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Apostila de Direito do ComrcioInternacional
Professor Tephilo de Arajo
Direito do Comrcio
Internacional
Professor Tephilo de Arajo
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Apostila de Direito do ComrcioInternacional
Professor Tephilo de Arajo
Sumrio
Captulo 01 Partes e Auxiliares do Comrcio Exterior........................................ 3
Captulo 02 SISCOMEX Sistema Integrado de Comrcio Exterior.................. 7
Captulo 03 Tributao no Comrcio Exterior................................................... 10
Captulo 04
Lex Mercatoria.................................................................................. 19
Captulo 05 Contratos Internacionais................................................................. 28
Captulo 06 Principais Clusulas dos Contratos Internacionais...................... 35
Captulo 07 Contratos Internacionais Parte Especial..................................... 43
Captulo 08 Soluo de Controvrsias Privadas no mbito do Comrcio
Internacional............................................................................................................ 50
Capitulo 09 Direito Internacional Econmico (DIE)........................................... 61
Captulo 10 Blocos Econmicos......................................................................... 70
Referncias Bibliogrficas..................................................................................... 84
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Captulo 01 Partes e Auxiliares do Comrcio Exterior
1.1. Exportador e Importador
Exportador aquele que remete ou vende mercadoria nacional para fora do pas, j
o Importador age no fluxo contrrio, traz para dentro de um dado pas produtos
estrangeiro.
As obrigaes principais do Exportador e do Importador (venda, entrega, transporte
e demais aes) e a responsabilidade entre as partes sero reguladas conforme
negociado e firmado no contrato.
As obrigaes acessrias bsicas do exportador so emitir documentao fiscal de
sada de mercadoria e demais documentos relativos operao como a fatura
comercial (commercial invoice), lista dos produtos (packing list), certificado de
origem, certificado de anlise, certificado fitossanitrio, laudo tcnico, conforme
exigncias do pas de destino. Alm dessas, o exportador tambm deve ser
cadastrado no SISCOMEX (Sistema Integrado de Comrcio Exterior).
Para o importador, as obrigaes acessrias so receber e conferir a documentao
enviada pelo exportador e pagar taxas e impostos incidentes sobre a operao de
importao. Alm disso, o importador dever ser credenciado perante a Receita
Federal do Brasil por meio de instrumento de procurao autorizando um
despachante aduaneiro a efetivar as operaes em solo nacional em seu nome.
1.2. Empresa Comercial Exportadora (Trading Companies)
Empresa Comercial Exportadora uma pessoa jurdica com um empreendimento
extremamente especializado: a aquisio de mercadorias em um dado mercado
interno e a realizao da exportao desta. importante perceber que no possuem
linha de produo para exportar ou estrutura para representao comercialapenas
viabilizam exportaes em massa.
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As Empresas Comerciais Exportadoras possuem condies de realizar operaes
com custo obviamente mais baixo e de forma mais dinmica. Como necessitam de
um capital de giro menor, consegue reduzir custos operacionais e atuar em diversos
mercados nacionais, racionalizar estoques e exportar para indstrias com linha de
produo just in time, e so capazes de exportar os mais diferentes tipos de
produtos de forma consolidada.
aplicvel as trading companiesos mesmos benefcios fiscais concedidos por lei s
exportaes, como por exemplo, em operaes de mera compra de mercadorias no
mercado interno quando almejarem o fim especfico de exportar.
As exigncias bsicas para o funcionamento de uma tradingso: a constituio sob
a forma de sociedade por aes, capital mnimo aprovado pelo Conselho Monetrio
Nacional e um Certificado de Registro Especial perante a Receita Federal do Brasil.
1.3. Auxiliares do Comrcio Exterior
Os auxiliares do comrcio so partes que tambm se inserem na transao demaneira decisiva para o sucesso desta, porm no participam necessariamente do
risco do negcio. So prestadores de servio e podem se constituir, dependendo da
legislao interna, na forma de pessoas jurdicas.
Os auxiliares do comrcio so de extrema importncia, pois servem para adequar
procedimentos internacionais ao ordenamento jurdico interno e agilizar as
operaes comerciais globalizadas. Quanto responsabilizao pelos atospraticados, como os auxiliares do comrcio agem em nome do importador e
exportador, seus atos so imputveis a estes ltimos.
1.3.1. Agentes de exportao e importao
O agente de comrcio exterior (trading agent) aquele responsvel pela
intermediao da compra e venda de produtos provenientes de importao ou
destinado a exportao.
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1.3.2. Agentes/corretores de Carga ou agente consolidador de cargas
O agente/corretor de cargas angaria e negocia a locao de espao nos diversos
meios de transporte. Tambm possui a funo de consolidador de cargas, isto ,
rene cargas de volume pequeno em volume maiores (pallets ou containers). Como
pode prestar servios para mais de uma empresa de transporte, bem como muitas
cargas em um s embalagem, oferece ao expedidor uma diversidade de opes de
rota a um custo menor.
1.3.3. Despachante aduaneiro
O despachante aduaneiro tem a funo bsica de representar o exportador ou o
importador perante as autoridades alfandegrias e cuidar de possveis entraves
burocrticos, decorrentes, principalmente, de especificidade procedimental. Devem
ser credenciados pela RFB.
As principais obrigaes do despachante aduaneiro so concernentes ao preparo da
Declarao Aduaneira e cumprimento das requisies da RFB para inspeo efiscalizao da entra e sada de bens e mercadorias.
1.3.4. Comissrio de despachos
As funes do comissrio de despachos so intrinsecamente relacionadas com a
logstica de expedio, transporte e entrega da carga. Para tanto, o comissrio de
despacho, que pode ser pessoa fsica ou jurdica, deve conhecer a origem e odestino da carga, bem como as exigncias tcnicas e econmicas do mercado em
que esta se insere.
A escolha do meio de transporte mais adequado ao tipo de carga, bem como o
acompanhamento de seu transporte, uma de suas atribuies. Podem ser ainda
objeto de trabalho do comissrio de despachos a armazenagem para o transporte,
cabendo tambm ao comissrio cuidar da execuo dos assuntos alfandegrios em
geral, alm da escolha do seguro que cubra riscos inerentes ao transporte desta.
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1.3.5. Bancos
Os bancos tm uma grande participao no comrcio exterior porque atuam na rea
de crdito (financiamento a importao e exportao), bem como na intermadiao
de remessas financeiras entre importadores e exportadores.
1.3.6. Corretores de cmbio
O corretor de cmbio agente autorizado pelo exportador/importador a negociar a
venda e compra de moedas estrangeiras. O corretor de cmbio apenas um
interveniente, responde apenas pelos aspectos formais do contrato de cmbio e nopelos direitos e obrigaes decorrentes deles.
1.3.6. Empresa transitria
A empresa transitaria, tambm denominada forwarding agent, aquela responsvel
pela movimentao, corretagem e desembarao de cargas.
1.3.7. Agente de vistorias
O agente de vistoria preposto das empresas seguradoras. Sua funo consiste,
principalmente, na verificao das mercadorias descarregadas nos armazns.
responsvel tambm pelo recebimento de reclamaes por danos ou perdas
ocorridos na carga durante a viagem ou em seu manuseio (movimentao).
1.3.8. Armazns gerais
Os armazns gerais, instalaes de natureza privada, tm por finalidade guardar e
conservar mercadorias em geral, para posterior distribuio a terceiros ou entrega
ao seu proprietrio.
1.3.8. Entrepostos aduaneiros
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Os produtos a serem exportados ou importados so mantidos temporariamente no
entreposto aduaneiro antes da sada ou entrada no territrio nacional (desembarao
aduaneiro). Importante mencionar que mediante autorizao das autoridades
aduaneiras, os armazns gerais podem exercer as funes de um armazm
alfandegado ou entreposto aduaneiro.
Captulo 02 SISCOMEX Sistema Integrado de Comrcio Exterior
2.1. Objetivos
O Sistema Integrado de Comrcio Exterior - SISCOMEX um instrumentoinformatizado, por meio do qual exercido o controle governamental do comrcio
exterior brasileiro.
uma ferramenta facilitadora, que permite a adoo de um fluxo nico de
informaes, eliminando controles paralelos e diminuindo significativamente o
volume de documentos envolvidos nas operaes. um instrumento que agrega
competitividade s empresas exportadoras, na medida em que reduz o custo daburocracia.
O Siscomex promove a integrao das atividades de todos os rgos gestores do
comrcio exterior, inclusive o cmbio, permitindo o acompanhamento, orientao e
controle das diversas etapas do processo exportador e importador.
2.2. Usurios
So usurios do Siscomex:
importadores, exportadores, depositrios e transportadores, por meio de seus
empregados ou representantes legais;
a Receita Federal do Brasil - RFB, a Secretaria de Comrcio Exterior -
SECEX, os rgos Anuentes e as Secretarias de Fazenda ou de Finanas
dos Estados e do Distrito Federal, por meio de seus servidores;
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as instituies financeiras autorizadas pela SECEX a elaborar licena de
importao, por meio de seus empregados;
o Banco Central do Brasil - BACEN e as instituies financeiras autorizadas a
operar em cmbio, mediante acesso aos dados transferidos para o Sistema
de Informaes do Banco Central - SISBACEN, por meio de seus servidores e
empregados;
existem outros rgos governamentais atuantes no SISCOMEX envolvidos
em aspectos fitossanitrios, cientficos, de segurana, ambientais, entreoutros, representados pelo Ministrio da Defesa, Ministrio da Cincia e
Tecnologia, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), Polcia Federal,
Comisso de Energia Nuclear.
