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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO MBA EMPREENDEDORISMO APOSTILA DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR MINAS GERAIS

APOSTILAadmin.institutoalfa.com.br/_materialaluno/matdidatico... · 2018. 10. 18. · MBA EMPREENDEDORISMO APOSTILA DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR MINAS GERAIS . P á

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  • CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

    MBA EMPREENDEDORISMO

    APOSTILA

    DIDÁTICA E METODOLOGIA DO

    ENSINO SUPERIOR

    MINAS GERAIS

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    DISCUTINDO A DIDÁTICA

    A didática é um campo de estudo que se ocupa da busca do conhecimento

    necessário para a compreensão da prática pedagógica e da elaboração de formas

    adequadas de intervenção, de modo que o processo de ensino e aprendizagem se

    realize de maneira que viabilize a aprendizagem de toda a população. Quando

    falamos toda a população, referimo-nos também àqueles que se encontram entre os

    baixos níveis sócio-econômicos na sociedade, mas que tem direito à educação e de

    qualidade, para que possam adquirir, segundo Libâneo (1994, p.35) “um

    entendimento crítico da realidade através do estudo das matérias escolares...”, e

    assim os alunos podem expressar de forma elaborada os conhecimentos que

    correspondem aos interesses prioritários da sociedade e inserir-se ativamente nas

    lutas sociais, ou seja, defender seus ideais de acordo com sua realidade.

    O aluno então aprende e compreende que a educação é fundamental para a

    sua inserção na sociedade, bem como a dimensão crítica e política que ela adquire

    quando desvendada sua ideologia. Para que o aluno, futuro cidadão, consiga

    absorver essa visão crítica e política da realidade, é necessário que seu percurso na

    escola seja repleto de conteúdos, atitudes e aprendizagens significativas, ou seja,

    contextualizadas em sua realidade social, como afirma Candau (1982, p.15), “[...] se

    todo processo de ensino-aprendizagem é ‘situado’, a dimensão político-social lhe é

    inerente”.

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    O principal responsável por articular todos esses fatores no processo

    educativo será o professor. Neste ponto chegamos ao auge de nossa “discussão”, o

    professor está preparado para aplicar e buscar novos conhecimentos (bem como os

    que possuem) de modo a intervir no processo de ensino, possibilitando as melhores

    maneiras para ocorrer à aprendizagem, bem como permear nessas atitudes as

    dimensões críticas e política, que didática possui o professor? Muitos outros

    aspectos participam destas questões, como formação, realidade, compromisso

    profissional e político, amor, enfim, a didática é regida por todas essas dimensões

    entre outras, caracterizando-a. A formação do educador se constitui num dos

    principais pontos, pois é por meio dela que o professor buscará subsídios para o

    exercício de sua função.

    A frustração é o mais comum sentimento que o professor iniciante tem

    quando “pisa” em uma sala de aula. Este percebe não se sentir (na verdade não

    está) preparado suficientemente para lecionar, e que a realidade (prática) está muito

    distante do que aprendeu em sua formação (teoria). Há casos em que o professor

    possui somente o conhecimento científico, e outros que conhecem apenas as

    técnicas de ensino, como afirmam Candau (1982, p. 20) “[...] se um enfatiza o

    processo, o outro o produto”.

    Inicialmente essa separação gerou críticas em torno da teoria, alegando-se

    que nos cursos de formação de professores aprendiam-se “muitos conteúdos e

    nenhuma prática”. Devido a essas alegações o foco da formação docente recaiu

    sobre a prática o que gerou uma concepção de que o bom professor seria aquele

    que aprendesse a “dominar as técnicas e métodos pedagógicos”, pois estaria

    preparado para o mercado de trabalho.

    O professor necessita sim dominar as técnicas e métodos de ensino, mas

    também precisa de uma formação concreta com subsídios teóricos e práticos, e que

    um permeie o outro. A prática pela prática torna-se vazia, o processo de ensino não

    contextualizado torna-se não significativo para o aluno (para o professor também, às

    vezes ele próprio não percebe), não despertando seu interesse e muito menos

    proporcionando reflexões críticas que os levem aos seus posicionamentos políticos

    futuros.

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    O próprio professor acentua o processo precário e ideológico em que a

    educação brasileira se encontra, e muitas vezes nem possui consciência disso.

    Luckesi (1982, p.32) diz que “[...] a didática como vem sendo ministrada e praticada,

    creio eu, acentua o senso comum ideológico dominante”, o que constatamos ser

    verdade. Acrescenta ainda que “aprende-se o caminho que conduz a algum lugar,

    sem saber para onde ir”. Quando o professor não questiona o “como fazer" e o

    “porque fazer”, mergulha num equivoco teórico/prático muito grande.

    O professor deve compreender e aprender que sua didática faz parte de um

    todo, base teórica, ações práticas, visão crítica e política, organização e

    planejamento, etc., e que essas dimensões devem caminhar juntas, pois a

    caracterizam e visam um significado real ao seu corpo, norteando seu trabalho.

    Luckesi (1983) diz que a “didática, ao exercer o seu papel específico, deverá

    apresentar-se como elo tradutor de posicionamentos teóricos em práticas

    educacionais” (p.34).

    HISTÓRICO DA DIDÁTICA

    A história da didática está relacionada ao aparecimento do ensino no decorrer

    da evolução da sociedade. Desde os primórdios dos tempos há indícios de

    processos de ensino na Antiguidade Clássica (Gregos e Romanos), estes sistemas

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    de ensino existiam nas escolas, igrejas, universidades, entre outras instituições, mas

    a ação didática não estava presente nestas formas de ensino, como afirma Libâneo

    (1994, p.57) “[...] pode-se considerar esta uma forma de ação pedagógica, embora

    aí não esteja presente o ‘didático’ como forma estruturada de ensino”.

    O termo “didática” aparece somente quando há a intervenção intencional e

    planejada no processo de ensino-aprendizagem, deixando de ser assim um ato

    espontâneo. A escola se torna assim, um local onde o processo de ensino passa a

    ser sistematizado, estruturando o ensino de acordo com a idade e capacidade de

    cada criança.

    O responsável pela “teorização” da didática será Comênio: A formação da

    teoria da didática para investigar as ligações entre ensino aprendizagem e suas leis

    ocorre no século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670), um pastor

    protestante, escreve a primeira obra clássica sobre didática, a Didática Magna

    (LIBÂNEO, 1994, p.58). Foi o primeiro educador a formular a idéia da difusão dos

    conhecimentos educativos a todos, criou regras e princípios de ensino,

    desenvolvendo um estudo sobre a didática.

    Suas idéias eram calcadas na visão ética religiosa, mesmo assim eram

    inovadoras para a época e se contrapunham ás idéias conservadoras da nobreza e

    do clero, que exerciam uma grande influência naquele período. Algumas das

    principais características da didática de Comênio, segundo Libâneo (1994) eram de

    que a educação era um elo que conduzia a felicidade eterna com Deus, portanto, a

    educação é um direito natural de todos, a didática deveria estudar características e

    métodos de ensino que respeitem o desenvolvimento natural do homem, a idade, as

    percepções, observações; deveria-se também ensinar uma coisa de cada vez,

    respeitando a compreensão da criança, partindo do conhecido para o desconhecido.

    Apesar de Comênio ter elaborado e apresentado todas essas novas idéias, cometeu

    alguns equívocos, como manter o caráter transmissor do ensino, método único,

    ensino simultâneo a todos, entre outros, no entanto, sua contribuição foi muito

    significativa, pois foi o primeiro educador a tentar desenvolver reflexões e métodos

    que auxiliassem no processo de ensino e aprendizagem, bem como querer que

    todos usufruíssem dele.

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    As idéias de Comênio, infelizmente não obtiveram repercussão imediata

    naquela época (século XVII), o modelo de educação que prevalecia era o ensino

    intelectualista, verbalista e dogmático, os ensinamentos do professor (centro do

    ensino) eram baseados na repetição mecânica e memorização dos conteúdos, o

    aluno não deveria participar do processo, o ensino separava a vida da realidade.

    Com o passar dos anos e o desenvolvimento da sociedade, da ciência e dos meios

    de produção, o clero e a nobreza foram perdendo aos poucos seus “poderes”,

    enquanto crescia o da burguesia. Essas transformações fizeram crescer a

    necessidade de um ensino ligado ás exigências do mundo atual, que contemplasse

    o livre desenvolvimento das capacidades e dos interesses individuais de cada um.

    Jean Jacques Rousseau (1712–1778) foi um pensador que percebeu essas novas

    necessidades e propôs uma nova concepção de ensino, baseada nos interesses e

    necessidades imediatas da criança, sendo esse o centro de suas idéias.

