrogaCannabisSativaL,vulgarmenteconhecidapormaconha(autodeconstataçãopreliminardefls._____),fazendo-osemautorizaçãolegaleemdesacordocomdeterminaçãolegalouregulamentar.

Segundo o apurado, na data e no local dos fatos, o adolescente_______traziaconsigo,dentrodeumpoteplástico,asdrogasacimamencionadas,asquaisiriavenderausuáriosquealiaparecessem.

Entretanto,policiaiscivispatrulharamopalcodosacontecimentos,

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conhecidocomopontodevendadedrogas,ocasiãoemqueperceberamoadolescentecolocandoumpoteplásticoemsuasvestimentas.

Diante da atitude suspeita, os investigadores abordaram oadolescente e, em revista pessoal, lograram encontrar em poder de______ o pote plástico contendo em seu interior os diversosentorpecentesacimaindicados.

Indagado,oadolescenteadmitiuqueestavacomercializandoasdrogasencontradasconsigo.

Assim sendo, representa-se contra o adolescente _____________, porinfraçãoaoart.33daLei11.343/2006,consideradoatoinfracionalpeloart.103daLei8.069/90,requerendosejadesignadaaudiênciade apresentação do adolescente, citando-se o representado e seuspaisouresponsáveis,eprosseguindo-sedeacordocomoart.186eseus parágrafos da Lei 8.069/90, com a final aplicação da medidasocioeducativa mais adequada, ouvindo-se as testemunhas abaixoarroladas.

ROL:

1.__________-fls.____

2.__________-fls.____.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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6.º)OferecimentoderepresentaçãoeparecerpelainternaçãoprovisóriaporpartedoMinistérioPúblico

Processon.°______

MM.Juiz

O adolescente _____ foi apreendido em flagrante, em razão de atoinfracionalderoubo.

Ouvido informalmente, o adolescente negou a prática do atoinfracional, sendo que o respectivo termo é juntado nestaoportunidade.

Ofereçorepresentaçãoemseparado.

Oatoinfracionalimputadoaoadolescenteédeextremagravidadeerepercutiu no seio social de tal forma que a liberação doadolescenteimportaráemcolocá-loemsérioriscopessoal,impondo-seamanutençãodacustódia.

Assim, diante da gravidade do fato imputado e do clamor públicoprovocado pela prática infracional, opino pela manutenção dainternaçãoprovisória.

Comarca/data.

_______________

PromotordeJustiça

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7.º)Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusação

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“Y” (qualificação), por seu advogado, nos autos do processo-crimequeoMinistérioPúblicodoEstadode____movecontraoréu____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,nostermosdoart.268doCódigodeProcessoPenal,requererasua

HABILITAÇÃO2comoASSISTENTEDEACUSAÇÃO,3

tendoemvistafigurarcomovítima4dodelitodescritonadenúncia.

Desdelogo,comfundamentonoart.271doCódigodeProcessoPenal,requerainquiriçãodatestemunha____,(qualificaçãocompleta),nãoarroladanapeçaacusatória,tendoemvistaodesconhecimentodesuaexistência pelo Ministério Público, pois não foi ouvida durante afase de investigação policial e tem conhecimento detalhado dosfatos,sempreembuscadaverdadereal.5

Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,6

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Oingressosedáaqualquertempo,enquantonãopassaremjulgadoasentença,recebendoacausanoestadoemqueseencontra(art.269,CPP).

2 Não há necessidade, como regra, de fundamentar o pedido de habilitação, pois a qualidade de parte ofendida legitimaautomaticamente a participação como assistente de acusação (art. 268, CPP). Sobre o interesse, consultar a nota 1 aoCapítuloIV,doTítuloVIII,doLivroIdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3 Sobre a possibilidade de pessoas jurídicas de direito público ou privado ingressarem como assistentes de acusação,hipótesequedefendemos,checaranota3aoart.268donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4CorréunomesmoprocessonãopodefuncionarcomoassistentedeacusaçãodoMinistérioPúblico(art.270,CPP).

5Quantoàpossibilidadedoassistentedeacusaçãodearrolar testemunhas,porsermatériacontroversa,mas,emnossoentender,aceitável,consultaranota10aoart.271donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

6OMPsomentepodeopor-seemcasodeilegitimidadedorequerente.Nãoháumpoderdiscricionárioparaaceitarourejeitaroassistentedeacusação.Emcasodeindeferimentodojuiz,cabemandadodesegurança,àfaltadeoutrorecurso.

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8.º)Pedidodehabilitaçãocomoassistentedeacusaçãoparaofimdepleitearreparaçãocivildodanocausadopelapráticadocrime

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“C” (qualificação), por seu advogado, nos autos do processo-crimequeoMinistérioPúblicodoEstadode____movecontraoréu____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,nostermosdoart.268doCódigodeProcessoPenal,requererasua

HABILITAÇÃO2comoASSISTENTEDEACUSAÇÃO,3

tendoemvistafigurarcomovítima4dodelitodescritonadenúncia.

Além de buscar a condenação do acusado, por entender ser a justamedidaaocasopresente,pleiteiaorequerenteaindenizaçãocivilpelo dano causado pela infração penal, nos termos dos artigos 63,parágrafoúnico,e387,IV,doCódigodeProcessoPenal.5

Para tanto, leva-se em consideração a prática do furto do veículo____,depropriedadedorequerente,avaliadoem____,quenãomaisfoi localizado e nem mesmo segurado estava. Como dano material,aponta-seaquantiade_____.Alémdisso,orequerenteutilizavaseuautomóvelparaoexercíciodeatividadeprofissional,comotaxista,vendo-seprivadodobemetendoquesuportarimensaperdadeganhomensal. Desde a data da subtração até o dia ___, quando pôdeadquiriroutroveículo,experimentouoprejuízode_____,decorrentedelucroscessantes.

Por derradeiro, não é demais ressaltar o dano moral havido, emvirtudedodesgasteemocionalocasionadopelaperdadoinstrumentode trabalho, gerando a cessação do sustento regular, com

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consequênciasvariadas,inclusivenoâmbitofamiliar,pornãomaishonrar a tempo as dívidas existentes. Estima-se como valorsuficienteparaessamodalidadededanoaquantiade______.6

Desdelogo,emhomenagemaosprincípiosdocontraditórioedaampladefesa, requer a Vossa Excelência que determine a intimação doacusado, e de seu defensor, para tomar ciência dos pedidosformulados, referentes à reparação civil dos danos, a fim de,querendo,possaimpugnaroqueentendercabível,produzindo-seprovanaaudiênciadesignada.7

Nestaoportunidade,apresentaosdocumentosrelativosàcomprovaçãodosdanosmateriaisearrolaatestemunha_______,paraserouvidaemaudiência,pretendendo-sedemonstraraocorrênciaeextensãodosdanosmorais.8

Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,9

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Oingressosedáaqualquertempo,enquantonãopassaremjulgadoasentença,recebendoacausanoestadoemqueseencontra(art.269,CPP).Entretanto,emfacedareformadoprocessopenal,passaoofendidoasercientificadodadatadaaudiência de instrução e julgamento (art. 201, § 2º, CPP) e deve comparecer para ser inquirido (art. 400, caput, CPP).Portanto, o momento adequado para ingressar como assistente dá-se logo após a sua ciência acerca da audiênciadesignada.

2 Não há necessidade, como regra, de fundamentar o pedido de habilitação, pois a qualidade de parte ofendida legitimaautomaticamente a participação como assistente de acusação (art. 268, CPP). Sobre o interesse, consultar a nota 1 aoCapítuloIV,doTítuloVIII,doLivroIdonossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3 Sobre a possibilidade de pessoas jurídicas de direito público ou privado ingressarem como assistentes de acusação,hipótesequedefendemos,checaranota3aoart.268donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4CorréunomesmoprocessonãopodefuncionarcomoassistentedeacusaçãodoMinistérioPúblico(art.270,CPP).

5 A reforma introduzida pela Lei 11.719/2008 permite ao juiz criminal fixar, desde logo, na sentença condenatória, o valormínimopararepararodanocausadopela infraçãopenal.Senãoestiversatisfeito,eventualmente,podeoofendidopleitearmaiorquantianaesferacivil.

6Entendemosviávelopedidopara indenizaçãododanomoral,poisa leimencionasimplesmentea reparaçãodosdanoscausados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. Ora, dentre os danos encontra-se o moral,amplamenteacolhidopelostribunaisbrasileiros.

7ALei11.719/2008estabeleceuapossibilidadedeserfixadaareparaçãocivildodanopelojuizcriminal,masnãomencionouqualseriaoprocedimentoadotado.Portanto,levando-seemcontaanecessidadedepermitiraoréuocontraditórioeaampladefesanocontextodopedidocivil,parece-nosfundamentalsejaelecientificadodopleitodavítima,apresentandoadefesaquetiver.

8Ressalte-se,novamente,nãoteraLei11.719/2008estabelecidoregrasparaapuraçãodovalormínimododanocausadopelocrime.Porisso,éfundamentalqueomagistradopermitaaproduçãodeprovasdocumentaisetestemunhaisaolongodainstrução,sobpenadelesãoaodevidoprocessolegal.

9OMPsomentepodeopor-seemcasodeilegitimidadedorequerente.Nãoháumpoderdiscricionárioparaaceitarourejeitaroassistentedeacusação.Emcasodeindeferimentodojuiz,cabemandadodesegurança,àfaltadeoutrorecurso.

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9.º)Defesaprévia1

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“Y”, qualificado a fls. ____, por seu advogado, nos autos da açãopenal que lhe move o Ministério Público do Estado de ____,2 vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,nostermosdoart.396-AdoCódigodeProcessoPenal,apresentarasua

DEFESAPRÉVIA,

sustentandoqueprovarásuainocêncianodecorrerdainstrução.3

Nestaoportunidade,juntaosseguintesdocumentos:_____4.Poroutrolado,oferece,ainda,oseuroldetestemunhas:____.5

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Continuamosadenominaraprimeirarespostadoréuàacusaçãoformuladacomodefesaprévia.Afinal,elaocorreráapósorecebimentodadenúnciaouqueixa(art.396-A,CPP).Aautênticadefesapreliminardizrespeitoaomomentodeapresentaralegaçõesantesdorecebimentodapeçaacusatória.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Estrategicamente,nãocostumaodefensor fornecer,desde logo,abasedosseusargumentos,queserãoapresentadossomente por ocasião das alegações finais. Por isso, o fundamental é apresentar documentos e o rol das testemunhas.Entretanto,apartirdoadventodaLei11.719/2008,permite-seaojuizabsolversumariamenteoréu,casoentendapresentequalquer das hipóteses do art. 397 doCPP.Dessa forma, se o defensor tiver elementos para convencer omagistrado aabsolveroréudeveofertá-los,imediatamente,nadefesaprévia.

4Descreverquaissãoosdocumentosapresentados.

5Noprocedimentoordinário,omáximoédeoitotestemunhas(art.401,caput,CPP).Nosumário,sãocinco(art.532,CPP).

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10)Defesapreliminar–Funcionáriopúblico

“X” foi denunciadopelaprát ica depeculato, uma vezque se aproprioudedinheiroque lhe foi dest inado a pagar olicenciamentodaviaturaof icial. Inst ruiuapeçaacusatóriacomcópiadoprocessoadminist rat ivoparaapurarafalt a.Antesderecebidaadenúncia,abriu-seprazoparaaapresentaçãodedefesapreliminar.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“X”, qualificado nos autos, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelência,porsuaadvogada,apresentarasua

DEFESAPRELIMINAR,1

nos termos do art. 514 do Código de Processo Penal,2 em face dadenúnciaoferecidapeloMinistérioPúblico,nosseguintestermos:

1. Imputa-lhe o órgão acusatório a prática de peculato doloso, naformaapropriação, por ter mantido em seu poder a quantia de ____(valor em dinheiro), destinada a pagar o licenciamento da viaturaoficialdaautarquiaondeexerciasuasfunções.

2.Entretanto,adenúnciadeveserrejeitada,portratar-sedefatoatípico.Sobesseaspecto,odenunciadonãoseaproprioudodinheiromencionado; ao contrário, por ingenuidade, recebeu o montante eaplicou-o, integralmente, na própria repartição onde atuava,pretendendo consertar alguns computadores que estavam inaptos aofuncionamento.Aordemquelhefoidada,porocasiãodaentregadonumerário,foiduvidosa,dandoaentenderquedeveriaempregá-lodamaneira como achasse conveniente, inexistindo prova de que seriaparaopagamentodolicenciamentodaviatura.

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3.Emsegundolugar,aindaquesepudessefalarempeculato,jamaisseriaamodalidadeapropriação,mas,sim,aformadedesvio,oquetorna a peça acusatória inepta e cerceia a defesa do imputado. Oart.41doCódigodeProcessoPenaléexpressoaodeterminarqueadenúnciadeveconteraexposiçãodofatocriminosocomtodasassuascircunstâncias. Por isso, ao apontar o denunciado como autor dacondutadeseapropriardedinheiropúblico,emlugardedesviaromontanteparaoutrafinalidade,oMinistérioPúblicoconstruiupeçaimprópria,semjustacausaparaaaçãopenal.

4.Oterceiropontoaconsideraréaausênciadoelementosubjetivoespecífico,consistentenoânimodeapossamentodefinitivodaverbaquelhefoientregue.Ora,seodenunciadoempregoutodoomontanteem benefício da administração pública, não se pode sustentar aexistênciadepeculato-apropriação,poisnãohouveproveitoprópriodoagente.

Anteoexposto,porcuidar-sedefatoatípicoou,alternativamente,porinépciadadenúncia,requer-sesejaelarejeitada,evitando-seoajuizamento3deaçãopenalsemjustacausa.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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1 Cabe defesa preliminar, nos crimes afiançáveis, devendo o juiz ouvir o funcionário público, antes do recebimento dadenúncia.Sãoafiançáveisosdelitosprevistosnosarts.312a326doCP,excetoasfigurasdosarts.316,§1.º,e318.

2Cuida-sedeprocedimentoespecial,quecontinuaaserrespeitado,nostermosdoart.394,§2.º,doCPP.

3 Inicia-seaaçãopenalcomooferecimentodadenúncia;porém,somenteconsidera-seajuizadaaaçãoquandohouverorecebimentodapeçaacusatória.Consultaranota7aoart.24donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

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11)Defesapreliminar–LeideDrogas(Lei11.343/2006)

“A” foidenunciadopelaprát icade t ráf ico ilícit odedrogas (art .33,caput, Lei11.343/2006)porque foi surpreendidot razendoconsigo,semlicença,substânciaentorpecentedest inadaàvenda.Encont ra-sepresoemf lagrante.Adenúnciafoioferecida.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarcadeSãoPaulo.

Processon.º____

“A”, qualificado nos autos, por seu advogado infra-assinado,consoante poderes que lhe foram outorgados em incluso instrumentoparticular de mandato (documento 1), vem, respeitosamente, àpresença de Vossa Excelência, em ação penal que move o MinistérioPúblico, tendo sido notificado dos termos da denúncia, oferecer asua

DEFESAPRELIMINAR1

(art. 55, § 1.º, e seguintes, da Lei 11.343/2006), expondo erequerendooquesesegue:

1. A denúncia atribui ao acusado a prática de tráfico ilícito dedrogas,nostermosdoart.33,caput, da Lei 11.343/2006, por tersido surpreendido com um pequeno pacote de substância tida comoentorpecente, similar a um tijolo, supostamente destinada acomercialização.

2. Entretanto, a denúncia deve ser rejeitada, por inexistiremevidênciasdaocorrênciadodelitonelacapitulado.

3. Sabe-se ser imprescindível a comprovação da materialidade do

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delito por laudo que ateste a natureza e a quantidade da drogaconsideradailícita.

4. Não obstante ser mais flexível quanto à necessidade dehabilitação específica para a subscrição do laudo, a Lei sobre amatérianãodescaracterizouanecessáriaeprecisaidentificaçãodesubstânciatóxica,oquenopresentecasonãoocorreu.

5. Segundo se depreende de simples leitura do laudo, trata-se demistura de ervas não tóxicas, com pequena quantidade de cannabissativa, que afirma o acusado ter preparado ele mesmo, para seupróprioconsumo.

6. Embora haja no componente da mistura apreendida em poder doacusado,pequenaquantidadedesubstânciaconsideradaentorpecente,háqueserconsideradoqueamaiorpartedoscomponentescontidosnomaterial apreendido é atóxica e não consubstancia quantidadeindicativadevendadedrogailícita.

7. Nem mesmo as circunstâncias em que foi preso o acusado indicamseuenvolvimentonotráficoilícitodedrogas.

8.Oacusadofoidetidonoterminaldeônibus____,destaComarca,quando, sozinho, embarcava para a cidade onde residem seus pais.Levavaconsigoamisturaobjetodaacusaçãoquelheéimputada,paraconsumopróprio.

9. Não se argumente ser o aspecto de “tijolo” um indicativo degrande e suficiente quantidade para caracterização do ilícito detráfico,umavezque,buscandoosusuários,comumente,protegerem-se, nos dias de hoje, da violência característica dos pontos devenda da droga, não raramente trazem consigo, quantidadeconsiderável, para consumo seguro e garantido por um período detempo.

10. Em razão do que se expõe, cumpre ressaltar que o denunciadosuportouprisãoemflagranteilegal.

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11. A Lei de Entorpecentes não permite a prisão do usuário, (art.48, § 2.º), restando efetivamente abusiva e injustificável a suasegregaçãoeapresenteimputaçãodetráfico.

12. Se conduta couber ao acusado, o que se alega a título deargumentação, deveria ser capitulada no consumo de substânciaentorpecente,razãopelaqualapresentedenúncianãoésustentável,devendoserrejeitadadeplano.

13.Issoporquenãoincorreuoacusadoemcomportamentopassíveldepunição, que só se justificaria frente à situação clara edevidamentecomprovadaemprocedimentoinvestigatórioinicial,oquenãosedeunestecaso.

14. Pelas certidões acostadas nos autos, é inequívoco ocomportamentoescorreitodoacusado,adaptadoeplenamenteinseridono grupo social a que pertence, eis que sempre trabalhouhonestamente e nunca se envolveu em qualquer atividade ilícita,mesmopassandopordificuldadesfinanceiras.

15. Não fossem suficientes os argumentos esposados, é necessárioressaltar que, como fato incontroverso, a dúvida deve serinterpretada em favor do acusado, razão pela qual também por esseprismaadenúncianãodeveserrecebida.Valedizerque,emrazãodaausência de elementos que sustentam com segurança a imputação daconduta, permitindo interpretações diversas, forçosa deve ser aopçãopelainterpretaçãomaisbenéfica.

Ante o exposto, considerando a inexistência de sustentação para adenúncia oferecida, nos termos articulados pelo órgão acusatório,requer-senãosejaamesmarecebida,evitandooajuizamentodeaçãopenalsemjustacausa.2

Assim não entendendo Vossa Excelência, protesta o denunciado pelaproduçãodetodasasprovasemDireitoadmitidas,emespecial,porexamededependênciaepelainquiriçãodetestemunhas,apresentadasno rol que segue abaixo, nos termos do art. 55, § 1.º, da Lei11.343/2006.

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Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

Defensor

ROLDETESTEMUNHAS:

_______________

_______________

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1Cuida-sedeprocedimentoespecial,quecontinuaaserrespeitado,nostermosdoart.394,§2.º,doCPP.

2 Inicia-seaaçãopenalcomooferecimentodadenúncia,porém,somenteconsidera-seajuizadaaaçãoquandohouverorecebimentodapeçaacusatória.Consultaranota7aoart.24donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

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12)Memoriais–MinistérioPúblico

“O”manteveemcárcereprivado“S”,seusobrinho,durantedoisdias,semautorizaçãoexpressadeseuspais.Quandoestesdescobriramoparadeirodof ilho,acionaramapolíciae“S”foilibertado.Processado,comoincursonaspenasdoart .148,§1.º,IV,c/cart .61,II,f,doCP,f indaainst rução,seguemosmemoriaispeloórgãoacusatório.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

OMinistérioPúblicodoEstadode____,2nosautosdoprocesso-crimeque move contra “O”, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,comfundamentonoart.403,§3.º,doCódigodeProcessoPenal,apresentarosseus

MEMORIAIS,3

nosseguintestermos:

1. Os fatos imputados ao réu, na denúncia, foram integralmentecomprovadosaolongodainstruçãoeháprovasmaisquesuficientesparaacondenação.

2.Quantoàmaterialidade,4torna-sevisívelpelalavraturadoautodeprisãoemflagrante,umavezqueapolícia,acionadapelospaisda vítima, encontraram-na, de fato, na residência do acusado,trancadaemumdoscômodos,semdalipodersair,ocasiãoemquefoilibertada,recebendooagentedainfraçãopenalvozdeprisão.Nãobastasse,háointerrogatóriodoréu,ondeesteconfessouapráticado crime, embora tenha alegado que agia em exercício regular dedireito, pois cuidava da educação do menor, enquanto seus paisviajavam. As testemunhas ouvidas (fls. ____, ____ e ____)

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demonstraram que o adolescente, com 13 anos, ficou recolhido noquarto durante dois dias, contra sua vontade, impedido de ir parasua casa. Em especial, anote-se o depoimento de ____ (fls. ____),vizinho do imóvel do acusado, que ouviu vários gritos de alguémduranteanoite,pedindoparasairdoquarto.Nãoacionouapolícia,pois achou que pudesse ser uma mera briga de família, o que eracostumeironavizinhança.

3.Quantoàautoria,fundadonasmesmasprovas,pode-seevidenciarque o réu efetivamente privou a liberdade da vítima, impondo-lhecárcere privado. A situação foi confirmada pelas testemunhasinquiridas e já mencionadas no tópico anterior, bem como pelopróprioacusado,emseuinterrogatório.

4.Quantoàexcludenteinvocadapeloréu,dequeagiaemexercícioregulardedireito,deveserafastada.Odireitodeeducarosfilhosé,realmente,inerenteaospais,emdecorrênciadopoderfamiliar,civilmente assegurado. Logo, se o pai ou a mãe impede a saída dofilhomenordeseuquarto,comopropósitodelheaplicarumcastigomoderado, cuida-se de exercício regular de direito. Entretanto, otio não possui idêntico direito, jamais podendo valer-se daexcludente prevista, genericamente, no art. 23, III, do CódigoPenal.

5.Aagravanteimputadaaoacusado,consistenteemprevalecer-sedasrelações de coabitação, ficou igualmente demonstrada. Os paisdeixaram o menor “S” sob os cuidados do tio, enquanto viajavam,motivopeloqualsecriouumarelaçãodecoabitação.Abusandodessasituação,oacusadoenclausurouosobrinhocontraasuavontadeeaoarrepiodavontadedospais.

Anteoexposto,requer-seaVossaExcelênciaacondenação5doréu,comfundamentonoart.148,§1.º,IV,c/cart.61,II,f,doCódigoPenal,poisassimfazendoestar-se-árealizandoJUSTIÇA.6

Comarca,data.

_______________

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PromotordeJustiça

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1Estaéa formadeapresentaçãodosmemoriaisporpetição.OMPpodemanifestar-seemcotamanuscrita,nosautos,dizendo:“Apresentomemoriaisemseparadoem____laudas”.Nessecaso,apetiçãoanexaconteráapenasoórgãoaquemédirigida(MM.Juiz),osfatos(itens1,2,3,4e5)eopedidofinal.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Asalegaçõesfinaisescritasdevemser,comoregra,substituídaspelosdebatesorais,nostermosdareformaprocessualpenalintroduzidapelaLei11.719/2008.Porém,aindaéviávelqueojuizautorizeaapresentaçãodasalegaçõesporescrito,conformeacomplexidadedocasoouonúmerodeacusados.Sãoosmemoriais(art.403,§3.º,CPP).

4Segue-seumaordemlógicanaexposiçãodasprovasedasuainterpretaçãonasalegaçõesfinais:materialidade(provadaexistênciadocrime),autoriaecircunstânciasdeaumentodepena.

5Opedidodecondenaçãopodesergenérico,semespecificaçãodepena.Entretanto,oMPpodeindicar,seconvenienteepertinente,quantidadesdeaumentodepenaemostraraojuizfatoresnegativosdoart.59doCP,pedindoquesejaaplicadaapenaacimadomínimolegal.

6Pode,ainda,oMPsugeriraojuiz,quandoforocaso,oregimedecumprimentodepenaqueentendejusto,bemcomopedirquenãosejaconcedidoqualquerbenefício (v.g.,penaalternativaousursis).Por fim,podepleitearaomagistrado,quandojustificável,anãoconcessãododireitoderecorreremliberdade.

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13)Memoriais–Defesa

“O”manteveemcárcereprivado“S”,seusobrinho,durantedoisdias,semautorizaçãoexpressadeseuspais.Quandoestesdescobriramoparadeirodof ilho,acionaramapolíciae“S”foilibertado.Processado,comoincursonaspenasdoart .148,§1.º,IV,c/cart .61,II,f,doCP,f indaainst rução,seguemosmemoriaispeladefesa.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“O”,qualificadonosautos,porseuadvogado,nosautosdoprocesso-crime que lhe move o Ministério Público do Estado ____,2 vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.403,§3o,doCódigodeProcessoPenal,apresentarosseus

MEMORIAIS,3

nosseguintestermos:

I.MATÉRIAPRELIMINAR(art.571,II,CPP)4

1.Docerceamentodedefesa

A defesa, após a inquirição das testemunhas de acusação, emaudiência, requereu a Vossa Excelência a oitiva de uma testemunhareferida, que poderia prestar importantes esclarecimentos sobre osfatos,masteveseupleitoindeferido.

O argumento utilizado para tanto fundou-se na intempestividade daapresentação da prova, ou seja, como a mencionada testemunha, jáconhecidadadefesa,nãofoiarroladaemsuadefesaprévia,nãomaispoderiaserdeferidaasuaoitiva.

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Entretanto,VossaExcelêncianãoagiucomocostumeiroacerto,por,fundamentalmente, duas razões: em primeiro lugar, ainda que nãofosseatestemunhaouvidacomonumerária,deveriaserinquiridacomotestemunhadojuízo(art.209,CPP),emhomenagemaosprincípiosdabuscadaverdaderealedaampladefesa.Emsegundolugar,adefesa,emboraconhecesseatestemunha,nãotinhanoçãodoquantoelasabiaa respeito do caso, o que somente ficou claro quando a testemunha____ (fls. ____) referiu-se, expressamente, a ela. Logo, não foiarroladaanteriormentepornãoseternoçãodograudeconhecimentoquedetinha.

2.Doindeferimentodaprovapericial

É certo que a verificação da conveniência de realização de provapericial não obrigatória é atividade da competência de VossaExcelência.Entretanto,seapartesolicitaarealizaçãodeumexamequeguarderelaçãocomosfatosapuradosnacausa,nãopodeteroseuintentofrustrado,sobpenadeficarconfiguradoocerceamentona produção e indicação das provas. O réu tem direito à ampladefesa, valendo-se de todos os instrumentos possíveis parademonstraroseuestadodeinocência.

Porisso,oexamepsicológicorequerido,aserrealizadonavítima,tinhaetemafinalidadedeatestarograuderebeldiadomenoremacatarordens,bemcomojustificarqueelefaltoucomaverdadeemseu depoimento, possivelmente por imaturidade, ao criar situaçõesfantasiosasquenãoocorreram.

Requer-se, pois, preliminarmente, que Vossa Excelência converta ojulgamento em diligência para a colheita das provas supra-apontadas.5

II.MÉRITO

1.Quantoaomérito,oórgãoacusatóriosomenteconseguiudemonstrara tipicidade do fato, o que não se nega. Porém, longe está de seconstituircrime.

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A defesa admite, como, aliás, o próprio réu o fez em seuinterrogatório,quedeterminouaosobrinhoquepermanecesseemseuquarto, durante o fim de semana, como medida de proteção efinalidade educacional, tendo em vista o seu envolvimento com máscompanhias. Portanto, a sua liberdade de ir e vir foi, realmente,privada.

Masocrimenãoseconstituiapenasdetipicidade.Faltou,nocasopresente,ailicitude.

Oacusadoagiunoexercícioregulardedireito,comotiodavítimaepessoaencarregadapelospaisdomeninodecomelepermanecerporumdeterminado período, cuidando de sua educação como se pai fosse.Esse poder educacional lhe foi conferido verbalmente pelos pais,quando se ausentaram para viagem de lazer. Logo, não se podeargumentarquehouveofensaabemjurídicopenalmentetutelado.

Os depoimentos dos pais da vítima (fls. ____ e ____) espelhamexatamente o que ocorreu. Antes de viajar, eles deram autorizaçãoverbal para o réu cuidar do filho, “como se pai fosse”, o queenvolve,naturalmente,odireitodeeducare,senecessário,aplicara punição cabível, desde que moderada, exatamente o que ocorreunestecaso.

Não podem, pois, retornando mais cedo da viagem e encontrando ofilho preso no quarto da residência do réu, revogar aquilo quefalaram, chamando a polícia e transformando o que deveria ser umameradiscussãofamiliarnumcasocriminoso.

2.Nadoutrina,____.6

3. Assim não entendendo Vossa Excelência, apenas para argumentar,7

deve ser afastada, ao menos, a agravante de crime cometido emrelaçãodecoabitação.Avítimanãomoravacomoréu,encontrando-seemsuaresidênciaapenascomohóspede.Logo,sealgumarelaçãohaviaeraadehospitalidade,nãodescritaemmomentoalgumnadenúncia.

E mesmo quanto à agravante de delito cometido prevalecendo-se dasrelaçõesdehospitalidade,éprecisoconsiderarquetalhipótesenão

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se aplica ao caso presente. A finalidade da agravante volta-se àpunição daqueles que se furtam ao dever de assistência e apoio àspessoascomasquaisvivem,coabitamouapenasconvivem.Oréu,emmomentoalgum,pensouemagrediroofendidoparafaltarcomodeverdeassistência;aocontrário,suaatitudecalcou-senaprevençãodeproblemas, pois, na ausência dos pais, não poderia ele, menorimpúbere com apenas treze anos de idade, ir aonde bem quisesse,convivendocompessoasestranhase,decertomodo,perigosas.

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do réu,com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal, ou,subsidiariamente,pleiteia-seoafastamentodaagravantedoart.61,II, f, do Código Penal, pois assim fazendo estar-se-á realizandoJUSTIÇA.

Porderradeiro,deve-seressaltarqueoacusadoéprimário,nãotemantecedentes, merecendo receber a pena no mínimo legal, se houvercondenação, bem como a substituição por penas alternativas e odireitoderecorreremliberdade.8

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Estaéaformadeapresentaçãodosmemoriaisporpetição.Adefesapodemanifestar-seemcotamanuscrita,nosautos,dizendo:“Apresentomemoriaisemseparadoem____laudas”.Nessecaso,apetiçãoanexaconteráapenasoórgãoaquemédirigida(MM.Juiz),osfatos(itens1,2,3e4)eopedidofinal.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Asalegaçõesfinaisescritasdevemser,comoregra,substituídaspelosdebatesorais,nostermosdareformaprocessualpenalintroduzidapelaLei11.719/2008.Porém,aindaéviávelqueojuizautorizeaapresentaçãodasalegaçõesporescrito,conformeacomplexidadedocasoouonúmerodeacusados.Sãoosmemoriais(art.403,§3.º,CPP).

4Adefesa,especialmente,deveestaratentaàsnulidades(art.564,CPP),bemcomoaoprazolegalfixadoparaalegá-las,sobpenadepreclusão(art.572,CPP).Quandoelasocorreremduranteoprocesso,épreciso,antesdomérito,discutir,emmatéria preliminar, o seu reconhecimento. Somente as nulidades absolutas poderão ser alegadas a qualquer tempo oudeclaradasdeofíciopeloJudiciário.

5Oacolhimento,pelojuiz,dequalquerpreliminarlevantadapelaparteinteressadapodeimplicarnareaberturadainstrução,produzindo-se alguma prova faltante ou corrigindo-se determinado erro. Somente após, está o processo pronto parajulgamentodemérito.

6Citarposiçõesquedefendematesesustentadadequeparentespróximos,quandoautorizadospelospais,podemaplicarmedidascorretivasemexercícioregulardedireito.

7Namedidadopossível,écautelosoqueadefesalevantetesessubsidiáriasparabeneficiaroréu.Assim,nãoaceitandoaprincipal(absolvição),podeojuizcondená-locomumapenamaisbranda.

8Outracauteladadefesaépedirbenefíciospenaisemcasodecondenação,apontandoasvirtudesdoréuesolicitandooseudireitodepermaneceremliberdadepararecorrer.

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14)Pedidodeexplicações

“Z”, polít ico conceituado na região ____, tomou conhecimento que seu desafeto “O” estava espalhando, nosmaisdiversosgrupossociaisdeseurelacionamento,que“Z”eraum“polít icocomercial”,capazdeestabelecer“conchavos”e“negociatas”,“ninguémsabendodeondet eriaseoriginadosuafortuna”.Anot íciasobreofatochegouaosseusouvidosporpessoasquealegamnãoquerersecomprometer,negandoservirdet estemunhasacercadacondutade“O”.Semefet ivasprovasdocomportamentodeseuadversáriopolít ico,“Z”,ofendidoemsuahonra,quert erexplicaçõessobreosfatos.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarcade____.1

“Z”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular decarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside na (rua, número, cidade), por seu procurador e advogadoinfra-assinado,2 consoante poderes que lhe foram outorgados emincluso instrumento particular de mandato (documento 1), comescritório na (rua, número, cidade), onde receberá as intimaçõesdecorrentesdesteprocedimento,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,requerer

PEDIDODEEXPLICAÇÕES,

consoanteprevisãocontidanoart.144doCódigoPenal,emrazãodefatos envolvendo “O”, (nacionalidade), (estado civil), (diretor eredator-chefe do Jornal LE), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,estabelecidoem(cidade),onderesidena(rua,número,cidade)3,porfundamentoserazõesdedireitoedefatoquepassaaexpor:

1.Orequerenteécomercianteepolíticoconceituadonaregiãoonde

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reside,tendosidoeleitovereadorporduasvezesdacidadede____,nos períodos de ____ e ____, como comprovam documentos que ficamfazendoparteintegrantedapresente(documentos2a4).

2.Recentemente,tomouconhecimentodequeoorarequeridoestariaespalhando,portodaacidadeeregião,afirmaçõesofensivasàsuahonra,consistenteemafirmaçõesdúbiasereiteradamentesustentadasnasmaisdiversasrodassociaisepolíticas.

3. Segundo relatam testemunhas que não querem se envolver com osfatos, estaria o requerido atribuindo ao requerente a prática de“conchavosestranhos”,peloqueseriaum“políticocomercial”.

4. Acresça-se a essas afirmações, insinuações de caráterabsolutamente malicioso por parte do requerido, incitando seusinterlocutores “a adivinhar de onde viria a confortável situaçãofinanceiradorequerente”.

5.Diantedetaisfatos,épassíveldeseinferircondutacriminosaatentatória à honra do requerente, consubstanciada em difamação(art.139doCP)einjúria(art.140doCP).

6. Tendo o requerido se expressado de forma dúbia, torna-senecessário consubstanciar a sua conduta ilícita, a ensejar,eventualmente,acompetenteaçãopenal.

7. Prevê o nosso ordenamento legal, no art. 144 do Código Penal,que, de afirmações ou frases das quais se possam inferir condutasatentatóriasàreputação,caberápedidodeexplicaçõesemJuízo.

8.Nãoéoutraahipóteseemtela,razãodopresentepedido.

Isso posto, requer seja chamado a juízo o requerente, para darexplicaçõesacercadosfatos,deformaque,serecusaradá-lasou,a critério do juízo, não as der de forma satisfatória, poderáensejar a competente ação penal privada para punição das condutasquesetipificaremcrimescontrahonra.

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Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

____________

Defensor

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1Acompetênciadeveráatentarparaocrimecontraahonraqueseestiverbuscandoesclarecer,observando-sequepoderáalcançaroritosumaríssimoemJuizadoEspecialCriminal,emrazãodapena(crimedemenorpotencialofensivo).

2Oadvogadodeveráreceberpoderesespeciais,ouseja,aprocuraçãodevefazerexpressamençãoàproposituradaqueixacrime,comumbreveresumodosfatos.Sepreferir,oofendidopodeassinaraqueixa,juntamentecomseuadvogado(art.44CPP),oqueérecomendável.

3 Cuidando-se de dois agentes, em homenagem ao princípio da indivisibilidade da ação penal privada, é indispensável ooferecimentodequeixacontraambos,sobpenadeconfiguraçãodarenúncia(art.48,CPP).

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15)Audiênciadeapresentaçãodomenor–art.184,ECA

Representaçãon.º_____

Artigo:33,caput, da Lei 11.343/2006, por duas vezes, e art. 16,caput,daLei10.826/2003,nostermosdoart.69doCódigoPenal

Representado:__________

Aosvinteeseisdiasdomêsdemaiodoano_______,nestacidadeeComarcade________,naSaladeAudiênciasdoEdifíciodoFórumlocal,ondepresenteseachavaoExcelentíssimoSenhorDoutor_________,MM.Juizda____Vara,comigooescreventedesaladeseucargo, ao final nomeado e assinado, perante o representante doMinistérioPúblico,Doutor______.Abertaaudiênciaeapregoadasaspartes, compareceram o representado _____, assistido por suagenitora_______,acompanhadosdoDefensorPúblicoDoutor________.INICIADOS OS TRABALHOS, o MM. Juiz proferiu a seguinte decisão:“Vistos.1.Receboarepresentaçãonostermosemquelançada,poisestãopresentesaprovadaexistênciadoatoinfracionaleindíciossuficientesdeautoria.Promovam-seasanotaçõesnecessárias.2.Nopresente ato ficam pessoalmente citados o adolescente e suagenitora.3.Determinoqueseprossigaàaudiênciadeapresentação,sendo que ao final deliberarei acerca da internação provisória,requerida pelo Ministério Público. Na sequência, foi realizada aapresentação do adolescente, em termo apartado.1 Após, o MM. Juizdeliberou: “1. Para audiência em continuação, designo o dia 10 dejunho de ______, às 16h20min. 2. Ficam notificados para o ato adefesa, a genitora do adolescente e o Ministério Público. 3.Requisite-se a apresentação do adolescente. Intimem-se astestemunhasarroladaspeloMinistérioPúblicoeastestemunhasquevenham a ser arroladas pela defesa. 4. Fica a defesa pessoalmenteintimada para apresentação da defesa prévia no prazo de 3 (três)dias.5.Venhaaosautosacertidãodeantecedentesinfracionaisdo

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adolescente. 6. Oficie-se com urgência ao Instituto deCriminalística solicitando a remessa do laudo toxicológicodefinitivo e do laudo de exame na arma de fogo ao juízo em viaoriginalouporfotocópia,casoooriginaltenhasidoencaminhadoàdelegacia de origem. 7. A apreensão das drogas e da arma foirealizada sem máculas ou vícios. 8. Passo a decretar a internaçãoprovisória.Aomenosnopresentemomento,ainternaçãoprovisóriaseafiguranecessária.Estãopresentesosrequisitosexigidospeloart.108, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Háprovadamaterialidadeeindíciosdeautoriadoatoinfracional,osquaisemergemdoconjuntocoligidoaosautosnafaseinquisitória.Os contornos fáticos revelam a gravidade concreta do caso: haviaexpressiva quantidade de droga e diversidade de substâncias,inclusive com entorpecente de espécie nefasta, como o crack. Issonãobastasse,estavaoadolescenteempoderdeumaarmadefogocomnumeraçãosuprimida,situaçãoessaqueevidenciaproximidadecomasenda delitiva e a facilidade do agente em encontrar meios para aconsecuçãodapráticainfracional.Finalmente,deve-seressaltarqueele possui antecedentes infracionais. Nesse passo, a internaçãoprovisória se apresenta como oportuna para garantia da ordempública,oquejustificaamedidaconcretamente.Diantedoexposto,acolhendo a representação do Ministério Público, APLICO aoadolescente_________amedidadeINTERNAÇÃOPROVISÓRIA,peloprazodeaté45(quarentaecinco)dias,oquefaçocomfundamentonoart.108 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 13 dejulho de 1990). Providencie-se o quanto necessário, requisitandovaga na unidade _____. Nada mais. Lido e achado conforme, vai pormimdevidamenteassinado.Eu,___________(_____),EscreventeTécnicoJudiciário,digiteieprovidencieiaimpressão.

MM.Juiz:

PromotordeJustiça:

Defensor:

Representado

Responsável:

1Aaudiênciadeapresentaçãotemporfinalidadeouviroadolescenteeseuspais(ouquemcomparecercomoresponsávelpelojovem).Pode

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solicitar,noato,aopiniãodeprofissionalqualificado(psicólogoou assistente social). Essa medida destina-se à verificação dapossibilidadedeconcessãodaremissão,alémdefornecersubsídiospara decidir acerca de eventual internação provisória. O termo àpartecontémasdeclaraçõesdomenoreseuresponsável.

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1

________AreformaprocessualpenaltrazidapelaLei11.719/2008,emrazãodaconfusaredaçãodosarts.396a399doCPP,produzcontrovérsia.Háquementenda serválidoo recebimentodadenúnciaouqueixamencionadonoart. 399doCPP,ou seja, apósa apresentaçãodadefesainicialdoacusado.Outrossustentamqueexistemdoismomentosparaorecebimentodadenúnciaouqueixa:oprevistopeloart.396,caput,eomencionadopeloart.399,caput.Umdelesseriaprovisório;ooutro,definitivo.Nãoháespaçoparaampliaressadiscussãonocontextodestaobra.Pensamos,noentanto,sercorretaainterpretaçãodosdispositivossuprarreferidosconformeexpusemosnocorpodotrabalho.Dessa forma, há umúnico recebimento da peça acusatória e ele se dá logode início, conformeprevisão feita pelo art. 395doCPP.Amençãodoart.399doCPPéumpatenteequívocodolegisladoredeveserignorada.Estatemsidoaposiçãomajoritáriadajurisprudência.

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1.

2.

3.

4.

Conceito

Éodireitodepleitear,aoEstado-Juiz,umaindenizaçãocivilpelodanocausadopelainfraçãopenal.Pode-seingressarcomopedidotantonaesferacriminal,apósoadventodaLei11.719/2008,comonaórbitacivil.Consultarosubitem4.1,infra.

Finalidade

Éviávelabuscadasatisfaçãotantododanomaterialquantodomoral.Portanto,édireitodaparteofendida requerer indenização pelo dano material apenas, pelo dano moral somente, ou por ambos.Naturalmente, há delitos que não dão ensejo à indenização, por não possuírem vítima definida (ex.:tráficoilícitodedrogas).

Fundamentolegal

NaConstituição Federal, consultar o art. 5.º, X (“são invioláveis a intimidade, a vida privada, ahonra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moraldecorrentede suaviolação”).NoCódigodeProcessoPenal, consultaros arts. 63 a68e387, IV.NoCódigo Civil, preceitua o art. 935 que “a responsabilidade civil é independente da criminal, não sepodendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estasquestõesseacharemdecididasnojuízocriminal”.

Pontosrelevantes

4.1Perfil

Há,basicamente,trêspossibilidadesjurídicasparaopedidodeindenizaçãocivilemrazãodocrime:a)aaçãocivilbaseia-senaformaçãodeumtítuloexecutivonaesferacriminal,constituídodasentençapenalcondenatória(art.91,I,CP).Portanto,naórbitacivil,nãomaissediscuteodeverdeindenizar(andebeatur),mastãosomenteoquantosedeve(quantumdebeatur).Nessasituação,oofendidoaguardaotrânsitoemjulgadodesentençapenalcondenatóriaparapromoverdiretamenteaexecuçãonojuízocível;

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b)podeajuizar,ainda,naesferacivilaçãoindenizatóriadeconhecimento,quepodesersuspensaduranteocursodaaçãopenalrespectiva(art.64,CPP);c)oofendidopodeingressardiretamentenaaçãopenal,comoassistentedeacusação,pleiteandoareparaçãocivilpelodanocausadopelainfraçãopenal.Nessecaso,ojuizcriminal,nasentença,alémdeimporpenaaoréu,podecondená-loàsatisfaçãododano,aomenosquantoaovalormínimo(art.387,IV,CPP).

4.2Excludentesdeilicitudereconhecidasnaesferacriminal

Asentençaabsolutória,proferidapelojuizcriminal,quandoreconhecerapráticadofatoemlegítimadefesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal(podemos incluir, igualmente, o consentimento do ofendido, que é causa supralegal de exclusão dailicitude) faz coisa julgada no cível (art. 65, CPP). Não mais se admite a discussão acerca da suaocorrência,oquenãoelimina,definitivamente,apossibilidadedeavítimapleitear indenização.Cadacaso concreto deve ser analisado individualmente. Comparação: a) “A” mata seu agressor “B” emlegítimadefesa.Nãoháindenizaçãoalgumanaórbitacivil;b)“A”,aoatirarcontraseuagressor“B”,emlegítimadefesa,porerronaexecução,acabaatingindo“C”,inocentequepassavapelolocal.Emrelaçãoaestetemodeverdeindenizar;emrelaçãoa“B”,seforferido,nadadeve.Consultarosartigos188,929e930doCódigoCivil.

4.3Sentençascriminaisabsolutóriaseseureflexonocível

Fazemcoisajulgadanaesferacivil,nãopossibilitandoindenização:a)declararojuizpenalqueestáprovadaainexistênciadofato(art.386,I,CPP);b)considerarojuizpenal,expressamente,queoréunãoconcorreu,demodoalgum,paraapráticadofato(art.386,IV,CPP).Permite-seadiscussãododeverdeindenizarquandohouverabsolvição:a)pornãoestarprovadaaexistênciadofato(art.386,II,CPP);b)pornãoconstituirofatoinfraçãopenal(art.386,III,CPP);c)pornãoexistirprovasuficientedeteroréuconcorridoparaainfraçãopenal(art.386,V,CPP);d)porinsuficiênciadeprovas(art.386,VII,CPP);e)porterhavidoexclusãodaculpabilidadeeemalgunscasosdeexclusãodailicitude,conformeexpostonoitemanterior(art.386,VI,CPP).Lembremosqueoarquivamentodeinquéritopolicialeadecretaçãodaextinçãodapunibilidadenãoimpedemadiscussãododeverindenizatórionocível.

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5.

Procedimentoesquemático

1.º)Açãocivilexdelicto

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1.º)

2.º)

6.Modelosdepeças

Açãocivilexdelicto.

Pedidodereparaçãocivildodanoemaçãopenal.

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1.º)Açãocivilexdelicto

“B”foivít imadelesãocorporalpromovidapor“H”,ocorrendo,emrazãodamesma,incapacidadeparasuasocupaçõeshabituais demotorist a de t áxi. Tendo sido “H” condenadona esfera penal por sentença t ransit ada em julgado, “B”buscaserressarcidodosdanosdecorrentesdacondutacriminosa.Argumentaque,emrazãodosferimentos,nãopôderealizarsuasat ividadeshabituaisdurantenoventadias,t endodespendidoR$11.700,00emt ratamentomédicoeR$1.200,00emt ratamentof isioterápico.Segundorelata,atualmenteexercefunçãoquelheconferemenosdeumterçode seus rendimentosmensais anteriores ao crime, razãopeloquedeverá ser a ação competenteajuizada,para verreparadoodanosuportado.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCíveldoFórum1____daComarcade____.2

“B”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular decarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside na (rua, número, cidade), por seu procurador e advogado3

infra-assinado, consoante poderes que lhe foram outorgados emincluso instrumento particular de mandato (documento 1),4 comescritório na (rua, número, cidade), onde receberá as intimaçõesdecorrentes deste processo, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelência,proporapresente

AÇÃOCIVILEXDELICTO,

promovendo a execução de título judicial, ou seja, sentença penalcondenatória, já transitada em julgado, com fundamento nos arts.475-EeseguintesdoCódigoProcessoCivilcombinadoscomoart.63do Código de Processo Penal, em face de “H”, (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobo n.º ____, domiciliado em (cidade), onde reside na (rua, número,cidade),porrazõesdefatoededireitoaseguirexpostas:

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I.DOSFATOS

1.Orequerido,emdatade____,perpetrandocondutacriminosa,consistenteemusodearmadefogo,atingiuaintegridadefísicadorequerente, acarretando-lhe lesões corporais graves descritas emlaudopericial(documento2)queconstoudeaçãopenaltramitadanoJuízoda____.ªVaraCriminal,Processon.º____(documento3).

2. Referida conduta, nas circunstâncias em que ocorreram,acarretouacondenaçãodorequeridonaaçãopenalmencionada,comocomprovaasentençacondenatóriaquepassaafazerparteintegrantedapresente(documento4).

3.Emrazãodosgravesferimentoscausados,orequerentepassoupor cirurgia reparadora do fêmur, como também demonstrado nosdocumentosanexados(documentos5e6),queacarretaramsequelasdenatureza funcional e estética, impedindo-o de desenvolver suaatividade laborativa habitual, como motorista de táxi, produzindo,inclusive,diminuiçãodesuacapacidadeprofissional.

4.Encontra-se,destafeita,orequerentesujeitando-se,atéapresente data, a tratamento de fisioterapia diária, buscandoreabilitação, que lhe possibilite desenvolver as suas atividadeshabituais,prejudicadaspelalesãosustentada.

5. O requerente, embora não tenha dependentes, mantinha suaprópriasubsistênciacomarendadeseutrabalhodemotorista,ondeperfazia a média de R$ 180,00 por dia, excetuando os trabalhosesporádicos nos finais de semana, que lhe rendiam, em média, R$250,00.

6. Os referidos rendimentos podem ser comprovados pelamovimentação bancária do requerente, demonstrada pelos extratosexpedidos pela instituição frente à qual mantém conta corrente(documento7),queexpressaumganhomensalemtornodeR$5.800,00.

7. Em face do ocorrido, o requerente, aos 45 anos de idade,anteriormente aos fatos gozando de saúde perfeita, viu-seimpossibilitado de promover seu próprio sustento, tendo até apresentedatasesubmetidoaostratamentosnecessáriosemvirtudedeauxílioquelhefoiprestadoporamigos,sensibilizadosemfacedacondiçãoaqueseviureduzido.

8. O requerente exerce, atualmente, a função de atendente de

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empresa de telemarketing, recebendo salário de R$ 800,00 mensais,nessemontanteincluídasashorasextrastrabalhadas(documento8),apresentando nítidos sinais de depressão, merecedores deacompanhamento psicológico, já não efetuado em razão da falta derecursosfinanceiros.

II.DODIREITO

9.Éincontestearesponsabilidadedorequerido,umavezquefoio autor dos prejuízos sustentados pelo requerente, conformedetalhadamente apurado no juízo criminal, a justificar suacondenação,objetodasentençapenal,oraexecutada.

10. Consoante previsão do próprio Código de Processo Penal,notadamenteoart.63,passívelderessarcimentoéoefeitodanoso,desde que objeto de sentença já transitada em julgado, onde háreconhecimentoexpressodaaçãodelituosa.

11. Além do mais, não há só a previsão normativa processualpenalparasocorrerosdireitosdorequerente,umavezqueoCódigoCivilvigentetrazmençãoordenatóriadodeverderepararodanoporpartedaqueleque,poratoilícito,provocou-o(art.927,CC).

12. Nesse contexto, o valor da reparação do dano sustentado éexpresso pelo valor gasto para a reparação e recuperação de suasaúdefísica,associadoaomontantequedeixoudeobteremrazãodaimpossibilidade de exercer sua atividade laborativa habitual eacrescidodovalordequesevêprivadodepercebermensalmente,coma redução de sua capacidade de trabalho. A tudo, ajunta-se omontanteequivalenteaosdanosmorais.

13.Nãosenegueaabrangênciadocaráterindenizatório,eisquetotalmente originado da conduta criminosa do requerido, esta jáindiscutível,asustentarapertinênciadosvaloresaquipermeados.

14. No sentido do que se alega, especialmente quanto àabrangência do valor a ser pago a título de reparação do dano,inclusive considerado o dano moral, colaciona-se na oportunidade,jurisprudênciadeamplaabordagem.5

III.DOSVALORESPLEITEADOS

15. Conforme já exposto, arcou o requerente com despesas

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médicas, consistentes em operação, tratamento, remédios e cirurgiaósseacomovalordeR$11.700,00maisR$1.200,00emacompanhamentode fisioterapia, valores esses comprovados pela documentação queficafazendoparteintegrantedapresente.

16.Outrossim,deixoudeobterqualquertipoderendimento,emrazão de sua incapacidade de exercer sua atividade habitual pornoventadias,oquelheacarretouumprejuízomédiodeR$17.400,00,atítulodelucroscessantes.

17. Estando, presentemente, trabalhando em função que lhegarante ganho mensal inferior aos seus rendimentos médios mensaisanteriores, há de se apontar uma perda salarial expressiva, quedeveráserreposta,atítuloindenizatório,nomínimo,àrazãodeR$3.000,00mensais,atéqueorequerentecomplete65anos,idadetidacomopadrãomédioparaexpectativadevidananossarealidadeatual,oquealcançaumvalordeR$60.000,00.

18.Porfim,atítulodedanomoral,estima-seaquantiamínimadeR$60.000,00,calculadafrenteaovaloralcançadopeloprejuízosustentadopelaperdadecapacidadelaborativaplenadorequerente,salvo a utilização de mais elevado critério para fixação, adotadoporessedoutoJuízo.

19. Os valores aqui perfilhados encontram-se, minuciosamente,detalhadosemmemóriadecálculoqueinstruiapresente(documento9) e deverão ser considerados com os respectivos reajustes,considerando-seadatadosrespectivospagamentos,parasustentaroarbitramentodovaloraserexecutado,salvomelhorcritérioaserfixadoporesseJuízo.

20. Ressalte-se, por derradeiro, quando a sentença penal nãoexpressar o valor do dano causado, como é a hipótese da presente,mostra-senecessáriaaliquidaçãodomontanteaserexecutado.Paratanto, foram oferecidos os parâmetros supraindicados, dispensável,dequalquerforma,oprocessodeconhecimento.

IV.DOPEDIDO

Por todo exposto, requer-se seja citado o requerido, paracontestar a presente ação, apresentando a defesa que tiver, com oobjetivo de, ao final, serem fixadas as quantias indenizatóriassugeridas,comoprosseguimentodaexecução,nostermosdoart.475-

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JdoCPC.

Requer-se, também, a condenação em honorários advocatícios, aseremfixadosdeplano,consoanteprevêoart.20,§3.º,doCódigodeProcessoCivil.6

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova emDireito admissíveis, especialmente pela juntada de documentos,perícia médica, oitiva de testemunhas e outras que se fizeremnecessárias.

Valordacausa:R$150.300,00.

Termosemque

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Podeserfórumcentralouregional,conformeaorganizaçãojudiciárialocal.

2Nossa legislaçãoreconhecea independênciaentreoJuízocíveleopenal.Ressalva,contudo,que,quantoàautoriaeàexistência do delito, prevalece o decidido no âmbito criminal. Aqui, cuidamos de ação penal fundada em sentença penalcondenatóriairrecorrível.

3 O STF reconheceu, onde ainda não esteja instituída e estruturada a Defensoria Pública, em caráter excepcional, alegitimidadedoMPparaproposituradaaçãocivilexdelicto.Este tambéméoentendimentomajoritárionoSTJ,existindo,contudo,algumasposiçõesemsentidocontrário.

4Poderáorequerentepleitearosbenefíciosdaassistênciajudiciária,sustentandofaltaderecursosparaapromoçãodaação,semprejuízodesuasubsistência(Lei1.060/50).

5Éinteressanteinserirjurisprudênciaenvolvendoamatéria,especialmentenoquedizrespeitoaeventualdanomoral.

6Art.652-AAodespacharainicial,ojuizfixará,deplano,oshonoráriosdeadvogadoaserempagospeloexecutado(art.20,§4.º).Parágrafoúnico.Nocasodeintegralpagamentonoprazode3(três)dias,averbahonoráriaseráreduzidapelametade.(IncluídospelaLei11.382/2006).

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2.º)Pedidodereparaçãocivildodanoemaçãopenal

“R”foivít imadefurtoprat icadopor“V”.Est e,ex-empregado,conhecendoofuncionamentodalojadevendadecarrosusados onde t rabalhava, ingressou à noit e, com comparsas, não ident if icados, subt raindo um veículo do local. Foidenunciado por furto qualif icado. Recebida a denúncia, o réu foi cit ado para oferecimento de defesa prévia. Nãohavendomot ivoparaabsolviçãosumária,omagist radodesignouaudiênciadeinst ruçãoejulgamento,cient if icandooofendido.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarcade____.1

“R”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular decarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside na (rua, número, cidade), por seu procurador e advogadoinfra-assinado, consoante poderes que lhe foram outorgados emincluso instrumento particular de mandato (documento 1),2 comescritório na (rua, número, cidade), onde receberá as intimaçõesdecorrentes deste processo, vem, respeitosamente, à presença deVossa Excelência, requerer a sua habilitação como assistente deacusação, nos termos do art. 268 do Código de Processo Penal, bemcomoapresentaroseupedidodereparaçãocivildosdanoscausadospelocrime,combasenoart.387,IV,domesmoEstatuto,expondooseguinte:

1. O acusado, em data de ____, conforme exposto na denúncia,subtraiu um veículo de propriedade do requerente. Embora os fatostenham ocorrido no interior da empresa ____, que comercializaautomóveisusados,oobjetodofurtoeradepropriedadeexclusivadosuplicante.

2.Referidaconduta,nascircunstânciasemqueocorreram,deveprovocaracondenaçãodorequeridoaofinaldestaaçãopenal.

3.Entretanto,desdelogo,cientedadesignaçãodeaudiênciadeinstrução e julgamento,3 bem como da possibilidade jurídica de

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condenação concomitante do acusado nos contextos penal e civil,ingressa com pedido de reparação por dano material, relativo aovalordoveículosubtraído,avaliadoem______(documentosanexos).4

4.Entende,ainda,orequerentefazerjusàcondenaçãopordanomoral, exigindo-se do acusado uma indenização no valor de _____,resultante da privação de seu bem, o que lhe acarretou váriosdissaboresdeordempessoal,alémdefrustraçõesnoseiofamiliar.

5.Odanomaterial,desdequecomprovadaapráticadainfraçãopenal, está demonstrado pelos variados laudos de avaliação dediversas fontes ora juntados. Quanto ao dano moral, entende osuplicanteserdesnecessáriaaproduçãodeprovas,poisénotóriooaborrecimento causado a quem se vê privado de bem de suapropriedade,mormenteemsetratandodeveículo,meiodetransportedosmaisrelevantesemcidadesgrandescomoesta.Porém,seV.Exa.entender necessário, protesta-se pela oitiva de testemunhas, queserãoindicadasapósodeferimentodesseínclitojuízo.

Termosemque

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Nossa legislaçãoatenuoua independênciaentreosJuízoscívelepenal.ALei11.719/2008passouapermitirqueo juizcriminal,nasentençacondenatória,apliqueapenaetambémfixeareparaçãocivildodano,pelomenospelovalormínimo.

2Poderáorequerentepleitearosbenefíciosdaassistênciajudiciária,sustentandofaltaderecursosparaapromoçãodaação,semprejuízodesuasubsistência(Lei1.060/50).

3Ojuizdeveintimaravítimaemrelaçãoàaudiênciadeinstruçãoejulgamento,poiseladeveráserouvida(art.400,caput,CPP).Alémdisso,constituiumdeseusdireitosbásicos(art.201,§2.º,CPP).

4 Há quem sustente não existir necessidade de ser formulado pedido de condenação civil do réu por parte do ofendido.Poderia o magistrado condenar à reparação, de ofício, desde que ao valor mínimo. Assim não entendemos. O devidoprocesso legal sofreria lesão irreparável, pois ausentes o contraditório e a ampla defesa. O acusado tem direito de sedefendertantodopedidocriminal,queimplicaráemcondenaçãoeaplicaçãodapena,quantodopleitocivil,merecedordeumvaloraserdebatidonoâmbitodoprocesso.Condenaçãodeofíciofogeaosparâmetrosgarantistasdoprocessobrasileiro.

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1.

2.

3.

Conceitos

Jurisdição é o poder atribuído ao Estado, pela Constituição Federal, para aplicar a lei ao casoconcreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. Realiza-se por intermédio dos agentes do PoderJudiciário.Todomagistrado,investidonasfunções,possuijurisdição.Entretanto,paramelhoradequaraorganização judiciária do Estado, bem como para possibilitar a aplicação das diversas formas derecursos e viabilizar o julgamento dos processos de apreciação direta dos tribunais, em face daexistência do foro por prerrogativa de função, estabeleceu-se a competência, que é a delimitação dajurisdição. Portanto, competência é o espaço dentro do qual determinada autoridade judiciária podeaplicarodireitoaoslitígiosquelheforemapresentados,compondo-os.

Competênciaabsolutaerelativa

Denomina-seabsolutaacompetênciaquenãopodeseralterada,nemprorrogada,devendoofeitoserjulgadopelojuizconstitucionalelegalmenteindicado,sobpenadenulidadeinsanável.Pertencemaessaespécieacompetênciaemrelaçãoàmatériaeaemrelaçãoàprerrogativadefunção.

Chama-serelativaacompetênciaqueadmiteprorrogação,istoé,senãohouverimpugnaçãodaparteinteressada, a demanda pode ser julgada por outro magistrado, diverso daquele indicado pela leiprocessualpenal.Cuida-se,nessecaso,dacompetênciaterritorial.

Regrasbásicasparaafixaçãodacompetência

O percurso inicia-se pela regra geral, que é o lugar da infração penal (local da consumação,conformeart.70,CPP).Opta-seportalcritérioemvirtudedoabalogeradoàcomunidadedecorrentedaconcretizaçãododelito.Ora,constituindoumdosfundamentosdapenaservirdeexemploàcomunidade,torna-senaturalqueocriminososejajulgadonolocalondeoresultadodesuacondutamaterializou-se.

Em seguida, não havendo exceções, verifica-se se hámais de um juiz competente para apreciar ocaso.Havendo,faz-seadistribuição, istoé,sorteia-sealeatoriamenteumdosmagistradosdaComarcaparaaconduçãodoprocesso.

Portanto,namaioriadasvezes,verifica-seolugardaconsumaçãodainfraçãopenal.SeaComarca

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possuirapenasumjuiz,seráeleocompetenteparajulgarofeito.Casoexistamaisdeum,sorteia-seocompetente.

Há,noentanto,asexceções.Analisemosemdoisblocos:a)exceçõesquantoà regra territorial;b)exceçõesquantoàregradadistribuição.

No primeiro caso (regra territorial), embora a consumação do crime tenha acontecido emdeterminada Comarca, podem ocorrer duas situações que alteram a competência: 1.ª) existência dematériaespecial,levando-seemcontaanaturezadainfraçãopenal:crimesmilitareseeleitorais.DevemelesserjulgadospelaJustiçaPenalEspecial.Logo,senaComarcaondeaconsumaçãosedeunãohouverJustiçaMilitar ou Justiça Eleitoral, desloca-se o julgamento para outra Comarca, conforme as regrasestabelecidaspelaleideorganizaçãojudiciária.Ex.:umcrimemilitarserájulgadopelaJustiçaMilitar,cujasJuntasestãoconcentradasnaCapitaldoEstado,paraondesedeslocaadistribuiçãodoprocesso,não importando o lugar da consumação; 2.ª) existência de foro especial, em virtude da condição doagente.Há várias autoridades que, constitucionalmente, detêm foro privilegiado, somente podendo serprocessadase julgadasem tribunaisespecíficos.Exemplos:umdeputado federal somente será julgadopeloSupremoTribunalFederal;umdesembargador,peloSuperiorTribunaldeJustiça;umpromotordejustiçaouumjuizdedireito,peloTribunaldeJustiçadoseuEstado.

No segundo caso (regra da distribuição aleatória), embora existamais de um juiz na Comarca, adistribuiçãosefará,nãoporsorteio,masdirigidaadeterminadomagistrado.Talsituaçãopodeocorrer:1.º) quando houvermatéria especial a ser discutida (processos da competência do Júri; da execuçãopenal;doJuizadoEspecialCriminal).Ex.:emcertaComarca,háquatroVarasCriminaiseumaVaradoJúri;sehouverumhomicídio,seráoinquéritodistribuídodiretamenteàVaradoJúrienãohaverásorteioentre os cinco juízes do lugar; 2.º) quando forem detectadas hipóteses de conexão ou continência,exigindoajunçãodosprocessosparaacolheitauniformedasprovaseparahaverumasentençaúnica.Ex.:um furtoédistribuídoparao juizda1.ªVaraCriminaldaComarca; apurando-se,posteriormente,uma receptação, decorrente deste furto, encontra-se a conexão. Por isso, o inquérito que investigou areceptaçãoserádiretamentedistribuídoaojuizda1.ªVara,semsorteio;3.º)quandohouverprevenção,ouseja,nocasodealgumdosjuízesdaComarcaterproferidodecisãodecaráterjurisdicionalduranteainvestigação policial, tornando-se competente para apreciá-la. Ex.: se um dos cinco magistrados daComarca autorizar uma busca e apreensão, solicitada pelo delegado, durante um fim de semana, emcaráter de urgência, torna-se prevento para conhecer a futura ação penal. Outra regra trazida pelaprevençãodizrespeitoàpossibilidadedeocorreraconsumaçãodocrimealastradaemváriasComarcas,tornandocompetenteomagistradoqueprimeiroproferirdecisãosobrealgumamatériacontroversa.Ex.:um sequestrador pode transferir a vítima para vários cativeiros, abrangendo três Comarcas; como osequestro é crime permanente, a consumação se arrasta pelo território desses três lugares. Assimacontecendo, qualquer dos três juízes é competente para apurar o delito; aquele que primeiro decidirquestãocontroversanoinquéritooureceberadenúncialegitima-separaconduzirofeito.

Lembremos,porderradeiro,queoCódigodeProcessoPenal,noart.72, fixouodenominado forosupletivoparaassituaçõesemquenãoseconhecerolugardeconsumaçãodocrime.Paraisso,deve-se

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apurarainfraçãopenalnolugardodomicílioouresidênciadoréu.Em conclusão: detectada a prática da infração penal, busca-se o lugar da consumação; não sendo

possívelencontrá-lo,elege-seoforododomicílioouresidênciadoréu;setambémnãoforviávelapurá-lo, vale a regradaprevenção, ou seja, oprimeiro juizquedecidir algo relativo à investigaçãoou aoprocesso, torna-se competente. Por outro lado, ainda que encontrado o lugar onde a infração seconsumou,cuidando-sedematériaespecial(militaroueleitoral),busca-seoforoespecífico,bemcomoquandoo agente tiver foroprivilegiado.Nomais, inexistindomatéria especialou agenteprivilegiado,faz-seadistribuiçãoporsorteio.EstasomentenãoocorrerásehouverVaraespecíficaparadeterminadamatéria,emcasodeconexãooucontinênciaousejáseconcretizouaprevenção,poisoutrojuizproferiualgumadecisãorelativaaocaso.

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4.

Procedimentosesquemáticos

1.º)EstruturageraldoPoderJudiciário(naesferacriminal)

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2.º)Jurisdiçãoecompetência–OrganizaçãodaJustiçaEstadual

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3.º)Jurisdiçãoecompetência–OrganizaçãodaJustiçaFederal

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4.º)Competênciaorigináriaporprerrogativadefunçãoematéria

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5.º)CompetênciadaJustiçaFederal–Art.109daCF

CompetênciadaJustiçaFederal(art.109,CF)

1–Crimespolíticos:arts.8.°a29daLei7.170/83.Oórgãode2.°grauéoSTF(art.102,II,b,CF).

2–Crimespraticadosemdetrimentodebens,serviçosouinteressesdaUnião,desuasautarquiasouempresaspúblicas,excetocontravençõespenaisematériamilitareeleitoral.Nota:Súmula147,STJ:CompeteàJustiçaFederaljulgardelitoscometidoscontrafuncionáriopúblicofederal,quandonoexercíciodafunção.

3–Crimesprevistosemtratadoseconvençõesinternacionais,quandoiniciadosnoBrasilefinalizadosnoexterior(ouquandodeveriamfinalizar)oureciprocamente.Sãooschamadoscrimesàdistância.

4–Crimescontraaorganizaçãodotrabalho:apenasosdelitosdeinteressecoletivo,ouseja,contraaorganizaçãogeraldotrabalhooudireitodostrabalhadoresconsideradoscoletivamente.AnálisedostipospenaisdoCódigoPenal:art.197(EstadualouFederal),art.198(EstadualouFederal),art.199(EstadualouFederal),art.200(EstadualouFederal),art.201(Federal),art.202(Federal),art.203(EstadualouFederal),art.204(Federal),art.205(Estadual),art.206(Federal),art.207(Federal).

5–Crimescontraosistemafinanceiroeaordemeconômico-financeira,noscasosprevistosemlei.VerLei7.492/86.

6–Crimescometidosabordodeaeronavesenavios,salvocompetênciadaJustiçaMilitar.Nota:navioé,paraessefim,apenasembarcaçãodegrandecapacidadedetransportedemercadoriasepessoas.

7–Habeascorpusemmatériacriminaldesuacompetênciaequandooconstrangimentotiverorigemematodeautoridadenãosujeitaaoutrajurisdição(competênciaresidual).

8–Crimesdeingresso,reingressoepermanênciairregulardeestrangeironoBrasil:art.338,CódigoPenal;art.125,incisosXIaXIII,daLei6.815/80.

9–Crimescontracomunidadesindígenas.Nota:quandoocrimeforpraticadocontraumíndioédacompetênciaestadual.(Súmula140,STJ).

10–Cumprircartasrogatórias(apósexequaturdoSTJ)esentençaestrangeira(apóshomologaçãodoSTJ).

11–CrimescontraosdireitoshumanoscomafinalidadedeassegurarocumprimentodasobrigaçõesdecorrentesdetratadosinternacionaisdedireitoshumanosdosquaisoBrasilsejaparte,desdequeautorizadoodeslocamentodacompetênciapeloSTJ,medianteprovocaçãodoProcurador-GeraldaRepública.

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1.

2.

Conceito

São as questões e os procedimentos secundários que incidem sobre o procedimento principal,merecendo solução antes da decisão demérito ser proferida. Dividem-se em questões prejudiciais eprocedimentos incidentes.Asquestõesprejudiciaisconstituempontos relevantes,vinculadosaodireitomaterial,aseremdecididasantesdoméritodacausa.Osprocedimentosincidentessãopontoslevantadosduranteotrâmitedoprocedimentoprincipal,vinculadosaodireitoprocessual,aseremresolvidosantesdeanalisadooméritodacausa.

Questõesprejudiciais

São as questões de direito material, que devem ser analisadas pelo juiz criminal antes de haverdecisãodemérito.Distinguem-sedaschamadasquestõespreliminares(ou,simplesmente,preliminares),pois estas trazem, como regra, questionamentos de direito processual, vinculados a falhas e víciosexistentesnoprocesso,a seremsanadosantesdasentença.Comparação:a)questãoprejudicial:o juizdeveaguardaradecisãodojuízocívelacercadoslimitesexistentesentredoisterrenos,umavezquesediscute,nofeitocriminal,apráticadeesbulhopossessório;b)questãopreliminar:ojuizdevedecidir,antes do mérito, se houve cerceamento de defesa durante o trâmite processual, ou se deixou de serobservadaformalidadeprocessualobrigatóriaestipuladaemlei(ex.:defesapreliminaremprocessosqueaexigem).

Uma questão preliminar pode conter uma prejudicial. Entretanto, uma questão prejudicial nãonecessita ser levantada, necessariamente, como matéria preliminar. Ao contrário, geralmente a parteprovocaaquestãoprejudicialporpetição,emqualquerfase,aotomarconhecimentodasuaexistência.

As questões obrigatórias dizem respeito ao estado civil das pessoas (art. 92, CPP), enquanto asfacultativasrelacionam-seafatoresdiversos(art.93,CPP).Asprimeiras,quandopropostas,provocamasuspensãoobrigatóriadoprocesso.Assegundas,quandoapresentadas,podemprovocarasuspensãodofeito,conformeoentendimentodojuiz.

Separam-se, ainda, as questões prejudiciais heterogêneas, que cuidam de matéria extrapenal, dashomogêneas,cujamatériaésomentedoâmbitopenal.

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3.Procedimentosincidentes

Sãoosseguintes:a)exceções;b)incompatibilidadeseimpedimentos;c)conflitosdecompetência;d)restituição de coisa apreendida; e) medidas assecuratórias; f) incidente de falsidade; g) incidente deinsanidademental.

3.1Exceções

Sãodefesasindiretas,apresentadasporqualquerdaspartes,comafinalidadedeprolongarotrâmiteprocessualouprovocaroseuencerramento,semapreciaçãodomérito.Asqueprolongamoprocessosãochamadas de exceções dilatórias (ex.: exceção de suspeição); as que causamo seu término, exceçõesperemptórias(ex.:exceçãodecoisajulgada).Consultarosarts.95a111doCódigodeProcessoPenal.

3.2Incompatibilidadeseimpedimentos

Incompatibilidade é a afirmação de suspeição feita de ofício, sem provocação da parte (ex.: omagistrado se declara suspeito para atuar no feito, invocando uma das situações do art. 254 doCPP,demonstrando a sua incompatibilidade com a posição de julgador imparcial). Quando é a parte queindicaasuspeiçãodojuiz,chama-seexceçãodesuspeição,jáanalisadanoitem3.1supra.Impedimentoéumaformamaisgravedeobstáculoàatuaçãonoprocesso,poisevidenciamaior ligaçãodo juiz,dopromotor,doperitooudoserventuáriocomacausa.Assituaçõesdeimpedimentoestãodescritasnoart.252doCódigodeProcessoPenal.

3.3Conflitosdecompetência

Éasituaçãoprovocadapelaafirmaçãodecompetênciaparaojulgamentodedeterminadacausapordoisoumaisjuízes(outribunais),configurandoumconflitopositivodecompetência.Poderepresentar,também,anegaçãodecompetênciaparao julgamentodacausapordoisoumais juízes (ou tribunais),constituindooconflitonegativodecompetência.EmboraoCódigodeProcessoPenalcuidedotemasobo título“conflitode jurisdição”,adesignaçãonãoécorreta. Jurisdição (poderdeaplicarodireitoaocasoconcreto)todomagistradopossui;cadaqual,noentanto,atuadentrodasuaesferadecompetência.Logo,oconflitoentrejuízes(outribunais)éumadivergênciaquantoàcompetência,nãodizendorespeitoàjurisdição.Consultarosarts.113a117doCódigodeProcessoPenal.

3.4Restituiçãodecoisaapreendida

Trata-sedoprocedimento legaldedevoluçãodeobjetoapreendidoaquemdedireito,quandonão

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maisinteresseasuaretenção.Podeocorrernafasepolicialounajudicial.Consultarosarts.118a124doCódigodeProcessoPenal.

3.5Medidasassecuratórias

Sãoasprovidências tomadas,antesouduranteoprocessocriminal, coma finalidadedeassegurarfuturaindenizaçãoàvítimadainfraçãopenal,pagamentodedespesasprocessuaisoupenaspecuniáriasao Estado, bem como tendo por objetivo evitar o enriquecimento ilícito por parte do criminoso.Dividem-seem:a)sequestro (medida tomadapara tornar indisponíveisosbens,produtoseproveitos,advindos da prática da infração penal, com a finalidade de confisco ou devolução à vítima); b)especialização de hipoteca legal (medida que torna indisponíveis os bens imóveis do acusado, deorigemlícita, tendoporfimassegurarareparaçãododanoaoofendido);c)arresto (medidaque tornaindisponíveisosbensmóveis,deorigemlícita,doacusado,comafinalidadedegarantirindenizaçãoàvítima).AediçãodaLei12.694/2012acrescentouos§§1.ºe2.ºaoart.91doCódigoPenal,prevendoapossibilidadedeperdadebensouvaloresequivalentesaoprodutoouproveitodocrime,quandoestesnão forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. Para tanto, deve-se utilizar asmedidasassecuratórias jáexistentes.Ocaminhopara issoéousodosequestro,poisseestáequiparando,parafinsdeconfisco,osbenslícitosdoagenteaosilícitosquepossua.Consultarosarts.125a144doCódigodeProcessoPenal.

AmesmaLei 12.694/2012 acrescentou o art. 144-A aoCPP, permitindo que o juiz providencie aalienação antecipada dos bens apreendidos para preservação de seu valor, desde que sujeitos àdeterioraçãooudepreciação,bemcomodificuldadeparaamanutenção.

3.6Incidentedefalsidade

Éoprocedimento incidente,voltadoàconstataçãodaautenticidadedeumdocumento, inseridonosautos do processo criminal principal, sobre o qual há controvérsia. Se procedente o incidente defalsidade,desentranha-seodocumento,consideradofalso,determinandoojuizasprovidênciascabíveisparaapurar,àparte,afalsidade.Seimprocedente,odocumentoémantidoepodeservircomoprovaparaodeslindedacausa.Lembremosqueoincidentepodeserprovocadopelaspartesouinstauradodeofíciopelomagistrado.Consultarosarts.145a148doCódigodeProcessoPenal.

3.6.1Incidentedeilicitudedeprova

Éoprocedimentoincidente,cujafinalidadeéaaveriguaçãoeconstataçãodailicitudededeterminadaprova,assimconsideradaaquefoiobtidaemviolaçãoanormasconstitucionaisoulegais.Cuida-sedeinstituto introduzidopelaLei11.690/2008eencontra-sedeacordocomaorientaçãoconstitucionaldevedação da admissibilidade de provas ilícitas no processo (art. 5º, LVI, CF). O incidente pode ser

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instauradodeofícioouprovocadopelaparteinteressada.Aofinal,constatadaailicitude,deveráocorrerodesentranhamentodaprovaesuainutilização.Consultaroart.157doCódigodeProcessoPenal.

3.7Incidentedeinsanidademental

Trata-se do procedimento incidente instaurado para apurar a inimputabilidade ou semi-imputabilidadedo acusado, levando-se emconsideração a sua capacidadede compreensãodo caráterilícito do fato praticado ou de se determinar de acordo com tal entendimento. Constatada ainimputabilidade, o réu deve ser absolvido (a denominada absolvição imprópria), aplicando-se-lhemedidade segurança.Se forconsideradosemi-imputável,deve sercondenado,comapenadiminuída.Consultarosarts.149a154doCódigodeProcessoPenaleart.26doCódigoPenal.

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4.

Procedimentosesquemáticos

1.º)Conflitonegativodecompetência

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2.º)Conflitopositivodecompetência

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3.º)Quadroresumodeconflitodecompetência

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4.º)Restituiçãodecoisasapreendidas

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5.º)Incidentedeinsanidademental

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5.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

20)

21)

22)

23)

24)

Modelosdepeças

Questãoprejudicialheterogênea

Questãoprejudicialhomogênea

Exceçãodesuspeição

Exceçãodeimpedimento

Exceçãodeincompetência

Exceçãodelitispendência

Exceçãodecoisajulgada

Exceçãodeilegitimidadedeparte

Suscitaçãodeconflitopositivodecompetência

Suscitaçãodeconflitonegativodecompetência

Restituiçãodecoisaapreendida

Pedidodesequestro

Pedidodesequestrodebensevaloreslícitos,combasenoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal

Pedidodeespecializaçãodehipotecalegal

Pedidodearresto

Embargosdeterceiroemcasodesequestro

Embargosdeterceirodeboa-fé

Embargosapresentadospeloréu

Impugnaçãoaoarresto

Impugnaçãoàespecializaçãodehipotecalegal

Pedidodeinstauraçãodeincidentedefalsidadedocumental

Pedidodeinstauraçãodeincidentedeilicitudedeprova

Pedidodeinstauraçãodeincidentedeinsanidadementalpelaacusação

Portariadeinstauraçãodeincidentedeinsanidademental

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1.º)Questãoprejudicialheterogênea

“F” foidenunciadopelaprát icadebigamia.Apresentoudefesaprévia, levantandoquestãoprejudicialheterogênea,poisestádiscut indoavalidadedoseuprimeirocasamentonaesferacível.Pretendeasuspensãodoprocessocriminalatéqueaquestãosejaresolvidadef init ivamente.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“F”, qualificado a fls. ____, por seu advogado, nos autos da açãopenal que lhe move o Ministério Público do Estado de ____,1 vem,respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, no prazo legal,apresentarsuaDEFESAPRÉVIA,comfundamentonoart.396-AdoCódigodeProcessoPenal,nosseguintestermos:

PRELIMINARMENTE,daquestãoprejudicial:

Adenúnciaimputaaorequerenteapráticadodelitodebigamia,cujotipo penal preceitua: “contrair alguém, sendo casado, novocasamento”(art.235,CP).

Ocorrequeoréunãoécasadoduasvezes.Seuprimeiromatrimônio,em verdade, não teve validade, pois celebrado por autoridadeincompetente.Estaquestãoestásendodiscutidaatualmentejuntoà____.ªVaradaFamíliaedasSucessõesdaComarca____,buscando-sea declaração de nulidade do mencionado casamento (documentosanexos).

Nos termos do art. 92 do Código de Processo Penal, requer-se asuspensão deste processo, até que o Juízo Cível pronuncie-se,definitivamente, sobre a validade do questionado matrimônio,

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possibilitando, então, avaliar-se a tipicidade da conduta imputadaaoacusado,que,aofinal,restarádescaracterizado,nãoensejandopunição.

Por outro lado, quando o curso processual for retomado, o réuprovarásuainocênciaaolongodainstrução.

Nestaoportunidade,apresentaoseuroldetestemunhas:____.2

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Omomentoprocessualadequadoaoréuparaarrolartestemunhaséadefesaprévia.Portanto,mesmoquetenharequeridoasuspensãodocursodoprocesso,desdelogodeveapresentaroroldaspessoasquepretendeouvir,casosejanecessário,nofuturo.

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2.º)Questãoprejudicialhomogênea

“G”foidenunciadopelaprát icadecalúnia.Apresentoudefesaprévia,levantandoquestãoprejudicialhomogênea,poispretendedemonst raraveracidadedoqueaf irmouarespeitode“T”.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“G”, qualificado a fls. ____, por seu advogado, nos autos da açãopenal que lhe move o Ministério Público do Estado de ____,2 vem,respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, no prazo legal,apresentar a sua DEFESA PRÉVIA, com fundamento no art. 396-A doCódigodeProcessoPenal,nosseguintestermos:

PRELIMINARMENTE,daquestãoprejudicial:

Adenúnciaimputaaorequerenteapráticadodelitodecalúnia,cujotipo penal preceitua: “caluniar alguém, imputando-lhe falsamentefatodefinidocomocrime”(art.138,CP).

Ocorre que, o querelado não afirmou levianamente ter o querelante“T”subtraídobensdaresidênciade“R”,umavezquetalsituação,de fato, aconteceu. Cuidando-se o furto de crime de ação públicaincondicionada e não tendo o agente “T” sido julgado e absolvidopelo delito que lhe foi imputado, invoca o acusado a EXCEÇÃO DAVERDADE,pretendendodemonstraraautenticidadedoquefoinarrado.

Não obstante a questão prejudicial homogênea, que deve serprocessada e julgada por Vossa Excelência, desde logo arrola asseguintestestemunhas:____.3

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Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,4

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Acalúniapodeserconsideradainfraçãodemenorpotencialofensivo,discutidanoJECRIM.Senãohouvertransação,pode-severificarautilidadedaexceçãodaverdade.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Omomentoprocessualadequadoaoréuparaarrolartestemunhaséadefesaprévia,comprazoprevistonoart.396,caput,doCPP.Portanto,mesmoquetenhalevantadoaexceçãodaverdade,éprecisoqueapresenteoroldaspessoasqueserãoouvidas,tantoparaprovarasuainocência,quantoparaevidenciaraculpadoquerelantepelapráticadocrimedefurto.

4Nestecaso,oMPatuacomofiscaldalei(custoslegis),poisaaçãoéprivada.

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3.º)Exceçãodesuspeição

“W”, processado pela prát ica do crime de falsif icação de documento, descobre que o magist rado que recebeu adenúnciaéant igodesafetoseu.Comunicouseuadvogado,logoapósreceberacit açãoefoit omadaamedidacabível.

Excelentíssimo Senhor Doutor ____,1 MM. Juiz de Direito da ____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“W”, (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titularde carteira de identidade Registro Geral n.º ____, inscrito noCadastrodePessoasFísicassobon.º____,domiciliadoem(cidade),onde reside (rua, número, bairro),2 juntamente com seu advogado,3

vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer apresente

EXCEÇÃODESUSPEIÇÃO,

comfundamentonoart.98doCódigodeProcessoPenal,nosseguintestermos:

1.Hádoisanos,oacusado“W”envolveu-seemacidentedeveículo,cujomotoristadooutroautomóveleraVossaExcelência.Acomposiçãodosdanosdecorrentesdoeventonãofoiamigáveleambosterminarambuscando a intermediação do Juizado Especial Cível da Comarca(documentos anexos). Houve demanda e Vossa Excelência terminouresponsabilizada pela satisfação do prejuízo, sendo que, a partirdaí,nuncamaistornouafalarcomoexcipiente,declarandoaquemquisesseouvir–emvárioslocais,comoclubes,festasesolenidades–, especialmente a amigos comuns, que, um dia, quando fossepossível,“iriavingar-se”doqueacreditouserinjustacondenação.

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2.AssegurandoaConstituiçãoFederalquetodoacusadotemdireitode ser processado e julgado pelo juiz natural, que implica,naturalmente, no juiz imparcial (art. 5.º, LIII), o Código deProcesso Penal estipulou, dentre as causas de suspeição domagistrado,ainimizadecapital(art.254,I).

3. No caso presente, havendo, entre Vossa Excelência e o acusado,umaanimosidadeduradoura,geradaemeventoanterioraoiníciodestaação penal, requer-se, respeitosamente, seja aceita esta exceção,dando-se Vossa Excelência por suspeito e transmitindo o feito àpresidênciadosubstitutolegal.4

4.Assimnãoocorrendo,requeroexcipiente,nostermosdoart.100doCódigodeProcessoPenal,aautuaçãodestaemseparado,paraque,oferecidaarespostaqueentendercabível,sejamosautosdaexceçãoencaminhadosaoEgrégioTribunal.

5. Requer-se, por derradeiro, a intimação do Ministério Público,autor da ação penal, para que, nos termos do art. 102 do CPP,manifeste-se pela suspensão do trâmite processual até decisãodefinitivadaexceçãointerposta.5

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Excipiente(réu)

_______________

Advogado

Roldetestemunhas:6

1._______________

2._______________

3._______________

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1Deve-se colocar o nomedo juiz, pois a exceção de suspeição é pessoal e não dirigida àVara. Lembre-se: suspeito é“FulanodeTal”enãooJuizdeDireitoemexercícionaVara,qualquerquesejaele.

2Aqualificaçãoéfundamental,nestecaso,poisoréusomentefoicitado,masaindanãosesubmeteuaointerrogatório,ondeseriaformalmentequalificadopelojuiz.Aliás,nãoteriasentidoserinterrogadoporummagistradoinimigoousobqualquerdascondiçõesquelhealterariamaimparcialidade.

3Aexceçãodesuspeiçãodeveserpropostadiretamentepelaparte(art.98,CPP).Comonãopossuielacondiçõestécnicaspara isso,o idealéqueassineapetição juntamentecomseuadvogado.Exige-setal formalidade,poisqualquerafirmaçãocaluniosa,difamatóriaouinjuriosacontraomagistradodeveserimputadadiretamenteàparteenãoaoseudefensor.

4Estaexceçãonãopretendeoencerramentodoprocesso,masapenasaalteraçãodojuiz,logo,denomina-sedilatória.

5AleisugerequeapenasoTribunalpodesustaroandamentodoprocesso.Entretanto,porcautela,parece-nosóbvioqueomagistrado, conformeo caso concreto, suspendao trâmite do feito, pois, se procedente a exceção, tudo será anuladoerefeito.

6Alémdosdocumentosquepossamdemonstraroalegadonaexceção,podeoexcipiente,quandodaarguição,apresentaroroldetestemunhas,poisoTribunal,achandonecessário,marcaráaudiênciaeouviráaspessoasarroladas.

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5.º)Exceçãodeincompetência

“U” foi cit ado pela prát ica do crime de estelionato pela emissão de cheque sem suf iciente provisão de fundos.Constatouseudefensordat ivo,nomomentodointerrogatório,queochequefoidevolvidopelaAgênciadaComarca“B”,emborat enhasidoemit idoot ít ulonaComarca“A”,ondeaaçãopenalfoiajuizada.Interpôs,apósointerrogatório,amedidacabível.

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ____.ª Vara Criminal daComarca“A”.

Processon.º____

“U”,qualificadoafls.____,nosautosdoprocessoquelhemoveoMinistério Público do Estado de ____,1 por seu defensor, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,proporapresente

EXCEÇÃODEINCOMPETÊNCIA,2

com fundamento no art. 108 do Código de Processo Penal, nosseguintestermos:

1. O réu emitiu o cheque n.º ____, contra o Banco ____, nestaComarca,quandoefetuoucompranoestabelecimento____,situadonaRua ____, n.º ____. É verdade que o título de crédito não foicompensado,sobaafirmaçãodobancodeterocorridoinsuficiênciadefundos.Nãosepretende,contudo,nestapeça,discutiroméritodaimputação,querestaráinfundada,mastãosomentequeestenãoéoJuízocompetenteparaprocessarejulgaroacusado.

2.Sobesseprisma,épacíficooentendimentodequeoestelionatoécrime material, consumando-se no local onde se deu o efetivoprejuízo econômico. No caso da emissão de cheque sem suficienteprovisão de fundos, cuida-se do lugar onde o título foi recusado,

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razãopelaqualeditaram-seasSúmulas:

521doSTF:“Oforocompetenteparaoprocessoejulgamentodoscrimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa dechequesemprovisãodefundos,éodolocalondesedeuarecusadopagamentopelosacado”.

244 do STJ: “Compete ao foro do local da recusa processar ejulgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão defundos”.

3.Constatando-setersidoochequerecusadonaComarca“B”,ondeoexcipiente mantinha sua conta bancária, evidencia-se ser este ojuízocompetente(art.70,CPP),paraojulgamentodainfraçãopenalimputadaaoréu.

Ante o exposto, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico, requer-se a Vossa Excelência que julgue procedente aexceção, remetendo o feito à Comarca “B”, onde poderão serratificados os atos até o momento praticados, prosseguindo-se nainstrução.3

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Defensor

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Seráautuadaemapartadoecorreráemapensoaoprocedimentoprincipal.Deveserarguidanaprimeiraoportunidadequeapartetiverparafalarnosautos.Sejulgadaprocedente,cabeainterposiçãoderecursoemsentidoestrito(art.581,II,CPP).

3Estaexceçãonãopretendeoencerramentodoprocesso,masapenasaalteraçãodojuízo,logo,denomina-sedilatória.

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6.º)Exceçãodelitispendência

“Q”estásendoprocessadopelaprát icadocrimedet ráf icoilícit odedrogas,namodalidadetransportardrogas,na1.ªVara Criminal e recebe cit ação, por fato situado nomesmo contexto, embora t ipif icado como trazer consigo drogailícit a,t ransmit idapelojuizda2.ªVara.Comunicaseuadvogado,quetomaamedidacabível.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda2.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“Q”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), por seu advogado, nos autos doprocesso-crime que lhe move o Ministério Público,1 vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,oferecerapresente

EXCEÇÃODELITISPENDÊNCIA,2-3

com fundamento no art. 110 do Código de Processo Penal, nosseguintestermos:

1. O réu está sendo processado junto à 1.ª Vara Criminal destaComarca,sobaimputaçãode,nodia____,tersidosurpreendidoporpoliciais militares transportando, em seu veículo, vários pacotescontendo cocaína. Autuado em flagrante, foi preso e acusado daprática de tráfico ilícito de drogas (art. 33, caput, da Lei11.343/2006).Oprocessoencontra-seemdesenvolvimento,aguardando-seaocorrênciadeaudiênciadeinstrução.

2. Entretanto, por denúncia anônima, realizada em outro distritopolicial, iniciou-se inquérito para averiguar exatamente os mesmos

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fatos,razãopelaqual,realizando-sebuscanoveículodoacusado,desta vez por policiais civis, outro pacote de cocaína foiencontrado. Em função desse achado, foi o réu denunciado peranteesse digno juízo, como incurso no art. 33, caput, da Lei11.343/2006,portrazerconsigosubstânciaentorpecente.

3. Não se pretende discutir o mérito das imputações, mas apenas aimpossibilidade de ser o acusado processado e julgado duas vezespelomesmofato.Emdeterminadadata,policiaismilitaresencontramempoderdoréualgunspequenospacotescontendococaína,dando-lhevozdeprisãopelapráticadetráficoilícitodedrogas.Noautodeprisãoemflagrante,constouaimputaçãode“transportarsubstânciaentorpecente”, que, pelo número excessivo de pacotes, pareceu àautoridadepolicialconfigurarafiguratípicadoart.33daLeideDrogas.

Ora,nomesmodia,outraequipepolicialvasculhouoveículodoréueencontrouumúnicopacotedecocaína,instaurandoinquéritopeloporte de substância entorpecente, igualmente incurso no referidoart. 33. O acusado, em ambas as oportunidades, quando ouvido napolícia, valeu-se do direito ao silêncio, logo, nada esclareceu arespeitodaduplicidadedeinvestigações.