2.3. Administradores
O Siscomex comeou a operar em 1993, para as exportaes e, em 1997, para asimportaes. administrado pelos chamados rgos gestores, que so: a Secretaria
de Comrcio Exterior - SECEX, a Receita Federal do Brasil - RFB e o Banco Central
do Brasil - BACEN.
As operaes registradas via Sistema so analisadas online tanto pelos rgos
gestores, quanto pelos rgos anuentes que estabelecem regras especficas para o
desembarao de mercadorias dentro de sua rea de competncia.
Os denominados aspectos comerciais da operao de Comrcio Exterior so
fiscalizados e regulamentados pela Secretaria de Comrcio Exterior, que autoriza o
ingresso e sada de mercadorias para o exterior, sendo considerada esta etapa
como a comercial.
A Receita Federal do Brasil responsvel pela etapa aduaneira e edita, dentro de
sua competncia, atos legais que cuidaro dos aspectos fiscais e tributrios da
operao de comrcio exterior, bem como fiscaliza e disciplina a sada e o ingresso
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de mercadorias procedentes/com destino ao exterior e arrecadao dos tributos
incidentes nestas operaes.
O Banco Central do Brasil o responsvel pelos controles cambiais, editando
normas dentro da competncia legal derivada de lei, bem como fiscalizando os
aspectos cambiais da operao de comrcio exterior.
2.4. Operando o SISCOMEX
Para operar o SISCOMEX, o exportador (pessoa fsica ou jurdica) deve estar
habilitado por meio de senha obtida junto Receita Federal do Brasil - RFB.Entretanto, poder ser utilizado servio de terceiros que possuam senha, sem
descaracterizar sua condio de exportador direto, uma vez que o exportador estar
identificado por seu CPF/CNPJ.
Em uma ou outra modalidade ser necessrio nomear o representante legal perante
a RFB, o qual, munido da devida documentao, figurar como responsvel, aps
cumpridas as formalidades legais (como por exemplo, o preenchimento doformulrio de cadastramento e apresentao de documentos da empresa
comprovando a sua habilitao legal para tal funo).
2.5. Procedimento para a Exportao e Importao
O primeiro ato em uma operao de exportao ser o seu registro, e, aps, ser
emitida a Declarao de Exportao, que nada mais que a formalizao do ato decomrcio exterior, lanando-se em guia prpria as suas condies legais. A etapa
posterior ser a confirmao da presena da carga que ser de responsabilidade do
depositrio da mercadoria ou, em sua ausncia, do prprio exportador.
Tem-se a seguir no sistema SISCOMEX o registro dos dados de embarque, que
ser de competncia do exportador ou de seu transportador, que dever declarar a
via de transporte (rodovirio, areo, fluvial, ou lacustre). Aps esta etapa, o sistema
registrar a recepo dos documentos para a seguir proceder sua parametrizao.
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Em razo do imenso volume de transaes, o sistema trabalha com parametrizao
e amostragem, criando denominados canais de exportao. Estes canais so
instrumentos criados pelo sistema visando indicar para o exportador e para a RFB o
tratamento que ser dispensado.
Se verde o canal, o sistema proceder ao desembarao aduaneiro
automaticamente, estando dispensados o exame documental e a verificao,
quantificao e conferncia das mercadorias.
Quando laranja o canal, fica dispensada a conferncia fiscal da mercadoria, no
obstante ser necessrio o exame da documentao. Nos casos em que o sistemaapontar o canal vermelho, ser de rigor o exame documental e fsico da mercadoria.
Aps o desembarao aduaneiro, a mercadoria estar liberada para embarque,
sendo registrados os dados da via de embarque, procedida deste, e emitidos o
comprovante de exportao e o contrato de cmbio.
Nas operaes de importao, o sistema funcionar da mesma maneira, criandoetapas sucessivas numa lgica sequencial. Como primeiro ato, haver o registro da
Importao, seguido da Declarao de Importao e etapas posteriores de fluxo
documental para apontar nos canais de importao, que observam a mesma lgica
dos canais de exportao. Haver os canis verde, laranja e vermelho, cada qual
definindo o exame e conferncia dos documentos, bem como a conferncia fsica da
mercadoria. O ato final ser o desembarao aduaneiro, com a liberao das
mercadorias e respectiva documentao.
Captulo 03 Tributao no Comrcio Exterior
3.1. Imposto sobre Importao de Produtos Estrangeiros
Trata-se de imposto de competncia federal. adotado na poltica cambiria do
pas. Sua finalidade mais econmica do que propriamente financeira. Visa
proteo do produto nacional frente competio no mercado internacional,
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incentivando a produo interna para a criao do maior nmero de divisas possvel.
Sua arrecadao feita pelas reparties denominadas alfndegas ou aduanas.
A Constituio no art. 150, 1, estabelece que o imposto sobre a importao no
est sujeito anterioridade anual, tampouco anterioridade nonagesimal, podendo
ser exigido desde o dia em que a Lei que o instituir ou aumentar esteja publicada no
Dirio Oficial da Unio.
3.1.1. Hiptese de Incidncia
hiptese de incidncia do imposto de importao a entrada de produtosestrangeiros no territrio brasileiro.
3.1.2. Base de Clculo
No sistema tributrio atual, o CTN (Cdigo Tributrio Nacional), h duas espcies de
base de clculo:
a. o preo do produto: o preo normal, ou, na eventualidade de no constar na
tabela de modo oficial, adota-se o preo de produto similar em venda e em
condies de livre concorrncia. Geralmente, toma-se por base o preo da fatura
comercial;
b. a unidade de medida: utilizada para medir, pesar ou contar o produto, o volume,
etc., tanto de imposto por metro, por quilo, por unidade, entre outros.
c. preo de arrematao: para o caso de produtos apreendidos ou abandonados.
3.1.3. Alquotas
A alquota fixada na Tarifa Externa Comum (TEC), aplicvel s importaes em
geral; poder, tambm, ser estabelecida em Acordos Internacionais, quando
prevalecer sobre a TEC.
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Pela circunstncia de ser o imposto de importao mais um instrumento regulador
do comrcio internacional e da poltica cambial do que um meio de recolher receitas,
a Constituio permite expressamente que, nos limites e condies da lei, o
Executivo pode graduar a alquota dentro do mnimo e do mximo da tarifa flexvel,
cabendo ao Congresso fixar aqueles tetos mnimo e mximo.
O aumento da alquota pode ser empregado tanto na importao, como na
exportao, a fim de evitar dumping.
3.1.4. Sujeitos
O sujeito ativo do I.I. a Unio, que detm a competncia normativa exclusiva em
matria de comrcio exterior. O sujeito passivo, ou contribuinte, o importador
(pessoa fsica ou jurdica) que realize importao; o arrematante de produtos
apreendidos ou abandonados; adquirente de mercadoria entrepostada ou o
destinatrio da remessa postal internacional.
3.1.5. Aspecto Temporal
O fato gerador do I.I. se d na entrada dos produtos importados em territrio
nacional. O momento dessa entrada fixado na data do registro da Declarao de
Importao (DI) na repartio alfandegria. Atualmente, com a utilizao do
SISCOMEX, o prprio importador promove o registro da DI, mediante prvio
pagamento do imposto.
3.2. Imposto sobre a Exportao, para o Exterior de Produtos Nacionais ou
Nacionalizados
Trata-se de imposto de competncia federal. encargo fiscal que incide sobre
mercadorias ou produtos fabricados ou produzidos no pas e remetidos para pas
estrangeiro. , por isso, de aspecto contrrio ao imposto de importao.
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A exportao pode se dar de forma direta ou indireta. A exportao direta quando
o estabelecimento industrial ou produtor emite a nota fiscal de venda endereada
diretamente ao destinatrio no exterior, com base em contrato comercial.
Considera-se exportao indireta quando o estabelecimento industrial ou produtor
emite a nota fiscal de venda (com o fim especfico de exportao) para destinatrio
comprador no Brasil, que funciona como interveniente comercial, que, por sua vez,
emitir a nota fiscal de venda endereada ao comprador estrangeiro. Nessa
hiptese, a exportao ser considerada indireta para o fabricante e direta para o
interveniente exportador.
3.2.1. Hiptese de Incidncia
A hiptese de incidncia no o negcio jurdico da compra e venda do exportador
para o estrangeiro, mas o fato material da sada de produto nacional, ou
nacionalizado, para outro pas, qualquer que seja o objeto de quem o remeta. Pouco
importa que se trate de doao ou de mercadoria do remetente, ressalvados os
casos de efeitos pessoais, bagagens, etc.
3.2.2. Sujeitos
O sujeito ativo a Unio e o sujeito passivo o exportador, assim considerada
qualquer pessoa que promova a sada da mercadoria do territrio aduaneiro. A
princpio, , pois, quem despacha a mercadoria para remessa por embarque a seu
destino no estrangeiro, ou mesmo a leva consigo. Geralmente, o negociante queadquire produtos nacionais para vend-los s praas estrangeiras. Poder ser o
prprio produtor, industrial ou comerciante, ou, ainda, o prprio negociante no
estrangeiro, acompanhando a mercadoria ou se utilizando de agentes, prepostos,
etc.
3.2.3. Base de clculo
A base de clculo ser o preo normal de venda da mercadoria, ao tempo da
exportao, obedecidas as regras do mercado exterior. Quando o preo da
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mercadoria for de difcil apurao ou for suscetvel de oscilaes bruscas no
mercado internacional, a Cmara de Comrcio Exterior fixar critrios especficos ou
estabelecer pauta de valor mnimo para apurao da base de clculo.
3.2.4. Alquota
A alquota de 30%, podendo ser reduzida ou aumentada, por questo de poltica
cambial pela Cmara de Comrcio Exterior, porm nunca poder ser superior a
150%.