    Enquanto Comênio, ao seguir as “pegadas da natureza”, pensava em “domar

    as paixões das crianças”, Rousseau parte da idéia da bondade natural do homem,

    corrompido pela sociedade (CASTRO, 2006, p. 17). Rousseau não colocou em

    prática suas idéias, nem chegou a elaborar uma teoria de ensino, apesar de ter

    contribuído expressivamente para esse novo foco da educação, quem desenvolveu

    suas idéias foi Henrique Pestalozzi (1746–1827), pedagogo suíço, que dedicou sua

    vida à educação de crianças pobres e a instituições dirigidas por ele próprio.

    Pestalozzi demonstrou grande importância ao ensino como meio de educação e

    desenvolvimento das capacidades humanas, como o cultivo do sentimento, da

    mente e do caráter, valorizava também a psicologia da criança como fonte do

    desenvolvimento do ensino.

    As idéias de Comênio, Rousseau e Pestalozzi influenciaram muitos outros

    pedagogos, um deles foi Johann Friedrich Herbart (1766 – 1841), pedagogo alemão

    que exerceu influência relevante na didática e na prática docente, foi e continua

    sendo o grande inspirador da Pedagogia Conservadora (Tradicional). Para Herbart,

    o fim da educação é a moralidade, atingida por meio da instrução educativa. O

    ensino é entendido como um repasse de idéias do professor para a mente do aluno,

    a aprendizagem se torna mecânica e automática.

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    Segundo Castro, Herbart defendia a:[...] educação pela instrução, bem como

    pela relevância do aspecto metodológico em sua obra. O método dos “passos

    formais” celebrizou o autor, que o considerava próprio a toda e qualquer situação de

    ensino (CASTRO, 2006, p.17). Seu intuito consistia em buscar a formulação de um

    método único de ensino, seus discípulos baseados em seu trabalho desenvolveram

    posteriormente a proposta dos cinco passos formais do ensino que eram a

    preparação, apresentação, assimilação, generalização e aplicação, “fórmula que

    ainda é muito usada por nossos professores na atualidade”.

    Tanto Herbart, quanto Comênio, Rousseau e Pestalozzi (além de muitos

    outros educadores) formaram a base do pensamento educativo europeu, difundidos

    depois para todo o mundo, caracterizando as concepções pedagógicas que hoje são

    conhecidas como Pedagogia Tradicional e Pedagogia Renovada.

    No Brasil, a retrospectiva histórica da didática segundo Veiga (2006a, p.33)

    parte do “ano de 1549”, ainda no período colonial, onde os jesuítas foram os

    principais educadores de quase toda essa época. A tarefa educativa destes

    religiosos estava voltada para a catequese e a instrução dos indígenas, entretanto,

    para a elite colonial outro tipo de educação era ministrada. A ação pedagógica dos

    jesuítas foi marcada pelas formas dogmáticas de pensamento e a não criticidade,

    buscava-se a formação do homem universal, humanista e cristão.

    Veiga (2006a, p.34) diz que “[...] dessa forma não se poderia pensar em uma

    prática pedagógica, e muito menos em uma perspectiva transformadora na

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    educação”. A metodologia de ensino (didática) era entendida somente como um

    conjunto de regras e normas prescritivas que visam a orientação do ensino e do

    estudo. Após os jesuítas não ocorreram no país grandes movimentos pedagógicos,

    a nova organização instituída por Pombal representou pedagogicamente, um

    retrocesso no sistema educativo, pois professores leigos começaram a ser admitidos

    para ministrar “aulas-régias”, introduzidas pela reforma pombalina.

    Somente por volta de 1870 com a passagem do modelo agrário-exportador

    (cafeeiro) para um modelo agrário-comercial-exportador, é que começou há haver

    mudanças significativas na educação brasileira. Em 1890 é aprovada a reforma

    Benjamin Constant, onde se sobressaem os ideais burgueses, suprimem-se o

    ensino religioso nas escolas públicas, passando o Estado a assumir a laicidade. A

    Pedagogia Tradicional começa a penetrar no Brasil como uma vertente leiga que

    possui pressupostos da “pedagogia de Herbart” e seus cinco passos formais, caráter

    Dogmático aos conteúdos, métodos universais e o professor como centro do

    processo de ensino e aprendizagem, o aluno é considerado um ser passivo e

    receptivo, como afirma Veiga (2006a, p.36), a atividade docente é entendida como

    inteiramente autônoma em face da política, dissociada das questões entre escola e

    sociedade. Uma didática que separa teoria e prática. Essa vertente pedagógica

    refletia-se nas disciplinas do currículo das Escolas Normais, desde o início de sua

    criação em 1835. A inclusão da disciplina “didática” nos cursos de formação de

    professores ocorreu somente em meados de 1930.

    Nesta década o Brasil sofre profundas transformações devido à modificação

    do modelo sócio-econômico e a crise mundial da economia. Devido a todas estas

    transformações, ocorre no Brasil à Revolução de 1930 que indica o início de uma

    nova fase na história da República Brasileira. Vargas constitui o Ministério da

    Educação e em 1932 ocorre o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, com a

    liderança de Anísio Teixeira (entre outros que o apoiaram), que buscava mudanças

    no campo educacional. As novas mudanças na educação nesse período baseavam-

    se nas idéias do educador americano John Dewey (1859–1952), precursor do

    movimento “escolanovismo” ou “Escola Nova”. Essa nova vertente educacional se

    opunha a concepção Herbatiana (tradicional), há o predomínio do aspecto

    psicológico sobre o lógico, a criança é o centro do ensino, sendo considerada um ser

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    ativo e que deve ter liberdade, iniciativa e autonomia no processo de ensino. Para

    Veiga (2006a, p.38) dada a predominância da influência da pedagogia nova na

    legislação educacional e nos cursos de formação para o magistério, o professor

    absorveu seu ideário.

    O professor passa a entender a didática como um conjunto de idéias e

    métodos, privilegiando a dimensão técnica do processo de ensino, não considerando

    os aspectos sociais, políticos e econômicos, ou seja, o professor se transforma em

    um “técnico” que não considera a realidade. Este modelo pedagógico requeria

    muitos recursos, que infelizmente só a classe dominante dispunha, o que acentuou

    mais ainda a exclusão da maioria da população.

    Ainda em 1932, podemos citar como pontos importantes para a educação à

    criação da primeira faculdade brasileira, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

    da Universidade de São Paulo, onde se aspiravam esperanças na mudança da

    formação através magistério, buscando-se a renovação do ensino, dando origem á

    disciplina didática nos cursos de formação, por volta de 1934.

    Em 1937, Vargas com o apoio de grupos militantes e da classe burguesa

    (conquistada pela ideologia), implanta o Estado Novo ditatorial que persistirá até

    1945. A educação sofre a influência política, e os educadores condicionando-se as

    respectivas posições políticas. Por força do artigo 20 do Decreto-lei nº1.190/39, a

    didática foi instituída como curso e disciplina, com duração de um ano. A legislação

    educacional foi introduzindo alterações para que em 1941, o curso de didática ser

    considerado um curso independente, realizado após o término do bacharelado,

    esquema três mais um. A didática começa a ser percebida como disciplina

    fundamental na formação do educador, mas seu foco está somente na dimensão

    técnica, nos métodos.

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    A partir de 1945, o país sofre novas mudanças econômicas e políticas, há

    uma abertura maior para as importações diversificadas e a introdução do capital

    estrangeiro, o modelo político é baseado nos princípios de democracia liberal, é o

    “Estado Populista”, representado pelo setor empresarial e os setores populares

    contra a oligarquia, mas esta união não durou muito, o poder conquistado fez com

    que ambas se separassem em busca dos interesses particulares de cada grupo. A

    política que rege a educação fica inserida neste contexto de divisão dos grupos no

    poder, sendo assim influenciada por elas.

    Segundo Veiga (2006a): (...) em 1946, o Decreto-lei nº9.053 desobriga o

    curso de didática e, já sob a vigência da Lei de Diretrizes e Bases, lei nº 4.024/61, o

    esquema de três mais um foi extinto pelo parecer nº 242/62, do Conselho Federal de

    Educação. A didática perdeu seus qualificativos geral e especial e introduziu-se a

    prática de ensino sob a forma de estágio supervisionado (p.39).

    Como podemos notar a teoria e a prática estavam se distanciando cada vez

    mais, descaracterizando a didática e suas dimensões, o professor, dada a influência

    desta nova corrente pedagógica e a mudança de foco no processo ensino

    aprendizagem absorveu um ideário no qual, sua principal preocupação era com os

    métodos e técnicas de ensino. Começava a se desenvolver dessa forma uma nova

    linha pedagógica para o ensino á partir da escola nova, é o enfoque “renovador-

    tecnicista” ou tecnicismo, que crescia na base do escolanovismo. Entre 1948 e 1961,

    desenvolveram-se lutas ideológicas em torno da oposição entre escola particular e

    defensores da escola pública, a didática se situava neste contexto inspirando-se no

    liberalismo e no pragmatismo, enaltecendo os métodos e técnicas de ensino.