4. Houve equívoco no segundo inquérito policial, não cuidando aautoridade que o presidiu de checar qual a razão da manutenção doréu preso, confrontando a anterior imputação de transporte com aatualacusaçãodeporte.Setivesserealizadoumaanálisedetalhada,verificariaquesecuidavadamesmasituaçãofática.Oréu,retiradodeseucarropelospoliciaismilitares,provavelmentedeixoucairnointerior do veículo um dos outros pequenos pacotes. Autuado portráfico,nãopodesernovamenteprocessadopelomesmodelito,poisissoimplicarianoindevidobisinidem.

Lembremos que a figura típica prevista no art. 33, caput, da Lei11.343/2006émistaalternativa,significandodizerqueapráticadeuma ou mais condutas ali previstas resulta na configuração de umaúnicainfraçãopenal.

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Os processos em andamento na 1.ª e na 2.ª Varas Criminais destaComarcacuidam,emsuma,domesmofatotípico,nãopodendosubsistirosegundo,iniciadoposteriormente,motivopeloqualseingressacomapresenteexceçãodelitispendência.

Ante o exposto, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico, requer-se a Vossa Excelência que julgue procedente apresente exceção, extinguindo este processo4 e enviando as peçascabíveis à 1.ª Vara Criminal da Comarca, para, querendo, possa oórgãoacusatórioaditaradenúnciaeoréutenhaapossibilidadedesedefenderdeumúnicoconjuntofático,semenfrentaraviabilidadededuplaapenaçãopelamesmaimputação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Seráautuadaemapartadoecorreráemapensoaoprocedimentoprincipal.Asuaaceitaçãoproporcionaráoencerramentoda instruçãoeoarquivamentodoprocedimentoprincipal.Nessecaso,caberecursoemsentidoestrito (art.581, III,CPP).Rejeitada, a instrução prossegue e a parte interessada poderá arguir, novamente, a sua ocorrência em preliminar dasalegaçõesfinais.

3Valedestacarque,noexemplodado,seojuizrejeitaraexceção,podeaindaoréuutilizarohabeascorpus,poisconstituisituaçãoteratológicaserprocessadoduasvezespelomesmofato.

4Porserexceção,cujopropósitoéencerraroprocesso,denomina-sedeperemptória.

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9.º)Suscitaçãodeconflitopositivodecompetência

“A”foidenunciado,concomitantemente,emVaraCriminalFederaleemVaraCriminalEstadualpelaprát icadecrimecont raa fauna.Ambosos juízesderam-seporcompetentesparao julgamentodo feit o.Oadvogadode“A” ingressacomamedidacabívelpararesolveroconflit oposit ivodecompetência.

Excelentíssimo Senhor Ministro ____,1 DD. Presidente do ColendoSuperiorTribunaldeJustiça.2

“A”3 (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titularde carteira de identidade Registro Geral n.º ____, inscrito noCadastrodePessoasFísicassobon.º____,domiciliadoem(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,emrelaçãoaosprocessos que lhe são movidos pelo Ministério Público,4 tanto naesfera federal (Processo n.º ____), quanto na órbita estadual(Processo n.º ____), vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência, com fundamento no art. 105, I, d, da ConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomodispostonoart.115,I,doCódigodeProcessoPenal,suscitaropresente

CONFLITOPOSITIVODECOMPETÊNCIA,

nosseguintestermos:

1. O suscitante foi denunciado pela prática do delito previsto noart. 29, § 3.º, da Lei 9.605/1998, por ter, no dia ____, matado,durante atividade de caça profissional, um mico-leão-dourado, emunidadedeproteçãoambiental,sobfiscalizaçãodoEstadode____.

2. Descoberto o fato, duas investigações paralelas foraminstauradas,umanaDelegaciadePolíciaFederaldaComarcade____e, outra, na Delegacia de Polícia da Comarca de ____. Ouvido em

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ambos os inquéritos e aguardando que as autoridades pudessemencerrar um deles, para surpresa do suscitante, foram oferecidasdenúnciaspeloMinistérioPúblicoFederal,járecebidapeloMM.JuizFederalda____.ªVaraCriminaldaSeçãoJudiciária____,bemcomopeloMinistérioPúblicoEstadual,igualmenterecebidapeloMM.Juizde Direito da ____.ª Vara Criminal de ____ (documentos anexos).Recebidas as citações, não pode o suscitante concordar em serprocessado,pelomesmofato,emdoisJuízosdiferentes.

3.Portanto,independentementedediscutiroméritodaimputação,oqueseráfeitonodecorrerdainstruçãodeumdosprocessos,serveapresente para apontar a esse Colendo Tribunal a impropriedade dehaver, concomitantemente, duas ações penais lastreadas em idênticaimputação.

4.Segundopareceaosuscitante,ojuízocompetente,paraocaso,éo da Justiça Estadual, pois o animal morto estava em unidade depreservação ambiental de responsabilidade do Estado de ____. Valedestacar que o entendimento esposado pelo MM. Juiz Federal, nosentidodequeosanimaisdafaunasilvestresãodepropriedadedaUnião,nãomaisencontraabrigonajurisprudênciapátria.

Esse Colendo Tribunal, em julgamento realizado pela 3.ª Seção, nodia 8 de novembro de 2000, determinou o cancelamento da Súmula 91(DJU23.11.2000),queconsagravaoentendimentoadotadopeloilustremagistrado federal. Prevalece, atualmente, a posição de que acompetência deve ser verificada, nos casos de delitos contra afauna,pelolugarondeoanimalfoiabatido.Nocasopresente,comojáexposto,ocorreuofatoemunidadedepreservaçãoestadual.

Ante o exposto, requer-se, liminarmente, a suspensão do andamentodosprocessos,cancelando-seasdatasdasaudiênciasjádesignadasnasduasVaras,para,após,colhidasasinformaçõesdasautoridadesjudiciárias envolvidas, ouvido o ilustre Procurador-Geral daRepública,possaesseColendoSuperiorTribunaldeJustiçadeliberaracercadojuízocompetenteparaconduziroprocessodeinteressedoorasuscitante,dando-seprosseguimentoaomesmo.

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Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Pode-se inserironomedoMinistroou,sedesconhecido,colocarapenas“ExcelentíssimoSenhorPresidentedoColendoSuperiorTribunaldeJustiça”.

2ConflitoentreautoridadesjudiciáriasvinculadasadiferentestribunaisdevesersolucionadopeloSTJ(art.105,I,d,CF).

3Trabalha-secomahipóteseemqueointeressadosuscitaoconflito,lembrando-se,contudo,quepoderáomesmoserdeinteressedoMPoutambémdosJuízosenvolvidos.

4Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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11)Restituiçãodecoisaapreendida

“E”,acusadodaprát icadereceptação,t eveseuestabelecimentocomercialinvadidopelapolícia,cumprindomandadode busca e apreensão expedido pelo juiz, ocasião em que vários equipamentos de informát ica foram levados.Inconformadocomaapreensãodepeçaspertencentesaclientes,quedeixaramasmáquinasparaconserto,solicit ouarest ituiçãoaodelegado,quenegou.Seuadvogadotomouamedidajudicialcabível.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“E”,1(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titularde carteira de identidade Registro Geral n.º ____, inscrito noCadastrodePessoasFísicassobon.º____,domiciliadoem(cidade),onde reside (rua, número, bairro), por seu advogado, nos autos doprocessoquelhemoveoMinistérioPúblico,2vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequerera

RESTITUIÇÃODECOISASAPREENDIDAS,

com base no art. 120 do Código de Processo Penal, pelos seguintesmotivos:

1. O requerente é acusado da prática de receptação simples (art.180,caput,doCódigoPenal),constandodaimputaçãoqueadquiriueocultou, em proveito próprio, equipamentos de informática,particularmente computadores de toda espécie, que teriam sidoprodutodedelitosanteriores.

2. A denúncia foi recebida e o requerente já foi interrogado,aguardando-se o início da instrução. Entretanto, foi surpreendidopor medida cautelar concedida por esse digno juízo, autorizando a

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polícia a invadir o seu estabelecimento comercial para a busca eapreensão dos equipamentos de informática ali porventuraencontrados.

Saliente-sequeosobjetossuspeitos,segundoapeçaacusatória,jáforamapreendidosduranteainvestigaçãopolicial(autodeapreensãode fls. ____), não tendo cabimento a medida suplementar oraconcretizada,decaráterinvasivoeconstrangedor,umavezquetomoudasmãosdorequerentepeçasquelheforamconfiadasparaconserto,pertencentesaterceiros,nãoserelacionandocomaimputaçãofeita,que,aofinal,restaráinconsistente.

3. A autoridade policial não pode proceder à restituição, uma vezque a medida de busca e apreensão foi determinada por VossaExcelência, além de ter alegado que há dúvida quanto à origem dosreferidosequipamentos.

4. Outra alternativa não resta ao requerente senão o ajuizamentodesta restituição de coisas apreendidas, como procedimentoincidental, pretendendo demonstrar a origem lícita dos aparelhosretiradosdoseuestabelecimentocomercial.Nãoéviávelaguardarotérmino da instrução para que a restituição ocorra, vez que opatrimônio não lhe pertence, além do que poderá prejudicar,seriamente,acredibilidadedoacusado,comotécnicodeinformática,juntoaosseusclientesefornecedores.

Ante o exposto, requer-se o recebimento desta, autuando-se emapartadoeouvindo-seoilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,paraque,aofinal,sejamosbensrelacionadosaofinaldestapeçaliberadosdaconstriçãoedevolvidosaoacusadoparaencaminhamentoaosclienteslesados.3

Protestaprovaroalegadonãosomentepelosdocumentosorajuntados,mastambémporprovatestemunhal,4desdelogoapresentandoseurol:____.5

Termosemque,

Pededeferimento.

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Comarca,data.

_______________

Advogado

Roldebenspararestituição:____.

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1Oautordarestituiçãodecoisasapreendidaspodeseropróprioréuouterceirodeboa-fé,estranhoàrelaçãoprocessual,quetenhasidoprejudicadopelaretençãodealgumbempeloEstado(art.120,§2.º,CPP),duranteoinquéritooujátendosidoajuizadaaçãopenal.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Quandohouverapenasumbem,bastaasuamençãonocorpodapetição.Porém,seforemvários,convémmencioná-losumaum,inclusivecomnúmerodesérie,fabricante,entreoutrosdados,podendoserdestacadoumrolàparte.

4Sehouverdúvidarazoável,dependentedeprovacomplexa,remete-seocasoaojuízocível.

5Nãoháumnúmeroestabelecidoemlei.Utiliza-searegradoprocessocivil:trêstestemunhasparacadafato.

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12)Pedidodesequestro

“F”, acusado de ser autor de vários roubos a banco, amealhou pat rimônio considerável, detectado durante ainvest igação policial. Antes mesmo do oferecimento da denúncia, o Minist ério Público busca tomar medidasassecuratóriasparaevit arodesviodef init ivodosbens,cujaorigeméilícit a.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda___.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Ref.Inquéritopolicialn.º____2

O Ministério Público do Estado de ____, nos autos do inquérito emque se apura a materialidade e a autoria de sequenciais roubos aestabelecimentos bancários nesta Comarca, onde já figura comoindiciado“F”,(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em(cidade), onde reside (rua, número, bairro), atualmente recolhidonasdependênciasdopresídio____,masaindaemfasedeapuraçãodaexistênciadeoutroscoautoresepartícipes,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.125doCódigodeProcessoPenal,requerero

SEQUESTRO3

dosbensimóveis,abaixorelacionados,pelosseguintesmotivos:

1.Ainvestigaçãopolicialencontra-seemfasefinalparadescobrire indiciar os comparsas de “F”, autor dos roubos aos seguintesestabelecimentosbancários:____(data:____);____(data:____)e____(data:____),comoserádevidamentedetalhadonapeçaacusatóriaa ser apresentada, no prazo legal. A materialidade, portanto, dosreferidoscrimeséinconteste,bastandoverificarosdepoimentosde

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fls.____,____,____,____e____.

2. Por outro lado, o auto de apreensão de fls. ____ indica quequantiavultosaempecúniafoiencontradanoporta-malasdocarrode“F”,guardadoemumdosimóveisquelheserviamderesidência.

3.Aautoriadosmencionadosroubospodeseratribuídaa“F”,tantoque já foi indiciado e Vossa Excelência decretou a sua prisãotemporária,aindaemvigor.

4. Sob outro aspecto, é preciso destacar que, segundo o nossosistema legislativo (art. 5.º, XLV, CF; art. 91, II, b, CP), ocondenado não poderá manter em seu poder, nem transmitir a seusherdeirosousucessores,osbensadquiridosemvirtudedapráticadainfraçãopenal.Assimsendo,cabeaoMinistérioPúblicozelarpelocumprimento da lei, bem como pela possibilidade de restituir àsvítimasdoscrimesosbensquelheforamtomados.4

5.Apurou-senapresenteinvestigaçãoqueoindiciado“F”nãotemenunca teve renda lícita comprovada (ofício da Receita Federal defls. ____), sendo de origem humilde, sem parentes abonados. Noentanto, não por coincidência, justamente após o cometimento doprimeiroroubo,bastandomeraconfrontaçãodasdatasdainfraçãoeasdaaquisiçãodosbens,começouaenriquecer,adquirindoimóveisdosmaisvariadospadrões.

Algunsdessesforamcompradosepagosemdinheiro,comoapontamasescrituras de fls. ____ e ____, bem como, outros, embora quitadosportransferênciasbancárias,foramcolocadosemnomesdeparentesde “F”, pessoas simples, sem renda suficiente para suportar taisaquisições.

6. Exige a lei processual penal que o pedido de sequestro sejainstruídocomprovadosindíciosveementesdaproveniênciailícitadosbens(art.126).Nestahipótese,noentanto,háprovamaisquesuficienteparaadecretaçãodaindisponibilidadedosbensimóveisapontados nesta peça, sob pena de, se assim não ser feito comurgência, após a prisão do indiciado, comecem os referidos bens a

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dissiparem-se, através da venda a terceiros de boa-fé, o quesignificarialesãoaoEstadoeaosofendidos.

Anteoexposto,demonstradaamaterialidadedasinfraçõespenais,aautoria atribuída a “F”, bem como os veementes indícios de que osimóveis constantes em seu nome e de seus parentes próximosconstituemprodutosdoscrimes,requer-seadecretaçãodosequestrode todos os imóveis discriminados na relação abaixo, tornando-osindisponíveis. Para tanto, requer-se sejam expedidos ofícios aosnotáriosdosCartóriosdeRegistrodeImóveiscompetentes.

Termos em que, autuada esta medida5 em apartado e intimado oindiciadoa,querendo,manifestar-se,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

Roldosimóveis:

1.____________

2.____________

3.____________

4.____________

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1Opedido,seformuladoduranteafasedoinquéritopolicial,podeserdirigidoaojuizresponsávelpeloDepartamentoouVarade Inquéritos Policiais (em São Paulo, seria o DIPO). Onde não houver Vara específica, distribui-se o pedido dentre osmagistradoscriminaisdaComarca.

2Podeserpropostoduranteafasedainvestigaçãopolicialouduranteoprocesso.

3Osequestropodeserintentadoparatornarindisponíveistambémosbensmóveisdoindiciadoouréu(art.132,CPP).Verasnotas19e20aoreferidoartigoemnossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4OsequestropodeserrequeridopeloMinistérioPúblicooupelavítima,bemcomoserfrutoderepresentaçãodaautoridadepoliciale,também,decretadodeofíciopelojuiz(art.127,CPP).

5Deveserinstruídocomprovasdocumentais,especialmenteasquenãoestiveremnoinquérito.

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13)Pedidodesequestrodebensevaloreslícitos,combasenoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal

“D”,acusadodesert raf icante,amealhouquant iaemdinheiroconsiderável,detectadaduranteainvest igaçãopolicial.Porém, de maneira célere, ret irou tudo o que estava deposit ado em bancos nacionais convertendo os valores emmoedaest rangeira.Tem-senot íciadequeesteveemcontatocomdoleirodaComarca.Após,nãomaisselocalizaramosvalores.CabeaoMinist érioPúblicot omarasmedidascabíveis.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda___.ªVaraCriminaldaComarca____.

Ref.Inquéritopolicialn.º____

O Ministério Público do Estado de ____, nos autos do inquérito emque se apura a materialidade e a autoria de tráfico ilícito dedrogas nesta Comarca, onde já figura como indiciado “D”, (nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,domiciliadoem(cidade),ondereside(rua,número, bairro), atualmente recolhido nas dependências do presídio____, mas ainda em fase de apuração da existência de outroscoautores e partícipes, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência, com fundamento no art. 91, §§ 1.º e 2.º, do CódigoPenal,enosarts.125e126,doCódigodeProcessoPenal,requerero

SEQUESTRO

dosbensimóveis,abaixorelacionados,pelosseguintesmotivos:

1.Ainvestigaçãopolicialencontra-seemfasefinalparadescobrire indiciar os comparsas de “D”, autor de tráfico de drogas, nosseguintes termos: _________ (descrever em síntese a prática docrime)

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Amaterialidadeéinconteste,conformelaudodefls.______.

2. Por outro lado, os documentos de fls. ______ demonstram aexistência de vultosa quantia em dinheiro, depositada no Banco______ (sigilo quebrado por ordem de V. Exa.). Os depósitos foramfeitos após o cometimento da infração penal e, logo que estainvestigaçãoteveinício,houvearetiradaeodesaparecimentodosvalores(documentodefls.____).

3.Háprovasdequeoindiciadoesteveemcontatocomoconhecidodoleiro desta Comarca, Fulano de Tal, conforme depoimento de fls.____. Diante disso, há veementes indícios de ter ele desviado osvalores sacados do banco – produto do crime – para o exterior oulugardesconhecido.

4.Anovaredaçãodadaaoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal,autoriza a perda de patrimônio lícito do acusado, como forma decompensar o desvio do produto ou proveito do crime. Diante disso,foram localizados dois imóveis de propriedade do indiciado, jáexistentes antes da prática do delito, devendo ser tornadosindisponíveis.

5. Sob outro aspecto, é preciso destacar que, segundo o nossosistema legislativo (art. 5.º, XLV, CF; art. 91, II, b, CP), ocondenado não poderá manter em seu poder, nem transmitir a seusherdeirosousucessores,osbensadquiridosemvirtudedapráticadainfração penal. E, atualmente, nem mesmo os bens licitamenteadquiridos, desde que sirvam de compensação ao montante ilícitodesviado. Assim sendo, cabe ao Ministério Público zelar pelocumprimento da lei, bem como pela possibilidade de restituir àsvítimasdoscrimesosbensquelheforamtomados.

6. Exige a lei processual penal que o pedido de sequestro sejainstruídocomprovadosindíciosveementesdaproveniênciailícitadosbens(art.126).Nestahipótese,noentanto,apardisso,deve-se indicar o desvio de tais bens, possibilitando a captação depatrimôniolícitodoagente,comofitodecompensação.

Ante o exposto, demonstrada a materialidade da infração penal, aautoria atribuída a “D”, bem como os veementes indícios de que os

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imóveisconstantesemseunomedevemsercaptados,paracompensaçãocom a quantia desviada, requer-se a decretação do sequestro dosimóveisdiscriminadosnarelaçãoabaixo,tornando-osindisponíveis.Para tanto, requer-se sejam expedidos ofícios aos notários dosCartóriosdeRegistrodeImóveiscompetentes.

Termos em que, autuada esta medida em apartado e intimado oindiciadoa,querendo,manifestar-se,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

Roldosimóveis:

1.____________

2.____________

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14)Pedidodeespecializaçãodehipotecalegal

“K”,autordehomicídiofundadoemmot ivopassional,possuiváriosimóveisdosquaisestásedesfazendoparacustearasdespesascomadvogadoseevit arfuturopagamentodeindenizaçãoàfamíliadavít ima.Osinteressadosingressamcommedidaassecuratóriadeespecializaçãodehipotecalegal.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaradoJúridaComarca____.1

Ref.Processon.º____

“Z”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º____, domiciliado em (cidade), ondereside(rua,número,bairro),e“X”(Nome),(nacionalidade),(estadocivil), (profissão), titular de carteira de identidade RegistroGeral n.º ____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob on.º____,domiciliadoem(cidade),ondereside(rua,número,bairro),por sua advogada, nos autos do processo-crime2 que o MinistérioPúblico3 move contra “K”, qualificado nos autos, vêm,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaproporapresente

ESPECIALIZAÇÃODEHIPOTECALEGAL,4

com fundamento no art. 134 do Código de Processo Penal, pelosseguintesmotivos:

1.Osrequerentessãopaisdavítima“E”,mortaporaçãodoréunodia____,nascircunstânciasdescritasnadenúncia(amaterialidadeeaautoriaestãobemdemonstradasemrazãodorecebimentodapeçaacusatória).5Écertoqueacusadoeofendidaeramcasadoseviviamemconstantedesarmonia,emfacedociúmeexageradodomarido,semqueaesposadessemargemaqualquerespéciededesconfiança.

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Relembram os requerentes, nesta petição, o motivo do delito,consistente em razões passionais, uma vez que está conectado aopleito ora apresentado. Isto porque, na data da infração penal,capitulada no art. 121, § 2.º, II, c/c art. 61, II, e, do CódigoPenal, não satisfeito em investir contra a vítima, o acusadodanificou,propositadamente,váriosbensdocasal,muitosdosquaiseram de propriedade exclusiva da ofendida, filha dos requerentes,pois bens de família, recebidos por ela em virtude de herança dosavós.

Portanto,cuidando-sedeobjetosdearte,deelevadovalor,ficaoacusadoobrigadoaindenizarosrequerentes,herdeirosdavítima,jáque o casal não tinha filhos, montante exato que será apurado,oportunamente,emaçãocivil.5-A

2. Além dos danos provocados aos bens do casal, o réu agrediu avítima a ponto de causar-lhe a morte, razão pela qual responde àaçãopenal,sobaimputaçãodetercometidohomicídioqualificado,além da agravante genérica de crime cometido contra cônjuge. Secondenado, haverá de indenizar, igualmente, os requerentes, nãosomente pelos danos materiais, consistentes em despesas médicas,hospitalares e funerárias,6 mas também pelos danos moraisprovocados,diantedaperdalastimáveldafilha.6-A

3. Percebe-se que, desde o início do inquérito policial até opresente momento, quando o processo encontra-se em fase deinstrução,oréujásedesfezdeváriosimóveis,conformedemonstramas escrituras de venda e compra ora apresentadas (fls. ____, ____e____),nãosesabendoodestinodomontanteamealhado.

4. Por ser pessoa economicamente abonada, ainda possui outrosimóveis,especialmenteosseguintes:____(fls.____,____e____).7

Nãopodemosrequerentesaguardar,inertes,queoacusadoselivrede todo o seu patrimônio, pois significaria a inviabilidade defutura condenação na esfera cível, com base no ilícito penalcometido(art.91,I,CP).

5. Estima-se a indenização por danos materiais em R$ ____,

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considerando-se os bens destruídos pelo réu no dia em que matou avítima, conforme relação abaixo,8 bem como as despesas com otratamento e o funeral da ofendida (documentos de fls. ____).Estima-se,ainda,aindenizaçãopordanosmoraisemR$____,poisoato cometido pelo réu, ceifando a vida da filha dos requerentes,causou-lhesprofundadoreinesgotávelfontedetristeza.Ésabidoqueoarbitramentodovalordodanomoralématériacontroversa,masnão menos certo é a sua existência e possibilidade jurídica,merecendo,pois,quepartedosbensdoacusadosejareservadaaessefim.9

6. Desta feita, requer sejam os bens imóveis do réuindisponibilizados, tantos quantos bastem à satisfação do montanteindenizatóriodescritonotópicoanterior.Paratanto,aguardamosrequerentesanomeaçãodeperitodaconfiançadojuízoparaquesefaça a avaliação do patrimônio do réu, nos termos do art. 135, §2.º,doCódigodeProcessoPenal.9-A

7.Finalmente,realizadaaapuraçãodoquantumdevidoedosimóveisespecializados, requer-se a expedição de ofício aos cartórios deRegistrodeImóveisparaaconcretizaçãodamedidaassecuratória.

Termos em que, autuada esta em apenso ao procedimento principal,ouvidosoréueorepresentantedoMinistérioPúblico,

Pedemdeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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1 O pedido pode ser dirigido, antes da propositura da ação, à Vara especializada em Inquéritos ou ao Departamento deInquéritos(DIPO,porexemplo,nacapitaldeSãoPaulo).Apósoiníciodademanda,nãohavendoVaraPrivativadoJúri,deveserdirigidoaojuizdaVaraCriminalondetramitaoprocesso.

2Emboraoart.134doCPPfaleemespecializaçãorequeridadurantequalquer fasedo“processo”,énaturalque,porsermedidaassecuratória,possaserproposta,ainda,duranteoinquérito.

3Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

4Ahipotecadosimóveisdoréudecorredeleienãodeordemjudicial(art.1.489,III,CC).Logo,cabeapenasaomagistradoespecializar(individualizar)quantosequaisbensficarãoindisponíveis.

5Aparteinteressadanaespecializaçãodehipotecalegaldevedemonstraramaterialidadedocrimeeindíciossuficientesdeautoria(art.134,partefinal,CPP).Ora,quandoháorecebimentodadenúncia,édesnecessáriaessaprova,poissecuidadedecorrêncianaturaldoajuizamentodaaçãopenal.

5-AApartirdaediçãodaLei11.719/2008,torna-sepossívelincluiropedidodereparaçãocivildosdanosnocontextodaaçãopenal,cabendoaomagistrado,emcasodesentençacondenatória,estabelecer,aomenos,ovalormínimode indenização(art.63,parágrafoúnico,eart.387,IV,CPP).

6Dentreosdanosmateriaispodeserincluídapensãomensal,tudoadependerdasituaçãoconcretadosinteressadosaserdemonstrada,inclusive,quantoàeventualdependênciafinanceiradosrequerentes.

6-ATemossustentadoapossibilidade jurídicadese incluir, igualmente,naaçãopenal,opedidode indenizaçãopordanosmorais.Veroscomentáriosaosarts.63,parágrafoúnico,e387,IV,donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

7Apresentardescriçãopormenorizada,sepossível,comdocumentoscomprobatórios.

8 Convém apresentar um rol de bens danificados e/ou despesas realizadas em tópico à parte, quando for necessária aavaliaçãopericialparaocálculodomontanteprovisóriodeindenização(art.135,§2.º,CPP).

9Temosdefendidoqueaespecializaçãodehipotecalegaldevecentrar-se,basicamente,nosdanosmateriais,masnãosepodedescartarqueojuiz,criteriosaeponderadamente,reservepartedosbensparaoarbitramentododanomoral.

9-AApossibilidadedeseincluirnocontextodaaçãopenalcondenatóriaopedidodereparaçãocivildosdanosnãoafastaaviabilidadedeseingressarcomamedidacautelardeespecializaçãodehipotecalegal,afinal,estatemporfimgarantirqueoindiciadoouacusadonãodissipeosbensenquantotramitaoprocesso-crime.

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16)Embargosdeterceiroemcasodesequestro

“D”sofreurest riçãoàdisponibilidadedeseuimóvel,t endoemvist aamedidadesequest rodecretadapelojuizcont ra“F”,acusadoderouboabanco,quet eriaadquirido,comoprodutodocrime,umafazendavizinha.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“D”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), por seu advogado, nos autos doprocesso-crime que o Ministério Público2 move contra “F”,qualificadonosautosprincipaisafls.____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaoporospresentes

EMBARGOSDETERCEIRO,3

com fundamento no art. 129 do Código de Processo Penal, nosseguintestermos:

1.OembarganteéproprietáriodaFazendaX,situadanazonaruraldo Município ____, na Estrada ____, altura do quilômetro ____(documentoanexo).EsseimóvelconfrontacomaFazendaY,masaindanãohádemarcaçãodefinitivadelimites,oqueestásendoobjetodelitígioemaçãoprópria(documentoanexo),emtrâmitena____.ªVaraCíveldestaComarca.

2. Ocorre que, antes de solucionada a questão, o anteriorproprietáriovendeuobemaoacusado“F”,queosucedeu,inclusive,no polo passivo da demanda cível supramencionada. Por ausência de

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fronteiracertae,levandoemconsideraçãoqueaFazendaYpodetersido adquirida com produto de crime, Vossa Excelência decretou osequestro do bem. Para a concretização da medida e inscrição noRegistro de Imóveis foram dadas medidas inexatas, que avançam, emgrande extensão, no território da fazenda de propriedade doembargante.

3. Registrada a indisponibilidade do imóvel denominado Fazenda Y,observa-se que parte da Fazenda X tornou-se, igualmente, envoltapelamedidaconstritivadecretadaporessedignoJuízo,oquefereodireitodepropriedadedoembargante.

4. O requerente é terceiro estranho à ação penal que envolve “F”,pois nada dele adquiriu, nem com ele negociou. Para sua surpresa,constatouque,apósavendadaFazendaY,passouatê-loocupandoopolo passivo da demanda civil de fixação dos limites das duaspropriedades.

5.Oobjetivodestesembargoséafastaraindisponibilidadedobemde propriedade do embargante, uma vez que, assim ocorrendo, háprejuízos de várias espécies, não podendo nem mesmo a propriedadeimóvelseroferecidaparagarantiadedívidaquevenhaorequerenteacontraircomterceiros.

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência sejam os embargosjulgados procedentes4 para o fim de cancelar o sequestro da áreadescrita no memorial anexo (documento de fls. ____), que invade oimóvel do embargante, deixando-o totalmente desembaraçado,especialmente até que os limites das duas propriedades sejamdefinitivamenteestabelecidosnaórbitacivil.

Protesta por todos os meios de prova em Direito admitidos, emespecialpelaproduçãodeprovapericial,senecessário.

Termosemque,ouvidosorepresentantedoMinistérioPúblicoeoréu“F”,

Pededeferimento.

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Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Seosequestrofoidecretadopelojuizresponsávelpeloinquérito,quepodeserdeVaraouDepartamentoespecializado,aele devem ser encaminhados os embargos de terceiro (ex.: em São Paulo, há o DIPO – Departamento de InquéritosPoliciais).

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Nãosedeveconfundirosembargosdeterceiroestranhoàinfraçãopenaleaoseuautor,previstonoart.129doCPP,comosembargosdeterceirodeboa-fé,queadquiriubensdoacusado(art.130,II,CPP).

4Osembargosdoterceiro(quandosetratedepessoaestranhaàinfraçãopenaleseuautor)devemserjulgadosdesdelogo,nãoseaguardandoofimdoprocesso-crime.Afinal,apartecompletamenteinocentenãopodesofrermedidasconstritivasaoseulegítimodireitodepropriedade.

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17)Embargosdeterceirodeboa-fé

“A”adquiriuumimóvelde“F”,acusadoderouboabanco,quet eriaamealhadopat rimôniocomoprodutodocrime.Emfacedisso,ojuizdecretouosequest rodosbensde“F”,at ingindo,portanto,oapartamentocompradopor“A”,queagiudeboa-fé.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Ref.Processon.º____

“A”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,nosautosdamedidaassecuratória de sequestro que o Ministério Público2 move contra“F”, qualificado nos autos principais a fls.____, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciainterporestes

EMBARGOSASEQUESTRO,3

com fundamento no art. 130, II, do Código de Processo Penal, nosseguintestermos:

1. O acusado “F” teria adquirido o imóvel da Rua ____, n.º ____,apartamenton.º____,nestaComarca(documentoanexo),valendo-sedeprodutodecrime.Atocontínuo,transmitiu,porvenda,aoembarganteomesmoimóvel,porelerecebendoaquantiaemdinheironovalordeR$____,compatívelcomovalordemercadoalcançadoporoutrobemsimilar.

Poucodepoisdelavradaaescritura,surpreendeu-seorequerentecomamedidaconstritivadecretadaporVossaExcelência,tornandoobem

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indisponível, tendo em vista tratar-se de aquisição originária decrime.

2.Valeressaltar,noentanto,queoembarganteadquiriuoimóvel,atítulo oneroso, de boa-fé, jamais podendo supor que se tratava debemcujaorigemseriailícita.

3. Ao adquirir o referido apartamento, tomou todas as cautelascabíveis, inclusive extraindo certidões criminais da pessoa dovendedor, não tendo sido apontado nenhum registro de processo emandamento, motivo pelo qual jamais poderia imaginar tratar-se depropriedadesobsuspeita.

Anteoexposto,requer-seolevantamentodosequestroparaofimdeliberaroimóveladquiridopeloembargantedamedidaconstritivadeindisponibilidade.4

ProtestaprovaroalegadoportodososmeiosemDireitoadmitidos,especialmenteporprovatestemunhaleapresentaçãodedocumentos.

Termos em que, ouvidos o representante do Ministério Público e oacusado“F”,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 Se o sequestro foi decretado por juiz de Vara ou Departamento especializado em inquéritos, os embargos devem serpropostosaeste.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Sãoosembargosdoterceirodeboa-fé,queadquiriuqualquerbem,atítulooneroso,doacusado(art.130,II,CPP).Diferedosembargosdeterceirodoart.129doCPP,poisestenadatemavercomoréu,nemcomainfraçãopenal.

4Osembargosdoterceiroquealegaboa-fé,masadquiriuobemdiretamentedoréu,somenteserãojulgadosaotérminodoprocessocriminal(art.130,parágrafoúnico,CPP).

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18)Embargosapresentadospeloréu

“F”, acusadode rouboabanco, adquiriu vários imóveisapósaprát icada infraçãopenal. Sob suspeit ade t eremsidocomprados com o produto do crime, o juiz decretou o sequest ro de todos. Ent retanto, “F” embarga o sequest ro,pretendendoliberarumdosimóveisdaconst rição.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Processon.º____

“F”,qualificadonosautosprincipaisafls.____,porseuadvogado,nos autos da medida assecuratória de sequestro2 que o MinistérioPúblico3 lhe move, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelênciaproporestes

EMBARGOSASEQUESTRO,4

com fundamento no art. 130, I, do Código de Processo Penal, nosseguintestermos:

1. O embargante teria adquirido o imóvel da Rua ____, n.º ____,apartamenton.º____,nestaComarca(documentoanexo),valendo-sedeproduto de crime. Por tal motivo, Vossa Excelência, a pedido doórgãoacusatório,decretouosequestroeaindisponibilidadedesseimóvel.

2. Vale ressaltar, no entanto, que o embargante adquiriu esse bemmuito antes da prática dos roubos dos quais está sendo acusado.Emboraaescrituratenhasidolavradaapósaocorrênciadaprimeirainfração penal, na realidade, o apartamento fora adquirido de “P”(Nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular dacarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastro

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de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside(rua,número,bairro),porcompromissodecompraevenda,nãoregistrado(documentoanexo),comprestaçõespagasem36meses.

3. Assim, quando o imóvel foi quitado, lavrada a escritura, jápendiacontraoembarganteaacusaçãodeterelecometidooprimeirorouboamãoarmada,masasprestaçõespagasnuncativeramqualquerrelação com o dinheiro subtraído das vítimas, em conduta que,eventualmente, estaria envolvendo o ora embargante. Afinal, nãosomente o embargante nega a prática dos roubos que lhe foramimputados,comotambémsustentaquesempretevetrabalholícito,comremuneraçãosuficienteparacompradomencionadoapartamento.

Anteoexposto,requer-seolevantamentodosequestroparaofimdeliberaroimóveldescritonoitem1supradamedidaconstritivadeindisponibilidade.5

ProtestaprovaroalegadoportodososmeiosemDireitoadmitidos,especialmenteporprovatestemunhaleoferecimentodedocumentos.

Termosemque,ouvidoorepresentantedoMinistérioPúblico,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 Se o sequestro foi decretado, em fase de inquérito, por juiz deVara ouDepartamento especializado em inquéritos, osembargosdevemserpropostosaesteJuízo.

2Correemapensoaoprocessoprincipal,poiséprocedimentoincidente.

3Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

4Sãoosembargosdoacusado,que,na realidade,constituemmera impugnaçãooucontestaçãoaopedidodesequestroformuladopeloMPoupelaparteinteressada(art.130,I,CPP).

5Os embargos do réu, que alega a licitude do bem, somente serão julgados ao término do processo criminal (art. 130,parágrafoúnico,CPP).

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21)Pedidodeinstauraçãodeincidentedefalsidadedocumental

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

X,qualificadoafls.____,nosautosdoprocesso-crimequelhemoveo Ministério Público,1 por seu advogado,2 vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelênciarequerera

INSTAURAÇÃODEINCIDENTEDEFALSIDADEDOCUMENTAL,

nostermosdoart.145doCódigodeProcessoPenal,pelosseguintesmotivos:

1. O documento ____, juntado a fls. ____, não é autêntico. Emboratenhasidoadulteradocomsofisticadatécnica,épossívelperceberassuasdistorçõessecomparadoàcópiaautenticadaoraapresentada.

2.Asuaintroduçãonosautosfoifeitapeloassistentedeacusação,logoapósorecebimentodadenúncia.Entretanto,somenteagora,apósaspesquisasrealizadas,podeoacusadoapontaraVossaExcelênciaosdefeitosquepossui,emespecial:____(enumerar).

Anteoexposto,requer-seainstauraçãodoincidente,ouvindo-seoMinistérioPúblicoeoassistentedeacusaçãoparaqueofereçamsuasmanifestações. Após, aguarda-se a nomeação de peritos para averificaçãododocumento,protestando-se,desdelogo,pelooportunooferecimentodequesitosepelasolicitaçãodeoutrasprovas.3

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Oadvogadodeveterpoderesespeciaisparatanto(art.146,CPP).

3Oprocessonãoprecisasersobrestado,excetoseaprova já tiversidocolhida,dependendounicamentedo términodoincidentedefalsidadeparaaapresentaçãodasalegaçõesfinaisdaspartes.

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22)Pedidodeinstauraçãodeincidentedeilicitudedeprova

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“M”, qualificado a fls. ____, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,1porseuadvogado,2vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequerera

INSTAURAÇÃODEINCIDENTEDEILICITUDEDEPROVA,

nos termos do art. 157, § 3º, do Código de Processo Penal, pelosseguintesmotivos:

1.Odocumento____,juntadoafls.____,deveserdesentranhadodosautos, pois consiste em prova ilícita, apreendido em residênciaparticular, sem o respeito às garantias humanas fundamentais, emdesacordocomalei.

2. O art. 157, caput, do Código de Processo Penal, com a redaçãodadapelaLei11.690/2008,tornouclaraainadmissibilidadedaprovailícita,devendoserdesentranhadadoprocesso.Considera-seilícitaaprovaobtidaemviolaçãoanormasconstitucionaisoulegais.Éocasopresente.Preceituaoart.5º,XI,daConstituiçãoFederal,quea “casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendopenetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrantedelitooudesastre,ouparaprestarsocorro,ou,duranteodia,pordeterminaçãojudicial”(grifamos).Oart.243doCódigodeProcessoestabelece as formalidades para a expedição do mandado de busca eapreensãopelaautoridadejudiciária.

3. A hipótese fática destoa, completamente, dos contextosconstitucional e legal. No dia ___, agentes policiais, em

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perseguiçãoa“R”,invadiram,semautorização,aresidênciade“M”,orarequerente.Realizadaaprisãode“R”,iniciaramumabuscapelolocal,encontrandoalgunsdocumentos,dentreosquaisafotografiajuntadanestesautos,queseriamindicativasdapráticadecrimeporparte do suplicante. Apreendidos os referidos documentos, deu-seinício ao inquérito policial, que resultou na instauração de açãopenal.

4.Ocorreque,ainvasãodedomicíliodorequerentefoipatente,semmandadojudicialesemconsentimentodomorador,motivopeloqualaobtençãododocumentooraquestionadodeveserconsideradailícita.Independentemente da discussão acerca da legalidade da prisão de“R”,nãopoderiaosuplicanteserafetadopordiligênciasabusivasdapolícia.

Anteoexposto,requer-seainstauraçãodoincidente,ouvindo-seoMinistério Público para que ofereça a sua manifestação. Após,aguarda-se a declaração de ilicitude da prova, com seudesentranhamentodosautosprincipaise,preclusaestadecisão,sejaelainutilizada.3

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Oadvogadodeveterpoderesespeciaisparatanto(art.146,CPP).

3OMinistérioPúblicopode impugnaro incidente,sustentandoa licitudedaprova.Quandohouverdebateacercadaprovailícitaporderivação(art.157,§1.º,CPP),éviáveladiscussãoemtornodocritériodafonteseparada(art.157,§2.º,CPP),buscando legitimar a prova,mantendo-a nos autos. Tudo se faz no incidente, demodoa nãoprejudicar o andamento dainstruçãodoprocessoprincipal.

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23)Pedidodeinstauraçãodeincidentedeinsanidadementalpelaacusação

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

OMinistérioPúblico,1nosautosdoprocesso-crimequemovecontraY,2 qualificado a fls. ____, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciarequererainstauraçãodeincidentedeinsanidademental do acusado, nos termos do art. 149 do Código de ProcessoPenal,pelosseguintesmotivos:

1. O fato criminoso cometido pelo réu é grave, consistente ematentado violento ao pudor de criança de tenra idade, razão pelaqualVossaExcelênciadecretouasuaprisãopreventiva.

2. Entretanto, as declarações prestadas na fase do inquéritopolicialjádemonstramfaltadelógicaedeconcatenaçãodeideiasdo acusado, não sabendo explicar o que fez, bem como alegando quenemmesmoselembradoocorrido.Experimenta,porvezes,umelevadosentimentodeculpa,aomesmotempoemque,noutrostrechosdassuasdeclarações, apresenta-se frio e completamente insensível ao fato.Pode padecer de enfermidade mental, o que implicaria napossibilidade de constatação da sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade.

Anteoexposto,requer-seainstauraçãodoincidentedeinsanidademental,nomeando-securadoraoréuesobrestando-seocursodofeitoatéquesejaconcluídoesteprocedimentoincidente.

Protesta-sepelaapresentaçãodequesitosoportunamente.

Por derradeiro, requer-se a imediata transferência do réu parahospitalespecializado,afimdefacilitarotrabalhodosperitosepara que, sendo o caso, possa receber imediato tratamento, nostermosdoart.150doCódigodeProcessoPenal.

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Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2O incidentede insanidadementalpodeser iniciadodeofíciopelo juiz,bemcomoarequerimento tambémdadefesa,docuradordoréu(seexistente)edeascendente,descendente,irmãooucônjugedoacusado(art.149,caput,CPP).

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1.

2.

Conceitos

Prisãoéaprivaçãodaliberdade,coibindo-se,pormeiodorecolhimentoaocárcere,odireitonaturale constitucional do ser humano de ir, vir e permanecer (art. 5.º, caput). Há várias possibilidades noordenamentojurídicobrasileiro(prisãocivil,prisãodisciplinarmilitar,prisão-pena),interessando-nos,noentanto,apenasaprisãocautelar(ouprocessual),decorrentedanecessidadedoprocessopenal.Estasse subdividem em: a) prisão preventiva; b) prisão em flagrante; c) prisão temporária; d) prisão emdecorrência de pronúncia; e) prisão em decorrência de sentença penal condenatória; f) prisão paraconduçãocoercitiva.Paratodososcasos,torna-sefundamentalocontrolejudicialdaprisão,conformeexpressopreceitoconstitucional(art.5.º,LXIeLXV).

Liberdade provisória é a colocação em liberdade do indiciado (inquérito) ou réu (processo),legalmente preso em flagrante, tendo em vista a possibilidade de aguardar o seu julgamento fora docárcere, por não estarem presentes os requisitos para a custódia cautelar. Pode dar-se com ou sem oarbitramentodefiança,encontrandorespaldoconstitucional(art.5.º,LXVI).

Regrasgeraisparaaefetivaçãodaprisão

Aprisãosomentepoderealizar-semedianteordemescritae fundamentadadaautoridade judiciáriacompetente,excetoquandosetratardeprisãoemflagrante.Podedar-seemperíododiurnoounoturno,mas não se pode olvidar a garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio (art. 5.º, XI, CF).Portanto,sealguémestiveremlocalpúblico,aprisãopodeocorreraqualquerhoradodiaoudanoite.Se ingressar emdomicílio alheio, a polícia somente pode entrar para detê-lo, durante o dia, havendocertezadasuapermanêncianesselugar,desdequeestejadepossedomandadodeprisão,expedidopelojuiz.Seocorreraentradadoprocuradoemcasaalheia,duranteanoite,odonodacasapodepermitiraentradadospoliciaisparaefetivaraprisão (estandoelescomomandado judicial).Nãopermitindo,apolíciaprovidenciaráocercoaolocal,aguardandooamanhecer(luzsolar),para,então,invadir,comousemoconsentimentodoproprietário.Lembremosqueoingressodapolícia,àforça,duranteanoite,emdomicílio,podedar-secasoocorraumahipótesedeflagrantedelito,dentreoutrassituações(art.5.º,XI,CF).Poroutrolado,quandohouverdúvidaarespeitodapermanênciadoprocuradoemdomicílioalheio,evitando-seabusodeautoridade,apolíciadeveprovidenciarummandadodebusca(art.240,§1.º,a,

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3.

CPP).Depossedeste, invadiráacasaeprocuraráo indiciadoou réu.Encontrando,efetuaráaprisão,apresentandoomandadodeprisão.

Aprisãoéumatonaturaldeforça,poiscerceiaaliberdadealheia.Logo,anormaprocessualpenalprevêapossibilidadedoempregodeviolência,desdequeindispensávelparaarealizaçãodoato.ValedestacaroteordaSúmulaVinculante11doSupremoTribunalFederal:“Sóélícitoousodealgemasemcasosderesistênciaedefundadoreceiodefugaoudeperigoàintegridadefísicaprópriaoualheia,porpartedopresooudeterceiros,justificadaaexcepcionalidadeporescrito,sobpenaderesponsabilidadedisciplinar,civilepenaldoagenteoudaautoridadeedenulidadedaprisãooudoatoprocessualaqueserefere,semprejuízodaresponsabilidadecivildoEstado”.Nãoseautoriza,emhipótesealguma,mataralguémapretextodeprendê-lo.Émaisqueóbvioserimpossívelprenderumcadáver.Excepcionalmente,torna-se viável matar alguém, durante a execução de uma prisão legal, mas a justificativa precisaconcentrar-senalegítimadefesaounoestadodenecessidade.

Oidealéapresentaraodetido,queficarácomumacópia,omandadodeprisãoexpedidopelojuiz.Não sendo possível, realizar-se-á a prisão,mas o preso será imediatamente encaminhado ao juiz quetiver expedido o mandado para a verificação da regularidade do ato. Lembremos que ninguém seráencaminhado ao cárcere sem a exibição do mandado de prisão emanado da autoridade judiciáriacompetente.Cuidando-sedeprisãoemflagrante,aautoridadepoliciallavraráoatosolenemente,emautopróprio,colocaráoindiciadonocárcereecomunicaráaomagistradocompetenteparaaverificaçãodaregularidadedacustódia.

Soboutroaspecto,quandohouverperseguição,seaprisãopormandadojudicialserealizarforadaáreadeatuaçãodaautoridadepolicialqueefetivouadetenção,deveestaapresentaropresoàautoridadepoliciallocal.Esta,porseuturno,checaaregularidadedadetençãoeaidentidadedospoliciais.Setudoestiver correto, libera-se o preso para a transferência. Quando a perseguição decorrer de flagrante,efetivadaadetenção,opresoseráapresentadoàautoridadedolugarondeestasedeuparaalavraturadoauto.Somenteapóspoderáhaveroencaminhamentoaolocalondeocrimeconsumou-se.

Prisãopreventiva

É a principal modalidade de prisão cautelar, de cuja base nascem as demais. Portanto, para sesustentarumaprisãoemflagrante,porexemplo,torna-seimperiosochecarseosrequisitosdapreventivaestão presentes. Do contrário, o correto é permitir ao indiciado ou réu aguardar o julgamento emliberdade,comousemoarbitramentodefiança.

Paraasuadecretaçãosãoexigidos,aomenos, trêsrequisitos:a)materialidadedocrime(provadasuaexistência);b)indíciossuficientesdeautoria(provarazoáveldaautoria);c)eumdospróximos,deformaalternativa:c1)paragarantiadaordempúblicaoudaordemeconômica;c2)porconveniênciadainstruçãocriminal;c3)paraasseguraraaplicaçãodaleipenal(art.312,CPP).

Agarantiadaordempúblicaéopontomaispolêmico,poisabrangeenormeespectro subjetivodojuiz.Configura-se,comoregra,levando-seemcontaosseguintesaspectos:gravidadedainfraçãopenal

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(avaliada concretamente, com base nos fatos constantes dos autos), periculosidade do réu (possuiantecedentescriminaisouéreincidente),repercussãoprovocadapelocrime(semvínculocomamídia,mas, sim, com os fatos expostos nas provas dos autos), envolvimento com o crime organizado(cometimentoporassociaçãocriminosa)eexecuçãoanormaloubrutaldodelito.Oidealéapresençade,pelomenos,doisdesses fatoresassociados,mashámagistradoque levaemconsideraçãosomenteumdeles (gravidade da infração, por exemplo), tornando mais frágil a fundamentação para a custódiacautelar.

A garantia da ordem econômica segue os prumos da anterior, porém, focaliza, primordialmente, amagnitude da lesão concreta à ordem econômico-financeira causada pelo agente, bem como acontinuidadedaafetaçãodaeconomia,calcadaematosconcretosdoacusado.

Aconveniênciadainstruçãocriminalconcentra-se,principalmente,naproduçãodeprovas.Seoréu(ou indiciado) provocar situações que impeçam essa colheita de forma idônea e imparcial (ex.:ameaçandotestemunhasoudestruindodocumentos),écasodecustódiacautelar.

Assegurar a aplicaçãoda lei penal quer dizer que, finda a instrução, porventura condenadoo réu,haverá possibilidade concreta de fazer valer a sanção penal. Como regra, a tentativa de fuga doindiciado/acusadoécausadeterminanteparaasuasegregaçãocautelar.

Podeserdecretadaemqualquerfasedainvestigaçãopolicialoudoprocessopenal(art.311,CPP).No curso da ação penal, por requerimento do Ministério Público, do assistente de acusação ou doquerelante, bem como de ofício pelo juiz. Na fase investigatória, por representação da autoridadepolicial, por requerimento do Ministério Público, do querelante e, eventualmente, pelo assistente deacusação,sejátiversehabilitadocomotal.

Háalgunscontornos,fixadospeloart.313doCPP,aobservarparaadecretaçãodapreventiva:a)admite-senoscrimesdolosospunidoscompenaprivativadeliberdademáximasuperioraquatroanos;b)écabívelquandooinvestigado/condenadotiversidocondenadoporoutrodelitodoloso,emsentençatransitadaemjulgado,comaressalvadoart.64,I,doCP(prazodecaducidadedacondenaçãoanteriorpara fins de gerar reincidência); c) é admissível se o crime envolver violência doméstica e familiarcontra amulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa deficiente, com o fito de assegurar aexecuçãodemedidasprotetivasdeurgência.

Possibilita-se,ainda,adecretaçãodaprisãopreventivadecaráterutilitário,cujafinalidadeégarantiracorretaidentificaçãodoacusado.Dessemodo,havendodúvidaquantoàsuaidentidadecivilouquandonão se fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, impõe-se a preventiva; identificadodevidamente, coloca-se o sujeito em liberdade, salvo se por outromotivo deva ficar preso (art. 313,parágrafoúnico,CPP).

Não se decreta a preventiva quando omagistrado verificar a possibilidade de reconhecimento dequalquerdasexcludentesdeilicitude(art.23,CP).Segundonosparece,omesmosedá,casosepercebaapotencialaplicaçãodeexcludentedeculpabilidade.

Finalmente,admite-seadecretaçãodaprisãopreventivaquandohouverodescumprimentodemedida

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5.

cautelaralternativa(art.282,§4.º,CPP).

Prisãoemflagrante

Sãohipótesesautorizadorasdaprisãoemflagrante,realizadaporqualquerpessoadopovo(flagrantefacultativo) ou pela polícia (flagrante obrigatório): a) estar o agente cometendo a infração penal (art.302,I,CPP,denominadadeflagrantepróprio);b)teroagenteacabadodecometerainfraçãopenal(art.302, II, CPP, igualmente flagrante próprio); c) haver perseguição, logo após, pela autoridade, peloofendidoouporqualquerpessoa,emsituaçãoquefaçapresumirserautordainfraçãopenal(art.302,III,CPP,denominadoflagranteimpróprio);d)seroagenteencontrado,logodepois,cominstrumentos,armas,objetosoupapéisquefaçampresumirsereleoautordainfraçãopenal(art.302,IV,CPP,denominadoflagrantepresumido).

Realizada a prisão, o detido é encaminhado pelo condutor (aquele que lhe deu voz de prisão) àautoridade policial. Esta, por sua vez, entendendo válido o ato, lavra o auto de prisão em flagrante.Dentro de 24 horas, encaminha cópia à autoridade judiciária competente, que deverá verificar aregularidadedaprisão,aoMinistérioPúblicoeàDefensoriaPública,nostermosdoart.306,§1.º,doCPP.Setudoestiverformalmenteemordem,ojuizmantémoflagrante,maspodecolocaroindiciadoemliberdade provisória, com ou sem fiança. Assim agirá, se não vislumbrar presentes os requisitos daprisãopreventiva(art.312,CPP).

Aprisão em flagrante nãomais semanterá comoprisão cautelar ao longo do desenvolvimento deprocessocriminal.Recebidooauto,ojuizdeve:a)relaxaraprisão,seilegal;b)converteraprisãoemflagrante empreventiva, casoos requisitos do art. 312doCPP estejampresentes, ou aplicarmedidascautelaresalternativas;c)conceder liberdadeprovisóriacomfiança;d)conceder liberdadeprovisóriasemfiança.

Prisãotemporária

Trata-sedamodalidadedeprisãocautelarvoltadaàgarantiadaeficiênciadainvestigaçãopolicial,quandono contextodedeterminados crimesgraves.Exige-se, para a suadecretação, a associaçãode,pelomenos,doisdosseguinteselementos:a)ocorrênciadeumdosdelitosdescritosnoart.1.º,III,daLei7.960/89(homicídiodoloso,sequestrooucárcereprivado,roubo,extorsão,extorsãomediantesequestro,estupro,1 epidemia com resultadomorte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia oumedicinalcomresultadomorte,associaçãocriminosa,genocídio,tráficoilícitodedrogas,crimescontraosistemafinanceiro)+b) imprescindibilidadeparaa investigaçãopolicial (inciso Idoart.1.ºdaLei7.960/89)ouc) faltade identidadecertaouresidênciafixado investigado(incisoIIdoart.1.ºdaLei7.960/89).

Somentepodeserdecretadapelojuiz,arequerimentodoMinistérioPúblicoouporrepresentaçãodaautoridadepolicial,ouvidooMP,porcincodias,prorrogáveis,quandoimprescindível,poroutroscinco.

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6.

7.

8.

9.

Nocasodecrimehediondoouassemelhado,admite-seadecretaçãoporaté30dias,prorrogáveisporoutros30emcasodeextremaecomprovadanecessidade(art.2.º,§4.º,Lei8.072/90).

Prisãodecorrentedepronúncia

Nasentençadepronúncia,ojuizdevedecidirsobreapossibilidadedeficaroréuemliberdadeousedeveaguardarojulgamentopreso(art.413,§3.º,CPP).Nãomaisselevaemconsideração,paraessadecisão a análise dos antecedentes do acusado. Impõe-se a avaliação da necessidade da custódiacautelar,baseadanosmesmoscritériosnorteadoresdaprisãopreventiva(art.312,CPP).Porisso,aqueleque estiver preso, uma vez pronunciado, poderá continuar detido, se o magistrado entenderimprescindível para garantir a ordem pública, por exemplo. O réu que estiver solto, uma vezpronunciado,somenteserádetido,casoojuizentendanecessárioparaasseguraraaplicaçãodaleipenal(ilustrando,oacusadofoge).

Énatural,noentanto,que,emalgumas situaçõesdepronúncia, envolvendo infraçõespenaismenosgraves, mesmo se estiverem presentes os requisitos da prisão cautelar, não há cabimento para adecretaçãodacustódia(ex.:abortocomconsentimentodagestante,cujapenaédedetenção,deumatrêsanos), pois a pouca quantidade de pena a ser aplicada não justifica a segregação provisória. Se estaocorrer,épossívelqueoréucumpraapenaantesmesmodeserjulgadodefinitivamente,selevarmosemcontaoefeitodadetração(art.42,CP).

Prisãodecorrentedesentençacondenatória

Nos mesmos moldes expostos no item anterior, havendo condenação, o réu somente poderá serrecolhido ao cárcere, enquanto se processa a sua apelação, caso estejam presentes os requisitos daprisãopreventiva(art.312,CPP).Seosfatoresdeterminantesdaprisãopreventivatornarem-sevisíveis,deveomagistradodecretaracustódiacautelardoacusado,pois,seocondenou,énaturalquehajaprovadamaterialidadee indíciosmaisquesuficientesdeautoria.Assim,paragarantiadaordempúblicaoueconômicaouparaasseguraraaplicaçãodaleipenal,pode-sesegregarcautelarmenteoréu.

Prisãoparaconduçãocoercitiva

A condução coercitiva de testemunha, vítima ou acusado é um ato de violência, que implica emprisão,poisconstituiprivaçãodaliberdadedeirevir,aindaqueporcurtoperíodo.Namedidaemqueoart.5.º,LXI,daConstituiçãoFederal,preceituaqueaprisãosomenteépossívelemflagrantedelitooupor ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, não se pode admitir seja aconduçãocoercitivarealizadaanãoserpordeterminaçãodemagistrado.

Medidascautelaresalternativas

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Considerando-se o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5.º, LVII, CF), adecretaçãode qualquermedida cautelar restritiva da liberdade, durante a investigaçãoouo processo,deveserexcepcional,lastreadaemabsolutanecessidade.

Por isso, a partir da edição da Lei 12.403/2011, várias medidas cautelares alternativas à prisãoforam inseridas (art. 319, CPP): “I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condiçõesfixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II – proibição de acesso ou frequência adeterminados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusadopermanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III – proibição de mantercontato compessoadeterminadaquando, por circunstâncias relacionadas ao fato, devao indiciadoouacusadodelapermanecerdistante;IV–proibiçãodeausentar-sedaComarcaquandoapermanênciasejaconveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V – recolhimento domiciliar no períodonoturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI –suspensãodoexercíciodefunçãopúblicaoudeatividadedenaturezaeconômicaoufinanceiraquandohouverjustoreceiodesuautilizaçãoparaapráticadeinfraçõespenais;VII–internaçãoprovisóriadoacusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritosconcluíremser inimputávelousemi-imputável (art.26doCódigoPenal)ehouver riscode reiteração;VIII–fiança,nasinfraçõesqueaadmitem,paraassegurarocomparecimentoaatosdoprocesso,evitaraobstruçãodoseuandamentoouemcasoderesistênciainjustificadaàordemjudicial;IX–monitoraçãoeletrônica”.

Oobjetivomaioréevitaraprisãocautelar,aplicando-seemseulugarasmedidassuprarretratadas.Entretanto,tambémestasmedidasnãosãoautomáticasedependemdopreenchimentodedoisrequisitoscumulativos:necessariedadeeadequabilidade(art.282,CPP).Oprimeirosubdivide-seemtrês,quesãoalternativos:a)paraaplicaçãodaleipenal;b)paraainvestigaçãoouainstruçãocriminal;c)paraevitarapráticadeinfraçõespenais.Osegundosubdivide-seemtrês,igualmentealternativos:a)gravidadedocrime;b)circunstânciasdofato;c)condiçõespessoaisdoindiciadoouacusado.

Ilustrando, detectando omagistrado que o réu pode fugir, sem ter certeza a respeito disso (senão,seria o caso de preventiva), associado ao fato de ter cometido crime grave (considerada a gravidadeconcretado fato), podedecretaruma (oumais)medida alternativa,previstanoart. 319doCódigodeProcesso Penal. Se o acusado, ciente da medida, descumpri-la, pode sofrer o advento da prisãopreventiva.

As medidas previstas no art. 319 do CPP podem ser decretadas, durante a investigação, porrequerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial; durante oprocesso,pelojuiz,deofício,ouarequerimentodaspartes(MinistérioPúblico,querelanteouassistentedeacusação).

Semprequepossível–enãoconfiguraurgênciaouperigodeineficácia–deveomagistradoouvirointeressado(investigadoouréu)antesdedecretarqualquerdelas.

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10.

11.

Prisãodomiciliar

IntroduzidapelaLei12.403/2011,cuida-sedeumlocalespecíficoparaquecertos investigadosouréus cumpram a prisão preventiva. O juiz pode substituir o cárcere pela prisão domiciliar quando oagente for: a)maior de 80 anos; b) extremamente debilitado por doença grave; c) imprescindível aoscuidadosdepessoamenorde6anosoudeficiente;d)gestanteapartirdosétimomêsoucomgravidezdealtorisco.

Hánecessidadedeseprovar,devidamente,taisrequisitos,afimdenãosetornarmaisumaportaàimpunidadeeàdemonstraçãodeineficiênciaestatal.

Regrasgeraisparaaconcessãodeliberdadeprovisória

Éválidoeútilreiterar,desdelogo,queaprisãoemflagrante,quandorealizadademaneiraindevida,porrazõesintrínsecas(nãoerahipótesedeflagrante)ouextrínsecas(aspectosformaisdoautodeprisãoem flagrante não observados), não pode subsistir, merecendo ser relaxada pela autoridade judiciáriacompetente.Logo,nãoécasoparaaconcessãodeliberdadeprovisória.

Por outro lado, quando o juiz decretar a prisão preventiva, se, porventura, cessar a razão que adeterminou, deve o magistrado revogá-la simplesmente, tornando o indiciado/acusado à situação deliberdadeanterior.Tambémnãoécasodeconcessãodeliberdadeprovisória.

Concede-se, pois, liberdade provisória quando houver prisão em flagrante válida, mas oindiciado/acusado não necessitar ficar detido enquanto transcorre o processo. Tal se dará quando osrequisitosparaadecretaçãodaprisãopreventivanãoestiverempresentes.

Aliberdadeprovisória,comarbitramentodefiança,destina-seaosdelitosconsideradosafiançáveis(consultarosarts.323e324doCPP,expondoassituaçõesemqueévedadaafiança),encontrando-seosvaloresdafiançanoart.325doCódigodeProcessoPenal.

A liberdade provisória, sem arbitramento de fiança, é cabível sempre que os requisitos da prisãopreventivanãoestiveremvisíveis,sendoválidaasituaçãoparaqualquerdelito.Exemplo:sealguémforpresoemflagranteporestupro(inafiançável,porsetratardedelitohediondo),podeojuizdeterminarasuasoltura,concedendo-lheliberdadeprovisória,semfiança.

A fiança, após a edição da Lei 12.403/2011, revigorou-se, pois seus valores foram atualizados.Entretanto, ainda perdura a seguinte contradição: para crimes mais graves (como, por exemplo, oshediondoseequiparados)nãocabefiança,masosacusadospodemsersoltos,emliberdadeprovisória,semopagamentodenenhummontante.Ainafiançabilidade,reproduzidanoart.323doCPP,advémdenormas constitucionais, motivo pelo qual nada há a fazer por parte do legislador ordinário. O erroencontra suas bases texto da Constituição Federal, tendo em vista que nenhum delito deveria serinafiançável;aocontrário,quantomaisgravefosse,maiordeveriaserovalorarbitradoparaaconcessãodaliberdadeprovisória.

A finalidade da fiança é garantir o vínculo do investigado ou acusado com o distrito da culpa,

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impedindoquefuja;afinal,seofizer,perderáovalordadoemgarantia.Presos pobres nãoprecisampagar a fiança, cabendo ao juiz dispensá-los, nos termosdo art. 350,

caput,doCPP.Quantoàspessoasricas,podeomagistradoaumentarosvaloresestipuladospeloart.325,IeII,ematémilvezes(art.325,§1.º,III,CPP).

Fixadaafiança,podemocorrerasseguintessituações:a)reforçodafiança:a.1)aautoridaderecolhe,porengano,valorinsuficiente;a.2)hádepreciaçãoouperecimentodosbensdadosemgarantia;a.3)faz-se nova classificação do crime.Deve o afiançado reforçar o valor; se não o fizer, a fiança fica semefeito;b)cassaçãodafiança:b.1)quandonãoécabívelasuaaplicação;b.2)senovaclassificaçãotornaro crime inafiançável. O magistrado deve cassar o benefício, decretando a prisão ou impondo outramedidacautelar;c)quebradafiança:c.1)oacusadodeixadecompareceremjuízo,quandodevidamenteintimadoparatanto;c.2)praticaatodeobstruçãodoprocesso;c.3)descumpremedidacautelarimpostajuntamentecomafiança;c.4)praticanovainfraçãopenaldolosa.Aquebrageraaperdademetadedovalordadoemgarantiae,eventualmente,adecretaçãodaprisão;d)perdadafiança:condenado,oréunão se apresenta para cumprir a pena imposta definitivamente. Perde todo o valor dado em garantia,expedindo-semandadodeprisão.

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12.

Procedimentosesquemáticos

1.º)Quadro-resumo–prisõesdecaráterpenal

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2.º)Prisõeseseusremédios

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13.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

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15)

16)

17)

18)

19)

20)

21)

22)

23)

Modelosdepeças

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãotemporária

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodemedidacautelaralternativa

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãotemporária(modeloII)

Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãopreventiva

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodeprisãopreventiva

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodemedidacautelaralternativa

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãopreventiva

Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativa

Requerimentodadefesaparaarevogaçãodaprisãopreventiva

Requerimentodadefesaparaarevogaçãodamedidacautelaralternativa

Decisãojudicialderevogaçãodaprisãopreventiva

Decisãojudicialderevogaçãodamedidacautelaralternativa

Requerimentodadefesaderevogaçãodaprisãotemporária

Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodeprisãotemporária

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãotemporária

Decisãojudicialderevogaçãodaprisãotemporária

Requerimentoparaorelaxamentodaprisãoemflagrante

Decisãojudicialdemanutençãodaprisãoemflagranteeconversãoempreventiva

Decisãojudicialderelaxamentodaprisãoemflagrante

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,antesdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,depoisdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,antesdooferecimentodadenúncia

Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,depoisdooferecimento

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24)

25)

26)

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30)

31)

32)

33)

dadenúncia

Requerimentodeaplicaçãodemedidacautelaralternativaemlugardaprisãopreventiva

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,antesdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,depoisdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,antesdadenúncia

Decisãojudicialdeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,depoisdadenúncia

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãoporpronúncia

Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãoporsentençacondenatória

Decisãojudicialdedecretaçãodeinternaçãoprovisóriadeadolescenteinfrator

Decisãoderevogaçãodainternaçãoprovisória

Decisãojudicialderevogaçãodainternaçãoprovisóriaporexcessodeprazo

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1.º)Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodaprisãotemporária

____.ªDelegaciadePolíciadaComarcade____.

Inquéritopolicialn.º____

Naturezadainvestigação:rouboqualificado

Vítima:____

Indiciado:____

REPRESENTAÇÃOPELADECRETAÇÃODEPRISÃOTEMPORÁRIA1

MM.Juiz

Instaurou-se inquérito policial para apurar o crime de roubo,cometido com emprego de arma de fogo, por “D”, qualificado a fls.____contra“T”,aindanãoconcluído.Apósavítimaterregistradoaocorrência,chegouaoconhecimentodestaautoridade,queosuspeitoestaria rondando o mesmo bairro em que se deram os fatos, o quecausa perturbação à ordem pública, uma vez que o delito é grave.Aliás,denúnciaanônima,dirigidaaestedistritopolicial,chegouarelatar que o indiciado pretende fugir, o que iria conturbar ainvestigação policial, impedindo, até mesmo, o formalreconhecimento.

Portanto,comamparonoart.1.º,IeIII,daLei7.960/89,2 estaAutoridadePolicialrepresentaaVossaExcelênciapeladecretaçãodaprisãotemporáriade“D”,peloprazodecincodias,3paraquepossaserconcluídaacolheitadeprovas.

Eraoquetinhaaponderarnomomento,apresentandocópiadoboletimdeocorrênciaedosdepoimentosatéentãocolhidos.

Comarca,data.

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_______________

Autoridadepolicial

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1Arepresentaçãopodeserencaminhadaporumofíciodirigidoaojuizesubscritopelodelegado(videmodelo).Pode,ainda,serinseridanosautosdoinquérito,razãopelaqualnãoprecisadoofíciodeencaminhamento.

2ParaadecretaçãodatemporáriadevehaveraconjugaçãodoincisoIII(relaçãodoscrimes)comoincisoIoucomoincisoIIdoart.1.ºdaLei7.960/89.

3Emcasodecrimehediondoouequiparado,aprisãotemporáriapodeatingir30dias,prorrogáveispormais30emcasodeextremaecomprovadanecessidade.Paraoutrosdelitos,aprisãotemoprazode5dias,prorrogáveis,quandoimprescindível,poroutros5.

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2.º)Representaçãodaautoridadepolicialpeladecretaçãodemedidacautelaralternativa

____.ªDelegaciadePolíciadaComarcade____.

Inquéritopolicialn.º____

Naturezadainvestigação:furtoqualificado

Vítima:____

Indiciado:____

REPRESENTAÇÃOPELADECRETAÇÃODEMEDIDACAUTELARALTERNATIVA

MM.Juiz

Instaurou-se inquérito policial para apurar o crime de furtoqualificado, cometido com emprego de chave falsa, por “V”,qualificadoafls.____,tendoporvítima“N”,aindanãoconcluído.Após a vítima ter registrado a ocorrência, chegou ao conhecimentodesta autoridade que o suspeito pretende ausentar-se da Comarca,pois procura emprego em outras cidades (depoimento de fls. __).Inexiste,ainda,elementoconcretoademonstraracaracterizaçãodafuga,ensejandoaprisãopreventiva,emboraexistamdadospalpáveisde eventual alteração de domicílio, o que dificultaria ainvestigação.

Portanto, com amparo no art. 282, § 2.º, c. c. art. 319, IV, doCódigo de Processo Penal, esta Autoridade Policial representa aVossaExcelênciapeladecretaçãodamedidacautelardeproibiçãodeausentar-sedaComarca,paraquepossaserconcluídaacolheitadeprovas.

Eraoquetinhaaponderarnomomento,apresentandocópiadoboletimdeocorrênciaedosdepoimentosatéentãocolhidos.

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Comarca,data.

_______________

Autoridadepolicial

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5.º)Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodaprisãopreventiva

“N”,acusadodaprát icadehomicídiodoloso,duranteainst ruçãocriminal,prepara-separafugir,vendendoacasaonderesideesaindodoemprego.Cientedisso,oMinist érioPúblicorequeradecretaçãodaprevent iva.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

OMinistérioPúblicodoEstadode____,1nosautosdoprocesso-crimequemovecontra“N”,qualificadoafls.____,vem,respeitosamente,à presença de Vossa Excelência, requerer a decretação da PRISÃOPREVENTIVAdoréu,comfundamentonoart.312doCódigodeProcessoPenal,pelosseguintesmotivos:2

1.Ajuizadaaaçãopenal,comaimputaçãodehomicídioqualificado,está demonstrada, de maneira satisfatória, a materialidade (laudonecroscópico de fls. ____) e indícios suficientes de autoria(depoimentosdefls.____doinquérito).

2. Encontra-se o acusado em liberdade, em função do princípioconstitucionaldapresunçãodeinocência.Porém,nãosepodeperderdevistaodispostonaleiprocessualpenalacercadanecessidadededecretação da segregação cautelar do réu que, não pretendendosubmeter-seàeventualfuturaaplicaçãodaleipenal,buscaevadir-sedodistritodaculpa.

3. Firmou-se a jurisprudência pátria no sentido de ser possível adecretaçãodaprisãopreventiva,semprequehouvermotivosuficienteparaacreditarque,nãoofazendo,seráinútilofimdoprocessoedeprovávelsentençacondenatória.Comoexemplos,podemoscitaros

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seguintesacórdãos:____.

4.ChegouaoconhecimentodestaPromotoriadeJustiçaqueoacusadoestásedesfazendodeseusbensepediudemissãodoempregofixoqueo mantinha vinculado ao distrito da culpa (documentos anexos).3

Pode-se, pois, deduzir que pretende escapar à aplicação da leipenal,nãosesubmetendoaojulgamentopeloTribunaldoJúri,comoseriaderigor.

Anteoexposto,requer-seadecretaçãodaprisãopreventiva,demodoagarantiraeficienteaplicaçãodefuturaeeventualsentençapenalcondenatória, eis que estão presentes suficientes motivosensejadoresdasegregação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiça,éoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Esteéoformatodepetição.PodeorepresentantedoMinistérioPúblicofazê-loporcota.Abertavistapelocartório,bastaendereçaropedidoaomagistrado:“MM.Juiz”.Após,podeexporsuasrazõesnaformamanuscrita.

3Essesdocumentospodemserrepresentadospordeclaraçãodaimobiliáriadequeacasadoacusadoestáàvenda(oufoivendida)ededeclaraçãodoempregadordequepediudemissão.Na faltadedocumentos,o idealéouvirocorretorouoempregadorarespeitodisso.Pode-sefazê-loemaudiênciaespecialmentedesignadaparatal,comurgência.

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6.º)Requerimentodaacusaçãoparaadecretaçãodemedidacautelaralternativa

“M”,acusadodaprát icaderoubo,durantea inst ruçãocriminal,porserguardamunicipal, faz rondasnobairroondereside a vít ima, causando-lhe o t emor de ser por ele abordada. Ciente disso, o Minist ério Público requer medidacautelar.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

OMinistérioPúblicodoEstadode____,1nosautosdoprocesso-crimequemovecontra“M”,qualificadoafls.____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,requereradecretaçãode

MEDIDACAUTELARALTERNATIVA,

Combasenoart.319,III,doCódigodeProcessoPenal,consistentena proibição de manter qualquer contato com a vítima __________,devendo dela permanecer distante a mais de 100 metros, pelosseguintesmotivos:

1. Ajuizada a ação penal, com a imputação de roubo, estádemonstrada, de maneira satisfatória, a materialidade e indíciossuficientesdeautoria(depoimentosdefls.____doinquérito).

2. São dois os requisitos para a decretação da medida cautelarpleiteada:necessariedadeeadequabilidade,nostermosdoart.282,I e II, do CPP. Torna-se necessário, neste caso, porque háconveniência para o escorreito desenrolar da instrução,possibilitando-seacolheitadadeclaraçãodavítimadeformaisentaeequilibrada.Esclareça-senãotersidoelaameaçadadiretamente,

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pois,seassimfosse,seriacasodeprisãopreventiva.Porém,oréutemcirculadocomaviaturadaGuardaMunicipalpelascercaniasdaresidência da vítima, aproximando-se, em demasia, de sua casa. Amedida solicitada é adequada, pois o crime de roubo apresentougravidadeconcreta,alémdeserguardamunicipal,posiçãoque,porsisó,servedeintimidação.

3. Encontra-se o acusado em liberdade, em função do princípioconstitucionaldapresunçãodeinocência.Porém,nãosepodeperderdevistaodispostonaleiprocessualpenalacercadanecessidadededecretação de medida cautelar, mesmo que diversa da prisão, comoformadeassegurarocorretotrâmiteprocessual.

4.Assimtemseposicionadoajurisprudênciapátria:1

Ante o exposto, requer-se a decretação da medida cautelaralternativa supra-apontada, de modo a garantir o eficientedesenvolvimentodainstrução.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1Ainserçãodejurisprudência(oudoutrina)ficaaocritériodoelaboradordapetição.

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7.º)Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãopreventiva

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

OMinistérioPúblicorequereuadecretaçãodaprisãopreventivadoréu “N”, tendo em vista que, pelos documentos ofertados, estariapreparando a sua fuga e, consequentemente, prejudicada ficaria aaplicação eficaz da lei penal, em caso de futura e eventualcondenação.

Paraadecretaçãodacustódiacautelar,exigealeiprocessualpenala reunião de, ao menos, três requisitos, dois deles fixos e um,variável. São necessários: prova da materialidade e indíciossuficientesdeautoria.Ooutropodeseragarantiadeordempúblicaoueconômica,aconveniênciadainstruçãocriminaleaeficiênciadaaplicaçãodaleipenal,consoanteprevisãodoart.312doCódigodeProcessoPenal.

Recebida a denúncia, é natural que estejam demonstradas, no casopresente, a prova de existência da infração penal (laudonecroscópico de fls. ____) e indícios suficientes de autoria(depoimentosdefls.____doinquéritopolicial).

Quantoaoterceirorequisito,pelosdocumentosofertadospeloórgãoacusatório, pode-se constatar o intento do réu de furtar-se àaplicaçãodaleipenal.Desdeomomentoemquerecebeuobenefíciodaliberdadeprovisória,semfiança,estácientedequenãopoderiaalterarseuendereço,sempréviacomunicaçãoaestejuízo,bemcomodeque,quantoaotrabalho,omesmosedaria.Nãosomentecolocouàvenda sua casa, como também se demitiu, sem qualquer razão doemprego, não mais possuindo qualquer vinculação ao distrito da

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culpa.

Ocrimeégraveealiberdadeprovisóriafoiasseguradaemfacedoprincípio constitucional da presunção de inocência, mas que não éabsoluto.Nãosepodeassistiràfugapreparadasemqualquermedidaconstritivaàliberdade.

Além do alegado pelo Ministério Público, atentando-se para odepoimento de uma das testemunhas de acusação (fls. ____), jáouvida, conclui-se que o réu, realmente, não tem a intenção de sesubmeteraodevidoprocessolegal,poisdeclarou,recentemente,queiria refugiar-se em “lugar onde não mais seria aborrecido pelaJustiça”(sic).

Ante o exposto, com fundamento no art. 312 do Código de ProcessoPenal,decretoaprisãopreventivade“N”,qualificadoafls.____.Expeça-semandadodeprisão.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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8.º)Decisãojudicialdedecretaçãodemedidacautelaralternativa

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

OMinistérioPúblicorequereuadecretaçãodaprisãopreventivadoréu “N”, tendo em vista que, pelos documentos ofertados, estariapreparando a sua fuga e, consequentemente, prejudicada ficaria aaplicação eficaz da lei penal, em caso de futura e eventualcondenação.

Paraadecretaçãodacustódiacautelar,exigealeiprocessualpenala reunião de, ao menos, três requisitos, dois deles fixos e um,variável. São necessários: prova da materialidade e indíciossuficientesdeautoria.Ooutropodeseragarantiadeordempúblicaoueconômica,aconveniênciadainstruçãocriminaleaeficiênciadaaplicaçãodaleipenal,consoanteprevisãodoart.312doCódigodeProcessoPenal.

Recebida a denúncia, é natural que estejam demonstradas, no casopresente, a prova de existência da infração penal (laudonecroscópico de fls. ____) e indícios suficientes de autoria(depoimentosdefls.____doinquéritopolicial).

Quantoaoterceirorequisito,pelosdocumentosofertadospeloórgãoacusatório,dever-se-iaconstatarointentodoréudesefurtar-seàaplicação da lei penal. Porém, desde o momento em que recebeu obenefício da liberdade provisória, sem fiança, está ciente de quenãopodealterarseuendereço,sempréviacomunicaçãoaestejuízo,bemcomodeque,quantoaotrabalho,omesmosedaria.Entretanto,verifica-seterelepedidodemissãodeseuemprego,semteroutroemvista. Pode-se supor queira ausentar-se do distrito da culpa, mas

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tambémquedeseje,apenas,umanovaoportunidadedetrabalho.

Porcautela,emlugardadecretaçãodaprisãopreventiva,parece-memaisadequadoocontextodamedidacautelaralternativa.

Anteoexposto,comfundamentonoart.282,§6.º,c.c.art.319,IV, do Código de Processo Penal, decreto a medida cautelar deproibiçãodeseausentardaComarca,enquantofornecessáriaasuapresençaparaotrâmitedoprocesso.Deveentregaropassaporteemjuízo.

Em face da urgência que o caso demanda, deixo de ouvir o acusadoantes da decretação, nos termos do art. 282, § 3.º. do Código deProcesso Penal, mas poderá manifestar-se após a ciência da medidaaplicada.

Intime-seoréueseudefensor.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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9.º)Requerimentodadefesaparaarevogaçãodaprisãopreventiva

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

“N”, qualificado a fls. ____, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,1porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequereraREVOGAÇÃO2desuaPRISÃOPREVENTIVA,pelosseguintesmotivos:

Oacusadotevesuacustódiacautelardecretadaporessedignojuízosob o fundamento de estar preparando a sua fuga e que,consequentemente, evitaria a futura e eventual aplicação da leipenal,consolidadapormeiodesentençapenalcondenatória.

Não desconhece a defesa que esse é um dos motivos a sustentar adecretaçãodaprisãopreventiva,combasenoart.312doCódigodeProcessoPenal.

Entretanto, vale destacar que o princípio constitucional dapresunção de inocência, associado ao direito de permanecer emliberdadeprovisória,configuramoquadroidealparaasituaçãodoréu.3

Constitui pura ilação do órgão acusatório a conclusão de que oacusado pretende fugir, abandonando o acompanhamento da instrução,simplesmentepelofatodetercolocadosuacasaàvendaetersaídodoanterioremprego.Narealidade,acasafoivendidaemfunçãodenãomaishaverambienteparaoréuresidir,comsuafamília,naquelavizinhança,localondeigualmentehabitavaavítima.Constanteseramasameaçasquesofriaporpartedeparentesdesta,tantoquechegoua registrar boletim de ocorrência, quando uma das vidraças da suacasafoiestilhaçadaporumapedra,duranteamadrugada(documento

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anexo).

Ademais, o acusado simplesmente pretendia trocar de emprego, porrazões salariais, não tendo a oportunidade de comunicar a VossaExcelência, o que iria fazer em breve tempo. Porém, diante dasdificuldades de conseguir novo posto de trabalho, em virtude darecessão que assola o País, está atualmente desempregado. Talsituação,entretanto,nãosignificaquepretendefugir.

Destafeita,nãoháprovaconclusivadequepretendiasubtrair-seàaplicaçãodaleipenal,motivopeloqualrequeraVossaExcelência,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,arevogaçãodasua prisão preventiva, com a expedição do alvará de soltura, se oacusadojáestiverpreso,oudecontramandado,casosolto.4

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2 Se o juiz decreta a prisão preventiva, o caminho da defesa é pedir a revogação. Não tem omenor sentido solicitar aconcessãodeliberdadeprovisória,poisestasomenteécabívelquandoháprisãoemflagrante.

3Pode-se,nestetópico,mencionardoutrinaejurisprudênciaaplicáveis.

4Casoomagistradoneguearevogação,cabeaimpetraçãodehabeascorpus.

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10)Requerimentodadefesaparaarevogaçãodamedidacautelaralternativa

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

“N”, qualificado a fls. ____, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequereraREVOGAÇÃOdaMEDIDACAUTELARDEPROIBIÇÃODESEAUSENTARDACOMARCA,pelosseguintesmotivos:

Oacusadotevesualiberdaderestringidaporessedignojuízosobofundamentodeestarpreparandoasuafugaeque,consequentemente,evitariaafuturaeeventualaplicaçãodaleipenal.

Não desconhece a defesa ser esse um dos motivos a sustentar adecretaçãodamedidacautelaralternativa,combasenoart.282,IeII,doCódigodeProcessoPenal.

Entretanto, vale destacar que o princípio constitucional dapresunção de inocência, associado ao direito de permanecer emliberdade provisória, sem maiores condições, configuram o quadroidealparaasituaçãodoréu.

Constitui pura ilação do órgão acusatório a conclusão de que oacusado pretende fugir, abandonando o acompanhamento da instrução,simplesmente pelo fato de se ter demitido do último emprego. Narealidade, já se encontra novamente trabalhando, com carteiraassinada(documentosdefls.___).

Ademais, o acusado simplesmente trocou de emprego, por razõessalariais, não tendo tido a oportunidade de comunicar a VossaExcelência, o que iria fazer em breve tempo. Porém, diante das

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dificuldades de conseguir novo posto de trabalho, em virtude darecessão que assola o País, demorou um certo tempo. Tal situação,entretanto,nãosignificaquepretendefugir.

Destafeita,nãoháprovaconclusivadequepretendiasubtrair-seàaplicaçãodaleipenal,motivopeloqualrequeraVossaExcelência,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,arevogaçãodamedidacautelaralternativa,restituindo-seoseupassaporte.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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11)Decisãojudicialderevogaçãodaprisãopreventiva

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

Requeroacusado“N”arevogaçãodasuaprisãopreventiva,alegandoquenãopretendiasubtrair-seàaplicaçãodaleipenal.Paratanto,sustentouqueaalteraçãodeseuendereçoresidencial,colocandosuacasaàvenda,deveu-seàsconstantesameaçasrecebidasdeparentesdavítima.Háboletimdeocorrênciaregistradonessesentido(fls.____). Por outro lado, afirmou que saiu do anterior emprego emvirtudededivergênciasalarial,maspretendiaconseguiroutronestaComarca,nãosendopossívelemfacedarecessãogeneralizada.

Emboraconstituaumdosmotivosparadecretaçãodacustódiacautelara pretensão de fuga, torna-se fundamental que esta resulte deelementosconcretos,calcadosnasprovasexistentesnosautos,poissesabequeaprisãoéaexceçãoealiberdade,aregra,aomenos,duranteainstruçãocriminal,quandosepresumeinocenteoacusado.

Portanto,havendodúvidarazoávelarespeitodapretensãodoréu,épreferível que permaneça em liberdade, estado natural de todo serhumano,atéqueseprove,definitivamente,suaculpa.1

Ante o exposto, revogo sua prisão preventiva, restaurando aliberdade provisória anteriormente concedida, com o compromisso decompareceratodososatosprocessuaisparaosquaisforintimado.2

Expeça-sealvarádesoltura.3

Comarca,data.

_______________

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JuizdeDireito

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1Omesmojuiz,quedecretouapreventiva,podevoltaratrás,crendomaisrazoávelmanteroacusadoemliberdade.Élógicoquemanteraprisãoourevogá-ladependedasprovasapresentadaspelaspartesedolivreconvencimentodomagistradoaoanalisá-las.

2A revogaçãodapreventivapelo juiz legitimaoMinistérioPúblicoa ingressarcomrecursoemsentidoestrito (art.581,V,CPP).Porém,o recursonão temefeitosuspensivo.Sea revogação implicaremgraveprejuízoparaasociedade,cabeàacusaçãoimpetrarmandadodesegurança(consultarcapítulopróprio).

3Seoacusadoaindanãofoipreso,deve-serecolheromandadodeprisão,expedindo-seocontramandado.

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12)Decisãojudicialderevogaçãodamedidacautelaralternativa

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Vistos.

Requeroacusado“N”arevogaçãodamedidacautelarconstritivadesualiberdadedelocomoção,alegandoquenãopretendiasubtrair-seàaplicaçãodaleipenal.Paratanto,sustentouqueaalteraçãodeseuempregodecorreu,unicamente,porrazõessalariais.

Nota-sejáestarnovamenteempregado(fls.___).

Adecretaçãodasmedidascautelares,previstasnoart.319doCódigode Processo Penal, não é automática, submetendo-se aos requisitosestampadospeloart.282,IeII,doCPP.

Além disso, estabelece o art. 282, § 5.º, do CPP, possa o juizrevogá-la a qualquer tempo, quando sobrevierem motivos que ajustifiquem.Éocasodosautos,poisseobservaasingelaalteraçãodelocaldetrabalho,semmaioresconsequências.

Ante o exposto, revogo a medida cautelar imposta, liberando oacusado a ausentar-se da Comarca quando bem quiser, desde que nãoaltereseuendereço.Restitua-seopassaporte.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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15)Decisãojudicialdedecretaçãodaprisãotemporária

ReferenteaopedidodaAutoridadePolicial(Cap.VI,Peça1.º).

____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Inquéritopolicialn.º____

Vistos.

A autoridade policial representa pela decretação da prisãotemporária de “D”, suspeito da prática do crime de roubo cometidocomempregodearmadefogocontraavítima“T”.

Invocouodelegadoaconveniênciadainvestigaçãopolicial,porterrecebido denúncia anônima, em seu distrito, demonstrativa daintençãodefugadoindiciado,alémdeestarele,porora,rondandoobairroondeofatodelituosoocorreu.

Cuida-se, por certo, de crime grave, capaz de gerar abalo à ordempública.Seoindiciadoevadir-se,ainvestigaçãoseráprejudicada,poisnemmesmoserealizouoreconhecimentoformal.

Ante o exposto, com fundamento no art. 1.º, I e III, da Lei7.960/89, decreto a prisão temporária de “D”, qualificado a fls.____,porcincodias.Expeça-semandadodeprisão.2

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1 Pode cuidar-se de juiz de Vara de Inquérito ou de Departamento Especializado (DIPO – Departamento de InquéritosPoliciais,naCapitaldeSãoPaulo).

2Aqualquermomento,podeojuizreversuadecisãodecerceamentodaliberdade,desdequeseconvençadainexistênciadosmotivosalegadospelaacusação.Nãorevogandoatemporária,serequeridopeladefesa,cabeainterposiçãodehabeascorpusdecunholiberatório.

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17)Requerimentoparaorelaxamentodaprisãoemflagrante

“L”matouavít imaem10dedezembrode2001.Sempist asnoinício,apolíciasomenteolocalizouumasemanadepois,em virtude de denúncia anônima. Foi à sua residência e, encont rando a arma do crime, deu-lhe voz de prisão emflagrante.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.1

Inquéritopolicialn.º____

“L”(nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequerero

RELAXAMENTODAPRISÃOEMFLAGRANTE,2

com fundamento no art. 5.º, LXV, da Constituição Federal, pelosseguintesmotivos:

1.Oindiciadofoipresoemflagrantenodia17dedezembropróximopassado, sob a alegação de estar portando a arma do homicídio queteve como vítima Fulano de Tal. Estaria configurada a hipótese doart.302,IV,doCódigodeProcessoPenal,legitimando,portanto,adetenção sem mandado judicial. Encontra-se detido junto à ____(delegacia).

2. Ocorre que, na realidade, inexiste flagrante presumido nestecaso. A lei é clara ao estipular que se considera em flagrantedelito quem “é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”(art.302,IV,CPP,grifonosso).Ora,aexpressão“logodepois”não

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podeteraelasticidadequelhedeuaautoridadepolicial,fazendosuporqueumasemanaéperíodocurtoebreveapontodejustificaraprisãoemestadodeflagrância.

3.Poroutrolado,acompletaignorânciadoparadeirodoindiciado,que somente teria sido localizado por denúncia anônima, bemdemonstra que a polícia perdeu seu rumo, desconfigurando qualquerpossibilidade de se tratar de uma relação de imediatidade entre aprática do fato e a ocorrência da prisão, não havendo nem mesmoperseguição ou qualquer elemento que justificaria a mantença doestadodeflagrância.

4.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.3

5.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.4

6. Em suma, sem pretender ingressar no mérito, analisando se,realmente,foi“L”oautordohomicídioemquestão,ou,seofez,qual teria sido a justificativa a tanto, pois o momento éinadequado,busca-seressaltaraVossaExcelênciaaimpropriedadedaprisão em flagrante, merecendo ser decretado o seu relaxamento,colocando-seoindiciadoemliberdade.

7.Desdelogo,porcautela,assinala-senãohavermotivoalgumparaadecretaçãodaprisãopreventiva,umavezqueosrequisitosdoart.312doCódigodeProcessoPenalnãoestãopresentes.5Oindiciadoéprimário, não registra antecedentes, tem endereço e emprego fixos(documentosdefls.____)enãodeumostradequepretendafugiràaplicaçãodaleipenalouquepossaperturbarocorretotrâmitedaaçãopenal.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência, afastada a hipótese deflagrância, determinar o relaxamento da prisão, colocando-se oindiciado em liberdade, que se compromete a comparecer a todos osatosprocessuais,quandointimado.6

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblicoeexpedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.

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Comarca,data.

_______________Advogado

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1 HáComarcas, comoSãoPaulo, que possuem umDepartamento ouVara exclusiva para Inquéritos Policiais. Assim, oinquéritosomenteédistribuídoparaumaVaraCriminalquandojácontacomdenúnciaouqueixa.Opedidoderelaxamentodaprisãodeve,pois,serencaminhadoparaesseDepartamentoouVaraprivativa.

2Pede-seo relaxamentodaprisãoem flagrantequandohouveralgumvício intrínseco (nãoerahipótesede flagrância)ouextrínseco(oautonão foi lavradocomodeterminaa lei),conformedispõeoart.304doCPP.Docontrário,seaprisão foicorretamenterealizada,pede-sealiberdadeprovisória.

3Sehouver,citaralgumtrechodedoutrinapertinente.

4Casotenharelaçãocomocaso,pode-secitaralgumacórdão,mencionando-seafonte.

5A jurisprudência temadmitidoque,relaxadaaprisão,sendoocaso,podeo juizdecretaraprisãopreventiva.Portanto,oadvogadopodeantecipar-seenarraraomagistradoquenãohámotivoalgumparatomartalmedida.

6Quandoforviável–eporcautela–podeoadvogadopleitear,comopedidosubsidiário,aliberdadeprovisória,ouseja,casoojuizentendaválidooautodeprisãoem flagrante,podeanalisarapossibilidadedecolocaro indiciadoem liberdadeassimmesmo.