3.2.5. Aspecto Temporal
O fato gerador da I.E. foi fixado na da data em que ocorrer o registro da exportao
no SISCOMEX.
3.3. Imposto sobre Produtos Industrializado.
Trata-se de imposto de competncia federal. O IPI, apesar de tipicamente no serum imposto sobre o comrcio exterior, tal como os I.I e I.E. , incide sobre a
importao de bens.
3.3.1. Hiptese de Incidncia
A hiptese de incidncia do IPI vinculado a importao de produtos
industrializados de procedncia estrangeira.
3.3.2. Sujeitos
O sujeito ativo a Unio e o sujeito passivo, no caso do IPI vinculado importao,
o contribuinte importador em relao ao fato gerador decorrente do desembarco
aduaneiro.
3.3.3. Base de clculo
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A base de clculo ser o valor que servir para base de clculo do Imposto de
Importao por ocasio do despacho aduaneiro.
3.3.4. Alquota
As alquotas so fixas em relao a cada tipo de produo e sero aplicadas de
acordo com o estabelecido na tabela de incidncia do IPI.
3.3.5. Aspecto Temporal
O IPI nesse caso tem como critrio temporal a ocorrncia de desembaraoaduaneiro de produto industrializado de procedncia estrangeira.
3.4. Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS)
Trata-se de imposto de competncia estadual. O ICMS incide sobre a circulao de
mercadorias e prestao de servios provenientes do exterior.
3.4.1. Hiptese de Incidncia
O ICMS tem por hiptese de incidncia a importao de mercadorias ou bens,
qualquer que seja a finalidade, bem como os servios prestados no exterior ou cuja
prestao se tenha iniciado no exterior.
3.4.2. Sujeitos
O sujeito ativo o Estado onde est situado o estabelecimento destinatrio da
mercadoria ou servio e o sujeito passivo aquela pessoa que realiza a importao,
independentemente da habitualidade ou do intuito comercial, bastando importar
mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja sua finalidade, ou adquirir em
licitao mercadorias ou bens apreendidos.
3.4.3. Base de clculo
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A base de clculo ser o valor da mercadoria ou do servio constante na declarao
de importao, acrescido do Imposto de Importao, IPI, IOC e outras despesas
aduaneiras.
3.4.4. Alquota
As alquotas sero fixadas pelo Estado competente.
3.4.5. Aspecto Temporal
O ICMS-Importao tem como fato gerador o recebimento da mercadoria importada,e condiciona o despacho aduaneiro ao pagamento do tributo.
3.5. Imposto sobre Operaes de Cmbio.
Trata-se de imposto de competncia federal. O IOC incide sobre negcios jurdicos
relativos a cmbio e compra e venda de moeda estrangeira.
3.5.1. Hiptese de Incidncia
A hiptese de incidncia do IOC a compra e venda de moeda estrangeira.
3.5.2. Sujeitos
O sujeito ativo a Unio e o sujeito passivo, so os compradores e vendedores demoeda estrangeira nas operaes para liquidao de contratos de cmbio nas
importaes e exportaes.
3.5.3. Base de clculo
A base de clculo o montante em moeda nacional, recebido, entregue disposio
correspondente ao valor em moeda estrangeira da operao de cmbio.
3.5.4. Alquota
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A alquota mxima de 25% podendo ser reduzida tendo em vista os objetivos das
polticas monetria, cambial e fiscal.
Sobre o valor ingressado no Pas decorrente de ou destinado a emprstimos em
moeda com os prazos mdios mnimos de at noventa dias a alquota de 5,38%;
Nas operaes de cmbio destinadas ao cumprimento de obrigaes de
administradoras de carto de crdito ou de bancos comerciais ou mltiplos na
qualidade de emissores de carto de crdito decorrentes de aquisio de bens e
servios do exterior efetuada por seus usurios a alquota de 2,38%;
Nas operaes de cmbio relativas ao pagamento de importao de servios a
alquota de 0,38%;
Nas liquidaes de operaes de cmbio relativas a transferncias do e para o
exterior, inclusive por meio de operaes simultneas, realizadas por investidor
estrangeiro, para aplicao nos mercados financeiro e de capitais, na formaregulamentada pelo Conselho Monetrio NacionalCMN a alquota zero;
Nas demais operaes de cmbio, excetuadas as operaes com incidncia de
alquota zero (vide art. 15 doDec. n 6.306 de 2007)a alquota de 0,38%
3.5.5. Aspecto Temporal
O fato gerador ocorre no momento da entrega da moeda nacional ou estrangeira, ou
de documento que a represente, ou a sua colocao disposio do interessado.
3.6. Contribuies sociais na Importao (PIS/PASEP, COFINS e CIDE).
3.6.1. Hiptese de Incidncia
O PIS e a COFINS incidiro sobre importao de bens e servios, sendo que os
servios aqui referidos so os prestados por pessoas fsicas ou jurdicas residentes
no exterior, executados no Pas ou no exterior, cujo resultado se verifique no pas.
http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Decretos/2007/dec6306.htmhttp://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Decretos/2007/dec6306.htm7/23/2019 2014_2_CDR_DCOIN_Apostila.pdf
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A incidncia da CIDE na Importao de Combustveis se d sobre a importao de
petrleo e seus derivados, gs natural e derivados, alm do lcool etlico
combustvel.
3.6.2. Sujeitos
O sujeito ativo a Unio e o sujeito passivo, em todas essas contribuies sociais,
o contribuinte importador.
3.6.3. Base de clculo
A base de clculo dos PIS e da COFINS a mesma do Imposto de Importao,
acrescida do valor do ICMS incidente no desembarao e do valor das prprias
contribuies, quando se tratar de importaes de mercadorias. Na importao de
servios ser considerada como base de clculo o valor remetido ao exterior antes
da reteno IRRF, acrescido do ISS e do valor das prprias contribuies.
A CIDE tem por base de clculo medidas estabelecidas para cada tipo de produtoimportado.
3.6.4. Alquota
As alquotas previstas so: 1,65% PIS/PASEP-Importao e 7,6% COFINS-
Importao, quanto a CIDE h alquotas fixas em relao a cada tipo de
combustvel.
3.6.5. Aspecto Temporal
O fato gerador do PIS e da COFINS a entrada dos bens estrangeiros no territrio
nacional, ou o pagamento, o crdito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores
a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestao por servios
prestados.
O fato gerador da CIDE-Combustveis o registro da declarao de importao.
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Captulo 04 Lex Mercatoria
4.1. Introduo ao Estudo do DCI
A atividade econmica a mola mestra da subsistncia da humanidade. Nesse
contexto importante ressaltar que a humanidade desde os seus primrdios sempre
buscou adequar as suas regras de conduta social de modo a favorecer o
desenvolvimento do comrcio.
O comrcio uma atividade dinmica e que precisa de mecanismos dinmicos para
se desenvolver de forma adequada. Devido a essa caracterstica percebemos queos ordenamentos jurdicos vem sendo constantemente renovados para se
adequarem realidade da atividade comercial. Encontramos diversos institutos
jurdicos que foram criados exclusivamente para atender s necessidades
comerciais, dentre eles destacamos as cambiais, as sociedades, os bancos, as
bolsas de valores, etc.
Com o desenvolvimento do comrcio internacional surgiram algumas situaes quemerecem um regramento prprio. O Direito do Comrcio Internacional (DCI) objetiva
estudar os institutos que regulam o comrcio internacional.
4.2. Histrico
A histria do DCI pode ser associada ao incio da atividade comercial pelos povos
antigos, em especial, pelos gregos e romanos. Contudo, foi com a evoluo docapitalismo na idade mdia que o DCI aflorou como uma disciplina autnoma, que
no se identifica com o direito romano ou germnico.
Nesse perodo foi verificado principalmente nas cidades Italianas um significativo
crescimento da atividade comercial. Impulsionado por esse crescimento, e tambm
como forma de garanti-lo, os mercadores comearam a desenvolver um direito
especfico para regular seus negcios.
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Vale salientar que nessa poca vigorava o pluralismo das fontes jurdicas, pois o
chamado Estado Nacional ainda no havia se consolidado, nem chamado para si o
monoplio da jurisdio e da produo das normas jurdicas. Nesse contexto surge a
chamada lex mercatoria, que era um direito desenvolvido pelos comerciantes,
segundo as suas prticas, usos e costumes. Esse direito era criado e aplicado em
tribunais organizados pelas prprias corporaes mercantis e no estavam
vinculados aos soberano (Rei).
Com o passar dos anos o Estado Nacional se consolidou passando a deter o
monoplio da criao e aplicao das normas. No contexto do Estado Nacional o
capitalismo deixou de ser comercial para industrial, fato que gerou um grandecrescimento do comrcio internacional.
Esse crescimento do comrcio internacional aliado e impulsionado pelo
desenvolvimento tecnolgico culminou na globalizao da economia, caracterizada
pela internacionalizao das empresas, das atividades econmicas em um grande e
nico mercado global.
Como o modo tradicional de produo de normas do Estado no atende s
necessidades do mercado global os seus atores acabam por desenvolver um direito
espontneo, tambm, brotado dos usos e costumes. Essas normas vm sendo
elaboradas em contratos entre as partes e por compilaes organizadas e
publicadas por rgos profissionais de classe ou de organizaes empresarial de
natureza privada. Destacam-se ainda as chamadas soft laws, normas no
obrigatrias que podem ser aderidas pelas partes contratantes, os princpios doUNIDROIT.
Com a utilizao da chamada nova lex mercatoriaganha fora a arbitragem, que o
modo mais tcnico e adequado para a soluo de controvrsia entre as empresas
sediadas em Estados distintos.
