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    UMA TEORIA EVOLUCIONRIA

    DA MUDANA ECONMICA

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    Universidade Estadual de Campinas

    Reitor

    Fernando Ferreira Costa

    Coordenador Geral da Universidade

    Edgar Salvadori De Decca

    Conselho Editorial

    Presidente

    Paulo Franchetti

    Alcir Pcora Christiano Lyra Filho Jos A. R. Gontijo

    Jos Roberto Zan Marcelo Knobel Marco Antonio Zago

    Sedi Hirano Silvia Hunold Lara

    Comisso Editorial da Coleo Clssicos da Inovao

    Carlos H. de Brito Cruz Srgio Queiroz

    Amrico Martins Craveiro Tams Szmrecsnyi Marcelo Knobel

    Conselho Consultivo da Coleo Clssicos da Inovao

    Tams Szmrecsnyi(coordenador) Adriano Dias Batista Eduardo Albuquerque

    Eliane Bahruth Fbio Erber Guilherme Ary Plonski Jair do Amaral Filho Joo Carlos Ferraz

    Jos Carlos Cavalcanti Jos Miguel Chaddad Luiz Martins Mrio Possas Monica TeixeiraPaolo Saviotti Roberto Vermulm Ruy Quadros de Carvalho Sergio Bampi

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    Richard R. Nelson

    Sidney G. Winter

    U M A T E O R I A E V O L U C I O N R I AD A M U D A N A E C O N M I C A

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    SUMRIO

    PREFCIO................................................................................ 7

    Parte I VISO GERAL E MOTIVAO

    1 INTRODUO.................................................................... 17

    2 A NECESSIDADE DE UMA TEORIA EVOLUCIONRIA ............. 45

    Parte II FUNDAMENTOS TERICO-ORGANIZACIONAISDA TEORIA ECONMICA EVOLUCIONRIA

    3

    OS FUNDAMENTOS DA ORTODOXIA CONTEMPORNEA ...... 854 HABILIDADES...................................................................... 115

    5 APTIDES E COMPORTAMENTO DAS ORGANIZAES ......... 149

    Parte III A TEORIA ECONMICA DO LIVRO-TEXTO REVISITADA

    6 O EQUILBRIO SELECIONADO ESTTICO ............................. 209

    7 RESPOSTAS DE FIRMAS E DE RAMOSA CONDIES ALTERADAS DE MERCADO............................ 243

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    Parte IV A TEORIA DO CRESCIMENTO

    8 A TEORIA NEOCLSSICA DO CRESCIMENTO: UMA CRTICA.. 287

    9 UM MODELO EVOLUCIONRIODE CRESCIMENTO ECONMICO......................................... 303

    10 O CRESCIMENTO ECONMICOCOMO PURO PROCESSO DE SELEO ................................. 341

    11 ANLISE ADICIONAL DA BUSCA E SELEO.......................... 357

    Parte V CONCORRNCIA SCHUMPETERIANA

    12 CONCORRNCIA DINMICA E PROGRESSO TCNICO ......... 399

    13 FORAS GERADORAS E LIMITANTES DA CONCENTRAOSOB CONCORRNCIA SCHUMPETERIANA........................... 443

    14 O TRADE-OFFSCHUMPETERIANO REVISITADO ................... 471

    Parte VI BEM-ESTAR E POLTICA ECONMICA

    15 A ECONOMIA NORMATIVA DE UMAPERSPECTIVA EVOLUCIONRIA .......................................... 503

    16 A EVOLUO DAS POLTICASPBLICAS E A FUNO DA ANLISE ..................................... 525

    Parte VII CONCLUSO

    17 RETROSPECTO E PERSPECTIVAS.......................................... 563

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................... 587

    LISTA DE FIGURAS.................................................................... 611

    LISTA DE TABELAS .................................................................... 613

    NDICE REMISSIVO................................................................... 615

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    PREFCIO

    Demos incio a este livro h mais de uma dcada.Nossas discusses so-bre a promessa e os problemas da modelagem evolucionria da mudan-a econmica datam de anos antes disso. Este livro representa para nsdois o pice de um trabalho que se iniciou com nossas dissertaes.