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18)Decisãojudicialdemanutençãodaprisãoemflagranteeconversãoempreventiva

“K”invadiuumaresidênciaefezrefénsosmoradores.Agrediuváriosdelesacoronhadas,atéat ingirseuobjet ivo,queera a subt ração de valores. Na fuga, foi surpreendido pela polícia. Formalizada a prisão em f lagrante, envia aautoridade policial ao juiz competente uma cópia dos autos de prisão em f lagrante, para a verif icação da suaregularidadee,seforocaso,danecessidadedemanutençãodaprisãocautelar.

____.ªVaraCriminaldaComarca____.InquéritoPolicialn.º____

Vistos.

Oflagranteencontra-seformalmenteemordem.1

Verifica-seanecessidadedemanutençãodaprisãocautelar.Trata-sede crime de roubo, cometido com perversidade, por agente que jápossuiantecedentescriminais.Portanto,porora,estãopresentesosrequisitos para a custódia cautelar preventiva (art. 312 do CPP),uma vez que a gravidade concreta da infração penal associada aosantecedentes criminais do agente, bem como o método de execução,permitemconcluirestaremriscoagarantiadaordempública.2

Anteoexposto,convertoaprisãoemflagranteemprisãopreventiva,nostermosdoart.310,II,doCódigodeProcessoPenal.Expeça-semandado.

Aguarde-seavindadosautosprincipais.3

Comarca,data.

_______________

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JuizdeDireito

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1Omagistradodevechecarseeracasodeprisãoemflagrante(art.302,CPP)eseosrequisitosparaalavraturadoautoforamobservadospelaautoridadepolicial(art.304,CPP).

2Emborapresoemflagrante,todoindiciadotemdireitoàliberdadeprovisória,desdequenãoestejampresentesosrequisitosparaadecretaçãodaprisãopreventiva(art.310,parágrafoúnico,CPP).Seestiverem,ojuizosdeclaraemantémoindiciadonocárcere.

3Acópiadoautodeprisãoemflagrantesegueaojuizem24horasapósadetenção(art.306,§1.º,CPP).Oinquérito,noentanto,tem10diasparaserconcluído(art.10,CPP).

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20)Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,antesdooferecimentodadenúncia

“P”foipresoemf lagranteacusadodaprát icadehomicídiosimples.Porset ratardecrimeinaf iançável,seuadvogadodevebuscaraliberdadeprovisóriasemf iança.1

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.2

InquéritoPolicialn.º____

“P”(nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequererasua

LIBERDADEPROVISÓRIA,

sem arbitramento de fiança,3 com fundamento no art. 5.º, LXVI, daConstituiçãoFederal,pelosseguintesmotivos:

1. O indiciado foi preso em flagrante no dia 21 de abril próximopassado,sobaalegaçãodetersidosurpreendidodesferindogolpesdefacaemBeltranodeTal,porvoltadas22horas,nointeriordobarsituadonaRua____,n.º____,nestacidade.Avítimanãoteriaresistido aos ferimentos e faleceu, motivo pelo qual, quando foidetido,aautuaçãosefezcombaseemhomicídiosimples.

2. O auto de prisão em flagrante respeitou os ditames legais e oindiciadoencontra-senopresídio____(local).

3. Entretanto, o indiciado faz jus à concessão da liberdade

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provisória, sem fiança, levando-se em consideração o disposto noart.310,III,doCódigodeProcessoPenal,vezqueausentequalquersustentáculoparaadecretaçãodaprisãopreventiva.

4.Sempretenderingressarnomérito,analisandose,realmente,foiele o autor do homicídio, ou, se o fez, qual teria sido ajustificativa a tanto, pois o momento é inadequado, busca-seressaltar a Vossa Excelência a impropriedade da manutenção daprisão,merecendooindiciadoserpostoimediatamenteemliberdade.

5.Nãohámotivoalgumparaadecretaçãodasuacustódiacautelar,umavezqueosrequisitosdoart.312doCódigodeProcessoPenalnão estão presentes.4 O indiciado é primário, não registraantecedentes,temendereçoeempregofixos(documentosdefls.____)enãoháevidênciaalgumadequepretendafugiràaplicaçãodaleipenal,dequepossaperturbarocorretotrâmitedaaçãopenaloudequepossacolocaremriscoaordempública.

6.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.5

7.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.6

Anteoexposto,requeraVossaExcelência,nostermosdoart.310,III,doCódigodeProcessoPenal,conceder-lheliberdadeprovisória,mediantetermodecomparecimentoatodososatosdoprocesso,quandointimado.

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico7

eexpedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________Advogado

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1Seopedidoforformuladodepoisdorecebimentodadenúnciaouqueixa,veromodelopróprio.

2 HáComarcas, comoSãoPaulo, que possuem umDepartamento ouVara exclusiva para Inquéritos Policiais. Assim, oinquérito somente é distribuído para umaVaraCriminal quando já conta com denúncia ou queixa.O pedido de liberdadeprovisóriadeve,pois,serencaminhadoparaesseDepartamentoouVaraprivativa.

3Pede-sea liberdadeprovisória–enãoo relaxamentodaprisãoem flagrante–quandoaprisão foi realizadadentrodosparâmetros legais.Assimocorrendoecuidando-sededelito inafiançável (consultarosarts.323e324doCPP),o idealésolicitaraojuizqueconcedaaliberdadeprovisóriasemfiança.

4Seaprisãoemflagrantenãoforrelaxada,cabeliberdadeprovisória(art.5.º,LXVI,CF),comousemfiança,desdequenãoestejampresentesosrequisitosdaprisãopreventiva.Oadvogadodevedemonstraraojuizquetalsituaçãoinexiste.

5Sehouver,citaralgumtrechodedoutrinapertinente.

6Casotenharelaçãocomocaso,pode-secitaralgumacórdão,mencionando-seafonte.

7Aconcessãodeliberdadeprovisória,comfiança,prescindedaoitivapréviadoMP.

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21)Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriasemfiança,depoisdooferecimentodadenúncia

“P”foipresoemf lagranteacusadodaprát icadehomicídiosimples.Porset ratardecrimeinaf iançável,seuadvogadodevebuscaraliberdadeprovisóriasemf iança,emboraját enhasidorecebidaadenúncia.1

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.2

Processon.º____

“P”,jáqualificadonosautos,porseuadvogado,nosautosdaaçãopenal que lhe move o Ministério Público,3 vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelênciarequererasua

LIBERDADEPROVISÓRIA,

sem arbitramento de fiança,4 com fundamento no art. 5.º, LXVI, daConstituiçãoFederal,pelosseguintesmotivos:

1.Oréufoipresoemflagrantenodia21deabrilpróximopassado,sobaalegaçãodetersidosurpreendidodesferindogolpesdefacaemBeltranodeTal,porvoltadas22horas,nointeriordobarsituadonaRua____,n.º____,nestacidade.Avítimanãoteriaresistidoaosferimentos e faleceu, motivo pelo qual, quando foi detido, aautuaçãosefezcombaseemhomicídiosimples.

2. O auto de prisão em flagrante respeitou os ditames legais.Concluídooinquéritonoprazo,foioréudenunciadopelapráticadehomicídio simples e, recebida a peça acusatória, foi o acusadocitadoparaapresentaradefesaprévia,encontrando-senopresídio____(local).

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3. Entretanto, o requerente faz jus à concessão da liberdadeprovisória, sem fiança, levando-se em consideração o disposto noart. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, vez queausente qualquer sustentáculo para a decretação da prisãopreventiva.

4.Sempretenderingressarnomérito,analisandose,realmente,foiele o autor do homicídio, ou, se o fez, qual teria sido ajustificativa a tanto, pois o momento é inadequado, busca-seressaltar a Vossa Excelência a impropriedade da manutenção daprisão,merecendooréuserpostoimediatamenteemliberdade.

5.Nãohámotivoalgumparaadecretaçãodasuacustódiacautelar,umavezqueosrequisitosdoart.312doCódigodeProcessoPenalnão estão presentes.5 O acusado é primário, não registraantecedentes,temendereçoeempregofixos(documentosdefls.____)enãoháevidênciaalgumadequepretendafugiràaplicaçãodaleipenaloudequepossaperturbarocorretotrâmitedaaçãopenal.

6.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.6

7.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.7

Anteoexposto,requeraVossaExcelência,nostermosdoart.310,III,doCódigodeProcessoPenal,conceder-lheliberdadeprovisória,mediantetermodecomparecimentoatodososatosdoprocesso,quandointimado.

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblicoeexpedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________Advogado

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1Seopedidoforformuladoantesdorecebimentodadenúnciaouqueixa,veromodelopróprio.

2OpedidopodeserdirigidodiretamenteàVaradoJúri,casohajanaComarca.

3Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

4Pede-sea liberdadeprovisória–enãoo relaxamentodaprisãoem flagrante–quandoaprisão foi realizadadentrodosparâmetros legais.Assimocorrendoecuidando-sededelito inafiançável (consultarosarts.323e324doCPP),o idealésolicitaraojuizqueconcedaaliberdadeprovisóriasemfiança.

5Seaprisãoemflagrantenãoforrelaxada,cabeliberdadeprovisória(art.5.º,LXVI,CF),comousemfiança,desdequenãoestejampresentesosrequisitosdaprisãopreventiva.Oadvogadodevedemonstraraojuizquetalsituaçãoinexiste.

6Sehouver,citaralgumtrechodedoutrinapertinente.

7Casotenharelaçãocomocaso,pode-secitaralgumacórdão,mencionando-seafonte.

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22)Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,antesdooferecimentodadenúncia

“H”foisurpreendidot ransportandomercadoriaquesabiaserprodutodecrime.Autuadoemf lagranteporreceptação,contatouseuadvogadoparaasmedidascabíveis.1

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.2

Inquériton.º____

“H”(nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequererasua

LIBERDADEPROVISÓRIA,

com arbitramento de fiança,3 com fundamento no art. 5.º, LXVI, daConstituiçãoFederal,pelosseguintesmotivos:

1. O indiciado foi preso em flagrante no dia 4 de julho próximopassado,sobaalegaçãodeestartransportandováriosaparelhosdesom(marca____,modelo____),sabendoqueeramprodutodecrimedefurto anteriormente cometido, como incurso no disposto pelo art.180, caput, do Código Penal. A hipótese legal de flagrânciaencaixar-se-ianoart.302,I,doCódigodeProcessoPenal.

2. O auto de prisão em flagrante respeitou os ditames legais. Oindiciadoencontra-sepresoem____(lugar).

3. Entretanto, faz jus à concessão da liberdade provisória, com

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fiança,porsetratardecrimeafiançável,sereleprimário,alémdetertrabalhohonesto(documentodefls.____)enãotersidoacusadodapráticadedelitoviolento.

4.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.4

5.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.5

6. Em suma, sem pretender ingressar no mérito, analisando se,realmente,foi“H”oautordareceptação,ou,seofez,qualteriasidoajustificativaatanto,poisomomentoéinadequado,busca-seressaltar a Vossa Excelência a impropriedade da manutenção daprisão,merecendooindiciadoserpostoemliberdade.

7.Desdelogo,porcautela,assinala-senãohavermotivoalgumparaadecretaçãodaprisãopreventiva,umavezqueosrequisitosdoart.312 do Código de Processo Penal não estão presentes.6 Como jámencionado anteriormente, o indiciado é primário, não registraantecedentes,temendereçoeempregofixos(documentosdefls.____)enãoháevidênciadequepretendafugiràaplicaçãodaleipenaloudequepossaperturbarocorretotrâmitedaaçãopenal.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência, arbitrar fiança, nostermos do art. 325 do Código de Processo Penal, colocando-se oindiciadoemliberdade,que,desdelogo,compromete-seacompareceratodososatosprocessuais,quandointimado.7

Termosemque,expedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.8

Comarca,data.

_______________Advogado

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1Seopedidoforformuladoapósorecebimentodadenúnciaouqueixa,consultarmodelopróprio.

2 HáComarcas, comoSãoPaulo, que possuem umDepartamento ouVara exclusiva para Inquéritos Policiais. Assim, oinquérito somente é distribuído para umaVaraCriminal quando já conta com denúncia ou queixa.O pedido de liberdadeprovisóriadeve,pois,serencaminhadoparaesseDepartamento(DIPO)ouVaraprivativa.

3Pede-sea liberdadeprovisória–enãoo relaxamentodaprisãoem flagrante–quandoaprisão foi realizadadentrodosparâmetroslegais.Assimocorrendo,oidealésolicitaraojuizquefixefiança,seforocaso.Nãosendo,pede-sealiberdadeprovisóriasemfiança.

4Sehouver,citaralgumtrechodedoutrinapertinente.

5Casotenharelaçãocomocaso,pode-secitaralgumacórdão,mencionando-seafonte.

6Seaprisãoemflagrantenãoforrelaxada,cabeliberdadeprovisória(art.5.º,LXVI,CF),comousemfiança,desdequenãoestejam presentes os requisitos da prisão preventiva. Por cautela, o advogado deve demonstrar ao juiz que tal situaçãoinexiste.

7Seocrimeforafiançável,masoréuforpobre,podeoadvogadosolicitaraliberdadeprovisóriacomfiançareduzida(art.325,§1.º,I,CPP).Seaindaassim,nãopuderpagar,pleiteia-sealiberdadeprovisóriasemfiança.

8Segundooart.333doCPP,oMinistérioPúblicosomenteseráouvidoapósoarbitramentodafiança.Afinalidadeéagilizaroprocedimentodesolturadoindiciado.

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23)Requerimentodeconcessãodeliberdadeprovisóriacomfiança,depoisdooferecimentodadenúncia

“H”foisurpreendidot ransportandomercadoriaquesabiaserprodutodecrime.Autuadoemf lagranteporreceptação,foidenunciadopeloMinist érioPúblico.Cit ado,contatouseuadvogadoparaasmedidascabíveis.1

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.Processon.º____

“H”, por seu advogado, nos autos da ação penal que lhe move oMinistério Público,2 vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelênciarequererasua

LIBERDADEPROVISÓRIA,

com arbitramento de fiança,3 com fundamento no art. 5.º, LXVI, daConstituiçãoFederal,pelosseguintesmotivos:

1.Oréufoipresoemflagrantenodia4dejulhopróximopassado,sobaalegaçãodeestartransportandováriosaparelhosdesom(marca____, modelo ____), sabendo que eram produto de crime de furtoanteriormentecometido,comoincursonoart.180,caput,doCódigoPenal.Ahipóteselegaldeflagrânciaencaixar-se-ianoart.302,I,doCódigoPenal.

2. O auto de prisão em flagrante respeitou os ditames legais.Concluídooinquéritonoprazo,foiadenúnciaoferecidaerecebida,expedindo-se o mandado de citação. O acusado encontra-se preso em____(local).

3. Entretanto, o requerente faz jus à concessão da liberdade

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provisória,comfiança,porsetratardecrimecujapenamínimanãoultrapassa dois anos (art. 323, I, CPP), ser ele primário e nãopossuirantecedentes(art.323,III,CPP).

4.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.4

5.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.5

6.Alémdisso,nãoestãopresentesosrequisitosparaadecretaçãodaprisãopreventiva(art.312doCódigodeProcessoPenal).

7. Em suma, sem pretender ingressar no mérito, analisando se,realmente,foieleoautordareceptação,ou,seofez,qualteriasidoajustificativaatanto,poisomomentoéinadequado,busca-seressaltar a Vossa Excelência a impropriedade da manutenção daprisão,merecendooréuserpostoemliberdadedeimediato.

8.Desdelogo,porcautela,assinala-senãohavermotivoalgumparaadecretaçãodaprisãopreventiva,umavezqueosrequisitosdoart.312 do Código de Processo Penal não estão presentes.6 Como jámencionado anteriormente, o acusado é primário, não registraantecedentes,temendereçoeempregofixos(documentosdefls.____)enãoháevidênciadequepretendafugiràaplicaçãodaleipenaloudequepossaperturbarocorretotrâmitedaaçãopenal.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência, arbitrar fiança, nostermos do art. 325 do Código de Processo Penal, colocando-se orequerenteemliberdade,que,desdelogo,compromete-seacompareceratodososatosprocessuais,quandointimado.7

Termosemque,expedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.8

Comarca,data.

____________Advogado

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1Seopedidoforformuladoantesdorecebimentodadenúnciaouqueixa,veromodelopróprio.

2Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Pede-sea liberdadeprovisória–enãoo relaxamentodaprisãoem flagrante–quandoaprisão foi realizadadentrodosparâmetroslegais.Assimocorrendo,oidealésolicitaraojuizquefixefiança,seforocaso.Nãosendo,pede-sealiberdadeprovisóriasemfiança.

4Sehouver,citaralgumtrechodedoutrinapertinente.

5Casotenharelaçãocomocaso,pode-secitaralgumacórdão,mencionando-seafonte.

6Seaprisãoemflagrantenãoforrelaxada,cabeliberdadeprovisória(art.5.º,LXVI,CF),comousemfiança,desdequenãoestejampresentesosrequisitosdaprisãopreventiva.Oadvogadodevedemonstraraojuizquetalsituaçãoinexiste.

7Seocrimeforafiançável,masoréuforpobre,podeoadvogadosolicitaraliberdadeprovisóriacomfiançareduzida(art.325,§1.º,I,CPP).Seaindaassim,nãopuderpagar,pleiteia-sealiberdadeprovisóriasemfiança.

8Segundooart.333doCPP,oMPsomenteseráouvidoapósoarbitramentodafiança.Afinalidadeéagilizaroprocedimentodesolturadoacusado.Paraaconcessãodeliberdadesemfiança,ouve-se,antes,oMP.

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24)Requerimentodeaplicaçãodemedidacautelaralternativaemlugardaprisãopreventiva

“G”foipresoemf lagranteacusadodaprát icadehomicídiosimples.Ojuiz,aoreceberoautodeprisãoemf lagrante,converteu-aemprisãoprevent iva.Oadvogadodoindiciadodevebuscarmedidaalt ernat iva,casot enhaomagist radoindeferidoaliberdadeprovisória.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ªVaraCriminaldaComarca____.InquéritoPolicialn.º____

“P”(nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritono Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em(cidade),ondereside(rua,número,bairro),porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciarequereraaplicaçãode

MEDIDACAUTELARALTERNATIVA,

com fundamento no art. 282, § 2.º, do Código de Processo Penal,pelosseguintesmotivos:

1. O indiciado foi preso em flagrante no dia 20 de maio próximopassado,sobaalegaçãodetersidosurpreendidodesferindogolpesdefacaemBeltranodeTal,porvoltadas22horas,nointeriordobarsituadonaRua____,n.º____,nestacidade.Avítimanãoteriaresistido aos ferimentos e faleceu, motivo pelo qual, quando foidetido,aautuaçãosefezcombaseemhomicídiosimples.

2. O auto de prisão em flagrante respeitou os ditames legais e oindiciadoencontra-senopresídio____(local).

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3.Entretanto,emboraoindiciadofaçajusàconcessãodaliberdadeprovisória,semfiança,vezqueausentequalquersustentáculoparaadecretaçãodaprisãopreventiva,V.Exa.houveporbemindeferiropedidoformuladoafls.____.

4.Sempretenderingressarnomérito,analisandose,realmente,foiele o autor do homicídio, ou, se o fez, qual teria sido ajustificativa a tanto, pois o momento é inadequado, busca-seressaltar a Vossa Excelência a impropriedade da manutenção daprisão. Afinal, a Lei 12.403/2011 estabeleceu um rol de medidascautelaresalternativasàprisão,justamenteparaevitarosmalesdoencarceramentoprovisório.

5.Diantedosfatosconcretosedasprovasconstantesnoinquéritopolicial, observa-se ser o indiciado primário, sem antecedentescriminais, com endereço fixo (documento de fls. ___). Por certo,encontra-se desempregado no momento, por infortúnio. Tal situaçãonãodeveservirdeparâmetroparaacustódiacautelar,atéporque,embreve,podearranjarnovacolocaçãonomercadodetrabalho.Umavez indeferida a liberdade provisória, pleiteia-se, então, asubstituiçãodestamedidapelocomparecimentoperiódicoemjuízo,noprazo e nas condições estabelecidas por V. Exa., para informar ejustificar suas atividades (art. 319, I, CPP), comprometendo-se,ainda,anãoseausentardaComarca,salvoporordemjudicialprévia(art.319,IV,CPP).

6.Nessesentido,pode-semencionaraliçãode____.

7.Outranãoéaposiçãodajurisprudência:____.

Anteoexposto,requeraVossaExcelência,nostermosdoart.310,II, parte final, do Código de Processo Penal, conceder-lhe asubstituiçãodaprisãopreventivapelasmedidascautelaressugeridasnoitem5supra.

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblicoeexpedindo-seoalvarádesoltura,Pededeferimento.

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Comarca,data.

_______________Advogado

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31)Decisãojudicialdedecretaçãodeinternaçãoprovisóriadeadolescenteinfrator

ReceboarepresentaçãooferecidapeloMinistérioPúblicoemfacedoadolescente____________.1

Designoaudiênciadeapresentaçãoparaodia___de____de_____,às14horas.

Citem-se2 o adolescente (ou requisite-se, se for o caso3) e seurepresentante legal, para que compareçam à audiência, acompanhadosdeseuadvogado,cientificando-osdointeiroteordarepresentação.

Porcautela,oficie-seàOABlocalparaqueindiqueumdefensorparaoadolescente,casonãotenhaadvogadoconstituído,intimando-odaaudiênciadeapresentação.4

Há, ainda, pedido ministerial de internação provisória doadolescente.Imputa-seaelaapráticadeatoinfracionalequiparadoaoestupro–delitoconsideradohediondo.Háprovadamaterialidade,consubstanciada pelo exame de corpo de delito da vítima, além dasdeclarações desta última na fase investigatória. O mesmo se dá notocante aos indícios suficientes de autoria, pois houvereconhecimentofeitopelaofendida.

Assim,presentesosrequisitosbásicos,associa-seaindaoquadrodeantecedentes infracionais (documento de fls. ___), igualmente poratosequiparadosaestupros,demonstrandoanecessidadedegarantiadaordempública.Acrescente-searevoltapopulardosmoradoresdaregião onde reside o jovem, o que lhe gera perigo de lesão. Épreciso salvaguardar a própria integridade física e moral doadolescente,que,poratopróprio,vemsecolocandoemsituaçãoderisco, nos termos dos arts. 108, parágrafo único, e 174, todos daLei8.069/90,sendoimperiosaainternaçãoprovisória.

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Emfacedoexposto,DECRETOaINTERNAÇÃOPROVISÓRIAdorepresentado____________ pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias,determinando-se que ele seja recolhido na Cadeia local, em celaseparada dos demais detentos, até a remoção a uma das unidades daFundação_____.5

Providencie o serviço social em um estudo com o adolescente e seurepresentantelegal.Certifiqueaserventiaantecedentesatualizadosdoadolescente,inclusiveexecuçõesdemedida.

Anote-senaautuaçãooprazodoart.183doEstatutodaCriançaedoAdolescente.

Oficie-se, comunicando-se e solicitando-se vaga. Expeça-se mandadode internação provisória, com as advertências do art. 178 do ECA.CiênciaaoMinistérioPúblico.

Comarca,data.

____________JuizdeDireito

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1Paraadecretaçãodainternaçãoprovisóriadoadolescente,éfundamentalooferecimentoderepresentaçãopeloMinistérioPúblicoeconsequenterecebimentopelomagistrado.Afinal,nãoteriasentidosegregarojovemsehouvesseaconcessãoderemissãooupedidodearquivamento.Outropontorelevanteéque,nostermosdalegislaçãoprocessualpenal,orecebimentodarepresentaçãonãoémotivado.Reputa-sesejaelecalcadonasprovaspré-constituídascolhidasnainvestigação.

2Aleiutilizaotermonotificação,emboraocorretosejacitação,poisseestádandociênciadaaçãoaorepresentadoeaseuspaisouresponsável.Geralmente,reserva-seoverbonotificarparaexpressarumaconvocação;esseéomotivodousonoECA.Porém,acitaçãopodeconterexatamenteomesmofim–comosefazia,anteriormente,noprocessopenal,citando-separainterrogatórioemjuízo,logo,paracomparecimento–,dandociênciadealgoefazendoumchamamento.

3Requisita-seoadolescentequandoestiverinternado,poisasimplescitaçãonãoirátrazê-loàaudiênciadeapresentação.ÉprecisoaaçãodoEstadoparatanto.

4NasComarcasemqueháDefensoriaPública,intima-seodefensor,pessoalmente,paraessefim.

5Évedadoorecolhimentodomenoremlocaldestinadoapresosadultos.Porém,quandoforimprescindível,porausênciadelugarapropriadodeurgência,insere-seemcelaseparadadosdemaisdetentoseprovidencia-seaimediatatransferênciaparaaunidadeadequada.

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32)Decisãoderevogaçãodainternaçãoprovisória

Processon.º_______

Vistos.

Trata-sedepedidoderevogaçãodeinternaçãoprovisória,formuladoemfavorde________(fls.____).

A manifestação do Ministério Público, a fls. ___, propugna peloindeferimentodopedido.

Éorelatório.

Fundamentoedecido.

Opedidomerecedeferimento.

Cumpre destacar, em primeiro lugar, que o adolescente não possuiantecedente de ato infracional (fls. ___). Embora as condiçõespessoais favoráveis do adolescente, tais como seus bonsantecedentes, não sejam garantias absolutas para responder aoprocesso socioeducativo em liberdade, no caso presente isso devecontar.

Écertoquesetratadeatoinfracionalgrave,equiparadoaocrimede roubo. Entretanto, estão ausentes os fundamentos para adecretação da internação provisória, posto que inexistentes osrequisitosdoart.174daLei8.069/90.

Além disso, não há prova de que a internação seja necessária àsegurançadoadolescente,poisausentequalquernotíciadequesuavidaouintegridadefísicaestejaameaçadaquandodesuasoltura.

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Ressalta-seaindaainexistênciaderiscoàordempública,vistonãodemonstradaareiteraçãodecondutasinfracionaispeloadolescenteenemaameaçadeque,postoemliberdade,volteapraticarinfração.

Ademais, inexistem provas de que esteja atrapalhando a instruçãocriminal,querameaçandotestemunhas,expondoaperigoaintegridadefísica das autoridades responsáveis pela persecução, ou mesmotentandofraudarprovas.

Porfim,nãoháqualquerindíciodeque,liberado,venhaafugir.

A gravidade do ato infracional, por si só, não pode servir defundamento para a decretação da internação provisória. Deve elaestaraliadaaosdemaisrequisitosdoart.174daLei8.069/90.

O princípio geral de direito constitucional é o da presunção deinocência,nãobastandosuposiçõesdequeojovempoderáagirdessaou daquela forma. É preciso haver, nos autos, prova a ampararqualquerconclusão.

Ademais, a privação da liberdade do adolescente é excepcional esomentepermitidaemhipótesesbemdefinidasnoEstatutodaCriançaedoAdolescente,devendoserutilizadacomoúltimorecurso,apenasquando os elementos constantes dos autos indicarem que apossibilidadedereiteraçãonocometimentodeatosinfracionaisemmeiolivreéelevada.

Ante o exposto, estando ausentes os requisitos do art. 174 da Lei8.069/90, revogo a internação provisória do adolescente ____, quedeverá ser entregue aos pais, mediante termo de compromisso ecomparecimentoatodososatosdoprocesso,sobpenaderevogação.

Expeça-seonecessário.Intime-se.

Comarca/data.

____________

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JuizdeDireito

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33)Decisãojudicialderevogaçãodainternaçãoprovisóriaporexcessodeprazo

Processon.º______

Vistos.

Compulsando os autos, observo que o adolescente __________ foiapreendidoemflagranteemdatade24demarçode2008.

Portanto,jáestáinternadoprovisoriamentehámaisde45dias.

O art. 108, caput, da Lei 8.069/90 determina que “a internação,antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo dequarentaecincodias”.

Nocasosobjulgamento,jáfoisuplantadooprazolegal.Indevida,portanto,ainternaçãoprovisóriadoadolescente.

Portaisfundamentos,revogoainternaçãoprovisóriadoadolescente______________.

Expeça-seonecessário.

Intime-se.

Comarca/data.

____________JuizdeDireito

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1

________ApósaediçãodaLei12.015/2009,oestupropassouaenglobaroatentadoviolentoaopudor,revogando-seoart.214doCódigoPenal.

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1.

2.

3.

Conceito

Trata-se de órgão colegiado, integrante do Poder Judiciário, composto por um juiz togado, que opreside,evinteecincojurados,pessoasleigas,denacionalidadebrasileira,maioresde18anos,idôneasealfabetizadas.SegundoaConstituição,cuida-sededireitoegarantiafundamental(art.5.º,XXXVIII).ConstituidireitoàparticipaçãodopovonasdecisõesdoPoderJudiciárioegarantiaaodevidoprocessolegalparaojulgamentodeautoresdecrimesdolososcontraavida,nasformasconsumadaoutentada.

Princípiosconstitucionaisregentes

OTribunal do Júri é regulado pelo Código de Processo Penal (arts. 406 a 497), mas devem serrespeitadososseguintesprincípiosconstitucionais:a)plenitudededefesa;b)soberaniadosveredictos;c)sigilodasvotações;d)competênciaparaojulgamentodoscrimesdolososcontraavida(arts.121a127doCódigoPenal).

Procedimentotrifásico

Há, basicamente, três fases para o desenvolvimento do processo.A primeira denomina-se fase daformaçãodaculpa(judiciumaccusationis):apósorecebimentodadenúnciaouqueixa,contendoroldeatéoitotestemunhas,ojuizdeterminaacitaçãodoréupararesponderaacusação,porescrito,noprazodedezdias.Oferecidaadefesaprévia,contendotodaamatériadeseuinteresse,alémdooferecimentode eventuais documentos e rol de testemunhas, até omáximo de oito, ouve-se o órgão acusatório, sehouver preliminares e documentos novos. Omagistrado designa audiência de instrução e julgamento.Nesta,ouvem-seasdeclaraçõesdoofendido,seviável,osdepoimentosdastestemunhasdeacusaçãoededefesa,osesclarecimentosdosperitos,acareaçõesereconhecimentodepessoasecoisaspodemserfeitos.Ao final, interroga-seo acusado,quepodepermanecer emsilêncio, sedesejar.Realizam-seosdebates orais. O juiz profere a sua decisão em seguida ou o fará no prazo de dez dias. Havendopronúncia, transitada esta em julgado, inaugura-se a segunda fase, denominada fase de preparação doprocessoparajulgamentoemplenário.

O juiz presidente do Tribunal do Júri determina a intimação das partes para que, em cinco dias,

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4.

5.

manifestem-se,requerendoqualquerdiligência,oferecendodocumentoseapresentandoroldeatécincotestemunhas para depoimento em plenário. Serão providenciadas as diligências necessárias e omagistrado fará o relatório sucinto do processo, por escrito, a fim de ser entregue aos juradosoportunamente.Após,ojuizdesignadataparaojulgamentoemplenário.

Enquantoseaguardaarealizaçãodasessãodejulgamento,outrosincidentespodemserinstaurados,como,porexemplo,ajustificação,paracolheralgumaprovainéditasurgidaapósaetapadasdiligências.A terceira fase inicia-se com a abertura da sessão plenária. Denomina-se fase do juízo de mérito(judiciumcausae),quandoasprovasealegaçõesdaspartesserãoformalmenteapresentadasaosjurados,integrantes do Conselho de Sentença, para que, ao final, seja proferida a decisão de condenação ouabsolvição.Ojuizpresidentelavraasentençaeencerraasessão.

Possibilidadesdomagistradoaotérminodafasedeformaçãodaculpa

Háquatrodecisõescabíveisparaafinalizaçãodafasedaformaçãodaculpa:a)pronúncia–decisãointerlocutória mista, que coloca fim à fase de colheita de provas, julgando admissível a acusação eencaminhandooréua julgamentopeloTribunaldoJúri;b) impronúncia–decisão interlocutóriamista,que coloca fim ao processo, julgando improcedente a denúncia, por ausência de prova suficiente damaterialidadeoudeindíciosdeautoria;c)desclassificação–decisãointerlocutóriasimples,quedeslocaacompetênciaparaojulgamentodacausaaoutrojuízo,poisnãosetratadecrimedolosocontraavida;d)absolviçãosumária–decisãoterminativademérito,queencerraoprocesso,julgandoimprocedenteaação,porestarclaramentedemonstradaainexistênciadofato,nãotersidooréuoautoroupartícipedofato,ofatonãoconstituirinfraçãopenalouaocorrênciadeexcludentedeilicitudeoudeculpabilidade.

Pontosrelevantes

A pronúncia, embora denominada sentença, em razão da forma como é prolatada (relatório,fundamentaçãoedispositivo),éapenasdecisãointerlocutória,cujafinalidadeéacolheraacusação,porestarempresentesmaterialidadeeindíciossuficientesdeautoria,encaminhandooréuajulgamentopeloTribunaldoJúri(art.413,CPP).Deveconterfundamentaçãocomedida,semadentraraomérito,poisojuiz competente para isso é o Tribunal Popular. Nessa oportunidade, omagistrado precisa decidir semantém o réu em liberdade ou decreta sua prisão. Se estiver detido, decide se assim permanece ourecebeobenefíciodeaguardaroJúriemliberdade(conferirart.413,§3.º,CPP).

A impronúnciaédecisão terminativaquenãoavaliaoméritoda imputação (nãodecideseo réuéculpado ou inocente), mas não permite que seja julgado pelo Tribunal do Júri, por faltar prova daexistênciadocrimeoudequeoréusejaoseuautor(art.414,CPP).Se,posteriormente,outrasprovassurgirem,podeseroferecidaoutradenúncia(ouqueixa,conformeocaso),reabrindo-seainstrução.

Adesclassificaçãoapenasencaminhaofeitoaoutrojuízo,consideradocompetenteparaojulgamento

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6.

7.

dodelitoenfocado(art.419,CPP).Exemplos:omagistradopercebequesetratadehomicídioculposoenãodoloso;ou,emlugardetentativadehomicídio,ocrimeapuradodemonstrouserodeperigoparaavidaousaúdedeoutrem(art.132,CP).

Aabsolviçãosumáriaéefetivamentesentença,poisdesacolheaimputação,julgando-aimprocedenteeabsolvendooréu(art.415,CPP).Édefinitiva,quandotransitaremjulgado.Proferida,entendemosnãomais dever o juiz submetê-la ao duplo grau de jurisdição necessário ou reexame necessário (oimpropriamente denominado recurso de ofício).Após a reforma introduzida pelaLei 11.689/2008, talrecursofoiextinto,vezquenãomaisconstadocapítuloconcernenteaoprocedimentodojúri.Porora,temsidoaposiçãopredominantenadoutrina.

Fasedasdiligências

Éomomentoprocessualadequadopara,apósoencerramentodafasedeformaçãodaculpa,comoadventodapronúncia,reabrir-seacolheitadeprovasindispensáveisaoprocesso.Aspartespodemterinteresse em ouvir alguma testemunha nova ou promover uma perícia lastreada em fato inédito. Essapossibilidadetornou-seformalmenteviávelcomaediçãodaLei11.689/2008.Detodomodo,finalizadaainstruçãonasegundafasedoprocedimento,se,eventualmente,surgirfatoinesperado,dispõe-se,ainda,da justificação, um procedimento incidente para a produção de provas a qualquer tempo, desde quefundamentalparaabuscadaverdadereal.

JulgamentoemPlenário

O juiz presidente declara aberta a sessão de julgamento se constatar a presença de, pelo menos,quinzejurados(sãoconvocados,entretanto,vinteecincojuradosparaaocasião),alémdopromotordejustiça (ouadvogadodoquerelante,se foraçãoprivada),dodefensoredoréu.Seas testemunhasdaspartestiveremsidoarroladascomocaráterdeimprescindibilidade,devemestarigualmentepresenteseseparadas,incomunicáveis,emsalaspróprias.

A primeira providência é a formação do Conselho de Sentença, composto por sete dos juradospresentesàsessão.Ojuizsorteiaumaumeouveaspartes.Cadauma(réu,porseudefensor,eacusação)temodireitode recusar, semqualquermotivação (recusaperemptória), até três jurados.Nãohavendorecusas,ojuradosorteadoéconvidadoaocuparseuassentonoConselho.

Atingidoonúmerodesete,colhe-se,solenemente,ojuramentodosjurados.Após, inicia-se a instrução em plenário, ouvindo-se as declarações da vítima, se houver, e, na

sequência,osdepoimentosdastestemunhasdeacusaçãoededefesa.Osjuradospodemfazerreperguntasporintermédiodojuiz.Eventualmente,podemocorreracareações,reconhecimentodepessoasecoisasea leitura de peças que se refiram, unicamente, às provas coletadas por carta precatória e às provascautelares,antecipadasounãorepetíveis(ex.:laudonecroscópico).Aotérmino,interroga-seoacusado,quepodepermaneceremsilêncio,sedesejar.Asparteseosjuradospoderãofazerreperguntasaoréu.

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Cessadaaproduçãodeprovaemplenário,começamosdebates.Inicialmente,temaoportunidadedesemanifestaroórgãoacusatório(MinistérioPúblicoe,sepresente,oassistentedeacusação),porumahoraemeia(duashorasemeia,quandohouvermaisdeumréu).Depois,manifesta-seadefesa,porumahoraemeia(duashorasemeia,divididasentreosdefensores,quandohouvermaisdeumacusado).

Terminados os debates principais, o juiz consulta a acusação se deseja ir à réplica. Em casoafirmativo,teráumahoraparatanto.Nacontinuidade,falaadefesa,emtréplica,porumahora.Osprazossãodobradosquandohouvermaisdeumréu.

Cessadas asmanifestações, o juiz consulta os jurados se estão habilitados a julgar a causa, ou sedesejammaisalgumesclarecimento.Sehouveralgumadúvida,omagistradobuscaráelucidá-lanahora,àluzdoprocesso.Casohajadúvidaintransponível(ex.:umjuradoquerouvirumatestemunhareferidaquenãoestápresente),dissolve-seoConselhodeSentençaenovadataédesignadaparaojulgamento,repetindo-setodaainstrução,comoutrosjurados.Noentanto,setodosestiverempreparadosadeliberar,o juiz lerá os quesitos em Plenário e ouvirá as partes, a fim de saber se estão de acordo com oquestionário. Qualquer reparo deve ser imediatamente proposto, sob pena de preclusão. O juiz, feitaalgumaobjeção,decidenoato.

Terminadaaleitura,omagistradoconvidaosjurados,oacusadoreodefensoraacompanhá-loàsalaespecial(ousalasecreta),ondeserárealizadaavotaçãosigilosa,semapresençadoréuedaspessoasqueestiveremacompanhandoasessãodejulgamento.

Os jurados podem ter acesso aos autos a qualquermomento durante a votação.Cada quesito seráapresentadoparadeliberaçãodoConselhodeSentença,quechegaráaoveredictopormaioriadevotos(6x1;5x2;4x3)ouporunanimidade.Haverá,durantetodoojulgamento–etambémnasalaespecial(ousalasecreta)–incomunicabilidadedosjurados,quenãopodemtecer,entresi,qualquerconsideraçãosobreoprocessoemjulgamento,sobpenadenulidadeabsolutadojulgamento.

Quandoavotaçãoconcluir-se,ojuizpresidente,deacordocomasrespostasdadas,deveproferirasentença, absolvendo ou condenando o réu. Neste último caso, fixando a pena, deverá respeitar oprocessodeindividualizaçãoprevistonoCódigoPenal(art.59eseguintes).Aleituraéfeitaemplenário,à frentede todosospresenteseaspartes saem intimadasdadecisão, iniciando-seoprazoprocessualparaorecursonodiaseguinte.

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8.

Procedimentosesquemáticos

1.º)1.ªfase–formaçãodeculpa–judiciumaccusationis

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2.º)2.ªfase–preparaçãodoPlenário

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3.º)3.ªfase–juízodemérito–judiciumcausae

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9.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

20)

Modelosdepeças

Sentençadepronúncia

Sentençadeimpronúncia

Decisãodedesclassificação

Sentençadeabsolviçãosumária

Pedidodediligênciasapósapronúncia(acusação)

Pedidodediligênciasapósapronúncia(defesa)

Decisãodojuizdedeferimento

Decisãodojuizdeindeferimento

Quesitos–Homicídiosimples

Quesitos–Homicídioqualificado

Quesitos–Induzimento,instigaçãoouauxílioaosuicídio

Quesitos–Infanticídio

Quesitos–Abortopraticadopelagestante

Quesitos–Crimeconexo

Quesitos–Coautoria

Quesitos–Participação

Quesitos–Legítimadefesaeoutrastesesdefensivas

SentençaabsolutóriaemPlenário

SentençacondenatóriaemPlenário

Pedidodedesaforamento

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1.º)Sentençadepronúncia

SENTENÇADEPRONÚNCIA

____.ªVaradoJúridaComarca____Processon.º____

Vistos.

“A”,qualificadanosautos,foidenunciadacomoincursanaspenasdoart.121,§2.º,IIIeIV,c/cart.61,II,letraseel,doCódigoPenal, porque, no dia 3 de fevereiro de ____, por volta das 5:00horas,naresidênciasituadanaRua“Z”,n.º200,Jardim“Y”,nestaComarca, teria matado seu marido “B”, conforme demonstra o laudonecroscópicodefls.____.

Constaquearé,desconfiandodainfidelidadedoesposo,deliberoumatá-lo, enquanto dormisse, ateando-lhe fogo às vestes, bem comomantendo a vítima trancada no quarto. Para adquirir força,embriagou-se.Adenúnciaveioacompanhadadoinquéritodefls.____.

Recebidaadenúncianodia___,foiaacusadacitada(fls.___)eofereceu defesa prévia (fls. ___), representada por defensorconstituído(fls.___).

Durante a instrução, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação(fls.____)eduasdedefesa(fls.____),interrogando-searé(fls.___).

Nosdebatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuapronúnciadaacusada,1nostermosdadenúncia,porentenderprovadasa materialidade e a autoria da infração penal. A defesa, por suavez,sustentouatesedeinexigibilidadedecondutadiversa,tendoem vista que o ofendido costumava agredir sistematicamente a ré,

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implicando na absolvição sumária, bem como, alternativamente, oafastamentodasqualificadoras,quenãoteriamsidoabrangidaspelodolodaacusada.2

Éorelatório.Decido.

A ré deve ser pronunciada para ser submetida a julgamento peloTribunaldoJúri,tendoemvistaestarempresentesosrequisitosdoart.408doCódigodeProcessoPenal.

A materialidade é induvidosa (laudo de fls. ____) e não foi nemmesmoobjetodecontrovérsianosautos.

Quanto à autoria, desde o seu depoimento na fase policial até omomento do interrogatório, foi assumida pela ré. Não bastasse, astestemunhas arroladas pela acusação confirmaram ter sido ela aautoradofogoqueprovocouaslesõesfataisnavítima(fls.____).

Resta-nosanalisarastesesdadefesa.3-4Afirmou-seteraréagidodaquela forma porque a vítima a agredia fisicamente comhabitualidade,deixando-aapavoradaeimpossibilitadadesedefendernosmomentosdoataque.Disse,ainda,quebuscouajudadaautoridadepolicialdobairro,masnãoobtevesucesso.Osfilhospequenosnadapodiam fazer. Por tal razão, não havendo outra alternativa,deliberoueliminarseumarido.

A situação de inexigibilidade de conduta diversa pode estarpresente,poisastestemunhasdedefesaconfirmaramqueavítimaeraagressivaecostumavacausarferimentosgravesnaré.Porém,nãoháprovainduvidosadequeaacusadanãoteriaoutracondutaanãosermataroesposo.Arazoáveldúvidasurgidarecomendaoenviodocasoà apreciação do Tribunal do Júri, constitucionalmente competenteparajulgarosdelitosdolososcontraavida.

Na fase da formação da culpa, não deve o juiz togado proferirminuciosa valoração da prova, a não ser quando esta se apresentecristalinaelivredequalquerdúvida.

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Quantoaopleiteadoafastamentodasqualificadoras,ésabidoquetalmedidasomentepodesertomadaemcasodeintegralinconsistência,comflagrantedesamparonasprovascolhidas.5Nãoéocaso.Omeioutilizadopelaréfoioempregodefogoeelaagiuenquantoavítimadormia,motivosquerecomendamamanutençãodasqualificadoras,talcomo descritas na inicial, para apreciação do Tribunal Popular.Seria precoce afastá-las, impedindo que o juiz natural da causapossadeliberaracercadaexistênciaouinexistênciadedolo.6

Ante o exposto, julgo procedente a denúncia e pronuncio “A”,qualificada a fls. ____, para ser submetida a julgamento peloTribunaldoJúri,comoincursanaspenasdoart.121,§2.º,IIIeIV,doCódigoPenal.7

Poderá aguardar o julgamento em liberdade, pois preenche osrequisitosdoart.413,§3.º,doCPP,ouseja,inexistenecessidadede prisão cautelar, por ausência dos requisitos do art. 312 doCódigodeProcessoPenal.8

P.R.I.

Comarca____,data.9

_______________JuizdeDireito

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1Nasalegaçõesfinais,elaboradaspeloórgãoacusatório,ocorretoérequererapronúnciadoréuenãoacondenação,poishaverá,ainda,o juízodeadmissibilidadeda imputação.Apósapronúncia,oacusadorapresentaopedidodecondenaçãodiretamenteemplenário.

2FimdoRelatório.

3O juiz,napronúncia,deveanalisar todasas teses levantadaspeladefesa,sobpenadecerceamentoàampladefesaenulidade da decisão.Mas o fará como comedimento recomendado, evitando qualquer frase ou palavra contundente, queevidenciesua interpretaçãoou tendênciade julgamento (ex.: “éevidentequenãohá inexigibilidadedecondutadiversa”ou“rejeitoatesedadefesa,poisentendoquenãoexistenoordenamentojurídicoamparoparasuaaceitação”),poisnãoéojuizcompetente para decidir omérito da causa. Por outro lado, afirmações fortes e incisivas poderão influenciar os jurados,prejudicandoaplenitudededefesaaquetemdireitooacusado.

4Aatualredaçãodoart.413,§1.º,doCPP,trazidapelaLei11.689/2008,pareceindicardevaojuizmencionar,nadecisãodepronúncia,somentetrechoscorrespondentesàmaterialidadeeàautoria.Emoutrostermos,haveriadedesprezarastesesinvocadaspeladefesa,semnemmesmocomentá-las.Temossustentandoquetalmedidaéinaceitável,poisaampladefesa,princípioconstitucionalsuperioràleiordinária,ficariaseriamentearranhado.Logo,deveomagistradocontinuarafundamentardevidamenteapronúncia,emborao fazendocomcomedimentoeprudência.ParaoutrosdetalhesconsultaranossaobraTribunaldoJúri.

5 Trata-se de jurisprudência consolidada que o afastamento das qualificadoras somente pode ocorrer se elas foremmanifestamenteimprocedentes,semqualqueramparonaprovadosautos.Nomais,devemosjuradosdecidirsobreasuaexistênciaouinexistência.

6Fimdafundamentação.

7Nãoseincluem,napronúncia,asagravantes,quenãopertencemaotipopenalesãoapenascircunstânciaslegais,daParteGeral doCódigoPenal, recomendandooaumentodepena.Embora tenhamconstadonadenúnciaepossamconstar nolibelo,ojuizdeveignorá-lasnadecisãodepronúncia.Aliás,tambémnãoincluiráqualquertipodeatenuante.Comrelaçãoàscausas de aumento, deverá incluí-las se estiverem previstas no tipo incriminador. As causas de diminuição somenteconstarãoquandofizerem,igualmente,partedatipicidade(comoocorre,porexemplo,comatentativa).Acausadediminuiçãodepenaprevistanoart.121,§1.º,doCP,deveser ignorada,porforçadomandamentoconstantenaLeideIntroduçãoaoCPP(art.7.º).

8Emtodadecisãodepronúncia,deveojuizmanifestar-seexpressamentesobreodireitodoréudeaguardarojulgamentoemliberdadeou,seentendercabível,devedecretaraprisão,nostermosdoart.413,§3.º,doCPP.ApartirdaediçãodasLeis11.689/2008e11.719/2008,aprisãoparaaguardaro júrieaprisãopara recorrerpassamasernorteadaspelosmesmosprincípiosregentesdaprisãopreventiva.Nãosãomaisdeterminantes,demaneiraexclusiva,areincidênciaeosantecedentescriminaisdoréu.

9Fimdodispositivo.

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2.º)Sentençadeimpronúncia

“I”,nodia13de janeirode____,porvolt adas21horas,na residênciasituadanaRua“M”,n.14, Jardim“P”,nestaComarca,matouseuf ilhorecém-nascido,t ãologoretornoudamaternidade.Processadaporinfant icídio,oMPpediuapronúncia, por entender provadas a materialidade e a autoria, enquanto a defesa alegou insuf iciência de provas,quantoàautoria,pleit eandoaimpronúncia.

SENTENÇADEIMPRONÚNCIA

____.ªVaradoJúridaComarca____Processon.º____

Vistos.

“I”,qualificadanosautos,foidenunciadacomoincursanaspenasdoart.123,doCódigoPenal,porque,nodia13dejaneirode____,porvoltadas21horas,naresidênciasituadanaRua“M”,n.º14,Jardim“P”, nesta Comarca, teria matado seu filho “C”, recém-nascido,conformedemonstraolaudonecroscópicodefls.____.

Constaquearé,tãologoretornoudamaternidade,ondepermaneceupor dois dias, sob a influência do estado puerperal, incomodadapelos choros seguidos da criança e sem amparo de familiares ouamigos,desesperou-seeesganouofilho,asfixiando-oatéamorte.Adenúnciaveioacompanhadadoinquéritodefls.____.

Recebidaadenúncianodia___,foiaacusadacitada(fls.___)eofereceu defesa prévia (fls. ___), representada por defensorconstituído(fls.___).

Durante a instrução, foram ouvidas três testemunhas de acusação(fls.____)equatrodedefesa(fls.____),interrogando-searé.

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Nosdebatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuapronúnciadaacusada,1nostermosdadenúncia,porentenderprovadasa materialidade e a autoria da infração penal. A defesa, por suavez,sustentouaimpronúncia,porinsuficiênciadeprovasquantoàautoria.2

Éorelatório.Decido.

Adenúnciaéimprocedente3earédeveserimpronunciada,tendoemvistanãoestarempresentesosrequisitosdoart.414doCódigodeProcessoPenal.

A materialidade é induvidosa (laudo de fls. ____), o que não foiobjetodecontrovérsianosautos.

Quantoàautoria,entretanto,hádúvidarazoávelquantoatersidoaréaautoradaesganaduraquelevouavítimaàmorte.

Indícios de autoria certamente existem, embora, nesta faseprocessual,exijaaleisejamelessuficientesparagerarnoâmagodojulgadoroconvencimentonecessáriodequeapessoaacusadapossasersubmetidaajulgamentoperanteoTribunaldoJúri,admitindo-setantoapossibilidadedecondenação,quantodeabsolvição.4

Na realidade, a acusada passou por uma gestação conturbada,inclusivepelofatodeterengravidadocontraavontadedonamorado,conhecidoeperigosotraficante,comváriascondenaçõescomtrânsitoemjulgado(fls.____).Emergedasprovascolhidasqueopai,numadesuasfugasdaprisão,estevecomaré,mantendorelaçõessexuais,suficientes para provocar a gravidez. Ocorre que, sabendo desta,determinouàacusadaquefizesseoaborto,nãotendosidoatendido.Porisso,passouaameaçá-lademorte,dizendo,inclusive,queiriamatarofilho,seestenascesse.

Atestemunha“Z”,vizinhaeamigadaré,disseterouvidoonamoradoproferirtaisameaças,antesdeirembora,fugindodapolícia(fls.____).

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Por outro lado, a testemunha “F”, assistente social do posto desaúde do bairro, narrou que a ré estava muito deprimida durante agestaçãoe,pornãotertidocoragemdeprovocaroaborto,poderiatomar uma atitude mais drástica quando seu filho nascesse (fls.____).

As demais pessoas ouvidas (fls. ____, ____, ____, ____ e ____)limitaram-seacontarqueaacusadateveumrelacionamentoamorosocom “V”, condenado por tráfico ilícito de entorpecentes, bem comoexperimentou um período de gestação conturbado e em completodesamparo.

A morte da vítima não foi presenciada por ninguém. A ré, quandoouvidaeminterrogatório,afirmouquenãoestavaemcasanomomento,deixandoomeninodormindo,enquantosaiuparacomprarremédio.Aoretornar, vendo seu filho morto, chamou imediatamente a polícia,acreditandotersidoseuex-namoradooautordaviolência,atéporque,novamente,estáforagidodopresídio.

Nãofoiopaidacriançalocalizadoparaprestardepoimento.

Sabe-se que o estado puerperal pode durar vários dias e que ascondições da ré seriam propícias para que ela estivesseemocionalmente desequilibrada. Entretanto, não havendo testemunhaspresenciaisenãotendoolaudopericialsidoconclusivoacercadoautordaesganadura,sehomemoumulher,torna-seinviávelconcluir,comsegurança,tersidoaréaautoradamortedoofendido.

As ameaças proferidas pelo pai são consistentes e ele estavaforagido à época do fato. Por outro lado, assim que constatou amortedofilho,aprópriaréchamouaautoridadepolicial,oquenãoéperfiladequadoparaquemenfrentaoestadopuerperal.

Muito embora o juiz natural da causa, nos crimes dolosos contra avida,sejaoTribunaldoJúri,éprecisoconstataraexistênciadosrequisitos mínimos indispensáveis para a pronúncia, antes dedeterminaroexamedocasopelosjurados.

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A materialidade é patente, mas os indícios de autoria sãoinsuficientes,nãocomportando,pois,aadmissibilidadedaacusação.

Ante o exposto, julgo improcedente a denúncia e impronuncio “I”,qualificada a fls. ____, com fundamento no art. 414 do Código deProcessoPenal.

P.R.I.

Comarca____,data.5

____________JuizdeDireito

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1Nasalegaçõesfinaisdoórgãoacusatório,ocorretoérequererapronúnciadoréuenãoacondenação,poishaverá,ainda,ojuízo de admissibilidade da imputação. Somente após a pronúncia, o acusador apresenta o pedido de condenaçãodiretamenteaosjuradosemplenário.

2Fimdorelatório.

3Nestecaso,menciona-sequeadenúnciaéimprocedente–enãoaação–poisnovasprovaspodemsurgireoutrapeçaacusatóriapodeseroferecida.Logo,odireitodeaçãopermanece,enquantonãoseconsumaraprescrição.Temosdefendidoquealeideveriaseralteradanesseponto,demodoapermitiraabsolviçãodefinitivaquandonãohouverprovassuficientesparaencaminharoréuajulgamentopeloTribunaldoJúri.Nãoéjustoque,apósafasedeformaçãodaculpa,semprovascolhidas em número razoável, permaneça a possibilidade de reiniciar a demanda no futuro. Afinal, noutros processos,cuidandodedelitosdiversos,talmedidanãosedá.

4Atradicionalafirmaçãodeque,nadecisãodepronúncia,deve-seutilizararegradeque“nadúvida,decide-seemfavordaacusação” (in dubio pro societate) é apenas didática. Significa que, havendo provas para condenar ou absolver o réu,dependendoda interpretação e convencimento do juiz, transmite-se o caso ao júri. Porém, se não há provas suficientes,emboraexistadúvida,omelhorcaminhoéaimpronúncia.

5Fimdodispositivo.

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3.º)Decisãodedesclassificação

“K”, no dia 17 de setembro de ____, por volt a das 22 horas, no bar situado na Rua “H”, n.º 66, Bairro “D”, nestaComarca,matou“T”,comumt iro,pormot ivosignorados.Processadoporhomicídiosimples,oMPpediuapronúncia,porentender provadas a materialidade e a autoria, enquanto a defesa alegou a ocorrência de culpa, aguardando adesclassif icação.

DECISÃODEDESCLASSIFICAÇÃO

____.ªVaradoJúridaComarca____Processon.º____Vistos.

“K”,qualificadonosautos,foidenunciadocomoincursonaspenasdoart.121,caput,doCódigoPenal,porque,nodia17desetembrode____, por volta das 22 horas, no bar situado na Rua “H”, n.º 66,Jardim“D”,nestaComarca,teriamatado“T”,atirodearmadefogo,conformedemonstraolaudonecroscópicodefls.____.

Constaqueoréuestavabebendocomamigosnobar,quandoavítimaingressou no estabelecimento e, subitamente, por razões nãoapuradas,terminoualvejadaportirodearmadefogodisparadopeloacusado. Não resistindo aos ferimentos, faleceu. A denúncia veioacompanhadadoinquéritodefls.____.

Recebida a denúncia no dia ____, foi o réu citado (fls. ____) eofereceudefesaprévia(fls.____),representadopordefensordativo(fls.____).

Durante a instrução, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação(fls.____)etrêsdedefesa(fls.____),interrogando-seoacusado(fls.___).

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Nosdebatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuapronúnciadoréu,1nostermosdadenúncia,porentenderprovadasamaterialidadeeaautoriadainfraçãopenal.Adefesa,porsuavez,sustentouadesclassificação,porentenderprovadaaimprudênciadoréu,masnãoasuavontadedematar.2

Éorelatório.Decido.

A materialidade é induvidosa (laudo de fls. ____), o que não foiobjetodecontrovérsianosautos.

Quantoàautoria,assumiuoréutersidoapessoaquedeuotirodearma de fogo na vítima, embora tenha alegado, em seu favor, aausência de vontade de matar, representando o ocorrido um meroacidente(fls.____).

As testemunhas ouvidas (fls. ____, ____, ____, ____ e ____)confirmaram que tanto o réu quanto a vítima estavam embriagados ecomeçaramaconversaramistosamente.Subitamente,oacusadoretirouaarmadefogoqueportavae,apontando-aparaavítima,disparou.

O dono do estabelecimento, servindo no balcão, disse ter ouvidoquandooofendidopediuaoréuparaveraarmaqueelecarregavanacintura.Este,porsuavez,jáalcoolizado,retirou-a,entregando-aaooutro.Napassagemdaarma,houveodisparoúnicoefatal(fls.____).

Ora,nãotendohavidodiscussão,nemqualquermotivoparaqueoréuatirassenavítima,énaturalsuportersidoummeroacidente.Este,no entanto, fundou-se na imprudência do réu, que, sacando orevólver, em estado de embriaguez,3 entregou-o a terceiro sem acautela devida, havendo, então, o disparo. Era previsível oacontecimento, embora o agente não tenha agido com a cautelanecessáriaparaquemcarregaconsigoumaarmadefogo.

Ausente a intenção de matar,4 não há razão para manter o caso naesferadeapreciaçãodoTribunaldoJúri,quesomentedevejulgaroscrimesdolososcontraavida.

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Anteoexposto,desclassificoainfraçãopenalparaaformaculposa,determinando a remessa dos autos ao juízo competente, com base noart. 419 do Código de Processo Penal, após o trânsito em julgadodestadecisão.

P.R.I.

Comarca____,data.5

____________JuizdeDireito

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1Nasalegaçõesfinaisdoórgãoacusatório,ocorretoérequererapronúnciadoréuenãoacondenação,poishaverá,ainda,ojuízo de admissibilidade da imputação. Somente após a pronúncia, o acusador apresenta o pedido de condenação,diretamenteaosjurados,emplenáriodoTribunaldoJúri.

2Fimdorelatório.

3Aembriaguezvoluntáriaouculposanãoafastaa imputabilidadepenal,nemsignificahipóteseparaabsolvição(art.28, II,CP).

4Oquesedenominadeanimusnecandi.

5Fimdodispositivo.

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4.º)Sentençadeabsolviçãosumária

“L”,nodia30de junhode____,porvolt adas10horas,nobar situadonaRua “B”,n.6,Bairro “G”,nestaComarca,matou“R”,at iros,quandodiscut iramporrazõesbanais.Processadoporhomicídiosimples,oMPpediuapronúncia,porentender provadas a materialidade e a autoria, enquanto a defesa alegou a ocorrência de legít ima defesa,aguardandoaabsolviçãosumária.

SENTENÇADEABSOLVIÇÃOSUMÁRIA

____.ªVaradoJúridaComarca____Processon.º____

Vistos.

“L”,qualificadonosautos,foidenunciadocomoincursonaspenasdoart. 121, caput, do Código Penal, porque, no dia 30 de junho de____, por volta das 10 horas, no bar situado na Rua “B”, n.º 6,Jardim “G”, nesta Comarca, teria matado “R”, a tiros de arma defogo,conformedemonstraolaudonecroscópicodefls.____.

Constaqueoréuestavabebendocomamigosnobar,quandoavítimaingressou no estabelecimento e, ouvindo a conversa de terceiros,interveio, proferindo palavras de baixo calão em relação adeterminado time de futebol. A discussão acirrou-se, especialmenteentreoréueoofendido,quandoesteteriasidoalvejadoportiros,disparadospeloprimeiro.Nãoresistindoaosferimentos,faleceu.Adenúnciaveioacompanhadadoinquéritodefls.____.

Recebidaadenúncianodia____,foioacusadocitado(fls.____)eofereceudefesaprévia(fls.____),representadopordefensordativo(fls.____).

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Durante a instrução, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação(fls. ____) e três de defesa (fls. ____), interrogando-se o réu(fls.___).

Nosdebatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuapronúnciadoacusado,1nostermosdadenúncia,porentenderprovadasa materialidade e a autoria da infração penal. A defesa, por suavez, sustentou a absolvição sumária, por entender provada aocorrênciadelegítimadefesa.2

Éorelatório.Decido.

Aaçãoéimprocedente.3

A materialidade é induvidosa (laudo de fls. ____), o que não foiobjetodecontrovérsianosautos.

Quantoàautoria,assumiuoréutersidoapessoaquedeuotirodearma de fogo na vítima, embora tenha alegado, em seu favor, aocorrênciadelegítimadefesa(fls.____).

As testemunhas ouvidas (fls. ____, ____, ____, ____ e ____)confirmaramaversãodoacusado,dizendo,emsíntese,queavítimaingressou no recinto onde eles estavam bebendo e, amistosamente,conversando sobre times de futebol, passando a proferir ofensas epalavras de baixo calão em relação a determinado time. O réu,sentindo-se ofendido, por ser torcedor do referido time, travoudiscussãocomavítima,queaparentavaestarembriagada.

Subitamente,osdoisentraramemlutacorporaleoofendidosacoudeumafaca,buscandoatingiropeitodoacusado.Este,porservigianoturno,retiroudocoldreseurevólver,devidamenteregistrado,eatirou contra o agressor. Deu apenas um disparo, que, no entanto,foisuficienteparamataravítima.

Não houve depoimento dissonante desse quadro. As testemunhas dedefesanãopresenciaramosfatoseafirmaramseroréupessoacalma,nunca tendo agredido alguém antes. De fato, ele é primário e não

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registraantecedentecriminal(fls.____).

Constata-se,pois,demaneirabemclara,tersidoavítimaoagenteprovocador,invadindoconversaalheia,proferindoinjúriasvariadasepartindoparaoconfrontocomoréu.Nãobastasse,sacouumafacae tentou atingir o acusado, que reagiu, valendo-se do meionecessário (revólver) e utilizando-o moderadamente (apenas umdisparo foi dado). Cristalina a legítima defesa, consequentemente,estáprovadaalicitudedofato.4

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvo“L”,qualificadoafls.____,comfundamentonoart.415,IV,doCódigodeProcessoPenal.5

P.R.I.

Comarca____,data.6

______________JuizdeDireito

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1Nasalegaçõesfinaisdoórgãoacusatório,ocorretoérequererapronúnciadoréuenãoacondenação,poishaverá,ainda,ojuízo de admissibilidade da imputação. Somente após a pronúncia, o acusador apresenta o pedido de condenação,diretamenteaosjurados,emplenáriodoTribunaldoJúri.

2Fimdorelatório.

3 Neste caso, o juiz julga improcedente a ação, por entender inexiste a pretensão punitiva do Estado. Afasta, de vez, apossibilidadedeseroréuprocessadonovamentepelomesmofato,comfundamentonoart.415doCPP.Lembremosque,atualmente,háoutrashipótesespermissivasdaabsolviçãosumária,bastandochecarosincisosdoreferidoart.415.

4Quandoumaexcludentedeilicitudeestivernitidamentedemonstrada,ojuizdeveexporasuaocorrência,analisarosseusrequisitos,para,aofinal,viabilizaraabsolviçãosumáriadoréu.NãoseremeteaoTribunalPopularoautordeumfatotípico,porémlícito.

5 Após a edição da Lei 11.689/2008, temos sustentado não mais haver o denominado recurso de ofício ou reexamenecessárioparaasdecisõesdeabsolviçãosumárianocontextodojúri.Logo,omagistradonãomaisdeterminaasubidadosautosparaotribunal.

6Fimdodispositivo.

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5.º)Pedidodediligênciasapósapronúncia(acusação)

Exmo.Sr.JuizPresidentedoTribunaldoJúridaComarca_____.Processon._____

OMinistérioPúblico1doEstadode____,nosautosdaaçãopenalque move contra ______(réu), nos termos do art. 422 do Código deProcessoPenal,2vem,respeitosamente,àpresençadeV.Exa.,exporerequereroseguinte:

1. Apresenta-se a esse juízo o documento anexo a estamanifestação,quesomenteapósapronúnciachegouaoconhecimentodoórgão acusatório. Evidencia-se, com isso, não ser verdadeira anarrativa da testemunha de defesa ______ (fls.___), ao dizer queestava fora da cidade na data dos fatos. Encontrava-se, aocontrário,noexercíciodassuasfunçõesnaempresa_____,duranteoperíodo _____. Por isso, requer-se seja a referida testemunhareinquiridasobreofato,confrontando-seoseuanteriordepoimentocomodocumentooraexibido,designando-se,paratanto,audiência,expedindo-seasintimaçõesnecessárias.

2. Requer-se, ainda, seja oficiado à empresa ____, para queremetaaestejuízoarelaçãodasligaçõestelefônicasefetuadasdoaparelhonúmero____,depossedavítimanodiadosfatos,tendoemvista o depoimento da testemunha _____ (fls. ___), alegando terconversadolongotempocomoofendidomomentosantesdaocorrênciadodelito.

3.Finalmente,apresentaoseuroldetestemunhas,quedeverãoser intimadas, com o caráter de imprescindibilidade,3 para ainquiriçãoemplenário:______________________________4

Termosemque,

P.Deferimento.

Comarca,data.

__________________________

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PromotordeJustiça

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2 Cuida-se da segunda fase do procedimento do júri, com expressa possibilidade de produção de provas, desde queinteressantesaojulgamentodacausaemplenário.

3 As testemunhas que devam ser ouvidas de qualquer modo em plenário precisam ser arroladas com o “caráter deimprescindibilidade”.Sehouveresquecimentodisso,aindaqueelasnãocompareçamàsessãodejulgamento,muitoemboraintimadas,ojuizpodeiniciarostrabalhoseapartenãopoderáreclamarasuaausência.Entretanto,arroladasdessemodo,senãocomparecerem,apartepodeinsistireojuizdeverámarcaroutradataparaojulgamento,determinandoqueelassejamconduzidascoercitivamente.

4Onúmeromáximoédecincotestemunhas.

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9.º)Quesitos–Homicídiosimples

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Réu:“S”

QUESTIONÁRIO

1. No dia ___, às ___ horas, na Rua _____, número ___, bairro de____,nestaComarca,avítima“G”recebeutirosdearmadefogo,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?2

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. O réu “S”, qualificado a fls. __, no mesmo dia, hora e localdescritos no primeiro quesito, desferiu tiros de arma de fogo em“G”,causando-lheaslesõesdescritasnolaudodefls.___?3

4.Ojuradoabsolveoacusado?4-5

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumhomicídio.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeosegundo fornegado,houve lesão,masnãohomicídio,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáoréuabsolvido,poisofatonãoocorreu.

3Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedoréu.

4EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

5 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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11)Quesitos–Induzimento,instigaçãoouauxílioaosuicídio

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Réu:“P”

QUESTIONÁRIO

1.Nodia___,às___horas,naRua___,número__,bairrode____,nesta Comarca, a vítima “E” foi induzida2 ao cometimento desuicídio,tendosidoconvencidadequeamelhorformadecontornaradoençagravedaqualpadeciaseriaatentandocontraaprópriavida?3

2. Essa conduta levou a vítima a cometer suicídio, conforme laudonecroscópicodefls.___?

3.Oréu“P”,qualificadoafls.___,concorreuparaocrime,dandodiretamenteoconselhoparaqueavítima“E”sematasse?4

4.Ojuradoabsolveoacusado?5-6

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Induzirsignificadaraideiaparaquemnãoapossui.

3AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreu o induzimento. Depois, se tal induzimento levou-a ao suicídio. Respondidos afirmativamente ambos os quesitos,confirma-se a existência de um delito de induzimento ao suicídio. Outras formas alternativas de quesitação podem serencontradasemnossolivroTribunaldoJúri.

4Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeuminduzimentoaosuicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedoréu.

5EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.

6 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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12)Quesitos–Infanticídio

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Acusada:“R”

QUESTIONÁRIO

1. No dia ___, por volta de ___ horas, na Rua ____, número ___,bairro de ___, nesta Comarca, a vítima “V” sofreu golpes de faca,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?2

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. A acusada “R”, qualificada a fls. ___, concorreu para o crimedesferindoosgolpesdefacanavítima“V”?3

4.Avítima“V”erafilhodaacusada?4

5.Aacusadaagiusobainfluênciadoestadopuerperal?

6.Aacusadaagiuduranteopartooulogoapós?

7.Ojuradoabsolveaacusada?5-6

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumamorte.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeo segundo fornegado,houve lesão,masnãooresultadomorte,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáaréabsolvida,poisofatonãoocorreu.

3Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio(o infanticídiosomenteseráanalisadonosdemaisquesitos).Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedaré.

4Estequesitoeosdoispróximosdizemrespeitoàscircunstânciasdofatotípicoinfanticídio.Paraquesepossareconhecê-lo,éfundamentalqueoConselhodeSentençavote,afirmativamente,aostrês.

5EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,searédeveserabsolvida(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáaacusadacondenada.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

6 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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13)Quesitos–Abortopraticadopelagestante

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Acusada:“M”

QUESTIONÁRIO

1.Nodia___,às___horas,naRua____,número____,nobairrode____, nesta Comarca, foram desferidos golpes com instrumentocontundente contra o útero de “M”, atingindo o feto em gestação,causando-lheaslesõesdescritasnolaudodefls.___?2

2.Emconsequênciadisso,houveaprovocaçãodoaborto?

3.Aré“M”desferiuosgolpescomoinstrumentocontundentecontraseupróprioútero?3

4.Ojuradoabsolveaacusada?4-5

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2 Inicia-seoquestionárioindagando-seacercadamaterialidadedofato,ouseja,arespeitodaexistênciadeumaagressãocapaz de provocar o aborto. Se ela for respondida afirmativamente, questiona-se o nexo causal com o resultado efetivoconsistentenamortedofeto.Somenteapós,passa-seaquestionaraautoriadofato.

3Esseéoquesitorelativoàautoria.Respondidoafirmativamente,pelosjurados,indicaterocorridoumautoaborto,ouseja,aprópriagestanteinterrompeusuagravidez,provocandoamortedofeto.

4EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,searédeveserabsolvida(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáaacusadacondenada.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

5 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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14)Quesitos–Crimeconexo

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Réu:“S”

QUESTIONÁRIO

1.ªsérie:2

1. No dia ___, às ___ horas, na Rua _____, número ___, bairro de____,nestaComarca,avítima“G”recebeutirosdearmadefogo,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?3

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. O réu “S”, qualificado a fls. __, no mesmo dia, hora e localdescritos no primeiro quesito, desferiu tiros de arma de fogo em“G”,causando-lheaslesõesdescritasnolaudodefls.___?4

4.Ojuradoabsolveoacusado?5-6

2.ªsérie:7

1.Nodia____,porvoltade____horas,naRua____,número___,bairrode____,nestaComarca,houveasubtraçãodeumaparelhodeTV,descritonoautodeapreensãodefls.___,pertencenteàvítima“G”?8

2. O réu “S”, qualificado a fls. ___, após a prática dos fatosdescritos no terceiro quesito da série anterior, concorreu para ocrime,subtraindo,parasi,oreferidoaparelhodeTV?3.Ojuradoabsolveoacusado?

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Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Quandohouvermaisdeumcrimeimputadoaoréu,cadaumdelesocuparáumasériediferentenoquestionário.

3AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumhomicídio.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeosegundo fornegado,houve lesão,masnãohomicídio,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáoréuabsolvido,poisofatonãoocorreu.

4Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedoréu.

5EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

6 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

7Ocrimeconexo(noexemplo,furto)évotadopelosjurados,depoisdoreconhecimentodocrimecontraavida.Sehouverdesclassificaçãodoprincipal,quemjulgaráodelitoconexoéojuizpresidente.

8Mesmo no caso de crime conexo, primeiramente, indaga-se acerca damaterialidade do fato (existência da subtração).Depois,nopróximoquesito,passa-seàperguntasobreaautoria.

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15)Quesitos–Coautoria

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Réu:“S”

QUESTIONÁRIO

1. No dia ___, às ___ horas, na Rua _____, número ___, bairro de____,nestaComarca,avítima“G”recebeutirosdearmadefogo,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?2

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. O réu “S”, qualificado a fls. __, no mesmo dia, hora e localdescritos no primeiro quesito, juntamente com terceiras pessoas,3

desferiu tiros de arma de fogo em “G”, causando-lhe as lesõesdescritasnolaudodefls.___?4

4.Ojuradoabsolveoacusado?5-6

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumhomicídio.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeosegundo fornegado,houve lesão,masnãohomicídio,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáoréuabsolvido,poisofatonãoocorreu.

3 A coautoria insere as pessoas que interagiram com o acusado para causar amorte da vítima diretamente no terceiroquesito,emboradeformaanônima,semespecificarquaissejam,poistodasterãojulgamentosseparados.

4Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedoréu.

5EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

6 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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16)Quesitos–Participação

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico1

Réu:“S”

QUESTIONÁRIO

1. No dia ___, às ___ horas, na Rua _____, número ___, bairro de____,nestaComarca,avítima“G”recebeutirosdearmadefogo,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?2

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. O réu “S”, qualificado a fls. __, no mesmo dia, hora e localdescritosnoprimeiroquesito,concorreuparaocrime,fornecendoaarmautilizadaporterceirapessoaparadesferirostiroscontraavítima“G”?3

4.Ojuradoabsolveoacusado?4-5

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumhomicídio.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeosegundo fornegado,houve lesão,masnãohomicídio,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáoréuabsolvido,poisofatonãoocorreu.

3 Este é o quesito que introduz a indagação referente à coautoria. Neste caso, cuida-se da participação. Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaparticipaçãoporpartedoréu.

4EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

5 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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17)Quesitos–Legítimadefesaeoutrastesesdefensivas1

____.ºTribunaldoJúridaComarca____.Processon.º____Autor:MinistérioPúblico2

Réu:“S”

QUESTIONÁRIO

1. No dia ___, às ___ horas, na Rua _____, número ___, bairro de____,nestaComarca,avítima“G”recebeutirosdearmadefogo,quelhecausaramaslesõesdescritasnolaudodefls.___?3

2.Essaslesõesderamcausaàmortedavítima?

3. O réu “S”, qualificado a fls. __, no mesmo dia, hora e localdescritos no primeiro quesito, desferiu tiros de arma de fogo em“G”,causando-lheaslesõesdescritasnolaudodefls.___?4

Quesitosdalegítimadefesaantesdareformaprocessual:

4.Oréudefendeusuaprópriapessoa?

5.Defendeu-seoréudeumaagressãoinjusta?

6.Defendeu-seoréudeumaagressãoatualouiminente?

7.Utilizouoréudosmeiosnecessáriosparaadefesa?

8.Oréuvaleu-semoderadamentedessesmeios?

9.Oréuexcedeu-seculposamente?

10.Oréuexcedeu-sedolosamente?

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Quesitodalegítimadefesaeoutrastesesdefensivasapósareformaprocessual:

4.Ojuradoabsolveoacusado?5-6

Comarca,data.

____________JuizPresidente

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1Areformaprocessualpenalde2008inovounaapresentaçãodastesesdedefesaaosjurados,pormeiodoquesitoúnico.Anteriormente,cadatesedefensivadeveriaserdesdobradaemváriosquesitos.Atualmente,bastaumaperguntaenglobandotodaselas.Afinal,seosjuradosacataremumaououtra,poucoimporta.Narealidade,oresultadofinalseráfavorávelaoréu,implicandonasuaabsolvição.Faremosumacomparação,utilizandoa legítimadefesa,paraqueo leitorpossaentenderoalcancedareformanoquestionário.

2Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,estáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3AreformaintroduzidapelaLei11.689/2008modificou,consideravelmente,omododeformulaçãodosquesitos.Emprimeiroplano,devemosjuradosdecidiracercadamaterialidadedofato,independentementedaautoria.Logo,pergunta-seseavítimasofreulesões.Depois,setaislesõesaconduziramàmorte.Respondidosafirmativamenteambososquesitos,confirma-seaexistênciadeumhomicídio.Seoprimeiro for respondidoafirmativamenteeosegundo fornegado,houve lesão,masnãohomicídio,ocorrendoadesclassificação,passandoacompetênciadejulgamentoaojuizpresidente.Negadooprimeiro,estáoréuabsolvido,poisofatonãoocorreu.

4Esteéoquesitoqueintroduzaindagaçãoreferenteàautoria.Respondidosafirmativamenteosdoisprimeiros,oConselhodeSentençareconheceuaexistênciadeumhomicídio.Bastadizer“sim”aoterceiroquesito,afirma-seaautoriaporpartedoréu.

5EstequesitogenéricodedefesaéamaiornovidadetrazidapelareformadaLei11.689/2008nocontextodoJúri.Nãomaissãoindagadasváriastesesdefensivassucessivamente.Odefensorpodesustentarinúmerasdelasemplenário,masojuizperguntaráaosjurados,deumasóvez,seoréudeveserabsolvido(sejaporqualrazãofor).Respondidooquesitodemodoafirmativo,aabsolviçãoseimpõe.Negado,estáoacusadocondenado.MaioresdetalhessobreessamodificaçãopodemserencontradosemnossolivroTribunaldoJúri.

6 Não hámais o quesito obrigatório sobre atenuantes. E, segundo a lei, nemmesmo as agravantes devem constar doquestionário,devendoserresolvidasdiretamentepelojuizpresidente.

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1.

2.

3.

Conceito

Éadecisãoterminativadoprocesso,definitivaquantoaomérito,queacolheourejeitaaimputaçãoformuladapelaacusação, julgandoprocedenteou improcedenteaaçãopenal.Cuida-sedadecisãoqueavalia se existente ou inexistente a pretensão punitiva do Estado. Denomina-se sentença em sentidoestrito.

Sabe-sequeadeclaraçãodeextinçãodapunibilidade,porvariadasrazões(ex.:reconhecimentodeprescrição), também é decisão terminativa e definitiva quanto ao mérito, desacolhendo a pretensãopunitivadoEstado.Noentanto,pornãoavaliardiretamenteaimputação(seoréuéculpadoouinocente),trata-sedesentençaemsentidolato.

Outrasdecisõesjudiciais

Alémdasentença,ojuizpodeproferir,noprocesso,asseguintesdecisões:a) despacho de mero expediente: decisão meramente ordinatória, que provoca o andamento

processual,conformeoritoestabelecidoemlei(ex.:designaçãodeaudiência);b)decisãointerlocutóriasimples:decisãoquedeliberaacercadeumacontrovérsia,masnãocortao

andamentoprocessual(ex.:decretaçãodaprisãopreventiva);c)decisãointerlocutóriamista:decisãoquedeliberaarespeitodeumacontrovérsia,colocandofim

aoprocessoouaumafasedomesmo(ex.:pronúnciaeimpronúncia).

Conteúdodasentença

Hátrêspartesindispensáveis:a)relatório,quecontémonomedaspartes,comaqualificação,bemcomoaexposiçãosucintadaacusaçãoedadefesa;b)fundamentação,queexpõeaconvicçãoformadapelojulgador,indicandoosmotivosdefatoededireitoemquesefundaadecisão;c)dispositivo,quetrazaconclusãodo julgador,condenandoouabsolvendoo réu, indicandoasnormas legaisaplicáveis,bemcomoonomeeaassinaturadojuiz(art.381,CPP).

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4.

5.

Correlaçãoentreimputaçãoesentença

Como decorrência natural da garantia da ampla defesa e do contraditório, é fundamental que asentença condenatória guarde exata correspondência com a imputação feita, afinal, foi contra esta quetantooréu,pessoalmentenointerrogatório,comooseuadvogadoapresentaramasalegaçõesdedefesa.Logo, exemplificando, não é possível acusar alguém da prática de furto e, na sentença, sem qualquerprovidênciaexpressaanterior,ojuizcondenaroréuporroubo.

Por isso, ao final da instrução, se omagistrado vislumbrar a possibilidade de dar nova definiçãojurídica ao fato (diferentemente do que constou na denúncia ou queixa), deve adotar as seguintesprovidências: a) não havendo modificação quanto à imputação formulada, vale dizer, inexistindoqualquer alteração nos fatos narrados na denúncia ou queixa, o julgador pode simplesmente alterar atipificaçãoecondenaroréucomoacharmelhor.Exemplo:seaacusaçãoimputaapráticadeestelionato,masojuizcrêterhavidofurtocomfraude,mesmoquetenhaqueaplicarpenamaisgrave,podecondenardiretamente, semabrir vista às partes.Tal se dáporquenãohouve alteração fática e, relembremos, oacusado se defende dos fatos alegados e não da classificação jurídica feita. É o que se denomina deemendatio libelli (art. 383, caput,CPP); b) se o julgador vislumbrar a possibilidade de, dando novadefiniçãojurídicaaofato,alterara imputação,emvirtudedeprovaexistentenosautosdeelementooucircunstânciadainfraçãopenalnãocontidanaacusação,deveabrirvistaaoMinistérioPúblicoparaqueadenúnciaouqueixasejaaditada,noprazodecincodias,desdequesetratedecrimedeaçãopública.Seoórgãoacusatóriorecusar-seafazê-lo,ojuizpodevaler-sedodispostonoart.28doCPP(remessadosautosaoProcurador-GeraldeJustiçaparaapreciação).Havendooaditamento,ouve-seadefesa.Emseguida, o magistrado decide. Admitido o aditamento, designa-se dia e hora para a continuação daaudiênciadeinstruçãoejulgamento,ouvindo-setestemunhasepossibilitando-senovointerrogatóriodoacusado.Éoquesechamademutatiolibelli(art.384,CPP).

Absolviçãovinculada

Asentençaabsolutória,noprocessopenal,deveservinculadaaumadashipótesesdescritasnoart.386 doCódigo de Processo Penal. Duas delas são asmais favoráveis ao réu, pois afastam qualquerculpa,impedindo,inclusive,aproposituradeaçãoindenizatórianocível:a)estarprovadaainexistênciadofato(art.386,I,CPP);b)estarprovadoqueoréunãofoioautordainfraçãopenal(art.386,IV,CPP).No mais, quando o julgador reconhecer a presença de uma das excludentes de ilicitude ou deculpabilidade(art.386,VI,CPP)podeounãohaveraçãoindenizatórianaesferacível,dependendodocaso concreto. Exemplos: se “A” agride “B” e este reage, absolvido “B” por ter atuado em legítimadefesa,nãocabeaçãoindenizatória.Porém,se“A”,emestadodenecessidade,fere“B”,inocente,nãoserácriminalmenteresponsabilizado,masdeveindenizar“B”naórbitacível.

Nasoutrashipóteses–nãohaverprovadaexistênciadofato(art.386,II,CPP),nãoconstituirofatoinfraçãopenal(art.386,III,CPP),nãoexistirprovadeteroréuconcorridoparaainfraçãopenal(art.

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6.

386,V,CPP)enãoexistirprovasuficienteparaacondenação(art.386,VII,CPP)–emboraabsolvidonojuízocriminal,podehaverresponsabilidadecivil.

Fundamentaçãodasentença

Impõeoart.93,IX,daConstituiçãoFederal,quedevamsertodasasdecisõesjudiciaismotivadas.Commaior razãoe zeloso rigor, as sentençascondenatóriasprecisamserdevidamente fundamentadas.Porém,quandosetratadamotivação,algunsjulgadorespendemparaasrazõesquelevamàcondenaçãodo réu,desprezandoo importantemomentoda fixaçãodapena.Logo,éprecisoatentarparaadúplicemotivaçãodadecisãocondenatória:a)expor,detalhadamente,combasenasprovasdosautos,asrazõesdeconvencimentoparasustentaramaterialidadeeaautoriadainfraçãopenal;b)individualizarapena,nodispositivo,valendo-sedoprocessotrifásico(art.68,CP),fundamentandotodasasfasesedetalhandoosmotivospelosquaisapenafoiestabelecidanaquelepatamarconcreto,sejaeleomínimo,omédioouo máximo. Todos os benefícios possíveis (regime de cumprimento, suspensão condicional da pena,substituição por multa ou restritiva de direitos) devem ser explorados e mencionados na sentença:concedendo-osounegando-os.

Aspartesdevemficaratentasàdecisãocondenatória,exigindodojulgadoranecessáriamotivaçãosobtodososseusaspectos.Aausênciadefundamentoouodesprezoporqualquerteseútillevantadapelaparte interessadapossibilita o ingressodos embargosdedeclaração, após a prolaçãoda sentença.Seforemrejeitadososembargos,deveserinterpostaapelação,dirigindoaoTribunalopedidodereformadadecisão,notocanteàcondenaçãoounoqueserefereàaplicaçãodapena.

Se a sentença apresentar evidente carência de motivação, deverá ser anulada pelo Tribunal,obrigando-seomagistradoaproferiroutra.Sehouverdeficiênciadefundamentação,poderáoTribunalcorrigirodesvio,combasenasprovasdosautos.Essacorreção,noentanto,deveobedeceraoreclamodaparte.Noutrostermos,paraprejudicaroréu,exige-seapelaçãodoórgãoacusatório.Parabeneficiaroacusado,demanda-seapelaçãododefensor.Excepcionalmente,havendoapelaçãosomentedoMinistérioPúblico,seforconstatadaqualquerfalhagrave,emdetrimentodoréu,oTribunalpodeconcederhabeascorpusdeofício,sanandooerro.

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7.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

Modelosdepeças

Sentençacondenatória(rouboemconcursodeagentes–penasvariadas)

Sentençacondenatória(receptaçãoqualificada–penamínima)

Sentençaabsolutória(art.386,I,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,II,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,III,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,IV,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,V,CPP)

Sentençaabsolutória(art.386,VI,CPP)

Sentençaabsolutóriaimprópria(art.386,VI,c.c.parágrafoúnico,III,CPP)

Sentençajudicialdeaplicaçãodamedidasocioeducativadeinternação

Sentençaparaadolescenteinfratoraplicandomedidasocioeducativadesemiliberdade

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1.º)Sentençacondenatória(rouboemconcursodeagentes–penasvariadas)

“R”, “F”, “G”, “H”e“S”, conluiados, resolvemroubaro supermercadoPreçoBom,naRuaAlcântara,n.16,VilaAzul,nacidade de São Paulo. Armados, “R” e “F” com armas de brinquedo, “G” e “H” com revólver calibre 38, invadiram oestabelecimento e, empregando violência cont ra t odos os presentes, a coronhadas, venceram a resist ência esubt raíram o dinheiro de todos os caixas, num total de R$ 2.000,00. Durante todo o t empo, ameaçavammatar ospresentes,inclusiveascrianças,deixandoasvít imasapavoradas.Prenderam-nasemumcômodominúsculo,nosfundosdoestabelecimento,efugiramnocarrodirigidopor“S”,queestavaparadoàf rentedaportaprincipal.

VaraCriminaldeSãoPauloProcesson.º____/____

Vistos.

Trata-sedeaçãopenalmovidapeloMinistérioPúblicodoEstadode____1 contra “R”, “F”, “G”, “H” e “S”, qualificados nos autos(fls.____),comoincursosnaspenasdoart.157,§2.º,I,IIeV,c/cart.29doCódigoPenal,2pelofatode,nodia18defevereirode 2005, por volta das 14 horas, invadindo o Supermercado ____,situadonaRua____,n.º____,nacidadedeSãoPaulo,sobameaçaexercida com o emprego de arma de fogo, bem como empregandoviolência contra os funcionários e clientes do estabelecimento,teremsubtraídoaquantiadeR$2.000,00,queestavanasgavetasdascaixasregistradoras.Segundoconstadadenúncia,mantiveramváriosdos presentes presos em um quarto nos fundos do supermercado,cerceando-lhes a liberdade. Após, empreenderam fuga em veículodirigido pelo comparsa “S”, que os aguardava à frente doestabelecimento.3 A denúncia veio instruída com o inquérito defls._____.

Recebida a denúncia, decretou-se a prisão preventiva, que seefetivou em relação a todos os acusados. Citados, apresentaram as

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suas defesas prévias (fls.____). Após, ouviram-se testemunhas deacusação(fls.____)ededefesa(fls.____),interrogando-seosréus.Ao final da instrução, houve debates orais (fls.____). O Dr.PromotordeJustiçapediuacondenaçãodosréusnaspenasdoroubo,comascausasdeaumentoprevistasnosincs.I,IIeV,doart.157,doCódigoPenal,bemcomosustentouaagravantedareincidênciaparadois dos acusados. O Dr. Defensor, em nome de todos, negou aautoria,alegandoqueosréusnãoforamreconhecidoscomsegurançapelosofendidos;poroutrolado,invocouaexcludentedoestadodenecessidade,bemcomopleiteouoafastamentodacausadeaumentodoemprego de arma, pois uma delas era de brinquedo. Não concordou,igualmente,comaexistênciadacausadeaumentodecerceamentodaliberdade,poisasvítimasficaramretidasnoprópriosupermercado,onde já se encontravam antes da prática do delito. Pleiteou, porfim,queeventualagravantedareincidênciafossecompensadacomaatenuantedaconfissãoespontâneanafasepolicial.4

Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéprocedente.

Os acusados, quando foram ouvidos em interrogatório, na fasepolicial, admitiram a prática do roubo, alegando que assim agiramporqueestariamdesempregados,atravessandoumafasedifícil,oqueos levou a atuar em estado de necessidade. Houve reconhecimentoformal,realizadonasdependênciaspoliciais,nostermosdoart.226doCódigodeProcessoPenal(termodefls.____).

Posteriormente, em juízo, quando interrogados, negaram a autoria,retratando-sedoqueanteriormentehaviamnarrado.Invocaramquesetrataria de uma armação de pessoas da região onde moram, buscandoimputar-lhes a prática do roubo que, em verdade, foi cometido poroutrosindivíduos.

Aconfissãoextrajudicialéummeroindício,nãoconstituindoprovadireta, razão pela qual não é o principal objeto de análise nestadecisão.5 Ocorre que, houve auto de reconhecimento formal,6

realizado nos estritos limites da forma legal, bem como tanto as

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testemunhasdoato(art.226,IV,CPP)quantováriosdosofendidosconfirmaram, em juízo, sob o crivo do contraditório e da ampladefesa, que os réus praticaram o roubo tal como lhes foi imputadopeladenúncia(fls.____).

Torna-seincontesteaautoria,bemcomoamaterialidade.Odinheirosubtraídofoiapreendidoempoderdocorréu“R”,alémdeomesmoterocorridocomasarmas(autodefls.____).

O álibi7 apresentado pelos corréus, em juízo, de que estariam emoutro local no momento da prática do crime, não se confirmou. Aspessoas por eles indicadas foram ouvidas e não se lembram de suapresença naquele dia, o que demonstra a falha incontornável doargumentoinvocado.

Superada, pois, a alegação de negativa de autoria, passemos àanálise do estado de necessidade, levantado no interrogatóriorealizado na polícia e que também constitui tese subsidiária dadefesa técnica.8 É verdade que tal excludente pode ser alegada emqualquersituação,inclusivenocenáriodecrimesviolentos,mashárequisitos a observar, como demanda o art. 24 do Código Penal.9 Eesses elementos não estão presentes neste caso. Os réus afirmarampassarprivaçõesdeordemmaterial,porestaremdesempregados,oqueos motivou à prática do assalto. Porém, para a concretizaçãolegítima do estado de necessidade seria indispensável visualizardoisbenslícitosemconfronto,oque,depronto,inexiste.Somentepara argumentar, poder-se-ia falar em estado de necessidade dealguém que, sem se alimentar há vários dias, subtraísse um pãoexpostonapadaria,buscando,pois,asuasobrevivência.Osagentesdo roubo, em momento algum, demonstraram qual seria o fim dodinheiro, ao contrário, alguns, reincidentes na prática de crimepatrimonial, disseram que iriam utilizá-lo para financiar outrosassaltos.

A regra, em processo penal, indica caber à parte que alegar aobrigação de produzir prova nesse sentido (art. 156, CPP), nãoimpedindo,masincentivandoaacusaçãoaproduzir,igualmente,provadequeoálibieaexcludentedeilicitudeinexistiram.10Afinal,o

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ônus da prova é sempre da acusação, que, no caso presente,participou ativamente da instrução, desmontando o alegado pelosacusados.