H controvrsia acerca da natureza da nova lex mercatoria. Os positivistas
entendem que essas normas no podem ser consideradas normas jurdicas. Para a
escola francesa a nova lex mercatoria um novo paradigma jurdico sendo um
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direito autnomo e verdadeiramente global. No Brasil essa discusso no tem razo
de ser porque o art. 113 do Cdigo Civil admite os usos e costumes como fonte
formal do direito.
4.3. Fontes do DCI
Inicialmente destacamos como principal fonte do DCI as normas produzidas pelas
prprias partes envolvidas na atividade comercial.
Tambm merecem destaque as entidades privadas responsveis pela
sistematizao e publicao de usos e prticas que contribuem para a uniformizaodo comrcio internacional (Ex. ICC e Unidroit).
Existem ainda as normas governamentais internacionais estabelecidas em tratados
em convenes (Ex. Conveno de Viena), e as normas da OMC.
Por fim tambm so fontes do DCI as normas internas de cada Estado. Isso torna o
comrcio internacional mais complexo pois a legislao de cada pas tem um papeldecisivo na regulao quando as partes necessitam da chancela do poder pblico.
As prticas de comrcio internacional sofrem ainda a influncia dos princpios da
autonomia da vontade, da boa-f e da impreviso.
4.4. Conceito de Lex Mercatoria
Lex Mercatoria um conjunto de princpios eregras costumeiras, espontaneamente
referidos ou elaborados no quadro do comrcio internacional, sem referncia a um
sistema particular de lei nacional(GOLDMAM).
Amaral considera a lex mercatoria como as regas costumeiras desenvolvidas em
negcios internacionais aplicveis em cada rea determinada do comrcio
internacional, aprovadas com regularidade.
4.5. Fonte da Lex Mercatoria
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A lex mercatoria produzida pelos integrantes dos diversos setores do comrcio
internacional. Os integrantes da corporao a aceitam e observam como se ela
fosse obrigatria (como so as normas provenientes do Estado).
As normas da lex mercatoria no tm o condo de competir com as normas
provenientes dos Estados. Elas so na verdade uma espcie de direito adotado para
ser aplicado no mbito da prpria corporao (principalmente atravs de tribunais de
arbitragem).
Vale ressaltar que, apesar de ser permitido pelo ordenamento jurdico brasileiro (art.113 do Cdigo Civil), a aplicao da lex mercatoriapela judicatura dos Estados no
compatvel com os seus objetivos, uma vez que, a lgica da lex mercatoria no
sentido de que havendo litgio, esse deve ser solucionado por meio de arbitragem.
Assim, a eficcia da deciso decorre da fora da corporao e no da fora do
Estado.
Melhor explicando, para o membro da corporao mais interessantecomercialmente aceitar o resultado do laudo arbitral do que contest-lo e correr o
risco de ser excludo da corporao, por no demonstrar credibilidade e
confiabilidade.
Encontramos na prtica do comrcio internacional diversas manifestaes ou fontes
de lex mercatoria, como por exemplo:
Contratos-tipos (Ex. contrato de compra e venda de comodities, consolidado
por organismos corporativos como o London Trade Corn Association);
As condies gerais de compra e venda;
As condies gerais do Conselho de Assistncia Econmica Mutua
(COMECOM);
Os Inconterms (Ex. CIF, FOB);
As Leis Uniformes (Lei Uniforme de Compra e Venda de Bens de 1964, LeiModelo da UNCITRAL sobre Arbitragem);
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Usos e costumes do comrcio;
Sentenas arbitrais (normalmente utilizada pela regra do precedente).
4.6. O Debate sobre a Lex Mercatoria
Argumentos contrrios aplicao da lex mercatoria:
No uma lei, faltando-lhe base metodolgica e um sistema legal que a
suporte. No possui autoridade da qual possa derivar seu efeito obrigatrio;
incompleta, vaga e incoerente, pois, considerando os vrios sistemas
nacionais existentes no mundo (sistema romano, common Law, lei islmica,
etc). poucos so os princpios comuns, e aqueles identificados como tal so
geralmente muito amplos e gerais;
A sua flexibilidade pode levar a decises arbitrrias e a uma deciso diferente
para cada caso, ainda que semelhantes.
Argumentos favorveis aplicao da lex mercatoria:
A recusa na sua aceitao tem origem em um pensamento positivista, que
baseado em que a lei deriva da vontade do Estado soberano e que o direito
internacional nasce da coincidncia da vontade de vrios Estados membros.
Para os adeptos da lex mercatoria, no entanto, esta emerge no da vontade
das autoridades estatais, mas sim do seu reconhecimento comum pela
comunidade de negcios. Desse modo, diferente do direito encontrvel nos
cdigos ou nas leis, sendo parte do direito vivo que o produto dacriatividade dos operadores do comrcio;
Nenhum dos defensores alega que a lex mercatoria seja um conjunto de
normas completo, preciso e exaustivo. Contudo, tampouco o so os sistemas
legais nacionais, constante e frequentemente alterados, muitas vezes
acarretando mudanas radicais no regramento das relaes entre os
particulares;
Embora no seja to vaga e rudimentar como pretendem seus adversrios,pode levar a decises conflitantes e contraditrias, mas nem por isso difere
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das leis dos Estados, em que as decises dos tribunais tambm geram
conflitos e contradies;
Alm disso, muitos casos, grande nmero de contratos internacionais em
reas especializadas tem regras altamente sofisticadas, requerendo formao
especfica para seu atendimento e aplicao. Os juzes dos tribunais estatais
dificilmente tm condies de adquirir tais conhecimentos nem mesmo
quando assistidos por peritos. J o recurso a arbitragem proporciona decises
de melhor nvel, pois so proferidas por especialistas. No caso de lacunas,
nada os impede de utilizar os mesmos recursos hermenuticos de que se
utilizam os juzes que julgam no sistema legal estatal.
4.7. Os negcios internacionais e a lei a eles aplicvel
No obstante o desenvolvimento da nova lex mercatoria o direito interno de cada
pas ainda tem certo grau de influncia no comrcio internacional, vez que no
existe ainda um direito verdadeiramente estatal, que harmonize integralmente as
diferentes legislaes comerciais provenientes de cada pas.
Dessa forma, ocorrendo em uma relao jurdica internacional um conflito de normas
jurdicas provenientes de diferentes pases, a soluo deve ser buscada na
legislao de cada um desses pases (essa o objeto de estudo do Direito
Internacional PrivadoDIPr).
A soluo da controvrsia se d atravs da eleio de pontos de conexo entre a
relao jurdica e os elementos eleitos pelo ordenamento jurdico como maisadequados aos casos concreto como, por exemplo, o local da celebrao do
contrato, para relaes contratuais internacionais; local da situao do imvel, para
relaes de direito real imobilirio; local do domiclio das partes para direitos de
personalidade e de famlia.
Assim, na ausncia de um direito estatal uniforme regulatrio da relao entre as
empresas no cenrio internacional, o DIPr de cada pas que trata da validade dos
contratos e da soluo das controvrsias, se o caso concreto for submetido a uma
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corte estatal, o que no a regra no comrcio internacional (ambiente em que
predomina a arbitragem).
Tendo em vista a possvel influncia dos ordenamentos jurdicos locais nos
contratos internacionais as partes devem observar, para garantir a sua validade em
uma futura controvrsia, se as clusulas dos contratos esto de acordo com a
legislao e jurisprudncia das cortes de cada pas. Ou seja, ser o DIPr de cada
Estado que regular a validade das clusulas contratuais.
No Brasil a principal norma jurdica responsvel por determinar a legislao aplicvel
em caso de conflito espacial de normas a Lei de Introduo ao Direito Brasileiro(LIDB). a LIDB que dir ao juiz brasileiro qual lei aplicvel a um contrato
internacional. Nesse contexto, a LIDB pode indicar a aplicao de uma norma
brasileira ou estrangeira, a depender do elemento de conexo eleito para o caso.
No Brasil, em regra, o local da celebrao do contrato o elemento de conexo
fundamental quando as partes estiverem presentes fisicamente, uma frente outra,
no momento da assinatura do contrato. Quando as partes no esto presentesconjuntamente no momento da celebrao do contrato, vale a lei do local da sede da
empresa que props o negcio. Nesse sentido o art. 9 da LIDB:
Art. 9 Para qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se
constiturem.
(....).
2 A obrigao resultante do contrato reputa-se constituda no lugar em que residir o
proponente.
Vale destacar a tambm a formalidade regulada pelo 1 do art. 9 da LIDB:
1 Destinando-se a obrigao a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, ser esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto
aos requisitos extrnsecos do ato.
Assim, em se tratando de um contrato celebrado no Brasil para aqui ser total ou
parcialmente cumprido, h que se atentar para as formalidades da legislao
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nacional, como, por exemplo, uma compra e venda de imvel feita no Brasil deve ser
feita por meio de escritura pblica (art. 107 do Cdigo Civil).
Exemplo de aplicao do art. 9 da LIDB:
Uma fabrica italiana contrata uma empresa brasileira para vender no Brasil seus
produtos industrializados na Itlia. Esse contrato seria classificado pelo ordenamento
jurdico brasileiro como uma prestao de servios de representao comercial (art.
710 do Cdigo Civil). Contudo, como os contratantes so sujeitos provenientes de
ordenamentos jurdicos diversos temos uma relao jurdica internacional, a qual
trs consigo um potencial conflito entre qual das legislaes nacionais aplicvel.Para determinar se ser aplicvel o Cdigo Civil brasileiro ou italiano o juiz brasileiro
consultar o art. 9 da LIDB. Nesse caso, se o contrato tiver sido celebrado com
Milo, ele ter que aplicar o Cdigo Italiano. Ou se as partes no estiverem
fisicamente presentes vindo o fax com a proposta de representao comercial da
Itlia, aplicvel ser o direito italiano.