    A década de 60 foi marcada pela crise na pedagogia nova e a articulação da

    tendência tecnicista, o país foi assumido pelo grupo militar e tecnocrata, era a época

    da ditadura militar, que se instalou no ano de 1964. O sistema educacional era

    marcado pela influência dos acordos MEC/USAID (influência estrangeira) que

    serviram de base às reformas do ensino superior e posteriormente do ensino de 1º e

    2º graus. O modelo pedagógico que se instalava era o tecnicismo, sua base estava

    calcada na neutralidade científica, inspirada também nos princípios de racionalidade

    técnica, eficiência e produtividade, semelhante a uma fábrica, assim o ensino

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    deveria funcionar. No tecnicismo a desvinculação entre a teoria e prática acentua-se,

    o professor torna-se mero executor de objetivos instrucionais, de estratégias de

    ensino e avaliação, sem questioná-los, como afirma Libâneo (1994, p.68), “[...] o

    professor é um administrador e executor do planejamento, o meio de previsão das

    ações a serem executadas e dos meios necessários para se atingir os objetivos”.

    Neste período de ditadura, podemos dizer que o sistema educacional

    brasileiro se estagnou, somente a partir de 1974 tem inicio a abertura gradual do

    regime político vigente e começam a surgir estudos empenhados em fazer a crítica

    da educação dominante, sua ideologia e o caráter reprodutor da escola. Em 1972

    ocorreu o I encontro Nacional de Didática, realizado na Universidade de Brasília que

    buscava construir a identidade da didática.

    Esses novos estudos foram denominados por Saviani (2003, p.16) “teorias

    críticoreprodutivistas”, ou seja, teorias não críticas verdadeiramente. A didática

    infelizmente seguiu este mesmo caminho reprodutivista, e o quadro que se instalou

    foi o de uma total crítica ao sistema educacional vigente. A visão de consciência

    política estava implícita na educação, mas ao mesmo tempo nasceu uma repulsa

    pela dimensão técnica, ou seja, a teoria passou a ser mais valorizada do que à

    prática. Este quadro se instalou também nos cursos de formação de professores,

    onde a didática sofreu “distorções” comprometendo sua identidade e especificidade,

    como afirma Candau (1982, p.22) “competência técnica e política se contrapõe”.

    Alguns autores chegaram até a negar a dimensão prática no processo de ensino,

    considerando-a a vilã do caráter reprodutor da escola. No entanto, como diz o ditado

    “há males que vem para o bem”, se por um lado à teoria crítico-reprodutivista, gerou

    certas distorções na concepção de ensino, por outro fez com que começassem a

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    germinar a semente da “crítica” na formação dos educadores e também nos

    professores, de modo que começassem a repensar sua prática pedagógica e

    considerassem o contexto, a realidade em que o processo de ensino, alunos e eles

    próprios estão inseridos, surgem então, as “teorias críticas da educação”.

    Somente á partir dos anos 80 é que essa nova visão crítica de educação

    começa a se disseminar, com o fim da ditadura militar, a instalação da nova

    república e a constante luta da classe operária (incluindo os professores), os ideais

    educacionais são novamente retomados. Um marco importante dessa nova década

    foi o I Seminário A Didática em Questão realizado na Universidade do Rio de Janeiro

    no ano de 1982, que buscava entre outras propostas, a discussão e disseminação

    dessa nova concepção crítica de educação que estava confusa até o presente

    momento.

    Devido a essa nova concepção de ensino, surgem então, duas novas

    correntes pedagógicas que buscavam contemplar esses novos ideais, a Pedagogia

    Libertadora e a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. A primeira trabalha com a

    proposta de Educação Popular, são discutidos temas sociais e políticos referentes à

    realidade dos alunos. O ensino não se centra nos conteúdos sistematizados, mas no

    processo de ativas discussões e nas ações práticas sobre questões da realidade

    social imediata, valorizando temas geradores, relatos de experiências vividas, entre

    outros pontos de interesse geral importantes na formação e vida dos alunos.

    Libâneo (1994, p.69) afirma que “é uma didática que busca desenvolver o

    processo educativo como tarefa que se dá no interior dos grupos sociais [...]”, ou

    seja, é uma corrente que visa trabalhar diretamente com o povo, suas necessidades,

    direitos e condições reais. Na segunda corrente, a Pedagogia Crítico-Social dos

    Conteúdos, para Libâneo 1994, p.70 (...) a escola pública cumpre sua função social

    e política, assegurando a difusão dos conhecimentos sistematizados a todos, como

    condição para a efetiva participação do povo nas lutas sociais.

    Para o referido autor, a escola deve fornecer o conhecimento (conteúdos

    sistematizados) a todos de forma igual, para assim assegurar o acesso aos mesmos

    e garantir que cada aluno possa interiorizá-lo confrontando com suas experiências e

    realidade, sendo capaz de interpretá-los e usá-los a favor dos interesses de sua

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    classe. A pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos atribui grande importância a

    didática, cujo objetivo de estudo é o processo de ensino inserido em suas relações

    com o meio e ligações com a aprendizagem, pois ela direciona esse processo

    (intenções), visando fins sócio-políticos e pedagógicos.

    Finalizando esta década e baseados nestas novas correntes pedagógicas,

    podemos citar uma frase de Veiga 2006a que nos leva a refletir sobre a função da

    didática hoje: Nesse sentido, a didática crítica busca superar o intelectualismo formal

    do enfoque tradicional, evitar os efeitos do espontaneísmo escolanovista, combater

    a orientação desmobilizadora do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente

    pedagógicas, desprestigiadas pelo discurso reprodutivista. Procura, ainda,

    compreender e analisar a realidade onde está inserida a escola.

    As teorias críticas da educação buscam uma didática que proponha

    mudanças no modo de pensar e agir do professor, bem como o ideal de

    democratização da escola pública, através da aprendizagem dos conteúdos

    sistemáticos, realidade social e interesses e direitos da “população”.

    Na caminhada em nossa retrospectiva histórica, analisaremos desde a

    década de 90 até os dias atuais, que nos aponta um novo foco em nossa realidade

    educacional: “o mundo contemporâneo é marcado pela hegemonia do projeto

    neoliberal, consolidando-se no contexto internacional e nacional, dominado pelo

    pensamento técnico-científico” (VEIGA, 2006a, p.45).

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    Acentuam-se e ampliam-se as formas de exclusão social e cultural, o

    individualismo e a ideologia de classe dominante através do neoliberalismo. O

    mundo globalizado traz novas regras econômicas de grande impacto social, e isso

    reflete também sobre a educação. Novas medidas e leis são impostas sobre o

    sistema educacional, nossos processos avaliativos são submetidos á modelos e

    exigências externas coordenados por interesses políticos globalizados.

    Neste novo período na educação, é discutido e questionado o papel da

    ditadura sob duas visões segundo Veiga: [...] a primeira voltada para a formação do

    tecnólogo de ensino; a segunda procura favorecer e aprofundar a perspectiva crítica,

    voltada para a formação do professor como agente social (2006a, p.46).

    Percebemos que esta conclusão de Veiga não é positiva na evolução educacional, a

    didática modernizadora baseada na legislação de ensino vigente, buscam formar um

    profissional com base em uma pedagogia por competências e ligada a avaliação e

    controle de resultados. Há uma grande junção de diferentes partes de várias

    correntes pedagógicas e enfoques teóricos, com cita Veiga (2006a, p.47), o

    “neobehavionismo”, que são impostos e cobrados dos professores.

    Nessa concepção, a didática é desvinculada do contexto social mais amplo,

    possibilitando a formação do professor como um técnico, mero executor de

    atividades rotineiras, impostas, automáticas e burocráticas. Desenvolve-se então,

    uma concepção de formação pragmatista em que, o processo de ensino tem por

    base a aprendizagem por competências com valorização dos métodos e técnicas, o

    educador acaba por fazer, mas não conhece os fundamentos deste fazer,

    empobrecendo cada vez mais sua formação e ação. O sistema de avaliação exigido

    dos professores é classificatório, autoritário e discriminatório, acentuando a exclusão

    e marginalização dos indivíduos do sistema educacional.

    A influência neoliberalista permeia essas concepções que distorcem a busca

    de uma escola democrática, ligada ao contexto social e a formação comprometida

    dos professores, e esta influência, segundo autores da atualidade, é também um dos

    grandes desafios presentes em nosso sistema educacional nos dias de hoje.