    Nossas orientaes iniciais foram diferentes. Para Nelson, oponto de partida era a preocupao com os processos de desenvolvi-mento de longo prazo. No incio, essa preocupao concentrou-se namudana tecnolgica como fora motora chave e na funo da pol-tica como uma influncia sobre o poder e sobre a direo daquela

    fora. Para Winter,os focos iniciais estavam no poder e nas limitaesdos argumentos evolucionrios que apoiavam as vises padronizadasdo comportamento da firma. Isso logo se ampliou para incorporar asquestes metodolgicas gerais sobre teoria e realismo em econo-mia, as contribuies de outras disciplinas para a compreenso docomportamento da firma e a reconsiderao do ponto de vista evo-lucionrio como arcabouo possvel para uma teoria econmica mais

    realista do comportamento da firma e dos ramos de atividades. Aexistncia de sobreposies e inter-relaes significativas entre essas

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    reas de interesse de pesquisa nos foi aparente desde o incio de nos-sos contatos. Os estudos de Nelson sobre os detalhados processos de

    mudana tecnolgica levaram-no a considerar o carter incerto, ten-tativo, desordenado e errtico desses processos e a dificuldade de fa-zer justia a essa realidade dentro do esquema terico ortodoxo. Nocaso de Winter, um estudo sobre os determinantes dos dispndios dafirma em pesquisa e desenvolvimento formou o cenrio empricoem que, pela primeira vez, ficou aparente que muito do comporta-mento da firma poderia ser mais rapidamente compreendido como

    um reflexo de hbitos gerais e orientaes estratgicas vindas do pas-sado, em vez de resultar de uma pesquisa detalhada dos ramos remo-tos de uma rvore de decises que se estende para o futuro.

    Foi, entretanto, somente quando a colaborao que levou a es-te livro estava bem avanada que percebemos que seu propsito epromessa estavam bem definidos por duas relaes entre nossas reasde interesse. Primeiro, dentre muitos obstculos para a compreensodo papel da mudana tecnolgica na vida econmica, emergiu umimportante subconjunto das restries intelectuais associadas ao tra-tamento do comportamento da firma e dos ramos de atividades, sub-conjunto que agora se tornou padro na teoria econmica. Segundo,dentre os muitos benefcios que podem derivar de uma abordagemterica que reconcilia a anlise econmica com as realidades da to-mada de decises das firmas, o mais importante diz respeito com-preenso aprimorada da mudana tecnolgica e da dinmica do pro-

    cesso competitivo.Nosso empreendimento intelectual cooperativo comeou

    quando estvamos na RAND Corporation em Santa Mnica nos anos1960. Muitas pessoas daquele lugar marcantemente estimulante e in-telectualmente diversificado influenciaram nosso pensamento. Bur-ton Klein merece uma meno especial. Ele nos transmitiu um cor-po de verdades que foi muitas vezes reconhecido na histria das

    idias, mas que de alguma forma sempre precisa ser redescoberto,reinterpretado e persuasivamente ilustrado.A inteligncia criativa no

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    mbito da tecnologia, assim como em outros, autnoma e errtica,compulsiva e caprichosa. No permanece placidamente entre as res-

    tries prescritivas e restritivas impostas aos que esto de fora do pro-cesso criativo, sejam eles tericos, planejadores, professores ou crti-cos. Para progredir na tarefa de compreender para onde o mundopode ser levado pelo pensamento criativo til, portanto, antes demais nada, reconhecer que essa tarefa nunca pode ser completada.Nossa teoria evolucionria da mudana econmica tem esse esprito;ela no constitui uma interpretao da realidade econmica como

    um reflexo de dados supostamente constantes, mas um esquemaque pode ajudar um observador suficientemente bem informado aolhar os fatos do presente para ver um pouco alm da nvoa que obs-curece o futuro.