No caso concreto supra, teriam as partes a faculdade de eleger o direito aplicvel aocontrato?
Inicialmente destacamos que a clusula de eleio de lei aplicvel ao contrato no
se confunde com clusula de eleio de foro, nem tampouco com clusula arbitral.
A clusula de eleio de lei (choice of Law) a escolha do sistema legal que ser
utilizado pelo julgador (inclusive arbitro) para solucionar a lide. Diz respeito ao direitomaterial, no caso concreto, cdigo civil italiano ou brasileiro, ou ainda de um terceiro
pais ou uma norma proveniente da lex mercatoria.
J a clusula de eleio de foro (choice of frum) clusula inserta em um contrato
que determina a escolha, pelas partes, de qual tribunal ter jurisdio sobre eventual
litgio em envolvendo o contrato. A eleio de foro um problema de direito
processual internacional e a eleio de lei um problema de conflitos de lei no
espao (DIPr). J a clusula compromissria a escolha do rbitro ou instituio
arbitral para julgar a lide.
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No Brasil h um entendimento majoritrio na doutrina e na jurisprudncia de que o
citado art. 9 da LIDB no faculta as partes eleger a lei aplicvel, sendo uma norma
imperativa de ordem pblica. Assim, uma clusula de eleio de lei pode ser
considerada nula pelo judicirio brasileiro.
Buscando contornar essas nuances acerca da legislao nacional aplicvel, na
prtica, os contratantes definem no prprio corpo do contrato, o local da celebrao
do mesmo. Contudo, esta soluo poder ensejar a alegao, pela parte
prejudicada, de fraude a lei, que um instituto jurdico que no reconhece situaes
em que as partes buscam um sistema legal mais vantajoso de um pas emdetrimento do nacional, quando este mais rgido e a inteno fraudulenta.
Por fim, vale mencionar que se a inteno dos contratantes estabelecer clusula
de eleio de lei o mais adequado se pactuar tambm a clusula compromissria
uma vez que o art. 2 da Lei n 9.307/97 expressamente admite. Vejamos:
Art. 2 A arbitragem poder ser de direito ou de equidade, a critrio das partes. 1 Podero as partes escolher, livremente, as regras de direito que sero aplicadas na
arbitragem, desde que no haja violao aos bons costumes e ordem pblica.
2 Podero, tambm, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base
nos princpios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de
comrcio
4.8. Contratos entre empresas estrangeiras e os Estados
A questo tem a ver com a pretenso de afastar a lei do Estado da relao jurdica
internacional de que ele, Estado, parte, a qual pode ser afetada ou alterada, com a
edio de normas legais colaterais, no uso de sua autoridade e competncia
legislativa.
O princpio vigente de que em todo contrato que no seja entre Estados regido
por uma lei nacional. Contudo, com a alterao do panorama internacional e com
surgimento de Estados Novos, principalmente Africanos e Asiticos, com a
descolonizao aps a 2 Guerra, a manuteno desse princpio importaria em
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reconhecer a esses novos Estados a competncia para reger contratos celebrados
com empresas privadas estrangeiras.
Por essa razo o princpio passa a ser contestado pretendendo-se a sua
substituio pelo da desnacionalizao dos contratos internacionais entre Estado e
empresa privada estrangeira.
Captulo 05 Contratos Internacionais
5.1. Caracterizao dos Contratos internacionais
Um contrato considerado internacional quando a relao jurdica nele
representada estiver conectada a dois ou mais ordenamentos jurdicos. Essa
conexo pode ser feita pela fora do domiclio, da nacionalidade, da sede principal
dos negcios, do lugar do contrato, do lugar da execuo do contrato, etc. J os
contratos denominados de nacionais sofrem a incidncia apenas das leis locais
sendo inconcebvel a discusso sobre a lei a eles aplicvel.
Teorias criadas para a identificao dos contratos internacionais:
Critrio econmico (Matter 1927): o contrato internacional seria aquele que
abrangesse um duplo movimento de mercadorias, capitais ou servios para o
exterior, ou seja, um fluxo e refluxo de bens, capitais e servios atravs da fronteira
(Amaral p.222). Essa formula revelou-se muito rgida.
Critrio Jurdico: contrato internacional aquele acordo de vontades que estpotencialmente sujeito a dois ou mais sistemas jurdicos (Amaral p.222). Nesse
caso deve-se identificar os elementos de estraneidade presentes no contrato, bem
como a sua relevncia para determinar a aplicao da legislao aliengena. Ex. um
contrato de compra e venda firmado entre um portugus e um italiano no Brasil no
considerado internacional porque a nacionalidade no um elemento de
estraneidade relevante segundo a legislao brasileira.
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A possibilidade de estipulao do pagamento das obrigaes em moeda estrangeira
um indicativo do carter internacional do contrato (Decreto-lei 857/691), vez que as
hipteses em que lcita essa forma de pagamento se enquadram nos critrios
supra.
5.2. Direito Aplicvel aos Contratos Internacionais
O Direito Internacional Privado (DIPr) como ramo do direito responsvel pela soluo
de conflito de leis no espao tem intensa correlao com os Contratos
Internacionais, vez que tais contratos se encontram potencialmente sujeitos a mais
de um ordenamento jurdico.
Ressalta Timm que os contratos internacionais, por terem conexo com mais de um
pas, tm o carter de poderem ser regidos por uma ou mais legislaes internas de
pases diferentes, ou por convenes internacionais, como o caso da aplicao de
uma lex mercatoria. Portanto, no incomum que partes de um mesmo contrato
sejam submetidas a regimes jurdicos diversos. Nesse contexto, so correntes as
dvidas que os contratantes enfrentam quanto a fatores como a jurisdio e a leiaplicvel a contratos de que fazem parte(p. 55).
No Brasil as normas de DIPr esto presentes, principalmente, na LIDB. Vale
ressaltar que o advento do Novo Cdigo Civil no implicou em modificao da LIDB.
Para solucionar o conflito de normas no espao a LIDB elege elementos de
conexo.
1Art. 1 So nulos de pleno direito os contratos, ttulos e quaisquer documentos, bem como as obrigaes que exeqveis no
Brasil, estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, ocurso legal do cruzeiro.Art. 2 No se aplicam as disposies do artigo anterior:I - aos contratos e ttulos referentes a importao ou exportao de mercadorias;II - aos contratos de financiamento ou de prestao de garantias relativos s operaes de exportao de bens de produonacional, vendidos a crdito para o exterior;III - aos contratos de compra e venda de cmbio em geral;IV - aos emprstimos e quaisquer outras obrigaes cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior,excetuados os contratos de locao de imveis situados no territrio nacional;
V - aos contratos que tenham por objeto a cesso, transferncia, delegao, assuno ou modificao das obrigaesreferidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no pas.Pargrafo nico. Os contratos de locao de bens mveis que estipulem pagamento em moeda estrangeira ficam sujeitos, parasua validade a registro prvio no Banco Central do Brasil.
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Amaral ensina que elemento de conexo, o qual escolhido pelo legislador
nacional dentre os j mencionados elementos de estraneidade dos contratos
internacionais, representa o aspecto ftico da relao jurdica que aponta o
ordenamento jurdico a ser aplicado no caso concreto, funcionando como uma
verdadeira seta indicativa do direito aplicvel questo(p. 224).
Tendo em vista que o objeto do presente estudo restringe-se a lei aplicvel aos
contratos internacionais, passaremos ao estudo dos principais elementos de
conexo vinculados ao direito obrigacional, tais sejam, (a) elementos de conexo
relativos capacidade das partes; (b) elementos de conexo relativos s obrigaes
em si; (c) a vontade das partes como elemento de conexo.
5.2.1. Elementos de conexo relativos capacidade das partes.
Segundo Amaral o estudo da capacidade importante porque dela advm aptido
para ser sujeito de direitos e obrigaes (capacidade de direito), bem como para
exerc-los por si mesmo (capacidade de fato) e acrescenta que
consequentemente, faltando esse requisito fundamental, o ato jurdico (obrigao)poder ter seus efeitos negados ou anulados, dependendo da intensidade do vcio
contido no mesmo(p.225).
5.2.1.1. Capacidade da Pessoa Fsica.
A doutrina elenca 03 elementos de conexo possveis para a definio da lei
aplicvel em matria de capacidade, so eles:
a) territorialidade: aplica-se a lei do Estado para todos aqueles que se encontram
em seu territrio, mesmo que estrangeiros de passagem (Amaral, p. 225). Ex.
Argentino poderia assinar contrato de locao de casa de praia no Brasil desde que
possua 18 anos completos, ainda que a lei civil argentina determinasse que a
maioridade civil aos 21 anos;
b) nacionalidade: aplica-se a lei nacional do pas do indivduo para reger a sua
capacidade (pases de emigrao). No exemplo supra se a lei civil argentina
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determinar que a capacidade se d aos 14 anos o cidado argentino com essa idade
poderia assinar um contrato de locao de uma casa de praia no Brasil.
c) domiclio: aplica-se a lei do Estado onde o indivduo domiciliado para reger a
sua capacidade (pases de imigrao). No exemplo supra deve ser avaliado o
domiclio do cidado argentino para verificar a sua capacidade, se domiciliado no
Brasil, aplica-se a lei civil brasileira.
Nos termos do art. 7 da LIDB o Brasil adotou o domiclio como o elemento de
conexo para definir a capacidade das pessoas fsicas.