    Finalizando podemos concluir que nestas duas últimas décadas, (que ainda estamos

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    construindo) o esforço de educadores, pesquisadores e autores giram em torno da

    concepção política e crítica da didática, percebe-se que há uma maior preocupação

    da “ampliação do enfoque crítico” e preocupação da “educação como prática social”,

    compromisso com a democratização da escola pública e qualidade de ensino,

    formação consciente de nossa realidade e desenvolvimento de pesquisas na área

    de didática. Busca-se então, uma re-configuração da didática crítica, realizada na

    perspectiva de uma visão “contextualizada e multidimensional do processo

    pedagógico, não enfatizando ou reduzindo nenhuma dimensão, mas sim as

    articulando, e tendo o ensino como prática social concreta".

    CONCEITUAÇÃO DA DIDÁTICA

    A didática não possui exatamente uma palavra ou termo que poderíamos

    chamar de seu sinônimo, sabemos que ela está intimamente ligada ao processo de

    ensino e aprendizagem. Na atualidade, educadores e pesquisadores defendem a

    idéia de que a didática é o estudo do processo de ensino e aprendizagem que

    compreendem formas de organização do ensino, uso e aplicação de técnicas e

    recursos pedagógicos, controle e a avaliação da aprendizagem, postura do

    professor e principalmente objetivos políticos-pedagógicos e críticos sobre o ensino.

    O que acontece geralmente é que muitos educadores acabam por enfatizar somente

    uma destas dimensões (ou algumas) didáticas e baseiam seu sistema de ensino e

    aprendizagem em um único foco gerando um reducionismo didático, que

    infelizmente empobrece todo o sistema educativo.

  • P á g i n a | 16

    Retomando o conceito de didática, temos Comênio, (como foi visto),

    considerado o “pai da didática”, é claro que outros pensadores contribuíram com

    pressupostos significativos, mas como afirma Libâneo (1994) ele foi o primeiro

    educador a teorizar a didática em sua obra “Didática Magna”, a formular a idéias da

    difusão dos conhecimentos a todos e criar princípios e regras de ensino.

    Comênio acreditava poder definir um método capaz de ensinar tudo a todos,

    ou como ele cita em sua obra “a arte de ensinar tudo a todos” e esclarece: A proa e

    a popa de nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os

    professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais: nas escolas haja

    menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais

    recolhimentos, mais atractivo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos

    trevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz, mais

    tranqüilidade (COMÊNIO apud VEIGA, 2006a, p.18).

    Suas ideais eram aguçados para a época, mas podemos perceber que

    Comênio possuía uma visão diferente de sistema de ensino, onde se buscava um

    novo meio de ensino e aprendizagem, mesmo com fundamentos religiosos, serviram

    de base para primeira conceituação sobre a didática.

    Entre outros educadores que contribuíram significativamente para a

    conceituação da didática, encontramos Rousseau, que baseava seus estudos sobre

    o ensino nos interesses e necessidades imediatas da criança; Pestalozzi que

    atribuía grande importância ao método intuitivo e a psicologia, consistindo suas

    idéias na educação intelectual; Herbart que acreditava que o fim da educação é a

    moralidade atingida através da instrução educativa e que deu origem a proposta dos

    cinco passos formais na educação, sendo um grande influenciador da Pedagogia

    Tradicional.

    Podemos citar também John Dewey (1859-1952) que propunha uma didática

    ativa, educação pela ação, colocando o aluno em primeiro plano e o professor em

    segundo. Montessori marcou a história da didática com suas teorias cognitivistas,

    além das teorias fenomenológicas e interacionistas, baseadas na psicologia genética

    de Piaget, grande estudioso francês que contribuiu para a percepção dessa

    dimensão no processo educativo. Paulo Freire, grande educador e criador da

  • P á g i n a | 17

    Pedagogia Libertadora pensava e concebia uma didática baseada no

    desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem no interior dos grupos

    sociais.

    Na atualidade encontramos autores como Vera M. Candau e Ilma P. A Veiga

    que se preocupam com a dicotomização das dimensões da didática, aspecto crítico

    e político que a didática esta tomando, bem como a “fragmentada” formação e

    neutra que muitos professores estão recebendo e exercendo. Dois autores da

    atualidade, Libâneo e Saviani buscam por meio da Pedagogia Crítico-Social dos

    Conteúdos e da Pedagogia Histórico Crítica uma didática que supere as teorias não

    críticas e críticas reproducionistas, numa escola democrática e que cumpra sua

    função social e política, num ensino que propicie a verdadeira formação cidadã,

    baseadas nos conteúdos sistematizados como preparo para a vida e engajado nas

    lutas sociais.

    Considerando o contexto histórico que a didática percorreu, percebemos que

    ela seguiu diferentes rumos de acordo com o modelo econômico do país (e suas

    transformações, interesses políticos e educacionais, influências estrangeiras,

    modismos, estudos e pesquisas em torno desta área). Na corrente tradicional, a

    didática visava um homem passivo, acrítico e fiel a “religião”. Na corrente Nova a

    didática deveria formar um homem capaz de aprender autonomamente, mas não a

    pensar e a criticar. Na corrente Tecnicista a didática é voltada para a formação de

    um “homem máquina”, que aprenda e viva mecanicamente e de forma neutra. Nas

    correntes “críticas da educação” (Pedagogia Libertadora, Crítico-Social dos

  • P á g i n a | 18

    Conteúdos e Histórico Crítica) a didática que se propõe visa formar um homem que

    possui e usufrui seus direitos e deveres, mediante sua aprendizagem na escola,

    posicionamento político e crítico diante da realidade. A formação do professor e do

    aluno, a postura política e crítica, os conteúdos, a avaliação, enfim, todos os

    componentes que fazem parte do processo de ensino caminham de acordo com as

    concepções políticas, somos nós educadores quem poderemos perceber e lutar

    para mudá-la.

    Concluindo, podemos citar o significado que o dicionário nos traz sobre a

    palavra didática que é “a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem”, realmente a

    técnica deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem, mas para um

    educador compromissado com a educação de qualidade e democrática, sabemos

    que há de existir muitas outras dimensões deste processo e que somente

    articulando–as se conseguirá uma educação plena.

    METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

    Quando se fala em “formação de professores”, vem-nos à cabeça o processo

    de formação para a docência na educação básica (ensino fundamental e, no

    máximo, médio). Dificilmente a abordagem de formação de professores estende-se

    para a formação de professores universitários, como se a formação específica para

    o magistério nesse nível fosse algo supérfluo, ou mesmo, desnecessário.

    No entanto, uma das críticas mais comuns dirigidas aos cursos superiores diz

    respeito à didática dos professores universitários, ou seria melhor dizer, à falta dela.

  • P á g i n a | 19

    Tal fato pode ser constatado tanto através da literatura específica da área, como

    através de conversas com alunos em diferentes tipos de instituição e em diferentes

    cursos.

    Relatos de que o professor sabe a matéria, porém não sabe como transmiti-la

    ao aluno, de que não sabe como conduzir a aula, não se importa com o aluno, é

    distante, por vezes arrogante, ou que não se preocupa com a docência, priorizando

    seus trabalhos de pesquisa, são tão freqüentes que parecem fazer parte da

    “natureza”, ou da “cultura”, de qualquer instituição de ensino superior.

    Ao mesmo tempo, amplia-se cada vez mais a exigência de que os

    professores universitários obtenham os títulos de mestre ou doutor. No entanto, é

    questionável se esta titulação, do modo como vem sendo realizada, possa contribuir

    efetivamente para a melhoria da qualidade didática no ensino superior.

    Os programas de pós-graduação, de maneira geral, tendem a priorizar em

    suas atividades a condução de pesquisas, tornando-se responsáveis, mesmo que

    não intencionalmente, por reproduzir e perpetuar a crença de que para ser professor

    basta conhecer a fundo determinado conteúdo ou, no caso específico do ensino

    superior, ser um bom pesquisador.

    Numa breve retrospectiva da história das universidades – de maneira geral e,

    mais especificamente, das brasileiras –, é possível observar que a formação exigida

    do professor universitário tem sido restrita ao conhecimento aprofundado da

    disciplina a ser ensinada, sendo este conhecimento prático (decorrente do exercício

    profissional) ou teórico/epistemológico (decorrente do exercício acadêmico). Pouco,

    ou nada, tem sido exigido em termos pedagógicos.

    Acreditamos que possam existir pelo menos três fatores contribuindo para

    que, na cultura universitária, a tarefa de ensinar – e conseqüentemente a formação

    pedagógica dos professores – sejam relegadas a segundo plano.

    Em primeiro lugar, a formação para a docência universitária constituiu-se

    historicamente como uma atividade menor. Inicialmente, havia a preocupação com o

    bom desempenho profissional, e o treinamento profissional, acreditava-se, poderia

    ser dado por qualquer um que soubesse realizar bem determinado ofício.

  • P á g i n a | 20

    Acreditava-se (como alguns ainda hoje acreditam) que “quem soubesse fazer,

    saberia automaticamente ensinar”, não havendo preocupações mais profundas com

    a necessidade do preparo pedagógico do professor (MASETTO, 1998, p. 11).