Ascausasdeaumentodevempermanecer.Umdosréusestavamunidodearma de brinquedo, enquanto outro se apresentava com revólvercalibre 38 (apreendido e periciado, auto de fls.____). Agiram oscorréus com unidade de desígnios, formando autêntico concurso depessoas,11razãopelaqual,cientesdautilizaçãodorevólversupramencionado, a causa de aumento a todos se estende. O outroinstrumento (arma de brinquedo) serviu apenas para fortalecer aintimidação,porémocernedaaplicaçãodoaumentodeve-seàarmadefogo.12

Eram vários os autores do roubo, aplicando-se a causa de aumentoprevista no art. 157, § 2.º, II, do Código Penal, em virtude dadiminuiçãodacapacidadederesistênciadasvítimas.

Porderradeiro,aúltimacausadeaumentotambémestápresente,jáque houve cerceamento da liberdade das vítimas, durante temporazoável,encaixando-senafiguratípicadoincisoV,do§2.º,doart.157.13

Anteoexposto,julgoprocedenteaaçãoecondeno“R”,“F”,“G”,“H”e“S”,qualificadosnosautos(fls.____),comoincursosnaspenasdoart. 157, § 2.º, I, II e V, c.c. art. 29 do Código Penal àsseguintespenas:14

“R”, conforme restou evidenciado nos autos, apresentou-se, durantetodaapráticadoroubo,comoomaisviolentodosagentes.Agrediuacoronhadas os funcionários do supermercado, causando-lhe váriaslesões,bemcomochegouaatingirumacriançaquechoravademedo,no colo da mãe. As provas das lesões estão nos autos (laudos defls.____).Orelatodaviolênciaexageradacomqueagiu,atingindorequintedeperversidade,espelhandopersonalidademaldosa,encontrabase nos depoimentos de “A” (fls.____), “B” (fls.____) e “C”(fls.____).Chegou,inclusive,adardisparoscomaarmadefogoqueportava(depoimentodefls.____).Nãobastasse,suacondutasocial

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nãomereceaplauso.Desempregadoháváriosmeses,viveàscustasdacompanheira, com quem possui três filhos, dois dos quais explora,determinando que peçam esmola em cruzamentos do bairro, conformenarrou a vizinha do casal “M” (fls.____). Aliás, emprego não lhefaltou, mas sim a disposição para aceitá-los. É a narração de suacompanheira (fls.____).15 As vítimas não contribuíram para aocorrênciadodelito,poisestavamemseuspostosdetrabalho.Há,ainda,aponderarosaldonegativodeixadopeloroubo,quechegouatraumatizarmuitasdascriançaspresentes,umadasquaisseriamenteatingida pela coronhada dada pelo réu (fls.____). Assim, fixo apena-base em sete anos de reclusão.16 Devo ponderar, agora, asagravantes e atenuantes porventura existentes. Está comprovada aagravante da reincidência (certidão de fls.____), bem como a domotivo torpe. O réu pretendia juntar dinheiro para financiarassaltos mais ousados, o que demonstra vileza incomum na suamotivação (depoimentos de fls.____). A atenuante da confissãoespontânea deve ser desprezada, pois houve retratação em juízo,quando alteraram a versão e negaram todos a autoria (fls.____).Elevoapena,pois,emumterço(duasagravantes),passando-aanoveanos e quatro meses de reclusão.17 Finalizando a terceira etapa,constatoapresençadetrêscausasdeaumento,lembrandoquetodaselas formam um quadro ímpar na realização do roubo. Houve váriosdisparosdearmadefogonointeriordosupermercado,colocandoemriscoavidadospresentes,bemcomoosquatroagentesqueatuaramdentro do estabelecimento cercearam a liberdade das vítimas,colocando-as em lugar minúsculo, podendo, inclusive, chegar acausar-lhes graves danos físicos. Por isso, o aumento será demetade, atingindo a pena de 14 (quatorze) anos de reclusão.18

Iniciará o cumprimento no regime fechado (art. 33, § 2.º, a, doCódigoPenal).19 Não poderá recorrer em liberdade, pois está presopreventivamente,paraagarantiadaordempública,desdeoiníciodainstrução e sua punição atingiu patamar elevado, além de serreincidente.20 Fixo, ainda, quanto à multa, o valor de 80 dias-multa, calculado cada dia em 1/30 do salário mínimo. O número dedias-multafoiestabelecidoacimadomínimo,queéde10,tendoemvista o elevado grau de reprovação merecido pelo corréu “R”(culpabilidade), acompanhando o prisma da pena privativa deliberdade. Entretanto, por se tratar de pessoa pobre, o valor do

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dia-multafoiestabelecidonomínimolegal.21

Quanto a “F”, apurou-se que ele carregava a arma de brinquedo eameaçavaaospresentescomcontundência,rindootempotodo,aindaque as vítimas se mostrassem inertes e pacíficas, o que evidenciapersonalidade sádica. É primário, mas registra antecedentes, poisfoicondenadohácercadeoitoanosporfurtoqualificado.Acondutasocial,igualmente,nãoépositiva.Segundonarraramastestemunhas“P” e “Q” (fls.____) ele é conhecido no bairro pela sua notóriaociosidade.Sustentadopelamãe,teveoportunidadedeestudar,poiso padrinho é professor de escola da região, mas rejeitou todas asofertas. Envolveu-se com “R” desde a adolescência e nunca trilhoucaminho honesto. A motivação foi idêntica à do comparsa, ou seja,torpe(arrecadaçãodedinheiroparaoutroassalto).Ocomportamentodas vítimas foi totalmente alheio à conduta dos agentes e aindahouve quem saísse do evento traumatizado, o que se trata deconsequência invulgar. Fixo a pena-base em seis anos de reclusão.Após, compenso a agravante do motivo torpe com a atenuante damenoridade(elepossuíamenosde21anosàépocadofato),mantendo,pois,apenaemseisanos.Quantoàscausasdeaumento,pelosmesmosmotivosjáindicadosparaocorréu“R”,aumentodapenadametade,finalizando em nove anos de reclusão. Iniciará o cumprimento noregime fechado (art. 33, § 2.º, a, do Código Penal). Não poderárecorrer em liberdade, pois está preso preventivamente, para agarantiadaordempública,desdeoiníciodainstruçãoesuapuniçãoatingiupatamarelevado,alémdetermausantecedentes.Fixo,ainda,quantoàmulta,ovalorde70dias-multa,calculadocadadiaem1/30dosaláriomínimo.Onúmerodedias-multafoiestabelecidoacimadomínimo, que é de 10, tendo em vista o elevado grau de reprovaçãomerecidopelocorréu“R”(culpabilidade),acompanhandooprismadapena privativa de liberdade. Entretanto, por se tratar de pessoapobre,ovalordodia-multafoiestabelecidonomínimolegal.

“G”,conformeprovadonosautos,limitou-searetirarodinheirodascaixas,auxiliadopor“H”.Ambosnãoportavamarmas,nemameaçaramouagrediramdiretamenteasvítimas.Éverdadequeriamdasmedidasviolentas tomadas por “R” e “F”, mas delas não tomaram parte. Épreciso verificar o grau de culpabilidade dos coautores, como

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determina o art. 29, caput, parte final, do Código Penal.22 Nesseponto, eles merecem menor censura do que seus comparsas. “G” éprimário e não registra antecedente criminal. Porém, sua condutasocialédesqualificada.Nãotrabalhaenãoestuda.Foiexpulsodetrêscolégiosporagressõesvariadas,oraaosprofessores,oraaoscolegas(atestadosdefls.____).Emcasa,costumaserviolentocomosirmãosmenoresejáosagrediufisicamenteinúmerasvezes,comonarrousuaprópriagenitora(fls.____).Amotivaçãotorpeéamesmados dois outros (arrecadação de fundos para outro assalto). Asconsequênciasdeixadaspeloroubo(traumadasvítimas)eramdoseuconhecimento e mereceram o seu aplauso o tempo todo, logo, a elasaderiu,aumentandosuaculpabilidade.Asvítimasnadafizeram,comojá ressaltado, para contribuir para o delito. Fixo a pena base emcinco anos de reclusão. Em seguida, em razão da agravante demotivaçãotorpe,elevoapenaemumsexto,passando-aacincoanosedez meses de reclusão. Não há atenuantes a considerar, pois aconfissão,comojámencionado,nãosefirmou:todososacusadosseretrataram em juízo. As três causas de aumento devem provocar aelevaçãodapenanograumáximo(metade),emvirtudedosargumentosjá expostos. Torno definitiva a pena em 8 (oito) anos e 9 (nove)meses de reclusão. Iniciará o cumprimento no regime fechado (art.33,§2.º,a, do Código Penal). Não poderá recorrer em liberdade,poisestápresopreventivamente,paraagarantiadaordempública,desdeoiníciodainstruçãoesuapuniçãoatingiupatamarelevado,alémdetermausantecedentes.Fixo,ainda,quantoàmultaovalorde 50 dias-multa, calculado cada dia em 1/30 do salário mínimo. Onúmerodedias-multafoiestabelecidoacimadomínimo,queéde10,tendoemvistaomaiorgraudereprovaçãomerecidopelocorréu“G”(culpabilidade), acompanhando o prisma da pena privativa deliberdade. Entretanto, por se tratar de pessoa pobre, o valor dodia-multafoiestabelecidonomínimolegal.

Quantoa“H”,apurou-sequesubtraiuodinheiroexistentenascaixasregistradoras,juntamentecom“G”,masnãoriudasfaçanhasde“R”e“F”, nem pareceu aderir ao método violento com que os comparsasatuaram. Há depoimentos de vítimas dizendo que ele buscavacontemporizareamenizarascondutasagressivasdosdemais,obtendosucesso em algumas vezes (fls.____). Difere o seu grau de

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culpabilidade no contexto do concurso de pessoas (art. 29, caput,parte final, CP). É primário, não registra antecedentes e suacondutasocialnãopodeserconsideradapositiva,masnãohárelevonegativo a destacar. Desocupado, vivia fazendo pequenos serviçostemporários,masnuncagostoudetrabalharseriamente,comonarrousua prima (fls.____). Bem visto na comunidade, amável com osvizinhos,ingressounorouboquaseporacidente,segundorelatouumadas testemunhas arroladas pela defesa (fls.____). Desconhecia afinalidade do uso do dinheiro arrecadado e acreditava que iriampartilhar o montante entre eles. Repudiando a atitude dos demais,duranteaexecuçãodocrime,demonstrounãoaderiràsconsequênciastraumáticastrazidaspeloassaltoàsvítimas,quenadafizeramparasuarealização.Fixoapenanomínimolegal,ouseja,quatroanos.Não há agravantes (o motivo torpe lhe era desconhecido), nematenuantes (a confissão foi objeto de retratação de todos, emjuízo).Passoaconsiderarascausasdeaumento.Sãotrês,todasdeconhecimento do réu. Assim, embora não aplaudisse a violênciautilizada,teveplenanoçãodousodearmadefogo,dasuperioridadenuméricadosagentesedocerceamentodeliberdade,motivopeloqualoaumentoserá,igualmente,dametade.Tornodefinitivaasuapenaem 6 (seis) anos de reclusão. Por ser primário, ter bonsantecedentesenãoteragidocomviolênciaduranteoroubo,fixooregimesemiaberto(art.33,§2.º,b,CP)23 e permito-lhe recorrerem liberdade, expedindo-se alvará de soltura clausulado.24 Fixo,ainda,quantoàmulta,ovalorde15dias-multa,calculadocadadiaem1/30dosaláriomínimo.Onúmerodedias-multafoiestabelecidoacima do mínimo, que é de 10, tendo em vista o maior grau dereprovaçãomerecidopelocorréu“H”(culpabilidade),acompanhandooprismadapenaprivativadeliberdade.Entretanto,porsetratardepessoapobre,ovalordodia-multafoiestabelecidonomínimolegal.

Porderradeiro,comprovou-senosautosque“S”atuoucomopartícipe,aguardando do lado de fora do supermercado, com o carro ligado,pronto a dar fuga aos companheiros. Muito embora não possa serconsiderado coautor, sua participação também não foi de menorimportância, pois sem a fuga garantida, o roubo, à luz do diacometido, poderia ter sido interrompido mais facilmente. Ele éprimário,nãoregistraantecedentesesuacondutasocialnãooferece

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aspectos negativos, afinal, nenhuma testemunha ouvida a ele sereferiudemodopejorativo.Éverdadequenãoháaspectospositivos,masaneutralidadejápermiteignoraresseelemento.Amotivaçãodoroubo lhe era desconhecida, não se podendo sustentar a torpeza.Igualmente, as consequências traumáticas para as vítimas não lhepodem ser imputadas, pois não estava no interior do supermercadoacompanhando a cena. Fixo a pena-base em quatro anos de reclusão.Sãotrêsascausasdeaumento,que,noseucaso,comportamtambémoaumento da metade, pois eram do seu conhecimento (depoimentos defls.____). Elevo a pena em metade, totalizando seis anos dereclusão. Por ser primário, ter bons antecedentes e não ter agidocomviolênciaduranteoroubo,fixooregimesemiaberto(art.33,§2.º,b,CP)epermito-lherecorreremliberdade,expedindo-sealvaráde soltura clausulado. Fixo, ainda, quanto à multa, o valor de 15dias-multa,calculadocadadiaem1(um)saláriomínimo.Onúmerodedias-multafoiestabelecidoacimadomínimo,queéde10,tendoemvista o maior grau de reprovação merecido pelo corréu “S”(culpabilidade), acompanhando o prisma da pena privativa deliberdade. Entretanto, por se tratar de pessoa de classe média,possuidora de pequeno patrimônio, o valor do dia-multa foiestabelecidoacimadomínimolegal.

Osréusnãofazemjusaqualquerbenefíciopenalimediato,talcomosuspensãocondicionaldapenaoupenasrestritivasdedireitos.

Recomendem-seospresosnosestabelecimentosemqueseencontram.

P.R.I.

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito25

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1Emboraconstituapraxeforenseautilizaçãodaexpressão“JustiçaPública”,emverdade,elaestáincorreta.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Aclassificaçãodocrime,mencionadanasentença,éaqueconstadadenúnciaouqueixa,nostermosdoart.41doCPP.

3Osrequisitosindispensáveisparaadenúnciaconstamdoart.41doCPP,emespecial,aexposiçãodofatocriminoso,comtodasassuascircunstânciaseaqualificaçõesdo(s)réu(s).Porisso,ojuizasreproduznorelatório.

4Aprimeirapartedasentençaécompostadorelatório(art.381,IeII,CPP).

5Sobreavalidadedaconfissãoextrajudicial,consultaranota5aoart.197donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

6Sobreoscritériosparasefazerumreconhecimentoformaleválido,consultarasnotas4a14aoart.226donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

7Álibiéaalegaçãofeitapeloréudequeestavaemlugardiversodaqueleondeocrimesedeu.Maioresdetalhesnanota25aoart.156doCódigodeProcessoPenalcomentado.

8 Autodefesa e tese subsidiária da defesa técnica: no caso apresentado, destaque-se a adequada apreciação do juiz dadefesa levantadapelospróprios indiciadosnafasepolicial,quandoinvocaramestadodenecessidade.Aindaquetivessem,depois, negado a autoria, vale um comentário sobre a autodefesa desenvolvida por eles.Não bastasse, a própria defesatécnicainseriu,emuitobem,comotesesubsidiária,oestadodenecessidade.Afunçãodoadvogadoébuscartodasaslinhasdedefesapossíveis.

9Osrequisitosdoestadodenecessidadeestãonasnotas117a122aoart.24donossoCódigoPenalcomentado.

10Éimportantedestacarqueoônusdaprovapertenceaquemalegaofato,massempreserádaacusaçãooônusdeprovaraculpa.Logo,cabe-lheigualmenteodeverdedesmontaraversãodefensivadadapeloréu.Veranota22aoart.156donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

11Requisitosdoconcursodepessoas:consultaranota7aoart.29donossoCódigoPenalcomentado.

12Armadebrinquedonãomaisservedecausadeaumento(revogadaaSúmula174doSTJquedispunhanessesentido),maspodeserútilparaaintimidaçãodavítima.

13Asegundapartedasentençaécompostadafundamentação(defatoededireito)dadecisão(art.381,IIIeIV,CPP).

14Aterceirapartedadecisãoéodispositivo(art.381,V,CPP).Nele,ojuizfixaapenadecadaumdosréusouestabeleceaabsolvição.Podesertãooumaisextensoqueafundamentação,dependendodograudeindividualizaçãodapenamerecidonocasoconcreto.

15Note-sequeojuiz,aolevaremcontaacondutasocialeapersonalidade,baseou-seemprovasconstantesdosautosenãoextraiunenhumtipodeilaçãonãodemonstrada.Porisso,évitalareferênciaaosdepoimentoseàsfolhasdosautosdeondeemergemoselementosdafixaçãodapena.

16Primeiraetapadoprocedimentotrifásicoparaatingirapena-base:análisedosrequisitosdoart.59doCP.

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17Segundaetapadoprocedimentotrifásicoparaaescolhadapena-base:inserçãodasagravanteseatenuantes,quepodemterovalordeumsextocada.Epermitemcompensaçãoentresi,quandoviável.

18Terceiraetapadoprocedimentotrifásico: inserçãodascausasdeaumentoedediminuição.Estaspodem,quandoforocaso,romperomáximoouomínimo,previstonotipo.

19Aescolhadoregimedecumprimentodapena(fechado,semiabertoouaberto)éafasesecundáriadafixaçãodapenaetambémdeveserfundamentada,excetoquandooregimeéimpostoporlei.Nessecaso,apenaatingiu14anos,logo,aúnicaopçãodojuizéoregimeinicialfechado.

20Direitoderecorreremliberdade:cuida-sedeimportanteavaliaçãodojuiz,todavezqueproferirsentençacondenatória.Seoréuestiverpresopreventivamente,recebendopenaelevada,dificilmenteserápostoemliberdade.

21Critériobifásicoparafixaramulta:onúmerodedias-multaobedece,emregra,ograudeculpabilidade;ovalordodia-multasegueorumodasituaçãoeconômicadoréu.

22Amedidadaculpabilidadedoscoautoresepartícipesépontofundamentalparaqualquersentençacondenatóriaquesepretendajusta;trata-sedaobservânciadecompatibilidadeentreanormapenaleoprincípioconstitucionaldaindividualizaçãodapena.Éodispostoexpressamenteemlei(art.29,CP).

23 Eleição do regime: optou o juiz pelomais favorável (poderia aplicar o fechado ou o semiaberto), levando em conta odispostonoart.59doCPenãoameragravidadeabstratadocrimederoubo.

24Direitoderecorreremliberdade:nessecaso,emborajáestivessepreso,pornãoterrecebidopenaelevadaenãoestarempresentesosrequisitosdoart.312doCPP,omagistradopermitiuquerecorresseemliberdade.

25Aquartapartedasentençaéapenasaindicaçãodadataedaassinaturadaautoridadejudiciáriaqueaproferiu(art.381,VI,CPP).

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3.º)Sentençaabsolutória(art.386,I,CPP)

“U” foi processado pela prát ica de furto qualif icado pela dest reza, t endo em vist a que, no interior de uma loja,apreciavaosprodutosexpostosnaprateleira,quandoumafuncionáriaconstatouquesuabolsaforareviradae,delá,acarteira foi levada. Por ser a únicapessoa est ranhapresenteno local, foi acusadode furto. Temendo a chegadadapolícia,porját ersidoanteriormentecondenadopelaprát icadeestelionato,fugiu.Foipresoemf lagrante.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processon.º____.

Vistos.

“U”, qualificado nos autos, foi denunciado pela prática de furtoqualificado pela destreza, tendo em vista que, no dia ____, porvolta de 15 horas, teria ingressado no estabelecimento comercialdenominado____,situadonaRua____,n.º____,nestaComarca,comofim de subtrair, para si, algum objeto de valor. Narrou a inicialque ele, deparando-se com a bolsa da funcionária “X”, colocada emcima do balcão, de lá teria retirado, rapidamente, a carteira,contendo documentos e dinheiro. Constatada a subtração, colocou-seemfuga,masfoipresoemflagranteporpoliciaisquepassavampelolocal.Instruiuadenúnciaoinquéritodefls.____.

Concedeu-se ao acusado, após o conhecimento do auto de prisão emflagrante, o direito de aguardar em liberdade provisória o seujulgamento.

Citado,apresentoudefesaprévia,arrolandotrêstestemunhas.

Durante a instrução, ouviram-se a vítima, duas testemunhas deacusaçãoetrêstestemunhasdedefesa,interrogando-seoréu.

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Nos debates orais, o representante do Ministério Público pediu aabsolvição, por ter sido demonstrada, durante a instrução, ainexistênciadofato.Adoutadefesapleiteounomesmosentido.1

Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Oréu,defato,estevenoestabelecimentocomercial____,nadataehora mencionadas na denúncia, tendo sido acusado da subtração dacarteira pertencente à vítima “X”. Quando esta notou a falta doobjeto,percebendoqueapenasoacusadoestariaporperto,acusou-odapráticadefurto,oqueoassustou,obrigando-oacorrer,poisjáfora condenado anteriormente por estelionato (documento de fls.____),nãopretendendoserpresooutravez.

Ocorreque,apesardenadatersidoencontradoempoderdoréu,oauto de prisão em flagrante foi lavrado, basicamente pelo fato deterelefugidodolocalassimqueafuncionáriaconstatouaperdadacarteira.

Nafasepolicial,temerosodefalaralgoquepudesseprejudicá-lo,optoupelodireitoaosilêncio.Entretanto,emjuízo,quandoouvidono interrogatório, declarou que nada subtraiu da vítima e somentepôs-seacorrerporqueacreditouqueseriaincriminadoporalgoquenãohaviafeito,unicamenteporpossuirantecedentecriminaletercumpridopenapelocometimentodeestelionato.

O engano havido neste caso é lamentável e, realmente, ficou claroque o acusado nada subtraiu, pois a vítima, somente em dataposterior,lembrou-sequehaviaesquecidoacarteiranoconsultóriomédico,porondepassaraantesdeiraotrabalho.

Durante a instrução, no entanto, o próprio ofendido reconheceu oerro cometido, mas alegou que, no momento em que constatou aausênciadacarteira,aprimeiraideiaquelheveioàmentefoiaocorrênciadofurto,inclusivepelofatodeseterausentadoparairaoestoque,deixandoabolsanobalcão,próximaaoréu,pessoaque

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lhe era estranha. Por ocasião da lavratura do auto de prisão emflagrante,segundorelatouemseudepoimento(fls.____),nãopôdeesclareceràautoridadepolicialoquenarrouemjuízo,poisaindanãohaviapercebidooesquecimentodacarteiranoconsultório.

Atestemunhadeacusação____,gerentedoestabelecimento,confirmoua narrativa da vítima, além de dizer que esta ficou muitoconstrangida quando descobriu, posteriormente, que deixara acarteira,porumlapso,emoutrolocal(fls.____).

As testemunhas de defesa limitaram-se a confirmar que o réu, apóster sido condenado e cumprido pena pela prática de estelionato,jamais voltou a cometer outra infração penal, trabalhando comopintorautônomoesustentandohonestamentesuafamília(fls.____).

Constata-se nitidamente o equívoco havido, pois o fato éinexistente, isto é, nenhuma subtração houve. A fuga do réu,associada à existência de antecedente criminal por delitopatrimonial,terminouporgerarnaautoridadepolicialafalsaideiadetersidoeleoautordopretensofurto.2

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvo“X”daimputaçãoquelhefoifeita,combasenoart.386,I,doCódigodeProcessoPenal.3

Custasnaformadalei.P.R.I.

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito

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1Fimdorelatório.

2Fimdafundamentação.

3Fimdodispositivo.

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4.º)Sentençaabsolutória(art.386,II,CPP)

“L”foiprocessadocomoincursonoart .36daLeideDrogas(Lei11.343/2006),porf inanciaraprát icadet ráf icoilícit odedrogasnumdosbairrosdaComarca.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processonº____.

Vistos.

“L”,qualificadonosautos,foidenunciadoporfinanciaraatividadede “S”, conhecido traficante de drogas, foragido, proporcionando-lhe, enquanto estava solto e atuante, todo o dinheiro necessáriopara a importação de substâncias entorpecentes, bem como lhegarantindo suporte material para a distribuição, como por meio dacessão gratuita de veículos, até que a droga chegasse aodestinatáriofinal.

Narrouadenúncianuncater“S”trabalhadoemempregolícito,razãopela qual não teria condições de dispor de tanto numerário, com oqual adquiria drogas de terceiros, mantinha em depósito, pagavapelos serviços de vigias e tinha condição de distribuí-las naregião.

Há prova de que “L” efetuava depósitos regulares em dinheiro naconta da companheira de “S”, motivo pelo qual estaria custeando aatividadecriminosa.

Adenúnciaveioinstruídacomoinquéritodefls.____.

Oferecida a peça acusatória, foi o denunciado notificado aapresentarsuadefesapreliminar,porescrito,noprazodedezdias,

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oqueocorreu.

Napeçadefensiva,alegouquejamaissustentou“S”,quenemaomenosconhece pessoalmente, bem como que os depósitos feitos em contacorrentede“G”,companheiradoreferido“S”,consistiamemajudadecusto,umavezquesãoprimos.

Asalegaçõespreliminaresnãoservemparaafastarosfortesindíciosde que “L” financiava as atividades de “S”, motivo pelo qual adenúnciafoirecebida.

Determinou-seacitaçãodoréuedesignou-seaudiênciadeinstruçãoe julgamento, onde se realizou o interrogatório do acusado e ainquiriçãodastestemunhasarroladaspelaspartes.

Finalizada a instrução, as partes apresentaram sustentação oral,requerendooMinistérioPúblicoacondenaçãodoréu,nostermosdadenúncia, e a defesa, a absolvição, com base na inexistência deprovadeterocorridotráficodedrogas,motivopeloqualocusteionãoteriabase.1

Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Afiguratípicaprevistanoart.36daLei11.343/2006,referenteaoagente financiador do tráfico ilícito de drogas, é recente,merecedora,pois,deanálisemaisdetalhada.2

Na realidade, apurou-se, durante a investigação policial, que “L”efetuouváriosdepósitosdeelevadovalornacontacorrentemantidapor “G” junto ao Banco ____, em diversas ocasiões (documentos defls.____a____).Suaexplicaçãoparaessascondutaséoliamedeparentescomantidocom“G”,poissãoprimos.

Éumahipóteseplausível,umavezque“L”épessoaabonada,conformesedepreendedecópiadesuadeclaraçãodeimpostoderenda,aliás,apresentada pela própria defesa (fls. ____). Ao que consta, seu

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dinheiroadvémdeherançaenãopossuioacusadoprofissãodefinida.Vivederendimentoseaplicações.

Por outro lado, a única pessoa da família a quem, regularmente,auxiliaésuaprima“G”,comosepodeconstatardosdepoimentosdeoutros parentes (fls. ____, ____ e ____). A impressão por elespassadaéqueacondutade“L”representacusteiodotráficoilícitodedrogas,pois“S”énotoriamenteconhecidonobairrocomoagentedessetipodecrime.Nãohaveriasentidoemsebuscarfilantropianosustento realizado por “L”, mormente pelo fato de nem mesmofrequentaracasade“G”.Malseveem,segundoosparentesouvidos,oque,ademais,nãofoinegadopor“G”(fls.____).

Háváriostestemunhostrazidospelaacusação,dandocontadeser“S”traficante de drogas (fls. ____, ____, ____ e ____). Não seconseguiu,noentanto,nenhumfechoquantoaisso,poiselenãomaisfoi encontrado, após o início da investigação que resultou nesteprocessocontra“L”einexistelaudodeapreensãodedrogasemseupoder, nem laudo toxicológico. Em outras palavras, há testemunhosdemonstrativosdeser“S”traficanteedeque“L”oteriacusteadopor longo tempo. A materialidade do crime de tráfico ilícito desubstânciaentorpecenteinexiste.

Surge,então,aquestãoprincipal:dependeotipopenaldoart.36daLei11.343/2006daprovadocrimeantecedente?Emergeautônomo,semqualquerliamematerialcomocrimeantecedente?

Parece-nosque,nosmesmosmoldesdodelitodelavagemdecapitais,muitoemboranãoseexijaaconclusãoecondenaçãodosagentesdoscrimes descritos no art. 1.º da Lei 9.613/98, é fundamental quehaja,pelomenos,provadaexistênciadetaisdelitos.Odispostonoart.2.º,II,dareferidaLei9.613/98deveservirdebaseparaanova figura do art. 36 da Lei 11.343/2006, mormente pela elevadapenaquelhefoicominada(reclusão,de8a20anos,epagamentode1.500a4.000dias-multa).

Ora, no caso presente, há fortes indícios de que o réu “L”financiava o tráfico ilícito de drogas praticado por “S”, usando,

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como“testadeferro”suaprima“G”,aquemdirigiaodinheiro,emelevadasefrequentesquantias.

No entanto, para que o financiamento se concretizasse a ponto dejustificar uma condenação, segundo nosso entendimento, seriaimperiosa a prova da existência de tráfico ilícito de drogas porparte de “S”, mesmo que este não fosse condenado, por estarforagido.Nãohavendolaudo,nemapreensãodedrogas,cremosestarcomarazãoadoutadefesa.Nãoháprovadaexistênciadofato.Quemfinancia,financiaalgumacoisa.Otipopenaldoart.36apontaoscrimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1.º, e 34 da Lei11.343/2006. É indispensável a prova de que algum desses delitosocorreu.

Não se pode fazer tal prova, já que se cuida de delito a deixarvestígiosmateriais,3pormeiodetestemunhas,que,ademais,nenhumcontatocomadrogativeram,massomentepodematestartervisto“S”comprandoevendendoumasubstância,quelhespareceuentorpecente.4

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvooréu“L”,combasenoart.386,II,5doCódigodeProcessoPenal.6

Custasnaformadalei.P.R.I.

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito

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1 Fim do relatório. Nesse caso, o juiz, valendo-se da faculdade do art. 58, caput, da Lei 11.343/2006, preferiu chamar oprocessoàconclusãoenãodaradecisãonotermodeaudiência.

2 Elegemos, para ilustrar essemodelo de sentença, um ponto polêmico, que, certamente, estará presente nos debatesforenses.Anovafiguradoart.36daLei11.343/2006écrimedependentedaprovadamaterialidadededelitoantecedente?Cremosquesim.Senãoseevidenciarapráticade tráfico ilícitodedrogas, inexisteprovasuficienteparaseconcluirpelaexistênciadofinanciamentooucusteiodessaatividade.Lançamosoexemploparafomentar,aindamais,adiscussão.

3Art.158,CPP.

4Fimdafundamentação.

5 Absolvição vinculada ao inciso II. Em tese, não impede a propositura de ação civil de caráter indenizatório, pois o juizcriminalapenasdissenãohaverprovadaexistênciadofato,masasprovaspodemsurgirnofuturo.Entretanto,nocasodecrimeenvolvendootráficoilícitodedrogas,dificilmente,qualqueraçãodereparaçãodedanosseráproposta,poisodelitonãotemvítimadeterminada.Écrimevago.

6Fimdodispositivo.

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5.º)Sentençaabsolutória(art.386,III,CPP)

“T”foiprocessadocomoincursonoart .2.º, I,daLei8.137/90,port eromit ido,emsuadeclaraçãoderendadeajusteanual,dadosrelat ivosaumbemimóvelqueadquiriu.

____.ªVaraCriminalFederaldaSubseçãoJudiciáriade____.Processonº____.

Vistos.

“T”, qualificado nos autos, foi denunciado, como incurso no art.2.º, I, da Lei 8.137/90, pelo Ministério Público Federal, por teromitidodesuadeclaraçãoanualderendade____oimóveladquiridoduranteoúltimoano,situadonaRua____,nº____,nestaComarca,pelo valor de R$ ____ (documentos de fls. ____). Tal investigaçãofoiconcluídaporagentesdaReceitaFederal,quereceberaminformesdo cartório de Registro de Imóveis de ____, não havendojustificativaplausívelparaessaomissão.

Narealidade,apurou-sequeareferidaomissãoteveporfinalidadeocultararealrendadocomprador,profissionalliberal,quedeixade recolher, regularmente, o carnê-leão, nem paga, anualmente, otributocompatívelcomomontanteauferido.

Inviáveltornou-seatransação,poisdelajásevaleuodenunciadohátrêsanos(fls.____),1bemcomoserecusouoMinistérioPúblicoa propor a suspensão condicional do processo, por estar o réurespondendoaoutrosprocessoscriminais.2 A denúncia foi recebidaporestejuízo,pois,emborasetratedeinfraçãodemenorpotencialofensivo,dadaacomplexidadedaapuraçãododelitocontraaordemtributária,afastou-seacompetênciadoJuizadoEspecialCriminal.3

Citado,oréuapresentoudefesaprévia,ondearroloutestemunhas.

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Proferiu-se a decisão saneadora, quando algumas diligências foramdeterminadas.Após,designou-seaudiênciadeinstruçãoejulgamento.Inquiridas as testemunhas arroladas pelas partes e interrogado oacusado,foidadaapalavraaorepresentantedoMinistérioPúblico,que requereu a condenação do réu, por entender provadas amaterialidadeeaautoriadainfraçãopenal.Porsuavez,adefesamanifestou-se pela absolvição, por entender não ter ficadodemonstrada a vontade do acusado de se eximir do pagamento detributos.4

Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Oacusado,realmente,omitiudesuadeclaraçãodeimpostoderenda,cuidandodoreajusteanualdoanode____,oimóveladquiridonessaépoca.Observa-sequehouvecomunicaçãodocartóriodeRegistrodeImóveis,oquedespertouaatençãodosagentesdafiscalizaçãoeainstauração de procedimento administrativo pela Receita Federal.Chamado à repartição federal, o réu não compareceu, nem enviourepresentante. Concluída a investigação, os agentes fiscaiscomunicaram o ocorrido ao Ministério Público, que apresentoudenúncia,nosmoldesjárelatados.

Entretanto,oqueseobserva,duranteacolheitadaprova,éseroréuumapessoadeverasatrapalhadanaconduçãodeseusnegóciosedesuas contas. Desde o interrogatório, manifestou-se no sentido deter,simplesmente,esquecidodelançaroimóvelnoquadrodarelaçãodebens,masointuitonãofoideseeximirdepagamentodetributosobre sua renda. Ao contrário, sempre pagou a contento, embora,muitas vezes, com atraso, o carnê-leão, bem como apresenta rendacompatívelcomobemadquirido.

Astestemunhasouvidaspoucoesclareceramsobreosfatos,emboraovendedor tenha feito expressa menção, em seu depoimento, que oacusado, para preparar a documentação visando à assinatura daescritura, levou meses, justamente por ser pessoa complicada edesorganizadanosafazeres.Taldepoimentotornacompatívelaversão

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do réu de ser incapaz de conduzir-se de maneira apropriada e comprestezaassuasdiversasatividades.

Estejuízodeterminouarealizaçãodediligênciasjuntoaoperadorasdecartõesdecrédito,obtendoinformesademonstrarqueoréutemgastosmodestos,porém,comocaracterísticasuareiterada,pagaasfaturas com atraso e multas. Os informes bancários também sãodemonstrativosdepoucosrecursosamealhados.

Fotosdoimóvelforamapresentadaspeladefesa,dandocontadoseuestado visível de deterioração, o que também foi confirmado pelovendedor,emseudepoimento,comofitodeevidenciarobaixovalorconstantedaescritura.

Ora,associando-sequearendamensaldoacusadoécompatívelcomovalor do imóvel adquirido, bem como ser ele pessoa atrapalhada nacondução dos seus misteres, não vislumbro o elemento subjetivoespecífico,indispensávelparaaconfiguraçãododelitoprevistonoart. 2.º, I, da Lei 8.137/90 (“para eximir-se, total ouparcialmente,depagamentodetributo”).

Se, porventura, outro tributo deixou de ser recolhido – ou foirecolhido a menor, como o imposto sobre a transmissão de bensimóveis – não cabe a este juízo apurar, pois é de interesse doEstado-membroenãodaUnião.

Acondutadoacusadopodeterconfiguradoilícitotributário,mas,certamente,nãopenal.5

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvooréu“T”,combasenoart.386,III,6doCódigodeProcessoPenal.7

Custasnaformadalei.P.R.I.

Comarca,data.

_______________

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JuizFederal

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1Art.76,§2.º,II,Lei9.099/95.

2Art.89,caput,Lei9.099/95.Entendemosserpolêmicoesseobstáculo,masserveapenaspara ilustraressemodelodesentençaabsolutória (sobreo temaconsultaranota128aoart.89,daLei9.099/95,donossoLeis penais e processuaispenaiscomentadas).

3Art.77,§2.º,Lei9.099/95.

4Fimdorelatório.

5Fimdafundamentação.

6AbsolviçãovinculadaaoincisoIII.Emtese,nãoimpedeaproposituradeoutramodalidadedeaçãoextrapenal,poisojuizcriminalapenasdissenãoconstituirofatoinfraçãopenal.

7Fimdodispositivo.

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6.º)Sentençaabsolutória(art.386,IV,CPP)

“Z”foiprocessadocomoincursonoart .157,§2.º,I,doCódigoPenal,port ersubt raído,medianteempregodeameaça,exercidacomarmadefogo,oautomóvelde“B”.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processonº____.

Vistos.

“Z”, qualificado nos autos, foi denunciado, como incurso no art.157,§2.º,I,doCódigoPenal,porque,nodia____de____de____,por volta de __ horas, na Rua ____, altura do nº ____, nestaComarca,teriaabordado“B”,exigindo-lheaentregadoveículoquedirigia.Paratanto,apontou-lheumrevólvercalibre38,ameaçando-odemortecasonãocumprisseaordem.Depossedoautomóvel,fugiu.

Posteriormente, foi encontrado dirigindo o referido veículo e,levado à delegacia, submetido a reconhecimento, resultou estepositivo,quandovisualizadopelavítima.

Adenúnciafoirecebidaeoréu,citado,apresentoudefesaprévia,arrolandotestemunhas(fls.____).

Designou-seaudiênciaparaainquiriçãodavítima,dastestemunhasdeacusaçãoedastestemunhasarroladaspeladefesa,interrogando-seoacusado(fls.____).

Nosdebatesorais,oDr.PromotordeJustiçapleiteouaabsolviçãodo acusado, por entender descaracterizada a autoria da infraçãopenal.Adoutadefesarequereunomesmosentido.1

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Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Nãosequestiona,noprocesso,aprovadaexistênciadofato,poisorouboefetivamenteocorreu.

Entretanto, por infortúnio, o acusado possui um irmão gêmeo,verdadeiro autor da subtração, ora foragido. Na realidade, quandofoi detido na direção do veículo da vítima e por esta foireconhecido no distrito policial, afirmou o réu que estavaconduzindooautomóveladquiridoporseuirmão,oque,naocasião,ninguém acreditou. Nem mesmo o acusado sabia da origem ilícita docarro.

O erro era insuperável, tanto que o Ministério Público apresentoudenúncia contra “Z”. Somente em juízo, ouvidas as testemunhas eapresentadososdocumentosdefls.____,observa-seque,defato,oacusadotemumirmãogêmeo.Este,porsuavez,possuiantecedentescriminais e encontra-se foragido. A própria genitora de ambosdeclarou que, infelizmente, o réu “Z” já se envolveu em outrosproblemas por atitudes do seu irmão “R”, que nunca se pautou pelavidahonesta.

Há testemunho nos autos (fls. ___) demonstrando que “R” afirmou aváriaspessoastersubtraídooveículodavítima,pretendendovendê-loembreveaumdesmanche.

Torna-se inequívoco, portanto, não ter o réu concorrido para ainfraçãopenal.

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvo“Z”,combasenoart.386,IV,2doCódigodeProcessoPenal.3

Custasnaformadalei.P.R.I.

Comarca,data.

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_______________JuizdeDireito

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1Fimdorelatório.

2AbsolviçãovinculadaaoincisoIV:estacausanãopermiteoingressodeaçãodereparaçãodedanosnaesferacivil.

3Fimdodispositivo.

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7.º)Sentençaabsolutória(art.386,V,CPP)

“F”foiprocessadocomoincursonoart .159,§1.º,c.c.oart .29doCódigoPenal,pelapart icipaçãoemcrimedeextorsãomediante sequest ro comet ido por quadrilha, com duração demais de 24 horas e cont ra pessoamaior de 60 anos.Segundoconsta,oréu,motorist apart iculardavít ima,t eriafornecidoinformaçõessobreoshábitosdeseupat rão,a“A”,“B”,“C”e“D”,queosequest raram,exigindodafamíliaumaquant iaemdinheirocomocondiçãoparaoresgate.Osexecutoresdodelit oestãoforagidosesomente“F”encont ra-sepreso,comprisãoprevent ivadecretada.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processon.º____.Vistos.

“F”,qualificadonosautos,foidenunciadoporatuarcomopartícipedocrimedeextorsãomediantesequestro,comduraçãosuperiora24horas, contra a vítima ____, maior de sessenta anos, prestandoauxílio à quadrilha formada por “A”, “B”, “C” e “D”, por meio deinformesremetidoscomregularidade,arespeitodoshábitosdeseuempregador,aquemconduziatodososdiasàempresa,trazendo-odevoltaparacasa.Conformenarradonadenúncia,apósváriosanosdeserviços prestados, teria “F” sido abordado na região onde residepor “B”, que lhe ofereceu uma quantia em dinheiro, desde queinformasseoitineráriocostumeirodoempresário____,seupatrão,comafinalidadedeserrealizadoosequestro.Aceitandoaoferta,após dois meses, realizou-se a atividade criminosa. No dia dosfatos,“F”estavaemgozodefolga,razãopelaqualavítimacontavacomoutromotoristaemsubstituição.

Consta,ainda,dainicialacusatória,que,em____defevereirode____, por volta do meio-dia, quando se dirigia à sua residência,para almoço, o veículo em que estava o ofendido teve a trajetóriainterrompida por obstáculos de concreto, propositadamentedepositadosnaviapública,diminuindosuamarcha.Assimocorrendo,na altura do número ____ da Alameda ____, no bairro ____, nesta

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Comarca,oscoautores“A”,“B”,“C”e“D”desceramdeoutroveículo,que seguia atrás, carregando cada um deles uma arma de fogo erendendoomotorista____,queparoutotalmenteocarro.Abertasasportas,avítimafoiretiradadobancoe,colocadoumcapuzdelãemsua cabeça, terminou inserida no porta-malas do automóvel dossequestradores.Findaaação,partiramparalocalignorado.

A denúncia especificou, também, os vários contatos mantidos pelosextorsionárioscomafamíliadavítima,atéqueomontanteexigidofoipago,eoofendido,libertado.

Quando identificados, este juízo decretou a prisão preventiva detodos os envolvidos, muito embora “A”, “B”, “C” e “D” permaneçamforagidos,oqueocasionouodesmembramentodoprocesso,mantendo-seainstruçãocomrelaçãoa“F”.1

Adenúnciaveioinstruídacomoinquéritodefls.____.2

Citado, o réu “F” apresentou defesa prévia, contendo o rol dastestemunhas.

Durante a instrução, ouviram-se a vítima, quatro testemunhasarroladaspeloMinistérioPúblicoetrês,peladefesa,interrogando-seoacusado.

Nosdebatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuacondenação do acusado, por entender devidamente provadas amaterialidadedodelitoeaparticipaçãodoréu.Adefesapleiteouaabsolvição do réu, por ter ficado satisfatoriamente demonstrada asuanãoconcorrênciaparaarealizaçãodocrime.3

Éorelatório.Decido.

Aaçãoéimprocedente.

Inconteste,defato,éamaterialidadedodelito.Avítima____,nodia ____ de fevereiro de ____, por volta do meio-dia, quandotrafegavapelaAlameda____,alturadonúmero____,teveseuveículo

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interceptadopelosagentes“A”,“B”,“C”e“D”,queotrancafiaramnoporta-malasdeoutrocarro,fugindodolocal.4

Em momento algum, imputou-se ao acusado “F” a prática de atosexecutórios, motivo pelo qual se deve analisar a sua eventualparticipaçãonarealizaçãododelito.

Fundou-se a acusação, em suas alegações finais, para requerer acondenaçãodoréu,nosdepoimentosdastestemunhas“W”e“G”(fls.____e____),queteriamouvidofalaracercadacolaboraçãode“F”com os demais executores do sequestro. Narraram, ainda, asmencionadas testemunhas que, após o recebimento do resgate e asoltura da vítima, “F” deu início à reforma de sua casa, não sesabendodeonderetiroudinheiroparatanto.

Desdeoinício,quandoouvidonapolícia,mantendoamesmaversãoemjuízo, o acusado negou a participação na extorsão mediantesequestro.

Osexecutoresdainfraçãopenalestãoforagidosenenhumadeclaraçãodelesfoicolhida.

O ofendido, quando ouvido em declarações,5 afirmou desconhecerqualqueratitudesuspeitadeseuex-motorista,emrelaçãoàligaçãocomossequestradores,bemcomoreiterouintegralconfiançaem“F”,quesomentefoidespedidoporinsistênciadafamíliadodeclarante.

Éverdadequeatestemunha“V”afirmoutervisto“F”conversandoemumbar,algumtempoantesdosfatos,com“B”,umdossequestradores,jamais imaginando que ambos mantivessem relacionamento amistoso(fls.____).Talsituaçãofoinegadapeloacusado(fls.____).

As testemunhas apresentadas pela defesa alegaram desconhecercompletamente a ocorrência do sequestro da vítima e muito menosteriamrazãoparasuporque“F”trairiaaconfiançadeseupatrão.Enalteceram sua honestidade e qualidades morais, além de serexcelenteesposoepaidedicado(fls.____,____e____).6

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Nãohánenhumaprovadireta7arespeitodaparticipaçãodoacusado“F” no delito de extorsão mediante sequestro praticado contra avítima ____. Indícios8 foram colhidos durante a investigaçãopolicialeconsistiram,basicamente,emdoispontos:osdepoimentosde “W” e “G”, que teriam ouvido dizer ter “F” colaborado com ossequestradores,bemcomoportersidovistopor“V”conversandocomumdoscoautores.

Após, em juízo, “W” e “G” acrescentaram outro elemento à suspeitasobreaparticipaçãode“F”,relativaàreformadesuacasa,semquesetivessenotíciadaprocedênciadodinheiro.

Respeita-se, como regra, em processo penal, o princípio daprevalência do interesse do réu (in dubio pro reo), equivalendo adeverseradecisãocondenatórialastreadaemprovasfirmestantoemrelaçãoàexistênciadocrimequantoacercadaautoria.Nãosepodelevaremconsideraçãoindíciosfrágeisparaapoiaracondenação,sobpenadesecontribuirparaaformaçãodelamentávelerrojudiciário,o que a Constituição Federal expressamente comprometeu-se aindenizar.9

Aprovacalcadanoouvirdizeréfrágilpornaturezaesomentedeveseraceitacasopossaserconfirmadaporoutroselementosbaseadosem dados certos e precisos. Por outro lado, as desconfianças dosvizinhos“W”e“G”,emrelaçãoaodinheiroconseguidopor“F”paraareformadesuacasa,sãomerasconjecturas,aliásalgonegadopeladefesa,nasalegaçõesfinais.E,nesseprisma,nãocuidouaacusaçãodedemonstrararealizaçãodamencionadaobra.10

Outro aspecto a merecer consideração é o contato mantido entre oacusado“F”eosequestrador“B”,temposantesdapráticadocrime.Embora o réu tenha negado, o depoimento de “V” foi convincente.Parece-nosqueeles,realmente,seencontraram,porémnãosetemamenor ideia a respeito do assunto por eles entabulado. É viávelsupor que “F” tenha refutado o encontro como medida natural deautoproteção, calcada no seu legítimo direito à autodefesa. Aindaque a conversa tenha se referido a tema diverso, distante dosequestro,tornar-se-iaincômodoaoréuadmitirconhecer,dealgum

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modo,umdosexecutoresdosequestro.

Por derradeiro, não se pode deixar de observar a inexistência desuspeita da própria vítima em relação ao seu empregado “F”, quesemprelhefoileal.

Amaterialidadedodelitoficoucabalmentedemonstradaenãoseestáanalisando,nesteprocesso,ascondutasdoscoautores“A”,“B”,“C”e“D”.

Quantoa“F”,pode-seasseverarnãoexistirprovasuficientedetereleconcorridoparaaconcretizaçãodaextorsãomediantesequestro.11

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvo“F”daimputaçãoquelhefoifeita,comfundamentonoart.386,V,12doCPP.13

Expeça-sealvarádesoltura.14

Custasnaformadalei.

P.R.I.

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito

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1Aseparaçãodoprocessoé recomendadaparaque “F”,preso,nãoaguarde, indefinidamente,oseu julgamento,atéquesejamdetidososoutroscorréus(art.80,CPP).

2Tendoemvistaqueamaioriadasdenúnciasérecebidasemfundamentação,torna-seconvenientequeojuiz,pelomenos,mencioneestaradenúnciaacompanhadadoinquéritopolicial(oudeoutraspeçaseprovaspré-constituídas), indicandoasfolhas. Cuida-se de um modo peculiar de apontar de onde extraiu sua convicção para receber a peça acusatória,determinandoacitaçãodoréu.

3Fimdorelatório.

4 Fundamentação não vinculativa. O juiz do processo de “F” pode fazer referência a outros corréus, cujos feitos foramdesmembradoseserãoapreciadosnofuturo,possivelmenteporoutromagistrado.Talsituaçãonãolhesprejudicaráaampladefesa,nemocontraditório.Aconvicçãodojulgadorde“F”nãosetransfereaosjulgamentosde“A”,“B”,“C”e“D”.

5Avítimadocrimeéouvidaemdeclaraçõesenãoéconsideradatestemunha,nemcompromissadaadizeraverdade(art.201,CPP).Ojuizvalora,livremente,asuaversãoemconfrontocomasdemaisprovas.

6Sãoastestemunhasdecondutasocial(tradicionalmente,denominadastestemunhasdeantecedentes).

7 Prova direta (não fundada em indícios) é a mais confiável. Ex.: uma testemunha narra que viu o réu colaborando,efetivamente,paraaocorrênciadodelito.

8Indícios(art.239,CPP)sãoprovasindiretas.Nocasopresente,ostestemunhosdeouvirdizer.Somentepodemseraceitosparasustentarumacondenaçãoquandoemnúmerosuficienteparagerarcertezanoespíritodojulgador.Lembremosquesetratadeumprocessodeindução(conhece-sealgonovoemdecorrênciadasuficiênciadeelementosisolados,devidamenteprovados,que,somenteemconjunto,fazemsentido).

9Art.5.º,LXXV.

10 Como decorrência do princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5.º, LVII, CF), o ônus da prova cabe,primordialmente,àacusação.Nessecaso, seháumasuspeita sobreaorigemdodinheiro conseguidopelo réu, torna-sefundamentalaatividadepersecutóriadoEstadoparaaveriguar.

11Fimdafundamentação.

12Aabsolviçãoconcentrou-senainsuficiênciadeprovasacercadaconcorrência(participaçãomaterialoumoral)doréuparaapráticadainfraçãopenal.Nessecaso,poderiahaver,nofuturo,existindooutrasprovas,açãocivilindenizatória.

13Fimdodispositivo.

14EmdecorrênciadanovasistemáticaimpostapelaConstituiçãoFederalde1988,consagrandooprincípiodapresunçãodeinocência,nãomaisseaplicaodispostonoart.386,parágrafoúnico, I,doCPP.Emoutraspalavras,oréuabsolvidoserásemprecolocadoemliberdade.

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8.º)Sentençaabsolutória(art.386,VI,CPP)

“O”foiprocessadocomoincursonoart .129,§2.º,III,doCódigoPenal,port erdesferidoumgolpecomummachadoem“I”,provocandoaperdadoseubraçoesquerdo.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processonº____.

Vistos.

“O”, qualificado nos autos, foi denunciado, como incurso no art.129, § 2.º, III, do Código Penal, porque, no dia ____ de ____ de____,naRua____,nº____,nestaComarca,durantebrigaenvolvendovários familiares, teria desferido um golpe com um machado em seuprimo“I”,causando-lheaperdadobraçoesquerdo,conformelaudodeexamedecorpodedelitodefls.____.

Apurou-se que o referido golpe foi dado quando a vítima seencontravadecostas,envolvidaemlutacorporalcom“R”.

Adenúnciafoirecebidaeoréu,citado,apresentoudefesaprévia,arrolandotestemunhas(fls.____).

Designou-seaudiênciaparaainquiriçãodavítima,dastestemunhasdeacusaçãoedastestemunhasarroladaspeladefesa,interrogando-seoacusado(fls.____).

Nosdebatesorais,oDr.PromotordeJustiçapleiteouacondenaçãodo acusado, por entender provadas a materialidade e a autoria dainfraçãopenal.Adoutadefesarequereuaabsolvição,porteragidooréuemlegítimadefesaprópriaedeterceiro.1

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Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Não se questiona, no processo, a prova da existência do fato, bemcomoaautoria.Sãosituaçõesincontroversas.

Desdeaprimeiravezemquefoiouvido,aindanafasepolicial,oréuadmitiuterdesfechadoogolpecomomachadoemseuprimo“I”,porémalegoutê-lofeitoemlegítimadefesa.Afirmouqueoofendidoestava embriagado e, nesse estado, torna-se incontrolável, motivopeloqualdeuinícioaumadiscussãoemfamília,envolvendoirmãoseprimos,quelogoterminouemlutacorporal.Quandoavítimapartiupara cima de “R”, buscando esganá-la, em face dos xingamentos porela proferidos, o interrogando resolveu agir. Tomou o primeiroinstrumento à sua frente e agrediu “I”, que, sentindo o golpe,largou“R”esaiucorrendo.

As testemunhas ouvidas, tanto da acusação quanto da defesaconfirmaram essa versão, com algumas modificações e inexatidões(fls.____,____,____,____e____).2Oquadrogeral,noentanto,éfavorávelaoacusado.

A vítima “I” sempre foi considerada agressiva e, particularmenteperigosa, quando embriagada. No dia dos fatos, chegou ao local jáalcoolizada e começou a discutir com todos os presentes. “R”, quejamaissuportousuaconduta,passouaxingá-lo,quandofoiporeleatacada.Oréutomouomachadoqueestavacolocadoatrásdaportaedesferiuogolpenobraçodoofendido.

Vislumbra-se,narealidade,alegítimadefesadeterceiro,masnãoprópria,pois“I”nãoestavaatacando“O”,nemdavamostrasdequeiriafazê-lo.

O representante do Ministério Público, na realidade, requereu acondenaçãodoréuporentenderexcessivaasuareação,desfechandoviolento golpe com um machado para fazer cessar uma briga entreparentes.Oresultadofoiaperdadobraçoesquerdo,caracterizando

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lesão corporal gravíssima. Assim, a falta de moderação, um dosrequisitos da legítima defesa (art. 25, CP), não se encontrariapresente,merecendoserelecondenadoporexcessodoloso.

Nãonosconvenceoargumento,poisoréudeuumúnicogolpe,nãoseexcedendo.Naverdade,comonãoencontrououtroinstrumentoàmão,menos vulnerante que o machado, terminou por se valer de objetonecessárioaocasoconcreto.Outrodosrequisitosdalegítimadefesaé, justamente, a utilização de meio necessário, entendendo-se seraquelequeestáàdisposiçãodoagentenomomentodaagressão.

Poroutrolado,éincontestetersidoaagressão,provocadapor“I”,injusta e atual, voltada contra a vida de “R”, havendo, portanto,proporcionalidadeentreosbensemconfronto.Parasalvaravidade“R”,valeu-sedoinstrumentonecessário,provocandoalesãocorporaldenaturezagravíssima.3

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãoeabsolvooréu“O”,combasenoart.386,VI,4doCódigodeProcessoPenal.5

Custasnaformadalei.P.R.I.

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito

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1Fimdorelatório.

2Ojuizpodemencionarumaumdosdepoimentos,conformequeiradestacaralgunsaspectosparticulares.Porém,quandoo quadro for único, com versões muito semelhantes, é possível agrupar todas as narrativas das testemunhas fazendoreferênciaao“todo”produzidoeindicandoasfolhasondeosdepoimentossãoencontrados.

3Fimdafundamentação.

4Absolviçãovinculadaao incisoVI.Estacausanãopermiteo ingressodeaçãodereparaçãodedanosnaesferacivil. “I”haverádesuportarodanosofridosempoderexigirdoréu“O”qualquertipodeindenização,poisfoiocausadordareaçãoqueotornouvítima.Note-sequeoincisoVItrazoutrassituaçõesdeabsolvição,inclusivetratandodeexcludentesdeculpabilidade.Épossível,portanto,haverindenização,emoutroscasosconcretos.Emsuma,nemsempreaabsolviçãocombasenoincisoVIafastaapossibilidadedehaverreparaçãocivildodano.

5Fimdodispositivo.

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9.º)Sentençaabsolutóriaimprópria(art.386,VI,c.c.parágrafoúnico,III,CPP)

“S”foiprocessadocomoincursonoart .213doCódigoPenalporestuprar“D”.Apurou-seserenfermomentalàépocadosfatos,sementenderocaráterilícit odasuaconduta.

____.ªVaraCriminaldaComarcade____.Processonº____.

Vistos.

“S”, qualificado nos autos, foi denunciado porque, no dia 7 dedezembrode2011,naAv._____,alturadonúmero____,bairro____,nesta Comarca, teria abordado a vítima “D”, quando, mediante oempregodeviolência,consistenteemsocosechutes,arrastou-aaumterrenobaldionasimediações.Apartirdisso,teriaconstrangidoaofendida,aindasevalendodeforçafísica,apermitirquecomelapraticasseconjunçãocarnal.

Adenúnciaveioinstruídacomoinquéritodefls.____.

Oferecida a peça acusatória, foi o denunciado citado paraapresentar,porescrito,asuaresposta.

Deixou de fazê-lo no prazo, razão pela qual este juízo nomeou-lhedefensordativo.

Napeçadefensiva,admitiuapráticadelituosa,oquejáhaviafeitono interrogatório policial, afirmando não possuir capacidade deentenderocaráterilícitodofatoporpadecerdedoençamental.

Asalegaçõespreliminaresforamsuficientesparaquesedeterminasse

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a realização do incidente de insanidade mental, autuando-se emapenso e suspendendo-se o curso do feito. Nomeou-se curador doacusadooprópriodefensor.1

Concluído o incidente e homologado o laudo, prosseguiu-se nainstrução,designando-seaudiênciadeinstruçãoejulgamento.

Ouviram-se testemunhas de acusação e de defesa, realizando-se ointerrogatóriodoréu.

Finalizadaainstrução,aspartesdebateramoralmente,requerendooMinistério Público a absolvição do acusado, com a imposição demedida de segurança de internação por, pelo menos, três anos; adefesarequereuaabsolvição,comaimposiçãodamedidadesegurançadetratamentoambulatorial.2

Éorelatório.DECIDO.

Aaçãoéimprocedente.

Apráticadoestupro,figuratípicaprevistanoart.213doCódigoPenal, foi devidamente comprovada. A materialidade vem estampadapelolaudodeexamedecorpodedelitodavítima(fls.____),alémdosdepoimentosdastestemunhas____(fls.____)e____(fls.____).

Soboutroaspecto,aautoriaéinduvidosa,pois,alémdoacusadoteradmitido a conduta, a vítima prestou declarações, confirmando tersido constrangida, mediante o emprego de violência, à conjunçãocarnal.

O crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Provou-se atipicidade, além de não se vislumbrar nenhuma excludente deilicitude em favor do réu. Entretanto, em face do exame deinsanidade mental, realizado no apenso, comprovando ainimputabilidadedoacusado,nãoháculpabilidade.

Dispõeoart.26doCódigoPenalserinimputávelquem,àépocadofato,nãotemcondiçõesdeentenderocaráterilícitodofatooude

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determinar-sedeacordocomesseentendimento,justamenteasituaçãodoréu,quepadecede___________(doençamental).Assimsendo,nãosofre o juízo de censura, impedindo-se o preenchimento daculpabilidade.3

Anteoexposto,julgoimprocedenteaaçãopenal,comfundamentonoart. 386, VI, c. c. parágrafo único, inciso III, do Código deProcesso Penal, aplicando-lhe a medida de segurança de internaçãopeloprazomínimodetrêsanos.4

Estabeleceoart.97doCódigoPenaldevaserfixadaainternação,quando o fato típico praticado pelo réu for apenado com reclusão,queéocasodoestupro.Porém,independentementedessadisposiçãolegal,olaudopericialapontaparaanecessidadedetratamentoemregime hospital fechado, em face do grau de periculosidadediagnosticado.5

Custasnaformadalei.P.R.I.6

Comarca,data.

_______________JuizdeDireito

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1. Havendo suspeita de inimputabilidade ou semi-imputabilidade, deve o juiz determinar a instauração do incidente deinsanidademental,baixandoportariaeautuando-seemapenso.Nomeiacuradoraoacusado,quepodeserseudefensor.Aspartes (acusação e defesa) apresentamos quesitos para o perito responder.Após, realiza-se a perícia.Do resultado, aspartes são intimadas para se manifestar sobre a conclusão do perito. Na sequência, o magistrado homologa o laudo edeterminaoprosseguimentodoprocessoprincipal.

2.Fimdorelatório.Nessecaso,ojuizpreferiuchamaroprocessoàconclusãoenãodaradecisãonotermodeaudiência.

3.Fimdafundamentação.

4.Ainimputabilidadeécausadeexclusãodaculpabilidade,acarretandoaabsolviçãodoacusado,emboraexijaaimposiçãodemedidadesegurança–espéciedesançãopenal,cujafinalidadeéacuradoenfermomental–consistenteeminternaçãooutratamentoambulatorial.Denomina-seasentençadeabsolutória imprópria,porque,emboraabsolvidooréu,terminaporrecebersançãopenal.

5. Embora o art. 97 do Código Penal determine a fixação da internação para delitos apenados com reclusão, tem-seentendido,najurisprudência,quecabeaojuiz,conformeolaudopericial,avaliarefixaramaisadequadamedidadesegurançaaoacusado,seinternaçãooutratamentoambulatorial.

6.Fimdodispositivo.

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10)Sentençajudicialdeaplicaçãodamedidasocioeducativadeinternação

Processon.º:

VISTOS.

__________, qualificado a fls. ___, foi representado, apreendidopreventivamente e está sendo processado pela prática de atoinfracional equiparado a latrocínio, por fato ocorrido em _____,conformedescriçãofeitanarepresentaçãodefls.____.

A representação foi recebida em ___, com decisão de decretação dainternação provisória e posterior designação de audiência deapresentação(fls.____).

O adolescente e seus pais foram devidamente cientificados daacusaçãoenotificadosparacomparecimentonaaudiênciaacompanhadosdeadvogados(fls.___).

Após a oitiva do adolescente e de seus responsáveis, bem como daapresentação da defesa prévia (fls.____), na audiência emcontinuaçãoforamouvidasduastestemunhas(fls.____).

Emalegaçõesfinais,oMinistérioPúblicorequereuaprocedênciadarepresentação com aplicação de medida de internação (fls.__), aopasso que a defesa, sustentando a tese de que o adolescente nãotinhaintençãodemataravítima,requereuadesclassificaçãodoatoinfracional para o equiparado a roubo simples, com a aplicação demedidadiversadainternação(fls.___).

Osrelatóriostécnicosmultidisciplinaresseencontramafls.___.

ÉORELATÓRIO.1

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DECIDO.

Aaçãosocioeducativadeveserjulgadaprocedente.

A materialidade dos fatos está demonstrada pelo boletim deocorrênciadefls.___,pelolaudonecroscópicodefls.____epelaprovatestemunhal.

Aautoriatambémestácomprovada.

Emprimeirolugar,oadolescenteadmitiuapráticadofato,aoserouvidoemjuízo,sobocrivodocontraditórioedaampladefesa,napresençadeseudefensoredosgenitores.

Corroborandoaconfissãojudicial,estáodepoimentodatestemunha____, ouvida na audiência em continuação (fls. ___), que afirmou:____.Outratestemunha(fls.___)tambémalegouque:____.

Dessemodo,comprovadasamaterialidadeeaautoria,aprocedênciadaaçãoéderigor.

Passoaindividualizaramedidasocioeducativaadequadaàconcretasituaçãodojovem.2

Oatoinfracionalédesumagravidade,poispraticadocomempregodearmadefogoeviolênciaqueculminounamortedavítima.

Os relatórios técnicos indicam que ______ não possui respaldofamiliar adequado, reside com a genitora, que tem outros cincofilhosderelacionamentosdiferentes,edescreveuarelaçãomaritalcomogenitordorepresentadocomoinstável,relatandoque,duranteagestaçãodojovem,omaridoresolveuviajareretornoudoismesesdepois informando ter-se casado. A partir dessa data, abandonou afamília.3

Além disso, os referidos relatórios informam ter o representadoafirmado a escolha do roubo, como meio para ganhar dinheiro e nãomais depender da genitora. Indagado sobre seu projeto de vida,

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“demonstrou dificuldade para elaborá-lo, que era dependentefinanceiramente da mãe, não estudava e não tinha emprego” (fls.___). Acerca da gravidade da sua conduta, disse que “não vênecessidade da privação de liberdade prolongada, acrescendo,inclusive,quepodeserevoltarmais”(fls.___).

Alémdisso,orepresentadoéreincidenteejápassoupormedidasdeprestação de serviços à comunidade pela prática de furto (fls.____),semquedissoresultassemefeitospositivos.

Dessaforma,aimposiçãodamedidadeinternaçãopareceseromelhorinstrumentoparaqueoadolescentepossacompreenderagravidadedoato praticado e receber os encaminhamentos necessários para umaefetivasocialização.

Ante o exposto, julgo procedente a ação socioeducativa e, comfundamento no art. 122, I, do ECA, aplico ao adolescente ____,qualificadonosautos,amedidadeINTERNAÇÃO,semprazodeterminadoecomreavaliaçõesacargodoJuizdaexecução.

Em obediência ao princípio constitucional da proteção integral ediante da necessidade de um pronto encaminhamento socioeducativo,determino a imediata inserção do adolescente na medida aplicada,ficando antecipada a tutela para fins de segurança, preservação eêxitodoprocessosocializador,conferindodesdejá,paraocasodeeventual recurso de apelação, o efeito meramente devolutivo, nostermosdoart.520,incisoVII,doCódigodeProcessoCivilc.c.oart.198doECA.4

Oficie-se à Fundação ____ para que providencie a transferência doadolescente para a unidade mais adequada, no prazo máximo de 10dias,sobpenaderesponsabilidade.

P.R.I.C.

Comarca/data.

_______________

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JuizdeDireito

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1Asentença,naaçãosocioeducativa,devesersimilaràproferidanoprocessocomum.Por isso,é fundamentalconterorelatório (descritivodosatosprocessuais),a fundamentação (motivosde fatoededireito)eodispositivo (aconclusãodoprocesso:procedênciaouimprocedência,comafixaçãodamedidacabívelemcasodeprocedência).

2 A medida socioeducativa precisa ser corretamente individualizada para atender o superior interesse do adolescente,servindoparaasuareeducação.

3Paraa fixaçãodamedidaadequadaémuito importanteconsultaros relatóriosproduzidospelaequipe técnica,poiselespodemapontarexatamenteacarênciaeavulnerabilidadedojovem,emparticularparaefeitodemedidasocioeducativa.

4NosistemaprocessualdoECA,inexisteainternaçãoprovisóriaduranteafaserecursal–comoocorrecomapreventivanocampoprocessualpenal.Entretanto,hájovensquenecessitampermanecersegregados,apósaprolaçãodadecisão,afinal,estavamprovisoriamenteafastadosdoconvíviosocialefamiliarduranteainstruçãoereceberamamedidadeinternaçãoparasercumpridaapóso trânsitoem julgado.Dessamaneira,encontra-senoprocessocivila respostapara tanto, recebendoeventual apelação do adolescente somente no efeito devolutivo, mantendo-se a internação provisória a título de tutelaantecipada.

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11)Sentençaparaadolescenteinfratoraplicandomedidasocioeducativadesemiliberdade

Proc.n.º_______

Vistos.

FulanodeTal,qualificadonosautos,foirepresentadopelapráticadeatoinfracionalcorrespondenteaosdelitostipificadospeloart.155,caput,doCódigoPenal,eart.14daLei10.826/2003,porque,nodia___de___,porvoltadas11h15,naAv.________,n.º____,bairro____,nestacomarcade_______,traziaconsigooitomuniçõesintactas de calibre 38, sem autorização e em desacordo comdeterminaçãolegalouregulamentar.

Consta, ainda, da representação, que no dia __ de ____ de ______,porvoltadas10h,naRua_______,centro,nestacidadeecomarcade___________,orepresentadosubtraiu,parasi,umaantenaparabólicaeumabicicletapertencentesàvítima___________.

Recebidaarepresentação(edecretadaacustódiaprovisória),1foioadolescentecitadoeouvido(fls.____).2

Após,emaudiênciadecontinuação,colheu-seaprovaoral,ouvindo-se a vítima e as testemunhas arroladas pelas partes. Em debatesorais,orepresentantedoMinistérioPúblicorequereuaaplicaçãodemedidasocioeducativadesemiliberdade.Porsuavez,adefesapugnoupelaabsolviçãoouaplicaçãodemedidaemmeioaberto.

Éorelatório.

FUNDAMENTO.

Arepresentaçãoéprocedente.

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Amaterialidadeestácomprovadapeloboletimdeocorrência(fl.___)eautodeexibiçãoeapreensão(fl.___),associadaàprovaoral.

A autoria também está devidamente comprovada. O adolescenteconfirmou os fatos como narrado na representação (fls. ___). Opolicial _______ confirmou a apreensão da munição em poder doadolescente (fl. ____). Quanto ao ato infracional equiparado aofurto, narra a testemunha __________ ter apreendido a res furtivacomomenor,queprontamenteadmitiuseusatos(fl.___).

Assim, a confissão foi corroborada por prova testemunhal idônea,suficienteparacomprovaçãodapráticadoatoinfracional.

A tese levantada pela defesa, consistente em negativa de autoria,nãomereceacolhida,pelasrazõesjáexpostas.

Demonstradas autoria e materialidade, passo a dosar a medidasocioeducativaaseraplicadaaoadolescente.

Creio suficiente a imposição de medida de semiliberdade, conformeparecerdodoutorepresentantedoMinistérioPúblico.

Oadolescentevemreiterandoatosinfracionais,conformedemonstraodocumento de fls. ___, sendo necessária a aplicação de medidasocioeducativamaisseveraqueomeioaberto,afimdenãosurtiraoadolescente a falsa impressão de impunidade e também com afinalidadedereadaptá-loaoconvíviosocial.

Além disso, o jovem não tem condições de cumprir medida em meioaberto, pois prefere viver nas ruas em vez de seguir as regrasimpostas pela irmã, parente responsável, ante a ausência dosgenitores.

MedidamaisbrandanãosurtiráosefeitosbuscadospeloEstatutodaCriança e do Adolescente. Considerando-se a conduta tomada,demonstrounecessitaroacompanhamentodeprofissionaisqueatuarãono sentido de restabelecer valores perdidos com a prática dainfração.

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Asemiliberdaderepresentaamedidamaisadequadaaocasodosautos.Revela-seomeiomaishábilapromoverareintegraçãoàsociedade.

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE a representação em face de_____________, para o fim de impor a medida de semiliberdade, porprazoindeterminado,comrelatóriostrimestrais,acrescidadamedidaprotetiva de oferta de tratamento psicológico em regimeambulatorial,nostermosdoart.101,incisoV,doECA.Oficie-seàPrefeituraparadisponibilizaçãodevaganotocanteaotratamento.Oficie-seàunidade_____paradesenvolveroprogramaindividualdeatendimentoreferenteàsemiliberdade.

P.R.I.C.

Comarca,data.

_______________JuízadeDireito

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1Ainternaçãoprovisóriadeveserdecretadaemcasosconcretosexcepcionais,quandohouver insegurançaparaoprópriomenorouparaaordempública.Oidealémanteroadolescenteemliberdade,enquantorespondeàaçãosocioeducativa.

2O ideal é ouvir os pais ou responsável do adolescente, assim comoeste último.Senão foremencontrados, é precisonomearumcuradorespecial.Naturalmente,o jovemnãopodeserprocessadosemdefensor.Não tendosidoconstituído,devesernomeadoumdativoouacompanhadopordefensorpúblico.

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1.

2.

Conceitoeefeitos

Éo direito da parte, na relação processual, de se insurgir contra determinadas decisões judiciais,requerendoasuarevisão,totalouparcial,porórgãojurisdicionalsuperior.Lembremosque,noscasosdecompetênciaoriginária,podenãocaberrecursoalgum(ex.:umdeputadofederaléjulgadopeloPlenáriodoSTF;condenadoouabsolvido,nãohárecursoparareavaliaroméritodadecisão).Osrecursosdevemser voluntariamente interpostos. Eventualmente, quando houver previsão legal, o juiz deve submeter adecisão proferida ao duplo grau de jurisdição obrigatório ou reexame necessário, o que se chama,indevidamente,derecursodeofício(art.574,CPP).1

Sãoefeitosdosrecursos:a)devolutivo,permitindoqueotribunal(ouaturmarecursal,nasinfraçõesde menor potencial ofensivo) para o qual é dirigido reveja, integralmente, a matéria sujeita àcontrovérsia;b) suspensivo, significandoqueadecisãonãoproduzefeitosatéque transite em julgado(decisõesabsolutóriasnãosesubmetemaoefeitosuspensivo,somenteascondenatórias);c)regressivo,autorizandoqueopróprioórgãoprolatordadecisãoreexamineaquestão,voltandoatrás,modificando-a(éo juízode retratação,queocorre, por exemplo,quando se ingressa com recursoemsentidoestrito,possibilitandoaomagistradoreversuadecisão,alterando-a).2

Pressupostosdeadmissibilidade

Para que um recurso seja recebido, processado e conhecido, há que se respeitar determinadospressupostos: a) objetivos: a1) cabimento, isto é, deve haver previsão legal expressa para suainterposição;a2)adequação,devendo-seutilizarexatamenteorecursoprevistoemleiparatalhipótese;a3) tempestividade, significando que necessitam ser apresentados no prazo legal; b) subjetivos: b1)interesse,somentepodendorecorrerapartequedemonstrerealinconformismo,ouseja,tenha,dealgummodo, sucumbido;b2) legitimidade, devendo ser interposto, como regra, porquemépartena relaçãoprocessual.

Umdosprincipaispressupostosdeadmissibilidadedorecursoéaadequação.Assim,sea lei,porexemplo, determina a utilização de recurso em sentido estrito paramanifestar inconformismo contra asentença de pronúncia, não é possível a parte valer-se da apelação. Entretanto, por vezes, havendodúvidaquantoaorecursoaserutilizado,nãoexistindomá-fédaparte,épossívelainterposiçãodeum

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3.

recursoporoutro(art.579,CPP),oquesedenominadefungibilidadedosrecursos.

Recursoemsentidoestrito

É o recurso cabível contra decisões interlocutórias, quando se tratar de hipótese expressamenteprevistaemlei(arts.581a592,CPP).Essaéaregra,masháexceções,valendoorecursoemsentidoestritoparaimpugnardecisõesterminativasdemérito:a)contradeclaraçãodeextinçãodapunibilidade(art.581,VIII,CPP);b)contradecisãoqueconcedeounegahabeascorpus,considerando-seestaumaautênticaação(art.581,X,CPP).

Quantoàsdemaishipótesesdoart.581,sãoautênticasdecisõesinterlocutórias,contraasquaisaindaseutilizaorecursoemsentidoestrito:a)nãorecebimentodadenúnciaouqueixa(inc.I);b)concluirserincompetenteojuízo(inc.II);c)julgamentodeprocedênciadasexceções,excetosuspeição(inc.III);d)pronúncia (inc. IV); e) concessão, negativa, arbitramento, cassação ou declaração de inidoneidade dafiança(inc.V);f)indeferimentodepedidodedecretaçãodeprisãopreventiva(inc.V);g)revogaçãodeprisãopreventiva(inc.V);h)concessãodeliberdadeprovisóriaourelaxamentodeprisãoemflagrante(inc. V); i) decretação de quebra ou perda da fiança (inc. VII); j) indeferimento de extinção dapunibilidade(inc.IX);k)anulaçãodoprocesso,duranteainstrução,notodoouemparte(inc.XIII);l)inclusãoouexclusãodejuradodalistageral(inc.XIV);m)denegaçãodeapelaçãooudeclaraçãodesuadeserção(inc.XV);n)suspensãodoprocesso,emvirtudedequestãoprejudicial(inc.XVI);o)decisãodoincidentedefalsidade(inc.XVIII).

Sãohipótesesquepassaramàórbitadoagravoemexecução:a)concessão,negativaourevogaçãodasuspensão condicional da pena (inc. XI), lembrando que, quando a concessão ou negativa se der nasentençacondenatória, cabeapelação;b) concessão,negativaou revogaçãodo livramentocondicional(inc.XII);c)decisãosobreunificaçãodepenas(inc.XVII);d)decisõesrelativasamedidasdesegurança(incs.XIX,XX,XXI,XXIIeXXIII).

Cuida-se de decisão nãomais existente no sistema penal: conversão damulta emdetenção ou emprisãosimples(art.581,XXIV,CPP).AhipótesedeixoudesubsistirapósaLei9.268/96,quemodificouoart.51doCódigoPenal.

Oprazoparaainterposiçãodorecursoemsentidoestritoédecincodias(ouvintedias,nocasodeinclusão ou exclusão de jurado na lista) e o processamento se dá por instrumento (formam-se autosapartados,quesobemaotribunal,enquantooprincipalcontinuanaVaradeorigem),exceto:a)nocasodereexamenecessário (concessão ou denegação dehabeascorpus); b) não recebimento de denúncia ouqueixa; c) procedência das exceções; d) pronúncia; e) extinção da punibilidade; f) em hipóteses deinexistênciadeprejuízoparaoprosseguimentodainstrução.Nessassituações,osautosprincipaissobemaotribunalparaprocessamentoeconhecimentodorecursoemsentidoestrito.

O recurso em sentido estrito, como regra, não tem efeito suspensivo, exceto no caso de perda dafiançaedenegaçãodaapelaçãooudeclaraçãodesuadeserção.Deveser julgadopelo tribunal (órgãocolegiado), salvo quando se tratar de inclusão ou exclusão de jurado, quando a decisão caberá ao

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Presidente do Tribunal de Justiça (crimes da esfera estadual) ou ao Presidente do Tribunal RegionalFederal(crimesdaalçadafederal).

Lembremos,ainda,queo recursoemsentidoestritoprovocaoefeito regressivo, istoé,possibilitaqueojuiz,conhecidasasrazõesecontrarrazõesdaspartes,possaretratar-se,modificandosuadecisão.Setalsituaçãoseder,bastaàoutraparte,inconformadacomareforma,pedirasubidadosautos(oudotraslado)aotribunal,comosefosserecursoqueinterpôs,servindoascontrarrazõesqueapresentoucomosuasrazões.

Valeressaltar,porfim,queháprevisãoparaautilizaçãodorecursoemsentidoestritoemlegislaçãoespecial.Ex.:CódigodeTrânsitoBrasileiro(Lei9.503/97,art.294,parágrafoúnico).

Correiçãoparcial

Éorecursovoltadoàcorreçãodeerrosdeprocedimentocometidospelojuizaoconduziroprocesso,provocandoinversãotumultuáriadosatosefórmulaslegais.PrevistonaLei5.010/66(art.6.º,I),temoseuprocessamento (prazo e trâmite) reguladona formado recurso em sentido estrito.Esta tem sido aposiçãomajoritária,embora,emalgunsEstados,acorreiçãoparcialsigaoprocessamentodoagravo,talcomoprevistonoprocessocivil.

Agravoemexecução

É o recurso a ser utilizado contra todas as decisões proferidas em execução penal (art. 197, Lei7.210/84).Deveser interpostonoprazodecincodiasesegueomesmotrâmitedorecursoemsentidoestrito. Seu efeito é meramente devolutivo, exceto quando o juiz expedir ordem para desinternar ouliberaralguémdocumprimentodemedidadesegurança.Nestahipótese,hátambémoefeitosuspensivo.

Apelação

Éorecursoutilizadocontradecisõesdefinitivas,quejulgamextintooprocesso,apreciandoounãoomérito, devolvendo à instância superior amplo conhecimento damatéria (arts. 593 a 603,CPP).Esseseria o mais adequado conceito, plenamente aplicável às hipóteses do art. 593, I (contra sentençasdefinitivasdecondenaçãoouabsolvição,proferidasporjuizsingular)eIII(contradecisõesdoTribunaldo Júri),mas que não se encaixa perfeitamente às hipóteses do inciso II (contra decisões definitivas,proferidas por juiz singular, quando não couber recurso em sentido estrito).Neste último caso, vê-se,claramente, ter a lei atribuído à apelação um caráter residual, isto é, ainda que se trate de decisãointerlocutória, não cabendo recurso em sentido estrito, utiliza-se a apelação. Exemplo: decisãohomologatóriadelaudodeinsanidademental.

Portanto,emprocessopenal,aapelaçãoévoltadaparaasdecisõesjudiciaisdeprimeirograu,queenvolvem omérito propriamente dito, vale dizer, condenações ou absolvições. Nomais, é adequado

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consultar,primeiramente,oroldoart.581(recursoemsentidoestrito).Nãosendoviávelnenhumadessashipóteses, mas possuindo a decisão força de interrupção do curso do processo, ingressa-se comapelação.

O prazo para interposição é de cinco dias, contados da data da intimação (e não da juntada domandado, se for pessoal, aos autos). A parte interessada ingressa, inicialmente, com a petição deinterposiçãodirigidaaomagistrado.Recebidooapelopelojuiz,háoprazodeoitodiasparacadaparte(apelanteeapelado)oferecerasrazões,quesãodirigidasaoTribunal.Sehouverassistentedeacusação,ele terá três dias para oferecer razões, após oMinistério Público. Caso a ação seja privada, após oquerelante oferecer razões, o Ministério Público terá três dias para apresentar as suas. É viável aapresentaçãodasrazões,seassimfordeclaradonapetiçãodeinterposição,diretamentenoTribunal(art.600,§4.º,CPP).Lembremosqueoréupodeapelarpessoalmente,semaintervençãodoseuadvogado(assinaráotermodeapelação).Entretanto,asrazõesficamsobaresponsabilidadedodefensor.

Aapelaçãopodequestionartodooconteúdodadecisãoousomentepartedele(art.599,CPP).Algumaspeculiaridadesaressaltar:a)quantoàssituaçõesespeciaisdoTribunaldoJúri(art.593,III,aad),éprecisolembrarque,logo

napetiçãodeinterposição,oapelantedeveindicaromotivodoseuinconformismo,istoé,emqual(ouquais)alínea(s)fundamenta-seseurecurso.Posteriormente,quandooferecerasrazões,ficaráadstritoaotemaanteriormenteexposto.Ex.:sepretenderecorrercontraadecisãoproferidanoPlenáriodoTribunaldoJúriporqueachouapenaelevadademais,indicaráaalíneacdoincisoIIIdoart.593.E,nasrazões,somentedapenateceráconsiderações.Casoopteporquestionarainjustiçadacondenação,fundaráseuapelonaalíneaddoreferidoincisoIII.EisoconteúdodaSúmula713doSTF:“OefeitodevolutivodaapelaçãocontradecisõesdoJúriéadstritoaosfundamentosdasuainterposição”;

b)pararecorreremliberdadebastaquenãoseencontrempresentesosrequisitosdoart.312doCPP(prisãopreventiva).Nãomaisselevaemconsideração,exclusivamente,aprimariedade/reincidênciaouosbons/mausantecedentesdoacusado.Entende,ainda,oSTFinaplicávelodispostonoart.595doCPP,vale dizer, a fuga do réu não impede o conhecimento de seu apelo, pois o direito ao recurso não sevinculaàpossibilidadedesefurtaràaplicaçãodaleipenal.Nãohámaisadeserçãoaserimpostacombasenessaregra;

c)aapelaçãocontradecisõesabsolutóriastemapenasefeitodevolutivo,nuncasuspensivo.Ex.:seoréuestápreso,sendoabsolvido,aindaqueoMinistérioPúblicorecorra,seráprontamentecolocadoemliberdade. Contra decisões condenatórias, a apelação tem os efeitos devolutivo e suspensivo (não seaplica mais o disposto no art. 393, I, do CPP, para que não se ofenda o princípio constitucional dapresunçãodeinocência);

d)seoMinistérioPúbliconãointerpuserapelação,podeoofendido,ouaspessoasindicadasnoart.31doCPP(cônjuge,ascendente,descendenteeirmão),fazê-losupletivamente(art.598,CPP).

Embargosdedeclaração

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Trata-sedo recursovoltadoaoesclarecimentodoconteúdodeumasentençaouacórdão,quandoadecisãoforomissa,contraditória,obscuraouapresentarambiguidade.Afinalidadeésanarafalha,aindaque,paratanto,omagistradooutribunaltenhaquemodificaroseudispositivo.

Osembargosdedeclaração,naessência,nãoconstituemrecurso,poissãovoltadosaomesmoórgãoprolatordadecisãoviciada,masesseéotratamentoconcedidopeloCódigodeProcessoPenal.Quandointerpostoemprimeirograu,fundamenta-senoart.382(nessecaso,adoutrinacostumadenominá-lode“embarguinhos”); seapresentadoem tribunal, abase legal éencontradanosarts.619e620.Deve serinterpostoemdoisdias,contadosdaciênciadadecisão.

Oconteúdodorecursoconcentra-seemapontaraoórgãojulgadorqualfoiaomissão(deixouojuizde cuidar de ponto relevante levantado pela parte), a contradição (incoerência entre uma afirmação eoutraconstantesnamesmadecisão),aobscuridade(frasessemsentido,nãopossibilitandoainteligênciadoquefoidecidido)ouaambiguidade(afirmaçõesquepossuemduplosentido,gerandoequívoco).

Protestopornovojúri

Era um recurso privativo da defesa contra decisão condenatória proferida no Tribunal do Júri,quandoimpunhaaoréuapenaigualousuperioravinteanosporumdelito,permitindo-seaanulaçãodoprimeirojulgamentoeaocorrênciadeoutro,dando-lhenovaoportunidade.

Foi extinto pela Lei 11.689/2008. Em nosso entendimento, por se tratar de recurso, insere-se nocontextopuramenteprocessualpenal,razãopelaqual,assimqueentrouemvigorareferidalei,deixoudeexistir o protesto por novo júri. Alguns autores pretendem conceder ao referido recurso o caráter denormaprocessualpenalmaterial,ouseja,oprotestopornovojúriseriaaplicávelatodososcasoscujofatocriminosotivessesidopraticadoantesdasuaformalextinção.Nãonosparececorretaessavisão.Asnormas processuais penaismateriais são aquelas que lidam com direito penal, como, por exemplo, adecadência.Umavezreconhecida,acarretaaextinçãodapunibilidade.Oprotestopornovojúrinãotemqualquerligaçãocomdireitopenal.Cuidava-se,exclusivamente,derecursoemfavordoacusado.Umavezextinto,cessaimediatamenteapossibilidadedesuautilização.

Cartatestemunhável

Cuida-sedeumrecursopeculiar,destinadoaprovocaroprocessamentoouoconhecimentodeoutrorecurso,paraqueestepossaserdevidamenteencaminhadoàinstânciasuperior(arts.639a646,CPP).Seo juizobstaroprosseguimentodorecursoemsentidoestritoao tribunal, semamparo legala tanto,cabeàparteinteressadainterporcartatestemunhável.Estaéutilizadaquandonãohouveroutrorecursocabível.Ex.:seomagistradoindeferiroprocessamentodeapelação,caberecursoemsentidoestrito(art.581, XV, CPP), logo, inexiste razão para interpor carta testemunhável. Porém, se indeferir oprocessamentoderecursoemsentidoestrito,ocaminhoéacarta.

Deveserapresentadaaoescrivão,emprimeirograu,ouaosecretáriodotribunal(emgrausuperior),

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nas48horas (doisdias) seguintes àdecisãoque indeferiuoprocessamentodo recurso. Indicam-seaspeças necessárias para compor o instrumento, apresentando-se razões, no prazo de dois dias. Nasequência,apartecontrária,tambémemdoisdias,oferececontrarrazões.

Embargosinfringentesedenulidade

Éum recursoprivativoda defesa, visando à garantia de uma segunda análise damatéria decididapelaturmajulgadora,notribunal,porterhavidomaioriadevotos,ampliando-seocolegiado(art.609,parágrafo único, CPP). Ex.: o réu é condenado por dois votos contra um; ingressa com embargosinfringentes para que a turma julgadora, originalmente formada por três desembargadores, passe a serconstituídaporcinco;logo,épossívelinverteradecisãoquelhefoidesfavorável,nosexatoslimitesdovotovencido.

Embora a denominação do recurso pareça indicar duas espécies – por mencionar embargosinfringentes e denulidade –, trata-se somente de um.Quando amatéria discutida ligar-se aoméritopropriamentedito(questãodedireitopenal),denomina-seorecursodeembargosinfringentes.Poroutrolado, discutindo-se tema vinculado a vícios processuais (questão de processo penal), denomina-se orecursodeembargosdenulidade.

Deve ser interposto no prazo de 10 dias, contados da publicação do acórdão recorrido, jáacompanhadodasrazões.

Recursoespecial

Cuida-se de recurso excepcional, dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, voltado a garantir aharmonia da aplicação da legislação federal, evitando que esta seja desrespeitada pelos tribunaisregionaisouestaduais.Busca-se, ainda,harmonizarquestõesdedireito,que tenhamsidodecididasdemaneiradiversaportribunaisregionaisouestaduaisdiferentes.Ex.:seriaviávelorecursoespecialparaque o STJ padronizasse o entendimento quanto à aplicação de um determinado benefício penal. Se oTribunalde JustiçadeumEstadodiz serpossívelaplicarsursis paracrimehediondoeoTribunaldeJustiça de outro Estado recusa tal aplicação, torna-se curial que o Superior Tribunal de Justiça,conferindounidadeaoentendimentodalegislaçãofederal,dêasuainterpretação.

Ashipótesespara interposiçãode recursoespecialestãoprevistasnoart.105, III,daConstituiçãoFederal:a)decisãoquecontrariatratadoouleifederalounega-lhesvigência;b)decisãoquejulgaválidoatodegoverno local contestado em facede lei federal; c) decisãoqueder a lei federal interpretaçãodivergentedaquelhehajaatribuídooutrotribunal.

Oprazoédequinzedias,contadosdaciênciadapublicaçãodoacórdão.Interpõe-seaoPresidentedo Tribunal de onde se originou o acórdão impugnado. Juntamente com a petição de interposição,apresentam-seasrazões.Emquinzedias,apartecontráriaofereceascontrarrazões.

Amatéria objeto do recurso especial deve ter sido suscitada durante o processo e expressamente

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apreciadapeloTribunalrecorrido.Éodenominadoprequestionamento.Cabeojuízodeadmissibilidade,analisando-senãosomenteatempestividadeeointeresserecursal,

masse,realmente,estápreenchidaalgumadashipótesesprevistasnaConstituiçãoFederal.Logo,podehaverrejeiçãodorecurso,restandoàparteainterposiçãodeagravodeinstrumento(veritemabaixo).

Recursoextraordinário

Trata-se de outro recurso excepcional, nesse caso dirigido ao Supremo Tribunal Federal, com afinalidade de garantir a harmonia da aplicação da legislação infraconstitucional, em face das normasconstitucionais, evitando-se que estas sejam desautorizadas por decisões judiciais. Cabe recursoextraordinário contra: a) decisão que contraria dispositivo constitucional; b) decisão que declara ainconstitucionalidadede tratadoou lei federal;c)decisãoque julgaválida leiouatodegoverno localcontestadoemfacedaConstituiçãoFederal;d)decisãoquejulgaválidaleilocalcontestadaemfacedeleifederal(art.102,III).

Oprazoédequinzedias,contadosdaciênciadapublicaçãodoacórdão.Interpõe-seaoPresidentedo Tribunal de onde se originou o acórdão impugnado. Juntamente com a petição de interposição,apresentam-seasrazões.Emquinzedias,apartecontráriaofereceascontrarrazões.

Damesmaformacomoocorrenorecursoespecial,amatériadeduzidanorecursoextraordináriodeveter sido suscitada pela parte no processo e expressamente apreciada pelo Tribunal recorrido. É odenominadoprequestionamento.

Cabeojuízodeadmissibilidade,analisando-senãosomenteatempestividadeeointeresserecursal,masse,realmente,estápreenchidaalgumadashipótesesprevistasnaConstituiçãoFederal.Logo,podehaverrejeiçãodorecurso,restandoàparteainterposiçãodeagravodeinstrumento(veritemabaixo).

Lembremosquehánecessidadededemonstraçãodarelevânciadaquestãoconstitucionaldiscutida.SeoSTF,porvotodedoisterçosdosseusmembros,entendernãosermatériaderepercussão,pode-sevedaroconhecimentodorecursoextraordinário(art.102,§3.º,CF).Essademonstraçãodeveserfeita,em preliminar, nas razões do recurso extraordinário apresentado.Quem irá, primeiramente, realizar ojuízo de mera admissibilidade é o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem, conformedisposição do Regimento Interno dessa Corte. Negado seguimento por ausência de demonstração darepercussãonacional,cabe,comojámencionado,agravodeinstrumento.