5.2.1.1. Capacidade da Pessoa Jurdica.
Por fora do caput do art. 11 da LIDB podemos afirmar que as pessoas jurdicas
estrangeiras possuem capacidade para firmar contratos no Brasil. Contudo, essa
capacidade deferida apenas para o exerccio de atos isolados, pois caso haja a
necessidade da Pessoa Jurdica se estabelecer no territrio nacional ela dever se
reger pelas leis nacionais. Ex. uma montadora chinesa que vende carros para oBrasil ter sua capacidade regida pela Lei chinesa, caso essa montadora venha
instituir uma filial no Brasil ter que se submeter Lei nacional.
5.2.2. Elementos de conexo relativos s obrigaes em si.
Os elementos de conexo referentes s obrigaes em si se dividem em 02 grupos:
os relacionados com os aspectos formais das obrigaes e os relacionados com osaspectos de fundo das obrigaes ou materiais das obrigaes.
5.2.2.1. Aspectos formais
Historicamente os aspectos formais dos contratos internacionais so norteados pelo
princpio do locus regit actum. No Brasil desde as ordenaes filipinas nosso
ordenamento jurdico adota esse princpio. O art. 11 da LIDB de 1917 adotou o
referido princpio nos seguintes termos: a forma extrnseca dos atos pblicos ou
particulares reger-se- segundo a lei do local onde se praticarem.
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A atual LIDB no trs um dispositivo expresso adotando tal princpio, contudo, a
doutrina e a jurisprudncia defendem a sua vigncia no nosso ordenamento jurdico.
Amaral cita como exemplo da aplicao desse principio o caso apreciado pela
primeira turma do STF no qual os iminentes ministros afirmaram a validade e a
exeqibilidade do testamento holgrafo de Gabriela Bensanzoni Lage Lillo, feito na
Itlia, em conformidade com a lei italliana, pas onde ela era domiciliada(p. 227).
5.2.2.2. Aspectos materiais
Relativamente aos aspectos materiais das obrigaes a doutrina aponta diversassolues quanto lei aplicvel, so elas: a) lei do lugar do cumprimento da
obrigao; b) lei do lugar do contrato; c) lei pessoal do devedor; d) lei pessoal das
partes.
No Brasil, o regulamento 737 de 1850 adotou a lei do lugar do cumprimento da
obrigao nos seguintes termos os contratos comerciais ajustados em pas
estrangeiro, mas exeqveis no Imprio, sero regulados e julgados pela legislaocomercial do Brasil.
J a LIDB de 1917, em seu art. 13, adotou como regra a lei do lugar do contrato,
aceitando, como exceo, a aplicao da lei brasileira nos seguintes casos:
a) aos contratos ajustados em pases estrangeiros, quando exeqveis no Brasil
(lugar da execuo do contrato);
b) as obrigaes contradas entre brasileiros em pas estrangeiro (lei nacional
comum das partes);
c) aos atos relativos a imveis situados no Brasil;
d) atos relativos ao regime hipotecrio brasileiro.
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Atualmente o art. 9 da LIDB adotou como regra o locus regit contractus para as
obrigaes contradas entre presentes e a lei do local da residncia do proponente
para os contratos entre ausentes. No primeiro caso se presume que a lei do local
mencionado no contrato que reger eventual controvrsia, contudo, tal presuno
pode ser contestada.
5.2.3. Vontade das partes como elemento de conexo Autonomia do DIPr
Alm dos elementos de conexo supra, ganha fora no atual cenrio do comrcio
internacional a vontade individual ou, autonomia personal como denomina
Bustamante, como forma de definio da legislao aplicvel na soluo de eventualcontrovrsia.
Nesse estudo vale ressaltar a ressalva feita por Amaral no sentido de que
imperioso esclarecer que se trata da vontade humana agindo prpria e
autonomamente, elegendo diretamente a lei a ser aplicada em determinado caso
concreto (forma direta), e no vontade atuando como circunstncia influenciadora
do elemento de conexo (forma indireta), e.g., ato voluntrio de naturalizao ou deescolha de domiclio a fim de alterar a lei aplicvel a determinada relao jurdica
(p. 229/231).
Compulsando a histria no DIPr brasileiro percebemos que a aceitao ou no da
vontade como elemento de conexo relacionado s obrigaes sofreu algumas
alteraes. Inicialmente a LIDB de 1917 em seu art. 13 dispunha que a substncia e
os efeitos das obrigaes seriam determinados pela lei do local onde contradas,salvo estipulao em contrario, facultando s partes a escolha da lei competente
para dirimir as questes supervenientes.
Contudo, com o advento da LIDB de 1942 o art. 9 (que trata do direito material
aplicvel aos contratos internacionais) no foi reproduzida a ressalva que permitiam
s partes elegerem o direito material aplicvel ao contrato internacional. Em razo
disso se consolidou na doutrina e jurisprudncia que a norma do art. 9 possui
carter cogente.
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No obstante, comea a ganhar fora na Doutrina o entendimento de que seria
possvel eleger o direito aplicvel ao contrato internacional. Amaral sintetiza esse
pensamento nos seguintes termos entendem alguns que o direito brasileiro sempre
adotou o princpio da autonomia da vontade em matria de direito obrigacional e que
a Lei de Introduo promulgada em 1942 s no fez meno ao referido princpio
tendo em vista ser ento a expresso autonomia da vontade literalmente proibida
no regime ditatorial de que padecia o Brasil. Outros sustentam que, se possvel
utilizar o comportamento humano como elemento influenciador da aplicao das
regras contidas no DIP, como a assinatura do contrato internacional no pas cuja lei
as partes pretendem ser a aplicvel ao contrato, seria um contra-senso impedir que
a vontade humana fosse o prprio elemento de conexo, atravs da escolha pelaspartes da lei aplicvel(p. 230).
No obstante, com o advento da lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem) o entendimento a
favor da utilizao da autonomia da vontade ganhou fora pois o seu art. 2 autoriza
aos contratantes definirem o direito material que ser aplicado na arbitragem. Assim,
podemos concluir que o entendimento favorvel a autonomia da vontade tem
ganhado fora.
5.2.4. Costume aplicvel aos Contratos Internacionais
Alm da lei aplicvel ao contrato internacional, as partes devem determinar qual o
costume aplicvel. Nesse caso, nos parece razovel que em razo do seu carter
internacional a tais contratos devem ser aplicadas as regras costumeiras
internacionalmente reconhecidas, devendo ser afastados eventuais disposiesconsuetudinrias locais com elas conflitantes.
5.2.5. Foro dos Contratos Internacionais
Quanto ao foro, vale ressaltar que em regra a competncia das cortes nacionais
determinada por sua lei local. Via de regra a legislao processual de cada pas
estabelece que o ru sempre pode ser processado em seu domiclio. Por essa razo
prudente que o interessado ajuze a medida judicial no local onde os bens da parte
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contraria se encontrem, pois, havendo necessidade de se recorrer a uma execuo
forada, tais bens garantiriam a execuo.
Outro aspecto que deve ser evitado pelos contratantes submeter ao juzo uma lide
que dever ser solucionado segundo as regras de direito material de outro Estado.
Claro que essa situao pode fugir ao controle dos contratantes, pois o DIPr de cada
pas que define o direito material aplicvel, contudo, a observao ora levantada
objetiva evitar que o procedimento decisrio se torne sofisticado e,
consequentemente, demorado.
Por essa razo Amaral recomenda que quando existente a possibilidade de se
eleger a lei aplicvel ao contrato, que esta escolha seja feita em harmonia com a
escolha do foro competente, para que se tenha um julgador decidindo com base na
sua prpria lei(p. 233).
Captulo 06 Principais Clusulas dos Contratos Internacionais
6.1. Clusulas Tpicas de Contratos Internacionais
A constante busca de uniformizao dos procedimentos e de segurana jurdica tem
feito com que os comerciantes internacionais, na conduo de seus negcios, se
utilizem de algumas clusulas padro. Passaremos a analisar as mais comuns.
6.1.1. Clusula de Eleio da Lei Aplicvel
Uma das maiores preocupaes das partes ao celebrar um contrato internacional
a legislao aplicvel em caso de necessidade de submeter uma controvrsia dele
decorrente ao Judicirio. No caso dos contratos internacionais esse problema
potencializado porque sobre ele podem vir a incidir mais de um ordenamento
jurdico.
Tendo em vista essa dificuldade a clusula de escolha de lei tem sido bastante
adotada nos contratos internacionais. Timm esclarece que esta clusula vem a
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estabelecer, pela vontade das partes, qual o sistema legal substantivo ligado ao
contrato, buscando dar estabilidade e segurana relao(p. 59).
A escolha da legislao aplicvel deve ser negociada de boa-f entre as partes, as
quais podero escolher um entre vrios elementos de conexo (local da celebrao
do contrato, ou local da execuo, ou sede do proponente, etc.). possvel tambm
escolher a legislao de um pas neutro ou ainda um direito verdadeiramente
internacional, como as normas da lex mercatoria.
Vale ressaltar que a clusula da eleio de lei pode sofrer algumas limitaes,
dependendo do pas do foro do litgio. Existem pases que adotam a chamada teoriada autonomia da vontade, a qual defere s partes a possibilidade de escolher a
legislao aplicvel, como o caso dos Estados Unidos e os Pases da Europa.
Porm, existem pases que no adotam tal teoria e aplicam suas regras internas
para definir a legislao aplicvel ao caso concreto, anulando a escolha feita pelas
partes, caso haja coliso com tais normas.
No Brasil prevalece o segundo posicionamento. Timm ressalta que no casobrasileiro para escapar desse problema, as partes podem celebrar o negcio no
estrangeiro, em pas que reconhea a escolha de lei aplicvel pelas partes, a fim de
garantir a aplicao da lei escolhida, ou ainda, escolher a via arbitral(p. 60).