    Posteriormente, com a crescente aproximação das universidades do modelo

    humboldtiano, voltado à produção de conhecimentos, a preocupação com a

    formação de professores para o magistério superior centrou-se na preparação para

    a condução de pesquisas e, da mesma maneira, o pedagógico continuou a ser

    negligenciado, como se as atividades realizadas com os alunos de graduação não

    se configurassem como produção de conhecimento, mas, simplesmente, repetição

    do que já havia sido realizado por outros.

    Em segundo lugar, também decorrência dessa ênfase na condução de

    pesquisas, os critérios de avaliação de produtividade e qualidade docente

    concentram-se, hoje, na produção acadêmica destes professores. Ou seja, ensino e

    pesquisa passam a ser atividades concorrentes, e como os critérios de avaliação

    premiam apenas a segunda, uma cultura de desprestígio à docência acaba sendo

    alimentada no meio acadêmico, comprometendo, como ressalta Pimentel (1993, p.

    89), a almejada indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão.

    É possível, portanto, concluir que a prática usual nas universidades concorre

    para esta desvalorização do ensino, transmitindo em sua cultura valores díspares

    para as duas atividades (ensino e pesquisa).

    Finalmente, observamos a inexistência de amparo legal que estimule a

    formação pedagógica dos professores universitários. A título de exemplo, é válido

    mencionar que a legislação brasileira sobre educação, mais especificamente a LDB

    (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) é omissa em relação à formação

    pedagógica do professor universitário. Num acompanhamento detalhado dos

    diversos momentos de discussão da LDB (cf. SAVIANI, 1998, p. 144), é possível

    observar-se que na proposta inicial do então senador Darcy Ribeiro, a preocupação

    com a formação pedagógica dos professores universitários era contemplada: art. 74

    – A preparação para o exercício do magistério superior se faz, em nível de pós-

    graduação, em programas de mestrado e doutorado, acompanhados da respectiva

  • P á g i n a | 21

    formação didático-pedagógica, inclusive de modo a capacitar o uso das modernas

    tecnologias do ensino.

    No entanto, num processo de “enxugamento” do texto da LDB – além, é claro,

    das pressões feitas por diversos setores da sociedade cujos interesses podem ser

    contrariados com a exigência de maior capacitação docente –, omitiu-se do texto

    final a necessidade de formação pedagógica do professor universitário,

    configurando-se o texto final como segue: “Art. 66 - A preparação para o exercício

    do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em

    programas de mestrado e doutorado.”.

    Assim, não encontrando amparo na legislação maior, a formação pedagógica

    dos professores universitários fica a cargo dos regimentos de cada instituição

    responsável pelo oferecimento de cursos de pós-graduação, refletindo, e ao mesmo

    tempo regulamentando, a crença na não necessidade de que esta formação seja

    oferecida.

  • P á g i n a | 22

    FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

    UNIVERSITÁRIO: UMA NECESSIDADE

    Como mencionamos, a formação do docente universitário tem se concentrado

    na sua crescente especialização dentro de uma área do saber. De acordo com

    Vasconcelos (1998, p. 86), há “pouca preocupação com o tema da formação

    pedagógica de mestres e doutores oriundos dos diversos cursos de pós-graduação

    do país. A graduação tem sido ‘alimentada’ por docentes titulados, porém, sem a

    menor competência pedagógica”. Tal constatação nos leva a um questionamento

    acerca da correlação entre a crescente especialização oferecida pelos cursos de

    pós-graduação e a melhoria da qualidade docente dos professores universitários.

    Marcelo García (1999, p. 244), fazendo referência a trabalhos realizados por

    Aparício e Felman, ressalta que, em diversas investigações, a correlação encontrada

    entre a produção científica dos professores e a avaliação que seus alunos fazem

    deles tem sido muito baixa (em torno de 0,21), concluindo as relações entre

    produtividade científica e eficácia docente são escassas, ou como refere Felman

    (1987) apud García (1999), são essencialmente independentes uma da outra.

    A esse respeito, Pimenta e Anastasiou (2002, p. 190-196) observam que a

    formação atualmente oferecida aos pós -graduandos separa-os de qualquer

    discussão sobre o pedagógico, desconsiderando, inclusive, que os elementos-chave

    do processo de pesquisa (sujeitos envolvidos, tempo, conhecimento, resultados e

    métodos) não são os mesmos necessários à atividade de ensinar, e elaboram uma

    comparação entre as características dos elementos constituintes de cada atividade.

  • P á g i n a | 23

    Considerando as diferenças entre as atividades de pesquisar e ensinar, as autoras

    concluem que não seja difícil compreender por que ser um reconhecido pesquisador,

    produzindo acréscimos significativos aos quadros teóricos existentes, não é garantia

    de excelência no desempenho pedagógico e, conseqüentemente, por que os

    programas de pós-graduação não oferecem, necessariamente, melhoria na

    qualidade docente: como a pesquisa e a produção de conhecimentos são objetivos

    da pós-graduação, os docentes, quando participam desses programas, sistematizam

    e desenvolvem habilidades próprias ao método de pesquisa, deixando de lado o

    desenvolvimento das características necessárias para o desenvolvimento do ensino.

    Assim, podemos perceber que os cursos de formação, quando voltados

    exclusivamente para a realização de pesquisas, não atendem às necessidades

    específicas dos professores no tocante a suas atividades de docência. Ou seja, a

    qualificação oferecida pelos cursos de pós-graduação, como atualmente

    estruturados, possibilitam aos professores a titulação, porém, a maior titulação não

    significa, necessariamente, melhoria na qualidade docente.

    É válido ressaltar que os próprios pós-graduandos criticam o despreparo

    pedagógico com que iniciam seu trabalho em sala de aula, como levantado por

    Macedo, Paula e Torres (1998, p.1). Ainda a respeito da falta de preparo pedagógico

    dos futuros professores universitários, Kennedy (1997) introduz uma observação

    bastante interessante. Segundo o autor, a vasta maioria dos doutorados acadêmicos

    são produzidos em universidades, mas grande parte dos professores nelas

    formados irá lecionar em instituições de ensino superior bastante diferentes

    daquelas onde foram titulados. Dessa forma, “chegam ao trabalho com poucas

    noções sobre como realizar a transição de aprendiz experiente para professor

    novato, ou mesmo sobre o que é esperado deles como profissionais” (p. 30).

    Embora Kennedy esteja se referindo à situação das instituições de ensino

    superior americanas, o que ocorre no Brasil não é diferente. Aqui, também, grande

    parte dos professores universitários é titulada em universidades, prioritariamente em

    instituições públicas (estaduais ou federais), pelas quais não serão necessariamente

    contratados. Assim, embora muitos professores sejam formados, ou titulados, em

    instituições universitárias, com tradição em pesquisa, o mercado de trabalho que

  • P á g i n a | 24

    para eles se abre é, muitas vezes, em instituições não-universitárias, com tradição

    em ensino.

    Tendo em vista as recentes políticas de expansão e flexibilização do sistema

    de ensino superior brasileiro, essa situação de diferenciação entre instituições

    voltadas predominantemente ao ensino ou à pesquisa, e conseqüentemente a

    discrepância entre a formação oferecida ao pós-graduando e as tarefas a serem

    exercidas em sua futura atuação como professor, torna-se mais acentuada.

    O Brasil tem vivenciado um período de diversas alterações no sistema de

    ensino superior, que englobam, além do crescimento destacado anteriormente, a

    expansão e flexibilização do sistema, mudanças na estrutura curricular (diretrizes

    curriculares), alterações nos critérios de ingresso nas IES, exigência de titulação do

    corpo docente, processos sistemáticos de avaliação, tanto em âmbito institucional

    como nacional, entre outros indicadores, muitos dos quais decorrentes da introdução

    de novas tecnologias na educação.

    Esse processo, no entanto, não tem se dado de modo proporcional entre os

    diferentes tipos de instituição existentes no país, havendo uma diferenciação cada

    vez maior entre os programas que incentivam a pesquisa e programas que priorizam

    o ensino (GAMBOA, 1999; SAVIANI, 1998).

    Como observado por Pimenta e Anastasiou (2002, p. 141), as oportunidades

    de emprego vêm aumentando com a expansão das instituições particulares de

    ensino em todo o território nacional, o que pode ser observado por uma análise dos

    dados estatísticos divulgados recentemente pelo MEC/INEP (Pachane, 2003),

    expansão esta que não é acompanhada de um processo de profissionalização, nem

    inicial nem continuada (PIMENTA e ANASTASIOU, 2002, p. 128-129).

    Para as autoras, o conhecimento deste sistema é de extrema importância pois

    as condições de trabalho dos professores são bastante diversas entre os diferentes

    tipos de IES brasileiras e, dependendo do tipo de instituição ao qual o professor se

    vincula, um tipo de produção diferente será exigido dele, seja ela relativa a

    atividades de docência, de extensão ou pesquisa, cabendo lembrar que a docência

    estará presente em todos.