Agravodeinstrumentodedecisãodenegatóriaderecursoespecialouextraordinário

Se o Presidente do Tribunal (ou Vice-Presidente, conforme preveja o Regimento Interno de cadaTribunal) negar seguimento ao recurso especial ou extraordinário, cabe agravo de instrumento, a serinterpostonoprazodecincodias,acontardaintimaçãodadecisão,dirigidoaoSTJ,emcasoderecursoespecial, ou ao STF, em caso de recurso extraordinário. A previsão encontra-se no art. 28 da Lei

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8.038/90.Oagravoseráinstruídocomaspeçasindicadaspelaspartesecomaspeçasobrigatórias(cópiada

decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados,quandoforocaso,alémdacópiadoacórdãorecorridoedapetiçãode interposição,comas razõesecontrarrazões),devendoserremetidoaoTribunalSuperior(STJouSTF,conformeocaso).3

Recursoordinárioconstitucional

Há hipóteses, constitucionalmente previstas, em que o processamento de recurso para o SuperiorTribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal, contra determinadas decisões, dá-seautomaticamente,istoé,semojuízoespecíficodeadmissibilidadeeconveniência,obrigatórionoscasosdos recursos especial e extraordinário. Funcionaria como se fosse uma “apelação”. Manifestado oinconformismonoprazolegal,processa-seorecurso,encaminhando-oaotribunalcompetenteparajulgá-lo.

Para o Supremo Tribunal Federal, cabe recurso ordinário constitucional, na esfera criminal, nasseguinteshipóteses (art.102, II,CF):a)contradecisõesdenegatóriasdehabeascorpus decididas porTribunais Superiores (Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral e Superior TribunalMilitar);b)contradecisõesdenegatóriasdemandadodesegurançadecididasporTribunaisSuperiores(SuperiorTribunaldeJustiça,TribunalSuperiorEleitoraleSuperiorTribunalMilitar);c)contradecisãocondenatóriaouabsolutóriaproferidaporjuizfederaldeprimeirainstânciaemcasodecrimepolítico.

Para oSuperiorTribunal de Justiça, cabe recursoordinário constitucional, na esfera criminal, nasseguinteshipóteses (art.105, II,CF):a)contradecisõesdenegatóriasdehabeascorpus decididas porTribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais; b) contra decisões denegatórias demandado desegurançadecididasporTribunaisdeJustiçaeTribunaisRegionaisFederais.

Publicada a decisão, tem a parte interessada o prazo de cinco dias para apresentar a petição deinterposiçãodorecursoordinárioconstitucional,jáacompanhadodasrazões,quandosetratardehabeascorpus.Cuidando-sedemandadodesegurança,oprazoédequinzedias.Apósorecebimento,abre-sevista ao Ministério Público, que, em dois dias, oferecerá contrarrazões. Na sequência, o recurso éencaminhadoaoSTFouSTJ,conformeocaso,parajulgamento.

Agravoregimentalnostribunais

É o recurso utilizado para impugnar qualquer decisão lesiva ao interesse da parte, proferida pormembro de tribunal, dirigindo-se ao órgão colegiado. O processamento do agravo é previsto noRegimentoInternodecadaTribunal.Oprazodeinterposição,comoregra,édecincodias,contadosdaciênciadadecisãotomadapelointegrantedoTribunal(Presidente,Vice,Relator).

SeufundamentolegalestáprevistonaLei8.038/90(arts.20,II,25,§2.º,28,§5.ºe39).

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16. Reclamação

Éaaçãodenaturezaconstitucional,comefeitoderecurso,contradecisõesquedeixemdecumprirosjulgadosdostribunais(incluindo,nessecontexto,assúmulasvinculantes),ofendendoasuaautoridadeouusurpandoasuacompetência.Assim,exemplificando,seotribunaldeuprovimentoaorecursoemsentidoestrito, para que a prisão preventiva seja efetivada contra o réu, não pode omagistrado furtar-se aocumprimento,aindaqueacheerrôneooposicionamento.

Areclamaçãotemporfimmanteraautoridadedainstânciasuperior.Encontraprevisãonoart.13daLei8.038/90,bemcomonoart.103-A,§3.º,daConstituiçãoFederal.

DeveserdirigidaaoPresidentedoTribunal,cujadecisãonãovemsendocumprida,instruídacomadocumentaçãonecessáriaeseráautuadaedirigidaaorelatordacausaprincipal.Nãoháprazoespecíficoparasuainterposição,emboranãopossaserapresentadaapósotrânsitoemjulgadodoatojudicialquese alega tenha desrespeitado a decisão do tribunal, a teor da Súmula 734 do STF. O relator podesuspenderoatocautelarmente,sevislumbrarprejuízoirreparável.Colhem-seinformaçõesdaautoridadeaquemforimputadoodescumprimento,queterá10diaspararesponder.OMinistérioPúblicoéouvidoapós.OjulgamentodeveserrealizadopeloPlenáriodaCorte,possibilitandoque,sejulgadaprocedenteevislumbradamá-fédaautoridadejudicial,possa-sesolicitaraoórgãocompetentemedidasdecaráterpunitivocontraela.

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Procedimentosesquemáticos

1.º)Esquemaparaidentificaçãodorecurso

A)DECISÃO/DESPACHONÃOTRANSITADOEMJULGADO

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

–cabívelnashipóteseselencadasnoart.581CPP(rol

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RECURSOEMSENTIDOESTRITO(RESE)art.581CPP

taxativo)

–atençãoaosincisosdoart.581CPPondeatualmenteéutilizadoagravoemexecução:XI*,XII,XVII,XIX,XX,XXIIeXXIII

*vernota41aoart.581donossoCPPcomentado.

Petiçãodeinterposição(juizcompet.)+

Razões(endereçadasaoTribunal,masprotocoladosem1.°grau)

5dias

(interposição)+2dias(razões)excetoinc.XIV(20dias)

POSSÍVEL

APELAÇÃOart.593CPP

–decisõesdefinitivascondenatóriasouabsolutóriasoucomforçadedefinitivasproferidasem1.a

instância

Petiçãodeinterposição(paraojuizcompetente)+razõesendereçadasaoTribunal,masprotocoladasem1.°ouem2.ºgrau,§4.º–art.600CPP

5dias(interposição)+8dias(razões)

Obs.:10dias–art.82,§1°,daLei9.099/95

NÃOÉPOSSÍVEL

EMBARGOSDEDECLARAÇÃOarts.382e619CPP

–cabemfrenteàsentençaouacordãoambíguo,obscuro,contraditórioouomisso.em1.ºgrau–art.382CPPem2.°grau–art.619CPP

Peçaúnica,comrazões.

1–Endereçadaaojuizsentenciante–1.ºgrauou

2–Endereçadaaorelatordoacórdão–2.ºgrau

2dias

OprópriojuizouTribunalanalisa,masnãochegaaserretrataçãoesimcomplementaçãoàdecisão,quandoprovido.

EMBARGOSINFRINGENTESEDENULIDADEart.609par.únicoCPP

–emdecisõesde2.°graunãounânimesnotodoouemparte,desfavoráveisaoacusado,proferidasemRecursoemSentidoEstrito,ApelaçãoouemAgravoemExecução.

INFRINGENTES–adivergênciaversasobremérito,visandoreformaradecisãorecorrida.NULIDADE–adivergênciaversasobrenulidade,visandotornarsemefeitoadecisãorecorrida

–privativodadefesa

Peçadeinterposição+razõesapresentadasconcomitantemente,endereçadasaoRelatordoAcórdão

10dias NÃOÉPOSSÍVEL

B)DECISÃOCOMTRÂNSITOEMJULGADO

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

NÃOCABERECURSOPodecaberHABEASCORPUS(AÇÃO)

arts.647e648CPP

–sentençatransitadaemjulgado,qdoocorrercoaçãoouconstrangimentoilegal,observadaemrazãodenulidade,ausênciadejustacausa(art.5°,LXVIII,daConstituiçãoFederal)

*Tambémcabívelindependentementededecisãotransitadaemjulgado,quandoocorrerameaçaoucoaçãoilegal–arts.647e648CPP

Peçaúnica,comrazões,endereçadaàautoridadejudiciária,obedecendoregrasdecompetência(dosTribunais)

Nãoháprazo NÃOÉPOSSÍVEL

–frenteaprocessosfindos,

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NÃOCABERECURSOPodecaberREVISÃOCRIMINAL(AÇÃO)art.621CPP

comdecisãotransitadaemjulgado,nashipótesesprevistasnoart.621CPP:novasprovas,decisãocontráriaàleiouàevidênciadosautosou,ainda,baseadaemprovasfalsas.

–privativodadefesa

Peçaúnica,comelementosdeumapetiçãoinicial.Competência–origináriadosTribunais

Nãoháprazo NÃOÉPOSSÍVEL

C)HABEASCORPUSOUMANDADODESEGURANÇANEGADOSEM2.aINSTÂNCIAE3.aINSTÂNCIA

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

RECURSOORDINÁRIOCONSTITUCIONAL(ROC)

arts.102,II,a,e105,II,aeb

ConstituiçãoFederal

–senegadaordemdeHabeasCorpuseMand.Segurançaem2.ºgrau(TribunaisEstaduaiseRegionaisFederais)ou3.ºgrau(TribunaisSuperiores)VerLei8.038/90–art.30ess.

Petiçãodeinterposição+Razõesapresentadasconcomitantemente,dirigidaaoPresidentedoTribunalquedenegouaordem

HC–5dias(art.30Lei8.038/90)

MS–15dias(art.33Lei8.038/90)

NÃOÉPOSSÍVEL

D)DECISÕESINTERLOCUTÓRIASPROFERIDASNÃOABRANGIDASPELORECURSOEMSENTIDOESTRITO

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

CORREIÇÃOPARCIAL(LeideOrg.JudiciáriadoEstado)

–quandonodecorrerdoprocessohouverinversãotumultuárianaordemlegaldosatosprocessuais(art.6.°,IdaLei5.010/66)

Petiçãodeinterposição+

Razõesapresentadasconcomitantementeaojuiz

queproferiuadecisãoindicandoaspeçasaserem

trasladadas

10dias POSSÍVEL

CARTATESTEMUNHÁVEL(art.639ess.CPP)

–emcasodedecisãodenegatóriaderecebimentoouprosseguimentoderecursoemsentidoestritoouagravoemexecução

Petiçãoendereçadaaoescrivãodocartórioindicando,inclusive,aspeçasaseremtrasladadaseasrazões

48horas POSSÍVEL

AGRAVOEMEXECUÇÃO(LeideExecuçãoPenal)

–emdecisõesproferidasnaexecuçãocriminal(art.197daLei7.210/84–LEP)

Petiçãodeinterposição+

Petiçãoderazõesendereçadasaojuizda

execução

5dias(interposição+

2dias(razões)POSSÍVEL

AGRAVOREGIMENTAL(RegimentoInternodosTribunais)

–frenteadecisõesdoPresidentedoTribunalouTurmaouaindadoRelatorEx.:quandonãoreceberembargosinfringentesedenulidade,embargosdedeclaraçãoerevisãocriminal

Petiçãodeinterposição+

Petiçãoderazões5dias* POSSÍVEL

*RISTF–art.317:5diasRISTJ–art.258:5dias

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E)DECISÕESDETRIBUNAISEST.,REG.FED.,SUPERIORES,COLÉGIOSRECURSAIS,CONFORMEOCASO

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

RECURSOESPECIAL(art105,IIIConstituiçãoFederaleLei8.038/90art.26)

–dascausasdecididasemúnicaouúltimainstânciapelosTribunaisdeJustiçaEstaduaisoupelosTribunaisRegionaisFederaisquecontrariemLeiouTratadoFederal*.ÉdecompetênciadoSTJ*ounegar-lhesvigência;julgarválidoatodegovernolocalcontestadoemfacedaleifederal;deràleifederalinterpretaçãodivergentedaqueIhehajaatribuídooutrotribunal.

Petiçãodeinterposição+

Petiçãoderazões15dias NÃOÉPOSSÍVEL

RECURSOEXTRAORDINÁRIO(art.102,IIIConstituiçãoFederaleLei8.038/90art.26)

–dasdecisõesproferidasemúnicaouúltimainstânciaquecontrariemaConstituiçãoFederal*.ÉdecompetênciadoSTF*contrarlardispositivodaCF;declararinconstitucionalidadedetratadoouleifederal;julgarválidaleiouatodegovernolocalcontestadoemfacedaCFejulgarválidaleilocalcontestadaemfacedaleifederal

Petiçãodeinterposição+

Petiçãoderazões15dias NÃOÉPOSSÍVEL

F)ILEGALIDADESOUABUSOSDEPODERNÃOAMPARADOSPORHABEASCORPUS

PEÇA QUANDOCABÍVEL? FORMADEAPRESENTAÇÃO PRAZO JUÍZODERETRATAÇÃO

MANDADODESEGURANÇAart5.°LXIXdaConstituiçãoFederaleLei12.016/2009(AÇÃO)

–quandohouverilegalidadeouabusodepodernãoamparadoporhabeascorpus,emqualquermomentoprocessualEmmatériacriminal:nãoadmissãodeinteressadocomoassistentedoMP,buscaeapreensãoexcessivanosdelitosdepropriedadeimaterial,recusaarbitráriadevistadosautosaadvogado,nçodevoluçãoinjustadebensemfasedeInquèritoPolicial

Peçaúnica,observandonelacontertodososcoatorelementosdaPetiçãoinicial.Competência=autoridadejudiciária(verquadropròprio)

120diasdoatocoator NÃOÉPOSSÍVEL

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2.°)Recursoemsentidoestrito

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3.°)Correiçãoparcial

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4.°)Agravoemexecução

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5.°)Apelação

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6.°)ApelaçãonaLei9.099/95

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7.°)Embargosdedeclaraçãodesentença

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8.°)Embargosdedeclaraçãodeacórdão

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9.°)Cartatestemunhável

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10)Embargosinfringentesedenulidade

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11)Recursoespecial

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12)Recursoextraordinário

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13)Recursoordinárioconstitucional

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14)Agravoregimental

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15)Análisedoart.581doCPP

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16)Análisedoart.593doCPP

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17)ApelaçãodesentençadoTribunaldoJúri

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18.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

20)

21)

22)

23)

Modelosdepeças

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoemsentidoestritoemcasodepronúncia

Petição de interposição e contrarrazões de recurso em sentido estrito em caso depronúncia

Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeapelaçãoemcasodecondenaçãoporcrimecomum

Petição de interposição e contrarrazões de apelação emcaso de condenaçãopor crimecomum

Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeagravoemexecução

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdeagravoemexecução

Petiçãodeinterposiçãoerazõesdecorreiçãoparcial

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdecorreiçãoparcial

Embargosdedeclaraçãodesentença

Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedesentença

Embargosdedeclaraçãodeacórdão

Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedeacórdão

Cartatestemunhávelerazões

Embargosinfringentesedenulidade,noaspectonulidade

Embargosinfringentesedenulidade,noaspectoinfringência

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoespecial

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoespecial

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoextraordinário

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoextraordinário

Interposiçãodeagravodeinstrumentodedespachodenegatórioderecursoespecial

Razõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

Interposiçãodecontrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

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25)

26)

27)

28)

29)

30)

31)

24) Interposiçãodeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Interposiçãoderazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Interposição de contrarrazões de agravo de despacho denegatório de recursoextraordinário

Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

Petiçãoerazõesdeagravoregimentalcontradecisãoderelatoremtribunal

Reclamação

Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoordinárioconstitucional

Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesemrecursoordinárioconstitucional

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1.º)Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoemsentidoestritoemcasodepronúncia

“F” foipronunciadoporhomicídioqualif icadopelomot ivo fút il e recursoque impossibilit ouadefesadavít ima,nãohavendo exame necroscópico nos autos. O juiz, ainda assim, entendeu presente amaterialidade da infração penal,alegando haver corpo de delit o indireto. O réu, que contestara a prova de exist ência do delit o, havia alegado,subsidiariamente,aocorrênciade legít imadefesa, igualmenteafastadanapronúncia.Omagist radopermit iuqueoacusadoaguardasseojúriemliberdade.Comoadvogadode“F”,interponhaorecursocabível.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaradoJúridaComarca____.1

Processon.º____

“F”,qualificadoafls.____,porseudefensordativo,nosautosdoprocesso que lhe move o Ministério Público,2 inconformado com adecisão de pronúncia, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,interporopresente

RECURSOEMSENTIDOESTRITO,

com fundamento no art. 581, IV, do CPP, requerendo seja o mesmorecebido e, levando-se em consideração as razões em anexo,3 possahaver o juízo de retratação,4 com a finalidade de impronunciar oacusado.5 Assim não entendendo Vossa Excelência, requer oprocessamento do recurso, remetendo-o ao Egrégio Tribunal deJustiça.

Termosemque,desnecessáriaaformaçãodeinstrumento,6

Pededeferimento.

Comarca,data.

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_______________

Defensor

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1EmComarcasondenãoháVaraPrivativadoJúri,afasedeformaçãodaculpatramitaemVaraCriminalcomum.Somenteapósapronúnciatransitaremjulgado,remete-seofeitoaoTribunaldoJúri.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3A leiprocessualpenalpermitequeseofereça,primeiramente,apetiçãode interposiçãodorecursoemsentidoestritoe,recebidoeste,sejamoferecidasasrazões(art.588,CPP).Nadaimpede,noentanto,queorecorrenteapresente,desdelogo,asrazõesquepossua,emespecial,quandonãoseformarinstrumento,agilizandooprocessamento.

4Orecursoemsentidoestritopossuiefeitoregressivo,istoé,possibilitaaojuizprolatordadecisãocontraaqualseinsurgeapartequerefaçaoseuentendimento,modificandoojulgado(verart.589,CPP).

5Seojuizmodificaradecisão,impronunciadooréu,caberáàpartecontrária,porsimplespetição,recorrerdanovadecisão.Nãohánecessidadedeoutrasrazões,poisaspartesjáderamseusargumentos(art.589,parágrafoúnico,CPP).Embora,apartirdaLei11.689/2008,caibaapelaçãocontraaimpronúncia,asingelaapresentaçãodapetiçãoésuficiente,poisasrazõesjáforamoferecidas.

6Nestecaso,orecursosobenosprópriosautosdoprocessoprincipal.Logo,nãoseindicapeçaalgumaparaaformaçãodoinstrumento.Checaroscasosemquesepedeaformaçãodoinstrumentonoart.583,CPP.

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Razõesderecursoemsentidoestrito

____.ªVaradoJúridaComarca____

Processon.º____

Recorrente:“F”

Recorrido:MinistérioPúblico7

EgrégioTribunal8

Oréu“F”foipronunciadocomoincursonaspenasdoart.121,§2.º,IIeIV,doCódigoPenal,porque,nodia____,naestrada____,por volta das ____ horas, teria empurrado a vítima “G” da ponte,fazendocomquecaíssenoleitodeumrio,desaparecendonaságuas.Oacusadoteriaagidoàtraição,colhendooofendidoportrás,bemcomo por motivo fútil, consistente em desavença de menorimportância, resultado de briga anterior por torcida de time defutebol.9

Adecisãodefls.____,entretanto,nãopodeprevalecer.Oart.413,caput,doCódigodeProcessoPenalestabelecedoisrequisitosindispensáveisparasedeterminarojulgamentodoréupeloTribunaldo Júri: prova da existência do crime e indícios suficientes deautoria.

Quantoàmaterialidade,inexiste,nosautos,provadaexistênciadainfraçãopenal,umavezqueavítima,nadatadosfatos,talcomorelatadonadenúncia,caiudeumaalturadecercadecincometros,naságuasdeumrioedesapareceu.Podeestarviva,pois,emmomentoalgum, seu corpo foi encontrado e, consequentemente, submetido aexamepericialobrigatório(art.158,CPP).

Cuida-se de decisão periclitante encaminhar o acusado ajulgamentopeloTribunalPopularsemaprovainequívocadamortedavítima. Ademais, não consta que ela não soubesse nadar ou quetivesse caído de altura mais do que razoável para que sua mortefossealtamenteprovável.

Por tais motivos, vislumbra-se a inexistência de prova da

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materialidadedodelito.

Quantoàautoria,nãosenegateroréuentradoemlutacorporalcomoofendidoe,emfacedisso,terestecaídonaságuasdorio.Oprópriorecorrente,dandomostrasdesuasinceridade,desdeafasepolicial,admitiuessefato.Entretanto,disseclaramenteteragidoemlegítimadefesa,oquenãofoisatisfatoriamenteconsideradopeloilustrejulgador.10

Ambossedesentenderam,realmente,momentosantes,porquestõesbanais.Porém,quemperseguiuoacusadopelaestrada,quandoestesedirigiaàsuaresidêncianaFazenda____,foiavítima.AoatingiremaPonte____,quepassasobreoRio____,oofendidodeuviolentosoco nas costas do réu, que, ato contínuo, entrou em luta com oagressor. A partir desse momento, possivelmente por perder oequilíbrio,caiuavítimanorio.

Talcenafoipresenciadapelatestemunha____(fls.____),queconfirma integralmente a versão dada pelo réu. Comprovada, semsombradedúvida,alegítimadefesa,casoavítimatenhamorridoemvirtude da queda, somente para argumentar, deveria o réu serabsolvido sumariamente, nos termos do art. 415, IV, do Código deProcessoPenal.

Por derradeiro, ainda somente para argumentar, caso seja apronúnciamantida,éderigoroafastamentodasqualificadoras.11

Não houve motivo fútil, pois este não se configura quando hádiscussão e agressão física entre réu e vítima, conforme pode serconstatado na doutrina, através da lição de ____.12 Najurisprudência,domesmomodo,pode-secitaroseguinte:____.13

No mesmo diapasão, inexistiu recurso que impossibilitou adefesa,consistenteemtraição.Sehouve,comojámencionado,lutacorporal entre réu e ofendido, torna-se ilógico falar em ataquerealizado à socapa. Logo, ambas as qualificadoras merecem serafastadas,pornãoencontraremrespaldonaprovadosautos.

Do exposto, conclui-se que inexiste prova suficiente damaterialidade para a pronúncia. Assim não entendendo esse EgrégioTribunal,torna-seimperiosaaabsolviçãosumáriadoacusadoou,aomenos,sejamasqualificadorasafastadas,poisdessemodofar-se-áatãoalmejadaJUSTIÇA.

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Comarca,data.

_______________

Defensor

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7Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizandojustiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

8Háqueminsira,também,“ColendaCâmara”e“DoutaProcuradoriadeJustiça”.Trata-sedeumaquestãodeestilo.

9 Faz-se, na ordem, um breve relato da pronúncia, para, após, levantar-se preliminares, relativas a eventuais falhasprocessuais.Nocasopresente,nãohavendonulidadesasanar,adefesaseguediretamenteparaoméritodadecisãodepronúncia,considerandoosdoisrequisitosindispensáveis:materialidadeeautoria.

10Atacou-se,inicialmente,aausênciadeprovadaexistênciadocrime.Porém,porcautela,seforultrapassadaessaquestão,invocaadefesatesealternativa,queéadaocorrênciadelegítimadefesa.Nãohácontradição,masapenascautela.

11Trata-sedeoutra tesealternativa, comaqualpodeedeve jogaradefesa.SeoTribunalentendercabívelapronúncia,melhorseriaaoréuquefosseporhomicídiosimplesenãoqualificado.

12Mencionarliçãodoutrináriacorrespondente.

13Citaralgumacórdãoaplicável.

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2.º)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoemsentidoestritoemcasodepronúncia

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaradoJúridaComarca____.1

Processon.º____

OMinistérioPúblicodoEstadode____,2nosautosdoprocesso-crimequemovecontra“F”,qualificadoafls.____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,apresentarassuas

CONTRARRAZÕESDERECURSOEMSENTIDOESTRITO,

requerendo que, recebidas estas, seja a decisão de pronúnciaintegralmentemantida,3remetendo-seofeitoaoEgrégioTribunaldeJustiça.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1EmComarcasondenãoháVaraPrivativadoJúri,afasedeformaçãodaculpatramitaemVaraCriminalcomum.Somenteapósapronúnciatransitaremjulgado,remete-seofeitoaoTribunaldoJúri.

2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3 O recurso em sentido estrito tem efeito regressivo, permitindo que o juizmodifique a decisão anteriormente dada. Porcautela,apartequeoferececontrarrazõespedeamanutençãodojulgadoearemessadosautosaoTribunal.

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Contrarrazõesderecursoemsentidoestrito

____.ªVaradoJúridaComarca____.

Processon.º____

Recorrente:“F”

Recorrido:MinistérioPúblico4

EgrégioTribunal5

Oréu“F”foipronunciadocomoincursonaspenasdoart.121,§2.º,IIeIV,doCódigoPenal,porque,nodia____,naestrada____,porvolta das ____ horas, empurrou a vítima “G” da ponte, com animusnecandi,6fazendocomquecaíssenoleitodeumrio,desaparecendonaságuas.Oacusadoagiuàtraição,colhendooofendidoportrás,bem como por motivo fútil, consistente em desavença de menorimportância, resultado de briga anterior por torcida de time defutebol.

Adecisãodepronúnciadeveserintegralmentemantida.7Argumentaorecorrentequeamaterialidadenãoseencontraevidenciada,tendoemvistaqueocadáverdavítima,pornãotersidolocalizado,deixoude ser submetido ao exame necroscópico. Cuidando-se de infraçãopenalquedeixavestígio,seriaaprovapericialindispensável,nostermosdoart.158doCódigodeProcessoPenal.

Entretanto, olvidou-se nessa colocação o disposto no art. 167 domesmoCódigo,nosentidodeque“nãosendopossíveloexamedecorpode delito, por haverem desaparecido os vestígios, a provatestemunhalpoderásuprir-lheafalta”.Éesseexatamenteocasodosautos.

O acusado empurrou a vítima da Ponte ____, que passa sobre o Rio____,deáguasprofundaseagitadas,golpeando-oportrás.Caindo,praticamente desacordada, não teria oportunidade de nadar e, porquestão de lógica, morreu afogada ou em virtude do traumatismoprovocado pela agressão ou mesmo pela queda. A cena foi vista eretratada fielmente nos autos, durante a instrução, pelas

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testemunhas____e____(fls.____e____).

Logo,seoexamedecorpodedelitonãofoirealizado,talsituaçãodecorreu exclusivamente por culpa do próprio réu, que, com suaconduta,permitiuodesaparecimentodocadáver.Convémressaltarqueocorpodedelito–provadaexistênciadocrime–faz-sededuasmaneiras: direta ou indiretamente. No primeiro caso, trata-se doexamepericial,nestecaso,comojámencionado,impossívelpelanãolocalização do corpo da vítima. No segundo, realiza-se por provatestemunhal,que,semdúvida,supriu-lheafalta.8

Houveintensaatividadedebusca,realizadaporváriasautoridadesepopulares,tendosidocompletamenteinútil,oquesomentedemonstrater, realmente, falecido a vítima, perdendo-se o cadáver nacorredeira.

Quantoàautoria,comobemdemonstrouorecorrente,nãohádúvida.Ele foi o autor da agressão que levou à queda e, na sequência, àmortedoofendido.

Suaalegaçãoacercadalegítimadefesaéinfundada.Atestemunhadedefesa mencionada no seu recurso (fls. ____) é sua amiga pessoal,nãomerecedora,pois,decredibilidade.Aocontrário,astestemunhasarroladas pela acusação bem demonstraram que o réu não gostava davítima há muito tempo e, no dia dos fatos, pelo fútil motivo deterem discutido por conta de times de futebol, deliberou matá-lo,empurrando-odapontereferida.Nãoesperava,porcerto,servisto,o que o fez criar a situação de legítima defesa, em verdadeinexistente.

Aindaqueassimnãofosse,cabeaoTribunaldoJúri,juiznaturaldacausa, a deliberação a respeito da excludente invocada, pois nãoestáelanitidamentedemonstradanestafaseprocessual.9

Finalmente, requer-se a mantença das qualificadoras imputadas nadenúnciaeacolhidaspeladecisãorecorrida.

A futilidade é patente, na medida em que o recorrente agrediu avítimaúnicaetãosomenteporbanaldiscussãoanterior,relativaaqualseriaomelhortimedefuteboldaregião.Adiscrepânciaentreoresultadoproduzido–mortedoofendido–eomóvelpropulsordaaçãodoréuéevidente,caracterizandoomotivofútil.10

Atraiçãoevidencia-sepelasurpresacomquefoiavítimaatacada,não tendo a menor chance de se defender, como narraram as

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testemunhasjámencionadas.

Anteoexposto,esperaoMinistérioPúblicosejanegadoprovimentoaorecurso,mantendo-se,integralmente,asentençadepronúncia.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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4Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

5Háqueminsira,também,“ColendaCâmara”e“DoutaProcuradoriadeJustiça”.Trata-sedeumaquestãodeestilo.

6Animusnecandisignifica“vontadedematar”.

7Aparte interessadaemmanteradecisão recorridadeve rebater, pontoporponto, osargumentos levantadospelaparterecorrente. Assim procedendo, propiciará ao Tribunal uma melhor visão do caso, buscando convencê-lo do acerto dasentençadepronúncia.

8Sobreaformaçãodocorpodedelitodiretoeindireto,verasnotas1a4aoart.158donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

9Oargumentolevantado,emtese,écorreto.SomenteseexcluidaapreciaçãodoTribunaldoJúrioscrimesdolososcontraavidacujasexcludentesinvocadas(deilicitudeouculpabilidade)fiquem,semsombradedúvida,provadasduranteainstrução.

10 Pode o recorrido mencionar, para fortalecer seus argumentos, doutrina e jurisprudência contrárias às expostas pelorecorrente.

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3.º)Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeapelaçãoemcasodecondenaçãoporcrimecomum

“Y”e“U”,casaldenamorados,foramcondenadosporestuproàpenadereclusãodenoveanosdereclusão,emregimefechadoinicial,semdireitoarecorrerememliberdade.Ojuizconsiderou,paraaumentarapena,osantecedenteseapersonalidade de ambos, bem como a mot ivação do crime, que seria a vingança de “U” cont ra sua inimiga “F”.Interponhaapelação.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“Y” e “U”, qualificados a fls. ____, nos autos do processo que oMinistério Público1 lhes move, por sua advogada,2 vêm,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,inconformadoscomarespeitávelsentençadefls.____,interporapresente

APELAÇÃO,

comfundamentonoart.593,I,doCódigodeProcessoPenal.

Requerem que, após o recebimento desta, com as razões inclusas,3

ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao EgrégioTribunal de Justiça, onde serão processados e provido o presenterecurso.

Termosemque,

Pedemdeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Quandooréu,especialmenteopreso,éintimadodasentença,elepodeassinarotermoderecurso,ouseja,podeapelardiretamente.Oidealéqueconversecomodefensoreesteapresenteorecursocabível.Emcasodedesentendimentoentreeles,consultaranota19aoart.577donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3Oart.600doCPPpermitequeseapresenteapetiçãodeinterposiçãodaapelaçãoe,após,recebidaesta,emoitodias,oapelanteofereçaasrazões.PodeatépleitearqueasrazõessejamapresentadasdiretamentenoTribunal.Entretanto,émaispráticoecélereooferecimentodasrazõesjuntamentecomapetiçãodeinterposição.

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Razõesdeapelação

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Pelosapelantes:“Y”e“U”

Apelado:MinistérioPúblico4

EgrégioTribunal5

“Y”e“U”foramprocessadoscomoincursosnoart.213,emcombinaçãocomosarts.226,I,e61,II,a,doCódigoPenal,porque,nodia____,nasproximidadesdaEstrada____,alturadoquilômetro____,por volta das ____ horas, teriam, em concurso de pessoas,constrangido “F” à conjunção carnal, mediante o emprego deviolência. Segundo constou da denúncia, enquanto “U” segurava avítima,seunamorado“Y”mantinhacomelaconjunçãocarnal.Ocrimeteria sido praticado por vingança, uma vez que “F” era inimiga de“U”, prejudicando-a, anteriormente, na empresa onde ambastrabalhavam.

O MM. Juiz condenou-os ao cumprimento da pena de nove anos dereclusão,emregimeinicialfechado,sempermitirquerecorressememliberdade.6

A respeitável decisão de fls. ____ merece ser reformada, pelosseguintesmotivos:

I.PRELIMINARMENTE,docerceamentodedefesa7

Umadastestemunhasdeacusaçãofoiouvidaporprecatória,expedidaparaaComarcade____,semqueadefesativessesidocientificadadadatadaaudiêncianaquelejuízo.Portalmotivo,nãofoipossívelcompareceraoato,designandoojuizdoforodeprecadoumdefensorad hoc, o que, naturalmente, cerceou a defesa. Conforme já sesustentounaoportunidadedasalegaçõesfinais,pormaisempenhocom

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quetenhaagidoaqueleadvogado,perguntasespecíficasquedeveriamtersidofeitase,emrazãodaausênciadadefesaconstituída,nãose realizaram, prejudicando sobremaneira a defesa dos réus. Nesseprisma, feriu-se preceito constitucional, consistente na ampladefesa,bemcomoseviciouoato,porausênciadefórmulaessencialàsuaefetivação,queéaintimaçãodaspartes(art.564,IV,CPP).8

Requer-se, pois, a nulidade do feito, a partir da expedição daprecatória para a Comarca de ____, refazendo-se a instrução comampla possibilidade de participação da defesa, o que por certoacarretanaoportunidadedemelhordetalhamentodosfatos,aensejaraabsolviçãodosapelantes.

II.MÉRITO9

1.Daabsolvição,porinsuficiênciadeprovas.10

Não há provas suficientes para a condenação dos réus, devendoprevaleceroprincípioconstitucionaldapresunçãodeinocência.11

A única pessoa a apontar os recorrentes como autores da infraçãopenal foi a vítima, que, como explorado ao longo da instrução ereconhecidopelaprópriadecisãoatacada,éinimigadaré“U”.Logo,suas declarações não são dignas de credibilidade e não podemsustentaracondenação.

Asdemaistestemunhasnãopresenciaramomomentoemqueosacusadosestavamcomaofendida,demodoquenadapodeminformararespeito.12

2.Daaplicaçãoerrôneadapena.

Somente para argumentar, caso não seja acolhida a preliminarlevantada, nem tampouco o pedido de provimento do apelo para aabsolvição dos réus, torna-se fundamental corrigir as distorçõesexistentesnasentençacondenatória.

2.1 Do afastamento da causa de aumento e do reconhecimento daparticipaçãodemenorimportância.13

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O ilustre julgador aplicou um aumento de quarta parte, fundado naexistência de concurso de duas pessoas, valendo-se do disposto noart. 226, I, do Código Penal. Houve equívoco, na medida em que oreferido aumento somente seria viável se os réus fossem,efetivamente,consideradoscoautores.Nocasopresente,oautordoestupro teria sido “Y”, ou seja, aquele que praticou a conjunçãocarnalcomaofendida.Logo,aré“U”seriaapenaspartícipe,nãosepodendoelevarapenaporcontadisso.

Argumentou-se, ainda, ser ela uma partícipe de menor importância,pois, a manter-se a condenação, deve-se levar em conta que houveapenasincentivodesuaparteàpráticadarelaçãosexual,masnãoapoiomaterialàcondutadoréu“Y”.Visa-se,portanto,aaplicaçãodoredutorprevistonoart.29,§1.º,doCódigoPenalàapelante,bem como o afastamento do aumento de quarta parte em relação aambos.

2.2Doafastamentodaagravantedemotivaçãotorpe.

Inexiste prova concreta do motivo do delito. Levantou a acusação,desde o início, uma suposição, consistente em vingança, quecaracterizaria, pois, a torpeza. Em primeiro lugar, nenhumatestemunhapresenciouasupostabrigaentreaapelanteeavítima,quando trabalhavam juntas na empresa ____. E, ainda que tivessemdivergências,nãoseriamotivosuficienteparaadeterminaçãodeumcrime de tal gravidade. Em Direito Penal, nada se pode presumir,tornando-sefundamentalaprovadoalegado.Ausenteesta,oidealéoafastamentodaagravante.

2.3Dainviabilidadedeconsideraçãodosantecedentesnafixaçãodapena-base.

O MM. Juiz, ao aplicar a pena-base, considerou que os réus teriamantecedentes,fazendoreferênciaàfolhadeantecedentes,queacusaum inquérito arquivado pela prática de estelionato. Ora, esseregistro não pode prestar à conclusão de terem os apelantesantecedentes. Em primeiro lugar, pelo fato de ter sido ainvestigação arquivada, logo, ausentes provas mínimas para

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justificarumaaçãopenal.Emsegundolugar,porvigeroprincípioconstitucionaldapresunçãodeinocência,istoé,semcondenaçãocomtrânsito em julgado todo acusado é inocente, motivo pelo qual nãopossuemosapelantesqualquerantecedentecriminal.

2.4Dainsuficiênciadosargumentosquantoàpersonalidadedosréus.

Éinegávelqueoelementorelativoàpersonalidadeconstituifatoraser considerado pelo magistrado quando proferir sentençacondenatória(art.59,CP).Porém,devejustificarseuentendimentoe apontar quais falhas de caráter são, realmente, encontradas nosréus,àluzdaprovaproduzidanosautos.Limitou-seoMM.Juizadizer que eles demonstraram “personalidade deturpada”, o que éinsuficiente para a concretização de qualquer juízo negativo,permissivodeelevaçãodapena-base.

Anteoexposto,processadoopresenterecurso,aguardamosapelantesseja acolhida a preliminar de nulidade do processo, a partir daexpedição da precatória. Assim não ocorrendo, esperam que haja oprovimento do recurso para o fim de se decretar a sua absolvição,por insuficiência de provas. Finalmente, caso seja mantida acondenação,deve-seajustarapenaaopatamarmínimoparaoréu“Y”e abaixo do mínimo à ré “U”, que conta com causa especial dediminuição, aplicando-se o regime mais favorável possível para oiníciodocumprimentodapena.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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4Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”comosinônimodeórgãoacusatório.

5Porumaquestãodeestilo,háquemacrescente tambémas referênciasa “ColendaCâmara”e “DoutaProcuradoriadeJustiça”.

6Aprisãocautelardecretadapelojuiznasentença,seinjustificada,podesercombatidaporhabeascorpus,especialmenteimpetrado com tal finalidade. O ajuizamento de habeascorpus não elimina a necessidade de se questionar omérito dacondenaçãopelorecursodeapelação.

7Lembrar,sempre,queoseventuaisvícios(nulidades)ocorridosduranteainstruçãodevemserlevantados,empreliminar,nosdebatesorais,aofinaldainstrução.Seojuizosafastar,devemserreiteradosempreliminardeapelação.

8Aquestãodanecessidadede intimaçãodaspartesacercadaaudiênciano juízodeprecadoécontroversa.Háposiçõesvariadas.Consultaranota106aoart.222donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

9Aodiscorrersobreomérito,queenvolveaaplicaçãodapena,o idealédesenvolveroraciocíniopor tópicos.FavoreceaelaboraçãodapeçaetambémpermiteaoTribunalmaiorfacilidadeparaacaptaçãodosreclamosdorecorrente.

10Seviável,inicia-seoméritopelopedidodeabsolvição,semesquecerqueoutrastesesalternativasdevemepodemseguir-seaesta.

11Semprequepossível,deve-seinvocarprincípiosconstitucionais,oquefavorece,posteriormente,ainterposiçãodeeventualrecursoextraordinário.

12Seopleitoédirigidoàabsolviçãoporfaltadeprovas,torna-senecessárioexplorartodaaprovaproduzida.Levantamos,nestetópico,apenasumexemplodeargumentações,nãoafastandooutrosquepossamserutilizados.

13 Os próximos tópicos, cuidando da aplicação da pena, tratam de temas polêmicos. Se possível, cabe ao defensoracrescentardoutrinaejurisprudência,emcadaumdeles,favoráveisàposiçãosustentada.

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4.º)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdeapelaçãoemcasodecondenaçãoporcrimecomum

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

OMinistérioPúblico,1nosautosdoprocesso-crimequemovecontra“Y” e “U”, qualificados a fls. ____, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelência,apresentarassuas

CONTRARRAZÕESDEAPELAÇÃO,

comfundamentonoart.600doCódigodeProcessoPenal.

Termosemque,

Pedemdeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotoradeJustiça

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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Contrarrazõesdeapelação

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Apelantes:“Y”e“U”

Peloapelado:MinistérioPúblico2

EgrégioTribunal3

“Y”e“U”foramprocessadoscomoincursosnoart.213,emcombinaçãocomosarts.226,I,e61,II,a,doCódigoPenal,porque,nodia____,nasproximidadesdaEstrada____,alturadoquilômetro____,porvoltadas____horas,emconcursodepessoas,constrangeram“F”àconjunçãocarnal,medianteoempregodeviolência.Segundoconstouda denúncia, enquanto “U” segurava a vítima, seu namorado “Y”mantinha com ela conjunção carnal. O crime foi praticado porvingança, uma vez que “F” era inimiga de “U”, prejudicando-a,anteriormente,naempresaondeambastrabalhavam.

O MM. Juiz condenou-os ao cumprimento da pena de nove anos dereclusão,emregimeinicialfechado,sempermitirquerecorressememliberdade.

Arespeitáveldecisãodefls.____mereceserintegralmentemantida.

A preliminar de nulidade deve ser afastada, pois é pacífico oentendimento jurisprudencial a respeito da desnecessidade deintimação da defesa quanto à data de realização da audiência nojuízodeprecado.Basta,paraasuaciência,aintimaçãodaexpediçãodacartaprecatória,oquefoifeito,bastandoverificaracertidãodefls.____.

Nessesentido,osseguintesjulgados:_____.4

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Quantoaomérito,háprovasmaisquesuficientesparacondenação.Amaterialidadedodelitorestoudemonstradanãosomentepelolaudodeexame de corpo de delito de fls. ____, comprobatório das lesõessofridaspelavítima,inclusivenaregiãogenital,mastambémpelosdepoimentoscolhidos.Ela,desesperada,apósapráticadocrime,foiabandonadaemummatagaleencontradanuapelatestemunha____(fls.____),agricultorquepassava,casualmente,pelolocal.

Quantoàautoria,funda-seaprovadaculpadosapelantesnãoapenasna declaração prestada pela ofendida, mas sobretudo pelos demaisindíciossuficientesaapontá-loscomocoautores.

Atestemunha____(fls.____)viu-osconduzindoavítimanadireçãodo lugar onde foi, algum tempo depois, encontrada ferida e nua nomatagal. Não bastasse, a própria colega de quarto da apelantedeclarou que ela chegou, assustada, na pensão onde moram,ingressandoimediatamentenobanheiroepedindoquesuaroupafosselavada com urgência. A depoente constatou manchas de sangue novestidodaré,quenãosoubejustificaraorigem(fls.____),graçasaoestadodechoquequeaassolava.

Oapelante,porsuavez,apósapráticadocrime,desapareceu,nãomaiscomparecendoaotrabalho,motivoquelevouàdecretaçãodasuaprisãopreventiva.

Portaisrazões,aprovaérobustaeautorizaacondenação.

Apenafoiaplicadacomintegralacerto.

A elevação da pena-base em virtude do antecedente criminalregistrado,bemcomoemdecorrênciadapersonalidadedosacusadoséjusta.Quantoaoantecedente,hájulgadosquepermitemconsideraroinquérito arquivado como tal, podendo-se mencionar, a título deilustração,osseguintes:____.

A personalidade dos apelantes, considerada pelo julgador, como“deturpada”éfrutodocrimegravecometido,especialmenteporque,confrontando-se o que fizeram com a motivação (vingança), somente

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poderesultarnaconclusãodequeatuaramcomparticularmaldade.

Omesmosedigadomotivododelito.Avingançadaapelantecontraavítima foi engendrada muito tempo antes, como narrou o patrão deambas a fls. ____. Discutiram, na empresa, por motivos banais,ocasiãoemquearédeclarouque“aquilonãoiriaficarassim”eaofendida iria “sofrer as consequências”. A torpeza torna-seevidente, pois não é plausível que se resolva qualquer tipo deconflitosobaformaderevanche,mormentequandoestasefundanocometimentodecrimehediondo.

Acausadeaumentofoibemaplicada.Oart.226,I,doCódigoPenalexige apenas o concurso de duas pessoas, pouco importando se sãocoautoresoupartícipes.Ademais,aapelanteécoautoraenãomerapartícipe,umavezquepraticouacondutatípica“constrangeralguémmediante violência”, que integra o art. 213 do Código Penal,enquantoaoutrapartedoreferidotipo“terconjunçãocarnal”foipraticada pelo apelante “Y”. Daí por que nem se deve cogitar daaplicaçãodadiminuiçãoprevistanoart.29,§1.º,doCódigoPenal,poisnãosetratadeparticipaçãodemenorimportância.

Anteoexposto,aguardaorecorridosejaafastadaapreliminare,nomérito,negadoprovimentoaoapelo.

Comarca,data

_______________

PromotoradeJustiça

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2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Porumaquestãodeestilo,háquemacrescente tambémas referênciasa “ColendaCâmara”e “DoutaProcuradoriadeJustiça”.

4Pode-semencionarjurisprudênciafavorávelàtese.

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5.º)Petiçãodeinterposiçãoerazõesdeagravoemexecução

“H”solicit ouaprogressãodoregimefechadoparaosemiaberto,port ercompletadoumsextodasuapena,deumtotalde 12 anos, condenado que foi por dois roubos. O juiz da execução penal, acolhendo parecer doMinist ério Público,indeferiuopedido,poisaindanãohaviasidoelaboradooexamecriminológico,nemoferecidooparecerdaComissãoTécnicadeClassif icação,emboraexist issenosautosatestadodeboacondutacarcerária.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.1

“H”,qualificadoafls.____,nosautosdaExecuçãoPenaln.º____,atualmente recolhido no presídio ____, por seu defensor público,inconformadocomadecisãodefls.____,indeferindoaprogressãodoregime fechado ao semiaberto, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciainterpor

AGRAVOEMEXECUÇÃO,

comfundamentonoart.197daLei7.210/84.2

Requerque,recebidoeste,jácomasinclusasrazões,3possaVossaExcelênciaretratar-se,4concedendoobenefíciopleiteado.Assimnãoentendendo, ouvindo-se o ilustre representante do MinistérioPúblico,aguarda-seoencaminhamentodorecursoaoEgrégioTribunaldeJustiça.

Termos em que, indicando-se as seguintes peças para a formação doinstrumento(fls.____),

Pededeferimento.

Comarca,data.

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_______________

Advogado

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1 Se não houver, na Comarca, Vara Privativa de Execuções Criminais, a peça deve ser dirigida ao magistrado da VaraCriminalcomum,queproferiuadecisãocontráriaaointeressedocondenado.

2Émajoritáriooentendimento,najurisprudência,dequeoagravoemexecução,atualmenteéoadequadoparaoprocessodeexecuçãoedeveseguiroritodorecursoemsentidoestrito.Veranota11aoCap.II,doTít.II,doLivroIII,donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3Asrazõespodemseroferecidasdepoisdapetiçãodeinterposição.Porém,parafacilitareagilizar,podemacompanharareferidapetição.

4Possuindoomesmo ritodo recursoemsentidoestrito,comportaoefeito regressivo,permitindoao juizmodificarasuadecisão.

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Razõesdeagravoemexecução

VaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

Peloagravante:“H”

Agravado:MinistérioPúblico5

EgrégioTribunal6

Oagravante,condenadoadozeanosdereclusão,pelapráticadedoisroubosqualificadosemconcursomaterial,iniciouocumprimentodapenaemregimefechado.Entretanto,completadoumsextodasuapena,pleiteouaoMM.JuizdasExecuçõesCriminais7aprogressãoaoregimesemiaberto, nos termos do art. 33, § 2.º, do Código Penal. Sob oargumento de que não havia ainda sido realizado o examecriminológico, nem tampouco fora colhido o parecer da ComissãoTécnicadeClassificação,negou-lheobenefício.

Nãoagiuomagistradocomocostumeiroacerto.

O lapso temporal, requisito objetivo para a progressão, foiincontestavelmenteatingidopeloagravante.

A parte subjetiva, relativa ao mérito, deve ser apuradaexclusivamentepelaconstataçãodequepossuiboacondutacarcerária(atestado de fls. ____). Isto porque, após a edição da Lei10.792/2003,quemodificouaredaçãodoart.112daLeideExecuçãoPenal (Lei 7.210/84), para a finalidade da progressão não mais seexigeparecerdaComissãoTécnicadeClassificação,nemtampoucoarealizaçãodeexamecriminológico.

Pautando-se,pois,peloprincípiodalegalidade,deveserconcedidaao agravante a progressão almejada, uma vez que a modificaçãolegislativa lhe foi benéfica e outros entraves não podem seroferecidos,sobpenadesujeitá-loaconstrangimentoilegal.

Nessesentido,pode-secitaraliçãode____.8

Acrescentem-se,ainda,osseguintesjulgados:____.9

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Ante o exposto, requer-se o provimento do agravo para o fim deassegurar a progressão do regime fechado ao semiaberto, como lheasseguraaprevisãolegalenfocada.

Comarca,data.

_______________

Defensor

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5Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

6Háqueminsiratambém“ColendaCâmara”e“DoutaProcuradoriadeJustiça”.Cuida-sedeumaquestãodeestilo.

7Sehouverjuízoprivativo.Casocontrário,seráojuizdaVaraCriminalcomum.

8Mencionardoutrinanesseprisma.

9Háacórdãosfavoráveisàtese.

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6.º)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdeagravoemexecução

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.1

O Ministério Público,2 nos autos da Execução Penal n.º ____,referenteaosentenciado“H”,3 qualificado a fls. ____, atualmenterecolhido no presídio ____, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaapresentarassuas

CONTRARRAZÕESAOAGRAVOEMEXECUÇÃO,

comfundamentonoart.197daLei7.210/84.4

Requerque,mantidaadecisãoporVossaExcelência,5sejaorecursoencaminhadoàapreciaçãodoEgrégioTribunaldeJustiça.

Termos em que, indicando-se as seguintes peças para a formação doinstrumento(fls.____),

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1 Se não houver, na Comarca, Vara Privativa de Execuções Criminais, a peça deve ser dirigida ao magistrado da VaraCriminalcomum,queproferiuadecisãocontráriaaointeressedocondenado.

2Émajoritáriooentendimento,najurisprudência,dequeoagravoemexecução,atualmenteéoadequadoparaoprocessodeexecuçãoedeveseguiroritodorecursoemsentidoestrito.Veranota11aoCap.II,doTít.II,doLivroIII,donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3Asrazõespodemseroferecidasdepoisdapetiçãodeinterposição.Porém,parafacilitareagilizar,podemacompanharareferidapetição.

4Possuindoomesmo ritodo recursoemsentidoestrito,comportaoefeito regressivo,permitindoao juizmodificarasuadecisão.

5Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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Contrarrazõesdeagravoemexecução

VaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

Peloagravado:MinistérioPúblico6

Agravante:“H”

EgrégioTribunal7

Oagravante,condenadoadozeanosdereclusão,pelapráticadedoisroubosqualificadosemconcursomaterial,iniciouocumprimentodapenaemregimefechado.Entretanto,completadoumsextodasuapena,pleiteouaoMM.JuizdasExecuçõesCriminaisaprogressãoaoregimesemiaberto, nos termos do art. 33, § 2.º, do Código Penal. Sob oargumento de que não havia ainda sido realizado o examecriminológico, nem tampouco fora colhido o parecer da ComissãoTécnicadeClassificação,ojuiznegou-lheobenefício.

Agiuomagistradocomocostumeiroacerto.

O lapso temporal, requisito objetivo para a progressão, foiincontestavelmenteatingidopeloagravante.

A parte subjetiva, relativa ao mérito, no entanto, não foitotalmente analisada. Nos crimes cometidos com violência ou graveameaça à pessoa torna-se indispensável colher a manifestação daComissãoTécnicadeClassificação,órgãoencarregadodeacompanhar,no estabelecimento prisional, a evolução do condenado, bem comorealizar-se o exame criminológico, capaz de aferir a cessão depericulosidade.

ÉverdadequeaLei10.792/2003modificouaredaçãodoart.112daLeideExecuçãoPenal(Lei7.210/84),comafinalidadedeagilizaraprogressão de certos crimes, exigindo-se apenas o atestado de boa

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condutacarcerária.Nãoteveocondão,naturalmente,deafastardocrivo judicial outros elementos que se mostrem indispensáveis aocasoconcreto,paraavaliaroméritodosentenciado.

OCódigoPenal(art.33,§2.º)éclaroaodisporqueaprogressãosomente se dará caso o condenado tenha merecimento. Para essaanálise, pode o magistrado, a fim de formar o seu convencimento,determinaraproduçãodeoutrasprovas,alémdajuntadadoatestadomencionado.

O princípio da individualização da pena aplica-se não somente nomomento de fixação da pena, na sentença condenatória, mas durantetodaaexecuçãopenal,razãopelaqualnãohásentidoalgumemsecoibir a atividade jurisdicional, atrelando-a a um atestadofornecidoporórgãoadministrativo.

Nessesentido,pode-secitaraliçãode____.8

Acrescente-se,ainda,osseguintesjulgados:____.9

Ante o exposto, requer-se o improvimento do agravo, mantendo-se orecorrente no regime fechado até que todas as provas de seumerecimentosejamconclusivasparaofimdeasseguraraprogressãodoregimefechadoaosemiaberto.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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6Háqueminsiratambém“ColendaCâmara”e“DoutaProcuradoriadeJustiça”.Cuida-sedeumaquestãodeestilo.

7Sehouverjuízoprivativo.Casocontrário,seráojuizdaVaraCriminalcomum.

8Mencionardoutrinanesseprisma.

9Háacórdãosfavoráveisàtese.

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7.º)Petiçãodeinterposiçãoerazõesdecorreiçãoparcial

Ojuiz,emnomedaceleridadeprocessual,naaudiênciadeinst ruçãoejulgamento,passouainquirirast estemunhasdedefesa, que estavam presentes, antes de f indar a colheit a dos depoimentos das t estemunhas de acusação, poisalgumasdelasdeixaramdecomparecer.Findooato,designouaudiênciaparacolherosdepoimentosdast estemunhasdeacusaçãofalt antes,ját endoesgotadooroldadefesa,cont raavontadedoadvogado.Houveinversãotumultuáriadoandamentoprocessual.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

“F”, qualificado a fls. ____, por seu advogado, nos autos doprocesso-crimequelhemoveoMinistérioPúblico,1inconformadocoma designação de audiência em continuidade para a inquirição dastestemunhas de acusação faltantes, finda a colheita da prova dadefesa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelênciainterporapresente

CORREIÇÃOPARCIAL,

com as anexas razões, requerendo, desde logo, seja revista2 adecisãoproferida,comofimdeserrefeitaaprovatestemunhal,nostermosenaordemestabelecidaemlei.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2Acorreiçãoparcialsegueoritoprevistoparaorecursoemsentidoestrito,existindo,pois,juízoderetratação.

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Razõesdacorreiçãoparcial

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Recorrente:“F”

Recorrido:MinistérioPúblico

EgrégioTribunal3

1. O MM. Juiz, invocando a celeridade processual, determinou arealização de audiência de colheita da prova testemunhal daacusação,aindafaltante,játendoouvidoastestemunhasdedefesa,invertendo, portanto, o rito procedimental previsto no art. 400,caput,doCódigodeProcessoPenal.

2. O procedimento ordinário prevê a colheita da prova testemunhalapresentada pela acusação antes das testemunhas arroladas peladefesa.Talsituaçãodeve-seàoportunidadedeconhecimentoplenodoconteúdo da imputação feita e das provas oferecidas pelo órgãoacusatório, a fim de permitir que a ampla defesa se realizeefetivamente,propiciandoaoréuaproduçãodecontraprova.

3. Argumentou o ilustre magistrado com o princípio processual daeconomia processual, sustentando que algumas testemunhas deacusação,nãolocalizadas,nãopodemdeteroandamentodainstrução,muito embora o Ministério Público tenha insistido na sua busca eintimação.

É bem verdade que a celeridade do processo é um objetivo a seralcançado não somente pelo Poder Judiciário, mas por todos osenvolvidosnoprocesso,oquenãosignificaabrirmãodosdireitosegarantiasfundamentaisprimordiais,comoocorrecomaampladefesa.

4. O réu não pode ser prejudicado, na sua linha defensiva, sob o

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pretexto de se assegurar uma justiça célere, invertendo o ritoprocedimental,autênticagarantiaparaaspartesdequeocondutordoprocessopromoveráatosprocessuaisprevisíveis,logo,semgerarsurpresaeprejuízo.

5.Nessesentido,pode-secitaraposiçãode____.4

6.Acorreiçãoparcialéorecursocabívelparareveratosjudiciaisque tumultuem o correto andamento da instrução, conforme o ritolegalmenteprevisto,voltando-se,pois,aoerrorinprocedendo.5

Ante o exposto, aguarda o recorrente que esse Egrégio Tribunal dêprovimento ao recurso para o fim de determinar que a colheita daprovatestemunhalsejarefeita,ouvindo-setodooroldaacusação,antesdeseiniciaraoitivadastestemunhasdedefesa.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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3Háquemdirijaasrazõesdorecurso,igualmente,àCâmaraeàProcuradoriadeJustiça.Trata-sedeumaquestãodeestilo.

4Citaradoutrinacabível.Sepossível,mencionarjurisprudênciaaplicávelaocaso.

5Errorinprocedendosignifica“erronoprocedimento”,ouseja,ojuizseenganouquantoàmovimentaçãodoprocesso.

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8.º)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesdecorreiçãoparcial

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda____.ª

VaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

OMinistérioPúblico,1nosautosdoprocesso-crimequemovecontra“F”,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,oferecerassuas

CONTRARRAZÕESDECORREIÇÃOPARCIAL,

requerendo,desdelogo,sejamantidaadecisãoprolatadanosentidode se conservar a audiência designada para a inquirição dastestemunhasdeacusação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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Contrarrazõesdecorreiçãoparcial

____.ªVaraCriminaldaComarca____.

Processon.º____

Recorrente:“F”

Recorrido:MinistérioPúblico

EgrégioTribunal2

1. Insurgiu-se a douta defesa contra a decisão do MM. Juiz que,invocando a celeridade processual, determinou a realização deaudiência de colheita da prova testemunhal de acusação, já tendoouvido todo o rol da defesa, invertendo, portanto, o ritoprocedimental previsto no art. 400, caput, do Código de ProcessoPenal.

2. Embora o procedimento ordinário preveja a colheita da provatestemunhaldaacusaçãoantesdastestemunhasarroladaspeladefesa,essasituaçãonãopodeserinterpretadademodoabsoluto.

3. Argumentou, com razão, o ilustre magistrado com o princípio daeconomia processual, hoje com status constitucional (art. 5.º,LXXVIII,CF),sustentandoquealgumastestemunhasdeacusação,nãolocalizadas,nãopodemdeteroandamentodainstrução,muitoemboraoMinistérioPúblicotenhainsistidonasuabuscaeintimação.

4.Essavisãoconstitucionaldoprocessodeveserprivilegiada,emdetrimento da mera aplicação formal de ritos e procedimentos, quenadaengrandecemaaplicaçãodajustiça.Ofatodeseremouvidasastestemunhas de defesa antes das de acusação não causa nenhumprejuízo à ampla defesa, já que todas as testemunhas, segundo oprincípiogeraldacomunhãodaprova,serãoregularmenteouvidas.

5.Nessesentido,pode-secitaraposiçãode____.3

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6. A correição parcial, recurso cabível para rever atos judiciaisque tumultuem o correto andamento da instrução, não pode serutilizadaquandoomagistradotemporfinalidadegarantiraeconomiaprocessual, sem que haja qualquer perda de prova em relação àspartes.

Anteoexposto,aguardaorecorridoqueesseEgrégioTribunalnegueprovimentoaorecursoparaofimdemanteradesignaçãodeaudiênciapara a colheita da prova testemunhal de acusação, mesmo após otérminodacoletadaprovadadefesa.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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2Háquemdirijaasrazõesdorecurso,igualmente,àCâmaraeàProcuradoriadeJustiça.Trata-sedeumaquestãodeestilo.

3Citaradoutrinacabível.Sepossível,mencionarjurisprudênciaaplicávelaocaso.

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9.º)Embargosdedeclaraçãodesentença

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____.ª Vara CriminalFederaldaSubseçãoJudiciária____.

Processon.º____

“B”, qualificado a fls. ____, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,1inconformadocomarespeitávelsentençacondenatóriadefls.____,porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciainterporospresentes

EMBARGOSDEDECLARAÇÃO,

com fundamento no art. 382 do Código de Processo Penal, pelosseguintesmotivos:

1.Oréufoicondenadoàpenadedoisanosdereclusãopelapráticadesonegaçãodecontribuiçãoprevidenciária,emregimeaberto,eodouto julgador não fez qualquer menção, na decisão, a respeito daviabilidade de concessão de penas alternativas ou, pelo menos, dasuspensãocondicionaldapena.

2. Segundo o disposto no art. 59, IV, do Código Penal, após afixaçãodomontanteedoregime,deveojuizpronunciar-seacercadasubstituição da pena privativa de liberdade aplicada por outraespéciedepena.Setalnãoseder,éfundamentalqueomagistrado,expressamente,manifeste-searespeitodapossibilidadedeaplicaçãodasuspensãocondicionaldapena(art.77,III,CP).

3.Nocasopresente,oMM.Juiz,aofixarapenanomínimolegal,bem como optar pelo regime aberto, deixou de se pronunciar comrelação aos benefícios supradescritos, caracterizando hipótese deomissão,talcomodescritonoreferidoart.382doCPP.

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4.Portanto,antesdeingressarcomeventualrecursodeapelação,éimperioso obter provimento jurisdicional disciplinando a concessãoounãodosbenefíciospenaisaventados.

Ante o exposto, requer o embargante se digne Vossa Excelênciaestabelecer,expressamente,seoréutemdireitoàsubstituiçãodapenaprivativadeliberdadeporrestritivadedireitosou,aomenos,àsuspensãocondicionaldapena.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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10)Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedesentença

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____.ª Vara CriminalFederaldaSubseçãoJudiciária____.

Processon.º____

“Z”, qualificado a fls. ____, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,1inconformadocomarespeitávelsentençacondenatóriadefls.____,porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciainterporospresentes

EMBARGOSDEDECLARAÇÃO,comefeitoINFRINGENTE,2

baseado no art. 382 do Código de Processo Penal, pelos seguintesmotivos:

1.Oréufoicondenadoàpenadedoisanosdereclusãopelapráticade sonegação de contribuição previdenciária, em regime fechado,determinandoaexpediçãodomandadodeprisão.

2. Segundo o disposto no art. 33, § 3.°, do Código Penal, adeterminaçãodoregimeinicialparaocumprimentodapenadeveserfeita de acordo com os elementos previstos no art. 59 do mesmoCódigo.Nopresentecaso,omontantedapenaaplicada–doisanos–permite a opção por um dos três regimes possíveis: fechado,semiabertoeaberto.

3. Demanda-se, por isso, motivação expressa para a escolha doregime,oquenãosedeunasentençacondenatória,poisoMM.Juizapenasapontouoregimefechado,semmaioresexplicações.

4. O réu é primário, não registra antecedentes criminais,inexistindo fundamento para o regime fechado. Desse modo, houveomissãoquantoaosmotivosdeeleiçãodoregimeapontadonadecisão

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condenatória.

5.Portanto,antesdeingressarcomeventualrecursodeapelação,éimperiosoobterprovimentojurisdicionalacercadafundamentaçãodoregime inicial de cumprimento da pena. Se o julgador mantiver ofechado,deveoferecerassuasrazões,permitindo,então,quepossamsercontrariadasemsederecursal.Poroutrolado,seomagistrado,ao fundamentar, perceber a inadequação do regime fechado, devealterá-lo para outro, preferencialmente o aberto, conformerequisitoslegais.

Ante o exposto, requer o embargante se digne Vossa Excelênciaestabelecer,expressamente,quaisosfundamentosparaaescolhadoregime fechado, ou, sendo o caso, apresentada a fundamentação,alterar o regime para o aberto, concedendo-se a estes embargos ocaráterinfringente.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2 Os embargos de declaração destinam-se a aclarar a sentença, por ter havido omissão, obscuridade, contradição ouambiguidade.Geralmente, em casos de omissão do juiz, ao expor ou fundamentar institutos, apresenta-se o recurso deembargosdedeclaraçãocomcaráterinfringente,valedizer,apreciadaaomissão,torna-seobrigatóriaaalteraçãodadecisão.Noutrostermos,osembargosdedeclaraçãoservemapenasacomplementarojulgado;porvezes,aofazê-lo,surgemnovosdados,queimpulsionamàmodificaçãododecisum;nesteúltimocaso,osembargosganhamocaráterinfringente.

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11)Embargosdedeclaraçãodeacordão

“G”foiprocessadoecondenadoemrazãodet erincorridoemcondutaprevist anoart .311doCódigoPenal.Recorreudasentença proferida em 1.º grau negando a autoria da conduta, pelo que sustentava a absolvição e, em razãosubsidiária,at acandooaspectodet ersidoconsideradacausadeaumentodepenaofatodeseromesmofuncionáriopúblico,emboranãoinvest idonocargo.Emsegundograufoidadoprovimentounânimeaorecursonoqueserelacionaaoafastamentodacausadeaumentodepena,umavezque“G”,emboraaprovadoemconcursopúblico,nãot inhadeseu respect ivo cargo tomado posse, bem como não t eria usado da prerrogat iva de ser, em potencial, detentor dafunçãopública.Contudo,omontantedapenade4anosdereclusãofoimant ido,gerandoacont radiçãosustentada.

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator1 do Acórdão n.º____ da ____.ª Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça doEstadodeSãoPaulo.

“G”,jáqualificadonosautos,porseuprocuradoreadvogadoinfra-assinado, nos autos do recurso de ____ interposto, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaopor

EMBARGOSDEDECLARAÇÃO

aovenerandoacórdão,comfundamentonosarts.619e620eparágrafosdoCódigodeProcessoPenal,porrazõesaseguiraduzidas:2

1.Oembargantefoicondenadoem1.ºgraua3anosdereclusão,emrazão de infração do art. 311 do Código Penal, aumentada de umterço, uma vez que foi reconhecida a causa de aumento da penaprevistano§1.ºdoreferidoartigo,alcançandoomontantetotalde4anosdereclusão.

2.Inconformadofrenteaodecisórioproferido,interpôsoembarganteo competente recurso de apelação, negando a autoria dos fatos e,subsidiariamente,atacandooreconhecimentodacausadeaumento,eisque, não obstante ter sido aprovado em concurso público, não fora

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aindaparaocargonomeado,razãopelaqualnãopoderia,seautordaconduta,fazerusodessaprerrogativa,merecendooagravamento.

3.Houveporbemesseínclitojulgadorreconheceroafastamentodacausadeaumento,noquefoiacompanhadopelosdemaismagistrados,embora tenham mantido a condenação do embargante, confirmando aautoriadosfatos.

4.Contudo,afastadaacausadeaumento,ensejadoradeacréscimodomontantedapena,amesmafoimantidaconformeproferidaemjuízode1.ºgrau,ouseja,fixadanototalde4anosdereclusão.

5. Desta feita, inequívoca a contradição do acórdão proferido, aautorizaraoposiçãodospresentesembargos,buscandoversanadaaincoerência entre o afastamento da causa de aumento, sem que sevissealteradaapenafixada.

6. Há, portanto, justificável incompreensão quanto à conclusão dodecisório,quesecontradizconsigopróprio,merecendooreparoorapretendido.

Anteoexposto,requersejamrecebidosospresentesembargose,aofinal,julgados,paraserdeclaradooacórdãoembargadocorrigindo-seacontradiçãoapontada,comomedidadeinteira

JUSTIÇA.

Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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1Deveráserdirigidoaoespecificamenteao relatordoacórdãocujo teornecessitaseresclarecidoquantoàobscuridade,contradiçãoouomissão.

2Orecursodeveráserinterpostoempeçaúnica,ondesesustentarãoasrazõesdainterposição.

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12)Embargosdedeclaraçãocomefeitoinfringentedeacórdão

Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator da Apelação n.___________________.

“T”,qualificadoafls.____,nosautosdoprocesso-crimequelhemove o Ministério Público,1 inconformado com o V. Acórdão de fls.___, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelênciainterporospresentes

EMBARGOSDEDECLARAÇÃO,comefeitoINFRINGENTE,2

baseado no art. 619 do Código de Processo Penal, pelos seguintesmotivos:

1.Oréufoicondenadoàpenadeseteanosdereclusãopelapráticaderoubocomcausadeaumento(art.157,§2.°,I,CP),emregimeinicialfechado,tendooE.Tribunalreconhecidoareincidênciadoapelante.

2. Absolvido em primeiro grau, terminou condenado em grau deapelação, interposta pelo Ministério Público; a pena foiestabelecida em sete anos, levando-se em consideração ascircunstânciasjudiciaisdoart.59doCódigoPenal,aagravantedareincidênciaeacausadeaumentodeumterço.

Na sequência, por conta da reincidência, estabeleceu-se o regimefechado.

3. Houve, entretanto, omissão do julgado em relação ao argumento

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exposto em contrarrazões de apelação, formuladas pela defesa, nosentidodenãosereconhecerareincidênciadoréu,poisotrânsitoem julgado da decisão condenatória, que serviu de base para essaconsideração, data de período posterior ao dia do cometimento docrime. Assim sendo, inexiste reincidência, pois esta somente seconcretiza quando o indivíduo comete novo crime após já ter sidocondenado anteriormente, com trânsito em julgado, por delitoanterior.

4. Caso desfeito o reconhecimento da reincidência, peloreconhecimentodaomissãoocorridanafundamentaçãodoV.Acórdão,deve-secancelaraagravanteeoaumentodeumsextonapena-base,bem como o reflexo havido no tocante ao regime inicial decumprimentodapena.

Ante o exposto, requer o embargante se digne Vossa Excelênciaanalisarosargumentosexpostospeladefesaemsuascontrarrazõesdeapelo, afastando o reconhecimento da reincidência e, com isso,proceda-se à revisão da pena aplicada, reduzindo-a, para, nasequência, reapreciar a fixação do regime inicial, requerendo-sesejaeleitoosemiaberto,acolhendo-seocaráterinfringentedesterecurso.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

2 Os embargos de declaração destinam-se a aclarar o acórdão, por ter havido omissão, obscuridade, contradição ouambiguidade.Geralmente,emcasosdeomissãodorelator,aoexporoufundamentar institutos,apresenta-seorecursodeembargosdedeclaraçãocomcaráterinfringente,valedizer,apreciadaaomissão,torna-seobrigatóriaaalteraçãodadecisão.Noutrostermos,osembargosdedeclaraçãoservemapenasacomplementarojulgado;porvezes,aofazê-lo,surgemnovosdados,queimpulsionamàmodificaçãododecisum;nesteúltimocaso,osembargosganhamocaráterinfringente.

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13)Cartatestemunhávelerazões

O réu foi pronunciado pela prát ica de homicídio simples. Int imado da sentença, o defensor não oferece recurso emsent ido est rit o. Posteriormente, int imado pessoalmente o réu, este apresenta recurso. Por conta disso, o defensorapresentaasrazõesdorecurso,masomagist radorejeit aorecursoemsent idoest rit oapresentadopeloacusado,sobaalegação de que a defesa t écnica, prevalente sobre a autodefesa, deixara escoar o prazo sem recorrer. Cabe cartatestemunhável.

Ilustríssimo Senhor Escrivão-Diretor1 do ____.º Ofício Criminal daComarca____.2

Processon.º____

“Q”, qualificado a fls. ___, nos autos do processo-crime que lhemoveoMinistérioPúblico,3porseuadvogado,vem,respeitosamente,à presença de Vossa Senhoria, inconformado com a decisão de fls.____,quenãoadmitiuoprocessamentoderecursoemsentidoestrito,interporapresente

CARTATESTEMUNHÁVEL,

comfundamentonoart.639,I,doCódigodeProcessoPenal,paraqueseja devidamente recebida, processada4 e encaminhada ao EgrégioTribunal de Justiça. Desde logo, apresenta as anexas razões e alistadaspeçasindicadasparaaformaçãodotraslado:____.5

Comarca,data.

_______________

Defensor

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1Conformeaorganizaçãodecarreiradofuncionalismopúblico,emlugardoescrivão-diretor,pode-seteroutranomenclaturaparaochefedocartório(ex.:emSãoPaulo,háodiretordedivisão).

2AinterposiçãodesserecursosedirigesempreaoescrivãodocartóriorelativoàVaradojuizquedenegouseguimentoaorecursoanterior.Seorecursofordenegadoem2.ºgrau,acartatestemunhávelseráapresentadaaoSecretáriodoTribunal.

3Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

4Apósaformaçãodoinstrumento,apresentadasasrazõespelapartetestemunhante,bemcomoascontrarrazõespelapartetestemunhada, o escrivão encaminha os autos ao juiz, que poderá voltar atrás na sua decisão, determinando oprocessamentodorecurso(juízoderetratação).

5Aparte testemunhantedeve indicaraspeçaspertinentes,entreasquaisnãopodem faltarascertidõesde intimaçãododefensoredoréuacercadasentençadepronúncia,objetodorecursoemsentidoestritoquenãofoiadmitido,bemcomoadecisãoderejeição.

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Razõesdecartatestemunhável

____.ªVaradoJúridaComarcada____.

Processon.º____

Pelotestemunhante:“Q”

Testemunhado:MinistérioPúblico

EgrégioTribunal6

O réu “Q” foi pronunciado, como incurso no art. 121, caput, doCódigoPenal,comdireitodeaguardarojulgamentopeloTribunaldoJúri em liberdade. O defensor constituído, tomando ciência dadecisão de pronúncia em cartório, deixou de interpor recurso emsentido estrito, por achar conveniente a pronta realização dojulgamento pelo Tribunal do Júri e, consequentemente, a análisedefinitivaacercadomérito.

Entretanto,oMM.Juizdeterminouaexpediçãodemandadoparaqueoacusado fosse cientificado da sentença pessoalmente. No ato daintimação, o testemunhante assinou termo de recurso, por entenderqueseriaconvenientearevisãodojulgadopeloTribunaldeJustiça.

Em face disso, possuindo o réu legitimidade para recorrer dasdecisões que não lhe forem favoráveis, o defensor apresentou asrazões, mas o ilustre magistrado indeferiu o processamento, sob oargumentodequehaviadecorridooprazo,levandoemconsideração,apenas,aintimaçãodadefesatécnica.

Comessadecisãonãosepodeaquiescer.Éprecisoressaltarque,emhomenagem ao princípio constitucional da ampla defesa, pode o réuexercê-la diretamente (autodefesa) e por meio do seu defensor.Aliás, justamente por tal motivo o MM. Juiz determinou que ambosfossem intimados da pronúncia. Não é cabível, portanto, oindeferimento do recurso apresentado pelo acusado, até por que adefesatécnicacomeleconcordoueapresentouasdevidasrazões.

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Nãohádivergênciaentreautodefesaedefesatécnica,devendohaveroprocessamentodorecursoemsentidoestritodestafeita.Ressalte-se que, havendo dupla intimação, o prazo somente se esgotaria seambostivessempermitidootrânsitoemjulgadodadecisão.

Ante o exposto, aguarda o testemunhante seja dado provimento aopresente recurso, determinando-se o processamento do recurso emsentido estrito, possibilitando a nova análise da sentença depronúncia, pois assim fazendo estará esse Egrégio Tribunalrealizandoatãoaguardada

JUSTIÇA.

Comarca,data.

_______________

Defensor

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6Háquemprefira,porquestãodeestilo,incluirtambémaCâmaraeaProcuradoriadeJustiça(ex.:ColendaCâmara;DoutaProcuradoriadeJustiça).

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14)Embargosinfringentesedenulidade,noaspectonulidade

“V” encont ra-se preso em virtude de sentença condenatória proferida pelo juiz de 1.º grau, por t er incorrido emcondutaprevist anoart .213,caput,doCódigoPenal,peloquesustentouumacondenaçãoapenade6anosdereclusão.Interpostoorecursodeapelação,oRevisoreoRelatornegaramprovimentoaoapelodadefesa,mantendoadecisãorecorrida,enquantoot erceiroJuiz,vencidoemparte,deuprovimentoparcialaoreferidorecurso,paraanulardesdeoiníciooprocesso.Seuvotoancorou-senaausênciadepoderesespecíf icosparaaproposituradaaçãopenal,esbarrandonanecessária representaçãoda vít ima, demonst rada a hipótese cont idano art . 225, caput, da lei penal, gerando ailegit imidadeadcausamdoMinist érioPúblico.

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator1 do Acórdãon.º____da____.ªCâmaraCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.

ReferenteApelaçãon.º____

“V”, já devidamente qualificado nos autos, por seu procurador eadvogadoinfra-assinado,vem,respeitosamente,àpresençadeV.Exa.opor

EMBARGOSDENULIDADE

aovenerandoacórdão,comfundamentonoart.609,parágrafoúnico,doCódigodeProcessoPenal,paratantorequerendosejarecebidoeordenado o processamento do presente recurso, frente as razõessustentadasemapartado.

Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Deveráserdirigidoespecificamenteaorelatordoacórdão.

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Razõesdeembargosdenulidade

Peloembargante:“V”

Embargado:MinistérioPúblico

Apelaçãon.º____

EgrégioTribunal

Oembarganteobteve,emsentençaproferidaem1.ºgrau,condenaçãopor conduta prevista no art. 213 do Código Penal, impingindo-lhepenadeseisanosdereclusão.

Inconformado com teor da decisão, houve por bem o ora embarganterecorrer da mesma, negando os fatos de modo geral e,especificamente, sua participação em qualquer tipo de conduta quegerasse à vítima o aviltamento de sua liberdade para prática deconjunçãocarnal.

A decisão em 2.º grau, contudo, não foi unânime em confirmar asentençaproferidanojuízosingular.Emverdade,foiconfirmadaasentença atacada em decisão de cunho majoritário, a sustentar ahipótese do presente recurso, ora interposto, em torno do votovencido.

Sustenta, desta feita, os presentes embargos, o voto que, comacerto,identificouflagranteilegitimidadeadcausam,umavezqueavítima, em princípio, teria legitimado o Ministério Público àproposituradaaçãopenal,porapresentarrepresentação.

Ocorrequetallegitimaçãodá-seatravésderepresentação,havendopossibilidadederetratação,antesdooferecimentodadenúncia(art.25,CPP).OdignoPromotordeJustiçaoficiante,depoisdeobtidaarepresentação,recusou-seacolheraretratação.Nãopoderiafazê-lo,oqueficouevidenciadonovotovencidoproferidonojulgamentodaE.____CâmaradoTribunaldeJustiça.

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Ainda que não se sustente excessivo rigorismo, as judiciosasconsideraçõesexternadasnovotovencidomerecemsersubscritas,sobpenadesepremiarflagrantenulidade,amaculardeformaindelévelacondenaçãosuportadapeloembargante.

Inequívocaaprevisãodolegislador,contidanoart.25doCódigodeProcesso Penal, expressando a possibilidade de formalização daretrataçãodavítima,emcasoexcepcional,retirandoalegitimaçãodoMinistérioPúblicoparaaaçãopenal.

Assim, de fato, padece de ilegitimidade ad causam o MinistérioPúblico,deformaaserinsustentávelacondenaçãoreafirmadapelosvotos vencedores, pelo que deverá preponderar o teor do votovencido,queacarretaránoreconhecimentodanulidade,afulminarademandaprocessada.

Diante do exposto, postula-se se digne Vossa Excelência receber opresente recurso, esperando sejam estes embargos de nulidade, aofinal, julgados de forma a restar reformado o venerando acórdão,paraprevaleceroteordovotovencido,comomedidadeJUSTIÇA.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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15)Embargosinfringentesedenulidade,noaspectoinfringência

“C”encont ra-sepresoemvirtudedesentençacondenatóriaproferidapelojuizde1.ºgrau,port erincorridonacondutaprevist anoart .158,caput, do CódigoPenal, peloque sustentouuma condenaçãoapenade6 anosde reclusão, emregime fechado. Interposto o recurso de apelação, o Revisor e o Relator negaram provimento ao apelo da defesa,mantendoadecisãorecorrida,enquantoot erceiroJuiz,vencidoemparte,deuprovimentoparcialaoreferidorecurso,parapromoveracompensaçãoent reaagravantedareincidênciaeaatenuantedaconfissãoespontânea,diminuindo-seapena,t endoemvist aqueamaioriaentendeupelapreponderânciadareincidênciasobreaconfissão.

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator1 do Acórdãon.º____da____.ªCâmaraCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.

ReferenteApelaçãon.º____

“B”, já devidamente qualificado nos autos, por seu procurador eadvogadoinfra-assinado,vem,respeitosamente,àpresençadeV.Exa.opor

EMBARGOSINFRINGENTES,2

aovenerandoacórdão,comfundamentonoart.609,parágrafoúnico,doCódigodeProcessoPenal,paratantorequerendosejarecebidoeordenado o processamento do presente recurso, frente as razõessustentadasemapartado.

Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Deveráserdirigidoespecificamenteaorelatordoacórdão.

2Osembargosinfringentespermitemoaumentodonúmerodejulgadores,proporcionandonovoquórumparaadecisão.Oacórdãooriginalfoiproduzidoportrêsvotos;havendodoiscontráriosaoacusadoeumfavorável,cabeorecurso,comofimdemodificaradecisão.Chama-semaisdoisjulgadorese,seestesapoiaremovotovencido,adecisãotorna-sefavorávelaoréupor3votoscontra2.

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Razõesdeembargosinfringentes

Peloembargante:“B”

Embargado:MinistérioPúblico

Apelaçãon.º____

EgrégioTribunal

Oembarganteobteve,emsentençaproferidaem1.ºgrau,condenaçãopor conduta prevista no art. 158, caput, do Código Penal,impingindo-lhe pena de seis anos de reclusão, a ser cumpridainicialmenteemregimefechado.

Inconformadocomoteordadecisão,houveporbemooraembarganterecorrer da mesma, negando os fatos de modo geral e,especificamente, sua participação em qualquer tipo de conduta quegerasseàvítimaqualquerconstrangimento.

A decisão em 2.º grau, contudo, não foi unânime em ratificar asentençaproferidapelojuízosingular.Emverdade,foiconfirmadaasentença atacada em decisão de cunho majoritário, a sustentar ahipótese do presente recurso, ora interposto, em torno do votovencido.

Sustenta, desta feita, os presentes embargos, o voto que, comacerto, identificou a necessidade de compensação da agravante dareincidênciacomaatenuantedaconfissãoespontânea,porconsiderá-las ambas preponderantes. Com a redução da pena, votou pelaaplicaçãodoregimesemiaberto.

De fato, impõe o art. 67 do Código Penal que, no confronto entreagravanteseatenuantes,devempreponderarasquedisseremrespeitoareincidência,motivosdocrimeepersonalidadedoagente.Nãohádúvida de ser a reincidência uma circunstância preponderante; aconfissãoespontânea,noentanto,nãopreenchediretamentequalquerdos requisitos do art. 67. Entretanto, associa-se ao fator

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personalidade do agente, pois este admitiu a prática do crime demaneira sincera, demonstrando arrependimento e intenção decolaboração com a Justiça. Ambas devem ser consideradaspreponderantes,motivopeloqualacompensaçãoéindeclinável.

Sob outro aspecto, afastada a preponderância da reincidência ereduzidaapena,deve-seaplicaroregimeinicialsemiaberto.

Diante do exposto, postula-se se digne Vossa Excelência receber opresente recurso, esperando sejam estes embargos infringentes, aofinal, julgados de forma a restar reformado o venerando acórdão,paraprevaleceroteordovotovencido,comomedidadeJUSTIÇA.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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16)Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoespecial

“F”foiprocessadoecondenado,pelaprát icadet entat ivaderoubosimples,aocumprimentodapenadedoisanosdereclusão,emregimeaberto.Ent retanto,o juiz concedeu-lheobenefíciodosursis, sem f ixar condições.O réuapelou,pleit eandoasuaabsolvição,pornegat ivadeautoria.Subsidiariamente,pediuasubst ituiçãodasuspensãocondicionaldoprocessoporpenarest rit ivadedireit os.OTribunaldeJust içanegouosdoispedidosdadefesa,masdeuprovimentoaorecursoparaf ixarascondiçõesdosursis,umavezqueomagist radodeixoudefazê-lonasentençacondenatória.Oacusadoingressoucomrecursoespecial.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçade____.

Apelaçãon.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

“F”,qualificadonosautos,porseuadvogado,nosautosdaapelaçãosupramencionada,interpostanaaçãopenalquelhemoveoMinistérioPúblico do Estado de ____,1 oriunda da Comarca ____, não seconformandocomoV.Acórdãodefls.____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.105,III,a,daConstituiçãoFederal,interpor

RECURSOESPECIAL

paraoColendoSuperiorTribunaldeJustiça,levandoemconsideraçãoqueadecisãoatacadacontrariouodispostonoart.617doCódigodeProcessoPenal,conformerestarádemonstradonasrazõesarticuladasemanexo.

Requer o recebimento do presente recurso, ordenando-se o seuprocessamentoearemessaàSuperiorInstânciaparanovojulgamento.

Termosemque,

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Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

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Razõesdorecursoespecial

Recorrente:“F”

Recorrido:MinistérioPúblicodoEstadode____2

ColendoTribunal

1.DAEXPOSIÇÃODOSFATOSEDODIREITO

O recorrente foi condenado em 1.ª instância, pela prática detentativaderoubosimples,aocumprimentodapenadedoisanosdereclusão,emregimeaberto,recebendo,comobenefício,aconcessãodasuspensãocondicionaldapena,semqualquercondição.

Apresentou apelação ao E. Tribunal de Justiça do Estado de ____,pleiteando a absolvição, por insuficiência de provas para acondenação, bem como, subsidiariamente, a concessão de penarestritivadedireitosemlugardosursis.

Ocorre que, não acolhendo os pedidos do recorrente, o V. Acórdãohouveporbemfixarascondiçõesdosursis, alegando que não maisexiste o benefício na forma incondicionada, devendo-se, pois,cumprirodispostonoCódigoPenal.

Assimagindo,contrariouexpressadisposiçãodoCódigodeProcessoPenal,quenãoadmiteareformatioinpejus,quandohouverrecursoexclusivodoréu(art.617).

2.DOCABIMENTODORECURSOESPECIAL3

A Constituição Federal estabelece caber recurso especial quando acausa for decidida por Tribunal do Estado e a decisão recorridacontrariarleifederal(art.105,III,a).

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Ao impor condições ao sursis, sem ter havido recurso da acusação,comabordagemdamatéria,oE.Tribunalaquoignorouodispostonoreferidoart.617doCódigodeProcessoPenal,dandoensejoaesterecursoespecial.

3.DAIMPOSSIBILIDADEJURÍDICADAREFORMATIOINPEJUS4

AleiprocessualpenaléclaraaovedarqueoTribunal,emqualquerdecisão,agraveapenadoréuquandosomenteestehouverapeladodasentença.

É sabido que a suspensão condicional da pena é um benefícioconcedidoaoscondenadosapenasquenãoultrapassem,emregra,osdoisanosdereclusãooudetenção,devendorespeitarascondiçõesdoart. 78 do Código Penal. Portanto, o magistrado tem a opção deescolherentreosdenominadossursissimples(art.78,§1.º,CP)eespecial(art.78,§2.º,CP).

Não se desconhece ter a Reforma Penal de 1984 eliminado apossibilidadedehaverafixaçãodesursisincondicionado,porém,setal situação vier a se materializar, por equívoco do julgador,contra esta decisão deve o órgão acusatório interpor o recursocabível. Conformando-se com a situação, torna-se imutável asentença,aomenosnessecontexto.

Adisposiçãodoart.617doCódigodeProcessoPenalestáemplenaharmonia com a garantia fundamental da ampla defesa, com autilizaçãodosrecursosaelainerentes.Seoacusadonãotivesseasegurançadequeorecursoporeleapresentadojamaisseriajulgadocontra os seus interesses, estaria arranhado o seu direito derecorrer,poiscriadaaexpectativadepiorarsuasituação,ferindoaampladefesa.

Dessamaneira,seojuizde1.ªinstânciaerrouaoconcederosursissemqualquercondição,nãopodeoTribunalcorrigir-lheafalha,semterhavidooindispensávelreclamodaacusação.Nocasopresente,oacusadorecorreuparaserabsolvidoouparaobterpenaalternativa,masnuncaimaginandoquepoderiasofrermaiorgravamenocumprimento

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dapena.

Lembre-se que a suspensão condicional da pena também é maneira defazervalerapretensãopunitivadoEstado,constituindoformamaisfavorávelaoréuaausênciadequalquercondição.Emfacedisso,nãohápossibilidadedeseestabelecer,em2.ºgrau,nocasoderecursoexclusivodoréu,condiçõesparaosursis,aindaquesealegueseremelasmeradecorrênciadelei.

3.DADOUTRINA5

4.DAJURISPRUDÊNCIASOBREOTEMA6

5.PEDIDO

Restou evidenciado, nitidamente, ter havido contrariedade à leifederal (art. 617 do Código de Processo Penal), não podendosubsistir as condições fixadas pelo V. Acórdão recorrido para asuspensãocondicionaldapenaconcedidaaorecorrente.

Anteoexposto,requersejaopresenteRECURSOESPECIALconhecidoeprovido, para o fim de ser alterado o V. Acórdão de fls. ____,invalidando-se o estabelecimento das condições para o sursis,mantida a sentença que determinou a sua concessão, eis que nãoatacadanesseprisma,demodoareafirmaragarantiafundamentaldaampladefesa,consubstanciadanavedaçãoàreformatioinpejus.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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2Emboraconstituapraxe forenseautilizaçãodaexpressão “JustiçaPública”,emverdade,ela inexiste.QuempromoveaaçãopenaléoMinistérioPúblico.Quemaplicaaleiaocasoconcreto,realizando justiçaéoPoderJudiciário.Logo,nãohá“JustiçaPública”,comosinônimodeórgãoacusatório.

3Podehavermaisdeumacausaparaorecursoespecial,sendoútildiscriminá-lasnestetópico,quecuidadoseucabimento.

4Reformatioinpejuséumaexpressãoemlatimconsagrada,nãonecessitando,pois,tradução.Significaquenãopodehaver“reformadadecisãocomprejuízoparaaparte”sesomenteestarecorreu.Nocasopresente,oprejudicadofoioréu.

5Citartrechospertinentesdedoutrinadoresqueassimentendem.

6Mencionaralgunsacórdãosquetenhamdecididonessesentido,especialmente,sehouver,doSuperiorTribunaldeJustiça,órgãoparaoqualserecorre.

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17)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoespecial

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____

Apelaçãon.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

OMinistérioPúblicode____,nosautosdaapelaçãosupramencionada,interposta em ação penal movida em face de “F”, frente aorespeitávelJuízoda____.ªVaraCriminalde____,tendoemvistaainterposiçãodorecursoespecialpeloacusado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaapresentarsuas

CONTRARRAZÕES

a serem examinadas pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça,consistentes nas argumentações apresentadas em anexo, que deverão,ao final, serem acolhidas, restando rejeitada a pretensão do orarecorrente,mantidaadecisãoatacada.

Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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Contrarrazõesderecursoespecial

Pelorecorrido:MinistérioPúblicodoEstadode____

Recorrente:“F”

ColendoTribunal

Não obstante a combatividade do douto procurador encarregado dadefesa, incansável, como de rigor, na defesa dos direitos do orarecorrente,nãoprocedemsuasrazõesparainterposiçãodopresenterecurso, eis que não há que se sustentar contrariedade expressa àprevisão legal, em especial ao mencionado art. 617 do Código deProcessoPenal.

Conformeressaltouoprópriorecorrenteemsuasrazõesderecurso,foiomesmocondenadopelacondutaprevistanoart.157c/cart.14,II,ambosdoCódigoPenal,peloquefoiinfligidapenadedoisanosde reclusão, em regime aberto, recebendo, como benefício, asuspensão condicional da pena, sem qualquer condição inicialmentefixada.

Inconformado com a referida condenação, interpôs o recorrenterecurso de apelação, sustentando a reforma do decisório para verreconhecida a insuficiência de provas, o que lhe acarretaria aabsolviçãoou,subsidiariamente,aconcessãodepenarestritivadedireitos,nolugardasuspensãodapenacomoqualfoibeneficiado.

Rejeitadasaspretensõesdorecorrenteemsededeapelo,oacórdão,oraatacado,houveporbemfixarascondiçõesdosursis,emrazãodenãoexistirpossibilidadedesuaconcessãoincondicionada,daformacomofoioriginalmenteprevistanasentençade1.ºgrau.

Em razão disso, sustenta o recorrente ter sido atingido pelacontrariedadeaotextolegalqueexpressaclaravedaçãoàreformatioinpejus, o que de fato não ocorreu, afastando-se, dessa feita, a

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pertinênciaepropriedadedopresenterecurso.

I.DONÃOCABIMENTODORECURSO

Ao fixar as condições para benefício da suspensão condicional dapena,odecisório,oraatacado,nãoprejudicouemnadaorecorrente.Aocontrário,veiodeencontroaumaexigêncialegalqueviabilizaoseucumprimento,fixandocondiçõescompatíveiscomacondutaobjetoda condenação, uma vez que, praticamente, não ressaltou qualquerexigênciaforadocontextolegal,muitomenosquevenhadeencontrocomaliberdadequelheéasseguradapelobenefício.

Aanálisecuidadosadoart.696doCódigodeProcessoPenal,ondesevê a previsão legal do benefício em comento, é suficiente paraendossar o que agora se destaca, no sentido de não haver qualquerinfringênciaatextolegal,adarensejoaorecursointerposto,quedeveráserrejeitadodeplano.