    Comprometemo-nos a escrever este livro depois que Nelson semudou para Yale e Winter para Michigan. Durante alguns anos osproblemas de co-autoria a longa distncia impuseram custos signifi-cativos quanto taxa de progresso do esforo colaborativo, mas tam-bm houve alguns benefcios na forma de oportunidades para testaras idias em fruns oferecidos pelas duas universidades. (Obviamen-te, as companhias areas e de telefonia tambm obtiveram benefciossubstanciais desse arranjo.) Com a mudana de Winter para Yale em1976, os custos de comunicao caram e comeamos a levar mais asrio a idia de apresentar nosso trabalho conjunto na forma de umlivro. Esforos importantes nessa direo foram feitos em 1978 e

    1979. Como nossas famlias, colegas e editores bem sabem, a fasequase pronta do projeto durou aproximadamente trs anos.

    Nesse prolongado processo de pesquisa, recebemos apoio e as-sistncia de diversas formas e de uma variedade de fontes.Tentaremosassumir os principais elementos de nossa dvida sob diversos ttulosgerais, mas estamos desconfortavelmente conscientes de que algumasdas listas esto longe de ser completas.

    Nossas maiores dvidas intelectuais so para com JosephSchumpeter e Herbert Simon.Schumpeter apontou para o problema

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    correto como compreender a mudana econmica e sua visoabrangeu muitos elementos importantes da resposta. Simon ofereceu

    uma srie de inspiraes especficas sobre o comportamento huma-no e o das organizaes, que esto refletidas nos nossos modelos te-ricos; o mais importante porm que seu trabalho nos encorajou aver que h muito mais a ser dito sobre o problema do comportamen-to racional no mundo da realidade do que aquilo que pode ser esta-belecido na linguagem da teoria econmica ortodoxa.

    O apoio financeiro para o nosso trabalho veio de vrias fontes.

    Uma importante subveno da National Science Foundation (NSF),por intermdio de sua Diviso de Cincias Sociais, deu um impulsodecisivo no estgio inicial. Parte da pesquisa mais recente relatadaneste livro tambm foi apoiada pela NSF, por meio de uma subven-o de sua Diviso de Pesquisa e Anlise. A Sloan Foundation, me-diante uma subveno para o Applied Microeconomics Workshopem Yale, foi uma fonte importante de apoio para nossas pesquisas du-rante os anos de intervalo entre as subvenes da NSF. Alm disso,recebemos apoio financeiro e de outro tipo do Institute of PublicPolicy Studies (IPPS) de Michigan e da Institution for Social and Po-licy Studies (ISPS) de Yale. Os diretores dessas organizaes durante operodo em questo J.Patrick Crecine e Jack Walker no IPPS,Char-les E. Lindblom no ISPS merecem agradecimentos especiais peloencorajamento e pela habilidade no complicado empreendimento depromover contato intelectual entre as disciplinas das cincias sociais.

    Em nossos esforos para desenvolver modelos computacionaissimulados como um tipo de teoria evolucionria formal, temos de-pendido intensamente das contribuies de vrios programadores eassistentes de pesquisa habilidosos.Tivemos a boa sorte de atrair paraessa funo indivduos que se tornaram intelectualmente comprome-tidos com a substncia de nossa empreitada, e que contriburam pormeio de suas especialidades tcnicas, com sugestes e crticas referen-

    tes teoria econmica subjacente. O primeiro deles foi HerbertSchuette; suas contribuies para grande parte do trabalho relatado

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    no Captulo 9 levaram sua incluso como co-autor da principalpublicao prvia daquele trabalho. Gostaramos de reconhecer essas

    contribuies novamente agora. Stephen Horner e Richard Parsonsfizeram a maior parte da programao original do nosso modelo desimulao da concorrncia schumpeteriana, contribuindo com vriassugestes teis para sua formulao. Larry Spancake nos ajudoua transferir aquele modelo para o computador de Yale. AbrahamGoldstein e Peter Reiss seguiram seus passos como mantenedores domonstro em Yale, alimentando-o e treinando-o em resposta s nossas

    solicitaes, e ajudando igualmente na anlise, o que nos auxiliou acompreender seu comportamento.