  • P á g i n a | 25

    A este movimento de expansão desigual entre os diferentes tipos de IES

    brasileiras alia-se outro: o processo de flexibilização do sistema (diversificação da

    oferta), diferenciação que tende a se aprofundar, refletindo a adequação do sistema

    em face do crescimento da demanda e dos novos perfis profissionais exigidos pelo

    mercado. Aponta-se, hoje, para a necessidade de criação de cursos mais curtos

    e/ou voltados a novas especialidades, sejam elas decorrentes de abordagens

    interdisciplinares, do avanço da ciência e da tecnologia, da flexibilização dos campos

    do saber ou das necessidades criadas pelo gerenciamento de sistemas de novas

    tecnologias. Questiona-se, inclusive, qual a formação que o ensino superior deve

    oferecer e a quais interesses deve atender.

    Paralelamente a estas mudanças, o sistema educacional tem observado um

    movimento no sentido de democratização do acesso ao ensino superior, como é

    possível de ser observado nos resultados do Censo da Educação Superior. A

    expansão do número de vagas, e a conseqüente ampliação do acesso ao ensino

    superior, proporciona uma maior heterogeneidade do público que se dirige às

    instituições de ensino superior. Este abre-se a parcelas da população a quem a

    possibilidade de graduação era, anteriormente, dificultada.

    Hoje, portanto, é necessário ao professor saber lidar com uma diversidade

    cultural que antes não existia no ensino superior, decorrente do ingresso de um

    público cada vez mais heterogêneo. Um público que pode, por um lado, não estar

    tão bem preparado, tanto emocional quanto intelectualmente, para o ingresso no

    ensino superior; um público talvez mais jovem, mais imaturo, e, por vezes, pouco

    motivado e comprometido com sua aprendizagem, tendo em vista que o ensino

    superior hoje não é mais garantia de um emprego estável no futuro, mas um público

    que pode, por outro lado, ser muito mais exigente quanto à qualidade do curso

    oferecido, tendo em vista especialmente o alto grau de competitividade do mercado

    de trabalho (MILLAR, 1996, BRIDGES, 1995; SANTOS, 1997; RIBEIRO JÚNIOR,

    2002).

    Além disso, os professores passam a ter necessidade de aprender a lidar com

    turmas cada vez mais numerosas, pois a baixa correlação do número de alunos por

    professor, antes tomada como índice de qualidade de um curso, hoje passa a

    identificar a “ineficiência do sistema”.

  • P á g i n a | 26

    É necessário destacar também que o ensino superior, por muito tempo

    considerado ponto terminal da educação e voltado à formação profissional, tem

    agora para si outras funções e, dependendo do ponto de vista que adotarmos,

    configura-se apenas como um primeiro passo rumo a um processo de “lifelong

    learning” (educação permanente), fenômeno que vem ocorrendo não apenas no

    Brasil.

    Tais constatações nos levam a uma preocupação em relação à formação dos

    professores para atuar no ensino superior e que culminam nos questionamentos

    propostos por Morosini (2000, p. 11): “quem são (serão) esses novos professores?

    Estarão preparados didaticamente?”.

    Atualmente, a preocupação com a aferição da eficiência do sistema

    educativo, seja através do sistema nacional de avaliação ou de programas de

    avaliação institucional, começa a desvelar as precariedades e os pontos positivos da

    área e por influenciar, direta ou indiretamente, o trabalho dos professores. Como

    destaca Morosini (2000, p. 13), embora o sistema nacional de avaliação não

    estabeleça normas de capacitação didática do docente, há uma íntima relação entre

    o desempenho didático do professor e o desempenho do aluno e, dessa forma,

    sugere que tais avaliações, mesmo não incidindo diretamente na qualidade docente,

    indiretamente, afetam-na.

    A partir dos pontos até aqui abordados, podemos concluir que o professor

    universitário não se forma, hoje, para atuar necessariamente em uma universidade,

  • P á g i n a | 27

    porém, num complexo sistema de ensino superior, que envolve diferentes

    instituições e tipos de cursos. Mas, mais que isso, além de preparar-se para agir

    neste meio, para trabalhar com o novo perfil de alunos que chegam ao ensino

    superior, como também com o novo perfil exigido dos egressos do ensino superior,

    acreditamos que seja necessário a este professor conhecer esta realidade e saber

    entendê-la e analisá-la, ou seja, torna-se necessário que o professor desenvolva

    estratégias que permitam a ele refletir sobre sua docência e o contexto mais amplo

    no qual ela se acha inserida.

    Vimos até aqui destacando o trabalho dos professores universitários em

    termos da docência (ensino de graduação e pós-graduação) e da realização de

    atividades de pesquisa (trabalho na pós-graduação, orientação de alunos, condução

    de pesquisas próprias, publicações, participação em encontros científicos, etc.). No

    entanto, não podemos reduzir as tarefas dos professores somente a estas duas

    dimensões. Benedito, Ferrer e Ferreres (1995) ressaltam que a própria docência tem

    sido vista com excessivo reducionismo ao ser identificada somente com as

    atividades que os professores realizam quando estão na sala de aula com seus

    alunos (p. 170).

    Os autores apontam que as funções que fazem parte do trabalho do professor

    universitário são, principalmente, as seguintes: o estudo e a pesquisa; a docência,

    sua organização e o aperfeiçoamento de ambas; a comunicação de suas

    investigações; a inovação e a comunicação das inovações pedagógicas; a

    orientação (tutoria) e a avaliação dos alunos; a participação responsável na seleção

    de outros professores;

    o a avaliação da docência e da investigação;

    o a participação na gestão acadêmica;

    o o estabelecimento de relações com o mundo do trabalho, da cultura etc.;

    o a promoção de relações e intercâmbio departamental e interuniversitário, e a

    contribuição para criar um clima de colaboração entre os professores

    (BENEDITO, FERRER e FERRERES, 1995, p. 119).

    Pimenta e Anastasiou (2002, p. 39), por sua vez, lembram que, para além da

    docência, espera-se dos professores seu envolvimento na administração e gestão

  • P á g i n a | 28

    em seus departamentos, na universidade, tomando decisões sobre currículos,

    políticas de pesquisa e financiamento, não apenas no seu âmbito, mas também no

    âmbito dos sistemas públicos estaduais, do sistema nacional de educação e das

    instituições científicas de fomento, de políticas de pesquisa, de ensino e de

    avaliação, aspectos que, de maneira geral, não são contemplados num processo de

    formação profissional do docente do ensino superior.

    FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO

    SUPERIOR: PROCESSO QUE SE APRENDE?

    A reflexão aqui proposta aponta alguns elementos essenciais para a

    construção das competências necessárias e desejáveis para a atuação docente na

    universidade. Assim, os achados de pesquisa cujas preocupações envolvem a

    temática dos desafios contemporâneos, visam formar docentes para atuarem no

    ensino superior. Os desafios são delineados a partir de duas questões iniciais:

    1. Como se aprende a ser professor?

    2. Como se constrói o conhecimento pedagógico necessário para este aprender?

    A primeira questão focaliza a necessidade dos professores tomarem

    consciência de seus processos formativos, refletindo sobre os mesmos e, ao mesmo

    tempo estarem cientes de que este é um dos caminhos para aprenderem a ser

    docentes.

  • P á g i n a | 29

    A segunda trata da tessitura de uma rede de interações para a construção do

    conhecimento pedagógico compartilhado, possibilitando, através do diálogo, a

    reflexão sobre idéias, opiniões e contradições, oriundas deste processo interativo e

    mediacional, permitindo a produção de um “novo” conhecimento pedagógico. A partir

    dessas discussões, apontamos para a importância da construção de uma rede de

    mediações capaz de propiciar a formação de professores vista como um espaço

    interdisciplinar de compartilhamento pedagógico e epistemológico, para o qual

    convergem os saberes da docência, a integração e a troca de experiências,

    necessárias a essa formação.

    MUDANÇAS NO MUNDO COMTEMPORÂNEO E SEU

    REFLEXO NO ENSINO SUPERIOR

    Até aqui, analisamos um pouco das mudanças que vêm se processando no

    contexto que podemos chamar de “intrínseco” ao ensino superior. No entanto, as

    modificações não se processam isoladamente do contexto social, político e

    econômico mais amplo no qual as IES se acham envolvidas.

    As mudanças que vêm ocorrendo no mundo contemporâneo, assim como das

    mudanças nos campos das diversas ciências, inclusive da educação levam, elas

  • P á g i n a | 30

    também à necessidade de se repensar a formação atualmente oferecida aos futuros

    professores universitários e mesmo àqueles que já exercem suas funções.