II.INEXISTÊNCIADEPREJUÍZOPARAORECORRENTE

Poroutrolado,afixaçãodecondiçõesdosursisconcedidoencontra-sedentrodaprevisãolegalqueapontaanecessidadedesuafixação,dentrodoslimitesmínimosnelacontidos,semalcançar,destafeita,agravamento da situação do recorrente, sendo inconsistente aargumentaçãodereformadadecisãoparaprejuízodorecorrente.

Orecursointerpostosustenta-seemtornodanãoatençãoaoprevistono Código Processual Penal vigente, que veda, em seu art. 617, oagravamentodapena,especialmentesenãotiversidoasentençaqueafixou,objetodeapelonessesentido.

De fato, não se negue, que somente o ora recorrente apelou dadecisãoprolatadaemprimeirograu,objetivandosuareforma.Destafeita, considerar-se-á que não houve por parte do ora recorridoqualquerpretensãodeveragravadaapenaimposta,assimcomotambémnão se manifestou no sentido de serem fixadas condições especiaispara a concessão da suspensão condicional da pena, sustentado queestariapeloconteúdodo§3.ºdoart.698dodiplomaprocessual.

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Em conclusão, a fixação de condições, repita-se, em nadaconflitantes com o estado de liberdade, autorizado pelo benefícioconcedido, não caracteriza qualquer ilegalidade ou reforma desentença em prejuízo do recorrente, a justificar se conhecido orecurso,seja-lhenegadoprovimento.

Nosentidodoquesesustenta,vementendendoostribunaispátrios.1

Damesmaforma,insta-sedestacaradoutrinaqueseopõeaoadvogadopelorecorrente,aendossararejeiçãodopresenterecurso.2

III.PEDIDO

Peloquerestoudemonstrado,édeclaraconstataçãonãoterhavidoqualquercontrariedadeàleifederal,especialmenteaoart.617doCódigodeProcessoPenal,razãopelaqualnãodeveserconhecidoorecurso,mantidooV.Acórdão,objetodapresenteanálise.

Seconhecido,oquesealegaapenasatítulodeargumentação,deveráseraomesmonegadoprovimento,paraofimdesemanterinalteradoodecisum proferido em 2.º grau, mantidas as condições da suspensãocondicional da pena fixadas, que em nada cercearam direitos dorecorrente,nemmesmocaracterizaramprejuízodesuasituação,eisqueinalteradaapenaimposta.

Nodeslindedopresenterecurso,nosentidodoquesepleiteia,maisuma vez essa Nobre Casa estará agindo em conformidade com a maisilibadaJustiça.3

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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1Inserirjurisprudênciafavorávelàtesedefendida.

2Mencionarsustentaçãodoutrinária,nosentidodosustentado.

3 Bastante comuma finalização de peças relativas a recursos, comexaltação à realização de Justiça, o que poderá sedefendercomoestilodosubscritordamesma.

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18)Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoextraordinário

“B”foiprocessadoecondenadopelaprát icadedoislat rocínioset rêshomicídiosqualif icados,result andonapenade91anosde reclusão, em regime fechado.Próximoa at ingir o limitede30 anos, previstono art . 75doCódigoPenal, oMinist érioPúblicorequereuaconversãodapenaemmedidadesegurança,simplesmentealegandoqueoréu,port ersidocondenadoporcrimesgraves,t odoscomviolênciacont raapessoa,seriaperigoso,razãopelaqual,fundadonoart .183daLeideExecuçãoPenal,baseando-seemexamecriminológico realizadoduranteaexecução (ondeseatestaapericulosidade),necessit ariacont inuardet ido.O juizdeferiuopedidoeconverteuapenaemmedidadesegurança,sustentando que o condenado padecia, em face da periculosidade atestada, de perturbação da saúde mental.Interposto agravo, o Tribunal de Just iça manteve a decisão de primeiro grau. O acusado ingressou com recursoext raordinário.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçade____.

Apelaçãon.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

“B”,qualificadonosautos,porseuadvogado,nosautosdaapelaçãosupra mencionada, interposta na execução penal oriunda da Comarca____, não se conformando com o V. Acórdão de fls. ____, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.102,III,a,daConstituiçãoFederal,interpor

RECURSOEXTRAORDINÁRIO

paraoColendoSupremoTribunalFederal,levandoemconsideraçãoqueadecisãoatacada contrariouo dispostonoart. 5.º,XLVII, b, daConstituição Federal, conforme restará demonstrado nas razõesarticuladasemanexo.

Requer o recebimento do presente recurso, ordenando-se o seuprocessamentoearemessaàSuperiorInstânciaparanovojulgamento.

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Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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Advogado

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Razõesderecursoextraordinário

Recorrente:“B”

Recorrido:MinistérioPúblicodoEstadode____

ColendoTribunal

1.DAEXPOSIÇÃODOSFATOSEDODIREITO

Orecorrentefoicondenadopelapráticadedoisroubosseguidosdemorte(art.157,§3.º,CP)etrêshomicídiosqualificados(art.121,§2.º,CP),emconcursomaterial,aocumprimentodapenade91anosdereclusão.

Transitadasemjulgadoasdecisõescondenatórias,deuinícioaocumprimentodapenanodia20dejaneirode1974.Conformedispõeoart.75,§1.º,doCódigoPenal,tevesuapenaunificada,paraofimderespeitarolimiteestabelecidonocaputdomesmoartigo,em30anos,devendoserlibertadoem19dejaneirode2004.Apósoiníciodo cumprimento da pena, não cometeu nenhum outro delito, sendoinaplicávelodispostonoart.75,§2.º,doCódigoPenal.

Ocorre que, no início de 2003, percebendo que a pena dorecorrente estava próxima do termo final, o Ministério Públicorequereu a conversão da pena em medida de segurança, baseado nojuízodepericulosidade,jáatestadopeloúltimoexamecriminológicorealizadoem2002,tambémapedidodoórgãoacusatório.

Omagistradodeferiuopedidoeconverteuapenaemmedidadesegurança, com fundamento no art. 183 da Lei de Execução Penal,afirmando padecer o condenado de perturbação da saúde mental,representativadoseuestadodepericulosidadeeimpossibilidadederecuperaçãoparatornaraoconvíviosocial.

Apresentado agravo em execução ao E. Tribunal de Justiça doEstado de ____, pleiteando a reforma dessa decisão, por falta deamparo legal, uma vez que não subsiste, no Brasil, o sistema doduplobinário,orecursofoiimprovidoporunanimidade.

Ocorreque,nãoacolhendoopedidodorecorrente,oV.Acórdão

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houve por bem contrariar expressamente o disposto no art. 5.º,XLVII,b,daConstituiçãoFederal,quevedaqualquerpenadecaráterperpétuo.

2.DOCABIMENTODORECURSOEXTRAORDINÁRIO1

A Constituição Federal estabelece caber recurso extraordinárioquandoacausafordecididaporTribunaldoEstado(últimainstânciapara a situação) e a decisão recorrida contrariar dispositivoconstitucional(art.102,III,a).

Ora,aoimporaocondenadomedidadesegurança,aindaquepossaele ser considerado perigoso, o E. Tribunal violou preceitoconstitucional,admitindoqueapenapodetercaráterperpétuo,umavez que a medida de segurança passaria a viger por prazoindeterminado.

Em princípio, poder-se-ia falar em recurso especial, porviolação ao disposto no art. 183 da Lei de Execução Penal, emboranão seja esse o enfoque merecido à questão. Na realidade, não sequestiona o fato de o exame criminológico, realizado em 2002, termencionado, claramente, ser o condenado perigoso, padecendo deperturbaçãodasaúdemental,inclusivepelofatodeestarpresoporquasetrintaanos.Emtese,pois,poderiaoJudiciárioconverterapenaemmedidadesegurança,encaminhando-oatratamentonohospitalde custódia e tratamento, mas sem que tal medida pudesse servir àperpetuaçãodapena,transformando-aemsançãodecaráterperpétuo.

Nãosequestiona,portanto,odispostonoreferidoartigo183daLei7.210/84,masoseualcance,diantedopreceituadonoart.5.º,LXVII, b, da Constituição Federal. Daí por que a interposição dopresenterecursoextraordinário.

3.DAREPERCUSSÃOGERALDAQUESTÃOCONSTITUCIONAL2

Merece conhecimento e provimento o presente recursoextraordinário, porque direcionado ao estrito cumprimento domandamento legal, não obstante os inúmeros casos semelhantesexistentes no Brasil, onde não são poucos os condenados a penaselevadas, que ultrapassam os 30 anos, limite de cumprimentoestabelecidonoart.75,caput,doCódigoPenal,alémdenãoseremincomuns os pedidos de conversão da pena em medida de segurança,quandoestápróximootermofinaldapena,propostospeloMinistério

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PúblicoedeferidospeloJuízodaExecuçãoPenal.

Não se negue que o aumento da criminalidade nas décadas desetentaeoitentaproporcionouoincrementodepenaselevadase,naatualidade,existamvárioscondenadossujeitosaatingirolimitede30anos.

Nessesentido,éfundamentalqueoC.SupremoTribunalFederal,guardião da Constituição, delibere a respeito do assunto,vislumbrando,ounão,ofensaàvedaçãodapenadecaráterperpétuoquandoseconvertepenaemmedidadesegurançanocursodaexecuçãopenal.

Fixado o entendimento, que deverá prevalecer para todos ossentenciados,arepercussãodojulgadocertamentereduziráoimpactodosrecursosnasVarasdeExecuçãoPenalepermitiráaoJudiciáriodeprimeiroesegundograusbalizar-sepelaorientaçãotraçadaporessaCorteSuprema.

4. DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO SISTEMA DO DUPLO BINÁRIO E DAINVIABILIDADECONSTITUCIONALDOJUÍZODEPERICULOSIDADE3

Até 1984, adotava o Código Penal o sistema do duplo binário,possibilitando ao magistrado a aplicação de pena e de medida desegurança, a ser cumprida na sequência, quando se tratasse decondenado por crime violento contra a pessoa, presumindo-se suapericulosidade.

A Reforma Penal trazida pela edição da Lei 7.209/84, quereformulou a Parte Geral do Código Penal, bem como a Lei 7.210/84(Lei de Execução Penal), extraíram tal sistema, adotando, em seulugar,osistemavicariante,aplicando-se,portanto,penaoumedidadesegurança.

Paraaanálisedanecessidadedeseaplicarpenaoumedidadesegurança,estipulouoart.26doCódigoPenalqueaimputabilidadepenal,aserverificadaàépocadofato,seriaofatordeterminante.Portanto,aosréusinimputáveispordoençamentaloudesenvolvimentomentalincompletoouretardado,que,nomomentodapráticadofato,fossemconsideradosincapacitadosdeentenderocaráterilícitodoque faziam ou de se comportar de acordo com tal entendimento, ocaminho seria a absolvição (art. 386, parágrafo único, III, CPP),aplicando-se medida de segurança de internação ou tratamentoambulatorial,conformeocaso.Excepcionalmente,aossemi-imputáveis

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(art.26,parágrafoúnico,CP),poder-se-iaaplicarpenaeconvertê-laemmedidadesegurança,seforomaisindicadoparatratarasuaperturbação da saúde mental, desde que esta também se tenhamanifestadoàépocadofato.

No caso em tela, o réu condenado ao cumprimento de penaprivativadeliberdadetevesuaimputabilidadeanalisadanomomentodocometimentodofatocriminoso,motivopeloqualrecebeupuniçãonaexataproporçãodoquemereceu.Aesteinfratornãosepode,emhipótesealguma,aplicarpenadecaráterperpétuo,razãopelaqualdeve-serespeitarodispostonoart.75,caput,doCódigoPenal.

Lembre-se,ainda,queojuízodeculpabilidadeépertinenteaoimputável,servindo,então,denorteadordoquantumdapena.Ojuízodepericulosidaderefere-seaoinimputável,favorecendoaanálisedamedida de segurança cabível, sua extensão e duração. Ambos sãoverificados,repita-se,àépocadofato.

O legislador, no entanto, foi cauteloso. Se, durante ocumprimentodapena,forocondenadoacometidodedoençamentalouperturbaçãodasaúdemental,quecomprometaasmetasdereeducaçãoeressocialização materializadas pela pena, deve ser transferido aohospital de custódia e tratamento, convertendo-se a sua pena emmedidadesegurança.Emborasilenteodispositivo(art.183,LEP),éprecisodestacarquetalconversãonãopodesersuperioraoperíododa pena, uma vez que a necessidade da medida de segurança surgiuduranteocumprimentodapenaenãonaépocadofato.

Diante disso, o limite de 30 anos de cumprimento de penaprivativadeliberdadedeveseroparâmetroparaorecorrente,queera imputável à época de suas condenações. O juízo depericulosidade, acolhido pelo V. Acórdão, é ofensivo ao sistemapenalatual,demonstrativodelesãoaodispostonoart.5.º,LXVII,b,daConstituição,mascarando-se,pelaconversãodapenaemmedidadesegurança,aaplicaçãodaumapenadecaráterperpétuo.

Contrariaotextolegalàmedidaque,sedesejassemanteraavaliação da periculosidade como critério para a soltura de réusautoresdecrimesgraveseviolentos,nãopoderiaolegisladortermodificado o disposto no Código Penal, mantendo-se, emcontrapartida, o sistema do duplo binário. Não foi a opçãolegislativae,respeitadooprincípiodalegalidade(nãohápenasempréviacominaçãolegal),torna-seinviávelsubstituir,porqualquer

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mecanismo, o sistema vicariante pelo antigo e revogado sistema dacumulaçãodapenacommedidadesegurança,razãodapertinênciadopresenterecurso.

5.DADOUTRINA4

6.DAJURISPRUDÊNCIASOBREOTEMA5

7.PEDIDO

Restou evidenciado, desta feita, nitidamente, ter havidocontrariedade a dispositivo da Constituição Federal (art. 5.º,LXVII, b), com repercussão geral da questão constitucional (art.102, § 3.º, CF) não podendo subsistir a decisão tomada pelo V.Acórdão.

Ante o exposto, requer seja o presente RECURSOEXTRAORDINÁRIOconhecidoeprovido,paraofimdeseralteradooV.Acórdãodefls.____,invalidando-seaconversãodapenaemmedidade segurança com prazo indeterminado, respeitado o limite de 30anos,estabelecidonoart.75,caput,doCódigoPenal,declarando-seextinta a punibilidade do sentenciado e expedido o alvará desoltura.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 Podehavermais de uma causapara o recurso extraordinário, sendoútil discriminá-las neste tópico, que cuida do seucabimento.

2ItemintroduzidopelaReformadoJudiciário(EC45/2004),noart.102,§3.º,CF.

3MaioresdetalhessobreotemapodemserencontradosnonossoCódigoPenalcomentado,notas136e138aoart.75e10aoart.97.

4Citartrechospertinentesdedoutrinadoresqueassimentendem.

5Mencionaralgunsacórdãosquetenhamdecididonessesentido,especialmente,sehouver,doSupremoTribunalFederal,órgãoparaoqualserecorre.

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19)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesderecursoextraordinário

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____

ou

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunalRegionalFederalda____.ªRegião.

ReferenteApelaçãon.º____

“U”, já devidamente qualificado nos autos do recurso de apelaçãoapontado, por seu procurador e advogado infra-assinado, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,tempestivamente,emfacedainterposiçãodo

RECURSOEXTRAORDINÁRIO,

apresentar as contrarrazões consistentes nas argumentaçõesapresentadasemanexo.

Termosemque,

PedeDeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

ou

ProcuradordaRepública

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Contrarrazõesdorecursoextraordinário

Pelorecorrido:MinistérioPúblico

Recorrente:“U”

ReferenteApelaçãon.º____

EgrégioTribunal

Atuou com o costumeiro acerto o Tribunal prolator do acórdãoatacado, não alcançando dispositivos constitucionais, afastando apertinênciadopresenterecurso.

Trata-sedesituaçãoemqueorecorrentefoicondenado,emconcursomaterial, pela prática de dois roubos seguidos de morte e trêshomicídios qualificados, sustentando em razão disso, sentençacondenatóriaquelhedestinava91anosdereclusão.

Tendo transitado em julgado os decisórios, teve o recorrente suapenaunificada,deformaaobedeceraprevisãolegallimitadoradotempo de segregação, no sentido do que prevê o art. 75 do CódigoPenal.

Desta feita, encontra-se o recorrente cumprindo pena desde 20 dejaneirode1974,peloqueestariapróximoaotermofinaldamesma.Noentanto,eminíciode2003,houveporbemodignorepresentantedo Ministério Público requerer a conversão da pena em medida desegurança, especialmente em razão da grande periculosidadeapresentada pelo recorrente, atestado em competente examecriminológico,efetuadoanteriormente.

Comorigorquenorteiaasdecisõesqueprofere,ojuizdeferiuopleiteado, especialmente pelo exame cauteloso dos dados constantesda avaliação do recorrente, que não deixou dúvidas de que o mesmosustenta inequívoca perturbação de sua saúde mental, não lhepermitindodiscernircomacertosobrecondutasqueobjetivarealizaraseversemqualquercontrole(fazermençãoatermosdolaudoou

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destaquedetópicosquejustifiquemasustentação).

Não obstante não ter cometido outro delito, após o início documprimento da pena, os relatórios de ocorrências envolvendo orecorrente atestam seu envolvimento em situações que mereceramsempre expressivo controle, a justificar a presença de estado depericulosidade,desajustesocialrecorrenteeimpossibilidadedeserdeduzida, desta feita, a recuperação que o faria apto ao convíviosocial.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

PromotordeJustiça

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20)Interposiçãodeagravodeinstrumentodedespachodenegatórioderecursoespecial

(partiu-se da mesma proposição do recurso especial anteriormentetrabalhado)

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____.

ReferenteaoRecursoEspecialn.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

“F”, qualificado nos autos, por seu advogado infra-assinado, nosautos do RECURSO ESPECIAL já mencionado, não se conformando com arespeitáveldecisãodenegatóriadesseEgrégioTribunal,inadmitindoomesmo,interpostoparaoColendoSuperiorTribunaldeJustiça,emface da decisão reformada em sede de apelo, que houve por bemcontrariarodispostonoart.617doCódigodeProcessoPenal,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciainterpor

AGRAVODEINSTRUMENTO

comfundamentonoart.28daLei8.038/90paraoSuperiorTribunaldeJustiça,paratantoanexandoeexibindoaspeças:

a.Denúncia(doc.1);

b. R. sentença condenatória proferida em primeira instância (doc.2);

c.Apelaçãointerposta(doc.3);

d.AcórdãodaEgrégiaC.CdoTribunaldeJustiça,fixandocondiçõesdosursis,nãoobstantenãotersidoobjetodoapelo(doc.4);

e.Certidãodeinterposiçãodoacórdãorecorrido(doc.5);

f.InterposiçãodoRecursoEspecialesuasrespectivasrazões(doc.6);

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g. Contrarrazões opostas ao Recurso Especial pela Procuradoria deJustiça(doc.7);

h.Decisãoagravada,queinadmitiuoRecursoespecial(doc.8);

i.Certidãodeintimaçãodav.decisãoagravada(doc.9);

Diantedoexposto,apresentandoasrazõesdopresenteemseparado,requer,umavezrecebidoopresenteagravo,sejaomesmodevidamenteprocessado,encaminhando-oaoColendoSuperiorTribunaldeJustiça,apósapresentadasascontrarrazõesdomesmo,nostermosdalei.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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21)Razõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

(partiu-se da mesma proposição do recurso especial anteriormentetrabalhado)

RAZÕESDEAGRAVO

Peloagravante:“F”

Agravado:MinistérioPúblico

RecursoEspecialn.º____

EGRÉGIOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL

COLENDACÂMARA

DOUTOSMINISTROS

Laboroucomequívoco,quenãolheécostumeiro,oEgrégioTribunalde Justiça do Estado de ____, quando inadmitiu Recurso Especialinterpostofrenteaodecisório,queemgraudeapelo,deuprovimentoao mesmo para fixar as condições de sursis, sustentado pelo oraagravante, sem que nem ao menos fosse a providência abordada pelorecursointerposto.

Trata-se de condenação envolvendo a prática de tentativa de roubosimples, cuja sentença, reconhecendo-o culpado, atribuiu aoagravante pena de dois anos de reclusão, em regime aberto, combenefício de sursis, sem que tenha o juiz de 1.º grau fixadocondiçõesparaomesmo.

Inconformado, o sentenciado apelou da decisão condenatória,pleiteando sua absolvição, por negativa de autoria.Subsidiariamente, pleiteou também a substituição da suspensãocondicionaldapena,porpenarestritivadedireito.

Contudo, houve por bem o Egrégio Tribunal, em análise do recursointerpostopeloréu,daraomesmoparcialprovimentoparaofimde

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fixar as condições do sursis, não obstante não ter feito o oraagravantemençãoaissoemsuaapelação.

Emrazãodisso,ingressouooraagravantecomRecursoEspecial,emtempohábilecomatençãoaosaspectosformaisdesuainterposição.Todavia, o Recurso Especial obteve decisão denegatória derecebimento, fundado na intempestividade, o que, de fato, nãoocorreu.

De proêmio, cumpre ser analisado que o despacho denegatório dorecebimentodoRecursoEspecialinterpostofoipublicadoemdatade____, uma sexta-feira. Ressalte-se também que o primeiro dia útilposterior à publicação, ou seja, a segunda feira que se seguiu,coincidiucomopontofacultativodecretadopelopróprioTribunaldeJustiçadoEstado,emrazãodeeleiçãoocorridanaComarcaeemtodoEstado,comoédefácilconstatação.

Destafeita,oprazodequinzediasdoRecursoEspecial,expressonoart. 26 da Lei 8.038/90, começou a contar, aos moldes dos prazosprocessuais, na terça-feira subsequente, ou seja, dia ____,vencendo-senaterça-feira,dia____.Asimplesanálisecuidadosadachancela de protocolização do recurso, considerados os fatos aquiexplicitados, fará jus a dedução de que o Recurso interposto foitempestivo,aindicaroseunecessáriorecebimento.1

Conforme já se pôde sustentar, a Constituição Federal estabelececaberrecursoespecialquandoacausafordecididaporTribunaldeEstadoeadecisãorecorridacontrariarleifederal(art.105,III,a).

A imposição de condições ao sursis concedido na sentença, sem quetenhaooraagravanteenfocadoamatériaemseurecursodeapelação,afetou o disposto no art. 617 do Código de Processo Penal, dandoensejo,destafeita,aorecursoespecial.

Houve claro agravamento da pena pelo Juízo de 2.ª instância, nãoobstantesomenteooraagravanteterapelado,possibilitandoaclaraidentificaçãodareformatioinpejus,oquenãosepodeadmitir.

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Estando o dispositivo já mencionado, o art. 617 do Código deProcessoPenalemplenaharmoniacomagarantiafundamentaldaampladefesa, com a utilização dos recursos a ela inerentes, não éadmissívelresteoagravantesuportandoagravamentodesuasituação.

Ressalte-se,eisquenecessário,queasuspensãocondicionaldapenaéumbenefícioconcedidoaoscondenadosapenasquenãoultrapassem,emprincípio,doisanosdereclusãooudetenção,devendorespeitaras condições do art. 78 do Código Penal. É cediço que a ReformaPenal de 1984 inviabilizou a possibilidade de haver a fixação desursisincondicionado.Porém,setalaspectoocorrer,comodefatosedeu,nãopoderiaterpassadodespercebidopeloórgãoacusatório,quedeveriaterinterpostomedidaapropriadaàsuacorreção.

Nãoabordadopelooraagravante,quandodasentençaapelou,amedidade fixação de condições adotada pelo Tribunal é excessiva eprejudicial ao réu, razão da pertinente interposição do recursoespecial,queporevidenteequívocofoidenegado.

Assim, presentes estão todos os requisitos para a interposição doRecurso Especial que objetivava ver analisado, o ora agravante,interposto tempestivamente, razão pela qual deveria ser o mesmorecebido,semqualquersombradedúvida.

Hánotóriacontrariedadeàleifederalasertrabalhada,conformejáseexpôsenãopodesubsistiroequívocoquantoàtemporariedadedorecursoespecial,quemerecedetidaanálise.

No sentido de todo o alegado, encontra-se a doutrina pátria e ajurisprudênciadominante.2

Diante do exposto, requer o agravante seja dado provimento aopresente,aplicando-seanormacontidano§3.ºdoart.28daLei8.038/90, vez que todos os elementos necessários ao julgamento domérito do Recurso Especial interposto estão aqui presentes,decretando-seareformadodecisórioatacado,deformanãoserdadoprovimentoaorecursodeapelaçãointerpostopelooraagravante,nosentido totalmente diverso do que pretendia, restando a suspensão

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condicionaldapenasemasfixaçõescontidasnoteordoacórdão,porforça de assim mais uma vez estar se subscrevendo a mais ilibadaJustiça!

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Aargumentaçãodeverá sempreanalisar a necessidadede ser apreciadoo recurso interposto, pelo reconhecimentodetodos os requisitos de sua admissibilidade. Localizada a razão de sua não admissão, deverá ser ela minuciosamentecombatida.

2 Neste trecho, poderão ser inseridas transcrições doutrinárias, pertinentes à argumentação sustentada, bem comojurisprudênciadeigualteor,seconvier.

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22)Interposiçãodecontrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

(partiu-se da mesma proposição do recurso especial anteriormentetrabalhado)

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____.

ReferenteaoRecursoEspecialn.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

O Ministério Público de ____, nos autos do RECURSO ESPECIAL jámencionado,interpostoemaçãoquepromoveemfacede“F”,tendoemvista o inconformismo do recorrente frente à respeitável decisãodenegatóriadesseEgrégioTribunal,inadmitindoomesmo,interpostoparaoColendoSuperiorTribunaldeJustiça,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaapresentar

CONTRARRAZÕESDOAGRAVO,

conformeprevistono§1.ºdoart.28daLei8.038/90,consistentesnas razões que seguem em anexo, que examinadas pelo SuperiorTribunallevarãoàconclusãodemanutençãododecisóriooraatacado,restandorejeitadaapretensãodorecorrente.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Promotor

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23)Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoespecial

(partiu-se da mesma proposição do recurso especial anteriormentetrabalhado)

CONTRARRAZÕESDEAGRAVO

Peloagravado:MinistérioPúblicodoEstadode____

Agravante:“F”

RecursoEspecialn.º____

EGRÉGIOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL

COLENDACÂMARA

DOUTOSMINISTROS

Não há qualquer reparo a ser feito quanto à decisão que inadmitiuRecursoEspecialinterpostopelooraagravante.

Em apelação interposta pelo agravante, esse r. Tribunal, comincontesteacerto,deuprovimentoaoreferidorecursoparafixaçãodecondiçõesdesursis,nãoprevistasnasentençacondenatória,emrazãodenãoserpermitidoemnossalegislaçãopátriaaconcessãodasuspensãocondicionaldapena,semcondiçõesparaseucumprimento.

Contudo, sustenta o agravante que teria sido atingido pelacontrariedade ao texto legal que deixa clara a proibição dareformatio in pejus, o que de fato, conforme já se pôde aduziranteriormente,nãoocorreu.

As condições de fixação da suspensão condicional da pena nãosignificamqualquerprejuízoaorequerente,muitopelocontrário.OEgrégio Tribunal só fez cumprir previsão legal assecuratória documprimentoeviabilidadedaconcessãoindicadanasentença,nemaomenosseaproximandodequalquerprejuízoparaosentenciado,razão

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pelaqualnãoháquesefalaremcontrariedadedeleifederal.

Asustentaçãooradefendida,encontrarespaldoemjulgadosdenossosTribunais,frontalmentecontráriosàpretensãodoagravante.1

Dessafeita,nãoestandocumpridostodososrequisitosnecessáriosparainterposiçãodeRecursoEspecial,adenegaçãoderecebimentodomesmodevesermantida,semqualquerprejuízoàdefesadoagravante,essenãosustentandoqualquermedidaatentatóriaàsualiberdadedelocomoção,comafixaçãodascondiçõesdosursis.

Se,inconformadocomadecisãocondenatória,osentenciadohouveporbemapelardamesma,nãosepoderásustentarquehouveprejuízodoseustatusquoemrazãodoteordoacórdãoquebuscouatacaratravésdorecursoespecial,tãosomenteporqueomesmofixouascondiçõesda suspensão condicional da pena, obedecendo ao rigor da lei e emnadaalcançandoaliberdadedosentenciado.

Assim, o recurso cujo recebimento foi afastado pelo EgrégioTribunal,alémdeefetivamenteintempestivo,umavezquedeveriaserinterposto no dia ____, quinze dias após a decisão que visavaatacar,nãotemqualquerelementoqueojustifique,estandocorretaa sua denegação pelo Tribunal competente, uma vez que não hásustentaçãoparaomesmo.

Conforme pôde sustentar até mesmo o ora agravante, a ConstituiçãoFederal estabelece caber recurso especial quando a causa fordecididaporTribunaldeEstadoeadecisãorecorridacontrariarleifederal(art.105,III,a),oquenãoéhipóteseemanálise.

Diante do exposto, não havendo contrariedade à lei federal, nãobastasse ter sido o mesmo interposto sem atenção ao prazo de suaadmissibilidade, afastada deverá ser a pretensão do agravante deplano,mantendo-seadecisãoatacadaquerejeitouoRecursoespecialinterposto.

Se admitido o presente agravo, no mérito não merecerá ser providoporinconsistênciadasargumentaçõesdoagravante,peloquedeigual

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formaseráafastadaaalteraçãododecisórioquefixouascondiçõesparaasuspensãocondicionaldapena,eisqueconsoanteaorigordalei.

Diante do exposto, requer o agravado não seja dado provimento aorecursoe,casosejaaplicadaanormacontidano§3.ºdoart.28daLei8.038/90,vezquetodososelementosnecessáriosaojulgamentodoméritodoRecursoEspecialinterpostoestãoaquipresentes,sejamantida a decisão atacada, uma vez que nenhum prejuízo causou aorequerente.

Nodeslindedopresenterecurso,nosentidodoquesesustenta,maisuma vez essa Nobre Casa estará atuando em nome da mais ilibadaJustiça!

Comarca,data.

_______________

Promotor

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1 Neste trecho, poderão ser inseridas transcrições doutrinárias, pertinentes à argumentação sustentada, bem comojurisprudênciadeigualteor,seconvier.

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24)Interposiçãodeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

(partiu-se da mesma proposição do recurso extraordinárioanteriormentetrabalhado)

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____.

ReferenteaoRecursoExtraordinárion.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

“B”, qualificado nos autos, por seu advogado infra-assinado, nosautos do RECURSO EXTRAORDINÁRIO já mencionado, não se conformandocom a respeitável decisão denegatória desse Egrégio Tribunal,inadmitindo o mesmo, interposto para o Colendo Supremo TribunalFederal, em face da conversão de sua pena em medida de segurança,que assim contrariou o disposto no art. 5.º, XLVII, b, daConstituição Federal, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelênciainterpor

AGRAVO

comfundamentonoart.28daLei8.038/90,paraoSupremoTribunalFederal,paratantoanexandoeexibindoaspeças:1

a.Denúncia(doc.1);

b. R. sentença condenatória proferida em primeira instância (doc.2);

c.Documentaçãocomprobatóriadocumprimentodepenadosentenciado(doc.3);

d. Requerimento de conversão da pena em medida de segurançasubscritapelorepresentantedoMinistérioPúblico(doc.4);

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e.Decisãoquedeferiuopedidodeconversão(doc.5);

f.Certidãodeintimaçãodav.decisão(doc.6);

g.Petiçãodeinterposiçãodeagravoemexecuçãoesuasrespectivasrazões(doc.7);

h.Acórdãodemanutençãodadecisãoproferidaemprimeirograu(doc.8);

i.Certidãodeintimaçãodadecisãoatacada(doc.9);

j. Petição de interposição do Recurso Extraordinário e suasrespectivasrazões(doc.10);

l.ContrarrazõesopostasaoRecursoExtraordináriopelaProcuradoriadeJustiça(doc.11);

m. Decisão agravada, que inadmitiu o Recurso Extraordinário (doc.12);

n.Certidãodeintimaçãodav.decisãoagravada(doc.13).

Diantedoexposto,apresentandoasrazõesdopresenteemseparado,requer,umavezrecebidoopresenteagravo,sejaomesmodevidamenteprocessado,encaminhando-oaoColendoSupremoTribunalFederal,apósapresentadasascontrarrazõesdomesmo,nostermosdalei.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Poderãoserexibidasoutraspeças,dependendodamatériaedaabordagemdoagravo.Analise-sesempretodososatosprocessuaisquetenhamrelevância,nocasoconcreto.

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25)Interposiçãoderazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

(partiu-se da mesma proposição do recurso extraordinárioanteriormentetrabalhado)

RAZÕESDEAGRAVO

Peloagravante:“B”

Agravado:MinistérioPúblico

RecursoExtraordinárion.º____

EGRÉGIOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL

COLENDACÂMARA

DOUTOSMINISTROS

EmquepeseocostumeiroacertoquenorteiaasdecisõesproferidaspeloEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____,nãologrouêxitoaquelaNobreCasaquandoemagravodeexecuçãointerpostofrenteaodecisóriodejuizde1.ºgrau,manteveaconversãodepenaemmedidadesegurançadecondenadocujoperíododesegregaçãojáesbarranomáximopermitidopelalegislaçãovigente,ouseja,trintaanos.

Trata-se o presente caso de condenado envolvido em prática delatrocínioetrêshomicídiosqualificados,cujacondenaçãoalcançoupena de 91 anos de reclusão, em regime fechado. Desta feita,encontra-seocondenadocumprindoapenaquelhefoiimposta.Comaaproximaçãodadatadeatingir,omesmo,olimiteprevistopeloart.75 do Código Penal, ou seja, 30 anos, houve por bem o dignorepresentantedoMinistérioPúblicopleitearaconversãodereferidapenaemmedidadesegurança.

Segundo argumentou o representante do Parquet, tal providência sejustificariaemrazãodoscrimesquesustentaramacondenaçãodoora

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agravanteseremdeexpressivagravidade,endossandoseupedidocomexamecriminológicoque,realizadoduranteaexecução,atestousuapericulosidade.

Acatou os argumentos sustentados pelo Ministério Público, o doutojuiz de primeiro grau, deferindo-lhe o pleiteado, de forma que oagravantetevesuapenaconvertidaemmedidadesegurança,emrazãode atestada periculosidade e perturbação de ordem psíquica que,sustentouaacusação,omesmoapresenta.

Tal decisão ensejou agravo em execução, que foi negado em análisepeloórgãocompetente,mantida,portanto,aconversãoemmedidadesegurança,oraatacada.

Inconformado, o agravante interpôs recurso extraordinário,tempestivamente, alegando contrariedade ao disposto no art. 5.º,XLVII,b,daConstituiçãoFederal,quefoidenegadosobargumentode“nãoestarempresentes,emprincípio,razõesqueosustentassem”.

Frente à decisão denegatória do recurso apresentado, imperativa ainterposição do presente agravo, porque plenamente pertinente orecurso extraordinário interposto, estando claras e evidentes asrazõesdeseudevidorecebimento.

Conforme já se pôde sustentar, a Constituição Federal estabelececaber recurso extraordinário quando a causa for decidida porTribunal de Estado, em última instância, no sentido de contrariardispositivoconstitucional.

Outranãoéahipótesedopresentecaso.Emboragenericamentenegadoorecebimentodorecursoextraordináriointerposto,emtornodenãoexistirem razões para sustentá-lo, existe claro alcance à leiconstitucional, em sentido de feri-la, em situação subscrita pelaúltimainstânciapossíveldeexaminaramatéria,nocasoumagravoem execução, decorrente de uma medida de segurança obtida porconversão de pena restritiva de liberdade, sem consistente ejustificávelcritério.1

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PresentesestãotodososrequisitosparaainterposiçãodoRecursoExtraordinário que se objetiva ver analisado, interpostotempestivamente,razãopelaqualdeveriaseromesmorecebido,semqualquersombradedúvida.

Há matéria de ordem federal a ser trabalhada, uma vez que aimposiçãodemedidadesegurançaacondenado,aindaquesejaomesmoautor de condutas de natureza grave, não atentou ao princípioconstitucional basilar, quanto à não perpetuação da pena,divorciando-se também de qualquer atenção da análise deimputabilidade do acusado, feita à época dos fatos, origem dafixaçãodamedidasegregatória,jácumprida.

Daformaimposta,semtempodeterminado,amedidadesegurança,nãoobstante ser indevida, ganhou ares de perpetuidade, subscrito porTribunal Superior, em recurso competente. Assim, o recursoextraordinário, tempestivamente interposto, merece ser recebido eprocessado,paraaofinalverreconhecidaainconstitucionalidadedasituaçãosustentadapelooraagravante.

Nãoédemaisressaltarquereferidainconstitucionalidadeseassentano fato de terem a Reforma Penal, trazida pela Lei 7.209/84, quemodificouaParteGeraldoCódigoPenal,eaLei7.210/84(LeideExecuçãoPenal),extraídodonossosistemajurídicopenalosistemado duplo binário, que possibilitava ao magistrado a aplicação depenaedemedidadesegurança,asercumpridanasequência.

Oatualsistemavigente,denominadovicariante,rezaseraplicávelapenaouamedidadesegurança,deformaqueadecisãodomagistradoencarregadodaexecuçãodapena,quefoiconfirmadapeloTribunaleminstânciasuperior,estáemflagrantedescompassocomanormalegalvigente.

O ora agravante teve sua capacidade de discernir analisada nomomento dos fatos que lhe acarretaram a condenação. Assim, sepermitida a conversão pretendida, estar-se-ia aplicando duplapuniçãoaomesmo,nãobastasseganharamesmaocaráterperpétuo.

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No sentido do que se alega, encontra-se a doutrina pátria e ajurisprudênciadominante.2

Diante do exposto, requer o agravante seja dado provimento aopresente,aplicando-seanormacontidano§4.ºdoart.28daLei8.038/90, vez que todos os elementos necessários ao julgamento domérito do Recurso Extraordinário interposto estão aqui presentes,decretando-seareformadodecisórioatacado,revogandoamedidadesegurança impingida ao agravante, como medida da mais ilibadaJustiça!

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Aargumentaçãodeverá sempreanalisar a necessidadede ser apreciadoo recurso interposto, pelo reconhecimentodetodos os requisitos de sua admissibilidade. Localizada a razão de sua não admissão, deverá ser ela minuciosamentecombatida.

2 Neste trecho, poderão ser inseridas transcrições doutrinárias, pertinentes à argumentação sustentada, bem comojurisprudênciadeigualteor,seconvier.

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26)Interposiçãodecontrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

(partiu-se da mesma proposição do recurso extraordinárioanteriormentetrabalhado)

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do EgrégioTribunaldeJustiçadoEstadode____.

ReferenteaoRecursoExtraordinárion.º____

____.ªCâmaraCriminal

Relator:Desembargador____

OMinistérioPúblicode____,nosautosdoRECURSOEXTRAORDINÁRIOjámencionado,interpostoemaçãoquepromoveemfacede“B”,tendoemvista o inconformismo do recorrente frente à respeitável decisãodenegatóriadesseEgrégioTribunal,inadmitindoomesmo,interpostopara o Colendo Supremo Tribunal Federal, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelênciaapresentar

CONTRARRAZÕESDOAGRAVO

conformeprevistono§1.ºdoart.28daLei8.038/90,consistentesnarazõesqueseguememanexo,queexaminadaspeloSuperiorTribunallevarãoàconclusãodemanutençãododecisóriooraatacado,restandorejeitadaapretensãodorecorrente.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Promotor

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27)Contrarrazõesdeagravodedespachodenegatórioderecursoextraordinário

(partiu-se da mesma proposição do recurso extraordinárioanteriormentetrabalhado).

CONTRARRAZÕESDEAGRAVODEINSTRUMENTO

PeloAgravado:MinistérioPúblico

Agravante:“B”

RecursoExtraordinárion.º____

EGRÉGIOSUPREMOTRIBUNALFEDERAL

COLENDACÂMARA

DOUTOSMINISTROS

Inconformado com a decisão que denegou recebimento de recursoextraordinário, o agravante vem contra o mesmo se insurgir, semqualquerrazãosustentável.

Trata-sedesituaçãogeradapelainterposiçãodeagravodeexecução,em razão de não acatamento de decisório de juiz de 1.º grau,mantendoconversãodepenaemmedidadesegurançadecondenado,cujoperíododesegregaçãojáesbarranomáximopermitidopelalegislaçãovigente,ouseja,trintaanos.

O agravante viu-se condenado por envolvimento em prática delatrocínio e três homicídios qualificados, sustentando, em razãodisso, 91 anos de reclusão, em regime fechado. Encontra-se ocondenado segregado, estando próxima a data de atingir o limiteprevistopeloart.75doCódigoPenal,ouseja,30anos.

Contudo,trata-sedecriminosodealtapericulosidade,portadordepatologias psicológicas, pelo que se pleiteou a conversão de suapena em medida de segurança. A reintegração do acusado, oraagravante, na sociedade se afigura plenamente inviável, conformeatestaexamecriminológicoqueintegraoprocedimento.

Além do mais, os crimes que sustentaram a condenação do ora

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agravantesãodenotóriagravidade,oqueevidenciaapericulosidadedomesmo,justificandotersidoconcedidaamedidadesegurança,emmedidanecessária,inclusive,paraordempública.

A análise do conjunto de situações que caracterizam o perfil doacusado,foiconvenientementeelaboradapelojuizde1.ºgrau,razãopelaqualháperfeitasustentaçãoparaaconversãopretendida,quefindouacatada.

O agravo em execução interposto foi evidência do inconformismo doagravante, que, ao ser negado em análise pelo órgão competente,manteveamedidadesegurança.

Em sede de recurso extraordinário, escorado no argumento de suapertinência, uma vez que estar-se-ia frente à causa decidida porTribunal do Estado, em última instância para a situação, comcontrariedade de disposição de lei constitucional, pretendeu oagravante ter nova análise da medida de segurança que lhe foiimposta.Contudo,comacerto,houvedecisãodenegatóriadoreferidorecurso,emrazãodenãoestarpresenteoseuessencialrequisito,emespecífico,oalcanceànormaconstitucional.

Aimposiçãodemedidadesegurançaaocondenado,nãoferiuprincípioconstitucionalbasilar,quantoànãoperpetuaçãodapena.

Deproêmio,ressalte-sequeamedidaoraatacadaencontrarespaldonoart.183daLeideExecuçãoPenal,queasseguraapossibilidadede,sobrevindonocursodaexecuçãodapenaprivativadeliberdadeumaperturbaçãooudoençamental,serconvertidaapenaemmedidadesegurança.

Nem se argumente, outrossim, que a medida atacada feriu previsãoconstitucionalnotocanteaolimitemáximodapena,umavezquenãoobstante ter a mesma outro teor, não torna indefinida a pena,cessando-sequandofindadooestadodepericulosidade,oportunidadeemquepoderáoacusadoserliberado.

Nocasosobanálise,justifica-seplenamenteapresentemedida,umavez que o agravante demonstrou grave perturbação psíquica ajustificaranecessidadedecontroleaodeixarosistemacarcerário,sobpenadecolocaremriscoaordemsocialdomeioondeseinserir.

NãopoderáoEstado,contudo,arcarcomocontroleeacompanhamentode sua conduta, senão em razão da medida de segurança imposta, emtorno de interesse que alcança a ordem pública, considerada a

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periculosidadeincontestedoagravante.

Doutrina1

Jurisprudência2

Peloexposto,requeroagravadosejanegadoprovimentoaopresente,mantida, desta feita, a decisão denegatória do RecursoExtraordinárioeamedidadesegurançaimpingidaaoagravante,comomedidadamaisilibadaJustiça!

Comarca,data.

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ProcuradordeJustiça

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1Citardoutrinanosentidodoalegado.

2Transcreverouindicarjurisprudêncianosentidodoalegado.

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28)Petiçãoerazõesdeagravoregimentalcontradecisãoderelatoremtribunal

“F”ingressoucomhabeascorpusnoTribunaldeJust iça,pleit eandoarevogaçãodaprisãoprevent iva,pelasegundavez,alegandoqueosfatossealt eraram,mot ivopeloqualcabeaapreciaçãodeumasegundaaçãomandamental.Orelatorindeferiu,liminarmente,oprocessamentodohabeascorpus,af irmandoquesebaseavanosmesmosfatosjáconhecidosejulgados.Adefesainterpõeagravoregimental.

Excelentíssimo Senhor Desembargador ____,1 DD. Relator do HabeasCorpusn.º____,doEgrégioTribunaldeJustiçade_________.2

“F”, por seu advogado,3 vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência, com fundamento no art. ____do Regimento Interno do E.TribunaldeJustiçade__________,opor

AGRAVOREGIMENTAL4

contraarespeitáveldecisãodefls.____,pelosseguintesmotivos:

I.DAHIPÓTESEEMEXAME

“F”,acusadodapráticadeestupro(art.213,CP),ingressoucomoHabeas Corpus n.º____, no dia ____, distribuído e julgado pela____.ªCâmaraCriminaldesseE.Tribunal,pleiteandoarevogaçãodesua prisão preventiva, decretada pelo MM. Juiz da ____.ª VaraCriminaldaComarcade____,porocasiãodorecebimentodadenúncia,baseadonofatodeestareleameaçandotestemunhas,duranteafasede investigação policial, logo, por conveniência da instruçãocriminal (art. 312, CPP). A ordem foi denegada, pois entendeu aColenda Corte que a razão estava com o magistrado de primeirainstância, uma vez que havia relatos de testemunhas, colhidos noinquérito,nosentidodeestaroindiciadobuscandosaberoqueelasiriamdizerquandofossemouvidaspelaautoridadepolicial.

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O agravante entende, com a devida vênia, que o anterior habeascorpus foi injustamente denegado, uma vez que jamais ameaçoutestemunhaalguma,masapenasconversoucomalgumasdelassobreosfatosquelheforamimputados.Eassimagiupordesespero,certodeque é inocente da acusação da prática de estupro, porém comingenuidade,nuncasupondoquetalsituaçãofossecomprometeroseudireito constitucional de aguardar o julgamento em liberdade, emfacedapresunçãodeinocência.

Ocorreque,ultrapassadagrandepartedainstruçãoemjuízo,ouvidasas testemunhas de acusação e iniciando-se a colheita da prova dedefesa, verificou-se que as mencionadas testemunhas arroladas peloMinistérioPúbliconãoconfirmaramaseventuaisameaçasqueteriamsidofeitaspeloréu,oraimpetrante.

Ademais, além de não terem sido ratificados, sob o crivo docontraditório em instrução judicial, os anteriores depoimentoscolhidosnafasepolicial,pode-seconstatarqueaprovadaacusaçãofindou. Não subsiste, pois, motivo para a perpetuação da prisãopreventivadoimpetrante.

Ingressando com novo pedido de habeas corpus, Vossa Excelência,entendendo tratar-se de mera reiteração do anterior, indeferiu,liminarmente,oprocessamentodaação.

Comadevidavênia,equivocou-seVossaExcelência,poisestehabeascorpuscuidadetemanovo,baseadoemsituaçãofáticadiversa.

II.DOSMOTIVOSPARAARETRATAÇÃOOUPARAAREFORMADADECISÃOPELATURMAJULGADORA

O impetrante não havia ameaçado nenhuma das testemunhas arroladaspelaacusação,muitoemboraelejamaistenhanegadoqueasabordou,em lugar público, indagando-lhes, ingenuamente, o que iriam dizerquando fossem, oficialmente, ouvidas. Não deveria tê-lo feito, éverdade,guardandoadevidadistânciadetodososqueiriamdepor.Atuoudesorientado,massemqualqueragressividadeoutomríspido.

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Dessasituação,pois,nãosepodeextrairaconclusãodequehouveameaça, colocando em risco a lisura da instrução criminal eprejudicandoacolheitadaprova.

A prisão preventiva, decretada por ocasião do recebimento dadenúncia, foi açodada e injustificada, porém mantida pela ____.ªCâmaraCriminaldoE.TribunaldeJustiça,decisãocontraaqualnãoseinsurgiuoimpetrante.

Enãoofezaguardandoomomentoprópriopara,novamente,pleitearsua liberdade, pois havia a certeza de que as testemunhas nãoconfirmariam, diante do juiz, terem sido ameaçadas pelo réu. Foiexatamenteoquesedeu.Esteéofatonovo,merecedordeapreciaçãoporessaColendaCorte.5

Oimpetrante,primárioesemantecedentes,comempregoeresidênciadeterminados, deve ser considerado inocente até o trânsito emjulgado de eventual sentença condenatória, motivo pelo qual tem odireitodepermaneceremliberdade,nãohavendosentidomanter-seasuacustódiacautelar.

Nãoháopreenchimentodascondiçõesprevistasnoart.312doCódigode Processo Penal para a decretação e manutenção da prisãopreventiva.Oúnicofundamentoquefoiinvocado–apretensaameaçaatestemunhas–desfez-seporcompleto.

Por derradeiro, nunca é demais lembrar que a liberdade é a regra,constituindoaprisãocautelar,aexceção.

III.DOPEDIDO

Ante o exposto, restando evidente o prejuízo para o impetrante namanutençãodaprisãopreventiva,bemcomotendoocorridofatonovo,ainda não apreciado pelo E. Tribunal de Justiça, aguarda-se aretratação6deVossaExcelênciaemrelaçãoaoindeferimentoliminardo processamento do Habeas Corpus n.º____, para que seja julgado,quantoaomérito,peloColegiadoou,seassimnãoforoentendimentoadotado,espera-sesejaopresenterecursosubmetidoàapreciaçãoda

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DoutaTurmaJulgadora,nostermosdoart.860doRegimentoInternodo Tribunal de Justiça, para que seja reformada a decisão deindeferimentoliminardohabeascorpusimpetrado.7

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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Advogado

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1Indica-seonomedoDesembargadordoTribunalEstadualouRegional,bemcomoodoMinistrodeTribunalSuperior,poiséautoridadejudiciáriacertaparaavaliarorecurso.

2TodososRegimentosInternosdosTribunaispreveemapossibilidadederecursocontradeterminadasdecisõesderelator,presidenteouvice-presidente,desdequetomadaindividualmente.Oagravoregimentalsegueaocolegiadoparareavaliaradecisão.

3Nãohánecessidadedequalificaçãodorecorrente,nemdeprocuraçãodoadvogado,poistudoconstadapetiçãoinicialdohabeascorpus,liminarmenteindeferido.

4NoRegimentoInternodoTribunaldeJustiçadeSãoPaulo,consultarosarts.253a255.NoRegimentoInternodoSupremoTribunalFederal, consultaroart.317.NoRegimento InternodoSuperiorTribunaldeJustiça,consultarosarts.258e259.Tratando-sedeoutrostribunais,consultaranormaapropriadaaessaespéciederecurso.

5 Sobre o direito à reiteração dehabeascorpus, consultar a nota 86-A ao art. 667 donosso Código de Processo Penalcomentado.

6Oagravoregimentalpermiteojuízoderetratação,ouseja,queoDesembargadorouMinistrovolteatrásnasuadecisão,proferindooutraemsentidodiverso.

7Nãohácontrarrazões,nemseouveoMinistérioPúblico.Segueorecurso,senãohouverretratação,diretamenteparaaturmacompetente,conformeoRegimentoInternodecadaTribunal.

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29)Reclamação

“H”foipresoemf lagrantepelaprát icadehomicídioqualif icado.Seuadvogadopleit eouaomagist radodaVaradoJúri,paraondefoidist ribuídooinquérito,aliberdadeprovisória.Negadaesta,alegandoojuiznãopoderconcedê-laporset ratardecrimehediondoe,porisso,grave,adefesaimpet rouhabeascorpuseoRelatordaSeçãoCriminaldoTribunalde Just iça, liminarmente, concedeuaordem,af irmandoqueo réuéprimário,não t emantecedentes,nãopreenchenenhumrequisit odoart .312doCPP,bemcomoháfort epossibilidadedehaverdesclassif icaçãoparahomicídiosimples,logo, omelhor caminho é aguardar solto o decurso da inst rução. Essa decisão foi conf irmada, integralmente, pelaCâmara.Foicolocadoemliberdade.Findaainvest igaçãopolicial,omagist rado,aoreceberadenúnciadecretouaprisãoprevent ivadoréu,alegandoqueaprát icadehomicídioqualif icado,crimehediondo,égraveeafetaaordempública.Adefesaingressoucomreclamação.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçadoEstadode_______.1

“H”,porseuadvogado(documenton.º____),vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,apresentar

RECLAMAÇÃO,2

comfundamentonoart.13daLei8.038/90,bemcomonoart.________do Regimento Interno do Egrégio Tribunal de Justiça de _________,contraarespeitáveldecisãodoMM.Juizda____.ªVaradoJúridaComarca de ____, exarada nos autos do processo-crime n.º____, quelhe move o Ministério Público do Estado de São Paulo, pelosseguintesmotivos:

I.DOSFATOS

Oreclamantefoipresoemflagrante,nodia____,sobaacusaçãodetercometidohomicídioqualificado(art.121,§2.º,II,doCódigoPenal).Entretanto,cuidando-sedecrimepassional,cometidosobodomíniodeviolentaemoção,logoapósinjustaprovocaçãodavítima,

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o que já ficou evidenciado na lavratura do auto de prisão emflagrante (documento n.º____), a defesa pleiteou ao magistrado daVara do Júri a liberdade provisória (documento n.º ____). Muitoembora tenha sido indiciado pela prática de homicídio qualificadopela futilidade, há nítida viabilidade de ocorrência dedesclassificação para a forma simples ou mesmo privilegiada dodelito, além de ser o acusado primário, com bons antecedentes,possuidor de emprego e residência fixos. Portanto, nenhuma dashipótesesdaprisãopreventiva(art.312,CPP)estavapresente.3

Aindaassim,oilustremagistradonegou-lheopedido(documenton.º____),afirmandoque,porsetratardecrimehediondo,agravidadedofatosustentaaprisãocautelar.

Impetrou-sehabeascorpus,compedidoliminar,prontamenteconcedidopelo eminente relator4 (documento n.º ____), colocando-se oindiciado em liberdade, decisão posteriormente confirmada pelaColendaCâmara.

Nov.Acórdão(documenton.º____),constou,expressamente,queumadas razões para a concessão da liberdade provisória era ainexistênciadequalquerdosrequisitosparaadecretaçãodaprisãopreventiva(art.312doCódigodeProcessoPenal).

Findo o inquérito, na mesma decisão que recebeu a denúncia porhomicídioqualificado(art.121,§2.º,II,CP),oMM.Juizdecretoua prisão preventiva, alegando que, no seu entendimento, o delitoseria grave, hediondo e causador de perturbação da ordem pública,motivo pelo qual o réu deveria aguardar preso o transcurso dainstrução(documenton.º____).

II.DOCABIMENTODORECURSO

A reclamação volta-se à garantia da autoridade dos julgados dosTribunais. No caso apresentado, o MM. Juiz, ao decretar a prisãopreventiva,afirmandoexistir,nasuaótica,elementossuficientes,consistentesnagravidadeehediondezdodelitoe,porconsequência,na afetação da ordem pública, desrespeitou o v. Acórdão da ____.ª

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CâmaraCriminal,que,abordandoexatamenteomesmotema,deliberouinexistirqualquerrequisitodoart.312doCódigodeProcessoPenalajustificarapermanênciadoreclamantenocárcere.

Não poderia, portanto, o magistrado de primeiro grau tornar adiscutiroquejáforadecididopelainstânciasuperior,ferindoaautoridadedeseujulgado.

III.DODIREITO

O reclamante não negou a prática do delito, embora tenha invocadoestarsobodomíniodeviolentaemoção,logoapósinjustaprovocaçãoda vítima, alegação constante de seu interrogatório no auto deprisãoemflagrante.ComojáapreciadopeloE.Tribunal,éprimário,não tem antecedentes criminais, possui emprego fixo e residênciacerta. O crime foi, no entendimento da autoridade policial,classificadocomohomicídioqualificadopelafutilidade.Entretanto,antesmesmodefindarainvestigaçãopreparatóriadaaçãopenal,oindiciadorecebeuobenefíciodaliberdadeprovisória,comjustiça,porlhetersidoconcedidaordemdehabeascorpuspela____.ªCâmaraCriminal,emvotaçãounânime.

Ojulgadobemapreciouamatéria,inclusiveressaltandoque,havendoviabilidadeparaadesclassificaçãododelitodaformaqualificadapara a simples (ou mesmo para a privilegiada) e não estandopresentes as condições do art. 312 do Código de Processo Penal,merecia o réu o direito de aguardar o julgamento em liberdadeprovisória.

Em suma, não somente a Colenda ____.ª Câmara operou com o devidoacerto, como também cuidou de abordar exatamente o fundamento quelevouoMM.Juizadecretarapreventiva.

Dessaforma,hádesegarantiraautoridadedov.Acórdãoproferidoem____(data).

IV.DOPEDIDO

Anteoexposto,requer-seaimediatadistribuiçãodareclamaçãoao

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ilustre Desembargador Relator do Habeas Corpus n.º____, da ____.ªCâmaraCriminaldesseE.Tribunal,pleiteando-se,desdelogo,sejaordenada a cassação da ordem de prisão proferida pelo MM. Juiz da____.ªVaradoJúridaComarcade____,recolhendo-seomandadodeprisão já expedido, porém não cumprido. Após, requisitadas asdevidasinformaçõesdaautoridadejudiciáriadeprimeirainstânciaeouvidooMinistérioPúblico,requer-seoencaminhamentodorecursoaoE.ÓrgãoEspecialparaquesejajulgadoprocedente,cassando-seadecisãoexorbitantedov.Acórdão.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 Os Regimentos Internos dos Tribunais disciplinam a competência e o processamento da reclamação. Em São Paulo,consultarosarts.192a196doRITJSP.NoSTF,consultarosarts.156a162.NoSTJ,consultarosarts.187a192.Opedido,comoregra,édirigidoaoPresidentedaCorte.

2Maioresdetalhessobreareclamação,consultarasnotas7a9doLivroIII,TítuloII,CapítuloII,donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

3Deve-seapresentartodaadocumentaçãonecessáriaparainstruiropedido.

4OpedidodeconcessãodeliminardehabeascorpusédecididopelaautoridadejudiciáriaindicadanoRegimentoInternodoTribunal.NocasodeSãoPaulo,cuida-sedorelator,aquemfoidistribuídaaaçãoconstitucional.

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30)Petiçãodeinterposiçãoerazõesderecursoordinárioconstitucional

“T”foicondenadoporcrimederoubo,comet idocomempregodearmadefogo,aumapenadecincoanosequat romeses de reclusão, em regime inicial fechado, t endo em vist a t ratar-se de crime grave. Embora primário, semantecedentes,ainda levandoemconsideraçãoagravidadeda infraçãopenal,o juiznãopermit iuque recorresseemliberdade, determinando o seu imediato recolhimento. Ingressou com apelação, pretendendo a absolvição, mas,concomitantemente,comhabeascorpusparaquepossapermaneceremliberdade.DenegadaaordempeloTribunaldeJust iça,ingressoucomrecursoordinárioconst itucional.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçadoEstadode____.1

“T”, por seu advogado, nos autos do Habeas Corpus n.º ____, queimpetrou contra a decisão proferida pelo MM. Juiz da ____.ª VaraCriminaldaComarcade____,inconformadocomov.Acórdãoda____.ªCâmara Criminal, prolatado a fls.____, denegando a ordem, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,apresentar2

RECURSOORDINÁRIOCONSTITUCIONAL,3

com fundamento no art. 105, II, a, da Constituição Federal,requerendooseuregularprocessamento.

Termosemque,comasanexasrazões,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1VerificarnoRegimentoInternodoTribunaldoEstadooudoTribunalRegionalFederalparaqualautoridadejudiciáriadeveserencaminhado o recurso ordinário constitucional. Em São Paulo, por exemplo, é competência do Presidente da SeçãoCriminal.Nadúvida,encaminha-seaoPresidentedaCorte.

2Oprazoparaainterposiçãodorecursoédecincodias(art.30,Lei8.038/90),acontardaciênciadapublicaçãodoacórdão.

3Orecursoordinárioconstitucionalnãosesubmetearequisitosespecíficosdeadmissibilidade,massomenteaosgenéricos(tempestividade,legitimidade,interesse),portantoasrazõesdizemrespeito,unicamente,àdecisãocontraaqualseinsurgeorecorrente.

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Razõesemrecursoordinárioconstitucional

Pelorecorrente:“T”

Recorrido:MinistérioPúblicodoEstadode____.

ColendoTribunal

DoutaTurma

I.DOSFATOS

“T”foiprocessadoecondenadopelapráticaderoubo,comempregodearmadefogo(art.157,§2.º,I,CP),aocumprimentodapenade5(cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicialfechado. É primário e não possui antecedentes criminais, tendoaguardadoainstruçãoemliberdade.

O MM. Juiz, embora tenha reconhecido essa situação pessoal dorecorrente, negou-lhe o direito de apelar em liberdade, bem comoimpôs o regime fechado, alegando tratar-se de crime grave. Foiinterposta apelação, pleiteando a absolvição, sob o fundamento denão haver prova suficiente da autoria. Porém, concomitantemente,ingressou-se com habeas corpus, com o fim de garantir que o réupermanecesse em liberdade, o que foi negado pelo E. Tribunal deJustiça.

II.DODIREITO

O art. 5.º, LVII, da Constituição Federal, consagra a garantiafundamental da presunção de inocência, indicativa de que ninguémserá considerado culpado até o trânsito em julgado de sentençacondenatória.Portanto,aprisão,decorrentedeimposiçãodepena,somente pode ser executada após a consolidação da sentençacondenatória, o que ainda não ocorreu, pois se encontra emprocessamentoaapelaçãodoacusado.

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Por outro lado, é certo que o processo penal admite a prisãocautelar,masestaseinspiraemfatoresdeterminados,demandando-seprovadanecessidadeedaurgênciaparaasuaimposição.Segue-seodispostonoart.312doCódigodeProcessoPenal,porém,nasentençacondenatória, o único fundamento levantado pelo julgador para orecolhimento imediato do recorrente foi a abstrata gravidade dodelito,logo,inexistentesosrequisitosparaadecretaçãodaprisãopreventiva.

Ressalte-se, ainda, ter sido revogado o art. 594 do CPP pela Lei11.719/2008,nãomaissesustentandooenfoqueemrelaçãoaodireitodoréudeapelaremliberdadesobreseusantecedentes.Emesmoqueassim não fosse, o réu é primário e tem bons antecedentes (fls.___).

Emrazãodoestadodeinocência,associado,ainda,àinexistênciadeelementos para a decretação da preventiva (art. 312, CPP),considera-se constrangimento ilegal a prisão decretada contra orecorrente.

Destaque-se,ademais,queagravidadeemabstratodocrimepraticadonãoémotivoparaaeleiçãodoregimefechado,comoadotadopeloMM.Juiz, objeto de questionamento no recurso de apelação, nos exatostermos da Súmula 718 do Supremo Tribunal Federal. Assim sendo, apossibilidade de ser reformada a decisão, aplicando-se o regimesemiaberto, se mantida a condenação, é altamente provável, o que,mais uma vez, evidencia ser a prisão cautelar, em regime fechado,umaviolênciainaceitávelcontraorecorrente.

III.DOENTENDIMENTODOUTRINÁRIO4

IV.DAJURISPRUDÊNCIA5

Anteoexposto,requer-sesejadadoprovimentoaorecursoordinárioconstitucionalparaofimdeserconcedidaaordemdehabeascorpus,permitindo-seaorecorrentequeaguardeemliberdadeoprocessamentodaapelaçãoedoseventuaisoutrosrecursoscabíveis.Assimfazendo,estaráessaColendaCorterenovandoossemprecostumeirosideaisde

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JUSTIÇA.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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4Citarostrechospertinentesdeobrasdoutrinárias,quecuidamdotema.

5Mencionarjulgadosqueseharmonizamcomoalegadonorecurso.

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31)Petiçãodeinterposiçãoecontrarrazõesemrecursoordinárioconstitucional

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçadoEstadode____.1

OMinistérioPúblicodoEstadode____,nosautosdoHabeasCorpusn.º____,que“T”impetroucontraadecisãoproferidapeloMM.Juizda____.ªVaraCriminaldaComarcade____,cujaordemfoidenegadapelo v. Acórdão da ____.ª Câmara Criminal, prolatado a fls.____,vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentarsuas

CONTRARRAZÕESDERECURSOORDINÁRIOCONSTITUCIONAL,

comfundamentonoart.31daLei8.038/90.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

ProcuradordeJustiça2

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1VerificarnoRegimentoInternodoTribunaldoEstadooudoTribunalRegionalFederalparaqualautoridadejudiciáriadeveserencaminhado o recurso ordinário constitucional. Em São Paulo, por exemplo, é competência do Presidente da SeçãoCriminal.Nadúvida,encaminha-seaoPresidentedaCorte.

2 Conforme a organização interna do Ministério Público, se Estadual ou Federal, pode manifestar-se um Procurador deJustiça,umPromotordeJustiçadesignadopeloProcurador-GeraldeJustiçaouumProcuradordaRepública.

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Contrarrazõesemrecursoordinárioconstitucional

Pelorecorrido:MinistérioPúblicodoEstadode____.

Recorrente:“T”

ColendoTribunal

DoutaTurma

I.DOSFATOS

“T”foiprocessadoecondenadopelapráticaderoubo,comempregodearmadefogo(art.157,§2.º,I,CP),aocumprimentodapenade5(cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicialfechado.

OMM.Juiz,emboratenhareconhecidoserorecorrenteprimárioenãopossuir antecedentes criminais, negou-lhe o direito de apelar emliberdade, bem como impôs o regime fechado, alegando tratar-se decrimegrave.

Ingressando com habeas corpus, com o fim de garantir a sualiberdade,duranteotrâmitedorecurso,teveopedidonegadopeloE.TribunaldeJustiça.

II.DODIREITO

Ocrimederoubo,cometidocomoempregodearmadefogo,égraveeprovoca, sem dúvida, comoção e perturbação à sociedade, gerandointranquilidade e acarretando, por consequência desses fatores,afetaçãoàordempública.

Portanto,corretosestãooMM.JuizeoE.TribunaldeJustiçaaonegaraorecorrenteodireitodeapelaremliberdade,umavezque,condenado, após o devido processo legal, onde se assegurou ocontraditório e a ampla defesa, ficou claramente demonstrada a

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materialidadeeaautoriadainfraçãopenal.

Assimsendo,comomencionado,constituindoorouboumcrimeporsisó grave e gerador de intranquilidade social, está mais do quedemonstrada a ocorrência do requisito para a decretação da prisãopreventiva (art. 312, CPP), sob o fundamento de risco à ordempública,lembrando-se,ainda,quefoifixado,comjustiça,oregimeinicialfechado.

O Ministério Público já havia requerido a decretação da prisãopreventiva,duranteainstrução,oquefoinegadopelojulgador,afim de que se tivesse certeza a respeito da autoria, situaçãoatingidaporocasiãodadecisãocondenatória.

Éprecisoressaltarqueaarmautilizadapeloacusadoeradeorigemilegal,comnumeraçãoraspada,portantosemregistro.Somentenãoseapurouestedelito,porserentendimentomajoritárioqueainfraçãorestaabsorvidapelodelitomaisgrave,queéoroubo.Noentanto,comofatocomprovadonosautos,pode-sedestacarapericulosidadedoagente, que, valendo-se de arma de fogo de origem desconhecida,perpetrousubtraçãoviolentacontravítimaindefesa.

Afirmou o recorrente ser primário e possuir bons antecedentes,enaltecendo o princípio constitucional da presunção de inocência.Não se nega ser ele inocente até que a sentença condenatóriatransite em julgado, porém constitui jurisprudência tranquila apossibilidadededecretaçãodeprisãocautelar,aqualquermomentoda instrução, inclusive como condição para apelar (Súmula 9 doSuperiorTribunaldeJustiça).

Anecessidadeadvém,comojáafirmado,dagravidadedocrime,capazdegerarperturbaçãoàordempública,umdosfatoresjustificadoresdaprisãopreventiva(art.312,CPP).Logo,independentementedeserprimárioenãoregistrarantecedentes,podehavercustódiacautelar.

III.DADOUTRINA3

IV.DAJURISPRUDÊNCIA4

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Ante o exposto, requer-se seja negado provimento ao recursoordinário constitucional, mantendo-se a prisão cautelar decretada,impedindo-se que o réu aguarde, em liberdade, o julgamento de seuapelo. Assim fazendo, estará essa Colenda Corte realizando a tãoaguardadaJUSTIÇA.

Comarca,data.

_______________

ProcuradordeJustiça

3Citarostrechospertinentesdeobrasdoutrináriasqueseharmonizemcomatesesustentada.

4Mencionarjulgadosquesejamcompatíveiscomoalegadonascontrarrazõesdorecurso.

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1

2

3

________Das hipóteses do art. 574, entendemos vigente apenas a descrita no inciso I (sentença concessiva de habeas corpus). No tocante àdecisãodeabsolviçãosumária,noprocedimentodo júri, apósa reforma introduzidapelaLei11.689/2008,nãomaisprevaleceo reexamenecessário.Háquemmencioneaexistência,ainda,doefeitoextensivo,combasenodispostopeloart.580doCPP(“nocasodeconcursodeagentes(...),adecisãodorecursointerpostoporumdosréus,sefundadoemmotivosquenãosejamdecaráterexclusivamentepessoal,aproveitaráaos outros”). Entretanto, preferimos entender que, nessa hipótese, quando a decisão beneficiar acusado diverso daquele que interpôs orecurso,cuida-sedaextensãosubjetivadoefeitodevolutivo.Noutrostermos,nãosetrata,propriamente,deumefeitoparticularedestacadodorecurso,masumdesdobramentodoefeitodevolutivo,passandoaalcançarterceirapessoa,nãointegrantedopoloativorecursal.Emmatéria processual penal, segue-se, por analogia, o disposto naLei 8.038/90, que regula o processamento de feitos de competênciaoriginária criminal nos tribunais. Há, entretanto, previsão no Código de Processo Civil, conforme modificação introduzida pela Lei12.322/2010,emrelaçãoaoart.544,paraqueoagravocontradecisãodenegatóriaderecursoespecialouextraordináriosejainterpostoesubanosprópriosautosdoprocesso,semnecessidadedeformaçãodoinstrumento.Éprecisocautelaaoelegerqualamelhoropçãoparasuprira lacunaexistentenoCódigodeProcessoPenal,poisosprazossãodiferentes.NaLei8.038/90,estipula-seoprazodecincodias,enquantooCPCfalaemdezdias.Portanto,porsegurança,émaisadequadoseguiromenorprazo,valedizer,cincodias.Domesmomodo,convémapresentaraspeçasparaaformaçãodoinstrumento,nostermosdodispostopeloart.28,§1.º,daLei8.038/90.

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1.

2.

Conceitosevisãoconstitucional

Hádeterminadasações,denaturezatipicamenteconstitucional,colocadasàdisposiçãodoprocessopenal para sanar questões urgentes, não cobertas por recursos de maneira útil, ou que representamalternativas à falta de recurso, embora exista lesão a direito líquido e certo. Nesse cenário, estãoinseridosohabeascorpus,omandadodesegurançaearevisãocriminal.

Ohabeascorpuséaçãodenaturezaconstitucional,destinadaacoibirqualquerilegalidadeouabusodepodervoltadoàliberdadedelocomoção–ir,vireficar–doindivíduo(art.5.º,LXVIII,CF;arts.647a667,CPP).

Omandadode segurança é açãode fundoconstitucional, voltada a coibir qualquer lesão adireitolíquidoecerto,nãoamparadoporhabeascorpusouhabeasdata,desdequepraticadoporautoridadepúblicaouagentedepessoajurídicanoexercíciodeatribuiçãodoPoderPúblico(art.5.º,LXIX,CF;art.1.º,caput,§1.º,Lei12.016/2009).

Arevisãocriminaléaçãodenaturezaconstitucional,constitutivaesuigeneris,voltadaarepararerrojudiciário, originário de decisão condenatória ou que imponhamedida de segurança, com trânsito emjulgado,ajuizadaemtribunais(arts.621a631,CPP).Emboranãoconsteexpressamentedentreasaçõesconstitucionais,noart.5.ºdaConstituiçãoFederal, éentendimentomajoritário tratar-sedeaçãodessenível, até porque o § 2.º, do referido art. 5.º, abre espaço à adoção de outros direitos e garantiasharmônicosaosqueestãoexpressamenteprevistosnotextoconstitucional.Alémdisso,arevisãocriminaléoinstrumento,porexcelência,paraconsertaroerrojudiciário,queoEstadocomprometeu-seareparar(art. 5.º, LXXV, CF; art. 10, CIDH, recepcionada peloDec. 678/1992). Por derradeiro, os TribunaisSuperioresdevemjulgaraaçãorevisionalcontraseusjulgados(art.102,I,j;art.105,I,e,CF),oque,porisonomia,deveserestendidoaosdemaistribunaisdoPaís.

Particularidadessobreohabeascorpus

2.1Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

Qualquerpessoa(denominadoimpetrante),físicaoujurídica,nacionalouestrangeira,podeimpetrarhabeas corpus em favor de alguém (denominado paciente), independentemente de possuir habilitação

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técnicaparatanto(desnecessárioopatrocíniodeadvogado,conformedisposiçãoexpressanoart.1.º,§1.º,doEstatutodaAdvocaciadaOrdemdosAdvogadosdoBrasil–Lei8.906/94).

OMinistérioPúblicopodeingressarcomhabeascorpusemfavordequalquerpessoa,inclusivedoréudoprocessonoqualele(promotorouprocuradordaRepública)figuracomoacusador.Odelegadoeojuizsomentepodemimpetrarhabeascorpuscomrelaçãoapessoaquenãosevinculecominvestigaçãoouprocessoporelespresidido.Nãoteriasentidoomagistradoconcederordemdehabeascorpuscontraatoqueelemesmoproferiu.Seesteatoforconsideradoilegal,cabeaojuizrevê-lo(ex.:ojuizdecretaaprisão preventiva; se houve equívoco, basta revogá-la).Omesmo se diga da autoridade policial, quepode realizar atos, diretamente no inquérito sob sua presidência (ex.: se o delegado representou pelatemporáriaeojuizadecretouporcincodias,findooprazo,semprorrogação,deveaautoridadepolicialsoltaroinvestigado;nãoteriaomenorsentidoqueimpetrassehabeascorpusparalibertarosuspeitoseaincumbênciadissoédoprópriodelegado).

Outropontoimportantealevantaréoajuizamentodehabeascorpusporpessoaestranhaemfavordepacientefamoso,quetemdefensorconstituído.Ostribunais,emseusRegimentosInternos,têmimpedidoquetalsituaçãoocorra,consultando,antesdoconhecimentodohabeascorpus,adefesadoinvestigadoou réupara saberdo interessenoprocessamentoda açãoconstitucional.Éumacautela indispensável.Imagine-se ator conhecido, que sofra processo criminal; um fã qualquer pode ingressar com habeascorpus,pretendendootrancamentodaaçãopenal,oquepodenãoseraestratégiadadefesa.Por isso,antesdeseconhecerdopedido,ouve-seadefesaconstituída,que,namaioriadasvezes,nãoconcordacomaimpetração.Ohabeascorpus,então,nãoseráconhecidopelotribunal.

Pode ser paciente qualquer pessoa física. Não admitimos a possibilidade de figurar comobeneficiária do habeas corpus a pessoa jurídica, pois inexiste viabilidade para constranger a sualiberdadede locomoção.Logo,seapessoa jurídicaforacusadadapráticadeumcrimecontraomeioambiente (Lei 9.605/98), cuidando-se de ação penal injustificada, sem respaldo algum, recebida adenúncia,cabeaimpetraçãodemandadodesegurançaparatrancaroandamentodofeito.Entretanto,háposiçãojurisprudencialadmitindoainterposiçãodehabeascorpusnessescasos.

O polo passivo do habeas corpus é ocupado pela autoridade apontada como coatora, cujo atosignifique ao paciente um constrangimento à sua liberdade de ir, vir e ficar. Tem-se admitido,majoritariamente,queoparticularfigurecomoagentecoator.Essaposiçãofundamenta-senaceleridadedohabeascorpuspararesolverproblemasrelacionadosà liberdadedelocomoção.Ex.:sealguémforinternadoemumhospitalpelafamília,consideradoinsano,emboranãooseja,torna-semuitomaisfácilaqualquer um impetrarhabeascorpus para retirá-lo de lá, em lugar de acionar a polícia para isso.Aautoridade policial pode não dispor damesma força para enfrentar a situação.Omagistrado, por seuturno, pode determinar a apresentação do paciente à sua presença, comou sem concordânciamédica,verificando,pois,rapidamente,oqueestáhavendo.

2.2Extensãodohabeascorpus

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Originariamente,ohabeascorpustinhaporfim,comexclusividade,coibiratentadosouviolaçõesàliberdadede ir,vire ficardo indivíduo.Ocorreque,atualmente,éposiçãopacíficadadoutrinaedostribunaisseroinstrumentoadmissívelparacombateroutrasilegalidades,consideradasconstrangedoras,na esfera penal.Ex.: se alguémvai ser indiciado em inquérito policial pela prática de umcrimeque,nitidamente, não cometeu, deve impetrar habeas corpus para evitar esse constrangimento. Note-se,entretanto,queaelasticidadedashipótesesparaa impetraçãodohabeascorpus nãopode representarabuso, a ponto de se utilizar dessa ação constitucional para toda e qualquer situação ocorrida noprocessopenal.Sehárecursocabívelenãoexistecoaçãodiretaàliberdadedelocomoção,porexemplo,nãoécabívelohabeascorpus.

2.3Processamentoecompetência

Oimpetrantedevedetectardeondeseoriginaoatodeconstrangimento.Localizadaaautoridadequeopraticou,contraestaéajuizadoohabeascorpus,impetrando-sejuntoàautoridadecompetente.Logo,seoatoforcometidopordelegadodepolícia,impetra-seohabeascorpusaojuizdedireito.Porém,seeste é a autoridade coatora, deve-se dirigir a ação ao tribunal competente (ex.: tratando-se de juizestadual,aoTribunaldeJustiça;cuidando-sedejuizfederal,aoTribunalRegionalFederal).

Ingressandoohabeascorpus, podeo juizou tribunalqueo recebeconceder, liminarmente,ordempara a cessação do abuso à liberdade de locomoção. Assim fará, caso constate, de pronto, flagranteilegalidade.Docontrário,requisitam-seinformaçõesàautoridadeapontadacomocoatora.Emprimeirograu,vindas as informações,o juizpode julgar, semouviroMinistérioPúblico.Emsegundograu,noentanto, vindas as informações, ouvir-se-á o Ministério Público (parecer da Procuradoria-Geral deJustiçaouProcuradoriaRegionaldaRepública)e,após,ocorreráojulgamento.

Aaçãodehabeascorpus, por imperativo constitucional, é sempre gratuita, não havendo qualquerespécie de pagamento de custas (art. 5.º, LXXVII, CF). Não há prazo para a sua interposição,dependendo,apenas,daexistênciadeconstrangimentoilegalpresente.

2.4Hipóteseslegaisdecabimento

Indicaoart.648doCódigodeProcessoPenal,emrolmeramenteexemplificativo,ashipótesesdecabimento dohabeas corpus: a) para fazer cessar coação sem justa causa (injustiça quanto à ordemproferida ou quanto à existência de processo ou investigação criminal contra alguém, por falta deprovas);b)parafazercessaraprisãodealguémquandoultrapassaroprazolegalparaocerceamentodaliberdade;c)paraimpedirocumprimentooudesfazerordemdadaporautoridadeincompetente;d)parafazercessaracoação,umavezquefindoomotivoqueagerou;e)parafazervalerafixaçãodefiança,quando legalmente cabível; f) para anular o processo, quando encontrada nulidade absoluta; g) paraprovocaraextinçãodapunibilidade,quandonãoreconhecidaatempopelomagistrado.

Em todas essas situações pode o juiz ou tribunal, sem a impetração dehabeas corpus, chegar ao

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3.

mesmoresultado,desdequeatuedeofícioouarequerimentodaparte.Assim,paraoreconhecimentodaprescrição, basta que a parte peticione e o juiz declare extinta a punibilidade.Se omagistradonãoofizer, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, IX, CPP). Porém, caso o réu esteja preso e não forreconhecida,indevidamente,aocorrênciadaprescriçãopelojuiz,emlugardorecursoemsentidoestrito(maisdemoradoparaserconhecidoeprovido),ingressa-secomhabeascorpus,compedidoliminar.

Poroutrolado,écabívelohabeascorpusparasanarqualquerilegalidadeouabusoàliberdadedeir,vire ficar,aindaquesevoltecontradecisãocondenatória,comtrânsitoemjulgado(oquedemonstra,nitidamente,nãoserelerecurso,masautênticaação).Ex.:impetra-sehabeascorpusparaorefazimentodoprocesso,quandosedetectanulidadeabsolutaemqualquerfase.

2.5Conteúdodapetiçãoinicial

Apetiçãoinicialdaaçãodehabeascorpusdeveconterosrequisitosbásicosdequalqueraçãopenal:a) dirige-se ao juiz ou tribunal competente; b) indica-se o nome completo do impetrante, com suaqualificaçãoeendereço;c)relaciona-seemfavordequemohabeascorpusestásendoimpetrado(nomecompleto do paciente) e onde se encontra. Se não for possível fornecer o nome e a qualificação dopaciente,indica-se,pelomenos,dadosbásicosparaserlocalizado;d)aponta-seaautoridadecoatoradaqualpartiuaordemouoatoconsideradocoaçãoilegal;e)expõe-sequalfoiailegalidadecometidaouqualéaameaçadecoação;f) insere-seaassinaturadoimpetrante,ou,quandonãopuderassinar,adequem,aseurogo,puderfazê-lo.

2.6Espéciesdehabeascorpus

Denomina-seliberatórioohabeascorpusquesevoltacontraordemilegaljáproferida,cujacoaçãoconcretizou-se(ouestáemviasdeseconcretizar).Assimocorrendo,sendoprocedenteaação,ojuizoutribunaldeterminaacessaçãodacoação.Denomina-sepreventivoohabeascorpusqueseajuízacontraameaçadecoaçãoilegal,visandoaprevenirasuamaterialização.Nessecaso,ojuizoutribunalprofereordemimpeditivadacoação,oquesechamadesalvo-conduto.

Ilustrando, ohabeas corpus é liberatório se o juiz já decretou a prisão preventiva (tenha esta seconcretizado ou não).É preventivo, quando a ordem ilegal será dada assimque determinada situaçãofática ocorrer, comoocorre nos casos emque o delegado da região costuma recolher prostitutas paraaveriguação, encontrando-as na rua. Assim, qualquer prostituta pode impetrar habeas corpus paraimpedirorecolhimentofuturo.

Particularidadessobreomandadodesegurança

3.1Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

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Parte legítima ativa é a pessoa que buscar defender direito seu, líquido e certo, não vinculado àliberdadedelocomoção,logo,foradocontextodohabeascorpus.Noâmbitocriminal,comoregra,éoinvestigado ou réu, bem comooMinistério Público ou o ofendido. Pode ser um terceiro, estranho aoinquéritoouprocesso,masquetemodireitoafetadoporatodeautoridade.Exemplodesteúltimo:paraarealização do exame de local, por conta de um crime ocorrido em uma pensão, a autoridade policialdeterminaoafastamentodetodososmoradoresportemposuperioraorazoável,demaneiraaimpediroacessodaspessoasàssuascoisasoupertences.Impetra-semandadodesegurançaaojuizparacorrigiroato abusivo. Depende-se de representação de advogado, no caso de particular (réu, investigado outerceirointeressado).

Parte legítima passiva é a autoridade (ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição doPoderPúblico)queemiteaordemlesivaadireitolíquidoecertodeoutrem.

3.2Extensãodomandadodesegurança

Deve ser utilizado em situações excepcionais, quando não caiba recurso próprio e, em especial,quandohouverurgência (aindaque,nessahipótese,exista recursoprevistoem lei).Exemplos:a) seojuizdeterminaoperdimentodebens,consideradosprodutosdecrime,nasentençacondenatória,nãoéprecisooréuimpetrarmandadodesegurança,bastaapelar.Afinal,oconfiscosomenteproduziráefeitodepoisdotrânsitoemjulgado;b)seojuizdeterminarasolturadelatrocidareincidenteemcrimedoloso,presoemflagrante,concedendo-lheliberdadeprovisória,mediantearbitramentodefiança,nãosepodeesperaroprocessamentodorecursoemsentidoestrito;torna-seviávelaoMinistérioPúblicoingressarcommandadodesegurança.

Parte da doutrina defende a tese de que omandado de segurança, se houver recurso cabível paracombater determinada decisão, deve ser impetrado para “dar efeito suspensivo ao recurso”. Assimpensando,utilizandooexemplodadonoparágrafoanterior,oMinistérioPúblicodeveriaingressarcomrecursoemsentidoestritoe,paralelamente,commandadodesegurançaparadarefeitosuspensivoaeste,consequentemente impedindo a soltura do preso. Parece-nos despropositado. Se o recurso em sentidoestrito,porlei,nessecaso,nãotemefeitosuspensivo,nãosepodeingressarcommandadodesegurançapara assegurar “direito líquido e certo” inexistente. É caso de se valer da ação constitucional paragarantirapermanênciadolatrocidanocárcere,umavezqueaLeidosCrimesHediondos(Lei8.072/90)veda,expressamente,aconcessãodeliberdadeprovisória,mediantefiança,aautoresderouboseguidodemorte.Esseéodireitolíquidoecertoaseramparado,independentementedainterposiçãoderecursoemsentidoestrito.Seotribunalconcederaordem,cassandoadecisãodomagistrado,torna-sevaziooprocessamentodoreferidorecursoemsentidoestrito.

3.3Processamentoecompetência

Oimpetrantedevedetectardeondeseoriginaoatodeconstrangimento.Localizadaaautoridadeque

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opraticou,contraestaéajuizadoomandadodesegurança.Logo,seoatoforcometidopordelegadodepolícia, impetra-se o mandado de segurança ao juiz de direito competente, conforme a organizaçãojudiciárialocal.Porém,seesteéaautoridadecoatora,deve-sedirigiraaçãoaotribunalcompetente(ex.:tratando-sedejuizestadual,aoTribunaldeJustiçadoEstadoondefoiinvestidonocargo;cuidando-sedejuizfederal,aoTribunalRegionalFederal),comoocorreemsededehabeascorpus.

Impetrado omandado de segurança, pode o juiz ou tribunal que o recebe conceder, liminarmente,ordem para a cessação do abuso ou lesão ao direito líquido e certo apontado. Exige-se, pois, aapresentaçãodeprovapré-constituídatantododireitoalegado,quantodaordemqueofere.Aaçãodemandadodesegurançanãoseprestaàproduçãodeprovas.Comousemconcessãodemedidaliminar,requisita-seinformaçõesàautoridadeapontadacomocoatora.Vindasasinformações,ojuizoutribunal,após abrir prazo para amanifestação doMinistério Público (art. 12, caput e parágrafo único, daLei12.016/2010),julgaráacausa.

Omandadodesegurançadeveserpropostonoprazode120dias,sobpenadedecadência,acontardaciência,pelointeressado,doatoimpugnado(art.23daLei12.016/2010).

3.4Hipóteseslegaisdecabimento

Nãoháumroldesituaçõesdescrevendoocabimentodomandadodesegurança,comoocorrecomohabeascorpus. Por isso, a ação constitucional é utilizada para sanar lesão de qualquer ordem contradireito líquido e certo. Na esfera criminal, deve a ordem ou o ato originar-se de autoridade públicadirigentedeinquérito(delegado)oudeprocesso(juizoutribunal).Sãohipótesesmaisrestritasdoquenocontexto civil, podendo-se enumerar, de forma exemplificativa, as mais comuns: a) contra decisãojudicial determinando a quebra do sigilo fiscal, bancário ou de dados telefônicos; b) contra decisãojudicialqueindefereoingressodoassistentedeacusaçãonoprocesso;c)contraatododelegadooudojuizqueimpedeoacessodoadvogadodoinvestigadoouréuaosautosdoinquéritoouprocesso,aindaquetramiteemsigilo.

3.5Conteúdodapetiçãoinicial

Apetição inicialda açãodemandadode segurançadeveconteros requisitosbásicosdequalqueraçãopenal:a)dirige-seaojuizoutribunalcompetente;b)indica-seonomecompletodoimpetrante,comsuaqualificaçãoeendereço,bemcomoodeseuadvogado(seforparticular);c)aponta-seaautoridadecoatoradaqualpartiuaordemouoatoconsideradoabusivo;d)expõe-sequalfoiailegalidadecometidaouqualéaameaçadelesão(fumusboniiuris,oufumaçadobomdireito), indicando-seaurgênciadareparaçãodoabusocometido (periculuminmora, ou perigona demora); e) insere-se a assinatura doimpetrante(MinistérioPúblico),oudoadvogadodoinvestigadoouréu.

3.6Espéciesdemandadodesegurança

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4.

3.6Espéciesdemandadodesegurança

Denomina-se repressivo o mandado de segurança que se volta contra ordem ilegal já proferida.Assim ocorrendo, sendo procedente a ação, o juiz ou tribunal determina a cessação da ilegalidade.Denomina-sepreventivoomandadodesegurançaqueseajuízacontraameaçadeordemilegal,visandoaprevenirasuamaterialização.

Particularidadessobrearevisãocriminal

4.1Legitimidadeativaelegitimidadepassiva

Partelegítimaativaéoréu,seuprocuradorlegalmentehabilitadoou,nocasodamortedocondenado,o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 623, CPP). Embora pudesse o sentenciado,diretamente, ajuizar revisão criminal, em homenagem à ampla defesa, os tribunais têm exigido arepresentaçãoporadvogado.

Emnossoentendimento,nãohá,narevisãocriminal,polopassivo(porisso,aaçãoéconsideradasuigeneris). Alguns defendem que ocupa esse posto o Ministério Público, uma vez que é ouvido orepresentanteda instituiçãosemprequeháoajuizamentoderevisãocriminal.Talsituação,noentanto,nãoésuficienteparasustentaratese,poisoProcuradordeJustiça(esferaestadual)ouoProcuradordaRepública(esferafederal)emiteumparecerimparcial,pelaprocedênciaouimprocedênciadaação.Nãohá, no entanto, quem defenda a decisão condenatória. Parece-nos que a lei deveria ser alterada paraprever, expressamente, a participação, no polo passivo, de representante daFazendaPública ou, pelomenos,doMinistérioPúblicodeprimeirograu.

4.2Extensãodarevisãocriminal

Suafinalidadeprimordialécombateroerrojudiciário.Havendodecisãocondenatória,comtrânsitoemjulgado,que,poralgumarazão,tenhaconsolidadoequívocoprejudicialaoréu,faznascerodireitoàrevisãocriminal.

Aaçãonãodeveserusadacomoserecurso fosse, istoé,nãoécabível revisãocriminalparadarnovainterpretaçãoaosfatoseàsprovascontidasnoprocesso,nempara,simplesmente,reajustarapena.Elaéinstrumentodecorreçãodeerroenãoumoutrorecursoparaqueoréuconsigaatenuarsuaanteriorcondenação. Se, porventura, o juiz ou tribunal deixou de apreciar uma prova essencial e, por isso,condenouoréu,arevisãoéadequada.Casoojuizoutribunalnãotenhatidoconhecimentodeumaprovainédita,arevisãocriminaléomeiocorretodecombateradecisãocondenatória.

4.3Processamentoecompetência

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Arevisãocriminaldependedeprovapré-constituídaparaserdevidamenteprocessadaeconhecida.Portanto, se o réunão tiver em seupoder a provanecessária, pode requerer ao juiz da condenação ajustificação (seguiroprocedimentodosarts.861a866,CPC).Exemplificando:surgeuma testemunhainédita, que tem conhecimento dos fatos.O condenado requer ao juiz a sua inquirição. Promove-se ajustificação.Depossedesta,arevisãocriminalpodeserpropostajácontendoprovapré-constituída.

Éviávelqueorelatordarevisãocriminalproduzaaprovaqueentendercabível,desdequesejaalgosimples, como requisitarumdocumentode algumórgãopúblico.Nomais, havendonecessidadede seestendernaproduçãodeprova,oidealérequisitaraojuizdeprimeirograuarealizaçãodajustificação.

Alémdisso,emcasosexcepcionais,torna-sepossívelaorelatorconcedermedidaliminaremproldosentenciado,sejaparaimpedirasuaprisão,sejaparaliberá-lo.Ex.:imagine-seosurgimentoda“vítima”dehomicídio,mostrando-seviva;nãotemcabimentoaguardarojulgamentodeméritodarevisãocriminalparadeterminarasolturadocondenado.Trata-sedopodergeraldecauteladomagistrado,nosmesmosmoldesemquesurgiueseaperfeiçooualiminaremhabeascorpus(nãoprevistaexpressamenteemlei).

A revisão criminal é sempre ajuizada em tribunal. Se a decisão condenatória provier de juiz deprimeirograu,ingressa-secomrevisãonotribunalqueseriacompetenteparaconheceraapelação.Casoadecisãocondenatóriasejaumacórdão,ajuíza-searevisãonotribunalqueoproferiu.Comoregra,seráelaconhecidaejulgadaporumcolegiadomaisamplo,comoutrosmagistradosquenãotomarampartedadecisão anterior.Entretanto, podehaver exceção. Imagine-seumadecisão condenatóriaproferidapeloPlenário do Supremo Tribunal Federal. Se surgir uma prova nova, a revisão criminal será apreciadapelosmesmosMinistrosque,anteriormente,condenaramoréu.