Outro ponto que deve ser observado na celebrao de um contrato internacional a
chamada ordem pblica. Nenhum pas obrigado a aplicar a legislao estrangeira
quando esta viola a sua ordem pblica. O Brasil no diferente, uma vez que o art.17 da LIDB preleciona que as leis, atos e sentenas de outro pas, bem como
quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.
A clareza da vedao esbarra na fluidez do conceito de ordem pblica, soberania e
bons costumes. Buscando delimitar esses conceitos vale citar a doutrina de Amorim.
Confira-se:
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Na verdade o conceito de ordem pblica no est previsto nos textos das leis.
Tudo fica a critrio do julgador. Entretanto, a doutrina deixa antever que a soma
dos valores morais e polticos de um povo constitui aquilo que podemos chamar
de ordem pblica.(...).
A ordem pblica compreende no somente a soberania nacional, mas, tambm,
os bons costumes.
Clvis Bevilqua bem definiu soberania nacional. Para ele soberania nacional
um conjunto de poderes que constitui a nao politicamente organizada.
Quanto aos bons costumes, foi categrico: os que estabelecem as regras de
proceder, nas relaes domsticas e sociais em harmonia com os elevados fins
da vida humana (p. 57/58).
Por fim, vale citar exemplo de clusula de eleio de lei trazido por Timm:
Iro reger-se este contrato e a arbitragem:
(a) em primeiro lugar, pelo princpios do Unidroit 2004;
(b) em segundo lugar, subsidiariamente, pelas leis da Repblica Federativa do
Brasil; e
(c) em terceiro lugar, subsidiariamente, pelo usos e costumes do comrcio
internacional, aqui entendido pelas partes contratantes como aquele compilado
em todas as publicaes da Cmara Internacional do Comrcio.
Este contrato e suas garantias e anexos devem ser interpretados e regulados
pelas leis do estado de Nova York dos Estados Unidos da Amrica (p. 60).
6.1.2. Clusula de Eleio de Foro
Alm de escolher a legislao aplicvel as partes podem tambm definir o foro
competente para julgar eventual controvrsia resultante do contrato. Timm ressalta
que nos contratos internacionais essa clusula ganha relevncia, haja vista que a
escolha do local competente influencia na interpretao pelo Judicirio local e na
prpria lei aplicvel ao contrato(p. 61).
Assim como na questo da eleio da lei aplicvel, existem alguns pases que no
aceitam a autonomia da vontade na eleio do foro. Por essa razo alguns autores
recomendam que a eleio de foro deve preceder a eleio da lei. Segundo a
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legislao brasileira o interessado deve tomar os seguintes cuidados ao elaborar a
redao de uma clusula de eleio de foro:
a) verificar a legislao nacional. Dessa forma, a clusula de eleio de foro deve
ser escrita e aludir explicitamente ao negcio jurdico por ela abrangido (art. 111, 1
do CPC). Deve ser evitada em contratos de adeso que possuam clusulas que
evidenciem a ausncia de paridade entre os contratantes. Tal clusula no pode ferir
normas de ordem pblica, afastar foro inderrogvel (art. 89 do CPC2, art. 651 da
CLT3), nem constituir fraude lei4;
b) verificar se o foro conveniente. Nesse contexto, Timm explica que foroconveniente aquele que possui algum contanto com a relao jurdica entabulada
pelo contrato, no sendo vlida a remisso a um tribunal neutro sem qualquer
contato razovel com o foro escolhido (p. 64). Esse entendimento predomina na
doutrina brasileira quando as controvrsias so submetidas jurisdio estatal.
Contudo, quando as partes resolvem adotar a arbitragem na soluo dos conflitos
essa mesma doutrina admite a eleio de um arbitro de local neutro;
c) verificar a existncia de contratos coligados (e o teor das clusulas de eleio de
foro), os quais podem conduzir a um foro diverso do pretendido;
d) verificar a existncia de filiais, sucursais, agncias ou agentes da empresa
estrangeira, pois a presena desses representantes pode atrair a jurisdio das
cortes nacionais pela teoria da aparncia.
2Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra:
I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha resididofora do territrio nacional.3Art. 651 - A competncia das Juntas de Conciliao e Julgamento determinada pela localidade onde o empregado,
reclamante ou reclamado, prestar servios ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. 1 - Quando for parte de dissdio agente ou viajante comercial, a competncia ser da Junta da localidade em que a empresatenha agncia ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, ser competente a Junta da localizao em que oempregado tenha domiclio ou a localidade mais prxima. 2 - A competncia das Juntas de Conciliao e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissdios ocorridosem agncia ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e no haja conveno internacional dispondo em
contrrio. 3 - Em se tratando de empregador que promova realizao de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, asseguradoao empregado apresentar reclamao no foro da celebrao do contrato ou no da prestao dos respectivos servios.4DelOlmo define a fraude lei como a prtica, pelo ser humano, de um ato legal na forma e na aparncia, mas que esconde
a inteno de burlar a lei aplicvel in casu e que lhe seria desfavorvel. A vtima na fraude lei a prpria coletividade.
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e) verificar o Direito estrangeiro, ou seja, se a legislao do pas do tribunal eleito
admite a jurisdio sobre a matria (por exemplo, a legislao uruguaia bem rgida
nesse sentido);
f) verificar a efetividade da ordem judicial, ou seja, deve-se analisar se a deciso do
tribunal eleito ser homologvel e/ou executvel no pas onde esto localizados os
bens do executado;
g) redigir a clusula com a maior clareza possvel. A ttulo de exemplo vale citar
clusula sugerida por Timm:
As partes submetem exclusivamente jurisdio de qualquer corte do estado
de Nova York ou de qualquer corte federal situada na cidade de Nova York
sobre qualquer processo, ao ou procedimento surgido ou relacionado a este
contrato ou qualquer de seus anexos ou garantias (p. 69).
6.1.3. Clusulas Exorbitantes (Fora Maior)
uma clusula tem por fim retirar/flexibilizar a responsabilidade dos contratantes
nos casos de surgimento de situaes no previstas ou impossveis de ser evitadas
capazes de impossibilitar o cumprimento da obrigao fixada no contrato.
Timm relaciona algumas situaes que podem ser consideradas fora maior,
ressaltando que tais eventos tm ordem variada, podendo ir, desde desequilbrios
naturais, como tempestades e enchentes, congelamento de estradas, epidemias
situaes denominadas pelos ingleses de acts of God at fatos provocados por
aes humanas (normalmente coletivas), como atentados terroristas, guerras,
motins, greves etc(p. 70).
Exemplo mencionado por Timm de clusula de fora maior:
O presente contrato poder ser extinto, independentemente de indenizao,
quando:
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[...] c) qualquer hiptese de fora maior, na esteira da publicao n 650 da ICC
sobre o assunto e tambm do art. 393 do Cdigo Civil brasileiro (p. 70).
6.1.4. Clusula de Hardship
Timm a conceitua como uma clusula de salvaguarda, ou seja, uma clusula que
vem permitir a manuteno de um equilbrio econmico-financeiro do contrato ao
longo do tempo. Ela normalmente atribui tambm uma dinmica de negociao e
soluo de controvrsia entre as partes, caso isso ocorra(p. 71).
A clusula de hardshipno se confunde com a fora maior porque essa permite aexcluso da responsabilidade civil, diante da total impossibilidade do cumprimento
do objeto contratual (ex. tsunami), enquanto aquela caracteriza-se por uma
dificuldade no cumprimento do objeto contratual, em razo de uma circunstncia que
retirou o seu equilbrio (ex. desvalorizao do real).
Nos termos da clusula de hardship, caso haja uma alterao fundamental do
equilbrio do contrato, as partes devero repactuar as condies de prestao doobjeto contratual objetivando restabelecer o equilbrio. possvel tambm incluir
terceiros que tenham interesse no cumprimento do contrato (ex. fiadores, avalistas)
como beneficirios dessa clusula.
Timm exemplifica esta clusula nos seguintes termos:
Caso um evento danoso posterior e imprevisto pelas partes venha a causar um
desequilbrio econmico-financeiro do contrato, nos termos do art. 478 do
Cdigo Civil e da publicao n 650 da ICC, devero as partes reunir-se no
Brasil pelo menos em trs oportunidades para renegociar o contrato. Caso no
chegem a um acordo no prazo de 30 dias, o caso ser remetido arbitragem na
forma da clusula compromissria.
(1) Uma parte em um contrato obrigada a cumprir com suas obrigaes.
(2) A despeito do item 1 desta clusula, quando a parte do contrato prova:
[a] a execuo contnua de suas obrigaes contratuais se tornou ou pode se
tornar excessivamente onerosa devido a evento alm de seu razovel controle e
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que no poderia ser razoavelmente esperado quando da realizao do contrato
como alteraes climticas, alteraes na poltica monetria ou fiscal; e que
[b] no poderia ser razoavelmente evitado ou superado o evento ou suas
conseqncias, as partes so obrigadas a, dentro de 30 dias da invocao destaclusula contratual, negociar alternativas que razoavelmente ensejem a
superao das dificuldades; [...] caso as partes no cheguem a um acordo, a
parte prejudicada poder terminar o contrato (p. 72/73).
6.1.5. Clusula de confidencialidade
Hoje em dia muitas empresas tm como seu principal ativo a sua marca, suas
patentes, tecnologias, ou seja, aglomerados de informaes que so estratgicas e
que devem ser protegidas.
Por exemplo, em contratos que tem por objeto uma operao que envolva
exclusividade, disputa concorrencial ou propriedade intelectual, as partes visam
proteger suas informaes atravs da adoo de clusulas de confidencialidade.
Assim, praticamente todo contrato preliminar vem acompanhado de uma clausula de
sigilo.
O grande problema na adoo de tais clusulas se refere a sua coercibilidade.