    Muitos estudiosos ouviram nossas apresentaes, leram nossosrascunhos e artigos e ofereceram conselhos, encorajamento e crticas.Nos seminrios e conversas em Yale, aprendemos em particular comSusan Rose Ackerman, Donald Brown, Robert Evenson, Lee Fried-man, Eric Hanushek, John Kimberly, Richard Levin, Richard Mur-nane, Guy Orcutt, Sharon Oster, Joe Peck, John Quigley e MartinShubik. Nos anos que Winter passou em Michigan, recebemos bene-fcios semelhantes da interao com Robert Axelrod, Michael Co-hen, Paul Courant, J. Patrick Crecine, John Cross, Everett Rogers,Daniel Rubinfeld, Peter Steiner, Jack Walker e Kenneth Warner. Umgrande nmero de amigos e colegas de outros lugares tambm nosdeu os benefcios de suas reaes e sugestes em vrias ocasies.Queremos agradecer em particular a Richard Day, Peter Diamond,

    Avinash Dixit, Christopher Freeman, Michael Hannan, Jack Hirsh-leifer, James March, Keith Pavitt, Almarin Phillips, Michael Porter,Roy Radner, Nathan Rosenberg, Steve Salop, A. Michael Spende,David Teece e Oliver Williamson.

    medida que nossa pesquisa progredia, ns a relatamos por ar-tigos publicados em The Economic Journal,The Quarterly Journal of Eco-nomics, Economic Enquiry, Research Policy, The Bell Journal of Economics

    e The American Economic Review.Agradecemos s comisses editoriaisdessas revistas por permitirem a utilizao de partes de artigos ante-

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    riores em captulos deste livro; as citaes especficas foram forneci-das nos captulos em questo. Somos igualmente gratos North-

    Holland Publishing Co. por permitir o uso, no Captulo 12, de ma-terial previamente publicado.

    Trs pessoas Richard Levin, Richard Lipsey e B.Curtis Ea-ton fizeram-nos o grande favor de ler grandes partes do nosso ma-nuscrito e de fazer comentrios detalhados. Somos muito gratos aeles, e gostaramos de tomar o especial cuidado de isent-los da res-ponsabilidade sobre o resultado final. Muitas outras pessoas oferece-

    ram comentrios teis sobre partes do manuscrito; queremos agrade-cer em particular a Katherine Nelson e a Georgie Winter.

    A preparao da ltima verso digitada do manuscrito foi umprocesso perseguido pelo fantasma dos prazos ultrapassados. Sob es-sas circunstncias estressantes, tivemos a sorte de nos beneficiar da es-petacular habilidade em digitao de Margie Cooke.

    Em sua fase final, o projeto se beneficiou da nossa deciso desubmeter o livro Harvard University Press. O editor geral, MichaelAronson, ofereceu sugestes e encorajamento. Nossa editora, MariaKawecki, fez o que pde para aprimorar nossa prosa. Ela o fez comgrande tato e com marcante perspiccia com relao ao que estva-mos tentando dizer. Quaisquer erros e expresses infelizes ainda re-manescentes constituem uma diminuta frao dos originais apresen-tados, e essa frao amplamente tributvel teimosia dos autores, eno a qualquer incapacidade por parte da editoria de texto.

    Cada captulo do livro tem sua prpria histria, e cada uma quase complexa. O leitor informado poder considerar que algunscaptulos parecem ser predominantemente de Nelson, outros deWinter. Mas, na maioria dos captulos, nossas contribuies indivi-duais esto completamente misturadas, e cada captulo foi moldadopelas mos de ambos os autores. Compartilhamos a responsabilidadepelo trabalho como um todo. Juntos, queremos isentar todos os nos-

    sos amigos e crticos da responsabilidade pelo produto, enquanto no-vamente expressamos nossa gratido por seu interesse. No caso deste

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    livro, essa iseno mais do que um ritual, pois certamente h entreos aqui mencionados aqueles que consideram nosso esforo extrema-

    mente mal direcionado.Nossa colaborao no tem sido um segmento separado e au-

    tocontido de nossas vidas.Ao contrrio, constituiu um meio de vidapara ns mesmos e nossas famlias. Nossos filhos, pequenos quandocomeamos, cresceram com o livro. No incio, este forneceu opor-tunidades para visitas entre New Haven e Ann Arbor. Nos anos re-centes, o livro tem sido o tema de pano de fundo para frias em Ca-

    pe Cod ou talvez, em algumas ocasies, as frias que foram o panode fundo. Estabelecemos uma virtual tradio de jantares de celebra-o marcando a finalizao (de alguma etapa) do livro. Nossas fa-mlias compartilharam de tudo isso conosco; sabemos que comparti-lham um sentimento de satisfao, alvio e at mesmo de surpresa deque ele esteja pronto.A elas dedicamos este livro.