    Temos hoje configurado um processo de mudanças no contexto global no

    qual se inserem as instituições de ensino superior, mudanças relacionadas, em

    especial, ao avanço científico-tecnológico, a alterações na organização do trabalho

    (processo produtivo), à sociedade de informação, aos processos de globalização da

    economia e a alterações na relação dos sujeitos com o conhecimento (MORAES,

    1997; RIBEIRO JÚNIOR, 2002). Tais mudanças acabam por afetar, direta ou

    indiretamente, a organização das IES, assim como o trabalho realizado em seu

    interior.

    Em complementação às alterações e aos questionamentos suscitados pelas

    mudanças decorrentes da “nova ordem mundial” e dos avanços tecnológicos, as

    instituições de ensino superior encontram-se imersas em um outro processo de

    mudanças, não desvinculado dos outros dois.

    Como apontado por diversos autores (Santos, 1997; Kuhn, 1991; Pimentel,

    1993; Cunha, 1998; Leite et al., 1998; Pereira, 2002, entre outros), vivemos um

    período de transição em que crenças absolutistas e de neutralidade da ciência,

    assim como de diversos pressupostos da modernidade, que vigoraram como

    verdades absolutas durante muito tempo, passam a ser questionados.

    As “verdades” passam a ser vistas como sínteses provisórias, o saber é

    historicizado e relativizado e a divisão entre disciplinas estanques é questionada. A

    confiança do homem na razão é abalada e, conseqüentemente, todo o trabalho

    realizado dentro das instituições universitárias.

    A reestruturação na forma como se concebe o saber, a influência dos

    aspectos tecnológicos e toda uma reestruturação na organização social clamam,

    portanto, por mudanças na estruturação e nos objetivos do ensino superior,

    eminentemente marcados pelo paradigma moderno.

    Conseqüentemente, o trabalho a ser realizado pelo professor universitário

    sofre também alterações. Torna-se necessário ao professor pensar numa nova

    forma de ensinar e aprender que inclua a ousadia de “inovar as práticas de sala de

  • P á g i n a | 31

    aula, de trilhar caminhos inseguros, expondo-se e correndo riscos, não se apegando

    ao poder docente, com medo de dividi-lo com os alunos e também de desvencilhar-

    se da racionalidade única”, pondo em ação outras habilidades que não apenas as

    cognitivas. Torna-se necessário, ainda, que os professores passem a pensar-se

    como “participantes do desvelamento do mundo e da construção de regras para

    viver com mais sabedoria e mais prazer” (CASTANHO, 2000, p. 87).

    Não se pode mais entender o professor como “detentor do saber”, nem o

    ensino como transmissão de um conhecimento pronto e acabado. O modelo pelo

    qual se pautava a organização do ensino superior não dá mais conta da

    complexidade do momento que vivenciamos e é constantemente impulsionado a

    mudanças. Neste contexto, professores e alunos passam a construir conjunta e

    continuamente o conhecimento, embasados nas teorias e na revisão constante

    destas, nos questionamentos e nas leituras da realidade e do presente histórico

    (PEREIRA, 2002, p. 42).

    A indissociabilidade ensino-pesquisa, a perspectiva de produção de

    conhecimento e a autonomia de pensamento, o incentivo à criticidade e à

    criatividade, a flexibilização de espaços, tempos e modos de aprendizagem, a

    emergência da interdisciplinaridade, a necessidade de integração teoria e prática, a

    necessidade de separação de dicotomias (teoria/prática, forma/conteúdo entre

    outras), a necessidade de domínio de novas habilidades decorrentes de avanços

    tecnológicos (como uso de realidade virtual), o resgate da ética, a incorporação da

    afetividade, a ênfase ao posicionamento político do professor e a centralização do

    processo educativo na aprendizagem do aluno, entre outros fatores que aqui

    poderíamos enumerar, alteram profundamente o perfil necessário ao professor numa

    instituição de ensino superior e nos chamam a atenção para a necessidade de que

    estes professores, ou futuros professores, estejam conscientes desses processos

    nos quais se acham envolvidos.

    Percebemos, portanto, que as características necessárias aos professores

    universitários hoje, extrapolam – e muito – os limites do conhecimento aprofundado

    da matéria de sua especialização e a aquisição de habilidades necessárias à

    condução de pesquisas, e seguem-se a dimensões muito mais amplas, que nos

  • P á g i n a | 32

    levam a argumentar em favor da importância da formação pedagógica do professor

    universitário.

    PROCESSOS DE APRIMORAMENTOS

    O problema e seu encaminhamento

    Este texto retoma e sintetiza algumas das idéias acerca da formação docente

    na universidade. Assim, tendo em vista as questões colocadas sobre a formação

    dos professores do ensino superior, torna-se necessário refletir sobre como se

    aprende a ser docente nesse nível de ensino. A reflexão, aqui proposta, aponta

    alguns elementos essenciais para a construção das competências necessárias e

    desejáveis para a atuação docente na universidade. As questões daí decorrentes

    voltam-se para o entendimento de:

    1. como estes sujeitos se formam como professores?

    2. qual o processo de aprender a ser professor?

    3. como se constrói o conhecimento pedagógico compartilhado na docência

    superior?

    4. qual a importância de uma rede de interações nesse processo?

    Os fios teóricos constituem-se a partir de conceitos como: trajetórias de

    formação, concepções de docência, processos de aprender a ser professor,

    conhecimento pedagógico compartilhado e rede de interações e mediações em

    constante consonância com as conceituações relativas a como se constrói o

    conhecimento pedagógico necessário para este aprender.

  • P á g i n a | 33

    Nos caminhos da docência: tecendo os fios

    o a não valorização de uma preparação específica para função de

    professor é explicitada mesmo quando eles são conscientes de seu papel

    profissional;

    o a consciência da responsabilidade pela formação de futuros profissionais,

    bem como do compromisso com a cultura acadêmica, embora existentes,

    não são levados em conta na formação docente, uma vez que a

    progressão na carreira estão calcadas na titulação e na produção

    científica, enfatizando a área de conhecimento específico e a função de

    ser pesquisador, o que parece não garantir um ensino de qualidade e o

    conhecimento de ser professor;

    o a carência de um espaço institucional, voltado para a construção de uma

    identidade coletiva de ser professor, no qual o compartilhar de

    experiências, dúvidas e auxílio mútuo favoreçam a construção do

    conhecimento pedagógico compartilhado constituindo-se em fator

    preponderante na construção do papel de docente;

    o a conseqüência de falta de espaços dessa natureza é um sentimento de

    solidão pedagógica, uma vez que o espaço departamental, orientado

    prioritariamente para o gerenciamento administrativo de disciplinas e

    professores inviabiliza, muitas vezes, a construção conjunta de

    estratégias educativas.

    o a valorização da formação como meio de propiciar um caminho de

    qualificação do trabalho docente, implica a possibilidade de aproximar as

    teorias apropriadas da prática exercida.

    o a consciência de que a apropriação de uma teoria produz um novo nível

    de compreensão que corresponde a uma transformação da prática,

    mesmo que isso ocorra prospectivamente. A possibilidade de continuar

    aprendendo e melhorando a abordagem didático-pedagógica utilizada

    favorece a visão otimista que estes sujeitos têm de sua profissão e,

    conseqüentemente, de si mesmos, ressaltando que os docentes, apesar

    de ainda não terem transformado efetivamente suas práticas,

    demonstram a possibilidade de fazê-lo, evidenciando, assim, a busca de

    uma postura reflexiva.

  • P á g i n a | 34

    o a construção do conhecimento pedagógico compartilhado pressupõe a

    constituição de uma rede de interações e mediações capaz de

    potencializar o processo reflexivo docente.

    O que os docentes pensam sobre ensinar e aprender está relacionado às suas

    experiências e a sua formação profissional, o que exige que pensemos sobre quem

    ensina e quem aprende no processo de formação. As crenças e concepções

    teóricas implícitas que os professores têm acerca de seu fazer pedagógico podem

    sinalizar a maneira como eles processam as informações e como percebem as

    formas de intervenção didática, como marco de referência para sua prática,

    construindo seu conhecimento pedagógico de forma compartilhada.

    Esse conhecimento pedagógico é um conceito base, por tratar-se de um

    conhecimento amplo, implicando no domínio do saber fazer (estratégias

    pedagógicas) e do saber teórico e conceitual e suas relações. Nesse sentido,

    compreender o processo de construção de conhecimento pedagógico compartilhado

    é tão fundamental, quanto compreender o aprender a aprender, o que equivale a ser

    capaz de realizar aprendizagens, em diferentes situações e contextos que

    favoreçam a aquisição de estratégias cognitivas, considerando-se as condições

    individuais de cada sujeito na sua interação com pares. Esse processo implica em

    trocas cognitivas e socioculturais entre ensinantes/aprendentes, sendo possível

    destacarem-se condições a serem levadas em conta pelos professores, ao longo de

    suas trajetórias de formação.