Arevisãocriminalpodeserpropostaaqualquertempo(antesdaextinçãodapenaoudepois).Porém,nãoseadmiteamerareiteraçãodopedido,amenosquefundadoemprovasnovas(art.622,CPP).

4.4Hipóteseslegaisdecabimento

Estabelece o art. 621 do Código de Processo Penal caber revisão criminal contra decisãocondenatória,comtrânsitoemjulgado,nosseguintescasos:a)asentençaforcontráriaatextoexpressodaleipenal;b)asentençaforcontráriaàevidênciadosautos;c)asentençasefundaremdepoimentos,exames ou documentos comprovadamente falsos; d) após a sentença ter sido proferida, descobrem-senovas provas da inocência do réu; e) após a sentença ter sido proferida, descobrem-se novas provasacercadecircunstânciasqueautorizemadiminuiçãoespecialdapena.

4.5Conteúdodapetiçãoinicial

Apetição inicial da ação da revisão criminal deve conter os requisitos básicos de qualquer açãopenal:a)dirige-seaotribunalcompetente;b)indica-seonomecompletodoautoresuaqualificação,bemcomoonomedeseuadvogado;c)expõe-sequalfoioerrojudiciáriocometidoequedevesercorrigido;

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d)insere-seaassinaturadoadvogadodocondenado.Acompanhaainicialdarevisãocriminalosautosdajustificaçãoouqualquerdocumentonecessárioàprovadoalegado.

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5.Procedimentosesquemáticos

1.º)Identificaçãodaautoridadecoatora

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2.º)Mandadodesegurança

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3.º)Justificação

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4.º)Revisãocriminal

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5.º)HabeasCorpus

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6.º)RoteiroorientadordepedidosdeHabeasCorpus

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7.º)ResumodetesesdoHC

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6.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

16)

17)

18)

Modelosdepeças

Habeascorpuscontradecisãojudicialdeterminandoaprisãodoréu

Habeascorpusvisandoaotrancamentodaaçãopenal

Habeascorpusparaimpediroindiciamentodeinvestigado

Habeascorpusparaanularprocessopenal

Habeascorpusparaasolturadoréupresopormaistempodoquedeterminaalei

Habeascorpusparaasolturaderéuquandocessadososmotivosdeterminantesdaprisão

Habeascorpus–Telefonecelularempresídio

Habeascorpuscontradecisãojudicialconvertendoflagranteempreventiva,compedidosubsidiáriodemedidacautelaralternativa

Habeas corpus contra decisão judicial negando liberdade provisória a acusado portráficoilícitodedrogas

Habeas corpus contra a “espera de vaga”, na execução penal, quando deferida aprogressãodoregimefechadoaosemiabertopelojuiz

Habeascorpuscontrasentençafixandoregimemaisbenéficodoqueovigenteemfacedaprisãocautelar,semtomarmedidaemproldoréu

Habeascorpus contra decisão do juiz da execução penal, indeferimento da revisão dafixaçãodoregimefechadoinicialparacondenadoportráficoilícitodedrogas

Habeascorpuscontradecretaçãodeprisãopreventivaemcasodeviolênciadoméstica

Habeascorpus contradecisãode recebimentodadenúncia, combasenoart. 29daLei9.605/98,ofendendooprincípiodataxatividade

Habeascorpuscontradecisãoderecebimentodadenúnciabaseadaemcrimedebagatela

Habeas corpus contra decisão de decretação da prisão temporária sem necessidadecomprovada

Habeas corpus contra decisão de decretação da prisão preventiva sem motivaçãoadequada

Habeas corpus contra decisão de recebimento da denúncia, após acórdão que deraprovimento a recurso da acusação para receber a peça acusatória, buscando afastar a

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19)

20)

21)

22)

23)

24)

25)

26)

27)

28)

29)

30)

31)

32)

nulidadegerada

Habeascorpuscontradecisãodenegatóriaderevogaçãodeprisãopreventivaporexcessodeprazonaconclusãodainstrução

Habeas corpus contra decisão não fundamentada de indiciamento promovido pelodelegado

Habeas corpus contra o indeferimento de pleito de afastamento administrativo daautoridadepolicialemvirtudedesuspeição

Habeascorpuscontrainternaçãoprovisóriadeadolescenteporexcessodeprazo

Mandadodesegurançaparaimpediraquebradosigilobancário

Mandadodesegurançaparaimpediraquebradosigilofiscal

Mandadodesegurançaparagarantiraadmissãodoassistentedeacusação

Mandadodesegurançaparaimpedirasolturadoréu

Mandadodesegurançaparaliberarbenslícitosdoréu,bloqueadoscombasenoart.91,§§1.ºe2.º,doCódigoPenal

Revisãocriminalcontrasentençacondenatóriaqueforcontráriaaotextoexpressodeleipenal

Revisãocriminalcontradecisãocondenatóriaqueforcontráriaàevidênciadosautos

Revisãocriminalcontradecisãocondenatóriaquesefundaremprovafalsa

Revisão criminal contra decisão condenatória em face de prova nova demonstrativa dainocênciadoréu

Justificaçãoparaarevisãocriminal

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1.º)Habeascorpuscontradecisãojudicialdeterminandoaprisãodoréu

“L”,processadoecondenadopelaprát icadet entat ivaderoubosimples,apenadocomdoisanosdereclusãoemulta,t eveaprisãodecretadanasentença,nãolhepermit indorecorreremliberdade,apesardeinexist iremmot ivosparaaprisãocautelar.Promoveramedidacabívelparaassegurarasualiberdade.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.1

“M”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “L” (Nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,atualmenterecolhidonopresídio____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648, I, do Código de Processo Penal, apontando como autoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,pelosseguintesmotivos:

1.Opacientefoiprocessadoecondenado,comoincursonaspenasdoart.157,caput,c/cart.14,II,doCódigoPenal,aocumprimentodapena de dois anos de reclusão e ao pagamento de cinco dias-multa,calculadocadadianomínimolegal,emregimeinicialfechado,comoretrataafundamentaçãodasentençade1.ºgrau,emanexo.

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2.Entretanto,oMM.Juizsentenciantebaseou-se,paraafixaçãodoregimefechado,exclusivamente,nagravidadedofato,afirmandoquetododelitoderoubo,naformaconsumadaoutentada,deveprovocaroencarceramentodoacusado.Apesardisso,nãodeixoudereconhecer,de forma expressa, na decisão condenatória, tratar-se de réuprimário,debonsantecedentes,semenumerarqualquerrazãonegativaemrelaçãoàsuapersonalidade.

3.Equivocou-seoilustrejulgador,umavezqueoart.33,§2.º,c,do Código Penal, possibilita a fixação do regime aberto paracondenaçãoquenãoultrapasseomontantedequatroanosdereclusão,desdequesecuidederéuprimário,exatamenteocasodopaciente.

4. Saliente-se, ainda, que a única possibilidade de eleição doregimefechadoinicial,parahipótesesdepenasinferioresaquatroanos,seriaaconsideraçãofundamentadadascircunstânciasdoart.59doCódigoPenal,comoprevêoart.33,§3.º,domesmoCódigo.Não há qualquer referência negativa à pessoa do réu na sentença,concluindo-se que a motivação do regime fechado concentrou-se nagravidade abstrata do delito, o que não se permite seja feito.Aliás, nessa ótica, vale conferir o teor da Súmula 718 do SupremoTribunal Federal: “A opinião do julgador sobre a gravidade emabstratodocrimenãoconstituimotivaçãoidôneaparaaimposiçãoderegimemaisseverodoqueopermitidosegundoapenaaplicada”.

5.Soboutroaspecto,oréutemodireitodeapelaremliberdade,jáqueinexistentesosrequisitosparaaprisãopreventivaprevistosnoart. 312 do Código de Processo Penal. Por isso, configurou-seconstrangimentoilegal,jáqueinexistejustacausaparaacoação.

6.Doutrina4

7.Jurisprudência5

8.Portanto,acoaçãoilegalévisívelnãosomentepelodireitodoréuderecorreremliberdade,oquenãolhefoipermitidonadecisãocondenatória,mastambémporfazerjusaoiníciodocumprimentodapenanoregimeaberto.

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DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “L”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata expedição do alvará de soltura,paraquepossaaguardaroresultadodeseurecursoemliberdade.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(direitoderecorreremliberdade)eopericulumin mora (o réu já se encontra encarcerado por decisão do juiz dacondenação).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,mantendo-seoacusadosoltoatéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante6

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsávelpelasua recepçãoeanálisedeeventualconcessãode liminar.NoEstadodeSãoPaulo,cabe ao relator essa competência.Outros tribunais podem estabelecer ser da alçada doPresidente. Na dúvida, deve-seencaminharaesteúltimo.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

5Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

6Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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8.º)Habeascorpuscontradecisãojudicialconvertendoflagranteempreventiva,compedidosubsidiáriodemedidacautelaralternativa

“U”,presoemf lagrantepelaprát icaderouboqualif icado,t eveasuaprisãoemf lagranteconvert idaemprevent iva.Promover a medida cabível para assegurar a sua liberdade e, não sendo possível, a aplicação de medida cautelaralt ernat iva.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.

“H”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

compedidoliminar,emfavorde“U”(Nome),(nacionalidade),(estadocivil), (profissão), titular de carteira de identidade RegistroGeral n.º ____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o n.º____,atualmenterecolhidonopresídio____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648,I,doCódigodeProcessoPenal,apontandocomoautoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,pelosseguintesmotivos:

1.Opacientefoipresoemflagrante,comoincursonaspenasdoart.157,§2o,I,doCódigoPenal,porque,nodia___de____de____,por volta das ____ horas, em ato de desespero, subtraiu algumasroupasdaloja_________,sobameaçadeempregodefaca.Assimagiupor estar necessitado, precisando de vestimenta para sua família,

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tendoemvistaestardesempregadoháalgumtempo.Pretende-seprovaroestadodenecessidadeaolongodainstrução.

2.Entretanto,oMM.Juiz,aoreceberoautodeprisãoemflagrante,nãofixoufiançaparaocaso,afirmandotratar-sededelitograve,que assola a sociedade, comportando a decretação da prisãopreventiva. Pelas mesmas razões, não concedeu a liberdadeprovisória,semfiança.

3. Na sequência, apresentou-se denúncia com base na mesmatipificação, recebida pelo ilustre magistrado, determinando-se ooferecimento de defesa prévia. Houve indeferimento do pedido deliberdadeprovisória,comousemfiança.

4. Equivocou-se, data vênia, o preclaro julgador, pois o réu éprimário, não registra antecedentes criminais e, por meroinfortúnio,encontra-sedesempregado.Entretanto,possuiresidênciafixa(documentodefls.____).

5.Agravidadeabstratadodelitoderoubonãoémotivosuficientepara dar lastro à decretação da prisão preventiva, em particular,porque o acusado agiu mediante o emprego de ameaça, sem qualquerlesão à vítima, subtraindo coisas de pequeno valor. Aliás, nessaótica, vale conferir o teor da Súmula 718 do Supremo TribunalFederal: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato docrimenãoconstituimotivaçãoidôneaparaaimposiçãoderegimemaisseverodoqueopermitidosegundoapenaaplicada”.Nãoháqualquerrisco para a ordem pública, caso seja colocado em liberdade paraaguardarodesfechodesteprocesso.Ademais,mesmoquecondenado,oque se aduz somente para argumentar, poderá receber o regimesemiaberto,situaçãoincompatívelcomocárcereatual.

6. A liberdade provisória, sem fiança, em face da sua situação demiserabilidade,éomelhorcaminhoaseguir.Se,noentanto,assimnão entenda esse E. Tribunal, pleiteia-se a aplicação de medidacautelaralternativa,dentreasprevistaspeloart.319doCódigodeProcessoPenal,conformeoprudentecritériodessailustreCorte.

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7.Doutrina

8.Jurisprudência

9.Portanto,acoaçãoilegalévisívelnãosomentepelodireitodoréuaguardarodesfechodoprocessoemliberdade,oquenãolhefoipermitido até o momento, mas também por fazer jus, em carátersubsidiário,demedidacautelaralternativa.

DACONCESSÃODELIMINAR

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “U”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata expedição do alvará de soltura,para que possa aguardar o decurso da instrução em liberdade. Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoo fumus boni juris (inexistência dos requisitos da prisãopreventiva) e o periculum in mora (viabilidade de permanecer emsegregaçãocautelarpormaistempodoquedeterminaalei).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,mantendo-seoacusadosoltoatéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante

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9.º)Habeascorpuscontradecisãojudicialnegandoliberdadeprovisóriaaacusadoportráficoilícitodedrogas

“W”foidenunciadopelaprát icadet ráf icoilícit odedrogas(art .33,caput,Lei11.343/2006),apósprisãoemf lagrante,regularmente realizada. Not if icado, o denunciado apresentou defesa preliminar, onde destacou ser usuário e nãot raf icante, devendo ser rejeit ada a denúncia. Por cautela, requereu, desde logo, caso recebida a peça acusatória, odireito à liberdade provisória, last reado no princípio const itucional da presunção de inocência. O juiz, recebendo adenúncia, indeferiu a liberdade provisória. Proponha amedida cabível para a obtenção do benefício de aguardar oprocessoemliberdade.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.1

“N”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “W” (nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,atualmenterecolhidonopresídio____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648, I, do Código de Processo Penal, apontando como autoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,pelosseguintesmotivos:

1. O paciente foi denunciado pela prática de tráfico ilícito dedrogas.Houveaapresentaçãodedefesapreliminar,afirmandoserele

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somente usuário de entorpecente e não traficante; rejeitada essaafirmaçãoinicial,oMM.Juizrecebeuapeçaacusatóriaeindeferiuopedidodeliberdadeprovisória,quelhehaviasidodirigido.

2.Entretanto,oilustremagistradobaseou-se,paranegarasolturado réu, exclusivamente, na gravidade abstrata do delito. Nãoabordou,emsuadecisão,nenhumdosrequisitosdoart.312doCódigodeProcessoPenal,quecuidadaprisãopreventiva.

3.Equivocou-seoMM.Juiz,poistodaprisãocautelar,paraevitarmácula direta ao princípio da presunção de inocência e, em últimograu, ao princípio regente da dignidade da pessoa humana, somentepode ser decretada e mantida, caso lastreada nos requisitos daprisãopreventiva.Inexistepossibilidadelegalparaanegativa,semfundamentação explícita, calcada nos elementos fáticos constantesdosautos,doinafastáveldireitodoréudeaguardaremliberdadeoseujulgamento.

4.Ademais,apósareformaprocessualpenal,introduzidapelasLeis11.689/2008 e 11.719/2008, tornou-se evidente a ligação entre aprisão provisória e a preventiva, razão pela qual é essencial quemagistrado exponha, detalhadamente, quais dos requisitos previstospelo art. 312 do CPP estão presentes para a sua decretação oumantença.

5.Nocasopresente,opacienteéprimário,semantecedentes,possuiemprego e residência fixas, não representando nenhum perigo àsociedade,neminconveniênciaàinstruçãocriminalouàaplicaçãodaleipenal.4

6. Além disso, somente para argumentar, havendo condenação nostermos da denúncia, vislumbra-se a possibilidade de aplicação dodisposto pelo § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, implicando adiminuiçãodapenaempatamaresdeumsextoadoisterços,vistosero paciente primário, sem antecedentes e desvinculado de qualquertipodeorganizaçãoouatividadecriminosa.Aeventualreduçãopodeprovocar,também,asubstituiçãodapenaprivativadeliberdadeporrestritiva de direitos, nos termos já decididos pelo C. Supremo

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TribunalFederal.5

7. Em suma, acrescente-se ter o Pretório Excelso consideradoinconstitucionalavedaçãoàliberdadeprovisória,constantedoart.44, da Lei de Drogas (HC 104.339/SP, Pleno, rel. Gilmar Mendes,10.05.2012,m.v.).Portanto,porqualquerânguloquesevisualizeasituaçãodopaciente,pode-sededuzirserelemerecedordaliberdadeprovisória.

8.Doutrina6

9.Jurisprudência7

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “W”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata expedição do alvará de soltura,para que possa aguardar o transcurso da instrução em liberdade. Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(direitodepermaneceremliberdadeprovisória)eopericuluminmora(oréujáseencontraencarceradopordecisãodojuizdofeito).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,8

colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,mantendo-seoacusadosoltoatéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante9

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsávelpelasua recepçãoeanálisedeeventualconcessãode liminar.NoEstadodeSãoPaulo,cabeaorelatoressacompetência.Porém,cabeaoPresidentedaSeçãoCriminalprovidenciaradistribuiçãodofeito.OutrostribunaispodemestabelecerserdaalçadadoPresidente,tantoadistribuiçãoquantoaapreciaçãodaliminar.Nadúvida,deve-seencaminhar,sempre,aoPresidentedoTribunal.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4É importanteobservarque,mesmonãosendoprimáriooupossuindoantecedentes;aindaquenãopossuaempregoouresidênciafixa,taissituaçõesnãoafastam,automaticamente,odireitoàliberdadeprovisória.Dequalquerforma,ojuizprecisafundamentaraprisãocautelarnoselementosdoart.312doCPP.Portanto,emcertoscasos,aliberdadeprovisóriacontinuacabívelparaoréureincidenteoucommausantecedentes,bemcomoaoquenãodemonstraocupaçãolícitaouresidênciaestabelecida.

5Emtermosdeobtençãodaliberdadeprovisória,deve-se,semprequepossível,argumentarcomaeventualfuturapenaaseraplicada.Afinal,emmuitassituações,sãocabíveisváriosbenefícios,queimplicamempenasaseremcumpridasforadocárcere.

6Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

7Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

8OuTurmasCriminais(dependedacomposiçãodecadaTribunal).

9Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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10)Habeascorpuscontraa“esperadevaga”,naexecuçãopenal,quandodeferidaaprogressãodoregimefechadoaosemiabertopelojuiz

“F”foisentenciadoacumprirseisanosdereclusão,pelaprát icadehomicídiosimples,emregimeinicialfechado.Apósum ano (um sexto), preenchidos os requisit os legais, o juiz da execução penal deferiu a sua progressão ao regimesemiaberto.Ent retanto,porfalt adevagasnesseregime,aguardanofechadoasuat ransferência.Promovaamedidacabívelparafazercumpriradecisãojudicial.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.1

“B”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “F” (nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,atualmenterecolhidonopresídio____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648, I, do Código de Processo Penal, apontando como autoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,4pelosseguintesmotivos:

1.Opacientefoiprocessadoecondenadopelapráticadehomicídiosimplesaocumprimentodapenadeseisanosdereclusão,fixando-seo regime inicial fechado. Após o decurso de um sexto, pleiteada a

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progressão, houve por bem o juiz conceder a transferência para oregimesemiaberto.

2.Entretanto,passadosseismesesdadecisãojudicial,encontra-seo paciente no regime fechado, aguardando vaga no semiaberto, apretextodeserespeitarumafila,oficialmenteorganizada.

3. Inexiste qualquer preceito legal a embasar tal situaçãoaberrante,consistenteemconstruiroEstadoumaordemdeingressonosemiaberto,comosefosseautênticoprivilégiodocondenadoenãoumdireitojudicialmenteconsagradoereconhecido.

4. Observe-se o paradoxo da sistemática apresentada pelo PoderExecutivo, responsável pelo sistema penitenciário, que tem contadocom o beneplácito do Judiciário: para seguir ao semiaberto, emqualquer situação, há uma fila de espera; para o recolhimento aocárcerefechado,inexistefila,bastandocumpriradecisão.Noutrostermos, o semiaberto não pode superlotar, mas o fechado pode.Afinal,essaéarealidadedoscárceresbrasileiros.

5.Éprecisocessar,deimediato,oconstrangimentoilegalsofridopelo paciente. Deve ser transferido, independentemente de qualquerfila,aoregimesemiaberto.

6. A recusa do Poder Executivo em inserir o sentenciado nosemiaberto terminou por obrigar o Judiciário a conceder ordens dehabeas corpus, determinando a transferência do paciente ao regimeabertoparaaguardaravaganoregimeintermediário.

7.Essasolução,emquepeseosbonspropósitosdamagistratura,nãosecoadunacomafinalidadedapenaecomosobjetivosprincipaisdaexecuçãopenal,consubstanciadosnaressocializaçãodosentenciado.Seocondenadoétransferidoaoregimeaberto,aindaqueporfaltadevagasnoregimesemiaberto,nessesistemadevesermantido,salvosedescumprirosseuspostuladoserequisitos.

8.Inexistejustacausaparapermitiraosentenciadoorecomeçodesua vida, em matéria profissional e no convívio familiar, para,

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depoisdecertotempo,interromperoêxitodeseureajustesocial,pois a vaga no regime intermediário surgiu. Cuida-se de evidenteretrocesso, com enorme perda para o projeto essencial da execuçãopenal,calcadonaressocialização.

9. Em suma, o constrangimento ilegal, relativo à permanência dosentenciado em regime fechado, deve cessar, determinando-se aimediatatransferênciaaosemiaberto,independentementedequalquerfila.Naimpossibilidade,deveocondenadoserdeslocadoaoregimeaberto,somentepodendoretornaraosemiaberto,casosurjaavagaetenhaopacientedescumpridoqualquercondiçãodoregimeaberto.

10.Doutrina5

11.Jurisprudência6

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “F”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata transferência do paciente para oregime semiaberto, ou, alegada falta de vaga, a sua passagem aoregime aberto, com a expressa determinação de que o retorno aosemiaberto, em caso de surgimento de vaga, somente se dará pordecisão fundamentada do juiz da execução penal, calcada emdescumprimentodascondiçõesdoreferidoregimeaberto.

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,7

colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,consolidando-seasuatransferênciaaoregimesemiabertoouaberto,conformeocasoconcreto.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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_______________

Impetrante8

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsávelpelasua recepçãoeanálisedeeventualconcessãode liminar.NoEstadodeSãoPaulo,cabeaorelatoressacompetência.Porém,cabeaoPresidentedaSeçãoCriminalprovidenciaradistribuiçãodofeito.OutrostribunaispodemestabelecerserdaalçadadoPresidente,tantoadistribuiçãoquantoaapreciaçãodaliminar.Nadúvida,deve-seencaminhar,sempre,aoPresidentedoTribunal.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4Sehouver,dirigiràVaradeExecuçãoCriminaldaComarca.

5Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

6Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

7OuTurmasCriminais(dependedacomposiçãodecadaTribunal).

8Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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11)Habeascorpuscontrasentençafixandoregimemaisbenéficodoqueovigenteemfacedaprisãocautelar,semtomarmedidaemproldoréu

“Z”foisentenciadoacumprirseisanosdereclusão,emulta,pelaprát icaderoubo,emregimesemiaberto.Ent retanto,oréuencont ra-sedet ido,porprisãoprevent ivaanteriormentedecretada.Ojuiz,alegandopersist iremosmot ivosdaprisão cautelar, não permit iu o recurso do acusado em liberdade. Ele se encont ra preso em cárcere fechado, comoocorrecomospresosprovisórios.Promovaamedidacabívelparabeneficiaroréu.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.1

“A”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “Z” (nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobo n.º ____, atualmente recolhido no centro de detenção provisória____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,em combinação com o art. 648, I, do Código de Processo Penal,apontandocomoautoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,pelosseguintesmotivos:

1. O paciente foi processado e condenado pela prática de roubo aocumprimentodapenadeseisanosdereclusão,emulta,fixando-seoregimesemiabertocomoinicial.Nasentença,oMM.Juiznegouaoréu

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o direito de recorrer em liberdade, afirmando presentes osrequisitosdoart.312doCPP.Nenhumamedidatomouparaadequaraprisãoprovisóriaaoregimeestabelecidopelacondenação.

2.Observa-seonítidoconstrangimentoilegalsofridopelopaciente,naexataproporçãoemque,determinadonasentençaoregimeinicialsemiaberto,continuarecolhidoemestabelecimentoprisionalfechado.Anote-se,ademais,nãoteroMinistérioPúblicoapresentadorecursocontraadecisão.4

3. Assim sendo, caso houvesse o trânsito em julgado da decisão,imediatamente, o paciente teria o direito de estar inserido emcolôniapenalagrícolaouindustrial.Entretanto,valendo-sedeseuconstitucional direito ao recurso, vê-se recolhido em sistemafechado.

4. Cumpre registrar o disposto na Súmula 716 do STF: “Admite-se aprogressãoderegimedecumprimentodapenaouaaplicaçãoimediatade regime menos severo nela determinada, antes do trânsito emjulgadodasentençacondenatória”.Aexecuçãoprovisóriaédireitoconsagrado do réu, devendo ser transferido, de imediato, para oregime semiaberto, enquanto persista a prisão cautelar e até adecisãofinal.

5. Em suma, por qualquer ângulo que se visualize a situação dopaciente,pode-sededuzirserelevítimadeconstrangimentoilegal,porver-seinseridoemprisãofechada,semjustacausa.

8.Doutrina5

9.Jurisprudência6

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “W”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata transferência do paciente para oregime semiaberto, para que possa aguardar o deslinde de seu

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recurso.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciado o fumus boni juris (direito de se situar no regimefixado pela sentença) e o periculum in mora (o réu se encontraencarceradoemmodelofechado).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,7

colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,mantendo-se o acusado no regime semiaberto – ou aberto, se houverprogressão–atéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante8

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsávelpelasua recepçãoeanálisedeeventualconcessãode liminar.NoEstadodeSãoPaulo,cabeaorelatoressacompetência.Porém,cabeaoPresidentedaSeçãoCriminalprovidenciaradistribuiçãodofeito.OutrostribunaispodemestabelecerserdaalçadadoPresidente,tantoadistribuiçãoquantoaapreciaçãodaliminar.Nadúvida,deve-seencaminhar,sempre,aoPresidentedoTribunal.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4 A ausência de recurso da acusação permite o trânsito em julgado da sentença, no tocante à possibilidade de piorar oconteúdodadecisão.Logo,oregimesemiabertoestá,nomínimo,consolidado.Porém,mesmoqueoMPrecorra,oregimeprovisoriamente fixadoéosemiaberto,não tendosentidoqueo réu fiqueemestabelecimento fechado,comoocorrecomtodasasprisõescautelares.

5Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

6Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

7OuTurmasCriminais(dependedacomposiçãodecadaTribunal).

8Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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12)Habeascorpuscontradecisãodojuizdaexecuçãopenal,indeferimentodarevisãodafixaçãodoregimefechadoinicialparacondenadoportráficoilícitodedrogas

“Y”foisentenciadoacumprircincoanosdereclusão,emulta,pelaprát icadet ráf icoilícit odedrogas,emregimeinicialfechado. O único fundamento ut ilizado pelo julgador, para aplicar o regime inicial fechado, foi a previsão legalconstantedoart .2.º,§1.º,daLei8.072/90(LeidosCrimesHediondos).Essedisposit ivopelodeclaradoinconst itucionalpeloSTF.Caberevisãodiretamentesolicit adaaojuízodaexecuçãopenal.Indeferida,impet ra-sehabeascorpus.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.

“B”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “Y” (nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,atualmenterecolhidonopresídio____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648, I, do Código de Processo Penal, apontando como autoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaradeExecuçõesPenaisde____,pelosseguintesmotivos:

1. O paciente foi processado e condenado pela prática de tráficoilícitodedrogasaocumprimentodapenadecincoanosdereclusão,e multa, fixando-se o regime inicial fechado, exclusivamente por

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forçadodispostopeloart.2.o,§1o,daLei8.072/90.

2.Entretanto,talnormafoijulgadainconstitucionalpeloColendoSupremoTribunalFederal,emjulgamentoocorridoem27dejunhode2012(HC111.840/ES,Pleno,rel.DiasToffoli,m.v.).Nãomaispodeomagistradofixaroregimeinicialparaocumprimentodapenasemadevida fundamentação, com lastro no art. 33, § 3o, que remete aoart.59,doCódigoPenal.

3. A decisão de inconstitucionalidade, proclamada pelo PretórioExcelso,deveteraplicaçãoimediataeretroativa,funcionandotalcomosefossenormapenalbenéfica.Nesseprisma,sustentaGuilhermede Souza Nucci: “a declaração de inconstitucionalidade de normapenal prejudicial ao réu, pelo STF, certamente equivale àinterpretaçãobenéficadeleipenal,devendoretroagirparaalcançaracusadosoucondenadosqueseamoldemànovasituação”(Princípiosconstitucionaispenaiseprocessuaispenais,p.146).

4. O sentenciado faria jus a regime semiaberto, quando de suacondenação,poistodososelementosdoart.59lhesãofavoráveis.Feito o pedido ao magistrado da execução penal, para alterar oregime,independentementedeprogressão,houveoindeferimento.

5. Cabe habeas corpus para sanar constrangimento ilegal, quando amedidaforurgente,sendoincabívelaguardareventualprocessamentodo recurso de agravo, pois, se assim fosse feito, o condenado jáatingiriaodireitoàprogressão,tornandoinútilopleito.

6.Aplicando-seodispostopeloart.5o,LX,daConstituiçãoFederal(retroatividade de lei penal benéfica), por analogia in bonampartem, quanto à interpretação constitucional do STF, pleiteia-sesejaomagistradoobrigadoaapreciaropedidoedecidirqualomaisadequado regime inicial para o cumprimento da pena, conforme odispostopeloart.33,§3o,doCódigoPenal.

7. Em suma, por qualquer ângulo que se visualize a situação dopaciente,pode-sededuzirserelevítimadeconstrangimentoilegal,porver-seinseridoemprisãofechada,semjustacausa.

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9.Doutrina

10.Jurisprudência

DACONCESSÃODELIMINAR

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “Y”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata transferência do paciente para oregimesemiaberto,paraquepossaaguardarodeslindedestewrit.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(direitodesesituarnoregimesemiaberto)eopericuluminmora(oréuseencontraencarceradoemmodelofechado).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,mantendo-se o acusado no regime semiaberto – ou aberto, se houverprogressão–atéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante

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13)Habeascorpuscontradecretaçãodeprisãopreventivaemcasodeviolênciadoméstica

“Y” foi denunciado como incurso nas penas do art . 147 do Código Penal, por t er ameaçado sua esposa de morte.Recebendoapeçaacusatória,apedidodoMinist érioPúblico,omagist radodecretouaprisãoprevent ivaparagarant iadaordempúblicaeparaasseguraraaplicaçãodaleipenal.Promovaamedidaadequadaaoacusado,queseencont raforagido.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.1

“D”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “Y” (nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobo n.º ____, com fundamento no art. 5.º, LXVIII, da ConstituiçãoFederal, em combinação com o art. 648, I, do Código de ProcessoPenal,apontandocomoautoridadecoatoraoMM.Juizda____.ªVaraCriminalde____,4pelosseguintesmotivos:

1. O paciente foi denunciado pela prática do delito de ameaça,previstonoart.147,doCódigoPenal,porter,emtese,ameaçadodemorte sua esposa, (nome), durante discussão familiar. Recebida apeça acusatória, o MM. Juiz decretou, a pedido do MinistérioPúblico,aprisãopreventiva,sobdoisfundamentos:paraagarantia

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da ordem pública, tendo em vista a personalidade violenta doacusado,eparaasseguraraaplicaçãodaleipenal,vezqueoréuseencontraforagido.Baseou-se,ainda,nodispostopeloart.313,IV,doCódigodeProcessoPenal.

2. Observe-se, inicialmente, ser o réu primário e não registrarantecedente criminal; possui residência fixa, juntamente com avítima,alémdeserregularmenteestabelecidoemcomérciopróprio.

3. A decretação da prisão cautelar configura evidenteconstrangimentoilegalporvariadosfatores,dentreosquaissepodeenumerar os seguintes: a) a garantia da ordem pública é requisitoabrangente, devendo envolver a segurança pública em geral e não aincolumidade de uma determinada pessoa, ainda que em tese; b) oacusado se encontra, de fato, foragido, pelo simples fato de tercontra si decretada a prisão preventiva, por infração de menorpotencial ofensivo, cujo resultado não pode justificar oencarceramentodosentenciado,aindaquesedêacondenação,somenteparaargumentar;logo,nãosefurtaàaplicaçãodaleipenal,poisvisa a evitar a prisão desnecessária; c) houve inobservância doprincípio da presunção de inocência associado à legalidade penal,valedizer,oestadodeinocênciadoréupermite-lheaguardaroseujulgamento em liberdade, não sendo viável a antecipação da pena;vislumbrando-se, no entanto, a sanção cominada em abstrato(detenção, de um a seis meses, ou multa), deduz-se ser inviávelprenderopacienteduranteainstrução.Afinal,setalseder,teráele cumprido a sua pena antecipadamente e de maneira integral noregimefechado,situaçãodecaráterteratológico.

4. Caso seja detido e encarcerado, dificilmente, o processo terásidototalmenteconcluídoemmenosdeummês,considerando-seapenamínima;aindaqueseleveemcontaasançãomáxima,demerosseismeses,teriaeledireitoaoregimeabertoouaosursis,significandoficar fora do regime fechado. Ademais, nada impede que o julgadorlheapliquesimplespenademultae,nessecaso,aprisãoterásidomedidaexcessivaporpartedoEstado.

5. A reforma trazida pela Lei 11.340/2006, em nome do combate à

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violênciadoméstica,nãopodevergarprincípiosconstitucionaismaisrelevantes, como a presunção de inocência e a dignidade da pessoahumana.Oart.313,IV,doCPP,aoautorizaraprisãopreventivaaoscasosdeviolênciadomésticafazreferênciaàgarantiadeexecuçãodemedidasprotetivasdeurgência.Ora,nadaexisteaserasseguradono caso presente, ao menos pela prisão preventiva açodadamentedecretada.

6.Emsuma,aprisãocautelarnãopreencheosrequisitosdoart.312do CPP e, se concretizada, colocará em risco de lesão o princípioconstitucional da presunção de inocência, afetando, por viaindireta,adignidadehumana.

7.Doutrina5

8.Jurisprudência6

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “Y”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata expedição do contramandado deprisão, para que possa aguardar o deslinde de seu processo emliberdade.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(direitodepermaneceremliberdadepor ausência de preenchimento dos requisitos da preventiva) e opericuluminmora(oréuseencontraprestesaserpreso).

Ante o exposto, distribuído o feito a uma das Câmaras Criminais,7

colhidasasinformaçõesdaautoridadecoatoraeouvidooMinistérioPúblico,requer-seadefinitivaconcessãodaordemdehabeascorpus,revogando-seaprisãocautelaremantendo-seoacusadoemliberdadeduranteoprocessamentodofeito.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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Impetrante8

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsávelpelasua recepçãoeanálisedeeventualconcessãode liminar.NoEstadodeSãoPaulo,cabeaorelatoressacompetência.Porém,cabeaoPresidentedaSeçãoCriminalprovidenciaradistribuiçãodofeito.OutrostribunaispodemestabelecerserdaalçadadoPresidente,tantoadistribuiçãoquantoaapreciaçãodaliminar.Nadúvida,deve-seencaminhar,sempre,aoPresidentedoTribunal.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4 Em váriasComarcas, já existem os Juizados deViolênciaDoméstica e Familiar, nos termos do art. 33, caput, da Lei11.340/2006.Enquantonãoforeminstalados,cabeàVaraCriminaloprocessamentodofeito.

5Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

6OuTurmasCriminais(dependedacomposiçãodecadaTribunal).

7OuTurmasCriminais(dependedacomposiçãodecadaTribunal).

8Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94.

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20)Habeascorpuscontradecisãonãofundamentadadeindiciamentopromovidopelodelegado

“P”,suspeitodaprát icadeestupro,foiindiciadopelaautoridadepolicial,queofezsemproferirdespachomot ivado.Convocado a prestar declarações, chegando à delegacia, foi ouvido e formalmente indiciado. Após, procurou seuadvogado.Promovaamedidacabívelemfacedoquadroocorrido.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitoda_____VaraCriminaldaComarca______.1

“K”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “P” (Nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobo n.º ____, indiciado no inquérito n. _____, em trâmite no ___Distrito Policial, com fundamento no art. 5.º, LXVIII, daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648,I,doCódigodeProcessoPenal,apontandocomoautoridadecoatoraoilustreDelegadodePolíciado____DistritoPolicial,pelosseguintesmotivos:

1.Opaciente,consideradosuspeitodapráticadocrimedeestuprocontra a vítima _____, foi indiciado pela autoridade policial, nodia _____, por meio do despacho de fls. ____ (documentos anexo),proferidosemnenhumamotivação.

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2. Há de se ressaltar que, nos termos do art. 2.º, § 6.º, da Lei12.830/2013,“oindiciamento,privativododelegadodepolícia,dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica dofato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suascircunstâncias”(grifamos).

3. No presente caso, a autoridade coatora limitou-se a intimar opaciente a comparecer no ___ Distrito Policial, ocasião em quedeliberou ouvi-lo, sem a presença de um advogado, para, nasequência,indiciá-lo,semproferiratomotivado,abordandotodososaspectostécnicosdemandadosexpressamenteemlei.

4.Nãobastasse,inexiste,nosautosdoinquérito,qualquerelementosustentávelparaindicaropacientecomoautordogravedelitoquelhefoiapontado.

5.Doutrina4.

6.Jurisprudência5.

7. Portanto, o constrangimento ilegal é visível, tendo em vista anítida contrariedade ao texto legal do art. 2.º, § 6.º, da Lei12.830/2013.

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,emfavorde“P”,para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidade praticada,determinar o cancelamento do ato de indiciamento, apagando-se oregistro efetuado a esse respeito na folha de antecedentes dopaciente.

Ante o exposto, colhidas as informações da autoridade coatora,6

pleiteia-se a procedência deste writ, mantendo-se o pacienteprotegido de qualquer outra ordem de indiciamento, a menos que asituaçãoprobatóriasemodifiqueeoatosejaprolatadonostermoslegais.

Termosemque,

Pededeferimento.

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Comarca,data.

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Impetrante7

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1Havendooindiciamentosemmotivação,oindiciadoapresentaseuhabeascorpusaojuizresponsávelpelafiscalizaçãodoinquérito.Porém,seaautoridadejudiciáriapronunciou-seedenegouaordem,torna-seautoridadecoatoraeohabeascorpusdeveserinterpostoperanteoTribunal.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3Nãoháobrigatoriedade,paraoimpetrante,emrequereraconcessãodemedidaliminardecessaçãodoconstrangimentoilegal,poispodeinexistirpericuluminmora.Éocasodestehabeascorpus,cujoobjetivoéanularindiciamentojárealizado.

4Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

5Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

6Nospedidosdehabeascorpus,propostosemprimeirograu,nãoháobrigatoriedadeparaaoitivadoMinistérioPúblico.

7Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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21)Habeascorpuscontraoindeferimentodepleitodeafastamentoadministrativodaautoridadepolicialemvirtudedesuspeição

“O”,indiciadopelaprát icadehomicídiocont rasuaesposa,percebequeaautoridadepolicialàf rentedoinquéritoéseuinimigocapit al.Comunicaaoseuadvogado,queingressacompedidoadminist rat ivodeafastamento.Primeiramente,pet icionaaoprópriodelegado,que indefereopleito. Em segundo lugar, aindano campoadminist rat ivo, apresentapet ição aoDelegado-Geral dePolícia (ou Secretário da Segurança, a depender dequem for o chefe local dapolíciajudiciária),queoindefere.Nãorestandoout raalt ernat iva,ingressaemjuízo.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do E. Tribunal deJustiçadoEstado_______.1-3

“V”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,4 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,5 em favor de “O” (Nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobo n.º ____, indiciado como incurso no art. 121, caput, do CódigoPenal,noinquériton.____,emcursona____DelegaciadePolíciada Comarca de ______, com fundamento no art. 5.º, LXVIII, daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648,I,doCódigodeProcesso Penal, apontando como autoridade coatora o Dr. Delegado-Geral de Polícia do Estado de _____ (ou o Secretário da SegurançaPública),pelosseguintesmotivos:

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1. O paciente foi considerado suspeito da prática do homicídio desua esposa Fulana de Tal, motivo pelo qual foi indiciado einterrogado pelo Dr. _______, Delegado de Polícia da Comarca de____,nadatade_____.

2. Entretanto, nesse dia, tomou conhecimento que o presidente doinquéritopolicialéumantigodesafetoseu,podendoconsiderá-lo,parafinslegais,comoseuinimigocapital.Asrazõesparaissosãoasseguintes:(descreveromotivodainimizade).

3. Informado a respeito, o impetrante – advogado constituído pelopaciente–peticionouaoilustredelegado,pleiteando,nostermosdoart. 107 do Código de Processo Penal, que ele se declarassesuspeito, afastando-se da condução da investigação criminal. Semmaior explicação, a autoridade policial indeferiu o pleito,obrigando o paciente a recorrer ao Delegado-Geral de Polícia (ouSecretário da Segurança Pública). Alegando ser o inquérito denatureza inquisitiva, onde não prevalece a ampla defesa e ocontraditório, igualmente foi indeferido o pedido e alteração dodelegado.

4. O impetrante não desconhece a natureza jurídica do inquérito,consistente em procedimento administrativo, cuja finalidade é acaptação de provas pré-constituídas para permitir a formação doconvencimentodoórgãoacusatórioacercadapráticadeumainfraçãopenal e seu autor, motivando-o ao oferecimento da denúncia. Poroutro lado, é sabido que a atividade persecutória do Estado, emqualquernível,devesermovidapelamaisabsolutaimparcialidade,privilegiando o princípio da igualdade de todos perante a lei e,acimadisso,adignidadedapessoahumana.

5.Particularmente,emvirtudedabuscadodelegadoimparcial,aLei12.830/2013consagra,noart.2.º,§4.º,aprevalênciadoprincípiodo delegado natural, que, uma vez na presidência de umainvestigação, dela somente pode ser afastado por despachofundamentadodaautoridadesuperior,porrazãodeinteressepúblico.Omesmosedánoart.2.º,§5.º,parafinsderemoção.Aissoseassocia o disposto pelo art. 107 do CPP, que indica à autoridade

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policial o dever de se afastar quando suspeita por conta de algummotivolegal.

6. Além disso, observa-se que a autoridade policial em questãoindeferiutodososrequerimentosformuladospeladefesadopaciente,comoobjetivodeapontaroutrasprovas,afimdeampliarolequedesuspeitosdogravedelitocometido.Emborasetratedeinvestigaçãodecunhoinquisitivo,semaprimaziadoprincípiodaampladefesa,hádesecuidardasuaimparcialidade,paraqueoverdadeiroautordofatosejaencontrado.Afinal,oórgãoacusatórionecessitarádeprovaspré-constituídascomvalorintrínseco,afimdelhefornecerjusta causa para a ação penal. Em suma, o Estado-investigaçãoprecisa ser, acima de tudo, ético no uso de sua autoridade, razãomais que suficiente para o afastamento de quem atua com visívelimparcialidade, coletando provas apenas contra o paciente, sem omenorinteressenabuscadaverdadereal.

7.Doutrina6.

8.Jurisprudência7.

9.Portanto,torna-senítidooconstrangimentoilegalsofridopelopaciente, que merece do Estado a mesma consideração destinada aoutraspessoas,emigualdadedecondições.

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “O”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada,determinaroimediatoafastamentodaautoridadepolicial,condutoradoinquériton._____,no______DP.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(a evidente parcialidade do delegado) e o periculum in mora (aaproximaçãodaconclusãodoinquérito,apontandosomenteopacientecomosuspeito).

Ante o exposto, distribuído o feito, colhidas as informações daautoridade coatora e ouvido o Ministério Público, requer-se a

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definitiva concessão da ordem de habeas corpus, providenciando-seoutrodelegadoparaassumirainvestigação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Impetrante8

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1OpedidodehabeascorpuscontraaautoridadepolicialemexercíciodoDistritodeveserpropostojuntoaojuízodeprimeirograu,responsávelpelafiscalizaçãodoinquérito.Noentanto,quandoaautoridadecoatora(aúltimaatomarconhecimentodopedidoeindeferi-lo)tiverforoprivilegiado,deve-seajuizá-loperanteoTribunaldeJustiça.Nestecaso,tantooDelegado-GeraldePolíciaquantooSecretáriadaSegurançadetêmforoprivilegiadoe,emvirtudedisso,aConstituiçãoEstadualdeSãoPaulofixaoTribunaldeJustiçacomoforocompetenteparajulgarohabeascorpuscontraseuato(art.74,IV).EmoutrosEstados,éprecisoconsultaraConstituiçãoparaverificarseessasautoridadesgozamdeforoespecial.

2Comoregra,ohabeascorpusdeveserpropostoaoPresidentedoTribunal,excetoquandooRegimentoInternodaCortedeterminaacompetênciadeoutraautoridade,como,porexemplo,oPresidentedaSeçãoCriminal(éoqueocorrenoEstadodeSãoPaulo).Oórgãocolegiado,naCorte,competenteparajulgarocasodependedoRegimentoInterno(podeseroÓrgãoEspecialouumaCâmaraCriminal).

3Oart.107doCPPdispõequenãocabeexceçãodesuspeiçãocontraodelegado,masestedevedeclarar-sesuspeitoquandoforocaso.Nãohavendotalaceitaçãopelaautoridadepolicial,ocaminhodeimpugnaçãodeveseradministrativo.Noentanto,seoDelegado-GeraldePolíciaouaSecretáriadaSegurançaPúblicanegaroafastamentododelegadonãoéporissoqueoindiciadosofreráaatuaçãodeautoridadesuspeita.CabehabeascorpusjuntoaoTribunal.

4Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

5 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

6Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

7Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

8Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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22)Habeascorpuscontrainternaçãoprovisóriadeadolescenteporexcessodeprazo

“Z”,processadopelaprát icadeatoinfracional,combasedocrimederouboqualif icado,foiapreendido,emvirtudedef lagrante, no dia 10 de março. Após os t râmites procedimentais, houve representação do Minist ério Público e ainst rução já se encont ra no dia 02 demaio. Promova a medida cabível para assegurar a sua liberdade, pois o juizindeferiualiberaçãodojovem.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunaldeJustiçadoEstadode________.1

“N”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____,2 domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelênciaimpetrarapresenteordemde

HABEASCORPUS,

com pedido liminar,3 em favor de “Z” (Nome), (nacionalidade),(estado civil), (profissão), titular de carteira de identidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrodePessoasFísicassobon.º____,atualmenteinternadonaunidade____,comfundamentonoart.5.º,LXVIII,daConstituiçãoFederal,emcombinaçãocomoart.648, II, do Código de Processo Penal, apontando como autoridadecoatora o MM. Juiz da ____.ª Vara Especial de AdolescentesInfratores4pelosseguintesmotivos:

1. O paciente foi apreendido pela polícia, no dia 10 de março docorrente ano, pela prática de ato infracional representativo deroubo qualificado (art. 157, § 2.º, I, CP). Lavrado o auto deapreensão, na mesma data, por se tratar de infração grave o

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adolescente não foi liberado. Após a apresentação ao MinistérioPúblico, devidamente ouvido, bem como seus pais, houve por bem oParquet ofertar a representação, pleiteando fosse mantida, pordecisãojudicial,ainternaçãoprovisória.

2. O MM. Juiz recebeu a representação, em 12 de março, prolatandodecisãonosentidopleiteadopeloMinistérioPúblicoparamanterojovem segregado. Na sequência, designou audiência de apresentaçãopara o dia 27 de março, intimando-se os pais do adolescente, quechegaram a comparecer. Porém, embora requisitado à unidade deinternação, o menor não foi apresentado, obrigando o magistrado aredesignaroato,oquefoifeitoparaodia11deabril.

3. Na data marcada, o adolescente e seus pais compareceram àaudiênciaeforaminquiridos.Nessaocasião,oMM.Juizdeterminouarealização de laudo psicossocial, concedendo um prazo de 10 diasparatanto.Entretanto,passadooperíodofixado,oreferidolaudonãofoiapresentado.Emlugardedesignaraaudiênciadeinstruçãoejulgamento, a autoridade coatora optou por estender em mais cincodiasoprazoparaaentregadoparecertécnico.

4. Entregue o laudo, foi designada audiência de instrução ejulgamentoparaodia10demaio.Ocorreque,nosprecisostermosdoart. 108 do ECA, “a internação, antes da sentença, pode serdeterminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias”. Assimsendo, esse período já foi ultrapassado, não podendo o pacienteficar detido um só dia a mais, configurando-se autênticoconstrangimentoilegal.

5. Na legislação processual penal, a prisão preventiva não possuiprazo certo de duração, respeitando-se os princípios darazoabilidade e da proporcionalidade. Entretanto, no campo dainfânciaedajuventude,tratando-sededireitosessenciais,ligadosajovensemplenodesenvolvimentodasuapersonalidade,nãosepodeaceitar a extensão dos prazos estabelecidos em lei sob nenhumahipótese.

6. Pleiteada a imediata liberação do adolescente, o pedido foi

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indeferidopeloMM.Juiz,soboargumentodehavermuitosprocessosemandamento,motivopeloqualapautadejulgamentosestárepletade audiências. Não agiu a autoridade coatora com o costumeiroacerto,permitindofosseoprazode45diasultrapassado.

7.Doutrina5.

8.Jurisprudência6.

9.Portanto,acoaçãoilegalénítida,nãosomentepeloexcessodeprazoparaaconclusãodainstrução,cuidando-sedemenorinternadoprovisoriamente, mas igualmente pelo fato de que a liberação jádeveriatersidoconcedida,entregando-seojovemàresponsabilidadedeseuspais.

DaConcessãodeLiminar

Requer-sesejaconcedidaaordemdehabeascorpus,liminarmente,emfavor de “Z”, para o efeito de, reconhecendo-se a ilegalidadepraticada, determinar a imediata expedição do alvará de soltura,para que possa aguardar o deslinde do feito em liberdade, sob atuteladeseusgenitores.Ocabimentodamedidaliminarjustifica-seporterficadoevidenciadoofumusbonijuris(vencimentodoprazode45diasparaainternaçãoprovisória)eopericuluminmora(cadadia a mais de internação provoca danos irreversíveis à suaformação).

Ante o exposto, distribuído o feito, colhidas as informações daautoridade coatora e ouvido o Ministério Público, requer-se adefinitiva concessão da ordem de habeas corpus, mantendo-se oadolescentesoltoatéadecisãofinal.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

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Impetrante7

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1Ospedidosdehabeascorpusdirigidosaos tribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimento Internodecada tribunal,aautoridade judiciária responsável pela sua recepção e análise de eventual concessão de liminar. Na dúvida, deve-seencaminharaoPresidente.

2Seoimpetranteforadvogado,inserirtambémonúmerodeinscriçãonaOAB.

3 A liminar, em habeas corpus, foi uma conquista da jurisprudência, não havendo expressa previsão legal para tanto.Consultaranota61aoart.656donossoCódigodeProcessoPenalcomentado.

4CadaEstadopossuiumanomenclaturaparaasVarasdaInfânciaeJuventude,quecuidamdejovensinfratores.Dependedaorganizaçãojudiciária.

5Citaradoutrinapertinente,seentendernecessário.

6Citarajurisprudênciacabível,seentendernecessário.

7Como regra,éoadvogadooudefensorpúblico,maspodeser impetradohabeascorpusporqualquerpessoa (art.654,caput,CPP;art.1.º,§1.º,daLei8.906/94).

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23)Mandadodesegurançaparaimpediraquebradosigilobancário

A empresa de “V” sofreu autuação por agentes da f iscalização, sob o argumento de não t er ocorrido o regularrecolhimentodeICMS.Findooprocedimentoadminist rat ivo,consolidadaaaplicaçãodamulta,oórgãoadminist rat ivocomunicou a ocorrência à polícia, que instaurou inquérito para apurar crime de sonegação t ributária. A primeiraprovidênciat omadapelaautoridadepolicialfoirepresentarpelaquebradosigilobancáriododonodaempresa.Tomaramedidacabívelparaimpediraconsumaçãodoato,decretadopelojuiz.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo1

“V”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), por sua advogada, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaimpetrar

MANDADODESEGURANÇA,

compedidoliminar,contraatoconsideradoabusivo,proferidopeloMM.JuizdeDireitoDoutor____(nomedaautoridade),emexercícionoDepartamentode InquéritosPoliciais (DIPO),2 com fundamento noart. 5.º, X e LXIX, da Constituição Federal, em combinação com oart.1.ºdaLei12.016/2009,pelosseguintesmotivos:

1. A empresa ____, inscrita no CNPJ n.º ____, situada na ____,sofreuautuaçãoporirregularidadequantoaorecolhimentodeICMSnoperíodo de ____ a ____ (documento anexo). Apresentada a defesacabívelnoprocessoadministrativo,manteve-seamulta.Ocorreque,por entender existente a prática de crime tributário, o órgãoadministrativooficiouàpolíciaeaoMinistérioPúblico.Instaurado

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Inquérito n.º ____, a autoridade policial, como primeiraprovidência,representouaojuizpelaquebradosigilobancáriodoimpetrante, abrangendo o período onde foram constatadas asirregularidadesnorecolhimentodoimpostopelaempresa.

2. Nenhuma outra providência foi tomada, nem tampouco se colheuprovaalgumadaeventualcondutapenalmenteilícitaqueteriasidocometidapeloimpetrante,sóciodaempresaautuada.Presumiu-se,emverdade, que, por ser integrante do corpo diretivo da sociedade,teriaresponsabilidadepelairregularidadedorecolhimentodoICMS.

Ocorreque,emdireitopenal,nãoseadmitepresunçãoemprejuízodoacusado; ao contrário, é fundamental a existência de prova doalegado. Ademais, no processo administrativo, a empresa autuadademonstrouquehouveerrodeinterpretaçãodoRegulamentodoICMS,mas jamais má-fé ou intenção de sonegar o tributo, tanto que,rejeitadaadefesaoferecida,otributofoirecolhido,acompanhadodosacréscimoslegais(documentoanexo).

3. O impetrante não teve a oportunidade de ser ouvido pelaautoridadepolicial,assimcomotambémnãoforamouvidososdemaissócios e responsáveis pelo setor de contabilidade da empresa. Porisso, a primeira providência investigatória não pode calcar-se naquebra do sigilo bancário do impetrante, invadindo-se suaintimidade,direitofundamental,asseguradoconstitucionalmente.

4. É certo que a análise de suas contas bancárias pode tornar-senecessária,autorizando,emtese,omagistradoadeterminaraquebradosigilo,mastalsituaçãosomenteteriasentidoseprovasmínimasindicativasdapráticadecrimetributáriofossemapresentadas.Nocaso presente, a representação foi encaminhada ao Departamento deInquéritosPoliciaisimediatamenteapósainstauraçãodoinquérito,tornando frágil e precipitada a invasão de privacidade que seencontraemviasdeseconsumar.

DACONCESSÃODALIMINAR

Requer-se, liminarmente, a suspensão do cumprimento da ordem

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judicial, até que o mérito desta ação seja julgado pela ColendaCâmara,poisestãopresentesosrequisitosnecessários,ouseja,ofumusbonijuris(invasãoprecipitada,semprovas,daintimidadedoimpetrante) e o periculum in mora (impossibilidade de reversão doato,casoseconsidereabusivaaautorizaçãoconcedida).

Ante o exposto, colhidas as informações e ouvido o ilustrerepresentante do Ministério Público, requer-se a concessãodefinitiva da ordem, para cassar a decisão judicial de quebra dosigilo bancário, enquanto não houver prova suficiente que possaevidenciar a materialidade e indícios suficientes de autoria decrimetributário.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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1Osmandadosdesegurança,emmatériacriminal,dirigidosaostribunaisdevemrespeitar,conformeoRegimentoInternodecadatribunal,aautoridadejudiciáriaresponsávelpelasuarecepçãoeanálisedeeventualconcessãodeliminar.Nadúvida,deve-seencaminharaoPresidente.

2EmSãoPaulo,háoDepartamentodeInquéritosPoliciais,órgãoquecuidadafiscalizaçãoedasmedidasjudiciaiscabíveisduranteainvestigaçãopolicial.EmoutrosEstados,podehaverVaraespecializadaou,nãosendoocaso,dirige-seopedidoaofórum,havendoadistribuiçãoparaumdosjuízescriminaisemexercício.

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27)Mandadodesegurançaparaliberarbenslícitosdoréu,bloqueadoscombasenoart.91,§§1.oe2.º,doCódigoPenal

“A”,funcionáriopúblico,respondeporcorrupçãopassiva.OMinist érioPúblico,alegandoqueeledesviouoprodutodocrimeparaoexterior, requereuo sequest rodepat rimônio lícit o,paraassegurarquant ia suf icienteao confisco,nostermosdanovadisposiçãodoart .91,§§1.ºe2.º,doCP.Ojuizt ornouindisponíveist odososbensmóveiseimóveisdoacusado.Promovaamedidacabível.

ExcelentíssimoSenhorDesembargadorPresidentedaSeçãoCriminaldoEgrégioTribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo

“A”(nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), por sua advogada, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciaimpetrar

MANDADODESEGURANÇA,

compedidoliminar,contraatoconsideradoabusivo,proferidopeloMM.JuizdeDireitoda2.ªVaraCriminaldaComarcade____,Doutor____ (nome da autoridade), com fundamento no art. 5.º, LXIX, daConstituição Federal, em combinação com o art. 1.º da Lei12.016/2009,pelosseguintesmotivos:

1.“A”foidenunciadopelapráticadecorrupçãopassiva(art.317,CP) porque no dia _____ (descrever, em resumo, o conteúdo dadenúncia).

2.Afirmaoórgãoacusatórioteroacusadorecebidoavultosasomade R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para providenciar aexpedição de determinado documento, antecipando-se ao prazo e às

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condições legais. Tal percepção teria sido efetiva em dinheiro, oque possibilitou a sua conversão em moeda estrangeira, desviada abancossituadosnoexterior.

3. Por conta disso, lastreado nas meras alegações do MinistérioPúblico,queaindadependemdecomprovaçãoaolongodacolheitadaprova,oMM.Juiz,valendo-sedanovadisposiçãodoart.91,§§1.ºe 2.º, do Código Penal, com a redação dada pela Lei 12.694/2012,decretouosequestrodetodoopatrimôniolícitodoréu.

4. A medida ofende direito líquido e certo, no tocante à plenadisponibilidade de seus bens, que não representam o produto ou oproveitodopretensodelito,constantedapeçaacusatória.Ademais,hámerailação,formuladapeloórgãoacusatório,afirmandoteroréurecebido aquele montante e, pior, tê-lo desviado para o exterior,semdeixarrastro.

5. A novel legislação, acerca do sequestro de bens lícitos, paragarantiroconfiscodosilícitos,nãotrouxenenhumamodificaçãonoCódigodeProcessoPenal,quantoaosrequisitosnecessáriosatanto.Por isso, deve-se seguir, por analogia, o disposto pelo art. 126desse Estatuto: “para a decretação do sequestro, bastará aexistênciadeindíciosveementesdaproveniênciailícitadosbens”.Em consequência, é fundamental demonstrar, ao menos por veementesindícios, tenha o réu recebido esse alto valor, remetendo-o aoexterior.

6. No caso presente, há muito a provar, durante a instrução, paraque se possa sustentar tal fato; além disso, apenas porque oMinistérioPúbliconãolocalizoutalmontante,nãosignificatenhasidodesviadoparalugardesconhecido,demodoajustificaratomadadopatrimôniolícitodoacusado.

7. Não há que se estabelecer uma presunção contra o réu; aocontrário,emseufavormilitarapresunçãodeinocência,razãopelaqualdeveserrevogadoosequestrodecretado,liberando-seosbensmóveiseimóveisoraindisponíveis.

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DACONCESSÃODALIMINAR

Requer-se, liminarmente, a liberação dos seguintes bens ______(descreverosessenciais),paraqueoacusadopossaprovidenciaropagamento de suas contas e sustento de seu lar, até que o méritodestaaçãosejajulgadopelaColendaCâmara,poisestãopresentesosrequisitos necessários, ou seja, o fumus boni juris (invasãoprecipitada, sem provas, na esfera do patrimônio lícito doimpetrante) e o periculum in mora (impossibilidade de reversão doato, pelos prejuízos sofridos, caso se considere abusiva aautorizaçãoconcedida).

Ante o exposto, colhidas as informações e ouvido o ilustrerepresentante do Ministério Público, requer-se a concessãodefinitivadaordem,paracassaradecisãojudicialdedecretaçãodosequestrodopatrimôniodoréu.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogada

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28)Revisãocriminalcontrasentençacondenatóriaqueforcontráriaaotextoexpressodeleipenal

“T”foicondenadoporapropriaçãoindébit aprevidenciária,aocumprimentodapenadedoisanosdereclusãoemulta,aplicadaa suspensãocondicionaldapena, comacondiçãodeprestar serviçosà comunidadeenãoexercerat ividadegerencialoudiret ivaduranteoperíododeprovae,comoefeitodacondenação,aperdadocargodiret ivonaempresaondet rabalha.Porlapsodoanteriordefensor,nãofoiinterpostaapelaçãoeasentençat ransitouemjulgado.Promovaamedidacabívelparasanarasfalhasdadecisãocondenatória.

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio TribunalRegionalFederalda____.ªRegião.1

“T”(Nome),(nacionalidade),(estadocivil),(profissão),titulardecarteiradeidentidadeRegistroGeraln.º____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o n.º ____, domiciliado em (cidade), ondereside (rua, número, bairro), por seu advogado, vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelênciapropor

REVISÃOCRIMINAL2

contraadecisãocondenatóriaproferidapeloMM.Juizda____.ªVaraFederalCriminaldaComarca____,comfundamentonoart.621,I,doCódigodeProcessoPenal,pelosseguintesmotivos:

1.Em____(data),oréu“T”foicondenadopelapráticadocrimedeapropriaçãoindébitaprevidenciária,comoincursonoart.168-A,doCódigoPenal,aocumprimentodapenade2(dois)anosdereclusãoeaopagamentode10dias-multa,calculadocadadiaemdoissaláriosmínimos, em regime aberto. Concedeu-lhe o juiz o benefício dasuspensãocondicionaldapena,comaobrigaçãodeprestarserviçosàcomunidadenoprimeiroanodoperíododeprova(art.78,§1.º,CP),além de, durante dois anos, ficar privado de exercer qualquer

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atividadededireçãonaempresaondetrabalha,fundadonoart.79doCódigo Penal. Não bastasse, impôs-se, ainda, como efeito dacondenação,valendo-sedeanalogiaaodispostonoart.92,I,a,doCódigo Penal, a perda do cargo de diretor de finanças da referidaempresa(cópiadasentençaemanexo).3

2.Nãofoiinterpostaapelação,noprazolegal,porlapsocometidopeloanteriordefensordoacusado,cujaconduta,paraestademanda,nãovemaocaso,atéporqueasmedidasprópriasjáforamtomadasjuntoàOrdemdosAdvogadosdoBrasil.Oautor,noentanto,nãopodeser prejudicado, especialmente pelo fato de ser a decisãocondenatóriacontrária,emváriosaspectos,atextoexpressodelei.

Da indevida fixação da suspensão condicional da pena, semfundamentação

3. Estabelece o art. 59, IV, do Código Penal que, no processo deindividualizaçãodapena,apósfixadaapenaprivativadeliberdade,deve o julgador verificar a viabilidade de substituí-la por outraespécie,nocasoarestritivadedireitos.Ora,pelasingelaleituradoart.44doCódigoPenal,torna-secristalinaapossibilidadedeteroréuobtidoasubstituiçãodapenadedoisanosdereclusãoporpenasalternativas,maisbenéficasdoqueaconcessãodesuspensãocondicionaldapena.Aliás,idênticaprevisãofazoart.77,III,doCódigoPenal,indicandoserviávelosursis,casonãosejaindicadaasubstituiçãoprevistanoreferidoart.44.

O julgador, sem qualquer fundamentação, optou diretamente pelasuspensãocondicionalenenhumamençãofezàspenasrestritivasdedireitos,oqueafrontatextoexpressodaleipenal.

Da ilegalidade de fixação de condição inadequada ao fato e àsituaçãopessoaldocondenado

4.Oart.79doCódigoPenalpermiteaojuizafixaçãodecondiçõesdiversasdaquelasprevistasnos§§1.ºe2.ºdoart.78,desdequeadequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. Optar porafastá-lo do exercício profissional, durante dois anos, é medida

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completamenteindevida,configurando-seinfringênciaaopropósitodomencionado art. 79. Não se questiona nesta ação a correção dacondenação, mas o despropósito da aplicação da pena, que não podeextrapolar os limites da legalidade, criando condições que maisparecem penas restritivas de direitos somadas à suspensãocondicionaldapena,semaexpressaprevisãonormativa.

Daincidênciadobisinidem4edautilizaçãodaanalogia

5. O MM. Juiz, na ânsia de impedir o condenado de permanecer noexercício legal da sua profissão, que é a direção financeira daempresa ___, não somente o afastou do cargo, como condição dosursis,5 mas também fez nascer, por analogia, como efeito dacondenação, a perda do cargo de diretor. Valeu-se da analogia inmalampartem,6poisoart.92,I,a,doCódigo Penal,é aplicávelsomente ao funcionário público pela prática de crimes contra aAdministração Pública. Não pode ser estendido a empresário dainiciativaprivada,autordecrimecontraaseguridadesocial.

Note-se, portanto, que o sentenciado foi afastado pela empresa dasua função de diretor financeiro por ordem judicial baseada emcondição para permanecer em liberdade (sursis) e por efeito dadecisão condenatória, tornando claro o ilegal bis in idem,consistentenaduplaapenaçãopelomesmofato.

Ante o exposto, requer-se a procedência da revisão criminal paradesconstituir a decisão condenatória, promovendo-se a adequação dapena aos parâmetros legais e substituindo a pena privativa deliberdadeporrestritivasdedireitos,conformeoprudentecritériodessaEgrégiaCorte.Assimnãoentendendo,mantendo-seaconcessãoda suspensão condicional da pena, pleiteia-se o cancelamento dacondiçãodeafastamentodoexercícioprofissional,duranteoperíodode prova, por se tratar de hipótese não prevista em lei. Porderradeiro, requer-se o afastamento do efeito da condenação,consistentenaperdadocargodediretorfinanceiro,porserfrutoda analogia in malam partem, consequentemente, ofensiva a textoexpressodelei.

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Roga-se, ainda, o reconhecimento do erro judiciário cometido,fixando o Egrégio Tribunal o direito à justa indenização pelosprejuízossofridos(art.630,CPP),tendoemvistaque,recebidooofício judicial, o autor foi imediatamente afastado de seu cargodiretivonaempresa,passandoaoutrafunção,comremuneraçãomuitoinferioràoriginal.7

Termos em que, ouvido o ilustre representante do MinistérioPúblico,8

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emrazãodotipopenalenvolvido,atente-sequeasentençaatacadafoiproferidapor juizfederal, logo,arevisãocriminaldeveserpropostaaoTribunalRegionalFederaldasuaáreadeatuação.

2Arevisãocriminaléaçãodeimpugnação,promovidacontradecisãocondenatória,comtrânsitoemjulgado,nashipótesesdoart.621doCódigodeProcessoPenal.Buscarescindiracoisajulgada,quandoestaénitidamenteofensivaatextolegalouquandodissociadadasprovasdosautos.

3Nocasopresente,bastaapresentaraotribunalcópiadasentençacondenatória,semnecessidadedeseproduzirqualquerprova,poisadiscussãoésomentededireito.Seprovainéditasurgisse,demonstrandoainocênciadoréu,porexemplo,serianecessáriaapromoçãodajustificação,antesdeseingressarcomarevisãocriminal.

4Bisinidemsignifica“duasvezesamesmacoisa”, istoé,duaspuniçõespelamesmacausa,oqueofendeoprincípiodalegalidade.

5Todavezqueseusarapalavrasursis,pornãofazerpartedalínguaportuguesa,deve-secolocaremitálicoouentreaspas.

6 In malam partem significa “em prejuízo da parte”, no caso, o réu. A analogia, em direito penal, só pode ser usada,excepcionalmente,inbonampartem,ouseja,emfavordoacusado.

7Sereconhecidooerrojudiciário,aindenizaçãoseráliquidadanojuízocível,respondendo,nocasoapresentado,aUnião,jáqueacondenaçãoadvémdeVaradaJustiçaFederal(art.630,§1.º,CPP).

8 O Ministério Público funciona, na revisão criminal, como fiscal da lei, oferecendo parecer pela procedência ouimprocedência. Alguns autores o situam como polo passivo da demanda, com o que não podemos concordar, pois suafunçãonãoédefenderadecisãocondenatória,nemcontestaropedido,masapenasopinaremqualquersentido.

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1.

2.

Conceitoenaturezajurídica

A execução penal é a fase do processo penal em que o Estado faz valer o comando contido nasentença condenatória, impondo, efetivamente, a pena privativa de liberdade, restritiva de direito oumulta.

Nãohánecessidadedenovacitação(salvoquantoàexecuçãodapenademulta),tendoemvistaqueo condenado já tem ciência da condenação definitiva à pena privativa de liberdade ou restritiva dedireito.

Aexecuçãopenaltemnaturezamista,ouseja,éjurisdicionaleadministrativa.Cabetantoaojuizdaexecuçãocriminal,quantoaosórgãosdoPoderExecutivoprovidenciaracorretaaplicaçãodadecisãocondenatóriadefinitiva.Ojuizautorizaaprogressãodoregime,aconcessãodelivramentocondicional,odescontonapenado tempodeprisãoprovisória (detração),concedea remição,modifica,dequalquerforma, a pena em virtude de indulto, dentre outras providências. Por seu turno, o diretor do presídiopromove a inserção do condenado em cela adequada e no setor laborativo próprio, viabilizando otrabalho,garantea realizaçãodoexamedeclassificaçãoparaacorreta individualizaçãoexecutóriadapena,dentreoutrasatribuições.

Individualizaçãoexecutóriadapena

A individualização da pena é princípio constitucional (art. 5.º,XLVI,CF).Desenvolve-se em trêsestágios.Oprimeirocabeaolegislador:quandoumnovotipopenal incriminadorécriado,éaleiquefixa o mínimo e o máximo abstratamente possíveis para a pena do infrator. O segundo é o daresponsabilidadedojuiz,nasentençacondenatória,estabelecendoapenaconcreta,eleitaentreomínimoeomáximoprevistosno tipopenal incriminador.A terceira fasecompeteàexecuçãopenal,buscandomodificarapenafixada,paramaisouparamenos,conformeomerecimentodocondenado.

Assim,exemplificando,casoojuizfixeapenade12anosdereclusão,emdecorrênciadapráticadedoisroubos,emconcursomaterial,quandoosentenciadoatingirumsextodototal(2anos),podepleiteara progressão do regime fechado (inicialmente fixado) para o semiaberto. Conseguida a transferência,cumpridomaisumsexto,solicitaapassagemaoregimeaberto.Aprogressãoédacompetênciadojuizdaexecuçãopenal,respeitadososcritérioslegais(CódigoPenal,LeideExecuçãoPenaleLeidosCrimes

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3.

4.

Hediondos).Por outro lado, se o condenado estiver inserido no regime aberto e descumprir as condições

estabelecidaspelomagistrado,poderáregrediraregimemaisrigoroso(fechadoousemiaberto).Essaéaprovadequeaexecuçãopenaléflexível,significandoaconcretizaçãodaindividualizaçãoexecutóriadapena.

Sistemaprogressivodecumprimentodapena

Apenadeveser,comoregra,cumpridademodoprogressivo.Estabelecidooregimefechadoinicial(presídiodesegurançamáxima),ocondenadotemdireitoa,cumpridoumsextonesseregime,pleitearaprogressãoparaosemiaberto(colôniapenalagrícolaouindustrial).Setivermerecimento,ojuizautorizaatransferência.Após,cumpridomaisumsexto,osentenciadorequerapassagemaoregimeaberto(casadoalbergado).Nocasodedelitoshediondoseequiparados,aprogressãosedáapósocumprimentodedoisquintosdapena(primários)outrêsquintos(reincidentes).

Ocritérioparaapuraromerecimentoécontroverso.Emnossoentendimento,oidealéocondenadoapresentar bom comportamento carcerário associado a um exame de classificação positivo, realizadopela Comissão Técnica de Classificação (órgão composto pelos diretores do presídio, psicólogo,assistente social e psiquiatra forense), bem como, em casos de crimes violentos, a um examecriminológico(psiquiatraforense)comprobatóriodacessaçãodapericulosidade.Entretanto,oadventodaLei10.792/2003promoveumodificaçãonoart.112daLeideExecuçãoPenal,sugerindoque,paraaprogressão, basta a apresentação de atestado de boa conduta carcerária, abolindo, pois, o parecer daComissãoTécnicadeClassificaçãoeoexamecriminológico.Surgiramduascorrentes:a)seguindo-seoprincípioconstitucionaldaindividualizaçãodapena,todoequalquerelementoindispensávelàformaçãodaconvicçãodomagistradoparaaprogressãodoregimedeveserutilizado,inclusive,seforocaso,arealização de parecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico; b) para aprogressão, seguindo-se literalmente o disposto no art. 112 da Lei de Execução Penal, basta aapresentação de atestado de boa conduta carcerária. Diante da controvérsia, posicionamo-nos pelaprimeira orientação. O juiz, quando entender relevante, pode requisitar a elaboração de examecriminológico,emespecial,noscasosdecondenaçõesporcrimesviolentoscontraapessoa.Consultaranota21-Aaoart.33donossoCódigoPenalcomentado.

Livramentocondicional

Trata-sedeuminstitutodepolíticacriminaldestinadoaanteciparaliberdadedocondenadopreso,desdequecertos requisitos sejamatingidos,comométodode reintegraçãodosentenciadoaoconvíviosocial.

Paraasuaconcessão,exigem-serequisitosobjetivosesubjetivos.Sãoobjetivos:a)cumprirmaisdeum terço da pena (réu primário, com bons antecedentes), mais da metade (reincidente ou com maus

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5.

6.

antecedentes)oudoisterços,quandosetratardecrimehediondoouequiparado(nãosendoreincidenteespecífico,hipótesequenãoadmiteolivramentocondicional);b)penafixadanasentençacondenatóriaigual ou superior a dois anos; c) ter reparadoodano à vítima, salvo impossibilidade comprovadadefazê-lo. São subjetivos: a) comprovar comportamento satisfatório durante a execução da pena (háentendimento de que o comportamento deve ser bom, em face do disposto no art. 112 da LEP); b)demonstrarbomdesempenhonotrabalhoquelheforatribuídoeaptidãoaproveràprópriasubsistênciamediante trabalho honesto; c) demonstração de cessação da periculosidade, em se tratando de crimesviolentosoucometidoscomgraveameaçacontraapessoa (consultar anota18-Aaoart.83donossoCódigoPenalcomentado).

Concedido o livramento condicional, deve o condenado, pelo restante da sua pena, cumprir asseguintes condições: obrigatórias: a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se apto aotrabalho; b) comunicar ao juiz da execução penal, periodicamente, a sua ocupação; c) nãomudar doterritóriodacomarcadoJuízodaexecuçãopenal,sempréviaautorização;facultativas:a)nãomudarderesidênciasemcomunicaçãoaojuizeàautoridadeincumbidadaobservaçãocautelaredeproteção;b)recolher-seàhabitaçãoemhoráriofixado;c)nãofrequentardeterminadoslugares.

Remição

Trata-sedeumbenefícioconcedidoduranteaexecução,queimplicaareduçãodapenaemfacedodesempenhode trabalho regulamentadopelocondenado.Sãocondiçõesparaa remição:a)acada trêsdiastrabalhados,desconta-seumdiadepena;b)demonstrarmerecimento,quesignificaainexistênciadeanotaçãodefaltagravenoprontuário;c)jornadadiáriadetrabalhodeseisaoitohoras,comdescansoaos domingos e feriados; d) apresentar atestado de trabalho fornecido pelo presídio; e) exercício detrabalhoreconhecidopeladireçãodoestabelecimentopenitenciário.

AediçãodaLei12.433/2011,alterandodispositivosdaLeideExecuçãoPenal,permitearemiçãopelo estudo, com as seguintes condições: a) a cada três dias de estudo (ensino fundamental, médio,inclusiveprofissionalizante,ousuperior,bemcomorequalificaçãoprofissional),desconta-seumdiadepena;b)demonstrarmerecimento,nãoregistrandofaltagravenoprontuário;c)jornadadiáriadeestudode quatro horas; d) apresentar atestado de frequência escolar fornecido pelo presídio; e) estudoreconhecidopeladireçãodoestabelecimento.

Emcasodefaltagrave,ojuizpoderevogaratéumterçodotemporemido,retomando-seacontagema partir da data da infração disciplinar (art. 127, LEP). O tempo remido será computado como penacumpridaparatodososefeitos(art.128,LEP).

Consultarasnotas51a55-Aaoart.39donossoCódigoPenalcomentado.

Indulto

É a clemência concedida pelo Presidente da República ao condenado, visando à extinção da

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7.

1.º)

2.º)

3.º)

4.º)

5.º)

6.º)

7.º)

8.º)

9.º)

10)

11)

12)

13)

14)

15)

16)

17)

18)

19)

punibilidade ou à redução da pena. Considera-se indulto individual (ou graça) o perdão dirigido asentenciadodeterminado.Porém,namaioriadoscasos,oChefedoExecutivoconcedeindultocoletivo,perdãodirigidoaumnúmeroindeterminadodecondenados.

Nos decretos de indulto, oPresidente daRepública faz constar os requisitos para a concessão doperdãototalouparcialdapena.Quandooperdãonãoforintegral,chama-secomutação,quenãopassadeumindultoparcial.

Concedidooindulto,ojuizdaexecuçãopenalanalisaosrequisitosdodecreto,aplicando,então,aoscondenadosaextinçãodapunibilidadeouadiminuiçãodapena,conformeocaso.

Modelosdepeças

Pedidodeprogressãodoregimefechadoparaosemiaberto

Pedidodeprogressãodoregimesemiabertoparaoaberto

Pedidodeprogressãoderegime–Crimehediondo

Pedidodelivramentocondicional

Pedidoderemiçãoportrabalho

Pedidoderemiçãoporestudo

Pedidodeindulto

Pedidodecomutação(indultoparcial)

Pedidodeincidentededesviodeexecução

Pedidodeconversãodepenaemmedidadesegurança

Pedidodeunificaçãodepenasporcrimecontinuado

Pedidodeunificaçãodepenasporconcursoformal

Pedidodeaplicaçãodeleipenalbenéfica

Pedido de aplicação de nova interpretação de lei penal benéfica, conforme decisão doSTF

Decisãodojuiz–Leiposteriorbenéfica

Pedidodereabilitação

Pedidodesaídatemporária

Decisãodojuizdeferindoasaídatemporária

Pedidodevisitaíntima

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20) Decisãodojuizdeferindoavisitaíntima

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1.º)Pedidodeprogressãodoregimefechadoparaosemiaberto

“A”, reincidente, condenadopelaprát icade roubo (art .157,§2.º, I,CP),àpenadeseisanosde reclusãoemregimefechado,pleit eiapassagemparaoregimesemiaberto.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“A”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daPenitenciária ____, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.33,§2.º,doCódigoPenal,eart.112daLeideExecuçãoPenal,1requererasua

PROGRESSÃOPARAOREGIMESEMIABERTO,

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado à pena de seis anos de reclusão, emregimeinicialfechado,pelapráticaderouboqualificado,encontra-sedetidoháumanoeseismeses,incluídonesseperíodootempodeprisãoprovisória(detração,conformeart.42doCódigoPenal).2Porisso, nesta data, já cumpriu mais de um sexto da pena no regimefechado,queéoúnicorequisitoobjetivoparaaconcessão.

2. Durante o tempo em que esteve recolhido, tanto no Centro deDetenção Provisória ____, quanto na Penitenciária ____, apresentoubom comportamento, conforme atestados comprobatórios decomportamentocarcerárioaestaanexados,3espelhandoocompromissoque possui com o processo de ressocialização e readaptação para avida em liberdade. O requerente trabalhou, obtendo, inclusive,direitoàremiçãodepartedesuapena.

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Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentantedoMinistérioPúblico,sejadeferidaaprogressãoaoregimesemiabertocomoestímuloaoseuprocessodereadaptação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1ALei10.792/2003,alterandoaredaçãodoart.112daLeideExecuçãoPenal(Lei7.210/84),estipulouqueaprogressãoderegimeéviável,desdequeocondenadoostentebomcomportamentocarcerário.Naprática,teriainviabilizadoarealizaçãodoparecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico, que sempre foram obrigatórios para delitosviolentosoucomgraveameaçaàpessoa,comoéocasodoroubo.Paraavisãodoadvogado,a referidamodificação foipositiva,razãopelaqual,noseupedido,elejuntaráoatestadodeboacondutacarcerária.Entretanto,seojuizentenderqueoutros dados (como o exame criminológico) devem ser obtidos, em função da individualização executória da pena, paraapurar o mérito do condenado, negando, pois, a progressão, cabe agravo em execução. Segundo nos parece, emdeterminadoscasosconsideradosmaisgraves,omagistradopodedeterminararealizaçãodeoutrosexamesecolheitadepareceresparacertificar-sedograudedesenvolvimentodopresoemseuprocessodereadaptação,nãopodendotornar-serefémdeumatestadoemitidoporagentesdosistemapenitenciário.Ajurisprudênciapátriavemseposicionandonosentidodepermitir ao magistrado, em caráter excepcional, sempre de modo fundamentado, que requisite a realização do examecriminológico,cuidando-sedecondenaçõesporcrimesviolentoscontraapessoa, independentementedoatestadodeboacondutacarcerária.Odefensordeveficaratento:a)ojuiznãopodepadronizararequisiçãodoexamecriminológico;somentepodefazê-loemcasosexcepcionais,sobpenadeconstrangimentoilegal;b)omagistradoprecisafundamentaraopçãopelarealizaçãodomencionadoexame;docontrário,configura-se,igualmente,oconstrangimentoilegal.

2 A detração (desconto na pena do tempo de prisão provisória, como a preventiva, temporária ou prisão em flagrante) éincluída no prazo para a solicitação do regimemais favorável. Exemplo: se o condenado passou seismeses em prisãopreventiva e foi condenado a seis anos, com trânsito em julgado, passados outros seismeses detido, já pode pleitear aprogressãoparaosemiaberto.Nocasosupracitado,eletinhamaisqueumsextodepenacumpridaaofazeropedido.

3Oatestadocomprobatóriodecomportamentocarceráriogozadepresunçãodeveracidade.Seforfalsamenteemitido,seussubscritorespodemserprocessadoscriminalmente.Emregra,constamasassinaturasdosdiretoresdopresídio(técnico,reabilitação,segurançaedisciplina,produçãoeprontuário).

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2.º)Pedidodeprogressãodoregimesemiabertoparaoaberto

“A”,reincidente,condenadopelaprát icaderoubo(art .157,§2.º,I,CP),àpenadeseisanosdereclusão,encont rando-seemregimesemiaberto,pleit eiapassagemparaoregimeaberto.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“A”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daColônia Penal Agrícola ____, vem, respeitosamente, à presença deVossa Excelência, por seu advogado, com fundamento no art. 33, §2.º, do Código Penal, e art. 112, da Lei de Execução Penal,1

requererasua

PROGRESSÃOPARAOREGIMEABERTO,

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado à pena de seis anos de reclusão, emregimeinicialfechado,pelapráticaderouboqualificado,passouoperíodo de um ano e seis meses, incluído neste o tempo de prisãoprovisória(detração,conformeart.42doCódigoPenal),noregimefechado. Obteve progressão para o regime semiaberto no dia ____,para onde foi efetivamente transferido no dia ____. Encontra-se,atualmente, há cerca de um ano na colônia penal agrícola, logo,tendocompletadomaisdeumsexto,torna-sepossívelaprogressãoaoregimeaberto.

2. Durante o tempo em que esteve recolhido, apresentou bomcomportamento, conforme atestado comprobatório de comportamentocarcerárioaestaanexado,2espelhandoocompromissoquepossuicom

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o processo de ressocialização e readaptação para a vida emliberdade. O requerente trabalhou, obtendo, inclusive, direito àremição de parte de sua pena, bem como se valeu das saídastemporárias,3 retornando ao estabelecimento nos dias e horasdeterminadospeladireçãodopresídio.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentantedoMinistérioPúblico,sejadeferidaaprogressãoaoregimeabertocomoestímuloaoseuprocessoderessocialização.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1ALei10.792/2003,alterandoaredaçãodoart.112daLeideExecuçãoPenal(Lei7.210/84),estipulouqueaprogressãoderegimeéviável,desdequeocondenadoostentebomcomportamentocarcerário.Naprática,teriainviabilizadoarealizaçãodoparecerdaComissãoTécnicadeClassificaçãoeoexamecriminológico,quesempreforamobrigatóriosparadelitosviolentosoucomgraveameaçaàpessoa,comoéocasodoroubo.Paraavisãodoadvogado,areferidamodificaçãofoipositiva,razãopelaqual,noseupedido,eleapenasjuntaráoatestadodeboacondutacarcerária.Entretanto,seojuizentenderqueoutrosdados(comooexamecriminológico)devemserobtidos,em funçãoda individualizaçãoexecutóriadapena,paraapuraromérito do condenado, negando, pois, a progressão, cabe agravo em execução. Segundo nos parece, em determinadoscasos,consideradosmaisgraves,omagistradopode,semdúvida,determinararealizaçãodeoutrosexameseacolheitadepareceresparacertificar-sedograudedesenvolvimentodopresoemseuprocessodereadaptação,nãopodendotornar-serefémdeumatestadoemitidoporagentesdosistemapenitenciário.Note-se,inclusive,queoart.114,II,daLeideExecuçãoPenal dispõe ser fundamental, para a concessão do regime aberto, que haja prova de que o condenado “pelos seusantecedentesoupeloresultadodosexamesaquefoisubmetido,fundadosindíciosdequeiráajustar-secomautodisciplinaesensoderesponsabilidadeaonovoregime”.Oadvogadodeveficaratento,checando,principalmente,seojuiz,aodeterminararealizaçãodoexamecriminológico,fundamentoudevidamenteadecisãoeseautilizoudeformaexcepcional,valedizer,nãopodepadronizaresseprocedimentoemrelaçãoatodososcondenadossobsuaresponsabilidade.Essatemsidoavisãodostribunaispátrios.

2Oatestadocomprobatóriodecomportamentocarceráriogozadepresunçãodeveracidade.Seforfalsamenteemitido,seussubscritorespodemserprocessadoscriminalmente.Comoregra,constamasassinaturasdosdiretoresdopresídio(técnico,reabilitação,segurançaedisciplina,produçãoeprontuário).

3Assaídastemporárias,semvigilância,previstasnosarts.122a125daLeideExecuçãoPenal,quandocumpridasfielmentepelocondenadodãomostrasdesuadisciplinaesensode responsabilidade.Portanto,podeelesairdacolôniapenalparavisitarafamília,frequentarcursosupletivoprofissionalizante,bemcomodeinstruçãodesegundograu,ousuperior,alémdepoderparticipardeatividadesqueconcorramparaoretornoaoconvíviosocial.

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3.º)Pedidodeprogressãoderegime–Crimehediondo

“Y”,condenadoporhomicídioqualif icado,adozeanosdereclusão(art .121,§2.º,II,CP),apóst ercumpridoemregimefechadocincoanos,pleit eouaprogressãoparaoregimesemiaberto.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.1

Execuçãonº____

“Y”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daPenitenciáriaEstadualde____,vem,respeitosamente,àpresençadeVossa Excelência, por seu advogado, com fundamento no art. 33, §2.º,doCódigoPenal,art.2.º,§2.º,daLeidosCrimesHediondos,eart.112daLeideExecuçãoPenal,requererasua

PROGRESSÃOPARAOREGIMESEMIABERTO

pelosseguintesmotivos:

1.Orequerentefoicondenadoàpenadedozeanosdereclusãoejácumpriu,combomcomportamento,doisquintosdototal.Considerando-seaalteraçãodoart.2.º,§2.º,daLei8.072/90,provocadapelaLei 11.464/2007, inexiste qualquer óbice à progressão de regime,desde que respeitado o prazo estabelecido em lei. Aliás, somenteparaargumentar,jáhaviadecisãoproferidapeloPlenáriodoSupremoTribunal Federal, no dia 23 de fevereiro de 2006, passando aconsiderar inconstitucional a vedação estabelecida pela antigaredação do art. 2.º, § 1.º, da Lei 8.072/90, que preceituava: “Apenaporcrimeprevistonesteartigoserácumpridaintegralmenteemregimefechado”(HC82.959-SP,rel.Min.MarcoAurélio,m.v.).2

2. Assim, cumprindo-se o princípio constitucional da

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individualizaçãodapena,3 nesta fase igualmente aplicável, não hásentido em se obstar a progressão de regime do requerente, sobqualquer fundamento, mormente vinculado à gravidade objetivaabstratadocrime.

3. Superada a anterior vedação à progressão, portanto, pleiteia orequerentequeessedignoJuízoconsideresuficienteaapresentaçãodo atestado de boa conduta carcerária, sem necessidade de sedeterminar a realização do exame criminológico, nem de ouvir aComissãoTécnicadeClassificação,emfacedanovaredaçãodadaaoart.112daLeideExecuçãoPenal.4

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentantedoMinistérioPúblico,defiraaprogressãoaoregimesemiaberto, visando estimular o requerente em seu processo dereeducação.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Defensor

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1 Quanto à competência, atualmente, há no Brasil, em atividade, presídio federal para abrigar criminosos de altapericulosidade,normalmente,condenadospordelitoshediondoseequiparados.Porisso,valendo-sedaSúmula192doSTJ,opedidodeprogressãodeveserdirigidoaojuizcorregedordopresídio.Ora,seumpreso,condenadopelaJustiçaEstadual,estiver inseridoempresídio federal,cabeao juiz federalcomcompetênciaparaaexecuçãopenalconhecerdopedido.Domesmomodo que, se um preso condenado pela Justiça Federal, estiver em presídio estadual, deve o juiz da execuçãocriminaldoEstadoanalisaropedido.

2AdecisãofoitomadapeloPlenário,emborapormaioriadevotos.Apartirdaí,asduasTurmasdoSTFcomeçaramavotarnessesentido,bemcomooSuperiorTribunaldeJustiça.

3Art.5.º,XLVI,primeiraparte,CF.

4ALei10.792/2003,alterandoaredaçãodoart.112daLeideExecuçãoPenal(Lei7.210/84),estipulouqueaprogressãoderegimeéviável,desdequeocondenadoostentebomcomportamentocarcerário.Naprática,teriainviabilizadoarealizaçãodoparecerdaComissãoTécnicadeClassificaçãoeoexamecriminológico,quesempreforamobrigatóriosparadelitosviolentosoucomgraveameaçaàpessoa,comoéocasodoroubo.Paraavisãodoadvogado,areferidamodificaçãofoipositiva,razãopelaqual,noseupedido,elejuntaráoatestadodeboacondutacarcerária.Entretanto,seojuizentenderqueoutrosdados(comooexamecriminológico)devemserobtidos,emfunçãodaindividualizaçãoexecutóriadapena,paraapuraroméritodocondenado,negando,pois,aprogressão,cabeagravoemexecução.

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4.º)Pedidodelivramentocondicional

“E”,primário,condenadoanoveanosdereclusão,pelaprát icadeváriosestelionatos,emconcursomaterial,deuinícioaocumprimentodesuapenanoregimefechado,passandoaosemiabertoapósdoisanos.Cumpridomaisumanodesuapena,pleit eialivramentocondicional.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“E”, qualificado nos autos, titular do RG n.º ____, matrícula n.º____,presoerecolhidoemregimesemiabertonaPenitenciária____,destaComarca,porseuadvogado,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,requereraconcessãode

LIVRAMENTOCONDICIONAL,

comfundamentonoart.131daLeideExecuçãoPenalc/cart.83doCódigoPenal,pelosseguintesmotivos:

1.Orequerentefoicondenadoàpenaprivativadeliberdadefixadaem9(nove)anosdereclusão,pelapráticadecrimesdeestelionato,játendocumpridotrêsanos,portanto,umterçodototal.1

2.Éprimário,tembonsantecedenteseapresentabomcomportamentocarcerário (atestado anexo). Durante o tempo em que permaneceu noregime fechado, não teve oportunidade de trabalhar, por falta deatividadeoferecidapelopresídio.2Entretanto,assimqueingressounoregimesemiaberto,deuinícioàstarefaslaborativasrecomendadaspeladireçãodacolôniapenal.

3. Pretende, se conseguir o benefício ora pleiteado, continuar a

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exercitar a função de carpinteiro, sua ocupação atual, emestabelecimentoconduzidoporseugenitor(documentoanexo).3

4.Esclarece,outrossim,quepretendeindenizarasvítimasdeseusdelitos,oqueaindanãopôdefazerporabsolutafaltadecondiçõeseconômicas, bem como pelo fato de não ter sido requerida aindenizaçãopornenhumadelas.4

Preenchidas, pois, as condições legais, após parecer do ilustrerepresentante do Ministério Público e do Conselho Penitenciário,5

requeraconcessãodobenefício.6

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 Requisito objetivo: a) cumprir um terço do total da pena, se primário, com bons antecedentes; b)metade da pena, sereincidenteoucommausantecedentes;c)doisterçosdapena,secondenadoporcrimehediondoouequiparado,nãosendoreincidenteespecífico.Vernotasaoart.83doCódigoPenalcomentado.