Geralmente tais clusulas imputam parte infratora apenas a responsabilidade
pelas perdas e danos referentes ao seu ato ou omisso, possuindo baixa
aplicabilidade prtica em razo da dificuldade de provar a extenso do dano. Alguns
doutrinadores sugerem a pactuao de clusulas penais, contudo alguns pases tem
dificuldade em reconhecer esse instituto jurdico. Segue exemplo dessa clusula
citado por Timm:
As PARTES obrigam-se, durante e mesmo aps a extino deste contrato, a
no fazer uso e mesmo no divulgar ou tornar pblica qualquer informao a
que tenha tido acesso nas tratativas ou no cumprimento do presente contrato (p.
74).
6.1.6. Clusula arbitral
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A arbitragem ser tratada com mais ateno em aula prpria. Agora, trataremos uma
viso geral do tema. Existem 02 (dois) tipos de clusulas arbitrais: as que
determinam todas as informaes necessrias para a instaurao do tribunal arbitral
(lei, nmero de rbitros, local, idioma); e as que to somente prevem a utilizao da
arbitragem.
As clausulas arbitrais cheias isentam as partes de firmar o compromisso arbitral,
podendo o interessado ajuizar o litgio diretamente perante o tribunal arbitral,
segundo o procedimento da instituio (clusula arbitral). Na vazia, a parte
interessada ter que recorrer ao judicirio para compelir a outra a seguir a via
arbitral (compromisso arbitral).
Vale ressaltar por fim, que a adoo dessa clusula tem como vantagem a
possibilidade de escolha do direito material que regular o contrato. Como exemplo
de clusula-padro segue a recomendada pela ICC e citada por Timm:
Todos os litgios emergentes do presente contrato ou com ele relacionados
sero definitivamente resolvidos de acordo com o Regulamento de Arbitragemda Cmara de Comrcio Internacional, por um ou mais rbitros nomeados nos
termos desse Regulamento (p. 76/77).
6.1.7. Clusula de preos
Nos contratos internacionais o preo tem caractersticas especiais pois haver duas
empresas cada qual com a sua moeda, que possui curso forado em seu pas. No
Brasil, por exemplo, em regra somente a moeda nacional possui curso forado,
como exceo do Decreto Lei 857/69, trs as hipteses em que possvel se firmar
contratos prevendo o pagamento em moeda estrangeira.
No obstante, os pagamentos nos contratos internacionais pressupem um
processo de liquidao do cmbio pelo qual a parte faz o pagamento em sua moeda
local para um banco e esta faz a converso e o pagamento parte estrangeira na
moeda pactuada no instrumento contratual.
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Captulo 07 Contratos Internacionais Parte Especial
7.1. Processo Formativo
Os contratos internacionais de grande vulto costumam passar por um ciclo de
formao que se inicia com os entendimentos iniciais e, geralmente, finda com a
celebrao do contrato definitivo. Devido s complexidades desses pactos todas as
fases desse ciclo costumam ser documentadas atravs de instrumentos especficos
(que geram efeitos jurdicos prprios), tais como, as cartas de inteno ou
memorando de entendimentos, os pr-contratos e os contratos definitivo.
Os documentos produzidos durante a parte negocial do ciclo de formao do
contrato so conhecidos como cartas de intenes, memorandos, protocolos,
minutas. Nos dizeres de Timm esses documentos destinam-se, na maioria das
vezes, a fixar alguns pontos sobre os quais j h concordncia, permitindo
progressivamente a resoluo de todas as inmeras questes que circunscrevem a
celebrao do negcio definitivo(p. 80).
Esses documentos no tm o condo de obrigar as partes a celebrar o contrato
definitivo, regulam apenas obrigaes secundrias como a negociao, o sigilo, a
responsabilidade civil, etc. Vale salientar que esses documentos no encontram
previso expressa no ordenamento jurdico brasileiro, mas so aceitos pela doutrina
e jurisprudncia por fora dos princpios da autonomia da vontade e da atipicidade
(art. 425 do Cdigo Civil).
J o pr-contrato cria uma obrigao de fazer o contrato definitivo nos termos do art.
462 do Cdigo Civil, sendo inclusive possvel compelir a parte inadimplente a
cumprir a tutela especfica, nos termos do art. 461 do CPC. Por fim, o contrato
definitivo aquele em que se estipula a prestao do bem da vida pretendido pelos
contratantes.
No tocante ao momento em que ocorre formao relao obrigacional, Timm que
explica que no direito comercial brasileiro, s se forma o vnculo contratual
(preliminar ou definitivo), quando as partes chegam aos elementos essenciais do
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acorde e tm, entre si, a seriedade e o firme propsito de se obrigarem
juridicamente(p. 81).
No obstante, os acordos provisrios tambm possuem relevncia jurdica, uma vez
que a quebra injustificada, por uma das partes, das expectativas da outra pode
acarretar a responsabilizao civil, por fora do princpio geral de boa-f que preside
todas as relaes negociais.
7.2. Contrato de Compra e Venda
O contrato de compra e venda o instrumento jurdico mais utilizado no comrciointernacional. muito comum que no seu texto sejam adotadas normas
provenientes da lex mercatoria, tais como, os contratos-tipos, as clusulas padro e
os Incoterms.
No tocante legislao aplicvel aos contratos internacionais, possvel que eles
sejam regidos pelo direito interno de um pas ou por um tratado internacional, que
haja sido internalizado por um dos pases das partes contratantes. O maisimportante tratado que regulamenta a compra e venda no mbito do comrcio
internacional a denominada Conveno das Naes Unidas sobre
Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (conhecia pela sigla
CISG), assinada em Viena, em 10 e 11 de abril de 1980.
Em que pese o Brasil no a tenha ratificado, o estudo da CISG bastante
importante uma vez que a maior parte dos parceiros comerciais do Brasil aratificaram e, ainda, ela pode ser aplicada aos contratos de compra e venda nas
seguintes situaes: a primeira seria o importador ou exportador brasileiro ter
contrato com clusula elegendo a Conveno de Viena de 1980 como lei aplicvel
(desde que no violada a LIDB, como comentado); ou ento quando a lei aplicvel
ao contrato, conforme as regras de conexo da LIDB, for de um pas que tenha
internalizado a conveno. Como so vrios os pases que o fizeram (tais como os
Estados Unidos, a China, diversos pases europeus), torna-se importante uma
referncia a ela(Timm, p. 82).
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7.2.1. Campo de Aplicao
A CISG divida em quatro sees. A primeira seo trata do seu campo de
aplicao. Assim, segundo Timm o art. 1 da CISG determina que a presente
Conveno se aplica aos contratos em que as partes tenham o seu estabelecimento
em pases diferentes e: (a) ambos os Estados a tenham ratificado; (b) as regras de
direito internacional privado levem aplicao da lei de um Estado que a tenham
ratificado(p. 83).
J o art. 2 da CISG elenca as situaes em que a conveno no aplicvel, so
as vendas: (a) de mercadorias compradas para uso pessoal, familiar ou domstico, amenos que o vendedor, em qualquer momento anterior concluso do contrato ou
na altura da concluso deste, no soubesse nem devesse saber que as mercadorias
eram compradas para tal uso; (b) em leilo; (c) em processo executivo; (d) de
valores mobilirios, ttulos de crdito e moeda; (e) de navios, barcos, hovercraft e
aeronaves; (f) de eletricidade.
7.2.2. Formao do Contrato
A segunda seo trata da formao do contrato. Nela vale destacar o teor do art. 23
da CISG, o qual determina que o contrato conclui-se no momento em que a
aceitao de uma proposta contratual se torna eficaz. Timm acrescenta que para
configurar-se como oferta, a proposta de contrato deve ser feita a pessoas
determinadas e deve ser suficientemente precisa, ou seja, designar as mercadorias
que so objeto de negociao e, expressa ou implicitamente, fixar a quantidade e opreo, ou prever modos para determin-los(p. 83).
Nos termos do art. 15 da CISG uma proposta contratual torna-se eficaz quando
chega ao destinatrio. Contudo, essa proposta contratual, ainda que irrevogvel,
pode ser retirada, se a retratao chega ao destinatrio antes ou ao mesmo tempo
que a proposta. Assim, a regra que a oferta obriga o proponente, salvo se a sua
retratao chegar ao destinatrio antes ou concomitantemente.
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Quanto aceitao da proposta (aceite) o art. 18 da CISG dispe que esta se perfaz
com a declarao ou conduta do destinatrio. Dessa forma, o silncio de aceitante
no constitui aceitao. Por outro lado, caso a resposta do aceitante contenha
alterao na proposta, ela se constituir em contraproposta, a qual depender de
aceitao do proponente originrio.
7.2.3. Obrigaes e Remdios do Vendedor e do Comprador
7.2.3.1. Obrigaes do Vendedor
Nos do art. 30 da CISG o vendedor se obriga, nas condies previstas no contrato, aentregar as mercadorias e quaisquer documentos e elas relacionados. J o art. 38
da CISG impe ao comprador a obrigao de conferir se as mercadorias entregues
esto de acordo com o pactuado entre as partes, sob pena de decair desse direito.
7.2.3.2. Remdios do Comprador
O art. 45 da CISG trata dos remdios deferidos ao comprador em caso deinadimplemento do vendedor. Amaral ensina que nesse caso o comprador est
autorizado a:
i) exigir a execuo especfica do contrato, nos termos do art.46 da Conveno de
Viena:
a) fazendo que o vendedor cumpra as obrigaes assumidas no contrato; ou
b) exigindo do vendedor a substituio das mercadorias desconformes (apenas
quando a desconformidade constitua violao fundamental do contrato); ou, ainda,c) exigindo do vendedor a reparao das mercadorias;
ii) conceder ao vendedor prazo suplementar para o c