    A primeira aponta para a necessidade dos professores, além de considerarem

    seus domínios específicos, investirem na dimensão pedagógica da docência, sendo

    que esta envolve atividades e valores traduzidos em:

    sensibilidade frente ao aluno;

    valorização dos saberes da experiência;

    ênfase nas relações interpessoais;

    aprendizagem compartilhada;

    integração teoria/prática;

  • P á g i n a | 35

    o ensinar enfocado a partir do processo de aprender do aluno, tudo

    isso voltado para o desenvolvimento do aluno como pessoa e

    profissional.

    A segunda indica a importância da transposição didática na prática educativa

    do professor, contudo, a organização departamental das Instituições de Ensino

    Superior, especialmente as das federais, pode dificultar esta intenção, na medida em

    que um mesmo professor desenvolve a mesma disciplina para diferentes cursos,

    para os quais não tem formação específica.

    A terceira refere-se à necessidade dos professores considerarem a

    especificidade própria à educação superior, compreendendo seu estatuto

    epistemológico e metodológico que é qualitativamente diferente daquele da

    educação básica. A universidade tem sua própria cultura epistemológica - sua

    própria maneira de compreender e manifestar a teoria assumida em ação - que

    pressupõe um conjunto de procedimentos básicos, identificados através das regras

    educacionais que têm funções, tanto sociais, quanto cognitivas. Essas regras

    representam o conjunto de convenções acadêmicas e envolvem a normatização do

    conhecimento científico, através da definição da rotina das aulas/procedimentos, da

    organização da sala de aula, da listagem de conteúdos, dos tipos de avaliação,

    compondo o processo de formação. Assim, os limites do processo de formação vêm

    continuamente sendo marcados e redimensionados pela reflexão sobre o saber, o

    saber-fazer e suas relações.

  • P á g i n a | 36

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  • P á g i n a | 39

    EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

    1- A prática educativa é um fenômeno universal e uma atividade humana

    necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades. É o

    processo de prover os indivíduos:

    A) Dos conhecimentos e habilidades que os tornam aptos a manter o meio social

    conforme as necessidades econômicas e a política clientelística.

    B) Dos conhecimentos e das práticas culturais que os tornam aptos a atuar no meio

    social e a transformá-lo conforme as necessidades da coletividade.

    C) Do senso comum capaz de dar uma ordem ao sistema de ensino e a manter os

    privilégios de quem já tem conhecimento.

    D) De valores excludentes pois quem se esforça para estudar é quem deve ser

    atendido pelo professor e pela escola.

    E) De conhecimentos prévios como ponto de partida e de chegada na escola

    pública.

  • P á g i n a | 40

    2- A Didática investiga as condições e formas que vigoram no ensino e os

    fatores reais (sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes das

    relações entre:

    A) A burguesia e o proletariado

    B) A instrumentalização do aluno e a alienação do/a professor/a.

    C) A neutralidade das práticas docentes e a natureza da domesticação dos

    estudantes

    D) O ensino e a necessária exclusão dos alunos que não devem permanecer na

    escola.

    E) A docência e o ensino.

    3- O processo de ensino visa alcançar determinados resultados em termos de

    domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, convicções e

    desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos. O ensino tem,

    portanto, como principal função assegurar:

    A) O processo de transmissão e assimilação ativa dos conteúdos do saber escolar e

    o processo evolutivo dos alunos.

    B) O processo de transmissão dos conhecimentos que o docente domina e a

    assimilação passiva dos conteúdos do saber escolar.

    C) O senso comum haja vista que as crianças das classes populares não

    apreendem o conhecimento científico.

    D) Os saberes supostamente neutros, pois a postura política é de natureza

    parlamentar.

    E) De forma acentuada e unilateral os conteúdos de ensino.

  • P á g i n a | 41

    4- Segundo Libâneo as capacidades cognoscitivas são as energias mentais

    disponíveis dos indivíduos, ativadas e desenvolvidas no processo de ensino, em

    estreita relação com os conhecimentos. O desenvolvimento dessas capacidades é

    uma condição para:

    A) Que o professor possa excluir os alunos indisciplinados

    B) Excluir os alunos indisciplinados, desinteressados e pouco inteligentes.

    C) Classsificar os alunos e disponibilizar salas conforme a capacidade cognoscitiva.

    D) A aquisição e a aplicação dos conhecimentos

    E) Estereotipar os alunos que não evoluem, por serem incompetentes.

    5- A condução do processo de ensino requer uma compreensão clara e segura do

    processo de aprendizagem e deve levar em conta em que consiste esse processo,

    como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que o

    influenciam. É possível distinguir a aprendizagem casual e a aprendizagem

    organizada. A aprendizagem organizada é aquela que é:

    A) Espontânea e que surge naturalmente das interações sociais.

    B) Acumulada informalmente.

    C) Planejada e sistemática, tarefa específica do ensino.

    D) Adquirida desde que nascemos de forma assistemática.

    E) Adquirida na convivência cotidiana, de forma não intencional.

  • P á g i n a | 42

    6- A professora Francisca entende que a condução do processo de ensino requer

    uma compreensão clara e segura do processo de aprendizagem: em que consiste,

    como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que o

    influenciam. Conforme Libâneo existem duas formas de aprendizagem: a casual e a

    organizada. A aprendizagem organizada é:

    A) a planejada pelas várias instâncias sociais, pois não é mais tarefa específica do

    ensino.

    B) a espontânea que surge naturalmente na sala de aula, conforme os

    conhecimentos prévios dos alunos que não precisam ser sistematizados.

    C) aquela que surge naturalmente da interação entre as pessoas que acumulam

    experiências , adquirem conhecimentos e formam atitudes e convicções.

    D) aquela que ocorre em vários lugares, e se torna uma tarefa específica da escola

    por ser assistemática.

    E) a intencional, planejada e sistemática das finalidades e condições da

    aprendizagem escolar e, embora ela possa ocorrer em vários lugares é tarefa

    específica do ensino

    7- Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais o processo de ensino deve

    estabelecer exigências e expectativas que os alunos possam cumprir e, com isso,

    deve contribuir para mobilizar as suas energias. Assim, desenvolve a função de:

    A) estimular os alunos a memorizar tudo o que é transmitido em sala de aula

    B) concentrar no professor a exposição da matéria

  • P á g i n a | 43

    C) não envolver o aluno em atividades significativas

    D) impulsionar a aprendizagem e, muitas vezes, a preceder

    E) monopolizar o saber assistemática e impulsionar a aprendizagem nessa

    perspectiva

    8- Os métodos de ensino são determinados pela relação objetivo-conteúdo, e

    implicam uma sucessão planejada e sistematizada de ações, tanto do professor

    quanto dos alunos. Assim o método de ensino define:

    A) A utilização dos meios, ou seja, o “como” viabilizar o processo de ensino e a

    aprendizagem.

    B) A utilização dos conteúdos, ou seja, para quê ensinar.

    C) O que se deve ensinar, ou seja, que conteúdos são necessários no processo de

    ensino e a aprendizagem.

    D) O que se deve avaliar, ou seja, que conteúdos são necessários no processo de

    ensino e na aprendizagem.

    E) O que se deve aprender, ou seja, que conhecimentos devem ser transmitidos no

    processo de ensino e para a aprendizagem.

    9- Os conteúdos de ensino devem estar em correspondência com os conhecimentos

    científicos atuais. Ao elaborar o plano de ensino o/a professor/a deve selecionar

    conteúdos que ampliem as capacidades e habilidades dos alunos de modo a

    enriquecer:

  • P á g i n a | 44

    A) Somente a prática cotidiana dos alunos.

    B) A sua atuação no trabalho desde a infância e como uma forma de contribuir para

    desenvolver capacidades e habilidades necessárias para bem executar as

    atividades laborais.

    C) O trabalho realizado desde os primeiros anos de vida.

    D) A sua atuação na vida prática e como uma forma de contribuir para desenvolver

    capacidades e habilidades necessárias a convivência na sociedade.

    E) A inserção do aluno no mundo virtual e nas atividades laborais.

    10 - Segundo Paulo Freire, o esforço e a competência dos educadores que

    avaliam as suas práticas pedagógicas no intuito de reduzir a distância entre a

    teoria e a prática, partindo do reconhecimento de que “ensinar não é transferir

    conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua produção ou

    construção”, são denominados de

    (A) assimilação.

    (B) bom senso.

    (C) transgressão.

    (D) coerência.

    (E) reflexão crítica.

  • P á g i n a | 45

    GABARITO

    Nome do Aluno:____________________________________________________________

    Curso:____________________________________________________________________

    Disciplina:_________________________________________________________________

    Data de envio: __________/____________/_________________.

    Questão Letra

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    ________________________

    Assinatura do Aluno

  • P á g i n a | 46