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    PARTE I

    VISO GERAL E MOTIVAO

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    INTRODUO

    Neste volume desenvolvemos uma teoria evolucionria das capacida-des e do comportamento das empresas que operam em um ambien-te de mercado,e construmos e analisamos modelos consistentes comessa teoria. Propomos que a ampla perspectiva oferecida pela teoriaevolucionria til para analisar uma ampla gama de fenmenos as-sociados mudana econmica, seja em decorrncia de deslocamen-tos das condies de demanda pelo produto ou da oferta de fatores,seja como resultante da inovao por parte das firmas. Por sua vez, osmodelos especficos que construmos focalizam diferentes aspectos da

    mudana econmica as respostas das firmas e dos ramos de ativida-des s condies alteradas do mercado, ao crescimento econmico e concorrncia atravs da inovao. Deduzimos disso as implicaestanto normativas quanto positivas de uma teoria evolucionria.

    A primeira premissa da nossa empreitada no deveria ser con-troversa: resume-se ao fato de que a mudana econmica impor-tante e interessante. Dentre as principais tarefas intelectuais do cam-

    po da histria econmica, por exemplo, a compreenso da grandecomplexidade da mudana cumulativa na tecnologia e na organiza-

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    o econmica, que modificou a situao humana no decurso dos l-timos sculos, constitui certamente a que mais vale a pena destacar.

    Dentre as questes de poltica que dizem respeito economia mun-dial de hoje, nenhuma apresenta um mix mais crtico de perspectivase perigos do que aquelas que refletem a ampla disparidade dos nveisatuais de desenvolvimento econmico e os constrangimentos queafetam sociedades que lutam para alcan-lo. Ao mesmo tempo, naseconomias mais avanadas, a modernizao bem-sucedida trouxe tona novas questes sobre a viabilidade ecolgica de longo prazo das

    sociedades industriais avanadas, bem como renovadas questes sobrea relao entre o sucesso material e os valores humanos mais funda-mentais. Os papis da informao, da formao de expectativas porparte dos atores econmicos, da anlise do funcionamento dos mer-cados dada a presena de vrias imperfeies, e novas verses de ve-lhas questes sobre a eficincia dos sistemas de mercado tm figura-do entre as preocupaes centrais da teoria econmica dos anosrecentes. Boa parte deste trabalho procura compreender, atravs dearranjos tericos estilizados, o desenrolar dos eventos econmicos aolongo do tempo. Assim, qualquer avano significativo na compreen-so dos processos de mudana econmica pode lanar novas luzes so-bre um espectro de questes intelectualmente desafiadoras que tmimportantes conseqncias sociais.

    Esperamos, entretanto, que muitos dos nossos colegas econo-mistas relutem em aceitar a segunda premissa do nosso trabalho a

    de que uma grande reconstruo dos fundamentos tericos de nossadisciplina constitui uma precondio para um significativo cresci-mento da nossa compreenso da mudana econmica.A teoria am-pla que desenvolvemos neste livro e seus modelos especficos incor-poram supostos bsicos que diferem da prevalecente teoria ortodoxado comportamento da firma e dos ramos de atividades.As firmas denossa teoria evolucionria sero tratadas como motivadas pelo lucro

    e comprometidas com a busca de maneiras de aprimorar seus lucros,mas no se supe que suas aes sejam maximizadoras de lucros em

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    um conjunto de escolhas bem definidas e dadas. Nossa teoria enfati-za a tendncia das firmas mais lucrativas de expulsar as menos lucra-

    tivas; no entanto, no focalizamos nossa anlise em hipotticos esta-dos de equilbrio coletivo, em que todas as firmas no-lucrativasdesaparecem, e em que as lucrativas tm o tamanho desejado. Comrelao a isso, a abordagem modelstica que empregamos no utilizao familiar clculo maximizador para derivar equaes que caracteri-zem o comportamento das firmas. Em vez disso, nossas firmas somodeladas simplesmente como tendo, a qualquer momento dado,

    certas capacidades e regras de deciso. Essas capacidades e regras semodificam ao longo do tempo, como resultado de esforos delibera-dos para a superao de problemas e de eventos aleatrios.Ao longodo tempo, o anlogo econmico da seleo natural opera medidaque o mercado determina quais firmas so lucrativas e quais no oso, tendendo a separar as segundas.