2Otrabalhoéobrigatórioduranteocumprimentodapena(art.39,V,LEP),mastambémconstituiumdireitodopreso(art.41,II,LEP).Senãofordisponibilizadopelopresídio,nãopodeprejudicá-lonaobtençãodelivramentocondicional.

3Requisitosubjetivo:demonstraraptidãoparatrabalhohonestoforadocárcere.Umdosfatoreséindicaraojuizaatividadequeexercenopresídio,bemcomoaquepretendedesenvolveremliberdade.

4Requisitoobjetivo:indenizara(s)vítima(s),salvoimpossibilidadedefazê-lo(art.83,IV,CP).

5Conformeart.131daLEP,devemserouvidosoMinistérioPúblicoeoConselhoPenitenciário.

6Checarascondiçõesdolivramentoaqueficasujeitoosentenciadonoart.132daLEP.

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5.º)Pedidoderemiçãoportrabalho

“A”, condenado pela prát ica de t ráf ico ilícit o de drogas (art . 33, Lei 11.343/2006), à pena de seis anos de reclusão,encont rando-seemregimefechado,pleit eandoaremiçãodepenapelosdiast rabalhados.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“A”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daPenitenciária ____, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.126daLeideExecuçãoPenal,requerera

REMIÇÃODEPENA,

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado à pena de seis anos de reclusão, emregime fechado, pela prática de tráfico ilícito de drogas, temtrabalhadonosetor____dopresídio,desenvolvendoacargahoráriasemanaldeseishorasdiáriasdesegundaasexta-feira,desde____atéapresentedata.Totalizouatéomomento150diastrabalhados,conformedemonstraoatestadolaborterápicoaestaanexado.1

2.Duranteesseperíodo,apresentoubomcomportamentocarcerárioenão possui em seu prontuário nenhuma falta grave registrada,conformeatestadocomprobatóriodecondutacarceráriaaestatambémanexado.2

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentante do Ministério Público, seja deferida a remição como

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estímulo ao seu processo de ressocialização, retificando-se ocálculodapena.3

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Aremiçãoéoabatimentodapenapelotrabalho,àrazãodetrêsdiasdetrabalhoporumdiadepena.Comocadadiadetrabalhodeveter,pelomenos,seishoras,comomáximodeoito(art.33,LeideExecuçãoPenal),ajornadaqueultrapassaromontantemínimopoderáreservarhorasparafuturaremição.Exemplo:seocondenadotrabalhartrêsdiasporoitohoras,seráconsiderado o período de quatro dias trabalhados, pois as duas horas que ultrapassaram as seis horas mínimas ficamreservadas.Quandoperfazemmaisumdia, esteé computadono total.Opreso temdireitoadescansoaosdomingoseferiados.Eventualmente,ajornadapodesersuperioraoitohoras,quandootrabalhoassimexigir(art.33,parágrafoúnico,LeideExecuçãoPenal).Ashorasexcedentesaseissãocomputadasnormalmenteparaaformaçãodeoutrosdiastrabalhados.

2Ocondenado,paraobteraremição,precisaterbomcomportamento,nãoregistrandonoprontuáriofaltagrave(art.127,LeideExecuçãoPenal).

3Lembremosqueoabatimentodapenapelaremiçãopermitiráaobtençãodebenefíciosemgeral(progressãopararegimemais brando, livramento condicional etc.) mais cedo, pois o montante total vai diminuindo, razão pela qual o condenadocompletamaiscelerementeotemponecessário(umsexto,metade,doisterçosetc.)paraconseguiroalmejado.

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6.º)Pedidoderemiçãoporestudo

“B”,condenadopelaprát icaderouboqualif icado(art .157,§2.º,I,CP),àpenadeseisanosdereclusão,encont rando-seemregimefechado,pleit eiaaremiçãodepenapelosdiasnosquaisestudou.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“B”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daPenitenciária ____, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.126daLeideExecuçãoPenal,requerera

REMIÇÃODEPENA,

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado à pena de seis anos de reclusão, emregimefechado,pelapráticaderouboqualificado,temfrequentadoocurso ____, oferecido no setor ____ do presídio, desenvolvendo acarga horária semanal de quatro horas diárias de segunda a sexta-feira,desde____atéapresentedata.Totalizouatéomomento120diasdeestudo,conformedemonstraoatestadodefrequênciaescolaraestaanexado.

2.Duranteesseperíodo,apresentoubomcomportamentocarcerárioenão possui em seu prontuário nenhuma falta grave registrada,conformeatestadocomprobatóriodecondutacarceráriaaestatambémanexado.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido o

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representante do Ministério Público, seja deferida a remição comoestímulo ao seu processo de ressocialização, retificando-se ocálculodapena.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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7.º)Pedidodeindulto

“J”, reincidente, condenado a quat ro anos e seis meses de reclusão pela prát ica de roubo simples, iniciando ocumprimentodapenanoregimefechado,jácumpriumaisdemetadedototal.Pretendeserbeneficiadopeloindultocondicional,concedidopordecretodoPresidentedaRepúblicanaépocadoNatal.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.1

Execuçãonº____

“J”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências doInstituto Penal ____, por seu advogado, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelênciarequereraconcessãode

INDULTO2CONDICIONAL3NATALINO,4

comfundamentonoart.193daLeideExecuçãoPenaleart.1.º,I,do Decreto Presidencial 5.295, de 2 de dezembro de 2004,5 com osseguintesfundamentos:6

1.Osentenciadoéreincidenteefoicondenadoaquatroanoseseismesesdereclusão,porroubosimples,dandoinícioaocumprimentodapena no regime fechado. Após o decurso de um sexto, obteve dessedignojuízoaautorizaçãoparaprogressãoaoregimesemiaberto,ondese encontra atualmente. Do total, entretanto, já atingiu mais demetade da pena,7 cumprindo até a presente data dois anos e seismesesdereclusão.

2.Registraemseuprontuárioboacondutacarceráriaenuncacometeufaltagrave.8

3. Por se tratar de pessoa pobre, não teve ainda condições de

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repararodanoàsfamíliasdasvítimas.9

Anteoexposto,preenchidososrequisitoslegais,requeraconcessãodoindultocondicional,ouvindo-se,paratanto,orepresentantedoMinistérioPúblicoeoConselhoPenitenciário.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 O pedido pode ser encaminhado diretamente ao Conselho Penitenciário, que, elaborando parecer, enviará ao juiz daexecuçãocriminal.

2O indulto coletivo é concedido, tradicionalmente, uma vez por ano, por decreto doPresidente daRepública, perdoandocondenadoseprovocandoaextinçãodapunibilidade(art.107,II,CP).Ojuizdeveanalisarquaisossentenciadospreenchemascondiçõesfixadaspelodecretodeindulto.

3Condicionaléoperdãoqueimpõeregrasparaoseuaperfeiçoamento.Portanto,concedidooindulto,durantedoisanos,ocondenadodevemanterbomcomportamentoenãoserindiciadoouprocessadoporcrimedoloso.Seocorrer,aguarda-seotérmino do processo.Condenado, impede-se o aperfeiçoamento do indulto, retornando o sentenciado ao cumprimento dapena.

4Habitualmente,concede-seoindultonaépocadoNatal.NadaimpedequeoPresidenteoconcedaemoutraocasião.

5Acadaano,costumaoPresidentedaRepúblicaconceder,pordecreto,o tradicional indultonatalino.Leva-seemconta,nestapeça,odecretode2004,somenteparailustrar.

6Crimeshediondoseequiparadosnãoadmitemaconcessãodeindulto,totalouparcial,conformedispõeaLei8.072/90(art.2.º,I,daLeidosCrimesHediondos).

7Comoregra,condenadosprimários,apenasinferioresaseisanos,cumpridoumterçodapena,podemreceberoindulto.Sereincidentes,devemcumprirmetade.Paraocálculodocumprimento,pode-seconsideraradetração(art.42,CP).

8Paraaconcessãodoindultoéindispensávelterbomcomportamentocarcerário.Sehouverfaltagrave,estadevetermaisdedozemeses.

9Algunsdecretosexigem,paraobenefício,areparaçãododano,salvoimpossibilidadedefazê-lo.

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8.º)Pedidodecomutação(indultoparcial)

“V”,primário,condenadoa15anosdereclusãopelaprát icadedoishomicídiossimples,emconcursomaterial,iniciandoo cumprimentodapenano regime fechado, já cumpriumais deumquartodo total. Pretende ser beneficiadopelacomutação,concedidapordecretodoPresidentedaRepúblicanaépocadoNatal.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.1

Execuçãon.º____

“V”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências doInstituto Penal ____, por seu advogado, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelênciarequereraconcessãode

COMUTAÇÃODEPENAS,2

comfundamentonoart.193daLeideExecuçãoPenaleart.2.ºdoDecreto Presidencial 5.295, de 2 de dezembro de 2004,3 com osseguintesfundamentos:4

1.Osentenciadoéprimárioefoicondenadoa15(quinze)anosdereclusão, dando início ao cumprimento da pena no regime fechado.Apósodecursodeumsexto,obtevedessedignojuízoaautorizaçãoparaprogressãoaoregimesemiaberto,ondeseencontraatualmente.Do total, entretanto, já atingiu mais de um quarto da pena,5

cumprindoatéapresentedataquatroanoseseismesesdereclusão.

2.Registraemseuprontuárioboacondutacarceráriaenuncacometeufaltagrave.6

3. Por se tratar de pessoa pobre, não teve ainda condições derepararodanoàsfamíliasdasvítimas.7

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Anteoexposto,preenchidososrequisitoslegais,requeraconcessãoda comutação, abatendo-se um quarto de sua pena remanescente,ouvindo-se, para tanto, o representante do Ministério Público e oConselhoPenitenciário.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 O pedido pode ser encaminhado diretamente ao Conselho Penitenciário, que, elaborando parecer, enviará ao juiz daexecuçãocriminal.

2Comutaçãoéoindultoparcial,ouseja,quandooperdão,concedidopeloPresidentedaRepúblicanãopuderseraplicado,geralmente por tratar-se de pena elevada, aplica-se o abatimento do total de um montante estabelecido no DecretoPresidencial.

3Acadaano,costumaoPresidentedaRepúblicaconceder,pordecreto,o tradicional indultonatalino.Leva-seemconta,nestapeça,odecretode2004,somenteparailustrar.

4Crimeshediondoseequiparadosnãoadmitemindulto,nemmesmocomutação(Lei8.072/90).

5Comoregra,condenadosprimários,apenassuperioresaseisanos,cumpridoumquartodapena,podemabaterumquartodoremanescente.Sereincidentes,cumpridoumterço,podemabaterumquinto.Paraocálculodocumprimento,pode-seconsideraradetração(art.42,CP).

6Paraaconcessãodecomutaçãoéindispensávelbomcomportamentocarcerário.Sehouverfaltagrave,estadevetermaisdedozemeses.

7Algunsdecretosexigem,paraobenefício,areparaçãododano,salvoimpossibilidadedefazê-lo.

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9.º)Pedidodeincidentededesviodeexecução

“Q”, condenadopela prát ica de estupro ao cumprimento da penade oito anos de reclusão, em regime fechado, foicolocadono“seguro”,cela isoladadosdemaispresosparat erasua integridadef ísicapreservada.Ent retanto,nesselugar,nãot emcondiçõesdet rabalharouexercerout rasat ividades,oqueconfiguradesvionaexecuçãopenal.Requeroreconhecimentodoreferidodesviocomprovidênciasparasaná-lo.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“Q”,qualificadonosautos,presoerecolhidonaPenitenciária____,em regime fechado, por seu advogado, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.185daLeideExecuçãoPenal,suscitar

INCIDENTEDEDESVIODEEXECUÇÃO,1

nosseguintestermos:

1.Orequerentefoicondenadopelapráticadeestuproaocumprimentode 8 (oito) anos de reclusão, em regime fechado. Entretanto, foicolocadoemumpresídioquenãocomportaacorretaindividualizaçãoexecutóriadapena,atravésdoexamedeclassificação(arts.5.ºe6.º, Lei de Execução Penal), tendo em vista não haver ComissãoTécnicadeClassificaçãoconstituídaeatuante.2

2. Por outro lado, está sofrendo ameaças de agressão física poroutros presos, em razão de sua condenação por delito contra aliberdade sexual, situação que é pública e notória nos presídiosbrasileiros.3

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3.Emfacedisso,encontra-secumprindosuapenanoregimefechadoem estado de completo isolamento, sem possibilidade de exercer otrabalho,quelhegaranteodireitoàremição(arts.41,II,e126,LEP),nemtampoucopodendopraticaroutrasatividadesintelectuais,artísticas,desportivas,educacionais,sociaisereligiosas,quelheseriam asseguradas em razão de previsão legal (art. 41, VI e VII,LEP).

4.Éfundamentalconsiderarqueafinalidadeprincipaldaexecuçãopenaléaressocializaçãodocondenado(art.10,LEP),nãopodendosubsistir o regime fechado da forma como vem sendo concretizado,poisequivale,naprática,aoRDD–RegimeDisciplinarDiferenciado(art.52,LEP),noqualnãoestáinseridoorequerente.

5. Há nítido desvio de execução, pois as condições do regimefechado, fixadas tanto na Lei de Execução Penal quanto no CódigoPenal,vêmsendosistematicamentedesprezadas.

6.Éinegávelqueorequerentenãoalmejasersimplesmentemisturadoaosdemaisdetentos,poisseriaagredidoe,quiçá,morto.Porém,éresponsabilidadedoEstadoproporcionaraosentenciadoascondiçõesestabelecidasemlei,garantindo-lheigualmentesegurançadentrodoestabelecimentopenal.

Anteoexposto,suscitaopresenteincidenteparaqueosdesviosdeexecuçãosejamcorrigidos,apurando-seoalegadopelopeticionárioetomando-seasprovidênciasparasuatransferênciaaestabelecimentoquelhepossaassegurarocumprimentodapenanostermosprevistosemlei.

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1 A execução da pena deve seguir exatamente o disposto na sentença condenatória (montante da pena e regime decumprimento),mas tambémtodososparâmetrosestipuladospeloCódigoPenalepelaLeideExecuçãoPenal.As falhaspodemserexcessosoudesviosdasfinalidadesdaleiedevemserquestionadasporincidente.

2Umdosdesviosdaexecuçãoénãoproporcionaracorretaeindispensávelclassificaçãodopreso,possibilitando-lhecumprira pena de acordo com suas aptidões, motivo pelo qual o exame realizado pela Comissão Técnica de Classificação éimperioso.

3Condenadosporcrimessexuaisviolentosdevemserseparadosdosdemaispresos,casocontrário,habitualmente,sofremrepresáliasdetodaordem,oquenãosepodepermitir.

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10)Pedidodeconversãodepenaemmedidadesegurança

“N”, condenada pela prát ica de lat rocínio ao cumprimento da pena de vinte e dois anos de reclusão, em regimefechado,apósdezanos,passaasofrerdedoençamental,impossibilit andoacont inuidadedaexecuçãodapena.Pleit eiaadefesaaconversãoemmedidadesegurança.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“N”,qualificadanosautos,presaerecolhidanaPenitenciária____,em regime fechado, por seu advogado, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.183daLeideExecuçãoPenal,requerera

CONVERSÃODAPENAEMMEDIDADESEGURANÇA,1

nosseguintestermos:

1.Arequerentefoicondenadapelapráticaderouboseguidodemorte(art.157,§3.º,CP)aocumprimentodapenadevinteedoisanosdereclusão,emregimefechado,ondeseencontraatualmente.

2. Entretanto, no decurso da execução, por razões desconhecidas,passouasofrerdedoençamentalquelheretirouoentendimentoeacapacidadedeinteragircomosagentesdopresídio.

3. Foi examinada pelo médico do Hospital Penitenciário, para ondefoi provisoriamente transferida, concluindo-se, em diagnósticopreliminar,padecerde____.2

4. Desse modo, não há sentido em ser mantida no presídio onde se

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encontra, local inadequado para o tratamento exigido, colocando arequerenteemriscoasegurançadasdemaisdetentasesuaprópria,emrazãodasváriascrisesesurtosagressivosqueaacometem.

5.Casopermaneçaemcumprimentodepena,perdem-seasfinalidadesparaasquaisestaéaplicada,poisseuprocessoderessocializaçãoestará nitidamente prejudicado pela completa falta de inteligênciadosseusatos.3

Anteoexposto,requersejarealizadoexamepericialnarequerenteparaque,constatadaairreversibilidade,acurtoprazo,4dadoençamentaldetectada,sejasuapenaconvertidaemmedidadesegurança,5

transferindo-aparahospitaldecustódiaetratamento.

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Emboraoart.183daLeideExecuçãoPenalmencionequeopedidopodeserfeitoapenaspeloMP,pelaDefensoriaPúblicaoupelaautoridadeadministrativa,bemcomoconcedidodeofíciopelojuiz,énaturalqueosentenciadotenhaigualinteressenaconversãoparaquepossaserconvenientementetratado.

2Descreveradoençatalcomoatestadopelomédicodopresídio.

3Aconversãodapenaemmedidadesegurançaéfundamentalparaquesepromovaacuradaenfermidade.Docontrário,nãohámaissentidoemsefalaremreeducação,poisdoentesmentaisnãocompreendemocaráterilícitodoquepraticam.

4Seaenfermidadepudersertratadaembreveperíodo,aplica-seodispostonoart.41doCP,transferindo-seopresoparaohospitalpenitenciário,mantidaapena.

5Quantoaoprazodamedidadesegurança,tementendidoajurisprudênciamajoritáriaqueserápelotemporestantedapena.Maioresdetalhes,consultaranota10aoart.97donossoCódigoPenalcomentado.

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11)Pedidodeunificaçãodepenasporcrimecontinuado

“T”, condenadopelaprát icadequinzeestelionatos,emdiversasVarasCriminaisdaComarca, somouquinzeanosdereclusãoedeuinícioaocumprimentonoregimefechado.Ent retanto,entendendocabíveloreconhecimentodocrimecont inuado(art .71,CP),pleit eouobenefícioaojuizdaexecuçãocriminal.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“T”,qualificadonosautos,presoerecolhidonaPenitenciária____,em regime fechado, por seu advogado, vem, respeitosamente, àpresençadeVossaExcelência,comfundamentonoart.66,III,a,daLeideExecuçãoPenal,emcombinaçãocomoart.71doCódigoPenal,requerera

UNIFICAÇÃODEPENAS,1

nosseguintestermos:

1.Orequerentefoicondenadopelapráticadequinzeestelionatos,consistentes na emissão de cheques, sem suficiente provisão defundos(art.171,§2.º,VI,CP),recebendoumanodereclusãoporcada delito, considerando-se que é primário e não registraantecedentes criminais. Ocorre que, provenientes as sentençascondenatóriasdeváriosjuízosdiferentes,reunindo-seostítulosnaexecução penal, o total de sua pena, aplicando-se a somatória,atingiuquinzeanosdereclusão,impondo-se,pois,oregimefechado,nostermosdaleipenal.2

2. Cumpre ressaltar, no entanto, ter sido injustificada a somaconcretizada, uma vez que o requerente preenche integralmente as

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condições do art. 71 do Código Penal, merecendo ser a conduta dorequerente reconhecida como crime continuado e, em consequência,devendohaveraunificaçãodesuaspenas.

3.Note-sequecadaestelionatofoicometidonodia20demarçode2001, no interior do mesmo estabelecimento comercial (Shopping____),emboraemlojasdiversas,comadiferençadealgumashorasdeum para o outro, valendo-se o agente de idêntico meio de execução(emissãodechequesemsuficienteprovisãodefundos).

4. Assim, cometeu crimes da mesma espécie (idêntico tipo penal),que,emrazãodascondiçõesdetempo,lugaremaneiradeexecução,devem resultar na conclusão de que os subsequentes eram meracontinuação do primeiro, não havendo sentido para a aplicaçãoisoladadeváriaspenas,somando-seaofinal.

5. Portanto, reconhecida a continuidade delitiva, prevalece ocritériodaexasperaçãodapena,aplicando-seumadelas,poistodassãoiguais,istoé,umanodereclusão,aumentadadeumsextoadoisterços,conformeoelevadocritériodeVossaExcelência.

6. Desde logo, o requerente salienta que a adoção, pelo CódigoPenal, da teoria objetiva pura do crime continuado, dispensa ademonstração de unidade de desígnio. Entretanto, somente paraargumentar,seoutroforoentendimentodessedignojuízo,pretendeo sentenciado evidenciar que havia unidade de propósitos, comorestoudemonstradonasaçõespenaisgeradorasdascondenações,poisestavanoivo,pretendendocasar-seembreve,motivopeloqualtodosos produtos adquiridos, como pode ser constatado pela simplesleituradassentençascondenatórias,destinavam-seaguarnecerolardocasal.Pode-seconcluir,dessemodo,queoagenteteriacondiçõesdeadquiri-losemconjuntonumúnicoestabelecimento,porémelegeuforma alternativa e fracionada de execução, apesar de possuirunidade de desígnio a ser atingida, materializando a continuidadedelitiva.

7. Operada a unificação, requer o peticionário a aplicação dosbenefíciosprevistosnoart.44doCódigoPenal,substituindo-seapenaprivativadeliberdadeporrestritivadedireitos,expedindo-

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se,deimediato,alvarádesoltura.3

Termosemque,ouvidooilustrerepresentantedoMinistérioPúblico,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Aspenasdevemserunificadas(transformadasemumasó)quandosetratardecrimecontinuado(art.71,CP)ouconcursoformal(art.70,CP).Seojuizdacondenaçãonãoofez,porquenãotinhatodososelementosparatanto,podeocondenadopleitearobenefícioduranteaexecuçãopenal,peranteojuízocompetenteespecializado(sehouver,naComarca).

2Penassuperioresaoitoanosdevemsercumpridas,obrigatoriamente,noinício,emregimefechado(art.33,§2.º,a,CP).

3Deferidaa unificação, a penadequinzeanosde reclusão, deve cair paramenosdedois anos (umano+dois terços,conformeart.71,CP),dandoensejoàaplicaçãodasubstituiçãopretendida,umavezqueoutraéapenaaserexecutada.

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13)Pedidodeaplicaçãodeleipenalbenéfica

“K”foicondenadoporporteilegaldedrogas,paraconsumopessoal(ant igoart .16daLei6.368/76),asetemesesdedetençãoeaopagamentode30dias-multa.Suapenaprivat ivadeliberdadefoiconvert idaasetemesesdeprestaçãodeserviçosàcomunidade.Considerando-seaediçãodaLei11.343/2006,modif icandoaspenalidadesparaquemportaa droga para consumo e configurando nít ido t ratamento penal benéfico para o crime em espécie, requer ao juiz aadaptaçãodasuasançãocriminal.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“K”, qualificado nos autos, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.66,I,daLeideExecuçãoPenal,requererainstauraçãodopresenteincidente1

de

APLICAÇÃODELEIPENALBENÉFICA,2

pelosseguintesmotivos:

1.Orequerentefoicondenadoàpenadesetemesesdedetençãoeaopagamento de 30 dias-multa, tendo havido a conversão da penaprivativa de liberdade em sete meses de prestação de serviços àcomunidade.Apósotrânsitoemjulgado,VossaExcelênciadeterminouqueocomparecimentosedessejuntoaoOrfanato“X”,situadoàRua____,n.º____,nestaComarca,paraoiníciodocumprimentodapena.

2. Nesta data, entretanto, entrou em vigor a Lei 11.343/2006, quealterou, substancialmente, as penalidades aplicáveis ao condenado,eliminando, por completo, a aplicação de pena privativa deliberdade, substituindo-a por advertência sobre os efeitos das

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drogas,prestaçãodeserviçosàcomunidadee/oumedidaeducativadecomparecimento a programa ou curso educativo (art. 28, I a III).Caso alguma delas, impostas isolada ou cumulativamente, não foremcumpridas,poderáojuizaplicaraadmoestaçãoverbalemulta(art.28,§6.º,IeII).

3. Por outro lado, a duração para eventual pena de prestação deserviços à comunidade ou frequência a programa ou curso educativotemaduraçãomáximadecincomeses,aoprimário,edezmeses,aoreincidente(art.28,§§3.ºe4.º).

4. O sentenciado já cumpriu um mês de prestação de serviços àentidade supramencionada e ainda não pagou a multa aplicada. Ora,tendoemvistaqueamultaépenalidadeparagarantirocumprimentodaprincipal,requer-sesejaelaafastada.Quantoàpenaprivativade liberdade, antes de se operar a conversão, é certo ter sidofixada em patamar um pouco superior ao mínimo legal. Segundo ojulgador, tal situação deveu-se à conduta social desregrada docondenado.

5.Porém,aatualpenavariadeumdiaacincomeses,aoprimário,justamente a situação do requerente, motivo pelo qual, ainda quefixada,pelaatualregra,acimadomínimo,nãopoderiaatingirmaisdeummês.

Anteoexposto,requer-sesejaapenaconsideradacumpridaejulgadaextintaapunibilidadedosentenciado.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Trata-se,nocaso,deumincidenteinominado,afinal,osprevistosnoTítuloVIIdaLeideExecuçãoPenalnãosãoosúnicos,valedizer,nãosetratadeumrolexaustivo.

2 Cabe ao juiz da execução penal a aplicação de lei posterior, aos casos já transitados em julgado, que beneficie ocondenado,conformeprevistonoart.66,I,daLei7.210/84enaSúmula611doSTF.

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14)Pedidodeaplicaçãodenovainterpretaçãodeleipenalbenéfica,conformedecisãodoSTF

“T”foicondenadoport ráf icoilícit odedrogas,aocumprimentodecincoanosdereclusão,emulta,emregimeinicialfechado.Omagist radofundamentouaescolhadoregime,baseadounicamentenaimposiçãofeit apeloart .2o,§1o,daLei8.072/90.OSTFconsiderouinconst itucionalessedisposit ivo.Cabeaplicaçãoimediata.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“T”, qualificado nos autos, vem, respeitosamente, à presença deVossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.66,I,daLeideExecuçãoPenal,requererainstauraçãodopresenteincidente1de

APLICAÇÃODEINTERPRETAÇÃOBENÉFICADELEIPENAL,

pelosseguintesmotivos:

1.Orequerentefoicondenadoàpenadecincoanosdereclusão,emulta,pelapráticadetráficoilícitodedrogas.Ojulgadorfixou,como regime inicial para o cumprimento da pena, o fechado,lastreado,comexclusividade,pelodispostonoart.2.º,§1.º,daLei8.072/90.

2.Ocorreque,em27dejunhode2012,oSupremoTribunalFederal,peloPlenário,julgouinconstitucionaloart.2.º,§1.º,daLeidosCrimesHediondos,porferiroprincípiodaindividualizaçãodapena,aoestabeleceroregimepadronizadoinicialatodososcondenados.Exige-se,então,apartirdaí,afundamentaçãodojuizpelaescolhado regime inicial, com fulcro nos elementos do art. 59 do Código

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Penal,comoprevêoart.33,§3.º,doCódigoPenal.

3. A aplicação de interpretação benéfica, quando proferida peloPlenário do STF, é perfeitamente possível, pois se assemelha àediçãodeleipenalfavorável.Dispensa-se,comisso,outramedidaquenãoopedidodiretamenteformuladoaojuízodaexecuçãopenal.Nessesentido,confira-seomagistériodeGuilhermedeSouzaNucci:“adeclaraçãodeinconstitucionalidadedenormapenalprejudicialaoréu,peloSTF,certamenteequivaleàinterpretaçãobenéficadeleipenal,devendoretroagirparaalcançaracusadosoucondenadosqueseamoldem à nova situação” (Princípios constitucionais penais eprocessuaispenais,SãoPaulo:RT,2.ed.,p.146).

4.Diantedisso,cabeaomagistrado,depronto,independentementedeprogressão,reavaliar,fundamentando,qualoregimeinicialcabívelaosentenciado,indicando-se,paratanto,osemiaberto.

Ante o exposto, requer-se seja fixado o regime semiaberto,corrigindo-seaguiaderecolhimento.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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15)Decisãodojuiz–Leiposteriorbenéfica

Decisãodojuizdaexecuçãopenalaplicandoaleipenalposteriormaisbenéfica.

VaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

Vistos.

“K”, qualificado nos autos, condenado à pena de sete meses deprestaçãodeserviçosàcomunidadeeaopagamentode30dias-multa,pelapráticadeporteilegaldedrogasparausopróprio(art.16daLei 6.368/76), requer a este juízo, após a propositura do devidoincidente, a aplicação dos benefícios trazidos pela nova Lei11.343/2006.

AfirmajátercumpridoummêsdeprestaçãodeserviçosaoOrfanato“X”,destaComarca,razãopelaqualentendesatisfeitaapenanasuatotalidade.

Ouvido,orepresentantedoMinistérioPúblicoconcordoucomopedidoformulado.

Éorelatório.DECIDO.

Cabe a este juízo a aplicação da lei posterior que, de qualquermodo,beneficieocondenado,mormentequandojáhouveotrânsitoemjulgadoeoiníciodocumprimentodapena.

Verificou-se,emfacedorelatórioenviadopeloOrfanato“X”,terosentenciado desempenhado satisfatoriamente todas as atividades quelheforamdestinadas,aolongodoúltimomês.

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Emprimeirolugar,valedestacarterrazãoosentenciadoaopleitearaexclusãodapenademulta,aindanãoquitada,inclusivepelofatode,nanovaLei,nãomaissetratardepenaprincipal,masapenasdemedidaparagarantirocumprimentodasançãoefetivamenteimposta.

Quantoàaplicaçãodapenaacimadomínimo,porcontadasuacondutasocialdesregrada,deve-seobservarserumadasmetasprimordiaisaserobservadapelojuizdacondenação,segundoodispostonoart.42da Lei 11.343/2006. Logo, quanto a tal valoração, irretocável é adecisãocondenatória.

Restasaberseoquantumaplicávelaorequerente,nocaso,ummês,ésatisfatório. Muito embora tenha havido parecer favorável doMinistérioPúblico,pelaextinçãocompletadapena,parece-noshaverum dado relevante a ser considerado. A prestação de serviços àcomunidade, na nova Lei, deve fazer-se em locais vinculados, dealgummodo,àprevençãodoconsumooudarecuperaçãodeusuáriosedependentesdedrogas(art.28,§5.º,Lei11.343/2006).

Ora, o requerente cumpriu um mês de prestação de serviços àcomunidade em um orfanato, desempenhando suas tarefas a contento,mas não teve contato com entidade vinculada à exposição dosmalefíciostrazidospeloconsumodedrogas.

Portalmotivo,parece-nosessencialmanterapenadeprestaçãodeserviços à comunidade, dando-a, no entanto, por cumprida, masimpondo, ainda, pois há permissivo legal a tanto (art. 27, Lei11.343/2006),aadvertênciasobreosefeitosdadroga.

Ante o exposto, afasto o pagamento da pena de multa, dou porcumprida a prestação de serviços à comunidade, que mantenho em ummês,diantedacondutasocialdesregradadesenvolvidapeloagente,antesdapráticadodelito,alémdedeterminarsejaeleadvertido,em audiência, sobre os males do consumo de substânciasentorpecentes.1

Apósarealizaçãodaaudiência,julgareiextintaapunibilidade.

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Designoaudiênciaparaodia____,às____.

Intimem-se.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1Naaplicaçãodaleimaisfavorável,nãoháumcritériorígido.Cadamagistradodeveavaliarconcretamenteasituaçãodoréumerecedordobenefício.Éevidenteque,nãoconcordandocomadecisão,cabeagravo,tantodapartedocondenadoquantodoMinistério Público. No caso de “K”, dificilmente teria sentido a interposição desse recurso, pois, não tendo este efeitosuspensivo,játeriasidorealizadaaaudiênciadeadvertência,quandooagravofosseapreciado.Poder-se-iainterporhabeascorpus,alegandoerrocrassonaaplicaçãoda leiposteriorbenéfica,oque,em tese,nãonosparecemereça, igualmente,deferimento.Aadvertênciasefazembenefíciodosentenciado.Nomais,nenhumaoutrapenahaverádecumprir.

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16)Pedidodereabilitação

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal daComarcade____.

Processonº____

“J”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), titular decarteiradeidentidadeRegistroGeralnº____,inscritonoCadastrode Pessoas Físicas sob o nº____, domiciliado em (cidade), ondereside na (rua, número, cidade), por seu procurador e advogadoinfra-assinado, consoante poderes que lhe foram outorgados emincluso instrumento particular de mandato (documento 1), comescritório na (rua, número, cidade), onde receberá as intimaçõesdecorrentesdesteprocedimento,vem,respeitosamente,àpresençadeVossaExcelência,comfulcronosartigos743eseguintesdoCódigodeProcessoPenal,requerersua

REABILITAÇÃO

paratantopassandoaexporoquesesegue:

1. O requerente foi condenado em três procedimentos criminais quetramitaramnessejuízo,respectivamente:

1.a)penadetrêsanosdereclusão,comoincursonassançõesdoart. 12 da Lei 6.368/76 (atual art. 33 da Lei 11.343/2006),processonº____-(documento1),tendocumpridoapuniçãoquelhefoiimpostaaté____(documento2).1.b)penadeseismesesdedetenção,comdiminuiçãode2/3(doisterços),comoincursonassançõesdoart.351doCP,processonº____ (documento 3), pena esta cumprida em ____, como atestacertidãoanexa(documento4).1.c)penadedoisanosequatromeses,cumuladacomasuspensãode habilitação para dirigir veículo automotor, como incurso nas

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sançõesdoart.302daLei9.503/97,processonº____(documento5),tendoencerradoocumprimentodesuapenaem____(documento6).

2. Em data de ____, contraiu matrimônio com “N”, como comprovainclusacertidãoanexa(documento7),estabelecendo-senestaComarcacomocomerciante(documento8),aquitambémresidindo.

3.Conformesevêdasinclusascertidões,orequerentenãomaisseenvolveu em qualquer conduta ilícita, não mais respondendo aqualquerprocedimentoinvestigatóriooucriminal(documento9e10),adotando conduta honrada e respeitosa, como atestam declaraçõesanexas(documentos11a15).

4. Pretende, objetivando segurança e estabilidade profissional,submeter-seaconcursopúblicode____eprosseguiremsuaformaçãoprofissional,cursandooensinosuperior.

5.Considerandoadataemqueobteveacertificaçãodecumprimentode pena, encerrou o cumprimento de todas as penas que lhe foramimpostashámuitomaisdedoisanos,semque,nesselapsotemporal,tenhaincorridoemqualquercomportamentoensejadordeprocedimentojudicial,nemmesmonaesferacível.

6.Prevêoart.94doCódigoPenal,1seremnecessáriosdoisanosdadata em que findar a execução da pena, para que se pleiteie adeclaração judicial de reinserção do sentenciado no gozo dedeterminadosdireitos,queforamatingidospelacondenação.

7. Outra não é a situação do requerente, a quem indiscutivelmentesocorreodiretoorareclamado,razãodopresenteprocedimento.

8.Nãobastasseolapsotemporalquelheéfavorável,orequerentetem residência fixa (art. 94, I, do CP), encontra-se plenamenteressocializado, nunca mais tendo envolvimento em qualquer tipo decondutailícita,conformejásepôdeafirmar.

Peloexposto,requerendoajuntadadosatestadosreferidosnosincs.

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I a V do art. 744 do CPP, requer-se o processamento do presentepedido, com a oitiva do representante do Ministério Público, paraque, ao final, cumpridas todas as formalidades legais, sejaconcedida a reabilitação criminal ora pleiteada. Pleiteia-se sejaassegurado o sigilo em relação aos processos de condenação dorequerente, bem como em face da supressão dos efeitos secundáriosdas punições sustentadas, consoante previsão do art. 92 do CP,especificamenteemseuinc.III.

Termosemque

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1Oart.94doCódigoPenal revogouemparteoart.743doCódigodeProcessoPenal,estabelecendoqueoprazopararequererareabilitaçãoédedoisanos,contadosdodiaemquefoiextinta,dequalquermodo,apenaoufindarsuaexecução,computando-senesteprazo,operíododeprovadosursisedolivramentocondicional,quandonãorevogados.

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17)Pedidodesaídatemporária

“B”,condenadopelaprát icaderoubo(art .157,§2.º,I,CP),àpenadeseisanosdereclusão,encont rando-seemregimesemiaberto,pleit eandosaídat emporária.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“B”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências daColônia Penal ____, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.122eseguintesdaLeideExecuçãoPenal,requerera

SAÍDATEMPORÁRIA,1

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado a seis anos de reclusão, em regimesemiaberto, pela prática do delito de roubo, tem trabalhadoregularmente, desde que ingressou na colônia penal, já tendocumpridoumsextodesuapena.

2.Duranteesseperíodo,apresentoubomcomportamentoenãopossuiemseuprontuárionenhumafaltagraveregistrada,2conformeatestadocomprobatóriodecondutacarceráriaaestatambémanexado.

3. Considerando-se a finalidade da pena, relativa à reeducação eressocialização do sentenciado, a saída temporária se mostraimportantepassoparaareadaptaçãoàliberdade,vezqueapróximaetapa de progressão do regime será o aberto, exigindoresponsabilidadeeautodisciplinadoreeducando.

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Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentante do Ministério Público, seja deferida a saídatemporária,peloperíododesetedias,acontardodia___de_____de2012,comascondiçõesestabelecidasporessedignojuízo.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1.Asaídatemporáriaéumbenefíciodaexecuçãopenal,apropriadoaoregimesemiaberto,permitindoqueocondenadoseausentedacolôniapenalpeloperíododeatésetedias,passívelderenovaçãoporoutrasquatrovezesduranteoano.Asaídaérealizadasemfiscalizaçãodiretadeagentesestatais,podendo-seaplicaraosentenciadoomonitoramentoeletrônico.

2.Ascondiçõessãoprevistasnoart.124daLeideExecuçãoPenal.

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18)Decisãodojuizdeferindoasaídatemporária

VaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

Vistos.

“B”, qualificado nos autos, condenado a seis anos de reclusão, emregime semiaberto, pela prática de roubo com causa de aumento,cumpreapenaháumsextonesteregime,alémdeterbomdesempenhonotrabalhoenãoregistrarfaltagrave.

Apresentouatestadodeboacondutacarcerária(fls.___).

Ouvido,orepresentantedoMinistérioPúblicoconcordoucomopedidoformulado.

Éorelatório.DECIDO.

Opedidodosentenciadomerecedeferimento,poisestãopreenchidososrequisitosobjetivo(maisdeumsextodocumprimentodapena)esubjetivo(bomcomportamento).

Ante o exposto, com base no art. 122 da Lei de Execução Penal,defiroopedidodesaídatemporária,1asercumpridoporsetedias,a partir do dia ________, devendo ser o sentenciado monitoradoeletronicamente. Fixo as seguintes condições para o referidoperíodo, nos termos do art. 124 da Lei de Execução Penal: a)fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou ondepuderserencontradoduranteogozodobenefício;b)recolher-seàresidênciavisitada,noperíodonoturno;c)proibiçãodefrequentarbares,casasnoturnaseestabelecimentoscongêneres.

Intimem-se.

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Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1 Normalmente, por seremmuitos os sentenciados que podem gozar do benefício da saída temporária, vários juízes daexecuçãopenalconcedem-napormeiodeumaatoadministrativo,denominadoportaria,autorizandoodiretordacolôniapenala aplicar as saídas aos que dela fizerem jus.Nessa portaria, fixam-se os requisitos para a concessãodo benefício e ascondições as quais estão sujeitos os condenados. Aplica-se, na prática, o disposto nessa portaria pelo diretor doestabelecimentopenal.Nãoéomeiocorreto,poisaleiébemclaraaoestabelecerdevaaautorizaçãodesaídatemporáriaporatomotivadodo juizdaexecução,deduzindo-se, poróbvio, aanálisedecadacaso individualmente considerado.Mas,naprática,aexpediçãodaportariafacilitaotrabalhodaVaradeExecuçõesPenais.

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19)Pedidodevisitaíntima

“R”, condenado pela prát ica de homicídio qualif icado (art . 121, § 2.º, I, CP), à pena de doze anos de reclusão,encont rando-seemregimefechado,porset ratarderéureincidente.

ExcelentíssimoSenhorDoutorJuizdeDireitodaVaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

“R”, qualificado nos autos, preso e recolhido nas dependências doPresídio Estadual ____, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência,porseuadvogado,comfundamentonoart.41,X,daLeideExecuçãoPenal,requererobenefíciodeusufruirda

VISITAÍNTIMA,1

pelosseguintesmotivos:

1. O requerente, condenado a doze anos de reclusão, em regimefechado, pela prática do delito de homicídio, tem trabalhadoregularmente, desde que ingressou no presídio, sempre com bomcomportamento.

2.Duranteesseperíodo,constatouqueodiretordopresídiopermiteadeterminadospresosobenefíciodavisitaíntima,desdequesejamcadastradosnoprogramainternoeapresentemcônjugeoucompanheiradevidamenteregistrada.

3.Ocorreque,orequerentetambémdesejagozardobenefício,emboranãosejacasado,nemmantenhauniãoestável.Porém,teminteressenavisita íntima, a ser obtida com amigas ou namoradas, que também

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podemsecadastrar,paragarantirasegurançadolocal.

4. Se a Lei de Execução Penal permite a visita de cônjuge ecompanheira,parenteseamigos,admitindo-seapossibilidadedesertalvisitarealizadacomintimidade,nadaimpedequesedêtantocomcônjugesecompanheiroscomotambémcomamigosenamorados.

5. Todos são iguais perante a Administração Pública, motivo peloqual se o benefício é permitido a alguns, deve ser estendido atodos, desde que não prejudique a segurança do estabelecimentopenal.

6. Considerando-se a finalidade da pena, relativa à reeducação eressocialização do sentenciado, a visita íntima é um importantefatorderelaxamentoparaassuascondiçõesfísico-psíquicas.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que, ouvido orepresentantedoMinistérioPúblico,sejadeferidaavisitaíntima,por respeito ao princípio da igualdade de todos perante a lei,vedando-se qualquer discriminação por parte da Administração, nostermosfixadosporessedignojuízo.

Termosemque,

Pededeferimento.

Comarca,data.

_______________

Advogado

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1.Avítimaíntimanãoconstaexpressamentedentreosdireitosdopreso,estampadosnoart.41daLeideExecuçãoPenal.Algunspretendemutilizar,poranalogia,odispostonoincisoXdesseartigo:“visitadocônjuge,dacompanheira,deparenteseamigos em dias determinados”.Mas não tem cabimento esse processo de semelhança, pois o sentido claro da visita éapenasocontatosocial,vistoincluirparenteseamigos.Porisso,narealidade,nãosetratadeumdireito.Ocorreque,emvários presídios, instituiu-se administrativamente o benefício da visita íntima, permitindo que os presos possam terrelacionamentossexuaiscomseuscônjugesoucompanheiros.Diantedisso,criou-seumprivilégionoâmbitoadministrativo,toleradopeloJudiciário,motivopeloqualseéconcedidoaalgunspresos,nãosepodeprivaroutrosdomesmobenefício.Havendoqualquerdiscriminaçãoentrepresos,deveojuizintervir,garantindoisonomiaatodos.

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20)Decisãodojuizdeferindoavisitaíntima

VaradasExecuçõesCriminaisdaComarca____.

Execuçãon.º____

Vistos.

“R”, qualificado nos autos, condenado a doze anos de reclusão, emregime fechado, pela prática de homicídio, cumpre a penaregularmente,combomcomportamento.

Apresentouatestadodeboacondutacarcerária(fls.___).

Pleiteiaaconcessãodobenefíciodavisitaíntima,aserexercidocom pessoas amigas ou namoradas, pois não dispõe de cônjuge oucompanheira. Alega que a direção do presídio instituiu talbenefício,massomenteaoscasadosouosquemantêmuniãoestável,algoqueafrontaoprincípiodaigualdadedetodosperantealei.

Ouvido,orepresentantedoMinistérioPúblicoconcordoucomopedidoformulado.

Éorelatório.DECIDO.

Nãosetratadeaplicarodispostonoart.41,X,daLeideExecuçãoPenal, por analogia, pois essa norma prevê o direito do preso dereceber a visita de cônjuge, companheiro, amigo e parente, não sereferindoaqualquerespéciedeintimidadesexual.1

Entretanto, tem razão o sentenciado ao mencionar o princípio daigualdade de todos perante a lei, pois a Administração não podediscriminar pessoas, em qualquer situação. Há que se ponderar oseguinte: a) se todos os presos não tivessem o direito à visitaíntima no estabelecimento penal, não poderia haver a exigência a

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esserespeito;b)instituídaaregaliaaoscondenados,éprecisoqueseajusteatodoseles;c)inexistepossibilidadedediscriminaçãoentre casados e solteiros, devendo ser criadas condições para quetodosusufruamdomesmobenefício.

Anteoexposto,defiroopedidoformuladopor“R”,paraqueusufruados mesmos benefícios que os demais presos, no tocante à visitaíntima, podendo apresentar pessoas interessadas no contato sexual,desde que sejam respeitadas as regras de segurança doestabelecimentopenal.

Oficie-se.

Intimem-se.

Comarca,data.

_______________

JuizdeDireito

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1.Avisitaíntimanãoconstaexpressamentedentreosdireitosdopreso,estampadosnoart.41daLeideExecuçãoPenal.Algunspretendemutilizar,poranalogia,odispostonoincisoXdesseartigo:“visitadocônjuge,dacompanheira,deparenteseamigos em dias determinados”.Mas não tem cabimento esse processo de semelhança, pois o sentido claro da visita éapenasocontatosocial,vistoincluirparenteseamigos.Porisso,narealidade,nãosetratadeumdireito.Ocorreque,emvários presídios, instituiu-se administrativamente o benefício da visita íntima, permitindo que os presos possam terrelacionamentossexuaiscomseuscônjugesoucompanheiros.Diantedisso,criou-seumprivilégionoâmbitoadministrativo,toleradopeloJudiciário,motivopeloqualseéconcedidoaalgunspresos,nãosepodeprivaroutrosdomesmobenefício.Havendoqualquerdiscriminaçãoentrepresos,deveojuizintervir,garantindoisonomiaatodos.

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1.

2.

Introdução

Ateoria fornecidapeloestudodeDireitoPenaledoProcessoPenal, semdúvida,é indispensávelparainstrumentalizarooperadordoDireitoacolocarempráticasuashabilidades,emproldarealizaçãodeJustiça.Porém,nãosomentedetesessustenta-seapráticaforense,valendodestacarinúmerospontosestratégicos para a acurada atividade do advogado, do juiz, do membro do Ministério Público, dodefensorpúblicoedodelegado.Pretendemos,nestecapítulo,proporalgumasorientaçõesaosdiversossegmentos das carreiras jurídicas, frutos das nossas observações como magistrado e professor dasciênciascriminais.

OrientaçõesaosoperadoresdoDireito

Alegislaçãopenaleprocessualpenaléextensae,nogeral,antiquada,merecedoradereformaparamodernizá-la.Quandoháalteraçõesnasnormas,faz-sedemaneiraassistemática,provocandoantinomias,contradiçõeselacunas,aseremsolucionadas,justamente,napráticaforense.

Portanto,ooperadordoDireitodeveserumexímioconhecerdosprincípiosconstitucionaispenaiseprocessuais penais, visto ser a partir da Constituição Federal que se pode desenvolver a corretaabordagemdosistemalegislativoordinário.

NãoéaConstituiçãoFederalqueseadaptaaoCódigoPenaleaoCódigodeProcessoPenal,massãoestesCódigosquesedevemmoldaràsnormasconstitucionais.

OoperadordoDireitonecessita compreender a importânciadosdireitos egarantias fundamentais,captandotodooconteúdodoart.5.ºdaConstituiçãoFederal,comoobjetivodeutilizarospreceitosaliconstantescomoarmasparaoseudiaadianoexercícioprofissional.1

Porisso,emprimeiroplano,deve-seergueràsuarealimportânciaoprincípioregentedadignidadedapessoahumana(art.1.º,III,CF).Nenhumsistemademocráticoécapazdeconstruirlinhasescorreitasdejustiçasemafielobservânciadarespeitabilidadedoserhumano,aquemsedevegarantir,sempre,ascondiçõesmínimasdesubsistênciadigna.

Odevidoprocessolegaléoutroprincípioregente,cujamissãoéagregartodososprincípiospenaiseprocessuaispenais,assegurandoaobservânciadecadaumdeles,quandochegaromomentoprocessual

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adequado,afimdeserealizaroprocessopenalafinadoàConstituiçãoFederal.Na seara penal, deve-se zelar pela execução dos seguintes princípios: legalidade, taxatividade,

anterioridade da lei penal, retroatividade benéfica, vedação à dupla punição, intervenção mínima(subsidiariedade, fragmentariedade, ofensividade), proporcionalidade, culpabilidade, responsabilidadepessoal,individualizaçãodapenaehumanidade.

Nocontextoprocessualpenal,destacam-se,parafielobservância,osseguintesprincípios:presunçãode inocência, contraditório, ampla defesa, plenitude de defesa, duplo grau de jurisdição,intranscendência, economia processual, duração razoável do processo, duração razoável da prisãocautelar, legalidade estrita da prisão cautelar, juiz natural e imparcial, iniciativa das partes, promotornatural,obrigatoriedadedaaçãopenal,oficialidade,publicidade,vedaçãodaprovailícita,vedaçãododuplo processo pelo mesmo fato, respeito à soberania dos veredictos do júri, garantia do sigilo dasvotaçõesnoTribunalPopulareasuacompetênciamínimaparaoscrimesdolososcontraavida.

Odomíniodosprincípiosconstitucionaispenaiseprocessuaispenais,associadoaoconhecimentodajurisprudênciaaelesrelativa,proporcionaráaooperadordoDireito,naprática,maiordesenvolturanassuas atividades forenses, permitindo-lhe escapar das lacunas e compor os conflitos e aparentescontradiçõeslegais.

Outro ponto importante liga-se ao conhecimento crítico da jurisprudência pátria, ou seja, éfundamentalquesetomeciênciadamodernaposturadostribunaisdoPaís,especialmenteosSuperiores(STFeSTJ).Entretanto,deve-sefazê-lodemaneiracrítica,lendooacórdãocomavisãoconstitucionaldos princípios regentes doDireitoPenal e doProcessoPenal, pois, se inadequado for o conteúdodedeterminada decisão, busca-se uma alternativa para, em futuros litígios, alterar a forma de pensar dotribunalqueaproferiu.

Ajurisprudênciaédinâmicaeflexívelaosnovospensamentosdoutrinários,bemcomosensívelaosbonsargumentosdaspartesenvolvidasnoprocesso.

O operador do Direito não deve subestimar a sua importância, como elemento essencial para amovimentaçãodamáquinajudiciária,quedependedosprecisosconhecimentosdosintegrantesdospolosprocessuaisparagarantiracélerecomposiçãodoslitígios.

Poroutro lado,quempromoveaalteraçãodeentendimentoda jurisprudênciaéaparte,namaioriadas vezes: advogado/defensor e membro do Ministério Público. São os diretamente envolvidos noprocessocriminal,dispostosalevantartesesnovasouinéditosargumentosparasustentarseuspontosdevista.Assimfazendo,oJudiciáriopodeapreciá-lossobnovaroupagem,gerandojurisprudênciadiversaeconstruindooutraslinhasdepensamento.

O processo permite o desenvolvimento de inúmeras posturas dos envolvidos, esperando-se sejamtodascalcadasemlei.Mas issonãoésuficiente.Torna-sefundamentaloexercícioéticoecorretodasprerrogativasedosdireitosdaspartes,napráticaforense.Porvezes,simplesmenteseguiranormapenalouprocessualpenalnãoquerdizertenhahavidoatuaçãoética.Imagine-searrolarváriastestemunhasdedefesa,somenteparageraraoportunidadedesedesignaraudiênciaparaouvi-las,quando,emverdade,

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nenhuma delas conhece o caso ou mesmo o réu. Embora constitua direito do advogado arrolartestemunhas,nãosetratadeatuaçãoéticafazê-lojácientedoinfrutíferoresultadodadiligência.

O processo criminal deve ser conduzido sob preceitos legais, mas também sob mandamentoséticos,deformaasetornarautênticoveículoderealizaçãodejustiça.

Construirpeçasformais,queirãocomporosautosdoprocesso,dependedoconhecimentodateoria,mastambémdanoçãodostermosjurídicosadequadosacadaumadelas,alémdapraxeforense.Porisso,nestaobrafornecemosváriosmodelos,aplicáveisdesdeafasepolicial(pelodelegado),passandopelosrequerimentos de defesa (advogado), pelas peças acusatórias (promotor ou procurador), até atingir adecisão judicial (magistrado). Prossegue-se na fase recursal (promotor e advogado) até atingir aexecução penal (advogado, promotor e juiz). Essas peças sãomodelos, que podem ser imitados pelopraticante,atéqueadquiraexperiênciaprópria,crieseupróprioestiloetrabalheaargumentaçãojurídicacomtalentoindividual.

OoperadordoDireitonãosedeve inibirparacriarumestilopróprioe individualizadoparaacomposiçãodaspeçaspráticascondizentescomasuaatuaçãonoinquéritoounoprocessocriminal.

Entretanto,ocuidadocomovernáculoéextremamenterelevante.Omaisaltograudeconhecimentojurídicopodeserafetadoporerroscrassosdalínguaportuguesa;afinal,éinadmissívelqueooperadordoDireito,trabalhando,sobretudo,comomanejodoidioma,falhejustamentenessaparte.

A escorreita apresentação do nosso vernáculo é exigível tanto nas peças escritas quanto nasmanifestaçõesorais.

Associado a tal ponto, torna-se crucial ressaltar devam as peças forenses conter um portuguêscorreto,mas,sobretudo,desenvolvidoemconstruçõesinteligíveis.Nãosetratadeprovadeerudiçãoaapresentaçãodeideiasconfusasouexcessivamenterebuscadas.Afinal,osautosdoprocessoseformamdepeçasqueprecisamespelharasmanifestaçõesescritasdosenvolvidosnainvestigaçãocriminalenainstruçãodofeito,atéatingirasuafinalização.Oprocessoéumveículoinformativoeesclarecedordoqueocorrenocasoconcreto,referenteàapuraçãodeculpadequalquersuspeitodapráticadeumcrime.

Devem ser evitadas citações de doutrina estrangeira, sema devida traduçãopara o vernáculo, emqualquer peça forense, pois não se trata de obra científica, nem de artigo a ser publicado em revistaespecializada.Oleitordoprocessopodeserleigoedeveteracessointeligívelatodasasmanifestaçõesaliproduzidas.

Oexcessodeargumentos,arepetiçãodeideiaseoabusodeadjetivoselogiosostransformamapeçanumautênticotormentoparaquemalê.Nãoéaargumentaçãoexpostademaneiraexageradaocaminhoeficiente para convencer juízes e tribunais, pois, atingindo certo ponto da peça, sem a renovação deideias, dificilmente, haverá uma leitura atenta do que ali consta. Aliás, outro elemento de desgaste,particularmentedepetições,éarepetiçãodeargumentos,comoseainsistênciapudessecansare,comisso,convencerojulgador.Aocontrário,terminapordemonstrarinsegurançaefaltadetécnica,deixandode ser a peça um veículo de real convencimento. Por derradeiro, o abuso de adjetivações édesnecessário; ninguém convencemagistrado algum se valendo de rebuço de linguagem (ex.: “notável

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3.

juizFulano”;“fantásticaeprimorosadecisão”;“impecávelegloriosoacórdão”).Evite-se, por óbvio, o demasiado emprego da expressão de escusa data venia. Cuida-se de uma

formaelegantedediscordardealgumposicionamento,sejadojuizdacausa,sejadaoutraparteouatémesmodedoutrinaoujurisprudência.Entretanto,hádeserutilizadocomcautelaemoderação.Oautordapeça(advogadooupromotor) temliberdadeparaargumentareexporseupontodevista,semqueessasingelaapresentaçãodeideiaspossarepresentarconfrontoouagressãoaqualqueroutroparticipantedofeito.Oabusono lançamentododataveniabanalizaoargumentoe terminaporanularoseuefeitodeneutralizareventualconfrontodeposições.

O processo demanda respeito ao vernáculo, abomina citações em idioma estrangeiro, nãotraduzidas, e clama por objetividade, argúcia na exposição de ideias, com capacidade de sucintaabordagemdostemasinteressantes.

Alisuranotratodapartecontrária,bemcomonasreferênciasfeitasajuízesemembrosdetribunaiséobrigaçãodooperadordoDireito,napráticaforense.Oprocessonãoécenáriodeguerra,nemcampodebatalha. Inexiste qualquer razão plausível para a deselegância nas abordagens feitas em peçasprocessuais.

Emnenhumahipótese,háviabilidadeelegitimidadeparasedirigirqualquerofensaaoacusado,sejaele quem for e por pior que possa ser a infração penal cometida.OEstado-juiz, sendo o caso, devecondená-lo, dentro das regras do devido processo legal,mantendo-se, acima de tudo, a dignidade dapessoahumana.Porisso,inexistecampoparaaintroduçãodeadjetivosforadocontextojurídico-penal(ex.:“abominávelmarginal”;“serdesprezível”;“sanguináriomatador”etc.).Omesmorespeitovaleparaaspartes,emparticularparaquematuenopoloacusatório.

Essa consideração deve ser mantida, inclusive e especialmente, no Tribunal do Júri, quandoprevalecem os debates orais. Cabe ao juiz-presidente zelar pelo linguajar utilizado pelas partes,impedindoqualquerabusoofensivodirigidoàpartecontráriaouàpessoadoacusado.

Adignidade da pessoa humana é princípio regente universal, determinando o trato imparcial eequidistante do réu, vedando-se qualquer verve ofensiva a ele dirigida, de conteúdo exterior aocontextojurídico-penal.

Orientaçõesaosadvogadosedefensorespúblicos

O advogado não tem a obrigação de ganhar a causa, absolvendo o réu ou conquistando-lhebenefíciospenais;oseupapelédedefensordosinteressesdoacusado,masnãopodesubstituir-seaojuiz, prolatando a decisão, motivo pelo qual não tem o condão de garantir qual será o teor dojulgamento.

Cabe-lhe,fundamentalmente,oexercícioconstitucionaldaampladefesa,envolvendoamaisefetivaeeficazatuaçãopossível.Para tanto,devezelarpelo interessedoconstituídodesdeoprimeirocontato,que,sepossível,sefaráaindanafase investigatória.Suaatividadeprimordialdeveconsistiremfazer

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prevaleceroprincípioconstitucionaldapresunçãode inocência, evitandoqueo indiciadoou réu sejarecolhido ao cárcere em prisão provisória. Esta, como se sabe, émedida excepcional e somente temcabimento quando preenchidos os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal. Caso haja adecretaçãodaprisãopreventiva,semoseguimentofielaosseusrequisitos,oadvogadodevepleitearaojuízoqueadeferiuasuarevogação;nãoobtidooefeitodesejado,ingressa-secomhabeascorpus.

Na fase policial, havendo prisão em flagrante, o advogado deve analisar, detalhadamente, asformalidades intrínsecas e extrínsecas do auto de prisão, a ponto de, vislumbrando algum defeito,peticionar ao juiz responsável pelo conhecimento da prisão, para que relaxe o flagrante. Relaxar oflagrantesignificareconhecerailegalidadedaprisão;logo,deve-sesimplesmentecolocaroindiciadoouréuemliberdade.

Seo autodeprisão em flagrante estiver formalmente emordem,não cabepedidode relaxamento,mas,sim,deconcessãodeliberdadeprovisória,comousemfiança,dependendodocasoconcreto.Paraodeferimentodaliberdadeprovisória,bastaapontaraojuizquenãoestãopresentesosrequisitosparaapreventiva(art.312,CPP).

Aprisãotemporária–outramodalidadedeprisãocautelar–émaisdifícildesercombatida,emfacedo seu exíguo prazo de duração (até 5 dias, crimes comuns; até 30 dias, crimes hediondos eequiparados).Noentanto,cabepeticionaraojuizparaasuarevogaçãoimediata,quandonãopreenchidososrequisitoslegais(art.1.º,IeII,ouart.1.º,IeIII,daLei7.960/89).Recusadaarevogação,impetra-sehabeascorpus.Nesta hipótese, é fundamental fazer pedido liminar, pois cabe ao relator apreciar, depronto, a eventual ilegalidade da temporária.Aguardar o julgamento pelaCâmara ouTurma pode serinútil,poisvencidooprazo,oindiciadoserásolto.

Havendo prisão em flagrante, cabe ao advogado avaliar o auto lavrado; encontrando qualquerilegalidadeformal,pedeaojuizorelaxamentodaprisão;detectandoavalidezdoatoprisional,pedeaojuizaliberdadeprovisória,comousemfiança,argumentandoemrazãodaausênciadosrequisitosdaprisãopreventiva.Emqualquercaso,negadoorelaxamentooualiberdadeprovisória,impetra-sehabeascorpus.

Oadvogadotemacessoaosautosdeinquéritoeaosdoprocesso,mesmoquandodecretadoosigilopelojuiz.Entretanto,nestahipótese,deveterprocuraçãodoindiciadoouacusadoparaacessarofeito.Anegativadeacessodemandaaimpetraçãodemandadodesegurançaaojuizcontroladordoinquérito,seaautoridadepolicialforacoatora;impetra-sejuntoaoTribunalEstadualouRegional,quandoojuizforaautoridadecoatora.Confira-seoteordaSúmulaVinculanten.14:“Édireitododefensor,nointeressedorepresentado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimentoinvestigatóriorealizadoporórgãocomcompetênciadepolíciajudiciária,digamrespeitoaoexercíciododireitodedefesa”.Portanto,comporta,atémesmo,oingressodereclamaçãodiretamentenoSTF.

Qualquermedidadecretadaparaaquebradesigilodoindiciadoouréu(bancário,fiscal,telefônico),quandocientificadooadvogado,permiteainterposiçãodemandadodesegurança,visandoobstaroatoconsideradocoator.Tem-seentendidonão ter sentidocomeçara investigaçãocriminal justamentepelaquebradosigilo.Estasomentetemfundamento,quandooutrasprovasjátiveremsidoproduzidas,aponto

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deevidenciar,minimamente,materialidadeeindíciosdeautoria.Oacompanhamentodoinquéritonãoconcedeaoadvogadoamplaoportunidadededefesa,poisnãose

tratadeprocesso,masdeprocedimentoadministrativoinvestigatório.Mesmoassim,torna-serelevantepeticionaraodelegado,quandopossível,propondoesugerindoaproduçãodeprovas;se indeferidoopedido, de todomodo, registra-se o interesse do advogado, em nome do constituído, em promover abuscadaverdadereal.

Umparticularcuidadodeveservoltadoaomandadodebuscaeapreensão.Háindevidocostumedesedeferiraexpediçãodemandadosgenéricosdebusca,comaapreensãoeventualdecoisasoupessoas.Cuida-sedeprocedimento ilegalvinculadoaos termosdoart. 243doCPP, logo,omandadodeve serespecífico emotivado.A expediçãodemandadodebusca e apreensãogenéricodeve ser questionadapeloadvogadocomoprovailícita,poiscontrariafrontalmenteoreferidoart.243doEstatutoProcessual.Assimocorrendo,enquadra-seasituaçãonodispostopeloart.157,caput,doCPP.Pode-sedarinícioaoincidente de ilicitude de prova, quando em juízo; se o mandado for juntado ainda na fase policial,aguarda-seodeslindedainvestigaçãoparasequestionarasuailicitudeemjuízo.

Oacompanhamentoatentodas investigaçõespoliciaispeloadvogadoproporciona-lheproporasmedidascabíveisparasalvaguardarosinteressesdoindiciado,taiscomomandadodesegurança,comoobjetivodeevitaraquebradesigilo,bemcomoincidentede ilicitudedeprova,esteúltimoassimqueatingirafaseprocessual.

Aampladefesafoiprestigiadapelareformaprocessualpenalde2008,permitindo-seaapresentaçãodequesitosea indicaçãodeassistentes técnicosparaavaliaros trabalhosdoperitooficial.Emboraaredação do art. 159, §§ 3.º, 4.º e 5.º, CPP, não seja clara o suficiente, deve-se acolher os quesitosoferecidospeloindiciado,sejápossuiradvogadonafasedoinquérito,paraencaminharaoperitooficial.Sabe-se que a maioria dos laudos é realizada na fase de investigação policial, motivo pelo qual aparticipaçãodosenvolvidos(indiciadoeórgãoacusatório)naproduçãodaprovapericialésalutar.

Apresentadaadenúnciaouqueixa,cabeaoadvogadoanalisaropreenchimentodosseusrequisitosformais(art.41,c.c.art.395,I,CPP),alémdeconfrontarapeçaacusatóriacomasprovasconstantesdoinquérito,embuscadascondiçõesdaação(art.395,II,CPP)oudajustacausaparaaaçãopenal(art.395, III,CPP).Sehouveroportunidade,mencionam-seos errosdadenúnciaouqueixa logonadefesapreliminar,propondoaomagistradoquenãoa receba.Seadenúnciaouqueixa já tiver sido recebida,requer-senadefesaprévia(apósacitação)sejaelaconsideradaineptaoudevaseravaliadaaausênciadecondiçõesdaaçãooudejustacausa.Emboraojuizjátenharecebidoapeçaacusatória,convencendo-sede se ter equivocado, cuidando-sedenulidade absoluta, porprejudicar seriamente a ampladefesa,podedeclararnulooseurecebimentoe tomarasprovidênciasnecessáriasparaoconsertodareferidapeça.

Tem-seadmitido,emcasosexcepcionaiseparticulares,ooferecimentodedenúnciagenérica,istoé,inserindovárioscoautoresepartícipesnopolopassivo,semindicar,detalhadamente,qualfoiacondutade cada um deles. Ocorre que, tal medida é excepcional, repita-se. E quando for utilizada, éimprescindível existam provas suficientes contra todos os denunciados, mesmo que não se saiba

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exatamente o que cada um realizou. O advogado deve ter a cautela de se certificar que a denúnciagenéricapreenchetalcaráterdeexcepcionalidade,porémcomjustacausa.Docontrário,recebidaapeçaacusatória,deve-se impetrarhabeascorpuspara trancaraaçãopenal.Ooferecimentodedenúnciaouqueixagenérica,semlastroprobatóriosuficiente,ofendeprincípiosconstitucionaisrelevantes,taiscomoa intranscendência da ação penal, a responsabilidade pessoal, a culpabilidade e a presunção deinocência.

Aanálisecriteriosadapeçaacusatóriainauguralédeextremavalia,evitando-seocerceamentoindevido à ampla defesa. Detectada a inépcia da denúncia ou queixa, a falta de pressupostosprocessuais ou condições da ação, bem como a falta de justa causa para a ação penal, cabe aoadvogado pleitear, de pronto, ao juiz a rejeição da peça; não sendo acolhido o pedido, impetra-sehabeascorpusparatrancamentodaação.

Seoréuestiverpreso,oadvogadodevezelarpelotempodeduraçãodaprisãocautelar,baseando-seno princípio da razoabilidade, utilizado majoritariamente pelos tribunais. Não há prazo certo para aduração da prisão provisória (exceto da temporária), razão pela qual esta é outra das missões dodefensor:provocar,porargumentos,oencurtamentodotempodeencarceramentoprovisóriodoacusado,vistosereleinocente,atéjulgamentodefinitivoemcontrário.

Nãosepodeaceitarcomorazoávelainstruçãoquesedilateabusivamenteatéatingiraaudiênciadecolheita da prova e julgamento, sem causa justa. A ausência de causa justa concentra-se,primordialmente,ematosdaacusação,protelandooandamentodainstrução(oitivadetestemunhasforadaComarca,porprecatória;realizaçãodeváriosexamespericiaisetc.).Lembre-seoadvogadoqueasmedidas por ele tomadas para protelar, inutilmente, a instrução, não serão levadas em conta para acontagemdo tempodeprisão,ouseja,os tribunaisnãoaceitarãomanobrasdefensivasparaestenderainstrução,aomesmotempoemqueseclamarpeloexcessodeprazoparaasuaconclusão.

Arazoabilidaderegeotempodeprisãoprovisóriaatualmente,cabendo,emespecial,aoadvogadoapontaraoJudiciário,porargumentos,qualseriaotemposuficienteparaainstruçãoequalseriaoperíodoabusivo.

Porcerto,aoladodoréuencontra-seoprincípiodapresunçãodeinocência,quetransfereoônusdaprovaparaaacusação.Talmedida,entretanto,nãoquerdizeracompletainérciadoadvogado,duranteainstrução. Sempre que viável, cabe-lhe indicar provas em prol do réu, pois nunca será demaisdemonstrar, cabalmente, a sua inocência (ou fatores que o beneficiemde algummodo).É convenientearrolar testemunhas de conduta social (antigamente, denominadas de antecedentes), para que possamdemonstraraojulgadorqueméoacusado,comopessoahumana,noseiodacomunidade.Oselementosligadosàpersonalidade,àcondutasocial,aosmotivoseaocomportamentodavítima,previstosnoart.59doCódigoPenal, serãoutilizadospelo juiz,emcasodecondenação.Assim,porcautela,éprecisoformarprovafavorávelaoréunotocanteataiselementosdeconteúdosubjetivo.Garantir-se-á,comisso,abranduranafixaçãodapena,casosejamconsideradosfavoráveisaoacusado.

Resguarda-seadefesapeloprincípiodapresunçãodeinocência,cabendoaoórgãoacusatóriooônus da prova; nunca é demasiado contribuir para a formação do convencimento do julgador,

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apresentandoprovasdainocênciadoréuoudefatoresbenéficosemcasodecondenação;aamplaeefetivadefesaenvolveaatuaçãopositivadoadvogado,contrapondo-seaodesideratodopoloativo.

Eventuaisfalhasocorridasnoprocesso,geradorasdenulidades,devemserapontadaspeloadvogadonaprimeiraoportunidadee,comcerteza,emalegaçõesfinais.Casoojuizrejeiteaargumentação,deve-sereiteraropedidodenulidadeempreliminardorecursocontraeventualsentençacondenatória.Zelarpelaampladefesasignificacuidardaperfeitadesenvolturadoprocesso,nosprecisostermosdalei.

Alguns defeitos, que podem surgir: a) cerceamento de defesa, como indeferimento de pedidos deproduçãodeprova;b)odesaforamentodeprocessodecompetênciadoTribunaldoJúri semapréviaoitiva da defesa; c) a inversão da produção da prova, ouvindo-se, antes, as testemunhas de defesa e,depois, as de acusação; d) o recebimento de denúncia ou queixa genérica, sem justa causa; e) a nãoconcessãodevistaàdefesaparasemanifestarsobreprovasjuntadaspelaacusação;f)anãoapreciação,pelo juiz, de todas as teses de defesa, apresentadas nas alegações finais, salvo quando o argumentoutilizadopelojulgador,porexclusãonatural,afasteoutrastesesparalelas;g)nãointimaçãodoréuparaconstituir outro defensor, quando o primeiro, de qualquer forma, abandonar a causa, antes de nomeardativoouprovocaraatuaçãodadefensoriapública;h)nãocumprimentodoprincípiodaidentidadefísicadojuiz.

Princípio recentemente introduzido no processo penal, a identidade física do juiz obriga que omagistradopresidentedainstrução,ondesecolheuaprova,sejaomesmoajulgaracausa,salvoashipótesesprevistasnoart.132doCPC.

Advindoasentença,deveoadvogadoanalisarojulgadosobtodososaspectos;havendocondenação,torna-seessencialenfocartantoasrazõesdojuizparaconsiderarculpadooréu,quantoosseusmotivosparaa fixaçãodapena.Asançãopenal,em todososseuselementos,quandoestabelecidaempatamarsuperior ao mínimo, demanda fundamentação. A ausência ou deficiência de motivação precisa serquestionadapeloadvogadonorecursoapresentado.

Cautela especial deve ser adotada para não utilizar o habeas corpus como substituto de todo equalquerrecurso.Aaçãoconstitucionalmereceusoparacombaterconstrangimentoilegaldireto,quandooutro recurso seja inviável ou inútil. Portanto, toda prisão pode ser questionada pelo instrumento dohabeas corpus. Nulidades flagrantes, mesmo após o trânsito em julgado, igualmente. Decisõesteratológicas, que provoquem imediato prejuízo ao réu, mesmo que haja recurso cabível, podem sercombatidas pelo emprego do habeas corpus. Entretanto, não se justifica, por exemplo, questionar asentençacondenatória,quantoaoméritodacondenação,pelaestreitaviadohabeascorpus.

Atingidooprocessoograuderecurso,recomenda-seaoadvogadoasustentaçãooral.ACâmaraouTurmadecideocasoemsessãopública,devendointimarodefensor,excetoemcasodehabeascorpus,previamente.Porisso,deveoadvogadopreparar-separaasustentaçãooral.Asvantagenssãoinúmeras:a)orelatoréomagistradoquemaisconheceoprocessoedaráovotocondutoreformadordaopiniãodosdemaiscomponentesdaCâmaraouTurma;apalavradoadvogadopodeservirdeconvencimentoaosoutros integrantes do colegiado, alterando o rumo do julgamento; b) quando os demais julgadores,ouvindo a sustentaçãooral, percebemalgo inéditooudiferenciadodovotodo relator, tendemapedir

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vista dos autos, estudando-omais detalhadamente; c) por vezes, o certeiro argumento da defesa podetocaratémesmoaposiçãodorelator,quealteraseuentendimentoeprovocaoacolhimentodorecursodefensivo.

Naturalmente,paraasustentaçãooral,éprecisopreparoededicação.Sãoelementosproveitosos:a)dirigir-se corretamente aos membros do colegiado, saudando-os nominalmente (sem errar o nome dequalquer deles); b) saudar, igualmente, o representante do Ministério Público; c) ser objetivo nasaudação, sem exageros ou excessos de elogios; d) expor sucintamente do que se trata o caso; e) sehouver preliminar, começar por esse tema, deixando bem clara essa iniciativa; f) quanto ao mérito,enumerar os pontos a abordar, fazendo-o na sequência prometida, o que garante maior atenção dosmagistrados;g)zelocomousodovernáculo,poisnadaserámaisconstrangedordoqueerroscrassosnessaexposição,fatorquetendeaabalaroargumentojurídico-penal;h)falarpausadamenteeemtomdevoz compatível como recinto, pois o advogadonão está em tribuna do júri, nem se apresenta para opúblico leigo; i) evitar piadas, anedotas ou sarcasmo, pois nem todos captarão o sentido do gracejo,podendoresultaremprejuízoparaaimagemdodefensor;j)nãoextrapolarotempoquelheéreservado,obrigandoopresidentedasessãoaintervir;k)utilizarlinguagemsimplesetotalmentevinculadaaocasoapresentado, pois a sustentação oral não é concurso público, nem apresentação de tese, a ponto dejustificar a mostra de erudição; l) não produzir autoelogio, pois o notável advogado, por certo, já éconhecidodosmagistrados.

Orientaçõesaosjuízes

Omagistradocorporifica,noprocesso,oesteiodaimparcialidadeestatalnasoluçãodosconflitos,devendo,porisso,defenderosprincípiosconstitucionaispenaiseprocessuaispenais,quedarãoguaridaaosdireitosegarantiasindividuais.

Pode-se sustentar a existênciado juizconstitucional, crendo-se ser omais adequadooperador doDireitoadarvaliaaospreceitosestabelecidospelaConstituiçãoFederal,acimademerosdispositivosdeleisordinárias,porventuradesatualizadasedesligadasdoEstadoDemocráticodeDireito.

Diantedisso,deveomagistradopreocupar-secomorespeitoaosdireitosindividuais,desdeafaseinvestigatóriaatéomomentodejulgaracausa.Nãoéàtoaque,peloatualsistema,hásempreumjuizacompanhando o desenrolar do inquérito, prestando-se a suprir as diligências que não podem serefetivadas,senãoporseuintermédio.Etalmedidademonstraarelevânciadoseupapel,comomediadorentreosinteressesdoEstado-investigaçãoedoEstado-acusaçãoeosdireitosfundamentaisdoindiciadooudoréu.

Não pode o juiz revestir-se de atividade alheia à sua função constitucional de preservação daimparcialidade, vale dizer, não cabe aomagistrado investigar, juntamente com a polícia e/ou com oMinistério Público. Portanto, deve ter cautela ao decretar a quebra de sigilo bancário ou fiscal, bemcomoainterceptaçãotelefônica;precisaatençãoparaexpedirmandadosdebuscaeapreensão;necessitazelopeculiaraodecretarqualquermodalidadedeprisãocautelar.

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Oindivíduoconfianojuizcomotravadesegurançaparaorompimentodeseusmaisfundamentaisdireitos, preservando-lhe, sempre que possível, a intimidade, a vida privada, a liberdade, o asilodomiciliar, as comunicações em geral, a propriedade, a honra, dentre tantos outros valoresdignificantesdapessoahumana.

A investigação policial não pode ter início pela violação de direitos individuais. Desse modo,havendo qualquer suspeita contra alguém, o primeiro passo é colher provas idôneas iniciais, para,depois, se for o caso, justificar medidas restritivas mais agressivas. Cabe ao magistrado zelar pelacolheitadeelementossuficientesadarsuportea invasõesemdomicíliosounavidaprivadaalheiaoumesmoparaorecolhimentoaocárcere.

Nãoseprincipiaumainvestigaçãopolicialdecretando-seaprisãotemporária;nãosedáinícioaoinquérito quebrando-se o sigilo fiscal, bancário ou das comunicações de alguém; não se podedeterminarainvasãodedomicíliosemmínimaprovapré-constituída.

Sem dúvida, o juiz é, também, um defensor dos interesses da sociedade, razão pela qual, quandohouvermotivosuficiente,devetomarasmedidasrestritivasnecessárias,decretandoaprisãocautelarourompendoqualquertipodesigiloparaainvestigaçãoprosseguircomêxito.Porém,deveconscientizar-sesermaisárduoocontroleeagarantiadosdireitosfundamentaisdoqueainvasãoeaprisãodequemquerqueseja.Banalizarainstrumentalizaçãodaforçaestatalnãoétarefadojuizconstitucional.

O recebimentodo autodeprisão em flagrantenão constituimera formalidade, passível de singelodespacho,sematentaleituradoconteúdodapeçaapresentada,consistenteemdeclararformalmenteemordemoauto,devendo-seaguardaravindadosautosprincipais.Aotomarconhecimentodaprisãoemflagrante,omagistradodevevalidá-la,considerando-a legal,ou lhecabe invalidá-la,porofensaà lei,casoemquenecessitarelaxá-la.Lembre-sequevalidaroautodeprisãoproformaequivaleacorreroriscodecometeramesmailegalidadejáproduzidaporquemolavrou.Ojuizéoguardiãododireitoàliberdade;porisso,tomaconhecimentodasprisõesefetuadassemmandadojudicial,comoéocasodoflagrante.

Se o auto de prisão foi corretamente elaborado, por certo, não cabe o relaxamento. Entretanto,demanda-sedomagistradoaavaliaçãodanecessidadedaprisãocautelar,sobosauspíciosdoart.312do Código de Processo Penal. Encontrando-se presentes esses requisitos, deve negar a liberdadeprovisória,comousemfiança.Nãoseconstatandoosrequisitosdapreventiva,coloca-seoindiciadoemliberdadeprovisória.

Essasmedidas constituem deveres do juiz, a serem cumpridos independentemente de provocação.Noutrostermos,orecebimentodoautodeprisãoemflagranteexigeasuaanálisepelomagistradoparaseconstataralegalidadedoato.Nasequência,torna-securialavaliaramantençadoindiciadonocárcere,explicandoemotivandotaldecisão,oupromoverasuasoltura,valendo-sedaliberdadeprovisória.

Nessaesteira,emqualquerfasedoinquéritooudoprocesso,casosejadecretadaaprisãopreventiva,édeverdojuizfundamentarasuadecisão.Quandosemencionataldever,certamente,parecealgoóbvioedesnecessário.Noentanto,apráticaforensedemonstraocontrário.Váriossãoosmagistradosquese

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contentam em decretar a preventiva, valendo-se de termos genéricos, muitos dos quais constituemsingelas reproduçõesdoconteúdo legal.Exemplo:“Porestarempresentesos requisitosdoart.312doCPP, decreto a prisão preventiva de _____”; “Para a garantia da ordem pública, decreto a prisãopreventivade______”.

Nãoseconferiuaojuizopoder-deverdedecretaraprisãocautelar,quandoimperiosaamedida,parasedepararcompífiasdescriçõescomoasacimadescritas.Nãosignificaabsolutamentenadaemmatériadefundamentaçãoameraremissãoaotextolegal;éessencialdigaomagistrado,baseando-senasprovasdosautos,quaissãoosrequisitosdoart.312doCPPnosquaissecalcaequaissãooselementosfáticosqueformamosreferidosrequisitos.Nãobastaindicaragarantiadaordempública,emtermosabstratos,exigindo-se que seja especificado qual o fato sobre o qual se ergue a perturbação à ordem pública,motivandoadecretaçãodaprisãopreventivaparagarantirosossegodasociedade.

Aprisãoprovisória,paranãoferirmortiferamenteoprincípiodapresunçãodeinocência,precisacalcar-senanecessariedadeenaindispensabilidade,comfundamentofáticonosrequisitosdoart.312doCPP;ojuizéoguardiãodaliberdadeindividualesomentepoderestringi-la,valendo-sedaprisãocautelar,quandoofizerdemodofundamentado,semousodetermosvagoseimprecisos.

Na sentença, exprime o julgador o seu convencimento, que, embora livre, sustenta-se no pilar damotivação.Emcasodecondenação,develembrar-sedafundamentaçãoreferenteàtipicidadebásica(sehouveounãofurto,porexemplo),mas tambémdasdemaiscircunstânciasdodelito,elementosfulcraisparaaindividualizaçãodapena.

O juiz constitucional zela pelo respeito fiel aos princípios penais, dentre os quais se destaca aaplicação da pena, demodo particularizado, evitando-se a infeliz pena-padrão. Por isso, ao longo dainstrução,podedeterminaraproduçãodeprovasparaapuraroselementossubjetivosconstantesdoart.59 do Código Penal, tais como personalidade, condutas social, motivos e comportamento da vítima.Forma-sequadroprobatóriosuficienteparaafixaçãodapena-base,nofuturo.

A sanção penal envolve o estabelecimento do quantum (de dois a cinco anos, por exemplo),juntamente com o regime de cumprimento (fechado, semiaberto e aberto). Além disso, abrange osbenefícios penais cabíveis no caso concreto (suspensão condicional da pena; substituição por penasrestritivasdedireitosoupormulta).

Todasas fasese estágiosdevemser justificados, aindaque, ao final, atinja-se apenamínimaeoregimecarceráriomaisfavorável.

Firmar o seu convencimento na sentença, apresentando a detalhada motivação do conjunto,apontando materialidade, autoria e pena justa, quando for o caso de condenação, é o objetivoprincipaldojuiz.

OrientaçõesaosmembrosdoMinistérioPúblico

Aguarda-se do promotor de justiça a atuação imparcial em prol da sociedade; sua função é a

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preservaçãodaleiedosdireitosegarantiasfundamentais,tantoquantoasegurançaeaordem;jamaissepodevisualizaromembrodoMinistérioPúblicocomoinimigodoindiciadoouréu.

Há uma enorme diferença entre promover justiça e perseguir pessoas. A sociedade está bemrepresentadaemfacedaatuaçãodeumMinistérioPúblicoimparcial,quetantobradapelaprisãoquantopela soltura; capaz de requerer medidas restritivas de direitos individuais ao juiz como também defiscalizaraatuaçãodomagistrado,paraquealeisejafielmentecumprida.

Enfim,avisãodopromotorconstitucionalébusca implacávelaocrime, respeitando-seosdireitosindividuaiseadignidadehumanadocriminoso.

Muitas das observações tecidas em relação ao advogado, por certo, servem ao representante doMinistérioPúblico,quefiguracomopartenoprocessocriminal,atuandonopoloativo.

Entretanto,hádeterminadasatribuições,quedependemdiretamentedoórgãoacusatório,como,porexemplo, fiscalizar o processo de individualização da pena, buscando o cumprimento de preceitoconstitucional.

Contentar-se com a política de pena mínima, desprezando-se os inúmeros fatores existentes noCódigoPenal,paraaprocuradapenajusta,nãoécompatívelcomaconcretizaçãodajustiça.Porisso,cabeaoórgãoacusatóriopromover,aolongodainstrução,acolheitadeprovasindicadorasdealgomaisqueofatotípicobásico.Éfundamentalquesepossacoletardadosarespeitodapersonalidadedoagente,suacondutasocial,seusmotivosparaapráticadainfraçãopenal,bemcomoacercadocomportamentodavítima.

O rol de testemunhas da acusação deveria conter não somente aquelas que irão contribuir para aprova damaterialidade e da autoria do delito,mas também as pessoas que poderão indicar aspectosparticularesdoréu.Desdeafaseinvestigatóriapodeopromotordedicarparceladoseutemponabuscaportaiselementosdeprova.

Assimocorrendo,pode-sedemandardo julgadoraaplicaçãodapena justa,nãonecessariamenteomínimolegal.E,casonãosejaindividualizadacorretamenteasançãopenal,exige-seainterposiçãoderecursoparaqueinstânciassuperiorespossamcorrigi-la.

O Ministério Público é órgão imparcial, que luta contra o crime e não contra o criminoso;fiscalizaojuizeaatividadepolicial,tudoemfunçãodofielcumprimentodalei;zelapelosprincípiosconstitucionaiscomoumtodo,buscandopromoverasegurançapúblicaeoresguardoaosdireitosegarantiasindividuais.

Orientaçõesaosdelegadosdepolícia

OEstado-investigaçãocontacomosdelegadosparaatuarnocombateàcriminalidade,apontandoaoEstado-acusaçãoaexistênciadodelitoeasuaautoria.

Sob sua presidência, instaura-se o inquérito, procedimento administrativo, de caráter inquisitivo esigiloso,paraaveriguarocometimentodeinfraçõespenais.Aatuaçãododelegadoconstituialinhade

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frentedaJustiça,poiséoprimeirooperadordoDireitoasedepararcomocrimeeseuautor.Asiniciaismedidasrepressivassãoporelesugeridas,porrepresentaçãoaojuiz,indicandoaprisão

temporáriaoumesmoapreventiva,dependendodocaso.Podesugeriraquebradesigilo,ainterceptaçãotelefônica e a expedição demandado de busca e apreensão. Trabalha em conjunto com oMinistérioPúblicoparaasseguraracolheitadeprova razoável apermitirooferecimentodedenúnciaouqueixa,lastreadaemelementospré-constituídos.

Almeja-seumdelegadoimparcialna investigação,poisesteéoescopodoEstadoDemocráticodeDireito; não se pretende investigar, processar e punir inocentes,mas culpados. Por isso, abrir váriaslinhasde investigaçãopodeservirdeparâmetroparaampliara listadesuspeitos,devendo-seevitarainvestigação dirigida ou às avessas. Esta posição parte de um suspeito e em torno dele busca-seconsolidartodaacoletadeprovas;ora,seinocentefor,tende-seaofracassoinvestigatórioouaofomentodeerrojudiciário.

Háprovaspericiais,produzidasnafasedoinquérito,queserão,praticamente,definitivas.Aguarda-sedodelegadoozeloparticularempromoverasuaformaçãonamaisadequadaeperfeitaharmoniacomotipopenalemfoco.

Cuida-se de bacharel emDireito, capaz de avaliar o que será necessário ao juiz, por ocasião dasentença,paracomprovaramaterialidadedodelito;esseéomotivocrucialparaauxiliarnaformaçãodeprovapericialútil.

Exemplodissoéo laudonecessárioparaatestaraviolaçãododireitoautoral,quandose tratardeCDs eDVDs piratas. Essa prova necessita indicar qual é o conteúdo dosCDs eDVDs apreendidos,quais os artistas nele constantes, quais as produções e/ou filmes, quais as gravadoras ou produtoraslesadasetc.Entretanto,váriasvezes,advêmlaudostotalmentevazios,quenemmesmoatestamqualéoconteúdo do material apreendido. Tal situação provocará, futuramente, a desconsideração damaterialidadedocrimepeloJudiciárioe,naessência,quempoderiaterevitadoesseerroeraodelegado,condutordoinquérito.

Outropontoessencialnaatividadedodelegadoéa tipificação inicialda infraçãopenal,podendo,semdúvida, influenciar emmedidasprocessuais penais benéficas ao indiciado.Aautuaçãode alguémcomotraficanteécompletamentediversadaautuaçãodoindivíduoporportededrogasparausopróprio.Enquanto a primeira resulta em auto de prisão em flagrante, com rara possibilidade de liberdadeimediata, a segunda configura infração de ínfimo potencial ofensivo, com termo circunstanciado eliberdadeassegurada.

Eis a responsabilidade do delegado constitucional, operador do Direito preocupado com aimparcialidadedasuaatividade,conscientedequesuaatuaçãopodeinfluir,diretamente,nosdireitosegarantiasindividuais.

Ademais, para a lavratura do auto de prisão em flagrante, quando constatada esta situação fática,demanda-se a prova da tipicidade; não cabe ao delegado avaliar, desde logo, a ilicitude e aculpabilidade,fatoresdaresponsabilidadedoMinistérioPúblico,parapropordenúncia,oudojuiz,para

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receberapeçaacusatóriaoujulgaraação.Porém,nessecontexto,invade-senamodernajurisprudênciareinante,admitindo-se,porexemplo,o

princípio da insignificância (crime de bagatela) como excludente da tipicidade material. Ora,apresentadoalguémaodelegado, autordeum furtodepouquíssimamonta, pode-sedeixarde lavrar aprisãoemflagrante,vislumbrando-seabagatela.Registra-seaocorrência, formalmente, transmitindo-aao representante do Ministério Público, que, entendendo de modo diverso, poderá requisitar ainstauraçãodeinquérito.Noentanto,evita-se,legitimamente,otraumadaprisãoemflagrante,queseriacalcadaemfatopotencialmenteatípico.

A atuação imparcial do delegado constitui elemento fundamental no contexto criminal,consolidando-seapreservaçãodadignidadedapessoahumana,soboEstadoDemocráticodeDireito.

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________Sobreotema,consultaronossoPrincípiosconstitucionaispenaiseprocessuaispenais.

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PráticaForensePenal.8.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

CódigodeProcessoPenalMilitarComentado.2.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

EstatutodaCriançaedoAdolescenteComentado–EmbuscadaConstituiçãodaRepúblicaFederativadasCriançasedosAdolescentesdoBrasil.RiodeJaneiro:Forense,2014.

HabeasCorpus.RiodeJaneiro:Forense,2014.

PrisãoeLiberdade.4.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

LeisPenaiseProcessuaisPenaisComentadas.8.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.vol.1.

LeisPenaiseProcessuaisPenaisComentadas.8.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.vol.2.

CódigoPenalMilitarComentado.2.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

TribunaldoJúri.5.ed.Riodejaneiro:Forense,2014.

IndividualizaçãodaPena.6.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

ManualdeDireitoPenal.Partegeral.Parteespecial.10.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

CódigoPenalComentado.14.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

ManualdeProcessoPenaleExecuçãoPenal.11.ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

CódigodeProcessoPenalComentado.13ed.RiodeJaneiro:Forense,2014.

Prostituição,LenocínioeTráficodePessoas.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

OrganizaçãoCriminosa.ComentáriosàLei12.850de02deagostode2013.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

DicionárioJurídico.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

CódigoPenalComentado–versãocompacta.2.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

CrimesContraaDignidadeSexual.4.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

DireitoPenal–ParteEspecial.2.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2012.Esquemas&sistemas.vol.2.

DireitoPenal–ParteGeral.3.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

DireitoProcessualPenal.2.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.Esquemas&sistemas.vol.3.

PrincípiosConstitucionaisPenaiseProcessuaisPenais.3.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

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ProvasnoProcessoPenal.3.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2013.

DoutrinasEssenciais.DireitoProcessualPenal.Organizador, em conjunto comMaria TherezaRocha deAssisMoura. SãoPaulo:Ed.RT,2012.vol.IaVI.

TratadoJurisprudencialeDoutrinário.DireitoPenal.2.ed.SãoPaulo:Ed.RT,2012.vol.IeII.

TratadoJurisprudencialeDoutrinário.DireitoProcessualPenal.SãoPaulo:Ed.RT,2012.vol.IeII.

DoutrinasEssenciais.DireitoPenal.Organizador,emconjuntocomAlbertoSilvaFranco.SãoPaulo:Ed.RT,2011.vol.IaIX.

CrimesdeTrânsito.SãoPaulo:JuarezdeOliveira,1999.

Júri–PrincípiosConstitucionais.SãoPaulo:JuarezdeOliveira,1999.

OValordaConfissãocomoMeiodeProvanoProcessoPenal.ComcomentáriosàLeidaTortura.2.ed.SãoPaulo:Ed.RT,1999.

TratadodeDireitoPenal.FredericoMarques.Atualizador,emconjuntocomoutrosautores.Campinas:Millenium,1999.vol.3.

TratadodeDireitoPenal.FredericoMarques.Atualizador,emconjuntocomoutrosautores.Campinas:Millenium,1999.vol.4.

TratadodeDireitoPenal.FredericoMarques.Atualizador,emconjuntocomoutrosautores.Campinas:Bookseller,1997.vol.1.

TratadodeDireitoPenal.FredericoMarques.Atualizador,emconjuntocomoutrosautores.Campinas:Bookseller,1997.vol.2.

RoteiroPráticodoJúri.SãoPaulo:OliveiraMendeseDelRey,1997.