    Alguns dos nossos colegas economistas compartilham conoscoum sentimento de mal-estar generalizado que aflige a teoria microe-conmica contempornea.1 Sente-se amplamente que a disciplinaainda no encontrou uma trajetria capaz de lev-la a um avanocoerente e sustentado para alm do territrio intelectual reivindica-do pela moderna teoria do equilbrio geral.Acredita-se que a desco-berta dessa trajetria ir requerer uma acomodao terica com um

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    1 Vale a pena notar que, desde 1970, vrias das palestras presidenciais anualmente proferidas perante a

    American Economic Association tm lamentado o estado da teoria econmica.A palestra de Leontief(1971) est explicitamente preocupada com a incapacidade da teoria microeconmica de lidar com rea-lidades empricas.A de Tobin (1972) e a de Solow (1980) focalizam a macroeconomia, mas tambm es-to substancialmente preocupadas com a adequao dos fundamentos tericos que a microeconomiaortodoxa oferece macroeconomia.Temas semelhantes foram evocados em conferncias proferidas emoutras organizaes profissionais; ver, por exemplo, Hahn (1970), Phelps Brown (1972) e Worswick(1972). Esse sentimento de mal-estar tambm se reflete numa srie de artigos-resenha doJournal of Eco-nomic Literature. Shubik (1970),Cyert & Hedrick (1972),Morgenstern (1972),Preston (1975), Leibens-tein (1979), Marris & Mueller (1980) e Williamson (1991) reclamam explicitamente da incapacidade dateoria prevalecente de lidar com a incerteza, com a racionalidade limitada, com a presena de grandescorporaes, com a complexidade institucional, ou com a dinmica dos processos reais de ajustamento.No pretendemos, nesta nota de rodap, ou no livro como um todo, identificar todas as almas que seirmanam ao menos em seus diagnsticos superficiais do problema.Sabemos que a esse respeito fazemosparte de uma multido.

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    ou mais dos principais aspectos da realidade econmica reprimidospela teoria do equilbrio geral. Muito do trabalho terico mais inte-

    ressante das duas ltimas dcadas pode ser interpretado em termos deinvestigaes exploratrias guiadas por uma variedade de conjecturasa respeito de quais so os possveis ajustes mais importantes a seremfeitos.Tem-se dado uma ateno considervel s imperfeies das in-formaes e da concorrncia, aos custos de transao, s indivisibili-dades e aos retornos crescentes, e a algumas de suas inter-relaes.Tem-se reconhecido que a austera descrio das instituies do capi-

    talismo, feita pela teoria do equilbrio geral, tornar-se- lamentavel-mente inadequada assim que se fizer qualquer desses ajustes reali-dade e, por sua vez, que os instrumentos institucionais verdadeiros,empregados em sistemas reais de mercado, constituem um objetocomplexo e desafiador para o estudo terico. Os frutos desses esfor-os exploratrios incluem uma grande quantidade de trabalhos, inte-lectualmente impressionantes em seus prprios termos, muitos dire-tamente teis para a compreenso de certas pores da realidadeeconmica, e alguns que parecem ser de valor duradouro indepen-dentemente do curso futuro a ser tomado pela economia. Mas agrande maioria dessas conjecturas exploratrias tem dado continui-dade (ou ao menos procura dar continuidade) a quase toda a estru-tura conceitual bsica que a ortodoxia oferece para a interpretao docomportamento econmico.

    Encaramos essa estrutura como um excesso de bagagem que

    restringir seriamente o progresso terico a longo prazo, no impor-tando o quanto sua familiaridade e seu avanado estado de desenvol-vimento possam facilitar esse progresso a curto prazo. Aqui, obvia-mente, nossa avaliao da situao muito mais radical do quequalquer coisa que se possa associar ao mal-estar generalizado j re-ferido. Acreditamos que aquilo que oferecemos neste livro constituiuma promessa plausvel de que a reconstruo fundamental na linha

    que defendemos pode vir a estabelecer o cenrio para um avano im-portante na compreenso da mudana econmica e, ao mesmo

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